Autismo - Guia Prático, Ana Ros de Mello

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    motivo de muito orgul-ho e satisfao chegar 4aedio deste Guia Prtico,que tambm est disponvelpara download gratuito nainternet, j com dezenas demilhares de cpias baixadas

    do nosso site www.ama.org.br. A reao dos leitores

    principalmente pais quenos escreveram e relatarama importncia de uma pub-licao como esta em suasvidas, clara, didtica e diretoao ponto, tem nos estimuladoenormemente a atualiz-la ereedit-la.

    Marisa Furia Silva / 2005

    Guia Prtico

    Ana Maria S Ros de Mello

    4 Edio

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    Sumrio

    Prefcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7Prefcio 4a edio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11I. Um Bom Comeo: Conhecer a Questo do Autismo . . . . . 15

    Definio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Incidncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Causas do autismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Manifestaes mais comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18O espectro de manifestaes autsticas . . . . . . . . . . . . . . 20Como feito o diagnstico de autismo . . . . . . . . . . . . . . . 22Instrumentos para diagnosticar o autismo . . . . . . . . . . . . . 24

    II. Sndrome de Asperger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Critrios para diagnstico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27Intervenes e tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28O aluno com Sndrome de Asperger . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

    Algumas orientaes para professores, educadores e cuidadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    III. Passos Que Podem Ajudar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Informe-se ao mximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Permita-se sofrer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Reaprenda a administrar seu tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Saiba exatamente quais so os objetivos de curto prazo para seu

    filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Por ltimo, evite: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33IV. Tipos Mais Usuais de Interveno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    TEACCH - Tratamento e educao para crianas autistas e comdistrbios correlatos da comunicao . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    ABA - Anlise aplicada do comportamento . . . . . . . . . . . . 37PECS - Sistema de comunicao atravs da troca de figuras 39

    Secretaria Especial dos Direitos HumanosCOORDENADORIA NACIONAL PARA INTEGRAO DA PESSOA PORTADORA DEDEFICINCIA - CORDEEsplanada dos Ministrios - Bloco T anexo II 2o andar - sala 20670064-900 - Braslia - DFFones: (61) 226 0501 - 429 3684 - Fax: (61) 225 0440site: www.presidencia.gov.br/sedh/corde e-mail: [email protected]

    AMA - ASSOCIAO DE AMIGOS DO AUTISTARua do Lavaps, 1123 - Cambuci 01519-000 - So Paulo - SPFones/Fax: (11) 3272-8822 / 3207-2363www.ama.org.br | [email protected]

    Direitos cedidos AMA por Ana Maria S. Ros de Mello.Colaborao: Marialice de Castro Vatavuk, Grupo de Discusso sobre Sndrome deAspergerDesenhos: Eduardo Ho, 10 anos.Foto da capa: Alejandro, 3 anos.1a edio Dezembro de 2000, 2a ed. Novembro de 2001, 3a ed. Outubro de 2004Distribuio GratuitaTiragem: 2.000 exemplaresDiagramao: 1 edio, Teresa Jimnez Sanz, 2 edio, Deise Megumi Somayama,3a e 4a edies, Mariana S. Rocha de MelloNormalizao: Maria Amlia Elisabeth Carneiro VerissimoReferncia bibliogrfica:MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prtico. 4. ed. So Paulo: AMA; Braslia:CORDE, 2005. 103 p.: il.

    Mello, Ana Maria S, Ros deAutismo : guia prtico / Ana Maria S. Ros de Mello ; cola-

    4.ed borao : Marialice de Castro Vatavuk. . __ 4.ed. __ So Paulo :AMA ; Braslia : CORDE, 2004

    104 p. : il. 21cm.

    1. Autismo 2. Autismo, Diagnstico 3. Autismo, IntervenoTeraputica 4. Autismo, Tcnica de ensino 5. Criana autista 6.Psicopatologia infantil 7. Sndrome de Asperger I. Vatavuk, Marialicede Castro 2. Associao de Amigos do Autista 3. Brasil. CoordenadoriaNacional para Integrao da Pessoa Portadora de DeficinciaCDD 18.ed. 618.928982

    ndice para catlogo sistemtico1. Autismo : Pediatria 618.928982

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    Para Guilherme, meu filho, que tantas vezes me fez chorar - algumasde tristeza, outras de alegria e outras pela pura emoo de conhecer epoder aventurar-me por um mundo que era assustador a princpio, masque se mostrou fascinante quando explorado.

    Outros tratamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40Medicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    A incluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41V. Algumas Tcnicas com Crianas com Autismo . . . . . . . . . . . . . 43

    FC - Comunicao Facilitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44O computador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    AIT * - Integrao Auditiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46SI* - Integrao Sensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Movimentos Sherborne - Relation Play . . . . . . . . . . . . . 48

    VI. Dietas Alimentares Usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Dieta livre de glten e casena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Dieta de Feingold . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    Outras dietas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52VII. Coisas Para Fazer e Coisas Para Evitar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Freqente locais pblicos com seu filho . . . . . . . . . . . . . . 53Trabalhe pela independncia de seu filho . . . . . . . . . . . . 54Estabelea rotinas que facilitem a organizao de seu filho . 55Ensine seu filho a quebrar rotinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Anexo I: DSM-IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Anexo II: CID-10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Anexo III: CHAT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63Anexo IV: Autismo - os sintomas da doena . . . . . . . . . . . . . . . . . 72Anexo V: Critrio diagnstico da Sndrome de Asperger . . . . . . . . . . 73Algumas Perguntas Comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83Endereos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

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    Prefcio

    A inteno ao escrever este guia era a de poder ajudar um nmero muito grandede pais e, por que no, tambm de estudantes e profissionais interessados emautismo.

    Pois se ningum faz curso para ser pai e a experincia de ter filhos um desa-fio para todos, o que dizer da experincia que alguns passamos ao percorrer ocaminho do nascimento do filho ao diagnstico do autismo, prosseguindo com aeducao do filho e o grande nmero de decises que temos que tomar muitasvezes sem o mnimo de conhecimento ou preparo.

    Ajudar um pai a enfrentar essa situao tarefa grande demais para um livro topequeno, mas a inteno dar um pequeno passo em direo a isso, de formaa ajudar cada pai a desbravar o seu prprio caminho e principalmente a no terreceio de procurar ajuda sempre que necessrio. A idia entregar a pais e pro-fissionais um texto bsico e resumido que ajude a encarar a questo do autismode forma realista e positiva.

    Esperamos sinceramente que seja til e que abra um canal que possibilite quecada vez mais cresa o interesse pelo autismo e a divulgao de todas as pos-sibilidades de ajuda para quem tem autismo e seus familiares.

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    Prefcio 4a edio

    O grande mrito deste pequeno livro tem sido ajudar muitos pais a percorrer ocaminho do diagnstico de seus filhos, e principalmente a fazer isto de uma formamenos sofrida.

    Nesta edio inclumos um pequeno captulo sobre Sndrome de Asperger. Estasndrome era praticamente desconhecida at muito pouco tempo, o que dificultavaem muito a incluso destas crianas.

    Pela colaborao, agradeo aos pais do Grupo de Discusso sobre Sndrome deAsperger, que formado por portadores da Sndrome e seus familiares - parasaber mais sobre este grupo, visite http://www.grupos.com.br/grupo/asperger, etambm http://paginas.terra.com.br/saude/asperger.

    A partir desta edio, seguindo uma tendncia mundial, alternamos a referncia aoautista ou pessoa autista por pessoa com autismo. Esta mudana importapor ser um sinal da evoluo do nvel de cidadania ocorrida nestes 5 anos queseparam esta edio da primeira.

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    Apresentao

    O autismo um distrbio do desenvolvimento humano que vem sendoestudado pela cincia h quase seis dcadas, mas sobre o qual ainda per-manecem, dentro do prprio mbito da cincia, divergncias e grandesquestes por responder.

    H dezoito anos, quando surgiu a primeira associao para o autismo nopas, o autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas,entre elas poucos mdicos, alguns profissionais da rea de sade e alguns

    pais que haviam sido surpreendidos com o diagnstico de autismo paraseus filhos.

    Atualmente, embora o autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusivesido tema de vrios filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diver-sidade de caractersticas que pode apresentar e pelo fato de, na maioriadas vezes, a criana que tem autismo ter uma aparncia totalmentenormal.

    Ultimamente no s vem aumentando o nmero de diagnsticos, comotambm estes vm sendo concludos em idades cada vez mais precoces,dando a entender que, por trs da beleza que uma criana com autismopode ter e do fato de o autismo ser um problema de tantas faces, as suasquestes fundamentais vm sendo cada vez reconhecidas com mais faci-

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    Ele aprendeu rotinas prticas do cotidiano muito tarde e com grandedificuldade... em compensao, ele aprendeu a falar muito cedo e falousua primeira palavra com dez meses, bem antes de poder andar. Elerapidamente aprendeu a expressar-se com frases e logo falou comoum adulto... Desde cedo Fritz nunca fez o que lhe era pedido. Ele fezapenas o que queria, ou o oposto ao que lhe era pedido. Ele sempre foiagitado e irrequieto, e tendia a agarrar tudo o que estava ao seu alcance.Proibies no o detinham. Uma vez que ele tinha um impulso destrutivopronunciado, qualquer coisa que caia em suas mos era logo rasgada ouquebrada.

    Ou o seguinte depoimento da me de um menino que tem autismo:

    Aos dois anos e meio ele nunca havia pronunciado uma nica palavra.Era uma criana habilidosa e embora tivesse comeado a andar apenascom dois anos, conseguia equilibrar-se de forma impressionante e fazerpiruetas incrveis nos brinquedos do playground.

    De repente, sem nada que explicasse a atitude, cantou PARABNS AVOC, batendo palmas e pronunciando todas as palavras, coisa que srepetiu uma vez espontaneamente.

    Aos trs anos de idade aprendeu a controlar a respirao no fundo dapiscina e a atravess-la nadando embaixo da gua.

    O tempo passava e, por mais que quisssemos ou fizssemos, amospercebendo que nosso filho, embora fosse uma criana linda e de aparn-cia normal e tivesse habilidades motoras incomuns, tinha um profundo

    retardo mental, no ia falar nunca e, finalmente, quando nosso filho tinhaquatro anos conhecemos o nome do que o nosso filho tinha - nosso filhotinha autismo.

    O autismo se diferencia do retardo mental porque, enquanto no primeiroa criana apresenta um desenvolvimento uniformemente defasado, no

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    lidade por um nmero maior de pessoas. Provavelmente por isto que oautismo passou mundialmente de um fenmeno aparentemente raro paraum muito mais comum do que se pensava.

    O autismo intriga e angustia as famlias nas quais se impe, pois a pes-soa portadora de autismo, geralmente, tem uma aparncia harmoniosa eao mesmo tempo um perfil irregular de desenvolvimento, com bom fun-cionamento em algumas reas enquanto outras se encontram bastantecomprometidas.

    Para tentar ilustrar como difcil entender o que est acontecendo e a

    terrvel sensao inicial de um pai, ao perceber que algo no vai bemcom o filho mas ele no consegue entender o que , colocamos algumasdescries de crianas e depoimentos como o trecho que colocamos aseguir, do artigo de Leo Kanner em que ele descreve Donald T:

    Donald T. foi avaliado pela primeira vez em outubro de 1938, com aidade de cinco anos e um ms... Comer, dizia o relatrio (dos pais), foisempre um problema para ele. Essa criana nunca demonstrou um apetitenormal. Ver as crianas comendo doces ou sorvete nunca constituiu umatentao para ele... Com a idade de um ano cantava ou murmurava deboca fechada algumas melodias com perfeio. Antes dos dois anos deidade, tinha uma memria invulgar para rostos e nomes, sabia o nome deum grande nmero de casas de sua cidade natal. A famlia o encorajavaa aprender e recitar pequenos poemas e at decorou o salmo XXIII evinte e cinco perguntas e respostas do catecismo presbiteriano. Os paisobservaram que ele no aprendia a perguntar ou responder perguntas a

    menos que contivessem rimas ou coisa parecida, e ento quase nuncaperguntava nada a no ser com palavras isoladas.

    Ou do trecho do artigo em que Asperger descreve Fritz V. na poca com6 anos.

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    Incidncia

    A incidncia do autismo varia de acordo com o critrio utilizadpor cada autor. Bryson e col., em seu estudo conduzido no Canad em1988, chegaram a uma estimativa de 1:1000, isto , em cada mil crianasnascidas uma teria autismo. Segundo a mesma fonte, o autismo seriaduas vezes e meia mais freqente em pessoas do sexo masculino doque em pessoas do sexo feminino. Segundo informaes encontradas nosite da ASA - Autism Society of America (www.autism-society.org, 1999)

    a incidncia seria de 1:500, ou 2 casos em cada 1000 nascimentos. Deacordo com o rgo norte-americano Centers for Disease Control andPrevention (CDC, www.cdc.gov), o autismo afetaria de 2 at 6 pessoasem cada 1000, isto , poderia afetar at 1 pessoa em cada 166. O autismo seria 4 vezes mais freqente em pessoas do sexo masculino.

    O autismo incide igualmente em famlias de diferentes raas, credos ouclasses sociais.

    Causas do autismo

    As causas do autismo so desconhecidas. Acredita-se que a origem doautismo esteja em anormalidades em alguma parte do crebro ainda nodefinida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem gentica. Almdisso, admite-se que possa ser causado por problemas relacionados afatos ocorridos durante a gestao ou no momento do parto.

    A hiptese de uma origem relacionada frieza ou rejeio materna j fodescartada, relegada categoria de mito h dcadas. Porm, a despeitode todos os indcios e da retratao pblica dos primeiros defensores

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    Hoje em dia, atribui-se tanto a Kanner como a Asperger a identificao doautismo, sendo que por vezes encontramos os estudos de um e de outroassociados a distrbios ligeiramente diferentes.

    Definio

    Autismo uma sndrome(*) definida por alteraes presentes desdeidades muito precoces, tipicamente antes dos trs anos de idade, e quese caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicao, na

    interao social e no uso da imaginao.

    Estes trs desvios, que ao aparecerem juntos caracterizam o autismo,foram chamados por Lorna Wing e Judith Gould, em seu estudo realizadoem 1979, de Trade. A Trade responsvel por um padro de comporta-mento restrito e repetitivo, mas com condies de inteligncia que podemvariar do retardo mental a nveis acima da mdia.

    muito difcil imaginar estes trs desvios juntos. Um exerccio que pode

    ajudar o proposto em palestra no Brasil pela pesquisadora FrancescaHapp, de imaginar-se na China, ou em um pas de cultura e lnguadesconhecidas, com as mos imobilizadas, sem compreender os outros esem possibilidades de se fazer entender. por isso que o autismo recebeutambm o nome de Sndrome de Ops! Ca no Planeta Errado!.

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    (*) sndrome - s.f. (gr. Syndrome) Conjunto dos sintomas que caracter-izam uma doena (**)

    (**) Doena - s.f. (lat. Dolentia, dor). Alterao da sade que comportaum conjunto de caracteres definidos como causa, sinais, sintomas eevoluo; mal, molstia enfermidade.

    Fonte: Dicionrio da Lngua Portuguesa - Larousse Cultural.

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    com gestos comumente observados na maioria dos bebs, como acenaras mos para cumprimentar ou despedir-se.

    Geralmente, estas crianas no procuram o contato ocular ou o mantmpor um perodo de tempo muito curto.

    comum o aparecimento de estereotipias, que podem ser movimentosrepetitivos com as mos ou com o corpo, a fixao do olhar nas mospor perodos longos e hbitos como o de morder-se, morder as roupasou puxar os cabelos.

    Problemas de alimentao so freqentes, podendo se manifestar pelarecusa a se alimentar ou gosto restrito a poucos alimentos. Problemas desono tambm so comuns.

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    desta teoria, persistem adeptos desta corrente que ainda a defendem oudefendem teorias aparentemente diferentes, mas derivadas desta.

    J que as causas no so totalmente conhecidas, o que pode ser reco-mendado em termos de preveno do autismo so os cuidados gerais atodas as gestantes, especialmente cuidados com ingesto de produtosqumicos, tais como remdios, lcool ou fumo.

    Manifestaes mais comuns

    O autismo pode manifestar-se desde os primeiros dias de vida, mas comum pais relatarem que a criana passou por um perodo de normali-dade anteriormente manifestao dos sintomas.

    comum tambm estes pais relacionarem a algum evento familiar odesencadeamento do quadro de autismo do filho. Este evento pode seruma doena ou cirurgia sofrida pela criana ou uma mudana ou chegadade um membro novo na famlia, a partir do qual a criana apresentariaregresso. Em muitos casos constatou-se que na verdade a regresso noexistiu e que o fator desencadeante na realidade despertou a atenodos pais para o desenvolvimento anormal da criana, mas a suspeita deregresso uma suspeita importante e merece uma investigao maisprofunda por parte do mdico.

    Normalmente, o que chama a ateno dos pais inicialmente que a crian-a excessivamente calma e sonolenta ou ento que chora sem consolo

    durante prolongados perodos de tempo. Uma queixa freqente dos pais que o beb no gosta do colo ou rejeita o aconchego.

    Mais tarde os pais notaro que o beb no imita, no aponta no sentidode compartilhar sentimentos ou sensaes e no aprende a se comunicar

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    Outras crianas repetem frases ouvidas h horas, ou at mesmo diasantes; a chamada ecolalia tardia.

    comum que crianas que tm autismo e so inteligentes repitam fra-ses ouvidas anteriormente e de forma perfeitamente adequada ao con-texto, embora, geralmente nestes casos, o tom de voz soe estranho epedante.

    2. Dificuldade de sociabilizao - este o ponto crucial noautismo, e o mais fcil de gerar falsas interpretaes. Significaa dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de

    compartilhar sentimentos, gostos e emoes e a dificuldade nadiscriminao entre diferentes pessoas.

    Muitas vezes a criana com autismo aparenta ser muito afetiva, poaproximar-se das pessoas abraando-as e mexendo, por exemplo, em seucabelo, ou mesmo beijando-as, quando na verdade ela adota indiscrimi-nadamente esta postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentosEsta aproximao usualmente segue um padro repetitivo e no contmnenhum tipo de troca ou compartilhamento.

    A dificuldade de sociabilizao, que faz com que a pessoa com autismotenha uma pobre conscincia da outra pessoa, responsvel, em muitoscasos, pela falta ou diminuio da capacidade de imitar, que um dos pr-requisitos cruciais para o aprendizado, e tambm pela dificuldade de secolocar no lugar do outro e de compreender os fatos a partir da perspectivado outro.

    3. Dificuldade no uso da imaginao - se caracteriza por rigideze inflexibilidade e se estende s vrias reas do pensamentolinguagem e comportamento da criana. Isto pode ser exem-plificado por comportamentos obsessivos e ritualsticos, com

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    Considera-se que em 30% dos casos de autismo ocorra epilepsia. O apa-recimento da epilepsia mais comum no comeo da vida da criana ouna adolescncia.

    As manifestaes citadas so as mais comuns, mas no so condiesnecessrias ou suficientes para o diagnstico de autismo.

    O espectro de manifestaes autsticas

    O autismo no uma condio de tudo ou nada, mas visto como umcontinuum que vai do grau leve ao severo.

    A definio de autismo adotada pela AMA, para efeito de interveno, que o autismo um distrbio do comportamento que consiste em umatrade de dificuldades:

    1. Dificuldade de comunicao - caracterizada pela dificuldadeem utilizar com sentido todos os aspectos da comunicao ver-bal e no verbal. Isto inclui gestos, expresses faciais, lingua-gem corporal, ritmo e modulao na linguagem verbal.

    Portanto, dentro da grande variao possvel na severidade do autismo,poderemos encontrar uma criana sem linguagem verbal e com dificul-dade na comunicao por qualquer outra via - isto inclui ausncia de usode gestos ou um uso muito precrio dos mesmos; ausncia de expressofacial ou expresso facial incompreensvel para os outros e assim por

    diante - como podemos, igualmente, encontrar crianas que apresentamlinguagem verbal, porm esta repetitiva e no comunicativa.

    Muitas das crianas que apresentam linguagem verbal repetem simples-mente o que lhes foi dito. Este fenmeno conhecido como ecolaliaimediata.

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    condies apresenta os sintomas de autismo infantil em todas as suasocorrncias.

    Portanto, embora s vezes surjam indcios bastante fortes de autismopor volta dos dezoito meses, raramente o diagnstico conclusivo antesdos vinte e quatro meses, e a idade mdia mais freqente superior aotrinta meses.

    Para melhor instrumentalizar e uniformizar o diagnstico, foram criadasescalas, critrios e questionrios.

    O diagnstico precoce importante para poder iniciar a interveno edu

    cacional especializada o mais rapidamente possvel.

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    preenso literal da linguagem, falta de aceitao das mudanase dificuldades em processos criativos.

    Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovidade criatividade e pela explorao peculiar de objetos e brinquedos. Umacriana que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura deum brinquedo. Em crianas que tm autismo e tm a inteligncia maisdesenvolvida, pode-se perceber a fixao em determinados assuntos, namaioria dos casos incomuns em crianas da mesma idade, como calen-drios ou animais pr-histricos, o que confundido, algumas vezes, comnvel de inteligncia superior.

    As mudanas de rotina, como mudana de casa, dos mveis, ouat mesmo de percurso, costumam perturbar bastante algumas destascrianas.

    Como feito o diagnstico de autismo

    A AMA, sempre que solicitada, indica que o diagnstico de autismo sejafeito por um profissional com formao em medicina e experincia clnicade vrios anos diagnosticando essa sndrome.

    O diagnstico de autismo feito basicamente atravs da avaliaodo quadro clnico. No existem testes laboratoriais especficos para adeteco do autismo. Por isso, diz-se que o autismo no apresenta ummarcador biolgico.

    Normalmente, o mdico solicita exames para investigar condies (pos-sveis doenas) que tm causas identificveis e podem apresentar umquadro de autismo infantil, como a sndrome do X-frgil, fenilcetonriaou esclerose tuberosa. importante notar, contudo, que nenhuma das

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    A AMA alerta que h graus diferenciados de autismo e que h, em insti-tuies especializadas (como a prpria AMA), intervenes adequadas acada tipo ou grau de comprometimento.

    E, ainda, a especialidade da AMA no apenas a interveno em crianascom diagnstico de autismo, mas tambm a interveno em crianas comatrasos no desenvolvimento relacionados ao autismo.

    Instrumentos para diagnosticar o autismo

    Existem vrios sistemas diagnsticos utilizados para a classificao doautismo. Os mais comuns so a Classificao Internacional de Doenasda Organizao Mundial de Sade, ou CID-10, em sua dcima verso, eo Manual de Diagnstico e Estatstica de Doenas Mentais da AcademiaAmericana de Psiquiatria, ou DSM-IV.

    No Reino Unido, tambm bastante utilizado o CHAT (Checklist de Autismo em Bebs, desenvolvido por Baron-Cohen, Allen e Gillberg,1992), que uma escala de investigao de autismo aos 18 meses deidade. um conjunto de nove perguntas a serem propostas aos pais comrespostas tipo sim/no.

    Estes trs instrumentos esto disponveis como anexos desta publicao.

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    II. SNDROME DEASPERGER

    Apresentao

    Apesar de ter sido descrita por Hans Asperger em 1944 no artigo

    Psicopatologia Autistica na Infncia , apenas em 1994 a Sndrome deAsperger foi includa no DSM-IV com critrios para diagnstico.

    Hans Asperger e Leo Kanner, que descreveu o autismo em 1943, nasce-ram ambos na ustria e estudaram em Viena, mas nunca se encontraram.Asperger que era dez anos mais jovem que Kanner especializou-se empediatria enquanto Kanner estudou psiquiatria.

    Asperger acreditava que para estas crianas educao e terapia eram a

    mesma coisa e que apesar de suas dificuldades elas eram capazes deadaptar-se desde que tivessem um programa educacional apropriado.

    O programa educacional do servio dirigido por Asperger era liderado pelamadre Viktorine Zak que ele considerava um gnio e que morreu tragica-mente quando o local aonde ela trabalhava foi bombardeado em 1944.

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    - Atraso no desenvolvimento motor e freqentes dificuldades na coordenao motora tanto grossa como fina, inclusive na escrita..

    - Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade exacerbada a determinados rudos, fascinao por objetos luminosos e com msica, atraopor determinadas texturas etc.;

    - Comportamentos estranhos de autoestimulao;

    - Dificuldades em generalizar o aprendizado;

    - Dificuldades na organizao e planejamento da execuo de tare-fas.

    Algumas coisas so aprendidas na idade prpria, outras cedo demais,enquanto outras s sero entendidas muito mais tarde ou somentequando ensinadas.

    Critrios para diagnstico

    Assim como no autismo, no existem exames clnicos que identifiquem, aSndrome de Asperger e o diagnostico feito atravs da observao doscomportamentos.

    Os critrios do diagnstico oficial da Sndrome de Asperger esto enu-merados no DSM-IV.

    Alguns pesquisadores acreditam que Sindrome de Asperger seja a mesma

    coisa que autismo de alto funcionamento, isto , com inteligncia preservada. Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento h atrasona aquisio da fala, e na Sndrome de Asperger, no.

    Colocamos em anexo uma lista de critrios diagnsticos da Sndrome deAsperger elaborada pelo pesquisador sueco Christopher Gillberg.

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    Algumas das caractersticas peculiares mais frequentemente apresenta-das pelos portadores da Sndrome de Asperger so:

    - Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem ver-bal antes do 5 anos e geralmente com:

    o Dificuldades na linguagem,o Linguagem pedante e rebuscada,o Ecolalia ou repetio de palavras ou frases ouvidas de outros,o Voz pouco emotiva e sem entonao.

    - Interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode

    ser seu nico interesse por muito tempo. Costumam apegar-se a maiss questes factuais do que ao significado. Casos comuns so inter-esse exacerbado por colees (dinossauros, carros, etc.) e clculos. Aateno ao assunto escolhido existe em detrimento a assuntos sociaisou cotidianos.

    - Presena de habilidades incomuns como calculos de calendrio,memorizao de grandes seqncias como mapas de cidades, clculosmatemticos complexos, ouvido musical absoluto etc.

    - Interpretao literal, incapacidade para interpretar mentiras, metfo-ras, ironias, frases com duplo sentido, etc.

    - Dificuldades no uso do olhar, expresses faciais, gestos e movimen-tos corporais como comunicao no verbal.

    - Pensamento concreto.

    - Dificuldade para entender e expressar emoes.- Falta de auto-censura: costumam falar tudo o que pensam.

    - Apego a rotinas e rituais, dificuldade de adaptao a mudanas efixao em assuntos especficos

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    - As habilidades cognitivas e acadmicas.

    Ao mesmo tempo importante:

    - Trabalhar na reduo dos problemas de comportamento;

    - Utilizar tratamento farmacolgico se necessrio;

    - Que a famlia receba orientao e informao;

    - Que os professores recebam assessoria e apoio necessrios;

    O aluno com Sndrome de AspergerNa maioria dos casos, crianas e adolescentes com Sndrome de Aspergepodem frequentar a escola regular, mesmo que em alguns casos emclasses especiais.

    Muito provavelmente, existem casos no diagnosticados de crianas comSndrome de Asperger frequentando escolas regulares que, devido a suadificuldades e peculiaridades, so rotuladas como pedantes, sem limitesdesorganizadas etc.

    Por isso importante que, ao notar algo de diferente em seu aluno, oprofessor comunique isto coordenao para que os pais sejam comunicados e encaminhados a um profissional especializado.

    Por outro lado bastante comum que um professor desavisado, ao receber um aluno com Sndrome de Asperger inicialmente o superestime em

    funo de suas habilidades especficas e que medida que as dificuldadedeste aluno aparecem o professor tenda a rejeit-lo.

    O professor deve observar este aluno durante um perodo de tempoenquanto colhe informaes com pais e com os profissionais que o acom-

    Muitas pessoas acreditam que a importncia da diferenciao entreSndrome de Asperger e Autismo de Alto Funcionamento seja mais decunho jurdico do que propriamente para escolhas relacionadas ao trata-mento.

    Por um lado para algumas pessoas dizer que algum portador deSndrome de Asperger parece mais leve e menos grave do que ser por-tador de autismo, mesmo que de alto funcionamento embora isto sejaprovavelmente uma iluso. Por outro lado, associaes de autismo em

    todo o mundo alegam que esta diviso em duas patologias diferentesenfraquece um movimento que necessita de tanto apoio como o dos quetrabalham pelo autismo.

    Intervenes e tratamento

    Mesmo considerando que o tratamento realizado com auxlio de pro-gramas individuais em funo da evoluo de cada cirana, os seguintesaspectos podem ser fundamentais como alvos preferenciais de tratamentoem um programa de interveno precoce com indivduos com Sndromede Asperger.

    Devemos procurar o antes possvel desenvolver:

    - A autonomia e a independncia;

    - A comunicao no-verbal;

    - Os aspectos sociais como imitao, aprender a esperar a vez e jogosem equipe;

    - A flexibilizao das tendncias repetitivas

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    panham. Passado o perodo de observao, recomendo que o professortenha uma conversa com o resto da sala, em linguagem compreensvelpara a faixa etria dos alunos, falando sobre as dificuldades do aluno comSndrome de Asperger e solicitando a colaborao dos colegas.

    Algumas orientaes para professores,educadores e cuidadores

    importante que o professor verifique com alguma freqncia que oaluno esteja acompanhando o assunto da aula.

    Alm disto, aconselhvel, tambm, que este aluno:

    1. Sente o mais prximo possvel do professor.

    2. Seja requisitado como ajudante do professor algumas vezes.

    3. Use agendas e calendrios, listas de tarefas e listas de verificao.

    4. Seja ajudado para poder trabalhar e concentrar-se por perodos cadavez mais longos.

    5. Seja estimulado a trabalhar em grupo e a aprender a esperar a vez.

    6. Aprenda a pedir ajuda.

    7. Tenha apoio durante o recreio onde, por exemplo poder dedicar-se a seus assuntos de interesse, pois caso contrrio poder vagar,

    dedicar-se a algum assunto inusitado ou ser alvo de brincadeiras doscolegas.

    8. Seja elogiado sempre que for bem sucedido.

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    III. PASSOSQUE PODEM AJUDAR

    Passo 1: Informe-se ao mximo.Entenda o diagnstico de seu filho.

    No tenha receio de fazer aoseu mdico todas as pergun-tas que lhe vierem cabea.

    Leia os critrios diagnsticos dis-ponveis e discuta-os com o mdi-co.

    Informe-se atravs de leituras dossites disponveis na internet.

    Converse com outras famlias que tenham passado por situao semel-hante.

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    relao a voc mesmo e para poder oferecer todas as oportunidadesnecessrias a seu filho.

    Procure centros de tratamento especializado que ofeream tudo que seufilho precisa, sem ter que ir de um lugar a outro indefinidamente.

    Se voc for uma pessoa muito ocupada, tente encontrar ajuda para cuidade seu filho, mas lembre-se que muito importante que voc entendacom profundidade as propostas da opo teraputica e educacional quevoc escolheu e que voc acompanhe muito de perto a evoluo de seufilho.

    Passo 4: Saiba exatamente quais so osobjetivos de curto prazo para seu filho.Este ponto muito importante. atravs dele que voc vai saber o queesperar e tambm vai poder avaliar se a instituio escolhida a que maisatende o que voc espera.

    Se os objetivos propostos lhe parecerem exagerados ou modestos, tentese informar e conversar para avaliar bem essa diferena de expectativas

    Passo 5: Por ltimo, evite: Todos que lhe acenarem com curas milagrosas.

    Todos que atriburem a culpa do autismo aos pais.

    Todos os profissionais desinformados ou desatualizados.

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    Conhea profissionais e instituies que se dediquem ao autismo e suasformas de tratamento.

    Passo 2: Permita-se sofrer. natural que o momento do diagnstico de autismo seja um momentodoloroso. Nesta hora, voc no est perdendo fisicamente seu filho, masest perdendo, com certeza, parte de seus sonhos e planos para seu filho,o que extremamente doloroso. Com o tempo voc vai poder criar novossonhos e outros objetivos vo surgir, to importantes e desafiadores

    como os primeiros; mas no incio importante permitir-se desmoronar.Cada pessoa desmorona de forma diferente. Algumas pessoas o fazemsem lgrimas, procurando ocupar-se freneticamente. O tempo tambmvaria; algumas pessoas conseguem levantar-se mais rpido que outras.

    Algumas precisam de mais tempo para processar seus sentimentos. Vocpode pensar que necessita ser forte para apoiar seu cnjuge ou outrosfilhos, mas para isto necessrio primeiramente ser honesto acerca dosprprios sentimentos.

    Procure a sua prpria fonte de apoio, que pode ser um terapeuta, umreligioso, um amigo ou algum da famlia.

    Lembre-se: o autismo para sempre, mas no uma sentena de morte.Voc no fez nada para que isto acontecesse, mas pode fazer muito paramelhorar as perspectivas de vida de seu filho.

    Voc pode escolher se vai ficar parado ou caminhar, se vai esperar ou agir.

    Portanto, respeite seu tempo; mas depois... mos obra.

    Passo 3: Reaprenda a administrar seu tempo.Voc precisa organizar sua vida para continuar investindo em planos em

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    IV. TIPOS MAIS USUAISDE INTERVENO

    TEACCH* - Tratamento e educaopara crianas autistas e com distrbioscorrelatos da comunicao

    OTEACCH foi desenvolvido nosanos 60 no Departamento dePsiquiatria da Faculdade de Medicinada Universidade da Carolina do Norte,Estados Unidos, e atualmente muitoutilizado em vrias partes do mundo.O TEACCH foi idealizado e desen-

    volvido pelo Dr. Eric Schoppler, e atu-almente tem como responsvel o Dr.Gary Mesibov.

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    * Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped CHildren.

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    ABA* - Anlise aplicada do comportamento

    O tratamento comportamental analtico do autismo visa ensinar crianahabilidades que ela no possui, atravs da introduo destas habilidadepor etapas. Cada habilidade ensinada, em geral, em esquema indivi-dual, inicialmente apresentando-a associada a uma indicao ou instruoQuando necessrio, oferecido algum apoio (como por exemplo, apoiofsico), que dever ser retirado to logo seja possvel, para no tornara criana dependente dele. A resposta adequada da criana tem como

    conseqncia a ocorrncia de algo agradvel para ela, o que na prtica uma recompensa. Quando a recompensa utilizada de forma consistentea criana tende a repetir a mesma resposta.

    O primeiro ponto importante tornar o aprendizado agradvel para acriana. O segundo ponto ensinar a criana a identificar os diferentesestmulos.

    Respostas problemticas, como negativas ou birras, no so, proposital-mente, reforadas. Em vez disso, os dados e fatos registrados so analisados em profundidade, com o objetivo de detectar quais so os eventosque funcionam como reforo ou recompensa para os comportamentosnegativos, desencadeando-os. A criana levada a trabalhar de forma positiva, para que no ocorram os comportamentos indesejados.

    A repetio um ponto importante neste tipo de abordagem, assim comoo registro exaustivo de todas as tentativas e seus resultados.

    A principal crtica ao ABA tambm, como no TEACCH, a de supostamente robotizar as crianas, o que no nos parece correto, j quea idia interferir precocemente o mximo possvel, para promover odesenvolvimento da criana, de forma que ela possa ser maximamenteindependente o mais cedo possvel.

    * Applied Behavior Analysis

    O mtodo TEACCH utiliza uma avaliao chamada PEP-R (PerfilPsicoeducacional Revisado) para avaliar a criana, levando em conta osseus pontos fortes e suas maiores dificuldades, tornando possvel umprograma individualizado.

    O TEACCH se baseia na organizao do ambiente fsico atravs de rotinas- organizadas em quadros, painis ou agendas - e sistemas de trabalho,de forma a adaptar o ambiente para tornar mais fcil para a criana com-preend-lo, assim como compreender o que se espera dela. Atravs daorganizao do ambiente e das tarefas da criana, o TEACCH visa desen-volver a independncia da criana de modo que ela necessite do professor

    para o aprendizado, mas que possa tambm passar grande parte de seutempo ocupando-se de forma independente.

    As maiores crticas ao TEACCH tm sido relacionadas sua utilizaocom crianas de alto nvel de funcionamento. A nossa experincia temmostrado que o TEACCH, adequadamente usado, pode ajudar muitoestas crianas. Temos conseguido resultados acima do esperado, no deforma sbita e milagrosa, mas como fruto de um trabalho demorado esempre voltado para as caractersticas individuais de cada criana.

    Outra crtica ao TEACCH que ele supostamente robotizaria as crianas.Em nossa experincia, a tendncia de crianas com autismo que passampor um processo consistente de aprendizado, ao contrrio de se robot-izarem, de humanizarem-se mais e progressivamente. Verificamos queadquirem algumas habilidades e constroem alguns significados. Mesmoque bastante restritos, se comparados com outras pessoas, representam

    progressos em relao s suas condies anteriores ao trabalho com omtodo TEACCH.

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    Outra crtica a este mtodo que ele caro. Esta sim, uma crtica proce-dente, e por esta razo que muitos pais nos Estados Unidos mobilizaram-se para serem treinados por especialistas, em grupo, e assim poderem elesmesmos tratar os seus filhos.

    PECS* - Sistema de comunicaoatravs da troca de figuras

    O PECS foi desenvolvido para ajudar crianas e adultos com autismo ecom outros distrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comunicao.

    O sistema utilizado primeiramente com indivduos que no se comuni-cam ou que possuem comunicao mas a utilizam com baixa eficincia.

    O nome PECS significa sistema de comunicao atravs da troca de figurase sua implementao consiste, basicamente, na aplicao de uma se-qncia de seis passos.

    O PECS visa ajudar a criana a perceber que atravs da comunicao elapode conseguir muito mais rapidamente as coisas que deseja, estimu-lando-a assim a comunicar-se, e muito provavelmente a diminuir drasticamente problemas de conduta.

    Tem sido bem aceito em vrios lugares do mundo, pois no demandamateriais complexos ou caros, relativamente fcil de aprender, pode

    ser aplicado em qualquer lugar e quando bem aplicado apresentaresultados inquestionveis na comunicao atravs de cartes em crianas que no falam, e na organizao da linguagem verbal em crianas quefalam, mas que precisam organizar esta linguagem.

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    * Picture Exchange Communication System

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    dizer, inicialmente, que a criana com autismo, quando pequena, rara-mente imita outras crianas, passando a fazer isto apenas aps comeara desenvolver a conscincia dela mesma, isto , quando comea a per-ceber relaes de causa e efeito do ambiente em relao a suas prpriasaes e vice-versa.

    Algumas crianas que tm autismo podem demorar muito neste processode aquisio da conscincia sobre si prprio, e outras podem jamais vira desenvolv-la.

    Um atendimento especializado, antes da incluso numa escola regular,

    pode ajudar a criana a desenvolver a conscincia de si mesma, prepa-rando-a para utilizar-se de modelos, posteriormente.

    Podemos, portanto, tentar exemplificar com a seguinte pergunta: se vocprecisar ir China, que alternativa lhe parece a melhor, arrumar a mala,tomar o avio e ir, ou preparar-se aprendendo os costumes e o idioma dopovo da cidade para onde voc vai, durante um ano?

    O nosso ponto de vista que melhor preparar-se e ter um intrprete

    por perto, e por isso que geralmente atuamos no sentido de desen-volver a conscincia desta criana em relao s suas potencialidades,antes de tentar a incluso, e sempre estamos em contato com a crianae com a escola, para ajudar em caso de dificuldade.

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    V. ALGUMAS TCNICASCOM CRIANAS COM AUTISMO

    Citaremos algumas das tcni-cas mais conhecidas que tmsido aplicadas em crianas com

    autismo. Algumas foram especial-mente desenvolvidas para elas,outras foram desenvolvidas ini-cialmente para tratar outras pato-logias.

    Todas elas j vm sendo aplicadas h algum tempo, a maioria h mais dedez anos, e todas se iniciaram como grandes promessas para pais mais

    apressados. O tempo mostrou que elas no so milagrosas. Contudo,algumas delas, se aplicadas conscientemente, da forma como foram con-cebidas ou com adaptaes a estilos e culturas, podem ser um excelentecomplemento ao tratamento educacional.

    Vrias instituies em todo o mundo vm combinando uma srie de tcni-

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    American Psychologist, na pgina 750 do nmero 50, publicou um artigode John Jacobson de ttulo Histria da Comunicao Facilitada: CinciaPseudocincia e Anticincia. Neste artigo, Jacobson menciona pesqui-sas srias e conclusivas que provaram que no s as pessoas que tmautismo no tm capacidade para expressar tudo aquilo que se supunhaque expressavam atravs da FC, como tambm os facilitadores, aindaque inconscientemente, influenciavam o contedo da mensagem comu-nicada.

    O computadorO uso do computador como apoio a crianas portadoras de autismo relativamente recente em comparao s outras intervenes citadas.Existem poucas informaes disponveis, mesmo na internet, sobre a uti-lizao do computador como apoio ao desenvolvimento destas crianas.

    Algumas crianas ignoram o computador, enquanto outras se fixam emdeterminadas imagens ou sons, sendo muitas vezes difcil decifrar o quetanto as atrai.

    A AMA de So Paulo desenvolveu uma tcnica que teve resultados muitointeressantes. Consiste na utilizao do computador como apoio ao aprendizado da escrita em crianas que j haviam adquirido a leitura e, podificuldades na coordenao motora fina ou por desinteresse, no con-seguiam adquirir a escrita atravs dos mtodos tradicionais de ensino.

    O programa utilizado no era nenhum programa especialmente desen-volvido para isto, mas sim um programa de desenho comum, como o

    Paint Brush, ou Paint.

    A sistemtica, muito simples, apresentou resultados positivos compro

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    * Facilitated Communication

    cas como complemento ao trabalho educacional de base, e vm colhendocada vez mais resultados na reabilitao de crianas com autismo - prin-cipalmente as que comearam cedo o tratamento -, atravs do empenhona formao de seus tcnicos, no envolvimento dos pais e na construode uma atitude de trabalho positiva.

    A seguir, descrevemos resumidamente algumas delas, apenas para daruma idia a pais e profissionais.

    FC *- Comunicao Facilitada

    A Comunicao Facilitada foi um meio facilitador da comunicao desen-volvido em Melbourne, Austrlia, inicialmente para pessoas portadorasde paralisia cerebral, e mais tarde adotado tambm para pessoas comautismo.

    Podemos resumi-la ao uso de um teclado de mquina de escrever oucomputador, no qual uma pessoa que tem autismo transmite seus pensa-mentos com a ajuda do facilitador, que lhe oferece o necessrio suportefsico.

    Inicialmente, era a realizao do sonho de muitos pais e profissionais, queacreditavam que crianas com autismo pensavam muito mais do que con-seguiam transmitir por meios convencionais, e, com este novo recurso,passariam a manifestar o real contedo de seus pensamentos.

    Mais tarde comeou-se a questionar seriamente se a opinio emitida era ado assistido ou a do facilitador, principalmente pela constncia de gravesdenncias feitas por pessoas com autismo atravs deste meio, cuja vera-cidade, na grande maioria dos casos, era de impossvel constatao.

    Em 1995, o maior jornal da Associao Americana de Psicologia, The

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    Um dos problemas para se avaliar o quanto a AIT pode ajudar uma cri-ana com autismo que raramente essa tcnica a nica interfernciaa que a criana exposta. Em geral, ela aplicada acompanhada deoutros tratamentos ou terapias, o que tem dificultado um estudo maisapurado sobre AIT, fazendo-se considerar a necessidade de estudos maisaprofundados.

    Atualmente, existem algumas linhas de pesquisa sendo desenvolvidasnesta rea.

    Alguns autores acreditam na eficcia da AIT, embora outros no a con-

    siderem melhor que a aplicao de um programa estruturado de msicasno alteradas, abrangendo uma grande escala e variedade de freqn-cias.

    SI* - Integrao Sensorial

    A Integrao Sensorial pode ser considerada como uma intervenosemelhante Integrao Auditiva, mas com atuao em outra rea.

    Nos Estados Unidos muito aplicada por terapeutas ocupacionais e porfonoaudilogos, embora outros terapeutas tambm a apliquem.

    Muito resumidamente, uma tcnica que visa integrar as informaesque chegam ao corpo da criana, atravs de brincadeiras que envolvemmovimentos, equilbrio e sensaes tteis - so utilizados toques, mas-

    sagens, vibradores e alguns equipamentos como balanos, gangorrastrampolins, escorregadores, tneis, cadeiras que giram, bolas teraputicas grandes, brinquedos, argila e outros.

    O terapeuta trabalha no sentido de ensinar criana, atravs de brincadeiras, a compreender e organizar as sensaes.

    * Sensitory Integration47

    vados em pelo menos trs crianas que apresentavam uma resistnciamuito grande ao aprendizado da escrita, e com as quais haviam sidotentadas diversas tcnicas de ensino, sem sucesso durante pelo menosum ano.

    Inicia-se com traos simples e sesses muito curtas, com apoio sempreque necessrio. O trabalho vai evoluindo em tempo e complexidade medida em que a criana vai conseguindo movimentar o mouse da formaesperada e sem apoio. Depois de algum tempo introduzido o quadronegro, e depois o lpis e papel.

    muito importante limitar o espao disponvel para desenho ou escrita.No incio esse espao maior, e vai diminuindo medida em que a cri-ana vai desenvolvendo a habilidade.

    AIT * - Integrao Auditiva

    A Integrao Auditiva foi desenvolvida inicialmente nos anos sessentapelo otorrinolaringologista francs Guy Berard.

    A idia inicial que algumas das caractersticas do autismo seriam resul-tado de uma disfuno sensorial e poderiam envolver uma sensibilidadeanormal a determinadas freqncias de som.

    Na AIT a criana ou adulto ouve msica atravs de fones de ouvido, comalgumas freqncias de som eliminadas atravs de filtros, durante dois

    perodos de meia hora por noite, durante dez dias.Segundo Berard este tratamento ajudaria a pessoa a adaptar-se a sonsintensos.

    H muitos depoimentos de sucesso da AIT prestado por pais, mas umnmero ainda maior de pais diz no ter obtido nada deste tratamento.

    * Auditory Integration Training

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    Movimentos Sherborne - Relation Play

    Este um mtodo que vem sendo aplicado em alguns pases, princi-palmente na Europa, tanto por fisioterapeutas como por professores deeducao fsica. Este mtodo foi idealizado por Veronica Sherborne, umaprofessora de educao fsica nascida na Inglaterra que acreditava queesta tcnica poderia beneficiar qualquer tipo de criana, inclusive crianascom problemas de desenvolvimento.

    Vernica Sherborne tomou como base o trabalho do danarino e core-

    grafo hngaro Rudolf Laban, que acreditava que a utilizao do movimen-to uma ferramenta para todas as atividades humanas e que atravsdo movimento que o ser humano relaciona o seu eu interno com o mundoque o cerca.

    O mtodo visa desenvolver o auto-conhecimento da criana atravs daconscincia de seu corpo e do espao que a cerca, pelo ensino do movi-mento consciente.

    Nem todas as crianas alcanam estes objetivos, mas podemos dizer,como fruto de nossa prpria experincia, que a utilizao desta tcnicapossibilita uma interao muito agradvel entre os pais e familiares comas crianas que tm autismo, o que nem sempre muito fcil de se con-seguir, e faz desta tcnica um valioso recurso.

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    VI. DIETASALIMENTARES USUAIS

    Recentemente vm sendo desen-volvidas pesquisas sobre a alergiae sensibilidade a determinados alimen-tos em crianas com autismo e pos-sveis benefcios que poderiam ser obti-dos atravs de algum tipo de dieta.

    A idia de tratar um filho que temautismo apenas e simplesmente com uma dieta tem sido tentadora paramuitos pais, mas, em realidade, quase nunca a dieta em si se constituiem tratamento, e o preo que se paga por fazer uma dieta bem maiordo que se pensava inicialmente.

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    Outras dietas

    Podem ainda ser mencionadas a dieta quetognica e a dieta rotativa. Adieta quetogncia, desenvolvida por alguns mdicos no Hospital JohnHopkins em Nova York para indivduos que sofrem convulses, umadieta rica em gorduras e pobre em protenas e carboidratos. Ainda noso conhecidos estudos conclusivos sobre os efeitos desta dieta.

    A dieta rotativa consiste na variao de alimentos. Alguns dizem que essavariao deve ser de forma especfica de preferncia a cada quatro dias.

    Outros preferem retirar do cardpio, doisa trs dias por semana, alimen-tos como arroz ou batatas.

    Muito resumidamente, esta dieta tem como base a idia de que um ali-mento que ingerido diariamente desenvolve um efeito prejudicial aoorganismo.

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    Estabelea rotinas que facilitema organizao de seu filho.

    A criana que tem autismo tem uma tendncia muito grande a se fixar emrotinas. Voc pode utilizar isso em favor da tranqilidade dela mesma. Poexemplo, para organizar uma boa noite de sono, em horrios pr-fixadosd o jantar, o banho, vista o pijama, coloque-a na cama e abaixe a luz. Aordem pode ser esta ou alguma um pouco diferente, de acordo com suapreferncia.

    Nada melhor para enfrentar um dia duro de trabalho que uma boa noitede sono. E uma rotina para encerrar o dia funciona bem para a maioriadas pessoas.

    Mas tente fazer disto uma forma natural de encerrar o dia de seu filho, eno um ponto de atrito entre membros da famlia.

    Ensine seu filho a quebrar rotinas

    Faa pequenas mudanas na vida diria, no comeo de prefern-cia uma de cada vez. Mude o lugar de seu filho mesa, tente variar acomida e colocar a TV em um canal que no seja o preferido dele, mudeo caminho de ir escola. As rotinas no so imutveis, e melhor queseu filho aprenda isto desde cedo.

    Voc pode achar paradoxal, mas ao mesmo tempo em que a rotina importante importante tambm aprender a aceitar mudanas.

    Mas acima de tudo evite enfrentar isto tudo como se estivesse indo paraa guerra. Aprender a ser me de um filho que tem autismo leva tempo, melhor que voc aceite isto de maneira relaxada.

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    Se voc tiver oportunidade de organizar-se neste sentido, depois dealgum tempo vai perceber que realmente valeu a pena.

    Antes de fazer com seu filho alguma atividade programada por voc emlocal pblico, esteja certo de que conseguir manter a situao sob con-trole, de forma que, caso ocorram imprevistos, vocs possam facilmentese reti rar.

    Evite tentar controlar a situao por meio de refrigerantes, saquinhos depipoca ou salgadinhos, pois ele ir facilmente associar que sair de casa sinnimo de comida. Se voc quiser dar a ele algum tipo de reforo ali-mentar, prefervel faz-lo, desde o comeo, ao chegar de volta em casa.

    Trabalhe pela independncia de seu filho

    Incentive seu filho a se vestir sozinho. Uma tcnica muito utilizada comear deixando apenas a ltimo passo para ele. Se estiver ensinandoa vestir uma camiseta, coloque tudo e deixe apenas que ele puxe parapassar a cabea; se for uma cala, coloque as pernas e deixe que ele apuxe at a cintura. Assim ele entender que a ao era vestir a pea. Vretrocedendo em pequenos passos at que ele execute a ao de formainteiramente independente.

    Incentive-o tambm, da mesma forma, a se servir, comer, beber eassim por diante.

    Ao fazer isto, fique calma e elogie tranqilamente cada pequeno avano.No fale mais que o necessrio e evite irritar-se com pequenos retroces-sos. Pense que neste momento voc mais que um pai ou uma me.

    Voc um pai ou uma me que est cumprindo um papel muito impor-tante para seu filho.

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    Anexo I: DSM-IV

    Fonte: AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. DSM-IV - Manual diagnsticoe estatstico de transtornos mentais. 4. ed. Porto Alegre, Artes Mdicas,1995.

    Frente s dificuldades encontradas na identificao dos casos deautismo, a Associao Americana de Psiquiatria publicou no seu Manualde Diagnstico e Estatstico os critrios recomendados para este diag-nstico.

    Importante: as informaes a seguir servem apenas como referncia. Um

    diagnstico exato o primeiro passo importante em qualquer situao;tal diagnstico pode ser feito apenas por um profissional qualificado queesteja a par da histria do indivduo.

    A.Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), compelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3)

    (1) prejuzo qualitativo na interao social, mani-festado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:

    (a) prejuzo acentuado no uso de mltiplos compor-tamentos no-verbais, tais como contato visual direto,expresso facial,

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    b) Comprometimentos qualitativos na comunicao:

    - Falta de uso social de quaisquer habilidades de linguagem queestejam presentes;

    - Comprometimentos em brincadeiras de faz-de-conta e jogos soci-ais de imitao;

    - Pouca sincronia e falta de reciprocidade no intercmbio de con-versao;

    - Pouca flexibilidade na expresso da linguagem e uma relativaausncia de criatividade e fantasia nos processos de pensamento;

    - Falta de resposta emocional s iniciativas verbais e no-verbais deoutras pessoas;

    - Uso comprometido de variaes na cadncia ou nfase para refle-tir modulao comunicativa e uma falta similar de gestos concomitantespara dar nfase ou ajuda na significao na comunicao falada.

    c) Padres de comportamento, interesses e atividades restritos,repetitivos e estereotipados:

    - Tendncia a impor rigidez e rotina a uma ampla srie de aspec-tos do funcionamento dirio, usualmente isto se aplica tanto a atividadesnovas quanto a hbitos familiares e a padres de brincadeiras;

    - Particularmente na primeira infncia, pode haver vinculao espe-

    cfica a objetos incomuns, tipicamente no-macios;- Pode insistir na realizao de rotinas particulares e rituais decarter no-funcional;

    - Pode haver preocupaes estereotipadas com interesses taiscomo datas, itinerrios, ou horrios;

    Anexo II: CID-10

    DIRETRIZES DIAGNSTICAS PARA AUTISMO INFANTIL (F84.0)(CID-10)

    Fonte: ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE -Classificao dos transtornosmentais e de comportamento da CID-10: descries clnicas e diretriz-

    es diagnsticas. Porto Alegre, Artes Mdicas, 1993.

    (WHO, 1992)(WHO - World Health Organization / Organizao Mundial de Sade)

    Transtorno invasivo do desenvolvimento definido pela presena dedesenvolvimento anormal e/ou comprometido em todas as trs reasde interao social, comunicao e comportamento restrito e repetitivo.Manifesta-se antes dos trs anos de idade e ocorre trs a quatro vezesmais em meninos.

    a) Comprometimentos qualitativos na interao social recpro-ca:

    - Apreciao inadequada de indicadores scio-emocionais, comodemonstrada por uma falta de respostas para as emoes de outras

    pessoas e/ou falta de modulao do comportamento de acordo com ocontexto social;

    - Uso insatisfatrio de sinais sociais, emocionais e de comunicaoe, especialmente, uma falta de reciprocidade scio-emocional;

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    Anexo III: CHAT

    O CHAT CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS

    (Questionrio para Verificao de Autismo em Crianas Pequenas) uminstrumento de triagem que identifica o risco de transtornos na interaosocial e comunicao em crianas com dezoito meses de idade.

    COMO FOI CONSTRUDO?

    Em 1996, Baron-Cohen e cols. - um grupo de pesquisadores do Depto dePsicologia Experimental da Universidade de Cambridge - publicaram umartigo no British Journal of Psychiatry intitulado Marcadores psicolgicosna deteco do autismo na infncia em uma ampla populao, com osresultados de uma pesquisa visando identificar fatores de risco-chavepara o autismo numa populao aleatria de 16.000 crianas aos dezoitomeses de idade e avaliar a eficcia de tais fatores na discriminao entre

    crianas com o diagnstico de autismo e com outras formas de atrasono desenvolvimento. A partir de estudos prvios foram levantadas duashipteses: a) crianas que fossem mal sucedidas em trs itens especfi-cos1 (apontar protodeclarativo, monitorizao do olhar e brincar defaz de conta) estariam em risco de receber o diagnstico de autismo e

    - Freqentemente h estereotipias motoras; um interesse espe-cfico em elementos no-funcionais de objetos (tais como o cheiro e otato);

    - comum e pode haver resistncia mudana na rotina e emdetalhes do meio ambiente pessoal (tais como as movimentaes deornamentos ou mveis da casa).

    Alm dos aspectos diagnsticos especficos descritos acima, freqentea criana com autismo mostrar uma srie de problemas no-especficos,tais como:

    - Medo /fobias, perturbaes de sono e alimentao e alimentao,ataques de birra e agresso;

    - A autoleso (p. ex. morder o punho), bastante comum, espe-cialmente quando h retardo mental grave associado;

    - A maioria dos indivduos com autismo carece de espontaneidade,iniciativa e criatividade na organizao de seu tempo de lazer e temdificuldade em aplicar conceitualizaes em decises de trabalho (mesmoquando as tarefas em si esto altura de sua capacidade)

    A manifestao especfica dos dficits caractersticos do autismo muda medida que as crianas crescem, mas os dficits continuam atravs davida adulta com um padro amplamente similar de problemas de social-izao, comunicao e padres de interesse.

    Todos os nveis de QI podem ocorrer em associao com o autismo, mash um retardo mental significativo em cerca de trs quartos dos casos.

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    Definio para monitorao do olhar: Refere-se habilidade da criana emseguir a direo do olhar ou a tendncia em alternar o olhar entre a pessoa e oobjeto de interesse como, por exemplo, um brinquedo que precisa ser acionado,mecanicamente (Bosa, C., 2002).

    2 No Reino Unido, pas de origem dos autores, existe dois tipos de profissionaisos chamados GP (general practicioner), e o agente domiciliar de sade, queacompanham rotineiramente o desenvolvimento das crianas. Neste pas depraxe, dentre outras, uma avaliao (check up) do desenvolvimento das crianasaos dezoito meses de idade.

    3 A habilidade de ateno compartilhada tem sido definida como os comporta-mentos infantis os quais revestem-se de propsito declarativo, na medida emque envolvem vocalizaes, gestos e contato ocular para dividir a experincia emrelao s propriedades dos objetos/eventos a seu redor (Mundy e Sigman, apudBosa, 2002).

    4 Refere-se habilidade da criana em seguir a direo do olhar ou a tendnciaem alternar o olhar entre a pessoa e o objeto de interesse como, por exemplo, umbrinquedo que precisa ser acionado, mecanicamente (Bosa, C., 2002).

    5 Jogo com crianas pequenas onde algum cobre/esconde o rosto e quando odescobre diz achou!.

    6 # indica as questes crticas.

    7 Para o Brasil, pode ser oportuno usar a palavra caf ao invs de ch.

    6. Quais so as vantagens do CHAT?

    Devido ao fato de no existir uma causa mdica nica dos transtornos deinterao social e comunicao, muito improvvel que venha a existirum teste mdico eficaz no futuro prximo. Qualquer que seja a causadestes problemas, as caractersticas comportamentais foram identificadase nelas que o CHAT baseado. Alm disso, o CHAT barato, rpido efcil de aplicar. Atualmente, muito difcil que o autismo seja detectadoantes dos trs anos de idade, e para os outros transtornos de interaosocial e comunicao, a idade de deteco pode ser ainda mais tardia.Entretanto, o CHAT aplicado quando a criana tem 18 meses de idade.Quanto mais cedo for feito o diagnstico, mais cedo podem ser imple-mentados os mtodos de interveno precoce e o estresse da famlia serreduzido.

    7. Onde pode-se obter mais informaes?

    Se voc tem perguntas sobre o CHAT, por favor visite o site da NAS,Associao de autismo do Reino Unido: http://www.nas.org.uk/nas/jsp/polopoly.jsp?d=128&a=2226

    Notas:

    1 Os comportamentos-chave do CHAT para determinar os indicadores de riscoso: 1. apontar protodeclarativo (protodeclarative pointing); no apontar proto-declarativo, o foco da criana vai direto para o olhar do adulto com a intenode compartilhar com ele a informao que acabou de descobrir, o que no omesmo que pedir ou perguntar; 2. monitorao do olhar (gaze monitoring);neste item, o que levado em conta se a criana olha o objeto que apontado;no se simplesmente acompanha o dedo ou a mo, mas sim se olha para o que otcnico lhe indica/aponta e 3. o brincar de fazer de conta (pretend play); brinca-

    deiras onde se espera observar que a criana atribua propriedades imaginrias aalgo ou a algum. Neste caso, o que se pretende observar se a criana atribuia funo apropriada brincadeira. Inicialmente se espera que a criana no oconsiga espontaneamente sem ajuda, mas se esta no responde, tenta-se queela o faa por imitao. Segundo a experincia da pesquisa feita na Inglaterra; acriana com autismo no conseguiria brincar simbolicamente, mesmo que fosseestimulada com a imitao (Fonte: Sols, C. G. O.; Weber, M. L, 2004).

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    alguma coisa? [ ] SIM / NO

    7. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar, indicandointeresse por alguma coisa? [ ] SIM / [ ] NO

    8. Seu filho consegue brincar adequadamente com brinquedos pequenos(ex. carrinhos ou blocos para empilhar/montar) sem se limitar somentea lev-los boca, manipul-los sem uma utilidade evidente ou jog-los/derrub-los? [ ] SIM / [ ] NO

    9. Seu filho alguma vez levou objetos at voc (pai/me) para teMOSTRAR alguma coisa? [ ] SIM / [ ] NO

    PARTE B: OBSERVAO DO AGENTE PRIMRIO DE SADE(pediatra ou outro)

    i. Durante o encontro a criana estabeleceu contato ocular com voc?[ ] SIM / [ ] NO

    ii. * Obtenha a ateno da criana, ento aponte para algum objetointeressante da sala e diga: Olha! Um... (nome do brinquedo!). Olhepara o rosto da criana. Ela olhou em volta para ver o que voc estavaapontando? [ ] SIM / [ ] NO*

    iii. Obtenha a ateno da criana, depois d a ela uma miniatura deuma xcara de brinquedo ou bule e diga: Voc pode fazer uma xcarade ch para mim?. A criana fez de conta que servia, bebia, etc?[ ] SIM / [ ] NO**

    iv. Diga para a criana: Onde est a luz? ou Mostre-me a luz. A cri-ana APONTA para a luz usando seu dedo indicador?[ ] SIM / [ ] NO***

    v. A criana consegue construir uma torre com blocos? (Se positivo com

    CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS(CHAT)

    Fonte: Fonte: http://www.nas.org.uk/profess/chat.html

    Pronturio N_______________ Data ____/____/_______

    Nome da criana: ___________________________________________

    Data de nascimento: ___/___/____ Idade_______ meses

    Pessoas (s) entrevistadas (s):

    [ ] ME [ ] PAI [ ] AMBOS OUTROS __________________

    PARTE A: PERGUNTE AOS PAIS:

    1. Seu filho gosta de ser balanado, de sentar em seu joelho e pular,etc? [ ] SIM / [ ] NO

    2. Seu filho se interessa por outras crianas? [ ] SIM / [ ] NO

    3. Seu filho gosta de escalar objetos, tal como subir escadas?[ ] SIM / [ ] NO

    4. Seu filho gosta de brincar de esconde-esconde, de esconder o rosto eachar? [ ] SIM / [ ] NO

    5. Seu filho alguma vez brinca de faz de conta, por exemplo, fazer deconta que est fazendo uma xcara de ch usando uma xcara ou bulede brinquedo ou brincar fazendo de conta com outros brinquedos ouobjetos? [ ] SIM / [ ] NO

    6. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar ou PEDIR

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    a) Desenvolvimento atrasado

    b) Linguagem expressiva superficialmente perfeita

    c) Pedante, formal

    d) Estilo montono ou anormal

    e) Compreenso comprometida, apesar da linguagem perfeita

    V. Aspectos no-verbais:

    a) Olhar anormalb) Linguagem corporal esquisita

    c) Uso limitado dos gestos

    d) Expresso facial limitada

    e) Expresses faciais inapropriadas

    VI. Jeito desengonado:

    Performance insatisfatria em exame neurodesenvolvimental.

    Critrio detalhado:

    I. Reduo marcante na interao social recproca (pelo menosduas das caractersticas abaixo):

    a) No tem amigos, inbil para interagir com colegas

    b) Pouca preocupao em fazer amizades no comeo da vida

    c) socialmente e emocionalmente inapropriado

    d) Tem pouca empatia, a menos que lhe chamem a ateno e digam

    que ele deveria se preocupar com isso

    II. Interesses restritos (pelo menos uma das caractersticasabaixo):

    a) Excluso de outras atividades

    b) Padro repetitivo

    c) Interesse mais mecnico do que relacionado ao significado

    III. Imposio de rotinas e interesses (pelo menos uma das caracter-sticas abaixo):

    a) Impostas para ele mesmo

    b) Impostas para os outros

    IV. Problemas com a fala e com a linguagem (pelo menos trs dascaractersticas abaixo):

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    Algumas Perguntas Comuns:

    Qual o mdico mais indicado para diagnos-ticar uma criana autista?

    Como o autismo diagnosticado atravs docomportamento, importante que o mdico tenha

    experincia anterior com crianas autistas.

    Um mdico competente e honesto, sem conhecimento sobre autismo,pode ajudar a famlia apontando comportamentos estranhos e indicandoum bom especialista.

    O autismo tem cura?

    A grande maioria dos estudiosos sobre autismo ainda afirma que oautismo no tem cura.

    Existe um grande nmero de casos de autistas com um nvel de recupe-rao muito satisfatrio, muitos deles tendo concludo um curso superior

    ou se casado, mas mesmo nestes casos no se fala em cura, pois muitoembora algumas pessoas tenham conseguido um desenvolvimento con-siderado excelente, as suas caractersticas de autismo permanecem portoda a vida.

    O autismo piora com o tempo?

    O autismo no tem carter progressivo, mas o desenvolvimento doquadro associado a fatores de idade e crescimento varia bastante. Algunsautistas apresentam um aumento nos problemas de comportamentoprincipalmente ao entrar na adolescncia; problemas anteriores podemexacerbar-se agravados ainda pelo crescimento fsico. H relatos de apa-recimento de crises epilpticas nesta fase.

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    comunicao verbal em tempo relativamente curto. H relatos de casosde crianas que iniciaram o processo da fala aos sete anos de idade, masisto no o usual, e alguns pais se agarram a estes casos de aparecimento tardio da fala sempre na esperana de que os filhos venham a falaa qualquer momento.

    Isto no bom, pois, quando os filhos no falam, os pais acabam se frustrando e desviando a ateno de intervenes importantes que poderiamser efetuadas.

    O principal problema de crianas de nvel de funcionamento mais baixo,

    em relao comunicao, est na falta da inteno de se comunicar, eno tanto na ausncia de linguagem verbal.

    tambm bastante comum que crianas autistas, independentementede seu nvel de desenvolvimento, apresentando uma linguagem verbabastante fluente, no tenham uma compreenso clara do mecanismo decausa e efeito envolvido na comunicao, e no saibam, por exemploque se faz uma pergunta com o intuito de receber uma resposta ou quequando temos problemas podemos pedir ajuda utilizando palavras.

    Iniciar um processo de comunicao alternativa tem sido uma prticacada vez mais comum, pois, ao contrrio do que muitas pessoas pensa-vam, a introduo de uma comunicao alternativa, por exemplo o PECStem ajudado o desenvolvimento da linguagem verbal, nos casos em queisto possvel, contribuindo na organizao do pensamento e na percepo de que o ato de comunicar-se pode ter conseqncias.

    Como a educao pode ajudar uma criana autista? A educao uma das maiores ferramentas para ajudar uma crianaautista em seu desenvolvimento, para no dizer at que a maior delas

    Atualmente existem algumas variaes de abordagens mais utilizadaspara o ensino especial de crianas autistas, mas a maioria delas concorda

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    A maioria dos estudiosos acredita que o autista, ao atingir a idade adulta,tende a apresentar melhora no quadro geral de comportamento.

    Um aspecto bastante curioso que as pessoas autistas tendem a parecersempre mais jovens do que realmente so.

    Meu filho no fala. Quanto mais eu falar com ele mais depressaele vai aprender a falar?

    Na verdade, no. Uma criana autista em geral tem uma compreensobastante restrita da linguagem.

    Se a criana tem nvel funcional baixo, deve aprender a se comunicarde forma anloga que um estrangeiro aprende uma nova lngua: empequenos passos, com referncias concretas e muitas repeties.

    Se a criana ecollica (repete palavras ou frases anteriormente ouvi-das), quanto mais falarmos com ela, mais material de repetio estare-mos fornecendo, e estaremos aumentando a defasagem entre linguageme comunicao.

    Ecolalia no comunicao. No basta saber falar para se comunicar.

    Em crianas autistas com inteligncia normal, o processo de aquisioda linguagem, de uma forma geral, precisa de muito apoio, pois, dife-rentemente do que ocorre com crianas normais, parece haver umagrande desvinculao entre o uso das palavras e a compreenso de seusignificado.

    At que idade posso ainda ter esperana que meu filho venha

    a falar?

    Em autismo quase impossvel afirmar-se categoricamente alguma coisa,pois sempre correremos um grande risco de errar. Contudo, h casos decrianas autistas de alto nvel de funcionamento que comeam a falar asprimeiras palavras perto dos quatro anos de idade e passam a dominar a

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    um pequeno desafio de cada vez. Assim possvel analisar o resultado decada passo, dimensionar uma possvel mudana de estratgia, recuar umpouco quando necessrio e avanar mais no que for possvel.

    Planejar em longo prazo pode ser um erro muito comprometedor comeste tipo de criana. Portanto, como em muitas outras coisas, devemosevitar a ansiedade e o exagero de expectativas.

    Como devo agir com meu filho/filha autista, na vida familiarquotidiana?

    A vida familiar costuma passar por uma violenta crise nos primei-

    ros momentos que se seguem ao diagnstico, mas em pouco tempoela tende a passar por algumas adaptaes para acomodar-se novasituao.

    Um dos primeiros pontos, e um ponto importante, que os membrosda famlia tm que conviver uns com os outros. Provavelmente a pes-soa com diagnstico de autismo vai ter uma dificuldade adicional paracompreender as regras sociais mais simples. Ao mesmo tempo em que a

    pessoa autista no vai saber preservar seu prprio espao, pode tendera invadir o dos outros.

    Portanto, muito importante tentar desde muito cedo colocar claramentelimites tanto para preservar o espao da criana autista quanto dosdemais membros da famlia.

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    Endereos Nacionais

    Abra

    ABRA - Associao Brasileira de Autismo

    Rua do Lavaps, 1123 Cambuci

    01519-000 So Paulo - SP

    Fone: (11) 3272-8822

    www.autismo.org.br

    [email protected]

    Amazonas

    AMA - Associao de Amigos do Autista no Amazonas

    Rua 2, Bloco 09, apto A, conj. - Bea-Ica-Paraba

    69057-560 - Manaus - AM

    Fone: (92) 236-3494 Fax: (92) 642-0774

    [email protected]

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    AMARS - Associao de Pais e Amigos do Autista do Rio Grandedo Sul

    Rua dos Andradas, 1.727 9o cj. 95 Centro

    90020-013 Porto Alegre - RS

    Fone: (51) 3224-6423 Fax: (51) 3225-4488

    [email protected]

    Centro Teacch Novo Horizonte

    Rua Flix da Cunha, 869 Moinho de Vento90570-001 Porto Alegre - RS

    Fone: (51) 3346-4637

    URL: http://ourworld.compuserve.com/homepages/Peter_Siegrist

    Centro de Atendimento Pedaggico RE-FAZENDO

    Rua Flix da Cunha, 870 - Moinho de Vento

    90570-001 - Porto Alegre - RS

    Fone: (51) 3346-4637

    Santa Catarina

    AAMA - Associao de Amigos do Autista de Jaragu do Sul

    Rua Expedicionrio Gumercindo da Silva, 370 Centro

    89252-000 Jaragu do Sul - SC

    Fone: (47) 370-1555 Fax: (47) 370-1555

    95

    22231-180 - Rio de Janeiro - RJ

    Fone: (21) 2558-3760 Fax: (21) 2245-1695

    [email protected]

    Hospital do Fundo - Odontologia

    Fone: (21) 2542-2074

    UM LUGAR AO SOL - Centro Educacional

    Av. General Guedes da Fontoura, 880 - Barra da Tijuca

    22621-243 - Rio de Janeiro - RJ

    Fone: (21) 2493-3367 / 2495-6436 Fax: (21) 2491-3464

    [email protected]

    Sie: www.lugaraosol.com.br

    Rio Grande do Sul

    AMA-FA - Associao de Amigos do Autista de Farroupilha

    Rua Coronel Pena de Moraes, 610 A, Bairro So Luiz

    95180-000 Farroupilha - RS

    Fone: (54) 9945-2735 Fax: (54) 9973-0460

    [email protected] ou [email protected]

    94

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    Fone: (11) 4415-2800 (11) 4415-1681

    [email protected]

    www.nucleoluzdosol.com.br

    FENIX - Centro de Educao Especial S/C. Ltda

    Rua Nilson Teodoro de Oliveira, 148 - Vila Sua

    12947-040 - Atibaia - SP

    Fone: (11) 484-9165 Fax: (11) 7871-2752

    CAMPINAS

    ADACAMP - Associao para o Desenvolvimentodos Autistas em Campinas

    Rua Padre Francisco de Abreu Sampaio, 349 - Parque Itlia

    13036-140 - Campinas - SP

    Fone: (19) 3272-7889 Fax:(19) 3272-4400

    COTIA

    Fundao Mercedes de Andrade Martins

    Av. Mercedes de Andrade Martins, 777 - Gramado

    06710-060 - Cotia - SP

    Fone: (11) 7922-2550 / 4612-2550

    GUARUJ

    97

    [email protected]

    AMA - Associao de Amigos do Autista de Joinville

    Rua Jos Gerard Rolim Filho, 185

    89222-590 - Joinville - SC

    Fone: (47) 425-5649 Fax: (47) 435-4082

    [email protected]

    So PauloAMERICANA

    ADAPAM - Associao de Amigos e Pais de Autistas

    Rua Carioba, 516

    13465-000 - Americana - SP

    Fone: (19) 3462-8706 / 3470-5285 Fax: (19) 3462-4395

    Centro Mun. De Ed. Do Autista - Tempo de Viver

    Rua Luis Delben, 52

    13465-000 - Americana - SP

    ATIBAIA

    Ncleo de Integrao - LUZ DO SOL

    Estrada Tocantins, 776 Jd Estncia Brasil

    12949-077 Atibaia

    96

  • 8/8/2019 Autismo - Guia Prtico, Ana Ros de Mello

    62/65

  • 8/8/2019 Autismo - Guia Prtico, Ana Ros de Mello

    63/65

    Rua Oratrio, 299 - Bangu

    09280-550 - Santo Andr - SP

    Fone: (11) 4996-1146- (11) 4975-4060

    SANTOS

    APAEA - Associao de Pais, Amigos e Educadores de Autistas

    Rua Almeida de Morais, 17

    11015-450 - Santos - SP

    Fone: (13) 3235-6985

    [email protected]

    www.autistasantos.hpg.com.br

    SO JOS DO RIO PRETO

    AMA - So Jos do Rio Preto

    Av. Brasilusa, 500 - Jardim Redentor

    15085-020 - So Jos do Rio Preto - SP

    Fone: (17) 226-1780

    [email protected]

    SO PAULO

    AMA - Associao de Amigos do Autista de So Paulo

    Rua do Lavaps, 1123 - Cambuci

    01519-000 - So Paulo - SP

    101

    ADIANTE - Associao de Incentivo ao Ncleo de TrabalhosEspeciais

    Rua Benedito Ferreira da Silva, 40 Jardim Adalgisa

    06030-190 - Osasco - SP

    Fone: (11) 3682-5499 Fax: (11) 3685-0474

    PRESIDENTE ALVES

    AME - Associao Multidisciplinar

    de Educao Especializada Regiane AffonsoRua Eloy Ortega Munhoz, 05 - Jardim Colina do Sol

    16670-000 - Presidente Alves - SP

    Fone: (14) 3587-1136 Fax: (14) 577-1136

    RIBEIRO PRETO

    AMA - Associao de Amigos do Autista de Ribeiro Preto

    Rua Nlio Guimares, 184 - Alto da Boa Vista

    014025-290 - Ribeiro Preto - SP

    Fone: (16) 623-4905

    [email protected]

    www.amaribeirao.org.br

    SANTO ANDR

    AMA - Associao de Amigos do Autista do ABC

    100

  • 8/8/2019 Autismo - Guia Prtico, Ana Ros de Mello

    64/65

    AMAS - Associao de Amigos do Autista de Sorocaba

    Rua Nova Odessa, 201 - Jardim Vera Cruz

    18055-360 - Sorocaba - SP

    Fone: (15) 222-4646 Fax: (15) 3217-8074

    [email protected]

    TAUBAT

    APACDA - Associao de Profissionais e Amigos de Autistas e de

    Crianas com Distrbio de Aprendizagem Joel Pedro Jorge

    Rua Monsenhor Ascnio Brando, 215 - Vila das Graas

    12060-540 - Taubat - SP

    Fone: (12) 3631-4539

    [email protected]

    Sergipe

    AMAS - Associao de Amigos do Autista de Sergipe

    Rua Pricles Vieira de Azevedo, 1812 Coroa do Meio

    49035-640 Aracaju - SE

    Fone: (79) 255-2970 Fax: (79) 255-3242

    [email protected]

    103

    Fone: (11) 3272-8822

    [email protected]

    www.ama.org.br

    AUMA - Associao dos Amigos da Criana Autista

    Rua Cezar Zana, 257 Alto de Santana

    02406-030 So Paulo - SP

    Fone: (11) 6950-6246 Fax: (11) 6950-4914

    [email protected]

    Casa do Autista

    Rua Joaquim Antunes, 819 1o. Andar ap. 12

    05415-012 - So Paulo - SP

    [email protected]

    LUCCA - Unidade de Convivncia da Criana Autista

    Rua Pssaro e Flores, 336 - Jardim das Accias

    04704-000 - So Paulo - SP

    Fone: (11) 5505-1804 Fax: (11) 543-8644

    [email protected]

    SOROCABA

    102

  • 8/8/2019 Autismo - Guia Prtico, Ana Ros de Mello

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