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RAFAEL ANDRADE DE CARVALHO ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO ARAÇATUBA SP 2012

ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO · fenômeno assédio moral nas relações de trabalho. O assédio moral é um fenômeno antigo dentro do seio da sociedade, entretanto estudos

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RAFAEL ANDRADE DE CARVALHO

ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO

ARAÇATUBA – SP

2012

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RAFAEL ANDRADE DE CARVALHO

ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Monografia apresentada como requisito parcial para a

obtenção do grau de bacharel em Direito à Banca

Examinadora do Centro Universitário Toledo sob a

orientação do Professor Especialista Valdir Garcia dos

Santos Júnior.

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO

ARAÇATUBA – SP

2012

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BANCA EXAMINADORA

Examinador (a) –

Examinador (a) –

Orientador: Prof. Esp. Valdir Garcia dos

Santos Júnior

Araçatuba, 31 de outubro de 2012.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu saudoso pai, Paulo

Roberto de Carvalho filho desta instituição e

minha fonte inspiradora e minha mãe Geni

Andrade de Carvalho a quem honro pelo esforço

com o qual mantiveram três filhos na escola

pública, permitindo-lhes condições de galgar

êxito na sociedade.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, pela saúde, fé e perseverança que tem me

dado. A minha esposa Gláucia de Oliveira Pinto, fiel companheira nas horas de dificuldades.

A meu filho, Lucas de Oliveira Carvalho, pelo reconhecimento à minha profissão e

compreensão por não poder nesse último ano dar a atenção que ele merece. A meus irmãos

Cláudia Helena Andrade de Carvalho e Ricardo Alexandra Andrade de Carvalho, a quem

honro pelo convívio e companheirismo durante todos esses anos, bem como pelas

dificuldades que passamos juntos. A meus amigos pelo incentivo a busca de novos

conhecimentos, a todos os professores e professoras que muito contribuíram para a minha

formação, dos quais tenho boas lembranças e ao professor especialista, senhor Valdir Garcia

dos Santos Júnior, pela sabedoria e dedicação com a qual supervisionou a elaboração deste

trabalho, levando em consideração os problemas que fazem parte do contexto de seus alunos,

sendo sensível às diversas situações entraves que lhes foram apresentadas.

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EPÍGRAFE

“O único lugar aonde o sucesso vem antes do

trabalho é no dicionário”.

Albert Einstein

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RESUMO

O tema assédio moral nas relações de trabalho objeto de nosso estudo, é vasto, polémico,

interdisciplinar, bem como carente de uma legislação especifica que visa regulamentar e inibir

a prática desse fenômeno. Atualmente temos a doutrina e a jurisprudência como fontes

norteadoras de estudos e pesquisas acerca do tema, bem como os projetos de lei que tramitam

no Congresso Nacional, que tem como objetivo regulamentar o instituto assédio moral. O

presente trabalho buscou em um primeiro momento fundamentar o assédio moral para que o

leitor possa de uma maneira simples e didática entender como surgiu o assédio e suas

condutas. Em um segundo momento e esse tido como foco principal do trabalho buscou-se

fazer a analise da legislação que temos hoje a disposição, bem como no que na nossa visão é

necessário para que possamos coibir e punir a prática do assédio moral no Brasil, tendo em

vista que a legislação hoje presente em nosso ordenamento não trata do assunto de forma

especifica deixando assim muitas brechas para que o assediador na maioria das vezes saia

impune dessa prática que acarreta uma destruição irreparável para a vítima do assédio moral.

E por traz uma abordagem das consequências que o assédio moral acarreta, para o assediador

na esfera penal, administrativa, bem como para o Estado.

Palavras chave: Assédio Moral, Dano moral, Dignidade da Pessoa Humana, Legislação e

Responsabilidade Civil.

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ABSTRACT

The theme of bullying in labor relations object of our study is vast, controversial,

interdisciplinary, and lacking a specific legislation that aims to regulate and inhibit the

practice of this phenomenon. Currently we have the doctrine and jurisprudence as sources

guiding studies and research on the subject, as well as bills that proceed through the Congress,

which aims to regulate the bullying institute. This study aimed at first base bullying so that

the reader can in a simple and didactic understand how did their conduct and harassment. In a

second time and that had as its main focus the work sought to make the analysis of the

legislation that we have available today, as well as in our view it is necessary for us to restrain

and punish the practice of bullying in Brazil, with a view that this legislation today in our land

is not the subject of specific manner thus leaving many loopholes to the harasser that most

often leave unpunished this practice which causes irreparable destruction to the victim of

bullying. And an approach brings consequences that bullying leads to the stalker in criminal,

administrative, as well as for the state.

Keywords: Moral Harassment, moral injury, Dignity of the Human Person, Law and

Liability.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. – artigo

CF – Constituição Federal de 1988

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

NR – Normas Regulamentares

MPT – Ministério Público do Trabalho

TAC – Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta

ACP – Ação Civil Pública

CPC – Código de Processo Civil

FAT – Funde de Amparo ao Trabalhador

CPM – Código Penal Militar

CC – Código Civil Brasileiro

OIT – Organização Internacional do Trabalho

Inc. – Inciso

SRT – Supervivências Regionais do Trabalho

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

EC – Emenda Constitucional

TRT – Tribunal Regional do Trabalho

Rel. – Relator

RO – Recurso Ordinário

STF – Supremo Tribunal Federal

CFM – Conselho Federal de Medicina

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

CNAE – Classificação Nacional de Atividade Empresarial

NIT – Número Identificador do Trabalhador

CID – Classificação Internacional de Doenças

CAT – Comunicado de Acidente do Trabalho

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12

CÁPITULO I - ASSÉDIO MORAL E SUA CONCEITUAÇÃO ..................................... 15

1.1 .............................................................................................................................. –

Relato histórico do assédio moral ...................................................................................... 15

1.2 .............................................................................................................................. –

Assédio moral .................................................................................................................... 17

1.2.1 – Elementos caracterizadores ................................................................................... 18

1.3 .............................................................................................................................. –

Assédio sexual ................................................................................................................... 21

1.3.1 – Elementos caracterizadores ................................................................................... 22

1.4 .............................................................................................................................. –

Natureza jurídica ................................................................................................................ 22

CÁPITULO II – ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO .................... 25

2.1 – Os sujeitos do assédio moral .......................................................................................... 25

2.1.1 – Sujeito ativo ..................................................................................................... 26

2.1.2 – Sujeito passivo ................................................................................................. 28

2.1.3 – Condutas do assediador ................................................................................... 30

2.2 – Espécies de assédio moral na relação de trabalho .......................................................... 31

2.2.1 – Assédio moral vertical descendente ................................................................. 31

2.2.2 – Assédio moral vertical ascendente ................................................................... 32

2.2.3 – Assédio moral horizontal ................................................................................. 33

2.2.4 – Assédio moral misto ou coletivo ..................................................................... 34

2.3 – Distinções entre assédio moral e condutas aproximadas ................................................ 35

2.3.1 – Estresse ............................................................................................................ 36

2.3.2 – Conflito ............................................................................................................ 36

2.3.3 – Gestão por injúria ............................................................................................ 37

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CÁPITULO III – ASSÉDIO MORAL E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ................... 39

3.1 – Assédio moral e a tutela constitucional .......................................................................... 39

3.1.1 – O princípio da dignidade da pessoa humana ................................................... 40

3.1.2 – O meio ambiente de trabalho ........................................................................... 42

3.1.3 – Direitos humanos e sua violação ..................................................................... 45

3.1.4 – A atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e dos sindicatos na

defesa dos direitos difusos e coletivos ......................................................................... 47

3.2 – O assédio moral e a tutela infraconstitucional ................................................................ 50

3.2.1 – Os direitos da personalidade no direito do trabalho ........................................ 51

3.2.2 - Características dos direitos da personalidade ................................................... 53

3.3 – Legislação brasileira ....................................................................................................... 54

3.3.1 – No âmbito federal ............................................................................................ 55

3.3.2 – No âmbito regional .......................................................................................... 59

3.3.3 – Consolidação das leis do trabalho .................................................................... 61

3.4 – Competência ................................................................................................................... 62

CÁPITULO IV – CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL ...................................... 64

4.1 – Previsões legais na esfera trabalhista.............................................................................. 64

4.1.1 – Cessação do contrato de trabalho .................................................................... 64

4.1.2 – Rescisão indireta .............................................................................................. 65

4.1.3 – Rescisão direta (justa causa) ............................................................................ 70

4.2 – Previsão legal na esfera penal ......................................................................................... 72

4.3 – Consequências para o Estado ......................................................................................... 73

4.4 – Casos concretos submetidos aos Tribunais .................................................................... 76

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 78

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 80

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INTRODUÇÃO

A presente monográfica tem como foco principal fazer uma analise do

fenômeno assédio moral nas relações de trabalho.

O assédio moral é um fenômeno antigo dentro do seio da sociedade,

entretanto estudos apontam que as primeiras abordagens acerca de estudos sobre o tema

sugiram por volta de 1976 (mil novecentos e setenta e seis) com a psiquiatra norte-americana

Carroll Brodsky, mesmo este não tendo alcançado a repercussão esperada podemos dizer que

ela foi quem abriu as portas para que outros estudiosos pudessem desenvolver e aprimorarem

o conceito acerca do fenômeno assédio moral.

Heinz Leymann psicólogo alemão foi quem obteve o reconhecimento diante

dos estudos realizados acerca do assédio moral. Heinz Leymann buscou nos seus estudos

conscientizar, trabalhadores, administradores entre outro acerca da existência do fenômeno

assédio moral. Foi o psicólogo também quem elaborou o primeiro questionário para

identificar algumas condutas que poderiam configurar a prática do assédio moral.

O assédio moral vem ser conhecido no Brasil por volta do ano de 2000 (dois

mil) com a médica do trabalho Margarida Barreto através da publicação da sua tese de

mestrado que tem como título “Violência, Saúde e Trabalho – Uma jornada humilhante”.

Margarida Barreto tem como fonte de inspiração a psiquiatra e também estudiosa do tema

Marie-France Hirigoyen.

O presente trabalho tem como elemento propulsor o desconhecimento por

grande parte dos trabalhadores acerca do fenômeno, que em determinados casos poderão gerar

consequências com danos irreversíveis.

Sendo a priori o assédio moral considerado um fenômeno de cunho

psicológico, não podemos desvencilhar o mesmo do ambiente de trabalho, tendo em vista que

o local de trabalho é o ninho do assédio moral.

Empiricamente os trabalhadores passam a maior parte de suas vidas dentro

do ambiente de trabalho, fazendo-se assim necessário que esse tempo seja aproveitado da

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melhor maneira possível e, que ao mesmo sejam oferecidas condições igualitárias como se

estivessem no seu âmbito residencial.

O trabalho é uma espécie de projeção social, sendo que pelo intermédio

dessa atividade laborativa que o empregado se identifica com um ser social. Sendo assim, a

dor, o sofrimento, a frustração e a humilhação que o empregado é exposto quando vítima do

assédio moral. Configurará assim o total desrespeito aos direitos fundamentais e também aos

direitos da personalidade dos trabalhadores que são assegurados por nossa Constituição

Federal.

O fenômeno assédio moral na sua grande maioria não é fácil de ser

identificado tendo em vista a conduta velada empregada pelo assediador. Haja vista que os

sintomas do assédio moral podem ser facilmente confundidos com os sintomas provocados

pelo estresse por exemplo.

Com base nessas informações, buscamos focar nossos estudos não somente

na ótica da ciência jurídica e social, preferimos pautar nosso estudo no sentido

multidisciplinar da matéria afim de que pudéssemos ser capazes de traçar um perfil

psicológico do assediador e também do assediado, bem como os efeitos e hipóteses que o

assédio moral agirá de forma mais intensa.

Entretanto o foco principal deste trabalho é trazer à baila a carência de uma

legislação especifica acerca do assunto, tendo em vista o poder devastador que o assédio pode

causar no assediado e esse na sua grande maioria fica desamparado por não ter uma legislação

que abrange e tipifica a conduta do assédio moral.

Sendo realizado um estudo acerca da diferenciação do fenômeno assédio

moral e o fenômeno do dano moral, bem como na possibilidade da tipificação do assédio

moral no Código Penal Brasileiro.

Hoje para que o assediador possa vir sofrer algum tipo de sanção punição, o

assediado terá que buscar um conteúdo de prova que na maioria das vezes não se é fácil. É

quando possível provar a consumação do assédio moral, o assediador receberá apenas uma

condenação que é imposta por uma indenização.

Ademais, o objetivo implícito do trabalho é demonstrar as consequências

que acarreta para o Estado quando fica sobre a sua tutela uma vítima de assédio moral.

Sendo assim necessária a conscientização dos funcionários acerca do

assédio moral, bem como no investimento em modo educacional para que se possa de forma

segura e transparente passar para o empregado que eles não têm que se submeter a

determinadas situações de caráter abusivas impostas por seus superiores.

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A presente monografia teve como fonte primaria de pesquisa a legislação e

a jurisprudência, sendo elas no Direito do Trabalho, Direito Penal e Direito Constitucional e

de maneira secundária os livros e sites da internet.

Diante disso a presente monografia está desenvolvida em 04 (quatro)

capítulos. No capítulo – I, estudaremos o surgimento do assédio moral e os pioneiros no

estudo desse fenômeno. No capítulo – II, abordaremos o assédio moral nas relações de

trabalho, sendo esse capítulo reservado para o estudo do assédio moral especificamente, bem

como condutas e tipos de assédio moral. No capítulo – III, encontraremos a problemática da

monografia que está relacionada com a legislação presente em nosso sistema jurídico bem

como os projetos de leis que estão tramitando no Congresso Nacional e por fim o capítulo –

IV, que abordará as consequências do assédio moral tanto na esfera penal como nas

consequências para o Estado.

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CAPÍTULO I – ASSÉDIO MORAL E SUA CONCEITUAÇÃO

1.1 – Relato histórico do assédio moral

Estudos apontam que as primeiras abordagens feitas sobre assédio moral ou

violência moral no trabalho surgem em 1976 (mil novecentos e setenta e seis) com a

psiquiatra norte-americana Carroll Brodsky com a publicação do seu livro “The harrased

worker”, que traduzido para o português adota o seguinte significado “O trabalhador

Assediado”, a referida autora, no entanto não alcançou a repercussão esperada, tendo em vista

que a cultura empregada, adotada por seu país é a estimulação a individualidade, e o norte-

americanos não medem esforços para alcançar seus objetivos de forma individual.

Já na década de 80 (oitenta) Heinz Leymann psicólogo alemão foi quem

alcançou um grande sucesso no que tange a repercussão com o estudo do fenômeno assédio

moral, Heinz Leymann buscou, por intermédio da sua pesquisa, conscientizar trabalhadores,

sindicalistas, administradores, enfim, as organizações de uma forma geral acerca da existência

de um fenômeno e, sendo este conceituado por Heinz Leymann como “Mobbing: Emotional

Abuse in the American Workplace”, que em português quer dizer “Abuso emocional no local

de trabalho americano”.

Heinz Leymann (2012) elaborou um questionário com 45 (quarenta e cinco)

perguntas denominado por ele de LIPT (Leymann Inventory of Psychological Terrorisation –

Índice Leymann de Terrorização Psicológica) sendo este capaz de identificar algumas das

condutas que podem configurar a prática do assédio moral.

Christophe Dejours, psiquiatra, psicanalista e professor lança na França o

livro Souffrance em France: la banalisation de l’injustice sociale, em 1998 (mil novecentos e

noventa e oito), ampliando assim as análises feitas anteriores sobre o ambiente do trabalho e

os efeitos da organização do trabalho e sua influência sobre a saúde mental dos trabalhadores.

No entendimento Christophe Dejours, ele diz existir uma guerra econômica

conduzida mediante uma elevada crescente da competitividade. Christophe Dejours da o

nome a esse processo de “banalização do mal”, haja vista que no seu entendimento é a

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abdicação da sociedade no que se refere à incapacidade de se indignar com o sofrimento que

lhes são causados.

Nesse mesmo período a francesa Marie-France Hirigoyen pública seu

primeiro livro no qual leva o título de “Le harcèlement moral, la violence perverse au

quotidiem” que em português tem a seguinte nomenclatura “Assédio moral: a violência

perversa no cotidiano”, vendendo cerca de 45.000 (quarenta e cinco mil) cópias só na França

e foi traduzido e vendido em 24 (vinte quatro) países diferentes.

Marie-France Hirigoyen publicou no ano de 2001 (dois mil e um) a obra

“Malaise dans le travail: harcèlement moral, dêmeler le vrai Du faux” que transportada para

o português recebeu o título de “Desconforto no trabalho: Assédio Moral, desvendar a

realidade da ficção”.

Marie-France Hirigoyen sente a necessidade de publicar uma nova obra

acerca do fenômeno “assédio moral”, tendo em vista as diversas interpretações que sua obra

sofreu, que desviaram a sua linha de raciocínio, assumindo assim ao longo do tempo outros

significados que não condiziam com a descrita em seu primeiro livro.

O assédio moral vem a ser conhecido no Brasil, através da médica do

trabalho Margarida Barreto, em 2000 (dois mil), com sua tese de mestrado, PUC-SP, que

leva o título de “Violência, Saúde e Trabalho – Uma jornada humilhante”.

Em agosto do mesmo ano o chega ao Brasil o primeiro livro da Marie-

France Hirigoyen “Assédio moral: a violência perversa no cotidiano”.

Já no ano de 2001 (dois mil e um) Margarida Barreto (2012) estabelece seu

primeiro contato com Marie-France Hirigoyen, desse primeiro contato resultaria alguns

meses, mas a frente no primeiro Seminário Internacional que abordaria o assédio moral,

sendo esse realizado em abril de 2002 (dois mil e dois) no Sindicato dos Químicos de São

Paulo.

É valido aqui ressaltar que os registros apontam a Justiça Trabalhista do

Estado do Espirito Santo como a pioneira no reconhecimento do fenômeno conforme descrito

abaixo.

A tortura psicológica destinada a golpear a autoestima do empregado, visando forçar

sua demissão ou apressar sua dispensa através de métodos que resultem em

sobrecarregar o empregado de tarefas inúteis, sobegar-lhe informações e fingir que

não o vê, resulta em assédio moral, cujo efeito é o direito à indenização por dano

moral, porque ultrapassa o âmbito profissional, eis que minam a saúde física e

mental da vítima e corrói sua autoestima (Acórdão do Recurso Ordinário N.º

1315.2000.00.17.00.1, relatado pela Juíza Sônia das dores Dionísio).

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Sendo assim não podemos negar que desde o surgimento da discussão

implantada pela médica do trabalho Margarida Barreto através de sua tese de mestrado,

passando pela parceria firmada entre ela e Marie-France Hirigoyen, que mais tarde resultaria

no primeiro seminário que abordaria o assédio moral.

O tema, atualmente, é objeto de inúmeros estudos e é assunto discutido

quotidianamente nos Tribunais, mas ainda carece de melhor disciplina pelo legislador, assunto

esse que será abordado futuramente neste trabalho.

Hoje diante de todo esse contesto que envolve o assédio moral nas relações

de trabalho, podemos nos arriscar em dizer que é um dos problemas mais temido por nossa

sociedade trabalhadora, tendo em vista seu alto poder de destruição.

Este tipo de conduta não vem ocorrendo há pouco tempo, ou seja, sempre

existiu e irá existir sempre, o que mudou foram às atitudes das pessoas em denunciarem esse

tipo de conduta, desta maneira que estão surgindo em um crescer assustador as discussões e

estudos acerca do assédio moral, fenômeno esse que tanto assombra a sociedade trabalhadora

de uma forma geral.

1.2 – Assédio moral

O assédio moral é a espécie na qual o dano moral é gênero e por este Silvio

de Salvo Venoso (2005, p. 47) define dano moral como “[...] o prejuízo que afeta o ânimo

psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro do direito da personalidade”.

Aloizio Apoliano Cardozo Filho (2012) conceitua assédio moral como:

Não há no ordenamento jurídico brasileiro uma legislação específica sobre o

assédio moral, razão pela qual inexiste um conceito legal acerca do tema.

Embora não se trate de fenômeno novo, pois se pode dizer que existe desde que o

homem passou a viver em sociedade, apenas recentemente o assunto tem sido objeto

de estudos na área jurídica, notadamente no Brasil, inclusive quanto à sua ocorrência

nas relações de trabalho.

Por essa razão, inicialmente, busca-se a conceituação de assédio moral na área da

Psicologia, valendo-se dos estudos já realizados nesse campo da ciência.

Os estudos acerca desse fenômeno nas relações de trabalho tiveram início com as

investigações de Heinz Leymann, pesquisador em Psicologia do Trabalho, e a

publicação de ensaio científico no ano de 1984. Seus estudos fomentaram a

elaboração de pesquisas sobre o tema na Europa.

Finaliza Aloizio Apoliano Cardozo Filho (2012) sua conceituação:

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Embora o assédio moral não seja exclusividade das relações de trabalho, é inegável

que a subordinação jurídica e a hipossuficiência do trabalhador o tornam ainda mais

recorrente no meio laboral.

Não obstante, pode-se dizer que a discussão ainda está em fase inicial, havendo,

ainda, amplo espaço para debate.

A expressão assédio deriva de assediar, que significa por assédio ou cerco a,

importunar, molestar com perguntas ou pretensões insistentes. Assim, o assédio moral, ou o terrorismo psicológico, como também é conhecido, é

uma forma de violência de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade

psíquica do indivíduo, por meio de ações as mais diversas, compreendendo gestos,

palavras e atitudes, que humilham, degradam e atingem reiteradamente a vítima,

visando desestabilizá-la, isolá-la ou eliminá-la do local de trabalho.

Conforme Alice Monteiro de Barros (2005, p. 871/872):

O assédio moral está diretamente ligado à nossa própria estrutura emocional e

sentimental, a que chamamos de caráter. Trata-se, pois, de um atentado contra a

dignidade humana, que de início se manifesta nos ambientes familiar e escolar, e

que mais tarde, na vida adulta, pode chegar ao ambiente de trabalho e em outras

áreas da sociedade, em forma de potencial ração negativa decorrente de ciúmes,

invejas e rivalidades quando se depara com exibição de valores, relato de brilho e

glória. Nessas situações, o Direito busca a proteção à dignidade da vítima, fato que

justifica a punição do assédio moral, sendo este o seu fundamento.

Sendo assim de suma importância entender que o assédio moral em um

ambiente de trabalho pode ser configurado por toda e qualquer conduta abusiva e, em sendo

essa manifestação demonstrada através do comportamento do agente ativo (agressor) que

podem variar entre atos e gestos e, que tais atos possam resultar em um dano que pode ser: à

personalidade, à dignidade, à integridade física ou psíquica da pessoa vítima do assédio

moral, colocando assim em risco o seu emprego, bem como a degradação do ambiente de

trabalho.

Ressaltando aqui que o assédio moral não está restrito ao ambiente de

trabalho, podendo assim ocorrer em qualquer local, hora ou circunstância, ou seja, está

incorporado de diversas formas em nosso meio social, haja vista se tratar de uma matéria

relativamente nova, e essa não dispondo de muitas discussões na esfera jurídica como um

todo, e carente de matérias que tratam do assunto de forma especifica, fazendo-se assim que

se busque o conceito do assédio moral em outras áreas como a sociologia e a psicologia.

1.2.1 – Elementos caracterizadores

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São diversos os fatores apontados pelos doutrinadores para o surgimento do

assédio moral, no qual podemos destacar os seguintes: as características da personalidade e as

características físicas do assediado, características da personalidade do assediador, o grupo

onde se inserem e as características da organização onde desenvolvem a sua atividade

profissional.

Podemos extrair vários elementos que caracterizam o assédio moral, tais

como:

Conduta abusiva;

Natureza psicológica atenta contra a dignidade do individuo;

Reiteração de conduta;

A intenção de excluir o assediado do ambiente de trabalho.

Aloizio Apoliano Cardoso Filho (2012) descreve em seu artigo que:

No trabalho subordinado, diversamente do trabalho autônomo, a subordinação

jurídica confere ao empregador o poder para dirigir a prestação do serviço pelo

trabalhador, orientá-lo, controlá-lo, fiscalizá-lo e puni-lo. É o chamado jus variandi.

Ocorre que esse poder, ou direito, conferido ao empregador não é ilimitado – assim

como os demais poderes ou direitos em um Estado Democrático de Direito -,

devendo, sempre, fiel observância aos parâmetros fixados pelo ordenamento jurídico

e o respeito à dignidade da pessoa humana.

No momento em que o empregador ou superior hierárquico se excede no exercício

desse poder, caracteriza-se a conduta abusiva, passível de ser caracterizada como ato

ilícito, nos termos do artigo 1871 do Código Civil Brasileiro.

Assim sendo situações que ultrapassarem esses limites diretivos poderá ser

enquadrado como assédio moral. Situações essas tais como, quando o empregador determinar

metas que o empregado não poderá atingir, determinar tarefas que o mesmo não seja

capacitado para realizar. Sendo assim, Aloizio Apoliano Cardoso Filho (2012) diz que “o

exercício de um direito, a princípio regular, conferido ao empregador, torna-se ilícito

justamente quando se verifica o excesso, o abuso, ultrapassando-se os limites”.

Outro elemento que caracteriza o assédio moral é aquela relacionada com o

psicológico ou emocional, ou seja, aquela em que o empregador atinge a alma do empregado

atingindo assim seu equilíbrio emocional, transformando desta forma o empregado em uma

pessoa insegura, desmotivada, este tipo de elemento é tido como o mais gravoso e mais

1 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano

a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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perverso, uma vez que tal atitude por parte do empregador pode levar o empregado a cometer

atos que poderão causar danos irreversíveis para si e para sua família.

Não podemos deixar de ressaltar que cada vitima reage e resiste de uma

forma diferente quando exposta ao assédio moral.

Essa diversidade quanto à resistência e reação de cada empregado que é

exposto a tal situação, poderá nos levar a certa dificuldade no que diz respeito à aferição, ou

seja, a relação de casualidade dos transtornos causados a essa pessoa.

Nesse sentido Aloizio Apoliano Cardozo Filho (2012) ressalve que:

Nessa ordem de ideias, não deve ser exigida a ocorrência de efetivo dano psíquico.

Este deve ser presumido pela violação de direitos da personalidade do trabalhador,

partindo-se da premissa que não há como medir o trauma ou o grau de sofrimento da

vítima.

Para caracterização do assédio moral, necessário ainda que as condutas ofensivas ou

humilhantes sejam, de regra, repetitivas, prolongadas.

Assim sendo, vale ressaltar que nem todos os atos poderão ser enquadrados

como assédio moral, uma vez que atos isolados de humilhação ou constrangimento poderá

caracterizar em dano moral, sendo cabível uma possível reparação por dano moral, no mesmo

sentido esta uma possível discussão ou discórdia de ideias que divergem uma das outras, neste

caso também não estará caracterizado o assédio moral.

Aloizio Apoliano Cardozo (2012) citando Márcia Novaes Guedes esclarece

que:

Não é, porém, toda agressão à intimidade do trabalhador que pode ser definida

como mobbing. É preciso, portanto, distinguir o que é e o que não é mobbing. A

violação da intimidade, particularmente verificada na revista pessoal, ainda não

é mobbing. O sujeito perverso, todavia, pode empregar diversos expedientes,

inclusive a revista, para ferir sistematicamente a dignidade da pessoa escolhida para

ser assediada moralmente.

Sendo de fundamental importância para a caracterização do assédio moral

que estejam presentes atos repetitivos e de reiteração da conduta do agressor para com a

vitima.

Último elemento tido como necessário para a caracterização do assédio

moral (mobbing) é aquele que é inserido no ânimo do agressor, ou seja, que tenha como

finalidade, expressa ou velada, o objetivo de excluir a vítima do ambiente de trabalho.

O assediador tem como objetivo desestabilizar a sua vitima no intuito de

levá-la a desistência de um cargo melhor, podendo chegar até mesmo na desistência do seu

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emprego, diante dos obstáculos que lhe foram imposto. Levando certo tempo para que a

vítima do assédio moral reconheça ou perceba que esta sendo vítima deste fenômeno.

Sendo assim é de fundamental importância que a vítima do assédio moral

tenha o discernimento de compreender e entender quando estão sendo vítimas do assédio

moral no ambiente do trabalho.

1.3 – Assédio sexual

Diante do que vimos até o momento, não nos permite mais confundir o

assédio moral com o assédio sexual, tendo em vista as atitudes e objetivos que diferenciam

uma prática da outra, como veremos nesse tópico.

Conforme disposto no artigo 216-A do Código Penal.

Art. 216-A. “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento

sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou

ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.

Todavia a leitura do artigo por si só já deixaria claro a diferença entre o

assédio moral e o assédio sexual, mas sem buscar um aprofundamento no estudo do assunto

mencionado, já que o mesmo não é o objeto principal de nosso estudo e está sendo utilizado

para diferenciar uma conduta da outra.

O objetivo do assédio sexual é obter uma vantagem de cunho sexual por

parte do agente, quase sempre na figura de um superior hierárquico (sujeito ativo) e este

fazendo uso do mesmo o utiliza para constranger o sujeito passivo (vítima) com intuito de

satisfação da libido.

O juiz do trabalho Rodolfo Pamplona Filho (2012), descreve em seu artigo que:

Por se constituir em uma violação do princípio de livre disposição do próprio corpo,

esta conduta estabelece uma situação de profundo constrangimento e, quando

praticada no âmbito das relações de trabalho, pode gerar consequências ainda mais

danosas.

E a expressão "quando praticada no âmbito das relações de trabalho" é aqui

utilizada não como mero recurso de estilística, mas sim para destacar que este

fenômeno social não se restringe aos vínculos empregatícios como tipificado no

Brasil. De fato, pode o assédio sexual se dar em várias outras formas de relação

social, sendo exemplos didáticos o meio acadêmico (entre professores, alunos e

servidores), o hospitalar (entre médicos, auxiliares e pacientes) e religioso (entre

sacerdotes e fiéis).

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Sendo assim o assédio sexual na forma tentado poderá ser considerada fase

que venha a anteceder o assédio moral, já que diante da resistência da vítima em satisfazer a

libido do sujeito ativo, poderá com tal recusa desencadear a prática do assédio moral.

Mesmo havendo projetos de lei em tramite para regulamentar como crime o

assédio moral no qual discutiremos mais adiante, tal conduta é vista como atípica aos olhos da

lei penal, mesmo que em alguns casos possam provocar lesões tão ou mais graves que o

próprio assédio sexual.

1.3.1 – Elementos caracterizadores

Encontraremos certa dificuldade nas doutrinas especializadas para que

possamos estabelecer ou denominar os elementos que caracterizam o assédio sexual, até

mesmo nas legislações do direito comparado, haja vista que não se tem uma unanimidade

acerca do que diz respeito aos elementos definidores do assédio sexual.

O juiz Rodolfo Pamplona Filho (2012) descreve em seu artigo que o fato de

conceituarmos o assédio sexual como “[...] toda conduta de natureza sexual não desejada

que, embora repelida pelo destinatário, é continuadamente reiterada, cerceando-lhe a

liberdade sexual”.

Desta forma o juiz Rodolfo Pamplona Filho (2012) descreve como

elementos caracterizadores do assédio sexual:

Sujeito ativo, Agente: Assediador (a);

Sujeito passivo, destinatário: Assediado (a);

Conduta de natureza sexual;

Rejeição à conduta do agente;

Reiteração da conduta.

1.4 – Natureza jurídica

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Na terminologia jurídica para definirmos a natureza jurídica de determinado

instituto, precisamos ressaltar ou encontrar em que tipo de legislação que sobre ele irá incidir,

o que revela a relevância em classificá-lo no direito.

Como bem destaca Alice Monteiro de Barros (2005, p. 875):

É difícil construir um conceito jurídico de assédio moral, em virtude dos “difusos

perfis do fenômeno”, e é que alguns doutrinadores enfatizam no conceito o dano

psíquico acarretado à vítima em face da violência psicológica sofrida. Outros autores

destacam a situação constrangedora e o dano à imagem provocada pelo assédio

moral. Contudo, há elementos caracterizadores sobre os quais a doutrina e as

jurisprudências estão em consonância.

No que tange à sua natureza jurídica, sendo mais especifico encontre-se

inserido no perímetro do gênero “dano moral” ou “discriminação” no que se caracteriza por

conduta abusiva e de forma a atentar contra a dignidade psíquica da pessoa, sendo essa de

forma prolongada e repetitiva, expondo assim o trabalhador as situações humilhantes e

constrangedores.

Alguns autores ao conceituar o assédio moral assinalam se tratar de um

termo utilizado para designar toda conduta que possa vir a causar constrangimento

psicológico ou físico na vítima.

Dentre as espécies de assédio podemos destacar 02 (dois) tipos de assédio

que se diferenciam pela natureza. Sendo eles o assédio sexual e o assédio moral, esse segundo

objeto de nosso estudo.

O assédio moral tem como conduta abusiva a natureza psicológica uma vez

que o objetivo do agente é atentar contra a dignidade psíquica, sendo de forma repetitiva e

prolongada, expondo assim a vitima a situações de humilhação e constrangimentos, o objetivo

na maioria das vezes é sempre excluir a vitima do ambiente de trabalho ou torná-lo

insuportável no período em que a vitima estiver realizando sua função.

No entanto venho a discordar quando os autores tentam enquadrar a

natureza jurídica dentro de um ramo da “ciência jurídica”.

Se entendermos que a prática discriminatória tem como objetivo violar a

personalidade do empregado, bem como a sua dignidade, ou seja, a dignidade da pessoa

humana, cuja essa esta incorporada junto com o conceito do valor moral, espiritual inerente à

pessoa, sendo assim enseja na reparação de um dano de cunho moral. Sendo assim podemos

concluir que a natureza jurídica fica aqui atrelada a moral e que uma vez atingida será

necessária sua reparação.

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Observe que o instituto aqui a ser analisado é o assédio espécie da qual

resulta em um dano moral e esse é o gênero. A doutrina elenca subespécies de assédio, tais

como: assédio moral, assédio sexual e que alguns denominem de assédio processual. Mas

todos versam sobre o mesmo objeto jurídico a reparação de um dano moral perpetrado já que

todos decorrem de atos discriminatórios, e que tais atos acabem sendo apenas motivos para o

assédio moral violar garantias e liberdades individuais assegurados pela Constituição Federal.

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CAPÍTULO II – ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABLHO

Neste capítulo iremos abordar o assédio moral nas relações de trabalho,

destacaremos a figura do assediador, ou seja, sujeito ativo do assédio moral, bem como suas

condutas para com suas vítimas, irá ser abordado também à figura do assediado (sujeito

passivo) e quais as características que o leva a ser vítima do assédio.

Abordaremos também as espécies de assédio moral, tais como o assédio

moral na vertical descendente sendo este o mais comum entre todos os assédios tendo em

vista que esse sempre parte de um superior hierárquico para um subalterno, veremos também

o assédio horizontal, misto ou coletivo. E por último faremos uma distinção entre o assédio e

condutas aproximadas.

2.1 – Os sujeitos do assédio moral

Empregado, empregador ou superior hierárquico, tais sujeitos não possuem

posições definidas para figurarem como sujeito ativo ou passivo do assédio moral, isso porque

hora poderão figurar como sujeito ativo, hora poderá figurar como sujeito passivo. Haja vista

que conforme o caso em questão as posições poderão ser alteradas.

Ao analisarmos os sujeitos do assédio moral, tem-se como objetivo buscar a

identificação dos traços caracterizadores de tais sujeitos, como motivação, conduta,

personalidade dentre outros aspectos que possam caracterizar o sujeito do assédio.

A psicóloga Marie-France Hirigoyen (2006, p. 29) descreve que:

O agressor frequentemente é, mas não necessariamente, o chefe; posto que o assédio

moral possa provir do comando hierárquico (vertical), de colegas da mesma

hierarquia funcional (horizontal), da omissão do superior hierárquico diante de uma

agressão (descendente), ou caso raro, quando o poder, por alguma razão, não está

com o comando superior e sim nas mãos do subalterno (ascendente). Mas quem

detém o poder pode mais facilmente abusar dele, sobretudo quando se trata de

chefes considerados medíocres profissionalmente, com baixa autoestima e,

consequentemente, necessidade de ser admirado e destacado.

Vale ressaltar que não há como definir uma personalidade padrão para o

sujeito passivo do assédio moral, desta forma não é possível determinar um individuo

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determinado ou pré-determinado para ser vítima dessa prática discriminatória. O que se busca

na verdade com essa identificação, é minimizar de certa forma os resultados deixados pelo

assédio moral, tendo em vista que os traços psicológicos e a resistência podem variar de

individuo para individuo.

Márcia Novaes Guedes (2012) diz que:

O assédio moral no trabalho além da modalidade vertical (empregadores e chefes

contra subordinados), pode se verificar na modalidade horizontal (colegas de

trabalho do mesmo grau hierárquico), como também de modo ascendente - é o

mobbing de baixo para cima (subordinados que se amotinam e aterrorizam um

superior, normalmente utilizando atos de sabotagem do trabalho deste). Não

obstante a raridade dessas modalidades, elas são tão cruéis quanto a vertical e

produzem danos à integridade física, psíquica e moral das vítimas igualmente

graves.

2.1.1 – Sujeito ativo

Conforme Euler Sinoir de Oliveira (2012) que em seu artigo cita a escritora

e psiquiatra Marie-France Hirigoyen, descreve como sujeito ativo:

Os grandes perversos são também seres narcisistas e, como tal, vazios, que se

alimentam da energia vital e da seiva do outro. O perverso narcisista depende dos

outros para viver; sente-se impotente diante da solidão, por isso, agarra-se a outra

pessoa como verdadeira sanguessuga. Esta espécie é movida pela inveja e seu

objetivo é roubar a vida de suas vítimas. Como sujeito megalômano, o perverso tem

um senso grandioso da própria importância, é absorvido por fantasias de sucesso

ilimitado e de poder. Acredita ser especial e singular, pensa que tudo lhe é devido;

tem excessiva necessidade de ser admirado, e age como um vampiro. Não tem

empatia, alimenta-se da energia dos que se vêem seduzidos pelo seu charme; sente

profunda inveja daqueles que parecem possuir coisas que lhe faltam, ou que

simplesmente sabem extrair prazer da vida. São críticos ferinos; sentem prazer em

criticar os outros, assim, provam-se onipotentes, diante da nulidade dos outros.

Vazios e despossuídos de subjetividade, os perversos são seres irresponsáveis; por

isso, ocultam-se, jogando os seus erros e limitações nos outros. Afinal, tudo que

acontece de mal é sempre culpa dos outros.

Existe no agressor uma dificuldade em ver suas vítimas como um ser

humano dotado de sentimentos. Este tipo de atitude tem abrigo no fato de que o agressor

possui dentro de si um vazio emocional e uma vez confrontado com algum tipo de sentimento

o mesmo trata de extirpá-lo o mais rápido possível.

Marie-France Hirigoyen ao utilizar a expressão “perversos narcisistas”, se

referindo que os narcisistas em um determinado nível permitem que os indivíduos ponderem

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as percepções de suas necessidades em relação as dos outros, ou seja, de certa forma evitando

a submissão emocional. Trocando em palavras isso está relacionado com o equilíbrio da

autoestima que nos permitem ver as outras pessoas sem abrir mão dos princípios e valores que

conduzem a formação de nossa personalidade.

Haja vista que em excesso, o narcisismo é considerado uma patologia que

tem como denominação “Transtorno de personalidade narcisista”2, ou seja, sendo a

autoestima elevada a níveis mais autos do que o normal brotara no individuo o que chamamos

de soberba, fazendo assim que o indivíduo se sinta cada vez mais grandioso em relação aos

outros.

Ao analisarmos o perfil do agressor é nítido e notório que dele exala um

sentimento de inveja que o domina e o consome. Nesse sentido há de se destacar o conceito

da psiquiatra Marie-France Hirigoyen (2006, p.108):

A inveja é um sentimento de ambição, de irritação odienta diante da felicidade e das

vantagens do outro. Trata-se de uma mentalidade desde o primeiro momento

agressiva, que se baseia na percepção daquilo que o outro dispõe e de que ele

próprio se sente desprovido.

O agressor procura instaurar com suas vitimas uma relação de

subalternidade, que na grande maioria decorre de princípios morais, haja vista que o agressor

procura uma forma desesperadora de se sentir vivo e para que isso ocorra o mesmo destrói

aquilo que de certa forma o incomoda em suas vitimas.

Marie-France Hirigoyen (2006, p. 108/109) durante seus estudos a cerca

deste fenômeno identificou quatro condutas que a seu ver seriam as mais importantes. São

elas:

1. Deterioração proposital das condições de trabalho;

2. Isolamento e recusa de comunicação;

3. Atentado contra a dignidade;

4. Violência verbal, física ou sexual.

Sendo assim, ao observamos os parâmetros estabelecidos pela psiquiatra

Marie-France Hirigoyen chegamos a um denominador comum que a identificação do sujeito

2 É quem sofre do transtorno tende a se preocupar obsessivamente com a maneira com que os outros o enxergam,

e também com aspectos que possam influir de algum modo na percepção de sua imagem, tais como poder,

prestígio, vaidade, e até mesmo martírio.

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ativo, esta em identificar um ambiente de trabalho inóspito e infectado pela prática de atos

discriminatórios seja qual for à natureza.

De acordo com Alice Monteiro Barros (2005, p. 105), os perfis do

assediador descrito pelos trabalhadores assediados são:

Profeta – sua missão é “enxugar” o mais rápido possível a “máquina”, demitindo

indiscriminadamente os trabalhadores. Refere-se às demissões como a “grande

realização da sua vida”. Humilha com cautela, reservadamente. As testemunhas,

quando existem, são seus superiores, mostrando sua habilidade em “esmagar”

elegantemente.

Pitt-bull – é o chefe agressivo, violento e perverso em palavras e atos. Demite

friamente e humilha por prazer.

Mala-babão – é aquele chefe que bajula o patrão e não dá folga aos seus

subordinados. Persegue e controla cada um com “mão de ferro”. É uma espécie de

capataz moderno.

Grande irmão – aproxima-se dos trabalhadores e mostra-se sensível aos problemas

particulares de cada um, independente se intra ou extramuros. Na primeira

“oportunidade”, utiliza estes mesmos problemas contra o trabalhador, para rebaixá-

lo, afastá-lo do grupo, demiti-lo ou exigir produtividade.

Troglodita – é o chefe brusco, grotesco. Implanta as normas sem pensar e todos

devem obedecer sem reclamar. Sempre está com a razão. Seu tipo é:

“eu mando e você me obedece”.

Tigrão – esconde sua incapacidade com atitudes grosseiras e necessita de público

que assista seu ato para sentir-se respeitado e temido por todos.

Garganta – é o chefe que não conhece bem o seu trabalho, mas vive contando

vantagens e não admite que seu subordinado saiba mais do que ele.

Submete-o a situações vexatórias, como por exemplo: colocá-lo para realizar tarefas

acima do seu conhecimento ou inferior à sua função.

Tasea – “Ta se achando”; confuso e inseguro. Esconde seu desconhecimento com

ordens contraditórias: começa projetos novos, para no dia seguinte modificá-los.

Exige relatórios diários que não serão utilizados. Não sabe o que fazer com as

demandas dos seus superiores. Se algum projeto é elogiado pelos superiores, colhe

os louros. Em caso contrário, responsabiliza a “incompetência” dos seus

subordinados.

Diante dessa classificação podemos perceber o quanto pode variar o perfil

do assediador, evidenciando assim a importância do trabalhador saber como identificar o

assediador.

2.1.2 – Sujeito passivo

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Diferentemente do que acabamos de estudar com o sujeito ativo, ou seja, o

assediador no qual é possível descrever um perfil básico, o mesmo não ocorre com o sujeito

passivo (vítima), tendo em vista que não é possível traçar um perfil psicológico pré-

estabelecido que possa nos ajudar na identificação no assédio moral.

Estudos apontam que a vítima do assédio moral no trabalho na sua grande

maioria não é o empregado negligente ou aquele que não consegue cumprir metas

estabelecidas pela empresa. Mas sim aqueles que são dotados de um senso de

responsabilidade, cumprimento de funções impostas a ele, na grande maioria o senso chega a

ser enlouquecedor, este tipo de sujeito não tem malicia, acreditam sempre no outros, sempre

educados com seus colegas, ou seja, tem como destaque sua capacidade profissional e moral.

O agressor não busca aquela vítima pacata que não tem opinião, que está

remando conforma a mare, ou seja, um simples executor de tarefas, este tipo de pessoa não

desperta no agressor o sentimento de ameaça.

A agressora busca vítima que tem um destaque no seu grupo de trabalho,

pessoas seguras de si, que de certa forma desperta no agressor o sentimento de ameaça, seja

em relação ao cargo ocupado pelo agressor ou simplesmente pelo respeito e admiração que

ele tem dentro do grupo.

A vítima sempre terá uma responsabilidade acima da média, bem como um

conhecimento superior aos demais funcionários.

O agressor sempre amparado por suas manobras perversas e já determinado

no seu consciente ao partir para o ataque busca reduzir a autoestima de suas vítimas, na

maioria das vezes confundindo-as e levando-as ao descrédito em si próprio e assim julgando-

se culpadas.

Após serem fragilizadas pelo agressor as vítimas acabam adotando

comportamentos introduzidos pelo agressor.

O assédio moral causa em suas vítimas um revertério direto no seu ambiente

familiar, uma vez sua personalidade atingida os ataques provocaram o desanimo que ira recair

nos filhos e parceiro e em muitos casos levam a levantar suspeita que antes não havia, como

um relacionamento extraconjugal, quando não paira no relacionamento a desconfiança vem

sempre à frase “será que você não fez isso realmente para ele? porque conviver com você

não é uma tarefa fácil”.

Este tipo de posição faz com que a vítima do assédio moral tenha o

irremediável sentimento de culpa dentro de si.

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Sendo assim de suma importância que se identifique e classifique o sujeito

passivo do assédio moral, conservando assim o conceito do assédio moral, afastando-se assim

a banalização ou indústria do assédio moral como é colocada hoje em dia na jurisprudência.

2.1.3 – Condutas do assediador

Depois de estudarmos e identificarmos os perfis do sujeito ativo

(assediador) e passivo (assediado) do assédio moral partiremos para o estudo das condutas

que o assediador se utiliza para com o assediado no assédio moral.

A missão de reconhecer a prática do assédio moral não é uma das mais

fáceis, haja vista que o assediador se utiliza de subterfúgios dentre elas “brincadeiras” na

grande maioria com o intuito de desestabilizar sua vítima, buscando com isso a destruição da

autoestima das suas vítimas.

Tendo em vista que assediador utiliza-se de alguns métodos para alcançar o

sucesso na empreitada contra sua vítima, sendo assim passaremos a analisar de forma

superficial alguns dos métodos utilizados pelo assediador.

A primeira deles pode ser chamada de “isolamento”, ou seja, quanto mais

isolada estiver sua possível vítima mais fácil será para o assediador, fazendo uma rápida e

sendo essa extraída da natureza, seria o mesmo que um animal desgarra de seu bando e

tentasse de maneira isolada continuar sua caminhada, ao se desgarrar de seu bando esse

animal ficar mais vulnerável e sua “resistência” contra um possível ataque do seu oponente

diminui consideravelmente.

Isso ocorre de maneira frequente dentro das empresas hoje com essa busca

constante de produzir a cada dia mais e mais, os funcionários de uma forma geral não têm

mais tempo para criar grupos de amigos, vínculos com pessoas de forma em que uma poderá

proteger a outra, hoje se vê muito a individualização nesses tipos de ambiente e isso faz com

que o assédio moral no ambiente de trabalho venha crescendo a cada dia mais.

Outra maneira do assediador agir e utilizando o trabalho como pretexto para

possíveis ataques, haja vista que as empresas de uma maneira em geral só se preocupam com

o resultado, ou seja, com o seu produto, não se preocupando na maioria das vezes em fornecer

condições para que o resultado almejado possa ser alcançado.

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Este tipo de agressão normalmente ocorre de forma velada, ou seja, sem

levantar a suspeitas. O assediador busca o ataque no psicológico de sua vítima, sempre na

busca da submissão. É comum encontrar esses tipos de ataque em ambientes de trabalho em

que são divididos em setores de produção, no qual os funcionários não têm uma função fixa,

ou seja, executam diversas tarefas em períodos ou momentos diferentes, nesses casos o

assediador busca desestabilizar suas vítimas apontando de forma repetitiva os erros por elas

cometidos, e assim passa a delegar tarefas que a mesma não tem competência ou

conhecimento técnico para executa-las, sabendo assim que o assediado não terá sucesso nas

novas funções a ele determinado, fazendo que com isso o assediado passe a acreditar ser

incapaz para realizar tais funções.

O assediador tem como objetivo prejudicar sua vítima, não levando em

consideração se a mesma tem um bom desempenho em suas funções ou não, mesmo o

assediado estando no meio de outras pessoas o ataque sempre será individual, buscando o

assediador desestabilização da sua vítima. O mesmo sempre começará com ataque no ponto

fraco, para que com isso sua vítima perca a confiança em sim mesma.

2.2 – Espécie de assédio moral nas relações de trabalho.

Encontraremos diversas espécies do assédio moral dentro do ambiente de

trabalho, sendo possível encontrar diversos tipos de assédio que poderão ocorrer em diferentes

níveis de hierarquia, sendo possível ter diferentes autores. Em uma pequena introdução a

cerca das espécies, podemos observar que eles estão divididos em tipos conforme a hierarquia

e conforme a posição do agressor e do agredido no ambiente de trabalho podendo elas ser na

horizontal ou vertical, nessas ainda podendo ser na ascendente ou descendente e poderão ser

ainda mista ou coletiva, quando ocorrer tanto na forma vertical como na horizontal.

Ao estudarmos todas as espécies do assédio moral individualmente, seremos

capazes de identificarmos quais as consequências jurídicas provocadas por essa prática

abusiva e destruidora que cerca os trabalhadores de uma maneira geral.

2.2.1 – Assédio moral vertical descendente.

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O assédio moral vertical descendente, podendo ser encontrados em algumas

doutrinas com o termo “bullying”, guardadas as devidas semelhanças, tem como elemento

chave a hierarquia, ou seja, será sempre um procedimento abusivo partindo de um superior

para o subordinado, ficando assim caracterizado com o abuso do direito do empregador ou

seus imediatos, tais como, gerentes, supervisores, entre outros, no qual ira exercer seu poder

disciplinar3 e diretivo

4.

Este tipo de assédio tem por objetivo a exclusão do funcionário dos quadros

da empresa, hora por questões psicológicas, hora por julgarem o assediado como

“improdutivo”, sendo possível também à exclusão por motivos de doenças ou debilidades,

este tipo de assédio tem sempre como conclusão o pedido de demissão por parte do assediado,

sempre levado pelo assediador a cometer tal atitude, com isso o assediador não terá que arcar

com custos adicionais oriundos de uma possível rescisão indireta de contrato (sem justa

causa), bem como uma futura demanda judicial na justiça do trabalho por parte do assediado.

Por isso que este tipo de assédio é mais frequente dentro do ambiente de

trabalho de âmbito industrial ou em grandes empresas, sendo ele também o que gera

consequências mais gravosas, seja física bem como psicológicas.

2.2.2 – Assédio moral vertical ascendente

No tocante ao assédio moral vertical ascendente, têm-se como característica

a prática que nasce de um ou mais funcionários e tem como alvo o superior hierárquico, sendo

válido ressaltar que este tipo de assédio é tanto quanto raro acontecer.

Cito como exemplo uma situação que em a empresa contrata um supervisor

de projetos e este tem dentre suas funções, gerenciar um grupo de funcionários e os mesmos

por não aceitaram tal subordinação começam a ignorar suas ordens, ou as passam executá-las

de forma diversa das que lhe foram transmitidas, causando assim no assediado um sensação

de incapacidade.

3 É o poder disciplinar que tem como base a relação entre o empregado e o empregador, sendo este sustentado

pela subordinação. Sendo assegurado ao empregador executar punições que esteja excessivamente acima da

relação do ato, devendo a punição ser relacionada com o nível de gravidade. Sendo assim o empregador poderá

se utilizar de 03 (três) meios, sendo eles: advertência verbal, suspenção e advertência escrita. 4 É a faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade do empregado deve ser

exercida, em decorrência do contrato de trabalho.

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O assédio estará configurado no exato momento em que o assediado não

mais acreditar em sua capacidade profissional, sendo assim exposto a eventuais deboches ou

até mesmo constante desrespeito às suas orientações.

Outro exemplo que podemos citar é o clássico “cargo de confiança”, ou

seja, um funcionário escolhido dentre os demais para exercer esse cargo dentro de um

determinado grupo de funcionários, e esses funcionários por não aceitarem a se submeter a tal

subordinação, não acatam as determinações do mesmo, sendo possível até mesmo o assédio

ser cometido pelo próprio escolhido a exercer o “cargo de confiança”, que de olho em uma

possível promoção, ao receber as orientações dadas pelo seu superior imediato ao repassa-las,

as passam de maneira que os funcionários não entendam. Com tudo ao buscar o amparo da

CLT que em seu artigo 468, parágrafo único, assegura que o empregado retorne a sua função

que anteriormente desenvolvia, a grande questão seria ao retornar ao seu antigo cargo, essa

volta, iria gerar no empregado uma grande pressão psicológica no assediado.

Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita à alteração das

respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não

resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da

cláusula infringente desta garantia.

Parágrafo único – Não se considera alteração unilateral a determinação do

empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente

ocupado, deixando o exercício de função de confiança.

Sendo assim, o assédio moral ascendente pode ser tão destruidor quanto os

demais tipos de assédio, tendo em vista que nesse tipo de assédio o assediado não tem como

se defender e as reclamações feitas por ele não serão levadas a sério como se deveria.

2.2.3 – Assédio moral horizontal

O assédio moral horizontal é o assédio proveniente de um funcionário para

outro, ou seja, eles estão no mesmo patamar de hierarquia, este tipo de assédio poderá ocorrer

quando dois funcionários estão em busca da mesma promoção ou cargo. Outra situação que

pode acarretar este tipo de assédio está entrelaçada com a produtividade, ou seja, quando um

determinado setor não consegue atingir suas metas determinadas pela empresa em virtude de

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que um funcionário dentro do setor que não consegue ter a mesma execução que os demais

empregados, passando assim figurar como alvo dos demais empregados. Nesta situação trata-

se de eliminar aquele que não é produtivo para que outro possa vir ocupar o seu lugar e que

com isso todos do grupo sejam beneficiados.

As consequências deixadas por este tipo de assédio não são as mais graves,

haja vista que a relação entre o sujeito ativo e o passivo ocorre em um mesmo patamar, ou

seja, de maneira igualitária.

O objetivo na maioria das vezes nesse tipo de assédio não é a demissão do

assediado mais sim a troca dele por outro funcionário, ressaltando aqui a possibilidade da

rescisão de contrato do mesmo por parte do empregador, a depender dos caminhos que esse

tipo de assédio tomará do transcorrer de sua execução.

2.2.4 – Assédio moral misto ou coletivo

Esta espécie de assédio está relacionada com o assédio moral na horizontal

que passa a ser assédio moral vertical descendente, a doutrinadores que utilizam a

denominação de “assédio moral horizontal por aderência”, ou seja, é aquele assédio que

parte de um funcionário para outro e se prolonga no tempo, e que sendo esse de conhecimento

de um superior hierárquico o mesmo não toma providencia alguma para cessar tal atitude

tornando-se assim cúmplice, e o assédio passará a ser assédio moral vertical descendente.

No que se refere ao assédio moral coletivo ou horizontal por aderência, tem

se a seguinte relação o funcionário que presenciando, percebendo que outro funcionário está

sendo vítima de um ato discriminatório, para não se comprometer se faz de despercebido, ou

seja, muitas vezes a vítima busca em colegas conselhos e que estes por estarem de certa

maneira envolvidos passam a se esquivar do questionamento feito pelo colega, ficando assim

caracterizado o assédio moral coletivo ou horizontal por aderência. Em determinados casos a

vítima pode atentar contra sua própria vida sem ao menos ter uma testemunha a seu favor.

Neste tipo de situação Marie France Hirigoyen (2006, p. 240) explica:

“[...] eles também precisam se auto proteger, pois reconhecer que a vítima não é

culpada pelo que lhe está acontecendo é reconhecer também que outro alvo pode ser

escolhido de forma aleatória”.

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No entendimento de Sônia Mascaro Nascimento Barros (2009, p. 4) a

vítima nesses tipos de caso “é atacada por todos os lados, o que configurará uma situação

insustentável num curto espaço de tempo”.

2.3 – Distinções entre assédio moral e condutas aproximadas

A escritora Marie France Hirigoyen (2006, p.75), busca na publicação da

sua segunda obra a redefiniçao do assédio moral, tendo em vista a dificuldade de

compreensão decorrida de várias traduções que sua primeira obra “Assédio Moral: A

violência perversa do cotidiano” sofreu.

De acordo como Marie France Hirigoyen (2006, p.75), o conceito dado por

ela em sua primeira obra corria o risco de cair no descredito, haja vista que a posição

vitimaria com o excesso prejudicaria a causa que se quer defender.

Com o nascimento de sua segunda obra “Desconforto no local de trabalho:

Assédio Moral, desvendado a realidade da ficção”, Marie France Hirigoyen, tira o foco do

assédio moral no âmbito familiar e o aponta nas incidências do fenômeno nas relações de

trabalho.

Um novo aspecto redefinido por Marie France Hirigoyen é no sentido de

haver o assédio moral na forma culposa. Maria France Hirigoyen explica que o assédio moral

deve ser premeditado, sendo assim, o assediador tem em si o dolo específico de atingir

determinada vítima, seja por perseguição psicológica ou pela prática de outras condutas e que

está se prolongue no tempo.

É válido ressaltar que mesmo que o assédio moral não venha causar dano no

assediado, não tirará o direito do mesmo em postular uma ação por dano moral. Sendo assim

de suma importância que saibamos identificar o que caracteriza o assédio moral e o que são

condutas aproximadas ao assédio moral nas relações de trabalho, evitando-se assim distorções

acerca do conceito que envolve a prática do assédio moral nas relações de trabalho. Desta

forma veremos a seguir condutas que se assemelham com o assédio moral, mas não são

assédio moral.

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2.3.1 – Estresse

Não podemos confundir o estresse com o assédio moral, Marie France

Hirigoyen (2006, p. 20) define que “o estresse só se torna destruidor pelo excesso, mas o

assédio é destruidor por si só”.

O estresse gera no funcionário um esgotamento decorrente das exigências e

pressões por ele sofrida no seu dia-a-dia. Desta forma Marie France Hirigoyen (2006, p. 21)

explica que existe o “assédio moral profissional” e o “assédio moral”, ou seja, mesmo que o

estresse provoque algum tipo de desgaste psicológico e sofrimento no empregado, o mesmo

não poderá ser caracterizado como assédio moral, mas tão somente como um terreno fértil que

tende a facilitar que o assédio moral se instale. O assédio moral causa em suas vítimas um

sentimento de vergonha e humilhação e esse se prolonga tempo.

O estresse ocorre quando um funcionário está sobrecarregado ou incumbido

de determinadas tarefas das quais não tem condições para executá-las, este tipo de situação

poderá evoluir para um assédio moral no determinado momento em que o funcionário

conseguir identificar a má fé de seu superior em lhe atribuir tais tarefas.

Outra conduta que não podemos confundir com o assédio moral é a gestão

por estresse, ou seja, essa não tem como objetivo a destruição do funcionário mais sim a

busca no aperfeiçoamento de suas funções, haja vista que nos tempo atuais com a

competitividade declarada entre as empresas, bem como o imediatismo, a pronta entrega é um

diferencial que as empresas buscam para se manter vivas no mercado.

2.3.2 – Conflito

Neste tópico é de fundamental importância fazermos uma distinção entre o

que é assédio moral nas relações de trabalho e o que é um conflito.

No conflito as recriminações são tratadas de forma aberta, ou seja, é uma

guerra declarada de igual para igual. Teoricamente no conflito os envolvidos buscam

defenderem suas posições a cada qual a sua maneira, ficando assim caracterizado a igualdade

teórica entre os mesmo.

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No que se refere ao assédio moral, este é feito de forma velada, ou seja, sem

que o assediado tenha como se defender, sendo assim não tem condições de igualdade entre

um e outro estando sempre presentes as condições de dominante e dominado.

Heinz Leymam defende que um conflito mal resolvido poderá dar inicio a

um assédio moral. Todavia Marie France Hirigoyen vem na contra mão defendendo que se

existe o assédio moral é porque nenhum conflito pode ser instaurado.

Nesse sentido me permito discordar da autora no sentido em que certas

discussões poderão sim desencadear um assédio moral, sendo pela manifestação de ideias ou

até mesmo por divergências quanto ao sistema de trabalho, mas é importante destacar que o

assédio moral não tem seu surgimento nas divergências seja ela de qual natureza for.

O conflito é sempre válido em um ambiente de trabalho, a falta de conflito

já se subtende que exista uma crise no relacionamento humano. Nesse sentido é de total

importância para o crescimento e desenvolvimento dos indivíduos que os mesmo mantenham

diálogos entre eles, se as empresas olhassem com mais cuidado para esse tipo de situação e

implantassem um sistema no qual permitisse que houvesse uma simples conversa entre seus

funcionários e não que isso fosse globalizado entre todos e não divididos por classe ou

setores, esta pratica tornaria o ambiente de trabalho muito mais saudável.

2.3.3 – Gestão por injúria

Gestão por injúria nada mais é que a forma desrespeitosa e bruta que certos

administradores utilizam para lidar com seus subordinados.

Marie France Hirigoyen (2005, p. 28) descreve em seu livro que “muitos

administradores não sabem lidar com as suscetibilidades individuais e manejam melhor o

chicote que a carroça”, um pouco mais a frente à autora diz “o que diferencia a gestão por

injúria do assédio é que esta é notada por todos e todos os empregados são maltratados, sem

distinção”.

Portanto não há aqui que se confundir a injúria ou outro com a prática do

assédio moral. O que ocorre aqui é a gestão equivocada que leva a causar um dano moral que

não somente a injúria.

Haja vista que nos crimes contra a honra o exaurimento se da com uma

única conduta e que se consuma com o conhecimento obtido por uma terceira pessoa, que não

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a vítima do crime. Já o assédio moral por sua vez se caracteriza por diversos ataques feitos de

maneira velada e se prolongam no tempo.

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CAPÍTULO III – ASSÉDIO MORAL E SUA LEGISLAÇÃO

Neste capítulo, abordaremos a problemática do assédio moral, haja vista a

falta de uma legislação especifica que aborde e regulamente a prática do assédio moral. Hoje

para que possamos amenizar os prejuízos deixados pelo assédio moral temos que fazer uma

associação de normas e jurisprudências que de forma genérica possamos enquadrar não o

assédio moral como um todo, mas condutas isoladas que são praticadas pelo assediador.

Com o que já estudamos até o presente momento fica claro que o assédio

moral não só provoca lesões à saúde, bem como viola a dignidade do trabalhador, ficando

assim caracterizada a violação de direitos assegurados por nossa Constituição Federal de

1988.

3.1 – Assédio moral e a tutela constitucional

No tocante aos direitos de defesa dos interesses individuais e coletivos

assegurados pela Constituição Federal de 1988, destacamos os que têm ligação direta com o

assédio moral, aqui os inseridos no Título – II, que trata dos Direitos e Garantias

Fundamentais, mais especificamente no artigo 5º e incisos, in verbis.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta

Constituição;

III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação;

Todavia o embasamento principal que encontramos na luta contra a prática

do assédio moral está inserido no Título – I da Constituição Federal de 1988, que trata dos

Princípios Fundamentais e este está disposto no artigo 1º e incisos, in verbis.

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de

Direito e tem como fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Nesse sentido o legislador foi mais além e estabeleceu no Título – VII que

trata Da Ordem Econômica e Financeira o artigo 170, no qual disposto vem abaixo.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre

iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da

justiça social, observados os seguintes princípios:

VIII - busca do pleno emprego;

José Afonso da Silva (2007, p. 201), ao abordar o tema Direito à

Integridade Moral diz:

A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na,

outrossim, valores imateriais, como os morais. A Constituição empresta muita

importância à moral como valor ético-social da pessoa e da família, que se impõe ao

respeito dos meios de comunicação social (art. 221, IV). Ela, mais que as a outras,

realçou o valor moral individual, tornando-a mesmo um bem indenizável (art. 5º, V

e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a

reputação que integram a vida humana como dimensão imaterial. Ela e seus

componentes são atribuídos sem os quais a pessoa fica reduzida a uma condição

animal de pequena significação. Daí por que o respeito à integridade moral do

indivíduo assume feição de direito fundamental. Por isso é que o Direito Penal tutela

a honra contra a calúnia, à difamação e injúria.

José Afonso da Silva (2007, p. 292) ainda defende que “é através de

condições dignas de trabalho que os trabalhadores conseguem melhorar sua condição

social”, sendo assim a importância de estudarmos o ambiente de trabalho como veremos no

tópico 3.1.2 deste capítulo.

3.1.1 – Princípio da dignidade da pessoa humana

Ao estudarmos o princípio da dignidade da pessoa humana encontraremos

seu fundamento no artigo 1º, inc. III da Constituição Federal de 1988, bem como no artigo 1º

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da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU de 10 de dezembro de 1948, no qual

está disposto expressamente:

Art. I – Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas

de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de

fraternidade.

Para José Afonso da Silva (2007, p. 91) “o sentido que se acha da palavra

princípios no Título – I da Constituição Federal de 1988, exprime a noção de mandamento

nuclear de um sistema”.

Seguindo sua linha de raciocínio José Afonso da Silva (2007, p. 92) citando

Gomes Canotilho e Vital Moreira, afirma que “os princípios são ordenações que se irradiam

e imantam os sistemas de normas, são como núcleos de condensações nos quais confluem

valores e bens constitucionais”.

José Afonso da Silva (2007, p. 105) traz mais adiante em sua obra o

entendimento de que:

“[...] a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos a existência digna

(artigo 170), a ordem social visará realização da justiça social (artigo 193), a

educação, o desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania

(artigo 205) etc., não como meros enunciados formais, mas como indicadores do

conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana”.

Se observarmos que o direito é uma criação do homem e, sendo essa

derivação da vida em sociedade e que a base dessa vida em sociedade é o homem como um

todo, chegaremos ao denominador comum de que o maior bem a ser protegido pelo direito é o

homem.

Sendo assim de fundamental importância que o direito traga de forma

efetiva a proteção do homem. Ficando assim explicitamente claro que a dignidade da pessoa

humana tem que ser entendida como o valor fundamental do nosso ordenamento jurídico.

Sônia Mascaro Nascimento (2009, p. 132) define que:

Mostram-se essências para a cultura jurídica pós-moderna a discussão e o estudo do

assédio moral nas relações de trabalho, pois tal conduta discriminatória ofende o

valor máximo a ser tutelado em nossa ordem jurídica atual. Historicamente

contextualizada nos paradigmas do presente século XXI, quais sejam: a dignidade da

pessoa humana e da pessoa do trabalhador.

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Portanto a dignidade da pessoa humana se apresenta como um princípio

maior e, em sendo o assédio moral um atentado a esse principio, devemos garantir e orientar a

proteção de uma maneira mais eficaz com relação aos demais direitos e garantias asseguradas

por nossa Constituição Federal de 1988, sendo elas nas relações estabelecidas pelo humano na

sociedade, bem como no âmbito laboral.

3.1.2 – O meio ambiente do trabalho

A lei N.º 6.938 de 31 de agosto de 1981 traz em seu artigo 3º, inc. I uma

definição ampla a cerca do meio ambiente de trabalho.

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem

física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas

formas;

Sendo o meio ambiente de trabalho visto como local próprio para o

desenvolvimento das funções do trabalhador, bem como todos os envolvidos seja de forma

direta ou de forma indireta nesse ambiente. Contudo se o meio ambiente de trabalho não tiver

os requisitos exigidos pela lei acerca da segurança e da saúde. O empregador terá que pagar a

todos os trabalhadores envolvidos nesse âmbito de trabalho os adicionais noturnos, de

insalubridade bem como horas extras se for o caso.

Tendo em vista que o ambiente de trabalho é o local em que o trabalhador

passa a maior parte de sua vida. De pose desta informação podemos afirmar que a maior

incidência do assédio moral ocorre nas relações de trabalho e, que tem como um dos fatores o

convívio de forma continua e periódico, sendo certo quer este convívio nos levará a termos

conflitos no ambiente de trabalho.

Sendo esse tipo de ambiente propício para que a prática do assédio moral se

instale. Haja vista que temos dentre as condutas que leva ao assédio moral, a deterioração do

ambiente de trabalho.

Conforme Alice Monteiro de Bastos (2005, p. 1017/1018) um ambiente

saudável de trabalho é:

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Para fins didáticos e sem fracionar o conceito de meio ambiente, a doutrina o

classifica em: meio ambiente natural, artificial, cultural e meio ambiente do trabalho.

O meio ambiente natural é constituído de recursos naturais, como a água, o ar, o

solo, a fauna e a flora. O meio ambiente artificial é o espaço físico transformado pela

ação do homem de forma contínua, tendo em mira a vida em sociedade. Ele se

subdivide em meio ambiente urbano, periférico e rural. Já o meio ambiente cultural

é constituído por bens, valores e tradições que fazem parte da identidade e formação

de uma sociedade. Finalmente, como meio ambiente do trabalho, entende-se o local

onde o homem obtém os meios para prover a sua subsistência, podendo ser o

estabelecimento empresarial, o ambiente urbano, no caso dos que executam

atividades externas e até o domicilio do trabalhador, no caso do empregado a

domicílio, por exemplo.

A Constituição Federal de 1988, em seu Capítulo – VI, Do Meio Ambiente,

traz no artigo 225, definição que assegure que todo trabalhador tenham um ambiente de

trabalho ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e

futuras gerações.

O legislador atento à saúde do trabalhador bem como sua qualidade de vida

tratou de estabelecer uma relação direta entre o meio ambiente de trabalho equilibrado e a

saúde do mesmo, sendo assim dispôs no artigo 200, inc. VIII da Constituição Federal de

1988, que caberá ao Sistema Único de Saúde (SUS), colaborar na proteção do meio ambiente,

nele compreendido o do trabalho.

O legislador também aborta o tema no artigo 7º, inc. XXII da Constituição

Federal de 1988, só que aqui de forma indireta.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,

higiene e segurança;

Alice Monteiro de Barros (2005, p. 1018) entende que:

A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente foi recepcionada pela Constituição

vigente, pelo que deve ser compreendido na sua definição, o meio ambiente do

trabalho, onde estão incluídas também as condições de trabalho.

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Ainda no que se refere ao meio ambiente de trabalho a CLT (Consolidação

das Leis do Trabalho), trata deste tema entre os artigo 155 ao artigo 199, no qual versa sobre a

segurança e medicina do trabalho, além de estabelecer disciplina legal protetora através das

Normas Regulamentares (NR).

Nesse sentido a jurisprudência tem se manifestado da seguinte forma:

DANO MORAL - ASSÉDIO MORAL - INEXISTÊNCIA.

A moral individual é apresentada pela honra da pessoa, o seu nome, boa fama, a sua

autoestima e o apreço de que goza perante terceiros. O dano moral, por sua vez, é o

resultante de ato ilícito que atinja o patrimônio da pessoa, ferindo sua honra, decoro

crenças políticas e religiosas, paz interior, bom nome, autoestima e liberdade,

originado sofrimento psíquico, físico ou moral propriamente dito. Por outro lado,

assédio moral, manipulação perversa, terrorismo psicológico ou, ainda mobbing,

bullying ou harcèlement moral, é um mal que, apesar de não ser novo, começa a

ganhar destaque na sociologia e medicina do trabalho, estando por merecer também

a atenção dos juristas. O assédio é um processo, conjunto de atos, procedimentos

destinados a expor a vítima a situações incômodas e humilhantes. De regra, é sutil,

no estilo "pé e ouvido". A agressão aberta permite um revide, desmascara a

estratégia insidiosa do agente provocador. O assédio moral, a exposição prolongada

e repetitiva do trabalhador a situações humilhantes e vexatórias no trabalho, que

atenta contra a sua dignidade ou integridade psíquica ou física é indenizável, no

plano patrimonial e moral. In casu, não se observa a ocorrência de dano moral ou

assédio moral. As provas oral e documental são insuficientes para demonstrar

qualquer conduta da reclamada violadora da honra do autor, do seu nome, da sua

boa fama, da sua autoestima e do apreço de que goza perante terceiros. Não se

observou também nenhuma situação humilhante e que poderia ocasionar qualquer

dano físico ou psicológico. (TRT - 17ª Reg.; RO nº 01607.2002.006.17.00.2; Rel.

para o ac. Juiz Claudio Armando Couce de Menezes; DJES 6/8/2003).

Sendo assim de fundamental importância e relevância que o empregador

desenvolva no âmbito da sua empresa um ambiente de trabalho saudável e equilibrado,

preservando assim os seus empregados e os mantendo com motivação para a realização de

suas atividades, caso contrario será inevitável à desmotivação e queda de produção dentro do

ambiente de trabalho, e assim podendo vir a ser alvo fácil da pratica do assédio moral. A

jurisprudência tem se posicionado nesse sentido acerca do assunto:

ASSÉDIO MORAL – PRESSÃO PSICOLÓGICA CARACTERIZAÇÃO.

Nessa linha de raciocínio cabe lembrar que um novo conceito administrativo

pressupõe que o investimento efetuado em uma operação não seja apenas em

equipamentos, tecnologia e capital de giro, mas também nas pessoas que ali

trabalham o capital humano, pois o homem doente, infeliz e sem educação adequada

não tem condições de acompanhar os processos de produção cada vez mais

sofisticados (TRT 3ª Reg. – RO 01349-2004-111-03-00-6. Rel. Juiz Philippe V.

Mello Filho. DJMG 3.9.05, p. 20).

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No tocante ao ambiente de trabalho é notório que tem que estar em

equilíbrio para que possa evitar condutas que tenho por objetivo afetar o trabalhador, com

relação ao tema em discussão podemos observar que nenhum dos artigos assim mencionado

faz menção direta ao assédio moral, mas trata o referido assunto de forma implícita, ou seja,

para que se possamos enquadra o assédio moral nestes dispositivos teremos que fazer um

trabalho de analogia, bem como associar os casos que a lei traz em seu conteúdo e transportar

para o assédio moral para que esse possa ser enquadro nos artigos que foram vistos até o

momento.

3.1.3 – Direitos humanos e sua violação

Tendo em vista os dias atuais em que vivemos em um estado capitalista, ou

seja, as pessoas a cada dia que passa adquire mais poder econômico e com isso buscam de

certa forma uma qualidade de vida melhor, mas na contra mão desse desenvolvimento todo,

vem às condições de serviços implantadas nas maiorias das empresas onde na visão

empresaria o “lucro” está sempre em primeiro lugar e isso só vem através das grandes linhas

de produções, fazendo elas uso de uma grande demanda de pessoas que são inserias nesses

ambientes, a fim de aumentarem os lucros das empresas.

Essa busca incessante pelo “lucro” e ganho de mercado na maioria das

vezes acarretam na violação dos direito e garantias fundamentas do ser humano que é

assegurado pela nossa Constituição Federal de 1988.

As empresas na sua grande maioria na busca alucinada pelo aumento da sua

produção expõem os seus funcionários a uma forma negativa, em algumas empresas podendo

ser comparadas a um regime de escravidão. Haja vista que o funcionário em alguns casos só

tem assegurado à hora que ele entra no serviço, os demais direitos e necessidades para que o

mesmo possa desenvolver suas atividades da melhor maneira possível às vezes nem existem.

Diego Turcatti Lima (2012), citando Daniel Sarmento diz:

Entretanto, a aceleração do processo de globalização econômica experimentada

neste final de século vem pondo em risco algumas conquistas históricas no campo

dos direitos humanos. A mundialização da economia, regida exclusivamente pelas

leis do mercado, reifica o ser humano, tornando-o um instrumento – eventualmente

descartável – para a maximização dos resultados dos agentes econômicos

transnacionais, enquanto se assiste ao esfacelamento do Estado providência.

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Ao longo do tempo os sistemas organizacionais das empresas foram sendo

alteradas no decorrer do século. Está evolução organizacional teve seu início em 1914, com a

implantação do chamado “sistema fordista de produção”, que tinha como característica

principal a linha de montagem automatizada. Nesse tipo de sistema quem se movimentava era

as peças e não o funcionário diminuindo-se assim movimentações de funcionários que no

entendimento da empresa era desnecessário, não sendo sobrecarregado o funcionário desta

forma, este sistema sobreviveu até a década de 90 (noventa).

Nos tempos atuais o que predomina é o “sistema Toyota de produção”,

neste tipo de sistema visa à produção de uma variedade de produtos trabalhando com lotes

menores, conhecidos com “jus-in-time” (produção enxuta).

Mas como toda evolução não vem trazendo só benefícios, este não foi

diferente uma vez que trouxe os benefícios voltados somente para os empregadores, já que

neste tipo de sistema os funcionários devem ser multifuncionais, ou seja, devem realizar mais

de uma tarefa, operar mais de uma máquina, se criativo, na grande parte do tempo trabalham

com tempos curtíssimos e sobre uma pressão altíssima que pode levar o funcionário ao

esgotamento ou um estresse. Este tipo de sistema tem como prioridade a busca pela qualidade.

O sistema “Toyota” é responsável pelo aumento na competitividade entre as

empresa uma vez que sua produção se da de forma mais rápida e consequência disso é o

produto mais rápido na mão do consumidor final, junto disso trouxe com ela o titulo de

sistema que mais demite funcionários, sendo pelas implantações de linhas automatizadas que

trocam seres humanos por máquinas outra hora por ver o funcionário como improdutivo e

tratando-o assim como descartáveis.

Ao olharmos esse processo de uma maneira geral e compararmos com

ambiente de trabalho considerado saudável, veremos que nesse sistema o terreno é muito fértil

para que o assédio moral se instale causados pela fadiga e o stress, com consequências físicas e

psíquicas sobre o trabalhador.

Sobre esse aspecto Maria Aparecida Alkimin (2006, p. 68/69) diz:

A organização rígida e a gestão perversa na organização do trabalho levam ao

assédio moral, haja vista que deliberadamente degradam o ambiente de trabalho,

porque tendem a introduzir no ambiente de trabalho, atitudes abusivas através do

exercício do poder de direção do empregador, além de atitudes humilhantes em

relação aos empregados que se tornam indesejados, notadamente, àqueles que não se

adaptam às reestruturações, medidas flexibilizadoras e que não conseguem atingir

metas de produtividade, enfim, não apresenta o perfil flexível do trabalhador

moderno, tornando-se o assédio moral um mecanismo de pressão psicológica para

forçar a exclusão sem os custos com a demissão sem justa causa.

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É notória que este sistema de produção trouxe uma flexibilidade no tocante

a organização da empresa, não sendo assim mais possível que o empregador sozinho consiga

dirigir as atividades da empresa, dai que surge a delegação de poderes onde o empregador

elege representante e por meio deles delega as tarefas, uma desses delegados é a figura do

gerente.

Nesse contexto os que possuem “poderes” se utilizam de práticas,

traiçoeiras, discriminadoras para excluir do quando da empresa aqueles funcionários que

julgar improdutivo, sendo esta prática também utilizadas com aqueles que não se adaptam ao

sistema de trabalho desenvolvido pela empresa.

Há de se ver uma luz no fim desse túnel, haja vista que à empresa foi

delegada um papel social dentro do processo democrático. Cabendo a empresa exercer o

imprescindível papel de preservação de ideias e cidadania, tendo como foco principal os

direitos, garantia social e coletiva que advém do princípio da dignidade da pessoa humana,

devendo a empresa ao desempenhar esse papel atentar-se aos interesses públicos e coletivos,

mas não deixando de lado o lucro.

3.1.4 – Atuação do Ministério Público do Trabalho e Sindicatos na defesa dos direitos

difusos e coletivos.

Começando na ordem inversa, antes de falarmos das atuações tanto do

Ministério Público do Trabalha, bem com dos Sindicatos na defesa dos direitos difusos e

coletivos, vamos entender o que é direito difuso e coletivo.

Na década de 80 (oitenta), percebendo as limitações naturais que envolvem

o processo civil individual, surge um movimento doutrinário e legislativo que almejava a

criação de um novo modelo de processo civil capaz de lidar com conflitos de interesses

titularizados por massas ou universalidades mais ou menos expressivas de indivíduos.

O resultado desse movimento foi à criação da Lei Nº 7.347 de 24 de julho

1985, que disciplinou a ação civil pública de reparação de danos a direitos difusos e coletivos.

Esta ação processual, em um primeiro conceito, é aquela que desencadeia a formação de um

processo civil vocacionado para a proteção de direitos pertencentes a coletividades de

pessoas, diferentemente do processo civil tradicional que, como dito, apenas é eficaz para o

tratamento de lides envolvendo direitos individuais.

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Os direitos difusos e coletivos estão assegurados em nossa Constituição

Federal de 1988, através do artigo 129, inc. III, ao dispor sobre as funções do Ministério

Público de um modo geral a cerda do tema.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio

público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

É de suma importância ressaltar que Ministério Público do Trabalho só

atuará em casos que estiverem envolvidos direitos difusos, coletivos e individuais

homogêneos, não podendo atuar em questões de caráter individual.

É diante desses casos que o MPT (Ministério Público do Trabalho) poderá

atuar, quando for direito à saúde e ao meio ambiente de trabalho. Nesses casos o MPT poderá

atuar no interesse dos lesados mediante a uma intervenção administrativa que vem pelo

intervenho do TAC (Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta) ou até mesmo pelo

ajuizamento de uma Ação Civil Pública (ACP), sendo a segunda alternativa só possível diante

da negativa da empresa em assinar o TAC.

O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) também

conhecido como Compromisso de Ajustamento (CA) é o nome dado ao título executivo

extrajudicial, com previsão no artigo 5º, parágrafo 6º5 da Lei N.º 7.347 de 24 de julho de

1985, bem como pelo artigo 585, inc. II do CPC6, tomado por um dos legitimados públicos no

caso em questão o MPT para a ação civil pública, por meio do qual o causador de danos

a interesses difusos, interesses coletivos ou interesses individuais homogêneos assume o

compromisso de ajustar sua conduta às exigências da lei, mediante sanções, já no que diz

respeito a sua execução o TAC será executado conforme o art. 876 da CLT.

Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso

com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de

conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de

conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada

pela forma estabelecida neste Capítulo.

Parágrafo único. Serão executadas ex officio as contribuições sociais devidas em

decorrência de decisão proferida pelos juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de

5 Art. 5

o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: § 6° Os órgãos públicos legitimados

poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante

cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. 6 Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: II – a escritura pública ou outro documento público assinado

pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação

referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

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condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o

período contratual reconhecido.

Em regra, a TAC gerará efeitos “ex nunc”, ou seja, ela não ira retroagir, visto

que expressará um título obrigando o empregador a fazer ou a abster-se de fazer alguma coisa, sob

pena de cominações. Já na Ação Civil Pública (ACP), os efeitos são “ex tunc”, ou seja,

retroagem, visto que a indenização pleiteada busca reparar ou ressarcir os danos já perpetrados.

O Ministério Público do Trabalho tem sua atuação nos artigos 83, inc. III e 84 e

incisos da Lei Complementar N.º 75, de 20 de maio de 1993.

Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes

atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho:

III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de

interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente

garantidos;

Art. 84. Incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no âmbito das suas atribuições,

exercer as funções institucionais previstas nos Capítulos I, II, III e IV do Título I,

especialmente:

I - integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º, que lhes sejam

pertinentes;

II - instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que

cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores;

III - requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de

proteção ao trabalho, à instauração de procedimentos administrativos, podendo

acompanhá-los e produzir provas;

IV - ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho,

nas causas em que o órgão tenha intervido ou emitido parecer escrito;

V - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que

compatíveis com sua finalidade.

No que diz respeito ao assédio moral o Ministério Público do Trabalho tem

agido, mas no papel de orientador, ou seja, busca através de cartilhas que contém instruções

sobre o tema, bem como instruções de como se prevenir deste fenômeno orientar os

trabalhadores a cerca da existência do assédio moral nas relações de trabalho, com essa

orientação o Ministério Público do Trabalho busca identificar os assediadores e que através

dessa identificação os mesmos possam ser denunciados pela prática do assédio moral.

Uma vez ajuizada a Ação Civil Pública, o valor pleiteado pelo Ministério

Público do Trabalho será todo revertido para o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Vale

ressaltar que o ajuizamento de uma ação coletiva por parte do Ministério Público do Trabalho

não tira do empregado o direito de postular seus direitos por meio de uma ação individual.

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No que diz respeito à atuação dos sindicatos na defesa dos trabalhadores

podemos dizer que também vai ao caminho de orientar os mesmo, podendo isso ser feito por

meio de palestras, seminários ou cartilhas a cerca do assunto com o objetivo de orientar os

empregados a cerca deste fenômeno que deixa quase que na maioria das vezes marcas

irreparáveis, ajudando assim que os funcionários saibam identificar o assediador.

No Brasil a discussão a cerca do assédio moral tem seu inicio dentro de um

sindicado, mais precisamente no Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo, no qual

hoje é assessorado pelo medica do trabalho Margarida Barreto a pioneira no estudo e

discussão a cerca deste fenômeno, foi este mesmo sindicato junto com a médica os

responsáveis por organizar o primeiro seminário internacional que teve a participação da

escritora Marie France Hirigoyen, este foi realizado no ano de 2002.

3.2 – O assédio moral e a tutela infraconstitucional

Diante do exposto anteriormente sobre os fundamentos constitucionais, é

tarefa do legislador infraconstitucional estabelecer regras especificas afim de coibir a prática

do assédio moral.

Através de uma pesquisa foi possível observar que existe no Código Penal

Militar (CPM), alguns artigos que tipificam as condutas que configuram o assédio moral

dentro desta instituição, tais como o artigo 174 e o artigo 175 ambos do Código Penal Militar.

Rigor excessivo

Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não

permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito: Pena - suspensão do exercício do pôsto, por dois a seis meses, se o fato não

constitui crime mais grave.

Violência contra inferior

Art. 175. Praticar violência contra inferior:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também

aplicada a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao

disposto no art. 159.

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Nos artigos acima disposto podemos ver que o legislador preocupou-se em

coibir a conduta excessiva por parte do superior hierárquico, o artigo 174 do Código Penal

Militar recebe a denominação de “nomen iuris”, ou seja, rigor excessivo, tendo em vista que

visa punir o superior hierárquico que exerça a sua faculdade de punir de forma rigorosa ou através

de ofensas ao seu subordinado, no mesmo sentido vem o artigo 175 do referido código, que visa

também à punição do superior hierárquico em relação a práticas violentas contra o subordinado, é

valido ressaltar ou até mesmo relembrar que o assédio moral pode ocorrer de outras formas, sendo

elas na forma horizontal, ou seja, dentro da mesma classe, ou até mesmo de forma vertical

ascendente, quando o assédio ocorre de baixo para cima, sendo então possível a aplicação destes

artigos e uma única forma de assédio, no assédio moral vertical descendente.

Todavia como já mencionado não há no nosso ordenamento jurídico, uma lei

federal infraconstitucional que regule o assédio moral, fazendo se assim necessário que

busquemos no ordenamento jurídico já existente o embasamento para a prática do assédio moral.

Tendo em vista a omissão de nossa legislação a cerca do assédio moral, nos

vemos na obrigação de abrirmos mão da integração da norma jurídica, desta maneira fazendo se

necessária há utilização de uma analogia, ou seja, utilizarmos um caso concreto que não seja

regulado pela norma jurídica e utilizarmos de dispositivo legal incidente a cerca de um caso

similar tendo em vista que a normas existentes no âmbito municipal e estadual só versam no que

diz respeito ao funcionário público.

De acordo com Célia Pezzuto Rufino (2007, p. 92), citando Hans Kelsen,

afirma que:

Uma vez que não possuímos uma ordem jurídica prescrita nacionalmente, os

indivíduos deverão conduzir seus comportamentos de acordo com a moral, imposta

pelo estudo da ética, a qual, para o citado filósofo (Hans Kelsen – Teoria Pura do

Direito), não precisa estar inserida no ordenamento jurídico para ser uma norma

válida.

3.2.1 – Os direitos da personalidade no direito do trabalho

Antes de falarmos em direito da personalidade vejamos um conceito

simplório acerca do tema, vemos que o direito da personalidade é categorias de direitos

fundamentais e que tem por finalidade a tutela da pessoa humana, ou seja, consiste na

proteção dos atributos da personalidade humana.

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Esse direito é aplicável a toda e qualquer pessoa, incluindo-se nesse rol os

trabalhadores também, sendo merecedores de uma proteção especial por parte do Estado, que

terá que proteger a integridade tanto físico quanto moral do trabalhador.

O direito da personalidade está condito inicialmente no artigo 5º da

Constituição Federal de 1988, bem como nos artigos 11 a 21 do Código Civil Brasileiro.

Amauri Mascaro Nascimento (2006, p. 487/488) diz que os direitos da

personalidade são:

Aqueles de natureza extrapatrimonial que se referem aos atributos essenciais

definidores da pessoa, e dentre todos os direitos, são aqueles que mais de perto

procuram valorizar a dignidade do ser humano.

Ressalta ainda que:

Direitos absolutos, pois implicam um dever geral de abstenção para a sua defesa e

salvaguarda, sendo indisponíveis, intransmissíveis, irrenunciáveis e de difícil

estimação pecuniária.

Silvio de Salvo Venosa (2007, p. 167) assegura que “a personalidade não é

exatamente um direito; é um conceito básico sobre o qual se apoiam os direitos”. Nessa

mesma linha de raciocínio vem Maria Helena Diniz (2007, p. 118/119) citando Gffredo Telles

Junior:

A personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. A

personalidade não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano

tem direito à personalidade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que

dela irradiam, é o objeto de direito, é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence

como primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para sobreviver e se adaptar

às condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para aferir,

adquirir e ordenar outros bens.

Nas Relações de Trabalho o direito comum será aplicado de acordo com o

artigo 8º, parágrafo único da CLT7, o referido artigo dispõe que o direito comum é fonte

subsidiária do Direito do Trabalho. Nesse sentido Amauri Mascaro Nascimento (2006, p. 488)

7 Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais,

decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais

de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito

comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse

público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for

incompatível com os princípios fundamentais deste.

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diz que “mais do que no direito civil, esses direitos justificam-se inteiramente no direito do

trabalho que, desse modo, sobre eles não pode silenciar”.

Desta maneira quando houver violação deste direito e o mesmo for

decorrente de contrato de trabalho, estará diretamente ligado ao dano moral trabalhista,

podendo esse ser classificado de forma direta ou indireta conforme Regina Célia Pezzuto

Rufino (2007, p. 98):

O dano moral pode ser direto ou indireto. Enquanto o primeiro se refere à lesão que

visa à satisfação dos direitos da personalidade (vida, saúde, honra, intimidade, nome,

sigilo, imagem) ou nos atributos da pessoa, o segundo refere-se à lesão que provoca

prejuízo a qualquer interesse imaterial, em virtude de uma lesão a um bem

patrimonial da vítima.

Sobre o tema a várias Convenções Internacionais do Trabalho que tratam da

discriminação no trabalha, tais como a Convenção N.º 111, da OIT, ratificada pelo pais,

fazendo menção de que não poderá o trabalhador ser punido ou dispensado, única e

exclusivamente em razão de suas convicções manifestadas no trabalho, ressaltando que tais

convicções não venha prejudicar a empresa. Caso o funcionário seja penalizado ou dispensado

a empresa estará violando a garantia individual de liberdade de manifestação do pensamento,

sendo este direito da personalidade.

Conclui-se assim que todos os aspectos da personalidade do trabalhador

devem ser protegidos, tendo em vista que foi adotada uma clausula geral de personalidade,

onde o ordenamento jurídico brasileiro amplia a proteção ao livre desenvolvimento da

personalidade do trabalhador, não sendo assim permitido que se deixe de tutelar possível

afrontas a dignidade e personalidade do trabalhador, mesmo que este ainda não pertença ao

rol dos direitos especiais de personalidade tipificados na lei.

3.2.2 – Características dos direitos da personalidade

As características presentes no direito da personalidade que são próprias e

assim os diferem dos demais direitos. O artigo 11 do Código Civil Brasileiro8 traz em seu rol

8 Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e

irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

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características que não são vistas, pela doutrina, como sendo suficiente para caracterizar a

tutela.

Sendo assim encontramos uma série de características Bárbara Damásio

(2012) cita em seu artigo as seguintes características:

Os direitos da personalidade são ínsitos à pessoa, em todas as suas projeções, sendo

que são dotados de certas características peculiares, quais sejam:

a) São absolutos, isto é, são oponíveis contra todos (erga omnes), impondo à

coletividade o dever de respeitá-los;

b) Generalidade, os direitos da personalidade são outorgados a todas as pessoas,

pelo simples fatos de existirem;

c) Extrapatrimonialidade, os direitos da personalidade não possuem conteúdo

patrimonial direto, aferível objetivamente;

d) Indisponibilidade, nem por vontade própria do indivíduo o direito da

personalidade pode mudar de titular;

e) Imprescritibilidade, inexiste um prazo para seu exercício, não se extinguindo

pelo seu não uso;

f) Impenhorabilidade, os direitos da personalidade não são passíveis de

penhora;

g) Vitaliciedade, os direitos da personalidade são inatos e permanentes,

acompanhando a pessoa desde seu nascimento até sua morte.

Sendo assim entendido que os direitos da personalidade figuram como

prerrogativas de toda pessoa humana através da sua própria condição de ser humano.

3.3 – Legislação Brasileira

No Brasil até o presente momento não foi criada nenhuma legislação acerca

do assédio moral no trabalho que atue em todo o território nacional, se comparada com as

legislações no âmbito internacional no qual já existem diversas legislações que versam sobre

o assédio moral nas relações de trabalho.

A falta de uma legislação especifica é um problema que faz parte dos

conflitos na esfera trabalhista, haja vista que no ordenamento jurídico brasileiro não há uma

legislação especifica tratando sobre o assunto para regular os contratos regidos pela CLT.

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Sendo assim no intuito de amenizar a ausência da previsão legal, a

jurisprudência e a doutrina, acabou por delinear conceitos acerca do tema com o intuito de

solucionar os conflitos de interesses que estão presentes nas reclamações trabalhistas e cujo

objetivo seja a reparação do dano moral que o trabalhador sofreu em decorrência do assédio

moral.

3.3.1 – No âmbito federal

Como mencionado no texto de introdução a este título, não há hoje uma

legislação em vigor. Porém tramitam no Congresso Nacional vários projetos de Lei

aguardando votação com o intuito de regular o assédio moral.

Alguns desses projetos têm por objetivo alterar alguns dispositivos do

Código Penal.

O projeto de lei que versa sobre a alteração do Código Penal é o Projeto de

Lei N.º 4.742, de 2001, de autoria do Deputado Marcos de Jesus, tinha como foco inicial a

inserção do artigo 146 – A no Código Penal, com a seguinte redação:

Art. 146-A. Desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes,

a autoestima, a segurança ou a imagem do servidor público ou empregado em razão

de vinculo hierárquico funcional ou laboral.

Pende: Detenção de 03 (três) meses a 01 (um) anos.

Após o referido projeto ser aprovado pela Comissão de Constituição e

Justiça e de Redação e ser posto sob analise do relator, e este ao proferir o seu foto sugere

uma alteração no referido artigo 146 – A, e este passará a ser o artigo 136 – A ao Decreto-Lei

N.º 2.848, de 07 de dezembro de 1940, Código Penal Brasileiro, instituindo o crime de

assédio moral no trabalho.

Diante do exposto passo a expor alguns trechos do voto do eminente relator

Deputado Aldair Cabral (2012):

A técnica legislativa necessita de aperfeiçoamento, pois a norma penal deve ser

precisa, clara, não deixando margem a diversas interpretações. Em sua redação o

projeto contem expressões de interpretação duvidosa como “desqualificar a

segurança”, “autoestima” que poderiam ser substituídas para melhor compreensão

do texto.

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O projeto em foco cria o artigo 146-A, dentro do Capítulo que trata dos Crimes

Contra a Liberdade Individual. Todavia, ele ficaria melhor situado no Capítulo

relativo à Periclitação da Vida e da Saúde, logo após o crime de maus-tratos, com o

numero 136-A.

Sendo assim o que era para ser o artigo 146 – A passa a ser denominado de

artigo 136 – A, com alterações no conteúdo exposto abaixo:

Art. 136-A. Depreciar, de qualquer forma e reiteradamente a imagem ou o

desempenho de servidor público ou empregado, em razão de subordinação

hierárquica funcional ou laboral, sem justa causa, ou trata-lo com rigor excessivo

colocando em risco ou afetando sua saúde física ou psíquica.

Pena – detenção de 01 (um) a 02 (dois) anos.

Sob a ótica do relator o que seria um delito que versaria sobre a limitação da

liberdade individual, passa a ser apreciado sob a ótica da Periclitação da Vida e da Saúde.

Um ponto positivo que podemos observar na alteração feita pelo eminente

relator e o aumento da pena que no art. 146 – A tinha o mínimo de 03 (três) meses e a máxima

de 01 (um) ano e com a alteração passou ter mínima de 01 (um) ano e máxima de 02 (dois)

anos.

No mesmo sentido encontra-se em trâmite também o Projeto de Lei N.º

5.971, de 2001, nesse projeto de lei busca se inserir o artigo 203 – A, no Código Penal

Brasileiro com a seguinte redação:

COAÇÃO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

Art. 203-A. Coagir moralmente empregado no ambiente de trabalho, através de atos

ou expressões que tenham por objetivo atingir a dignidade ou criar condições de

trabalho humilhante ou degradantes, abusando da autoridade conferida pela posição

hierárquica.

Pena – detenção de 01 (um) a 02 (dois) anos e multa.

Outro projeto de lei que visa regulamentar o assédio moral como crime é o

Projeto de Lei N.º 5.970, de 2001, que tem como objetivo acrescentar a alínea “h” ao artigo

483 da CLT, com a seguinte redação:

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida

indenização quando:

h) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele, coação moral, através de atos

ou expressões que tenham por objetivo ou efeito atingir sua dignidade e/ou criar

condições de trabalho humilhantes ou degradantes, abusando da autoridade que lhe

conferem suas funções.

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O referido projeto visa também à alteração do parágrafo 3º do artigo 483 da

CLT, que com a aprovação do projeto passará a vigorar com a seguinte redação:

§3º Nas hipóteses das letras d, g e h, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu

contrato e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no

serviço até final decisão do processo. (NR).

O projeto visa ainda à incorporação do artigo 484 – A com a seguinte

redação:

Art. 484-A Se a rescisão do contrato de trabalho foi motivada pela prática de coação

moral do empregador ou de seus prepostos contra o trabalhador, o juiz aumentará,

pelo dobro, a indenização devida em caso de culpa exclusiva do empregado.

Outro projeto de lei que podemos destacar é o Projeto de Lei do Senado N.º

80, de 2009 que visa acrescentar o inciso VI ao artigo 27 da Lei N.º 8.666, de 21 de junho de

1993, esta lei trata das licitações e o referido inciso terá a seguinte redação:

Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados,

exclusivamente, documentação relativa a:

VI – Comprovação de que não há registros de condenação por prática de coação

moral contra sues empregados nos últimos cinco anos.

Este projeto versa sobre a lei de licitações o autor do projeto visa nesses

casos que empresas que se proporem a concorrerem a licitações deveram também ter boa

conduta com seus funcionários, ou seja, será elaborado um cadastro nacional de coação moral

onde empresas condenadas serão inseridas nesse cadastro e se as mesmas vierem a se

candidatarem a licitações serão impedidas se por ventura tiverem sido condenadas por coação

moral e esse período for inferior a cinco anos, ou seja, se a empresa for condenada por coação

moral ficará impedida por cinco anos de concorrer a qualquer licitação.

É de suma importância que se aprove os projetos de leis acerca do assunto

assédio moral e que este possa configurar como crime, tendo em vista vários casos que são

julgados sem ter o amparo da devida sanção legal e na maioria das vezes o agressor é

condenado a uma indenização por dano moral, que em muitos casos são de valores irrisórios

perto do dano causado ao assediado, tendo em vista a gravidade dos danos que podem ser

causados, bem como em uma lesão de maneira irreversível, e como se não bastasse isso a

vítima para poder pleitear a indenização deverá provar o assédio moral por parte do agressor.

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A doutrina tem feito duras criticas no que tange a tipificação da conduta,

tendo em vista que os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional só versam na

tipificação da conduta, apenas no assédio moral descendente.

A respeito do assunto discutido existem duas correntes. A primeira fixa o

entendimento de que é necessária a tipificação da conduta, tendo em vista que o assédio moral

não ocorre tão somente do superior hierárquico para o subalterno, mas pode ocorrer também

na forma horizontal, aquela que é praticada entre os colegas, bem como na forma vertical

ascendente, que é aquela que parte de um subordinado para o seu superior. O assédio moral é

uma conduta que vai de encontro com o ordenamento jurídico, sendo assim é dever do direito

penal repelir tal conduta, não importando assim de qual direção ela parta.

Já a segunda corrente traz o entendimento de que o Direito Penal é o

“ultimo ratio”, ou seja, o ultimo recurso, o que nos leva ao entendimento que a esfera penal

só deverá atuar em situações que configurarem o fracasso ou a insuficiência das demais

esferas jurídicas, seja na administrativa, civil, bem como na esfera trabalhista em tutelar bem

jurídico.

Ao fazermos uma analise de forma cuidadosa do preceito secundário dos

artigos acima mencionados chegaremos à conclusão que o assédio moral esta sendo encarado

como um crime de menor potencial ofensivo, haja vista que as penas impostas a esse crime

não ultrapassa os dois anos, sendo assim o assédio moral seria regido pela Lei N.º 9.099, de

26 de setembro de 1995, que rege os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Desta forma ao

serem considerados crimes de menor potencial ofensivo pairará sobre eles a aplicação de

medidas despenalizadoras, tendo em visto a que se condenado a pena máxima a mesma no

ultrapassa os dois anos de detenção, e se atendidos os requisitos objetivos e subjetivos, ou

seja, não tendo uma condenação anterior do período de cinco anos a data do feito e o

merecimento, de forma respectiva.

Desta forma a primeira corrente que é adepta a essa nova politica criminal,

tem sofrido um enfraquecimento do seu argumento, sendo necessário fazermos uma analise

do preceito secundário, viabilizando a aplicação da “nova defesa social”. Haja vista que a

conduta é grave e assim sendo merece a tutela penal de todos os lados, tendo em vista que a

pena cominada não impõe coerção compatível com a capacidade lesiva da conduta.

Neste caso havendo a condenação, tendo em vista que o assédio moral

ocorre na sua grande maioria de forma silenciosa, e se a vítima não vez um conjunto

probatório forte, sendo assim ficará difícil à condenação do agressor. Mesmo havendo provas

contundentes acerca do assédio moral, o agressor será condenado a uma pena restritiva de

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direitos ou prestação de serviços, haja vista que nenhuma delas ultrapassa os quatro anos, e

sendo este requisito exigido pelo artigo 44, inc. I do Código Penal Brasileiro.

Outro aspecto a ser discutido é o do artigo 484 – A que será inserido na

CLT através do Projeto de Lei N.º 5.970/01. Neste caso o legislador também se calou no que

diz respeito às hipóteses do assédio moral. E seria está à oportunidade esperada para tutelar as

demais espécies de assédio moral, deixando assim a conduta mais reprovável na esfera penal.

Contudo se entendermos que a redação dada nos artigos acime mencionado

são adequadas, tendo em vista a tipificação do assédio moral apenas na conduta vertical

descendente, por ser essa o tipo de assédio mais praticado no ambiente de trabalho. Todavia o

que precisa ser modificado é o preceito secundário da norma penal em todos os artigos acima

mencionados, tendo em vista que a pena posta de forma branda não terá o poder de coibir a

prática repetitiva do assédio moral, sendo esta prática é capaz de causar danos de maneira que

no se possa ser reparado pelo agressor. Sendo também necessários meios alternativos e que

esse possa cuidar da causa do problema através de conscientização e educação dos

trabalhadores de uma forma geral.

3.3.2 – No âmbito regional

Nesse tópico abordaremos as leis no âmbito regional acerca da prática do

assédio moral, as quais na maioria das vezes são ignoradas pela população ou em outros casos

não são nem de conhecimento dos mesmos, tendo em vista os limites de sua aplicabilidade.

É valido ressaltar que as leis que veremos estão inseridas no contexto da

administração pública, não sendo assim todo e qualquer funcionário amparado por elas, ou

seja, no que diz respeito a essas leis para que se possa buscar o amparo legal tem se aqui

como requisito ser funcionário público seja na esfera estadual bem como na esfera municipal.

Temos o Estado do Rio de Janeiro como pioneiro na implantação de uma

legislação no âmbito estadual que criminaliza o assédio moral o ponto negativo dessa

legislação e das demais que veremos a seguir é que elas só versam no que diz respeito ao

funcionalismo público.

A referida lei é a de N.º 3.921, de 23 de agosto de 2002 que versa em seu

artigo 1º, in verbis:

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Art. 1º. Fica vedada, no âmbito dos órgãos repartições ou entidades da administração

centralizada, autarquias, fundações, empresas públicas ou sociedade de economia

mista, do Poder Legislativo, Executivo ou Judiciário, inclusive concessionárias ou

permissionárias de serviços estaduais de utilidade ou interesse público, o exercício

de qualquer ato, atitude ou postura que possa caracterizar como assédio moral no

trabalho, por parte de superior hierárquico, contra o empregado e que implique em

violação da dignidade desse ou sujeitando-o a condições de trabalho humilhantes e

degradantes.

Seguindo a mesma linha só que quatro anos depois o Estado de São Paulo,

aprova a Lei N.º 12.250, de 09 de fevereiro de 2006. A referida lei tem os moldes semelhantes

a do Estado do Rio de Janeiro, tendo em vista que a lei só versa também sobre o

funcionalismo público.

Em 29 de maio de 2008 o Estado de São Paulo aprova a Lei N.º 13.036, que

institui no Estado de São Paulo o “Dia Estadual de Luta Contra o Assédio Moral nas

Relações de Trabalho” e este passa a ser comemorado todo dia 02 de maio dos anos seguintes

a sua publicação.

Acerca das leis dos municípios destaco a lei da cidade de São Paulo, Lei N.º

13.288, de 10 de janeiro de 2002, que traz em seu artigo 1º:

Art. 1º. Ficam os servidores públicos municipais sujeitos às seguintes penalidades

administrativas na prática de assédio moral, nas dependências do local de trabalho:

I – Curso de aprimoramento profissional;

II – Suspensão;

III – Multa;

IV – Demissão.

Parágrafo único. Para fins do disposto neste lei considera-se assédio moral todo o

tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a autoestima e a segurança

de um individuo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando em dano

ao meio ambiente de trabalho, à evolução da carreira profissional ou à estabilidade

do vinculo empregatício do funcionário, tais como: marcar tarefas com prazos

impossíveis; passar alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais;

tomar crédito de ideias de outros; ignorar ou excluir um funcionário só se dirigindo a

ele através de terceiros; sonegar informações de forma insistente; espalhar rumores

maliciosos; criticar com persistência; subestimar esforços.

Nessa lei em questão é possível observar que o legislador procurou abrigar

todas as possíveis condutas que possam levar o funcionário a ser vitima do assédio moral.

Tendo em vista que outras leis anteriormente mencionadas abrigaram de forma genérica essas

condutas, deixando assim algumas lacunas.

No mesmo sentido destaco outras leis municipais que versam sobre o

mesmo assunto:

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Londrina – PR, Lei N.º 9.897, de 29 de dezembro de 2005;

Martinópolis – SP, Lei N.º 2.392, de 23 de março de 2004;

Presidente Prudente – SP, Lei N.º 6.123, de 17 de novembro de

2003;

Ribeirão Preto – SP, Lei N.º 9.736, de 14 de fevereiro de 2003;

Suzano – SP, Lei N.º 4.103, de 15 de março de 2007;

Araraquara – SP, Lei N.º 6.555, de 23 de abril de 2007;

Botucatu – SP, Lei N.º 4.307, de 09 de setembro de 2002;

Amparo – SP, Lei N.º 3.234, de 18 de dezembro de 2006;

Campinas – SP, Lei N.º 11.409, de 04 de novembro de 2002;

Foz do Iguaçu – PR, Lei N.º 3.152, de 16 de dezembro de 2005.

O que tem que ser destacado aqui é que todas as leis municipais acima

citadas e pesquisadas no percurso desse trabalho versam sobre o funcionalismo público

municipal e em regra valem-se do mesmo conceito para nortear a prática do assédio moral.

Há também normas que versam sobre a saúde do trabalhador, bem como as

doenças profissionais, nas quais se podem ter origem na prática do assédio moral. Sendo a

maioria das normas inespecíficas e abrangendo origens diversas, além do fenômeno assédio

moral.

3.3.3 – Consolidação das Leis do Trabalho

A Consolidação das Leis do Trabalho trata no Capítulo V – Da Segurança e

Medicina do Trabalho este tema é regido do artigo 154 ao artigo 201 e tem por finalidade

garantir a saúde física e mental do trabalhador.

A obrigação de zelar pelo meio ambiente de trabalho não esta a cargo

somente das entidades da administração pública que se faz através das Superintendências

Regionais do Trabalho (SRT), o legislador buscou no artigo 1639 da CLT autorizar a criação

9 Art. 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de

conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra

nelas especificadas. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

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das Comissões Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), seguindo assim as orientações do

Ministério do Trabalho (NR 5 da Portaria N.º 3.214/78).

A CIPA não existe tão somente para cuidar das condições de trabalho

oferecidas pelas empresas, sendo essas na instalação, equipamentos ou maquinários. A CIPA

no que diz respeito ao campo de sua atuação tem que ficar atenta os riscos inerentes à prática

da atividade profissional com o objetivo de se evitar o acidente de trabalho, bem como

doenças ocupacionais.

A CIPA tem também que agir na prevenção e cuidados com as atividades de

caráter insalubre e perigosa, bem como as que provocam a fadiga do trabalhador. Mas o papel

da CIPA mais além, dentre elas a conquista de melhorias no ambiente de trabalho.

A CLT traz entre os artigos 154 a 201 as disposições sobre os órgãos, bem

como a quem incube zelar pela segurança e medicina do trabalho. Na mesma linha estão

várias convenções e recomendações da Organização Mundial do Trabalho acerca do assunto.

A CIPA pode, entretanto auxiliar os administradores a exterminarem do

âmbito da empresa a cultura e a prática do assédio moral, atuando junto com os

administradores de forma a orienta-los dos riscos desse fenômeno, bem como as

consequências danosas para o trabalhador vitima do assédio moral.

Entretanto a CIPA poderá exercer dentro da empresa o papel de educador,

com o intuito de prevenir e dizimar as informações que possam contaminar a cultura

organizacional, buscando com isso demonstrar a pratica discriminatória de uma forma geral

no ambiente de trabalho, bem como o reflexo dessa prática na saúde do trabalhador.

A CLT trata nos artigos 482 e 483 das rescisões de contrato de trabalho.

Podendo ser de forma direta, ou seja, por justa causa quando a prática surgir do empregado

agredindo a moral de seus pares ou seu superior hierárquico. A rescisão indireta se da quando

a prática surge do empregador ou de seus substitutos funcionais para o empregado.

3.4 – Competência

Em primeiro lugar temos que ressaltar que com a promulgação da Emenda

Constitucional N.º 45, de 30 de dezembro de 2004, no que tange a justiça do trabalho a

mesma teve sua competência ampliada, passando assim a processar e julgar as ações que são

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oriundas da relação de emprego, bem como aquelas ações que são oriundas da relação de

trabalho.

Carlos Henrique Bezerra Leite (2005, p. 148) fixa o entendimento de que:

Relação de trabalho é gênero que tem na relação de emprego uma de suas espécies;

sendo a relação de trabalho aquela que diz respeito, a toda e qualquer atividade

humana em que haja prestação de trabalho (autônomo, eventual, empreitada, avulso,

cooperado, doméstico, de representação comercial, temporário, sob a forma de

estágio), já a relação de emprego, ocupa-se do trabalho subordinado, prestado pelo

empregado.

Carlos Henrique Bezerra de Leite (2005, p. 180) acrescenta ainda que:

Constituinte derivado, seguindo tendências jurisprudencial do STF e do TST, e

como o intuito de pacificar a doutrina, entendeu pertinente estabelecer

expressamente na EC 45/2004 a competência da Justiça do Trabalho para processar

e julgar as demandas que versarem pleitos indenizatórios de dano moral ou

patrimonial, desde que a controvérsia seja oriunda da relação de trabalho.

Acerca desta competência ainda existe algumas controvérsias, ou seja,

quando ao dano moral tiver como fundamento o acidente de trabalha. A jurisprudência

trabalhista na sua grande maioria tem defendido que a competência para apreciar este tipo de

matéria é da Justiça do Trabalho.

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CAPÍTULO IV – CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL

Nesse capítulo, abordaremos quais as consequências jurídicas quanto à

prática do assédio moral nas relações de trabalho, sob a visão da legislação trabalhista e penal.

Para estudarmos os efeitos gerados, acerca do assédio moral, será

primeiramente necessário identificarmos qual a espécie de assédio moral, tendo em vista que

dependendo do sujeito ativo as consequências terão efeitos diferentes.

4.1 – Previsão legal na esfera trabalhista

Ocorrido o assédio moral no perímetro da relação de emprego, sendo assim

ficará evidenciado o inadimplemento contratual, bem como a violação ao “dever jurídico”,

regulamentado pelo nosso ordenamento tendo em vista que o empregador irá violar as normas

de proteção que estão inseridas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo também

violadas as garantias fundamentais do trabalhador que estão previstas em nossa Constituição

Federal de 1988, bem como normas internacionais, ficando assim o empregador sujeito as

sanções legais.

O trabalhador que for vítima do assédio moral, além de ser abrigado acerca

do processo destruidor que foi exposto, também poderá pleitear uma indenização por dano

moral.

4.1.1 – Cessação do contrato de trabalho

É certo que a cessação do contrato de trabalho poderá ser requerida por

qualquer uma das partes, tendo assim o rompimento do vinculo empregatício e as obrigações

dela decorrentes. Este rompimento poderá se dar através do pedido de demissão, quando a

iniciativa partir do empregado, bem como através da dispensa do empregado, neste caso

partindo a iniciativa do empregador.

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No que se refere aos motivos que leva a cessação do contrato de trabalho,

temos que fazer a seguinte ressalva, o empregador tem o direito de não querer mais a

prestação dos serviços de determinado funcionário, ou seja, é um direito potestativo, sendo

assim é um direito assegurado ao empregador de despedir um empregado, bastando que o

empregador cumpra com as reparações econômicas que o empregado faça jus. Essa atitude do

empregador no necessita nem a justificativa do mesmo, desde que não a mesma no configure

um rompimento de contrato por justa causa, caso isso ocorra recairá sobre o empregador o

ônus da prova.

No mesmo sentido só que de maneira inversa cabe ao empregado o

rompimento do contrato de trabalho, não sendo necessária uma justificativa para essa atitude,

salvo nas hipóteses de uma rescisão indireta.

Diante de tais ponderações, no que se refere ao estudo do assédio moral,

caberá ao funcionário ou ao empregador identificar quais os motivos que o levaram a

denunciar o contrato de trabalho, em razão da falta grave, tendo como fundamento a prática

do assédio moral na relação de trabalho.

4.1.2 – Rescisão indireta

Diante do que já estudamos acerca do assédio moral, nos cabe

identificarmos em qual espécie do assédio moral, será enquadrado o rompimento do contrato

de trabalho, sendo este por iniciativa do empregado, bem como os motivos que o empregado

poderá alegar.

No que tangem a busca pelo enquadramento legal do assédio moral para que

estes de ensejo ao rompimento do contrato de trabalho por iniciativa do empregado terão o

enquadramento das seguintes modalidades o assédio moral vertical descendente podendo esse

ser misto ou coletivo. Diante disso buscaremos o amparo da CLT no seu artigo 483, bem

como nas alíneas “a”, “b”, “d” e “e”.

A alínea “a” do artigo 483 da CLT traz a seguinte redação, “forem exigidos

serviços superiores às forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao

contrato”.

Na visão de Valentin Carrion (2009, p. 387), a referida alínea traz o

seguinte entendimento quanto à expressão “serviços superiores às suas forças”, aqui se

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entende por força física (inapropriadas à idade, saúde ou fortaleza), intelectual ou de

habilidade alheios ao contrato de trabalho, sendo assim violada a qualificação profissional do

empregador.

Para exemplificarmos o entendimento de Valentim Carrion, imaginemos a

seguinte situação, um empregador ou superior hierárquico, tendo como finalidade a punição

de um determinado empregado bem como afastá-lo do emprego, passa-o a designar

atividades, funções de cunho vexatório, degradantes, tendo por trás dessa conduta o objetivo

de que o empregado venha a pedir demissão por não suportar mais a hostilidade que o ele está

sendo exposto. No caso em tela a jurisprudência tem o seguinte entendimento:

ASSÉDIO MORAL – AMEAÇAS DE DISPENSA DO EMPREGADO –

EXIGÊNCIA DE TAREFAS EXTRA CONTRATUAIS. O assédio moral ocorre

pelo abuso do poder diretivo do empregador, cuja intenção pode ser simplesmente

forçar a saída do empregado da empresa como a busca por objetivos pessoais ou

empresariais. No caso, a recorrente utilizou-se de seu poder diretivo numa

desenfreada aquisição por votos, intencionalmente ameaçando a autora na busca de

seus objetivos, à revelia do contrato de trabalho que não abarcava a função exigida,

numa conduta abusiva e degradante para o empregado. Recurso não provido. (TRT

10ª Reg. – RO 00215-2006-006-10-00-8 – (Ac. 2ª Turma) Rel.ª Juíza Maria Piedade

Bueno Teixeira. DJU3 6.10.06, p. 16).

No que tange a alínea “b” do artigo 483 da CLT tem o seguinte redação

“for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo”.

Valentin Carrion (2009, p. 387) ao tecer seus comentários à alínea “b”

define o rigor excessivo elencado na referida alínea como:

Repreensões ou medidas disciplinares que por falta de fundamento, repetição

injustificada ou desproporção com o ato do empregado evidenciem perseguição ou

intolerância; implicância ao dar as ordens ou a exigência anormal em sua execução.

No entanto nos cabe aqui fazer uma ressalva quando a referida alínea,

levando-se em consideração que a conceituação do “rigor excessivo” por parte do empregador

bem como dos seus substitutos funcionais para com o empregado está a cargo da doutrina,

não devemos confundir um alto nível de exigência, bem como a gestão patronal rígida com o

rigor excessivo, por mais que este tipo de conduta também merece a nossa reprovação ou

censura tais condutas não se caracterizam com tal e nesse sentido não podemos levar ao

judiciário alegações inócuas, bem como pedidos de rescisão indireta desapropriadas.

Na mesma linha de raciocínio vem Wagner D. Giglio (1996, p. 392) que

tesa o seguinte entendimento, bem como explicitando sua discordância quanto ao

entendimento de Antônio Lamarca:

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O termo “rigor”, no texto, deve ser entendido como exatidão, precisão, rigidez,

severidade, e até como intransigência de tratamento do empregado, pelo

empregador, mas não como descortesia, brutalidade ou má educação, que não se

confundem com o rigor, com que Lamarca, de forma incorreta, data vênia.

Nesse sentido o Tribunal Regional do Trabalho proferiu tal entendimento

acerca do caso, conforme julgado que segue:

ASSÉDIO MORAL.

Em linhas genéricas, poder-se-ia conceituar assédio moral no ambiente de trabalho

como condutas abusivas de chefes ou mesmo de colegas, visando objetivos práticos,

que se manifestam por comportamentos, atos, gestos ou palavras que têm

repercussão direta sobre a saúde psíquica da vítima. Entende-se por conduta abusiva

impingir ao assediado pressões, intimidações, humilhações, perseguições,

ridicularizações, xingamentos, etc, causando situações de degradação das condições

de trabalho, com ameaças de demissão, sobrecarga de trabalho, desmoralização

perante os colegas, falta de reconhecimento e desprezo pelos esforços do

empregado, de modo a conduzi-lo ao comportamento almejado pelo assediador. É

pressuposto essencial do psicoterror a repetição da conduta, a cumulação de atos.

Um episódio isolado não caracteriza assédio. Da mesma sorte, não se confunde com

estresse ou esgotamento (burnout), más condições ou sobrecarga de trabalho, alto

nível de exigência ou uma gestão patronal rígida. A repercussão do assédio moral na

saúde da vítima é, invariavelmente, estresse, ansiedade, depressão e distúrbios

psicossomáticos, podendo redundar até em desequilíbrios psíquicos. No caso dos

autos, a Reclamada não agiu com abuso de autoridade, de modo a extrapolar os

limites de seu poder diretivo, com o que não sobeja claro o intuito de perseguição ao

Reclamante. A mera rudeza de tratamento por parte do superior hierárquico, por

mais que mereça censura, por contribuir para a degradação do ambiente de trabalho,

não constitui, por si só, assédio moral capaz de ensejar a indenização

correspondente. (TRT 10ª Reg. – RO 75200680210008 TO 00075-2006-802-10-00-

8 – Rel. Juiz Braz Henriques de Oliveira. Publicação em: 27/10/2006).

Ainda no tange ao assédio moral na modalidade vertical descendente,

encontraremos o abrigo da alínea “d” do artigo 483 da CLT, que regulamenta o

descumprimento das obrigações por parte do empregador.

Nesta alínea nos deparamos com a necessidade de demonstrar qual matéria

seria descumprida dentro do contrato de trabalho vigente pelas partes.

No entendimento de Wagner D. Giglio (1996, P. 405) o contrato de trabalho

se compõe de:

Um grande número de clausulas ou condições imposta por lei, convenções coletivas,

acordos coletivos e decisões normativas, que têm caráter imperativo, acrescidas de

um pequeno número de condições dispositivas, na maioria substancial dos casos: só

por rara exceção ocorre o inverso.

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No que tange ao referido assunto encontramos duas correntes doutrinarias

acerca do assunto. A primeira corrente fixa seu entendimento no artigo 444 da CLT10

, e essa

entende se tratar de manifestações voluntárias das partes, e não de cunho das normas cogentes

ou interpretativas. Na verdade quando o legislador faz menção ao contrato de trabalho, o

mesmo se remete ao conteúdo que poderá ser discutido ou estipulado por livre vontade das

partes, desde que este conteúdo não seja decorrente das normas cogentes obrigacionais.

No entanto a segunda corrente que é encabeçada pelo Wagner D. Giglio

(1996, p. 405) no qual descreve o seguinte entendimento:

Por isso, e pelas razões expostas, parece-nos que as „obrigações do contrato‟

decorrem tantos das normas de natureza imperativa como das de caráter dispositivo,

posto que as duas espécies integrem o contrato de trabalho; e que o descumprimento,

pelo empregador, de quaisquer obrigações, sejam elas legais, convencionais,

normativas, ou contratuais, autoriza a rescisão do vínculo por iniciativa do

empregado, com base na justa causa em estudo.

Sendo assim ao celebra um contrato de trabalho de forma consensual e

bilateral, as partes, ou seja, empregado e empregador assumiram obrigações reciprocas, sendo

que dentro das obrigações abrangidas pelo empregador estão as principais que são as de pagar

salário, fornecer serviço, bem como respeitar o empregado no tocante a sua dignidade e honra.

E por último no que tange a alínea “e” do artigo 483 da CLT a mesma traz a

seguinte redação “praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua

família, ato lesivo da honra e boa fama”.

Na visão de Valentin Carrion (2009, p. 388), a referida alínea traz o

seguinte entendimento “entende-se por ato lesivo da honra e boa fama, aqueles atos que

derivam da calúnia, difamação ou injúria”.

O empregador tem por obrigação manter a tranquilidade dentro do ambiente

de trabalho, tratando assim os empregados de forma respeitosa, haja vista que o

comportamento adverso por parte do empregador poderá configurar na ofensa a honra, e que

esses tem sua tipificação prevista no nosso ordenamento jurídico, o comportamento de forma

desrespeitosa por parte do empregador poderá ocasionar lesão, Essa lesão é a lesão à boa fama

que se caracteriza por atitudes que tem por finalidade sujeitar o empregado ao desprezo de

outro colega de trabalho, bem como expô-lo ao ridículo, ofendendo assim sua dignidade.

10

Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em

tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam

aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

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Ficando caracterizada essa conduta abusiva ficará impossível de se manter o

vinculo empregatício, tendo em vista as reiteradas violações à sua honra e boa fama, da

mesma forma que ocorre no assédio moral. O empregador que humilha o empregado e,

fazendo isso na presença do outros empregados, ficando assim caracterizada a violação de sua

honra e boa fama, dará ao empregado à autorização a rescisão contratual, bem com terá o

empregado todos os direitos decorrentes dessa prática assegurados.

Aqui é válido ressaltar que não podemos confundir que o empregador bem

como os que ocupam cargos de gestão dentro da empresa, no intuito de manter a disciplina e a

organização no ambiente de trabalho adotem métodos rigorosos. Desde que exerçam o poder

diretivo dentro dos limites impostos pelo seu fim econômico e social, ao contrário terá que

reparar o dano causado, nos termos do artigo 927 do Código Civil Brasileiro11

.

Na hipótese do ato ilícito não partir diretamente de empregador, mas sim de

um substituto profissional o empregador responderá da mesma maneira só que neste caso terá

como o seu fundamento enquadrado no artigo 932, inc. III12

do Código Civil Brasileiro. O

referido artigo estabelece a responsabilidade civil objetiva do empregador o que diz respeito

aos atos praticados por preposto do empregador. Entende-se aqui enquadra como

responsabilidade civil objetiva, tendo em vista a culpa será indagada, pelo fado da negligência

do empregador no tocante a fiscalizar os atos que eram praticados pelo seu preposto, sendo

esse entendimento baseado na súmula 341 do STF, que tem a seguinte redação “presumida a

culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.

Sendo assim o empregador responderá tanto como responsabilidade

objetivo, bem como solidária, conforme previsto no artigo 942, parágrafo único13

, do Código

Civil Brasileiro. Sendo assim o empregado que for escolhido para exercer cargo de gestão e

que por qualquer motivo venha a praticar o assédio moral para com um determinado

funcionário, responderá o preposto juntamente com o empregado pelo dano causado a outrem.

Não sendo o assédio moral cometido por motivação na relação interpessoal

dos sujeitos que neste estão envolvido. Podemos afirmar que a prática do assédio moral não

tem por objetivo finalístico a rescisão de contrato por justa causa, tão pouco a indireta o

11

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em

lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os

direitos de outrem. 12

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus

empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 13

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do

dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo

único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.

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assediador busca na prática o pedido de demissão do assediado, evitando assim que a empresa

arque com as verbas oriundas de uma rescisão de contrato de dela pode decorrer.

4.1.3 – Rescisão direta (justa causa)

Nesse tópico serão abordadas as condutas que partem do empregado para o

empregador, bem como para com um colega de trabalho que poderá dar ensejo na rescisão de

contrato direto, também conhecido como justa causa.

Ficando caracterizada a prática do assédio moral que parte do empregado

para o empregador (vertical ascendente), bem como aquele que é cometido de empregado

para empregado (horizontal, misto ou coletivo), conforme estudado nos tópicos 2.2.2, 2.2.3 e

2.2.4 deste trabalho. Sendo assim, nesses casos com base no art. 48214

da CLT, alíneas “b”,

“h”, e “j” o empregador poderá rescindir o contrato de trabalho de forma direta.

No que tange a alínea “b” do artigo 482 da CLT tem o seguinte redação

“incontinência de conduta ou mau procedimento”.

Valentin Carrion (2009, p. 381) descreve que mesmo diante de esforços a

literatura jurídica não teve êxito no que tange a conceituação dessas duas hipóteses previstas

na alínea “b” do art. 482 da CLT, dada a sua amplitude.

No entendimento de Valentin Carrion, cintando Bento de Faria, apud

Dorval Lacerda (2009, p. 381) a incontinência seria:

“[...] a vida desregrada, a exibição com meretrizes e gente de má nota, com a perda

de respeitabilidade e bom conceito, comportamento desordenado em público, rixas e

contendas habituais”.

Já no que diz respeito ao “mau procedimento” Valentin Carrion (2009, p.

381) entende que é:

“[...] tão ampla que poderia abranger todas as outras e, na prática, serve para

focalizar qualquer ato do empregado que, pela sua gravidade, impossibilite a

continuação do vínculo, desde que não acolhido precisamente nas demais figuras,

nem excluído por algumas delas ao dar exato limite à determinada conduta”.

14

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:

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Sendo assim chegamos ao entendimento que a incontinência de conduta

seria a desagregação da conduta é essa tendo relação com a vida sexual. No que tange ao mau

procedimento, seria uma forma genérica e abrangente de ensejar a rescisão direta do contrato,

a doutrina denomina o mau procedimento como “vala comum”.

Conforme estudado no tópico 1.3 não entendo que o assédio sexual seja uma

fase que anteceda o assédio moral, ou seja, o sujeito ativo do assédio moral tem como

objetivo a destruição da sua vitima e não busca alcançar nada com a sua vítima, busca

simplesmente a sua destruição.

Na alínea “h” estão enquadrados os atos de indisciplina bem como os de

insubordinação e estas podem motivar a rescisão direta do empregado que assedia.

A indisciplina está relacionada com os atos de desobediência, ou seja, o

descumprimento de ordens gerais que o empregador de forma impessoal dirige a todo o

quadro de funcionários (ex.: a proibição de fumar no ambiente de empresa) (Carrion, 2009, p.

383).

Já a insubordinação é caracterizada como a desobediência de uma ordem

direta dada a determinado empregado pelo empregador, podendo ser dirigida essa ordem para

um pequeno número de empregados.

No tocante a insubordinação a doutrina é pacífica, mas gera confusão

jurisprudencial. Valentin Carrion cintando Antônio Lamarca (2009, p. 384) salienta que em

determinadas hipóteses práticas será difícil de estabelecer a distinção entre as duas figuras.

Vale aqui ressaltar que seria de suma importância que o empregador

inserisse uma cláusula no contrato de trabalho, bem como no regulamento interna da empresa

determinando assim responsabilidade do empregado que praticasse condutas de cunho

discriminatório com os demais colegas no ambiente de trabalho. Feito isso o empregador

estará amparador, autorizado para uma eventual dispensa do empregado de maneira motivada

que praticar o assédio moral nas hipóteses do assédio moral vertical ascendente, horizontal ou

misto, bem como o por aderência.

Não fazendo constar essa clausula no contrato de trabalho, bem como no

regulamento interno da empresa o empregador deverá se cercar de cuidados ao advertir o

empregado. Em caso de reincidência o empregador deverá providenciar a suspenção do

mesmo, podendo chegar até a rescisão direita a depender da gravidade do fato em questão.

O advertimento do empregado deverá ocorrer de maneira gradual,

permitindo assim que o empregador possa vir a dispensar o empregado quando se tratar de

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uma reincidência dos atos faltosos. Não se aplicará essa regra quando os atos decorrerem de

condutas discriminatórias, haja vista a gravidade da conduta empregada pelo empegado.

As alíneas “k” e “j” do referido artigo será analisado de maneira conjunta

tendo em vista as semelhanças que ligam uma à outra.

No tocante as referidas alíneas, precisamos estar atentos no que diz respeito

às diferenças que nos são apresentados, tendo em vista que se faz necessário fazermos uma

diferenciação no que se refere à gestão por injúria, assédio moral, bem como as agressões

pontuais. É de se ressaltar que em nenhuma dessas hipóteses gera o impedimento de dar

ensejo a uma rescisão direta. Mas para configurar a rescisão de contrato por decorrência do

assédio moral, temos que buscar a interligação da sistemática, ou seja, a conduta e a

premeditação devem estar entrelaçadas.

Sendo o assédio moral contra um colega de serviço, bem como para com um

superior hierárquico, com o objetivo de desonrar a sua honra ou a boa fama do mesmo, essas

condutas dariam ensejo à rescisão do contrato de maneira direta (justa causa).

Maria Aparecida Alkimin (2006, p. 105/106) descreve que a rescisão por

justa causa, se dará diante da “violação ao dever de boa fé e lealdade nas relações de

emprego, além de violação ao genérico dever de respeito aos direitos de personalidade e

dignidade humanas do próximo”.

Com relação à agressão física contra superior hierárquico, bem como contra

colega de trabalho sendo está ocorrendo de maneira isolada não irá caracterizar no assédio

moral, mesmo sendo esta causa determinante para uma rescisão direta, devida a sua

gravidade, “salvo se a agressão for precedida de reiteradas práticas assediantes”.

(ALKIMIN, 2006, p. 106)

Cabe-nos aqui ressaltar que temos que ter o cuidado no tocante a indicação

da rescisão direta, observando assim os princípios “Jura novit curia”, bem com o “Narra

mihi factum, dado tibi jus”. Em outras palavras temos que ter a prudência ao narrar os fatos,

buscando afirmar a incidência do fenômeno, mas deixar para o juiz no qual recai a

competência para reconhecer qual hipótese será a fundamentação e posteriormente o

rompimento justificado do contrato de trabalho.

4.2 – Previsão na esfera penal

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O assédio moral hoje pode ser enquadrado no tipo penal que estão inseridos

nos capítulos III, IV e VI do Código Penal Brasileiro.

O capítulo III trata dos “crimes contra a honra” e podemos utilizar a

fundamentação prevista no artigo 139 (difamação) e artigo 140 (injúria) do Código Penal

Brasileiro.

Sendo o assediador condenado pelo crime previsto no artigo 139 o mesmo

incorrerá na pena reclusão que poderá ir de 03 (três) meses a 01 (um) ano e multa. Já no que

tange ao crime acolhido pelo artigo 140, caso seja o autor enquadrado no mesmo estará

sujeito a uma pena de reclusão que poderá ir de 01 (um) mês a 06 (seis) meses, ou multa.

O capítulo IV trata dos “crimes contra a liberdade individual” e desse

capítulo podemos extrair o artigo 146 (constrangimento ilegal) do Código Penal Brasileiro.

Caso o assediador seja enquadrado neste crime e sendo este condenado no

final do processo poderá ter uma pena de detenção que irá de 03 (três) meses a 01 (um) ano,

ou multa.

Ressaltando que a condenação do autor independe da responsabilidade civil,

sendo está de natureza pecuniária.

Podemos aqui acrescentar o artigo 136 do Código Penal Brasileiro que trata

dos maus-tratos, em sendo o autor enquadrado no crime previsto nesse artigo, o mesmo

incorrera numa pena de detenção que poderá ir de 02 (dois) meses a 01 (um) ano, ou multa.

4.3 – Consequências para o estado

Sendo sabido que a prática do assédio moral atinge toda uma coletividade e,

por isso, sendo dever do Estado garantir, assegurar a saúde a todos os indivíduos conforme

estabelece a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 19615

, diante disso o Estado acaba

por ser prejudicado também nesse sentido. Tendo em vista que Previdência Social em um

primeiro momento terá que arca com os custos de todo o tratamento que o assegurado, vitima

do assédio moral fazer-se necessário. Não sendo descartada uma possível concessão de uma

15

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços

para sua promoção, proteção e recuperação.

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aposentadoria por invalidez, que está prevista no artigo 4216

da Lei N.º 8.213 de 24 de julho

de 1991, para aqueles assegurados que depois de sofrer agressões psicológicas por um longo

período de tempo, venha esse desenvolver de forma irreversível algum tipo de distúrbio

psicossomático.

A lei dos Planos de Benefícios, regulamentada pelo Decreto N.º 3.048 de 06

de maio de 1999, tratou de regulamentar especialmente o artigo 2017

da Lei N.º 8.213 de 24

de julho de 1991, no qual inseriram no grupo V, anexo II, os transtornos mentais e do

comportamento, tendo essas ligações com o trabalho, bem como em conformidade com a CID

– 10.

Temos que ressaltar aqui, que para ser estabelecido um nexo epidemiológico

será necessário ser feita uma analise de vários requisitos regulamentados pelo CFM (Conselho

Federal de Medicina) através da edição da resolução de N.º 1.448 de 11 de março de 2008, in

verbis:

Art. 2º: Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as

atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames

complementares, quando necessários, deve o médico considerar:

I – A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou

investigação de nexo causal;

II – o estado do local de trabalho;

III – o estudo da organização de trabalho;

IV – os dados epidemiológicos;

V – a literatura atualizada;

VI – a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a

condições agressivas;

VII – a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes

e outros;

VIII – o depoimento e a experiência dos trabalhadores;

IX – os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais,

sejam ou não da área da saúde.

16

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida

ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de

reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer

nesta condição. 17

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I

- doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a

determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência

Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais

em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

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Paulo Gonzaga (2006, p. 97/98) tem o seguinte entendimento:

“[...] o nexo causal é um exercício de raciocínio lógico desenvolvido pelo médico

assistente, pelo médico do trabalho da empresa, enquanto o nexo técnico é atribuição

somente dos médicos-peritos do INSS, por força de legislação, nexo este que

relaciona um diagnóstico com um determinado risco existente num posto de

trabalho”.

Sendo assim para chegarmos ao chamado Nexo Técnico Epidemiológico

Previdenciário, capaz de reconhecer o assédio moral, será necessário fazer um cruzamento de

informações, tais como: CNPJ da empresa, número identificador da atividade empresarial

(CNAE – Classificação Nacional de Atividade Empresarial), número identificador do

funcionário (NIT) e da patologia diagnosticada estabelecida na CID – 10, diante dessas

informações, bem como o cruzamento das mesmas será capaz de se identificar o distúrbio

psicossomático derivado do assédio moral, mesmo que o CAT (Comunicado de Acidente do

Trabalho) não tenha sido fornecido pelo empregador.

Diante do exposto é que surge a necessidade da uma regulamentação que

venha inserir o assédio moral no anexo II do referido decreto (Decreto-Lei 3.048/99)

exigindo-se assim que o empregador emita o CAT quando constatado a prática do assédio

moral dentro das dependências da empresa, ficando assim o empregado amparado pelo auxilio

acidente conforme previsto no artigo 86, bem como uma estabilidade de 12 (doze) meses

previsto no artigo 11818

da Lei N.º 8.213 de 24 de julho de 1991.

Sendo assim, fica evidente que com essa situação perderá o empregador no

que tange a produtividade de sua empresa, bem como na ausência do trabalhador que poderia

vir a contaminar a cultura organizacional da empresa, ficando assim em evidencia que o maior

prejudicado seria o empregado tendo em vista que o mesmo terá que conviver com o

sentimento de humilhação e vergonha decorrente do assédio moral, ficando assim a espera de

um efeito reversivo, que em muitos casos não ocorre. No que se refere ao Estado terá uma

dura perda na sua receita, tendo em vista que terá que custear o tratamento do contribuinte

bem como na constatação de uma crescente desses tipos de casos, e assim sendo terá que

dispor do seu “tesouro público” para tentar reabilitar o contribuinte lesado, sendo que essa

situação poderia ser evitada.

18

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a

manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,

independentemente de percepção de auxílio-acidente.

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4.4 – Casos concretos submetidos aos Tribunais

Nesse tópico trago alguns caso para ilustrar o trabalho acerca do tema tendo

em vista a crescente de lides que envolvem o tema assédio moral nas relações de trabalho.

Mesmo não tendo legislação especifica para que possa de uma forma mais precisa e bem mais

eficaz no tocante ao combate a prática desse fenômeno que vem assombrado os trabalhadores

de uma forma em geral, nossos Tribunais não estão de eximindo de aplicar sanções dentro dos

amparos legal permitidos por nossa legislação, o frustrante é que essas condenações sempre

pairam no pagamento de indenizações que em alguns casos os valores não chegam nem perto

do mal sofrido pelo trabalhador.

Vejamos alguns casos que foram levados aos nossos Tribunais.

1. Empregado que sofre exposição humilhante e vexatória, colocado em

ociosidade, em local inadequado apelidado pejorativamente de "aquário"

pelos colegas, além da alcunha de "javali" (já vali alguma coisa) atribuída

aos componentes da equipe dos "encostados". (TRT 15ª R. - RO 2229-

2003-092-15-00-6 - (53171/05) - 11ª C. - Rel. Juiz Edison dos Santos

Pelegrini - DOESP 04.11.2005 - p. 129);

2. Empregado que é colocado em indisponibilidade indefinidamente por mais de

ano, embora remunerada; sofre tortura psicológica pela forma reiterada e

prolongada a que esteve exposto a situações constrangedoras e

humilhantes, minando a sua autoestima e competência funcional,

depreciando a sua imagem e causando sofrimento psicológico. (TRT 15ª R.

- RO 2142-2003-032-15-00-5 - (42274/05) - 11ª C. - Rel. Juiz Edison dos

Santos Pelegrini - DOESP 09.09.2005 - p. 62);

3. Empregado que era submetido, rotineiramente e na presença dos demais

colegas de trabalho, por ato do superior hierárquico, por não ter atingido a

meta de produção, a usar vestes do sexo oposto, inclusive desfilar com

roupas íntimas, além de sofrer a pecha de "irresponsável", "incompetente",

"fracassado", dentre outros. (TRT 6ª R. - Proc. 00776-2002-006-06-00-5 -

1ª T. - Rel. Juiz Valdir José Silva de Carvalho - DOEPE 03.04.2004);

4. Dispensa de comparecimento à empresa, ainda que sem prejuízos de salário,

constitui degradação das condições de trabalho e faz com que o trabalhador

sinta-se humilhado perante os colegas, a família e o grupo social. Esse

ataque à dignidade profissional é grave e não permite sequer cogitar de que

os salários do período de inação compensem os sentimentos negativos

experimentados. (TRT 9ª R. - Proc. 03179-2002-513- 09-00-5 (RO 10473-

2003) - (06727-2004) - Relª Juíza Marlene T. Fuverki Suguimatsu - DJPR

16.04.2004);

5. Empregado que é confinado em uma sala, sem ser-lhe atribuída qualquer

tarefa, por longo período, existindo grande repercussão em sua saúde, tendo

em vista os danos psíquicos por que passou. (TRT 17ª R. - RO

1142.2001.006.17.00.9 - Rel. Juiz José Carlos Rizk - DOES 15.09.2002);

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6. Empregado submetido à dinâmica de grupo na qual se impõe “pagamentos”

de “prendas” publicamente, tais como, “dançar a dança da boquinha da

garrafa”, àqueles que não cumprem sua tarefa a tempo e modo. (TRT 17ª

Região - RO 01294.2002.007.17.00.9, Relª Juíza Sônia Das Dores Dionísio

– DOES 19.11.2003);

7. Empregada que é chamada de burra idiota e incompetente pelo seu chefe,

sofre assédio moral porque tem sua dignidade atingida (TRT 2ª. Região –

RO 01163.2004.015.02.00-0, rel. Juiz Valdir Florindo in Consultor Jurídico

de 04/04/2006);

8. Vendedor que recebe correspondências da empresa de teor intimidatório e

agressivo tais como: "Semana retrasada demitimos o vendedor da Zona 51,

semana passada demitimos o vendedor da Zona 02, quem será o próximo?"

e; "Com tantas promoções, ofertas e oportunidades, sair do cliente sem

vender nada é o mais absoluto atestado de incompetência", ou ainda; "Você

pode ser tudo na vida, menos vendedor, é melhor procurar outra profissão"

e, finalmente, "Não entendo!!! Entendo menos ainda que ainda contínuo

encontrando vendedor 'barata tonta' (observem que nossa equipe está

mudando algumas 'caras' e não é por acaso)", sofre assédio moral. (TRT 4ª.

Região – RO n° 01005-2004-662- 04-00-5, Rel. Juiz João Ghisleni Filho,

fonte site do TRT-RS, 24/01/2005).

Em casos assim como os utilizados nesse tópico para exemplificar o

trabalho, nasce a necessidade da indenização que terá como base a “proteção à dignidade da

pessoa humana” que está prevista no artigo 1º, III da Constituição Federal de 1988, bem

como na punição do empregador pela prática do assédio moral que será imposta a ele através

da sua condenação por dano moral.

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CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto podemos demonstra que o assédio moral não se

trata de um fenômeno novo, estando assim presente no seio da sociedade desde que se criou a

mesma, o que se tem de novo e a crescente discussão acerca do assunto levada a baila dos

nossos Tribunais, levando assim o nosso judiciário a uma permanente discussão sobre esse

mal que afeta tantos trabalhadores no mundo todo.

São diversos os fatores que no remetem ao assédio moral dentre eles

podemos destacar as seguintes: as características da personalidade e como as físicas do

assediado e delas podemos extrair vários elementos que caracterizam o assédio moral, dentre

elas a conduta abusiva e a reiteração de conduta.

Podemos destacar outros elementos que caracterizam o assédio moral e são

as psicológicas e emocionais, tendo em vista que determinados empregadores visam atingir o

seu equilíbrio emocional transformando assim o empregado em uma pessoa insegura.

No tocante ao sujeito ativo do assédio moral este poderá ser qualquer um

tanto o empregador, bem como o empregado tendo em vista que o assédio moral pode ser

praticado de várias maneiras.

Estão inseridos dentro do perfil do sujeito ativo do assédio moral

características tais como motivação, conduta, personalidade entre outras. O agressor tem uma

enorme dificuldade de ver sua vítima como um ser humano normal.

O mesmo não ocorre com o perfil do sujeito passivo, tendo em vista que

esse não é possível de traçar, estudos apontam que as vitimas do assédio moral na sua grande

maioria são os funcionários que de certa forma tem um papel de destaque dentro do ambiente

de trabalho ou dentro de um grupo, e assim desencadeia no assediador um sentimento de

destruição, sentimento esse provocado por algo que o outro tem e que falta nele.

Diariamente dispositivos legais são lesados pela prática do assédio moral,

dentre eles podemos destacar o art. 5º, inc. I e X, bem como o artigo 1º da Constituição

Federal, que asseguram os direitos fundamentais da pessoa humana.

Se partirmos da premissa que o direito é criação do homem e, sendo esse

uma derivação da vida em sociedade, chegaremos à conclusão que o maior bem a ser

protegido pelo nosso ordenamento jurídico é o homem.

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Desta maneira fica evidente que o direito traga de alguma forma a efetiva

proteção do homem. Entendendo-se assim que a dignidade da pessoa humana tem que ser

vista como valor fundamental do nosso ordenamento jurídico.

Hoje podemos contar com alguns dispositivos que de certa maneira pode

responsabilizar o assediador, mas esse dispositivo perde sua força no exato momento que visa

tão somente penalizar o assediador através de uma indenização por dano moral.

Tendo em vista o poder de destruição que o assédio moral pode causar ao

assediado uma simples indenização, sai de graça para o assediador, partindo se da premissa

que o assediador na maioria das vezes tem como sujeito ativo o empresário.

Sendo assim de suma importância que o assédio moral seja elevado ou

equiparado a um crime e, que tenha uma legislação especifica para tratar desse fenômeno.

A meu ver os projetos de lei que hoje tramitam no Congresso Nacional,

sozinhos não adiantaram de muita coisa, haja vista que as penas previstas nos projetos de lei

não superam os 02 (dois) anos de reclusão, sendo assim a depender da situação o agressor

caíra na mesmice e não ficará preso nem um dia sequer.

Temos que ter como foco a intimidação, bem como a inibição da prática do

assédio moral, e isso só se darão quando tivermos uma legislação capaz de impor receio a

quem pratique esse ato tão cruel e desumano, caso contrário o assédio moral visto como tão

somente uma maneira de pleitear na justiça uma indenização.

Outra maneira que poderá resultar na extinção do assédio moral e, dessa

necessita de uma atuação mais presente dos sindicatos de classe, bem como através do MPT e

por meio de seminário para os funcionários acerca do tema, demonstrando a empregados

como identificar quando esta sendo vitima do assédio moral, muitas vezes o empregado esta

sendo vítima e não tem nenhum tipo de informação que lhe possa ser útil.

Ante o exposto entendemos ser que para que o assédio moral seja inibido

temos que partir da criação de uma legislação rígida e firme, bem como os projetos de lei que

já estão em tramite no Congresso Nacional, que junto tenham o poder de agregar, junto a isso

a realização periódica de fiscalização no intuito de averiguar o ambiente de trabalho que o

empregado esta sendo exposto.

É notório que o assédio moral no Brasil vem numa crescente, mas temos

que todos juntos nos envolvermos nesse luta, pois só assim conseguiremos fazer frente a essa

prática que aterroriza tantos funcionários no Brasil a fora.

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