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UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRO PRETO
ROSANA CLAUDIA DE ASSUNO
Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em
hospital escola do Paran
RIBEIRO PRETO 2005
ROSANA CLAUDIA DE ASSUNO
Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em
hospital escola do Paran
Dissertao apresentada rea de Enfermagem Fundamental do Programa de Ps-Graduao do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em Enfermagem.Linha de Pesquisa Processo de Cuidar do Adulto com Doenas Agudas e Crnico-Degenerativas.
Orientadora:Profa. Dra.Maria Clia Barcellos Dalri
RIBEIRO PRETO 2005
FOLHA DE APROVAO
Rosana Claudia de Assuno
Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em um hospital escola do Paran
Dissertao apresentada Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Mestre em Enfermagem. rea de Concentrao: Enfermagem Fundamental.
Aprovado em: _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.:________________________________________________________________________
Instituio: ___________________________ Assinatura: ________________________________
Prof. Dr.:_________________________________________________________________________
Instituio: ___________________________ Assinatura: _________________________________
Prof. Dr.:_________________________________________________________________________
Instituio: ___________________________ Assinatura: _________________________________
AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDOS E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
CATALOGAO NA PUBLICAO ELABORADA PELO TRATAMENTO DE COLEES E SISTEMA DA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE NORTE DO PARAN
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Assuno, Rosana Cladia de
A873a Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em um hospital escola do Paran. Ribeiro Preto, 2005.
112p. : il. ; 30cm
Dissertao de Mestrado, apresentada Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto/USP rea de concentrao: Enfermagem Fundamental.
Orientadora: Dalri, Maria Clia Barcellos.
1. Registros de enfermagem. 2. Parada cardaca. 3. Enfermagem. 4. tica CDU 614.253.5:17
DEDICATRIA
Aos meus pais Armando e Joaquina por serem os responsveis pela minha
existncia, por me aceitarem como sou, por me dizerem o quanto eu era capaz
mesmo quando o mundo insinuava o contrrio. Obrigada eu amo vocs.
Aos meus irmos Ronei, Shirlei e Camila, meu saudoso abrao, apesar das nossas
diferenas e da distncia que nos separa sei o quanto torceram por mim, que Deus
os abenoe.
minha jia preciosa meu, sobrinho Andreo, presente do grande mestre. Voc veio
com uma misso, sabe qual? a de tornar nossas vidas mais felizes e por que no
dizer, desafiadoras. Beijos, amo voc.
Aos meus Avs (in memoriam), razo de minha existncia, exemplo de dignidade, trabalho e respeito ao prximo, agradeo por cada gesto, beijos, abraos e colo.
Parabns vocs cumpriram sua misso e tenho certeza de que torcem para que eu
termine a minha caminhada.
Ao meu av, Joaquim Caetano Barbosa, obrigada pelo carinho e por me transmitir
tanta alegria e paz. Sei que devido ao seu problema de sade no me ouve nem
mesmo conseguimos nos comunicar muito bem, mas sei que nossas almas
conseguem transmitir o que sentimos, eu o amo muito, v Quim.
Ronaldo Di. Com certeza, o grande mestre, em sua bondade suprema, queria
que eu o encontrasse aqui no planeta terra durante minha passagem. Quero que
saiba que sua luz irradia paz, traz segurana esparge amor, e, como disse o poeta
O valor das coisas no est no tempo em que elas duram, mas na intensidade com
que acontecem. Por isso existem momentos inesquecveis, coisas inexplicveis e
pessoas incomparveis, assim como voc, Fernando Pessoa.
Voc j pensou na grandeza da amizade? Diz um grande pensador que quem
encontra um amigo, encontra um tesouro valioso. A amizade verdadeira
sustentculo de muitas almas que vivem sobre a face da Terra. Ela est presente
nos lares e fora deles, na convivncia diria das criaturas. A amizade to
importante que j foi comparada com muitas coisas de valor. Um pensador
annimo compara a amizade com as estrelas, e aqueles que no tem amigos ele
compara com os cometas, que vem e vo, mas no permanecem, nem iluminam
como as estrelas. Diz ele, mais ou menos assim: H pessoas estrelas e h pessoas
cometas. Os cometas passam. Apenas so lembrados pelas datas em que passam
e retornam. As estrelas permanecem. O Sol permanece. Passam-se anos, milhes
de anos, e as estrelas permanecem. Os cometas desaparecem. H muita gente
como os cometas, que passam pela vida da gente apenas por instantes. Gente que
no prende ningum e a ningum se prende. Gente sem amigos. Gente que apenas
passa, sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presena. Assim so as pessoas que
vivem na mesma famlia e que passam um pelo outro sem ser presena. O
importante ser como as estrelas. Permanecer. Clarear. Estar presente. Ser luz.
Ser calor. Ser vida. Ser amigo ser estrela. Podem passar os anos, podem surgir
distncias, mas a marca da amizade fica no corao. Coraes que no querem se
enamorar de cometas, que apenas atraem olhares passageiros e passam. So
muitas as pessoas cometas. Passam, recebem-nas e desaparecem. Ser cometa ser
companheiro apenas por instantes. explorar os sentimentos humanos. A solido
de muitas pessoas conseqncia de no poderem contar com algum. resultado
de uma vida de cometa. Ningum fica. Todos passam uns pelos outros. H muita
necessidade de criar um mundo de pessoas estrelas. Aquelas com as quais todos os
dias podemos contar. Todos os dias ver a sua luz e sentir o seu calor. Assim so os
amigos estrelas na vida da gente. Pode-se contar com eles. Eles so presena. So
coragem nos momentos de tenso. So luz nos momentos de escurido. So
segurana nos momentos de desanimo. Ser estrela neste mundo passageiro, neste
mundo cheio de pessoas cometas, um desafio, mas acima de tudo uma
recompensa. nascer e ter vivido, e no apenas existir. Adriana Valongo
Zani (Dri) quero lhe dizer que voc a estrela que ilumina a
minha vida. Obrigada e que Deus a ilumine.
A todos os colegas do Mestrado, sei o quanto batalhamos juntos, agradeo pela
oportunidade que o Mestre me deu de compartilhar parte do meu crescimento com
pessoas to especiais. Aplausos para todos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, Pai de todos, que nos momentos mais difceis no apenas me deu a mo,
mas me carregou no colo, nunca se esquecendo de mim e sempre me perdoando
pelas incontveis vezes que no tive pacincia de esper-lo me ajudar e no
compreendi suas respostas.
minha orientadora, Prof Dr. Maria Clia Barcellos Dalri, pelas horas incessantes de
orientao, pela compreenso e por todo o esforo que dedicou para que este
trabalho se realizasse. Obrigada pela sua competncia e pacincia.
Prof. Dr Maria Lcia do Carmo Cruz Robazzi, obrigada pelo carinho doado em momentos
to difceis. Beijos e obrigada.
Prof. Dr Ana Maria Laus, obrigada por dividir seu conhecimento na confeco deste
trabalho.
Prof. Dr Clea Regina de O. Ribeiro, obrigada pelas contribuies, com certeza elas
contriburam para que esta pesquisa ficasse ainda melhor.
Prof. Dr Maria do Carmo Haddad por ter sido a maior responsvel para que meu sonho
se tornasse realidade.
Coordenadora do Curso de Enfermagem da UNOPAR Prof Gladys Hebe T. Gonalvez,
pela compreenso, carinho e auxlio com que me acompanhou para que eu pudesse
trilhar mais esta caminhada.
Prof Maria Bernadete Lopes, obrigada pelas palavras amigas, conforto e colo. Beijos.
Prof. Doutoranda Yara Secco pela ateno, carinho e auxlio durante a execuo deste
trabalho.
A minha amiga Rosngela de Agostini. No encontro palavras para agradecer tanto
carinho e incentivo. Muito obrigada por fazer parte da minha vida.
minha amiga Catia. S possvel viver, porque no decorrer de nossa caminhada
encontramos pessoas como voc. Beijos e obrigada.
A Michelle, Aparecida e Shoite obrigada pela ateno e prestatividade dispensada em
momentos to difceis. Obrigada por tudo e que Deus as abenoe.
A Amandinha. Obrigada pelo seu sorriso presente em cada dia de desnimo. Pode ter
certeza eles me davam fora. Beijos.
A Vanderlei Jos Haass que tanto me ajudou nas anlises estatsticas.
A Jurandir Antonio Manuel. Posso cham-lo de amigo. Foi assim que me senti durante a
elaborao da base de dados. Obrigada por tudo!
Bibliotecria Terezinha de Jesus Fokama Gondo pela dedicao e carinho dispensados na
elaborao deste trabalho.
RESUMO
ASSUNO, R. C. Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em Hospital Escola do Paran. 2005. 112 f Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, 2005. A reanimao cardiopulmonar no hospital um evento complexo, exigindo dos
profissionais de sade conhecimentos cientficos, bem como habilidades e
competncias, tanto no atendimento do evento, como no registro do pronturio.
Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os aspectos ticos e legais dos registros de
enfermagem no atendimento a pacientes que apresentaram parada
cardiorrespiratria e foram a bito no ano de 2003, em um hospital escola do interior
do Paran. A metodologia utilizada foi um estudo descritivo, retrospectivo,
transversal com abordagem quantitativa dos registros de enfermagem, efetuados
pela equipe de enfermagem no pronturio do paciente. Aps analisarmos 114
pronturios pde-se observar uma grande lacuna nos registros de enfermagem
quanto aos aspectos ticos e legais. Seguindo as orientaes de Du Gs (1998) em
relao identificao da categoria funcional, encontramos 101 (88,60%) registros
sem identificao; em relao aos dados de identificao do profissional
encontramos 108 (94,74%) destes feitos de forma inadequada. Nas medidas
teraputicas, realizadas pelos vrios membros da equipe, nos deparamos com 103
(90,35%) registros sem informao Observamos que a respeito das informaes
pertinentes ao estado geral do paciente tais informaes no esto presentes em
108 (94,74%) dos registros e que em 92 (80,7%) deles em relao s respostas
especficas do paciente quanto terapia e assistncia tampouco houveram Com
base no referencial terico de Potter e Perry (2004) referente conciso e
organizao 114 (100%) registros apresentaram-se inadequados. Dessa forma
verificamos que existe uma deficincia na elaborao dos registros de enfermagem,
o que inconcebvel tanto no aspecto legal quanto na tica.
Palavras- chave: Registros de enfermagem. Parada cardaca. Enfermagem. tica.
ABSTRACT
ASSUNO, R. C. Assessment of the ethical and legal aspects in medical records on the cardiac arrest in a teaching-Hospital in Paran. 2005. 112 f. Dissertation (Master) University of So Paulo at Ribeiro Preto College of Nursing, 2005.
The cardiopulmonary resuscitation in the hospital is a very complex event, requiring
from its staff scientific knowledge as well as skills when attending on the event and
when registering specific data on the medical chart. This study focuses on the
evaluation of the ethical and legal aspects of the nursing record regarding the
attendance on patients who went through a cardiorespiratory arrest and died within
the year 2003 in a teaching hospital in the countryside of Paran. The methodology
used was a descriptive, retrospective, transversal study with a quantitative approach
of the nursing record ran by the nursing staff in the patients record. After analyses of
114 records it has been observed a lack of ethical and legal issues in the nursing
records. Following the instructions given by Du Gs (1998), we have found 101
(88,60%) without functional category identification, 108 (94,74%) had inadequate
staffs data.103 (90,35%) lacked information regarding therapeutic measures taken,
108 (94,74%) did not have relevant observations on the general state of the patient
and in 92 (80,7%) we have found no register of the results taken from the patient
regarding the therapy and assistance recieved. .According to the theorical referential
by Potter and Perry (2004) on concision and organization we have found 114 (100%)
inadequate nursing record. Thus, it has been verified that there is deficiency in the
elaboration of the nursing staff, which is nor not correct neither in ethical in legal
aspects.
Keywords: Nursing records. Heart arrest. Nursing. Ethics.
RESUMEN
ASSUNO, R. C. Evaluacin de los aspectos ticos y legales de los registros de enfermera en la parada cardacorespiratoria en un hospital escuela de Paran. 2005. 112 f. Disertacin (Maestra)- Escuela de Enfermera de Ribeiro Preto de la Universidad de So Paulo. 2005.
La reanimacin cardacorespiratoria en el hospital es un evento complejo, que les
exige a los profesionales de salud conocimientos cientficos, adems de las
habilidades y aptitudes, no slo en la atencin a las emergencias como en la
importancia del registro en el histrico de internacin del paciente a la hora del
atendimiento. De esa forma, el objetivo de este estudio ha sido evaluar los aspectos
ticos y legales de los registros de la enfermera en la atencin a los pacientes que
presentaron parada cardiorrespiratoria y fueron a bito en el ao 2003, en un
hospital escuela en el interior de la provincia de Paran. La metodologa utilizada ha
sido el estudio descriptivo, retrospectivo, transversal, con abordaje cuantitativo de los
registros de la enfermera, realizados por el equipo de enfermera en el histrico de
internacin del paciente. Despus de analizar 114 fichas de internacin se pudo
observar un gran vaco en los registros de enfermera acerca de los aspectos ticos
y legales de los mismos. Siguiendo las orientaciones de Du Gs (1998),
encontramos en relacin a la identificacin de la categora funcional, 101 (88,60%)
de ellos sin identificacin, acerca de los datos de identificacin profesional fue
posible constatar que 108 (94,74%) se presentaron de forma inadecuada. En las
medidas teraputicas, realizadas por los varios miembros del equipo, nos hemos
deparado con ausencia de informaciones en 103 (90,35) de ellos. Acerca de las
observaciones pertinentes al estado general del paciente se verific que no se
presentan en 108 (94,74%) y sobre las respuestas especficas del paciente a la
terapia y a la atencin en 92 (80, 7%) no hemos encontrado registros. Basado en el
referencial terico de Potter y Perry (1998), en relacin a la concisin, encontramos
94 (82,46%) inadecuadas y organizacin 100 (87, 72%) tambin inadecuadas. De
esa manera, se verifica que existe una deficiencia en la elaboracin de los registros
del personal de enfermera, dejndolo en situacin no sustentable en los aspectos
ticos y legales.
Palabras-clave: Registros de enfermera. Paro cardaco. Enfermera. tica.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AHA = American Heart Association
Art. = Artigo
CEP = Comit de tica em Pesquisa
CLT = Consolidao das leis do trabalho
OVAS = Obstruo das vias areas superiores
PC = Parada Cardaca
PCR = Parada Cardio-respiratria
RCP = Ressucitao cardiopulmonar
PG = Ps-graduao
SBV = Suporte Bsico de Vida
SAVC = Suporte Avanado de Vida em Cardiologia
SME = Servio Mdico de Emergncia
SAME= Servio de arquivo mdico
ECG = Eletrocardiograma
RCR = Ressuscitao Cardiorrespiratria
FV= Fibrilao ventricular
TV= Taquicardia ventricular
RCP-TF= Reanimao cardiopulmonar a trax-fechado
BIS+ Boletim informativo de sade
EMD= Dissociao eletromecnica
ABCD= A- manter vias reas prveas, B boa respirao, C- manter circulao, D-
desfibrilar.
NTR= No tentar a ressucitao
ONR= Ordem de no ressuscitar
COREN= Conselho Regional de Enfermagem
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Diagnstico Inicial da PCR........................................................... 28 Figura 2- Algoritmo Universal para Adulto: ................................................ 32
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR e foram a bito no ano de 2003, segundo o
gnero, faixa etria e tempo de internao, em um hospital
escola. Londrina, 2004 .................................................................
67 Tabela 2 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem
segundo identificao da categoria funcional, em um hospital
escola. Londrina,2004...................................................................
69 Tabela 3 Distribuio dos registros contidos nos pronturios dos
pacientes que sofreram PCR/RCR, segundo perodo de turno
de ocorrncia, em um hospital escola. Londrina,2004 ................
72 Tabela 4 - Distribuio dos registros nos pronturios de pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem,
segundo os dados de identificao do profissional, em um
hospital escola. Londrina, 2004 ...................................................
72 Tabela 5 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem,
segundo medidas teraputicas realizadas pelos vrios membros
da equipe, em um hospital escola. Londrina, 2004......
74 Tabela 6 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem,
segundo procedimentos prescritos pelo mdico e executados
pela enfermagem, em um hospital. Londrina 2004.......................
77 Tabela 7 - Distribuio do registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem
segundo, os procedimentos no prescritos pelo mdico e
executados pela enfermagem, em um hospital escola. Londrina,
2004...............................................................................................
80 Tabela 8 - Distribuio dos registros dos pronturios de pacientes que
sofreram PCR/RCR realizados pela equipe de enfermagem em
relao a resposta especfica do paciente teraputica e
assistncia, em um hospital escola. Londrina, 2004..................... 83 Tabela 09 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem em
relao ao horrio do incio do registro da PCR, em um hospital
escola. Londrina, 2004..................................................................
84 Tabela 10 - Distribuio das anotaes realizadas pela equipe de
enfermagem segundo as correes efetuadas em pronturios
sem ocultar o original, em um hospital escola. Londrina, 2004..
86 Tabela 11 - Distribuio dos registros nos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem
segundo letra legvel e clara, em um hospital escola.
Londrina,2004.............................................................................
88 Tabela 12 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem
segundo a conciso e organizao das anotaes, em um
hospital escola. Londrina, 2004...................................................
89 Tabela 13 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que
sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem
em relao a apresentao de siglas e abreviaturas, em um
hospital escola. Londrina, 2004...................................................
92
SUMRIO 1. INTRODUO............................................................................... 16
2. OBJETIVOS ..................................................................................2.1 Objetivo Geral............................................................................................
2.2 Objetivos Especficos.................................................................................
23 23 23
3. MARCO TERICO DE REFERNCIA.......................................... 3.1 Parada Cardiorespiratria/Reanimao Cardiopulmonar .........................
3.2 Registros de Enfermagem ........................................................................
3.3 tica na Enfermagem.................................................................................
24 24 39 46
4. METODOLOGIA ........................................................................................ 4.1 Natureza do Estudo...................................................................................
4.2. Local do Estudo........................................................................................
4.3 Populao e Amostra.................................................................................
4.4 Descrio da Amostra ...............................................................................
4.5 Critrios de Incluso................................................................... ..............
4.6 Critrios de Excluso.................................................................................
4.7 Aspectos ticos e Legais da Pesquisa......................................................
4.8 Procedimento.............................................................................................
4.9 Teste do Instrumento ................................................................................
4.10 Coleta de Dados ....................................................................................
4.11 Anlise dos Dados...................................................................................
52 52 55 57 57 57 58 58 58 66 66 66
5. RESULTADOS E DISCUSSES................................................... 67
6. CONCLUSO ............................................................................... 94
7. CONSIDERAES FINAIS........................................................... 96
REFERNCIAS ................................................................................. 99
APNDICE......................................................................................... 108
ANEXO............................................................................................... 110
Introduo_____________________________________________________________________________ 16
1 INTRODUO
A reanimao cardiopulmonar (RCP) no hospital um evento peculiar.
Publicaes cientficas existentes ressaltam, freqentemente, a complexidade
projetada da assistncia s respostas do indivduo na parada cardiorrespiratria
(PCR), definindo uma srie de variveis individuais do paciente (cliente) que deveria
ser registrada, em pronturio, promovendo a documentao do cuidado durante as
manobras para a RCP (ARAJO,1999; ARAJO, I.; ARAJO, S., 2003; CUMMINS
et al., 1997; HAMRIC, 2000; HOUSE; BAILEY, 1992).
A doena cardiovascular a causa nmero um de morte nos Estados Unidos.
Mais de 225.000 pessoas morrem todos os anos por problemas cardacos sbitos
(GALLAURESI, 2001).
Segundo Capovilla (2002), das diversas situaes de emergncia vividas num
ambiente hospitalar, a PCR pode ser entendida como o evento de maior gravidade,
devido s srias conseqncias que essa pode acarretar vida do indivduo.
Entendendo-se esse evento como um momento peculiar, imprescindvel a atuao
do enfermeiro na tomada de decises rpidas e precisas para garantir o suporte
bsico de vida e a organizao da equipe de atendimento.
A PCR definida como o estado em que o indivduo se encontra com
ausncia do dbito cardaco, ausncia de respirao, porm ainda mantm atividade
cerebral (ARAJO, 1999; COELHO et al., 1999; CRUZ; SOUZA; PADILHA, 1992;
PIVA; CARVALHO; GARCIA, 1997). A PCR pode ocorrer no ambiente extra
hospitalar ou intra-hospitalar. Vrios fatores predispem para seu aparecimento,
principalmente as doenas cardiocirculatrias.
A PCR muitas vezes uma intercorrncia inesperada, existindo uma ameaa
de vida para o paciente. Para que a RCP seja bem sucedida, a equipe envolvida
Introduo_____________________________________________________________________________ 17
necessita ter conhecimento cientfico, treinamento de habilidades tcnicas, trabalho
harmonioso e sincronizado, o que pode garantir a recuperao do paciente.
De acordo com Arajo (1999), Arajo, I. e Arajo, S. (2003) e a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (2003),,a chance de sobrevivncia depende, na maioria das
vezes, da aplicao imediata, competente e segura das manobras de reanimao
que precisam ser imediatas, cujo objetivo evitar leso cerebral.
Por outro lado, Capovilla (2002, p. 36) afirma que:
A manuteno da vida e a luta contra a morte biolgica so os princpios que tm orientado o desenvolvimento cientfico e tecnolgico nas cincias da sade. Dentre todas as situaes que podem ameaar a vida dos indivduos, as mais temidas sem dvida alguma, a parada cardiorrespiratria (PCR).
O avano de procedimentos e medidas de emergncia para manter a vida, a
RCP, gerou a expanso no papel da enfermagem em relao aos cuidados
prestados para recuperao de pacientes em situao de PCR.
O conhecimento cientfico independente da rea de atuao a base para o
desenvolvimento da prtica, porm, vale ressaltar que a equipe de enfermagem,
alm de desenvolver a parte cognitiva e as habilidades, tambm deve estar ciente
quanto s suas atribuies, compreender e colocar em prtica o que estabelece a lei
do exerccio profissional, dos seus direitos e deveres, primando por uma assistncia
humanizada e digna.
Nesse contexto, a enfermagem vem aprimorando seus conhecimentos e
propondo alternativas para a assistncia na PCR/RCP, adotando uma metodologia
fundamentada em conhecimentos cientficos. Isso o processo de enfermagem.
De acordo com Dalri (1993), a aplicao de um mtodo de assistncia de
enfermagem proporciona uma melhor qualidade no atendimento ao paciente,
individualizando o cuidado, diferenciando o que rotina, do conhecimento especfico
Introduo_____________________________________________________________________________ 18
de enfermagem. Permite, ainda, delimitar o papel do enfermeiro.
O processo de enfermagem a metodologia utilizada para planejar, avaliar e
implementar a assistncia. O registro de enfermagem parte integrante desse
processo; porm, na prtica apresenta-se fragmentado.
preciso entender que o registro de enfermagem o indicativo para avaliar a
assistncia prestada ao paciente, porm para confeccion-lo necessrio que a
equipe de enfermagem desenvolva habilidades para escrever, capacidade para
analisar os fatos e relatar de forma objetiva, clara, concisa e cabal o evento da PCR.
O processo de enfermagem definido como a dinmica das aes
sistematizadas e inter-relacionadas visando o ser humano. caracterizado pelo
inter-relacionamento e dinamismo de suas fases (HORTA, 1979, p. 35).
Compartilhamos da idia de que uma atividade deliberada, lgica e racional,
atravs da qual a prtica de enfermagem desempenhada sistematicamente e
compreende cinco componentes inter-relacionados: coleta de dados, diagnstico,
planejamento, implementao e avaliao (KENNEY, 1990).
Essa metodologia de assistncia, alm do mtodo, envolve uma abordagem
com o cuidado que pressupe a individualizao do paciente (ROSSI;
CASAGRANDE, 2001). Assim, o processo de enfermagem oferece ao enfermeiro a
possibilidade de organizar o seu trabalho com base em crenas, valores e em um
mtodo (FORD; WALSH, 1995).
Rossi e Casagrande (2001) ressaltam que embora o processo de
enfermagem pressuponha o cuidado individualizado, no podemos afirmar que a
implementao dessa metodologia garanta a realizao do cuidado.
O processo de enfermagem entendido como uma alternativa que permite
aos enfermeiros alcanar um status profissional mediante a realizao de uma
Introduo_____________________________________________________________________________ 19
prtica cientfica; entretanto, muitas vezes, incorporado de forma ritualizada, como
se fosse um messias, ao qual, se seguirmos, estaremos salvos (FORD; WALSH,
1995).
Ochoa-Vigo (2001) destaca que, apesar da literatura apontar dificuldades na
aplicao do processo de enfermagem fundamental que os esforos sejam
direcionados para sua concretizao terico/prtica, visando assistncia
humanizada e cientfica. A autora complementa que dificuldades sempre existiram e
continuaro existindo, porm isso no justifica um trabalho meramente intuitivo e
rotineiro.
Para que o processo de enfermagem possa cumprir sua finalidade, este deve
ser entendido pela equipe de enfermagem como um facilitador do desenvolvimento e
avaliao da assistncia de enfermagem, visto que o registro parte fundamental
desse processo.
Sabemos que a documentao das atividades de enfermagem tem-se
constitudo um foco de ateno, pois na maioria das vezes realizada como um ato
automtico, o que no retrata a realidade dos fatos (DALRI; ROSSI; CARVALHO,
1999).
Howse e Bailey (1992), em seu estudo, procuraram examinar as atitudes dos
enfermeiros, quanto a resistncia documentao nos pronturios dos pacientes e
descobriram que existem fatores extrnsecos e intrnsecos relacionados a esse
problema. Os fatores extrnsecos, segundo esses autores, foram a inflexibilidade do
sistema de registro e a falta de tempo, e os fatores intrnsecos foram a falta de
confiana nas expresses escritas e dificuldades em articular a natureza da prtica
de enfermagem. Cabe ressaltar que, se uma ao no for registrada, legalmente ela
pode ser interpretada como no tendo sido realizada.
Introduo_____________________________________________________________________________ 20
Devemos lembrar que os registros no pronturio do paciente so fontes
inestimveis de dados e so utilizados por todos membros da equipe de sade
(DALRI; ROSSI; CARVALHO, 1999). O registro tem como finalidade comunicar
informaes sobre o paciente, possibilitar o ensino, a pesquisa, a realizao de
auditorias e a verificao dos aspectos legais (POTTER ; PERRY, 2004).
Como ressalta Ochoa-Vigo (2001), momento de entender e assumir os
registros de enfermagem no pronturio do paciente como parte integrante do
processo de enfermagem, compreendendo que as informaes de cuidados
prestados a forma para mostrar o trabalho, bem como para o desenvolvimento da
profisso.
Dalri, Rossi e Carvalho (1999) referem ser importante lembrar que os registros
de enfermagem retratam a prtica profissional e, portanto, esses padres devem ser
adotados como guia para a assistncia de enfermagem a ser realizada.
O registro das intercorrncias sofridas pelo paciente deve fazer parte da
prtica no exerccio de enfermagem, no apenas para efeito do acompanhamento
da sua evoluo, mas tambm como um meio eficaz de prova de que o profissional
de enfermagem prestou uma assistncia adequada. Quanto a esta realidade, impera
quase que um descaso nesse tipo de formalizao escrita de trabalho (BAUMANN,
1999).
Assim, entendemos que a prtica de enfermagem encontra-se diretamente
calcada em aspectos ticos e legais. Uma assistncia s estar completa quando for
registrada. O registro de enfermagem um elemento indispensvel e serve de
amparo e como prova das aes realizadas.
Um aspecto importante do registro de enfermagem que ele o reflexo da
prtica e, desse modo, implica em consideraes ticas. A tica, portanto, traz a
Introduo_____________________________________________________________________________ 21
reflexo sobre a conduta humana, sendo a biotica um exame crtico das dimenses
morais do processo de deciso no contexto de sade e contextos que envolvem as
cincias biolgicas (DALRI; ROSSI; CARVALHO, 1999).
Oguisso (1975), destaca que dever do pessoal da enfermagem a anotao
perfeita, isto completa, cabal e correta e o seu contedo no s das coisas
essenciais ou julgadas importantes, mas de tudo que se relaciona com o doente e
com a enfermagem. Ainda refora que o registro ou a perfeita anotao, nas
papeletas clnicas, de tudo quanto se relacionar com o doente e com a enfermagem
constitui um dos deveres legais de todo o pessoal de enfermagem.
Os registros de enfermagem sempre foram analisados quanto aos seus
aspectos ticos e legais e, h algumas dcadas, a qualidade e a quantidade desses
registros vm sendo motivo de estudos crticos, em face da responsabilidade cada
vez maior que os enfermeiros esto assumindo ante a necessidade de comunicar o
cuidado de enfermagem (NOBREGA,1980).
O cuidar, faz parte da natureza humana e tambm da essncia da profisso
de enfermagem, implica responsabilidade tica especial e reala o valor da pessoa.
Por desconhecimento da importncia dos registros, por desinteresse, por
displicncia ou por outros motivos, os profissionais de enfermagem no esto
zelando, convenientemente, pela adequao de suas anotaes, e este fato tem
levado enfermeiros a realizar pesquisas operacionais com o intuito de conhecer
melhor a realidade a fim sugerir medidas de aperfeioamento (NOBREGA, 1980).
O registro de enfermagem, como j citado anteriormente, um documento
imprescindvel para avaliao da assistncia de enfermagem; sua ausncia pode
levar a no-confiabilidade da assistncia prestada. Entendendo o registro como
parte integrante do processo de enfermagem, agora necessrio analisar sua
Introduo_____________________________________________________________________________ 22
importncia na PCR/RCP.
A qualidade dos registros da equipe de sade que atende PCR em um
hospital deve ser enfatizada nos treinamentos. O profissional de sade dever estar
capacitado para realizar uma avaliao sistematizada, pautada em bases cientficas
durante a RCP beneficiando, assim, a qualidade da assistncia prestada aos
pacientes, bem como garantindo respaldo legal das aes desenvolvidas durante o
atendimento PCR/RCP.
Por querermos abordar os registros de enfermagem relacionados
assistncia PCR, acreditamos que os profissionais de enfermagem, que atuam
diretamente nesta situao, deveriam registrar suas atividades fundamentadas nos
princpios ticos e legais.
O desejo de investigar os registros de enfermagem na assistncia
PCR/RCP, quanto aos aspectos ticos e legais das anotaes, vem da carncia de
pesquisa sobre o tema e da necessidade de analisar o tema acerca desses eventos.
Entendemos que registrar no tarefa fcil, porm sabemos que sua
importncia incontestvel, porquanto fornece subsdios para o desenvolvimento de
estratgias de planejamento do cuidado. Diante disso, aps questionamentos
levantados por ns na funo de enfermeira assistencial durante experincia
profissional e motivada pelo desejo de investigar esta temtica sentimos a
necessidade de empenharmo-nos nesta pesquisa.
Os resultados deste estudo possibilitaro aos profissionais de enfermagem
um conhecimento mais aprofundado acerca dos aspectos ticos e legais dos
registros de enfermagem no evento PCR/RCP.
Objetivos_______________________________________________________________________________ 23
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar os aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem em situao de atendimento PCR/RCP, nos pronturios de pacientes que foram a bito, em
um hospital escola do interior do Paran.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Identificar os registros de enfermagem quanto s atividades/procedimentos desenvolvidos a partir das orientaes de Du Gas (1988), no atendimento
PCR;
Identificar os registros de enfermagem quanto s diretrizes conciso/organizao recomendadas por Potter e Perry (2004), no atendimento PCR.
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 24
3 MARCO TERICO DE REFERNCIA
3.1 Parada cardiorrespiratria / Reanimao Cardiopulmonar
A primeira citao sobre manobras de reanimao pode ser encontrada na
Bblia, o que nos explicam Pottle e Brant (2000); Miecznikowski e Leite (1999), e
refere-se a Eliseu. Quando ele chegou a uma casa, encontrou um menino, morto,
estendido em sua cama. Ele adentrou, fechou a porta, orou ao Senhor, aproximou-
se da cama, estendeu-se sobre o menino, colocou sua boca sobre a do menino,
seus olhos sobre os dele, e suas mos sobre as dele, estendeu-se sobre ele e o
corpo do menino aqueceu-se. Eliseu comeou a andar de um lado para o outro.
Depois aproximou-se novamente da cama e estendeu-se sobre o menino, que
expirou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu solicitou que chamassem a Sunamita.
Ela foi chamada e entrou no quarto onde ele estava e Eliseu disse-lhe: Toma o teu
filho. Ela lanou-se a seus ps e prostrou-se por terra; depois tomou seu filho e saiu
(BIBLIA, 2001, p. 428).
A histria da RCP moderna tem sua origem nos trabalhos do professor Schiff,
no final do sculo XIX, a quem creditado o primeiro relato de uma reanimao
cardiopulmonar bem sucedida, realizada a massagem cardaca com trax aberto em
ces. Muito embora o primeiro caso de um ser humano sobrevivente de parada
cardaca, que foi reanimado com manobra cardiopulmonar a trax aberto, tendo sido
descrito por Kristian Ingelsrvd em 1901, a preocupao com a reanimao do recm-
morto to antiga quanto a prpria histria da humanidade (ARAJO, 1999).
O autor ainda comenta que desde a aplicao clnica, inicialmente descrita
em 1960 por Kouwenhoven et al., a RCP com trax fechado (RCP-TF) tem sido
larga e mundialmente utilizada no manuseio de pacientes em PCR. A massagem
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 25
com trax-fechado um mtodo simples e de fcil execuo, pois o prprio autor
afirmou em seu trabalho original: agora, qualquer um, em qualquer lugar, pode iniciar
as manobras de ressuscitao. Tudo de que se necessita so as duas mos
(ARAJO, 1999). Tal fato despertou grande interesse em todo mundo, uma vez que,
at ento, a reanimao cardiopulmonar s era realizada com trax aberto e,
portanto, impraticvel fora do ambiente hospitalar.
Pela simplicidade do mtodo e pela possibilidade de altas taxas de
reanimao com sucesso, criou-se, principalmente nos Estados Unidos, um grande
projeto de difuso e ensino da nova tcnica de RCP, principalmente para mdicos e
paramdicos, que mais tarde estendeu-se comunidade laica, em escolas e fbricas
(ARAJO, 1999).
Knobel (1998) define parada cardaca como a cessao sbita e inesperada
da circulao, em pacientes cuja expectativa de morte no existia. A reanimao
engloba todas as medidas teraputicas que visam a recuperao das funes
cardiocirculatrias, respiratrias e a preservao da integridade funcional do sistema
nervoso central.
Timerman e Cesar (2000) definem parada cardiorrespiratria (PCR) como a
interrupo sbita da atividade mecnica ventricular til e suficiente e da respirao.
Guyton e Hall (2002) afirmam que a parada cardaca uma anormalidade final do
sistema cardaco de ritmicidade e conduo. Ainda comentam os autores que a
parada cardaca tem maior probabilidade de ocorrer durante anestesia profunda,
momento em que vrios pacientes desenvolvem hipxia grave devido respirao
inadequada. A hipxia impede que as fibras musculares e condutoras mantenham
as diferenas normais das concentraes eletrolticas atravs de suas membranas e
sua excitabilidade pode ficar to afetada que a ritmicidade do automatismo
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 26
desaparece (GUYTON; HALL, 2002, p. 142).
Pazin-Filho et al. (2003) afirmam que a PCR uma situao dramtica,
responsvel por um elevado ndice de mortalidade, mesmo em situaes de
atendimento ideal. Na PCR, o tempo um fator extremamente importante,
estimando-se que a cada minuto que o indivduo permanea em PCR, significa 10%
de probabilidade de sobrevida perdida.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003), a principal causa de
PCR no adulto a doena coronariana. A doena de chagas pode levar a
importantes distrbios eltricos no corao. Os fatores pregressos mais importantes,
que acrescentam riscos, so: histrias de PCR; taquicardia ventricular (TV); infarto
do miocrdio; miocardiopatia dilatada; hipertenso arterial sistmica; cardiomiopatia
hipertrfica; sndrome do QT longo e sndrome de Wolf Parkinson White com
episdio de fibrilao atrial.
Em uma pesquisa, Timerman et al. (2001), no Instituto Dante Pazzanese,
sobre o prognstico de pacientes ps PCR, verificaram que dos 536 pacientes que
foram reanimados, 163 (30,4%) tinham como doena de base cardiopatias,
93(57,1%) dos quais na vigncia de infarto agudo do miocrdio, seguido por
miocardiopatia em 141 (23,3%) e por doena valvar cardaca em 111 (20,7%).
Quanto s causas da PCR, a predominante foi a insuficincia cardaca
congestiva, ocorrida em 295 (55%) pacientes, seguida pela arritmia primria em 88
(16,4%), pela insuficincia respiratria em 34 (6,3%) e pelo acidente vascular
cerebral em 31 (5,8%). Quanto modalidade inicial, Timerman et al. (2001) relatam
que, em 492 pacientes acompanhados, a assistolia ventricular ocorreu em 258
(48,1%), a fibrilao ventricular em 204 (38,1%), a PCR isolada em 20 (3,7%) e a
dissociao eletromecnica em 10 (1,9%).
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 27
Em um estudo, Potlle e Brant (2000), aps auditoria de pronturios em um
grupo de adultos, no perodo de janeiro de 1993 a dezembro de 1996, aps
avaliarem 367 casos, encontraram como ritmo inicial a fibrilao ventricular (FV), a
taquicardia ventricular (TV) 58,3%, a assistolia (21,7%), a dissociao
eletromecnica (EMD) 70% e outros 13,0%.
Sabemos que as arritmias cardacas so decorrentes de doenas do aparelho
circulatrio e estas so responsveis por um nmero significativo de bitos, como j
mencionado pelos autores citados. Reforando essa idia, encontramos um estudo
realizado no municpio de Londrina (PR) que divulga a causa dos bitos ocorridos no
ano de 2003:
[...] as doenas do aparelho circulatrio so responsveis por 31,8% do total dos bitos de 2003 registrados em Londrina. Isto significa que esse grupo o campeo nos coeficientes de mortalidade geral no municpio. Ano passado, foram registrados 2.513 bitos de residentes e ocorridos em Londrina (DOENA..., 2004, p. 3)
Dos 100% dos bitos, a maioria (73,5%) ocorreu com pessoas que tinham 50
anos ou mais; 19% tinha entre 20 e 49 anos; 3,3% tinha entre 5 e 19 anos; 0,8%
tinha entre 1 e 4 anos e 3,3% em menores de 1 ano. Quanto s causas especficas,
observa-se que as doenas cerebrovasculares so, em primeiro lugar, as do
aparelho circulatrio, com 11,2% das mortes (DOENA..., 2004).
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) esclarece que a etiologia da
PCR diversa, dependendo da idade. Assim as causas da PCR em crianas so
diferentes das que ocorrem em adultos. O mais comum a parada cardaca devida
parada respiratria, devendo-se menos de 10% dos casos fibrilao ventricular
(FV), geralmente associada a doenas cardacas congnitas. Por este motivo, a
sobrevida muito baixa.
Sanghavi e Shefler (2002) explicam que eventos danosos vida em crianas
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 28
que requerem RCP so relativamente espordicos, porm quando estes ocorrem h
necessidade de um conhecimento especfico, julgamento e habilidade.
Arajo, I. e Arajo, S. (2003) asseveram que o diagnstico da PCR de
extrema importncia. Complementa ainda que tambm os leigos deveriam saber
identificar uma PCR, em razo do pouco tempo necessrio, pois no se requer mais
que 10 ou no mximo 20 segundos para realizar o diagnstico e iniciar as manobras
de RCP.
Para Pazin-Filho et al. (2003), o diagnstico do PCR deve ser feito com
preciso e rapidez destacando-se uma avaliao sistematizada, mundialmente
reconhecida e aplicada, que pode ser identificada sob trs aspectos: responsividade,
respirao e pulso. (Figura 1).
SUSPEITA DE PCR
1- Responde PCR excluda
Testar responsividade
No responde
2-
3- Respira
No respira
Chamar ateno
Testar respirao
4- Pulso presente Parada Respiratria Testar pulso
PCR
Fonte: Pazin-Filho et al. (2003) Figura 1 DIAGNSTICO INICIAL DA PCR
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 29
Aps, descreveremos o esquema citado acima, pautado no referencial terico
de Pazin-Filho et al. (2003):
1. Testar a responsividade. A responsividade deve ser o 1 item a ser checado com
estmulo verbal e ttil. A vtima deve ser chamada pelo profissional que o assiste
com voz firme e em tom alto, garantindo dessa forma que a vtima seja capaz de
escutar o profissional. O estmulo ttil deve ser firme.
2. Quando o paciente no responder, necessrio que o profissional que est
atendendo a PCR chame por ajuda, que nesse caso significa a solicitao de
desfibrilador e de suporte avanado de vida. Aps a ativao do servio de
emergncia, o profissional dar seqncia ao atendimento.
3. Testar respirao. O profissional que est prestando assistncia ao paciente em
PCR deve levar em considerao que a vtima inconsciente apresenta
relaxamento da musculatura da base da lngua, que cai sobre a entrada da via
area, do que resulta que toda vtima inconsciente apresenta a via rea
obstruda. O profissional dever possuir este conhecimento, e a primeira
providncia para testar a respirao a manobra de desobstruo das vias
areas. Para isso existem duas manobras bsicas, que so: hiperextenso da
cabea e elevao do mento, ou elevao da mandbula. As duas so eficazes,
porm vale ressaltar que, na possibilidade de trauma cervical, a hiperextenso da
cabea proibida. Aps a abertura das vias reas, o profissional deve aproximar
o rosto face da vtima e VER se h expanso torcica, OUVIR checando se h
eliminao de ar pelas vias reas e SENTIR se o fluxo expiratrio vai de encontro
a seu prprio rosto. Se, por acaso, o paciente no respirar o profissional dever
iniciar a quarta etapa.
4. Testar pulso. Neste item o profissional dever investigar o pulso no stio
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 30
carotdeo devido ao fato deste ser o ltimo a desaparecer e o primeiro a ser
restabelecido numa situao de instalao e reverso de PCR. Na ausncia de
pulso, constata-se o diagnstico da PCR, caso em que iniciam-se as manobras
de suporte bsico de vida, que compreendem ventilao e massagem cardaca.
Essas manobras devem ser institudas rapidamente e s devem ser
interrompidas em trs situaes: para realizar a desfibrilao, para proceder
intubao orotraqueal e para a infuso de medicao na cnula orotraqueal.
Born et al. (2003) relatam que o atendimento da PCR realizado em vrias
etapas, que vo desde o reconhecimento dos sinais da PCR at o incio das
manobras mais avanadas de reanimao. Segundo Vieira e Timerman (1996), o
tratamento da PCR recebe diferentes denominaes, as quais so: ressuscitao
cardiopulmonar, ressuscitao cardiorrespiratria (RCP), reanimao
cardiorrespiratria, reanimao cardiopulmonar, reanimao cardiorrespiratria
cerebral; todas elas corretas. Os autores dizem que a expresso mais utilizada em
nosso meio e que foi adotada no Consenso Nacional de ressuscitao
cardiorrespiratria ressuscitao cardiorrespiratria (RCP).
O atendimento tradicional, o suporte bsico de vida Basic Life Suport (BLS),
consiste em oxigenao e perfuso de rgos vitais por meio de medidas simples.
Born et al. (2003) ressaltam que, dada importncia da rapidez da reverso da
taquicardia ventricular ou fibrilao ventricular, a desfibrilao tambm includa
neste item. Aps a confirmao da inconscincia e reconhecida a PCR, d-se incio
aos procedimentos primrios como ABCD primrio da reanimao. O ABCD primrio
a abordagem inicial de avaliao e ao no atendimento emergncia, devendo
cada passo ser avaliado antes de se avanar prxima etapa. A letra A significa
manter vias areas permeveis, B boa respirao, devendo o socorrista realizar
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 31
ventilaes por presso positiva, C manter uma boa circulao, que pode ser
mantida de forma imediata atravs das compresses torcicas, D significa
desfibrilar, ou seja, aplicar o choque, se necessrio (BORN et. al, 2003).
A equipe de enfermagem deve estar atenta a este diagnstico da PCR, e
desta forma pode estabelecer medidas teraputicas destinadas a manter os rgos
vitais em funcionamento, prevenindo leses cerebrais muitas vezes irreversveis
(MIECZNIKOWSKI; LEITE, 1999). Neste caso, conforme esquema da Figura 1,
checar responsividade identificar ou reconhecer se o indivduo responde. Glanville
(2002), diz, em seu artigo, que a enfermeira conta com um recurso que auxilia na
identificao de alteraes cardacas, o eletrocardiograma (ECG). Como se sabe,
no adianta ter recursos tcnicos sofisticados, se os recursos humanos no
estiverem habilitados para utiliz-los. Desta forma, vale salientar que a interpretao
do ECG uma habilidade avanada na enfermagem, componente integral e
indispensvel em todos os programas educacionais, visto que a competncia para
interpretao do ECG no requer somente conhecimentos visuais dos ritmos, mas
sim conhecimentos dos mecanismos responsveis pela formao ou conduo dos
impulsos alterados. Neste mesmo artigo, relata que os estudantes conseguem
descrever verbalmente as arritmias, mas falham na prtica no conseguindo
visualiz-las, devido s dificuldades em associar a base anatmica a eventos visuais
simultaneamente.
O enfermeiro o responsvel pela assistncia do paciente que chega em
estado crtico e quem facilita todo o atendimento, por meio do preparo, da
organizao do ambiente, de recursos humanos e materiais utilizados. A
monitorizao do paciente proporciona informaes qualitativas como saturao de
oxignio, dbito cardaco, presses intravasculares, fluxo sanguneo e volume
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 32
cardaco. Porm, esses dados so analisados de acordo com o quadro clnico do
paciente (ARAUJO, I.; ARAUJO, S.,2003).
Muito lenta
Responsivo Observe Trate como indicado
Coloqse no
Hipotedem
No Responsivo Ative SME Pea um desfibrilador Avalie a respirao (abrir VAS, ver ouvir, sentir)
Causa susp
Respirao d Oxignio Veia Sinais vitais
IAM
Arritmia
Avaliar Responsividade
Fonte: Cummins (2002
Figura 2 - ALG
Se as manob
Muito Rpida
Fibrilao / taquicardia ventricular (FV / TV) presente no monitor / desfibrilador
FV / TV
Atividade eltrica?
No Respirando Faa 2 ventilaes lentas Avalie a circulao
Respirando ue em posio de resgate, houver trauma
enso / choque / a agudo pulmonar
Intubao endotraqueal Histria Exame fsico Monitor, ECG 12 derivaes
Inicie RCP
Intube Conforme a posio do tubo;
considere indicador de CO2 expirado
Confirme as ventilaes
eita
e resgate
A
)
ORITMO UNIVERSAL PARA A
ras de reanimao no fotividade eltrica sem pulso
DULTO: atendimento de emerg
rem imediatamente realizadaAssistolia
ncia
s pouco
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 33
provvel que se tenha sucesso com o paciente em PCR. A equipe de sade que
trabalha em unidades de emergncia deve conhecer as tcnicas e as etapas do
ACLS que so identificadas atravs do algortimo (Figura 2).
Gomes (1994) refere que a enfermeira, responsvel pela coordenao da
equipe de enfermagem, deve possuir uma slida fundamentao terica, que lhe
permita lidar com diferentes patologias ou causas externas que coloquem o homem
em risco de perder a vida, ter capacidade de liderana, discernimento, iniciativa,
maturidade e estabilidade emocional. de suma importncia uma constante
atualizao desses profissionais, pois so requeridas habilidades que permitam agir
em situaes inesperadas e de forma objetiva e sincronizada com a equipe de
sade.
Arajo, I. e Arajo, S. (2003) destacam, em seu estudo, que durante a PCR o
fluxo sanguneo encontra-se baixo quando so realizadas apenas manobras
tradicionais, e enfatiza que, dentro do suporte avanado de vida em cardiologia
Advanced Cardiologic Life Suport (ACLS), a administrao de frmacos especficos
merecem destaque, uma vez que melhoram a eficcia das manobras contribuindo
para o aumento do fluxo sanguneo e restabelecimento do paciente.
fundamental que o enfermeiro entenda a relevncia de suas aes no
atendimento PCR procurando capacitar-se cientificamente, para desenvolver suas
habilidades, com conhecimentos das novas metodologias de atendimento PCR.
Assim, os pacientes que estaro sob seus cuidados, recebero assistncia de boa
qualidade.
Seguindo a mesma linha de raciocnio, ou seja, referente capacitao desse
profissional, Glanville (2002) relata que foi desenvolvido um programa de
computador capaz de demonstrar eventos anatmicos e eletrofisiolgicos
simultneos e de facilitar o aprendizado da equipe de sade. Este recurso apresenta
representaes grficas de arritmias cardacas selecionadas e tambm uma
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 34
animao concomitante ilustrando a distribuio dos impulsos cardacos. O
enfermeiro, deve, tambm, alm de capacitar-se cientificamente, conhecer seus
aliados como, por exemplo, o carro de emergncia, que exerce um papel
fundamental na PCR, devendo o mesmo estar suprido e organizado com materiais,
medicamentos e equipamentos para serem utilizados assim que necessrio.
A manuteno do carro de emergncia deve dar-se de forma sistematizada,
sendo de extrema importncia que este se encontre organizado para garantir um
perfeito funcionamento, quando se fizer necessrio (ARAJO, I.; ARAJO, S.,
2003). Como refora Nbrega (2002), esse carro de emergncia um dispositivo
necessrio e indispensvel para subsidiar o atendimento PCR e RCP. Localiz-lo
simplesmente pouco. necessrio conhec-lo, manipul-lo, para saber utiliz-lo
em situao de emergncia.
A equipe de sade deve estar apta para realizar RCP que tem por finalidade
restaurar a funo cardiocirculatria e respiratria, preservando a vida e limitando
seqelas. Porm, como destacam Serrano-Jr; Safir-Jr e Timerman (1998), muitas
vezes difcil decidir quando indicar ou no, ou, mesmo, quando interromper a
reanimao.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) explica que existem algumas
situaes em que se autoriza a interrupo das manobras de ressuscitao. O
princpio bsico considerar que as manobras RCP esto sendo realizadas
adequadamente; dessa forma, em situao em que h ausncia de
restabelecimento cardiocirculatrio, usualmente, aps 30 minutos de RCP
interrompe-se o procedimento, exceto nos casos de hipotermia. Apesar de ser uma
recomendao geral, outros fatores e ou situaes devem ser levados em
considerao para saber quando interromper as manobras de RCP, as quais so:
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 35
antecedentes familiares e histria prvia; causa da PCR, mecanismo da PCR; local
de ocorrncia; presena de testemunha; tempo dos sintomas; tempo de chegada do
socorro especializado; tempo de ressuscitao pr-hospitalar.
Cummins (2002) pautado nas orientaes da American Heart Association diz que
h situaes em que se decide interromper a RCP e se recomenda utilizar o senso
comum de julgamento racional em circunstncias incomuns. As orientaes para
suspender manobras de RCP so:
A vtima responde, recuperando o pulso adequado e voltando a respirar; Um profissional treinado est presente e assume a responsabilidade pela
situao;
Quando os socorristas estiverem exaustos para continuar RCP ou os mesmos estiverem colocando em risco sua vida, exemplo, quando as manobras de RCP
estiverem sendo realizadas,durante a aterrissagem, no hesitar em cessar as
manobras de RCP. Nesse caso interrompam-se as manobras de RCP, ocupem-
se os assentos mais prximos e coloque-se o cinto de segurana;
Quando um profissional mdico mandar suspender o procedimento; Quando sinais bvios de morte estiverem presentes.
Segundo Santos (1992), o problema das manobras de RCP identificar
quando seja lcito praticar e quando seja lcito suspender a reanimao
No caso de parada cardaca, a reanimao, a rigor, deve ser praticada, no obstante a irreversibilidade do dano cerebral, pelo fato de que possvel fazer pulsar o corao com a mquina, ou, pelo menos, no deve ser suspensa (sob pena de responsabilidade por homicdio omissivo), enquanto no venha definitivamente cessar a sobrevivncia artificial da atividade cardiorrespiratria, apesar do artifcio mecnico (SANTOS, 1992, p. 166).
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) explica que existem situaes
em que no h indicao nem mesmo para iniciar as manobras de RCP. So elas:
Quando se trata de uma doena incurvel e o mdico encontra-se apto para
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 36
afirmar que se trata de uma doena terminal. Neste caso, discuta-se,
amplamente com a famlia e, eventualmente, com o paciente, e se obtenha a
ordem expressa de no ressuscitar, pois, diante de uma situao de PCR, o
socorrista estar autorizado a no proceder s manobras de RCP, ou, at
mesmo, a interromp-la.
Uma outra situao para no realizar as manobras de RCP seria quando h evidentes sinais de deteriorizao dos rgos, caracterizando-se morte biolgica.
A AHA explica que a ordem para no realizar a reanimao na eventualidade
de uma aparente parada cardaca conhecida como ordem de No tentar a
ressuscitao Do-not-Resucitate ordens (DNR) (CUMMINS, 2002).
O mesmo autor baseado nas orientaes da AHA em relao aos sinais
claros de bito. Os mais confiveis so:
Livedo postural: erupes cutneas, pretas e azuis ou descolorao avermelhada da pele: comeam minutos aps a morte.
Rigor mortis: uma contrao, ps-morte, da musculatura sem relaxamento; isto causa uma rigidez identificada primeiro no pescoo e maxilar.
Algo mortis, queda constante da temperatura corporal aps a morte. Leses incompatveis com a vida. Outras razes para no tentar a reanimao esto relacionadas ao perigo para a
segurana do socorrista, objees familiares e ordens escritas de DNR ou
desejos em vida que paream no-oficiais ou informais.
Arajo, I. e Arajo, S. (2003) comentam que a difcil deciso de encerrar ou
no as manobras de RCP cabe ao mdico, pois ele o responsvel legal pelo
paciente durante o atendimento. Se aps um perodo de 20 a 30 minutos de Suporte
Avanado em RCP, no se conseguir a recuperao da funo cardaca
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 37
espontnea, as manobras podem ser suspensas. O tempo de reanimao pode ser
prolongado de 40 a 60 minutos ou mais, desde que haja indcios de que a funo
cerebral ainda esteja preservada (miose ou pupilas fotorreagentes, presena de
esforos respiratrios, etc.). Os autores ainda comentam que, em situaes em que
existe ausncia efetiva de recuperao das funes cerebrais, como midrase no-
responsiva, apnia, traado isoeltrico no eletroencefalograma (EEG), as manobras
devem ser suspensas.
Em relao s ordens de no ressuscitar relacionada ao processo cirrgico,
Goldberg (2002) relata que no pr-operatrio no necessrio que o paciente
explicite a ONR, pois neste perodo so realizados exames laboratoriais, raio X,
eletrocardiograma que geralmente conseguem estabelecer a capacidade do
paciente para tolerar o procedimento cirrgico sem correr risco de vida. Durante o
procedimento cirrgico, a presso sangunea, o ritmo cardaco, a concentrao de
oxignio sanguneo so monitorados constantemente por equipamentos que
detectam imediatamente qualquer alterao auxiliando no diagnstico de
intercorrncias, o que possibilita uma conduta mais gil.
Roberts (2002) cita outro aspecto importante relacionado autonomia do
paciente, a ser considerado na RCP, definindo-o como direito da escolha ou
autogoverno e tambm como respeito ao ser humano. O paciente tem o direito de se
manter informado sobre sua real situao. Essa informao necessria para
garantir seu direito e resguardar-se das conseqncias de suas decises. Nos
Estados Unidos, existe uma Lei de Autodeterminao do paciente, de 1991, que
reconhece o direito de um indivduo tomar decises em relao aos cuidados
mdicos, que lhe so prestados incluindo os cuidados no final da vida; nela se
registra que o paciente tem direito a recusar ou a aceitar o tratamento. Porm, isso
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 38
leva a um dilema, ou seja, por um lado o paciente tem o direito de decidir se quer ou
no ser reanimado (DNR), por outro a conduta recomenda ressuscitar (reanimar)
(CUMMINS, 2002).
Roberts (2002) ressalta, ainda, que cada instituio tem uma poltica prpria
para tal evento, mas esta geralmente vaga e no exata. Esse mesmo autor afirma
que as enfermeiras defendem tanto a idia de reanimao, quanto a presena de
familiares no momento desse evento.
A Constituio Federal no Captulo I dos Direitos e Deveres individuais e
coletivos no art. 5, estabelece :
Todos so iguais perante a lei sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana (CAHALI, 2004, p. 20).
A PCR um evento que pode ocorrer nas diversas clnicas, em qualquer
lugar e com pacientes de diferentes idades. Estudo realizado por Pietro et al. (2002),
avaliando diferentes formas de manobras de RCP, em gestantes, constatou que
diferentes fatores podem influenciar na eficcia da reanimao cardiopulmonar de
gestantes, uma vez que essa clientela possui caractersticas peculiares como
mudanas psicolgicas, idade gestacional, deslocamento uterino e obstruo dos
canais respiratrios pela compresso do externo, exigindo atendimento peculiar.
Os autores assinalam que o evento PCR incomum durante a gravidez,
porm, se ocorrer, necessrio que a equipe esteja capacitada para proporcionar
um atendimento rpido e eficaz.
Arajo I. e Arajo, S. (2003) mostraram que, aps o atendimento de uma
PCR, comum no se encontrarem registros de enfermagem sobre o incio do
evento e sua conduo, sendo mais freqentes registros da hora da PCR e do bito;
h uma lacuna das demais informaes como a quantidade e os tipos de drogas
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 39
utilizadas, os ritmos cardacos apresentados, o nmero de choques liberados.
A equipe de sade, de forma geral, deve estar atenta para sua
responsabilidade de maneira global e no, simplesmente, centrar-se na execuo de
tarefas. Assim um procedimento s ser considerado vlido se estiver registrado de
forma adequada e no documento apropriado. Os registros de enfermagem podem
garantir maior confiabilidade assistncia prestada aos clientes.
O potencial de utilizao deste conhecimento em PCR e RCP por parte da
equipe de enfermagem, em especial do enfermeiro, pressupe que os objetivos da
assistncia de enfermagem sero alcanados por meio das habilidades tcnico-
cientficas, do pensamento crtico e reflexivo, que enfatizam a conscincia e a
responsabilidade da equipe para salvar vidas.
3.2 REGISTROS DE ENFERMAGEM
Neste tpico vamos apresentar uma viso geral acerca dos registros de
enfermagem e examinar os conceitos e aspectos essenciais para a documentao
de enfermagem.
O registro de enfermagem um tipo de comunicao necessria para o
exerccio da profisso. Bittes Junior e Mateus (2000) definem a comunicao como
um ato intrnseco do existir humano. Mesmo antes de nascer j estamos
transmitindo e recebendo mensagens. Vrios autores chegaram a afirmar que o
existir no mundo s possvel quando nos comunicamos.
Bittes Junior e Matheus (2000) argumentam que para comunicar-se
verdadeiramente, h uma srie de implicaes de aspectos complexos que, se no
estiverem claros para as pessoas que esto se comunicando, podem gerar
desentendimentos e at fazer fracassar as relaes entre elas.
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 40
Existem vrias formas de comunicao. Entre elas temos a oral e a escrita e a
interpretao a grande responsvel pelo sucesso ou fracasso deste processo de
comunicao. Na enfermagem, as duas formas de comunicao, anteriormente
mencionadas, so muito utilizadas e, devido a isso, muitos desentendimentos
acontecem, pois a linguagem fortemente influenciada pela cultura e grande parte
dos conflitos e incomunicaes, que ocorrem entre as pessoas, tem como origem a
prpria linguagem (BITTES JUNIOR; MATHEUS, 2000).
A comunicao um instrumento de fundamental importncia para o
desenvolvimento da metodologia da assistncia de enfermagem, ela
compreendida como um conjunto de sinais verbais e no-verbais que so emitidos e
percebidos com a inteno de expor idias de torn-las comuns; ela representa a
base da sustentao para as aes de enfermagem (WESTPHALEN ; CARRARO,
2001).
Os mesmos autores referem que, entre as atribuies da enfermagem, os
registros ocupam um papel relevante. O registro um elemento importante para a
avaliao dos procedimentos implementados, porquanto sustenta a continuidade do
cuidado, o acompanhamento e a anlise da evoluo do estado de sade do
paciente. A partir da avaliao das anotaes possvel determinar quais aes
foram efetivas e quais no foram to efetivas. Diante dos dados registrados, a
enfermeira deve fazer julgamento das aes realizadas, reformulando, se for o caso,
o plano de cuidados.
O registro representa a comunicao escrita dos fatos essenciais, de forma a
manter uma histria contnua dos acontecimentos ocorridos durante um perodo de
tempo (DU GAS, 1988).
Sistematizar as orientaes para a confeco dos registros, alm de trazer
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 41
visibilidade para a enfermagem, tambm serve como documento legal, que ampara
os profissionais de enfermagem, como prova de que o paciente recebeu a
assistncia devida. O registro tambm fornece dados para a identificao da
responsabilidade profissional sobre as aes e constitui a base dos dados para
pesquisas com diferentes enfoques, j que o mesmo envolve sentimentos,
percepes e julgamento que contribuem para a construo do conhecimento da
profisso (WESTPHALEN; CARRARO, 2001).
Por outro lado, Daniel (1981, p. 91), discorre a importncia das anotaes em
enfermagem que no seu entendimento servem para:
[...] relatar por escrito as observaes do paciente ou cliente; contribuir com informaes para fazer o plano de cuidados de enfermagem; servir de elementos para pesquisa; fornecer elementos para a auditoria de enfermagem; servir para a avaliao dos cuidados de enfermagem prestados (quanto qualidade e continuidade); servir como fonte para a aprendizagem.
O registro, desde que realizado de forma objetiva, completo e claro,
possibilitar que qualquer enfermeiro tenha condies de dar continuidade ao
cuidado do paciente, visto que ter dados suficientes do estado geral do paciente.
Dessa forma poder reconhecer as alteraes da condio do cliente, avaliando e
comparando os resultados colhidos com os resultados esperados, podendo reavaliar
o plano de cuidado e implement-lo, se necessrio. O registro a prova legal do
cuidado prestado (KALINOWSKI, 2001).
Ochoa-Vigo, Pace e Santos (2003), num estudo realizado em uma unidade
especializada do interior do Brasil, verificaram as diferenas do registro de
enfermagem em trs perodos relacionados com a implementao do Processo de
Enfermagem. Os autores explicam que os resultados obtidos indicam uma forte
tendncia de melhoria das anotaes de enfermagem no perodo em estudo.
O registro de enfermagem a base que sustenta as aes realizadas. Deve,
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 42
por conseguinte, ser construdo fidedignamente seguindo critrios. Para isso
buscamos subsdios em alguns autores. Du Gas (1988), em seu livro de
Enfermagem Prtica, d orientaes quanto elaborao dos registros de
enfermagem, sugerindo o seguinte roteiro:
1. Exatido: o enfermeiro deve registrar com exatido e honestidade todas as
intercorrncias, devendo o registro da hora ser preciso; todos os procedimentos,
e medicamentos devem ser registrados imediatamente aps sua administrao e
nunca antes. Quanto s observaes, estas devem ser minuciosamente
descritas; por exemplo, a dor do paciente.
2. O pronturio um documento legal; no permitido rasuras. Quando isso
ocorrer, deve-se recorrer s orientaes da prpria instituio, pois cada
instituio possui mtodos para corrigir.
3. Outro ponto a ser observado se os cabealhos das folhas do pronturio esto
preenchidos corretamente.
4. Conciso: Os registros devem ser concisos e completos. Palavras a mais, como
paciente, podem ser eliminadas, pois evidente que o registro refere-se ao
paciente.
5. Legibilidade: Os pronturios podem ser datilografados, digitados ou manuscritos,
desde que a escrita seja legvel. Deve-se utilizar tinta, visto que o lpis no
proporciona um registro permanente. Aps preencher o registro do paciente
necessrio que a equipe de enfermagem assine seu nome, cargo ocupado e
registro do Conselho Regional de Enfermagem (COREN).
Du Gas (1988) ressalta que geralmente as anotaes dos enfermeiros servem
para registrar e transmitir cinco categorias de informaes, as quais so:
1. As medidas teraputicas executadas pelos vrios membros da equipe de sade;
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 43
2. As medidas prescritas pelo mdico e executadas pela enfermagem;
3. Procedimentos de enfermagem no prescritos pelo mdico, porm executados
pela enfermeira, para atender as necessidades especficas de um paciente;
4. O comportamento e outras observaes relativas ao paciente, consideradas
pertinentes a sua sade;
5. Respostas especficas do paciente terapia e assistncia;
Em muitos servios mantido, tambm, nas anotaes dos enfermeiros, o
registro das orientaes dadas aos pacientes. Seguindo a mesma linha de
raciocnio, outros autores acrescentam outros critrios. Os autores Iyer, Taptich e
Losy (1993) destacam que os registros de enfermagem devem seguir a
apresentao e especificidade do contedo e fazem orientaes para elaborao
desses registros.
1. Que seja realizada de modo objetivo, sem preconceito, valores, julgamentos ou
opinies pessoais. Quanto s informaes subjetivas fornecidas pelo cliente e
familiares ou at mesmo por outros membros da equipe da sade, estas devem
ser consideradas, porm, ao se registrarem esses tipos de informaes, devem-
se utilizar aspas.
2. Descries ou interpretaes de dados objetivos devem ter apoio em
observaes especficas e concretas das situaes do cliente. Ex: deprimido,
senta-se em quarto escuro, esporadicamente inicia um dilogo.
3. Os termos que generalizam, inclusive termos vagos, como bom, regular, comum,
normal no devem ser utilizados. Tais termos do azo a mltiplas interpretaes,
dependendo do ponto de vista do leitor.
4. Os achados devem ser descritos do modo mais completo possvel, o que inclui a
definio de caractersticas como forma, tamanho, cor, textura e temperatura,
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especificando-se os dados de modo concreto e objetivo Ex: descrio de uma
lcera de decbito.
5. Registrem-se os dados de modo claro e conciso, evitando-se informaes
desnecessrias, frases longas e sem objetividade.
6. Escrever de modo legvel com tinta indelvel. Os erros na documentao devem
ser corrigidos de modo a no ocultar o registro inicial; porm, se eventualmente
ocorrer o mtodo comumente utilizado, incluem-se traado de uma linha sobre o
item incorreto, a escrita de registro incorreto e a efetivao do registro. O uso de
dispositivos como: corretivos, borrachas ou linhas cruzadas para ocultar o
registro no permitido.
7. Os registros devem estar gramatical e formalmente corretos. O enfermeiro deve
utilizar somente abreviaes aprovadas em seu trabalho especfico. Termos
como gria, clichs e rtulos devem ser evitados a no ser que seja uma citao
direta do cliente/ famlia.
Sanghavi e Shefler (2002), em uma pesquisa realizada numa unidade de
cuidados intensivos e servios de urgncia de um hospital tercirio, tiveram como
objetivo identificar a qualidade dos registros em pronturios de crianas que
sofreram PCR. Observaram que inconsistncias e omisses podem ocorrer quando
vrios membros de uma equipe com diferentes papis e responsabilidades
documentam o mesmo evento clnico. As autores relataram que h prejuzos na
documentao quanto aos detalhes (hora, data, localizao, profissional) e que
tambm no aparecem os registros das estratgias teraputicas empregadas e o
intervalo de tempo crtico. Quanto s doses de drogas e freqncia da
administrao estas fazem parte de preocupaes particulares, pois no devem ser
consideradas como medicao comum. Alm disso, o registro a nica prova de
Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 45
que o paciente recebeu os medicamentos e o atendimento adequado.
O assunto de registros de dados em estabelecimentos de sade no um
problema novo; est diretamente relacionado com a medicina legal. Ita Kelly citada
por Sanghavi e Shefler (2002), relata que o Conselho de Reanimao do Reino
Unido est atualmente comprometido com a auditoria de reanimao peditrica.
Qualquer dvida quanto ao atendimento apurada detalhadamente nos registros
quanto s decises teraputicas e tempo da reanimao cardiopulmonar.
As questes referentes aos estudos sobre registros de enfermagem em PCR
e RCP foram pesquisados por Cooper e Wakelam (1999), Arajo, I. e Arajo, S.
(2003), Guimares et al. (2003), Cummins et. al. (1997) os quais destacam os
diversos itens que devem ser anotados no evento PCR/RCP.
A enfermagem requer que os enfermeiros registrem e documentem a
assistncia prestada ao indivduo em situao de PCR e RCP como
desenvolvimento, responsabilidade tica e moral no desempenho do trabalho.
Registrar e documentar sistematicamente um evento dessa magnitude e
complexidade implica em cuidados diretos prestados a essa pessoa.
O registro das informaes vital para possibilitar estudos futuros e para dar
apoio efetivo ao desenvolvimento de novas pesquisas. Deve, tambm, auxiliar no
desenvolvimento de novas estratgias que possam ser desenvolvidas no evento da
PCR/RCP.
Baumann (1999, p. 9) explica:
[...] a conduta do profissional de Enfermagem, por sua natureza, permite e requer formalizao, o que realizado principalmente, por meio das anotaes no pronturio do paciente. Sua falta, na maioria das vezes, dificulta o exerccio da proteo dos seus direitos, quer administrativamente, quer judicialmente.
O registro um documento legal. Dessa forma no so permitidas rasuras ou
alteraes. Se ocorrerem criam suspeitas de que algum tentou encobrir
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informaes. Se houver a necessidade de fazer qualquer tipo de correo, o
profissional deve consultar as orientaes da instituio.
Sendo assim, Potter e Perry (2004) sugerem algumas orientaes a respeito de
como realizar os registros no pronturio do paciente:
1. No deixar espao em branco em uma anotao;
2. Registrem-se apenas os fatos;
3. importante que a informao registrada seja verdadeira e completa;
4. As anotaes feitas em um pronturio devem ser legveis e escritas tinta;
5. O profissional de enfermagem no deve confiar na memria ao registrar a
informao;
6. Se o profissional questiona uma prescrio, ele dever registrar o fato;
7. Registrem-se sempre as prprias aes e no as praticadas por outra pessoa,
pois o profissional tem responsabilidade pela informao registrada no pronturio.
Os profissionais de enfermagem devero realizar um registro objetivo e
conciso; alguns minutos extras para registrar uma descrio legvel podero evitar
horas de uma corte judicial.
3.3 TICA NA ENFERMAGEM
Para prestar uma assistncia de enfermagem com qualidade necessrio
conhecimento das leis, resolues, decretos que regem o exerccio profissional de
enfermeiros, tcnicos e auxiliares de enfermagem (COREN-SP, 2000).
Nesse contexto, buscando subsdio para discutir sobre a tica na
enfermagem, procuramos destacar conceitos, definies de alguns autores e
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descrever as leis que subsidiam a temtica.
A tica um termo genrico para vrias formas de entender e analisar a vida
moral. Entre as abordagens da tica, algumas so normativas (ou seja, apresentam
padres de aes boas ou ms), outras so descritivas relatando aquilo em que as
pessoas acreditam e suas condutas (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).
importante ressaltar as conceituaes sobre tica. A palavra vem do grego
Ethos que significa costume, carter. Portanto, tica o estudo dos costumes.
Costumes so hbitos de uma pessoa, um povo, uma comunidade; podem ser
definidos como procedimentos corretos, mas a dificuldade encontrada est em
discernir qual definio pode ser considerada como certa (ROBERTS, 2002).
O termo tica provm do lexema grego ethos que, quando pronunciado com
e breve, significa hbito, e quando pronunciado com e longo significa morada,
costumes, carter. Aristteles empregou ethik com o sentido de investigaes
sobre as propriedades de carter, quando realizava suas averiguaes tericas
sobre questes do bem e do mal, da virtude e do vcio (SGRECCIA, 1996)
Entende-se por moral (substantivo) o conjunto de costumes ou hbitos de um
indivduo ou de um povo, regido por um princpio muito genrico de bem ou de
correto enquanto, por tica, compreende-se tambm o conjunto de princpios ou
regras avaliados com rigor e conscincia crtica (PETROIANU, 2000).
Para Petroianu (2000), a conscincia moral pode ser entendida como ponto
de referncia para um conjunto de experincias: perceber os valores morais, sentir o
chamado do dever, sentir a satisfao do dever cumprido ou, ao contrrio, a
experincia do remorso.
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Sgreccia, 1996, p.152 diz:
O valor moral em particular especifico das atividades humanas e da experincia moral, denotando a qualidade ou perfeio de uma ao ou de uma conduta enquanto de acordo com o bem ou a dignidade da pessoa humana.
Na rea mdica a tica pode ter implicaes mais srias. Os enfermeiros
devem prestar atendimento ao paciente de forma integral, no fazendo julgamentos
pessoais. O cuidado no pode ser reduzido ou simplesmente negado pelo fato do
enfermeiro acreditar que o paciente no est sendo cooperativo, est sendo mal-
educado ou que no vale a pena prestar o atendimento (PETROIANU, 2000).
Segundo Pessini e Barchifontaine (2000), a Biotica definida como estudo
sistematizado da conduta humana no mbito das cincias da vida e da sade,
devendo essa conduta ser examinada com base nos valores e princpios morais.
Beauchamp e Childress (2002) explicam que a biotica pode apresentar-se
como uma importante rea a ser estudada devido aos avanos da cincia,
principalmente na rea mdica. Os problemas que surgem tm afetado, de forma
intensa, a vida dos seres humanos. Assuntos abordados como aborto, eutansia,
clonagem e o direito integralidade do cdigo gentico so temas que constituem o
centro das discusses dessa parte aplicada da tica que estuda a vida tanto na sua
origem, como no seu desenvolvimento e no seu fim.
Os autores complementam que, para justificar algumas prticas e posies,
necessrio buscar argumentos sustentados por alguma teoria. Relatam tambm que
a filosofia contribui, de forma muito importante, no debate sobre questes
biomdicas, pois, alm de problematizar as questes, tambm fornece as bases
para as teorias que hoje se apresentam como predominantes na tentativa de
fundamentar a biotica.
Esses mesmos autores questionam sobre o que moralidade, dizendo que
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podemos ser tentados a responder que a moralidade uma teoria sobre o certo e o
errado. Chamam-nos a ateno ressaltando que as palavras tica e moralidade no
devem ser confinadas no contexto terico.
Teoria, tica e filosofia moral so os termos apropriados para se referir a reflexo filosfica sobre a natureza e a funo da moralidade. O propsito de uma teoria o de aumentar a clareza, a ordem sistemtica e a preciso dos argumentos nas nossas reflexes sobre a moralidade. (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002, p. 19)
Deve-se entender o termo moralidade como referente a padres sociais sobre
comportamento humano certo ou errado, convenes amplamente partilhadas e que
formam um consenso comum estvel (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).
Frankena (1969) apresenta em seu livro, no captulo Moralidade e Filosofia
Moral, o posicionamento de Scrates, explicando que o princpio de um estudo deve
seguir algumas orientaes:
1- No devemos permitir que nossas decises sejam afetadas pela emoo;
importa que equacionemos o problema e perante ele nos definamos segundo a
melhor ponderao. Devemos tratar de reunir os fatos e de conservar claro o
esprito. Problemas devem ser resolvidos com o auxlio da razo.
2- No cabvel solucion-los recorrendo ao consenso geral. Os autores podem
errar. E cabe a ns encontrar respostas que consideramos corretas. Devemos
pensar por ns mesmos.
3- Jamais devemos agir de forma moralmente errada. S nos cabe indagar se o que
se prope certo ou errado e no quais sero as conseqncia que teremos que
enfrentar, ou o que pensam a nosso respeito ou como nos sentimos em face ao
ocorrido.
O enfermeiro deve dar suporte ao paciente, deve falar dos seus direitos e
escolhas, deve ajudar a "clarear" suas decises em busca de seus interesses,
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protegendo seus direitos bsicos como pessoa, com privacidade e autonomia
(HAMRIC, 2000).
Hancock (1997) afirma que a qualidade do cuidado com os pacientes
permanece como central para os profissionais de enfermagem. Ocupa um foco
primrio. Os profissionais de enfermagem chegam muitas vezes a se preocupar com
o paciente antes que consigo mesmos. O autor relata que os cdigos ticos para a
enfermagem descrevem a prote