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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRO PRETO

    ROSANA CLAUDIA DE ASSUNO

    Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em

    hospital escola do Paran

    RIBEIRO PRETO 2005

  • ROSANA CLAUDIA DE ASSUNO

    Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em

    hospital escola do Paran

    Dissertao apresentada rea de Enfermagem Fundamental do Programa de Ps-Graduao do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em Enfermagem.Linha de Pesquisa Processo de Cuidar do Adulto com Doenas Agudas e Crnico-Degenerativas.

    Orientadora:Profa. Dra.Maria Clia Barcellos Dalri

    RIBEIRO PRETO 2005

  • FOLHA DE APROVAO

    Rosana Claudia de Assuno

    Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em um hospital escola do Paran

    Dissertao apresentada Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Mestre em Enfermagem. rea de Concentrao: Enfermagem Fundamental.

    Aprovado em: _____/_____/_____

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr.:________________________________________________________________________

    Instituio: ___________________________ Assinatura: ________________________________

    Prof. Dr.:_________________________________________________________________________

    Instituio: ___________________________ Assinatura: _________________________________

    Prof. Dr.:_________________________________________________________________________

    Instituio: ___________________________ Assinatura: _________________________________

  • AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDOS E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    CATALOGAO NA PUBLICAO ELABORADA PELO TRATAMENTO DE COLEES E SISTEMA DA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE NORTE DO PARAN

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Assuno, Rosana Cladia de

    A873a Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em um hospital escola do Paran. Ribeiro Preto, 2005.

    112p. : il. ; 30cm

    Dissertao de Mestrado, apresentada Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto/USP rea de concentrao: Enfermagem Fundamental.

    Orientadora: Dalri, Maria Clia Barcellos.

    1. Registros de enfermagem. 2. Parada cardaca. 3. Enfermagem. 4. tica CDU 614.253.5:17

  • DEDICATRIA

    Aos meus pais Armando e Joaquina por serem os responsveis pela minha

    existncia, por me aceitarem como sou, por me dizerem o quanto eu era capaz

    mesmo quando o mundo insinuava o contrrio. Obrigada eu amo vocs.

    Aos meus irmos Ronei, Shirlei e Camila, meu saudoso abrao, apesar das nossas

    diferenas e da distncia que nos separa sei o quanto torceram por mim, que Deus

    os abenoe.

    minha jia preciosa meu, sobrinho Andreo, presente do grande mestre. Voc veio

    com uma misso, sabe qual? a de tornar nossas vidas mais felizes e por que no

    dizer, desafiadoras. Beijos, amo voc.

    Aos meus Avs (in memoriam), razo de minha existncia, exemplo de dignidade, trabalho e respeito ao prximo, agradeo por cada gesto, beijos, abraos e colo.

    Parabns vocs cumpriram sua misso e tenho certeza de que torcem para que eu

    termine a minha caminhada.

    Ao meu av, Joaquim Caetano Barbosa, obrigada pelo carinho e por me transmitir

    tanta alegria e paz. Sei que devido ao seu problema de sade no me ouve nem

    mesmo conseguimos nos comunicar muito bem, mas sei que nossas almas

    conseguem transmitir o que sentimos, eu o amo muito, v Quim.

    Ronaldo Di. Com certeza, o grande mestre, em sua bondade suprema, queria

    que eu o encontrasse aqui no planeta terra durante minha passagem. Quero que

    saiba que sua luz irradia paz, traz segurana esparge amor, e, como disse o poeta

    O valor das coisas no est no tempo em que elas duram, mas na intensidade com

    que acontecem. Por isso existem momentos inesquecveis, coisas inexplicveis e

    pessoas incomparveis, assim como voc, Fernando Pessoa.

    Voc j pensou na grandeza da amizade? Diz um grande pensador que quem

    encontra um amigo, encontra um tesouro valioso. A amizade verdadeira

    sustentculo de muitas almas que vivem sobre a face da Terra. Ela est presente

    nos lares e fora deles, na convivncia diria das criaturas. A amizade to

    importante que j foi comparada com muitas coisas de valor. Um pensador

  • annimo compara a amizade com as estrelas, e aqueles que no tem amigos ele

    compara com os cometas, que vem e vo, mas no permanecem, nem iluminam

    como as estrelas. Diz ele, mais ou menos assim: H pessoas estrelas e h pessoas

    cometas. Os cometas passam. Apenas so lembrados pelas datas em que passam

    e retornam. As estrelas permanecem. O Sol permanece. Passam-se anos, milhes

    de anos, e as estrelas permanecem. Os cometas desaparecem. H muita gente

    como os cometas, que passam pela vida da gente apenas por instantes. Gente que

    no prende ningum e a ningum se prende. Gente sem amigos. Gente que apenas

    passa, sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presena. Assim so as pessoas que

    vivem na mesma famlia e que passam um pelo outro sem ser presena. O

    importante ser como as estrelas. Permanecer. Clarear. Estar presente. Ser luz.

    Ser calor. Ser vida. Ser amigo ser estrela. Podem passar os anos, podem surgir

    distncias, mas a marca da amizade fica no corao. Coraes que no querem se

    enamorar de cometas, que apenas atraem olhares passageiros e passam. So

    muitas as pessoas cometas. Passam, recebem-nas e desaparecem. Ser cometa ser

    companheiro apenas por instantes. explorar os sentimentos humanos. A solido

    de muitas pessoas conseqncia de no poderem contar com algum. resultado

    de uma vida de cometa. Ningum fica. Todos passam uns pelos outros. H muita

    necessidade de criar um mundo de pessoas estrelas. Aquelas com as quais todos os

    dias podemos contar. Todos os dias ver a sua luz e sentir o seu calor. Assim so os

    amigos estrelas na vida da gente. Pode-se contar com eles. Eles so presena. So

    coragem nos momentos de tenso. So luz nos momentos de escurido. So

    segurana nos momentos de desanimo. Ser estrela neste mundo passageiro, neste

    mundo cheio de pessoas cometas, um desafio, mas acima de tudo uma

    recompensa. nascer e ter vivido, e no apenas existir. Adriana Valongo

    Zani (Dri) quero lhe dizer que voc a estrela que ilumina a

    minha vida. Obrigada e que Deus a ilumine.

    A todos os colegas do Mestrado, sei o quanto batalhamos juntos, agradeo pela

    oportunidade que o Mestre me deu de compartilhar parte do meu crescimento com

    pessoas to especiais. Aplausos para todos.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, Pai de todos, que nos momentos mais difceis no apenas me deu a mo,

    mas me carregou no colo, nunca se esquecendo de mim e sempre me perdoando

    pelas incontveis vezes que no tive pacincia de esper-lo me ajudar e no

    compreendi suas respostas.

    minha orientadora, Prof Dr. Maria Clia Barcellos Dalri, pelas horas incessantes de

    orientao, pela compreenso e por todo o esforo que dedicou para que este

    trabalho se realizasse. Obrigada pela sua competncia e pacincia.

    Prof. Dr Maria Lcia do Carmo Cruz Robazzi, obrigada pelo carinho doado em momentos

    to difceis. Beijos e obrigada.

    Prof. Dr Ana Maria Laus, obrigada por dividir seu conhecimento na confeco deste

    trabalho.

    Prof. Dr Clea Regina de O. Ribeiro, obrigada pelas contribuies, com certeza elas

    contriburam para que esta pesquisa ficasse ainda melhor.

    Prof. Dr Maria do Carmo Haddad por ter sido a maior responsvel para que meu sonho

    se tornasse realidade.

    Coordenadora do Curso de Enfermagem da UNOPAR Prof Gladys Hebe T. Gonalvez,

    pela compreenso, carinho e auxlio com que me acompanhou para que eu pudesse

    trilhar mais esta caminhada.

    Prof Maria Bernadete Lopes, obrigada pelas palavras amigas, conforto e colo. Beijos.

    Prof. Doutoranda Yara Secco pela ateno, carinho e auxlio durante a execuo deste

    trabalho.

  • A minha amiga Rosngela de Agostini. No encontro palavras para agradecer tanto

    carinho e incentivo. Muito obrigada por fazer parte da minha vida.

    minha amiga Catia. S possvel viver, porque no decorrer de nossa caminhada

    encontramos pessoas como voc. Beijos e obrigada.

    A Michelle, Aparecida e Shoite obrigada pela ateno e prestatividade dispensada em

    momentos to difceis. Obrigada por tudo e que Deus as abenoe.

    A Amandinha. Obrigada pelo seu sorriso presente em cada dia de desnimo. Pode ter

    certeza eles me davam fora. Beijos.

    A Vanderlei Jos Haass que tanto me ajudou nas anlises estatsticas.

    A Jurandir Antonio Manuel. Posso cham-lo de amigo. Foi assim que me senti durante a

    elaborao da base de dados. Obrigada por tudo!

    Bibliotecria Terezinha de Jesus Fokama Gondo pela dedicao e carinho dispensados na

    elaborao deste trabalho.

  • RESUMO

    ASSUNO, R. C. Avaliao dos aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem na parada cardiorrespiratria em Hospital Escola do Paran. 2005. 112 f Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, 2005. A reanimao cardiopulmonar no hospital um evento complexo, exigindo dos

    profissionais de sade conhecimentos cientficos, bem como habilidades e

    competncias, tanto no atendimento do evento, como no registro do pronturio.

    Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os aspectos ticos e legais dos registros de

    enfermagem no atendimento a pacientes que apresentaram parada

    cardiorrespiratria e foram a bito no ano de 2003, em um hospital escola do interior

    do Paran. A metodologia utilizada foi um estudo descritivo, retrospectivo,

    transversal com abordagem quantitativa dos registros de enfermagem, efetuados

    pela equipe de enfermagem no pronturio do paciente. Aps analisarmos 114

    pronturios pde-se observar uma grande lacuna nos registros de enfermagem

    quanto aos aspectos ticos e legais. Seguindo as orientaes de Du Gs (1998) em

    relao identificao da categoria funcional, encontramos 101 (88,60%) registros

    sem identificao; em relao aos dados de identificao do profissional

    encontramos 108 (94,74%) destes feitos de forma inadequada. Nas medidas

    teraputicas, realizadas pelos vrios membros da equipe, nos deparamos com 103

    (90,35%) registros sem informao Observamos que a respeito das informaes

    pertinentes ao estado geral do paciente tais informaes no esto presentes em

    108 (94,74%) dos registros e que em 92 (80,7%) deles em relao s respostas

    especficas do paciente quanto terapia e assistncia tampouco houveram Com

    base no referencial terico de Potter e Perry (2004) referente conciso e

    organizao 114 (100%) registros apresentaram-se inadequados. Dessa forma

    verificamos que existe uma deficincia na elaborao dos registros de enfermagem,

    o que inconcebvel tanto no aspecto legal quanto na tica.

    Palavras- chave: Registros de enfermagem. Parada cardaca. Enfermagem. tica.

  • ABSTRACT

    ASSUNO, R. C. Assessment of the ethical and legal aspects in medical records on the cardiac arrest in a teaching-Hospital in Paran. 2005. 112 f. Dissertation (Master) University of So Paulo at Ribeiro Preto College of Nursing, 2005.

    The cardiopulmonary resuscitation in the hospital is a very complex event, requiring

    from its staff scientific knowledge as well as skills when attending on the event and

    when registering specific data on the medical chart. This study focuses on the

    evaluation of the ethical and legal aspects of the nursing record regarding the

    attendance on patients who went through a cardiorespiratory arrest and died within

    the year 2003 in a teaching hospital in the countryside of Paran. The methodology

    used was a descriptive, retrospective, transversal study with a quantitative approach

    of the nursing record ran by the nursing staff in the patients record. After analyses of

    114 records it has been observed a lack of ethical and legal issues in the nursing

    records. Following the instructions given by Du Gs (1998), we have found 101

    (88,60%) without functional category identification, 108 (94,74%) had inadequate

    staffs data.103 (90,35%) lacked information regarding therapeutic measures taken,

    108 (94,74%) did not have relevant observations on the general state of the patient

    and in 92 (80,7%) we have found no register of the results taken from the patient

    regarding the therapy and assistance recieved. .According to the theorical referential

    by Potter and Perry (2004) on concision and organization we have found 114 (100%)

    inadequate nursing record. Thus, it has been verified that there is deficiency in the

    elaboration of the nursing staff, which is nor not correct neither in ethical in legal

    aspects.

    Keywords: Nursing records. Heart arrest. Nursing. Ethics.

  • RESUMEN

    ASSUNO, R. C. Evaluacin de los aspectos ticos y legales de los registros de enfermera en la parada cardacorespiratoria en un hospital escuela de Paran. 2005. 112 f. Disertacin (Maestra)- Escuela de Enfermera de Ribeiro Preto de la Universidad de So Paulo. 2005.

    La reanimacin cardacorespiratoria en el hospital es un evento complejo, que les

    exige a los profesionales de salud conocimientos cientficos, adems de las

    habilidades y aptitudes, no slo en la atencin a las emergencias como en la

    importancia del registro en el histrico de internacin del paciente a la hora del

    atendimiento. De esa forma, el objetivo de este estudio ha sido evaluar los aspectos

    ticos y legales de los registros de la enfermera en la atencin a los pacientes que

    presentaron parada cardiorrespiratoria y fueron a bito en el ao 2003, en un

    hospital escuela en el interior de la provincia de Paran. La metodologa utilizada ha

    sido el estudio descriptivo, retrospectivo, transversal, con abordaje cuantitativo de los

    registros de la enfermera, realizados por el equipo de enfermera en el histrico de

    internacin del paciente. Despus de analizar 114 fichas de internacin se pudo

    observar un gran vaco en los registros de enfermera acerca de los aspectos ticos

    y legales de los mismos. Siguiendo las orientaciones de Du Gs (1998),

    encontramos en relacin a la identificacin de la categora funcional, 101 (88,60%)

    de ellos sin identificacin, acerca de los datos de identificacin profesional fue

    posible constatar que 108 (94,74%) se presentaron de forma inadecuada. En las

    medidas teraputicas, realizadas por los varios miembros del equipo, nos hemos

    deparado con ausencia de informaciones en 103 (90,35) de ellos. Acerca de las

    observaciones pertinentes al estado general del paciente se verific que no se

    presentan en 108 (94,74%) y sobre las respuestas especficas del paciente a la

    terapia y a la atencin en 92 (80, 7%) no hemos encontrado registros. Basado en el

    referencial terico de Potter y Perry (1998), en relacin a la concisin, encontramos

    94 (82,46%) inadecuadas y organizacin 100 (87, 72%) tambin inadecuadas. De

    esa manera, se verifica que existe una deficiencia en la elaboracin de los registros

    del personal de enfermera, dejndolo en situacin no sustentable en los aspectos

    ticos y legales.

    Palabras-clave: Registros de enfermera. Paro cardaco. Enfermera. tica.

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AHA = American Heart Association

    Art. = Artigo

    CEP = Comit de tica em Pesquisa

    CLT = Consolidao das leis do trabalho

    OVAS = Obstruo das vias areas superiores

    PC = Parada Cardaca

    PCR = Parada Cardio-respiratria

    RCP = Ressucitao cardiopulmonar

    PG = Ps-graduao

    SBV = Suporte Bsico de Vida

    SAVC = Suporte Avanado de Vida em Cardiologia

    SME = Servio Mdico de Emergncia

    SAME= Servio de arquivo mdico

    ECG = Eletrocardiograma

    RCR = Ressuscitao Cardiorrespiratria

    FV= Fibrilao ventricular

    TV= Taquicardia ventricular

    RCP-TF= Reanimao cardiopulmonar a trax-fechado

    BIS+ Boletim informativo de sade

    EMD= Dissociao eletromecnica

    ABCD= A- manter vias reas prveas, B boa respirao, C- manter circulao, D-

    desfibrilar.

    NTR= No tentar a ressucitao

    ONR= Ordem de no ressuscitar

    COREN= Conselho Regional de Enfermagem

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Diagnstico Inicial da PCR........................................................... 28 Figura 2- Algoritmo Universal para Adulto: ................................................ 32

  • LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR e foram a bito no ano de 2003, segundo o

    gnero, faixa etria e tempo de internao, em um hospital

    escola. Londrina, 2004 .................................................................

    67 Tabela 2 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem

    segundo identificao da categoria funcional, em um hospital

    escola. Londrina,2004...................................................................

    69 Tabela 3 Distribuio dos registros contidos nos pronturios dos

    pacientes que sofreram PCR/RCR, segundo perodo de turno

    de ocorrncia, em um hospital escola. Londrina,2004 ................

    72 Tabela 4 - Distribuio dos registros nos pronturios de pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem,

    segundo os dados de identificao do profissional, em um

    hospital escola. Londrina, 2004 ...................................................

    72 Tabela 5 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem,

    segundo medidas teraputicas realizadas pelos vrios membros

    da equipe, em um hospital escola. Londrina, 2004......

    74 Tabela 6 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem,

    segundo procedimentos prescritos pelo mdico e executados

    pela enfermagem, em um hospital. Londrina 2004.......................

    77 Tabela 7 - Distribuio do registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem

    segundo, os procedimentos no prescritos pelo mdico e

    executados pela enfermagem, em um hospital escola. Londrina,

    2004...............................................................................................

    80 Tabela 8 - Distribuio dos registros dos pronturios de pacientes que

    sofreram PCR/RCR realizados pela equipe de enfermagem em

    relao a resposta especfica do paciente teraputica e

  • assistncia, em um hospital escola. Londrina, 2004..................... 83 Tabela 09 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem em

    relao ao horrio do incio do registro da PCR, em um hospital

    escola. Londrina, 2004..................................................................

    84 Tabela 10 - Distribuio das anotaes realizadas pela equipe de

    enfermagem segundo as correes efetuadas em pronturios

    sem ocultar o original, em um hospital escola. Londrina, 2004..

    86 Tabela 11 - Distribuio dos registros nos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem

    segundo letra legvel e clara, em um hospital escola.

    Londrina,2004.............................................................................

    88 Tabela 12 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem

    segundo a conciso e organizao das anotaes, em um

    hospital escola. Londrina, 2004...................................................

    89 Tabela 13 - Distribuio dos registros dos pronturios dos pacientes que

    sofreram PCR/RCR, realizados pela equipe de enfermagem

    em relao a apresentao de siglas e abreviaturas, em um

    hospital escola. Londrina, 2004...................................................

    92

  • SUMRIO 1. INTRODUO............................................................................... 16

    2. OBJETIVOS ..................................................................................2.1 Objetivo Geral............................................................................................

    2.2 Objetivos Especficos.................................................................................

    23 23 23

    3. MARCO TERICO DE REFERNCIA.......................................... 3.1 Parada Cardiorespiratria/Reanimao Cardiopulmonar .........................

    3.2 Registros de Enfermagem ........................................................................

    3.3 tica na Enfermagem.................................................................................

    24 24 39 46

    4. METODOLOGIA ........................................................................................ 4.1 Natureza do Estudo...................................................................................

    4.2. Local do Estudo........................................................................................

    4.3 Populao e Amostra.................................................................................

    4.4 Descrio da Amostra ...............................................................................

    4.5 Critrios de Incluso................................................................... ..............

    4.6 Critrios de Excluso.................................................................................

    4.7 Aspectos ticos e Legais da Pesquisa......................................................

    4.8 Procedimento.............................................................................................

    4.9 Teste do Instrumento ................................................................................

    4.10 Coleta de Dados ....................................................................................

    4.11 Anlise dos Dados...................................................................................

    52 52 55 57 57 57 58 58 58 66 66 66

    5. RESULTADOS E DISCUSSES................................................... 67

    6. CONCLUSO ............................................................................... 94

    7. CONSIDERAES FINAIS........................................................... 96

    REFERNCIAS ................................................................................. 99

    APNDICE......................................................................................... 108

    ANEXO............................................................................................... 110

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 16

    1 INTRODUO

    A reanimao cardiopulmonar (RCP) no hospital um evento peculiar.

    Publicaes cientficas existentes ressaltam, freqentemente, a complexidade

    projetada da assistncia s respostas do indivduo na parada cardiorrespiratria

    (PCR), definindo uma srie de variveis individuais do paciente (cliente) que deveria

    ser registrada, em pronturio, promovendo a documentao do cuidado durante as

    manobras para a RCP (ARAJO,1999; ARAJO, I.; ARAJO, S., 2003; CUMMINS

    et al., 1997; HAMRIC, 2000; HOUSE; BAILEY, 1992).

    A doena cardiovascular a causa nmero um de morte nos Estados Unidos.

    Mais de 225.000 pessoas morrem todos os anos por problemas cardacos sbitos

    (GALLAURESI, 2001).

    Segundo Capovilla (2002), das diversas situaes de emergncia vividas num

    ambiente hospitalar, a PCR pode ser entendida como o evento de maior gravidade,

    devido s srias conseqncias que essa pode acarretar vida do indivduo.

    Entendendo-se esse evento como um momento peculiar, imprescindvel a atuao

    do enfermeiro na tomada de decises rpidas e precisas para garantir o suporte

    bsico de vida e a organizao da equipe de atendimento.

    A PCR definida como o estado em que o indivduo se encontra com

    ausncia do dbito cardaco, ausncia de respirao, porm ainda mantm atividade

    cerebral (ARAJO, 1999; COELHO et al., 1999; CRUZ; SOUZA; PADILHA, 1992;

    PIVA; CARVALHO; GARCIA, 1997). A PCR pode ocorrer no ambiente extra

    hospitalar ou intra-hospitalar. Vrios fatores predispem para seu aparecimento,

    principalmente as doenas cardiocirculatrias.

    A PCR muitas vezes uma intercorrncia inesperada, existindo uma ameaa

    de vida para o paciente. Para que a RCP seja bem sucedida, a equipe envolvida

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 17

    necessita ter conhecimento cientfico, treinamento de habilidades tcnicas, trabalho

    harmonioso e sincronizado, o que pode garantir a recuperao do paciente.

    De acordo com Arajo (1999), Arajo, I. e Arajo, S. (2003) e a Sociedade

    Brasileira de Cardiologia (2003),,a chance de sobrevivncia depende, na maioria das

    vezes, da aplicao imediata, competente e segura das manobras de reanimao

    que precisam ser imediatas, cujo objetivo evitar leso cerebral.

    Por outro lado, Capovilla (2002, p. 36) afirma que:

    A manuteno da vida e a luta contra a morte biolgica so os princpios que tm orientado o desenvolvimento cientfico e tecnolgico nas cincias da sade. Dentre todas as situaes que podem ameaar a vida dos indivduos, as mais temidas sem dvida alguma, a parada cardiorrespiratria (PCR).

    O avano de procedimentos e medidas de emergncia para manter a vida, a

    RCP, gerou a expanso no papel da enfermagem em relao aos cuidados

    prestados para recuperao de pacientes em situao de PCR.

    O conhecimento cientfico independente da rea de atuao a base para o

    desenvolvimento da prtica, porm, vale ressaltar que a equipe de enfermagem,

    alm de desenvolver a parte cognitiva e as habilidades, tambm deve estar ciente

    quanto s suas atribuies, compreender e colocar em prtica o que estabelece a lei

    do exerccio profissional, dos seus direitos e deveres, primando por uma assistncia

    humanizada e digna.

    Nesse contexto, a enfermagem vem aprimorando seus conhecimentos e

    propondo alternativas para a assistncia na PCR/RCP, adotando uma metodologia

    fundamentada em conhecimentos cientficos. Isso o processo de enfermagem.

    De acordo com Dalri (1993), a aplicao de um mtodo de assistncia de

    enfermagem proporciona uma melhor qualidade no atendimento ao paciente,

    individualizando o cuidado, diferenciando o que rotina, do conhecimento especfico

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 18

    de enfermagem. Permite, ainda, delimitar o papel do enfermeiro.

    O processo de enfermagem a metodologia utilizada para planejar, avaliar e

    implementar a assistncia. O registro de enfermagem parte integrante desse

    processo; porm, na prtica apresenta-se fragmentado.

    preciso entender que o registro de enfermagem o indicativo para avaliar a

    assistncia prestada ao paciente, porm para confeccion-lo necessrio que a

    equipe de enfermagem desenvolva habilidades para escrever, capacidade para

    analisar os fatos e relatar de forma objetiva, clara, concisa e cabal o evento da PCR.

    O processo de enfermagem definido como a dinmica das aes

    sistematizadas e inter-relacionadas visando o ser humano. caracterizado pelo

    inter-relacionamento e dinamismo de suas fases (HORTA, 1979, p. 35).

    Compartilhamos da idia de que uma atividade deliberada, lgica e racional,

    atravs da qual a prtica de enfermagem desempenhada sistematicamente e

    compreende cinco componentes inter-relacionados: coleta de dados, diagnstico,

    planejamento, implementao e avaliao (KENNEY, 1990).

    Essa metodologia de assistncia, alm do mtodo, envolve uma abordagem

    com o cuidado que pressupe a individualizao do paciente (ROSSI;

    CASAGRANDE, 2001). Assim, o processo de enfermagem oferece ao enfermeiro a

    possibilidade de organizar o seu trabalho com base em crenas, valores e em um

    mtodo (FORD; WALSH, 1995).

    Rossi e Casagrande (2001) ressaltam que embora o processo de

    enfermagem pressuponha o cuidado individualizado, no podemos afirmar que a

    implementao dessa metodologia garanta a realizao do cuidado.

    O processo de enfermagem entendido como uma alternativa que permite

    aos enfermeiros alcanar um status profissional mediante a realizao de uma

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 19

    prtica cientfica; entretanto, muitas vezes, incorporado de forma ritualizada, como

    se fosse um messias, ao qual, se seguirmos, estaremos salvos (FORD; WALSH,

    1995).

    Ochoa-Vigo (2001) destaca que, apesar da literatura apontar dificuldades na

    aplicao do processo de enfermagem fundamental que os esforos sejam

    direcionados para sua concretizao terico/prtica, visando assistncia

    humanizada e cientfica. A autora complementa que dificuldades sempre existiram e

    continuaro existindo, porm isso no justifica um trabalho meramente intuitivo e

    rotineiro.

    Para que o processo de enfermagem possa cumprir sua finalidade, este deve

    ser entendido pela equipe de enfermagem como um facilitador do desenvolvimento e

    avaliao da assistncia de enfermagem, visto que o registro parte fundamental

    desse processo.

    Sabemos que a documentao das atividades de enfermagem tem-se

    constitudo um foco de ateno, pois na maioria das vezes realizada como um ato

    automtico, o que no retrata a realidade dos fatos (DALRI; ROSSI; CARVALHO,

    1999).

    Howse e Bailey (1992), em seu estudo, procuraram examinar as atitudes dos

    enfermeiros, quanto a resistncia documentao nos pronturios dos pacientes e

    descobriram que existem fatores extrnsecos e intrnsecos relacionados a esse

    problema. Os fatores extrnsecos, segundo esses autores, foram a inflexibilidade do

    sistema de registro e a falta de tempo, e os fatores intrnsecos foram a falta de

    confiana nas expresses escritas e dificuldades em articular a natureza da prtica

    de enfermagem. Cabe ressaltar que, se uma ao no for registrada, legalmente ela

    pode ser interpretada como no tendo sido realizada.

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 20

    Devemos lembrar que os registros no pronturio do paciente so fontes

    inestimveis de dados e so utilizados por todos membros da equipe de sade

    (DALRI; ROSSI; CARVALHO, 1999). O registro tem como finalidade comunicar

    informaes sobre o paciente, possibilitar o ensino, a pesquisa, a realizao de

    auditorias e a verificao dos aspectos legais (POTTER ; PERRY, 2004).

    Como ressalta Ochoa-Vigo (2001), momento de entender e assumir os

    registros de enfermagem no pronturio do paciente como parte integrante do

    processo de enfermagem, compreendendo que as informaes de cuidados

    prestados a forma para mostrar o trabalho, bem como para o desenvolvimento da

    profisso.

    Dalri, Rossi e Carvalho (1999) referem ser importante lembrar que os registros

    de enfermagem retratam a prtica profissional e, portanto, esses padres devem ser

    adotados como guia para a assistncia de enfermagem a ser realizada.

    O registro das intercorrncias sofridas pelo paciente deve fazer parte da

    prtica no exerccio de enfermagem, no apenas para efeito do acompanhamento

    da sua evoluo, mas tambm como um meio eficaz de prova de que o profissional

    de enfermagem prestou uma assistncia adequada. Quanto a esta realidade, impera

    quase que um descaso nesse tipo de formalizao escrita de trabalho (BAUMANN,

    1999).

    Assim, entendemos que a prtica de enfermagem encontra-se diretamente

    calcada em aspectos ticos e legais. Uma assistncia s estar completa quando for

    registrada. O registro de enfermagem um elemento indispensvel e serve de

    amparo e como prova das aes realizadas.

    Um aspecto importante do registro de enfermagem que ele o reflexo da

    prtica e, desse modo, implica em consideraes ticas. A tica, portanto, traz a

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 21

    reflexo sobre a conduta humana, sendo a biotica um exame crtico das dimenses

    morais do processo de deciso no contexto de sade e contextos que envolvem as

    cincias biolgicas (DALRI; ROSSI; CARVALHO, 1999).

    Oguisso (1975), destaca que dever do pessoal da enfermagem a anotao

    perfeita, isto completa, cabal e correta e o seu contedo no s das coisas

    essenciais ou julgadas importantes, mas de tudo que se relaciona com o doente e

    com a enfermagem. Ainda refora que o registro ou a perfeita anotao, nas

    papeletas clnicas, de tudo quanto se relacionar com o doente e com a enfermagem

    constitui um dos deveres legais de todo o pessoal de enfermagem.

    Os registros de enfermagem sempre foram analisados quanto aos seus

    aspectos ticos e legais e, h algumas dcadas, a qualidade e a quantidade desses

    registros vm sendo motivo de estudos crticos, em face da responsabilidade cada

    vez maior que os enfermeiros esto assumindo ante a necessidade de comunicar o

    cuidado de enfermagem (NOBREGA,1980).

    O cuidar, faz parte da natureza humana e tambm da essncia da profisso

    de enfermagem, implica responsabilidade tica especial e reala o valor da pessoa.

    Por desconhecimento da importncia dos registros, por desinteresse, por

    displicncia ou por outros motivos, os profissionais de enfermagem no esto

    zelando, convenientemente, pela adequao de suas anotaes, e este fato tem

    levado enfermeiros a realizar pesquisas operacionais com o intuito de conhecer

    melhor a realidade a fim sugerir medidas de aperfeioamento (NOBREGA, 1980).

    O registro de enfermagem, como j citado anteriormente, um documento

    imprescindvel para avaliao da assistncia de enfermagem; sua ausncia pode

    levar a no-confiabilidade da assistncia prestada. Entendendo o registro como

    parte integrante do processo de enfermagem, agora necessrio analisar sua

  • Introduo_____________________________________________________________________________ 22

    importncia na PCR/RCP.

    A qualidade dos registros da equipe de sade que atende PCR em um

    hospital deve ser enfatizada nos treinamentos. O profissional de sade dever estar

    capacitado para realizar uma avaliao sistematizada, pautada em bases cientficas

    durante a RCP beneficiando, assim, a qualidade da assistncia prestada aos

    pacientes, bem como garantindo respaldo legal das aes desenvolvidas durante o

    atendimento PCR/RCP.

    Por querermos abordar os registros de enfermagem relacionados

    assistncia PCR, acreditamos que os profissionais de enfermagem, que atuam

    diretamente nesta situao, deveriam registrar suas atividades fundamentadas nos

    princpios ticos e legais.

    O desejo de investigar os registros de enfermagem na assistncia

    PCR/RCP, quanto aos aspectos ticos e legais das anotaes, vem da carncia de

    pesquisa sobre o tema e da necessidade de analisar o tema acerca desses eventos.

    Entendemos que registrar no tarefa fcil, porm sabemos que sua

    importncia incontestvel, porquanto fornece subsdios para o desenvolvimento de

    estratgias de planejamento do cuidado. Diante disso, aps questionamentos

    levantados por ns na funo de enfermeira assistencial durante experincia

    profissional e motivada pelo desejo de investigar esta temtica sentimos a

    necessidade de empenharmo-nos nesta pesquisa.

    Os resultados deste estudo possibilitaro aos profissionais de enfermagem

    um conhecimento mais aprofundado acerca dos aspectos ticos e legais dos

    registros de enfermagem no evento PCR/RCP.

  • Objetivos_______________________________________________________________________________ 23

    2 OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Identificar os aspectos ticos e legais dos registros de enfermagem em situao de atendimento PCR/RCP, nos pronturios de pacientes que foram a bito, em

    um hospital escola do interior do Paran.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Identificar os registros de enfermagem quanto s atividades/procedimentos desenvolvidos a partir das orientaes de Du Gas (1988), no atendimento

    PCR;

    Identificar os registros de enfermagem quanto s diretrizes conciso/organizao recomendadas por Potter e Perry (2004), no atendimento PCR.

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 24

    3 MARCO TERICO DE REFERNCIA

    3.1 Parada cardiorrespiratria / Reanimao Cardiopulmonar

    A primeira citao sobre manobras de reanimao pode ser encontrada na

    Bblia, o que nos explicam Pottle e Brant (2000); Miecznikowski e Leite (1999), e

    refere-se a Eliseu. Quando ele chegou a uma casa, encontrou um menino, morto,

    estendido em sua cama. Ele adentrou, fechou a porta, orou ao Senhor, aproximou-

    se da cama, estendeu-se sobre o menino, colocou sua boca sobre a do menino,

    seus olhos sobre os dele, e suas mos sobre as dele, estendeu-se sobre ele e o

    corpo do menino aqueceu-se. Eliseu comeou a andar de um lado para o outro.

    Depois aproximou-se novamente da cama e estendeu-se sobre o menino, que

    expirou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu solicitou que chamassem a Sunamita.

    Ela foi chamada e entrou no quarto onde ele estava e Eliseu disse-lhe: Toma o teu

    filho. Ela lanou-se a seus ps e prostrou-se por terra; depois tomou seu filho e saiu

    (BIBLIA, 2001, p. 428).

    A histria da RCP moderna tem sua origem nos trabalhos do professor Schiff,

    no final do sculo XIX, a quem creditado o primeiro relato de uma reanimao

    cardiopulmonar bem sucedida, realizada a massagem cardaca com trax aberto em

    ces. Muito embora o primeiro caso de um ser humano sobrevivente de parada

    cardaca, que foi reanimado com manobra cardiopulmonar a trax aberto, tendo sido

    descrito por Kristian Ingelsrvd em 1901, a preocupao com a reanimao do recm-

    morto to antiga quanto a prpria histria da humanidade (ARAJO, 1999).

    O autor ainda comenta que desde a aplicao clnica, inicialmente descrita

    em 1960 por Kouwenhoven et al., a RCP com trax fechado (RCP-TF) tem sido

    larga e mundialmente utilizada no manuseio de pacientes em PCR. A massagem

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 25

    com trax-fechado um mtodo simples e de fcil execuo, pois o prprio autor

    afirmou em seu trabalho original: agora, qualquer um, em qualquer lugar, pode iniciar

    as manobras de ressuscitao. Tudo de que se necessita so as duas mos

    (ARAJO, 1999). Tal fato despertou grande interesse em todo mundo, uma vez que,

    at ento, a reanimao cardiopulmonar s era realizada com trax aberto e,

    portanto, impraticvel fora do ambiente hospitalar.

    Pela simplicidade do mtodo e pela possibilidade de altas taxas de

    reanimao com sucesso, criou-se, principalmente nos Estados Unidos, um grande

    projeto de difuso e ensino da nova tcnica de RCP, principalmente para mdicos e

    paramdicos, que mais tarde estendeu-se comunidade laica, em escolas e fbricas

    (ARAJO, 1999).

    Knobel (1998) define parada cardaca como a cessao sbita e inesperada

    da circulao, em pacientes cuja expectativa de morte no existia. A reanimao

    engloba todas as medidas teraputicas que visam a recuperao das funes

    cardiocirculatrias, respiratrias e a preservao da integridade funcional do sistema

    nervoso central.

    Timerman e Cesar (2000) definem parada cardiorrespiratria (PCR) como a

    interrupo sbita da atividade mecnica ventricular til e suficiente e da respirao.

    Guyton e Hall (2002) afirmam que a parada cardaca uma anormalidade final do

    sistema cardaco de ritmicidade e conduo. Ainda comentam os autores que a

    parada cardaca tem maior probabilidade de ocorrer durante anestesia profunda,

    momento em que vrios pacientes desenvolvem hipxia grave devido respirao

    inadequada. A hipxia impede que as fibras musculares e condutoras mantenham

    as diferenas normais das concentraes eletrolticas atravs de suas membranas e

    sua excitabilidade pode ficar to afetada que a ritmicidade do automatismo

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 26

    desaparece (GUYTON; HALL, 2002, p. 142).

    Pazin-Filho et al. (2003) afirmam que a PCR uma situao dramtica,

    responsvel por um elevado ndice de mortalidade, mesmo em situaes de

    atendimento ideal. Na PCR, o tempo um fator extremamente importante,

    estimando-se que a cada minuto que o indivduo permanea em PCR, significa 10%

    de probabilidade de sobrevida perdida.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003), a principal causa de

    PCR no adulto a doena coronariana. A doena de chagas pode levar a

    importantes distrbios eltricos no corao. Os fatores pregressos mais importantes,

    que acrescentam riscos, so: histrias de PCR; taquicardia ventricular (TV); infarto

    do miocrdio; miocardiopatia dilatada; hipertenso arterial sistmica; cardiomiopatia

    hipertrfica; sndrome do QT longo e sndrome de Wolf Parkinson White com

    episdio de fibrilao atrial.

    Em uma pesquisa, Timerman et al. (2001), no Instituto Dante Pazzanese,

    sobre o prognstico de pacientes ps PCR, verificaram que dos 536 pacientes que

    foram reanimados, 163 (30,4%) tinham como doena de base cardiopatias,

    93(57,1%) dos quais na vigncia de infarto agudo do miocrdio, seguido por

    miocardiopatia em 141 (23,3%) e por doena valvar cardaca em 111 (20,7%).

    Quanto s causas da PCR, a predominante foi a insuficincia cardaca

    congestiva, ocorrida em 295 (55%) pacientes, seguida pela arritmia primria em 88

    (16,4%), pela insuficincia respiratria em 34 (6,3%) e pelo acidente vascular

    cerebral em 31 (5,8%). Quanto modalidade inicial, Timerman et al. (2001) relatam

    que, em 492 pacientes acompanhados, a assistolia ventricular ocorreu em 258

    (48,1%), a fibrilao ventricular em 204 (38,1%), a PCR isolada em 20 (3,7%) e a

    dissociao eletromecnica em 10 (1,9%).

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 27

    Em um estudo, Potlle e Brant (2000), aps auditoria de pronturios em um

    grupo de adultos, no perodo de janeiro de 1993 a dezembro de 1996, aps

    avaliarem 367 casos, encontraram como ritmo inicial a fibrilao ventricular (FV), a

    taquicardia ventricular (TV) 58,3%, a assistolia (21,7%), a dissociao

    eletromecnica (EMD) 70% e outros 13,0%.

    Sabemos que as arritmias cardacas so decorrentes de doenas do aparelho

    circulatrio e estas so responsveis por um nmero significativo de bitos, como j

    mencionado pelos autores citados. Reforando essa idia, encontramos um estudo

    realizado no municpio de Londrina (PR) que divulga a causa dos bitos ocorridos no

    ano de 2003:

    [...] as doenas do aparelho circulatrio so responsveis por 31,8% do total dos bitos de 2003 registrados em Londrina. Isto significa que esse grupo o campeo nos coeficientes de mortalidade geral no municpio. Ano passado, foram registrados 2.513 bitos de residentes e ocorridos em Londrina (DOENA..., 2004, p. 3)

    Dos 100% dos bitos, a maioria (73,5%) ocorreu com pessoas que tinham 50

    anos ou mais; 19% tinha entre 20 e 49 anos; 3,3% tinha entre 5 e 19 anos; 0,8%

    tinha entre 1 e 4 anos e 3,3% em menores de 1 ano. Quanto s causas especficas,

    observa-se que as doenas cerebrovasculares so, em primeiro lugar, as do

    aparelho circulatrio, com 11,2% das mortes (DOENA..., 2004).

    A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) esclarece que a etiologia da

    PCR diversa, dependendo da idade. Assim as causas da PCR em crianas so

    diferentes das que ocorrem em adultos. O mais comum a parada cardaca devida

    parada respiratria, devendo-se menos de 10% dos casos fibrilao ventricular

    (FV), geralmente associada a doenas cardacas congnitas. Por este motivo, a

    sobrevida muito baixa.

    Sanghavi e Shefler (2002) explicam que eventos danosos vida em crianas

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 28

    que requerem RCP so relativamente espordicos, porm quando estes ocorrem h

    necessidade de um conhecimento especfico, julgamento e habilidade.

    Arajo, I. e Arajo, S. (2003) asseveram que o diagnstico da PCR de

    extrema importncia. Complementa ainda que tambm os leigos deveriam saber

    identificar uma PCR, em razo do pouco tempo necessrio, pois no se requer mais

    que 10 ou no mximo 20 segundos para realizar o diagnstico e iniciar as manobras

    de RCP.

    Para Pazin-Filho et al. (2003), o diagnstico do PCR deve ser feito com

    preciso e rapidez destacando-se uma avaliao sistematizada, mundialmente

    reconhecida e aplicada, que pode ser identificada sob trs aspectos: responsividade,

    respirao e pulso. (Figura 1).

    SUSPEITA DE PCR

    1- Responde PCR excluda

    Testar responsividade

    No responde

    2-

    3- Respira

    No respira

    Chamar ateno

    Testar respirao

    4- Pulso presente Parada Respiratria Testar pulso

    PCR

    Fonte: Pazin-Filho et al. (2003) Figura 1 DIAGNSTICO INICIAL DA PCR

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 29

    Aps, descreveremos o esquema citado acima, pautado no referencial terico

    de Pazin-Filho et al. (2003):

    1. Testar a responsividade. A responsividade deve ser o 1 item a ser checado com

    estmulo verbal e ttil. A vtima deve ser chamada pelo profissional que o assiste

    com voz firme e em tom alto, garantindo dessa forma que a vtima seja capaz de

    escutar o profissional. O estmulo ttil deve ser firme.

    2. Quando o paciente no responder, necessrio que o profissional que est

    atendendo a PCR chame por ajuda, que nesse caso significa a solicitao de

    desfibrilador e de suporte avanado de vida. Aps a ativao do servio de

    emergncia, o profissional dar seqncia ao atendimento.

    3. Testar respirao. O profissional que est prestando assistncia ao paciente em

    PCR deve levar em considerao que a vtima inconsciente apresenta

    relaxamento da musculatura da base da lngua, que cai sobre a entrada da via

    area, do que resulta que toda vtima inconsciente apresenta a via rea

    obstruda. O profissional dever possuir este conhecimento, e a primeira

    providncia para testar a respirao a manobra de desobstruo das vias

    areas. Para isso existem duas manobras bsicas, que so: hiperextenso da

    cabea e elevao do mento, ou elevao da mandbula. As duas so eficazes,

    porm vale ressaltar que, na possibilidade de trauma cervical, a hiperextenso da

    cabea proibida. Aps a abertura das vias reas, o profissional deve aproximar

    o rosto face da vtima e VER se h expanso torcica, OUVIR checando se h

    eliminao de ar pelas vias reas e SENTIR se o fluxo expiratrio vai de encontro

    a seu prprio rosto. Se, por acaso, o paciente no respirar o profissional dever

    iniciar a quarta etapa.

    4. Testar pulso. Neste item o profissional dever investigar o pulso no stio

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 30

    carotdeo devido ao fato deste ser o ltimo a desaparecer e o primeiro a ser

    restabelecido numa situao de instalao e reverso de PCR. Na ausncia de

    pulso, constata-se o diagnstico da PCR, caso em que iniciam-se as manobras

    de suporte bsico de vida, que compreendem ventilao e massagem cardaca.

    Essas manobras devem ser institudas rapidamente e s devem ser

    interrompidas em trs situaes: para realizar a desfibrilao, para proceder

    intubao orotraqueal e para a infuso de medicao na cnula orotraqueal.

    Born et al. (2003) relatam que o atendimento da PCR realizado em vrias

    etapas, que vo desde o reconhecimento dos sinais da PCR at o incio das

    manobras mais avanadas de reanimao. Segundo Vieira e Timerman (1996), o

    tratamento da PCR recebe diferentes denominaes, as quais so: ressuscitao

    cardiopulmonar, ressuscitao cardiorrespiratria (RCP), reanimao

    cardiorrespiratria, reanimao cardiopulmonar, reanimao cardiorrespiratria

    cerebral; todas elas corretas. Os autores dizem que a expresso mais utilizada em

    nosso meio e que foi adotada no Consenso Nacional de ressuscitao

    cardiorrespiratria ressuscitao cardiorrespiratria (RCP).

    O atendimento tradicional, o suporte bsico de vida Basic Life Suport (BLS),

    consiste em oxigenao e perfuso de rgos vitais por meio de medidas simples.

    Born et al. (2003) ressaltam que, dada importncia da rapidez da reverso da

    taquicardia ventricular ou fibrilao ventricular, a desfibrilao tambm includa

    neste item. Aps a confirmao da inconscincia e reconhecida a PCR, d-se incio

    aos procedimentos primrios como ABCD primrio da reanimao. O ABCD primrio

    a abordagem inicial de avaliao e ao no atendimento emergncia, devendo

    cada passo ser avaliado antes de se avanar prxima etapa. A letra A significa

    manter vias areas permeveis, B boa respirao, devendo o socorrista realizar

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 31

    ventilaes por presso positiva, C manter uma boa circulao, que pode ser

    mantida de forma imediata atravs das compresses torcicas, D significa

    desfibrilar, ou seja, aplicar o choque, se necessrio (BORN et. al, 2003).

    A equipe de enfermagem deve estar atenta a este diagnstico da PCR, e

    desta forma pode estabelecer medidas teraputicas destinadas a manter os rgos

    vitais em funcionamento, prevenindo leses cerebrais muitas vezes irreversveis

    (MIECZNIKOWSKI; LEITE, 1999). Neste caso, conforme esquema da Figura 1,

    checar responsividade identificar ou reconhecer se o indivduo responde. Glanville

    (2002), diz, em seu artigo, que a enfermeira conta com um recurso que auxilia na

    identificao de alteraes cardacas, o eletrocardiograma (ECG). Como se sabe,

    no adianta ter recursos tcnicos sofisticados, se os recursos humanos no

    estiverem habilitados para utiliz-los. Desta forma, vale salientar que a interpretao

    do ECG uma habilidade avanada na enfermagem, componente integral e

    indispensvel em todos os programas educacionais, visto que a competncia para

    interpretao do ECG no requer somente conhecimentos visuais dos ritmos, mas

    sim conhecimentos dos mecanismos responsveis pela formao ou conduo dos

    impulsos alterados. Neste mesmo artigo, relata que os estudantes conseguem

    descrever verbalmente as arritmias, mas falham na prtica no conseguindo

    visualiz-las, devido s dificuldades em associar a base anatmica a eventos visuais

    simultaneamente.

    O enfermeiro o responsvel pela assistncia do paciente que chega em

    estado crtico e quem facilita todo o atendimento, por meio do preparo, da

    organizao do ambiente, de recursos humanos e materiais utilizados. A

    monitorizao do paciente proporciona informaes qualitativas como saturao de

    oxignio, dbito cardaco, presses intravasculares, fluxo sanguneo e volume

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 32

    cardaco. Porm, esses dados so analisados de acordo com o quadro clnico do

    paciente (ARAUJO, I.; ARAUJO, S.,2003).

    Muito lenta

    Responsivo Observe Trate como indicado

    Coloqse no

    Hipotedem

    No Responsivo Ative SME Pea um desfibrilador Avalie a respirao (abrir VAS, ver ouvir, sentir)

    Causa susp

    Respirao d Oxignio Veia Sinais vitais

    IAM

    Arritmia

    Avaliar Responsividade

    Fonte: Cummins (2002

    Figura 2 - ALG

    Se as manob

    Muito Rpida

    Fibrilao / taquicardia ventricular (FV / TV) presente no monitor / desfibrilador

    FV / TV

    Atividade eltrica?

    No Respirando Faa 2 ventilaes lentas Avalie a circulao

    Respirando ue em posio de resgate, houver trauma

    enso / choque / a agudo pulmonar

    Intubao endotraqueal Histria Exame fsico Monitor, ECG 12 derivaes

    Inicie RCP

    Intube Conforme a posio do tubo;

    considere indicador de CO2 expirado

    Confirme as ventilaes

    eita

    e resgate

    A

    )

    ORITMO UNIVERSAL PARA A

    ras de reanimao no fotividade eltrica sem pulso

    DULTO: atendimento de emerg

    rem imediatamente realizadaAssistolia

    ncia

    s pouco

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 33

    provvel que se tenha sucesso com o paciente em PCR. A equipe de sade que

    trabalha em unidades de emergncia deve conhecer as tcnicas e as etapas do

    ACLS que so identificadas atravs do algortimo (Figura 2).

    Gomes (1994) refere que a enfermeira, responsvel pela coordenao da

    equipe de enfermagem, deve possuir uma slida fundamentao terica, que lhe

    permita lidar com diferentes patologias ou causas externas que coloquem o homem

    em risco de perder a vida, ter capacidade de liderana, discernimento, iniciativa,

    maturidade e estabilidade emocional. de suma importncia uma constante

    atualizao desses profissionais, pois so requeridas habilidades que permitam agir

    em situaes inesperadas e de forma objetiva e sincronizada com a equipe de

    sade.

    Arajo, I. e Arajo, S. (2003) destacam, em seu estudo, que durante a PCR o

    fluxo sanguneo encontra-se baixo quando so realizadas apenas manobras

    tradicionais, e enfatiza que, dentro do suporte avanado de vida em cardiologia

    Advanced Cardiologic Life Suport (ACLS), a administrao de frmacos especficos

    merecem destaque, uma vez que melhoram a eficcia das manobras contribuindo

    para o aumento do fluxo sanguneo e restabelecimento do paciente.

    fundamental que o enfermeiro entenda a relevncia de suas aes no

    atendimento PCR procurando capacitar-se cientificamente, para desenvolver suas

    habilidades, com conhecimentos das novas metodologias de atendimento PCR.

    Assim, os pacientes que estaro sob seus cuidados, recebero assistncia de boa

    qualidade.

    Seguindo a mesma linha de raciocnio, ou seja, referente capacitao desse

    profissional, Glanville (2002) relata que foi desenvolvido um programa de

    computador capaz de demonstrar eventos anatmicos e eletrofisiolgicos

    simultneos e de facilitar o aprendizado da equipe de sade. Este recurso apresenta

    representaes grficas de arritmias cardacas selecionadas e tambm uma

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 34

    animao concomitante ilustrando a distribuio dos impulsos cardacos. O

    enfermeiro, deve, tambm, alm de capacitar-se cientificamente, conhecer seus

    aliados como, por exemplo, o carro de emergncia, que exerce um papel

    fundamental na PCR, devendo o mesmo estar suprido e organizado com materiais,

    medicamentos e equipamentos para serem utilizados assim que necessrio.

    A manuteno do carro de emergncia deve dar-se de forma sistematizada,

    sendo de extrema importncia que este se encontre organizado para garantir um

    perfeito funcionamento, quando se fizer necessrio (ARAJO, I.; ARAJO, S.,

    2003). Como refora Nbrega (2002), esse carro de emergncia um dispositivo

    necessrio e indispensvel para subsidiar o atendimento PCR e RCP. Localiz-lo

    simplesmente pouco. necessrio conhec-lo, manipul-lo, para saber utiliz-lo

    em situao de emergncia.

    A equipe de sade deve estar apta para realizar RCP que tem por finalidade

    restaurar a funo cardiocirculatria e respiratria, preservando a vida e limitando

    seqelas. Porm, como destacam Serrano-Jr; Safir-Jr e Timerman (1998), muitas

    vezes difcil decidir quando indicar ou no, ou, mesmo, quando interromper a

    reanimao.

    A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) explica que existem algumas

    situaes em que se autoriza a interrupo das manobras de ressuscitao. O

    princpio bsico considerar que as manobras RCP esto sendo realizadas

    adequadamente; dessa forma, em situao em que h ausncia de

    restabelecimento cardiocirculatrio, usualmente, aps 30 minutos de RCP

    interrompe-se o procedimento, exceto nos casos de hipotermia. Apesar de ser uma

    recomendao geral, outros fatores e ou situaes devem ser levados em

    considerao para saber quando interromper as manobras de RCP, as quais so:

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 35

    antecedentes familiares e histria prvia; causa da PCR, mecanismo da PCR; local

    de ocorrncia; presena de testemunha; tempo dos sintomas; tempo de chegada do

    socorro especializado; tempo de ressuscitao pr-hospitalar.

    Cummins (2002) pautado nas orientaes da American Heart Association diz que

    h situaes em que se decide interromper a RCP e se recomenda utilizar o senso

    comum de julgamento racional em circunstncias incomuns. As orientaes para

    suspender manobras de RCP so:

    A vtima responde, recuperando o pulso adequado e voltando a respirar; Um profissional treinado est presente e assume a responsabilidade pela

    situao;

    Quando os socorristas estiverem exaustos para continuar RCP ou os mesmos estiverem colocando em risco sua vida, exemplo, quando as manobras de RCP

    estiverem sendo realizadas,durante a aterrissagem, no hesitar em cessar as

    manobras de RCP. Nesse caso interrompam-se as manobras de RCP, ocupem-

    se os assentos mais prximos e coloque-se o cinto de segurana;

    Quando um profissional mdico mandar suspender o procedimento; Quando sinais bvios de morte estiverem presentes.

    Segundo Santos (1992), o problema das manobras de RCP identificar

    quando seja lcito praticar e quando seja lcito suspender a reanimao

    No caso de parada cardaca, a reanimao, a rigor, deve ser praticada, no obstante a irreversibilidade do dano cerebral, pelo fato de que possvel fazer pulsar o corao com a mquina, ou, pelo menos, no deve ser suspensa (sob pena de responsabilidade por homicdio omissivo), enquanto no venha definitivamente cessar a sobrevivncia artificial da atividade cardiorrespiratria, apesar do artifcio mecnico (SANTOS, 1992, p. 166).

    A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2003) explica que existem situaes

    em que no h indicao nem mesmo para iniciar as manobras de RCP. So elas:

    Quando se trata de uma doena incurvel e o mdico encontra-se apto para

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 36

    afirmar que se trata de uma doena terminal. Neste caso, discuta-se,

    amplamente com a famlia e, eventualmente, com o paciente, e se obtenha a

    ordem expressa de no ressuscitar, pois, diante de uma situao de PCR, o

    socorrista estar autorizado a no proceder s manobras de RCP, ou, at

    mesmo, a interromp-la.

    Uma outra situao para no realizar as manobras de RCP seria quando h evidentes sinais de deteriorizao dos rgos, caracterizando-se morte biolgica.

    A AHA explica que a ordem para no realizar a reanimao na eventualidade

    de uma aparente parada cardaca conhecida como ordem de No tentar a

    ressuscitao Do-not-Resucitate ordens (DNR) (CUMMINS, 2002).

    O mesmo autor baseado nas orientaes da AHA em relao aos sinais

    claros de bito. Os mais confiveis so:

    Livedo postural: erupes cutneas, pretas e azuis ou descolorao avermelhada da pele: comeam minutos aps a morte.

    Rigor mortis: uma contrao, ps-morte, da musculatura sem relaxamento; isto causa uma rigidez identificada primeiro no pescoo e maxilar.

    Algo mortis, queda constante da temperatura corporal aps a morte. Leses incompatveis com a vida. Outras razes para no tentar a reanimao esto relacionadas ao perigo para a

    segurana do socorrista, objees familiares e ordens escritas de DNR ou

    desejos em vida que paream no-oficiais ou informais.

    Arajo, I. e Arajo, S. (2003) comentam que a difcil deciso de encerrar ou

    no as manobras de RCP cabe ao mdico, pois ele o responsvel legal pelo

    paciente durante o atendimento. Se aps um perodo de 20 a 30 minutos de Suporte

    Avanado em RCP, no se conseguir a recuperao da funo cardaca

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 37

    espontnea, as manobras podem ser suspensas. O tempo de reanimao pode ser

    prolongado de 40 a 60 minutos ou mais, desde que haja indcios de que a funo

    cerebral ainda esteja preservada (miose ou pupilas fotorreagentes, presena de

    esforos respiratrios, etc.). Os autores ainda comentam que, em situaes em que

    existe ausncia efetiva de recuperao das funes cerebrais, como midrase no-

    responsiva, apnia, traado isoeltrico no eletroencefalograma (EEG), as manobras

    devem ser suspensas.

    Em relao s ordens de no ressuscitar relacionada ao processo cirrgico,

    Goldberg (2002) relata que no pr-operatrio no necessrio que o paciente

    explicite a ONR, pois neste perodo so realizados exames laboratoriais, raio X,

    eletrocardiograma que geralmente conseguem estabelecer a capacidade do

    paciente para tolerar o procedimento cirrgico sem correr risco de vida. Durante o

    procedimento cirrgico, a presso sangunea, o ritmo cardaco, a concentrao de

    oxignio sanguneo so monitorados constantemente por equipamentos que

    detectam imediatamente qualquer alterao auxiliando no diagnstico de

    intercorrncias, o que possibilita uma conduta mais gil.

    Roberts (2002) cita outro aspecto importante relacionado autonomia do

    paciente, a ser considerado na RCP, definindo-o como direito da escolha ou

    autogoverno e tambm como respeito ao ser humano. O paciente tem o direito de se

    manter informado sobre sua real situao. Essa informao necessria para

    garantir seu direito e resguardar-se das conseqncias de suas decises. Nos

    Estados Unidos, existe uma Lei de Autodeterminao do paciente, de 1991, que

    reconhece o direito de um indivduo tomar decises em relao aos cuidados

    mdicos, que lhe so prestados incluindo os cuidados no final da vida; nela se

    registra que o paciente tem direito a recusar ou a aceitar o tratamento. Porm, isso

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 38

    leva a um dilema, ou seja, por um lado o paciente tem o direito de decidir se quer ou

    no ser reanimado (DNR), por outro a conduta recomenda ressuscitar (reanimar)

    (CUMMINS, 2002).

    Roberts (2002) ressalta, ainda, que cada instituio tem uma poltica prpria

    para tal evento, mas esta geralmente vaga e no exata. Esse mesmo autor afirma

    que as enfermeiras defendem tanto a idia de reanimao, quanto a presena de

    familiares no momento desse evento.

    A Constituio Federal no Captulo I dos Direitos e Deveres individuais e

    coletivos no art. 5, estabelece :

    Todos so iguais perante a lei sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana (CAHALI, 2004, p. 20).

    A PCR um evento que pode ocorrer nas diversas clnicas, em qualquer

    lugar e com pacientes de diferentes idades. Estudo realizado por Pietro et al. (2002),

    avaliando diferentes formas de manobras de RCP, em gestantes, constatou que

    diferentes fatores podem influenciar na eficcia da reanimao cardiopulmonar de

    gestantes, uma vez que essa clientela possui caractersticas peculiares como

    mudanas psicolgicas, idade gestacional, deslocamento uterino e obstruo dos

    canais respiratrios pela compresso do externo, exigindo atendimento peculiar.

    Os autores assinalam que o evento PCR incomum durante a gravidez,

    porm, se ocorrer, necessrio que a equipe esteja capacitada para proporcionar

    um atendimento rpido e eficaz.

    Arajo I. e Arajo, S. (2003) mostraram que, aps o atendimento de uma

    PCR, comum no se encontrarem registros de enfermagem sobre o incio do

    evento e sua conduo, sendo mais freqentes registros da hora da PCR e do bito;

    h uma lacuna das demais informaes como a quantidade e os tipos de drogas

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 39

    utilizadas, os ritmos cardacos apresentados, o nmero de choques liberados.

    A equipe de sade, de forma geral, deve estar atenta para sua

    responsabilidade de maneira global e no, simplesmente, centrar-se na execuo de

    tarefas. Assim um procedimento s ser considerado vlido se estiver registrado de

    forma adequada e no documento apropriado. Os registros de enfermagem podem

    garantir maior confiabilidade assistncia prestada aos clientes.

    O potencial de utilizao deste conhecimento em PCR e RCP por parte da

    equipe de enfermagem, em especial do enfermeiro, pressupe que os objetivos da

    assistncia de enfermagem sero alcanados por meio das habilidades tcnico-

    cientficas, do pensamento crtico e reflexivo, que enfatizam a conscincia e a

    responsabilidade da equipe para salvar vidas.

    3.2 REGISTROS DE ENFERMAGEM

    Neste tpico vamos apresentar uma viso geral acerca dos registros de

    enfermagem e examinar os conceitos e aspectos essenciais para a documentao

    de enfermagem.

    O registro de enfermagem um tipo de comunicao necessria para o

    exerccio da profisso. Bittes Junior e Mateus (2000) definem a comunicao como

    um ato intrnseco do existir humano. Mesmo antes de nascer j estamos

    transmitindo e recebendo mensagens. Vrios autores chegaram a afirmar que o

    existir no mundo s possvel quando nos comunicamos.

    Bittes Junior e Matheus (2000) argumentam que para comunicar-se

    verdadeiramente, h uma srie de implicaes de aspectos complexos que, se no

    estiverem claros para as pessoas que esto se comunicando, podem gerar

    desentendimentos e at fazer fracassar as relaes entre elas.

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 40

    Existem vrias formas de comunicao. Entre elas temos a oral e a escrita e a

    interpretao a grande responsvel pelo sucesso ou fracasso deste processo de

    comunicao. Na enfermagem, as duas formas de comunicao, anteriormente

    mencionadas, so muito utilizadas e, devido a isso, muitos desentendimentos

    acontecem, pois a linguagem fortemente influenciada pela cultura e grande parte

    dos conflitos e incomunicaes, que ocorrem entre as pessoas, tem como origem a

    prpria linguagem (BITTES JUNIOR; MATHEUS, 2000).

    A comunicao um instrumento de fundamental importncia para o

    desenvolvimento da metodologia da assistncia de enfermagem, ela

    compreendida como um conjunto de sinais verbais e no-verbais que so emitidos e

    percebidos com a inteno de expor idias de torn-las comuns; ela representa a

    base da sustentao para as aes de enfermagem (WESTPHALEN ; CARRARO,

    2001).

    Os mesmos autores referem que, entre as atribuies da enfermagem, os

    registros ocupam um papel relevante. O registro um elemento importante para a

    avaliao dos procedimentos implementados, porquanto sustenta a continuidade do

    cuidado, o acompanhamento e a anlise da evoluo do estado de sade do

    paciente. A partir da avaliao das anotaes possvel determinar quais aes

    foram efetivas e quais no foram to efetivas. Diante dos dados registrados, a

    enfermeira deve fazer julgamento das aes realizadas, reformulando, se for o caso,

    o plano de cuidados.

    O registro representa a comunicao escrita dos fatos essenciais, de forma a

    manter uma histria contnua dos acontecimentos ocorridos durante um perodo de

    tempo (DU GAS, 1988).

    Sistematizar as orientaes para a confeco dos registros, alm de trazer

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 41

    visibilidade para a enfermagem, tambm serve como documento legal, que ampara

    os profissionais de enfermagem, como prova de que o paciente recebeu a

    assistncia devida. O registro tambm fornece dados para a identificao da

    responsabilidade profissional sobre as aes e constitui a base dos dados para

    pesquisas com diferentes enfoques, j que o mesmo envolve sentimentos,

    percepes e julgamento que contribuem para a construo do conhecimento da

    profisso (WESTPHALEN; CARRARO, 2001).

    Por outro lado, Daniel (1981, p. 91), discorre a importncia das anotaes em

    enfermagem que no seu entendimento servem para:

    [...] relatar por escrito as observaes do paciente ou cliente; contribuir com informaes para fazer o plano de cuidados de enfermagem; servir de elementos para pesquisa; fornecer elementos para a auditoria de enfermagem; servir para a avaliao dos cuidados de enfermagem prestados (quanto qualidade e continuidade); servir como fonte para a aprendizagem.

    O registro, desde que realizado de forma objetiva, completo e claro,

    possibilitar que qualquer enfermeiro tenha condies de dar continuidade ao

    cuidado do paciente, visto que ter dados suficientes do estado geral do paciente.

    Dessa forma poder reconhecer as alteraes da condio do cliente, avaliando e

    comparando os resultados colhidos com os resultados esperados, podendo reavaliar

    o plano de cuidado e implement-lo, se necessrio. O registro a prova legal do

    cuidado prestado (KALINOWSKI, 2001).

    Ochoa-Vigo, Pace e Santos (2003), num estudo realizado em uma unidade

    especializada do interior do Brasil, verificaram as diferenas do registro de

    enfermagem em trs perodos relacionados com a implementao do Processo de

    Enfermagem. Os autores explicam que os resultados obtidos indicam uma forte

    tendncia de melhoria das anotaes de enfermagem no perodo em estudo.

    O registro de enfermagem a base que sustenta as aes realizadas. Deve,

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 42

    por conseguinte, ser construdo fidedignamente seguindo critrios. Para isso

    buscamos subsdios em alguns autores. Du Gas (1988), em seu livro de

    Enfermagem Prtica, d orientaes quanto elaborao dos registros de

    enfermagem, sugerindo o seguinte roteiro:

    1. Exatido: o enfermeiro deve registrar com exatido e honestidade todas as

    intercorrncias, devendo o registro da hora ser preciso; todos os procedimentos,

    e medicamentos devem ser registrados imediatamente aps sua administrao e

    nunca antes. Quanto s observaes, estas devem ser minuciosamente

    descritas; por exemplo, a dor do paciente.

    2. O pronturio um documento legal; no permitido rasuras. Quando isso

    ocorrer, deve-se recorrer s orientaes da prpria instituio, pois cada

    instituio possui mtodos para corrigir.

    3. Outro ponto a ser observado se os cabealhos das folhas do pronturio esto

    preenchidos corretamente.

    4. Conciso: Os registros devem ser concisos e completos. Palavras a mais, como

    paciente, podem ser eliminadas, pois evidente que o registro refere-se ao

    paciente.

    5. Legibilidade: Os pronturios podem ser datilografados, digitados ou manuscritos,

    desde que a escrita seja legvel. Deve-se utilizar tinta, visto que o lpis no

    proporciona um registro permanente. Aps preencher o registro do paciente

    necessrio que a equipe de enfermagem assine seu nome, cargo ocupado e

    registro do Conselho Regional de Enfermagem (COREN).

    Du Gas (1988) ressalta que geralmente as anotaes dos enfermeiros servem

    para registrar e transmitir cinco categorias de informaes, as quais so:

    1. As medidas teraputicas executadas pelos vrios membros da equipe de sade;

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 43

    2. As medidas prescritas pelo mdico e executadas pela enfermagem;

    3. Procedimentos de enfermagem no prescritos pelo mdico, porm executados

    pela enfermeira, para atender as necessidades especficas de um paciente;

    4. O comportamento e outras observaes relativas ao paciente, consideradas

    pertinentes a sua sade;

    5. Respostas especficas do paciente terapia e assistncia;

    Em muitos servios mantido, tambm, nas anotaes dos enfermeiros, o

    registro das orientaes dadas aos pacientes. Seguindo a mesma linha de

    raciocnio, outros autores acrescentam outros critrios. Os autores Iyer, Taptich e

    Losy (1993) destacam que os registros de enfermagem devem seguir a

    apresentao e especificidade do contedo e fazem orientaes para elaborao

    desses registros.

    1. Que seja realizada de modo objetivo, sem preconceito, valores, julgamentos ou

    opinies pessoais. Quanto s informaes subjetivas fornecidas pelo cliente e

    familiares ou at mesmo por outros membros da equipe da sade, estas devem

    ser consideradas, porm, ao se registrarem esses tipos de informaes, devem-

    se utilizar aspas.

    2. Descries ou interpretaes de dados objetivos devem ter apoio em

    observaes especficas e concretas das situaes do cliente. Ex: deprimido,

    senta-se em quarto escuro, esporadicamente inicia um dilogo.

    3. Os termos que generalizam, inclusive termos vagos, como bom, regular, comum,

    normal no devem ser utilizados. Tais termos do azo a mltiplas interpretaes,

    dependendo do ponto de vista do leitor.

    4. Os achados devem ser descritos do modo mais completo possvel, o que inclui a

    definio de caractersticas como forma, tamanho, cor, textura e temperatura,

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 44

    especificando-se os dados de modo concreto e objetivo Ex: descrio de uma

    lcera de decbito.

    5. Registrem-se os dados de modo claro e conciso, evitando-se informaes

    desnecessrias, frases longas e sem objetividade.

    6. Escrever de modo legvel com tinta indelvel. Os erros na documentao devem

    ser corrigidos de modo a no ocultar o registro inicial; porm, se eventualmente

    ocorrer o mtodo comumente utilizado, incluem-se traado de uma linha sobre o

    item incorreto, a escrita de registro incorreto e a efetivao do registro. O uso de

    dispositivos como: corretivos, borrachas ou linhas cruzadas para ocultar o

    registro no permitido.

    7. Os registros devem estar gramatical e formalmente corretos. O enfermeiro deve

    utilizar somente abreviaes aprovadas em seu trabalho especfico. Termos

    como gria, clichs e rtulos devem ser evitados a no ser que seja uma citao

    direta do cliente/ famlia.

    Sanghavi e Shefler (2002), em uma pesquisa realizada numa unidade de

    cuidados intensivos e servios de urgncia de um hospital tercirio, tiveram como

    objetivo identificar a qualidade dos registros em pronturios de crianas que

    sofreram PCR. Observaram que inconsistncias e omisses podem ocorrer quando

    vrios membros de uma equipe com diferentes papis e responsabilidades

    documentam o mesmo evento clnico. As autores relataram que h prejuzos na

    documentao quanto aos detalhes (hora, data, localizao, profissional) e que

    tambm no aparecem os registros das estratgias teraputicas empregadas e o

    intervalo de tempo crtico. Quanto s doses de drogas e freqncia da

    administrao estas fazem parte de preocupaes particulares, pois no devem ser

    consideradas como medicao comum. Alm disso, o registro a nica prova de

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 45

    que o paciente recebeu os medicamentos e o atendimento adequado.

    O assunto de registros de dados em estabelecimentos de sade no um

    problema novo; est diretamente relacionado com a medicina legal. Ita Kelly citada

    por Sanghavi e Shefler (2002), relata que o Conselho de Reanimao do Reino

    Unido est atualmente comprometido com a auditoria de reanimao peditrica.

    Qualquer dvida quanto ao atendimento apurada detalhadamente nos registros

    quanto s decises teraputicas e tempo da reanimao cardiopulmonar.

    As questes referentes aos estudos sobre registros de enfermagem em PCR

    e RCP foram pesquisados por Cooper e Wakelam (1999), Arajo, I. e Arajo, S.

    (2003), Guimares et al. (2003), Cummins et. al. (1997) os quais destacam os

    diversos itens que devem ser anotados no evento PCR/RCP.

    A enfermagem requer que os enfermeiros registrem e documentem a

    assistncia prestada ao indivduo em situao de PCR e RCP como

    desenvolvimento, responsabilidade tica e moral no desempenho do trabalho.

    Registrar e documentar sistematicamente um evento dessa magnitude e

    complexidade implica em cuidados diretos prestados a essa pessoa.

    O registro das informaes vital para possibilitar estudos futuros e para dar

    apoio efetivo ao desenvolvimento de novas pesquisas. Deve, tambm, auxiliar no

    desenvolvimento de novas estratgias que possam ser desenvolvidas no evento da

    PCR/RCP.

    Baumann (1999, p. 9) explica:

    [...] a conduta do profissional de Enfermagem, por sua natureza, permite e requer formalizao, o que realizado principalmente, por meio das anotaes no pronturio do paciente. Sua falta, na maioria das vezes, dificulta o exerccio da proteo dos seus direitos, quer administrativamente, quer judicialmente.

    O registro um documento legal. Dessa forma no so permitidas rasuras ou

    alteraes. Se ocorrerem criam suspeitas de que algum tentou encobrir

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 46

    informaes. Se houver a necessidade de fazer qualquer tipo de correo, o

    profissional deve consultar as orientaes da instituio.

    Sendo assim, Potter e Perry (2004) sugerem algumas orientaes a respeito de

    como realizar os registros no pronturio do paciente:

    1. No deixar espao em branco em uma anotao;

    2. Registrem-se apenas os fatos;

    3. importante que a informao registrada seja verdadeira e completa;

    4. As anotaes feitas em um pronturio devem ser legveis e escritas tinta;

    5. O profissional de enfermagem no deve confiar na memria ao registrar a

    informao;

    6. Se o profissional questiona uma prescrio, ele dever registrar o fato;

    7. Registrem-se sempre as prprias aes e no as praticadas por outra pessoa,

    pois o profissional tem responsabilidade pela informao registrada no pronturio.

    Os profissionais de enfermagem devero realizar um registro objetivo e

    conciso; alguns minutos extras para registrar uma descrio legvel podero evitar

    horas de uma corte judicial.

    3.3 TICA NA ENFERMAGEM

    Para prestar uma assistncia de enfermagem com qualidade necessrio

    conhecimento das leis, resolues, decretos que regem o exerccio profissional de

    enfermeiros, tcnicos e auxiliares de enfermagem (COREN-SP, 2000).

    Nesse contexto, buscando subsdio para discutir sobre a tica na

    enfermagem, procuramos destacar conceitos, definies de alguns autores e

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 47

    descrever as leis que subsidiam a temtica.

    A tica um termo genrico para vrias formas de entender e analisar a vida

    moral. Entre as abordagens da tica, algumas so normativas (ou seja, apresentam

    padres de aes boas ou ms), outras so descritivas relatando aquilo em que as

    pessoas acreditam e suas condutas (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).

    importante ressaltar as conceituaes sobre tica. A palavra vem do grego

    Ethos que significa costume, carter. Portanto, tica o estudo dos costumes.

    Costumes so hbitos de uma pessoa, um povo, uma comunidade; podem ser

    definidos como procedimentos corretos, mas a dificuldade encontrada est em

    discernir qual definio pode ser considerada como certa (ROBERTS, 2002).

    O termo tica provm do lexema grego ethos que, quando pronunciado com

    e breve, significa hbito, e quando pronunciado com e longo significa morada,

    costumes, carter. Aristteles empregou ethik com o sentido de investigaes

    sobre as propriedades de carter, quando realizava suas averiguaes tericas

    sobre questes do bem e do mal, da virtude e do vcio (SGRECCIA, 1996)

    Entende-se por moral (substantivo) o conjunto de costumes ou hbitos de um

    indivduo ou de um povo, regido por um princpio muito genrico de bem ou de

    correto enquanto, por tica, compreende-se tambm o conjunto de princpios ou

    regras avaliados com rigor e conscincia crtica (PETROIANU, 2000).

    Para Petroianu (2000), a conscincia moral pode ser entendida como ponto

    de referncia para um conjunto de experincias: perceber os valores morais, sentir o

    chamado do dever, sentir a satisfao do dever cumprido ou, ao contrrio, a

    experincia do remorso.

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 48

    Sgreccia, 1996, p.152 diz:

    O valor moral em particular especifico das atividades humanas e da experincia moral, denotando a qualidade ou perfeio de uma ao ou de uma conduta enquanto de acordo com o bem ou a dignidade da pessoa humana.

    Na rea mdica a tica pode ter implicaes mais srias. Os enfermeiros

    devem prestar atendimento ao paciente de forma integral, no fazendo julgamentos

    pessoais. O cuidado no pode ser reduzido ou simplesmente negado pelo fato do

    enfermeiro acreditar que o paciente no est sendo cooperativo, est sendo mal-

    educado ou que no vale a pena prestar o atendimento (PETROIANU, 2000).

    Segundo Pessini e Barchifontaine (2000), a Biotica definida como estudo

    sistematizado da conduta humana no mbito das cincias da vida e da sade,

    devendo essa conduta ser examinada com base nos valores e princpios morais.

    Beauchamp e Childress (2002) explicam que a biotica pode apresentar-se

    como uma importante rea a ser estudada devido aos avanos da cincia,

    principalmente na rea mdica. Os problemas que surgem tm afetado, de forma

    intensa, a vida dos seres humanos. Assuntos abordados como aborto, eutansia,

    clonagem e o direito integralidade do cdigo gentico so temas que constituem o

    centro das discusses dessa parte aplicada da tica que estuda a vida tanto na sua

    origem, como no seu desenvolvimento e no seu fim.

    Os autores complementam que, para justificar algumas prticas e posies,

    necessrio buscar argumentos sustentados por alguma teoria. Relatam tambm que

    a filosofia contribui, de forma muito importante, no debate sobre questes

    biomdicas, pois, alm de problematizar as questes, tambm fornece as bases

    para as teorias que hoje se apresentam como predominantes na tentativa de

    fundamentar a biotica.

    Esses mesmos autores questionam sobre o que moralidade, dizendo que

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 49

    podemos ser tentados a responder que a moralidade uma teoria sobre o certo e o

    errado. Chamam-nos a ateno ressaltando que as palavras tica e moralidade no

    devem ser confinadas no contexto terico.

    Teoria, tica e filosofia moral so os termos apropriados para se referir a reflexo filosfica sobre a natureza e a funo da moralidade. O propsito de uma teoria o de aumentar a clareza, a ordem sistemtica e a preciso dos argumentos nas nossas reflexes sobre a moralidade. (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002, p. 19)

    Deve-se entender o termo moralidade como referente a padres sociais sobre

    comportamento humano certo ou errado, convenes amplamente partilhadas e que

    formam um consenso comum estvel (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).

    Frankena (1969) apresenta em seu livro, no captulo Moralidade e Filosofia

    Moral, o posicionamento de Scrates, explicando que o princpio de um estudo deve

    seguir algumas orientaes:

    1- No devemos permitir que nossas decises sejam afetadas pela emoo;

    importa que equacionemos o problema e perante ele nos definamos segundo a

    melhor ponderao. Devemos tratar de reunir os fatos e de conservar claro o

    esprito. Problemas devem ser resolvidos com o auxlio da razo.

    2- No cabvel solucion-los recorrendo ao consenso geral. Os autores podem

    errar. E cabe a ns encontrar respostas que consideramos corretas. Devemos

    pensar por ns mesmos.

    3- Jamais devemos agir de forma moralmente errada. S nos cabe indagar se o que

    se prope certo ou errado e no quais sero as conseqncia que teremos que

    enfrentar, ou o que pensam a nosso respeito ou como nos sentimos em face ao

    ocorrido.

    O enfermeiro deve dar suporte ao paciente, deve falar dos seus direitos e

    escolhas, deve ajudar a "clarear" suas decises em busca de seus interesses,

  • Marco Terico de Referncia_______________________________________________________________ 50

    protegendo seus direitos bsicos como pessoa, com privacidade e autonomia

    (HAMRIC, 2000).

    Hancock (1997) afirma que a qualidade do cuidado com os pacientes

    permanece como central para os profissionais de enfermagem. Ocupa um foco

    primrio. Os profissionais de enfermagem chegam muitas vezes a se preocupar com

    o paciente antes que consigo mesmos. O autor relata que os cdigos ticos para a

    enfermagem descrevem a prote