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48 1. INTRODUÇÃO A Biomecânica do Desporto constitui-se hoje como uma das mais importantes Ciências do Desporto, tendo percorrido um longo e profícuo caminho desde a sua introdução nos currículos desportivos da escola de Leninegrado. A sua intervenção é determinante, nos dias de hoje, em diferentes domínios: (i) no domínio do mais puro entendimento do movimento desportivo e dos factores que constrangem a sua optimização, pelo que consubstancia uma área decisiva de intervenção no quadro dos sistemas complexos de avaliação e controlo do treino e do potencial de rendimento dos atletas; (ii) no da simulação de novos movimentos e das respectivas exigências morfo-funcionais, de onde favoreça a inovação e a criatividade em condições objectivas de maior fazibilidade; (iii) no da promoção da adequação dos materiais e instrumentos de realização desportiva à preservação da saúde e integridade dos praticantes e à maximização das prestações e (iv) no da prevenção e terapia, reconstrutiva ou não, de lesões desportivas. Apesar desta importância – e do reconhecimento dela pela generalidade da comunidade académica e profissional -, a Biomecânica parece continuar a ser como que remetida para um “gheto” académico, onde se tende a isolar, ou a ser isolada. Este fenómeno parece-nos apresentar uma etiologia plural. Começa, porventura, pela própria linguagem da Biomecânica, naturalmente escorada na matemática, como veremos, que expurga muitas das Biomecânica hoje: enquadramento, perspectivas didácticas e facilidades laboratoriais J. Paulo Vilas-Boas Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto tentativas de aproximação, nomeadamente no quadro de uma cultura, ou de culturas, menos “matematizadas”, como nos parece ser a nossa. Um segundo factor decorre da natureza da instrumentação tradicionalmente utilizada, normalmente sofisticada, ou de aspecto sofisticado e aparentemente pouco amigável para o utilizador. Finalmente, como terceiro factor, surge talvez o recurso a modelos, tantos deles sobre-simplificações do desportista em movimento, que tendem a apresentar-se como caricaturas da complexidade do movimento ou, em contrapartida, construções tão sofisticadas que são percebidas como... imperceptíveis. Neste contexto, pensamos, não é estranho que se assista a alguma “exclusão” da Biomecânica. Todavia, pensamos que esta se deve principalmente a um factor ainda não analisado neste trabalho e muito frequentemente secundarizado: as opções didácticas nas disciplinas de Biomecânica ao nível da Licenciatura. Muitas das vezes a apresentação da matéria mantém-se escorada quase que exclusivamente na aula magistral, muito distanciada do estudante e quantas vezes traduzindo, sobretudo, a vocação circunstancial das preocupações e elucubrações do docente. É assim apresentada como uma matéria “áspera”, difícil, matematizada, intangível e inatingível, um domínio a evitar até ao inevitável pelo tradicionalmente pragmático estudante de Educação Física e Desporto. Neste trabalho procuraremos reflectir acerca da “urgência” da Biomecânica no quadro das Ciências do Desporto, recorrendo fundamentalmente ao seu enquadramento enquanto disciplina científica. Passaremos, depois, a tecer algumas considerações Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 48–56

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1. INTRODUÇÃOA Biomecânica do Desporto constitui-se hoje comouma das mais importantes Ciências do Desporto,tendo percorrido um longo e profícuo caminho desdea sua introdução nos currículos desportivos da escolade Leninegrado. A sua intervenção é determinante,nos dias de hoje, em diferentes domínios:

(i) no domínio do mais puro entendimento domovimento desportivo e dos factores queconstrangem a sua optimização, pelo queconsubstancia uma área decisiva de intervençãono quadro dos sistemas complexos de avaliaçãoe controlo do treino e do potencial derendimento dos atletas;

(ii) no da simulação de novos movimentos e dasrespectivas exigências morfo-funcionais, deonde favoreça a inovação e a criatividade emcondições objectivas de maior fazibilidade;

(iii) no da promoção da adequação dos materiais einstrumentos de realização desportiva àpreservação da saúde e integridade dospraticantes e à maximização das prestações e

(iv) no da prevenção e terapia, reconstrutiva ou não,de lesões desportivas.

Apesar desta importância – e do reconhecimentodela pela generalidade da comunidade académica eprofissional -, a Biomecânica parece continuar a sercomo que remetida para um “gheto” académico,onde se tende a isolar, ou a ser isolada. Estefenómeno parece-nos apresentar uma etiologiaplural. Começa, porventura, pela própria linguagemda Biomecânica, naturalmente escorada namatemática, como veremos, que expurga muitas das

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J. Paulo Vilas-BoasFaculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto

tentativas de aproximação, nomeadamente noquadro de uma cultura, ou de culturas, menos“matematizadas”, como nos parece ser a nossa. Umsegundo factor decorre da natureza dainstrumentação tradicionalmente utilizada,normalmente sofisticada, ou de aspecto sofisticado eaparentemente pouco amigável para o utilizador.Finalmente, como terceiro factor, surge talvez orecurso a modelos, tantos deles sobre-simplificaçõesdo desportista em movimento, que tendem aapresentar-se como caricaturas da complexidade domovimento ou, em contrapartida, construções tãosofisticadas que são percebidas como...imperceptíveis.Neste contexto, pensamos, não é estranho que seassista a alguma “exclusão” da Biomecânica.Todavia, pensamos que esta se deve principalmente aum factor ainda não analisado neste trabalho emuito frequentemente secundarizado: as opçõesdidácticas nas disciplinas de Biomecânica ao nível daLicenciatura. Muitas das vezes a apresentação damatéria mantém-se escorada quase queexclusivamente na aula magistral, muito distanciadado estudante e quantas vezes traduzindo, sobretudo,a vocação circunstancial das preocupações eelucubrações do docente. É assim apresentada comouma matéria “áspera”, difícil, matematizada,intangível e inatingível, um domínio a evitar até aoinevitável pelo tradicionalmente pragmáticoestudante de Educação Física e Desporto.Neste trabalho procuraremos reflectir acerca da“urgência” da Biomecânica no quadro das Ciênciasdo Desporto, recorrendo fundamentalmente ao seuenquadramento enquanto disciplina científica.Passaremos, depois, a tecer algumas considerações

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relevantes acerca do que pensamos dever ser oensino da Biomecânica ao nível da graduação, para,finalmente, sistematizarmos o momento actual doLaboratório de Biomecânica Dr. André Costa, daFaculdade de Ciências do Desporto e de EducaçãoFísica da Universidade do Porto (FCDEF–UP).

2. A BIOMECÂNICA ENQUANTO DISCIPLINA CIENTÍFICAA Biomecânica constitui uma nova disciplinacientífica em pleno processo de estabelecimento(11)

e, portanto, naturalmente carecida de definição e deenquadramento claros e incontroversos.Segundo Adrian e Cooper(1), a Biomecânica constituia disciplina científica que procura medir, modelar,explicar, equacionar, categorizar e catalogar ospadrões dos movimentos das criaturas vivas. Osautores consideram ainda que se trata da “Física domovimento humano ou de outros seres vivos”(2, p.5) ereconhecem diferentes áreas de subespecialidade daBiomecânica: desde os vários tipos de Biomecânicaanimal, até à Biomecânica humana.No domínio específico da Biomecânica humana,Adrian e Cooper(1) distinguem ainda a Biomecânicade porções seleccionadas do corpo (Biomecânicamuscular, óssea, articular, respiratória, etc.) e aBiomecânica do corpo como um todo. Neste últimocaso reconhecem diferentes ramos: (i) Biomecânicadesportiva; (ii) Biomecânica ocupacional; (iii)Biomecânica de reabilitação, etc..A perspectiva de Adrian e Cooper(1) é, naturalmente,uma perspectiva abrangente da Biomecânica. Parece-nos, porém, que um escrutínio rigoroso doenquadramento epistemológico destas perspectivaspode conduzir ao reconhecimento de tangências econflitualidades com outros espaços científicos,como por exemplo a bioenergética, o que nos leva apreferir uma perspectiva algo mais restritiva.Reconhecemos, todavia, que a tendência para umprogressivo alargamento tentacular às questões –todas, ou apenas físicas – que condicionam oentendimento do movimento dos sistemasbiológicos, é uma tendência naturalmente emergenteda inexorável propensão para a transdisciplinaridadena ciência contemporânea.Como contraponto à perspectiva mais abrangentesanteriormente referida, Hay(5) preconiza umaacepção que, em nossa opinião, parece

excessivamente restritiva, ao circunscrever aBiomecânica ao movimento humano. No entanto, oautor propõe uma definição desta disciplina que nosparece a um tempo pragmática, simples esignificante, sobretudo se eliminarmos a restriçãoque impõe à esfera humana: “A Biomecânica é a ciênciaque examina as forças internas e externas que actuam sobreo corpo humano e os efeitos que elas produzem” (5, p.3).Esta definição, exactamente amputada dacircunscrição à esfera humana e, portanto, maisadequada à nossa perspectiva, foi adoptada porNigg(10) num dos mais interessantes manuais deBiomecânica actualmente disponíveis: “A Biomecânicaé a ciência que examina as forças que actuam sobre e nointerior de uma estrutura biológica e os efeitos produzidospor essas forças”. De facto, somos da opinião de que aBiomecânica é a disciplina científica que estuda amecânica dos sistemas biológicos, nãocontemplando, por isso, nem todos os problemasfísicos envolvidos, nem tão pouco se ocupando detodas as inerências do movimento, nomeadamente,por exemplo, as bioquímicas, etc..São, porém, preocupações da Biomecânica os efeitosfísicos das forças, internas ou externas que actuamsobre o sistema biológico considerado, bem como acapacidade e condições para que o sistema em causapossa produzir forças que actuem de determinadaforma sobre outros corpos. Assim, para além demedir as forças em questão e os seus efeitosimediatos sobre os movimentos segmentares e os do“corpo todo”, a investigação Biomecânica deve lidartambém com os factores mecânicos que constrangemou coadjuvam esses movimentos e com os efeitosbiológicos das forças produzidas sobre os tecidos(crescimento, desenvolvimento, degenerescência,lesões de sobrecarga e sobreutilização, etc.).Em suma, a Biomecânica deve deter-se sobre afuncionalidade mecânica dos órgãos, aparelhos esistemas dos seres vivos, sobre a sua cargabilidademecânica, sobre os limites da sobrecarga e da lesão esobre os factores que afectam a performance,incluindo a desportiva e, portanto, envolvendo, otreino em si mesmo, os meios auxiliares de treino, oequipamento desportivo e a técnica desportiva.A Biomecânica consiste, então, numa matéria deinquestionável relevância curricular para cursos deDesporto e de Educação Física, quer ao nível de

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licenciatura, quer de pós-graduação, importandoconferir-lhe a importância que lhe é devida.Admite-se com facilidade, portanto, que ao invés depreconizarmos uma Biomecânica fechada sobre simesma, a vemos antes como uma disciplinanecessariamente vocacionada para a convivência comoutras, especialmente quando é o desporto que éassumido como objecto. Isto, porém, é diferente dese imaginar ou aceitar que a Biomecânica possareclamar para si mesma o contributo específicodessas outras disciplinas. Este enunciado transpõe-nos para uma questão que importa abordar aqui: asrelações da Biomecânica e da Cinesiologia.Cinesiologia significa, literalmente, a ciência domovimento(5) e está, reconhecidamente, na origemda Biomecânica. Adrian e Cooper(1), de resto,sublinham que, na sua forma mais pura,Cinesiologia é sinónimo de Biomecânica.A Cinesiologia terá tido início nos finais da primeirametade do século XX, sendo a publicação por Wells,em 1950, da obra Kinesiology(12), considerada ummarco por individualidades como Hudson(7). Nos seusprimeiros tempos, a Cinesiologia descrevia o conjuntode ciências que tratavam da estrutura e função doaparelho locomotor, nomeadamente do sistema ósteo-muscular. Mais tarde incorporou também o estudodos princípios mecânicos aplicáveis ao movimentohumano, para, mais tarde ainda, ganhar muito maiorabrangência ao agrupar todas as ciências que tratavamo movimento humano(5).Nesta nova fase de grande abrangênciaepistemológica, o termo “Cinesiologia” serviu – eainda serve – para designar, inclusivamente, cursos,universitários ou não, faculdades e departamentosuniversitários, perdendo, ou vendo atenuada, a suacapacidade significante para designar o seu quadrode preocupações originais: a estrutura e função doaparelho locomotor e os princípios mecânicosenvolvidos.Terá sido a partir desta inadequação epistemológicado termo que foram propostos outros para designara área de estudos em causa, de entre os quais Hay(5)

destacou seis: Antropomecânica, Antropocinética,Biodinâmica, Homocinética, Cinantropologia eBiomecânica. Destes, prevaleceu a designação deBiomecânica, a qual, segundo o mesmo autor, obtevemais aceitação na comunidade científica.

Neste quadro evolutivo da Biomecânica, é curiosa aperspectiva de Hudson(7), autor que advoga oreconhecimento de duas fases distintas na evoluçãoda Biomecânica: (i) a Biomecânica Pré-moderna (1940-1965), que associa à Cinesiologia e na qualreconhece uma acentuada influência da Anatomia eda Fisiologia, a par da Física, onde o estudo dacinemática segmentar e dos padrões motoresanatomo-funcionais assumem especial relevância e(ii) a Biomecânica Moderna (pós 1965), alicerçadasobretudo na mecânica e no desenvolvimento edisponibilização de meios tecnológicos que tornamfazível a investigação reducionista sofisticada,caracterizando-se pelo complemento da cinemáticapela dinâmica e pelo estabelecimento de pontes coma termodinâmica e a bioenergética, através deentidades como o trabalho e a potência. Esta pontepara a termodinâmica pressupõe o entendimento doorganismo biológico, do animal, do homem e dodesportista, como sistemas termodinâmicos e aperformance desportiva como uma emergência deprocessos optimizados de aporte energético e derendimento termodinâmico (eficiência), sejabioquímico, seja biomecânico.Esta última perspectiva, de resto, parece-nos beminteressante, isto porque até nas modalidadesdesportivas abertas, onde o processamento dainformação e a tomada de decisões assumem umpapel crítico, a perspectiva termodinâmica não deveser vista como uma aproximação redutora,sobretudo se atendermos a alguns contributosmodernos no domínio das teorias da informação edos sistemas, que consubstanciam um desafiofilosófico à 2ª lei da termodinâmica: o efeitoneguentrópico da informação(9).O enunciado anterior remete-nos directamente paraa seguinte questão: serão exclusivamente do foro damecânica os contributos possíveis da Física parauma abordagem interdisciplinar do movimentohumano, especialmente do movimento desportivo?Parece-nos claro que a resposta à questão anterior énegativa, abrindo um inequívoco espaço de(re)alargamento da Biomecânica e dando lugar àBiofísica do Desporto. A este propósito, de resto, écurioso constatar que Hay(5), imediatamente após asua proposta de definição para a Biomecânica,esclarece que nenhuma das definições disponíveis era

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universalmente reconhecida e que se destacavam, jáentão, zonas de investigação mais vastas do queaquelas que as definições atribuíam à Biomecânica,como que se a própria designação, a exemplo daCinesiologia, estivesse já a cair em desuso.O anteriormente exposto confere especial sentido àperspectiva abrangente da Biomecânica que éexpressa no programa actual da disciplina deBiomecânica do Curso de Licenciatura em Desporto eEducação Física da FCDEF–UP e arriscar-nos-íamosmesmo a preconizar a substituição da disciplina deBiomecânica por uma explicitamente consagrada àBiofísica referenciada ao desporto. Implicitamenteaceitamos que, pelo menos aparentemente, seincorreria no risco de retomar a saga aglutinadora daCinesiologia, mas ganhava-se, naturalmente, emesclarecimento epistemológico e em questões maispragmáticas, como o mais fácil estabelecimento depontes com outras áreas fundamentais do curso,como as disciplinas de Fisiologia. Ganhava-se aindanos domínios da integração de conhecimentos e daconstrução de uma concepção unitária, por parte doestudante, dos factores determinantes do rendimentodesportivo-motor.

3. O ENSINO DA BIOMECÂNICA E/OU DA BIOFÍSICANA GRADUAÇÃO ACADÉMICA EM CIÊNCIAS DODESPORTO E EM EDUCAÇÃO FÍSICASeja restringido à Biomecânica, seja perspectivandoabordagens mais vastas no domínio da Biofísica, oensino da Cinesiologia, ou da Biomecânica, não temsido objecto de investigação aturada, inclusivamenteno que respeita ao ensino desta disciplina em cursosde graduação em Desporto e Educação Física.Estão, todavia, disponíveis alguns dados eperspectivas na literatura, que nos parecem dever seranalisados e reflectidos, mesmo porque nos parecemreportar-se a problemas comuns à maioria doscursos e das instituições que contemplam estadisciplina, onde a Biomecânica é, tradicionalmenteuma das “disciplinas-problema”.Davis(3) reportou dados de extrema relevânciarelativamente ao papel da Biomecânica na formaçãode profissionais de Educação Física e Desportograduados pelas universidades, nomeadamenterelativos à forma como percebem essa importância eà impressão que lhes sobrou dos respectivos cursos.

Das suas conclusões destaca-se:

(i) 82% dos inquiridos consideram que aBiomecânica tem valor prático para oentendimento da técnica desportiva;

(ii) 66% não gostaram da complexidade e nível deabstracção teórica da Matemática e da Físicaenvolvidas;

(iii) 45% dos sujeitos consideraram ser muito difícilacompanhar as componentes Matemática e Físicada disciplina;

(iv) 41 % dos sujeitos referem falta de confiançapara referir princípios biomecânicos quandoensinam ou treinam atletas;

(v) mais de 33% do grupo refere ter dificuldadessubstanciais para ler artigos de investigação emBiomecânica.

Na obra referida(3), o autor coloca em questão aadequação dos conteúdos e dos métodos de ensinoda Biomecânica aos objectivos da disciplina,nomeadamente em cursos de graduação emDesporto e Educação Física. Considera,nomeadamente, que se faz apelo exagerado àlinguagem matemática e à resolução de problemas,valorizando-se menos a compreensão do movimentonuma perspectiva Biomecânica; isto é, valorizando-se menos uma biomecânica “qualitativa”, queconsidera mais apropriada para a formaçãoacadémica inicial.Segundo Davis(3), a intenção de preparar osestudantes para estudos avançados, a fertilizaçãocruzada dos conceitos e dos problemas na era dainterdisciplinaridade e a perseguição da credibilidadeacadémica da área científica em questão, terãolevado a revestir a disciplina de Biomecânica de umacomplexidade exacerbada, implicando um muitoexigente background nas ciências Físicas eMatemáticas e envolvendo conteúdos de reduzidautilidade prática. Complementarmente, o autorconsidera ainda que este quadro tende a serperpetuado, uma vez que, quando os docentes sãochamados a elaborar um programa para umadisciplina de Biomecânica, é comum, na ausência deinformação alargada e de uma verdadeira massacrítica em Pedagogia da Biomecânica, serem tentadosa observar e adoptar os conteúdos e métodos dos

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cursos estabelecidos, refrescando-os apenas atravésdas suas próprias experiências. Só mais raramente sepode assistir a uma verdadeira exercitação dacapacidade criativa dos docentes.A situação anteriormente descrita foi consideradapor Davis(3) como pouco consentânea com aconclusão da First National Conference on the Teachingof Kinesiology, que preconizava:

“A primeira função dos cursos de graduação é a de dotar osestudantes do conhecimento e experiência necessários paraconduzirem análises qualitativas úteis” (6).

Curiosamente, Knudson, Morrison e Reeve(8)

concluíram, na mesma perspectiva, que três cursosde Cinesiologia com incidências diferentes, dois denatureza cinesiológica, mais tradicionais, e um maisespecificamente biomecânico, não proporcionaramqualquer efeito significativo na capacidade dosestudantes para promoverem análises qualitativas detrês habilidades motoras.Se às possibilidades e constatações antes enunciadasse acrescentar a plausível dificuldade de muitosprofessores de Educação Física e treinadores falharemna aplicação de conceitos biomecânicos à análise dashabilidades motoras(2), entende-se bem que se possareconhecer aquilo que Davis(3) definiu como umdilema pedagógico em Biomecânica para cursos degraduação, o qual decorre do reconhecimento de duasaproximações possíveis à disciplina(3, p.16):

“(1) Biomaximecânica – Uma aproximação queenfatiza as ciências Matemáticas e Físicas por formaa melhor preparar os estudantes para estudosavançados.(2) Biominimecânica – Uma aproximação queconsiste num mínimo de teoria e tanta aplicaçãoquanto possível dessa teoria aos problemasencontrados na prática.”

O esclarecimento deste dilema no presente contextopassa, necessariamente, por um exercício especulativoe qualquer tomada de posição decorrerá,inevitavelmente, mais do arbítrio subjectivo de cadaum do que do escrutínio rigoroso dos escassoscontributos pedagógico e didácticos disponíveis.Em nossa opinião, o programa e os métodos de

ensino da disciplina de Biomecânica devem,naturalmente, ser conformes à possibilidade de darsatisfação aos objectivos da disciplina científica emsi mesma; mas devem ter em consideração que amaioria dos estudantes se vai consagrar às carreirasde Professor de Educação Física e Desporto ou deTreinador Desportivo, importando, portanto, que osprogramas e os métodos de ensino sejam capazes depotenciar as competências dos estudantes para aobservação, a análise e avaliação subjectivas datécnica e para a prescrição fundamentada doexercício, de meios auxiliares de treino, ou dedeterminado equipamento desportivo.Devem ainda atender à necessidade de salvaguardara natural hierarquização de diferentes níveis deensino, permitindo que se reserve para os cursos depós-graduação, de mestrado nomeadamente, oaprofundamento dos conteúdos mais essencialmenteteóricos e especialmente vocacionados para osestudos avançados, para a modelação teórica e para ainvestigação científica.Esta nossa perspectiva substancia-se,fundamentalmente, na carência de bases físicas ematemáticas na formação prévia dos estudantes, naescassez dos tempos lectivos para as proporcionar ena importância curricular da Biomecânica emEducação Física e Desporto. Naturalmente que, casoos estudantes pudessem dispor de uma disciplinapropedêutica, por exemplo de Física Geral, ou deMétodos Matemáticos, o quadro da questão seriasubstancialmente alterado.Preservando as devidas proporções, estamos deacordo com Fiolhais(4) quando sublinha, nas primeiraspáginas de Física Divertida, a necessidade dedemocratizar a Física valorizando a sua vertenteintuitiva e eminentemente significante em termosquotidianos e secundarizando a expressão Matemáticasem que, contudo, se renegue esta como linguagemnatural de expressão do conhecimento da Física.Quer isto dizer que preconizamos, ao nível delicenciatura, a valorização de uma Biominimecânica,sem que o “mini” possa, aprioristicamente,encerrar qualquer valoração depreciativa,nomeadamente da credibilidade académica dadisciplina. De facto, tal como Davis(2), nãoqueremos com esta opção dar azo à tentação detransformar a Biomecânica em

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“Bionãomecânica”(3,p.116), mas tão só torná-la maisadequada às condições iniciais e ao nível de ensinoe mais consequente no quadro da formação dascompetências profissionais dos estudantes,nomeadamente no que respeita ao reconhecimentoe valorização dos contributos da Biomecânica parao desenvolvimento da qualidade do seudesempenho profissional.Se, efectivamente, se aceita que os contributos daBiomecânica são essenciais para a optimização daperformance desportiva, notadamente dasmodalidades individuais, cíclicas e fechadas, mastambém das demais (ainda que à sua medida), entãohá que garantir que Professores de Educação Física eTreinadores possam procurar entender e fazer usoseguro e consistente dos seus postulados e das suasnovas conquistas científicas. Para tal, o que começapor ser importante é que aqueles entendam adisciplina e os seus possíveis contributos, ao mesmotempo que desenvolvem as competênciasimprescindíveis à sua utilização para prescreverexercícios e correcções e para avaliar o desempenhode alunos e atletas. Só depois, pensamos, é que éimportante que desenvolvam conhecimentos quelhes permitam a realização de estudos aprofundados.Naturalmente que os Professores e Treinadores têmtambém de fomentar esta convergência, procurando,valorizando e favorecendo um continuadocrescimento da respectiva formação neste campo,sob pena da informação possível e dos contributospossíveis não serem mais do que quase nada. Esteesforço, entretanto, parece-nos ser tanto maisfacilitado, quanto mais inequívoco for oreconhecimento, por um lado, da utilidade daBiomecânica e das mais valias que acrescenta e, poroutro, da importância de cada um se sentirefectivamente capaz de a utilizar de formaconsequente. Em suma, os estudantes de hoje e osprofissionais de amanhã deverão estar disponíveispara a potenciação do seu conhecimento, mas osbiomecânicos, docentes e investigadores, deverãoestar preparados para suavizar o seu discurso, porforma a disponibilizar os seus contributos de formaamigável e perene.No que respeita ao ensino propriamente dito, estaperspectiva impõe, sobretudo, uma aproximaçãodidáctica diferenciada e não tanto uma alteração

radical de conteúdos. Naturalmente permite aabordagem a mais conteúdos, uma vez que seprocura uma aproximação mais intuitiva e menosaprofundada dos mesmos.A Matemática é introduzida de forma mais subtil e éconferida mais ênfase à resolução de problemas àmedida que vão surgindo, por oposição à sistemáticacolocação de problemas aos estudantes para resoluçãoe, muitas vezes, com reduzida contextualizaçãodesportiva. Uma forma de o conseguir será, porexemplo, partir da observação do movimentodesportivo e da sua descrição, para a respectivaexplicação, eventual modelação e simulação ulterior,dois passos que poderão, com facilidade e coerência,ser remetidos para estudos de pós-graduação.

4. MOMENTO ACTUAL DO LABORATÓRIODE BIOMECÂNICA DR. ANDRÉ COSTAEm Julho de 1997 começou a ser implementada umanova perspectiva integrada de dotação eoperacionalização da instrumentação para a avaliaçãoe investigação biomecânicas do Laboratório deBiomecânica Dr. André Costa da FCDEF–UP.Tomando por referência o antes exposto e,principalmente, a necessidade de “laboratorização”do ensino da Biomecânica, seja a nível de graduação,seja de pós-graduação, procurou-se que estainstrumentação tocasse os grandes domínios deintervenção, nomeadamente:

(i) a cinemetria;(ii) a dinamometria e(iii) a electromiografia.

Esta nova perspectiva do ensino da Biomecânica naFCDEF–UP tornou-se possível dada a convergência deum conjunto de factores de desenvolvimento, a saber:

(i) facilidades de espaço e de interacçãoproporcionadas pelas modernas instalações daFaculdade;

(ii) reforço do orçamento da Faculdade e gestãoorçamental sensível ao desenvolvimentocientífico e tecnológico da instituição;

(iii) reconhecimento, pela a comunidade escolar, danecessidade de dotar a Faculdade de umLaboratório suficientemente equipado para

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proporcionar quer a mais adequada leccionaçãodas disciplinas de Biomecânica aos níveisgraduado e pós-graduado, quer as infra-estruturas necessárias à implementação deprogramas de investigação Biomecânica nosdiferentes contextos desportivos e afins;

(iv) reforço do pessoal docente e não docente afectoao Laboratório;

(v) valorização e fomento de interfaces decompetências, chamando à colaboração directasujeitos com diferentes formações esensibilidades e

(vi) fomento de parcerias com outras faculdades daUniversidade do Porto, nomeadamente com asde Engenharia e de Ciências.

Aos factores de desenvolvimento referidos juntou-seainda uma máxima que reputamos da maiorutilidade: a ideia de que, mediante a impossibilidadede recurso a soluções tecnológicas comerciaisaltamente especializadas, importaria potenciar odesenvolvimento de soluções próprias que, por suavez, pudessem vir a abrir espaços de inovação edesenvolvimento.Consideramos hoje, três anos volvidos sobre o inícioda reforma em causa, que nos encontramos próximodo que poderíamos classificar como o “início daprimeira fase adulta” de uma estrutura destanatureza: um Laboratório Universitário deBiomecânica do Desporto, vocacionado a um tempopara a docência, para a investigação científica, para odesenvolvimento tecnológico e para a prestação deserviços à comunidade.

4.1. Meios e potencial para a intervenção BiomecânicaEm traços gerais, a instrumentação já disponível noLaboratório permite um amplo leque de abordagensbiomecânicas (Figura 1), integradas ou não, quepermitem a mais conveniente e actualizadaproblematização da actividade física e desportivaneste domínio científico. Trata-se, na maioria doscasos, de instrumentação comercial, apesar de secontar já com equipamento de desenvolvimentopróprio, nomeadamente os eléctrodos activos para

Electromiografia (EMG) diferencial de superfície.O desenvolvimento de equipamento vem permitindominorar os custos de dotação do Laboratório,sabidamente pesados e especialmente difíceis desuportar pelos reduzidos orçamentos de Faculdadesde não muito grande dimensão, como é o caso. Noentanto, o actual equipamento do Laboratório traduzjá um investimento avultado, quer em termosabsolutos, quer, inclusivamente, em termos relativos,o que diz bem do esforço desenvolvido pela FCDEF–UP no domínio da implementação de estruturaslaboratoriais.Uma outra solução para minorar os custos demontagem de uma infra-estrutura desta natureza,consiste no desenvolvimento ou configuração desoftware para o processamento do sinal produzidopelos vários instrumentos, em alternativa à opçãopelo software original. Para além da redução decustos conseguem-se assim algumas soluçõesinteressantes de sincronização de instrumentaçãodiversa, tantas vezes difícil e muitas vezes decisivapara a complexa investigação biomecânica domovimento desportivo. Neste particular, oLaboratório recorre normalmente a uma placa deconversão analógico / digital (A / D) Biopac e aorespectivo software (Acqknowledge), especificamenteformatado para os diferentes inputs.Por último, registe-se que uma das tarefasfundamentais do Laboratório consiste nodesenvolvimento de pequeno material de suporte àimplementação das situações experimentais dosdiferentes protocolos de investigação (suportes deplataforma de força e células de carga, estrados paraanálise dinâmica da marcha, suportes para câmarasde vídeo, referências de calibração planar e espacial,soluções de sincronização de sinal vídeo, áudio edinamométrico, etc.).No domínio da investigação científica, o Laboratóriotem procurado desenvolver a sua actividade emarticulação estreita com os diferentes Gabinetes daFCDEF–UP, quer desenvolvendo projectosautónomos, quer dando resposta à necessidade deimplementação de projectos com vista à realizaçãode provas académicas.

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A sua actividade estende-se também à cooperaçãocom outras instituições e pessoas, desde clubesdesportivos, associações regionais e federações,passando por hospitais e outras instituiçõesuniversitárias, principalmente promovendo ainvestigação e reflexão biomecânicas, procurandosempre o fomento da mais sã convivialidade

Biomecânica hoje: enquadramento, perspectivas didácticas e facilidades laboratoriais

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SVHS shutter

Deslocamentos,velocidades eacelerações

intersegmentares

Plataformade forças

Célulasde carga

Electromiografia

Conversão A/D

Eléctrodos activos(pré-amplificação)

Actividade muscular

cronologia intensidade

Força

Análise dinâmica

mioeléctricado movimento

Diagnósticoda funçãomuscular

Transferênciasde energia

leitor 50Hz c/ time code

escalas decalibração

2D 3D

Peak-5 ARIEL PAS

Cinemetria

câmaras vídeo (>2x )

iluminadores lux Electrogoniómetros

biaxiais

Conversão A/D

Análise cinemática do movimento

articular

representação domodelo anatómico

biomecânico

determinação docentro de gravidade

(CG)

Análise cinemática do movimento de segmentos, centros articulares, CG e

engenhos

trajectórias, deslocamentos,velocidades e acelerações

Análise dinâmica inversado movimento

Dinamometria

Forças nãoequilibradas

Estabilogrametriada equilibração

Análise dinâmica

directa do movimento

Conversão A/D

Forçasequilibradas

Equilíbriosdinâmicos

Inst

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Áre

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Bertec Globus Penny & Giles

Electrogoniometria

Transdutores depressão plantarNovel - Pedar

Figura 3. Representação esquemática dos domínios, variáveis e áreas de investigação Biomecânica susceptíveisde estudo através da instrumentação disponível no Laboratório.

académica e científica e procurando extrair omaior número possível de mais valias,nomeadamente decorrentes do contacto comdiferentes saberes, problemas e perspectivas, parao desenvolvimento da adequação desta estruturaao tecido social e desportivo em geral e ao tecidouniversitário em particular.

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5. REFERÊNCIAS

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