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CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL P/ ANALISTAS – TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA – 04 Olá caro aluno e mais do que nunca FUTURO ANALISTA DO TJDFT !! Nesta aula estudaremos uma norma bem leve, de fácil compreensão e de muita importância nos dias atuais: A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) Nosso intuito aqui será clarificar alguns pontos e direcioná-lo objetivamente para resolver e acertar questões de sua prova sobre esses temas. Vamos direto ao assunto, pois estamos entrando na reta final de nosso curso e agora, mais do que nunca, é hora de encher-se de fôlego rumo a mais um passo nesse caminho para a sua vitória!!

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Legislação Especial para Analistas do TJDFT

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AULA – 04

Olá caro aluno e mais do que nunca FUTURO ANALISTA DO TJDFT !!

Nesta aula estudaremos uma norma bem leve, de fácil compreensão e de muita importância nos dias atuais:

A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06)

Nosso intuito aqui será clarificar alguns pontos e direcioná-lo objetivamente para resolver e acertar questões de sua prova sobre esses temas.

Vamos direto ao assunto, pois estamos entrando na reta final de nosso curso e agora, mais do que nunca, é hora de encher-se de fôlego rumo a mais um passo nesse caminho para a sua vitória!!

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LEI 11.340/06 – A LEI MARIA DA PENHA

1. INTRODUÇÃO

O caso nº 12.051/OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, foi o caso homenagem à lei 11.340. Ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público.

Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), juntamente com a vítima, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que é um órgão internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação desses acordos internacionais.

A partir daí, os debates sobre o tema se intensificam, a sociedade se mobiliza e a como consequencia uma nova e importante lei é editada em nosso país: a Lei n. 11.340/06, a famosa Lei Maria da Penha. Essa lei foi criada com os objetivos de impedir que os homens assassinem ou batam nas suas esposas, e proteger os direitos da mulher. E é ela que começamos a estudar a partir de agora!!

A Lei Maria da Penha (é como a chamaremos daqui pra frente) cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulhere uma de suas inspirações esta no § 8o do art. 226 da Constituição Federal, que assim estabelece:

CF/88

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

(...)

§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

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Pois bem, além de criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, a Lei Maria da Penha dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Para começar, duas regrinhas fundamentais trazidas pela referida lei:

TODA MULHER, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

Serão asseguradas às MULHERES as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Se é o Estado o responsável constitucional de assegurar a assistência à família na pessoa de cada um e de criar mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações, a Lei Maria da Penha se encarregou de atribuí-lo a incumbência de desenvolver políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Mas não é apenas o Estado que tem que agir!!

IMPORTANTE

Cabe à FAMÍLIA, à SOCIEDADE e ao PODER PÚBLICO criar as condições necessárias para o efetivo exercício de todos os direitos acima mencionados.

Para o estudo dessa norma, devemos considerar os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

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E o que a Lei entende como violência doméstica e familiar contra a mulher? Veremos a seguir!!

2. CONCEITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Em seu art. 5º, a Lei Maria da Penha configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e danomoral ou patrimonial:

no âmbito da unidade doméstica;

no âmbito da família;

em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

A unidade doméstica é o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.

A família é a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa.

A relação íntima de afeto é aquela na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Importante destacar que esse conceito acabou por abranger também dentro da previsão legislativa a união estável ou a relação de convivência.

IMPORTANTE

As relações pessoais citadas acima INDEPENDEM de orientação sexual.

A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.

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Ressalto também que o primeiro destaque do quadro acima trata-se de dispositivo que abre margem ao reconhecimento da violência doméstica nas relações homossexuais femininas, pois a vítima deve ser sempre uma mulher.

Com base no conceito, duas perguntas nos vêm à mente: como se dá essa violência doméstica e familiar? Quais são as condutas de entendidas pela lei como de violência doméstica e familiar? As respostas, no tópico a seguir!!

Mas antes delas, vamos ver como foi cobrado:

01. [UFPI – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PARNAIBA/PI – 2010] Com relação aos mecanismos advindos da Lei Maria da Penha, é CORRETO afirmar que esta lei coíbe e previne unicamente a violência sexual sofrida pela mulher.

02. [NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] A Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) estabelece mecanismos para coibir a violência contra a mulher. De acordo com essa norma, configura-se como violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação no gênero que lhe cause morte, lesão ou sofrimento físico.

03. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] A violência doméstica e familiar contra a mulher não constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.

04. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão com base no gênero que lhe cause sofrimento físico, lesão e morte. O dano moral ou patrimonial não configura violência doméstica.

05. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL – SIMS/AM – 2010] A Lei Maria da Penha foi criada com o objetivo de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

06. [CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2008] A possibilidade real de o acusado de prática de crime contra a mulher no âmbito doméstico e familiar cumprir ameaças de morte dirigidas a sua ex-esposa basta como fundamento para a sua segregação, sobretudo ante a disciplina protetiva da Lei Maria da Penha, que visa a proteção da saúde mental e física da mulher.

[NUCEPE – ASSISTENTE SOCIAL – SESAPI/PI – 2012] Para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, que vem assumindo drásticas proporções na realidade brasileira, foi sancionada a Lei nº 11.340/2006. Sobre a violência doméstica e familiar, julgue os itens a seguir:

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07. É aquela concretizada exclusivamente no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, quando existe vínculo familiar.

08. Configura-se como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

09. Restringe-se a relações pessoais marcadas por orientação heterossexual.

10. Assume diferentes formas não constituindo uma violação dos direitos humanos.

11. Caracteriza-se de forma estrita quando ocorre em situação na qual o agressor e a ofendida convivem em regime de coabitação.

12. [CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2012] Segundo a Lei Maria da Penha, a violência doméstica e familiar contra a mulher é entendida como a ação ou omissão que provoque morte, lesão, sofrimento físico, sexual e psicológico e danos moral e patrimonial.

Questão 01: De jeito nenhum!! Vimos que a Lei Maria da Penha cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e que a violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. A questão erra ao afirmar que a lei só traz mecanismos contra a violência sexual.

Gabarito: ERRADO

Questão 02: Esse conceito não está de todo errado, mas a questão pede que tomemos a Lei Maria da Penha como base para a resposta e, segundo o art. 5º, o conceito de violência doméstica e familiar está incompleto. A violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

Gabarito: ERRADO

Questão 03: Muito pelo contrário!! A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui SIM uma das formas de violação dos direitos humanos.

Gabarito: ERRADO

Questão 04: Essa está uma moleza, não é mesmo?? Afirmar que o dano moral ou patrimonial não configura violência doméstica é uma afronta ao conceito de violência doméstica e familiar trazido pelo art. 5º da Lei Maria da Penha.

Gabarito: ERRADO

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Questão 05: Perfeito!! Coibir e prevenir a violência doméstica e familiarcontra a mulher é o grande objetivo da Lei Maria da Penha.

Gabarito: CERTO

Questão 06: Se há uma ameaça, ou seja, a possibilidade real de o acusado de prática de crime contra a mulher no âmbito doméstico e familiar cumprir ameaças de morte dirigidas a sua ex-esposa, já podemos com tranquilidade admitir a necessidade de aplicação da Lei Maria da Penha, pois, no mínimo, já estamos diante de um tipo de sofrimento psicológico causado a essa mulher. A segregação nada mais é do que a separação. Logo, é de se concluir que o caso basta sim como fundamento para a segregação dessas pessoas, exatamente pelo caráter protetivo da Lei Maria da Penha que, como vimos, de fato visa a proteção da saúde mental e física da mulher.

Gabarito: CERTO

Questão 07: A violência doméstica e familiar é aquela que pode ser configurada tanto no âmbito da unidade doméstica como no da família e em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. O uso da palavra “exclusivamente” tornou a assertiva errada.

Gabarito: ERRADO

Questão 08: Certíssima de acordo com o que versa o art. 5º da Lei Maria da Penha. Desse artigo você não se esquece mais!!

Gabarito: CERTO

Questão 09: Você já sabe que não!! Versa o parágrafo único do nosso velho e bom art. 5º da Lei Maria da Penha, que as relações intimas de afeto (pessoais) independem de orientação sexual.

Gabarito: ERRADO

Questão 10: A violência doméstica e familiar realmente assume diferentes formas, mas todas essas formas constituem-se em expressa violação dos direitos humanos.

Gabarito: ERRADO

Questão 11: A violência doméstica e familiar não se caracteriza estritamente em situação na qual o agressor e a ofendida convivem em regime de coabitação. Pode ser configurada tanto no âmbito da unidade doméstica, como no da família e em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

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Gabarito: ERRADO

Questão 12: Questão recentinha da última prova para Analista do STJ. Veja como a banca foi boazinha apenas repetindo a literalidade do famosíssimo art. 5º da Lei Maria da Penha. Preste muita atenção nesse artigo!! Certinha: a violência doméstica e familiar contra a mulher é entendida como a ação ou omissão que provoque morte, lesão, sofrimento físico, sexual e psicológico e danos moral e patrimonial.

Gabarito: CERTO

2. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

A Lei Maria da Penha, por meio dos incisos de seu art. 7º, classifica as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. São elas

Violência FÍSICA

Qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher, vale dizer a prática do crime de lesão corporal.

Violência PSICOLÓGICA

Qualquer conduta que cause a mulher dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.

Nesse tipo de violência não há uma conduta isolada, requerendo para a configuração deste tipo de violência, uma reiteração na conduta, de modo a

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causar uma diminuição da autoestima, uma perturbação ou gerar prejuízo ao seu pleno desenvolvimento, seja ele social ou econômico.

A violência psicológica também será caracterizada com comportamentos que visem degradar ou controlar suas ações. Perceba também que a palavra destacada em vermelho traz a previsão legal dos meios para a prática deste tipo de violência.

Violência SEXUAL

Qualquer conduta que a constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.

Ao classificar a violência sexual, o dispositivo legal tem como foco a proteção à liberdade sexual da mulher, bem como o respeito a sua vontade de reprodução ou não, além da liberdade de contrair matrimônio.

Violência PATRIMONIAL

Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruiçãoparcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

A prática desse tipo de violência pode eventualmente configurar os crimes de apropriação indébita, furto ou dano.

Violência MORAL

Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

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Pois bem, vistas as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda sobre elas é importante ressaltar dois aspectos:

1 – A Lei Maria da Pena, em toda a sua redação, não elenca infrações penais, apenas afirma quais as condutas que configuram formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, as quais poderão ou não configurar crimes, sendo necessário para tanto que haja a perfeita adequação típica da conduta à norma penal incriminadora.

2 – A classificação das formas de violência acima estudada não é absoluta, pois tais tipos de violência foram descritos na norma de forma apenas exemplificativa permitindo, portanto, a existência de outras formas de violência doméstica e familiar. Observe o a expressão em negrito na parte final do caput do art. 7:

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: (...)

Vamos ver como caiu em provas:

13. [NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] As formas de violência contra a mulher previstas na Lei 11.340 são a violência física, psicológica, sexual e patrimonial.

14. [UFPI – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PARNAIBA/PI – 2010] A lei Maria da Penha, no seu Art. 7º, define algumas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, EXCETO a Violência Social.

15. [CESPE – ANAL. MINISTERIAL SERVIÇO SOCIAL – MPE/PI – 2012]De acordo com a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher caracteriza-se pela lesão corporal, de modo que um dano patrimonial, por exemplo, não pode caracterizar ato de violência doméstica e familiar contra a mulher.

16. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] Condutas que causem danos emocionais e/ou a diminuição da autoestima das mulheres não são consideradas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher pela “Lei Maria da Penha”.

17. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] A “Lei Maria da Penha” não considera condutas que configurem calúnia, difamação ou injúria como violência doméstica e familiar contra a mulher.

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18. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] A violência sexual é entendida como qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.

19. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] O dano emocional, a diminuição da autoestima e o prejuízo do pleno desenvolvimento da mulher causado por ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, chantagem, ridicularização, ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação, não configuram violência doméstica por não serem objetivamente comprováveis.

Questão 13: Quase certa não fosse por ter excluído a violência moral do rol de violências abrangido pela Lei Maria da Penha.

Gabarito: ERRADO

Questão 14: Perceba que a assertiva faz referência direta ao art. 7º da Lei Maria da Penha. De fato, este dispositivo não traz dentre os tipos de violência nele expressos, a violência social. As formas de violência contra a mulher nela previstas são a violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial.

Gabarito: CERTO

Questão 15: Questão bem recente e bem tranquila!! A essa altura do campeonato, você já está cansado de saber que um dano patrimonial pode sim caracterizar ato de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Gabarito: ERRADO

Questão 16: Condutas que causem danos emocionais e/ou a diminuição da autoestima das mulheres são classificadas como violência PSICOLÓGICA. Logo, são consideradas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher pela Lei Maria da Penha. O oposto do que afirma a assertiva!!

Gabarito: ERRADO

Questão 17: Condutas que configurem calúnia, difamação ou injúria são sem dúvida nenhuma consideradas como violência doméstica e familiar contra a mulher. Tais condutas classificam-se como violência moral.

Gabarito: ERRADO

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Questão 18: A assertiva traz de forma fiel e perfeita a literalidade do conceito de violência sexual trazido pelo inciso II do art. 7º da lei em estudo.

Gabarito: CERTO

Questão 19: É óbvio que o dano emocional, a diminuição da autoestima e o prejuízo do pleno desenvolvimento da mulher causado por ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, chantagem, ridicularização, ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação, são configurados como violência doméstica. Essa é a chamada violência psicológica. E mais: não há previsão na lei de que tais condutas devam ser objetivamente comprováveis, o que nos leva a crer que, de fato, não precisam ser comprovadas para que a violência seja configurada.

Gabarito: ERRADO

3. A ASSISTÊNCIA PREVENTIVA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Como já foi destacado no início da aula, a Lei Maria da Penha outorga ao Poder Público a responsabilidade de liderar a sociedade na implementação de iniciativas protetivas à mulher. A Lei espera que a proteção não se dê em situações apenas de urgência, mas também em caráter de PREVENÇÃO

É então por ela estabelecida uma política de atendimento que visa dar o atendimento integral e prioritário à mulher, em situação de violência doméstica e familiar, através de um conjunto de ações articuladas pela União, Estados e Municípios, bem como contando com a cooperação das ONGs.

Essa política de atendimento, versa a lei, deve ser norteada por uma série de diretrizes por ela estabelecidas. São 09 as diretrizes elencadas e escolhi as principais para aqui tratarmos. São elas:

Integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;

A integração operacional prevista nesta diretriz tem como foco principal a existência de um atendimento integrado e multidisciplinar à mulher em situação de violência doméstica e familiar.

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Implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;

Desde a entrada em vigor da Lei Maria da Pena, essa diretriz tem sido observada com a implementação de muitas delegacias especializadas para mulheres nas principais cidades de nosso país. O atendimento especializado também consiste na instalação de atendimento de cunho multidisciplinar realizado por psicólogas e assistentes sociais.

Promoção e realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão da Lei Maria da Penha e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;

Estamos diante de uma diretriz bastante importante, pois trata da criação de políticas de conscientização da população de uma forma geral, atingindo, inclusive, as crianças, ainda nos bancos escolares, sobre as graves consequências da violência doméstica e familiar contra a mulher, trazendo, evidentemente, noções de cidadania, de direitos humanos, as quais devem fazer parte do ensino básico de todas as pessoas, de modo a formar cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres.

Com isto, busca-se diminuir sensivelmente senão erradicar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, que inegavelmente é um problema cultural.

Capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Defensoria Pública, à assistência social, à saúde, à educação, ao trabalho e à habitação quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;

Esta diretriz busca que seja feita capacitação de todos os envolvidos com as questões relacionadas com a violência doméstica e familiar contra a mulher, possivelmente com a utilização dos resultados das pesquisas e do acompanhamento das medidas adotadas.

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Promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;

Destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Estas duas últimas diretrizes refletem a preocupação do legislador em criar no meio escolar, seja de qual for a idade, programas educacionais e conteúdos curriculares de conscientização da população sobre as graves consequências da violência doméstica e familiar contra a mulher. Como vimos ao comentar uma das outras diretrizes acima, a ideia é trazer as noções de cidadania, de direitos humanos de modo a formar cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres.

Bom, estudamos as principais diretrizes elencadas na Lei Maria da Penha para a prevenção à violência doméstica e familiar contra mulher. No entanto, já sei que você deve estar prontinho para me fazer as seguintes indagações:

Professor, e o que acontece se essas medidas não surtirem os efeitos desejados? O que fazer e como deve proceder o Poder Público diante das ações de violência doméstica e familiar contra a mulher, tão comuns em nossa sociedade?

De fato os números da violência contra a mulher ainda são alarmantes. Nesses casos é preciso que os órgãos competentes entrem em ação e tomem as devidas providências para responsabilizar os infratores e ao mesmo tempo reguardar a integridade dessas mulheres. Depois das próximas questões, vamos conhecer quem são esses órgãos e como deve ser o procedimento processual penal para esses casos.

20. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher deverá ser realizada por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e ações nãogovernamentais.

21. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] O respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, constitui um objetivo da política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

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22. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada mediante atendimento policial especializado para as mulheres, somente nas delegacias de atendimento à mulher.

[NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] A Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) estabelece mecanismos para coibir a violência contra a mulher. Em relação ao tema, julgue o item a seguir:

23. É previsto o atendimento especializado através da Delegacia da Mulher.

Questão 20: A assertiva nos traz corretamente a diretriz-mestre direcionada para a política pública que vise coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. (art. 8º da Lei Maria da Penha)

Gabarito: CERTO

Questão 21: Fica o registro de mais um diretriz ou objetivo da política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra mulher. Você a encontra no inciso III do art. 8º da lei em comento.

Gabarito: CERTO

Questão 22: A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada mediante atendimento policial especializado para as mulheres, em particular (e não “somente” como insinua a questão) nas delegacias de atendimento à mulher.

Gabarito: ERRADO

Questão 23: Isso mesmo!! No comentário da questão anterior vimos que a assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada mediante atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas delegacias de atendimento à mulher.

Gabarito: CERTO

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4. OS JUIZADOS ESPECIALIZADOS

Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são órgãos da Justiça Ordinária, ou seja, da Justiça Comum, podendo ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados.

São dotados de competência cível e criminal para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

A Lei estabelece que eles poderão ser criados nos exatos termos da lei. Perceba que a lei usa a palavra “poderão” ao invés de “deverão”. O legislador, atento às diversas realidades de cada Estado brasileiro, não estabeleceu de forma obrigatória a criação dos Juizados, ficando a critério de cada ente federativo, de acordo com a sua conveniência e possibilidade orçamentária, a sua instalação. É evidente que, como não poderia deixar de ser, trouxe uma regra de transição para o caso de não criação.

Essa regra de transição, prevista no artigo 33 da Lei Maria da Penha, estabelece que enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões estabelecidas na lei em estudo, subsidiada pela legislação processual pertinente.

Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas acima descritas.

IMPORTANTE

É competente, por opção da ofendida, para os PROCESSOS CÍVEISregidos por esta Lei, o Juizado:

do seu domicílio ou de sua residência;

do lugar do fato em que se baseou a demanda;

do domicílio do agressor.

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5. AS EQUIPES DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.

Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local:

fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência e;

desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.

Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.

6. O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Lei Maria da Penha confere ao Ministério Público o poder de intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Estabelece a lei que o Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:

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requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;

fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas e;

cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

7. A AUTORIDADE POLICIAL

Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.

No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:

Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

A autoridade policial deve garantir a segurança da mulher, encaminhando-a para local seguro e comunicando, de imediato, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, de certo, requerendo a concessão de medidas protetivas aplicáveis ao caso concreto. Tais medidas protetivas serão estudadas nos próximo tópico.

Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;

Essa disposição é até um pouco redundante na medida em que, sendo necessário, as autoridades policiais já encaminham eventuais vítimas para a realização de exames de corpo de delito.

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Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;

O dispositivo acima prega uma mudança de postura, a qual já foi certamente alcançada em menor escala com a criação de delegacias especializadas. O legislador, contudo, não se contentou com isto, exige mais, que à mulher seja dispensado atendimento de forma integral, inclusive, com o seu transporte e de seus dependentes para abrigo ou local seguro, havendo, evidentemente, risco de vida.

Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;

Se a mulher entender como necessário, a autoridade policial, pessoalmente ou através de seus agentes, deverá acompanhá-la até sua residência para retirada tão só e exclusivamente de seus objetos de uso pessoal, pois,com relação aos demais bens, deve a questão ser decidida pelo juízo da família, competente para eventual separação ou dissolução da união estável.

Informar à ofendida os direitos a ela conferidos na Lei Maria da Penha e os serviços disponíveis.

Temos aí uma obrigação da autoridade policial em informar, esclarecer, quais são os direitos que a mulher possui e quais as medidas e serviços que se encontram à sua disposição para ampará-la neste momento peculiar.

Pronto!! Conhecidos os principais agentes competentes para apuração e repressão à violência doméstica e familiar contra a mulher, vamos agora conhecer como se dá o procedimento penal desenhado pela nossa lei em estudo. Porém, antes disso, para melhor entender esse procedimento, precisamos conhecer as medidas protetivas de urgência estabelecidas pela Lei Maria da Penha em seus arts. 22 e 23.

Depois de conhecê-las, você terá a oportunidade de entender onde elas se encaixam no rito do procedimento penal estabelecido. Vamos a elas!!

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7. AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

A Lei Maria da Penha nos traz duas ordens de medidas protetivas de urgência: as que obrigam o agressor, previstas no artigo 22 e as medidas protetivas de urgência à ofendida, previstas nos artigos 23 e 24.

Para fins didáticos poderíamos classificá-las também como medidas protetivas da integridade física e a saúde da mulher e dos seus dependentes (arts. 22 e 23) e as medidas protetivas do patrimônio da mulher ou da sociedade conjugal (art. 24).

Vejamos cada uma delas:

Medidas protetivas de urgência que OBRIGAM O AGRESSOR

Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

SUSPENSÃO da posse ou RESTRIÇÃO do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos do Estatuto do Desarmamento;

Ora, havendo a suspensão do direito de posse de arma de fogo, a posse passa a ser ilegal, sendo sintomático e consequencial que o agressor tenha que entregar a arma que possui, sob pena de incorrer no crime previsto no artigo 12 do Estatuto de Desarmamento (posse ilegal de arma de fogo).

Cabe destacar que na hipótese de aplicação desta medida protetiva, sendo o agressor pessoa legalmente autorizada a portar armas de fogo, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.

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AFASTAMENTO do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

Essa medida tem natureza cautelar, devendo ser deferido pelo prazo de 30 dias, período em que deverá ser proposta a ação principal, no juízo próprio, sob pena de perda da eficácia da medida (art. 806 do Código de Processo Civil).

PROIBIÇÃO de APROXIMAÇÃO da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

PROIBIÇÃO de CONTATO com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

São duas medidas bem complicadas, pois o juiz poderá até fixar esta obrigação de não fazer, mas são de difícil fiscalização.

PROIBIÇÃO de FREQUENTAÇÃO de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

Medida bastante adequada, já que o juiz pode proibir, por exemplo, que o agressor frequente o local de trabalho da vítima, de modo a impedir que a mesma venha a ser prejudicada profissionalmente.

RESTRIÇÃO ou SUSPENSÃO de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

Para haver a restrição ao direito de visitas é necessária a prévia oitiva da equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar. Há de se tomar um cuidado especial com a medida de proibição de aproximação, eis que a mesma pode implicar na suspensão, por via indireta, do direito de visitas, sem que tenha havido qualquer parecer prévio nesse sentido.

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PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS provisionais ou provisórios.

Os alimentos podem ser fixados como medida de urgência, sendo necessária, para tanto, prova pré-constituída do parentesco, sendo que a necessidade dos filhos menores se presume, devendo a ofendida, na medida do possível, fazer prova da possibilidade do agressor, possibilitando uma fixação mais criteriosa da verba alimentar.

IMPORTANTE

As medidas protetivas de urgência acima mencionadas podem ser aplicadas em conjunto ou separadamente;

Tais medidas não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.

Questões Da mais nova banca do pedaço:

24. [PONTO E MARCOS GIRÃO – STJ – 2012] Determinada autoridade judiciária, diante de recebimento de denúncia de violência doméstica contra uma mulher, determinou ao agressor a aplicação de duas medidas protetivas: uma delas foi a proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 05 metros de distância entre estes e o agressor e a outra foi de a de proibição de frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida. O advogado do agressor estava correto ao alegar que há ilegalidade na determinação do juiz, posto que a Lei Maria da Penha proíbe a aplicação de mais de uma medida protetiva de urgência para uma mesma pessoa.

25. [PONTO E MARCOS GIRÃO – STJ – 2012] Para que a autoridade judiciária aplique a medida protetiva de prestação de alimentos provisionais ou provisórios, não há a necessidade de ser ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar.

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Questão 24: A Lei Maria da Penha, em seu art. 19, §2º, é bem clara ao estabelecer que as medidas protetivas de urgência podem ser aplicadas em conjunto ou separadamente. E mais: a aplicação dessas medidas não impede a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

Gabarito: ERRADO

Questão 25: Verdade!! Para a aplicação dessa medida em específico não há mesmo a necessidade de ser ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar. A única medida protetiva de urgência ao agressor que expressamente faz essa exigência é a de RESTRIÇÃO ou SUSPENSÃO de visitas aos dependentes menores.

Gabarito: CERTO

Medidas protetivas de urgência À OFENDIDA

Para proteger a integridade física e a saúde da mulher e dos seus dependentes, poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:

ENCAMINHAR a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;

O encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de proteção ou de atendimento tem o intuito de dar apoio não só a mulher, mas também a seus dependentes, encontrando-se estes fragilizados em razão da situação de violência doméstica e familiar.

Determinar a RECONDUÇÃO da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;

Determinar o AFASTAMENTO da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

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Duas medidas correlatas: uma prevê a possibilidade da ofendida se afastar do lar conjugal, sem que com isto possa lhe ser imputada responsabilidade por abandono do lar. A outra prevê que a ofendida, uma vez abrigada e afastado o agressor, possa ser reconduzida ao domicílio.

Determinar a SEPARAÇÃO DE CORPOS.

Particularmente, confesso a você que essa medida é um tanto quanto desnecessária já que a separação de corpos é decorrência lógica e natural do afastamento do agressor do lar conjugal ou da saída da ofendida. Agora, para a sua prova, é claro que é uma medida importante de não ser esquecida!!

Para fecharmos as medidas protetivas de urgência, falta-nos conhecer aquelas cuja preocupação é com a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher. Versa a Lei Maria da Penha, em seu art. 24, que o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:

RESTITUIÇÃO DE BENS indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;

Suponhamos, por exemplo, que o agressor tenha retido a carteira de trabalho da vítima, seus documentos pessoais, dos filhos, dos quais a mulher necessite. Neste caso pode o juiz determinar a restituição, expedindo mandado de busca e apreensão e restituição dos mesmos.

PROIBIÇÃO TEMPORÁRIA para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, SALVO expressa autorização judicial;

SUSPENSÃO DAS PROCURAÇÕES conferidas pela ofendida ao agressor;

Caro aluno, estamos diante de dois dispositivos um tanto quanto questionáveis do ponto de vista prático. Aqui a legislação parece levar a mulher à categoria de incapaz (rsrsrsr)!!

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Ora, para a celebração de atos e contratos de compra e venda ou locação, é necessária a assinatura da mulher, sendo que a mesma não irá, evidentemente, assinar nada se não quiser. Ainda que se admita a hipótese de assinar qualquer instrumento mediante coação tal ato jurídico estará sujeito à anulação em razão do vício da vontade.

Outra: a mulher pode ela própria suspender ou revogar as procurações conferidas, não havendo necessidade de atuação do Poder Judiciário, mostrando-se, podemos dizer, a última medida um tanto quanto e dispensável e até inútil.

Entretanto repito: a despeito de suas aplicabilidades na prática, para a sua prova, tais mediadas precisam ser deveras consideradas!!

Ah, cabe ressaltar também que, para os fins previstos nessas medidas, o juiz deverá oficiar ao cartório competente.

PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO PROVISÓRIA, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.

Trata-se da possibilidade da exigência de caução, demonstrada a situação capaz de gerar prejuízo, seja de ordem material ou moral, bem como a necessidade da medida, sob pena de perecimento do direito, em caso de sucesso em demanda indenizatória.

Uma questão da banca mais nova do pedaço:

26. [PONTO E MARCOS GIRÃO – STJ – 2012] O encaminhamento da ofendida e de seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento, a determinação de separação de corpos e o cancelamento das procurações conferidas pela ofendida ao agressor são medidas protetivas de urgência à ofendida previstas na Lei Maria da Penha.

Questão 26: Caro aluno, se você tentar responder essa questão fazendo apenas uma leitura rápida, poderá não perceber o erro nela existente. As duas primeiras medidas protetivas anunciadas estão corretas, mas a última está errada. O correto não é o cancelamento e, sim, a SUSPENSÃO das procurações conferidas pela ofendida ao agressor.

Gabarito: ERRADO

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Conhecidas então as medidas protetivas de urgência, passaremos à última parte de nosso estudo sobre a Lei Maria da Penha, analisando o procedimento penal por ela trazido para os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

8. O PROCEDIMENTO PENAL PREVISTO NA LEI MARIA DA PENHA

Sobre os procedimentos penais, a primeira e importantíssima informação que você precisa saber é que ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher serão aplicadas subsidiariamente as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido na Lei em estudo.

Trataremos, assim, dos procedimentos de responsabilidade das autoridades policial e judiciária, assim como as do Ministério Público. Vamos lá!!

A autoridade POLICIAL

Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:

ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;

colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias

remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;

determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;

ouvir o agressor e as testemunhas;

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ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;

remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.

Salienta-se que o pedido para a concessão de medidas protetivas deve ser feito de forma cautelar, em expediente apartado, sendo conhecido também como cautelar pelo juízo do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, ou pelas Varas Criminais, na falta deste.

É importante ressaltar que somente deverá ser encaminhada esta cautelar se a mulher efetivamente pretender que lhe seja concedida alguma medida protetiva, não cabendo à autoridade policial a formulação, de ofício, de pedidos não pretendidos pela vítima. Observe-se que a lei é muita clara, neste aspecto, ao utilizar-se da expressão “com o pedido da ofendida”.

O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter a qualificação da ofendida e do agressor, o nome e a idade dos dependentes e a descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. A autoridade policial deverá anexar a esse documento o boletim de ocorrência e a cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.

IMPORTANTE

Serão admitidos como MEIOS DE PROVA os LAUDOS ou PRONTUÁRIOS MÉDICOS fornecidos por hospitais e postos de saúde.

A autoridade JUDICIÁRIA

Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 horas:

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conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;

determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;

comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.

Vimos anteriormente que a Lei Maria da Penha determina a aplicação subsidiária dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e, em se tratando de medidas cautelares, que encontram similitude com as previstas no processo civil, nos parece adequada a aplicação do capítulo próprio do Código de Processo Civil, vale dizer do artigo 796 e seguintes do CPC.

Ora, quando se determina o afastamento do agressor ou se fixam os alimentos provisórios, isto não pode durar eternamente, ficando ao bel prazer da vítima agredida. Deve tais medidas estar sujeitas a um prazo certo e determinado. Assim sendo, já vimos que, nos termos do disposto no artigo 806 do Código de Processo Civil, deverá a mulher propor a ação principal, no prazo de 30 dias, contados da efetivação da medida, sob pena de perda da sua eficácia, na forma do artigo 808, inciso I, também do CPC.

Desta forma as medidas protetivas devem ser deferidas com um prazo de 30 dias, sendo que neste interstício deverá a vítima promover a ação principal, já que encaminhada à Assistência Judiciária, quando for o caso, no juízo próprio, que é o da vara da família, sob pena de perda eficácia do comando cautelar.

IMPORTANTE

As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas:

pelo JUIZ, a requerimento do Ministério Público ou;

a pedido da OFENDIDA.

As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, INDEPENDENTEMENTE de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.

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As medidas em questão podem ser deferidas independente da manifestação do Ministério Público ou “inaudita altera pars”, sem a necessidade de oitiva do agressor ou da vítima, buscando uma maior celeridade neste procedimento.

Contudo, o Ministério Público deverá ser prontamente comunicado, seja do deferimento ou indeferimento de qualquer medida, para que possa adotar as medidas cabíveis, inclusive convocar a vítima, em caso de indeferimento, para que esta possa trazer novos subsídios, que levem ao convencimento do magistrado, formulando ele, em favor dela, novo pedido.

Atenção: em 09/02/12, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424)ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto aos artigos 12, inciso I; 16; e 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).

A corrente majoritária da Corte acompanhou o voto do relator, ministro Marco Aurélio, no sentido da possibilidade de o Ministério Público dar início a ação penal sem necessidade de representação da vítima.

O artigo 16 da lei dispõe que as ações penais públicas “são condicionadas à representação da ofendida”, mas, para a maioria dos ministros do STF, essa circunstância acaba por esvaziar a proteção constitucional assegurada às mulheres. Também foi esclarecido que não compete aos Juizados Especiais julgar os crimes cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha.

As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos na Lei em comento, e aqui estudados, forem ameaçados ou violados.

Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou reveraquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.

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IMPORTANTE

Em QUALQUER FASE do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a PRISÃO PREVENTIVA do agressor, decretada:

pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou;

mediante representação da autoridade policial.

O juiz poderá REVOGAR a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como DE NOVO DECRETÁ-LA, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Nos destaques acima temos a possibilidade da prisão preventiva do agressor, não só para o cumprimento de medidas, mas também e, em especial, para fazer cessar a atividade criminosa, quando todas as outras medidas adotadas tenham se mostrado insuficientes para conter o agressor.

São aqueles casos, por exemplo, em que foi deferida uma medida protetiva, a qual não está sendo cumprida. Havendo insistência na prática criminosa e exigindo-se uma medida mais dura, para fazer cessar a atividade criminosa, é colocada a disposição do magistrado a possibilidade do decreto de prisão preventiva

Como não poderia deixar de ser, prevê a possibilidade de revogação da prisão preventiva decretada, quando não mais subsista o motivo que ensejou a sua decretação.

A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.

Atenção: a ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.

Cabe destacar que em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvados os casos em que as medidas protetivas de urgência são decretadas pelo juiz sem audiência entre as partes.

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Garantias à Mulher em situação de violência doméstica e familiar

É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.

O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

A autoridade judiciária também assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica o acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta e manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.

A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

Para finalizarmos o assunto, resta-nos destacar alguns dispositivos bastante relevantes regulamentados pela nossa Lei Maria da Penha. São eles:

IMPORTANTE

Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida tratadas na Lei Maria da Penha, SÓ SERÁ ADMITIDA A RENÚNCIA À REPRESENTAÇÃO PERANTE O JUIZ, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia eouvido o Ministério Público.

É VEDADA A APLICAÇÃO, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.

Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, INDEPENDENTEMENTE DA PENA PREVISTA, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (Lei dos Juizados Especiais Criminais).

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Veja como o foi cobrado:

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – TJDFT – 2008] À luz da Lei Maria da Penha, julgue os próximos itens.

27. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida, esta pode renunciar à representação perante o juiz ou a autoridade policial, no máximo, até a data do oferecimento da denúncia.

28. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, previstos na Lei Maria da Penha, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei dos Juizados Especiais Criminais.

29. [NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] No caso de violência sexual, a mulher terá direito aos serviços de contracepção de emergência, à profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS).

[UFPI – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PARNAIBA/PI – 2010] Em termos de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, no que tange ao previsto pela lei Maria da Penha, julgue os itens a seguir.

30. Deve-se dar acesso prioritário à remoção quando a vítima for servidora pública, integrante da administração direta ou indireta.

31. O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

32. Deve-se manter o vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até dois anos.

Questão 27: Pegadinha básica da banca!! Você acabou de ver que nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida, a renúncia à representação só será admitida perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. A renúncia à representação não poderá, portanto, ser feita perante a autoridade policial.

Gabarito: ERRADO

Questão 28: Aqui a assertiva foi bem!! Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995).

Gabarito: CERTO

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Questão 29: Exato!! Essa é uma das garantias a que se tem direito a mulher no caso de violência sexual. É o que nos ensina o art. 9º, §3º, da Lei Maria da Penha.

Gabarito: CERTO

Questão 30: Corretíssimo!! Essa é de fato uma medida a que tem direito a servidora pública vítima de violência doméstica e familiar. Está prevista no art. 9º, § 2º, inciso I da lei em estudo.

Gabarito: CERTO

Questão 31: Também está de acordo com dispositivo da Lei Maria da Penha. (art. 9º, § 1º)

Gabarito: CERTO

Questão 32: Agora a banca pisou na bola, pois o afastamento da ofendida, quando necessário, mantido o vínculo trabalhista do local de trabalho, só pode ser acontecer por até 06 meses e não dois anos como afirma a assertiva.

Gabarito: ERRADO

9. DISPOSIÇÕES FINAIS

Caro aluno, antes de finalizarmos a aula e, para não dizer que não falei de flores, vou mostrar agora algumas alterações que a Lei Maria da Penha provocou no Código Penal e na Lei de Execução Penais. O intuito será de apenas passar a vista por essas alterações, pois elas devem ser estudadas com mais profundidade na disciplina de Direito Penal.

Alterações no CÓDIGO PENAL

O art. 61 do CP traz várias situações agravantes de pena. A partir da entrada em vigor da Lei Maria Penha, a violência doméstica e familiar passou a ser também mais uma situação agravante de pena.

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Temos também duas importantes modificações no art. 129 do CP que tipifica o crime de lesão corporal. São elas:

Se a lesão corporal for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 03 meses a 03 anos.

Nas hipóteses acima, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

No quadro acima temos um novo tipo penal relacionado à lesão corporal trazendo penas maiores para quem os comete. Há ainda uma proteção maior à pessoa portadora de deficiência, na medida em que há a previsão de aumentativo de pena se o crime acima previsto for cometido contra essas pessoas.

Alterações na LEI DE EXECUÇÕES PENAIS

A Lei de Execuções Penais já previa em seu art. 152 que poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas.

Pois bem, a Lei Maria da Penha incluiu parágrafo único nesse artigo o qual estabelece que nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.

Bom, é isso!!

Ah, a Lei Maria da Penha também modificou o art. 313 do Código de Processo Penal. No entanto, esse dispositivo foi revogado recentemente revogado pela Lei nº 12.403/11. Assim, para a sua prova, você pode desconsiderá-lo.

Vamos à nossas últimas questões dessa aula:

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[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – TJDFT – 2008] À luz da Lei Maria da Penha, julgue os próximos itens.

33. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz pode determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.

[NUCEPE – ASSISTENTE SOCIAL – SESAPI/PI – 2012] Com relação à Lei Maria da penha, julgue os itens a a seguir.

A assistência à mulher, em situação de violência doméstica e familiar, compreenderá:

34. O acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

35. O encaminhamento da ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal pela autoridade policial.

36. O registro do pedido da ofendida, tomado a termo pela autoridade policial, não sendo admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.

37. A realização de atendimento multidisciplinar, para o desenvolvimento de trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.

38. A criação e a promoção, obrigatoriamente pela União, de centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar.

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2012] Tendo em vista que, de acordo com legislação especial, a tutela da mulher recebe tratamento específico, julgue os itens a seguir.

39. No caso de violência doméstica contra a mulher, o processo, o julgamento e a execução das causas cíveis e criminais regem-se pelas normas do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil e pela legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com a Lei Maria da Penha.

40. Com a finalidade de proteger patrimônio comum ou particular de mulher vitimada por violência, o juiz deverá impor, em caráter liminar, a separação de corpos.

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Questão 33: Foi exatamente o que acabamos de ver ao mostrar a inovação provocada pela Lei Maria da Penha no art. 152 da Lei de Execuções Penais.

Gabarito: CERTO

Questão 34: Já vimos em comentário anterior que esse é um direito garantido pela Lei Maria da Penha às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

Gabarito: CERTO

Questão 35: Certinho!! Essa é mesmo uma providência a ser tomada pela autoridade policial, caso seja necessário. (art. 11, inciso II)

Gabarito: CERTO

Questão 36: Opa!! Aqui temos um erro grosseiro, pois, contrariando o que afirma a assertiva, serão admitidos sim como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. (art. 12, § 3º)

Gabarito: ERRADO

Questão 37: Perfeito!! Essa é uma das competências das equipes de atendimento multidisciplinar. (art. 30)

Gabarito: CERTO

Questão 38: Essa é uma obrigação não só da União como afirma a assertiva, mas também dos Estados, do Distrito Federal dos Municípios. (art. 35, inciso I)

Gabarito: ERRADO

Questão 39: Exatamente. Essa é a literalidade da redação do art. 13 da norma em estudo.

Gabarito: CERTO

Questão 40: A separação de corpos é uma medida que poderá ser imposta pelo juiz, quando necessário, para proteger a integridade física e a saúde da mulher e dos seus dependentes e não com a finalidade de proteger patrimônio comum ou particular de mulher vitimada por violência.

Gabarito: ERRADO

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Terminamos mais uma aula!! Espero que nossas aulas estejam sendo efetivas na consolidação de seu aprendizado.

Não deixe de prestigiar o fórum de seu curso com suas dúvidas e questionamentos. Sempre que puder, cheque também o Quadro de Avisos do curso, pois lá postamos informes e observações interessantes sempre que necessário. Conte comigo!!

Até a próxima e bons estudos!!

QUESTÕES DE SUA AULA

01. [UFPI – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PARNAIBA/PI – 2010] Com relação aos mecanismos advindos da Lei Maria da Penha, é CORRETO afirmar que esta lei coíbe e previne unicamente a violência sexual sofrida pela mulher.

02. [NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] A Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) estabelece mecanismos para coibir a violência contra a mulher. De acordo com essa norma, configura-se como violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação no gênero que lhe cause morte, lesão ou sofrimento físico.

03. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] A violência doméstica e familiar contra a mulher não constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.

04. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão com base no gênero que lhe cause sofrimento físico, lesão e morte. O dano moral ou patrimonial não configura violência doméstica.

05. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL – SIMS/AM – 2010] A Lei Maria da Penha foi criada com o objetivo de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

06. [CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2008] A possibilidade real de o acusado de prática de crime contra a mulher no âmbito doméstico e familiar cumprir ameaças de morte dirigidas a sua ex-esposa basta como fundamento para a sua segregação, sobretudo ante a disciplina protetiva da Lei Maria da Penha, que visa a proteção da saúde mental e física da mulher.

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[NUCEPE – ASSISTENTE SOCIAL – SESAPI/PI – 2012] Para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, que vem assumindo drásticas proporções na realidade brasileira, foi sancionada a Lei nº 11.340/2006. Sobre a violência doméstica e familiar, julgue os itens a seguir:

07. É aquela concretizada exclusivamente no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, quando existe vínculo familiar.

08. Configura-se como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

09. Restringe-se a relações pessoais marcadas por orientação heterossexual.

10. Assume diferentes formas não constituindo uma violação dos direitos humanos.

11. Caracteriza-se de forma estrita quando ocorre em situação na qual o agressor e a ofendida convivem em regime de coabitação.

12. [CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2012] Segundo a Lei Maria da Penha, a violência doméstica e familiar contra a mulher é entendida como a ação ou omissão que provoque morte, lesão, sofrimento físico, sexual e psicológico e danos moral e patrimonial.

13. [NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] As formas de violência contra a mulher previstas na Lei 11.340 são a violência física, psicológica, sexual e patrimonial.

14. [UFPI – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PARNAIBA/PI – 2010] A lei Maria da Penha, no seu Art. 7º, define algumas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, EXCETO a Violência Social.

15. [CESPE – ANAL. MINISTERIAL SERVIÇO SOCIAL – MPE/PI – 2012]De acordo com a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher caracteriza-se pela lesão corporal, de modo que um dano patrimonial, por exemplo, não pode caracterizar ato de violência doméstica e familiar contra a mulher.

16. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] Condutas que causem danos emocionais e/ou a diminuição da autoestima das mulheres não são consideradas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher pela “Lei Maria da Penha”.

17. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] A “Lei Maria da Penha” não considera condutas que configurem calúnia, difamação ou injúria como violência doméstica e familiar contra a mulher.

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18. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] A violência sexual é entendida como qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.

19. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] O dano emocional, a diminuição da autoestima e o prejuízo do pleno desenvolvimento da mulher causado por ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, chantagem, ridicularização, ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação, não configuram violência doméstica por não serem objetivamente comprováveis.

20. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher deverá ser realizada por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e ações nãogovernamentais.

21. [IDECAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. IPATINGA/MG – 2010] O respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, constitui um objetivo da política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

22. [MOVENS – EDUCADOR SOCIAL – PREF. ARACAJU/SE – 2010] A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada mediante atendimento policial especializado para as mulheres, somente nas delegacias de atendimento à mulher.

[NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] A Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) estabelece mecanismos para coibir a violência contra a mulher. Em relação ao tema, julgue o item a seguir:

23. É previsto o atendimento especializado através da Delegacia da Mulher.

24. [PONTO E MARCOS GIRÃO – STJ – 2012] Determinada autoridade judiciária, diante de recebimento de denúncia de violência doméstica contra uma mulher, determinou ao agressor a aplicação de duas medidas protetivas: uma delas foi a proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 05 metros de distância entre estes e o agressor e a outra foi de a de proibição de frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida. O advogado do agressor estava correto ao alegar que há ilegalidade na

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determinação do juiz, posto que a Lei Maria da Penha proíbe a aplicação de mais de uma medida protetiva de urgência para uma mesma pessoa.

25. [PONTO E MARCOS GIRÃO – STJ – 2012] Para que a autoridade judiciária aplique a medida protetiva de prestação de alimentos provisionais ou provisórios, não há a necessidade de ser ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar.

26. [PONTO E MARCOS GIRÃO – STJ – 2012] O encaminhamento da ofendida e de seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento, a determinação de separação de corpos e o cancelamento das procurações conferidas pela ofendida ao agressor são medidas protetivas de urgência à ofendida previstas na Lei Maria da Penha.

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – TJDFT – 2008] À luz da Lei Maria da Penha, julgue os próximos itens.

27. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida, esta pode renunciar à representação perante o juiz ou a autoridade policial, no máximo, até a data do oferecimento da denúncia.

28. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, previstos na Lei Maria da Penha, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei dos Juizados Especiais Criminais.

29. [NCE – EDUCADOR SOCIAL – PREF. VARZEA PAULISTA/SP – 2008] No caso de violência sexual, a mulher terá direito aos serviços de contracepção de emergência, à profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS).

[UFPI – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PARNAIBA/PI – 2010] Em termos de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, no que tange ao previsto pela lei Maria da Penha, julgue os itens a seguir.

30. Deve-se dar acesso prioritário à remoção quando a vítima for servidora pública, integrante da administração direta ou indireta.

31. O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

32. Deve-se manter o vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até dois anos.

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – TJDFT – 2008] À luz da Lei Maria da Penha, julgue os próximos itens.

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33. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz pode determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.

[NUCEPE – ASSISTENTE SOCIAL – SESAPI/PI – 2012] Com relação à Lei Maria da penha, julgue os itens a a seguir.

A assistência à mulher, em situação de violência doméstica e familiar, compreenderá:

34. O acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

35. O encaminhamento da ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal pela autoridade policial.

36. O registro do pedido da ofendida, tomado a termo pela autoridade policial, não sendo admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.

37. A realização de atendimento multidisciplinar, para o desenvolvimento de trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.

38. A criação e a promoção, obrigatoriamente pela União, de centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar.

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2012] Tendo em vista que, de acordo com legislação especial, a tutela da mulher recebe tratamento específico, julgue os itens a seguir.

39. No caso de violência doméstica contra a mulher, o processo, o julgamento e a execução das causas cíveis e criminais regem-se pelas normas do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil e pela legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com a Lei Maria da Penha.

40. Com a finalidade de proteger patrimônio comum ou particular de mulher vitimada por violência, o juiz deverá impor, em caráter liminar, a separação de corpos.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 E E E E C C E C 9 10 11 12 13 14 15 16 E E E C E C E E

17 18 19 20 21 22 23 24 E C E C C E C E

25 26 27 28 29 30 31 32 C E E C C C C E

33 34 35 36 37 38 39 40 C C C E C E C E