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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS – TRE/RJ TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal, Como estão? Esta é a nossa 2ª aula. Vamos firmes, na batalha. Hoje vamos cuidar dos poderes administrativos. AULA 02: 5 Poderes administrativos: hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia; uso e abuso do poder. Então, vamos nessa. Poderes Administrativos O Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”. Devemos compreender que o ordenamento jurídico confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas, poderes. E, por força disso, também estabelece uma série de restrições, de deveres. Percebe-se, portanto, que esses poderes são outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo. Então, é até por isso, pode-se enumerar duas características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. Em razão desse duplo aspecto, os poderes administrativos impõem ao administrador o exercício das prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas

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Olá pessoal, Como estão? Esta é a nossa 2ª aula. Vamos firmes, na

batalha. Hoje vamos cuidar dos poderes administrativos.

AULA 02: 5 Poderes administrativos: hierárquico,

disciplinar, regulamentar e de polícia; uso e abuso

do poder.

Então, vamos nessa.

Poderes Administrativos

O Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”.

Devemos compreender que o ordenamento jurídico

confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas, poderes. E, por força disso, também estabelece uma série de restrições, de deveres.

Percebe-se, portanto, que esses poderes são

outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo.

Então, é até por isso, pode-se enumerar duas

características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos.

Em razão desse duplo aspecto, os poderes

administrativos impõem ao administrador o exercício das prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas

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prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos anseios coletivos.

Significa dizer que ao ser conferido certo poder, o é

em razão do exercício da atribuição, de modo que o agente público não poderá ficar inerte, não poderá se omitir, deverá realizar suas funções.

É que, enquanto o particular quando titular de uma

prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o poder-dever de agir.

Isto é, conforme destaca Bandeira de Mello, “tais

poderes são instrumentais: servientes do dever de bem cumprir a finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo, aquele que desempenha função, tem, na realidade, deveres-poderes”.

Quando se utiliza desses poderes de forma normal diz-

se que há o uso do poder. Porém, o uso indevido, anormal, ilegítimo, configura o abuso de poder.

Assim, abuso de poder é, conforme lição de Carvalho

Filho “a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei”.

O abuso de poder pode se constatado sob duas

vertentes ou espécies, sendo: o excesso de poder e o desvio de poder. O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos limites da competência que lhe foi atribuída. Já o desvio de poder ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em descompasso com a finalidade estabelecida em lei para a prática de certo ato.

O desvio de poder também é conhecido como

desvio de finalidade, que corresponde à conduta do agente público que dá ao ato finalidade diversa daquele prevista na lei.

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Cito como exemplo, a remoção de um subordinado pelo superior hierárquico, para comarca distinta, sob a alegação de necessidade do serviço, mas com o fim único de persegui-lo, puni-lo.

Tanto quando há excesso ou desvio de poder diz-se

que ocorreu abuso de poder, o que configura ilícito administrativo, além de ilícito penal tipificado na Lei nº 4.898/65 (abuso de autoridade), além de ser ato de improbidade administrativa, conforme art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92, que assim dispõe:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da administração pública

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às

instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de

competência;

Ademais, como ressaltado, se é dever atuar, também

haverá abuso de poder quando o agente deixar de praticar o ato, ou seja, ficar inerte, omisso.

Com efeito, o abuso de poder é conduta, omissiva ou

comissiva, que afronta os princípios da legalidade, finalidade, moralidade, dentre outros, sujeitando-se, pois, ao controle administrativo (autotutela) ou judicial (mandado de segurança, por exemplo).

Outrossim, ao mesmo tempo que são conferidos

poderes, também são fixados deveres, restrições, aos agentes públicos, tal com o dever de probidade, o dever de prestar contas, o dever de eficiência, dentre outros.

De modo geral, a doutrina destaca a existência de diversos poderes administrativos, de modo que é possível enquadrá-los nas seguintes modalidades ou espécies:

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a) poder discricionário/vinculado; b) poder regulamentar; c) poder hierárquico; d) poder disciplinar; e) poder de polícia.

Configura-se o poder discricionário quando a lei não

traça todos os parâmetros para atuação do agente público, cabendo-lhe avaliar a conveniência e oportunidade de se realizar determinado ato em atendimento ao interesse público.

Na discricionariedade há margem para valoração da

conduta, ou seja, valorar quais as condições e o melhor momento para realizar a conduta. Que dizer, é o poder para decidir o que é conveniente, oportuno para a Administração Pública na condução do interesse coletivo.

Poder discricionário, assim, é o poder concedido

para mensurar acerca de se praticar ou realizar determinado ato, considerando a conveniência e oportunidade, diante de duas ou mais condutas possíveis, cabendo ao agente eleger aquela que melhor atenda ao interesse público.

É importante destacar que a conveniência diz

respeito às condições para se praticar o ato. Já a oportunidade, por outro lado, refere-se ao momento em que o ato deve ser praticado.

Assim, tome como exemplo, a necessidade de a

Administração adquirir material de consumo (caneta, papel etc). A lei determina que seja licitado, mas o momento (oportunidade) e as condições (conveniência) para tanto será definida pelo administrador, com base no seu planejamento administrativo.

Vê-se que o poder discricionário encontra-se na

margem de espaço permitida pela própria lei. No entanto, em que pese essa abertura, o poder discricionário possui limitação, de modo que pode sofrer controle administrativo e judicial.

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É que no âmbito da discricionariedade permitida, deve-se observar a adequação da conduta ao alcance da finalidade (razoabilidade / proporcionalidade) expressa em lei.

Também devem ser observados os motivos que

inspiraram a prática do ato, de modo que é dever do agente expor os fundamentos de fato e de direito que deram ensejo ao ato, a fim de que se possa verificar sua validade.

Por isso, discute-se se é possível o controle judicial

dos atos com base no poder discricionário. Nesse sentido, com base nos limites impostos, é

permitido que o Poder Judiciário afira a legalidade do exercício do poder discricionário, considerando em especial a razoabilidade e proporcionalidade dos atos.

O que se veda ao Judiciário é que se faça o juízo de

conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do administrador, conduta que ensejaria a invasão em esfera de competência adstrita ao agente público, ou seja, redundaria em violação ao princípio da separação de poderes.

Porém, é dado ao Poder Judiciário, como destacado,

apreciar o ato, inclusive no seu aspecto de liberdade, a fim de verificar se não houve violação aos limites legais, isto é, se o ato não é arbitrário, abusivo, ilegal ou ilegítimo.

Veja que é essa a orientação que vem sendo adotada

no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, cf. Informativo 337 (MS-23981) e REsp 443.310/RS (Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21.10.2003, DJ 03.11.2003 p. 249).

De todo forma, devemos lembrar que todos os atos

administrativos são passíveis de controle judicial.

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Quanto aos atos discricionários o controle é mais limitado, mas é sempre possível. É que poderá sofrer controle acerca dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma) que estarão previstos na norma, bem como no mérito para verificar a compatibilidade com os princípios constitucionais (razoabilidade, proporcionalidade), ou seja, a adequação aos limites legais.

Portanto, a discricionariedade está baseada nos limites

legais, de modo que não há discricionariedade contra legem por ser prática arbitrária.

É preciso, no entanto, distinguir o que seja

discricionariedade, daquilo que se denomina de conceito jurídico indeterminado.

Os conceitos jurídicos indeterminados, conforme

explica Carvalho Filho, são termos ou expressões contidos em normas jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido, permitem que o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo significado, mutável em função da valoração que se proceda diante dos pressupostos da norma. É que sucede com expressões do tipo ‘ordem pública’, ‘bons costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança nacional’.

São, portanto, expressões previstas no âmbito da

norma, que já estabelece seus efeitos, cabendo apenas a concretização ou interpretação pelo aplicador.

A discricionariedade reside no campo da aplicação da

norma, de forma que permite ao administrador, dentro da margem legal, observando a oportunidade e conveniência, ponderar os interesses concorrentes dando prevalência ao que melhor atenda o fim perseguido.

Por outro lado, o Poder é vinculado ou regrado

quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à prática de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para

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atuação do administrador, devendo realizar o que exatamente estabelece a lei, quando e como ela determina.

De todo modo, é bom ressaltar que para alguns

autores, tal como a Profa. Zanella Di Pietro, os poderes discricionários e vinculados “não existem como poderes autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando

muito, atributos de outros poderes ou competências

administrativas”. Para autora só existiria os poderes normativo,

disciplinar, hierárquico e de polícia. E, nesse sentido, para o Prof. Carvalho Filho só o regulamentar, discricionário e de polícia.

De todo modo, como disse inicialmente, em geral,

tem-se aceito os poderes discricionário, vinculado, regulamentar, hierárquico, disciplinar e de polícia.

O Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à

Administração Pública de editar atos normativos de caráter abstrato e geral visando dar aplicabilidade à lei.

Trata-se de poder no sentido de praticar atos de

natureza derivada (secundário) tendo em vista complementar o alcance da lei, decorrente da função normativa.

Com efeito, como salienta Carvalho Filho, “o poder

regulamentar é subjacente à lei”, ou seja, deve observar as balizas legais, de modo a não contrariar seu sentido e comando. Quer dizer, não pode criar direitos, nem obrigações que não decorram diretamente da Lei.

É exemplo de este poder os decretos e

regulamentos, conforme prevê o art. 84, incisos IV e VI, da CF/88, que por simetria aplica-se a todas as esferas federativas.

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Assim, muito embora não haja entendimento uniforme, é possível destacar duas espécies de decretos ou regulamentos. Os denominados decretos de execução e os autônomos.

Os decretos de execução, no âmbito brasileiro,

estariam previstos no art. 84, inc. IV, da CF/88, que seriam utilizados para dar fiel execução às leis, conforme o seguinte:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da

República:

[...]

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como

expedir decretos e regulamentos para sua fiel

execução;

Por outro lado, os chamados decretos autônomos

são utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da Constituição, ou seja, são atos normativos primários, pois não estão subordinados à lei.

A doutrina tem indicado como hipótese de decreto

autônomo a disposição contida no art. 84, inc. VI, da CF/88, ao estabelecer que compete ao chefe do Executivo, mediante decreto, dispor sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

No entanto, como disse, trata-se de tema

controvertido na doutrina. Assim, em defesa dos decretos autônomos está a Profa. Di Pietro, Hely Lopes, dentre outros. No sentido de o ordenamento Constitucional não prevê tal espécie estão os Profs. Celso Bandeira, Carvalho Filho, por exemplo.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a

figura do decreto autônomo, após a EC 32/01, nos termos do art. 84, inc. VI, da CF/88, nos seguintes termos:

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INFORMATIVO Nº 324

TÍTULO: Liberação de Recursos: Autorização Presidencial

PROCESSO: ADI - 2564

ARTIGO:

Julgado improcedente o pedido formulado em ação direta

ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B contra o

Decreto 4.010/2001, que vincula a liberação dos recursos

para pagamento dos servidores da Administração Pública

Federal direta, autárquica e fundacional, à expressa

autorização do Presidente da República. O Tribunal

considerou não caracterizada, na espécie, a alegada

ofensa ao princípio da reserva legal - dado que o art.

84, VI, da CF, na redação dada pela EC 32/2001

permite ao Presidente da República dispor, por

decreto, sobre a organização e o funcionamento da

administração federal quando isso não implicar

aumento de despesa ou criação de órgãos públicos -,

afastando, ainda, a argumentação do requerente de que a

norma impugnada privaria os ministros de Estado da

atuação nas áreas de sua competência, já que, na forma

prevista nos artigos 76 e 84, II, da CF, o Poder Executivo é

exercido pelo Presidente da República, com o auxílio dos

ministros de Estado. ADI 2.564-DF, rel. Ministra Ellen

Gracie, 8.10.2003. (ADI-2564)

INFORMATIVO Nº 217

TÍTULO: Guerra Fiscal

PROCESSO: ADI - 2155

ARTIGO

Julgando o pedido de medida liminar em ação direta de

inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado

de São Paulo contra o Decreto 2.736/96 do Estado do

Paraná (Regulamento do ICMS do Paraná) - que concede

crédito presumido de ICMS, incentivos e benefícios fiscais -,

o Tribunal, preliminarmente, rejeitou a articulação de não-

cabimento da ação por entender que tal norma

caracteriza-se como decreto autônomo revestido de

conteúdo normativo, e não como simples ato

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regulamentar. Prosseguindo no julgamento, o Tribunal

entendeu relevante a fundamentação jurídica do pedido por

aparente contrariedade ao art. 155, § 2º, XII, g, da CF, que

só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios

fiscais por deliberação dos Estados e do Distrito Federal,

mediante lei complementar. O Tribunal não conheceu da

ação quanto a diversos dispositivos por se tratarem de

normas temporárias, cujos efeitos já se exauriram. ADInMC

2.155-PR, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2001.(ADI-2155)

Fala-se, ainda, em poder regulatório ou normativo

técnico ou regulamentar delegado. É o poder conferido, por exemplo, às agências reguladoras, ao Conselho Nacional de Justiça, ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e entidades da Administração para, conforme permissão legal, estabelecer normas técnicas acerca de sua área de atuação.

Há uma delegação legislativa no sentido de permitir a

criação de disposições técnicas. Contudo, esse poder não é de inovar na ordem jurídica, está calcando em pormenorizar tecnicamente os aspectos legais (o que se tem chamado de discricionariedade técnica), com a expedição de Instruções Normativas por uma Agência, quanto à edição de uma Resolução por um órgão administrativo, por exemplo.

Dessa forma, o poder regulamentar ou o regulatório

(normativo técnico) não podem ultrapassar os limites da lei, criando situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, devem apenas esclarecer, explicitar, pormenorizar ou viabilizar a operacionalidade técnica da lei.

Ademais, cumpre lembrar que cabe ao congresso

nacional, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/88, sustar os atos do poder executivo que exorbitem o exercício do poder regulamentar.

Poder Hierárquico é o poder que decorre da

organização hierárquica da Administração Pública, ou seja, da relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes.

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Trata-se de relação de subordinação entre os vários

órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa. São poderes implícitos ou decorrentes do poder

hierárquico no sentido de permitir ao superior comandar (estabelecer normas), ordenar (dar ordens), coordenar (gerenciar, distribuir atividades, delegar ou avocar funções), controlar (fiscalizar e exigir o cumprimento das ordens) e corrigir (rever os atos, anulando ou revogando) as atividades administrativas.

Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de

orientação, de coordenação, de fiscalizar das atividades desempenhadas no cotidiano administrativo.

O poder comando ou de direção é o de orientar as

atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos, com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado da função administrativa.

Assim, o poder de direção subjacente ao poder

hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens concretas individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos inferiores observem o direcionamento dado pelos órgãos de comando.

Por isso, recorde-se que é dever funcional observar as

ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem MANIFESTAMENTE ilegais.

Não se deve, no entanto, confundir subordinação

com vinculação administrativa. A subordinação decorre do poder hierárquico, a vinculação resulta do poder de supervisão ministerial (tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais,

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não retirando a autonomia administrativa da entidade, sendo controle apenas de finalidade, de resultado, ou seja, dos fins da entidade.

Dessa relação de subordinação administrativa

(hierarquia) decorre o poder de autotutela, ou seja, do superior rever os atos do subordinado anulando-o quando ilegais ou revogando quando inconvenientes ou inoportunos, seja de ofício ou por meio de recurso hierárquico.

O poder disciplinar é a faculdade conferida à

Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas sujeitas à disciplina da Administração.

É uma decorrência do poder hierárquico, porém não se

confunde com este na medida em que o poder hierárquico induz à ideia de escalonamento de funções e subordinação entre os diversos graus. O poder disciplinar é o poder de controlar e fiscalizar no âmbito interno o exercício dessas funções, de modo a responsabilizar o agente pelos ilícitos cometidos, aplicando penalidades.

Então, o poder disciplinar é o poder conferido à

Administração para responsabilizar os agentes, órgão ou entidade, ou ainda demais pessoas submetidas à disciplina interna por ilícitos cometidos.

Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir

sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre pessoas particulares que mantenham vínculo com a Administração (alunos em escola pública, detentos, contratados etc).

No entanto, se não houver nenhum vínculo com a

Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Com efeito, conforme menciona a Profa. Raquel Melo

Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as

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sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal do Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina punitiva da Administração”.

Significa dizer que se o particular não tem qualquer

vínculo com a Administração (funcional ou contratual, por exemplo), não poderá sofrer sanção em razão do poder disciplinar da Administração, mas poderá em razão do poder de polícia (fiscalização de atividade etc).

Lembre-se, no entanto, se esse particular tiver algum

vínculo com o Estado (contrato de prestação de serviço, concessionário, permissionário) sofrerá sanção disciplinar (multa, advertência, suspensão etc), e se não tiver qualquer vínculo somente poderá sofrer sanção decorrente do poder de polícia.

Temos ainda o poder de polícia. O poder de polícia é a prerrogativa de que dispõe a

Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.

Esse poder tem por fundamento, conforme lição da

Profa. Di Pietro, no princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia sobre os administrados, na medida em que a Administração dispõe de prerrogativas especiais para a consecução de seus fins.

Com efeito, a definição de poder de polícia fora

positivada no Código Tributário Nacional, em seu artigo 78, ao expressar que:

Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da

Administração Pública que, limitando ou disciplinando

direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato ou

abstenção de fato, em razão de interesse público

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concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos

costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao

exercício de atividade econômicas dependentes de

concessão ou autorização do Poder Público, à

tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e

aos direitos individuais e coletivos.

O poder de polícia pode ser visto numa acepção ampla

ou numa acepção restrita. Em sentido amplo compreende toda a atividade estatal

de condicionar, restringir, direitos individuais em prol do interesse coletivo. Assim, compreenderia, por exemplo, a atividade legislativa, isto é, a criação de leis restritiva de direitos.

Em sentido estrito corresponde à atividade

administrativa que impõe restrições à atividade, liberdade e à propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da Administração Pública, sendo denominado de polícia administrativa.

Com efeito, o poder de polícia pode ser preventivo

ou repressivo. É preventivo quando destina a evitar condutas que violem o interesse da coletividade. É repressivo quando destinado a combater ilícitos que redundem em afronta ao interesse público.

Significa dizer que no exercício da polícia

administrativa preventiva a Administração expedirá os atos normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares em razão do interesse público.

No tocante ao poder de polícia repressivo a

Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens, verificando a existência de infrações às disposições preventivas e punindo as condutas ilícitas administrativas.

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No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança, saúde etc.

Nesse sentido, distingue-se a polícia administrativa,

que incide sobre bens, atividades ou direitos, da polícia judiciária que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais.

A Polícia Judiciária atua no sentido de manter a ordem

e a segurança da sociedade, combatendo a criminalidade, atuando por meio de órgãos de defesa, ou seja, por corporações (Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal).

Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem

atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à criminalidade, à repressão penal, à segurança pública.

A polícia administrativa, por outro lado, não incide

sobre pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades individuais, tanto preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua no combate a ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos diversos setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc).

Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida

pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as normas de direito criminal (processuais e penais).

Assim, como o poder de polícia, a polícia

administrativa, é atividade conferida ao Estado para impor restrições a esfera particular, devemos entender que se trata de prerrogativa especial, e como tal, goza de atributos diferenciados.

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Assim, o poder de polícia goza dos seguintes atributos específicos: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade (DAC).

A discricionariedade deve ser entendida no sentido

de que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e os meios necessários à proteção do interesse público.

Contudo, deve-se ressaltar que o poder de polícia é

em regra discricionário, isso porque a lei pode estabelecer o modo e a forma de sua realização quando, então, não haverá margem de escolha da Administração, sendo, pois, vinculado, tal como a concessão de licença para dirigir (habilitação).

Com efeito, a licença é ato de polícia vinculado, ou

seja, ocorre quando o indivíduo, preenchidos os requisitos, tem o direito de praticar o ato, por isso são atos vinculados (licença para construir, para dirigir etc).

A autorização, por outro lado, é ato decorrente do

poder de polícia discricionária, ou seja, dependerá da conveniência e oportunidade da administração em permitir ou conceder o ato (ex. porte arma), podendo, portanto, ser revogada.

Assim, podemos concluir que nem todo ato do

poder de polícia é discricionário. A autoexecutoridade é a prerrogativa conferida à

Administração para decidir e executar diretamente suas decisões, por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário.

Veja que a Administração para praticar seus atos

condizentes com o poder de polícia não necessita de autorização judicial, de modo que por si mesma pode executá-los.

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A coercibilidade é o atributo que confere à Administração poder de impor obrigações ou condutas aos particulares, de forma a exigir seu cumprimento, sob pena de a Administração fazer-se cumprir pelo uso da força.

Quanto à titularidade do poder de polícia, é importante

observar que a competência para exercê-lo decorre diretamente do sistema de partilha de competências constitucional. Assim, em regra, a competência é da pessoa política a qual a Constituição conferiu o poder de regular a matéria.

Portanto, tratando-se de assuntos de interesses

nacionais, a competência é da União. De assuntos estaduais, a competência é do Estado-membro. E, regionais, a competência é do Município. Porém, devemos lembrar que haverá a possibilidade de exercício concorrente, daí a necessidade de atuação em sistema de gestão associada, conforme prescreve o art. 241, CF/88.

Nesse sentido, quando o poder de polícia é exercido

diretamente pela pessoa política, ou seja, pela Administração Pública direta, por seus órgãos e agentes, fala-se em poder de polícia originário.

Contudo, quando outorgado (delegação feita por lei) à

pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, tal como as autarquias, denomina-se poder de polícia delegado ou outorgado.

Daí a grande celeuma no âmbito dessa matéria. Pode

o poder de polícia ser delegado? É preciso ter cuidado, pois acabamos de ver que a resposta é positiva, desde que a delegação ocorra por força de lei.

Agora, a delegação poderá ocorrer para pessoa

jurídica de direito privado? E para particulares? Bem, aí a questão é um pouco mais complexa. A

jurisprudência tem pacificado o entendimento de que o poder de

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polícia é atividade exclusivamente estatal, por isso, não poderia ser delegado a particulares.

Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio

Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 1.717/DF) e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente:

PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA –

CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL –

PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO

LICITATÓRIO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF,

declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei

9.649/98, que alteraram a natureza jurídica dos

conselhos profissionais por ser indelegável a

entidade privada atividade típica de Estado, que

abrange até poder de polícia, de tributar e de

punir, no que concerne ao exercício das

atividades profissionais regulamentadas.

2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos

profissionais permanece competente a Justiça Federal

para julgar mandado de segurança, ainda que o ato

impugnado seja de gestão e não de delegação, como

in casu.

3. Conflito conhecido para declarar-se competente o

Juízo Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra

ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em

28/06/2006, DJ 07/08/2006 p. 197)

Contudo, o ilustre professor ressalva o caso de

capitães de navios, em que há o exercício do poder de polícia por pessoa privada. No entanto, trata-se de uma excepcionalidade, segundo o próprio mestre.

Destaca-se, todavia, que é possível que se permita ao

particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que precedam

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os atos jurídicos do poder de polícia, que é a instrumentalização do poder de polícia, tal como colocação de fotossensores, radares, pardais, detectores de produtos ilícitos ou metais em aeroportos etc, conforme orientação jurisprudencial. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE

TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO

AGENTE. AUTO DE INFRAÇÃO.

1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de

Trânsito, o agente da autoridade de trânsito

competente para lavrar o auto de infração poderá ser

servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial

militar designado pela autoridade de trânsito com

jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência.

O aresto consignou que toda e qualquer notificação é

lavrada por autoridade administrativa.

2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos

materiais que precedem atos jurídicos de polícia não

possam ser praticados por particulares, mediante

delegação, propriamente dita, ou em decorrência de

um simples contrato de prestação. Em ambos os casos

(isto é, com ou sem delegação), às vezes, tal figura

aparecerá sob o rótulo de "credenciamento". Adílson

Dallari, em interessantíssimo estudo, recolhe variado

exemplário de "credenciamentos". É o que sucede, por

exemplo, na fiscalização do cumprimento de normas

de trânsito mediante equipamentos fotossensores,

pertencentes e operados por empresas privadas

contratadas pelo Poder Público, que acusam a

velocidade do veículo ao ultrapassar determinado

ponto e lhe captam eletronicamente a imagem,

registrando dia e momento da ocorrência" (Celso

Antônio Bandeira de Mello, in "Curso de Direito

Administrativo, Malheiros, 15ª edição, pág. 726): 3. É

descabido exigir-se a presença do agente para lavrar o

auto de infração no local e momento em que ocorreu a

infração, pois o § 2º do CTB admite como meio para

comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por

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equipamento audiovisual (...)previamente

regulamentado pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu

sobre a impossibilidade da administração valer-se de

cláusula que estabelece exceção para notificação

pessoal da infração para instituir controle eletrônico.

5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel.

Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado

em 18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113)

Mas, e se essa pessoa jurídica de direito privado for

integrante da Administração Pública? Bem, o entendimento era no sentido de que pessoa

jurídica de direito privado não poderia exercer atos do poder de polícia, por ser atividade tipicamente estatal, ou seja, que deveria ser exercida por pessoa jurídica de direito público.

Contudo, em recente decisão o STJ passou a entender

que o poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e sanção -, poderá ser delegado à pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de consentimento e fiscalização.

Significa dizer que, para o STJ, as atividades de

consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista, dentre outras) e de fiscalização (fiscalização de trânsito, postura, obras, sanitária etc) podem ser delegadas às entidades de direito privado integrantes da Administração Pública.

No entanto, conforme entendimento do STJ não

poderá ser delegado atividades de legislação e aplicação de sanções, por se caracterizar como atividades intrínsecas do campo administrativo. Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada no âmbito do STJ:

"A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

decidiu pela possibilidade de a Empresa de Transporte de

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Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos

relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira.

Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a

vedação à aplicação de multas pela empresa privada.

A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de

novembro último que garantiu ao poder público a aplicação

de multa de trânsito. Na ocasião, os ministros

acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro

Campbell Marques, de ser impossível a transferência do

poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é

o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o

dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da

liberdade em favor do interesse público. E suas atividades

se dividem em quatro grupos: legislação, consentimento,

fiscalização e sanção.”

O prof. Carvalho Filho, neste aspecto, diverge, pois

entende que qualquer pessoa administrativa também poderá exercer a atividade de fiscalização e aplicar sanção.

A propósito, são sanções decorrentes do poder de

polícia as multas, interdição de atividades, embargo de obras, cassação de patentes, demolições, proibição de fabricar, suspensão ou cassação de direito, por exemplo.

De toda sorte, por ser ato administrativo, os atos de

poder de polícia se submetem ao controle administrativo, de autotutela, bem como ao controle judicial.

Ademais, vale destacar que a Lei nº 9.873/99

estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º:

Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da

Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício

do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação

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em vigor, contados da data da prática do ato ou, no

caso de infração permanente ou continuada, do dia

em que tiver cessado.

Observe que esta lei não se aplica às infrações de

natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária, conforme art. 5º, mas ao exercício do poder de polícia.

Vamos às questões.

QUESTÕES COMENTADAS

1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Há excesso de poder quando o agente público decreta a remoção de um servidor não como necessidade do serviço, mas como punição.

Comentário:

Ocorre o abuso de poder quando há uma conduta ilegítima do agente público, seja por extrapolar os limites de sua competência (excesso de poder), seja por usar sua competência para finalidade diversa daquele visada pela norma (desvio de poder ou de finalidade).

Assim, tendo em vista que o excesso ou desvio dizem

respeito mais especificamente a elementos do ato administrativo, vamos estudar tais vícios de forma mais abrangente lá.

De toda sorte, há desvio de poder e não excesso

quando o agente decreta a remoção como medida punitiva, já que utiliza sua competência não para atender a finalidade pública, mas para outros fins. Gabarito: Errado.

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2. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM – CESPE/2011) Caso autoridade administrativa deixe de executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada e, consequentemente, lese o patrimônio jurídico individual, a inércia de seu comportamento constitui forma omissiva do abuso de poder.

Comentário:

É importante perceber que o abuso de poder pode

ocorrer tanto por ação, como por omissão, sobretudo quando o agente deixa de praticar ato, visando causar prejuízo a terceiros. Gabarito: Certo.

3. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) O poder vinculado não existe como poder autônomo; em realidade, ele configura atributo de outros poderes ou competências da administração pública.

Comentário:

De fato, para alguns doutrinadores, o poder vinculado e o poder discricionário não seriam propriamente poderes, mas atributos de outros poderes ou atos administrativos.

Nesse sentido é o entendimento da Profa Di Pietro,

para quem os poderes discricionários e vinculados “não existem como poderes autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando muito, atributos de outros poderes ou competências administrativas”.

Para a professora Di Pietro só existiria os poderes

normativo, disciplinar, hierárquico e de polícia. Essa também é a linha de entendimento do Prof. Carvalho Filho.

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Gabarito: Certo.

4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Forma de conferir liberdade ao administrador público, o poder discricionário permite que a autoridade, mediante os critérios de conveniência e oportunidade, opte pela ação que melhor propicie a consecução do interesse público, atuação que se sobrepõe aos limites da lei.

Comentário:

O poder discricionário permite ao agente público uma

margem de liberdade para atuar. Tal margem de liberdade diz respeito à valoração da conduta sob os aspectos da conveniência e oportunidade a fim de satisfazer o interesse público.

Contudo, tal valoração ou liberdade não se sobrepõe

aos limites legais. É que o poder discricionário deve se pautar pelos limites impostos expressas ou implicitamente na lei, sob pena de ilegalidade do ato. Gabarito: Errado.

5. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) Não há que se confundir a discricionariedade do administrador em decidir com base nos critérios de conveniência e oportunidade com os chamados conceitos indeterminados, os quais carecem de valoração por parte do intérprete diante de conceitos flexíveis. Dessa forma, a discricionariedade não pressupõe a existência de conceitos jurídicos indeterminados, assim como a valoração desses conceitos não é uma atividade discricionária, sendo passível, portanto, de controle judicial.

Comentário:

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Conceitos jurídicos indeterminados são termos ou expressões contidos em normas jurídicas, que não foram definidos com exatidão, carecendo de interpretação, valoração. (Ex: “bem comum”, “boa-fé”, “decoro” etc).

De outro lado, a discricionariedade é a atuação com

liberdade, ou seja, com possibilidade de se avaliar, analisar, as opções que se apresentam, e, dentro da margem legal, definir sob o aspecto da oportunidade e conveniência da realização do ato que melhor atenda o fim perseguido.

Assim, uma coisa não se confunde com outra. Todavia,

no âmbito dos conceitos jurídicos indeterminados, é importante destacar, existem autores que entendem que há discricionariedade quando a lei utiliza os conceitos jurídicos indeterminados, sobretudo, quando há indefinição acerca do alcance do instituto.

Por exemplo, saber o que é boa-fé todo mundo sabe,

mas defini-la exatamente, não. Então haveria um núcleo comum, mas dentro desse núcleo uma margem de mutação de sentido, no que se aplicaria uma interpretação, uma integração do alcance.

Todavia, mesmo diante dessa situação, não se pode

confundir uma coisa com outra. Gabarito: Certo.

6. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) No exercício do poder hierárquico, os agentes públicos têm competência para dar ordens, rever atos, avocar atribuições, delegar competência e fiscalizar.

Comentário:

Lembre-se que na Administração Pública há uma hierarquia funcional, ou seja, uma relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes.

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Assim, tendo em vista essa hierarquia, é concedida a

prerrogativa da Administração, ou do administrador, de ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas.

Esses atributos também chamados de poderes de

comando, de fiscalização, de revisão, de delegação e de avocação da atividade administrativa.

Por isso é que se diz que do poder hierárquico

decorrem as faculdades implícitas para o superior, tais como a de dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar atribuições e a de rever atos dos subalternos.

Trata-se, como destacado, de uma relação de

subordinação entre os vários órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa.

Não se deve, no entanto, confundir subordinação com

vinculação administrativa. A subordinação decorre do poder hierárquico e desta a autotutela. A vinculação resulta do poder de supervisão ministerial (tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais, não retirando a autonomia administrativa da entidade. Gabarito: Certo.

7. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) O funcionamento racional da estrutura administrativa pressupõe uma configuração interna embasada em relações que assegurem coordenação entre as diversas unidades que desenvolvem a atividade administrativa.

Comentário:

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De fato, o poder hierárquico traduz a ideia de escalonamento, distribuição de funções dentro da estrutura administrativa, estando cada camada unida por uma sincronia coordenada, ou seja, dentro de uma estrutura orgânica em que os órgãos e agentes funcionam coordenadamente.

É que a Administração, cada um de seus entes e

entidades, internamente, deve funcionar de forma entrosada, harmoniosa, sob pena de falência do próprio Estado. Gabarito: Certo.

8. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Do poder hierárquico decorre a possibilidade de os agentes públicos delegarem suas competências, devendo haver sempre responsabilização do delegante pelos atos do delegado, por agirem em seu nome.

Comentário:

Como ressaltei, do poder hierárquico decorrem os poderes implícitos para dar ordens, fiscalizar seu cumprimento, de delegar e avocar atribuições e, ainda, de rever atos dos subalternos.

No entanto, o delegante somente responde pelos atos

do delegado exercidos nos limites daquilo que foi delegado, ou seja, se o agente delegado extrapolou tais limites, ele é quem responderá, e não o delegante.

E, de todo modo, a Lei nº 9.784/99, em seu art. 14, §

3º, estabelece que as decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. Gabarito: Errado.

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9. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) O poder disciplinar consiste em distribuir e escalonar as funções, ordenar e rever as atuações e estabelecer as relações de subordinação entre os órgãos públicos, inclusive seus agentes.

Comentário:

Veja que o poder de distribuir, escalonar funções, ordenar e rever as atuações, assim como as relações de subordinação entre os órgãos públicos e seus agentes é o poder hierárquico. Gabarito: Errado.

10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) A hierarquia é atribuição exclusiva do Poder Executivo, que não existe na esfera do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, pois as funções atribuídas a esses últimos poderes são apenas de natureza jurisdicional e legiferante.

Comentário:

Devemos sempre lembrar que os Poderes Legislativo e Judiciário, além de suas funções típicas, possuem funções atípicas e dentre estas temos a função administrativa.

Não só o Poder Executivo é a Administração Pública,

pois conforme estabelece o art. 37, caput, da CF/88, temos a Administração Pública do três Poderes.

Assim, o poder hierárquico, observando no âmbito da

função administrativa, é também observado na atuação dos Poderes Legislativo e Judiciário, quando realizam tal função, podendo, portanto, delegar ou avocar atribuições. Gabarito: Errado.

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11. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) O regimento interno de um órgão é fruto do exercício do poder hierárquico desse órgão.

Comentário:

O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas internamente. Teríamos, portanto, atividade no sentido de dar ordens, fiscalizar seu cumprimento, controlar a realização dos atos, bem como revê-los etc.

Então, tais poderes ou atribuições são ditadas ou

direcionadas à pessoas determinadas, ou seja, àqueles que estejam na linha de subordinação, sendo expedido por meio de ordens de serviços, por exemplo instruções, portarias etc.

Assim, tal poder não enseja a elaboração de normas

que regulamentem a atuação dos órgãos ou suas funções, mas a atuação de seus agentes subordinados, seja por atos concretos (portarias, ordem de serviço) ou mesmo gerais (instruções).

Por isso, a expedição de regimento interno em dado

órgão, por se trata de ato geral e abstrato a regular a funcionalidade do órgão, ou seja, seu funcionamento, muito embora deva ser observados pelos agentes, não é emanação do poder hierárquico, mas do poder normativo. Gabarito: Errado.

12. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) O poder de direção das entidades políticas se manifesta pela capacidade de orientar as esferas administrativas inferiores, o que se faz por meio de atos concretos ou normativos de caráter vinculante.

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Comentário:

O poder de direção ou comando é o de ordenar, orientar, as atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos, com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado da função administrativa.

Assim, o poder de direção subjacente ao poder

hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens concretas individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos inferiores observem o direcionamento dado pelos órgãos de comando.

Por isso, recorde que é dever funcional observar as

ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem MANIFESTAMENTE ilegais. Gabarito: Certo.

13. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/AC – CESPE/2008) Considere que a Constituição da República determina que as polícias civis sejam dirigidas por delegados de polícia de carreira. Essa determinação confere aos delegados poder hierárquico e poder disciplinar sobre os servidores da polícia civil que lhes são subordinados.

Comentário:

Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de orientação, de coordenação, de fiscalizar.

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Então, um agente, um escrivão estaria subordinado ao delegado chefe da respectiva unidade, e demais autoridades dentro da linha hierárquica de subordinação na estrutura organizacional da Polícia, assim como os demais servidores administrativos.

Todavia, no caso da organização policial, a atividade

correcional, ou seja, o poder disciplinar, como já devem saber, não é dado ao próprio delegado que coordena, que controla, que exerce o comando da unidade, mas à corregedoria.

E, ademais, no tocante aos demais servidores

(atividade meio), o poder disciplinar é conferido à autoridade administrativa, conforme organização interna. Gabarito: Errado.

14. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) Devido ao sistema hierarquizado da administração pública, torna-se possível a esta distribuir a legitimidade democrática do governo a todas as esferas administrativas.

Comentário:

Então, questão filosófica não é? É simples! Quer dizer simplesmente que se pode distribuir as funções administrativas, no âmbito interno, e possibilitar a ampla participação dos servidores no processo de condução da Administração Pública.

É óbvio que sim. Ou seja, a Administração Pública não

é um quartel em que os soldados não podem manifestar seus pensamentos, suas idéias.

Ora, vivemos num ambiente democrático, de

participação, que se exige do servidor, não só o dever de cumprir as ordens emanadas, mas de participar da condução da máquina

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estatal, apresentando idéias, sugestões, tecendo críticas, ou seja, construindo uma Administração melhor.

De outro lado, já não há mais espaço para chefes ou

dirigentes que entendem que somente ele, por ser quem está na condução do órgão ou entidade, é que pode pensar.

O verdadeiro líder é aquele que sabe ouvir, e tomar as

decisões adequadas, sempre consultando seus pares. Gabarito: Certo.

15. (EXAME DE ORDEM – OAB – CESPE/2008) No exercício do poder regulamentar, a administração não pode criar direitos, obrigações, proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer normas sobre a forma como a lei vai ser cumprida.

Comentário:

Como observamos, o poder regulamentar confere á Administração Pública a prerrogativa de criar normas gerais e abstratas a fim de detalhar a aplicação da lei no âmbito da Administração Pública.

Todavia, trata-se de poder subjacente à lei, ou seja,

não pode ultrapassar os limites da lei, criando situação jurídica não tutelada na norma, devendo apenas esclarecer, explicitar, pormenorizar, viabilizar sua operacionalidade.

Por isso, no exercício do poder regulamentar, a

administração não pode criar direitos, obrigações, proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer normas sobre a forma como a lei vai ser cumprida. Gabarito: Certo.

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16. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Decorrente diretamente do denominado poder regulamentar, uma das características inerentes às agências reguladoras é a competência normativa que possuem para dispor sobre serviços de suas competências.

Comentário:

Tem-se como expressão do poder regulamentar, sob aspecto geral ou mais amplo, a existência do poder regulatório ou normativo, conferido por exemplo às Autarquias reguladoras (agências reguladoras), ao Conselho Nacional de Justiça, ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e entidades da Administração.

Como ressaltado, o poder regulamentar ou o

regulatório (normativo) não pode ultrapassar os limites da lei, criando situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, deve apenas esclarecer, explicitar, pormenorizar, viabilizar a operacionalidade técnica da lei. Gabarito: Certo.

17. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) O poder regulamentar formaliza-se por meio de decretos e regulamentos. Nesse sentido, as instruções normativas, as resoluções e as portarias não podem ser qualificadas como atos de regulamentação.

Comentário:

Poder regulamentar, como ressaltado, é a prerrogativa conferida, em especial, ao Chefe do Executivo para editar atos gerais visando dar aplicabilidade à lei que, como regra, formaliza-se por meio de decretos e regulamentos.

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Todavia, como observado, há no âmbito do poder regulamentar o denominado poder normativo, atribuído a órgãos ou entidades da Administração, para regulamentar os aspectos técnicos de seus serviços ou área de regulação, que é formalizado por meio de Instruções normativas, resoluções ou portarias gerais. Gabarito: Errado.

18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à administração pública de editar atos de caráter geral que visam complementar ou alterar a lei, em face de eventuais lacunas e incongruências.

Comentário:

Como bem destaca o Prof. Carvalho Filho, o poder regulamentar é subjacente à lei e pressupõe a existência desta. Trata-se de poder no sentido de praticar atos de natureza derivada, ou seja, tendo em vista complementar o alcance da lei.

Assim, o poder regulamentar é poder conferido no

sentido de esclarecer, explicitar, detalhar o alcance da norma, nunca no sentido de preencher lacunas ou corrigir incongruências. Pois tal tarefa é dada ao intérprete, utilizando instrumentos de aplicação da lei, tal como a analogia, os princípios gerais de direito, ou ao próprio legislador na formulação de novas leis. Gabarito: Errado.

19. (PROCURADOR MUNICIPAL – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) Com o estado de direito, passou-se a afirmar a existência de uma função de natureza administrativa cujo objeto é a proteção do bem-estar geral, mediante a regulação dos direitos individuais, expressa ou implicitamente reconhecidos no sistema jurídico. Nesse contexto, o poder

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público, além de impor certas limitações, emite atos preventivos de controle, aplica penalidades por eventuais infrações e, em determinados contextos, exerce coação direta em face de terceiros para preservar interesses sociais. Raquel M. U. de Carvalho. Curso de direito administrativo. Salvador: Juspodivum, 2008, p. 327 (com adaptações). Trata-se, portanto, do poder de normativo.

Comentário:

Como vimos, o poder normativo ou regulatório é poder de explicitar tecnicamente como será a aplicabilidade de uma norma, ou seja, como deve ser observada, como deve ser cumprida na realização ou desenvolvimento técnico de atividades ou exercício de profissão.

No entanto, quando o poder público, além de impor

certas limitações, emite atos preventivos de controle, aplica penalidades por eventuais infrações e, em determinados contextos, exerce coação direta em face de terceiros para preservar interesses sociais, está atuando no exercício do poder de polícia.

Atentemos para o fato de que o poder normativo ou

regulatório não enseja a aplicação de sanções ou penalidades, estas são decorrências ou do poder disciplinar (quando há vínculo com a Administração) ou do poder de polícia, quando a Administração ou o Estado atuará restringindo, limitando direitos e liberdades individuais. Gabarito: Errado.

20. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) O ato normativo do Poder Executivo que contenha uma parte que exorbite o exercício de poder regulamentar poderá ser anulado na sua integralidade pelo Congresso Nacional.

Comentário:

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O poder regulamentar deve observar as balizas legais,

de modo que não pode contrariar a lei sob pena de ser inválido. Nesse tocante, cabe ao Congresso Nacional sustar os

atos do Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar, conforme estabelece o art. 49, inc. V, CF/88, assim expresso:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso

Nacional:

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que

exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da

delegação legislativa;

Dessa forma, o Congresso somente poderá sustar o

ato normativo no que extrapolar ou exorbitar o poder regulamentar, ou seja, somente a parte que excede os limites do poder regulamentar ou da delegação legislativa conferidos ao Poder Executivo. Gabarito: Errado.

21. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De acordo com o entendimento do STF, quando o Poder Executivo expede regulamento, ato normativo de caráter não legislativo, não o faz no exercício de função legislativa, mas no de função normativa, sem que haja derrogação do princípio da divisão dos poderes.

Comentário:

O STF tem entendimento consolidado no sentido de que a expedição de atos normativos pelo Poder Executivo é expressão do poder regulamentar ou da função da normativa, conforme o seguinte:

INFORMATIVO Nº 650

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TÍTULO: Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições)

PROCESSO: MS - 30604

ARTIGO

Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições) (v.

Informativo 646) ADI 4568/DF* RELATORA: Ministra Cármen Lúcia

VOTO DO MINISTRO LUIZ FUX AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL E

ADMINISTRATIVO. DIREITO DO TRABALHO. GARANTIA

FUNDAMENTAL DO SALÁRIO MÍNIMO (CF, ART. 7, IV). LEI Nº

12.381/11. FIXAÇÃO DO VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O

ANO DE 2011. DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO

DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O PERÍODO DE 2012 A 2015.

SISTEMÁTICA DE REAJUSTE E MAJORAÇÃO DO PODER

AQUISITIVO. ART. 3º DO DIPLOMA. FENÔMENO DA

DESLEGALIZAÇÃO. DECRETO DO PODER EXECUTIVO AO QUAL

COMPETIRÁ CONSOLIDAR A APLICAÇÃO DOS INDÍCES PREVISTOS

NA LEI. CONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE

(CF, ART. 5º, II, E 37, CAPUT) E DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF,

ART. 2º). CONTEXTO DE “CRISE DA LEI FORMAL”. DIÁLOGO

INSTITUCIONAL ENTRE OS PODERES LEGISLATIVO E EXECUTIVO.

FUNÇÃO LEGISLATIVA DESEMPENHADA ATRAVÉS DA FIXAÇÃO DE

DIRETRIZES PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS. ESPAÇO

NORMATIVO VIRTUOSO DO PODER EXECUTIVO NO

DESENVOLVIMENTO E NA CONCRETIZAÇÃO DO CONTEÚDO DA

LEI. CONHECIMENTO TÉCNICO E DINAMISMO NA RESPOSTA AOS

NOVOS DESAFIOS REVELADOS PELA SOCIEDADE

CONTEMPORÂNEA. HABILITAÇÃO NORMATIVA DO PODER

EXECUTIVO. RISCO DE DELEGAÇÃO EM BRANCO. PRINCÍPIO

DEMOCRÁTICO. DEVER DE FIXAÇÃO, EM LEI, DE

PARÂMETROS DE CONTEÚDO QUE LIMITEM A ATUAÇÃO DO

PODER EXECUTIVO (“INTELLIGIBLE PRINCIPLE

DOCTRINE”). PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL RELATIVOS AO DOMÍNIO TRIBUTÁRIO, PENAL E

ADMINISTRATIVO. SISTEMÁTICA DA LEI QUE SE VOLTA A

PROMOVER A EFETIVIDADE DA GARANTIA FUNDAMENTAL

DO TRABALHADOR. PERIODICIDADE SIMILAR À DO PLANO

PLURIANUAL (CF, ART. 165, § 1º, C/C ART. 35, § 2º, I, DO

ADCT). ELEVAÇÃO DA VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO

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COMO POLÍTICA DE ESTADO. INOCORRÊNCIA DE

SILENCIAMENTO DO PODER LEGISLATIVO. POSSIBILIDADE

DE QUE, A QUALQUER TEMPO, SOBREVENHA NOVO

DIPLOMA REVOGANDO A DESLEGALIZAÇÃO OPERADA PELA

LEI Nº 12.382/11. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO REGIME

CONSTITUCIONAL PARA A EDIÇÃO DE LEI DELEGADA (CF,

ART. 68, CAPUT E §§). DECRETO DO PODER EXECUTIVO

QUE, NA SISTEMÁTICA DA LEI Nº 12.381/11, CARACTERIZA

ATO NORMATIVO DE NATUREZA SECUNDÁRIA,

DIVERSAMENTE DO QUE SE PASSA COM A LEI DELEGADA.

IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

Gabarito: Certo.

22. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) Um regulamento autorizado pode disciplinar matérias reservadas à lei.

Comentário:

Lembre que o poder regulamentar, mesmo em sua expressão poder normativo técnico, não pode extrapolar os limites da lei, ou seja, não pode invadir campo reservado à lei em sentido formal, sob pena de violação ao princípio da separação de poderes. Gabarito: Errado.

23. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) O poder normativo da administração pode ser expresso por meio de deliberações e de instruções editadas por autoridades que não o chefe do Poder Executivo, as quais podem inovar no ordenamento jurídico, criando direitos e impondo obrigações.

Comentário:

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Observamos que é no âmbito da Administração Pública teremos o poder regulamentar conferido ao Chefe do Executivo e o poder normativo (especialmente o técnico) conferido a algumas entidades ou a alguns órgãos da Administração, distintos daquela autoridade.

Contudo, esse poder não poderá ultrapassar os limites

legais, de modo que não poderá criar direito ou impor obrigações, inovando na ordem jurídica. Gabarito: Errado.

24. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder regulamentar permite que o ato normativo derivado inove e aumente os direitos e obrigações previstos no ato de natureza primária que o autoriza, desde que tenha por objetivo o cumprimento das determinações legais.

Comentário:

Como já observado, o poder regulamentar não pode inovar na ordem jurídica criando direitos ou obrigações para além do que foi previsto no ato primário (Lei). Gabarito: Errado.

25. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Caso se determine, por meio de lei, a certa autoridade a competência para editar atos normativos secundários, essa competência pode ser objeto de delegação.

Comentário:

Nos termos da Lei nº 9.784/99, artigo 13, não se pode delegar a edição de tos de competência normativa.

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Gabarito: Errado.

26. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) As sanções impostas aos particulares pela administração pública são exemplos de exercício do poder disciplinar.

Comentário:

Como já destacado, o poder disciplinar é a faculdade conferida à Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas ou órgãos sujeitos à disciplina da Administração.

Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir

sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre administrados que estejam sob a disciplina administrativa (alunos em escola pública, por exemplo).

Todavia, se não houver nenhum vínculo com a

Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Com efeito, conforme menciona a Prof. Raquel Melo Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal do Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina punitiva da Administração”. Gabarito: Errado.

27. (AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL – DPF – CESPE/2009) O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua disciplina interna tem como fundamento o poder disciplinar.

Comentário:

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Com base no poder disciplinar, a Administração Pública

poderá aplicar sanções aos seus agentes e a terceiros que mantenha vínculo com a Administração.

Todavia, o poder disciplinar não alcança particulares

que não tenham vínculo com a Administração. Trata-se de poder introverso. De outro lado, aos particulares, não sujeitos à disciplina interna da Administração, se aplica o poder de polícia. Gabarito: Errado.

28. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) O ato de aplicação de penalidade disciplinar deverá ser sempre motivado.

Comentário:

Nos termos do art. 50, inc. II, da Lei nº 9.784/99, os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções. Gabarito: Certo.

29. (ANALISTA DE TRANSPORTES – ADVOGADO – CETURB/ES – CESPE/2010) Segundo entendimento do STJ, o poder disciplinado é sempre vinculado, não havendo qualquer espaço de escolha para o administrador, quer quanto à ocorrência da infração, que quanto à pena a ser aplicada, razão pela qual o ato pode ser revisto em todos os aspectos pelo Poder Judiciário.

Comentários:

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Observe que, diante de um ilícito administrativo, não há discricionariedade em escolher em punir ou não punir, ou seja, deverá incidir o poder disciplinar admoestando as condutas que violem a ordem interna.

Ademais, em que pese a norma disciplinar configurar

tipos abertos (ou seja, não estabelece em todos os casos, como na lei penal, penas específicas para os ilícitos administrativos), deve o administrador, sopesando as circunstâncias agravantes e atenuantes, aplicar a penalidade previstas em lei.

Assim, pelo só fato de ter que sopesar, levar em

consideração a razoabilidade e proporcionalidade, não quer dizer que se trata de poder discricionário, pois não há margem de liberdade entre punir ou não punir, se existir a violação ao dever funcional, por parte do servidor.

Diante do ilícito, configurado e comprovado, o

administrador somente poderá definir qual a pena mais adequada, entre as previstas no ordenamento, nem que seja somente uma advertência escrita, deverá aplicá-la.

Assim, não punir somente é aceitável se a conduta

ilícita não tiver configurada ou o agente não a tiver praticado, ou não há provas para condená-lo, conforme entendimento do STJ.

No entanto, a doutrina tem entendimento de que

decidir qual a melhor pena a ser aplicada, dentre as possíveis, insere-se no âmbito da discricionariedade.

Porém, o STJ exarou entendimento no sentido de que

não há qualquer margem de liberdade, mesmo na decisão da penalidade a ser aplicada, chamando o poder disciplinar de disciplinado, e, por isso, permitindo a análise ou o controle judicial sobre todos os seus aspectos. Gabarito Certo.

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30. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) Decorre do poder disciplinar do Estado a multa aplicada pelo poder concedente a uma concessionária do serviço público que tenha descumprido normas reguladoras impostas pelo poder concedente.

Comentário:

Quando há uma relação, um vínculo, entre o particular e o Estado há a incidência do poder disciplinar. Acaso não haja esse vínculo, atos punitivos decorrem do poder de polícia.

Por isso, a aplicação de penalidade a uma

concessionária de serviço público decorre do poder disciplinar. É importante lembrarmos que se deve observar, em

todos os casos, o contraditório e a ampla defesa, pois são garantias constitucionalmente asseguradas. Gabarito: Certo.

31. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) No exercício do poder disciplinar, cabe à administração apurar e aplicar penalidades aos servidores públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.

Comentário:

De fato, o poder disciplinar confere à Administração o poder de punir no âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas ou órgãos sujeitos à disciplina da Administração. Gabarito: Certo.

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32. (PROCURADOR DE ESTADO – PGE/PE – CESPE/2009) O poder disciplinar, que confere à administração pública a tarefa de apurar a prática de infrações e de aplicar penalidades aos servidores públicos, não tem aplicação no âmbito do Poder Judiciário e do MP, por não haver hierarquia quanto ao exercício das funções institucionais de seus membros e quanto ao aspecto funcional da relação de trabalho.

Comentário:

Em que pese no âmbito do Poder Judiciário e do Ministério Público, no exercício de suas funções típicas, seus membros atuarem com independência funcional, isso não os coloca à margem do poder punitivo da Administração.

É que tais agentes, enquanto agentes públicos, estão

submetidos à disciplina interna da Administração, de modo que podem sofrer sanções administrativas quando violarem suas atribuições legais, existindo, como regra, o órgão de corregedoria que exerce o poder disciplinar, além do CNJ e CNMP. Gabarito: Errado.

33. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÕES – DPU – CESPE/2010) O poder disciplinar é aquele pelo qual a administração pública apura infrações e aplica penalidades aos servidores públicos e a pessoas sujeitas à disciplina administrativa, sendo o processo administrativo disciplinar obrigatório para a hipótese de aplicação da pena de demissão.

Comentários:

De fato, no âmbito do poder disciplinar a Administração tem poderes para apurar infrações e aplicar penalidades aos seus agentes e demais pessoas sujeitas à disciplina

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interna, sendo que, no âmbito das infrações administrativa de seus servidores é necessário, para aplicação de penalidade de demissão a abertura de processo administrativo disciplinar. Gabarito: Certo.

34. (PROCURADOR 3ª CATEGORIA – PGE/CE – CESPE/2008) Atividade da administração pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção (non facere), a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo. (Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de direito administrativo. Editora Malheiros. 20.ª ed., p. 787). A definição objeto do fragmento de texto acima se refere ao poder de polícia.

Comentário:

De fato, é justamente essa a definição de poder de polícia dada por Celso Antônio Bandeira de Mello.

Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles, define poder de polícia como a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.

Todavia, podemos extrair a definição do poder de

polícia, de forma mais abrangente, do Código Tributário Nacional, conforme artigo 78 ao expressar que:

Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da

Administração Pública que, limitando ou disciplinando

direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato

ou abstenção de fato, em razão de interesse público

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concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos

costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao

exercício de atividade econômicas dependentes de

concessão ou autorização do Poder Público, à

tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e

aos direitos individuais e coletivos.

É de se ressaltar que o fundamento do poder de polícia

é o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia sobre os administrados, ou seja, tal prerrogativa é conferida à Administração no sentido de velar, zelar pelo interesse público.

Poder de polícia, em acepção ampla, significa a

atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade ajustando-as aos interesses coletivos, compreendo tanto os atos legislativos quanto os atos executivos.

Em sentido estrito corresponde à atividade

administrativa que impõe restrições à liberdade e à propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da Administração. Gabarito: Certo.

35. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/BA – CESPE/2010) O poder de polícia, considerado como a atividade do Estado limitadora do exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público, é atribuído com exclusividade ao Poder Executivo.

Comentário:

O poder de polícia é atividade do Estado que visa limitar, condicionar ou restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.

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Todavia, é poder atribuído ao Estado, na sua função administrativa, de modo que não é atividade exclusiva do Poder Executivo. Gabarito: Errado.

36. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/ES – CESPE/2011) A atividade do Estado que condiciona a liberdade e a propriedade do indivíduo aos interesses coletivos tem por fundamento o denominado poder hierárquico.

Comentário:

Como já destacamos a atividade do Estado que condiciona a liberdade e a propriedade do indivíduo aos interesses coletivos tem por fundamento o denominado poder de polícia.

Gabarito: Errado.

37. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) O poder de polícia, regido pelo direito administrativo, é o meio pelo qual a administração pública exerce atividade de segurança pública, seja por meio da polícia civil, seja pela polícia militar, a fim de coibir ilícitos administrativos.

Comentário:

Com efeito, já sabemos que o poder de polícia é atividade que incide sobre bens, atividades ou direitos, ou seja, na restrição, limitação ao exercício destes.

Dessa forma, é possível entender que o poder de

polícia poderá ser encontrado em duas áreas, no âmbito da polícia administrativa e o da polícia judiciária.

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Porém, não devemos confundir uma coisa com outra, ou seja, a polícia administrativa com a judiciária.

A Polícia Judiciária é a polícia de segurança do Estado,

atuando no sentido de manter a ordem e a segurança pública, combatendo a criminalidade, atuando por meio de órgãos de defesa (Polícia Civil e Federal, por exemplo).

Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem

atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à criminalidade, à repressão penal, à segurança pública.

A polícia administrativa, por outro lado, não incide

sobre pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades individuais, tanto preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua no combate a ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos diversos setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc).

Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida

pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as normas de direito criminal (processuais e penais). Gabarito: Errado.

38. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJDFT – CESPE/2008). No exercício do poder de polícia, a administração pública está autorizada a tomar medidas preventivas e não apenas repressivas.

Comentário:

Como acabamos de ver, no âmbito do exercício do poder de polícia poderá ser efetivadas medidas de cunho repressivo, quanto de cunho preventivo.

Significa dizer que no exercício da polícia

administrativa preventiva a Administração expedirá os atos

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normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares em razão do interesse público.

No tocante ao poder de polícia repressivo a

Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens, verificando a existência de infrações às disposições preventivas e punindo as condutas ilícitas administrativas.

No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de

polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança, saúde etc. Gabarito: Certo.

39. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/BA – CESPE/2010) O poder de polícia manifesta-se apenas por meio de medidas repressivas.

Comentário:

Como destacado, o poder de polícia pode tanto ser preventivo (edição de normas, exigência de alvarás etc), como repressivo (apreensão de mercadorias, fechamento de estabelecimento, aplicação de multas). Gabarito: Errado.

40. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRT 17ª REGIÃO – CESPE/2009) A administração exerce o poder de polícia por meio de atos e operações materiais de aplicação da lei ao caso concreto, compreendendo medidas preventivas

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e repressivas. A edição, pelo Estado, de atos normativos de alcance geral não pode ser considerada meio adequado para o exercício do poder de polícia.

Comentário:

Essa questão é um pouco mais complexa, pois devemos observar que o Poder de Polícia pode ser visto numa acepção mais ampla, envolvendo tanto as atividades legislativas quanto as administrativas.

A legislativa no sentido de o Poder Legislativo editar

leis que criam as limitações administrativas ao exercício dos direitos e das atividades individuais, estabelecendo normas gerais e abstratas, bem como ao Executivo quando regulamenta tais leis de modo a aplicá-la no caso concreto.

De outro lado, ainda podemos considerar a atuação

material da Administração, ou seja, na expedição de atos e operações materiais de aplicação da lei ao caso concreto, de modo a compreender medidas preventivas (fiscalização, autorização, licença etc) ou repressiva (interdição de atividades, internação de pessoas doentes, por exemplo com a gripe suína).

Desse modo, o poder de polícia tanto diz respeito à

edição de atos gerais e abstratos primários (Lei, pelo Legislativo) ou secundários (regulamentos, pelo Executivo), ou de atos ou operações materiais.

Por isso, a edição de atos normativos de alcance geral

pelo Estado, muito embora também possa dizer respeito ao poder regulamentar ou normativo, se disser respeito a atividades de restrição de direitos, liberdades ou bens, é atuação da Administração no exercício do poder de polícia. Gabarito: Errado.

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41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) O poder de polícia administrativa manifesta-se por meio de atos concretos e específicos, mas não de atos normativos, pois estes não constituem meios aptos para seu adequado exercício.

Comentário:

Acabei de ressaltar que o poder de polícia tanto diz respeito à edição de atos gerais e abstratos primários (Lei, pelo Legislativo) ou secundários (regulamentos, pelo Executivo), ou de atos ou operações materiais.

Assim, não só de atos concretos e específicos

manifesta-se o poder de polícia, como também por meio de normas gerais e abstratas. Veja, agora, por exemplo a Resolução Contram que exige a utilização de cadeirinhas por crianças. Gabarito: Errado.

42. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) O poder de polícia administrativa consubstancia-se por meio de determinações de ordem pública, de modo a gerar deveres e obrigações aos indivíduos. Nesse sentido, os atos por intermédio dos quais a administração consente o exercício de determinadas atividades não são considerados atos de polícia.

Comentário:

Então, a atividade do poder de polícia, como atividade preventiva, pode se manifestar na exigência de alvará (autorização) para abertura de estabelecimento comercial.

Assim, quando a Administração consente no exercício

de determinadas atividades, a exemplo de permissão do exercício de profissão, tais atos são considerados exercício do poder de polícia.

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Gabarito: Errado.

43. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) Em regra, os atributos do poder de polícia do Estado incluem-se executoriedade, finalidade, presunção de legitimidade e tipicidade.

Comentário:

A doutrina, majoritariamente, tem apresentado como atributos do poder de polícia a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.

A discricionariedade deve ser entendida no sentido de

que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e os meios necessários à proteção do interesse público.

Assim, em regra, o poder de polícia é discricionário.

No entanto, a lei pode estabelecer o modo e a forma de sua realização, não dando margem de liberdade para o administrador.

Ou seja: Nem sempre a discricionariedade estará

presente. É que existem atos ou atuações do poder de polícia que não são discricionários, são vinculados. É o exemplo da licença na medida em que a Administração deve concedê-la se o particular preencher os requisitos legais. (Ex. licença para dirigir, para exercício de profissão)

Distintamente, no caso da autorização, mesmo que se

preencha os requisitos legais, a Administração pode conceder ou não (é discricionário). (Ex.: porte de arma).

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A autoexecutoridade é a possibilidade que tem Administração de tomar e executar diretamente suas decisões, por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário.

Assim, a Administração para praticar seus atos

condizentes com o poder de polícia não necessita de autorização judicial, de modo que por si mesma pode praticá-los.

Por isso, atualmente, tem se dividido a

autoexecutoriedade em exigibilidade e executoriedade. A executoriedade é a possibilidade de a Administração

tomar suas decisões executórias, ou seja, sem precisar ir a juízo e diretamente forçar seu cumprimento. A exigibilidade é adoção de meios indiretos para que se cumpra a decisão tomada (ex. não licenciar veículo, a fim de que o proprietário pague a multa).

A coercibilidade é o poder que tem a Administração,

unilateralmente, de impor condutas aos particulares, de modo que o administrado deverá observar tais condutas, sob pena de a Administração fazer-se cumprir pelo uso da força.

É certo, no entanto, que os atos decorrentes do poder

de polícia também são atos administrativos, e estes têm os seguintes atributos: presunção de legitimidade e veracidade, autoexecutoriedade, imperatividade e tipicidade. (veremos em outra aula).

Assim, mesmo diante disso, não se deve confundir os

atributos do poder de polícia, com os atributos dos atos administrativos. Gabarito: Errado.

44. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) No exercício do poder de polícia, a

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administração age sempre com autoexecutoriedade, não dependendo de outro poder para torná-lo efetivo.

Comentário:

Pois é, nem todos os atos do poder de polícia gozam do atributo da autoexecutoriedade. Tal como já citado, a multa não goza de tal atributo. Muito embora seja exigível, não é executável, de modo que é autoexecutável, dependendo, portanto, de medida judicial para lhe dar força executiva. Gabarito: Errado.

45. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, consiste na possibilidade de a administração executar suas decisões sem prévia autorização do Poder Judiciário e sem a necessidade de observância de procedimento em todas as denominadas medidas de polícia.

Comentário:

De fato, a autoexecutoriedade é atributo do poder de polícia que consiste na possibilidade de a administração executar suas decisões sem prévia autorização do Poder Judiciário.

Contudo, ressalvados os casos de urgência, em que o

contraditório é diferido, é necessário observar os procedimentos na adoção de medidas de polícia. Gabarito: Errado.

46. (ESCRIVÃO – PC/ES – CESPE/2011) Todas as medidas de polícia administrativa são autoexecutórias, o que permite à administração pública promover, por si mesma, as suas

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decisões, sem necessidade de recorrer previamente ao Poder Judiciário.

Comentário:

Nem todas as medidas de polícia são autoexecutórias,

tal como já citamos a multa, que não goza de tal atributo. Gabarito: Errado.

47. (JUIZ DO TRABALHO – TRT/BA – CESPE/2007) O poder de polícia administrativo se confunde com a discricionariedade.

Comentário:

Então, aqui o CESPE quer fazer uma bagunça na sua cabeça. Não há que se confundir a discricionariedade, que poderá existir no exercício do poder de polícia pela Administração, com sua própria definição ou sentido.

Lembre-se que a discricionariedade é o poder conferido à Administração ou ao administrador, para, nos limites da lei, avaliar a conveniência e oportunidade em realizar certos atos.

O poder de polícia é o poder que tem a Administração

de restringir, limitar o exercício dos direitos e liberdades individuais em benefício da coletividade, ou seja, do interesse público.

Vê-se que a discricionariedade é um atributo do poder

de polícia e não se confunde com o próprio poder. Gabarito: Errado.

48. (JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) Mesmo sem autorização legal expressa, o atributo da

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autoexecutoriedade do poder de polícia autoriza o exercício desse poder quando necessária a prática de medida urgente, sem a qual poderá ocorrer prejuízo maior aos bens de interesse público.

Comentário:

De fato, esse atributo permite à Administração atuar rapidamente, por si mesma, diante de situações ilícitas que possam causar prejuízos ao interesse público, mesmo quando não haja lei expressamente autorizando.

É preciso lembrar que, como regra, o exercício do

poder de polícia depende de previsão legal expressa, e com isso a autoexecutoriedade de seus atos.

No entanto, por esse atributo não se exigirá

autorização judicial e em situações emergenciais não se exigirá nem previsão legal expressa para a Administração atuar em proteção ao interesse público.

Veja, por exemplo, a seguinte situação hipotética: um Agente da Vigilância Sanitária (Lineu Silva)

chegando a um restaurante e lá verifica um cheiro muito forte. Então, diz que é uma fiscalização é solicita a entrada no depósito, cozinha etc. Na cozinha verifica uma peça de carne (filé miau) no chão, em cima de um jornal. Verdinha, verdinha! Como uma esmeralda!!! (Já pensou?? Que coisa!!!)

Pergunta, obviamente, o que é aquilo? E o “Chef” diz é

uma carne especial, que está sendo preparada, amaciada, um procedimento para dar um gosto especial. (kkkkkkk!!!)

Então, o que vocês fariam? Iriam até o Judiciário para

pedir um mandado para aprender o produto? Fechar o estabelecimento? Ou ver se há uma norma que determine a

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atuação? Se esperarmos uma coisa ou outra, podem ter certeza, a carne já terá sumido! Claro!

Assim, apreende-se o produto estragado, no mínimo,

ainda que não tivesse previsão legal expressa para tanto! E sem qualquer pedido ao Judiciário também, e até mesmo como medida de cautela, de proteção ao interesse coletivo.

Aí, você diz: “E o devido processo legal, o

contraditório, a ampla defesa” e a atuação da Administração restrita ao princípio da legalidade? Primeiro, em relação às garantias, será diferida (postergada), e no tocante à legalidade (lembre-se que os princípios também são fontes da atuação da Administração, não só o da legalidade, de modo que a Administração também pode se orientar pelos princípios do interesse público, finalidade, moralidade etc.

Assim, como regra, deve a lei autorizar a medida

expressamente. No entanto, em casos emergenciais, ou seja, medida de urgência, não se exige o uso de procedimentos especiais, tampouco lei que expressamente trate da situação, sob pena de se causar maiores prejuízos para o interesse público.

Em todo caso, no entanto, deve-se ter cuidado, pois a

Administração não pode atuar com abusividade, arbitrariedade, devendo se orientar pelos princípios administrativos. Gabarito: Certo

49. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/BA – CESPE/2010) Quando um fiscal apreende remédios com prazo de validade vencido, expostos em prateleiras de uma farmácia, tem-se exemplo do poder disciplinar da administração pública.

Comentário:

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Na hipótese há a incidência do Poder de Polícia, eis que se trata de limitação de atividade, de bens ou direitos dos particulares em proveito da coletividade, do interesse público. Gabarito: Errado.

50. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) A fiscalização realizada em locais proibidos para menores retrata o exercício de polícia administrativa.

Comentário:

De fato, a fiscalização exercida em bares e estabelecimentos impróprios e/ou proibidos para menores anos é exemplo do exercício do poder de polícia. Gabarito: Certo.

51. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Além dos atos que provêm de autoridade pública, caracterizam-se, também, como atividades de polícia administrativa as providências tomadas por particulares para prevenir prejuízos ou ameaças a seus direitos ou patrimônios.

Comentário:

Regra geral, particular não exerce o poder de polícia, é atividade tipicamente administrativa e conferida ao Estado. Gabarito: Errado.

52. (ANALISTA DE TRANSPORTES URBANOS – SEPLAC/DFTRANS – CESPE/2008) O Estado pode delegar o exercício do poder de polícia a uma empresa privada.

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Comentário:

Observe que essa questão volte e meia tem sido objeto de questionamento pelo CESPE.

Então, deve se ressaltar que a competência para

exercer o poder de polícia é, em regra, da pessoa política a qual a Constituição conferiu o poder de regular a matéria.

Assim, como regra, se o assunto é de interesse

nacional a competência é da União, se estadual, a competência é do Estado-membro. Assuntos locais, a competência é do Município.

Por isso, a depender do interesse em jogo, o exercício

do poder de polícia será da União, dos Estados-membros, do Distrito Federal ou dos Municípios, sendo atividade típica do Estado, e, por isso, quando muito poderá ser transferida (outorgada) para uma entidade administrativa.

No entanto, sempre se discute se o poder de polícia

poderá ser exercido por pessoa privada, por particular, ou seja, se é possível a delegação do poder de polícia.

Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio

Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 1.717/DF) e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente:

PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA –

CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL – PESSOA

JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO LICITATÓRIO

– COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF, declarou

a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 9.649/98,

que alteraram a natureza jurídica dos conselhos

profissionais por ser indelegável a entidade privada

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atividade típica de Estado, que abrange até poder de

polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao

exercício das atividades profissionais

regulamentadas.

2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos

profissionais permanece competente a Justiça Federal para

julgar mandado de segurança, ainda que o ato impugnado

seja de gestão e não de delegação, como in casu.

3. Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo

Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra ELIANA

CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/06/2006, DJ

07/08/2006 p. 197)

O ilustre professor, no entanto, ressalva o caso de

capitães de navios, em que há o exercício do poder de polícia por pessoa privada. No entanto, se trata de uma excepcionalidade.

Destaca-se, todavia, que é possível que se permita ao

particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que precedam os atos jurídicos do poder de polícia (colocação de fotossensores, radares, pardais etc), conforme orientação jurisprudencial:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE

TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE.

AUTO DE INFRAÇÃO.

1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de Trânsito, o

agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o

auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou

celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade

de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua

competência. O aresto consignou que toda e qualquer

notificação é lavrada por autoridade administrativa.

2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos materiais

que precedem atos jurídicos de polícia não possam ser

praticados por particulares, mediante delegação,

propriamente dita, ou em decorrência de um simples

contrato de prestação. Em ambos os casos (isto é, com ou

sem delegação), às vezes, tal figura aparecerá sob o rótulo

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de "credenciamento". Adílson Dallari, em interessantíssimo

estudo, recolhe variado exemplário de "credenciamentos". É

o que sucede, por exemplo, na fiscalização do cumprimento

de normas de trânsito mediante equipamentos

fotossensores, pertencentes e operados por empresas

privadas contratadas pelo Poder Público, que acusam a

velocidade do veículo ao ultrapassar determinado ponto e

lhe captam eletronicamente a imagem, registrando dia e

momento da ocorrência" (Celso Antônio Bandeira de Mello,

in "Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 15ª edição,

pág. 726): 3. É descabido exigir-se a presença do agente

para lavrar o auto de infração no local e momento em que

ocorreu a infração, pois o § 2º do CTB admite como meio

para comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por

equipamento audiovisual (...)previamente regulamentado

pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu sobre a impossibilidade

da administração valer-se de cláusula que estabelece

exceção para notificação pessoal da infração para instituir

controle eletrônico.

5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel.

Ministro CASTRO MEIRA, 2ª TURMA, julgado em

18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113)

Gabarito: Errado.

53. (AGENTE DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) O poder de polícia do Estado pode ser delegado a particulares.

Comentário:

Então, não se admite a delegação do poder de polícia para particulares. Gabarito: Errado.

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54. (TECNICO EM PROCURADORIA - PGE/PA – CESPE/2007) Conforme entendimento do STF, o poder de polícia não pode ser delegado a pessoas ou instituições privadas, mesmo que haja lei nesse sentido.

Comentário:

Conforme observamos, na linha da orientação do Superior Tribunal de Justiça, o poder de polícia, sua realização ou seu exercício, não poderá ser delegado a particulares ou a pessoa jurídica de direito privado, sobretudo aquelas que não integram a Administração Pública. Gabarito: Certo.

55. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/ES – CESPE/2011) Ainda que não lhe seja permitido delegar o poder de polícia a particulares, em determinadas situações, faculta-se ao Estado a possibilidade de, mediante contrato celebrado, atribuir a pessoas da iniciativa privada o exercício do poder de polícia fiscalizatório para constatação de infrações administrativas estipuladas pelo próprio Estado.

Comentário:

Como exposto, é possível que se permita ao particular,

pessoa privada, a prática de atos materiais que precedam os atos jurídicos do poder de polícia. Desse modo, a Administração poderá contratar pessoa jurídica privada para colocação de fotossensores, radares, ou seja, os famosos pardais, conforme orientação jurisprudencial do STF e STJ. Precedente:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE

TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE.

AUTO DE INFRAÇÃO.

1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de Trânsito, o

agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o

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auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou

celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade

de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua

competência. O aresto consignou que toda e qualquer

notificação é lavrada por autoridade administrativa.

2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos materiais

que precedem atos jurídicos de polícia não possam ser

praticados por particulares, mediante delegação,

propriamente dita, ou em decorrência de um simples

contrato de prestação. Em ambos os casos (isto é, com ou

sem delegação), às vezes, tal figura aparecerá sob o rótulo

de "credenciamento". Adílson Dallari, em interessantíssimo

estudo, recolhe variado exemplário de "credenciamentos". É

o que sucede, por exemplo, na fiscalização do cumprimento

de normas de trânsito mediante equipamentos

fotossensores, pertencentes e operados por empresas

privadas contratadas pelo Poder Público, que acusam a

velocidade do veículo ao ultrapassar determinado ponto e

lhe captam eletronicamente a imagem, registrando dia e

momento da ocorrência" (Celso Antônio Bandeira de Mello,

in "Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 15ª edição,

pág. 726): 3. É descabido exigir-se a presença do agente

para lavrar o auto de infração no local e momento em que

ocorreu a infração, pois o § 2º do CTB admite como meio

para comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por

equipamento audiovisual (...)previamente regulamentado

pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu sobre a impossibilidade

da administração valer-se de cláusula que estabelece

exceção para notificação pessoal da infração para instituir

controle eletrônico.

5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel.

Ministro CASTRO MEIRA, 2ª TURMA, julgado em

18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113)

Gabarito: Certo.

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56. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) É possível a delegação do poder de polícia a particular mediante celebração de contratos administrativos, em especial nos locais em que a presença do poder público seja deficiente.

Comentário:

Então, mais uma vez a mesma situação. Conforme observamos, o poder de polícia é atividade conferida exclusivamente ao Poder Público, ao Estado. Gabarito: Errado.

57. (PROCURADOR DE ESTADO – PGE/PB – CESPE/2008) Segundo entendimento majoritário na doutrina e na jurisprudência, admite-se a delegação do poder de polícia a pessoa da iniciativa privada prestadora de serviços de titularidade do estado.

Comentário:

O STJ passou a entender que o poder de polícia é

desmembrado em quatro atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.

Com isso, entendeu o Tribunal que poderá ser

delegado à pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Pública, às atividades de consentimento e fiscalização.

Significa dizer que, para o STJ, as atividades de

consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista) e de fiscalização (instalação de equipamentos eletrônicos – pardais) podem ser delegadas às entidades de direito privado.

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No entanto, jamais poderá ser delegada as atividades de legislação e aplicação de sanções, por se caracterizar como atividades intrínsecas do campo administrativo.

Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada no

âmbito do STJ:

"A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça

(STJ) decidiu pela possibilidade de a Empresa de

Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans)

exercer atos relativos à fiscalização no trânsito da

capital mineira. Entretanto, os ministros da Turma

mantiveram a vedação à aplicação de multas pela

empresa privada.

A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de

novembro último que garantiu ao poder público a

aplicação de multa de trânsito. Na ocasião, os

ministros acompanharam o entendimento do relator,

ministro Mauro Campbell Marques, de ser impossível a

transferência do poder de polícia para a sociedade de

economia mista, que é o caso da BHTrans. Ele

explicou que o poder de polícia é o dever estatal de

limitar o exercício da propriedade e da liberdade em

favor do interesse público. E suas atividades se

dividem em quatro grupos: legislação, consentimento,

fiscalização e sanção.”

Então, atenção para isto! Não poderá ser delegado o

poder de polícia. No entanto, alguns atos do poder de polícia, tal como os de consentimento e de fiscalização podem ser delegados a pessoa jurídica de direito privado, no exercício da função pública. Gabarito: Errado.

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58. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O STF emitiu decisão favorável à delegação do poder de polícia, mediante edição de lei, a pessoa jurídica de direito privado.

Comentário:

O entendimento do STF continua no sentido de que é

vedada a delegação do poder de polícia a pessoa privada, podendo ser contratada somente a instrumentalização.

O STJ é que passou a admitir que algumas das

atividades do poder de polícia possam ser exercidas por pessoa jurídica de direito privado, tal como as atividades de fiscalização e consentimento. Gabarito: Errado.

59. (PROFESSOR – IFB – CESPE/2011) É possível a delegação do poder de polícia a particulares, desde que a restrição ao exercício de um direito seja em favor do interesse público.

Comentário:

Não é possível a delegação do poder de polícia a

particulares, mesmo em favor do interesse público, na medida em que se trata de atividade tipicamente administrativa, fundada na supremacia do poder público. Gabarito: Errado.

60. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/AC – CESPE/2008) Considere que uma lei federal tenha determinado a proibição da venda de bebidas alcoólicas em postos e bares localizados às margens de rodovias federais. Nessa situação, a

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fiscalização do cumprimento dessa determinação configura exercício de poder de polícia administrativa.

Comentário:

De fato, a fiscalização de atividade comercial a fim de verificar o cumprimento de normas que restrinjam a liberdade, direitos ou atividades é incidência do poder de polícia.

Lembre-se que o poder de polícia em sentido amplo

envolve não só os atos da administração (atos normativos secundários), como também os atos legislativos (atos normativos primários), que condicionem, restrinjam ou limite o exercício, gozo de direitos individuais. Gabarito: Certo.

61. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJDFT – CESPE/2008) Do objeto do poder de polícia exige-se tão-somente a licitude. A discussão acerca da proporcionalidade do ato de poder de polícia é matéria que escapa à apreciação de sua legalidade.

Comentário:

Do objeto do poder de polícia se exige a conformação com o ordenamento jurídico, ou seja, não só com a lei e que o objeto esteja dentro da licitudade.

Exige-se também que o ato seja razoável,

proporcional, aspectos ou princípios que são inerentes ao próprio princípio da legalidade.

Assim, exige-se que no exercício do poder de polícia a

Administração atue com equilíbrio, com moderação, com proporcionalidade e razoabilidade, que são princípios que decorrem do princípio da legalidade.

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Gabarito: Errado.

62. (ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA – TJDFT – CESPE/2008) Programa de restrição ao trânsito de veículos automotores, em esquema conhecido como rodízio de carros, é ato que se insere na conceituação de poder de polícia, visto ser uma atividade realizada pelo Estado com vistas a coibir ou limitar o exercício dos direitos individuais em prol do interesse público.

Comentário:

Então, o rodízio de veículos, como ocorre ou já ocorreu em alguns Estados ou Municípios brasileiros é em absoluto exemplo do exercício do poder de polícia na medida em que há restrição ou limitação da liberdade individual em prol do interesse público.

O engraçado é que em alguns Estados têm se

fomentado a pratica de dar carona aos colegas de trabalho, inclusive com propagandas. Contudo, quando se dá carona e é pego em blitz, leva-se uma multa sob o fundamento de se fazer transporte coletivo não autorizado. É cômico!!!! Gabarito: Certo.

63. (ANALISTA - JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - STF – CESPE/2008) O Ministério da Saúde firmou convênio com uma instituição privada, com fins lucrativos, que atua na área de saúde pública municipal. O objeto desse convênio era a instalação de uma UTI neonatal no hospital por ela administrado. Conforme esse convênio, a referida instituição teria o encargo de, utilizando-se de subvenções da União, instalar a UTI neonatal e disponibilizar, para a comunidade local hipossuficiente, pelo menos 50% dos leitos dessa nova UTI. No entanto, essa instituição acabou por utilizar parte

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desses recursos públicos na reforma de outras áreas do hospital e na aquisição de equipamentos médico-hospitalares de baixíssima qualidade. Maria, que ali foi atendida, viu sua filha recém-nascida falecer nesse hospital. Apurou-se, por meio de perícia, que a morte da recém-nascida ocorreu por falha técnica na instalação e devido à baixa qualidade dos equipamentos ali instalados. Em face dessa constatação e visando evitar novas mortes, o município suspendeu provisoriamente o alvará de funcionamento da referida UTI, notificando-se o hospital para ciência e eventual impugnação no prazo legal. Considerando a situação hipotética apresentada acima, julgue: A suspensão temporária do alvará de funcionamento da referida UTI neonatal, que decorreu do exercício de poder de polícia, poderia ocorrer mesmo sem o prévio contraditório e a ampla defesa na esfera administrativa.

Comentário:

Atente-se para essa situação, ou seja, toda vez que tivermos uma circunstância emergencial, sobretudo quando está em jogo o interesse público, ou seja, ocorrência que poderá redundar em prejuízos à coletividade ou a segurança pública, poderá a Administração adotar medidas protetivas a fim de resguardar tais bens.

Com efeito, nessas hipóteses, haverá o contraditório e

ampla defesa, no entanto, conforme já ressaltei, serão diferidos, postergados para um momento posterior.

Lembre-se, portanto, que sempre haverá de se

franquear o contraditório e a ampla defesa, pois são garantias constitucionais. Porém, no caso, ele será diferido para ocasião futura.

Por outro lado, também o Ministério da Saúde, por

força do convênio, poderia aplicar penalidades previstas no

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instrumento ao Hospital. Porém, neste caso, a penalidade seria disciplinar.

Gabarito: Certo.

64. (JUIZ FEDERAL - TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) A Lei nº 9.873/1999, que não se aplica às infrações de natureza funcional nem aos processos e procedimentos de natureza tributária, dispõe que o prazo prescricional da ação punitiva da administração pública, no exercício do poder de polícia, é de cinco anos, contados da data em que o ato tornou-se conhecido.

Comentário:

A Lei nº 9.873/99 estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º:

Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da

Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício

do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação

em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de

infração permanente ou continuada, do dia em que tiver

cessado.

De fato, essa lei não se aplica às infrações de natureza

funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária, conforme art. 5º.

No entanto, o erro está ao definir que o prazo prescricional será contado da data do conhecimento do ato lesivo, eis que o correto seria da prática do ato e em caso de infração permanente (aquela que a lesão se perpétua no tempo) ou continuada (aquela que é repetida), o prazo terá início do dia em que tiver cessada a lesão.

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Gabarito: Errado.

65. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Na esfera da administração pública federal, direta ou indireta, a ação punitiva, quando se tratar do exercício do poder de polícia, prescreve em cinco anos contados a partir da data da prática do ato ou, em se tratando de infração permanente ou continuada, a partir do dia em que esta tiver cessado.

Comentário:

Como prescreve a Lei nº 9.873/99, o prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia, prescreve em cinco anos, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

Gabarito: Certo.

66. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) O prazo prescricional para que a administração pública federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, inicie ação punitiva, cujo objetivo seja apurar infração à legislação em vigor, é de cinco anos, contados da data em que o ato se tornou conhecido pela administração, salvo se se tratar de infração dita permanente ou continuada, pois, nesse caso, o termo inicial ocorre no dia em que cessa a infração.

Comentário:

Não é da data da pratica do ato, como vimos, a Lei nº 9.873/99, estabelece que o prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia, prescreve em cinco anos, contados:

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a) da data da prática do ato ou, b) no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

Gabarito: Errado.

67. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) No âmbito federal, prescreve em cinco anos a ação punitiva da administração federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, para apurar infração à legislação em vigor, prazo não passível de interrupção ou suspensão.

Comentário:

Conforme estabelece a Lei nº 9.873/99, o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no âmbito do poder de polícia, prescreve em cinco anos, contados da data da prática do ato ou no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

Tal prazo, no entanto, pode ser interrompido ou

suspenso, conforme o seguinte: Art. 2o Interrompe-se a prescrição da ação punitiva:

I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive

por meio de edital;

II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;

III - pela decisão condenatória recorrível.

IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação

expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno

da administração pública federal.

Art. 2o-A. Interrompe-se o prazo prescricional da ação

executória:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução

fiscal;

II – pelo protesto judicial;

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III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que

importe em reconhecimento do débito pelo devedor;

V – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação

expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno

da administração pública federal.

Art. 3º Suspende-se a prescrição durante a vigência:

I - dos compromissos de cessação ou de desempenho,

respectivamente, previstos nos arts. 53 e 58 da Lei no 8.884, de

11 de junho de 1994;

II - do termo de compromisso de que trata o § 5o do art. 11 da

Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, com a redação dada

pela Lei no 9.457, de 5 de maio de 1997.

Gabarito: Errado.

68. (JUIZ FEDERAL - TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) Os atributos da autoexecutoriedade e da coercibilidade são exclusivos dos atos decorrentes do poder de polícia. O atributo da discricionariedade, apesar de verificado nos atos praticados no exercício de outros poderes da administração, é um atributo marcante do poder de polícia, pois todos os atos decorrentes desse poder são necessariamente discricionários.

Comentário:

Ressalto que nem todos os atos decorrentes do poder de policia são discricionários. É que, como vimos, temos a discricionariedade como regra, no entanto, é possível verificarmos atos que são vinculados, tal como a concessão de licença para construir, para dirigir. Gabarito: Errado.

69. (JUIZ FEDERAL - TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) Segundo entendimento do TRF da 5.ª Região, a Polícia

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Rodoviária Federal pode apreender veículo utilizado no transporte irregular de passageiros ou de madeira e, independentemente de previsão expressa em lei, condicionar a sua devolução ao pagamento da multa aplicada.

Comentário:

As medidas do poder de polícia, como regra, devem ter previsão expressa em lei.

Lembre-se que citei caso em o procedimento será

posterior, ou seja, em situações emergenciais, a medida de polícia, preventiva, será realizada sem a expressa prisão legal.

Assim, não poderá a autoridade manter bem

apreendido, somente liberando-o com o pagamento da multa, se não houver previsão legal para tal medida. Gabarito: Errado.

70. (JUIZ DO TRABALHO - TRT/BA – CESPE/2007) É inconcebível a instituição de taxa que tenha por fundamento o poder de polícia exercido por órgãos da administração compreendidos na noção de segurança pública.

Comentário:

A taxa é espécie tributária que irá remunerar serviço público, podendo existir a taxa de serviço público (por prestar serviço público) ou a taxa de polícia (pela realização de atos do poder de polícia).

Todavia, tais taxas (de serviço público ou de polícia

administrativa) são concebidas para a realização da atividade estatal, ou seja, no sentido de remunerar os serviços administrativos específicos e individuais.

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Por isso, não pode o Estado instituir taxa para prestar os serviços vinculados à segurança pública, pois estes são remunerados pelos impostos, já que se trata de serviço geral. Gabarito: Certo.

71. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De acordo como o STF, o exercício do poder de polícia deve ser necessariamente presencial e depende da existência de órgão de controle estruturado para a fiscalização do exercício dos direitos individuais.

Comentário:

Segundo o STF o poder de polícia não é necessariamente presencial, na medida em que pode ocorrer por meio de instrumentos eletrônicos. Nesse sentido, vale citar o seguinte precedente:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE

LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA.

EFETIVO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. AUSÊNCIA

EVENTUAL DE FISCALIZAÇÃO PRESENCIAL. IRRELEVÂNCIA.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A incidência de

taxa pelo exercício de poder de polícia pressupõe ao

menos (1) competência para fiscalizar a atividade e (2) a

existência de órgão ou aparato aptos a exercer a

fiscalização. 2. O exercício do poder de polícia não é

necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de

local remoto, com o auxílio de instrumentos e técnicas que

permitam à administração examinar a conduta do agente

fiscalizado (cf., por semelhança, o RE 416.601, rel. min. Carlos

Velloso, Pleno, DJ de 30.09.2005). Matéria debatida no RE

588.332-RG (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, julgado em

16.06.2010. Cf. Informativo STF 591/STF). 3. Dizer que a

incidência do tributo prescinde de “fiscalização porta a porta” (in

loco) não implica reconhecer que o Estado pode permanecer

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inerte no seu dever de adequar a atividade pública e a privada às

balizas estabelecidas pelo sistema jurídico. Pelo contrário, apenas

reforça sua responsabilidade e a de seus agentes. 4.

Peculiaridades do caso. Necessidade de abertura de instrução

probatória. Súmula 279/STF. Agravo regimental ao qual se nega

provimento. (RE 361009 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM

BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 31/08/2010, DJe-217

DIVULG 11-11-2010 PUBLIC 12-11-2010 EMENT VOL-02430-01

PP-00087)

Gabarito: Errado.

72. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder de polícia no ordenamento jurídico brasileiro é tratado, exclusivamente, no âmbito infraconstitucional.

Comentário:

Conforme prevê o art. 145, inc. II, da CF/88, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Gabarito: Errado.

É isso aí, meus amigos. Por hoje é só. Vamos que vamos, vamos em frente com toda energia. Grande abraço e fiquem com Deus. Prof. Edson Marques.

QUESTÕES SELECIONADAS

1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Há excesso de poder quando o agente público decreta a remoção de um servidor não como necessidade do serviço, mas como punição.

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2. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM – CESPE/2011) Caso autoridade administrativa deixe de executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada e, consequentemente, lese o patrimônio jurídico individual, a inércia de seu comportamento constitui forma omissiva do abuso de poder.

3. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) O poder vinculado não existe como poder autônomo; em realidade, ele configura atributo de outros poderes ou competências da administração pública.

4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Forma de conferir liberdade ao administrador público, o poder discricionário permite que a autoridade, mediante os critérios de conveniência e oportunidade, opte pela ação que melhor propicie a consecução do interesse público, atuação que se sobrepõe aos limites da lei.

5. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) Não há que se confundir a discricionariedade do administrador em decidir com base nos critérios de conveniência e oportunidade com os chamados conceitos indeterminados, os quais carecem de valoração por parte do intérprete diante de conceitos flexíveis. Dessa forma, a discricionariedade não pressupõe a existência de conceitos jurídicos indeterminados, assim como a valoração desses conceitos não é uma atividade discricionária, sendo passível, portanto, de controle judicial.

6. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) No exercício do poder hierárquico, os agentes públicos têm competência para dar ordens, rever atos, avocar atribuições, delegar competência e fiscalizar.

7. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) O funcionamento racional da estrutura administrativa pressupõe uma configuração interna embasada em relações que assegurem coordenação entre as diversas unidades que desenvolvem a atividade administrativa.

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8. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Do poder hierárquico decorre a possibilidade de os agentes públicos delegarem suas competências, devendo haver sempre responsabilização do delegante pelos atos do delegado, por agirem em seu nome.

9. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) O poder disciplinar consiste em distribuir e escalonar as funções, ordenar e rever as atuações e estabelecer as relações de subordinação entre os órgãos públicos, inclusive seus agentes.

10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) A hierarquia é atribuição exclusiva do Poder Executivo, que não existe na esfera do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, pois as funções atribuídas a esses últimos poderes são apenas de natureza jurisdicional e legiferante.

11. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) O regimento interno de um órgão é fruto do exercício do poder hierárquico desse órgão.

12. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) O poder de direção das entidades políticas se manifesta pela capacidade de orientar as esferas administrativas inferiores, o que se faz por meio de atos concretos ou normativos de caráter vinculante.

13. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/AC – CESPE/2008) Considere que a Constituição da República determina que as polícias civis sejam dirigidas por delegados de polícia de carreira. Essa determinação confere aos delegados poder hierárquico e poder disciplinar sobre os servidores da polícia civil que lhes são subordinados.

14. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ADMINISTRATIVA – STF – CESPE/2008) Devido ao sistema hierarquizado da administração pública, torna-se possível a esta distribuir a legitimidade democrática do governo a todas as esferas administrativas.

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15. (EXAME DE ORDEM – OAB – CESPE/2008) No exercício do poder regulamentar, a administração não pode criar direitos, obrigações, proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer normas sobre a forma como a lei vai ser cumprida.

16. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Decorrente diretamente do denominado poder regulamentar, uma das características inerentes às agências reguladoras é a competência normativa que possuem para dispor sobre serviços de suas competências.

17. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) O poder regulamentar formaliza-se por meio de decretos e regulamentos. Nesse sentido, as instruções normativas, as resoluções e as portarias não podem ser qualificadas como atos de regulamentação.

18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à administração pública de editar atos de caráter geral que visam complementar ou alterar a lei, em face de eventuais lacunas e incongruências.

19. (PROCURADOR MUNICIPAL – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) Com o estado de direito, passou-se a afirmar a existência de uma função de natureza administrativa cujo objeto é a proteção do bem-estar geral, mediante a regulação dos direitos individuais, expressa ou implicitamente reconhecidos no sistema jurídico. Nesse contexto, o poder público, além de impor certas limitações, emite atos preventivos de controle, aplica penalidades por eventuais infrações e, em determinados contextos, exerce coação direta em face de terceiros para preservar interesses sociais. Raquel M. U. de Carvalho. Curso de direito administrativo. Salvador: Juspodivum, 2008, p. 327 (com adaptações). Trata-se, portanto, do poder de normativo.

20. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) O ato normativo do Poder Executivo que contenha uma parte que exorbite

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o exercício de poder regulamentar poderá ser anulado na sua integralidade pelo Congresso Nacional.

21. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De acordo com o entendimento do STF, quando o Poder Executivo expede regulamento, ato normativo de caráter não legislativo, não o faz no exercício de função legislativa, mas no de função normativa, sem que haja derrogação do princípio da divisão dos poderes.

22. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) Um regulamento autorizado pode disciplinar matérias reservadas à lei.

23. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) O poder normativo da administração pode ser expresso por meio de deliberações e de instruções editadas por autoridades que não o chefe do Poder Executivo, as quais podem inovar no ordenamento jurídico, criando direitos e impondo obrigações.

24. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder regulamentar permite que o ato normativo derivado inove e aumente os direitos e obrigações previstos no ato de natureza primária que o autoriza, desde que tenha por objetivo o cumprimento das determinações legais.

25. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Caso se determine, por meio de lei, a certa autoridade a competência para editar atos normativos secundários, essa competência pode ser objeto de delegação.

26. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) As sanções impostas aos particulares pela administração pública são exemplos de exercício do poder disciplinar.

27. (AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL – DPF – CESPE/2009) O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua disciplina interna tem como fundamento o poder disciplinar.

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28. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) O ato de aplicação de penalidade disciplinar deverá ser sempre motivado.

29. (ANALISTA DE TRANSPORTES – ADVOGADO – CETURB/ES – CESPE/2010) Segundo entendimento do STJ, o poder disciplinado é sempre vinculado, não havendo qualquer espaço de escolha para o administrador, quer quanto à ocorrência da infração, que quanto à pena a ser aplicada, razão pela qual o ato pode ser revisto em todos os aspectos pelo Poder Judiciário.

30. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) Decorre do poder disciplinar do Estado a multa aplicada pelo poder concedente a uma concessionária do serviço público que tenha descumprido normas reguladoras impostas pelo poder concedente.

31. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) No exercício do poder disciplinar, cabe à administração apurar e aplicar penalidades aos servidores públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.

32. (PROCURADOR DE ESTADO – PGE/PE – CESPE/2009) O poder disciplinar, que confere à administração pública a tarefa de apurar a prática de infrações e de aplicar penalidades aos servidores públicos, não tem aplicação no âmbito do Poder Judiciário e do MP, por não haver hierarquia quanto ao exercício das funções institucionais de seus membros e quanto ao aspecto funcional da relação de trabalho.

33. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÕES – DPU – CESPE/2010) O poder disciplinar é aquele pelo qual a administração pública apura infrações e aplica penalidades aos servidores públicos e a pessoas sujeitas à disciplina administrativa, sendo o processo administrativo disciplinar obrigatório para a hipótese de aplicação da pena de demissão.

34. (PROCURADOR 3ª CATEGORIA – PGE/CE – CESPE/2008) Atividade da administração pública, expressa em atos normativos ou

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concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção (non facere), a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo. (Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de direito administrativo. Editora Malheiros. 20.ª ed., p. 787). A definição objeto do fragmento de texto acima se refere ao poder de polícia.

35. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/BA – CESPE/2010) O poder de polícia, considerado como a atividade do Estado limitadora do exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público, é atribuído com exclusividade ao Poder Executivo.

36. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/ES – CESPE/2011) A atividade do Estado que condiciona a liberdade e a propriedade do indivíduo aos interesses coletivos tem por fundamento o denominado poder hierárquico.

37. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) O poder de polícia, regido pelo direito administrativo, é o meio pelo qual a administração pública exerce atividade de segurança pública, seja por meio da polícia civil, seja pela polícia militar, a fim de coibir ilícitos administrativos.

38. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJDFT – CESPE/2008). No exercício do poder de polícia, a administração pública está autorizada a tomar medidas preventivas e não apenas repressivas.

39. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/BA – CESPE/2010) O poder de polícia manifesta-se apenas por meio de medidas repressivas.

40. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRT 17ª REGIÃO – CESPE/2009) A administração exerce o poder de polícia

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por meio de atos e operações materiais de aplicação da lei ao caso concreto, compreendendo medidas preventivas e repressivas. A edição, pelo Estado, de atos normativos de alcance geral não pode ser considerada meio adequado para o exercício do poder de polícia.

41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) O poder de polícia administrativa manifesta-se por meio de atos concretos e específicos, mas não de atos normativos, pois estes não constituem meios aptos para seu adequado exercício.

42. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) O poder de polícia administrativa consubstancia-se por meio de determinações de ordem pública, de modo a gerar deveres e obrigações aos indivíduos. Nesse sentido, os atos por intermédio dos quais a administração consente o exercício de determinadas atividades não são considerados atos de polícia.

43. (ASSESSOR JURIDÍCO – PREF. NATAL/RN – CESPE/2008) Em regra, os atributos do poder de polícia do Estado incluem-se executoriedade, finalidade, presunção de legitimidade e tipicidade.

44. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) No exercício do poder de polícia, a administração age sempre com autoexecutoriedade, não dependendo de outro poder para torná-lo efetivo.

45. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, consiste na possibilidade de a administração executar suas decisões sem prévia autorização do Poder Judiciário e sem a necessidade de observância de procedimento em todas as denominadas medidas de polícia.

46. (ESCRIVÃO – PC/ES – CESPE/2011) Todas as medidas de polícia administrativa são autoexecutórias, o que permite à administração pública promover, por si mesma, as suas decisões, sem necessidade de recorrer previamente ao Poder Judiciário.

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47. (JUIZ DO TRABALHO – TRT/BA – CESPE/2007) O poder de polícia administrativo se confunde com a discricionariedade.

48. (JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) Mesmo sem autorização legal expressa, o atributo da autoexecutoriedade do poder de polícia autoriza o exercício desse poder quando necessária a prática de medida urgente, sem a qual poderá ocorrer prejuízo maior aos bens de interesse público.

49. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/BA – CESPE/2010) Quando um fiscal apreende remédios com prazo de validade vencido, expostos em prateleiras de uma farmácia, tem-se exemplo do poder disciplinar da administração pública.

50. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) A fiscalização realizada em locais proibidos para menores retrata o exercício de polícia administrativa.

51. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Além dos atos que provêm de autoridade pública, caracterizam-se, também, como atividades de polícia administrativa as providências tomadas por particulares para prevenir prejuízos ou ameaças a seus direitos ou patrimônios.

52. (ANALISTA DE TRANSPORTES URBANOS – SEPLAC/DFTRANS – CESPE/2008) O Estado pode delegar o exercício do poder de polícia a uma empresa privada.

53. (AGENTE DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2008) O poder de polícia do Estado pode ser delegado a particulares.

54. (TECNICO EM PROCURADORIA - PGE/PA – CESPE/2007) Conforme entendimento do STF, o poder de polícia não pode ser delegado a pessoas ou instituições privadas, mesmo que haja lei nesse sentido.

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55. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/ES – CESPE/2011) Ainda que não lhe seja permitido delegar o poder de polícia a particulares, em determinadas situações, faculta-se ao Estado a possibilidade de, mediante contrato celebrado, atribuir a pessoas da iniciativa privada o exercício do poder de polícia fiscalizatório para constatação de infrações administrativas estipuladas pelo próprio Estado.

56. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) É possível a delegação do poder de polícia a particular mediante celebração de contratos administrativos, em especial nos locais em que a presença do poder público seja deficiente.

57. (PROCURADOR DE ESTADO – PGE/PB – CESPE/2008) Segundo entendimento majoritário na doutrina e na jurisprudência, admite-se a delegação do poder de polícia a pessoa da iniciativa privada prestadora de serviços de titularidade do estado.

58. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O STF emitiu decisão favorável à delegação do poder de polícia, mediante edição de lei, a pessoa jurídica de direito privado.

59. (PROFESSOR – IFB – CESPE/2011) É possível a delegação do poder de polícia a particulares, desde que a restrição ao exercício de um direito seja em favor do interesse público.

60. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/AC – CESPE/2008) Considere que uma lei federal tenha determinado a proibição da venda de bebidas alcoólicas em postos e bares localizados às margens de rodovias federais. Nessa situação, a fiscalização do cumprimento dessa determinação configura exercício de poder de polícia administrativa.

61. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJDFT – CESPE/2008) Do objeto do poder de polícia exige-se tão-somente a licitude. A discussão acerca da proporcionalidade do ato de poder de polícia é matéria que escapa à apreciação de sua legalidade.

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62. (ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA – TJDFT – CESPE/2008) Programa de restrição ao trânsito de veículos automotores, em esquema conhecido como rodízio de carros, é ato que se insere na conceituação de poder de polícia, visto ser uma atividade realizada pelo Estado com vistas a coibir ou limitar o exercício dos direitos individuais em prol do interesse público.

63. (ANALISTA - JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - STF – CESPE/2008) O Ministério da Saúde firmou convênio com uma instituição privada, com fins lucrativos, que atua na área de saúde pública municipal. O objeto desse convênio era a instalação de uma UTI neonatal no hospital por ela administrado. Conforme esse convênio, a referida instituição teria o encargo de, utilizando-se de subvenções da União, instalar a UTI neonatal e disponibilizar, para a comunidade local hipossuficiente, pelo menos 50% dos leitos dessa nova UTI. No entanto, essa instituição acabou por utilizar parte desses recursos públicos na reforma de outras áreas do hospital e na aquisição de equipamentos médico-hospitalares de baixíssima qualidade. Maria, que ali foi atendida, viu sua filha recém-nascida falecer nesse hospital. Apurou-se, por meio de perícia, que a morte da recém-nascida ocorreu por falha técnica na instalação e devido à baixa qualidade dos equipamentos ali instalados. Em face dessa constatação e visando evitar novas mortes, o município suspendeu provisoriamente o alvará de funcionamento da referida UTI, notificando-se o hospital para ciência e eventual impugnação no prazo legal. Considerando a situação hipotética apresentada acima, julgue: A suspensão temporária do alvará de funcionamento da referida UTI neonatal, que decorreu do exercício de poder de polícia, poderia ocorrer mesmo sem o prévio contraditório e a ampla defesa na esfera administrativa.

64. (JUIZ FEDERAL - TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) A Lei nº 9.873/1999, que não se aplica às infrações de natureza funcional nem aos processos e procedimentos de natureza tributária, dispõe que o prazo prescricional da ação punitiva da administração pública, no exercício do poder de polícia, é de cinco anos, contados da data em que o ato tornou-se conhecido.

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65. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Na esfera da administração pública federal, direta ou indireta, a ação punitiva, quando se tratar do exercício do poder de polícia, prescreve em cinco anos contados a partir da data da prática do ato ou, em se tratando de infração permanente ou continuada, a partir do dia em que esta tiver cessado.

66. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) O prazo prescricional para que a administração pública federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, inicie ação punitiva, cujo objetivo seja apurar infração à legislação em vigor, é de cinco anos, contados da data em que o ato se tornou conhecido pela administração, salvo se se tratar de infração dita permanente ou continuada, pois, nesse caso, o termo inicial ocorre no dia em que cessa a infração.

67. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) No âmbito federal, prescreve em cinco anos a ação punitiva da administração federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, para apurar infração à legislação em vigor, prazo não passível de interrupção ou suspensão.

68. (JUIZ FEDERAL - TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) Os atributos da autoexecutoriedade e da coercibilidade são exclusivos dos atos decorrentes do poder de polícia. O atributo da discricionariedade, apesar de verificado nos atos praticados no exercício de outros poderes da administração, é um atributo marcante do poder de polícia, pois todos os atos decorrentes desse poder são necessariamente discricionários.

69. (JUIZ FEDERAL - TRF 5ª REGIÃO – CESPE/2009) Segundo entendimento do TRF da 5.ª Região, a Polícia Rodoviária Federal pode apreender veículo utilizado no transporte irregular de passageiros ou de madeira e, independentemente de previsão expressa em lei, condicionar a sua devolução ao pagamento da multa aplicada.

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70. (JUIZ DO TRABALHO - TRT/BA – CESPE/2007) É inconcebível a instituição de taxa que tenha por fundamento o poder de polícia exercido por órgãos da administração compreendidos na noção de segurança pública.

71. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De acordo como o STF, o exercício do poder de polícia deve ser necessariamente presencial e depende da existência de órgão de controle estruturado para a fiscalização do exercício dos direitos individuais.

72. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder de polícia no ordenamento jurídico brasileiro é tratado, exclusivamente, no âmbito infraconstitucional.

GABARITOS

01 E 11 E 21 C 31 C 41 E 51 E 61 E 71 E

02 C 12 C 22 E 32 E 42 E 52 E 62 C 72 E

03 C 13 E 23 E 33 C 43 E 53 E 63 C 73 --

04 E 14 C 24 E 34 C 44 E 54 C 64 E 74

05 C 15 C 25 E 35 E 45 E 55 C 65 C 75

06 C 16 C 26 E 36 E 46 E 56 E 66 E 76

07 C 17 E 27 E 37 E 47 E 57 E 67 E 77

08 E 18 E 28 C 38 C 48 C 58 E 68 E 78

09 E 19 E 29 C 39 E 49 E 59 E 69 E 79

10 E 20 E 30 C 40 E 50 C 60 C 70 C 80