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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ (PC-CE) DIREITO PROCESSUAL CIVIL  TODOS OS CARGOS TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 00 - DEMONSTRATIVA PROF: RICARDO GOMES www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Ricardo Gomes 1 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ (PC-CE) Breve Apresentação Prezado(as) Concurseiros(as) de Plantão, É com muito prazer que inicio o Curso de Teoria e Exercícios de DIREITO PROCESSUAL CIVIL para PC-CE já de acordo com o EDITAL 2014!!! Para quem ainda não me conhece, segue a minha breve apresentação: Aula 00  Aula Demonstrativa

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Aula de introdução ao processo civil

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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ (PC-CE)

Breve Apresentação

Prezado(as) Concurseiros(as) de Plantão,

É com muito prazer que inicio o Curso de Teoria e Exercícios deDIREITO PROCESSUAL CIVIL para PC-CE já de acordo com o EDITAL2014!!!

Para quem ainda não me conhece, segue a minha breveapresentação:

Aula 00 – Aula Demonstrativa

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Meu nome é RICARDO GOMES, sou Bacharel em Direito pelaUniversidade Federal da Bahia (UFBA), formado no ano de 2007. Dei oprimeiro passo na caminhada pelos concursos públicos no mesmo ano, quandofui aprovado exatamente no concurso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). nosanos de 2006/2007. Após isso, fui aprovado nos concursos do Tribunal deJustiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), do Tribunal Superior doTrabalho (TST) e da Controladoria-Geral da União (CGU), no ano de 2008. Porúltimo, logrei êxito no concurso para o cargo de Procurador do Banco Central

do Brasil (BACEN), em 2009/2010.Assim, também sou concurseiro igual a vocês! Atire a primeira

pedra quem não é ou não foi! Rsrs.

Trabalhei por mais de 1 ano no TSE. Posteriormente, trabalhei noTJDFT e, desde 2008, atuo como Analista de Finanças e Controle daControladoria-Geral da União (CGU).

Ricardo Gomes

Por sua aprovação!

AULA DEMONSTRATIVA – 1. Jurisdição.

Aula 1 – 2. Jurisdição, ação, pretensão e processo. Noções: espécies deprocesso e tutela jurisdicional.

Aula 2 – 3. Atos processuais: espécies, formas, prazos e comunicações

processuais – Parte 1.

Aula 3 – 3. Atos processuais: espécies, formas, prazos e comunicaçõesprocessuais – Parte 2.

Aula 4 – Mandado de Segurança.

Aula 5 –  Ação popular, ação civil pública e ação de improbidadeadministrativa.

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Aula 6 –  5. Teoria geral da prova. 6. Organização judiciária: juizadosespeciais cíveis e criminais (Lei nº9.099/95).

Aula 7 –  1. Princípios constitucionais do Processo Civil: princípio dodevido processo legal e seus consectários lógicos: princípios do contraditório,da ampla defesa e do juiz natural.

Metodologia e Conteúdo do Curso

Registro que nos Cursos de Direitos Humanos e de Processo Civilde concursos pretéritos (DEPEN, PRF, AFT, entre outros) nós abarcamos,em todos eles, entre 90%  a 100% das questões cobradas na prova!Assim, temos um material que busca atender às necessidades práticas doscandidatos diante dos certames! Portanto, aos estudos!

Com o estudo desse material, você, Aluno, não precisará

preocupar-se com a aquisição de outros materiais adicionais ou Livros damatéria. A dica é estudar as Aulas Teóricas, fazer os Exercícios Comentados,ler a “lei”  seca (alguns casos ler o “tratado” seco) e repetir os exercícios comgabarito.

Aconselho a ler o material pelo menos 3 VEZES, deixando 1 delas para a última semana antes da prova.

Os livros (doutrina), a despeito de trazerem uma maior vastidão deassuntos, são muito pouco específicos, objetivos e direcionados para a sua

prova. Por outro lado, os Cursos do Ponto, de uma maneira geral, tentam levarao aluno os principais tópicos a serem cobrados na prova, com base em cadaitem do edital, com comentários teóricos e por meio de exercícios de fixaçãodos assuntos especificamente estudados nas aulas.

Seguindo a linha de nossos Cursos ministrados no Ponto dosConcursos, este Curso para terá um CARÁTER PRÁTICO, voltado para o que,efetivamente, vem sendo cobrado nas últimas provas de concursos.

Além do conhecimento e embasamento teórico que o aluno tem

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que dominar, é fundamental na preparação para concursos que o aluno faça erefaça quantos exercícios puder das matérias a ser estudadas, para que osconhecimentos apreendidos sejam verdadeiramente solidificados,aperfeiçoados e lapidados.

Prova disso é que, mesmo após ser realizada uma leitura atenta edebruçada sobre determinado material, quando vamos responder às questõesficamos com um “montão” de dúvidas. Parece até que não aprendemos direito,

e ai dizemos: “mas eu estudei isto? como não sei responder à questão? ”  

Nestes casos, o aluno aprende, mas às vezes a sua visão eentendimento não foi pontual, não memorizou os pontos mais relevantes,correndo o risco de errar questões relativamente fáceis pela ausência deprática e por não ter visto o assunto com “outros olhos”, outro viés. 

Desse modo, os exercícios propiciam exatamente isto aos alunos:lapidarem seus conhecimentos teóricos  para atentarem facetas nãopercebidas ao longo do estudo teórico, além também de revisarem erememorarem a teoria.

Desse modo, teremos uma parte teórica, com destaques e dicasdos pontos altos, e uma lista de várias questões comentadas!

Abarcaremos, ademais, os aspectos mais relevantes dos DireitosHumanos, trilha do que tem cobrado as organizadoras, evitando-se asindesejáveis discussões teórico-doutrinárias (ineficientes para provas!), poucofrutíferas para o resultado almejado pelos concursandos, que é saber onecessário para gabaritar as questões de Direitos Humanos.

Ao final de cada aula, farei um RESUMO do assunto abordado,destacando os pontos mais relevantes.

Conteúdo do Curso:

Direito Processual Civil

1. Princípios constitucionais do Processo Civil: princípio do devido processo legal e seus

consectários lógicos: princípios do contraditório, da ampla defesa e do juiz natural. 2.

 Jurisdição, ação, pretensão e processo. Noções: espécies de processo e tutela jurisdicional. 3.

 Atos processuais: espécies, formas, prazos e comunicações processuais. 4. O processo civil e o

controle judicial dos atos administrativos: mandado de segurança, ação popular, ação civil

 pública e ação de improbidade administrativa. 5. Teoria geral da prova. 6. Organização

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 judiciária: juizados especiais cíveis e criminais (Lei nº9.099/95).

Obs: Sempre aconselho aos alunos a acompanharem a parteaberta do Curso, no Campo AVISOS, espaço onde postamos eventuaisrecados e informes durante a vigência do Curso, inclusive de possíveisalterações nas datas das aulas. 1 

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 Obs: o cronograma das Aulas poderá ser alterado a qualquer tempo mediante prévio aviso aos Alunos na parte aberta

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 AULA DEMONSTRATIVA

1. 

JURISDIÇÃO.

Os conflitos do homem são inerentes à sociedade humana. Desdeos primórdios, nas primeiras civilizações, o homem buscou formas de soluçãodos conflitos e contendas existentes, sejam individuais, sejam coletivas.

O conflito de interesses surge quando alguém deseja satisfazerdeterminada necessidade e outro não atende àquela demanda, formando achamada LIDE (conflito de interesses qualificado por uma pretensão de umaparte resistida pela outra).

Para por fim aos conflitos humanos foram criados diversosmecanismos pacificadores no seio social, desde a figura do líder religioso dacomunidade, o pajé na tribo indígena, mãe e pai de santo nas religiões afro,autotutela ou autodefesa, etc. Com a evolução social, modernamente foraminstituídos outros instrumentos tão ou mais eficazes para a pacificação social,entre eles a Arbitragem e a Jurisdição (esta com a participação poderosa doEstado na solução definitiva dos conflitos).

Destaca-se abaixo as formas mais conhecidas para composição

dos litígios:

1.  AUTOTUTELA  –  a solução do conflito é realizada por simplesimposição de uma vontade sobre a outra. Esta forma deresolução das contendas sociais remonta aos tempos antigos,quando o Estado não se mostrava presente, obrigando ao lesadoa defender-se pessoalmente contra eventual ofensor. Nostempos atuais ainda temos resquícios dessa espécie primária de

do curso, no Campo AVISOS.

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composição dos litígios, como por exemplo: Legítima DefesaPenal  (art. 23 do Código Penal); Desforço imediato nasações possessórias  (arts. 1.210 e 1.467-1471); Estado deNecessidade Penal, entre outros tantos casos.

Vale registrar que o exercício da Autotutela fora das hipótesesexpressamente previstas em lei, pelo particular, é consideradoCrime de Exercício Arbitrário das próprias razões, se for peloEstado, será considerado abuso de poder. Isto porque, hoje, a

regra é que os litígios sejam levados ao Poder Judiciário parasua solução.

2.  AUTOCOMPOSIÇÃO  –  é a busca amigável entre as partesinicialmente conflitantes, sem a imposição de vontades de umparte sobre a outra, para por fim ao combate de interesses. Éuma forma de solução do conflito pelo consentimento doslitigantes em sacrificar suas intenções parciais em prol de umasolução final para o embate. São 3 Formas de Autocomposição:

a.  Transação – na transação ambas as partes renunciam aparcela de suas pretensões (autor renuncia de parte deseus pedidos e réu reconhece parcialmente a procedênciadas alegações do autor). Resumo: concessões mútuas na busca de uma solução comum para ambas as partes.

b.  Submissão  –  é o reconhecimento jurídico do pedido doautor pelo réu, isto é, o réu reconhece de forma livre asalegações do autor, entregando sem resistência o quanto

por ele solicitado. Exemplo: locador e locatário de imóvelem conflito, por inadimplência deste, assinam contrato emque o locatário obriga-se a desocupar o imóvel em umdeterminado período de tempo (o conflito foi resolvido porsubmissão do locatário às pretensões do locador – reconheceu o pedido do autor).

c.  Renúncia  –  é a desistência do autor, lesado em seudireito, de continuar na busca da efetivação de sua

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pretensão. Neste caso o autor  é que abre mão de seudireito.

Em todo caso, a Autocomposição instrumentaliza-se pormeio de um negócio jurídico entre as partes (Ex: Contrato;termo de consentimento ou qualquer outra forma demanifestação de vontade das partes concordantes).

3.  ARBITRAGEM – é uma técnica de solução dos litígios por meioda participação de um TERCEIRO não interessado  na causa(imparcial), que decidirá, a pedido das partes, o conflito entreelas estabelecido. A Arbitragem é regulada pela Lei nº9.307/1996, sendo por natureza voluntária  (escolha daspartes, nunca por imposição) e somente poderá ser contratadapor pessoas capazes  para solução de direitos patrimoniaisdisponíveis.

Para firmarem o acordo pela Arbitragem como forma desolucionar o conflito, as partes podem estabelecer de formaprévia e abstrata que qualquer divergência entre elas poderáser resolvida por arbitragem (Cláusula compromissória), ouestabelecer posteriormente e de forma concreta que o litígio jáexistente e específico será resolvido pela arbitragem(Compromisso arbitral).

  Cláusula Compromissória  –  prévia e abstrata

definição de arbitragem futura.  Compromisso Arbitral  –  posterior e concreta

definição de arbitragem atual.

Lei nº 9.307/1996

 Art. 1º As  pessoas capazes  de contratar poderão valer-se da

arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais

disponíveis.

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4.  JURISDIÇÃO  –  etimologicamente, significa “dizer o direito”,

pois vem de “juris” (direito) e “dictio” (dizer). Em linguagem

simples, a jurisdição é a forma do ESTADO, por meio daautoridade judicial, de dizer o direito ao caso posto. Veremos àfrente em maiores detalhes a Jurisdição e suas peculiaridades.

Conceito de Jurisdição.A Jurisdição é o poder do Estado, através de um órgão jurisdicional

(Estado-Juiz), de julgar as causas que lhe forem apresentadas, dizendo odireito cabível ao caso concreto. Em outras palavras, a jurisdição é definição dodireito por meio de um terceiro imparcial (Estado), de forma autoritária,monopolista e em última instância.

Segundo Ada Pelegrine Grinover, em clássica definição, a jurisdiçãoé a “função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos

interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflitoque os envolve com justiça”.

O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, quevale detalhar para melhor entendimento:

o  Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercida de formamonopolista, ou seja, o Estado chama para si aresponsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a elesão reclamados, transformando-se em Poder Estatal de

decidir os conflitos a ele apresentados. A jurisdição comopoder é manifestação da capacidade do Estado de impor suasdecisões jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aquié o Estado com sua “mão de ferro”. 

o  Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma dasfunções ou finalidades do Estado, a de pacificação social erealização da justiça no caso concreto.

o  Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode ser

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conceituada como os atos materiais e visíveis (atos doprocesso judicial no plano prático) desenvolvidos pelosJuízes, investidos pelo Estado no poder de julgar.

Finalidade da Jurisdição.

A jurisdição tem 3 (três) grandes objetivos:

1.  Objetivo Jurídico  –  aplicar o direito previsto na Lei  (nasnormas jurídicas) ao caso concreto.

2.  Objetivo Social  –  pacificar a sociedade, promovendo o bemcomum e eliminando os conflitos existentes.

3.  Objetivo Político  –  realizar a justiça, afirmar o poder jurisdicional e preservar os direitos fundamentais do homem.

Princípios da Jurisdição:

1.  Inevitabilidade – após as partes submeterem seu litígio à jurisdição estatal, não poderão posteriormente furtar-se aocumprimento da decisão exarada (a execução da decisão jurisdicional será inevitável para as partes do processo apósa deflagração do processo judicial).

2.  Indeclinabilidade  ou Inafastabilidade  –  é o princípioprocessual constitucional da Jurisdição consistente na regrade que nenhuma lesão ou ameaça de lesão poderá serafastada da apreciação do Poder Judiciário. Implica no deverdo Estado de solucionar os conflitos quando provocado pelaspartes, que é decorrência do direito fundamental de acessoao poder judiciário (direito de ação). Como o Estado detém omonopólio da jurisdição e as partes possuem direito irrestritoà ação, o Estado também tem o dever de prestar a tutela jurisdicional e não apenas simples faculdade.

Com isso, não há questão que não possa ser posta em juízo

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para decisão do magistrado. Todos têm direito de Ação deforma ampla, abstrata e irrestrita, mesmo que, ao final,comprovem-se infundadas suas demandas. O direito de açãoé puro e abstrato, independe de qualquer análise acerca domérito da questão.

CF-88

 Art. 5

 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciáriolesão ou ameaça a direito;

Peculiaridades relevantes acerca do Princípio daInafastabilidade/Indeclinabilidade, algumas das quaisdestaco abaixo:

a.  Não há necessidade de esgotamento das instânciasadministrativas para pleitear apreciação da questão naesfera judicial – No Brasil vige o sistema de jurisdição

UNA, isto é, apenas um único Poder Estatal detém acapacidade de decidir os conflitos, não havendo achamada Jurisdição Administrativa independente.Exemplo: se um contribuinte de imposto entende comoindevida a cobrança Receita Federal, poderá recorreradministrativa da cobrança, mas não ficará vinculadoao término do processo administrativo para que possa,eventualmente, apresentar a mesma celeuma no

âmbito judicial; decisões administrativas do Conselhode Defesa Econômica (CADE) são plenamentecontroláveis mediante acionamento do Poder Judiciário(lembrar que tudo pode ser apreciado pelo PoderJudiciário);

b.  Questões Esportivas  –  é a única exceção constitucional ao Princípio da Inafastabilidade. Assim,para que seja submetida ao Poder Judiciário alguma

questão tormentosa na esfera da justiça desportiva,

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será necessário o prévio esgotamento daquela instânciapara que sejam posteriormente remetidas ao PoderJudiciário.

CF-88

 Art. 217

§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e

às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da

 justiça desportiva , regulada em lei.

c.  Impossibilidade de definição legal de condicionantesao acesso ao Poder Judiciário.

3.  Investidura  –  a atividade jurisdicional deve ser exercidapelos órgãos estatais que foram regularmente investidos nafunção jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a

 jurisdição aquele órgão a que a lei atribui o poder jurisdicional.

Para ser investido regularmente na condição de Juiz(Magistrado), a pessoa tem que ser aprovada em concursopúblico de provas e títulos ou terá que ser nomeada paraTribunais de Justiça, Tribunais Federais e TribunaisSuperiores, nas diversas formas previstas na ConstituiçãoFederal (todas são formas de investidura regular na atividade jurisdicional, que legitimam sua atuação funcional). Assim,um Delegado de Polícia jamais poderá praticar atosexclusivos da esfera judicial, posto não ter sido investidoregularmente no cargo de Juiz.

4.  Indelegabilidade – o Juiz não pode delegar suas funções,pois as exerce de forma exclusiva. É possível, contudo,delegações da prática de atos por outros Juízes (ex: cartas

de ordem; cartas precatórias, etc), mas jamais para outros

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órgãos diversos da atividade judicante (Exemplo: o mesmocaso do Delegado de Polícia).

5.  Inércia –  o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (dependede provocação das partes para início do processo). Esteprincípio decorre do Princípio da Imparcialidade, tendo emvista que se um Juiz iniciasse um processo, certamentedesde já teria uma posição que adotaria em sua decisão. Esteprincípio guarda exceções legais. Exemplo: execuçãotrabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício;procedimentos de jurisdição voluntária, etc.

A Inércia  foi insculpida no próprio texto do Código deProcesso Civil, nos termos abaixo:

CPC

 Art. 2o Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional   senão

quando a parte ou o interessado a requerer  , nos casos e

forma legais.

À regra da Inércia há exceções  previstas em Lei, quepermitem o início excepcional do processo por provocaçãodas partes (Exemplo: Execução Trabalhista de verbasdefinidas; Execução Penal; início do processo de inventário,se os legitimados não o fizerem no prazo conferido pela Lei;

decretação da falência de empresa em recuperação judicial,etc). Estas e outras exceções apenas confirma a REGRA deque o Juiz deve ser INERTE.

6.  Aderência ou Territorialidade  –  o exercício da jurisdiçãodeve estar previamente vinculado a uma determinada zonaterritorial, isto é, os Juízes têm autoridade jurisdicional tãosomente no território específico que exercem suas funções, o

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chamado FORO. Na Justiça Estadual o Foro é a Comarca. NaJustiça Federal, é a Seção Judiciária; Na Justiça Eleitoral é aZona Eleitoral. Este é o chamado Princípio da Aderência – a jurisdição está aderente apenas à região geográfica de seuexercício. Exemplo: o Juiz do STF tem jurisdição em todo opaís; o Juiz da capital de um determinado Estado temcompetência somente naquela municipalidade.

7.  Unicidade  –  a jurisdição é UNA, não havendo divisões

internas da própria jurisdição, mas tão somente de seuexercício. Assim, as classificações das Justiças (Comum eEspecial, entre outras) são apenas para caracterização edefinição de competências, não se tratando de diversas jurisdições.

8.  Substitutividade  –  o Estado-Juiz, com poder de império,substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto.Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas não

conseguem por si próprias com seus litígios.9.  Definitividade – aptidão para formação da coisa julgada. 

A jurisdição tem o condão de tornar suas decisões imutáveis.

10.  Improrrogabilidade  –  a jurisdição não pode serexercida por Juiz incompetente, sendo os limites da jurisdição estabelecidos na Constituição Federal.

11.  Juiz Natural ou Imparcialidade  –  O Princípio do

Juízo Natural é extraído do Devido Processo Legal e de doisespecíficos dispositivos do art. 5º da Constituição Federal(incisos XXXVII e LIII). O Juiz Natural é aquele investidoregularmente na jurisdição (investidura) e com competênciaconstitucional para julgamento dos conflitos a elesubmetidos. É aquele previsto antecedentemente, comcompetência abstrata e geral, para julgar matéria específicaprevista em lei.

A CF-88, ao instituir o Princípio visa coibir a criação de

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órgãos judicantes para julgamento de questões depois dofato (ex post facto)  ou de determinadas pessoas (ad

 personam).

O Princípio do Juiz Natural pode ser visualizado sob 2 (dois)prismas diversos:

1.  Juiz Natural em sentido Formal  –  consagra 2(duas) garantias básicas:

a.  proibição de Tribunal de Exceção (art. 5º, XXXVII )

b.  respeito às regras objetivas de determinaçãode competência jurisdicional (art. 5º, LIII ).

Proibição de Tribunal de Exceção - O Tribunal de Exceçãoé um órgão jurisdicional criado excepcionalmente para julgardeterminada causa, consistindo em um juízo extraordinário.É o caso de criar um órgão judicial para julgar um específico

conflito. Exemplo: Tribunal Penal que julgou Saddan Russen(apesar das barbáries que ele cometeu, vocês acham que eleseria julgado de forma imparcial?); Tribunal de Nuremberg,criado para julgar os crimes dos nazistas após a 2ª GuerraMundial.

O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc  (para o caso), ou ex post facto (juízo designado após o fato)ou ad personam (para determinada pessoa).

O Princípio do Juiz Natural garante a imparcialidade dasdecisões judiciais. Portanto, é uma garantia constitucional ser julgado por um juiz que já está posto. O Juiz Natural é oúnico que pode ser imparcial.

No Processo Civil poderá ser atentado contra o Princípioquando o Presidente do Tribunal designa unilateralmente umJuiz para julgar determinada causa, sem passar o processopela distribuição eletrônica (critério objetivo e abstrato de

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distribuição das ações entre os juízes disponíveis).

Respeito às regras objetivas de determinação decompetência jurisdicional.

Além da proibição de Tribunal de Exceção, o Juiz Natural emsentido Formal  garante que o Juízo seja competente para julgar a causa. Essa competência tem que ser fixada deacordo com as regras legais processuais de determinação decompetência (critérios objetivos de fixação de competência).É a lei que atribui a competência para o Juiz (ele não escolhea causa, nem a causa escolhe o juiz).

As regras gerais de determinação de competência,previamente estabelecidas, fixam a competência do Juiz.Uma ação não pode ser distribuída deliberadamente para umJuiz específico sem um motivo legal para tanto. A distribuiçãoobjetiva e imparcial dos processos é uma forma de garantir oJuiz Natural. Por isso, violar a distribuição eletrônica deprocessos é violar o Juiz Natural.

Frise-se que é a lei é quem cria as regras de competência,bem como os modos de sua alteração. O que é vedado é opróprio Juiz pleitear a alteração das regras que fixaram a suacompetência. Assim, a garantia do Juiz Natural veda o Poderde Avocação de processos por parte de Magistrado.

CF-88

 Art. 5

 XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela

autoridade competente;

2. 

Juiz Natural em sentido Material –  é a garantiada imparcialidade do Juiz. Todo magistrado deve

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exercer sua função de forma imparcial, equidistantedas partes. É garantia da Justiça Material(independência e imparcialidade dos Magistrados).

Portanto, Juiz Natural é o Juiz Competente (dimensão Formal) eImparcial (dimensão Material).

Jurisdição Contenciosa e Voluntária.

O próprio Código de Processo Civil (CPC) classifica a Jurisdição emContenciosa e Voluntária.

CPC

 Art. 1o A jurisdição civil  , contenciosa e voluntária , é exercida

 pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições

que este Código estabelece.

Portanto, a Jurisdição pode ser classificada em 2 (duas) principaisespécies, que passamos a detalhar:

o  Jurisdição Contenciosa – é a jurisdição propriamente dita,sendo a atividade estatal exercida pelo Poder Judiciário,consistente no poder de dizer o direito no caso concreto,solucionando as lides em substituição aos interesses daspartes.

o  Jurisdição Voluntária  –  consiste na integração  efiscalização  de negócios firmados entre particulares. Hámuita discursão na doutrina acerca da natureza da JurisdiçãoVoluntária, se também seria ou não propriamente umaJurisdição (se não seria uma mera Administração Pública deinteresses privados).

Como estudamos, a Jurisdição Contenciosa é a própria jurisdição

do Estado, com todas as suas características, princípios e finalidades descritas.

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De outro lado, cabe definir a natureza jurídica da Jurisdição Voluntária (seseria jurisdição ou administração pública de interesses privados).

A Jurisdição Voluntária foi definida pelo legislador para os casos emque o Juiz é chamado para atuar perante o particular como forma deintegração de sua vontade e de fiscalização  de seus atos. Isto é, sem aparticipação do Magistrado o interesse do particular não seria tutelado. Comisso, o exercício dessa jurisdição tem uma finalidade clara: fiscalizar a atuaçãodo particular em hipóteses específicas em que haja interesse público envolvido.

O Juiz atua como um assistente das partes para a formalizaçãodo ato. Exemplo: solicitação de notificação ou interpelação judicial do estadode inadimplente perante o particular; procedimentos de justificação (produçãode prova antecipada, antes da instauração do processo); processo deinterdição de incapaz; processo de emancipação; homologação de acordo outransação; alienação de coisas; nomeação e destituição de tutores ecuradores, etc, entre tantos outros.

Para a chamada Doutrina CLÁSSICA, a Jurisdição Voluntária NÃOé Jurisdição! Isto porque o Juiz figura como simples integrador e fiscalizadordos atos praticados pelos particulares, agindo como um Administrador Público(não como um Juiz) de interesses privados. Para esta Doutrina Clássica, aJurisdição Voluntária seria materialmente Administrativa esubjetivamente/formalmente Judiciária.

Elenco abaixo as características da Jurisdição Voluntária para aDoutrina Clássica:

1. 

não há LIDE  - por não haver brigas e conflitos, masapenas concurso ou convergência de vontades;

2.  não há PARTES  –  por não haver lide, não há partesparciais, mas apenas interessados;

3.  o Juiz é um Administrador Público e não um Juiz;

4.  não há a Substitutividade, tendo em vista que o Estadonão substitui a vontade das partes, mas a integra paraformalizar o ato (o Juiz se insere entre os participantes do

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negócio jurídico);

5.  não há Ação e nem Processo, mas apenas um simplesProcedimento;

6.  não há Sentença de mérito, mas mera homologação deacordo de vontades;

7.  não há formação da Coisa Julgada (Definitividade) enem possibilidade de Ação Rescisória, tendo em vista ser a

 jurisdição voluntária negócio jurídico consensual; 

Para uma Doutrina mais Moderna, que vem crescendo emaceitação no Brasil, a Jurisdição Voluntária é Jurisdição, pelos seguintesmotivos principais:

1.  A não configuração de LIDE no início do processo nãosignifica  que no processo de jurisdição voluntária nãoseja possível o surgimento de conflito de interesses. Porisso, o fato não haver Lide inicial não descaracterizaria aJurisdição Voluntária;

2.  Apesar de não existir conflito entre partes, o conceito dePARTES  do processo é aquela que postula  e nãonecessariamente quem seja litigante;

3. 

A função jurisdicional abrange a tutela de interessesparticulares sem litigiosidade, desde que exercida por

órgãos investidos das garantias necessárias deimpessoalidade e  independência. Ou seja, a atuaçãoda jurisdição não está cingida à conformação do direito àssituações concretas, a solucionar conflitos, mas também atutelar também interesses de particulares, como órgão doEstado;

4.  O Juiz é uma autoridade imparcial e desinteressada, comoem qualquer atividade jurisdicional, diferentemente daAdministração Pública, que visa seus interesses parciais

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(defesa legal dos interesses do Estado);

5.  A Jurisdição Voluntária possui natureza Preventiva e nãoa apenas de solucionar conflitos já existentes;

6.  Existe um Processo Judicial  de Jurisdição Voluntária(Ação, Sentença, Apelação, etc). Note-se que os processosde Jurisdição Voluntária são encerrados por Sentença, deque cabe o Recurso de Apelação para o Tribunal, e nãopor decisão administrativa;

CPC

 Art. 1.110. Da sentença caberá apelação.

7.  Apesar da permissão de modificação das decisões por fatosuperveniente, a regra é pela possibilidade de constituiçãode coisa julgada. Ademais, da mesma forma em que háprocessos de Jurisdição Contenciosa sem coisa julgada(exceção), o mesmo pode ocorrer com os processos de

Jurisdição Voluntária.

CPC

 Art. 1.111. A  sentença  poderá ser modificada, sem prejuízo dos

efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias

 supervenientes.

Deve-se ressaltar que predomina ainda no Brasil (posição

majoritária) o entendimento da Doutrina Clássica, o de que a JurisdiçãoVoluntária tem natureza de Administração Pública de interesses privadas,isto é, que NÃO é jurisdição.

Resumo  do entendimento acerca da Natureza Jurídica  daJurisdição Voluntária:

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

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DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA

É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL

NÃO há Jurisdição Há Jurisdição

NÃO há Processo, mas meroProcedimento

Há Processo

NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes

Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada

NÃO há LIDE Pode haver LIDE

Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz

Peculiaridades do Processo de Jurisdição Voluntária:o  São legitimados  para dar início ao Processo de Jurisdição

Voluntária o INTERESSADO e o Ministério Público;

CPC

 Art. 1.104. O procedimento terá início por  provocação do

interessado ou do Ministério Público , cabendo-lhes formular o

 pedido em requerimento dirigido ao juiz, devidamente instruído

com os documentos necessários e com a indicação da providência

 judicial.

O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória  doMinistério Público em TODOS  os procedimentos deJurisdição Voluntária. A doutrina e a jurisprudência defendemque o MP não intervirá em todo caso, mas somente nosprocessos que versem sobre direitos indisponíveis. Assim,o MP estaria autorizado a não intervir nos procedimentos emque não ficasse caracterizada a indisponibilidade dos direitos.

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De todo modo, devemos ter em mente o que prevê o CPC.

CPC

 Art. 1.103. Quando este Código não estabelecer procedimento

especial, regem a jurisdição voluntária as disposições constantes

deste Capítulo.

 Art. 1.105. Serão citados , sob pena de nulidade, todos os

interessados , bem como o Ministério Público.

o  Há uma relativização do princípio da legalidade estrita noâmbito dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art.1109 do CPC que o Juiz não é obrigado a observar o critérioda legalidade estrita, podendo pautar seus atos na equidadee na solução mais conveniente e oportuna ao caso.

O objetivo da norma é conferir ao Juiz em JurisdiçãoVoluntária uma margem de discricionariedade maior paradecisão. Esta discricionariedade é maior tanto na condução

do processo, quanto em sua decisão, afastando um apegoexagerado às formalidades da lei. A intenção do legisladorera conferir uma decisão mais justa, mais oportuna e maisadequada no âmbito da Jurisdição Voluntária, dando umamaior elasticidade aos seus procedimentos. Com isso, fala-seda utilização de um  juízo de equidade  ediscricionariedade.

CPC

 Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não

é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estrita ,

 podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais

conveniente ou oportuna.

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2. Da Ação.

Cena dos próximos capítulos, a ser estudada na próximaAula de nosso Curso de Processo Civil.

Pessoal, este foi apenas um aperitivo, tão-somente umademonstração de como serão as Aulas deste Curso. Na próxima Aulacontinuaremos nosso estudo!

De todo modo, curtam alguns exercícios!!!!

Abaixo 2 listas de Exercícios: 1ª com comentários e a 2ª apenas

com gabarito.

XERCÍCIOS COMENTADOS

QUESTÃO 1: TJ - ES - Analista Judiciário 2 – Administrativa [CESPE] -03/04/2011.

Uma das características da atividade jurisdicional é a sua inércia, razão pelaqual, em nenhuma hipótese, o juiz deve determinar, de ofício, que se inicie oprocesso.

COMENTÁRIOS: 

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Errado, pois o Princípio da INÉRCIA dispõe que o processo não pode serdeflagrado pelo próprio Juiz, pois este é dependente da manifestação daspartes.

No entanto, à regra da Inércia há exceções previstas em Lei, que permitem oinício excepcional do processo por provocação das partes (Exemplo: ExecuçãoTrabalhista de verbas definidas; Execução Penal; início do processo deinventário, se os legitimados não o fizerem no prazo conferido pela Lei;decretação da falência de empresa em recuperação judicial, etc). Estas e

outras exceções apenas confirma a REGRA de que o Juiz deve ser INERTE.

RESPOSTA CERTA: E 

QUESTÃO 2: TJ - ES - Analista Judiciário 2 – Administrativa [CESPE] -03/04/2011.

A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-sea vontade privada por uma atividade pública.

COMENTÁRIOS: 

É o  Princípio da Substitutividade  –  o Estado-Juiz, com poder de império,substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto. Ou seja, atua emsubstituição às partes, quando essas não conseguem por si próprias com seuslitígios.

RESPOSTA CERTA: C 

QUESTÃO 3: TRE - ES - Analista Judiciário – Administrativa [CESPE] -30/01/2011. 

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Uma das distinções entre a função jurisdicional e a administrativa éidentificada na imparcialidade do órgão estatal que exerce a função jurisdicional.

COMENTÁRIOS: 

Perfeito, enquanto que a atuação da Administração Pública é eminentementePARCIAL (interesse apenas do ESTADO), a Função Jurisdicional é uma atuação

IMPARCIAL do Estado-Juiz como um terceiro desinteressado e equidistante daspartes.

RESPOSTA CERTA: C 

QUESTÃO 4: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -26/09/2010. 

O princípio da inércia, um dos princípios basilares da jurisdição, não admiteexceção.

COMENTÁRIOS: 

É basilar da Jurisdição, mas admite sim exceção. À regra da Inércia háexceções previstas em Lei, que permitem o início excepcional do processo porprovocação das partes (Exemplo: Execução Trabalhista de verbas definidas;

Execução Penal; início do processo de inventário, se os legitimados não ofizerem no prazo conferido pela Lei; decretação da falência de empresa emrecuperação judicial, etc). Estas e outras exceções apenas confirmam a REGRAde que o Juiz deve ser INERTE.

RESPOSTA CERTA: E 

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QUESTÃO 5: OAB - Exame de Ordem Unificado 2009-3 [CESPE] -17/01/2010. 

Na jurisdição voluntária, as despesas serão pagas exclusivamente pelorequerente.

COMENTÁRIOS: 

O Código prevê na parte de Custas e Despesas processuais que as despesas no

processo de Jurisdição Voluntária serão ADIANTADAS pelo requerente, masdevem ser rateadas entre todos os interessados.

CPC

 Art. 24. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas

 serão adiantadas pelo requerente , mas rateadas entre os

interessados.

RESPOSTA CERTA: E 

QUESTÃO 6: Banco Central – Procurador [FCC] – 08/01/2006. 

O princípio da inércia da jurisdição significa que

a) nenhum Juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou ointeressado a requerer, nos casos e forma legais.

b) todos os atos processuais dependem de preparo.

c) a lei processual só admite a submissão da sentença ao duplo grau de jurisdição, se houver recurso voluntário da parte.

d) o Juiz não determinará a emenda da petição inicial, salvo se o réu arguirsua inépcia.

e) ao Juiz é vedado impulsionar o processo, cabendo somente à parte requerero que entender necessário.

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COMENTÁRIOS: 

Princípio da Inércia – o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdiçãonão pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende de provocação das partespara início do processo). Este princípio decorre do Princípio da Imparcialidade,tendo em vista que se um Juiz iniciasse um processo, certamente desde játeria uma posição que adotaria em sua decisão. Este princípio guarda exceçõeslegais. Exemplo: execução trabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício;procedimentos de jurisdição voluntária, etc.

A Inércia  foi insculpida no próprio texto do Código de Processo Civil, nostermos abaixo:

CPC

 Art. 2o Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional   senão

quando a parte ou o interessado a requerer  , nos casos e

forma legais.

RESPOSTA CERTA: A 

QUESTÃO 7: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -26/09/2010. 

O princípio da indelegabilidade estabelece que a autoridade dos órgãos jurisdicionais, considerados emanação do próprio poder estatal soberano,impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes ou de

eventual pacto para aceitarem os resultados do processo.

COMENTÁRIOS: 

Na realidade o conceito foi trocado pelo Princípio da Substitutividade  - oEstado-Juiz, com poder de império, substitui a vontade das partes para decidiro caso concreto. Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas nãoconseguem por si próprias com seus litígios.

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RESPOSTA CERTA: E

QUESTÃO 8: TRT 22ª - Analista Judiciário –  Judiciário [FCC] – 14/11/2010. 

A indeclinabilidade é uma característica

a) da ação.

b) da jurisdição.

c) do processo.

d) da lide.

e) do procedimento.

COMENTÁRIOS: 

Estudamos que a Indeclinabilidade  ou Inafastabilidade  é o princípio

processual constitucional da Jurisdição consistente na regra de que nenhumalesão ou ameaça de lesão poderá ser afastada da apreciação do PoderJudiciário. Implica no dever do Estado de solucionar os conflitos quandoprovocado pelas partes, que é decorrência do direito fundamental de acesso aopoder judiciário (direito de ação). Como o Estado detém o monopólio da jurisdição e as partes possuem direito irrestrito à ação, o Estado também temo dever de prestar a tutela jurisdicional e não apenas simples faculdade.

Com isso, não há questão que não possa ser posta em juízo para decisão do

magistrado. Todos têm direito de Ação de forma ampla, abstrata e irrestrita,mesmo que, ao final, comprovem-se infundadas suas demandas. O direito deação é puro e abstrato, independe de qualquer análise acerca do mérito daquestão.

CF-88

 Art. 5

 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário

lesão ou ameaça a direito;

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Apesar de nascer em virtude do direito de Ação, a indeclinabilidade é umacaracterística da Jurisdição. A Ação não é indeclinável, mas a Jurisdição o é.

RESPOSTA CERTA: B 

QUESTÃO 9: TCE - RO - Auditor Substituto de Conselheiro FCC] – 05/09/2010. 

A jurisdição contenciosa civil

a) é divisível.

b) é atividade substitutiva.

c) é exercida pelo Tribunal de Contas da União.

d) é exercida por membro do Ministério Público.

e) não pressupõe território.

COMENTÁRIOS: 

Quatro princípios importantes da Jurisdição que responde à questão:

1.  Unicidade  –  a jurisdição é UNA, não havendo divisõesinternas da própria jurisdição, mas tão somente de seuexercício. Assim, as classificações das Justiças (Comum eEspecial, entre outras) são apenas para caracterização e

definição de competências, não se tratando de diversas jurisdições.

2.  Substitutividade  –  o Estado-Juiz, com poder de império,substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto.Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas nãoconseguem por si próprias com seus litígios.

3.  Investidura  –  a atividade jurisdicional deve ser exercidapelos órgãos estatais que foram regularmente investidos na

função jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a

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 jurisdição aquele órgão a que a lei atribui o poder jurisdicional.

Para ser investido regularmente na condição de Juiz(Magistrado), a pessoa tem que ser aprovada em concursopúblico de provas e títulos ou terá que ser nomeada paraTribunais de Justiça, Tribunais Federais e TribunaisSuperiores, nas diversas formas previstas na ConstituiçãoFederal (todas são formas de investidura regular na atividade

 jurisdicional, que legitimam sua atuação funcional). Assim,um Delegado de Polícia jamais poderá praticar atosexclusivos da esfera judicial, posto não ter sido investidoregularmente no cargo de Juiz.

4.  Aderência ou Territorialidade  –  o exercício da jurisdiçãodeve estar previamente vinculado a uma determinada zonaterritorial, isto é, os Juízes têm autoridade jurisdicional tãosomente no território específico que exercem suas funções, o

chamado FORO. Na Justiça Estadual o Foro é a Comarca. NaJustiça Federal, é a Seção Judiciária; Na Justiça Eleitoral é aZona Eleitoral. Este é o chamado Princípio da Aderência – a jurisdição está aderente apenas à região geográfica de seuexercício. Exemplo: o Juiz do STF tem jurisdição em todo opaís; o Juiz da capital de um determinado Estado temcompetência somente naquela região.

Em resumo, faço as seguintes considerações:

  a Jurisdição NÃO é divisível, pois ela é UMA;  a Jurisdição é substitutiva, por isso o item B está CORRETO.  A Jurisdição somente é exercida por quem se investiu regularmente na

atividade jurisdicional (Tribunal de Contas e Ministério Público nãoexercem atividade jurisdicional), por isso os itens C e D estão ERRADOS.

  A Jurisdição pressupõe sim território, pois serve de base e limitação desua atuação (princípio da Aderência ou Territorialidade). Portanto, item Eestá ERRADO.

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RESPOSTA CERTA: B 

QUESTÃO 10: TJ - PA - Analista Judiciário –  Direito [FCC] – 24/05/2009. 

Jurisdição é

a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis queregulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade.

b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social,estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.

c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo dedizer o direito no caso concreto.

d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante oEstado a solução de um conflito de interesses.

e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando oDireito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.

COMENTÁRIOS: 

Item A – errado. Somente o Poder Judiciário exerce jurisdição. A faculdade depropor e sancionar leis é uma atribuição constitucional do Presidente daRepública de caráter legislativo (atípica das atividades do Executivo), mas

dissociadas da jurisdição.Item B – errado. Esta é a função típica do Poder Legislativo (inovar na ordem jurídica).

Item C – correto. Perfeito! Este é o conceito de Jurisdição (dizer o direito nocaso concreto).

A Jurisdição é o poder do Estado, através de um órgão jurisdicional(Estado-Juiz), de julgar as causas que lhe forem apresentadas, dizendo odireito cabível ao caso concreto. Em outras palavras, a jurisdição é definição do

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direito por meio de um terceiro imparcial (Estado), de forma autoritária,monopolista e em última instância.

Segundo Ada Pelegrine Grinover, em clássica definição, a jurisdiçãoé a “função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos

interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito

que os envolve com justiça”.

O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, quevale detalhar para melhor entendimento:

o  Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de formamonopolista, ou seja, o Estado chama para si aresponsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a elesão reclamados, transformando-se em Poder Estatal dedecidir os conflitos a ele apresentados. A jurisdição comopoder é manifestação da capacidade do Estado de impor suasdecisões jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aquié o Estado com sua “mão de ferro”. 

o  Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma dasfunções ou finalidades do Estado, a de pacificação social erealização da justiça no caso concreto.

o  Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode serconceituada como os atos materiais e visíveis (atos doprocesso judicial no plano prático) desenvolvidos pelosJuízes, investidos pelo Estado no poder de julgar.

Item D – errado. Este é o direito de Ação.

Item E –  errado. A Jurisdição não é um instrumento, pois se trata de umPoder. O instrumento é o PROCESSO e não a Jurisdição.

RESPOSTA CERTA: C 

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QUESTÃO 11: MPE - SE - Analista do Ministério Público – Direito [FCC]– 19/04/2009. 

Nos procedimentos de jurisdição voluntária

a) a iniciativa para iniciar o processo caberá exclusivamente ao MinistérioPúblico.

b) não haverá citação, porque inexistem partes, mas interessados.

c) não cabe apelação da sentença.

d) em nenhuma hipótese caberá intervenção do Ministério Público, porque nãohá lide.

e) o juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendoadotar em cada caso a solução que reputar mais correta ou oportuna.

COMENTÁRIOS: 

Item A –  errado. São legitimados para dar início ao Processo de JurisdiçãoVoluntária o INTERESSADO e o Ministério Público.

CPC

 Art. 1.104. O procedimento terá início por  provocação do

interessado ou do Ministério Público , cabendo-lhes formular o

 pedido em requerimento dirigido ao juiz, devidamente instruído

com os documentos necessários e com a indicação da providência

 judicial.

Item B –  errado. Apesar do CPC prevê a figura dos INTERESSADOS, nãoexcluiu deles o direito de ser CITADOS.

CPC

 Art. 1.105. Serão citados , sob pena de nulidade, todos os

interessados , bem como o Ministério Público.

Item C – errado. Existe um Processo Judicial de Jurisdição Voluntária (Ação,Sentença, Apelação, etc) igual ao Processo de Jurisdição Contenciosa. Note-se

que os processos de Jurisdição Voluntária são encerrados por Sentença, de

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que cabe o Recurso de Apelação  para o Tribunal, e não por decisãoadministrativa.

CPC

 Art. 1.110. Da sentença caberá apelação.

Item D – errado. Apesar de não haver inicialmente uma LIDE, o CPC determinaa INTERVENÇÃO obrigatória  do Ministério Público em TODOS  osprocedimentos de Jurisdição Voluntária. A doutrina e a jurisprudência

defendem que o MP não intervirá em todo caso, mas somente nos processosque versem sobre direitos indisponíveis. Assim, o MP estaria autorizado anão intervir nos procedimentos em que não ficasse caracterizada aindisponibilidade dos direitos. De todo modo, devemos ter em mente o queprevê o CPC.

CPC

 Art. 1.103. Quando este Código não estabelecer procedimento

especial, regem a jurisdição voluntária as disposições constantes

deste Capítulo.

 Art. 1.105. Serão citados , sob pena de nulidade, todos os

interessados, bem como o Ministério Público.

Item E –  correto. Há uma relativização do princípio da legalidade estrita noâmbito dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art. 1109 do CPC que oJuiz não é obrigado a observar o critério da legalidade estrita, podendo pautarseus atos na equidade e na solução mais conveniente e oportuna ao caso.

O objetivo da norma é conferir ao Juiz em Jurisdição Voluntária uma margemde discricionariedade  maior para decisão. Esta discricionariedade é maiortanto na condução do processo, quanto em sua decisão, afastando um apegoexagerado às formalidades da lei. A intenção do legislador era conferir umadecisão mais justa, mais oportuna e mais adequada no âmbito da JurisdiçãoVoluntária, dando uma maior elasticidade aos seus procedimentos. Com isso,fala-se da utilização de um juízo de equidade e discricionariedade.

CPC

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 Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não

é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estrita ,

 podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais

conveniente ou oportuna.

RESPOSTA CERTA: E 

QUESTÃO 12: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa[FCC] – 07/09/2008. 

Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou ointeressado a requerer, nos casos e formas legais.

COMENTÁRIOS: 

Princípio da Inércia – o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdição

não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende de provocação das partespara início do processo). Este princípio decorre do Princípio da Imparcialidade,tendo em vista que se um Juiz iniciasse um processo, certamente desde játeria uma posição que adotaria em sua decisão. Este princípio guarda exceçõeslegais. Exemplo: execução trabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício;procedimentos de jurisdição voluntária, etc.

A Inércia  foi insculpida no próprio texto do Código de Processo Civil, nostermos abaixo:

CPC

 Art. 2o Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional   senão

quando a parte ou o interessado a requerer  , nos casos e

forma legais.

RESPOSTA CERTA: C 

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QUESTÃO 13: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa[FCC] – 07/09/2008. 

Na jurisdição voluntária, não há lide, tratando-se de forma de administraçãopública de interesses privados.

COMENTÁRIOS: 

Para a Doutrina Clássica, a Jurisdição Voluntária NÃO é Jurisdição, mas

apenas Administração Pública de interesses privados, entre outros motivos,porque não há LIDE - por não haver brigas e conflitos, mas apenas concursoou convergência de vontades.

Observem que predomina no Brasil ainda a Doutrina Clássica, inclusive para asBancas de Concurso.

RESPOSTA CERTA: C 

QUESTÃO 14: TRT 23ª - Analista Judiciário –  Judiciária [FCC] – 24/06/2008. 

O art. 5o, XXXVII da Constituição Federal dispõe que "não haverá juízo outribunal de exceção". Esse dispositivo consagra, em relação à jurisdição, oprincípio

a) da especialização.

b) da improrrogabilidade da jurisdição.c) da indeclinabilidade da jurisdição.

d) do juiz natural.

e) da indelegabilidade da jurisdição.

COMENTÁRIOS: 

1.  Juiz Natural ou Imparcialidade  –  O Princípio do Juízo

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Natural  é extraído do Devido Processo Legal e de doisespecíficos dispositivos do art. 5º da Constituição Federal(incisos XXXVII e LIII). O Juiz Natural é aquele investidoregularmente na jurisdição (investidura) e com competênciaconstitucional para julgamento dos conflitos a elesubmetidos. É aquele previsto antecedentemente, comcompetência abstrata e geral, para julgar matéria específicaprevista em lei.

A CF-88, ao instituir o Princípio visa coibir a criação deórgãos judicantes para julgamento de questões depois dofato (ex post facto)  ou de determinadas pessoas (ad

 personam).

O Princípio do Juiz Natural pode ser visualizado sob 2 (dois)prismas diversos:

1.  Juiz Natural em sentido Formal  –  consagra 2(duas) garantias básicas:

a.  proibição de Tribunal de Exceção (art. 5º, XXXVII )

b. 

respeito às regras objetivas de determinaçãode competência jurisdicional (art. 5º, LIII ).

Proibição de Tribunal de Exceção - O Tribunal de Exceçãoé um órgão jurisdicional criado excepcionalmente para julgardeterminada causa, consistindo em um juízo extraordinário.

É o caso de criar um órgão judicial para julgar um específicoconflito. Exemplo: Tribunal Penal que julgou Saddan Russen(apesar das barbáries que ele cometeu, vocês acham que eleseria julgado de forma imparcial?); Tribunal de Nuremberg,criado para julgar os crimes dos nazistas após a 2ª GuerraMundial.

O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc  (para o caso), ou ex post facto (juízo designado após o fato)

ou ad personam (para determinada pessoa).

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O Princípio do Juiz Natural garante a imparcialidade dasdecisões judiciais. Portanto, é uma garantia constitucional ser julgado por um juiz que já está posto. O Juiz Natural é oúnico que pode ser imparcial.

No Processo Civil poderá ser atentado contra o Princípioquando o Presidente do Tribunal designa unilateralmente umJuiz para julgar determinada causa, sem passar o processopela distribuição eletrônica (critério objetivo e abstrato de

distribuição das ações entre os juízes disponíveis).

Respeito às regras objetivas de determinação decompetência jurisdicional.

Além da proibição de Tribunal de Exceção, o Juiz Natural emsentido Formal  garante que o Juízo seja competente para julgar a causa. Essa competência tem que ser fixada deacordo com as regras legais processuais de determinação decompetência (critérios objetivos de fixação de competência).É a lei que atribui a competência para o Juiz (ele não escolhea causa, nem a causa escolhe o juiz).

As regras gerais de determinação de competência,previamente estabelecidas, fixam a competência do Juiz.Uma ação não pode ser distribuída deliberadamente para umJuiz específico sem um motivo legal para tanto. A distribuiçãoobjetiva e imparcial dos processos é uma forma de garantir oJuiz Natural. Por isso, violar a distribuição eletrônica de

processos é violar o Juiz Natural.

Frise-se que é a lei é quem cria as regras de competência,bem como os modos de sua alteração. O que é vedado é opróprio Juiz pleitear a alteração das regras que fixaram a suacompetência. Assim, a garantia do Juiz Natural veda o Poderde Avocação de processos por parte de Magistrado.

CF-88

 Art. 5

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 XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela

autoridade competente;

2.  Juiz Natural em sentido Material –  é a garantiada imparcialidade do Juiz. Todo magistrado deveexercer sua função de forma imparcial, equidistantedas partes. É garantia da Justiça Material

(independência e imparcialidade dos Magistrados).Portanto, Juiz Natural é o Juiz Competente (dimensão Formal) e

Imparcial (dimensão Material).

RESPOSTA CERTA: D 

QUESTÃO 15: TRT 9ª - Técnico Judiciário –  Administrativa [FCC] – 

12/09/2006 (ADAPTADA). Considere as afirmativas a respeito da atividade jurisdicional:

II. A atividade jurisdicional só tem início quando provocada.

III. A atividade jurisdicional pode ser delegada a órgãos do Poder Legislativo edo Poder Executivo.

Está correto o que se contém APENAS em

a) II.

b) II e III.

c) III.

d) nenhuma.

COMENTÁRIOS: 

Item II – correto. É o Princípio da INÉRCIA Jurisdicional.

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Item III –  errado. É o Princípio da  Indelegabilidade –  o Juiz não podedelegar suas funções, pois as exerce de forma exclusiva. É possível, contudo,delegações da prática de atos por outros Juízes (ex: cartas de ordem; cartasprecatórias, etc), mas jamais para outros órgãos diversos da atividade judicante (Exemplo: o mesmo caso do Delegado de Polícia).

Este Princípio decorre do Princípio da Investidura – a atividade jurisdicionaldeve ser exercida pelos órgãos estatais que foram regularmente investidos nafunção jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a jurisdição aquele

órgão a que a lei atribui o poder jurisdicional.

Portanto, é impossível a delegação das atividades jurisdicionais a órgãos deoutro Poder (Legislativo e Executivo).

RESPOSTA CERTA: A 

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EXERCÍCIOS COM GABARITO

QUESTÃO 1: TJ - ES - Analista Judiciário 2 – Administrativa [CESPE] -03/04/2011.

Uma das características da atividade jurisdicional é a sua inércia, razão pelaqual, em nenhuma hipótese, o juiz deve determinar, de ofício, que se inicie o

processo.

QUESTÃO 2: TJ - ES - Analista Judiciário 2 – Administrativa [CESPE] -03/04/2011.

A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-sea vontade privada por uma atividade pública.

QUESTÃO 3: TRE - ES - Analista Judiciário – Administrativa [CESPE] -30/01/2011. 

Uma das distinções entre a função jurisdicional e a administrativa éidentificada na imparcialidade do órgão estatal que exerce a função jurisdicional.

QUESTÃO 4: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -26/09/2010. 

O princípio da inércia, um dos princípios basilares da jurisdição, não admiteexceção.

QUESTÃO 5: OAB - Exame de Ordem Unificado 2009-3 [CESPE] -17/01/2010. 

Na jurisdição voluntária, as despesas serão pagas exclusivamente pelorequerente.

QUESTÃO 6: Banco Central – Procurador [FCC] – 08/01/2006. 

O princípio da inércia da jurisdição significa que

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a) nenhum Juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou ointeressado a requerer, nos casos e forma legais.

b) todos os atos processuais dependem de preparo.

c) a lei processual só admite a submissão da sentença ao duplo grau de jurisdição, se houver recurso voluntário da parte.

d) o Juiz não determinará a emenda da petição inicial, salvo se o réu arguir

sua inépcia.e) ao Juiz é vedado impulsionar o processo, cabendo somente à parte requerero que entender necessário.

QUESTÃO 7: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -26/09/2010. 

O princípio da indelegabilidade estabelece que a autoridade dos órgãos jurisdicionais, considerados emanação do próprio poder estatal soberano,impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes ou deeventual pacto para aceitarem os resultados do processo.

QUESTÃO 8: TRT 22ª - Analista Judiciário –  Judiciário [FCC] – 14/11/2010. 

A indeclinabilidade é uma característica

a) da ação.

b) da jurisdição.

c) do processo.d) da lide.

e) do procedimento.

QUESTÃO 9: TCE - RO - Auditor Substituto de Conselheiro FCC] – 05/09/2010. 

A jurisdição contenciosa civil

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a) é divisível.

b) é atividade substitutiva.

c) é exercida pelo Tribunal de Contas da União.

d) é exercida por membro do Ministério Público.

e) não pressupõe território.

QUESTÃO 10: TJ - PA - Analista Judiciário–

  Direito [FCC]–

 24/05/2009. 

Jurisdição é

a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis queregulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade.

b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social,estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.

c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo dedizer o direito no caso concreto.

d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante oEstado a solução de um conflito de interesses.

e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando oDireito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.

QUESTÃO 11: MPE - SE - Analista do Ministério Público – Direito [FCC]– 19/04/2009. 

Nos procedimentos de jurisdição voluntária

a) a iniciativa para iniciar o processo caberá exclusiva mente ao MinistérioPúblico.

b) não haverá citação, porque inexistem partes, mas interessados.

c) não cabe apelação da sentença.

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d) em nenhuma hipótese caberá intervenção do Ministério Público, porque nãohá lide.

e) o juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendoadotar em cada caso a solução que reputar mais correta ou oportuna.

QUESTÃO 12: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa[FCC] – 07/09/2008. 

Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou ointeressado a requerer, nos casos e formas legais.

QUESTÃO 13: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa[FCC] – 07/09/2008. 

Na jurisdição voluntária, não há lide, tratando-se de forma de administraçãopública de interesses privados.

QUESTÃO 14: TRT 23ª - Analista Judiciário –  Judiciária [FCC] – 24/06/2008. 

O art. 5o, XXXVII da Constituição Federal dispõe que "não haverá juízo outribunal de exceção". Esse dispositivo consagra, em relação à jurisdição, oprincípio

a) da especialização.

b) da improrrogabilidade da jurisdição.

c) da indeclinabilidade da jurisdição.

d) do juiz natural.e) da indelegabilidade da jurisdição.

QUESTÃO 15: TRT 9ª - Técnico Judiciário –  Administrativa [FCC] – 12/09/2006 (ADAPTADA). 

Considere as afirmativas a respeito da atividade jurisdicional:

II. A atividade jurisdicional só tem início quando provocada.

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III. A atividade jurisdicional pode ser delegada a órgãos do Poder Legislativo edo Poder Executivo.

Está correto o que se contém APENAS em

a) II.

b) II e III.

c) III.

d) nenhuma.

GABARITOS OFICIAIS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10E C C E E A E B B C

11 12 13 14 15E C C D A

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RESUMO DA AULA

Destacam-se abaixo as formas mais conhecidas para composiçãodos litígios:

1.  AUTOTUTELA  –  a solução do conflito é realizada por simplesimposição de uma vontade sobre a outra. Esta forma deresolução das contendas sociais remonta aos tempos antigos,

quando o Estado não se mostrava presente, obrigando ao lesadoa defender-se pessoalmente contra eventual ofensor. Nostempos atuais ainda temos resquícios dessa espécie primária decomposição dos litígios, como por exemplo: Legítima DefesaPenal  (art. 23 do Código Penal); Desforço imediato nasações possessórias  (arts. 1.210 e 1.467-1471); Estado deNecessidade Penal, entre outros tantos casos.

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2.  AUTOCOMPOSIÇÃO  –  é a busca amigável entre as partesinicialmente conflitantes, sem a imposição de vontades de umparte sobre a outra, para por fim ao combate de interesses. Éuma forma de solução do conflito pelo consentimento doslitigantes em sacrificar suas intenções parciais em prol de umasolução final para o embate. São 3 Formas de Autocomposição:

a.  Transação – na transação ambas as partes renunciam a

parcela de suas pretensões (autor renuncia de parte deseus pedidos e réu reconhece parcialmente a procedênciadas alegações do autor). Resumo: concessões mútuas na busca de uma solução comum para ambas as partes.

b.  Submissão  –  é o reconhecimento jurídico do pedido doautor pelo réu, isto é, o réu reconhece de forma livre asalegações do autor, entregando sem resistência o quantopor ele solicitado.

c. 

Renúncia  –  é a desistência do autor, lesado em seudireito, de continuar na busca da efetivação de suapretensão. Neste caso o autor  é que abre mão de seudireito.

3.  ARBITRAGEM – é uma técnica de solução dos litígios por meioda participação de um TERCEIRO não interessado  na causa(imparcial), que decidirá, a pedido das partes, o conflito entreelas estabelecido. A Arbitragem é regulada pela Lei nº

9.307/1996, sendo por natureza voluntária  (escolha daspartes, nunca por imposição) e somente poderá ser contratadapor pessoas capazes  para solução de direitos patrimoniaisdisponíveis.

  Cláusula Compromissória  –  prévia e abstratadefinição de arbitragem futura.

  Compromisso Arbitral  –  posterior e concreta

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definição de arbitragem atual.

4.  JURISDIÇÃO  –  etimologicamente, significa “dizer o direito”,

pois vem de “juris” (direito) e “dictio” (dizer). Em linguagem

simples, a jurisdição é a forma do ESTADO, por meio daautoridade judicial, de dizer o direito ao caso posto.

O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, que

vale detalhar para melhor entendimento:o  Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de forma

monopolista, ou seja, o Estado chama para si aresponsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a elesão reclamados, transformando-se em Poder Estatal dedecidir os conflitos a ele apresentados. A jurisdição comopoder é manifestação da capacidade do Estado de impor suasdecisões jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aqui

é o Estado com sua “mão de ferro”. o  Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma das

funções ou finalidades do Estado, a de pacificação social erealização da justiça no caso concreto.

o  Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode serconceituada como os atos materiais e visíveis (atos doprocesso judicial no plano prático) desenvolvidos pelosJuízes, investidos pelo Estado no poder de julgar.

A jurisdição tem 3 (três) grandes objetivos:

1.  Objetivo Jurídico  –  aplicar o direito previsto na Lei  (nasnormas jurídicas) ao caso concreto.

2. 

Objetivo Social  –  pacificar a sociedade, promovendo o bemcomum e eliminando os conflitos existentes.

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3.  Objetivo Político  –  realizar a justiça, afirmar o poder jurisdicional e preservar os direitos fundamentais do homem.

Princípios da Jurisdição:

1.  Inevitabilidade – após as partes submeterem seu litígio à jurisdição estatal, não poderão posteriormente furtar-se ao

cumprimento da decisão exarada (a execução da decisão jurisdicional será inevitável para as partes do processo apósa deflagração do processo judicial).

2.  Indeclinabilidade  ou Inafastabilidade  –  é o princípioprocessual constitucional da Jurisdição consistente na regrade que nenhuma lesão ou ameaça de lesão poderá serafastada da apreciação do Poder Judiciário. Implica no deverdo Estado de solucionar os conflitos quando provocado pelas

partes, que é decorrência do direito fundamental de acessoao poder judiciário (direito de ação). Como o Estado detém omonopólio da jurisdição e as partes possuem direito irrestritoà ação, o Estado também tem o dever de prestar a tutela jurisdicional e não apenas simples faculdade.

3.  Investidura  –  a atividade jurisdicional deve ser exercidapelos órgãos estatais que foram regularmente investidos nafunção jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a

 jurisdição aquele órgão a que a lei atribui o poder jurisdicional.

4.  Indelegabilidade – o Juiz não pode delegar suas funções,pois as exerce de forma exclusiva. É possível, contudo,delegações da prática de atos por outros Juízes (ex: cartasde ordem; cartas precatórias, etc), mas jamais para outrosórgãos diversos da atividade judicante (Exemplo: o mesmocaso do Delegado de Polícia).

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5.  Inércia –  o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (dependede provocação das partes para início do processo). À regra daInércia há exceções previstas em Lei, que permitem o inícioexcepcional do processo por provocação das partes(Exemplo: Execução Trabalhista de verbas definidas;Execução Penal; início do processo de inventário, se os

legitimados não o fizerem no prazo conferido pela Lei;decretação da falência de empresa em recuperação judicial,etc).

6.  Aderência ou Territorialidade  –  o exercício da jurisdiçãodeve estar previamente vinculado a uma determinada zonaterritorial, isto é, os Juízes têm autoridade jurisdicional tãosomente no território específico que exercem suas funções, ochamado FORO.

7.  Unicidade  –  a jurisdição é UNA, não havendo divisõesinternas da própria jurisdição, mas tão somente de seuexercício. Assim, as classificações das Justiças (Comum eEspecial, entre outras) são apenas para caracterização edefinição de competências, não se tratando de diversas jurisdições.

8.  Substitutividade  –  o Estado-Juiz, com poder de império,substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto.

Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas nãoconseguem por si próprias com seus litígios.

9.  Definitividade – aptidão para formação da coisa julgada. A jurisdição tem o condão de tornar suas decisões imutáveis.

10.  Improrrogabilidade  –  a jurisdição não pode serexercida por Juiz incompetente, sendo os limites da jurisdição estabelecidos na Constituição Federal.

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11.  Juiz Natural ou Imparcialidade  –  O Princípio doJuízo Natural é extraído do Devido Processo Legal e de doisespecíficos dispositivos do art. 5º da Constituição Federal(incisos XXXVII e LIII). O Juiz Natural é aquele investidoregularmente na jurisdição (investidura) e com competênciaconstitucional para julgamento dos conflitos a elesubmetidos. É aquele previsto antecedentemente, com

competência abstrata e geral, para julgar matéria específicaprevista em lei.

A Jurisdição pode ser classificada em 2 (duas) principais espécies,que passamos a detalhar:

o  Jurisdição Contenciosa – é a jurisdição propriamente dita,sendo a atividade estatal exercida pelo Poder Judiciário,consistente no poder de dizer o direito no caso concreto,solucionando as lides em substituição aos interesses das

partes.

o  Jurisdição Voluntária  –  consiste na integração  efiscalização  de negócios firmados entre particulares. Hámuita discursão na doutrina acerca da natureza da JurisdiçãoVoluntária, se também seria ou não propriamente umaJurisdição (se não seria uma mera Administração Pública deinteresses privados).

Características da Jurisdição Voluntária  para a DoutrinaClássica:

1.  não há LIDE  - por não haver brigas e conflitos, masapenas concurso ou convergência de vontades;

2.  não há PARTES  –  por não haver lide, não há partesparciais, mas apenas interessados;

3. 

o Juiz é um Administrador Público e não um Juiz;

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4.  não há a Substitutividade, tendo em vista que o Estadonão substitui a vontade das partes, mas a integra paraformalizar o ato (o Juiz se insere entre os participantes donegócio jurídico);

5.  não há Ação e nem Processo, mas apenas um simplesProcedimento;

6.  não há Sentença de mérito, mas mera homologação deacordo de vontades;

7.  não há formação da Coisa Julgada (Definitividade) enem possibilidade de Ação Rescisória, tendo em vista ser a jurisdição voluntária negócio jurídico consensual; 

Para uma Doutrina mais Moderna, a Jurisdição Voluntária éJurisdição, pelos seguintes motivos principais:

1.  A não configuração de LIDE no início do processo não

significa  que no processo de jurisdição voluntária nãoseja possível o surgimento de conflito de interesses. Porisso, o fato não haver Lide inicial não descaracterizaria aJurisdição Voluntária;

2.  Apesar de não existir conflito entre partes, o conceito dePARTES  do processo é aquela que postula  e nãonecessariamente quem seja litigante;

3.  A função jurisdicional abrange a tutela de interesses

particulares sem litigiosidade, desde que exercida porórgãos investidos das garantias necessárias deimpessoalidade e  independência. Ou seja, a atuaçãoda jurisdição não está cingida à conformação do direito àssituações concretas, a solucionar conflitos, mas também atutelar também interesses de particulares, como órgão doEstado;

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4.  O Juiz é uma autoridade imparcial e desinteressada, comoem qualquer atividade jurisdicional, diferentemente daAdministração Pública, que visa seus interesses parciais(defesa legal dos interesses do Estado);

5.  A Jurisdição Voluntária possui natureza Preventiva e nãoa apenas de solucionar conflitos já existentes;

6.  Existe um Processo Judicial  de Jurisdição Voluntária(Ação, Sentença, Apelação, etc). Note-se que os processosde Jurisdição Voluntária são encerrados por Sentença, deque cabe o Recurso de Apelação para o Tribunal, e nãopor decisão administrativa;

7.  Apesar da permissão de modificação das decisões por fatosuperveniente, a regra é pela possibilidade de constituiçãode coisa julgada. Ademais, da mesma forma em que háprocessos de Jurisdição Contenciosa sem coisa julgada(exceção), o mesmo pode ocorrer com os processos deJurisdição Voluntária.

Predomina ainda no Brasil (posição majoritária) o entendimentoda Doutrina Clássica, o de que a Jurisdição Voluntária tem natureza deAdministração Pública de interesses privadas, isto é, que NÃO é jurisdição.

Resumo  do entendimento acerca da Natureza Jurídica  daJurisdição Voluntária:

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA

É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL

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NÃO há Jurisdição Há Jurisdição

NÃO há Processo, mas meroProcedimento

Há Processo

NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes

Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada

NÃO há LIDE Pode haver LIDE

Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz

Peculiaridades do Processo de Jurisdição Voluntária:

o  São legitimados  para dar início ao Processo de Jurisdição

Voluntária o INTERESSADO e o Ministério Público;o  O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória  do

Ministério Público em TODOS  os procedimentos deJurisdição Voluntária.

o  Há uma relativização do princípio da legalidade estrita noâmbito dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art.1109 do CPC que o Juiz não é obrigado a observar o critérioda legalidade estrita, podendo pautar seus atos na equidade

e na solução mais conveniente e oportuna ao caso.

Finalizo aqui os meus comentários desta pequena Aula

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Demonstrativa, convidando a todos para a próxima aula (AULA 1), que darácontinuidade ao estudo do Direito Processual Civil.

Espero a todos na AULA 1!

Fraterno Abraço e até a próxima!

Ricardo Gomes

Por sua aprovação!