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GLOBALIZAÇÃO PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

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Admirável mundo novo?Nos anos 90 o termo globalização passou das universidades para amídia, ganhando enorme popularidade. Hoje estamosfamiliarizados com a palavra, que se integrou ao cotidiano ecircula livremente em conversas de salão e boteco.

O fenômeno nos parece recente, mas vale lembrar que nostempos antigos o Império Romano chegou a unificar um terçoda população mundial. Nos séculos 15 e 16 aconteceu o grandesalto da integração planetária, com a abertura de rotasmarítimas entre a Europa e a África negra, as Américas e Ásia.Um novo mundo surgiu. A colonização das Américas foiimediata. No século 19, foi a vez da África e de grande parte daÁsia serem integradas aos impérios das potências européias(estas já tinham, entretanto, perdido seus territórios americanos).Historiadores e economistas concordam em dizer que no finaldo século 19 a circulação de bens, investimentos e pessoas eramais livre do que é atualmente. Esses fluxos foraminterrompidos pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Onovo momento da globalização que vivemos atualmentecoincide com o "encurtamento de distâncias" produzido peloestonteante desenvolvimento tecnológico do século 20 (meios de comunicação e meios de transporte) ea dominação mundial das idéias que propõe a liberalização das transações econômicas e financeiras.

Seria um equívoco, porém, pensar que a globalização é um movimento único e homogêneo. Ele é emrealidade um entrelaçamento de processos econômicos, sociais, políticos, culturais, ideológicos e mesmoreligiosos. Embora eles se influenciem mutuamente, cada um desses aspectos tem suas própriascaracterísticas e uma diversidade de atores sociais.

Lembremos, ainda, que a natureza da globalização é um tema polêmico. Para uns ela é o caminho de umamanhã radioso, para outros é a forma em que o capitalismo se expande e se recicla para manter suadominação. Não faltam, inclusive, os que pensam que no final das contas não estamos tão globalizadosassim. Vamos então entrar no assunto devidamente prevenidos a respeito de sua complexidade.

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Globalização e comércioHá 60 anos o comércio internacional vem crescendo a um ritmo superior ao da economia mundial, tornando-se uma atividade cada vez mais importante para a maioria dos paises, e uma das âncoras da globalização.

A liberalização do comércio é freqüentemente apresentada como fórmula da prosperidade. Essa mensagemtem como base teorias formuladas no século 18, segundo as quais cada país deveria se especializar naprodução dos bens para os quais tem as melhores condições, e adquirir de outros aquilo que não consegueproduzir competitivamente; assim todos sairiam ganhando. A fórmula só funciona inequivocamente, porém,em condições "de laboratório", onde não existem entraves e limitações. Na vida real a concorrência colocafrente a frente países que não estão em igualdade de condições para disputar. As chances de uns ganharemsão, portanto, maiores que as dos outros.

Um informe divulgado em 2005 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD destaca,por exemplo, que apesar de ter sido a América Latina o continente que mais se abriu para o comérciointernacional desde o final da década de 1980, os resultados em termos de crescimento foram decepcionantessenão nulos. Fica claro que as condições requeridas para o crescimento vão além da simples abertura para ocomércio internacional.

Os críticos da abertura comercial lembram, ainda, que questões de extrema importância não são captadaspela fria racionalidade dos números. Por trás de um setor econômico tradicional sempre há uma cultura euma rede de relações sociais que são destruídas quando aatividade cessa. Isto vale tanto para os mineiros de carvão daEuropa - uma profissão quase extinta - como para o camponêsque produzia milho no México e ficou sem mercado depois queos acordos comerciais com os Estados Unidos abriram as portaspara a produção desse país.

Por outro lado, os acordos que regulamentam a liberalizaçãomundial do comércio estão avançando no sentido da expansãodas regras do mercado sobre a vida, através do patenteamento,manipulação e comercialização do patrimônio genético. Ospaíses mais desenvolvidos exigem que a abertura se estendatambém à prestação de serviços de saúde e educação.

O comércio internacional é, de todo modo, um dos grandestemas de nossa época. A questão provoca múltiplas disputas, nocentro das quais estão os países mais ricos, que apregoam aliberalização do comércio nos setores em que levam vantagem(indústria e serviços) enquanto levantam barreiras protecionistaspara se proteger onde estão em desvantagem (agricultura). Atébem recentemente esse era o encaminhamento dominante nas

O que é o neoliberalismo?Em 1989, durante um encontroorganizado na cidade de Washington,com participação de funcionários dogoverno norte-americano, de organismosinternacionais e de economistas latino-americanos, foi criada uma espécie dereceituário para a prosperidade dospaíses: redução da presença do Estado naeconomia e privatização de empresasestatais, redução da influência dossindicatos, liberalização das transaçõesfinanceiras e comerciais, entre outrasmedidas. A esse conjunto de idéias,amplamente aplicadas na América Latina,deu-se o nome de neo-liberalismo.

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negociações internacionais, mas o fracasso das últimas conferências da Organização Mundial do Comércio,provocado pela insistência dos países em desenvolvimento em mudar essa regra do jogo, mostram que háuma mudança de clima muito importante. O Brasil, atuando conjuntamente com outros países, teve um papelde destaque nessa mudança.

Multinacionais no centroAs empresas multinacionais lideram e imprimemsua marca à globalização. Para ganhar escala econseguir as melhores condições de produção,elas distribuem suas fábricas em diversos países.Desta maneira, um carro pode ter o motor feitono Brasil, a caixa de marcha na Alemanha, atapeçaria no Paquistão e ser montado noMéxico, para ser vendido no final das contas nomundo todo. O intercâmbio entre filiais dasempresas multinacionais que integram essesistema mundial de produção e distribuição -que não poderia existir sem a liberalização docomércio a que nos referimos no tópico anterior - éresponsável por um terço do comércio internacional,uma proporção extraordinariamente alta.

A facilidade que as multinacionais têm de deslocaratividades de um país para outro aumentou seu poder perante os governos e as sociedades locais, quesabem que as fábricas podem ir embora facilmente. Esta situação pressiona no sentido de umafrouxamento das regulamentações ambientais e trabalhistas nacionais. Em 1998, a mobilização deorganizações da sociedade civil dos países desenvolvidos abortou as negociações do Acordo Multilateralde Investimento-AMI, um tratado internacional que colocaria a proteção dos interesses dos investidoresestrangeiros acima das legislações nacionais. Note-se que o novo poder das multinacionais é exercido nãoapenas em relação aos países em desenvolvimento, mas também em relação aos próprios países dos quaissão originárias. Tanto é assim que o AMI estava sendo negociado dentro da OCDE (Organização para aCooperação e o Desenvolvimento Econômico) que reúne os países mais desenvolvidos do planeta.

Os processos mundiais de produção marcam o fim progressivo de uma etapa do capitalismo que tinhacomo base a proteção dos mercados nacionais, onde o Estado podia utilizar mais ou menos livrementeferramentas de política econômica para fomentar o emprego para todos e o aumento dos salários, mesmoque isso aumentasse também os custos locais de produção. O novo modelo, ao contrário, estádirecionado para a redução dos custos nacionais, de modo a viabilizar a sobrevivência e o sucesso dasempresas localizadas no país na concorrência internacional.

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Produtividade, qualidade, preçoO aumento da produtividade é uma tendência do capitalismo, acentuada pelas inovações tecnológicas e aspossibilidades abertas pela escala mundial de produção. Para dar uma idéia do que isso significa basta dizer queno Brasil 90 mil trabalhadores da indústria automobilística produzem atualmente o dobro de veículos que 140mil funcionários faziam há 25 anos. O aumento da produtividade dos trabalhadores é um dos fatores queexplicam o estacionamento do desemprego a nível mundial em um patamar relativamente elevado (6,3% nomundo e 8,6% na América Latina e Caribe em 2004, segundo a Organização Internacional do Trabalho).

Os processos mundiais de produção têm criado um padrão igualmente mundial de qualidade para os bens deconsumo duráveis. O aparelho de televisão que compramos numa loja no Brasil tem essencialmente as mesmascaracterísticas que aqueles vendidos nas lojas de Nova Iorque ou Hong Kong. Como o padrão é ditado pelasexpectativas dos consumidores dos países mais desenvolvidos - onde as inovações tecnológicas têm difusão maisrápida - houve um nivelamento por cima no que diz respeito à qualidade, inclusive no plano ambiental (produtosmenos poluentes e que consomem menos energia). Um exemplo é a injeção eletrônica dos automóveis, menospoluente do que o tradicional carburador, que se impôs mundialmente a partir das normas anti-contaminaçãodos países industrializados.

A abertura comercial somada à generalização dos processos mundiais de produção tem produzido tambémuma queda muito significativa dos preços relativos (isto é, comparados com salários e preços de outrosprodutos) de carros, motos, geladeiras, TVs, computadores e todos os outros bens de consumos duráveis.Centenas de milhões de pessoas passaram, dessa forma, a ter acesso a esses bens.

O império das finançasO crescimento da especulação financeira em relação às atividadesprodutivas é outra marca da globalização. Estima-se que diariamente sejaaplicado nos mercados e praças financeiras um volume equivalente àmovimentação do comércio internacional no ano inteiro.

O fenômeno foi produzido pela desregulamentação que permitiu a livrecirculação dos capitais. A tendência começou nos Estados Unidos e foiimposta aos países em desenvolvimento pelo Fundo Monetário Internacional apartir da década de 1980. As Tecnologias da Informação, que permitem realizarconexões instantâneas, fizeram o resto: um "operador" sentado no seu escritórioem Londres investe na bolsa de Hong Kong, vende para realizar o lucro erecompra na bolsa de São Paulo ou no mercado de câmbio de Nova Iorque, tudo em questão de minutos.

É das pessoas que movimentam esses capitais especulativos - nacionais e internacionais - que a imprensa falaao dizer que tal ou qual medida econômica "tranqüilizou" ou "assustou" o mercado. Do mesmo modo, a

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famosa expressão "risco país", que em determinados momentos parece se tornar a medição mais importante dodesempenho do governo, é em realidade um indicador criado por um banco de investimento (J.P.Morgan)para orientar esses investimentos migratórios, que estão sempre a procura do melhor retorno.

Eu devo, tu deves, nós devemosA maneira em que os países em desenvolvimento caíram na ciranda financeira ilustra como se exerce o podereconômico em nível mundial. Na década de 1970 havia no mundo uma abundância de recursos disponíveispor causa dos denominados petrodólares (os países produtoresde petróleo haviam multiplicado seu preço e acumulavamreservas financeiras que deviam ser aplicadas). As taxas dejuros caíram, os créditos foram facilitados e os países emdesenvolvimento se endividaram. Créditos baratos sim, masatrelados às taxas de juro praticadas pelo governo norte-americano. Quando em 1979 os Estados Unidos começaram asubir os juros para conter sua própria inflação os países emdesenvolvimento não conseguiram mais honrar seuscompromissos e entraram na lógica dos "juros sobre juros".Novos empréstimos - agora a taxas nada camaradas - foramconcedidos para rolar a dívida gerando um efeito bola de neve.

O Fundo Monetário Internacional impôs então a aberturados mercados financeiros nacionais como contrapartida dosseus créditos e de seu aval - que os países precisavam pararolar suas dívidas junto aos bancos privados - e a obrigaçãode adotar políticas econômicas recessivas para direcionarrecursos ao pagamento da dívida. A década de 1980 éconhecida na América Latina como a "década perdida"devido à paralisia econômica induzida por essas políticas.

A soberania nacional em questãoA soberania é a capacidade de um Estado exercer com autodeterminação o poder dentro de seu território e suaindependência nos assuntos internacionais. Trata-se, como podemos ver, de um atributo essencial. A questãoque se coloca é saber até que ponto a globalização é um processo que aponta para o fim da soberania dosEstados nacionais. O tema não é novo, até porque necessidades de ordem prática - como a gestão de recursoshídricos comuns, para dar apenas um exemplo - levam os países há muito tempo a fazerem acordos que têmprimazia sobre a legislação nacional, renunciando assim a porções de sua soberania.

No mundo empresarial, arenegociação de dívidas é uma práticaaceitável quando a situação aperta enão é possível pagar. A renegociaçãopermite que a empresa continuefuncionando e se recupere. Postos detrabalho e os próprios negócios sãopreservados. Porém quando se trata depaíses, a renegociação de dívidas toma onome de “calote”, uma expressãopejorativa amplamente divulgada pelamídia para designar o mesmofenômeno (o não pagamento da dívida,seguido de renegociação). Este é umbom exemplo de como as palavrasconstroem pensamentos políticos.

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Diversos elementos indicam, porém, que estamos nos direcionando para uma etapaessencialmente diferente. Em primeiro lugar está o fenômeno de criação de blocos

regionais (países que se unem para estabelecer políticas comuns). O exemplo maisimpressionante é a Europa, onde 25 Estados transferiram uma parte importante

de seus poderes - inclusive o de emitir uma moeda comum, abrindo mão deum atributo essencial da soberania - para um ente supranacional. Outros

blocos estão sendo construídos. O mais importante dentre eles, para oslatino-americanos, é o Mercosul, unindo Brasil, Argentina, Paraguai,

Uruguai e Venezuela, contando ainda com o Chile, Bolívia, Peru,Equador e Colombia como países associados.

Outro fator de "diluição" da soberania nacional é a construção deacordos mundiais de liberalização das trocas comerciais, um processo

que acontece dentro da Organização Mundial do Comércio. A OMC,que administra acordos sobre

intercâmbio industrial e agrícolae propriedade de patentes emarcas, tem o enorme poder dearbitrar conflitos entre seusmembros, através de pareceres que

estes devem respeitar obrigatoriamente. A Organização Mundial doComércio milita intensamente a favor da liberação dos intercâmbiosmundiais e pela ampliação da livre-concorrência à área de serviços(dentre eles educação, saúde e cultura).

A formação dos blocos regionais, a constituição de um mercadomundial e a liberalização das movimentações financeiras têmdiminuído a possibilidade dos países adotarem políticasindependentes. A continuidade das tendências atuais produzirá nofuturo uma restrição ainda maior da soberania dos Estados,obrigando-os a respeitar um número crescente de acertosinternacionais globais e regionais.

Instâncias internacionaisA Organização das Nações Unidas constitui, no plano político, o fórum mais importante da cooperaçãointernacional. Fundada em 1945, após a 2ª Guerra Mundial, ela tem como missão manter a paz no mundo epromover o progresso social e os Direitos Humanos. Em 2003 a ONU sofreu sua pior crise, quando os EstadosUnidos invadiram o Iraque apesar da sua oposição. A decisão dos Estados Unidos deu início a um período deincertezas, na medida em que a nação mais poderosa do planeta se atribuiu o direito de usar da força contraoutros países sem a autorização e o aval da comunidade internacional.

MUDANÇAS À VISTAAté 2010 as escolas de ensino médio,públicas e particulares, serão obrigadas aoferecer a seus alunos ensino da línguaespanhola, como segunda línguaestrangeira. A matrícula do aluno seráopcional. Para o ensino fundamental, ainclusão da língua espanhola nocurrículo será facultativa a partir da 5ªsérie. A medida visa estreitar os laçosculturais do Brasil com os demais paísesda América Latina.

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O poder das Nações Unidas (192 países membros) está sendodesafiado também pela Organização Mundial do Comércio(149 países membros). Enquanto a OMC preconiza, porexemplo, a inclusão da cultura dentro das trocas comerciaslivres, a UNESCO - o braço das Nações Unidas que se ocupado tema - aprovou uma convenção que autoriza os países atomar medidas para proteger suas expressões culturaisnacionais. As lógicas de uma e outra posição são quaseopostas. Da mesma maneira, a proteção rigorosa das patentesdos remédios (OMC) se contrapõe ao desejo de umadistribuição mais ampla dos mesmos às populações pobres,defendida pela Organização Mundial da Saúde, outra agênciaespecializada da ONU.

Outra consideração diz respeito à assimetria de poder nasinstituições internacionais. No Conselho de Segurança dasNações Unidas, formado por 15 países, somente cinco têmassento permanente e direito de veto sobre as decisões(Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra).No Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial o peso de cada país nas votações depende da quotado capital que lhes pertence, o que está atrelado ao peso de suas economias. Isso coloca naturalmente ocontrole dessas instituições nas mãos dos países desenvolvidos. A Organização Mundial do Comércio é, nessesentido, uma instituição mais democrática, já que aplica o critério “um país um voto”. Este fato não é alheioao bloqueio das negociações para reduzir barreiras comerciais que aconteceu a partir de 2003 comoconseqüência da desconformidade dos países em desenvolvimento.

Apesar das contradições e dificuldades existentes, a evolução das relações entre os países se encaminhaprogressivamente para a constituição de um Direito Internacional cada vez mais denso, formado pordeclarações (como a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948), tratados, convenções eacordos. A montagem do Direito Internacional se traduz no fortalecimento de um sistema judiciário e dearbitragem de conflitos em escala mundial. O último avanço nesse sentido foi a criação do Tribunal PenalInternacional (2002), que tem poder para investigar e julgar indivíduos acusados de crimes de guerra, decrimes contra a humanidade ou de genocídio.

A globalização dos DireitosOs Direitos Humanos tornam possível a possibilidade de usufruirmos da vida. É simples assim: sem elesreinaria a brutalidade e arbitrariedade da Lei do mais forte. A universalização progressiva dos Direitos Humanosé uma "outra globalização" - absolutamente positiva desta vez.

No ano 2000 os países-membros da ONU, assinaram aDeclaração do Milênio, comprometendo-se a atingir 8 objetivos até o ano de 2015.1- Erradicar a extrema pobreza e a fome.2- Atingir o ensino básico universal.3- Promover a igualdade de gênero e aautonomia das mulheres.4- Reduzir a mortalidade infantil.5- Melhorar a saúde materna.6- Combater o HIV/Aids, a malária eoutras doenças.7- Garantir a sustentabilidade ambiental.8- Estabelecer uma Parceria Mundial parao Desenvolvimento

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Os direitos civis, que surgiram a partir do século 18, sobretudo após odecisivo impulso da Revolução Francesa (1789), constituem a primeirageração dos Direitos Humanos. Entre esses direitos, também chamados defundamentais, estão a liberdade de expressão, o direito de propriedade e àigualdade perante a lei, e o direito de ir e vir. Os direitos políticos tambémfazem parte da primeira geração dos Direitos Humanos. Eles referem-se àparticipação do cidadão no governo da sociedade. Entre os direitos políticosestão a possibilidade de votar e ser votado, fazer manifestações políticas,organizar partidos.

A segunda geração é a dos direitos sociais, também chamados direitosda igualdade. Devemos sua conquista à luta dos trabalhadores que serevoltaram contra a exploração no século 19 e início do século 20. Odireito ao trabalho e a um salário digno, à aposentadoria, à moradia,saúde, alimentação, educação e lazer são alguns deles.

A terceira geração é a dos direitos "difusos" ou coletivos, assimchamados porque sua violação compromete a conjuntos inteiros da população. Os direitos das mulheres e dosnegros à igualdade e o das crianças à proteção são direitos difusos, do mesmo modo que a preservação domeio ambiente e do patrimônio histórico e cultural, e a própria paz.

Os direitos da quarta geração, surgiram recentemente a partir das necessidades e problemáticas éticas impostaspelo avanço da ciência, notadamente na área da biotecnologia (preservação dos organismos vivos e dopatrimônio genético, proteção do genoma humano contra a manipulação). As tecnologias da informaçãotrazem temas tais como a privacidade eletrônica. É por lidar com esses assuntos que os direitos de quartageração são conhecidos também como direitos da vida.

A questão ambientalO crescimento da população mundial - passamos de1 bilhão de habitantes no início do século 19(1802) para 6,5 bilhões em 2006 - associado aoaumento do consumo individual coloca em risco oequilíbrio ambiental do planeta. Inúmeras são asáreas onde os indicadores estão passando para oamarelo e até para o vermelho. O maior perigoreside no aquecimento global que está provocandoum aumento do nível do mar (estimativasarrepiantes falam de possibilidade de acontecer umaumento de até 25 metros ainda neste século!) emudanças climáticas igualmente catastróficas.

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O fato de o planeta Terra ser um ecossistema indivisível faz com que a crise ambiental imponha a necessidadeda cooperação internacional. O ponto mais alto atingido até agora foi o Protocolo de Kyoto - batizado com onome da cidade do Japão onde ele foi assinado em 1997 - que compromete as nações industrializadas areduzirem a emissão de gases produtores do efeito estufa. Esse acordo apresenta graves defeitos: os EstadosUnidos - que são responsáveis por 1/3 das emissões - não o ratificou ainda; ele tampouco estabelece obrigaçõespara alguns gigantes poluidores como o Brasil, China e Índia. Mas o importante, como tendência, é que eleexiste e que dificilmente se volte atrás nesta como em outras áreas da cooperação ambiental estratégica (a revisãodo Protocolo de Kyoto está, aliás, prevista para 2008).

Para além da cooperação entre Estados há outra questão, de muito mais difícil trato, posta para um futuro nãomuito distante. O modelo de desenvolvimento dominante - isso que se chama popularmente de "progresso" -tem como objetivo disponibilizar um número crescente de bens e serviços para o consumo (nisso constituiria,de fato, o bem-estar e até a felicidade das pessoas, segundo esse modelo). Porém, sabe-se que é simplesmenteinviável, do ponto de vista ambiental, que toda a humanidade tenha acesso ao nível de consumo de umeuropeu, um norte-americano ou mesmo de um brasileiro de classe média alta. O Instituto de Políticas da Terra(Washington) estimou, por exemplo, que se a China continuar no ritmo de crescimento que mantém há váriosanos, até 2031 seus habitantes consumirão o equivalente a dois terços da atual produção mundial de cereais emais que o dobro da atual fabricação de papel.

O planeta simplesmente não comporta a possibilidade dos pobres chegarem aos patamares de consumo da classemédia. Mas por que bilhões de pessoas iriam aceitar esse sacrifício se o modelo que prevalece é justamente o doconsumismo? A questão, como se vê, tem desdobramentos muito sérios. As pessoas - os leitores deste fascículo,por exemplo - aceitarão que a aspiração possível de consumo compatível com a sustentabilidade ambiental doplaneta está num ponto que muitos associariam a uma perda de qualidade de vida?

A questão ambiental é o mais sólido motivo para acreditar que a globalização é um fenômeno irreversível,uma "última fronteira" da humanidade. Não há como fugir da procura de soluções numa perspectivacooperativa, assim como não há possibilidades de mudança para outro planeta...

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Homens e mulheres se deslocandoO deslocamento de populações é uma constante na história da humanidade. Durante muito tempo os povosse movimentaram em massa, o que deu origem a grandes civilizações (assim como sua queda, basta ver oexemplo do Império Romano que não suportou o peso da migração das chamados "bárbaros").

Na era moderna houve quatro grandes movimentosde populações. O primeiro foi o deslocamentoforçado dos africanos, vítimas do tráfico deescravos, que durou 300 anos e fez atravessar oOceano Atlântico entre 10 e 20 milhões de pessoas.O segundo e o terceiro movimentos aconteceramno final do século 19 e começo do 20. Dez milhõesde indianos e chineses migraram para outros paísesda Ásia e a África do Sul, enquanto 50 milhões deeuropeus foram para o continente americano eOceania. O quarto movimento, que está em cursoneste momento, consiste na migração depopulações dos países em desenvolvimento para ospaíses ricos do hemisfério norte, principalmente.Segundo um estudo divulgado pelas Nações Unidasem 2006 haveria atualmente 191 milhões deimigrantes no mundo (pessoas que nasceram numpaís e residem em outro), 16 milhões a mais do que em 1990.

Os movimentos atuais de população são fontes de tensões, pois contrariamente ao passado, os imigrantes nãoestão mais sendo bem recebidos nos países ricos. Na Europa e nos Estados Unidos as legislações estão sendoreforçadas para dificultar a entrada e permanência dos estrangeiros e as fronteiras se fecham cada vez mais.Uma das medidas mais polêmicas, no momento atual, é a construção pelos Estados Unidos de um muro de1.130 quilômetros para fechar a fronteira que o une (ou, no caso, o separa) do México, para evitar ainfiltração de latino-americanos. O fluxo de pessoas dos países em desenvolvimento em direção dos paísesmais ricos parece, porém, difícil de ser barrado, porque milhões de pessoas que vivem nos países mais pobresacreditam que a possibilidade de viver uma vida digna está na imigração.

Comunicação e culturaA percepção que temos da globalização é em grande parte construída pelos meios de comunicação, quetiveram uma espetacular evolução no século 20, particularmente com a invenção da televisão, a criação derede de satélites que conectam o mundo inteiro e a Internet. Não apenas aconteceu uma revolução

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tecnológica que aumentou enormemente a capacidade de transmissão de informações, como também osequipamentos tiveram seus preços reduzidos, tornando-se cada vez mais accessíveis.

A percepção da inter-relação que existe entre a comunicação de massa e a cultura é bastante antiga (oconceito de "indústria cultural", por exemplo, é de 1947). A crítica aborda a situação através de diversasperspectivas. Uma é a preocupação com a perda de autonomia da cultura, que passa a ser um mercadoregido pela procura do lucro, como qualquer outro. Outra preocupação passa pela padronização cultural e aconseqüente perda das identidades culturais nacionais, o que seria uma influência da mídia global, queconcentra a produção dos programas de televisão e cinema nas mãos de não mais de uma dezena de grandesgrupos econômicos. Entre outras coisas estaríamos caminhando para padrões universais decomportamentos, gostos e desejos, vinculados com a cultura do consumismo. Outra crítica enfoca osefeitos colaterais da liberalização indiscriminada do comércio, quando este leva à falência setores daeconomia que sustentam culturas tradicionais.

A expansão fenomenal da comunicação tem outros impactos que também devem ser considerados. Um deles é acriação do sentimento difuso de que todos os que estamos embarcados no planeta Terra temos um destinocomum, que é um dos aspectos mais marcantes e positivos da globalização. Os meios de comunicação nosaproximam. Outro desdobramento positivo é a possibilidade brindada pela Internet aos movimentos sociais, àsminorias étnicas, e a todas as correntes de opinião de se comunicarem e se associarem em rede. Esta é umaformidável base para o desenvolvimento da democracia planetária.

Cidadania planetáriaA globalização, esse entrelaçamento de processoseconômicos, sociais, políticos e culturais queacabamos de ver, ultrapassou o ponto de nãoretorno em todas as frentes em que avança. Só umevento inimaginável poderia desfazer esse conjuntode vínculos complexos estabelecidos entre povos epaíses. Porém, o fato de que o fenômeno seja emlinhas gerais irreversível não que dizer que aorientação do futuro tenha de ser a mesma dopassado, e que correções e mudanças nãopossam e devam ser realizadas. Há áreas ondehá globalização em excesso e outras onde estáfaltando; há áreas - talvez a maioria - onde elaestá orientada para o benefício da elite mundial(essa fração social privilegiada formada pelosmais ricos em cada um dos países) e outras parao bem comum.

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GLOBALIZAÇÃOPROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

PARA PARTICIPARGreenpeace é talvez a mais conhecidaorganização ambientalista do mundo. Atuano Brasil há 10 anos. Existe a possibilidadeda filiação individual para apoiar eacompanhar o trabalho da organização, quenão aceita o apoio de empresas, partidospolíticos ou governos, para manter suaindependência. Tel.: (11) 3035-1155 -www.greenpeace.org.brO Fórum Social Mundial é um espaçodemocrático de debates e troca deexperiências, tendo um caráter nãoconfessional, não governamental e nãopartidário. É possível participar tanto doFórum Social Mundial como do Fórum SocialBrasileiro. Informações emwww.forumsocialmundial.org.br.A Campanha Global para a Educação foicriada após a Conferência Mundial sobreEducação para Todos, realizada em 1990 naTailândia. Apoiada pelas Nações Unidas aCampanha promove diversas ações paramanter o assunto na agenda da políticamundial - www.campanhaeducacao.org.brA campanha "Unidos com as crianças e osadolescentes - Unidos vamos vencer a Aids!"é uma iniciativa global do UNICEF, a agênciadas Nações Unidas que tem como objetivopromover os direitos das crianças. No Cearáatende através do escritório regional. Tel.:(85) 3306.5700 - www.unicef.org.brA Campanha 16 Dias de Ativismo, aconteceanualmente em mais de 130 países, com oobjetivo de por fim à violência contra asmulheres. Tel (61) 3273.3551-www.agende.org.br

Um inflexão muito importante, no sentido dacorreção de rumos, aconteceu em 1999 na cidade deSeattle, nos Estados Unidos, quando uma multidãotomou as ruas e impediu a realização de uma reuniãoda Organização Mundial do Comércio onde iriamser lançadas as bases da aceleração da aberturacomercial. A partir desse evento, um movimentointernacional heterogêneo formado por organizaçõesda sociedade civil dos mais diversos tipos se pôs emmarcha para proclamar que "um outro mundo épossível". A expressão mais forte dessa corrente deopinião passou a ser o Fórum Social Mundial, quereúne pessoas e instituições de todo o planeta paratroca de experiências e articulação política.

A consolidação desse movimento já deixou as marcas deum certo despertar inclusive na diplomaciainternacional, onde países que até então aceitavamsubordinadamente as orientações dos países mais ricoscomeçam a se articular e manifestar com voz própria. Asituação de paralisia em que se encontram atualmenteas negociações na Organização Mundial do Comércio,assim como a perda de influência do Fundo MonetárioInternacional são dois indicadores dessa nova realidade.

A construção de uma sociedade civil mundial é umdos efeitos mais interessantes do próprio processode globalização. Cada vez mais as organizações emovimentos sociais de todo o mundo atuamconforme o slogan dos ambientalistas: "atuarlocalmente, pensar globalmente". A junção dasforças que operam nesse sentido poderá levar a queo processo de globalização seja cada vez maisorientado não pela lógica cega da economia - elamesma dominada pela lógica do mercado e docapital - mas pelo interesse em construir ummodelo de desenvolvimento mundial centrado nasnecessidades das pessoas, na sustentabilidadeambiental do planeta e no respeito às diversidadesculturais.

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GLOBALIZAÇÃO PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

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BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIAPrós e Contras da Globalização, David Held e Anthony McGrew, Jorge ZaharEditor, 2000.Fim de Milênio, Manuel Castells, Paz e Terra 1999.A Ilusão do Desenvolvimento, Giovanni Arrighi, Editora Vozes, 1997Da Coleção Primeiros Passos (Editora Brasiliense)• O que é Capital Internacional (Rabah Benakouche)• O que é Etnocentrismo (Everardo Rocha)• O que é Geopolítica (Demétrio Magnoli)• O que é Imperialismo (Afrânio Mendes Catani)• O que são Relações Internacionais (Gilberto Marcos Antonio Rodrigues)• O que são Multinacionais (Bernardo Kucinski)

Para cantarO MUNDOKarnakComposição: André Abujanra / Karnak

O mundo é pequeno pra carambaTem alemão, italiano e italianaO mundo filé milanesaTem coreano, japonês e japonesaO mundo é uma salada russaTem nego da Pérsia, tem nego da PrússiaO mundo é uma esfiha de carneTem nego do Zâmbia, tem nego do ZaireO mundo é azul lá de cimaO mundo é vermelho na ChinaO mundo tá muito gripadoO açúcar é doce, o sal é salgadoO mundo caquinho de vidroTá cego do olho, tá surdo do ouvidoO mundo tá muito doenteO homem que mata, o homem que mentePor que você me trata malSe eu te trato bemPor que você me faz o malSe eu só te faço o bemTodos somos filhos de DeusSó não falamos as mesmas línguasTodos somos filhos de DeusSó não falamos as mesmas línguasEverybody is filhos de GodSó não falamos as mesmas línguasEverybody is filhos de GhandiSó não falamos as mesmas línguas

VOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIO

Serviços Serviços Serviços Serviços Serviços constituem um setor daeconomia - também denominado de"terciário" - diferente do setorprimário (agricultura, pesca,mineração etc.) e secundário(indústria). Fazem parte dos serviçosas finanças, o turismo, a educação esaúde, a cultura, dentre outros.

Multinacionais Multinacionais Multinacionais Multinacionais Multinacionais são empresas quetêm presença direta, através defiliais, em diversos países. O termoempresas trasnacionais éfrequentemente utilizado comosinônimo.

Recessão Recessão Recessão Recessão Recessão é um período ondeocorre um grande declínio da taxade crescimento econômico de umadeterminada região ou país.

Depressão Depressão Depressão Depressão Depressão é uma forma severa eprolongada de recessão.

Desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável éaquele que satisfaz as necessidadesda geração presente semcomprometer a possibilidade dasgerações futuras atenderem as suas.Sua adoção implica numa mudançaradical da concepção dominante,que considera a natureza como umbem inesgotável.

Comunicação de massa Comunicação de massa Comunicação de massa Comunicação de massa Comunicação de massa é adifusão de informações emensagens destinadas a um públicomuito amplo e indiferenciado porparte dos meios de comunicação taiscomo jornais, TVs, rádios, cinema eInternet.

Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia Biotecnologia utiliza organismosvivos para a criação ou modificaçãode produtos ou processos. Atravésda engenharia genética é possívelproduzir seres clonados etransgênicos.

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Referênciais Metodológicos FA7CARO PROFESSOR,CARO PROFESSOR,CARO PROFESSOR,CARO PROFESSOR,CARO PROFESSOR,Para trabalhar este fascículo com os seus alunos propomos as atividades sugeridas na tabela abaixo. Contudo, como depraxe, é preciso estar atento a certos pressupostos epistemológicos e didáticos:

1.1.1.1.1. Em primeiro lugar, devemos compreender que a principal característica da sociedade pós-moderna é a instabilidade, aconstante mudança cultural, econômica, política e social. Nossa função como professores é a de promover no aluno oolhar crítico para esta realidade.

2.2.2.2.2. Para tanto, precisamos: evitar as análises óbvias e superficiais, buscando comparar o ontem e o hoje; ajudar os alunos apensar o seu cotidiano em relação com o global, com as grandes questões que são colocadas para a sociedade(violência, desemprego, desigualdade, fundamentalismo etc).

3.3.3.3.3. Enfim, buscar suscitar nos alunos a busca por responder as seguintes perguntas: Como vivemos e qual a relação distocom os sistemas político, econômico e social? Como queremos ser lembrados? O que pretendemos construir para aspróximas gerações?

Atividade / ProjetoÁrea do Saber Objetivos Metodologia Recursos Avaliação

EmpresasMultinacionais eresponsabilidadesocial

A - Linguagem eMatemática

- Fazer um levantamento das 4Empresas Multinacionais maispresentes no Ceará.- Escolher duas destas empresas ediscuta a contribuição das mesmaspara o desenvolvimento econômicoda região onde estão situadas.- Fazer uma comparação dopercentual do faturamentodestinado as ações sociais destasduas empresas, analisando o balançosocial discutindo os projetos que elasatuam.

- Compreender ainfluência das empresasmultinacionais nodesenvolvimento local.- Analisar criticamente oselementos que interferemno crescimento dasempresas escolhidas.

- Internet.- Papel ofício.- Caneta e lápis.- Calculadora.

Elabore um textoapresentando a colusão doestudo apontando osprojetos deresponsabilidade social eambiental destas empresas.

Neo-liberalismoB - Estudos Sociaise Linguagem

- Fazer em dupla uma entrevista comno mínimo 10 pessoas com a seguintepergunta: o que você entende por neo-liberalismo?- Pesquisar nos livros de história,revistas e internet este conceito.- Comparar o conceito apresentado naentrevista com o conceito estudado.

- Compreender o conceito deneo-liberalismo.- Analisar de forma crítica asconcepções apresentadassobre o tema

Internet- Papel ofício.- Caneta e lápis.- Livros de história.- Revistas.

A partir dos estudos, elaboreum novo conceito para NEO-LIBERALISMO.

Cidadania PlanetáriaD - Linguagem eArte

- Discutir em grupo esta expressão: "Precisamos atuar localmente epensar globalmente' e elabore umasíntese da discussão.- Faça recortes de jornais e revistasque apresentam a discussão,fazendo uma relação com Cidadaniaplanetária e cole em papel madeira.- Apresente para o grupão acolagem e as sínteses das discussões.

- Sensibilizar para umacultura

- Papel ofício.- Caneta e lápis.- Papel madeira.- Revistas, jornais, cola.- Tinta.- Pincéis.

Elabore um painel coletivoutilizando a pintura paraapresentar as alternativaspara uma eficácia CidadaniaPlanetária.

A importância dalíngua estrangeira nocurrículo do ensinomédio

C - Linguagem Ler e discutir com o grupo o mapacurricular (Disciplinas) obrigatóriono ensino médio.- Pesquisar sobre as diretrizes doensino médio e os objetivos da línguaestrangeira no currículo.- Discutir e registrar as dificuldadesapresentadas para a viabilização daDisciplina da língua estrangeira noensino médio na realidade da escola

- Conhecer o currículo doensino médio.- Compreender aimportância da línguaestrangeira no currículo doensino médio

Internet- Papel ofício.- Caneta e lápis.- Diretrizes do ensino médio.- Mapa curricular.

Elaborar juntamente com aComunidade escolar umdocumento com as sugestõespara a melhoria do ensinoda Língua estrangeira eencaminhar a Secretaria deEducação do Estado.

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REALIZAÇÃO: FASCÍCULOS:

FICHA TÉCNICAPROGRAMA ELEITOR DO FUTURO / REALIZAÇÃO: Tribunal Regional Eleitoral - Escola Judiciária Eleitoral (CE), UNICEF e Faculdade 7 de Setembro - FA7

FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA / FASCÍCULOS: Comunicação e Cultura / AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E CERTIFICAÇÂO: Faculdade 7 de Setembro - FA7

COORDENAÇÃO EDITORIAL: Daniel Raviolo / COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: Fábio Delano, Daniel Raviolo, Rui Aguiar, Humberto Mota e Cecília Lacerda

FASCÍCULO "GLOBALIZAÇÃO”" / TEXTO, SELEÇÃO DE IMAGENS E REDAÇÃO: Daniel Raviolo / COLABORAÇÃO: João Miguel de Araújo Lima,

Ana Márcia Diógenes e Patrício Fuentes / REVISÃO::::: Fernando Filgueiras / ILUSTRAÇÃO: Maurício de Souza (cortesia) / SELEÇÃO MUSICAL: Cícera Andrade /

FOTOGRAFIAS: Qu4tro Comunicação / PROJETO GRÁFICO E DESIGN: Qu4tro Comunicação

FACULDADE 7 DE SETEMBROTRIBUNAL REGIONAL

ELEITORAL DO CEARÁ