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CURSO ON-LINE – TRIBUNAL REGULAR – DIREITO CIVIL Prof: Dicler Ferreira 1 www.pontodosconcursos.com.br AULA 4- FATOS JURÍDICOS Na aula de hoje teremos diversos exercícios da banca CESPE/UnB e, ao final, uma lista de exercícios da banca FCC. Os FATOS JURÍDICOS são acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. Os atos jurídicos são espécies de fatos jurídicos. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS Dividem-se em dois grandes grupos: o grupo dos fatos naturais e o grupo dos fatos humanos. 1. Fatos Naturais: são aqueles provenientes de fenômenos naturais, sem a intervenção da vontade humana, e que produzem efeitos jurídicos. Podem ser: Ordinários: são aqueles que normalmente acontecem (previsíveis) e produzem efeitos relevantes para o direito (ex: nascimento, maioridade, morte, decurso de tempo – prescrição e decadência - etc.); Extraordinários: são aqueles que chamamos de caso fortuito e força maior (imprevisíveis), tendo importância para o direito porque excluem qualquer responsabilidade (exemplo: desabamento de um edifício em razão de fortes chuvas, incêndio de uma casa provocado por um raio, naufrágio de uma embarcação decorrente de um maremoto, etc.). 2. Fatos Humanos: são acontecimentos que dependem da vontade humana, abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos. Os atos lícitos também são chamados de atos jurídicos em sentido amplo. Os fatos humanos podem ser: Atos Ilícitos: são os que têm relevância para o direito por gerarem obrigações e deveres para quem os pratica. Serão estudados na próxima aula. Atos Lícitos (ato jurídico em sentido amplo): a conseqüência da prática de um ato lícito é a obtenção do direito, o que acarreta a produção de efeitos jurídicos desejados pelo agente. Dividem-se no ato jurídico em sentido estrito e no negócio jurídico. Entretanto, o Código Civil destinou apenas um artigo aos atos lícitos (art. 185 do CC), atribuindo-lhes o mesmo tratamento dos negócios jurídicos.

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AULA 4- FATOS JURÍDICOSNa aula de hoje teremos diversos exercícios da banca CESPE/UnB e, ao final,

uma lista de exercícios da banca FCC.

Os FATOS JURÍDICOS são acontecimentos, previstos em norma de direito, em

razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações

jurídicas. Os atos jurídicos são espécies de fatos jurídicos.

CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS

Dividem-se em dois grandes grupos: o grupo dos fatos naturais e o grupo dos

fatos humanos.

1. Fatos Naturais: são aqueles provenientes de fenômenos naturais, sem a

intervenção da vontade humana, e que produzem efeitos jurídicos. Podem ser:

• Ordinários: são aqueles que normalmente acontecem (previsíveis) e

produzem efeitos relevantes para o direito (ex: nascimento, maioridade, morte,

decurso de tempo – prescrição e decadência - etc.);

• Extraordinários: são aqueles que chamamos de caso fortuito e força maior

(imprevisíveis), tendo importância para o direito porque excluem qualquer

responsabilidade (exemplo: desabamento de um edifício em razão de fortes

chuvas, incêndio de uma casa provocado por um raio, naufrágio de uma

embarcação decorrente de um maremoto, etc.).

2. Fatos Humanos: são acontecimentos que dependem da vontade humana,

abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos. Os atos lícitos também são

chamados de atos jurídicos em sentido amplo. Os fatos humanos podem ser:

• Atos Ilícitos: são os que têm relevância para o direito por gerarem

obrigações e deveres para quem os pratica. Serão estudados na próxima aula.

• Atos Lícitos (ato jurídico em sentido amplo): a conseqüência da prática de

um ato lícito é a obtenção do direito, o que acarreta a produção de efeitos

jurídicos desejados pelo agente. Dividem-se no ato jurídico em sentido estrito e no negócio jurídico. Entretanto, o Código Civil destinou apenas um

artigo aos atos lícitos (art. 185 do CC), atribuindo-lhes o mesmo tratamento dos

negócios jurídicos.

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Art. 185 do CC - Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.

• Ato jurídico em sentido estrito: gera conseqüências jurídicas previstas em

lei e não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação da

autonomia privada. Ou seja, é aquele que surge como um mero pressuposto

de efeito jurídico preordenado pela lei sem função e natureza de

autorregulamento. Classificam-se em dois tipos: atos materiais ou reais e

participações.

- Atos materiais ou reais: consistem numa atuação de vontade que lhes dá

existência imediata, pois não se destinam ao conhecimento de determinada

pessoa; dessa forma, é correto afirmar que os atos materiais ou reais não possuem destinatário (ex: fixação de domicílio, a transferência de

domicílio, o achado de tesouro, a percepção de frutos, pagamento indevido,

etc.).

- Participações: consistem em declarações para a ciência ou comunicação

de intenções ou de fatos; ou seja, o sujeito pratica o ato para dar

conhecimento a outrem. Conclui-se que possuem destinatário (ex:

intimação – ato pelo qual alguém participa a outrem a intenção de exigi-lo

certo comportamento -, notificação – ato pelo qual alguém cientifica a

outrem fato que a este interessa conhecer -, interpelação – ato do credor

em atenção ao devedor -, oposição – ato pelo qual alguém impugna a

realização de evento futuro -, etc.).

• Negócio Jurídico: é o ato de autonomia de vontade, com a qual o particular

regula por si os próprios interesses, logo, podemos afirmar que a sua essência

é a autorregulação dos interesses particulares reconhecida pelo ordenamento

jurídico (ex: contrato de compra e venda, fazer um testamento, locar uma casa,

etc.).

Tenho certeza que essa quantidade de classificações dos fatos jurídicos causa

uma enorme confusão. Dessa forma, sempre com a intenção de facilitar o seu estudo,

temos a seguir um gráfico esquemático sobre assunto:

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ORDINÁRIO Ex: morte, nascimento, maioridade,

decurso de tempo, etc.

NATURAL (involuntário)

acontecimentos previsíveis

EXTRAORDINÁRIO

Ex: casos fortuitos ou de força maior, tais como, raios, terremotos, tempestades, etc.

acontecimentos imprevisíveis

FATO JURÍDICO

ATO JURÍDICO ILÍCITO

decorre do dano causado através da violação ou abuso de um direito

ATO JURÍDICO LÍCITO

(sentido estrito)

o efeito decorre da lei.

HUMANO (voluntário)

ATOS MATERIAIS Ex: fixação de

domicílio, achado de

tesouro, pagt. indevido, etc.

não possuem destinatário ATO JURÍDICO

LÍCITO (sent. amplo)

PARTICIPAÇÕES Ex: intimação,

notificação, oposição,

interpelação, etc.

possuem destinatário

NEGÓCIO JURÍDICO Ex: compra e

venda, testamento, doação, etc.

o efeito decorre da autonomia de vontade

do particular.

Veja como a banca CESPE/UnB já cobrou o assunto:

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1. (CESPE - TRE/MA – Analista Judiciário – 2009) O contrato de locação de bem imóvel constitui exemplo de ato jurídico em sentido estrito.

ERRR AD 1. E RA DAA. Trata-se de um negócio jurídico, ou seja, espécie de ato jurídico em

sentido amplo.

2. (CESPE - TRT 17.ª Região – Analista Judiciário - 2009) O ato ilícito poderá originar ou criar um direito para quem o comete.

ERRR AD 2. E RA DAA. O ato ilícito cria uma obrigação para quem o comete e não um direito.

3. (CESPE - TST – Analista Judiciário – 2008) O cientista francês Philippe Charlier trouxe à tona uma revelação inimaginável: os restos mortais da guerreira e mártir francesa Joana d’Arc são falsos — e, na realidade, podem ser de uma múmia egípcia.

Isto É, 11/4/2007, p. 75 (com adaptações).

Considerando a notícia acima e a legislação civil brasileira, julgue o item a seguir. A divulgação da referida descoberta, feita pelo cientista francês à imprensa, classifica-se como um fato jurídico stricto sensu.

ERRR AD 3. E RA DAA. A revelação do cientista tem repercussão história, mas não afeta o

mundo jurídico. Desta forma, temos um fato histórico e não um fato jurídico.

4. (CESPE - INSS – Analista do Seguro Social - Direito – 2008) O vendaval que destrói uma casa é exemplo de negócio jurídico unilateral.

ERRA4. E RR AD DAA. Trata-se de um fato jurídico extraordinário.

5. (CESPE - DFTRANS - Analista de Transportes Urbanos – Direito e Legislação – 2008) O contrato de compra e venda tipifica exemplo de ato jurídico em sentido estrito.

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5. E ERRR RAAD DAA. Trata-se de um negócio jurídico, ou seja, espécie de ato jurídico em

sentido amplo.

6. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) O pai, quando reconhece a paternidade do filho havido fora do casamento, pratica ato jurídico em sentido estrito.

CE6. C RT ER TAA. Conforme gráfico esquemático.

7. (CESPE - SERPRO – Analista – Advocacia – 2008) A intimação e a notificação são atos jurídicos materiais ou reais em sentido estrito.

ERRR AD 7. E RA DAA. Por possuírem destinatário, são participações e não atos materiais ou

reais.

8. (CESPE - IBRAM/DF – Analista de Atividades do Meio Ambiente – Especialidade: Advogado - 2009) Ao dirigir na contramão de direção e sem carteira de habilitação, o motorista comete um ilícito civil, mesmo que não venha a atropelar nenhuma pessoa, nem colidir com outro veículo.

ERRR AD 8. E RA DAA. Na situação apresentada temos um ilícito relacionado ao Código de

Trânsito Brasileiro. Para haver ilícito civil deve existir dano para alguém, o que não foi

o caso.

Do esquema gráfico apresentado, o CC dedica especial tratamento aos

negócios jurídicos (arts. 104 a 184 do CC). Entretanto, não basta a simples leitura dos

dispositivos ora citados para acertar as questões do concurso, tendo em vista que o

assunto é “recheado” de conceitos doutrinários. Dessa forma, irei abordar o assunto

associando os artigos mais cobrados em prova com a teoria desenvolvida pela

doutrina sempre focalizando no nosso objetivo: acertar a questão e ser aprovado.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

São diversas as classificações do negócio jurídico, por isso, irei comentar as

principais:

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1) Quanto às vantagens que produzem: os negócios jurídicos podem ser

gratuitos, onerosos, bifrontes e neutros. - gratuito: as partes objetivam benefício ou enriquecimento patrimonial sem

qualquer contraprestação (ex: doação – a parte que recebe a doação não

realiza uma contraprestação.);

- oneroso: as objetivam, reciprocamente, obter vantagens para si ou para

outrem (ex: compra e venda – deve-se pagar o preço para se obter a

coisa.);

- bifronte: pode ser gratuito ou oneroso, de acordo com a vontade das

partes (ex: o depósito – se eu peço para o meu vizinho guardar meu carro

enquanto eu viajo, o depósito pode ser pago ou não.); e

- neutro: lhe falta uma atribuição patrimonial, pois consiste em atribuir a um

bem uma destinação específica (ex: ato de instituição de bem de família,

vincular bens com cláusula de incomunicabilidade ou inalienabilidade, etc.).

2) Quanto às formalidades: os negócios jurídicos podem ser solenes ou não solenes. - solene: requer para a sua existência uma forma especial prescrita em lei

(ex: testamento); e

- não solene: não exige forma legal para que ocorra a sua efetivação (ex:

compra e venda de bem móvel).

: os negócios jurídicos podem ser patrimoniais ou 3) Quanto ao conteúdo extrapatrimoniais.

- patrimonial: versa sobre questões suscetíveis de aferição econômica (ex:

compra e venda); e

- extrapatrimonial: versa sobre questões não suscetíveis de aferição

econômica (ex: questões relacionadas aos direitos personalíssimos e ao

direito de família).

: os negócios jurídicos podem ser 4) Quanto à manifestação de vontade unilaterais, bilaterais ou plurilaterais.

- unilateral: o ato volitivo (declaração de vontade) provém de um ou mais

sujeitos, desde que estejam no mesmo pólo da relação jurídica (ex:

testamento, promessa de recompensa, etc.);

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- bilateral ou plurilateral: a declaração volitiva emana de duas ou mais

pessoas oriundas de pólos diferentes na relação jurídica. Pode ser:

a) simples: quando concede benefício a uma das partes e encargo à

outra (ex: doação, depósito gratuito, etc.); e

b) sinalagmático: quando confere vantagens e ônus a ambos os sujeitos

(ex: compra e venda, locação, etc.).

5) Quanto ao tempo em que produzem seus efeitos: os negócios jurídicos

podem ser inter vivos ou mortis causa.

- inter vivos: acarreta conseqüência jurídica enquanto o interessado ainda

está vivo (ex: doação, troca, etc.); e

- mortis causa: regula relações de direito após a morte do sujeito (ex:

testamento, legado, etc.).

6) Quanto aos seus efeitos: os negócios jurídicos podem ser constitutivos ou

declaratórios. - constitutivo: a eficácia opera efeitos ex nunc, ou seja, a partir do momento

da conclusão (ex: compra e venda); e

- declaratório: a eficácia opera efeitos ex tunc, ou seja, retroage e se efetiva

a partir do momento em que se operou o fato a que se vincula a declaração

de vontade (ex: divisão do condomínio, partilha, reconhecimento de filhos,

etc.).

7) Quanto à sua existência: os negócios jurídicos podem ser principais e

acessórios.

- principal: é aquele que existe por si mesmo, independente de qualquer

outro (ex: locação); e

- acessório: é aquele cuja existência se subordina ao negócio principal (ex:

fiança.).

8) Quanto ao exercício dos direitos: os negócios jurídicos podem ser negócios

de disposição ou negócios de simples administração. - negócio de disposição: implica o exercício de amplos direitos sobre o

objeto (ex: doação); e

- negócio de simples administração: concerne ao exercício de direitos

restritos sobre o objeto, sem que haja alteração em sua substância (ex:

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locação de uma casa – o inquilino não pode vender a casa, pois tem

apenas a posse.).

9. (CESPE - IEMA – ES - Advogado – 2007) Quanto a sua formação, os negócios jurídicos são sempre bilaterais, fazendo-se necessária a declaração de vontade de duas ou mais pessoas para que o negócio se complete validamente, o que caracteriza uma relação contratual.

ERRR AD 9. E RA DAA. Os negócios jurídicos podem ser unilaterais ou bilaterais.

10. (CESPE - Pref. Vila Velha/ES – Técnico Municipal de Nível Superior I – Auditoria - 2008) Quanto à manifestação da vontade dos agentes, o negócio jurídico classifica-se em principal e acessório.

ERRR AD 10. E RA DAA. Quanto à manifestação de vontade o negócio jurídico pode ser unilateral

ou bilateral.

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Não só a lei, mas o negócio jurídico também precisa ser interpretado, pois as

suas cláusulas podem não ser muito claras.

Nos negócios escritos parte-se da declaração de vontade escrita para se

chegar à vontade dos contratantes. Entretanto, quando uma determinada cláusula se

mostra obscura e passível de dúvida, alegando um dos contratantes que não

representa fielmente a vontade manifestada por ocasião da celebração do negócio,

temos que a vontade prevalece sobre o sentido literal da linguagem, nos moldes do

art. 112 do CC.

Art. 112 do CC - Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

Já o art. 113 do CC ressalta que os intérpretes devem presumir que os

contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a aceitação

ocorreram dentro da regra da boa-fé.

Art. 113 do CC - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

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O art. 114 do CC trata dos negócios benéficos ou gratuitos, ou seja, quando

apenas um dos contratantes assume obrigações. Um exemplo clássico é a doação

que, por representar uma renúncia de direitos, deve ser interpretada estritamente.

Art. 114 do CC - Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

Existem ainda outros artigos espalhados pelo Código Civil e pela Legislação

Especial que estabelecem regras de interpretação, mas esses são os principais.

11. (CESPE - FUNDAC/PB – Advogado - 2008) A interpretação do contrato situa-se no âmbito da declaração volitiva dos contraentes. Desse modo, o Código Civil brasileiro dispõe que os negócios jurídicos benéficos interpretam-se amplamente.

ERRR AD 11. E RA DAA. A interpretação deve ser estrita e não ampla.

12. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) Considere que duas partes tenham ajustado entre si uma doação, e, após algum tempo, houve conflito ante a interpretação das cláusulas constantes do instrumento. Nesse caso, o juiz, ao decidir a eventual causa, deverá dar interpretação extensiva ao contrato.

ERRR AD 12. E RA DAA. Nos termos do art. 114 do CC, a interpretação deve ser estrita e não

extensiva.

13. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) A renúncia deve ser interpretada restritamente, assim como os negócios jurídicos benéficos.

CE13. C RT ER TAA. Conforme o art. 114 do CC.

NEGÓCIO JURÍDICO

O negócio jurídico para existir e ser válido carece de quatro elementos

essenciais. Os três apontados no art. 104 do CC (agente, objeto e forma) são

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elementos objetivos, ao passo que a vontade é um elemento subjetivo. A conjugação

dos elementos objetivos com o elemento subjetivo atribui vida ao ato negocial.

Os elementos acidentais (condição, termo e encargo) não são necessários

para um negócio jurídico exista e seja válido, porém, podem subordinar a eficácia do

negócio jurídico a uma determinada situação.

Dessa forma, a tabela a seguir permite uma visão geral sobre os elementos do

negócio jurídico.

ELEMENTOS ESSENCIAIS

ELEMENTOS ACIDENTAIS

EXISTÊNCIA VALIDADE EFICÁCIA NULO ANULÁVEL VÁLIDO

AGENTE Absolutamente incapaz.

Relativamente incapaz.

Plenamente capaz.

CONDIÇÃO

TERMO

ENCARGO

OBJETO Ilícito, impossível, indeterminado e indeterminável.

------------- Lícito, possível, determinado ou determinável.

FORMA Inobservância de lei. ------------- Prescrita ou não

proibida por lei.

VONTADE Simulação, coação física**.

Erro substancial, dolo essencial, coação moral,

estado de perigo, lesão e fraude

contra credores.

Livre, de boa-fé e consciente.

**posição não pacífica na doutrina. Alguns autores defendem que a coação física irresistível acarreta a inexistência do negócio jurídico; outros dizem que ela provoca a nulidade absoluta do ato negocial.

14. (CESPE - BRB – Advogado – 2010) Suponha que Antônio tenha adquirido de Pedro a propriedade de uma chácara e formalizado o negócio por meio de um recibo assinado pelas partes e por duas testemunhas. Nesse caso, embora ocorra invalidade do negócio, esse fato não afeta a sua existência.

CERT14. C ER TAA. Um negócio jurídico pode existir mas não ser válido. Na situação descrita

pelo enunciado a formalização do negócio jurídico deveria ocorrer através de uma

escritura pública (conforme o art. 108 do CC que será estudado mais adiante). Ou

seja, o negócio existe, mas é inválido por conter um vício de forma.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

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15. (CESPE - MPE-RR - Oficial de Promotoria - 2008) A validade do ato jurídico exige a presença simultânea, no momento de sua prática, da capacidade do agente, da licitude do objeto e, quando necessário, da obediência da forma estabelecida em lei.

Questão de acordo com o art. 104 do CC.

Art. 104 do CC - A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.

CE15. C RT ER TAA. A questão trata dos elementos essenciais do negócio jurídico.

16. (TJ-BA – Juiz – 2004) Os negócios jurídicos movimentam a economia mundial e têm recebido especial tratamento legislativo. Para que seja, válidos, o agente tem de ser capaz, o objeto deve ser lícito e a forma há de ser sempre especialmente prevista.

ERRR AD 16. E RA DAA. Veremos mais detalhadamente que, em regra, a forma de um negócio

jurídico é livre. Ou seja, só haverá forma especialmente prevista quando houver

disposição expressa em lei. O Código Civil segue o princípio da liberalidade das formas.

17. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) A impossibilidade inicial do objeto, mesmo que seja relativa, invalida o negócio jurídico.

ERRR AD 17. E RA DAA. Vide art. 106 do CC.

Art. 106 do CC - A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

Se a impossibilidade do objeto for relativa, isto é, se a prestação puder ser

realizada por outrem, embora não o seja pelo devedor, não invalidade o negócio

jurídico.

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18. (CESPE - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Os pais de Hoterlino, jovem de 19 anos de idade, faleceram em grave acidente automobilístico, herdando ele todos os bens e passando a residir com seus avós maternos. Tempos depois, necessitando saldar dívidas contraídas com cartão de crédito, fez, sozinho e de boa-fé, a venda de uma casa de praia a um casal de argentinos residentes na França. Nessa situação, essa venda é anulável, pois trata-se de negócio jurídico efetuado por indivíduo relativamente incapaz não assistido por seus representantes legais.

ERRR AD 18. E RA DAA. Se Hoterlino possui 19 anos de idade, então ele é plenamente capaz

(capacidade de fato ou de exercício) e não precisa de representante ou assistente

para celebrar negócios jurídicos.

19. (CESPE - FINEP – Analista Jurídico – 2009) O negócio jurídico praticado pessoalmente por pessoa absolutamente incapaz é anulável, seus efeitos são ex nunc e o juiz poderá conhecer da nulidade a requerimento dos interessados, do Ministério Público ou mesmo de ofício.

ERRR AD 19. E RA DAA. O negócio jurídico praticado por pessoa absolutamente incapaz sem a

devida representação é nulo e não anulável. Sobre as diferenças entre nulidade e

anulabilidade, veja a tabela após a questão a seguir.

20. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) Considere-se que um menor de 15 anos de idade oculte dolosamente sua idade e firme contrato de prestação de serviços, tendo como objeto um curso de inglês. Nessa situação, o negócio jurídico é anulável, visto que o menor não estava regularmente assistido por seus representantes legais.

ERRA20. E RR ADDAA. A solução da questão fica a cargo do art. 180 do CC.

Art. 180 do CC - O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.

O menor, entre dezesseis e dezoito anos não poderá invocar a proteção legal

em favor de sua incapacidade para eximir-se da obrigação ou para anular um ato

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negocial que tenha praticado, sem a devida assistência, se agiu dolosamente,

escondendo sua idade, quando inquirido pela outra parte, ou se espontaneamente se

declarou maior. Conclui-se que, em tais circunstancias, o menor relativamente incapaz

não pode alegar sua menoridade para escapar da obrigação contraída.

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA (anulabilidade) É decretada no interesse da coletividade, tendo eficácia erga omnes (contra todos).

É decretada no interesse do prejudicado, abrangendo apenas as pessoas que alegaram (eficácia inter partes).

É imediata, ou seja, o ato é invalido desde a sua declaração, sendo a sentença meramente declaratória com eficácia ex tunc.

É diferida, ou seja, o ato produz efeitos enquanto não for anulado, sendo a sentença desconstitutiva com eficácia ex nunc.

É absoluta, pois pode ser arguida por qualquer interessado, inclusive o MP, quando lhe couber intervir, podendo ainda ser arguida de ofício pelo magistrado.

É relativa, pois só os interessados ou representantes legítimos a podem alegar, sendo vedado ao juiz pronunciar-se de ofício.

É incurável, pois as partes não podem sanar o vício, objetivando a validação do negócio (art. 169 do CC).

É curável, pois o negócio pode ser confirmado pela parte a quem a lei protege.

É perpétua, porque é imprescritível, ou seja, não é suscetível de confirmação pelas partes e nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169 do CC).

É provisória, pois está sujeita a decadência (4 ou 2 anos), convalidando-se pelo decurso de tempo.

21. (CESPE - FUNDAC/PB – Advogado - 2008) O ato negocial apenas produzirá efeitos jurídicos se houver correspondência entre a vontade declarada e a que o agente quer exteriorizar. A esse respeito, é correto afirmar que a anulabilidade do negócio jurídico produz seus efeitos antes de essa declaração de vontade ser julgada por sentença ou ser pronunciada de ofício pelo juiz.

ERRR AD 21. E RA DAA. Realmente na sentença que decretar a anulabilidade o negócio produz

efeitos antes, caracterizando uma eficácia ex nunc. Entretanto, é vedado ao juiz

pronunciar-se de ofício.

(CESPE - EMBASA – DIREITO – 2009) Um menor com 15 anos de idade, não emancipado, realizou um negócio jurídico sem a intervenção de seu

INVALIDADE INVALIDADE

NEG. JUR. SENTENÇA DE

NULIDADE

VALIDADE INVALIDADE

NEG. JUR.SENTENÇA

ANULATÓRIA

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representante legal. O referido negócio jurídico, em princípio, não causa prejuízo ao incapaz, porém, se não for gerido de forma correta, poderá comprometer seu patrimônio. Com base nessa situação, julgue os itens seguintes.

22. Por ter sido celebrado por pessoa absolutamente incapaz, esse negócio jurídico é anulável.

ER22. E RARR AD DAA, A questão descreve um caso de nulidade absoluta e não um negócio

jurídico anulável.

23. O negócio jurídico, nos termos apresentados, não pode ser confirmado pelos interessados e a ação declaratória de nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional ou decadencial, e os efeitos da sentença que reconhecer a invalidade do negócio jurídico terão efeito ex tunc.

CERT23. C ER TAA. A nulidade absoluta não pode ser sanada pela vontade das partes

(confirmação), Além disso, tal invalidade é perpétua, não se convalidando com o

decurso de tempo.

24. (CESPE - PGE/CE – Procurador – 2008) O negócio jurídico realizado com infração a norma de ordem pública, mesmo depois de declarado nulo por sentença judicial, por se tratar de direito patrimonial e, portanto, disponível, pode ser ratificado pelas partes, convalidando-se, assim, o ato negocial.

ERRA24. E RR AD DAA. Quando o negócio jurídico é nulo (nulidade absoluta), o vício é perpétuo,

não sendo possível qualquer forma de convalidação ou confirmação. A convalidação e

a confirmação são institutos referentes ao negócio jurídico anulável (nulidade relativa).

25. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) Para o fim de provar o consentimento de uma das partes, o silêncio de quem deveria emitir declaração de vontade sempre importa anuência.

ERRA25. E RR AD DAA. De acordo com o art. 111 do CC, o silencio pode, de forma excepcional,

dar origem a um negócio jurídico, visto que indica consentimentos, sendo hábil para

produzir efeitos jurídicos, quando certas circunstâncias ou os usos autorizarem, não

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sendo necessária a manifestação expressa da vontade. Caso contrário, o silêncio não

terá força de declaração volitiva.

Art. 111 do CC - O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Não podemos afirmar que o silêncio sempre importa na anuência. A regra é

justamente o contrário. Logo, o ditado “quem cala consente” não tem juridicidade. Um

exemplo de situação onde o silêncio importa na aceitação é o art. 539 do CC.

Art. 539 do CC - O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.

26. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) O provérbio “quem cala consente” é plenamente aplicável ao direito, pois, em regra, o silêncio importa anuência.

ERRR AD 26. E RA DAA. Conforme os comentários da questão anterior.

27. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) Ocorre a reserva mental quando um dos contratantes oculta a sua verdadeira intenção, hipótese em que subsistirá a manifestação de vontade, sendo irrelevante para o direito o conhecimento ou o desconhecimento da reserva pela outra parte.

ERRR DA27. E RA AD A. A reserva mental representa a emissão de uma declaração de vontade

não desejada em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, pois o declarante tem

por único objetivo enganar o declaratário. Trata-se de um inadimplemento premeditado. O assunto é tratado no art. 110 do CC.

Art. 110 do CC - A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

De acordo com o dispositivo legal em questão, duas situações podem ocorrer:

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1. Reserva mental lícita: é a reserva mental desconhecida pelo destinatário,

onde o ato negocial subsistirá e o contratante deverá cumprir a obrigação

assumida; e

2. Reserva mental ilícita: é a reserva mental conhecida pelo destinatário, ou

seja, o destinatário sabe do inadimplemento premeditado por parte do

contratante. Neste caso ocorre a invalidade do negócio jurídico.

Conclui-se que o conhecimento ou não da reserva mental importa diferentes

conseqüências jurídicas.

RESERVA MENTAL

DESCONHECIDA PELA OUTRA PARTE(LÍCITA)

O ato negocial subsistirá e será válido.

CONHECIDA PELA OUTRA PARTE (ILÍCITA)

O ato negocial será inválido (nulidade absoluta).

28. (CESPE - FPH/SE - Procurador - 2008) A manifestação de vontade subsiste ainda que seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

CE28. C RT ER TAA. Trata-se do caso da reserva mental lícita citada na questão anterior.

FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO

29. (CESPE - FUNDAC-PB – Advogado - 2008) A forma é o meio pelo qual se externa a manifestação da vontade na consumação dos negócios jurídicos. Assim, a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, salvo se a lei expressamente a exigir.

CE29. C RT ER TAA. Conforme explicações a seguir.

A forma é o meio de exteriorização da vontade. Quando observada quanto à

disponibilidade e considerando o conjunto de exigências e permissões legais que a

envolves, a forma pode ser:

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1) Forma livre ou geral : é a regra adotada pelo art. 107 do CC. Em regra os

negócios jurídicos são informais, podendo os agentes adotar a forma que bem

lhes aprouver (princípio da liberalidade das formas). Os negócios jurídicos, cujo

valor não exceda a dez vezes o valor do salário mínimo vigente poderão ser

verbais, sendo que para efeito de prova serão indispensáveis as testemunhas

do ato (art. 227 do CC).

Art. 107 do CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 227 do CC - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados.

: é aquela que, por lei, não pode ser preterida por 2) Forma especial ou solene outra; logicamente, como já foi dito, não constitui a regra. Pode se apresentar

sob três tipos:

2.1) Forma especial ou solene única: neste tipo a lei prevê uma formalidade

essencial e não admite qualquer outra configuração, como é o caso dos arts.

108, 1.227, 1.245 e 1.653 do CC.

No art. 108 do CC, temos que, salvo disposição legal em contrário, os negócios

jurídicos que versem sobre bens imóveis e superem o valor de 30 salários

mínimos devem ser realizados através de uma escritura pública.

Art. 108 do CC - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trintavezes o maior salário mínimo vigente no País.

Nos arts. 1.227 e 1.245 do CC, temos a base legal para o brocado: “quem não

registra não é dono”, que se refere aos bens imóveis. Art. 1.227 do CC - Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro deImóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. Art. 1.245 do CC - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro dotítulo translativo no Registro de Imóveis. § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.

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No art. 1.653 do CC, percebemos que o pacto antenupcial, documento que

define o regime de bens de um casamento, deve ser celebrado sob a forma de

escritura pública.

Art. 1.653 do CC - É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escriturapública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.

2.2) Forma Plural: as vezes a lei faculta a prática do ato negocial mediante

duas ou mais formas prescritas, como na instituição do bem de família e na

instituição de uma fundação que podem ser por escritura pública ou testamento

(arts. 62 e 1.711 do CC).

Art. 62 do CC - Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escriturapública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Art. 1.711 do CC - Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escriturapública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem defamília, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.

2.3) Forma genérica: segundo a Profª. Maria Helena Diniz, tal forma “implica

uma solenidade mais geral, imposta pela norma jurídica”. Caracteriza-se por

um conjunto de elementos escritos tal como ocorre no contrato de empreitada

(art. 619 do CC). Para exigir aumento no preço, motivado por mudança nas

especificações da obra, o empreiteiro deverá comprovar o alegado mediante

documentação das instruções recebidas do contratante.

Art. 619 do CC - Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não terá direito a exigir acréscimo no preço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultem de instruções escritas do dono da obra.

3) Forma contratual: é a que resulta da convenção das partes. Como exemplo, o

art. 109 do CC faz entender que o negócio jurídico de forma livre pode ser

transformado em solene pelas partes.

Art. 109 do CC - No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.

30. (CESPE - PGE-RR – Procurador – 2004) Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à

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constituição, à transferência, à modificação ou à renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário vigente no país.

CE30. C RT ER TAA. Conforme o art. 108 do CC.

31. (CESPE - Defensor Público - DPE/ES – 2009) Com relação à validade do negócio jurídico, considera-se que, não dispondo a lei em contrário, a escritura pública apenas é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a sessenta vezes o maior salário mínimo vigente no país.

ERRR AD 31. E RA DAA. Segundo o art. 108 do CC, o valor máximo que não acarreta a exigência

de escritura pública para negócios envolvendo bens imóveis é de trinta salários

mínimos.

Sobre a forma, graficamente temos o seguinte:

FORMA LIVRE FORMA ÚNICA

ESPÉCIES DE FORMAS

FORMA ESPECIAL FORMA PLURAL

FORMA

GENÉRICA FORMA CONTRATUAL

32. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) A vontade é pressuposto básico do negócio jurídico, sendo imprescindível a sua manifestação expressa.

ERRA32. E RR ADDAA. Conforme comentários das questões 25 e 26, baseados no art. 111 do

CC, é possível, de forma excepcional, que o silêncio importe na anuência. Desta

forma, é possível a manifestação de vontade sem ser de forma expressa.

33. (CESPE - TCE/AC – Analista de Controle Externo – Especialidade: Direito - 2009) Os negócios solenes não são a regra no direito brasileiro. No entanto, se a

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norma legal impõe forma especial para a realização do ato, diz-se que o negócio é ad solemnitatem. Exemplo disso é o testamento.

CE33. C RT ER TAA. Muitas vezes a forma é só para facilitar a prova do negócio jurídico. O ato

é válido, mas a sua forma facilita a prova. Esta é a forma ad probationem. Neste caso,

a forma não é condição de validade do contrato. Quando a forma é indispensável para

a validade do ato, trata-se de forma ad solemnitatem como no caso do testamento.

PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

A prova representa o conjunto de meios empregados para demonstrar,

legalmente, a existência de um negócio jurídico. Para que uma prova seja válida ela

deve possuir os requisitos listados no quadro abaixo:

REQUISITOS DA PROVA

1. ADMISSIBILIDADE significa que a prova não pode ser proibida por lei; 2. PERTINÊNCIA a prova deve ser idônea para demonstrar os fatos

relacionados com a questão discutida; e 3. CONCLUDÊNCIA a prova deve ser apta a esclarecer pontos

controversos ou confirmar alegações feitas.

O art. 212 do CC enumera, de maneira exemplificativa e não taxativa, os meios

de prova dos negócios jurídicos a que não se exige uma forma especial.

Art. 212 do CC - Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III - testemunha; IV - presunção; V - perícia.

A confissão é o ato pelo qual a parte admite, judicial ou extrajudicialmente, a

verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. Os artigos

213 e 214 do CC tratam do assunto.

Art. 213 do CC - Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados. Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado.

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Como regra a confissão só pode ser produzida por pessoa capaz e no gozo de

seus direitos. Desta forma, se uma pessoa não for proprietária do imóvel vendido não

poderá confessar a irregularidade da venda, porém, se for o dono, poderá admitir a

irregularidade do fato.

Excepcionalmente a confissão pode ser feita por um representante, entretanto

apenas produzirá efeitos se estiver dentro dos limites conferido pelo representado.

Desta forma, um mandatário munido apenas com poderes de administração não

poderá confessar um fato que ultrapassa esses poderes.

Art. 214 do CC - A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação.

Conclui-se do art. 214 do CC que a irrevogabilidade é uma característica da

confissão, entretanto a anulabilidade é possível no caso de erro de fato ou coação.

34. (ESAF - TCE/GO – Procurador – 2007) A confissão, quando considerada meio de prova de um fato jurídico, é revogável, podendo ainda ser anulada, se decorreu de erro de fato ou de coação.

ERRR AD 34. E RA DAA. Nos termos do art. 214 do CC a irrevogabilidade é uma característica da

confissão como meio de prova.

35. (CESPE - Ministério das Comunicações - Direito – 2008) A confissão é irrevogável, mas se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados, é anulável.

ERRR AD 35. E RA DAA. Neste caso a confissão será nula (nulidade absoluta) e não anulável.

Os documentos, públicos ou particulares, possuem função apenas probatória.

São públicos os documentos elaborados por autoridade pública, no exercício de suas

funções, tal como as certidões, traslados, etc. São particulares aqueles elaborados por

particulares, tal como as cartas, telegramas, etc.

Não podemos confundir documentos públicos ou particulares com instrumentos

públicos ou particulares. O instrumento é uma espécie do gênero documento. Sobre a

escritura pública, devem ser observadas as formalidades do art. 215 do CC.

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Art. 215 do CC - A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena. § 1o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter: I - data e local de sua realização; II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas; III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação; IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes; V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato; VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram; VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato. § 2o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo. § 3o A escritura será redigida na língua nacional. § 4o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes. § 5o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade.

Os documentos particulares são realizados somente com a assinatura dos

próprios interessados, nos termos do art. 221 do CC.

Art. 221 do CC - O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal.

Através do art. 219 do CC, percebe-se que, mesmo sem testemunhas, o

documento particular vale entre as próprias partes.

Art. 219 do CC - As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de prová-las.

Também se faz necessária a análise do art. 220 do CC.

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Art. 220 do CC - A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprio instrumento.

Um exemplo prático deste dispositivo legal se dá quando uma mulher casada

outorga procuração ao marido para a alienação de bens imóveis. Como a alienação

deve ser realizada através de uma escritura pública, então a outorga uxória também

deve ser dada pela esposa através de uma escritura pública.

As testemunhas, que podem ser instrumentárias (que assinam o documento)

ou judiciárias (que prestam depoimento em juízo), representam a forma menos segura

de se provar um negócio jurídico. Por essa razão, o art. 227 do CC estatui que a prova

exclusivamente testemunhal só é admitida em negócio de pequena monta (cujo valor

não ultrapasse 10 salários mínimos). Porém, nos demais negócios a prova

testemunhal é admitida de forma subsidiária ou complementar.

Art. 227 do CC - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamentetestemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.

O art. 228 do CC enumera as pessoas que não podem ser admitidas como

testemunha.

Art. 228 do CC - Não podem ser admitidos como testemunhas: I - os menores de dezesseis anos; II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil; III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam; IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade. Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo.

Do dispositivo acima dois pontos merecem destaque:

1. os menores, relativamente incapazes, podem testemunhar, independentemente

de assistência; e

2. o § único traz uma exceção e possibilita que as pessoas listadas sejam

testemunhas quando só elas conheçam o fato. Dessa forma, é possível que os

cegos e surdos testemunhem sobre um determinado fato.

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36. (CESGRANRIO – ANP – Direito – 2008) Quanto à prova testemunhal, são feitas as afirmações a seguir. I - Os menores de dezoito anos não podem ser admitidos como testemunhas. II - A oitiva de cegos e surdos na qualidade de testemunhas não sofre qualquer restrição. III - Os colaterais, até o sexto grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, não podem ser admitidos como testemunhas. IV - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. É(São) correta(s) APENAS a(s) afirmativa(s) (A) I (B) IV (C) II e III (D) I, II e III (E) II, III e IV

Análise das afirmativas:

ERRR AD I. E RA DAA. Os menores de dezesseis anos que não podem ser admitidos como

testemunhas.

ERRR AD II. E RA DAA. Os cegos e surdos, em regra, não podem ser admitidos como

testemunhas quando o fato depender dos sentidos que lhes faltam. Porém, quando

não houver outra testemunha, poderão os cegos e surdos testemunhar.

ERRR AD III. E RA DAA. O limite de parentesco colateral proibido de figurar como testemunha vai

até o 3º grau e não o 6º grau.

CERTIV. C ER TAA. Conforme o art. 227 do CC,

36. Gabarito: B

Finalizando o estudo das testemunhas, temos o art. 229 do CC.

Art. 229 do CC - Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo; III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou de dano patrimonial imediato.

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As pessoas aqui mencionadas estão desobrigadas de testemunhar. Tal

desobrigação pode decorrer de motivos profissionais, pelo fato de evitar desonra à

pessoa próxima, ou expor pessoa próxima à perigo de vida ou dano patrimonial.

A presunção representa a idéia que se extrai de um fato conhecido para se

chegar a um fato desconhecido. Um exemplo ocorre com o recibo de pagamento. É

presumido que o credor só entrega o recibo após o pagamento ocorrer, dessa forma,

se uma pessoa apresenta um recibo, presume-se que o pagamento foi feito. No

quadro a seguir temos os tipos de presunção:

PRESUNÇÃO

LEGAL (júris)

É a que decorre da lei, tal como a que recai sobre o marido, que a lei presume ser pai do filho nascido de sua mulher, na constância do casamento.

COMUM (hominis)

É deixada ao critério e prudência do magistrado que se baseia no que ordinariamente acontece, na experiência da vida, tal como o amor materno, de onde se presume que a mãe nunca vai prejudicar o seu filho.

ABSOLUTA (júris et de

jure)

É a que não admite prova em contrário, ou seja, é a presunção de verdade atribuída pela lei a certos fatos.

RELATIVA (júris tantum)

É a que admite prova em contrário, tal como a presunção de paternidade atribuída ao filho de sua mulher nascido na constância do casamento.

A presunção absoluta e a presunção relativa são espécies de presunção legal.

O Código Civil trata do assunto em seu art. 230 do CC.

Art. 230 do CC - As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei exclui a prova testemunhal.

37. (ESAF – SEFAZ/PI – Auditor – 2001) Quando a norma estabelecer verdade legal, não admitindo prova contrária ao fato presumido, ter-se-á: a) presunção simples b) presunção hominis

c) presunção juris et de jure

d) arbitramento e) presunção juris tantum

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37. Gabarito: C. Conforme o quadro apresentado.

A perícia é uma prova decorrente de análises de especialistas ou peritos que a

doutrina subdivide em três tipos:

1. o exame, a vistoria e a avaliação. - Exame: é a apreciação de alguma coisa por meio de peritos, para

esclarecimento de um determinado fato em juízo, tais como o exame de DNA,

o exame grafotécnico e o exame médico nas interdições;

- Vistoria: é a mesma operação, porém está restrita à inspeção ocular, muito

empregada nas ações possessórias e nos vícios redibitórios; e

- Avaliação: é o ato pericial que tem por objetivo o esclarecimento de valores.

2. o arbitramento. - É o exame pericial que busca determinar o valor da coisa ou da obrigação a

ela ligada, muito comum em desapropriações e em ações de alimentos.

3. a inspeção judicial. - Consiste na verificação feita pessoalmente pelo magistrado, quer examinando

uma pessoa, quer verificando um objeto, com a finalidade de colher dados para

a prova.

Neste assunto destacam-se os arts. 231 e 232 do CC.

Art. 231 do CC - Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Art. 232 do CC - A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.

Conclui-se que, se uma pessoa se nega a fazer um exame de DNA ordenado

pelo juiz para provar a paternidade, tal recusa poderá valer como prova da

paternidade. Ou seja, a recusa ao exame pode fazer com o magistrado conclua pela

procedência da ação.

38. (ESAF – BACEN – Procurador – 2002) A verificação feita pessoalmente pelo magistrado, quer examinando uma pessoa, quer verificando o objeto, com o escopo de colher dados para a prova, é a (o): a) vistoria b) presunção simples c) exame d) arbitramento e) inspeção judicial

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38. Gabarito: E. Conforme explicações anteriores.

DEFEITOS E INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Os defeitos do negócio jurídico são imperfeições oriundas da declaração de vontade das partes acarretando nos vícios de consentimento do agente. Entretanto,

há casos em que se tem uma vontade funcionando normalmente, havendo até mesmo

correspondência entre a vontade interna e sua manifestação, porém, ela se desvia da lei ou da boa-fé, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa forma,

o negócio jurídico suscetível de invalidação. Trata-se dos vícios sociais.

O erro ou ignorância é a noção falsa acerca de um objeto ou de

determinada pessoa. Ocorre o erro quando o agente se engana sobre alguma coisa.

Como exemplo, temos a pessoa que compra um relógio dourado, supondo que é de

ouro. Para acarretar a anulação do negócio jurídico, o erro deve ser substancial.

Art. 138 do CC - São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Art. 139 do CC - O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.

Temos dois grandes tipos de erros. O erro substancial é aquele de tal

importância que, se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se externaria.

Ou seja, funciona como razão determinante para a realização do negócio jurídico e,

por isso, é causa de anulabilidade. Diferente é o erro acidental, onde se fosse

conhecida a verdade, ainda assim o ato negocial se realizaria, embora de maneira

menos onerosa. O erro acidental não provoca a anulação do negócio jurídico.

39. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) Constitui causa de nulidade do negócio jurídico o erro substancial quanto à natureza do negócio.

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação. VÍCIOS SOCIAIS: simulação e fraude contra credores.

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39. E ERRR RAADDAA. O erro substancial é causa de anulabilidade (nulidade relativa) e não de

nulidade absoluta. Quando o examinador não menciona qual o tipo de nulidade, deve-

se pensar que ele está tratando da nulidade absoluta.

40. (CESPE - Prefeitura de Aracajú-SE - Procurador - 2008) O erro quanto aos motivos que levaram uma das partes a celebrar o ato negocial, desde que seja a razão determinante da realização do negócio, não acarretará a anulação do ato negocial, por vício na manifestação da vontade.

ERRA40. E RR ADDAA. Conforme comentários da questão anterior.

Tipos de erro susbstancial (conforme o art. 139 do CC):

- Erro sobre a natureza do ato negocial (error in ipso negotio): ocorre quando a

pessoa que pratica determinado negócio interpreta mal a realidade e acaba praticando

outro tipo de negócio.

Ex: A, com a intenção de vender um imóvel a B, acaba realizando uma doação.

- Erro sobre o objeto principal da declaração (error in ipso corpore): ocorre quando

atingir o objeto principal da declaração em sua identidade , isto é, o objeto não é o

pretendido pelo agente.

Exs: se um contratante supõe estar adquirindo um lote de terreno de excelente

localização, quando na verdade está comprando um situado em péssimo local; pensar

estar adquirindo um quadro de Portinari, quando na realidade é de um outro pintor.

- Erro sobre a qualidade essencial do objeto (error in corpore): ocorrerá este erro

substancial quando a declaração enganosa de vontade recair sobre a qualidade

essencial do objeto.

Exs: se a pessoa pensa adquirir um relógio de prata que, na realidade, é de aço;

adquirir um quadro a óleo, pensando ser de um pintor famoso, do qual constava o

nome na tela, mas que na verdade era falso.

- Erro sobre a pessoa e sobre as qualidades essenciais da pessoa (error in

persona): é aquele que incide sobre a identidade ou as características da pessoa.

Exs: contratar o advogado João da Silva por ser uma pessoa de notório conhecimento

na área trabalhista e, na verdade, contratar um recém-formado com nome homônimo;

uma moça de boa formação moral se casar com um homem, vindo a saber depois que

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se tratava de um desclassificado ou homossexual; fazer um testamento contemplando

sua mulher com a meação de todos os bens, mas, por ocasião do cumprimento do

testamento, o Tribunal verificar que a herdeira instituída não é a mulher do testador,

por ser casada com outro.

- Erro de direito (error juris): ocorre quando o agente emite uma declaração de

vontade no pressuposto falso de que procede conforme a lei.

Exs: “A” realiza a compra e venda internacional da mercadoria “X” sem saber que sua

exportação foi proibida legalmente; “A” adquire de “B” o lote “X” ignorando que lei

municipal proibia loteamento naquela localidade. A seguir temos outros tipos de erros:.

O erro de cálculo é um erro acidental (não anula o ato negocial) que recai

sobre dados aritméticos de uma conta. Tal erro não causa a anulabilidade do negócio

jurídico, pois pode ser corrigido.

Art. 143 do CC - O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.

O erro quanto ao fim colimado está relacionado com o motivo do negócio e,

não sendo determinante do negócio, não pode ser considerado essencial;

consequentemente, não poderá acarretar a anulação do ato negocial. É o que diz o

artigo 140 do CC.

Art. 140 do CC - O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.

O erro acidental in qualitate diz respeito às qualidades secundárias ou

acessórias da pessoa (ex: se é casada ou solteira) ou do objeto (ex: comprar o lote 27

e receber o de n. 72 por erro de digitação). Tal erro não induz a anulação do ato

negocial por não incidir sobre a declaração de vontade, caso seja possível, por seu

contexto e pelas circunstâncias, identificar a pessoa ou a coisa. É o que diz o art. 142

do CC.

Art. 142 do CC - O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

O último erro a ser estudado é o erro na transmissão de vontade por meios interpostos (art. 141 do CC) que é o erro por defeito de intermediação mecânica ou

pessoal, que altera a vontade declarada na efetivação do ato negocial. Ex.: Alguém

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recorre a rádio, televisão, telefone etc. para transmitir uma declaração de vontade, e o

veículo utilizado, devido a interrupção ou deturpação sonora, o fizer com incorreções

acarretando desconformidade entre a vontade declarada e a interna. Esse tipo de erro

só anula o negócio se a alteração verificada vier a prejudicar o real sentido da

declaração expedida. Em caso contrário, ele será insignificante e o negócio efetivado

prevalecerá.

Art. 141 do CC - A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.

O dolo é o emprego de um artifício astucioso para induzir alguém à prática de

um negócio jurídico. Como exemplo, temos o vendedor que induz o cliente a acreditar

que um relógio simplesmente dourado é de ouro.

Observação: O erro diferencia-se do dolo. No erro a vítima se engana sozinha, ao passo que, no dolo, a vítima é enganada pela má-fé alheia.

41. (SENADO FEDERAL - Consultor Legislativo - 2002) Carlos vendeu a João um relógio dourado como se fosse de ouro, induzindo-o ao erro. Trata-se de situação de dolo direto.

CE41. C RT ER TAA. O erro é diferente do dolo. No erro a vítima se engana sozinha, ao passo

que, no dolo, a vítima é enganada pela má-fé alheia.

42. (CESPE - TRT 17.ª Região/ES – Execução de Mandados - 2009) O dolo principal não acarretará a anulação do negócio jurídico, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação convencionada.

ERRR DA42. E RA AD A. Existem vários tipos de dolo, dentre eles destacamos:

a) dolo principal ou essencial (art. 145 do CC): é aquele que dá causa ao negócio

jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando a anulabilidade do ato

negocial. Além de possibilitar a anulação, o dolo essencial enseja indenização por

perdas e danos.

Art. 145 do CC - São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

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b) dolo acidental (dolus incidens) (art. 146 do CC): é o que leva a vítima a realizar o

negócio jurídico, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não

afetando sua declaração de vontade, embora venha provocar desvios. Não é causa de

anulabilidade por não interferir diretamente na declaração de vontade, mas enseja

indenização por perdas e danos.

Art. 146 do CC - O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

Temos o seguinte:

DOLO ESSENCIAL NULIDADE RELATIVA + PERDAS E DANOS

DOLO ACIDENTAL SÓ PERDAS E DANOS

43. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) O negócio jurídico eivado de dolo de terceiro poderá ser anulado ainda que não se prove que a parte a quem ele aproveita sabia da ocorrência do dolo.

O dolo de terceiro é aquele oriundo de uma terceira pessoa que não é parte

no negócio jurídico. Só será causa de anulabilidade do negócio jurídico quando a parte

beneficiada souber ou tiver a possibilidade de saber sobre a sua existência, tal como

no caso de terceiro que utiliza o artifício a mando de um dos contratantes. A questão

tem como base o art. 148 do CC.

Art. 148 do CC - Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

ERRR AD 43. E RA DAA. A anulação decorrente de dolo de terceiro depende do conhecimento da

parte beneficiada.

44. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) Mesmo que seja de natureza acidental, o dolo acarretará irremediavelmente a nulidade do ato.

ERRR AD 44. E RA DAA. Conforme os comentários da questão 42 o dolo acidental enseja apenas

indenização por perdas e danos, não sendo possível a nulidade relativa do ato.

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45. (CESPE - MPE-AM Promotor de Justiça 2007) O dolo acidental de terceiro provoca a anulação do negócio jurídico, ainda que a parte a quem aproveite dele não tivesse nem devesse ter conhecimento, por afetar a declaração da vontade, desviando-a de sua real intenção e causando-lhe danos.

ERRR AD 45. E RA DAA. Conforme comentários da questão 43.

46. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) Não é válido o ato negocial em que ambas as partes tenham agido reciprocamente com dolo. A nenhuma delas é permitido reclamar indenização, devendo cada uma suportar o prejuízo experimentado.

Sobre o dolo bilateral (de ambas as partes) é interessante lermos o art. 150

do CC. Art do CC - 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.

Conclui-se que o dolo bilateral não é capaz de anular o negócio jurídico,

tampouco gerar indenização por perdas e danos.

ERRA46. E RR DAAD A. O ato negocial em que houver dolo bilateral será válido.

47. (CESPE - PC/AC - Delegado – 2008) É nulo, entre outras hipóteses, o negócio jurídico no qual ambas as partes reciprocamente ajam com dolo, ainda que acidental. Nesse caso, a nenhum dos contratantes é permitido reclamar indenização, devendo cada um suportar o prejuízo experimentado pela prática do ato doloso.

ERRA47. E RR AD DAA. Em se tratando de dolo essencial o negócio seria anulável e não nulo.

Além disso, a questão caracteriza uma situação de dolo bilateral onde, em regra, não

há possibilidade de anulação ou de reclamar indenização.

48. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) Se, no ato negocial, ambos os contratantes procederem dolosamente, haverá compensação de dolos e o negócio será considerado nulo em virtude de ambos os partícipes terem agido de má-fé.

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48. E ERRR RAAD DAA. Conceito cobrado de forma exaustiva nas provas da banca

CESPE/UnB. O dolo bilateral não provoca a nulidade (relativa) do negócio.

Outro artigo interessante é o art. 149 do CC.

Art. 149 do CC - O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.

Entende-se que o dolo utilizado pelo representante convencional (responsabilidade solidária com o representante por perdas e danos) é mais grave que

o utilizado pelo representante legal (responsabilidade limitada ao proveito obtido com

o dolo). Tal fato ocorre em razão da escolha do representante. No caso do

representante legal (pai, mãe, tutor, curador), o representando não manifesta sua

vontade, pois a pessoa é indicada por lei; entretanto, na escolha do representante

convencional (mandatário ou procurador), a escolha decorre da manifestação de

vontade acarretando uma maior responsabilidade na hipótese de haver dolo por parte

do representante.

Veja o esquema a seguir:

DOLO DO REPRESENTANTE

LEGAL Ex: pais, tutores,

curadores, etc.

responsabilidade do representado

limitada ao proveito obtido com o dolo.

CONVENCIONAL Ex: procuradores,

gestores de negócios,

etc.

responsabilidade solidária entre o

representante e o representado nas

perdas e danos.

O art. 156 do CC define o que vem a ser estado de perigo.

Art. 156 do CC - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.

O estado de perigo representa a assunção de uma obrigação excessivamente

onerosa (exorbitante) para evitar um dano pessoal que é do conhecimento da outra

parte contratante. Grosseiramente falando, o declarante de encontra diante de uma

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situação que deve optar entre dois males: sofrer o dano ou participar de um contrato

que lhe é excessivamente oneroso. Vejamos alguns clássicos exemplos:

a) doente que concorda com altos honorários exigidos pelo médico cirurgião;

b) venda de bens abaixo do preço para levantar o dinheiro necessário ao resgate

do seqüestro do filho ou para pagar uma cirurgia médica urgente;

c) promessa de recompensa ou doação de quantia vultosa feita, por um

acidentado, a alguém, para que o salve, etc.

49. (CESPE - DPE-SP - Estagiário de Direito - 2008) A exigência de cheque caução feita por hospital como condição sine qua non para a realização de uma cirurgia em familiar de quem o emite, configura o defeito do negócio jurídico denominado estado de perigo.

CE49. C RT ER TAA.

50. (CESPE - FPH/SE – Procurador - 2008) Quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, resta configurado o estado de perigo.

ERRR AD 50. E RA DAA. As características da questão descrevem o vício da lesão e não o

estado de perigo.

51. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) O contrato de compra e venda de bem móvel com sob premente necessidade, por preço manifestamente superior ao seu real valor de mercado pode ser anulado por conter vício do consentimento denominado estado de perigo.

A lesão é um vício de consentimento decorrente do abuso praticado em

situação de desigualdade de um dos contratantes, por estar sob premente

necessidade, ou por inexperiência, com o objetivo de protegê-lo diante do prejuízo

sofrido na conclusão de um negócio jurídico em decorrência da desproporção

existente entre as prestações das duas partes. Trata-se de um dano patrimonial. Diz

o art. 157 do CC:

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Art. 157 do CC - Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

Para exemplificar: alguém prestes a ser despejado procura um imóvel para

abrigar a sua família e exercer seu negócio profissional, e o proprietário, mesmo não

tendo conhecimento do fato, eleva o preço do aluguel. Ou então, a pessoa que, para

evitar a falência, vende imóvel seu a preço inferior ao de mercado, em razão da falta

de disponibilidade líquida para pagar seus débitos.

ERRR DA51. E RA AD A. Trata-se do vício denominado lesão e não estado de perigo.

52. (CESPE - MPE/SE – Promotor de Justiça – 2010) Todo e qualquer negócio jurídico está sujeito a anulação sob o fundamento de lesão.

A lesão pode ser de três tipos: enorme, especial e usurária.

a) Lesão enorme: caracteriza-se pela simples desproporção entre as prestações.

É o lucro exorbitante obtido por uma das partes contratantes.

b) Lesão especial: exige, além do lucro excessivo, a situação de necessidade ou

inexperiência da parte prejudicada. É a lesão adotada pelo CC em seu art. 157.

c) Lesão usurária: além do lucro excessivo e da situação de necessidade ou

inexperiência da parte lesada, para se caracterizar, exige, ainda o dolo de

aproveitamento, consistente na má-fé da parte beneficiada.

IMPORTANTE !!!! Lesão enorme: lucro exorbitante; Lesão especial: lucro exorbitante + necessidade ou inexperiência; Lesão usurária: lucro exorbitante + necessidade ou inexperiência + má-fé (dolo).

IMPORTANTE !!!!

ESTADO DE PERIGO: decorre do risco de dano a uma pessoa;

LESÃO: decorre do risco de dano ao patrimônio.

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Apesar do CC fazer referência à lesão especial, a doutrina entende suficiente a

lesão enorme para que o ato negocial possa ser anulado. È o que se entende do

Enunciado 290 do CJF, aprovado na IV Jornada de Direito Civil: “A lesão acarretará a

anulação do negócio jurídico quando verificada, na formação deste, a desproporção

manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se presumindo a premente

necessidade ou a inexperiência do lesado”.

ERRR AD 52. E RA DAA. Para que o ato negocial esteja sujeito à anulação em razão da lesão,

alguns pressupostos devem ser satisfeitos, dentre eles temos: o lucro exorbitante da

outra parte e uma situação de dano patrimonial. Se houver dano pessoal não cabe a

lesão, mas sim o estado de perigo.

53. (CESPE - TCE/AC – Analista de Controle Externo – Especialidade: Direito - 2009) Para que se configure a lesão e possa, em virtude disso, ser anulado o negócio jurídico entabulado, é necessário que a contraparte saiba da premente necessidade ou da inexperiência do outro.

ERRR AD 53. E RA DAA. A má-fé (dolo de aproveitamento) é um requisito prescindível

(dispensável) para que a lesão provoque a anulação do negócio jurídico.

A coação é uma pressão física ou moral exercida sobre alguém para induzi-lo

à prática de um determinado negócio jurídico. Trata-se de violência ou ameaça que

infringe a liberdade de decisão do coagido, tornando-se mais grave que o dolo, pois

este afeta apenas a inteligência da vítima. Pode ser física ou moral, mas o CC só trata

da coação moral.

Art. 151 do CC - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

- Coação física (vis absoluta): ocorre quando a vontade do coagido é completamente

eliminada. Ou seja, o constrangimento corporal faz com que a capacidade de querer

de uma das partes seja totalmente eliminada. Segundo a Profª. Maria Helena Diniz, é

uma causa de nulidade absoluta do negócio jurídico, mas há quem caracterize como

uma causa de inexistência do negócio jurídico.

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Ex: se alguém segurar a mão da vítima, apontando-lhe uma arma e forçando-a a

assinar um determinado documento.

- Coação moral (vis compulsiva): ocorre quando a vítima sofre uma grave ameaça,

indutiva da prática do negócio jurídico, podendo, porém, optar entre o ato e o dano,

com que é ameaçada. Ou seja, não obstante a chantagem do autor, a vítima conserva

relativamente a sua vontade. É a coação tratada no art. 151 do CC e que pode ser

causa de anulabilidade (nulidade relativa) do negócio jurídico.

Ex: o assaltante que ameaça a vítima dizendo: “a bolsa ou a vida”.

54. (CESPE - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Ameaçada de morte por um primo, homem de notória violência, Abgail assinou contrato de compra e venda, transferindo-lhe a propriedade de uma fazenda de cacau na Bahia. Transcorridos seis anos, sem que cessasse a coação, esse primo faleceu, e ela decidiu imediatamente constituir advogado para buscar a anulação judicial do negócio. Nessa situação, caso logre êxito em provar a coação sofrida, é possível que Abgail obtenha decisão favorável ao seu pleito, pois o prazo decadencial de quatro anos para requerer a anulação é contado da data em que cessou a coação e não da data da realização do negócio.

CE54. C RT ER TAA. A solução da questão está no art. 178 do CC.

Art. 178 do CC - É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179 do CC - Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

O direito de anulação do negócio jurídico, no caso dos vícios de consentimento

ou social, decai em quatro anos. Entretanto, quando se tratar de coação moral, o início

deste prazo começa a partir do fim da coação (art. 178, I do CC). Pela situação descrita na questão, o fim da coação ocorreu com o falecimento

do primo.

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55. (CESPE - PGM/Aracajú – SE - Procurador – 2008) A coação, para servir de fundamento para a anulação do negócio jurídico celebrado, há de ser exercida necessariamente contra a pessoa do contratante.

ERRR AD 55. E RA DAA. Através do art. 151 do CC, percebemos que para a coação servir de

fundamento para a anulação de um negócio jurídico ela pode ser dirigida da seguinte

forma:

- contra a pessoa do próprio contratante;

- contra a pessoa da família do contratante;

- contra os bens do contratante;

- contra pessoa não pertencente à família do contratante, mas neste caso o

magistrado deve analisar se as relações de afetividade são fortes o bastante para se

configurar uma situação de coação.

56. (CESPE - PC/AC – Delegado de Polícia - 2008) É nulo o negócio jurídico celebrado mediante coação, no qual um dos contratantes assume uma obrigação excessivamente onerosa e desproporcional à vantagem obtida pelo coator, em virtude do dolo de aproveitamento na conduta do coator. Assim, para que seja reconhecido o vício desse negócio, exige-se, além do prejuízo de uma das partes e do lucro exagerado da outra, o dolo de aproveitamento.

ERRR AD 56. E RA DAA. Ao meu ver temos dois erros nesta assertiva:

ERRO 1: a assertiva não descreve as características da coação. Quando se fala em

prejuízo de uma das partes, lucro exagerado da outra e dolo de aproveitamento,

estamos diante da lesão;

ERRO 2: mesmo que a banca considerasse a descrição na assertiva como sendo da

coação, não teríamos um negócio nulo, mas sim um negócio anulável.

A fraude contra credores (vício social) constitui a prática maliciosa pelo

devedor insolvente (aquele cujo patrimônio passivo é superior ao patrimônio ativo) de

atos que desfalcam o seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução

por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios. Segundo a Profª. Maria

Helena Diniz possui dois elementos:

1) eventus damini (elemento objetivo): é todo ato prejudicial ao credor por tornar o

devedor insolvente ou por ter sido realizado em estado de insolvência, ainda

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quando o ignore, ou ante o fato de a garantia tornar-se insuficiente depois de

executada; e

2) consilium fraudis (elemento subjetivo): é a má-fé, a intenção de prejudicar do

devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo os efeitos da cobrança.

Vide o art. 158 do CC.

Art. 158 do CC - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

Quando o ato prejudicial ao credor for gratuito (transmissão gratuita e remissão

de dívidas), então, para que os credores prejudicados com o ato tenham o direito de

anular, não é necessário que se prove a má-fé (consilium fraudis). Ou seja, nos

negócios gratuitos o elemento subjetivo é desnecessário para se caracterizar a fraude

contra credores.

57. (CESPE - MPE/SE – Promotor de Justiça – 2010) O consilium fraudis ou scientia fraudis não é requisito essencial para a anulação de negócio jurídico gratuito sob o fundamento de fraude contra credores.

CE57. C RT ER TAA. Nos negócios jurídicos gratuitos não há necessidade do elemento

subjetivo (consilium fraudis) da fraude contra credores.

Para exemplificar melhor a fraude contra credores, veja o esquema a seguir

que tem como base um balanço patrimonial de uma empresa, onde o ATIVO =

PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO:

ATIVO PASSIVO

Caixa ----------------------- 50.000

Duplicatas a receber -- 10.000

Imóveis ------------------- 240.000

Duplicatas a pagar --- 320.000

PATRIMÔNIO LIQUIDO

Capital Social –--------- 80.000

Prejuízo acumulado -100.000

TOTAL ------------------- 300.000 TOTAL ------------------ 300.000

A situação descrita acima é de insolvência, pois o patrimônio líquido é negativo

(-20.000). Dessa forma, caso a empresa em questão resolva doar o dinheiro que está

CREDORES DOAÇÃO

REMISSÃO

VENDASITUAÇÃO NEGATIVA -20.000

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no caixa para o projeto “criança esperança”, os credores poderão anular a doação

alegando fraude contra credores. O mesmo ocorre na remissão (perdão da dívida) das

duplicatas a receber. Por fim, também pode ser utilizada a ação pauliana caso os

imóveis que valem R$ 240.000,00 sejam vendidos dolosamente por R$ 50.000,00.

58. (CESPE - Técnico Judiciário – Área: Administrativa – 2009) Poderá haver anulação do negócio jurídico se o devedor insolvente doar imóvel do seu patrimônio a um irmão seu.

CE58. C RT ER TAA. Conforme comentários da questão anterior é possível que a doação

(negócio jurídico gratuito) seja anulada com base na fraude contra credores, desde

que a pessoa esteja em um estado de insolvência.

59. (CESPE - PGE/CE – Procurador – 2008) A fraude contra a execução é um defeito do negócio jurídico, caracterizando-se como vício de consentimento e viciando, como conseqüência, a declaração de vontade dos partícipes do negócio jurídico.

59. ERRADA. A fraude à execução (FE) diferencia-se da fraude contra credores (FC).

Veja a tabela a seguir com as principais diferenças:

FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO

É defeito do negócio jurídico, regulada no direito privado (Código Civil)

É incidente do processo, regulada no direito público (Código de Processo Civil)

Ocorre quando o devedor ainda não responde à nenhuma ação ou execução.

Pressupõe que exista uma demanda (ação) em andamento.

Só pode ser alegada em ação pauliana ou revocatória.

Pode ser alegada incidentalmente; não depende da propositura de nenhuma ação específica.

Exige-se a prova da má-fé do 3.º adquirente, em se tratando de negócios onerosos.

Não é exigida a prova da má-fé do 3.º adquirente, visto estar presumida.

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O outro vício social, além da fraude contra credores, é a simulação que

representa um acordo de vontade entre as partes para dar existência real a um

negócio jurídico fictício, ou então para ocultar o negócio jurídico realmente realizado,

com o objetivo de violar a lei ou enganar terceiros. Conclui-se que são necessários

três requisitos para a simulação:

- acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina;

- declaração enganosa de vontade; e

- intenção de enganar terceiros ou violar a lei.

60. (CESPE - Pref. Vitória/ES - Auditor Fiscal do Tesouro Municipal - 2007) A simulação é um acordo das partes contratantes para criar um negócio jurídico aparente, cujos efeitos não são desejados pelas partes, ou para ocultar, sob determinada aparência, o negócio desejado, o que acarreta a nulidade do negócio. O propósito do negócio aparente é o de enganar terceiros ou fugir ao imperativo da lei.

CE60. C RT ER TAA. Conforme comentários acima.

São espécies de simulação:

a) Simulação absoluta: ocorre quando as partes não pretendem realizar a celebração

de qualquer negócio jurídico. Ou seja, há um acordo simulatório em que as partes

pretendem que o negócio não produza nenhum efeito de modo a não produzir eficácia

jurídica.

Exs: emissão de títulos de crédito, que não representam qualquer negócio, feita pelo

marido, em favor de amigo, antes da separação judicial para prejudicar a mulher na

partilha de bens; o proprietário de uma casa alugada que, com a intenção de facilitar a

ação de despejo contra seu inquilino, finge vendê-la a terceiro que, residindo em

imóvel alheio, terá maior possibilidade de vencer a referida demanda; o devedor que

finge vender seus bens para evitar a penhora, etc.

b) Simulação relativa: ocorre quando uma pessoa, sob a aparência de um negócio

fictício, pretende realizar outro que é o verdadeiro, diferente, no todo ou em parte, do

primeiro. Ou seja, há nessa espécie de simulação, dois contratos, um aparente

(simulado) e um real (dissimulado), sendo este o realmente desejado pelas partes.

Como exemplo temos o homem casado que faz a doação de um imóvel a sua

“amante”, mas providencia a lavratura de uma escritura de compra e venda. Neste

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caso a simulação é relativa porque existe um ato simulado (compra e venda) praticado

para esconder um ato dissimulado (doação). Vejamos o art. 167 do CC que trata da

simulação relativa:

Art. 167 do CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

Conclui-se que, dependendo da situação, o negócio real (dissimulado) pode

subsistir sem se tornar nulo, caso não ofenda a lei nem cause prejuízos a terceiros. O

gráfico a seguir simboliza um negócio aparente (fictício) escondendo a celebração de

um negócio real.

61. (CESPE - Técnico Judiciário – Área: Administrativa – 2009) A simulação, considerada pela doutrina um vício social, é causa de nulidade do negócio jurídico; no entanto, é possível que subsista o negócio que se dissimulou.

CE61. C RT ER TAA. Em se tratando da simulação relativa, nos termos do art. 167 do CC, é

possível que subsista o negócio dissimulado se ele for válido na substância e na

forma.

62. (CESPE - PGE/CE – Procurador – 2008) A simulação relativa é um vício social que acarreta a nulidade do negócio jurídico, que não pode subsistir, mesmo que seja válido na substância e na forma.

62. ERRADA. Conforme comentários da questão anterior.

Negócio fictício (simulado) é sempre nulo

Negócio real (dissimulado) pode subsistir se for válido na substância e na forma.

Na simulação absoluta o negócio é nulo e insuscetível de convalidação. Na

simulação relativa o negócio simulado ou fictício (aparente) é nulo, mas o negócio

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dissimulado (escondido) será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a

terceiros. É o que se depreende do art. 167 do CC.

A simulação relativa pode ser de dois tipos:

I. Simulação relativa subjetiva (ad personam): é aquela em que a parte

contratante não tira proveito do negócio por ser um sujeito aparente, ou seja, a

parte aparente (“testa de ferro”) repassa os direitos a uma terceira pessoa.

Exs: o homem casado que simula doar um imóvel a um amigo para que este o

repasse à “amante” do homem casado; venda realizada a um terceiro para que

ele transmita a coisa a um descendente do alienante, a quem se tem a intenção

de transferi-la desde o início.

II. Simulação relativa objetiva: ocorre quando o negócio jurídico (NJ) contém

declaração não verdadeira a respeito do seu objeto, tal como uma escritura

pública de compra e venda com preço inferior ao real para burlar o fisco através

do pagamento de um imposto menor.

c) Simulação inocente: é a que não objetiva violar a lei ou prejudicar terceiro. É o que

ocorre na doação mascarada feita por um homem solteiro a sua concubina. Parte da

doutrina entende que por não prejudicar terceiro, deve ser considerada. Entretanto, o

Conselho da Justiça Federal entende o contrário, conforme exteriorizado na III

Jornada de Direito Civil, através do Enunciado 152: “Toda simulação, inclusive a

inocente, é invalidante”.

Exs: situação em que o de cujus antes de falecer, sem herdeiros necessários, simula

venda aparente a terceira pessoa a quem pretende deixar um legado; a prática do

“Fica”, documento muito utilizado no Mato Grosso do Sul, em que uma das partes

recebe dinheiro e declara ter recebido gado, que se obriga a devolver.

d) Simulação maliciosa: é a que objetiva fraudar a lei ou prejudicar terceiros. Nesse

caso o ato será nulo.

Segue esquema gráfico sobre a simulação:

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SIMULAÇÃO

- INOCENTE - não visa prejudicar 3os ou burlar a lei.

- MALICIOSA

- ABSOLUTA - nenhum negócio jurídico é realizado.

- RELATIVA

- OBJETIVA - incide sobre o objeto

- SUBJETIVA - incide sobre a pessoa

63. (CESPE - CODEBA – Advogado - 2006) O negócio jurídico anulável é aquele em que foram realizados todos os requisito necessários a sua validade, mas as condições em que foi realizado justificam a anulação, quer por incapacidade relativa do agente, quer pela existência de vícios do consentimento ou vícios sociais.

Os defeitos do negócio jurídico são imperfeições oriundas da declaração de vontade das partes acarretando nos vícios de consentimento do agente. Entretanto,

há casos em que se tem uma vontade funcionando normalmente, havendo até mesmo

correspondência entre a vontade interna e sua manifestação, porém, ela se desvia da lei ou da boa-fé, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa forma,

o negócio jurídico suscetível de invalidação. Trata-se dos vícios sociais.

CE63. C RT ER TAA. Conforme a tabela exibida antes da questão 14.

64. (CESPE - Pref. Vila Velha/ES – Técnico Municipal de Nível Superior I – Auditoria - 2008) O erro, o dolo e a coação são vícios sociais e invalidam o negócio jurídico.

ERRR AD 64. E RA DAA. O erro, o dolo e a coação são vícios de consentimento.

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação.

VÍCIOS SOCIAIS: simulação e fraude contra credores.

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65. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) No ato negocial, o fato de um dos contratantes agir dolosamente, silenciando alguma informação que devesse revelar ao outro contratante, constitui vício de consentimento, que acarreta a nulidade do negócio jurídico.

ERRR AD 65. E RA DAA. A questão trata do dolo negativo (art. 147 do CC) que é aquele

resultante de uma omissão intencional para induzir um dos contratantes (conduta

negativa). Pode acarretar a anulação do ato negocial se for o motivo determinante

(dolo principal). Se for acidental enseja, apenas, perdas e danos.

Art. 147 do CC - Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

O erro da questão está em afirmar que o dolo acarreta a nulidade do negócio

relativo, quando na verdade ele acarreta a anulabilidade do ato negocial.

A seguir temos uma questão bônus. Não é da banca CESPE/UnB, mas é

bastante interessante:

(ESAF - SERPRO - Analista – 2001) Se alguém fizer seguro de vida, omitindo moléstia grave, e vier a falecer poucos meses depois, vindo a prejudicar a seguradora e a beneficiar os sucessores, ter-se-á a configuração de: a) dolo positivo. b) dolo acidental. c) simulação relativa subjetiva. d) simulação absoluta. e) dolo negativo.

COMENTÁRIOS: A omissão de moléstia grave configura uma conduta negativa que induz a

seguradora a celebrar o contrato de seguro. Desta forma, configurou-se o dolo negativo.

Gabarito: Letra E.

CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO NULO

Sobre a conversão do negócio jurídico nulo, dispõe o art. 170 do CC:

Art. 170 do CC - Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.

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Tal dispositivo consagra o princípio da conservação do negócio jurídico.

Ocorre tal princípio quando o ato negocial nulo (nulidade absoluta) não pode

prevalecer na forma pretendida pelas partes, mas, como seus elementos são idôneos

para caracterizar outro ato de natureza diversa, então poderá ocorrer a transformação,

desde que isso não seja proibido taxativamente, como nos casos de testamento.

Como exemplo, temos a transformação de um contrato de compra e venda nulo por

defeito de forma (ex: imóvel com valor superior a 30 salários mínimos deve ter por

forma uma escritura pública, sendo nulo caso se proceda mediante instrumento

particular) em um compromisso de compra e venda (este pode ser celebrado por

instrumento particular).

66. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) Caso um imóvel valioso seja vendido por meio de contrato celebrado entre pessoas maiores e capazes, por instrumento particular, o negócio é considerado nulo; contudo, se as partes quiserem, é possível converter esse negócio nulo em contrato preliminar ou compromisso bilateral de contrato.

CEER A.66. C RT TA . Conforme comentários acima, o contrato preliminar não precisa ser

celebrado na forma necessária ao contrato final. Vide art. 462 do CC.

Art. 462 do CC - O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

É por isso que o compromisso de compra e venda relativo a bens imóveis com

valor superior a trinta salários mínimos não precisa ser celebrado através de uma

escritura pública, bastando um instrumento particular.

67. (CESPE - SEGER – ES - Analista Administrativo e Financeiro – 2007) Para operar-se a conversão do ato negocial nulo, faz-se necessário que o negócio nulo contenha os requisitos do negócio a ser convertido, bem como que as partes queiram essa conversão, e ainda a verificação de que os contratantes pretendiam a celebração de outro contrato e ignoravam a nulidade do negócio que realizaram.

CEER A.67. C RT TA . Conforme comentários do art. 170 do CC.

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Segue uma tabela para relembrar as definições de convalidação, confirmação e

conversão.

NULIDADE RELATIVA

CONFIRMAÇÃO é um ato das partes contratantes com o objetivo de sanar o vício do ato negocial.

CONVALIDAÇÃO decorre do decurso de tempo que provoca a decadência do direito de anular o negócio.

NULIDADE ABSOLUTA

CONVERSÃO é a transformação do ato nulo em outro que contém os requisitos do primeiro.

Ou seja, a confirmação e a convalidação são institutos jurídicos inerentes ao

negócio jurídico anulável (nulidade relativa). Já a conversão é um instituto do negócio

jurídico nulo (nulidade absoluta).

ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

A condição é uma cláusula que subordina a eficácia do negócio jurídico a

evento futuro e incerto. Dessa forma, para que se configure o negócio condicional

são necessários dois requisitos: a futuridade e a incerteza. Ou seja, não se considera

condição o fato passado ou presente, mas somente o futuro. Como exemplo, temos a

promessa de R$ 1.000,00 de uma pessoa a outra, caso o Flamengo seja campeão da

Copa Libertadores 2010. O negócio em questão é futuro (só saberemos o campeão

em agosto de 2010) e incerto (pode ser campeão ou não), por isso, configura-se uma

condição.

Art. 121 do CC - Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

68. (CESPE - FUNDAC/PB – Advogado - 2008) Condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto. Assim, ao titular do direito eventual, no caso de condição suspensiva, é permitido praticar atos destinados à transmissão da propriedade ou do domínio.

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68. E ERRR RAAD DAA. A assertiva está em desacordo com o art. 130 do CC.

Art. 130 do CC - Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

Quando um negócio está dependente de uma condição suspensiva ou

resolutiva (classificação estudada a seguir), temos um mero direito eventual, ou seja, o

titular ainda não possui um direito adquirido.

Apesar de ainda não ter um direito adquirido, a lei reconhece a possibilidade de

tal titular praticar atos destinados a conservar o seu direito. Logo, se uma pessoa me

promete doar uma casa, sendo tal doação sujeita a uma condição, eu posso, mesmo

sem ter a propriedade do bem, rechaçar atos de esbulho (moléstia) e turbação (perda)

da propriedade.

Ou seja, atos de conservação são permitidos (art. 130 do CC), porém, pelo fato

de ainda não ter a propriedade plena, não são permitidos atos destinados à

transmissão da propriedade ou do domínio.

Existem diversas classificações para as condições. As principais são:

I) Quanto ao modo de atuação, as condições podem ser: suspensivas ou resolutivas.

- Condição suspensiva: as partes protelam, temporariamente, a eficácia do ato

negocial até a realização do evento futuro e incerto.

Ex: te dou um carro se você ganhar o jogo de futebol.

Art. 125 do CC - Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

Exemplos de condições suspensivas citados pela Profa. Maria Helena Diniz:

a) comprarei seu quadro se ele for aceito numa exposição internacional;

Celebração do negócio jurídico

Ganhou o jogo (implemento da condição)

EFEITO SUSPENSO

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b) adquirirei o cavalo “Fogo Branco” se ele vencer a corrida no Grande

Prêmio promovido, daqui a três meses, pelo Jockey Club de São Paulo;

e

c) doarei meu apartamento se você casar.

- Condição resolutiva: a ocorrência do evento futuro e incerto resolve

(extingue) o direito transferido pelo negócio jurídico.

Ex: te dou uma “mesada” enquanto você estudar.

Art. 127 do CC - Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.

Exemplos de condições resolutivas citados pela Profa. Maria Helena Diniz:

a) constituo uma renda em seu favor, enquanto você estudar;

b) cedo-lhe esta casa, para que nela resida, enquanto for solteiro; e

c) compro-lhe esta fazenda, sob a condição do contrato se resolver se gear

nos próximos três anos.

69. (CESPE - PGE-PI – Procurador – 2008) Condição é o elemento acidental do ato ou negócio jurídico que faz o mesmo depender de evento futuro e incerto. A condição resolutiva é requisito e pressuposto de validade de negócio, suspendendo-o, no plano da sua eficácia, até a ocorrência da condição estabelecida.

ERRR AD 69. E RA DAA. A questão descreve a condição suspensiva.

70. (CESPE - PGE/ES – Procurador do Estado - 2008) Condição é a cláusula, voluntariamente aposta a um negócio jurídico, que subordina o nascimento ou a extinção de um direito à ocorrência de evento futuro e certo. Quando se tratar de condição resolutiva, enquanto não se verificar essa condição, o negócio não produzirá qualquer efeito.

Celebração do negócio jurídico

Parou de estudar (implemento da condição)

VIGÊNCIA DO NEG. JURÍDICO

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70, EER RRRA ADDAA. Temos aqui dois erros. O primeiro é afirmar que a condição é um evento

certo. O segundo erro é a questão descrever as características de uma condição

suspensiva e dizer que se trata de uma condição resolutiva,

II) Quanto à participação da vontade dos sujeitos, as condições podem ser:

causais, potestativas, mistas e promíscuas.

- Condições causais: são as que dependem do acaso, de um acontecimento

fortuito ou de força maior, ou seja, de um fato alheio à vontade das partes.

Ex: Dar-te-ei uma jóia se chover amanhã.

- Condições potestativas: são as que decorrem da vontade de uma das partes.

Podem ser:

a) Puramente potestativas: são as que se sujeitam ao puro arbítrio

de uma das partes, valendo dizer que a sua ocorrência depende

exclusivamente da vontade da pessoa, independente de qualquer

fator externo. Nos termos do art. 122, 2a parte, do CC, tais

condições são ilícitas.

Ex: Dar-te-ei determinada quantia em dinheiro o dia em que eu

vestir meu terno cinza.

Art. 122 do CC - São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

Exemplos de condições puramente potestativas citados pela Profa. Maria

Helena Diniz:

a) constituição de uma renda em seu favor se você vestir tal roupa amanhã; e

b) aposição de cláusula que, em contrato de mútuo, dê ao credor poder

unilateral de provocar o vencimento antecipado da dívida, diante de simples

circunstância de romper-se o vínculo empregatício entre as partes.

b) Simplesmente potestativas: são as que se sujeitam à vontade de

uma das partes conjugada com fatores externos que escapam ao

seu controle. Ou seja, além do arbítrio, exige-se uma atuação

especial do sujeito.

Ex: Dar-te-ei dois mil reais no dia que eu conseguir viajar para a

Europa. Para tal viagem se realizar depende de tempo e dinheiro,

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não ficando, então, a condição sujeita ao arbítrio exclusivo de uma

pessoa.

71. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) Lia prometeu dar a Sílvia U$ 2 mil se esta for para Nova Iorque até janeiro de 2010. Nessa situação, trata-se de condição puramente potestativa, que é proibida pelo direito pátrio.

ERRR AD 71. E RA DAA. A questão descreve uma condição simplesmente potestativa.

Exemplos de condições simplesmente potestativas citados pela Profa. Maria

Helena Diniz:

a) doação a um cantor de ópera, condicionada ao fato de desempenhar bem

um determinado papel; e

b) comodato (empréstimo) de casa a alguém se for até Paris para inscrever-

se num concurso de artes plásticas.

- Condições mistas: são as que dependem, simultaneamente, da vontade de

uma das partes e da vontade de um terceiro.

Ex: Dar-te-ei dois mil reais se casares com Maria.

Exemplo de condição mista citado pela Profa. Maria Helena Diniz:

Dar-lhe-ei este apartamento se você casar com Paulo antes de sua formatura,

ou se constituir sociedade com João.

- Condições promíscuas: é a que se caracteriza no momento inicial como

potestativa, vindo a perder tal característica por fato superveniente alheio à

vontade do agente, que venha a dificultar sua realização.

Exemplo de condição promíscua citado pela Profa. Maria Helena Diniz: dar-lhe-

ei dois mil reais se você, campeão de futebol, jogar no próximo torneio.

A condição em questão passará a ser promíscua se o jogador vier a machucar

a perna.

III) Quanto à possibilidade as condições podem ser possíveis e impossíveis. Além

disso, subdividem-se em fisicamente ou juridicamente possíveis ou impossíveis.

- Condições fisicamente impossíveis: são as que contrariam as leis da

natureza.

Ex: colocar toda a água do oceano em um copo.

- Condições juridicamente impossíveis: são a que contrariam a ordem legal.

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Ex: negócio jurídico que tenha por objeto herança de pessoa viva (ver art. 426

do CC).

Art. 426 do CC - Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

- Condições fisicamente possíveis: são as que não contrariam as leis da

natureza.

- Condições juridicamente possíveis: são a que não contrariam a lei, a ordem

pública ou os bons costumes.

72. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) Tem-se por inexistentes as condições suspensivas que forem juridicamente impossíveis.

73. (CESPE - PC/AC - Delegado – 2008) Os negócios jurídicos podem ser firmados sob condição expressa em cláusula que, pactuada entre as partes, subordine o efeito do negócio a evento futuro e incerto; as condições impossíveis, quando resolutivas, são consideradas inexistentes, mas o negócio continua válido.

74. (CESPE - TCE/RN – Assessor Técnico Jurídico - 2009) Considere que o seguinte acordo foi firmado: João doará um automóvel a Pedro, se este atravessar a nado, em um único dia, o rio Amazonas. Nessa situação, o negócio jurídico subordinado à ocorrência da condição é válido, se aceito pelas partes envolvidas.

Para a resolução das questões, é interessante fazer uma observação sobre as

condições impossíveis com base nos art. 123, I e 124 do CC.

Art. 123 do CC - Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; Art. 124 do CC - Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.

Dependendo do tipo de condição impossível temos efeitos distintos para o

negócio jurídico:

- Condição impossível suspensiva: invalida o negócio jurídico (nulidade absoluta),

pois o evento futuro e incerto nunca vai ocorrer e o negócio nunca vai produzir efeitos;

Ex: Vou te dar uma “mesada” quando o Congresso Nacional (CN) suprimir da

Constituição Federal (CF) o direito à vida.

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- Condição impossível resolutiva: considera-se inexistente a condição, pois ela

nunca vai ocorrer e, consequentemente, o negócio continuará produzindo efeitos.

Ex: Vou te dar uma “mesada”, mas a cancelarei se o Congresso Nacional (CN)

suprimir da Constituição Federal (CF) o direito à vida.

Como o direito à vida é uma cláusula pétrea nunca haverá tal supressão.

ERRR AD 72. E RA DAA. A condição suspensiva, quando for juridicamente impossível, é causa de

nulidade absoluta do negócio jurídico.

CE73. C RT ER TAA. Conforme o art. 124 do CC e explicações anteriores.

74. E ERRRRAADDAA. O negócio em questão é inválido, pois representa uma condição

suspensiva impossível.

75. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) Caio prometeu doar a Vânia um sítio localizado na região de Petrópolis – RJ caso ela lhe cedesse os direitos hereditários de obra escrita por sua mãe ainda em vida. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta. (A) Por se tratar de condição juridicamente impossível, considera-se que é não-escrita. (B) A condição imposta não é defesa, pois não se sujeita ao arbítrio de uma das partes e não priva o negócio jurídico de todo o efeito. (C) Trata-se de condição que invalida o negócio jurídico, por ser juridicamente impossível. (D) O negócio entabulado tem sua validade condicionada à anuência dos demais herdeiros necessários da mãe de Vânia.

O enunciado da questão descreve uma condição suspensiva (cessão de

direitos) com objeto ilícito (juridicamente impossível). A herança de pessoa ainda viva,

nos termos do art. 426 do CC, não pode ser objeto de contrato.

O negócio jurídico que contém uma condição suspensiva juridicamente

impossível, segundo o art. 123, I, é inválido.

75. Gabarito: C

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Outro tipo de condição é a incompreensível (art. 123, III do CC) ou contraditória

ou perplexa que não pode passar despercebida no negócio jurídico, dessa forma, ela é

causa de invalidade (nulidade absoluta) do ato, não sendo considerada inexistente.

Art. 123 do CC - Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: [...]. III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

A condição perplexa é aquela que não se concilia com os efeitos pretendidos

para o negócio jurídico. Ou seja, trata-se de uma condição contraditória destituída de

sentido. Exemplo citado por Manuel A. Domingues de Andrade: “Instituo B meu único

e universal herdeiro, se instituir C meu único e universal herdeiro”.

A conseqüência prática é a nulidade do ato negocial.

IV) Quanto à licitude, as condições podem ser: lícitas e ilícitas.

- Condições lícitas: quando o evento que a constitui não for contrário à lei, à

ordem pública, à moral e aos bons costumes.

- Condições ilícitas: são aquelas condenadas pela norma jurídicas, pela moral

e pelos nos costumes.

Exemplos de condições ilícitas citados pela Profa. Maria Helena Diniz:

a) prometer uma recompensa sob a condição de alguém viver em concubinato

impuro;

b) entregar-se à prostituição;

c) furtar certo bem;

d) dispensar, se casado, os deveres de coabitação e fidelidade mútua; e

e) não se casar.

RESUMO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES

I) Quanto ao modo de atuação: suspensivas ou resolutivas. II) Quanto à participação da vontade dos sujeitos: causais, potestativas, mistas e promíscuas. III) Quanto à possibilidade: possíveis ou impossíveis (física ou juridicamente). IV) Quanto à licitude: lícitas e ilícitas.

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O termo representa o dia em começa ou se extingue a eficácia do negócio

jurídico. Quando convencionado no contrato, o termo subordina o efeito do negócio

jurídico a um evento futuro e certo. Ou seja, corresponde a uma data certa para

iniciar ou terminar a eficácia do ato negocial.

O termo pode ser:

a) Inicial (dies a quo) ou suspensivo: fixa o momento em que a eficácia do

negócio jurídico deve iniciar, retardando o exercício do direito.

Ex: um contrato de locação celebrado no dia 20 de um mês para ter vigência

no dia 1o do mês seguinte.

Art. 131 do CC - O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

b) Final (dies ad quem ou ad diem) ou resolutivo: determina a data da cessação

dos efeitos do ato negocial, extinguindo as obrigações dele oriundas.

Ex: o contrato de locação se encerra no dia 31 de dezembro do ano que vem.

c) Certo: se sefere a um evento futuro e certo de ocorrer em data certa do

calendário (dia, mês e ano), ou quando fixa certo lapso de tempo.

Ex: data certa – 15 de dezembro de 2009; lapso de tempo – daqui a 6 meses.

d) Incerto: quando se refere a um acontecimento futuro e certo de ocorrer, que

ocorrerá em data incerta.

Ex: um imóvel passa a ser de outrem a partir da morte de seu proprietário.

A morte é um evento certo (todos irão morrer um dia) que acontecerá em uma

data incerta.

76. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) No dia 2 de janeiro de 2009, Pedro celebrou com Ricardo contrato de locação de um imóvel residencial. Ficou estipulado que o contrato começaria a vigorar no dia 1.º de fevereiro seguinte. Nessa situação, a aquisição do direito de locação está suspensa.

IMPORTANTE !!! CONDIÇÃO: evento futuro e incerto;

TERMO: evento futuro e certo.

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76. E ERRR RAAD DAA. O dia 1º de fevereiro seguinte é um termo inicial para o contrato de

locação do imóvel residencial. Segundo o art. 131 do CC, o termo inicial não suspende

a aquisição do direito. Ou seja, o direito é adquirido com a celebração do contrato que

fica com a eficácia suspensa.

O art. 132 do CC estabelece a forma de contagem dos prazos:

Art. 132 do CC - Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. § 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. § 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. § 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. § 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

O encargo, também chamado de modo, é uma cláusula imposta nos negócios

gratuitos, que restringe a vantagem do beneficiado. Como exemplo, temos a doação

de um terreno a determinada pessoa para lá ser construído um asilo. Trata-se de uma

cláusula acessória aos atos que possuem caráter de liberalidade (doações e

testamentos) pelo qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário. È admitido

também em declarações unilaterais de vontade tal como uma promessa de

recompensa. O Código Civil trata do assunto em dois dispositivos:

Dispõe o art. 136 do CC que:

Art. 136 do CC - O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.

Dessa forma, a partir do momento em que for aberta a sucessão, o domínio e a

posse dos bens transmitem-se imediatamente aos herdeiros nomeados, com a

obrigação de cumprir o encargo a eles imposto. Se esse encargo não for cumprido, a

liberalidade poderá ser revogada. Ou seja, se uma pessoa recebe um terreno como

herança, com o encargo de construir um asilo em tal terreno, a propriedade do terreno

é adquirida antes da construção do asilo, pois o encargo (construção do asilo) não

suspende a aquisição do direito (propriedade do terreno).

77. (CESPE - TCE/AC – Analista de Controle Externo – Especialidade: Direito - 2009) O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, de forma que não poderá ser imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva, sob pena de haver descaracterização do instituto.

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77. E ERRR RAADDAA. O outro dispositivo interessante que trata do encargo é o art. 137 do CC.

Art. 137 do CC - Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

A regra é que o encargo ilícito ou impossível seja considerado não escrito,

sendo mantida a validade do negócio jurídico. Porém, se o encargo ilícito ou

impossível for a razão determinante da liberalidade (motivo principal do negócio), o ato

negocial será invalidado. Ou seja, deve-se analisar no caso concerto se o encargo é o

motivo principal ou secundário do negócio jurídico. Caso seja principal ocorre

invalidade, caso seja secundário, mantém-se a validade do ato negocial.

78. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) Carmen doou a Rejane um apartamento para que nele se mantenha uma casa de prostituição. Nessa situação, o encargo será considerado não-escrito.

ERRA78. E RR ADDAA. Manter uma casa de prostituição no apartamento é um encargo ilícito.

Dessa forma, nos termos do art. 137 do CC, devemos averiguar se o encargo ilícito é

ou não o motivo da liberalidade (doação). Se a casa de prostituição for a razão

principal da doação, então a doação é inválida.

79. (CESPE - DPE-SP - Estagiário de Direito - 2008) A expressão “dôo o meu terreno localizado na Av. Paulista, n.º 0000, bairro XXX, na cidade de São Paulo, ao município de São Paulo, a fim de que nele seja construída uma escola” encerra uma liberalidade gravada com condição suspensiva.

ERRA79. E RR ADDAA. A questão encerra uma liberalidade gravada com um encargo e não

uma condição suspensiva.

80. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) Carlos prometeu dar a Carolina um apartamento que possui em bairro nobre de Belo Horizonte – MG, caso ela passe no vestibular para o curso de medicina. Nessa situação, trata-se de encargo, haja vista existir uma determinação imposta por Carlos a que Carolina aderiu.

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80. E ERRR RAADDAA. O fato de Carolina ser aprovada no vestibular de medicina representa

um evento futuro e incerto. Ou seja, não se trata de um encargo, mas sim de uma

condição.

Nos vemos na próxima aula.

Bons estudos !!!

Dicler.

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (CESPE - TRE/MA – Analista Judiciário – 2009) O contrato de locação de bem imóvel constitui exemplo de ato jurídico em sentido estrito.

2. (CESPE - TRT 17.ª Região – Analista Judiciário - 2009) O ato ilícito poderá originar ou criar um direito para quem o comete.

3. (CESPE - TST – Analista Judiciário – 2008) O cientista francês Philippe Charlier trouxe à tona uma revelação inimaginável: os restos mortais da guerreira e mártir francesa Joana d’Arc são falsos — e, na realidade, podem ser de uma múmia egípcia.

Isto É, 11/4/2007, p. 75 (com adaptações).

Considerando a notícia acima e a legislação civil brasileira, julgue o item a seguir. A divulgação da referida descoberta, feita pelo cientista francês à imprensa, classifica-se como um fato jurídico stricto sensu.

4. (CESPE - INSS – Analista do Seguro Social - Direito – 2008) O vendaval que destrói uma casa é exemplo de negócio jurídico unilateral.

5. (CESPE - DFTRANS - Analista de Transportes Urbanos – Direito e Legislação – 2008) O contrato de compra e venda tipifica exemplo de ato jurídico em sentido estrito.

6. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) O pai, quando reconhece a paternidade do filho havido fora do casamento, pratica ato jurídico em sentido estrito.

7. (CESPE - SERPRO – Analista – Advocacia – 2008) A intimação e a notificação são atos jurídicos materiais ou reais em sentido estrito.

8. (CESPE - IBRAM/DF – Analista de Atividades do Meio Ambiente – Especialidade: Advogado - 2009) Ao dirigir na contramão de direção e sem

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carteira de habilitação, o motorista comete um ilícito civil, mesmo que não venha a atropelar nenhuma pessoa, nem colidir com outro veículo.

9. (CESPE - IEMA – ES - Advogado – 2007) Quanto a sua formação, os negócios jurídicos são sempre bilaterais, fazendo-se necessária a declaração de vontade de duas ou mais pessoas para que o negócio se complete validamente, o que caracteriza uma relação contratual.

10. (CESPE - Pref. Vila Velha/ES – Técnico Municipal de Nível Superior I – Auditoria - 2008) Quanto à manifestação da vontade dos agentes, o negócio jurídico classifica-se em principal e acessório.

11. (CESPE - FUNDAC/PB – Advogado - 2008) A interpretação do contrato situa-se no âmbito da declaração volitiva dos contraentes. Desse modo, o Código Civil brasileiro dispõe que os negócios jurídicos benéficos interpretam-se amplamente.

12. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) Considere que duas partes tenham ajustado entre si uma doação, e, após algum tempo, houve conflito ante a interpretação das cláusulas constantes do instrumento. Nesse caso, o juiz, ao decidir a eventual causa, deverá dar interpretação extensiva ao contrato.

13. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) A renúncia deve ser interpretada restritamente, assim como os negócios jurídicos benéficos.

14. (CESPE - BRB – Advogado – 2010) Suponha que Antônio tenha adquirido de Pedro a propriedade de uma chácara e formalizado o negócio por meio de um recibo assinado pelas partes e por duas testemunhas. Nesse caso, embora ocorra invalidade do negócio, esse fato não afeta a sua existência.

15. (CESPE - MPE-RR - Oficial de Promotoria - 2008) A validade do ato jurídico exige a presença simultânea, no momento de sua prática, da capacidade do agente, da licitude do objeto e, quando necessário, da obediência da forma estabelecida em lei.

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16. (CESPE - TJ-BA – Juiz – 2004) Os negócios jurídicos movimentam a economia mundial e têm recebido especial tratamento legislativo. Para que seja, válidos, o agente tem de ser capaz, o objeto deve ser lícito e a forma há de ser sempre especialmente prevista.

17. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) A impossibilidade inicial do objeto, mesmo que seja relativa, invalida o negócio jurídico.

18. (CESPE - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Os pais de Hoterlino, jovem de 19 anos de idade, faleceram em grave acidente automobilístico, herdando ele todos os bens e passando a residir com seus avós maternos. Tempos depois, necessitando saldar dívidas contraídas com cartão de crédito, fez, sozinho e de boa-fé, a venda de uma casa de praia a um casal de argentinos residentes na França. Nessa situação, essa venda é anulável, pois trata-se de negócio jurídico efetuado por indivíduo relativamente incapaz não assistido por seus representantes legais.

19. (CESPE - FINEP – Analista Jurídico – 2009) O negócio jurídico praticado pessoalmente por pessoa absolutamente incapaz é anulável, seus efeitos são ex

nunc e o juiz poderá conhecer da nulidade a requerimento dos interessados, do Ministério Público ou mesmo de ofício.

20. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) Considere-se que um menor de 15 anos de idade oculte dolosamente sua idade e firme contrato de prestação de serviços, tendo como objeto um curso de inglês. Nessa situação, o negócio jurídico é anulável, visto que o menor não estava regularmente assistido por seus representantes legais.

21. (CESPE - FUNDAC/PB – Advogado - 2008) O ato negocial apenas produzirá efeitos jurídicos se houver correspondência entre a vontade declarada e a que o agente quer exteriorizar. A esse respeito, é correto afirmar que a anulabilidade do negócio jurídico produz seus efeitos antes de essa declaração de vontade ser julgada por sentença ou ser pronunciada de ofício pelo juiz.

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(CESPE - EMBASA – DIREITO – 2009) Um menor com 15 anos de idade, não emancipado, realizou um negócio jurídico sem a intervenção de seu representante legal. O referido negócio jurídico, em princípio, não causa prejuízo ao incapaz, porém, se não for gerido de forma correta, poderá comprometer seu patrimônio. Com base nessa situação, julgue os itens seguintes.

22. Por ter sido celebrado por pessoa absolutamente incapaz, esse negócio jurídico é anulável.

23. O negócio jurídico, nos termos apresentados, não pode ser confirmado pelos interessados e a ação declaratória de nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional ou decadencial, e os efeitos da sentença que reconhecer a invalidade do negócio jurídico terão efeito ex tunc.

24. (CESPE - PGE/CE – Procurador – 2008) O negócio jurídico realizado com infração a norma de ordem pública, mesmo depois de declarado nulo por sentença judicial, por se tratar de direito patrimonial e, portanto, disponível, pode ser ratificado pelas partes, convalidando-se, assim, o ato negocial.

25. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) Para o fim de provar o consentimento de uma das partes, o silêncio de quem deveria emitir declaração de vontade sempre importa anuência.

26. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) O provérbio “quem cala consente” é plenamente aplicável ao direito, pois, em regra, o silêncio importa anuência.

27. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) Ocorre a reserva mental quando um dos contratantes oculta a sua verdadeira intenção, hipótese em que subsistirá a manifestação de vontade, sendo irrelevante para o direito o conhecimento ou o desconhecimento da reserva pela outra parte.

28. (CESPE - FPH/SE - Procurador - 2008) A manifestação de vontade subsiste ainda que seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

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29. (CESPE - FUNDAC-PB – Advogado - 2008) A forma é o meio pelo qual se externa a manifestação da vontade na consumação dos negócios jurídicos. Assim, a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, salvo se a lei expressamente a exigir.

30. (CESPE - PGE-RR – Procurador – 2004) Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, à transferência, à modificação ou à renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário vigente no país.

31. (CESPE - Defensor Público - DPE/ES – 2009) Com relação à validade do negócio jurídico, considera-se que, não dispondo a lei em contrário, a escritura pública apenas é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a sessenta vezes o maior salário mínimo vigente no país.

32. (CESPE - TCE/TO – Analista de Controle Externo – Direito - 2008) A vontade é pressuposto básico do negócio jurídico, sendo imprescindível a sua manifestação expressa.

33. (CESPE - TCE/AC – Analista de Controle Externo – Especialidade: Direito - 2009) Os negócios solenes não são a regra no direito brasileiro. No entanto, se a norma legal impõe forma especial para a realização do ato, diz-se que o negócio é ad solemnitatem. Exemplo disso é o testamento.

34. (ESAF - TCE/GO – Procurador – 2007) A confissão, quando considerada meio de prova de um fato jurídico, é revogável, podendo ainda ser anulada, se decorreu de erro de fato ou de coação.

35. (CESPE - Ministério das Comunicações - Direito – 2008) A confissão é irrevogável, mas se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados, é anulável.

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36. (CESGRANRIO – ANP – Direito – 2008) Quanto à prova testemunhal, são feitas as afirmações a seguir. I - Os menores de dezoito anos não podem ser admitidos como testemunhas. II - A oitiva de cegos e surdos na qualidade de testemunhas não sofre qualquer restrição. III - Os colaterais, até o sexto grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, não podem ser admitidos como testemunhas. IV - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. É(São) correta(s) APENAS a(s) afirmativa(s) (A) I (B) IV (C) II e III (D) I, II e III (E) II, III e IV

37. (ESAF – SEFAZ/PI – Auditor – 2001) Quando a norma estabelecer verdade legal, não admitindo prova contrária ao fato presumido, ter-se-á: a) presunção simples b) presunção hominis

c) presunção juris et de jure

d) arbitramento e) presunção juris tantum

38. (ESAF – BACEN – Procurador – 2002) A verificação feita pessoalmente pelo magistrado, quer examinando uma pessoa, quer verificando o objeto, com o escopo de colher dados para a prova, é a (o): a) vistoria b) presunção simples c) exame d) arbitramento e) inspeção judicial

39. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) Constitui causa de nulidade do negócio jurídico o erro substancial quanto à natureza do negócio.

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40. (CESPE - Prefeitura de Aracajú-SE - Procurador - 2008) O erro quanto aos motivos que levaram uma das partes a celebrar o ato negocial, desde que seja a razão determinante da realização do negócio, não acarretará a anulação do ato negocial, por vício na manifestação da vontade.

41. (CESPE - SENADO FEDERAL - Consultor Legislativo - 2002) Carlos vendeu a João um relógio dourado como se fosse de ouro, induzindo-o ao erro. Trata-se de situação de dolo direto.

42. (CESPE - TRT 17.ª Região/ES – Execução de Mandados - 2009) O dolo principal não acarretará a anulação do negócio jurídico, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação convencionada.

43. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) O negócio jurídico eivado de dolo de terceiro poderá ser anulado ainda que não se prove que a parte a quem ele aproveita sabia da ocorrência do dolo.

44. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) Mesmo que seja de natureza acidental, o dolo acarretará irremediavelmente a nulidade do ato.

45. (CESPE - MPE-AM Promotor de Justiça 2007) O dolo acidental de terceiro provoca a anulação do negócio jurídico, ainda que a parte a quem aproveite dele não tivesse nem devesse ter conhecimento, por afetar a declaração da vontade, desviando-a de sua real intenção e causando-lhe danos.

46. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) Não é válido o ato negocial em que ambas as partes tenham agido reciprocamente com dolo. A nenhuma delas é permitido reclamar indenização, devendo cada uma suportar o prejuízo experimentado.

47. (CESPE - PC/AC - Delegado – 2008) É nulo, entre outras hipóteses, o negócio jurídico no qual ambas as partes reciprocamente ajam com dolo, ainda que acidental. Nesse caso, a nenhum dos contratantes é permitido reclamar

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indenização, devendo cada um suportar o prejuízo experimentado pela prática do ato doloso.

48. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) Se, no ato negocial, ambos os contratantes procederem dolosamente, haverá compensação de dolos e o negócio será considerado nulo em virtude de ambos os partícipes terem agido de má-fé.

49. (CESPE - DPE-SP - Estagiário de Direito - 2008) A exigência de cheque caução feita por hospital como condição sine qua non para a realização de uma cirurgia em familiar de quem o emite, configura o defeito do negócio jurídico denominado estado de perigo.

50. (CESPE - FPH/SE – Procurador - 2008) Quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, resta configurado o estado de perigo.

51. (CESPE - TRE/MT – Analista Judiciário – 2010) O contrato de compra e venda de bem móvel com sob premente necessidade, por preço manifestamente superior ao seu real valor de mercado pode ser anulado por conter vício do consentimento denominado estado de perigo.

52. (CESPE - MPE/SE – Promotor de Justiça – 2010) Todo e qualquer negócio jurídico está sujeito a anulação sob o fundamento de lesão.

53. (CESPE - TCE/AC – Analista de Controle Externo – Especialidade: Direito - 2009) Para que se configure a lesão e possa, em virtude disso, ser anulado o negócio jurídico entabulado, é necessário que a contraparte saiba da premente necessidade ou da inexperiência do outro.

54. (CESPE - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Ameaçada de morte por um primo, homem de notória violência, Abgail assinou contrato de compra e venda, transferindo-lhe a propriedade de uma fazenda de cacau na Bahia. Transcorridos seis anos, sem que cessasse a coação, esse primo faleceu, e ela

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decidiu imediatamente constituir advogado para buscar a anulação judicial do negócio. Nessa situação, caso logre êxito em provar a coação sofrida, é possível que Abgail obtenha decisão favorável ao seu pleito, pois o prazo decadencial de quatro anos para requerer a anulação é contado da data em que cessou a coação e não da data da realização do negócio.

55. (CESPE - PGM/Aracajú – SE - Procurador – 2008) A coação, para servir de fundamento para a anulação do negócio jurídico celebrado, há de ser exercida necessariamente contra a pessoa do contratante.

56. (CESPE - PC/AC – Delegado de Polícia - 2008) É nulo o negócio jurídico celebrado mediante coação, no qual um dos contratantes assume uma obrigação excessivamente onerosa e desproporcional à vantagem obtida pelo coator, em virtude do dolo de aproveitamento na conduta do coator. Assim, para que seja reconhecido o vício desse negócio, exige-se, além do prejuízo de uma das partes e do lucro exagerado da outra, o dolo de aproveitamento.

57. (CESPE - MPE/SE – Promotor de Justiça – 2010) O consilium fraudis ou scientia fraudis não é requisito essencial para a anulação de negócio jurídico gratuito sob o fundamento de fraude contra credores.

58. (CESPE - Técnico Judiciário – Área: Administrativa – 2009) Poderá haver anulação do negócio jurídico se o devedor insolvente doar imóvel do seu patrimônio a um irmão seu.

59. (CESPE - PGE/CE – Procurador – 2008) A fraude contra a execução é um defeito do negócio jurídico, caracterizando-se como vício de consentimento e viciando, como conseqüência, a declaração de vontade dos partícipes do negócio jurídico.

60. (CESPE - Pref. Vitória/ES - Auditor Fiscal do Tesouro Municipal - 2007) A simulação é um acordo das partes contratantes para criar um negócio jurídico aparente, cujos efeitos não são desejados pelas partes, ou para ocultar, sob determinada aparência, o negócio desejado, o que acarreta a nulidade do

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negócio. O propósito do negócio aparente é o de enganar terceiros ou fugir ao imperativo da lei.

61. (CESPE - Técnico Judiciário – Área: Administrativa – 2009) A simulação, considerada pela doutrina um vício social, é causa de nulidade do negócio jurídico; no entanto, é possível que subsista o negócio que se dissimulou.

62. (CESPE - PGE/CE – Procurador – 2008) A simulação relativa é um vício social que acarreta a nulidade do negócio jurídico, que não pode subsistir, mesmo que seja válido na substância e na forma.

63. (CESPE - CODEBA – Advogado - 2006) O negócio jurídico anulável é aquele em que foram realizados todos os requisito necessários a sua validade, mas as condições em que foi realizado justificam a anulação, quer por incapacidade relativa do agente, quer pela existência de vícios do consentimento ou vícios sociais.

64. (CESPE - Pref. Vila Velha/ES – Técnico Municipal de Nível Superior I – Auditoria - 2008) O erro, o dolo e a coação são vícios sociais e invalidam o negócio jurídico.

65. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) No ato negocial, o fato de um dos contratantes agir dolosamente, silenciando alguma informação que devesse revelar ao outro contratante, constitui vício de consentimento, que acarreta a nulidade do negócio jurídico.

66. (CESPE - PGE/PB – Procurador de Estado - 2008) Caso um imóvel valioso seja vendido por meio de contrato celebrado entre pessoas maiores e capazes, por instrumento particular, o negócio é considerado nulo; contudo, se as partes quiserem, é possível converter esse negócio nulo em contrato preliminar ou compromisso bilateral de contrato.

67. (CESPE - SEGER – ES - Analista Administrativo e Financeiro – 2007) Para operar-se a conversão do ato negocial nulo, faz-se necessário que o negócio

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nulo contenha os requisitos do negócio a ser convertido, bem como que as partes queiram essa conversão, e ainda a verificação de que os contratantes pretendiam a celebração de outro contrato e ignoravam a nulidade do negócio que realizaram.

68. (CESPE - FUNDAC/PB – Advogado - 2008) Condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto. Assim, ao titular do direito eventual, no caso de condição suspensiva, é permitido praticar atos destinados à transmissão da propriedade ou do domínio.

69. (CESPE - PGE-PI – Procurador – 2008) Condição é o elemento acidental do ato ou negócio jurídico que faz o mesmo depender de evento futuro e incerto. A condição resolutiva é requisito e pressuposto de validade de negócio, suspendendo-o, no plano da sua eficácia, até a ocorrência da condição estabelecida.

70. (CESPE - PGE/ES – Procurador do Estado - 2008) Condição é a cláusula, voluntariamente aposta a um negócio jurídico, que subordina o nascimento ou a extinção de um direito à ocorrência de evento futuro e certo. Quando se tratar de condição resolutiva, enquanto não se verificar essa condição, o negócio não produzirá qualquer efeito.

71. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) Lia prometeu dar a Sílvia U$ 2 mil se esta for para Nova Iorque até janeiro de 2010. Nessa situação, trata-se de condição puramente potestativa, que é proibida pelo direito pátrio.

72. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) Tem-se por inexistentes as condições suspensivas que forem juridicamente impossíveis.

73. (CESPE - PC/AC - Delegado – 2008) Os negócios jurídicos podem ser firmados sob condição expressa em cláusula que, pactuada entre as partes, subordine o efeito do negócio a evento futuro e incerto; as condições impossíveis, quando resolutivas, são consideradas inexistentes, mas o negócio continua válido.

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74. (CESPE - TCE/RN – Assessor Técnico Jurídico - 2009) Considere que o seguinte acordo foi firmado: João doará um automóvel a Pedro, se este atravessar a nado, em um único dia, o rio Amazonas. Nessa situação, o negócio jurídico subordinado à ocorrência da condição é válido, se aceito pelas partes envolvidas.

75. (CESPE - Pref. Natal/RN – Assessor Jurídico - 2008) Caio prometeu doar a Vânia um sítio localizado na região de Petrópolis – RJ caso ela lhe cedesse os direitos hereditários de obra escrita por sua mãe ainda em vida. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta. (A) Por se tratar de condição juridicamente impossível, considera-se que é não-escrita. (B) A condição imposta não é defesa, pois não se sujeita ao arbítrio de uma das partes e não priva o negócio jurídico de todo o efeito. (C) Trata-se de condição que invalida o negócio jurídico, por ser juridicamente impossível. (D) O negócio entabulado tem sua validade condicionada à anuência dos demais herdeiros necessários da mãe de Vânia.

76. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) No dia 2 de janeiro de 2009, Pedro celebrou com Ricardo contrato de locação de um imóvel residencial. Ficou estipulado que o contrato começaria a vigorar no dia 1.º de fevereiro seguinte. Nessa situação, a aquisição do direito de locação está suspensa.

77. (CESPE - TCE/AC – Analista de Controle Externo – Especialidade: Direito - 2009) O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, de forma que não poderá ser imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva, sob pena de haver descaracterização do instituto.

78. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) Carmen doou a Rejane um apartamento para que nele se mantenha uma casa de prostituição. Nessa situação, o encargo será considerado não-escrito.

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79. (CESPE - DPE-SP - Estagiário de Direito - 2008) A expressão “dôo o meu terreno localizado na Av. Paulista, n.º 0000, bairro XXX, na cidade de São Paulo, ao município de São Paulo, a fim de que nele seja construída uma escola” encerra uma liberalidade gravada com condição suspensiva.

80. (CESPE - PGE/AL - Procurador – 2009) Carlos prometeu dar a Carolina um apartamento que possui em bairro nobre de Belo Horizonte – MG, caso ela passe no vestibular para o curso de medicina. Nessa situação, trata-se de encargo, haja vista existir uma determinação imposta por Carlos a que Carolina aderiu.

GABARITO:

01-E 02-E 03-E 04-E 05-E 06-C 07-E 08-E 09-E 10-E

11-E 12-E 13-C 14-C 15-C 16-E 17-E 18-E 19-E 20-E

21-E 22-E 23-C 24-E 25-E 26-E 27-E 28-C 29-C 30-C

31-E 32-E 33-C 34-E 35-E 36-B 37-C 38-E 39-E 40-C

41-C 42-E 43-E 44-E 45-E 46-E 47-E 48-E 49-C 50-E

51-E 52-E 53-E 54-C 55-E 56-E 57-C 58-E 59-C 60-C

61-C 62-E 63-C 64-E 65-E 66-C 67-C 68-E 69-E 70-E

71-E 72-E 73-C 74-E 75-C 76-E 77-E 78-E 79-E 80-E

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LISTA DE QUESTÕES DA FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS

1. (TJ/PA – Analista Judiciário – Direito – 2009) O fato jurídico é todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que ilícito, podendo-se afirmar que: (A) os fatos humanos por si só, ou atos jurídicos em sentido amplo, não criam nem modificam direitos. (B) fatos humanos e fatos naturais significam a mesma coisa, ainda que decorram uns da atividade humana e outros da natureza. (C) os fatos naturais não se confundem, por exemplo, com o nascimento, a morte e a maioridade. (D) os fatos extraordinários não guardam relação com tempestades, terremotos e raios, por exemplo. (E) os fatos extraordinários não se enquadram na categoria dos fortuitos ou de força maior.

2. (TRT 11ª – Juiz Substituto – 2007) José, servidor público federal, sendo proprietário de um imóvel na cidade de São Paulo, alugou-o para Antonio. Findo o prazo contratual e tendo de mudar-se para aquela cidade em razão de transferência, onde proverá cargo efetivo, que deseja exercer durante dois anos, tempo suficiente para obter sua aposentadoria, o locador notificou o locatário, para desocupar a casa. Neste caso, a notificação do locador (A) constitui ato jurídico e José terá apenas residência em São Paulo, mas não terá domicílio. (B) e a fixação do domicílio constituem ato jurídico e o domicílio de José será voluntário. (C) constitui ato jurídico, mas não é negócio jurídico e José terá domicílio necessário em São Paulo. (D) e a fixação do domicílio constituem, respectivamente, negócio jurídico e ato jurídico, e José terá domicílio voluntário. (E) e a fixação do domicílio constituem, respectivamente, ato jurídico e negócio jurídico e José terá domicílio voluntário em São Paulo.

3. (TJ/PA – Analista Judiciário – Direito – 2009) No que tange aos negócios jurídicos pode-se afirmar que (A) os negócios neutros podem ser enquadrados entre os onerosos ou os gratuitos. (B) nos negócios jurídicos onerosos nem sempre ambos os contratantes auferem vantagens. (C) não há nenhum negócio que não possa ser incluído na categoria dos onerosos ou dos gratuitos. (D) nos negócios jurídicos gratuitos só uma das partes aufere vantagens ou benefícios. (E) os negócios celebrados inter vivos não se destinam obrigatoriamente a produzir efeitos desde logo, ainda que estando vivas as partes.

4. (TRT 16ª – Analista Judiciário - Área Judiciária – 2009) Negócio jurídico efetuado por pessoa absolutamente incapaz, e sem a devida representação, espelhará ato (A) anulável por sua própria natureza. (B) absolutamente nulo. (C) nulo, caso haja suspeita de prejuízo para o interessado. (D) anulável, caso envolva quantia relativamente elevada.

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(E) nulo, caso não haja autorização judicial, com a expressa concordância do Ministério Público.

5. (TJ/PI - Analista Judiciário – Oficial de Justiça e Avaliador – 2009) A validade do negócio jurídico pressupõe capacidade do agente. Se o ato for praticado por pessoa relativamente incapaz, o vício é de (A) nulidade, mas só pode ser reconhecido mediante a propositura de ação pelo Ministério Público. (B) nulidade e deve ser reconhecido de ofício pelo juiz. (C) anulabilidade e não poderá ser invocado pela outra parte em benefício próprio. (D) anulabilidade e pode ser reconhecido de ofício pelo juiz. (E) anulabilidade ou de nulidade, de acordo com tipificação legal.

6. (TJ/PA – Auxiliar Judiciário – 2009) Quando o objeto do ato jurídico for impossível, será (A) por inteiro discricionário. (B) retificável em parte. (C) totalmente nulo em qualquer circunstância. (D) sempre anulável. (E) aceitável se as partes assim o quiserem.

7. (TRE/MS – Analista Judiciário – Judiciária – 2007) De conformidade com o Código Civil é nulo o negócio jurídico (A) por vício resultante de lesão. (B) praticado por agente relativamente incapaz. (C) por vício resultante de fraude contra credores. (D) quando for indeterminável o seu objeto. (E) se praticado mediante coação.

8. (TCE/GO – Analista de Controle Externo – Jurídica – 2009) É nulo o negócio jurídico por vício resultante de (A) fraude contra credores. (B) lesão. (C) simulação. (D) estado de perigo. (E) erro.

9. (CGJ/ES – Atividade Notarial e de Registro – 2007) A respeito do negócio jurídico, considere: I. Objeto indeterminável. II. Coação. III. Lesão. IV. Objeto ilícito. V. Dolo. VI. Incapacidade relativa do agente. Implicam em nulidade do negócio jurídico as causas indicadas SOMENTE em (A) I, III e V. (B) I e IV. (C) II, III e VI. (D) II, IV e V. (E) IV, V e VI.

10. (TCE/AL – Procurador – 2008) Quando a lei proíbe a prática de um negócio jurídico, sem lhe cominar sanção, ele será

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(A) inexistente. (B) ineficaz. (C) nulo. (D) anulável. (E) válido.

11. (TJ/PE – Analista Judiciário – 2007) O negócio jurídico NÃO é nulo quando (A) for preterida alguma solenidade que a lei considera essencial para sua validade. (B) for indeterminável o seu objeto. (C) celebrado por pródigos. (D) o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito. (E) não revestir da forma prescrita em lei.

12. (MPE/SE – Analista do Ministério Público – Direito – 2009) São anuláveis os negócios jurídicos praticados pelos (A) excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. (B) menores de dezoito anos emancipados. (C) que, por causa transitória, não puderam exprimir sua vontade. (D) menores de dezesseis anos. (E) que, por deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil.

13. (TRE/PI - Analista Judiciário - Área Judiciária – 2009) Além dos casos expressamente declarados em lei, é anulável o negócio jurídico (A) se for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade. (B) quando for ilícito o seu objeto. (C) que não revestir a forma prescrita em lei. (D) que tiver por objetivo fraudar lei imperativa. (E) por vício resultante de lesão.

14. (DPE/PA – Defensor Público – 2009) São anuláveis os negócios jurídicos (A) simulados, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. (B) celebrados por pessoa absolutamente incapaz. (C) se não revestirem a forma prescrita em lei. (D) quando praticados em estado de perigo ou em fraude contra credores. (E) celebrados com dolo de uma das partes e nulos aqueles realizados sob coação que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

15. (DPE/MT – Defensor Público Substituto – 2009) São causas de anulabilidade do negócio jurídico: (A) a simulação e a lesão. (B) a fraude à execução e o estado de perigo. (C) afraude àexecuçãoeo dolo, quando este for a sua causa. (D) o não revestimento de forma prescrita em lei. (E) a coação e fraude contra credores.

16. (TRT 16ª - Analista Judiciário – Administrativa – 2008) Quanto ao prazo para a anulação de negócio jurídico, o lapso temporal para a parte acionar a máquina judiciária é

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(A) o que determinar o juiz. (B) preclusivo dependendo das circunstâncias. (C) decadencial. (D) prescricional. (E) sempre peremptório.

17. (CGJ/ES – Atividade Notarial e de Registro – 2007) A cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto denomina-se (A) encargo resolutivo. (B) termo inicial. (C) encargo. (D) termo final. (E) condição.

18. (TJ/AP – Juiz de Direito Substitututo – 2009) Distinguem -se a condição suspensiva, o termo inicial e o encargo porque a condição (A) se refere sempre a evento futuro e certo, enquanto o termo se refere a evento futuro e incerto, sendo que o encargo não se vincula, na sua definição, à circunstância de ser o seu cumprimento certo ou incerto. (B) suspensiva, enquanto não verificada, impede o exercício, mas não a aquisição do direito o termo inicial suspende a aquisição e o exercício do direito e o encargo nunca suspende a aquisição, nem o exercício do direito. (C) suspensiva, enquanto não verificada, impede a aquisição e o exercício do direito o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e o encargo tal qual a condição suspensiva, sem pré impede, enquanto não cumprido, a aquisição e o exercício do direito. (D) suspensiva, enquanto não verificada impede a aquisição do direito, mas não o seu exercício ou os atos de sua conservação; o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito ou os atos de sua conservação e o encargo sempre suspende o exercício, mas não a aquisição do direito, tal qual ocorre com o termo inicial. (E) suspensiva, enquanto não verificada, impede a aquisição e o exercício do direito; o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e o encargo não suspende a aquisição, nem o ex ercício do direito, salvo se imposto no negócio jurídico pelo disponente, como condição suspensiva.

19. (TRT 3ª – Analista Judiciário - Área Judiciária – 2009) Quanto ao termo do negócio jurídico, é INCORRETO afirmar que (A) os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. (B) considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil, se o dia do vencimento cair em feriado. (C) considera-se meado, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. (D) os prazos de meses e anos expiram-se no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. (E) o termo inicial suspende o exercício e a aquisição do direito.

20. (TRF 3ª – Analista Judiciário – Judiciária – 2007) Quando a imposição de encargo ilícito constitui o motivo determinante da liberalidade, (A) invalida-se o negócio jurídico. (B) substitui-se o encargo ilícito por outro lícito, a critério do juiz. (C) considera-se não escrito o encargo ilícito. (D) substitui-se o encargo ilícito por outro lícito, a critério do beneficiário. (E) reduz-se a liberalidade à metade do valor estipulado pelo disponente.

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21. (TRF 1ª - Técnico Judiciário - Administrativa – 2007) Considere as seguintes assertivas a respeito da condição, do termo e do encargo dos negócios jurídicos: I. Em regra, o termo inicial suspende o exercício, bem como a aquisição do direito, havendo disposição legal neste sentido. II. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta não se verificar, não se terá adquirido o direito a que ele visa. III. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. IV. O encargo suspende a aquisição e o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Estão corretas SOMENTE (A) I e II. (B) II e III. (C) I e III. (D) I, II e IV. (E) II, III e IV.

22. (Pref. São Paulo/SP – Auditor Fiscal Tributário Municipal – 2007) NÃO é nulo o ato jurídico (A) simulado. (B) praticado sem observância da forma legal. (C) praticado por absolutamente incapaz. (D) praticado com reserva mental, desconhecida da outra parte. (E) sujeito à condição suspensiva impossível.

23. (TJ/PE – Oficial de Justiça – 2007) No que concerne ao negócio jurídico é correto afirmar: (A) a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. (B) basta a existência de agente capaz e objeto lícito, determinado ou determinável, para a validade do negócio jurídico. (C) a incapacidade relativa de uma das partes, em regra, pode ser invocada pela outra em benefício próprio. (D) a validade da declaração de vontade dependerá, em regra, de forma especial, em razão da subjetividade existente. (E) em regra, a manifestação de vontade não subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou.

24. (TCE/GO – Analista de Controle Externo – Jurídica – 2009) A respeito do negócio jurídico é INCORRETO afirmar que (A) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam- se estritamente. (B) a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. (C) o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, ainda que seja necessária a declaração de vontade expressa. (D) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração. (E) nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que no sentido literal da linguagem.

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25. (TRE/MG - Técnico de Controle Externo I - Direito – 2007) Considere as seguintes afirmações: I. A manifestação da vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. II. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. (A) Somente a afirmação II é correta. (B) Somente a afirmação I é correta. (C) As afirmações I e II são corretas. (D) As afirmações I e II são incorretas. (E) As afirmações I e II são colidentes entre si e nenhuma delas corresponde a regra jurídica em vigor.

26. (TJ/PE - Técnico Judiciário – 2007) No que concerne ao negócio jurídico, é correto afirmar: (A) a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. (B) a validade da declaração de vontade, em regra, depende de forma especial para produzir efeitos. (C) a manifestação de vontade, em regra, não subsiste se o seu autor fez reserva mental de não querer o que manifestou. (D) o silêncio importa anuência, inclusive quando o negócio jurídico exigir declaração de vontade expressa. (E) os negócios jurídicos, que trazem algum benefício, devem ser interpretados de forma extensiva.

27. (TRE/PB - Técnico Judiciário - Taquigrafia – 2007) No que concerne aos fatos jurídicos é correto afirmar: (A) Os negócios benéficos e a renúncia não podem ser interpretados estritamente. (B) Nas declarações de vontade se atenderá mais ao sentido literal da linguagem do que à intenção nelas consubstanciadas. (C) A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio. (D) A validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado, determinável ou indeterminado e forma prescrita ou não defesa em lei. (E) A manifestação de vontade não subsiste se o seu autor fizer a reserva mental de não querer o que manifestou, mesmo se dela o destinatário tinha conhecimento.

28. (TCE/GO – Analista de Controle Externo – Jurídica – 2009) Num negócio jurídico, houve erro de cálculo do valor das prestações mensais do preço estabelecido para a transação. Nesse caso, o erro de cálculo (A) implica a inexistência do negócio jurídico. (B) apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. (C) acarreta a nulidade do negócio jurídico. (D) possibilita a anulação do negócio jurídico. (E) só possibilita a anulação do negócio jurídico se o seu objeto for bem imóvel.

29. (TRE/PB – Analista Judiciário – Direito – 2007) No que concerne ao erro, um dos defeitos do negócio jurídico, é correto afirmar:

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(A) O erro será substancial quando sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. (B) O falso motivo sempre viciará a declaração de vontade e gerará a anulação do negócio jurídico. (C) A transmissão errônea de vontade por meios interpostos não é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. (D) O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, viciará o negócio jurídico em qualquer hipótese. (E) O erro de cálculo poderá gerar a anulação do negócio jurídico, uma vez que restou viciada a declaração de vontade.

30. (TRF 3ª – Analista Judiciário – Execução de Mandados – 2007) A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, é correto afirmar que (A) o dolo acidental, a despeito do qual o negócio seria realizado, embora por outro modo, só obriga à satisfação de perdas e danos. (B) o erro de cálculo afeta a declaração de vontade e prejudica a validade do negócio jurídico. (C) se ambas as partes procederam com dolo, ambas podem alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. (D) o negócio jurídico nulo é suscetível de confirmação e convalesce pelo decurso do tempo. (E) o falso motivo, expresso como razão determinante, não vicia a declaração de vontade.

31. (METRÔ/SP – Advogado Trainee – 2008) Pérsio, por inexperiência, se obrigou a prestação manifestamente desproporcional, uma vez que contratou o mecânico Otávio para a realização de serviço de substituição de uma simples peça de motor pelo pagamento da quantia de R$ 4.300,00 (quatro mil e trezentos reais), enquanto que a praxe comercial vigente ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico entre as partes era de no máximo R$ 300,00 (trezentos reais). Neste caso, de acordo com o Código Civil brasileiro, o negócio jurídico poderá ser anulado em razão da ocorrência de (A) coação. (B) lesão. (C) erro. (D) dolo. (E) fraude contra credores.

32. (TRT 3ªAnalista Judiciário – Execução de Mandados – 2009) A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, considere: I. Alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. II. Alguém, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Estas situações caracterizam as hipóteses de anulabilidade dos negócios jurídicos denominadas, respectivamente, de (A) lesão e erro. (B) estado de perigo e lesão. (C) erro e lesão. (D) lesão e estado de perigo. (E) estado de perigo e erro.

33. (TRF 1ª - Técnico Judiciário - Administrativa – 2007) De acordo com o Código Civil Brasileiro, quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa, configurar-se-á (A) dolo específico e irreversível. (B) negócio jurídico impossível.

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(C) fraude contra credores. (D) o estado de perigo. (E) a lesão.

34. (TCE/GO – Analista de Controle Externo – Jurídica – 2009) José recebeu quantias em dinheiro de Paulo, Pedro e Antonio, que assinaram escrituras de doação em seu favor, com fundado temor de dano imediato decorrente de ameaças por este formuladas. José ameaçou Paulo de agressão física; intimidou Pedro, ameaçando agredir seu neto; e disse a Antonio que, se não o fizesse, atearia fogo em sua fazenda. Nesse caso, pode(m) ser anulada(s) por coação a(s) doação(ões) feita(s) por (A) Pedro e Antonio, apenas. (B) Paulo, apenas. (C) Paulo e Pedro, apenas. (D) Paulo e Antonio, apenas. (E) Paulo, Pedro e Antonio.

35. (TRE/AM – Analista Judiciário - Área Judiciária – 2009) Com relação aos defeitos do negócio jurídico é correto afirmar: (A) Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, mas ambas poderão reclamar indenização. (B) É nulo o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse conhecimento. (C) O dolo acidental anula o negócio jurídico e obriga à satisfação das perdas e danos. (D) Ao apreciar a coação ter-se-ão em conta, dentre outras circunstâncias, o sexo, a idade e o temperamento do paciente. (E) Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, mas o simples temor reverencial caracteriza a coação direta.

36. (TRE – AL – Analista Administrativo – 2010) Considere as seguintes assertivas: I. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. II. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. III. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. IV. Configura-se o estado de perigo quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. A respeito dos defeitos do negócio jurídico, de acordo com o Código Civil Brasileiro, está correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I, II e III. (C) I e IV. (D) II, III e IV. (E) III e IV.

37. (TRF 1ª - Técnico Judiciário - Administrativa – 2007) Com relação à invalidade do negócio jurídico é correto afirmar: (A) Em regra, o negócio jurídico nulo é suscetível de confirmação, e convalesce pelo decurso do tempo. (B) Não haverá simulação nos negócios jurídicos quando aparentarem transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se transmitem. (C) As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz quando conhecer do negócio jurídico e as encontrar provadas, lhe sendo permitido supri-las a requerimento das partes.

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(D) É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. (E) É de seis anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado, no caso de coação, do dia em que ela cessar.

38. (DPE/PA – Defensor Público – 2009) Sobre o negócio jurídico, é licito preconizar que (A) são nulos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. (B) pode também ser anulado por dolo de terceiro, ainda que a parte a quem aproveite dele não tivesse ou devesse ter conhecimento; de todo modo, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. (C) o negócio anulável pode ser confirmado expressa ou tacitamente pelas partes, salvo direito de terceiro. (D) o negócio jurídico será nulo de pleno direito se ambas as partes procederem com dolo. (E) é anulável o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

39. (TRF 5ª – Analista Judiciário – Administrativa – 2008) Com relação aos negócios jurídicos, especificamente sobre a Condição, Termo e Encargo, é correto afirmar: (A) Ao titular de direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, não é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. (B) O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. (C) Salvo disposição legal ou convencional em contrário, contam-se os prazos, incluído o dia do começo e excluído o do vencimento. (D) Em regra, nos contratos presume-se o prazo em proveito do credor e nos testamentos em favor dos herdeiros. (E) O termo inicial suspende o exercício e a aquisição do direito.

40. (TJ/RR – Juiz Substituto – 2008) O negócio jurídico eivado de erro de direito é (A) apenas ineficaz, podendo ser aproveitado se decorrente de transação homologada por sentença. (B) nulo, mas pode ser confirmado pelas partes, e convalesce pelo decurso do tempo. (C) anulável, mas não se anula a transação por erro de direito acerca das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. (D) anulável, mas não pode ser confirmado pelas partes, nem convalesce pelo decurso do tempo. (E) nulo, apenas se for praticado por pessoa absoluta ou relativamente incapaz.

41. (TRT 15ª – Analista Judiciário – Judiciário – 2009) A respeito dos atos nulos e dos atos anuláveis, considere: I. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de cinco anos, a contar da data da conclusão do ato. II. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, para eximir-se de uma obrigação, pode invocar a sua idade, mesmo se dolosamente, no ato de obrigar se, declarou-se maior. III. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

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Está correto o que se afirma SOMENTE em (A) I. (B) III. (C) I e II. (D) I e III. (E) II e III.

42, (Pref. São Paulo/SP – Procurador – 2008) Analise as seguintes afirmativas: I. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. II. O silêncio sempre importará anuência, como manifestação da vontade, quando as circunstâncias ou os usos locais o autorizarem. III. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. IV. A inobservância da forma prescrita em lei determina a nulidade relativa dos negócios jurídicos, porque a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. V. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Estão corretas as afirmativas (A) I, II e III. (B) I, II e IV. (C) I, III e V. (D) II, III e V. (E) III, IV e V.

43. (TCE/AL – Procurador – 2008) Os negócios jurídicos entre vivos sem prazo (A) equiparam-se aos negócios jurídicos sob condição suspensiva, porque sua eficácia sempre ficará na dependência de evento futuro e incerto. (B) são exigíveis desde logo, e a constituição em mora independe de interpelação judicial ou extrajudicial, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. (C) devem ser executados dentro de trinta (30) dias da celebração do ajuste, sob pena de o devedor incidir em mora. (D) são ineficazes, porque o prazo é da essência dos negócios jurídicos, salvo se, expressamente, a obrigação tiver sido assumida para execução imediata. (E) são exigíveis desde logo, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo, mas a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.

44. (Pref. Recife/PE – Procurador Judicial – 2008) Considere as seguintes assertivas sobre os defeitos do negócio jurídico: I. O dolo do representante convencional de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. II. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. III. Caracterizada a lesão o negócio jurídico não será anulado se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. IV. O erro de cálculo não gera a anulação do negócio jurídico, autorizando apenas a retificação da declaração de vontade. De acordo com o Código Civil é correto o que se afirma SOMENTE em

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(A) I, II e III. (B) I, II e IV. (C) I, III e IV. (D) II e III. (E) II, III e IV.

45. (TRE/SE - Analista Judiciário – Judiciária – 2007) Considere as afirmativas abaixo a respeito dos defeitos do negócio jurídico. I. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. II. Se ocorrer dolo do representante convencional de uma das partes, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. III. Ocorrerá a lesão quando uma pessoa, por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. IV. Ao apreciar a coação, não se levará em conta o sexo, a idade e o temperamento do paciente. É correto o que se afirma APENAS em (A) I, II e III. (B) I, II e IV. (C) I, III e IV. (D) II e III. (E) II, III e IV.

46. (MPU – Analista Processual – 2007) Com relação aos defeitos do negócio jurídico é correto afirmar: (A) O dolo do representante legal de uma das partes, em regra, só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. (B) A transmissão errônea da vontade por meios interpostos não é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. (C) O dolo acidental, em regra, anula o negócio jurídico, mas não obriga à satisfação das perdas e danos. (D) Ao apreciar a coação, não se terá em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde e o temperamento do paciente. (E) Se ambas as partes procederem com dolo, ambas podem alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.

47. (TJ/AL – Juiz Substituto – 2007) O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação (A) mas convalesce pelo decurso do tempo, porque no direito brasileiro não existem pretensões imprescritíveis. (B) nem convalesce pelo decurso do tempo, porém se contiver os requisitos de outro negócio jurídico subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. (C) mas pode o juiz a requerimento das partes ou do Ministério Público, quando couber intervir, relevar a nulidade para evitar enriquecimento sem causa de uma das partes. (D) mas não pode o juiz, de ofício, reconhecer a nulidade, exceto se beneficiar menores ou interditos. (E) salvo no caso de simulação, quando subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância, independentemente da observância da forma prescrita em lei.

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GABARITO

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