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Informativo do TRE/Ceará Informativo do TRE/Ceará SUFFRAGIUM Tribunal Regional Eleitoral do Ceará Ano XXV Nº 269 DEZEMBRO/2003

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Informativo do TRE/CearáInformativo do TRE/CearáSUFFRAGIUM

Tribunal Regional Eleitoral do Ceará

Ano XXV

Nº 269

DEZEMBRO/2003

COMPOSIÇÃOTRE/CE

Des. Fernando Luiz Ximenes Rocha

PRESIDENTE

Des. José Eduardo Machado de Almeida

VICE-PRESIDENTE E CORREGEDOR

Dr. Jorge Aloísio Pires Dr. Antônio Abelardo Benevides Moraes

Dr. José Filomeno de Moraes FilhoDr. Celso Albuquerque MacedoDr. Francisco Roberto Machado

JUÍZES

Dr. Lino Edmar de Menezes

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL

Hugo Pereira Filho

DIRETOR-GERAL

EXPEDIENTE

SECRETARIA JUDICIÁRIAAntônio Paulean Bezerra Simões

COORDENADORIA DE JURISPRUDÊNCIA E DOCUMENTAÇÃO

Dulce Maria Rossas Freire

SEÇÃO DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÃO

Helena de Cássia Cunha Lima

PARTICIPAÇÃOSecretaria de Administração

Secretaria de Orçamento e FinançasSecretaria de Informática

Secretaria de Recursos Humanos

CAPAAna Izabel Nóbrega Amaral

IMPRESSÃOGráfica e Editora PrintColor

NOSSO ENDEREÇORua Jaime Benévolo, 21 - Centro

Fortaleza - CE / CEP: 60.050-080PABX: (0xx85) 455.2300http://www.tre-ce.gov.br

Ano XXV - Número 269

I N F O R M A T I V O D O T R E / C E A R Á

Dezembro/2003

Suffragium/Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. v. 22 n. 236(2000) -. Fortaleza: TRE-CE, 2000 -

Mensal

Continuação de:Boletim Eleitoral (1957-1970), eBoletim Informativo Eleitoral v. 16 - v.21 n.235 (1994-1999)

Sumário

LEGISLAÇÃO

LEI Nº 10.763, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2003 ..................................................................................................................... 5LEI Nº 10.792, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2003 ...................................................................................................................... 6

JURISPRUDÊNCIA DO TSE

RESOLUÇÃO Nº 21.575 - Dispõe sobre as reclamações e representações relativas ao descumprimento daLei nº 9.504/97 e sobre os pedidos de direito de resposta, previsto no art. 58 da mesma lei ...................................................................... 10RESOLUÇÃO Nº 21.576 - Dispõe sobre pesquisas eleitorais (eleições de 2004) ................................................................................... 16RESOLUÇÃO Nº 21.577 ........................................................................................................................................................ 19

EMENTÁRIO1. ELEGIBILIDADE - INELEGIBILIDADE ................................................................................................................................ 202. MATÉRIA ADMINISTRATIVA ................................................................................................................................................ 213. PROPAGANDA ELEITORAL ................................................................................................................................................ 213. PROPAGANDA PARTIDÁRIA ............................................................................................................................................... 215. DIVERSOS .......................................................................................................................................................................... 22

JURISPRUDÊNCIA DO TRE-CE

EMENTÁRIO1. ABUSO DE PODER ECONÔMICO ..................................................................................................................................... 262. CONDUTA VEDADA ............................................................................................................................................................ 263. PRESTAÇÃO DE CONTAS.................................................................................................................................................. 274. PROPAGANDA ELEITORAL ................................................................................................................................................ 295. DIVERSOS .......................................................................................................................................................................... 29

CORREGEDORIA GERAL ELEITORAL

PROVIMENTO Nº 4/2003 ........................................................................................................................................................ 31

DOUTRINA

ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS - Adolfo Braga Neto ....................................... 32A MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA INCLUSÃO SOCIAL - Sandra Mara Vale Moreira ................................................. 37REFORMA POLÍTICA: O VOTO PERTENCE A QUEM? - Aroldo Mota ..................................................................................... 43

ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL - EJE

LUZES E TREVAS DA PAIXÃO IGUALITÁRIA - A SITUAÇÃO CONTEMPORÂNEA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL -Maria Victoria de Mesquita Benevides ............................................................................................................................. 46

CIDADANIA

O QUE É FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA? - Entrevista com a socióloga e educadora Maria Victória Benevides realizadapor Sílvio Caccia Bava, diretor da ABONG, em janeiro de 2000 ...................................................................................... 50

DIREITOS E DEVERES DA CIDADANIA - Dalmo Dallari ....................................................................................................... 56

ESPAÇO DA BIBLIOTECA

PORTARIA Nº 759/2003 - disciplina a aquisição e descarte de livros pela Seção de Biblioteca - SEBIB .......................... 58

NOTÍCIAS DO TSE .................................................................................................................................................................. 60

NOTÍCIAS DO TRE-CE ............................................................................................................................................................. 69

Suffragium 5

Legislação oãçalsigeL

Lei n° 10.763, de 12 de novembro de 2003

Acrescenta artigo ao Código Penal e modifica a pena cominada aos crimesde corrupção ativa e passiva.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinteLei:

Art. 1o O art. 33 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a vigorar acrescido doseguinte § 4o:

�Art. 33. ........................................................

........................................................

§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimentoda pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, comos acréscimos legais.� (NR)

Art. 2º O art. 317 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 - Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:

�Art. 317. ........................................................

Pena � reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

........................................................� (NR)

Art. 3o O art. 333 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 � Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:

�Art. 333 ........................................................

Pena � reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

........................................................� (NR)

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 12 de novembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAMárcio Thomaz Bastos

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.11.2003.

Dezembro/20036

Legislação oãçalsigeLLei n° 10.792, de 1º de dezembro de 2003.

Altera a Lei no 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de Execução Penal e o Decreto-Lei no

3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinteLei:

Art. 1o A Lei no 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de Execução Penal, passa a vigorar com as seguintesalterações:

�Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programaindividualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.� (NR)

�Art. 34. .................................................................................

§ 1º (parágrafo único renumerado) ........................................

§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, paraimplantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios.� (NR)

�Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversãoda ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, aoregime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:

I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta gravede mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;

II - recolhimento em cela individual;

III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas;

IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.

§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionaisou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou dasociedade.

§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob oqual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizaçõescriminosas, quadrilha ou bando.� (NR)

�Art. 53. .................................................................................

.................................................................................

V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.� (NR)

�Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor doestabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente.

§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciadoelaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.

§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação doMinistério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias.� (NR)

�Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, ascircunstâncias e as conseqüências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.

Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 destaLei.� (NR)

Suffragium 7

Legislação oãçalsigeL�Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvadaa hipótese do regime disciplinar diferenciado.�

.................................................................................� (NR)

�Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de atédez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguaçãodo fato, dependerá de despacho do juiz competente.

Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado serácomputado no período de cumprimento da sanção disciplinar.� (NR)

�Art. 70. .................................................................................

I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com baseno estado de saúde do preso;

.................................................................................� (NR)

�Art. 72. .................................................................................

.................................................................................

VI � estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das vagas existentesem estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pelajustiça de outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar.

.................................................................................� (NR)

�Art. 86. .................................................................................

§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação pararecolher os condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do própriocondenado.

.................................................................................

§ 3º Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade administrativa definir o estabelecimentoprisional adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e aos requisitosestabelecidos.� (NR)

�Art. 87. .................................................................................

Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construirPenitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regimefechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.� (NR)

�Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência pararegime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto dapena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor doestabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor.

§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação depenas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.� (NR)

Art. 2o O Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, passa a vigorar com asseguintes alterações:

�Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, seráqualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.

Dezembro/20038

Legislação oãçalsigeL§ 1o O interrogatório do acusado preso será feito no estabelecimento prisional em que se encontrar, emsala própria, desde que estejam garantidas a segurança do juiz e auxiliares, a presença do defensor e apublicidade do ato. Inexistindo a segurança, o interrogatório será feito nos termos do Código de ProcessoPenal.

§ 2o Antes da realização do interrogatório, o juiz assegurará o direito de entrevista reservada do acusadocom seu defensor.� (NR)

�Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado seráinformado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responderperguntas que lhe forem formuladas.

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo dadefesa.� (NR)

�Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.

§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ouprocessado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional oucondenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.

§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre:

I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;

II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoaou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes daprática da infração ou depois dela;

III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;

IV - as provas já apuradas;

V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegarcontra elas;

VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta serelacione e tenha sido apreendido;

VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstânciasda infração;

VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.� (NR)

�Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para seresclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.� (NR)

�Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos eindicar provas.� (NR)

�Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outraspessoas concorreram para a infração, e quais sejam.� (NR)

�Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.� (NR)

�Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:

I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;

II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;

III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.

Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sobcompromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.� (NR)

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Legislação oãçalsigeL�Art. 193 Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio deintérprete.� (NR)

�Art. 194. (revogado)�

�Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignadono termo.� (NR)

�Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentadode qualquer das partes.� (NR)

�Art. 261. .................................................................................

Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercidaatravés de manifestação fundamentada.� (NR)

�Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.� (NR)

Art. 3o Os estabelecimentos penitenciários disporão de aparelho detector de metais, aos quais devem se submetertodos que queiram ter acesso ao referido estabelecimento, ainda que exerçam qualquer cargo ou função pública.

Art. 4o Os estabelecimentos penitenciários, especialmente os destinados ao regime disciplinar diferenciado, disporão,dentre outros equipamentos de segurança, de bloqueadores de telecomunicação para telefones celulares, rádio-transmissores e outros meios, definidos no art. 60, § 1o, da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997.

Art. 5o Nos termos do disposto no inciso I do art. 24 da Constituição da República, observados os arts. 44 a 60 daLei no 7.210, de 11 de junho de 1984, os Estados e o Distrito Federal poderão regulamentar o regime disciplinardiferenciado, em especial para:

I - estabelecer o sistema de rodízio entre os agentes penitenciários que entrem em contato direto com os presosprovisórios e condenados;

II - assegurar o sigilo sobre a identidade e demais dados pessoais dos agentes penitenciários lotados nosestabelecimentos penais de segurança máxima;

III - restringir o acesso dos presos provisórios e condenados aos meios de comunicação de informação;

IV - disciplinar o cadastramento e agendamento prévio das entrevistas dos presos provisórios ou condenados comseus advogados, regularmente constituídos nos autos da ação penal ou processo de execução criminal, conformeo caso;

V - elaborar programa de atendimento diferenciado aos presos provisórios e condenados, visando a sua reintegraçãoao regime comum e recompensando-lhes o bom comportamento durante o período de sanção disciplinar.� (NR)

Art. 6o No caso de motim, o Diretor do Estabelecimento Prisional poderá determinar a transferência do preso,comunicando-a ao juiz competente no prazo de até vinte e quatro horas.

Art. 7o A União definirá os padrões mínimos do presídio destinado ao cumprimento de regime disciplinar.

Art. 8o A União priorizará, quando da construção de presídios federais, os estabelecimentos que se destinem aabrigar presos provisórios ou condenados sujeitos a regime disciplinar diferenciado.

Art. 9o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10 Revoga-se o art. 194 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941.

Brasília, 1o de dezembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Márcio Thomaz Bastos

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 2.12.2003

Dezembro/200310

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O Tribunal Superior Eleitoral, usando dasatribuições que lhe conferem o art. 105 da Lei nº 9.504,de 30 de setembro de 1997, e o art. 23, IX, do CódigoEleitoral, resolve expedir as seguintes instruções:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º O processamento das reclamações oudas representações relativas ao descumprimento da Leinº 9.504/97 e das correspondentes instruções doTribunal Superior Eleitoral, bem como dos pedidos deresposta referentes às eleições de 2004, salvodisposição específica em contrário, deverá obedecerao disposto nesta Instrução.

Art. 2º As reclamações ou representaçõespodem ser feitas por qualquer partido político, coligação,candidato ou pelo Ministério Público e devem dirigir-se aos juízes eleitorais (Lei nº 9.504/97, art. 96, capute inciso I).

Art. 3º São competentes para apreciar asreclamações, as representações e os pedidos deresposta o juiz eleitoral da comarca e, nos municípioscom mais de uma zona eleitoral, os juízes eleitoraisdesignados pelos tribunais regionais eleitorais.

Parágrafo único. A reclamação ou arepresentação que objetivar a perda do registro ou dodiploma deverá ser apreciada pelo juiz competente parajulgar o registro de candidatos.

Art. 4º As petições ou recursos relativos àsreclamações ou às representações serão admitidos viafax, quando possível, dispensado o encaminhamentodo original.

§ 1º Os cartórios eleitorais deverão providenciarcópia do documento recebido, a qual permanecerá nosautos.

§ 2º A não-obtenção de linha ou a ocorrência dedefeitos de transmissão ou de recepção correrá porconta e risco do interessado e não escusará ocumprimento dos prazos legais.

§ 3º Os cartórios eleitorais que estejam aptos areceber documentos por fax e a providenciar as cópiasprevistas no § 1º informarão o fato aos interessados,afixando aviso no cartório, em que também divulgarãoos números de telefone que poderão ser utilizados parao fim previsto no caput deste artigo.

§ 4º A regra constante do caput deste artigonão se aplica na hipótese de recursos para o SupremoTribunal Federal.

DO PROCESSAMENTO DASRECLAMAÇÕES OU REPRESENTAÇÕES

Art. 5º As reclamações ou representaçõesdeverão relatar fatos, apresentando provas, indícios ecircunstâncias.

Parágrafo único. Quando o representanteapresentar fita de áudio e/ou vídeo, inclusive comgravação de programa de rádio ou de televisão, estadeverá estar acompanhada da respectiva degravação.

Art. 6º Recebida a reclamação ourepresentação, o cartório eleitoral intimará o reclamadoou representado o mais rápido possível, desde que entre10h e 19h, preferencialmente por fax ou correioeletrônico, para que este, querendo, apresente defesaem 48 horas.

Art. 7º As representações em que houver pedidode liminar deverão ser apresentadas em duas viascompletas, inclusive da fita de áudio e/ou vídeo, se foro caso.

§ 1º Neste caso, a notificação para defesadeverá ser expedida ao mesmo tempo em que os autos

RESOLUÇÃO Nº 21.575 (2.12.2003)

INSTRUÇÃO N° 71 - CLASSE 12ª - DISTRITO FEDERAL (Brasília)Relator: Ministro Fernando Neves

Dispõe sobre as reclamações e representações relativas aodescumprimento da Lei nº 9.504/97 e sobre os pedidos de direito deresposta, previsto no art. 58 da mesma lei.

Suffragium 11

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forem encaminhados ao juiz, ficando as cópias àdisposição das partes no cartório eleitoral.

§ 2º As liminares devem ser comunicadas pelomodo mais rápido possível, entre as 8h e 24h, salvoquando o juiz determinar sua realização fora dessehorário, independentemente da publicação em cartório.

§ 3º A notificação far-se-á, preferencialmente,com a remessa de cópia da petição inicial para o númerode fax indicado pela parte autora, correndo esta osriscos decorrentes de ter sido informado númeroerrado.

§ 4º Se tiver sido informado pela parte apenaso endereço, o cartório deve consultar o banco de dadosdo sistema de candidaturas ou outros bancos deinformação a fim de obter o número de fax; não sendoeste localizado, notifica-se por telegrama urgente.

§ 5º A efetiva comunicação da liminar é o termoinicial do prazo para recurso, quando essa se dá antesda publicação da decisão em cartório.

Art. 8º O juiz poderá encaminhar o feito aoMinistério Público para parecer, a ser proferido no prazomáximo de 24 horas; vencido esse prazo, com ou semmanifestação, os autos deverão ser imediatamentedevolvidos ao juiz.

Art. 9º Constatado vício de representaçãoprocessual das partes, o juiz determinará seja elaregularizada no prazo de 24 horas, sob pena deindeferimento ( CPC, art. 13).

Art. 10. Transcorridos os prazos previstos nosartigos anteriores, apresentada ou não a defesa, o juizdecidirá e fará publicar a decisão em 24 horas.

§ 1º Entre 5 de julho de 2004 e a proclamaçãodos eleitos, as decisões serão publicadas medianteafixação no cartório, entre 10h e 19h de cada dia,devendo o fato ser certificado nos autos.

§ 2º Havendo encaminhamento de decisão àspartes, dela deverão constar o dia e a hora em que foipublicada.

§ 3º Nos casos em que o Ministério Público forparte, sua intimação dar-se-á medianteencaminhamento de cópia da decisão.

Art. 11. Contra a decisão dos juízes eleitoraiscaberá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral, noprazo de 24 horas da publicação da decisão, asseguradoao recorrido o oferecimento de contra-razões, em igualprazo, a contar de sua intimação por publicação emcartório, que deverá ocorrer entre 10h e 19h.

Parágrafo único. Oferecidas as contra-razõesou decorrido o seu prazo, serão os autos imediatamenteremetidos ao Tribunal Regional Eleitoral, inclusivemediante portador, se houver necessidade.

Art. 12. Recebido o processo na Secretaria doTribunal Regional, este será autuado e apresentado nomesmo dia ao presidente, que, também na mesma data,o distribuirá a um relator e mandará abrir vista aoprocurador regional eleitoral pelo prazo de 24 horas.

§ 1º Findo o prazo, com ou sem parecer, os autosserão enviados ao relator, que os apresentará em mesapara julgamento em 48 horas, independentemente depauta.

§ 2º Caso o Tribunal não se reúna no prazoprevisto no parágrafo anterior, o recurso deverá serjulgado na primeira sessão subseqüente.

§ 3º Na hipótese de o recurso não ser julgadonos prazos indicados nos parágrafos anteriores, seráele incluído em pauta, cuja publicidade se dará medianteafixação na Secretaria, com o prazo mínimo de 24 horas.

§ 4º Só poderão ser apreciados os recursosrelacionados até o início de cada sessão plenária.

§ 5º Ao advogado de cada parte é assegurado ouso da tribuna pelo prazo máximo de dez minutos, parasustentação de suas razões.

§ 6º Os acórdãos serão publicados na sessãoem que os recursos forem julgados.

Art. 13. Da decisão do Tribunal Regional Eleitoralcaberá recurso especial para o Tribunal SuperiorEleitoral, no prazo de três dias, a contar da publicaçãoem sessão.

§ 1º Interposto recurso especial, os autos serãoconclusos ao presidente do Tribunal Regional, que, noprazo de 24 horas, proferirá decisão fundamentada,admitindo ou não o recurso.

§ 2º Admitido o recurso especial, será asseguradoao recorrido o oferecimento de contra-razões no prazode três dias, contados da intimação, por publicação naSecretaria.

§ 3º Oferecidas as contra-razões ou decorrido oseu prazo, serão os autos imediatamente remetidos aoTribunal Superior Eleitoral, inclusive por portador, sehouver necessidade.

§ 4º Não admitido o recurso especial, caberáagravo de instrumento para o Tribunal Superior Eleitoral,no prazo de três dias, contados da publicação dodespacho na Secretaria.

Dezembro/200312

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§ 5º Formado o instrumento com observância dodisposto na Resolução nº 21.477, de 28.8.2003, seráintimado o agravado para oferecer resposta ao agravoe ao recurso especial, no prazo de três dias, contadosda publicação na Secretaria.

§ 6º No Tribunal Superior Eleitoral, provido oagravo, poderá ser julgado de imediato o recurso especial.

DO DIREITO DE RESPOSTA

Art. 14. A partir da escolha de candidatos emconvenção, é assegurado o exercício do direito deresposta ao candidato, ao partido ou à coligação atingidos,ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ouafirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ousabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículode comunicação social (Lei nº 9.504/97, art. 58, caput).

Art. 15. Os pedidos de resposta devem dirigir-seao juiz eleitoral encarregado da propaganda eleitoral.

§ 1º Recebido o pedido, o cartório eleitoralnotificará o representado o mais rápido possível, desdeque entre 10h e 19h, preferencialmente por fax ou porcorreio eletrônico, para que ele se defenda em 24 horas,devendo a decisão ser prolatada no prazo máximo de 72horas da data da formulação do pedido.

§ 2º Entre 5 de julho de 2004 e a proclamaçãodos eleitos, as decisões serão publicadas medianteafixação no cartório eleitoral, entre 10h e 19h de cadadia, devendo o fato ser certificado nos autos.

§ 3º Havendo encaminhamento de decisão àspartes, dela deverão constar o dia e a hora em que foipublicada.

Art. 16. Observar-se-ão, ainda, as seguintesregras no caso de pedido de resposta relativo à ofensaveiculada:

I - em órgão da imprensa escrita:

a) o pedido deverá ser feito no prazo de 72 horas,a contar das 19h da data constante da edição em queveiculada a ofensa, salvo prova documental de que acirculação, no domicílio do ofendido, se deu após essehorário;

b) o pedido deverá ser instruído com um exemplarda publicação e o texto da resposta;

c) deferido o pedido, a divulgação da respostadar-se-á no mesmo veículo, espaço, local, página,tamanho, caracteres e outros elementos de realce usadosna ofensa, em até 48 horas após a decisão ou, tratando-

se de veículo com periodicidade de circulação maior que48 horas, na primeira edição;

d) por solicitação do ofendido, a divulgação daresposta será feita no mesmo dia da semana em que aofensa foi divulgada, ainda que fora do prazo de 48 horas;

e) se a ofensa for produzida em dia e hora queinviabilizem sua reparação dentro dos prazosestabelecidos nas alíneas anteriores, a Justiça Eleitoraldeterminará a imediata divulgação da resposta;

f) o ofensor deverá comprovar nos autos ocumprimento da decisão, mediante dados sobre a regulardistribuição dos exemplares, a quantidade impressa e oraio de abrangência na distribuição;

II - em programação normal das emissoras derádio e de televisão:

a) o pedido, com a transcrição do trechoconsiderado ofensivo ou inverídico, deverá ser feito noprazo de 48 horas, contado a partir da veiculação daofensa;

b) a Justiça Eleitoral, à vista do pedido, deveránotificar o responsável pela emissora que realizou oprograma, o mais rápido possível, desde que entre 10h e19h, para que confirme data e horário da veiculação eentregue em 24 horas, sob as penas do art. 347 do CódigoEleitoral, cópia da fita da transmissão, que será devolvidaapós a decisão;

c) o responsável pela emissora, ao ser notificadopelo órgão competente da Justiça Eleitoral ou informadopelo reclamante ou representante, por cópia protocolizadado pedido de resposta, preservará a gravação até adecisão final do processo;

d) deferido o pedido, a resposta será dada em até48 horas após a decisão, em tempo igual ao da ofensa,nunca inferior a um minuto;

III - no horário eleitoral gratuito:

a) o pedido deverá ser feito no prazo de 24 horas,contado a partir da veiculação da ofensa;

b) o pedido deve especificar o trecho consideradoofensivo ou inverídico e ser instruído com fita contendoa gravação do programa, acompanhado da respectivadegravação;

c) deferido o pedido, o ofendido usará, para aresposta, tempo igual ao da ofensa, porém nunca inferiora um minuto;

d) a resposta será veiculada no horário destinadoao partido ou coligação responsável pela ofensa, devendodirigir-se aos fatos nela veiculados;

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e) se o tempo reservado ao partido ou à coligaçãoresponsável pela ofensa for inferior a um minuto, aresposta será levada ao ar tantas vezes quantas foremnecessárias para a sua complementação;

f) a decisão que deferir a resposta deve atenderao disposto no art. 31 desta Instrução, devendo aemissora geradora e o partido ou a coligação atingidosser sobre ela notificados o mais rápido possível, desdeque entre 10h e 19h, devendo, ainda, ser indicado obloco de audiência, caso se trate de inserção, ou operíodo, diurno e/ou noturno, em que a resposta seráveiculada, sempre no início do programa do partido ouda coligação;

g) o meio de armazenamento com a respostadeverá ser entregue à emissora geradora, até 36 horasapós a ciência da decisão, para veiculação no programasubseqüente do partido ou coligação em cujo horário sepraticou a ofensa;

h) se o ofendido for candidato, partido oucoligação que tenha(m) usado o tempo concedido semresponder aos fatos veiculados na ofensa, terá subtraídotempo idêntico ao do respectivo programa eleitoral;tratando-se de terceiros, ficarão sujeitos à suspensãode igual tempo em eventuais novos pedidos de respostae à multa no valor de R$2.128,20 (dois mil cento e vintee oito reais e vinte centavos) a R$5.320,50 (cinco miltrezentos e vinte reais e cinqüenta centavos).

§ 1º Se a ofensa ocorrer em dia e hora queinviabilizem sua reparação dentro dos prazosestabelecidos neste artigo, a resposta será divulgadanos horários que a Justiça Eleitoral determinar, aindaque nas 48 horas anteriores ao pleito, em termos e formapor ela previamente aprovados, de modo a não ensejartréplica.

§ 2º Apenas as decisões comunicadas à emissorageradora até uma hora antes da geração ou do início dobloco de audiência, quando se tratar de inserções,poderão interferir no conteúdo a ser transmitido; apósesse prazo, as decisões somente poderão ter efeito nageração ou no bloco seguinte.

§ 3º Caso a emissora geradora seja comunicadade decisão proibindo trecho da propaganda, entre aentrega do material e o horário de geração dosprogramas, esta deverá aguardar a substituição do meiode armazenamento até o limite de uma hora antes doinício do programa; no caso de o novo material não ser

entregue, a emissora veiculará programa anterior,desde que não contenha propaganda proibida.

Art. 17. As representações em que houverpedido de liminar deverão ser apresentadas em duasvias completas, inclusive da fita de áudio e/ou vídeo,se for o caso.

§ 1º A notificação para defesa deverá serexpedida ao mesmo tempo em que os autos sãoencaminhados ao juiz, ficando as cópias à disposiçãodas partes no cartório eleitoral.

§ 2º As liminares devem ser comunicadas pelomodo mais rápido possível, entre as 8h e 24h, salvoquando o juiz determinar sua realização fora dessehorário, independentemente da publicação em cartório.

§ 3º A notificação far-se-á, preferencialmente,com a remessa de cópia da petição inicial para o númerode fax indicado pela parte autora, correndo esta osriscos decorrentes de ter sido informado o númeroerrado.

§ 4º Se tiver sido informado pela parte apenaso endereço, o cartório deve consultar o banco de dadosdo sistema de candidaturas ou outros bancos deinformação, a fim de obter o número de fax; não sendoeste localizado, notifica-se por telegrama urgente.

§ 5º A efetiva comunicação da liminar é o termoinicial do prazo para recurso, quando essa se dá antesda publicação da decisão em cartório.

Art. 18. Os pedidos de resposta formulados porterceiro, em relação ao que veiculado no horárioeleitoral gratuito, serão examinados pela JustiçaEleitoral.

Parágrafo único. Quando o terceiro seconsiderar atingido por ofensa ocorrida no curso deprogramação normal das emissoras de rádio e detelevisão ou veiculada por órgão da imprensa escrita,deverá observar os procedimentos previstos na Lei nº5.250/67.

Art. 19. Contra a decisão dos juízes eleitoraiscaberá recurso no prazo de 24 horas da publicação dadecisão em cartório, assegurado ao recorrido ooferecimento de contra-razões, em igual prazo, a contarda sua intimação por publicação em cartório, quedeverá ocorrer entre 10h e 19h.

§ 1º Oferecidas as contra-razões ou decorridoo seu prazo, serão os autos imediatamente remetidosao Tribunal Regional Eleitoral, inclusive medianteportador, se houver necessidade.

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§ 2º Recebido o processo na Secretaria doTribunal Regional, este será autuado e apresentadono mesmo dia ao presidente, que, também na mesmadata, o distribuirá a um relator e mandará abrir vistaao procurador regional eleitoral pelo prazo de 24horas.

§ 3º Findo o prazo, com ou sem parecer, osautos serão enviados ao relator.

§ 4º O recurso será julgado pelo Tribunal, noprazo de 24 horas, a contar da conclusão dos autosao relator, independentemente de pauta.

§ 5º Caso o Tribunal não se reúna no prazoprevisto no parágrafo anterior, o recurso deverá serjulgado na primeira sessão subseqüente.

§ 6º Na hipótese de o recurso não ser julgadonos prazos indicados nos parágrafos 4º e 5º, será eleincluído em pauta, cuja publicidade se dará medianteafixação na Secretaria, com o prazo mínimo de 24horas.

§ 7º Só poderão ser apreciados os recursosrelacionados até o início de cada sessão plenária.

§ 8º Ao advogado de cada parte é asseguradoo uso da tribuna pelo prazo máximo de dez minutos,para sustentação de suas razões.

§ 9º Os acórdãos serão publicados na sessãoem que os recursos forem julgados.

Art. 20. Da decisão do Tribunal RegionalEleitoral caberá recurso especial para o TribunalSuperior Eleitoral, no prazo de 24 horas, a contar dapublicação em sessão.

§ 1º Interposto o recurso especial, o recorridoserá imediatamente intimado, por publicação naSecretaria, para apresentar sua resposta, no prazode 24 horas.

§ 2º Oferecidas as contra-razões ou decorridoo seu prazo, serão os autos imediatamente remetidosao Tribunal Superior Eleitoral, inclusive medianteportador, caso necessário, dispensado o juízo deadmissibilidade.

§ 3º Em caso de provimento do recurso, ostribunais eleitorais deverão observar o disposto nasalíneas e e f do inciso III do art. 16 desta Instrução,para a restituição do tempo.

Art. 21. A não-observância, sem justificativa,dos prazos previstos para as decisões sujeita a

autoridade judiciária às penas previstas no art. 345 doCódigo Eleitoral.

Art. 22. O não-cumprimento integral ou em parteda decisão que conceder a reposta sujeitará o infratorao pagamento de multa no valor de R$5.320,50 (cincomil trezentos e vinte reais e cinqüenta centavos) aR$15.961,50 (quinze mil novecentos e sessenta e umreais e cinqüenta centavos), duplicada em caso dereiteração de conduta, sem prejuízo do disposto no art.347 do Código Eleitoral.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 23. As representações que visem à apuraçãoda conduta prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/97seguirão o rito previsto nos incisos I a XIII do art. 22 daLC nº 64/90, observadas, no mais, as disposições destaInstrução.

Art. 24. Os prazos relativos às reclamações ourepresentações e aos pedidos de resposta são contínuose peremptórios e não se suspendem aos sábados,domingos e feriados entre 5 de julho de 2004 e aproclamação dos eleitos, inclusive em segundo turno, sehouver.

Art. 25. Quando o reclamado ou representadofor candidato, partido político ou coligação, as intimaçõesserão feitas preferencialmente por fax ou correioeletrônico, no número de telefone ou no endereçoinformado por ocasião do pedido de registro.

Art. 26. Os advogados que se cadastrarem noscartórios eleitorais como patronos de candidatos, departidos políticos ou de coligações serão notificados parao feito, com a antecedência mínima de 24 horas dovencimento do prazo previsto no art. 6º desta Instrução,ainda que por fax ou correio eletrônico, conforme poreles indicado.

Art. 27. O arquivamento de procuração doadvogado nos cartórios eleitorais torna dispensável ajuntada do mandato em cada processo relativo àseleições de 2004, devendo o advogado informar o fatoem sua petição, que será certificado pelo cartório nosautos.

Art. 28. Quando as notificações forem realizadasapós o horário previsto nos arts. 6º e 11 desta Instrução,a contagem do prazo terá início no dia subseqüente, 30minutos após o horário normal de abertura do protocolo.

Art. 29. Não sendo as reclamações, asrepresentações ou os pedidos de resposta julgados nos

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prazos fixados nesta Instrução, o pleito pode ser dirigidodiretamente ao órgão superior.

Parágrafo único. Recebida a reclamação ourepresentação, o relator solicitará imediatamenteinformações ao juiz eleitoral ou ao Tribunal RegionalEleitoral, que deverá prestá-las no prazo máximo de 24horas.

Art. 30. A competência do juiz eleitoralencarregado da propaganda eleitoral não exclui o poderde polícia sobre a propaganda, que será exercido pelosjuízes eleitorais e pelos juízes designados pelos TribunaisRegionais Eleitorais, nos municípios com mais de umazona eleitoral.

§ 1º Na fiscalização da propaganda eleitoral,compete ao juiz eleitoral, no exercício do poder depolícia, tomar as providências necessárias para coibirpráticas ilegais, não lhe sendo permitido instaurarprocedimento de ofício para a aplicação de sançõesnem exercer censura prévia sobre o teor dos programasa serem exibidos ou transmitidos na televisão e no rádio.

§ 2º O juiz deverá comunicar as práticas ilegaisao Ministério Público, a fim de que, se entender cabível,ofereça a representação de que cuida o art. 96 da Leinº 9.504/97.

Art. 31. As decisões dos juízes eleitorais deverãoser objetivas em relação à propaganda vedada, com aindicação precisa das partes, da propagandaquestionada e do que deve ser excluído ou substituído.

Parágrafo único. Para cumprimento da decisão,será enviada às emissoras de rádio e televisãonotificação conforme modelo anexo, contendo os dadosrelacionados no caput, dispensada a remessa dasentença completa.

Art. 32. As intimações e o recebimento depetições por correio eletrônico far-se-ão na formadisciplinada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 33. Da convenção partidária até a apuraçãofinal da eleição, não poderão servir como juízes eleitoraiso cônjuge, parente consangüíneo ou afim, até o segundograu, de candidato a cargo eletivo registrado nacircunscrição (Código Eleitoral, art. 14, § 3º).

Parágrafo único. Não poderão servir, comoescrivão eleitoral ou chefe de cartório, sob pena dedemissão, membro de diretório de partido político,candidato a cargo eletivo, seu cônjuge ou companheiroe parente consangüíneo ou afim, até o segundo grau(Código Eleitoral, art. 33, § 1º).

Art. 34. A filiação a partido político impede oexercício de funções eleitorais por membro doMinistério Público, até dois anos do seu cancelamento(Lei Complementar nº 75, art. 80).

Art. 35. Ao juiz eleitoral que seja parte em açõesjudiciais que envolvam determinado candidato é defesoexercer suas funções em processo eleitoral no qual omesmo candidato seja interessado (Lei nº 9.504/97, art.95).

§ 1º A existência de conflito judicial entremagistrado e candidato que preceda ao registro darespectiva candidatura deve ser entendida comoimpedimento absoluto ao exercício da judicaturaeleitoral pelo juiz nele envolvido, como autor ou réu.

§ 2º Se a iniciativa judicial superveniente aoregistro da candidatura é tomada pelo magistrado,resultará ele, automaticamente, impedido de exercerfunções eleitorais.

§ 3º Se, posteriormente ao registro dacandidatura, candidato ajuíza ação contra juiz queexerce função eleitoral, o seu afastamento dessa funçãosomente poderá decorrer da declaração espontâneade suspeição ou do acolhimento da exceçãooportunamente ajuizada.

Art. 36. Poderá o candidato, o partido políticoou a coligação e o Ministério Público Eleitoralrepresentar ao Tribunal Regional Eleitoral contra o juizeleitoral que descumprir as disposições desta Instruçãoou der causa a seu descumprimento, inclusive quantoaos prazos processuais; nesse caso, ouvido orepresentado em 24 horas, o Tribunal ordenará aobservância do procedimento que explicitar, sob penade incorrer o juiz em desobediência (Lei nº 9.504/97,art. 97, caput).

Parágrafo único. No caso do descumprimentode disposições desta Instrução por Tribunal RegionalEleitoral, a representação poderá ser feita ao TribunalSuperior Eleitoral, observado o disposto neste artigo(Lei nº 9.504/07, art. 97, parágrafo único).

Art. 37. Os feitos eleitorais, no período entre 10de junho e 5 de novembro, terão prioridade perante oMinistério Público e os juízes de todas as justiças einstâncias, ressalvados os processos de habeas corpuse mandado de segurança (Lei nº 9.504/97, art. 94,caput).

§ 1º É defeso às autoridades mencionadas nesteartigo deixar de cumprir qualquer prazo desta Instrução

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em razão do exercício de suas funções regulares (Leinº 9.504/97, art. 94, § 1º).

§ 2º O descumprimento do disposto neste artigoconstitui crime de responsabilidade e será objeto deanotação funcional para efeito de promoção na carreira(Lei nº 9.504/97, art. 94, § 2º).

§ 3º Além das polícias judiciárias, os órgãos dareceita federal, estadual e municipal, os tribunais e osórgãos de contas auxiliarão a Justiça Eleitoral naapuração dos delitos eleitorais, com prioridade sobresuas atribuições regulares (Lei nº 9.504/97,art. 94, § 3º).

RESOLUÇÃO Nº 21.576 (2.12.2003)

INSTRUÇÃO Nº 72 - CLASSE 12ª - DISTRITO FEDERAL (Brasília)Relator: Ministro Fernando Neves

Dispõe sobre pesquisas eleitorais (eleições de 2004)

O Tribunal Superior Eleitoral, usando dasatribuições que lhe conferem o art. 105 da Lei nº 9.504,de 30 de setembro de 1997, e o art. 23, IX, do CódigoEleitoral, resolve expedir as seguintes instruções:

Art. 1º As pesquisas de opinião pública relativasaos candidatos e às eleições de 2004 obedecerão aodisposto nesta Instrução.

Art. 2º A partir de 1º de janeiro de 2004, asentidades e empresas que realizarem qualquer tipo depesquisas de opinião pública relativas às eleições ouaos candidatos, para conhecimento público, sãoobrigadas, para cada pesquisa, a registrar no juízoeleitoral ao qual compete fazer o registro doscandidatos, até cinco dias antes da divulgação, asseguintes informações (Lei nº 9.504/97, art. 33, I aVII, e § 1º):

I - nome de quem contratou a pesquisa;

II - valor e origem dos recursos despendidosno trabalho;

III - metodologia e período de realização dapesquisa;

IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo,idade, grau de instrução e nível econômico dosrespondentes, bem como área física de realização dotrabalho, intervalo de confiança e margem de erro;

V - sistema interno de controle e verificação,conferência e fiscalização da coleta de dados e dotrabalho de campo;

VI - questionário completo, aplicado ou a seraplicado, inclusive com as perguntas que não tenhamrelação direta com os candidatos e as eleições;

VII - nome de quem pagou pela realização dotrabalho;

VIII - número e data de registro em associaçãode classe que congregue empresas de pesquisa a quese encontra filiado, caso o tenha;

IX - contrato social com a qualificação completados responsáveis legais, bem como com o endereço, onúmero de fax ou o correio eletrônico em que receberánotificações e comunicados da Justiça Eleitoral.

§ 1º A contagem do prazo de que cuida o caputdeste artigo se fará com a inclusão do dia em querequerido o registro na Justiça Eleitoral.

Art. 38. Esta Instrução entra em vigor na datade sua publicação.

Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral.

Brasília, 2 de dezembro de 2003.

Ministro Sepúlveda Pertence, presidente, MinistroFernando Neves, relator, Ministra Ellen Gracie, MinistroCarlos Velloso, Ministro Barros Monteiro, MinistroFrancisco Peçanha Martins, Ministro Luiz CarlosMadeira.

Publicada no DJU de 5.12.2003.

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§ 2º As entidades e empresas deverão informar,no ato do registro, o valor de mercado das pesquisas querealizarão por iniciativa própria.

§ 3º O contratante e a empresa realizadora dapesquisa são diretamente responsáveis pelo cumprimentodo prazo de que cuida o caput deste artigo.

Art. 3º Nas pesquisas realizadas medianteapresentação da relação de candidatos ao respondente,deverá constar o nome de todos aqueles que tenhamsolicitado registro de candidatura.

§ 1º Recebida a documentação a que se refere ocaput deste artigo, o juízo eleitoral dar-lhe-á um número,que será obrigatoriamente consignado na oportunidadeda divulgação dos resultados da pesquisa.

Art. 4º No momento em que divulgado o resultadoda pesquisa, deverão ser apresentados à Justiça Eleitoralos dados relativos aos municípios e bairros em querealizada, para que constem do pedido de registro (Res./TSE nº 21.200, de 10.9.2002).

Parágrafo único. Nos municípios que nãopossuírem bairros devidamente identificados, deverá serinformada a área em que realizada a pesquisa.

Art. 5º O resultado das pesquisas eleitoraisregistradas deve ser depositado no cartório eleitoral, aindaque não seja divulgado, onde permanecerá à disposiçãodos interessados.

Art. 6º Na divulgação dos resultados de pesquisas,atuais ou não, serão informados, obrigatoriamente, operíodo da realização da coleta de dados, a margem deerro, o número de entrevistas, o nome de quem acontratou e o da entidade ou empresa que a realizou e onúmero dado à pesquisa pelo juízo eleitoral.

Parágrafo único. Na divulgação de pesquisas nohorário eleitoral gratuito devem ser informados, comclareza, o período de sua realização e a margem de erro,não sendo obrigatória a menção aos concorrentes, desdeque o modo de apresentação dos resultados não induzao eleitor a erro quanto ao desempenho do candidato emrelação aos demais.

Art. 7º A divulgação de pesquisa realizada semobservância das disposições desta Instrução ou suareprodução, ainda quando anteriormente divulgada porórgão de imprensa, sujeita o responsável à sanção previstano § 3º do art. 33 da Lei nº 9.504/97.

Art. 8º O contrato social das entidades eempresas que realizarem pesquisas, com a qualificaçãocompleta dos responsáveis legais e com o endereço, o

número de fax ou o correio eletrônico em que receberãonotificações e comunicados da Justiça Eleitoral, poderáser depositado no cartório eleitoral antes do pedido deregistro da primeira pesquisa no município, medianterequerimento prévio, podendo o documento sercompulsado por qualquer pessoa.

Parágrafo único. As entidades e empresas queadotarem o procedimento previsto no caput deste artigo,quando registrarem pesquisa, deverão informar o fato,ficando dispensadas de apresentar novamente adocumentação referida, exceto na hipótese de alteraçãode algum dos dados antes informados.

Art. 9º O pedido de registro poderá serencaminhado, quando possível, por fax, ficandodispensado o encaminhamento do original.

§ 1º Os cartórios eleitorais deverão providenciarcópia do documento enviado por fax.

§ 2º A não-obtenção de linha ou a ocorrência dedefeitos de transmissão ou recepção correrá por contae risco do interessado e não escusará o cumprimentodos prazos legais.

§ 3º Os cartórios eleitorais que estejam aptos areceber documentos por fax e a providenciar as cópiasprevistas no § 1º informarão o fato aos interessados,afixando aviso no cartório, em que também divulgarãoos números de telefone que poderão ser utilizados parao fim previsto no caput deste artigo.

Art. 10. O juiz eleitoral determinaráimediatamente a afixação, no local de costume, de avisocomunicando o registro das informações a que se refereo art. 2º desta Instrução, para ciência dos interessados(Lei nº 9.504/97, art. 33, § 2º).

Parágrafo único. As informações ficarãodisponíveis a qualquer interessado, no cartório eleitoral,pelo prazo de 30 dias; após, serão arquivados osrespectivos documentos.

Art. 11. O Ministério Público Eleitoral, oscandidatos e os partidos políticos ou coligações comcandidatos ao pleito estão legitimados para impugnar arealização e/ou divulgação de pesquisas eleitorais,perante o juízo competente para o seu registro, quandonão atendidas as exigências contidas nesta Instrução ena Lei nº 9.504/97.

Art. 12. Havendo impugnação, esta será autuadacomo representação, devendo o cartório eleitoralnotificar imediatamente o representado,

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preferencialmente por fax ou correio eletrônico, paraque, querendo, apresente defesa em 48 horas.

Parágrafo único. Considerando a relevância dodireito invocado e a possibilidade de prejuízo de difícilreparação, o juiz poderá determinar,fundamentadamente, a suspensão da divulgação dosresultados da pesquisa impugnada ou a inclusão deesclarecimento sucinto, na divulgação de seus resultados.

Art. 13. Mediante requerimento ao juiz eleitoral,os partidos poderão ter acesso ao sistema interno decontrole, verificação e fiscalização da coleta de dadosdas entidades que divulgaram pesquisas de opiniãorelativas aos candidatos e às eleições, incluídos osreferentes à identificação dos entrevistadores e, por meiode escolha livre e aleatória de planilhas individuais, mapasou equivalentes, confrontar e conferir os dadospublicados, preservada a identidade dos respondentes(Lei nº 9.504/97, art. 34, § 1º).

§ 1º Imediatamente após tornarem pública apesquisa, as empresas e as entidades mencionadas noart. 2º desta Instrução colocarão à disposição doscandidatos, das coligações e de todos os partidos políticosregistrados no Tribunal Superior Eleitoral as informaçõesregistradas na Justiça Eleitoral e outras que possam serdivulgadas, bem como os resultados completos; essesdados poderão ser fornecidos em meio magnético,impresso ou encaminhados por correio eletrônico, quandosolicitados, e divulgados na Internet, na página daempresa.

§ 2º As empresas permitirão aos interessados oacesso ao sistema interno de controle e a verificação efiscalização da coleta de dados no local em quecentralizam a compilação dos resultados de suaspesquisas.

§ 3º Quando o local em que se compilou oresultado da pesquisa não coincidir com o município emque esta foi efetuada, as empresas colocarão àdisposição dos interessados, na sede desse município, orelatório entregue ao cliente e o modelo do questionárioaplicado, para facilitar a conferência dos dadospublicados.

§ 4º O não-cumprimento do disposto neste artigoou qualquer ato que vise a retardar, impedir ou dificultara ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punívelcom detenção de seis meses a um ano, com a alternativade prestação de serviços à comunidade pelo mesmoprazo, e multa no valor de R$10.641,00 (dez milseiscentos e quarenta e um reais) a R$21.282,00, (vinte

e um mil duzentos e oitenta e dois reais) (Lei nº 9.504/97, art. 34, § 2º).

§ 5º A comprovação de irregularidade nos dadospublicados sujeita os responsáveis às penas mencionadasno parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatoriedadeda veiculação dos dados corretos no mesmo espaço,local, horário, página, caracteres e outros elementos dedestaque, de acordo com o veículo usado (Lei nº 9.504/97, art. 34, § 3º).

Art. 14. A divulgação, ainda que incompleta, deresultado de pesquisa sem o prévio registro dasinformações de que trata o art. 2º desta Instrução, sujeitao instituto de pesquisa, o contratante da pesquisa, o órgãode imprensa, o candidato, o partido político ou coligaçãoou qualquer outro responsável à multa no valor deR$53.205,00 (cinqüenta e três mil duzentos e cinco reais)a R$106.410,00 (cento e seis mil quatrocentos e dezreais) (Lei nº 9.504/97, art. 33, § 3º; Acórdão nº 372, de25.6.2002).

§ 1º O veículo de comunicação social arcará comas conseqüências da publicação de pesquisa nãoregistrada, mesmo que esteja reproduzindo matériaveiculada em outro órgão de imprensa (Acórdão nº19.872, de 29.8.2002).

§ 2º Estarão isentos de sanção os institutos depesquisa que comprovarem que a pesquisa foi contratadacom cláusula de não-divulgação e que esta decorreu deato exclusivo de terceiros, hipótese em que apenas estesresponderão pelas sanções previstas.

Art. 15. A divulgação de pesquisa fraudulentaconstitui crime, punível com detenção de seis meses aum ano e multa no valor de R$53.205,00 (cinqüenta etrês mil duzentos e cinco reais) a R$106.410,00 (cento eseis mil quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/97, art.33, § 4º).

Art. 16. Pelos crimes definidos nos §§ 4º e 5º doart. 13 e no art. 15 desta Instrução, podem serresponsabilizados penalmente os representantes legaisda empresa ou entidade de pesquisa e do órgãoveiculador (Lei nº 9.504/97, art. 35).

Art. 17. As pesquisas eleitorais poderão serdivulgadas a qualquer tempo, inclusive no dia das eleições(Constituição, art. 220, § 1º; Acórdão-TSE nº 10.305, de27.10.1988).

Art. 18. As pesquisas realizadas no dia da eleiçãopodem ser divulgadas a partir das 17h nos municípiosem que a votação já se houver encerrado.

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Art. 19. Na divulgação dos resultados de enquetesou sondagens, deverá ser informado não se tratar depesquisa eleitoral, nos moldes do art. 33 da Lei nº 9.504/97, mas de mero levantamento de opiniões, sem controlede amostra, o qual não utiliza método científico para suarealização, dependendo, apenas, da participaçãoespontânea do interessado.

Parágrafo único. A divulgação de resultados deenquetes ou sondagens sem o esclarecimento previstono caput será considerada divulgação de pesquisaeleitoral, permitindo a aplicação das sanções previstas.

Art. 20. As intimações e o recebimento de petiçõespor correio eletrônico far-se-ão na forma disciplinadapelo Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 21. Esta Instrução entra em vigor na datade sua publicação.

Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral.

Brasília, 2 de dezembro de 2003.

Ministro Sepúlveda Pertence, presidente, MinistroFernando Neves, relator, Ministra Ellen Gracie, MinistroCarlos Velloso, Ministro Barros Monteiro, MinistroFrancisco Peçanha Martins, Ministro Luiz CarlosMadeira

Publicada no DJU de 5.12.2003.

RESOLUÇÃO Nº 21.577(2.12.2003)

INSTRUÇÃO N° 3 - CLASSE 12ª - DISTRITOFEDERAL (Brasília)Relator: Ministro Luiz Carlos MadeiraInteressado: Tribunal Superior Eleitoral

Altera o art. 36 da Resolução nº 19.406, de 5.12.95� Instruções para fundação, organização,funcionamento e extinção dos Partidos Políticos.

O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, usando dasatribuições que lhe confere o art. 61 da Lei nº 9.096, de19 de setembro de 1995,

Considerando a aprovação da Res.-TSE nº 21.574/2003,que dispõe sobre o Sistema de Filiação Partidária,

RESOLVE:

Art. 1º O art. 36 da Resolução nº 19.406/95 passa avigorar com a seguinte redação:

�Art. 36. Nos dias 8 a 14 dos meses de abril eoutubro de cada ano, durante o expediente normaldos cartórios, o partido, por seus órgãos de direçãomunicipais, regionais ou nacional, enviará ao juizeleitoral da respectiva zona, para arquivamento epublicação na sede do cartório, a relação de filiadosatualizada, em duas vias, contendo os nomes detodos os seus filiados na respectiva zona eleitoral,da qual constarão, também, o número dos títuloseleitorais e das seções em que são inscritos e a

data do deferimento das respectivas filiações (Leinº 9.096/95, art. 19, caput, redação dada pela Leinº 9.504/97, art. 103).

§ 1º As filiações efetuadas perante órgãos dedireção nacional ou estadual, quando admitidaspelo estatuto do partido, deverão ser comunicadasaos diretórios municipais correspondentes à zonade inscrição do eleitor, com a finalidade de seremcomunicadas ao juiz eleitoral nos períodosprevistos em lei.

§ 2º As listagens deverão ser elaboradas pelopartido, preferencialmente, no módulo próprio doSistema de Filiação Partidária, na formaregulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral,entregues ao juiz eleitoral em meio magnético,hipótese em que será dispensada a segunda via,devendo-se fazer acompanhar de uma viaimpressa.

§ 3º Recebidas as listagens na formaprevista no § 2º, o escrivão eleitoral dará imediatorecibo imprimindo relação contendo o número dasinscrições cujas filiações foram informadas, como código de certificação eletrônica de conteúdodo arquivo.

§ 4º Recebidas as listagens em papel, orecibo será dado na segunda via encaminhada,ficando o cartório eleitoral incumbido da digitaçãodas informações no Sistema de Filiação Partidária.

§ 5º Constatada a ocorrência de duplafiliação, o escrivão dará ciência ao juiz, que, deimediato, declarará a nulidade de ambas,

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1. ELEGIBILIDADE � INELEGIBILIDADE

1.1 CÔNJUGE

Consulta. Prefeito municipal que já foi reeleito. Im-possibilidade de seu cônjuge concorrer, no pleito subse-qüente, ao cargo de vice-prefeito. Consulta respondidanegativamente.

Resolução n.º 21.464, de 19.8.2003, DJU de 11.11.2003, Consultan.º 920, Classe 5, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Fernando NevesDecisão: Resolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, responder negativamente à consulta, nos termos dovoto do relator, que fica fazendo parte integrante desta decisão.

1.2 REELEIÇÃO

CONSULTA. VICE-PREFEITO REELEITO.DESINCOMPATIBILIZAÇÃO PARA CONCORRER A CAR-GO DE DEPUTADO FEDERAL. CANDIDATURA A VICE-PREFEITO. IMPOSSIBILIDADE.

Vice-prefeito reeleito em 2000, ainda que tenha sedesincompatibilizado para se candidatar a deputado fe-deral em 2002, não pode candidatar-se ao cargo de vice-prefeito novamente em 2004, pois restaria configuradoum terceiro mandato sucessivo, o que é vedado pelo art.14, § 5º, da Constituição Federal.

Precedentes.

determinando comunicação aos partidosinteressados e ao eleitor (Lei nº 9.096/95, art. 22,parágrafo único).

§ 6º Para fins de prova de filiação partidária,inclusive com vistas à candidatura a cargo eletivo,o escrivão eleitoral expedirá certidão com basena última relação de eleitores recebida earmazenada no Sistema de Filiação Partidária.

§ 7º Se a relação de filiados não forremetida nos prazos mencionados neste artigo,permanecerá inalterada a filiação de todos oseleitores, constante da relação remetidaanteriormente (Lei nº 9.096/95, art. 19, § 1º).

§ 8º Os prejudicados por desídia ou má-fédos dirigentes partidários poderão requerer,

diretamente ao juiz eleitoral da zona, que intime opartido para que cumpra, sob pena dedesobediência, no prazo que fixar, não superior adez dias, o que prescreve o caput deste artigo(Lei nº 9.096/95, art. 19, § 2º)�.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de suapublicação.

Sala de Sessões do Tribunal Superior Eleitoral.

Brasília, 2 de dezembro de 2003.

Ministro Sepúlveda Pertence, presidente, Ministro LuizCarlos Madeira, relator, Ministra Ellen Gracie, MinistroCarlos Velloso, Ministro Barros Monteiro, MinistroFrancisco Peçanha Martins, Ministro Fernando Neves.

Publicada no DJU de 5.12.2003.

Ementário

Resolução n.º 21.480, de 2.9.2003, DJU de 11.11.2003, Consulta n.º897, Classe 5, Distrito Federal (Brasília)Relatora: Ministra Ellen GracieDecisão: Resolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, responder negativamente à consulta, nos termos dovoto do relator, que fica fazendo parte integrante desta decisão.

Consulta. Prefeito. Exercício de dois mandatos con-secutivos. Reeleição. Impossibilidade. Inelegibilidade.Cônjuge ou parente consangüíneo.

1. O chefe do Poder Executivo municipal que renun-ciou no curso do primeiro mandato e elegeu-se no pleitosubseqüente para o mesmo cargo não pode concorrer àeleição seguinte, como determina o art. 14, § 5º, da Cons-tituição Federal.

2. Não sendo possível ao prefeito concorrer à novaeleição, em face da vedação contida no § 5º do art. 14 daConstituição Federal, seu irmão não poderá candidatar-se a idêntico cargo, nos termos do que determina o § 7ºdesse mesmo dispositivo legal.

3. Consulta respondida negativamente.

Resolução n.º 21.529, de 09.10.2003, DJU de 18.11.2003, Consultan.º 951, Classe 5ª, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Fernando NevesDecisão: Resolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, responder negativamente à consulta, nos termos do

voto do relator, que fica fazendo parte integrante desta decisão.

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3. PROPAGANDA ELEITORAL

RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÃO 2002. PROPAGAN-DA. PLACA. ESTABELECIMENTO COMERCIAL. BEMPARTICULAR DE USO COMUM. LIMITES. NEGADOPROVIMENTO.

I - Na linha da jurisprudência desta Corte, impõe-selimites à propaganda eleitoral realizada em estabeleci-mento de uso comum, aberto ao público, para garantir amaior igualdade entre os candidatos ao pleito.

II - Não se conhece do recurso pela divergência, quan-do a decisão recorrida estiver em sintonia com a jurispru-dência do TSE. Aplicação das Súmulas nos 286/STF e83/STJ.

Acórdão n.º 21.241, de 28.8.2003, DJU de 7.11.2003, Recurso Espe-cial Eleitoral, Classe 22, Mato Grosso do Sul (Campo Grande)Relator: Ministro Francisco Peçanha MartinsDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento, nostermos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

4. PROPAGANDA PARTIDÁRIA

4.1 DIREITO DE TRANSMISSÃO

RECLAMAÇÃO. PROPAGANDA PARTIDÁRIA. DI-REITO DE TRANSMISSÃO. INSERÇÕES NACIONAIS.VEICULAÇÕES NÃO EFETIVADAS PELA EMISSORA.PROCEDÊNCIA. FIXAÇÃO DE NOVAS DATAS.

Não acolhida a justificativa apresentada pela emisso-ra para ter deixado de transmitir as inserções de propa-ganda partidária a que tem direito a agremiação recla-mante, cujo deferimento pelo Tribunal, em datas e horá-rios alterados em razão de pedido da própria emissora,lhe foi devidamente comunicado, há que se determinarnova data para a veiculação, de forma a preservar aigualdade de oportunidades entre os partidos políticos.

Acórdão n.º 221, de 9.10.2003, DJU de 7.11.2003, Reclamação,Classe 20, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em julgar procedente a reclamação, nos termos dasnotas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante desta deci-são.

RECLAMAÇÃO. PROPAGANDA PARTIDÁRIA. DI-REITO DE TRANSMISSÃO. CADEIA ESTADUAL. OCOR-RÊNCIA DE EVENTOS IMPREVISÍVEIS QUE IMPEDI-RAM A VEICULAÇÃO DE PROGRAMA. PARCIAL PRO-VIMENTO.

Não efetivada a transmissão de propaganda partidá-ria por falha técnica e pela ocorrência de evento da natu-reza, sem que para isso tenham concorrido o partido pre-

Consulta. Vice-prefeita que, reeleita com o maridoPrefeito, a ele sucede no exercício do segundo mandato.Nova candidatura. Vedação. Perpetuação de uma mes-ma família no exercício do Poder Executivo, por três pe-ríodos sucessivos. Impossibilidade. Óbice do dispostonos §§ 5º e 7º do art. 14 da Constituição Federal. Prece-dentes desta Corte.

Consulta respondida negativamente.

Resolução n.º 21.531, de 09.10.2003, DJU de 18.11.2003, Consultan.º 957, Classe 5ª, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Fernando NevesResolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimi-dade, responder negativamente à consulta, nos termos do voto dorelator, que fica fazendo parte integrante desta decisão.

2. MATÉRIA ADMINISTRATIVA

Agravo de instrumento. Recurso especial.Mandado de segurança. Concessão. Administrativo.

Servidor. Recebimento integral da remuneração da fun-ção comissionada mais a remuneração do cargo efetivo.Impossibilidade.

Efeitos retroativos. Impossibilidade.Afronta a dispositivos das Leis nos 9.421/96, 9.527/97

e 5.021/66. Inexistência. Precedentes.Recurso conhecido e provido.

Acórdão n.º 4.433, de 28.10.2003, DJU de 14.11.2003, Agravo deInstrumento, Classe 2, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Luiz Carlos MadeiraDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em dar provimento ao agravo de instrumento e, pas-sando ao julgamento do recurso especial, dele conhecer e dar-lheprovimento, nos termos das notas taquigráficas, que ficam fazendoparte integrante desta decisão.

Recurso especial. Mandado de segurança. Adminis-trativo. Servidor. Percepção integral da remuneração dafunção comissionada (FC) mais vantagem pessoal nomi-nalmente identificada (VPNI). Impossibilidade.

Violação aos arts. 14, § 2º, e 15, § 2º, da Lei nº 9.421/96 e 1º, caput, da Lei nº 5.021/66. (Precedentes: PA nº16.504/DF, de 20.11.2001, rel. Min. Fernando Neves;REspe nº 17.953/RO, de 20.11.2001, REspe nº 19.449/DF, de 21.2.2002, REspe nº 21.217/DF, de 12.8.2003,REspe nº 19.450/DF, de 7.8.2003, rel. Min. Luiz CarlosMadeira.)

Recurso especial conhecido e provido.

Acórdão n.º 21.198, de 28.10.2003, DJU de 14.11.2003, RecursoEspecial Eleitoral, Classe 22, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Luiz Carlos Madeira.Decisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nostermos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

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judicado ou as emissoras reclamadas, há que se deferirnova data para a veiculação, de forma a preservar a igual-dade de oportunidades entre as agremiações políticaspara promoverem a divulgação de seus programas, desuas metas e de sua posição em relação a temas políti-co-comunitários (Lei nº 9.096/95, art. 45).

Acórdão n.º 236, de 23.10.2003, DJU de 14.11.2003, Reclamação,Classe 20, Bahia (Salvador)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em julgar procedente, em parte, a reclamação, nostermos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

4.2 GENERALIDADES

AGRAVO REGIMENTAL. MEDIDA CAUTELAR. PRO-PAGANDA PARTIDÁRIA. CASSAÇÃO DE PROGRAMA.EXECUÇÃO DE DECISÃO JUDICIAL. NEGADO PROVI-MENTO.

I - A Justiça Eleitoral, nos termos do art. 46 da Lei nº9.096/95, autoriza a formação das cadeias de rádio etelevisão para a veiculação dos programas partidáriosassegurados por lei, por meio de processo administrati-vo no qual são apreciados os requerimentos encaminha-dos pelos partidos, indicando as datas em que preten-dem a veiculação de seus programas.

II - A cassação do direito de transmissão de programapartidário é pena prevista no art. 45, § 2º, da Lei nº 9.096/95, imposta por decisão judicial, em sede de representa-ção de competência dos corregedores eleitorais, aospartidos que desvirtuarem a citada propaganda. Independede pedido de execução o cumprimento desse acórdão,após seu trânsito em julgado.

III - É assente na jurisprudência desta Corte que acassação recairá sobre programa partidário com exibi-ção prevista para data posterior ao trânsito em julgadoda decisão (Res.-TSE nº 20.514-DF, rel. Min. EduardoRibeiro, DJ 8.2.2000).

IV - Nega-se provimento a agravo que não infirma adecisão impugnada.

Acórdão n.º 1.283, de 19.8.2003, DJU de 7.11.2003, Agravo Regi-mental na Medida Cautelar, Classe 15, Mato Grosso do Sul (CampoGrande)Relator: Ministro Francisco Peçanha MartinsDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termosdas notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante destadecisão.

REPRESENTAÇÃO. PEDIDO DERECONSIDERAÇÃO RECEBIDO COMO AGRAVO RE-GIMENTAL. PROPAGANDA PARTIDÁRIA.INDEFERIMENTO DE LIMINAR. AUSÊNCIA DE UM DOS

REQUISITOS. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMEN-TO.

Os diretórios estaduais dos partidos políticos têmautonomia para a realização de seus programas partidá-rios e por eles respondem, na forma da lei, sem prejuízoda responsabilidade pelas expressões faladas ou pelasimagens transmitidas (Res./TSE nº 20.034/97, art. 11).

É competente para processo e julgamento de repre-sentações que tenham como objeto o desvio de finalida-de cometido no espaço de propaganda partidária, o Tri-bunal que tenha autorizado a utilização do respectivo tem-po (Lei nº 9.096/95, art. 46, §§ 2º e 6º, c.c. a Res./TSEnº 20.034/97, art. 13).

Insubsistentes os fundamentos invocados para suareforma, é de se manter a decisão agravada.

Acórdão n.º 667, de 18.9.2003, DJU de 7.11.2003, Agravo Regimen-tal na Representação, Classe 30, São Paulo (São Paulo)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos ter-mos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

5. DIVERSOS

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO CONTRA EX-PEDIÇÃO DE DIPLOMA. OITIVA DE TESTEMUNHAS.ALEGAÇÃO DE NÃO-CORRÊNCIA DE INTIMAÇÃOPARA COMPARECER À RESPECTIVA AUDIÊNCIA.INTEMPESTIVIDADE. PLEITO DE ACAREAÇÃO NÃOJUSTIFICADO. INTERESSE EM DERRUIR DEPOIMEN-TOS DESFAVORÁVEIS. ACAREAÇÃO ENTRE O FILHODO AGRAVANTE E AS TESTEMUNHAS. IMPEDIMEN-TO LEGAL QUANTO ÀQUELE. OITIVA DO DELEGADOE DE AGENTES POLICIAIS FEDERAIS.PRESCINDIBILIDADE. ATUAÇÃO EM ESTRITO CUM-PRIMENTO DO DEVER LEGAL. ROL DE TESTEMU-NHAS, INDIVIDUALIZADAS E QUALIFICADAS. APRE-SENTAÇÃO NA OPORTUNIDADE DO OFERECIMEN-TO DAS CONTRA-RAZÕES (ART. 270 DO CE). PROVADE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA DAS TESTEMUNHAS. DO-CUMENTAÇÃO QUE PODE SER OBTIDA SEM A IN-TERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. AGRAVO RE-GIMENTAL DESPROVIDO.

- É intempestiva a alegação de não-ocorrência deintimação pessoal para comparecer à audiência de oitivade testemunhas, também não se justificando a pleiteadaacareação que somente deve ser realizada quando diver-girem as declarações sobre determinados fatos que pos-sam influir na decisão da causa. Manifesto interesse doagravante em derruir, por via imprópria, os depoimentosque lhes são desfavoráveis.

- Descabido o pleito de acareação entre testemunhas

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e o descendente do agravante, em razão de existir, quantoao último, impedimento legal, previsto no art. 405, § 1º, I,do CPC, bem como o pedido de oitiva de delegado eagentes policiais federais, por terem eles atuado no es-trito cumprimento do dever legal.

- A teor do art. 270 do Código Eleitoral, é intempestivoo pleito de juntada futura de rol de testemunhas, quedeve ser apresentado desde logo com as contra-razõesdo recurso, cumpridos os requisitos de individualizaçãoe completa qualificação.

- A prova de filiação partidária das testemunhas ouvi-das consiste em documentação de que a parte podemunir-se sem a intervenção do Poder Judiciário.

Agravo regimental a que se nega provimento.

Acórdão n.º 617, de 28.8.2003, DJU de 7.11.2003, 2º Agravo Regi-mental no Recurso Contra Expedição de Diploma, Classe 21, Acre(Rio Branco)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos ter-mos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

Recurso especial. Ação de impugnação de mandatoeletivo. Alegações de ilegitimidade ativa e irregularidadede representação da coligação que propôs a ação. Rejei-ção. Prova emprestada. Possibilidade. Abuso do podereconômico. Comprometimento da lisura e do resultadodo pleito. Comprovação. Reexame de matéria fática.

1. As coligações partidárias têm legitimidade para apropositura de ação de impugnação de mandato eletivo,conforme pacífica jurisprudência desta Corte (Acórdãonº 19.663).

2. Não há óbice que sejam utilizadas provas oriundasde outro processo a fim de instruir ação de impugnaçãode mandato eletivo, se estas foram produzidas sob o cri-vo do contraditório e da ampla defesa.

3. Se a Corte Regional examina detalhadamente aprova dos autos e conclui haver prova incontroversa so-bre a corrupção e o abuso do poder econômico, essaconclusão não pode ser infirmada sem o reexame doconjunto fático e probatório, o que não é possível nestainstância.

4. A prática de corrupção eleitoral, pela sua significa-tiva monta, pode configurar abuso do poder econômico,desde que os atos praticados sejam hábeis a desequili-brar a eleição. Decisão regional que não diverge da juris-prudência deste Tribunal.

Agravo de instrumento não provido.

Acórdão n.º 4.410, de 16.9.2003, DJU de 7.11.2003, Agravo de

Instrumento, Classe 2, São Paulo (Populina �233ª Zona � Estrela

d�Oeste)Relator: Ministro Fernando Neves

Decisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo, nos termos das no-tas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante desta decisão.

CONSULTA. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA EFETUADA EMDIRETÓRIO NACIONAL. NECESSIDADE DE COMUNI-CAÇÃO AO JUIZ ELEITORAL. ART. 19 DA LEI Nº 9.096/95.

Prevê a lei que o partido encaminhe a relação dosfiliados à Justiça Eleitoral no prazo legal, seja por meiode seu órgão de direção nacional � em que foi feita afiliação �, seja pelo municipal.

Exegese do art. 19 da Lei nº 9.096/95.

Resolução n.º 21.522, de 7.10.2003, DJU de 07.11.2003, Consultan.º 952, Classe 5, Distrito Federal (Brasília)Relatora: Ministra Ellen GracieDecisão: Resolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, responder à consulta, nos termos do voto da relatora,que fica fazendo parte integrante desta decisão.

Utilização das urnas eletrônicas de contingência emeleições não oficiais. Ausência de dados ou registro devotos. Possibilidade.

Resolução n.º 21.548, de 28.10.2003, DJU de 11.11.2003, ProcessoAdministrativo n.º 19.083, Classe 19, Ceará (Fortaleza)Relator: Ministro Fernando NevesDecisão: Resolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, responder afirmativamente às indagações do TRE/CE, nos termos do voto do relator, que fica fazendo parte integrantedesta decisão.

AGRAVO REGIMENTAL. MEDIDA CAUTELAR. REI-TERAÇÃO DAS RAZÕES ANTERIORMENTEALEGADAS PELA ORA AGRAVANTE. ALEGAÇÃO DEPRETENSÃO À CORRETA QUALIFICAÇÃO JURÍDICADAS PROVAS. ARESTO REGIONAL QUE TEM COMOCONSISTENTES AS PROVAS RELATIVAS AOALICIAMENTO DE ELEITORES, COM A CAPTAÇÃO DESUFRÁGIOS DEVIDAMENTE COMPROVADA. HIPÓTE-SE A DEMANDAR, EFETIVAMENTE, AMPLAREAPRECIAÇÃO DO MATERIAL FÁTICO-PROBATÓRIOCOLIGIDO AOS AUTOS. AGRAVO DESPROVIDO.

- A despeito de as razões do regimental consistiremem mera reiteração daquelas anteriormente alegadas pelaagravante, tendo em vista que o aresto regional teve comoconsistentes as provas relativas ao aliciamento de elei-tores, com a compra de votos devidamente comprovada,ausente a alegada plausibilidade jurídica do recurso es-pecial, por demandar este, para o seu julgamento, amplareapreciação do material fático-probatório coligido aosautos.

Agravo regimental ao qual se nega provimento.

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Acórdão n.º 1.291, de 2.10.2003, DJU de 14.11.2003, Agravo Regi-mental na Medida Cautelar, Classe 15, Ceará (96ª Zona - Bela Cruz)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos ter-mos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURAN-ÇA. FUNDAMENTO DO DECISÓRIO AGRAVADO,CONCERNENTE À INCIDÊNCIA, NO CASO, DA SÚMULAN. 267-STF, NÃO INFIRMADO. INVIABILIDADE DOAGRAVO, A TEOR DA SÚM. N. 182-STJ. MANDAMUS

IMPETRADO, EFETIVAMENTE, COMO SUBSTITUTIVODE RECURSO PRÓPRIO. OCORRÊNCIA DE CIRCUNS-TÂNCIA ESPECÍFICA A IMPEDIR A REFORMA DOACÓRDÃO REGIONAL E, POR CONSEGUINTE, RAZÃOPARA SE MANTER A DECISÃO ORA IMPUGNADA.PRÁTICA DE ABUSO ECONÔMICO E CORRUPÇÃOELEITORAL QUE NÃO SE PODE INFERIR, PRIMO ICTU

OCULI, DO EXAME DAS OITIVAS TESTEMUNHAIS QUESUBSIDIARAM O VOTO CONDUTOR. AGRAVO DES-PROVIDO.

- Os agravantes não confrontaram o relevante funda-mento de que se ajuizara a presente ação mandamentalcomo substitutivo do recurso próprio, vulnerando, comisso, a regra consubstanciada na Súmula n. 182 do Su-perior Tribunal de Justiça.

- Hipótese em que, com efeito, utilizou-se o mandamus

como sucedâneo do recurso próprio, que deveriam terinterposto os agravantes contra o acórdão regional.

- Ocorrência, na espécie, de circunstância específicaa impedir a reforma do decisório a quo e, por conseguin-te, razão para se manter a decisão agravada, consisten-te esta na circunstância de não se poder inferir, primo

ictu oculi, por meio das oitivas testemunhais, as quaissubsidiaram o r. voto condutor, que os agravantes tenhamincorrido nas práticas de abuso do poder econômico ecorrupção eleitoral.

Agravo regimental a que se nega provimento.

Acórdão n.º 3.151, de 9.10.2003, DJU de 14.11.2003, Agravo Regi-mental no Mandado de Segurança, Classe 14, Ceará (49ª Zona -Pacajus)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos ter-mos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

Medida cautelar. Pedido de efeito suspensivo a recur-so especial. Acórdão regional que determinou a cassa-ção do diploma do requerente em virtude de representa-ção fundada no art. 77 da Lei nº 9.504/97. Afastamentodo prefeito e vice-prefeito. Liminar indeferida. Agravo regi-mental. Periculum in mora evidenciado. Plausibilidade do

direito. Existência de decisão regional que deu provimentoa recurso contra a expedição de diploma relativo ao mes-mo fato. Necessidade de evitar sucessivas alterações naChefia do Executivo. Manutenção da decisão agravada.

Agravo não provido.

Acórdão n.º 1.289, de 16.9.2003, DJU de 14.11.2003, Agravo Regi-mental na Medida Cautelar, Classe 15, São Paulo (Pereira Barreto)Relator: Ministro Fernando NevesDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos ter-mos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

Mandado de segurança. Consulta plebiscitária paracriação de município. Instruções expedidas pelo TRE afim de regulamentar o plebiscito e acórdão homologandoo resultado.

1. Para a criação de novos municípios, é necessáriaa edição de lei complementar federal, nos termos do § 4ºdo art. 18 da Constituição Federal.

2. O art. 8º da Lei nº 9.709/98 determina que, após aaprovação do ato convocatório do plebiscito, de compe-tência das assembléias legislativas, o presidente do Con-gresso Nacional dará ciência do fato à Justiça Eleitoral,a quem incumbirá, entre outras providências, fixar a datada consulta e expedir as respectivas instruções.

3. Ante a edição de leis estaduais criando os municí-pios objeto de impetração, o mandado de segurança en-contra-se prejudicado. Precedentes da Corte (Ac. nº2.812).

Acórdão n.º 3.154, de 14.10.2003, DJU de 14.11.2003, Mandado deSegurança, Classe 14, Mato Grosso do Sul (Água Clara)Relator: Ministro Fernando NevesDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em julgar prejudicado o mandado de segurança, nostermos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

AGRAVO. ELEIÇÃO 2000. AÇÃO DE INVESTIGA-ÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. DECISÃOINTERLOCUTÓRIA. VIOLAÇÃO DE LEI. INEXISTÊNCIA.DISSÍDIO NÃO CARACTERIZADO. NEGADO PROVI-MENTO.

I - Fora do período eleitoral, para fins de contagem doprazo recursal, publicada a decisão no sábado, conside-ra-se como realizada essa no primeiro dia útil subse-qüente. Precedentes.

II - Embora o princípio da ampla defesa assegure aprodução de provas, a necessidade de sua realizaçãofica submetida ao livre convencimento do julgador, emface das peculiaridades do caso concreto. Por isso, opedido deve estar calcado em fundamentos consisten-tes.

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III - Na linha da jurisprudência desta Corte, é incabívelagravo contra decisão interlocutória em ação de investi-gação judicial eleitoral.

IV - A divergência, para se configurar, requer a realiza-ção do confronto analítico, bem como a sintonia entre osprecedentes citados e o julgado que se pretende modifi-car.

Acórdão n.º 4.170, de 28.8.2003, DJU de 14.11.2003, Agravo deInstrumento, Classe 2, Minas Gerais (Arceburgo - 182ª Zona - Mon-te Santo de Minas)Relator: Ministro Francisco Peçanha MartinsAcordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimi-dade, em conhecer do agravo e negar-lhe provimento, nos termosdas notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante destadecisão.

Agravo regimental. Recurso especial. Provimento comfundamento no art. 36, § 7º, do RITSE. Art. 41-A da Lei nº9.504/97. Cassação de registro. Aplicação do art. 175, §3º, do Código Eleitoral. Alegação de incidência do art. 15da LC nº 64/90. Impertinência.

A ressalva que se contém no § 4º do art. 175 do Códi-go Eleitoral só tem lugar quando a decisão sobreinelegibilidade ou cancelamento de registro for proferidaapós as eleições.

Agravo regimental a que se nega provimento.

Acórdão n.º 21.235, de 9.9.2003, DJU de 14.11.2003, Agravo Regi-mental no Recurso Especial Eleitoral, Classe 22, Minas Gerais (Cam-po Azul - 50ª Zona - Brasília de Minas)Relator: Ministro Luiz Carlos MadeiraDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos ter-mos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

Recurso especial. Programa partidário. Art. 57, I, alí-neas a e b, da Lei nº 9.096/95 - Partido político - Funcio-namento parlamentar - Inserções regionais - Direito -Deferimento.

1. O partido político atenderá ao disposto na alínea ado inciso I do art. 57 da Lei nº 9.096/95, tendo direito afuncionamento parlamentar na Câmara dos Deputadostoda vez que eleger representante em cinco estados eobtiver um por cento dos votos no país, desde que naeleição anterior também tenha eleito representante, não

importando em quantos estados ou o percentual de vo-tos obtidos (Petição nº 1.294).

2. Para que o partido político tenha direito ao funcio-namento parlamentar a que se refere a alínea b do incisoI do referido art. 57, é necessário que, atendida a alíneaa, a agremiação partidária eleja representante e obtenhaum por cento dos votos na circunscrição.

Recurso especial conhecido e provido.

Acórdão n.º 21.329, de 9.9.2003, DJU de 14.11.2003, Recurso Espe-cial Eleitoral, Classe 22, São Paulo (São Paulo)Relator: Ministro Fernando NevesDecisão: Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nostermos das notas taquigráficas, que ficam fazendo parte integrantedesta decisão.

CONSULTA. VEREADOR. REGISTRO DE CANDIDA-TURA COM O SOBRENOME DE EX-PREFEITO DOMESMO MUNICÍPIO. HIPÓTESE QUE PODERÁENSEJAR DÚVIDA NO ELEITOR, QUANTO À SUA IDEN-TIDADE, O QUE É VEDADO PELO ART. 12, CAPUT,DA LEI N. 9.504/97. PRECEDENTE DA CORTE.

Resolução n.º 21.517, de 02.10.2003, DJU de 18.11.2003, Consultan.º 942, Classe 5ª, Distrito Federal (Brasília)Relator: Ministro Barros MonteiroDecisão: Resolvem os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral, porunanimidade, responder negativamente à consulta, nos termos dovoto do relator, que fica fazendo parte integrante desta decisão.

REVISÃO ELEITORAL. PRAZOS. AMPLIAÇÃO. CA-RÁTER EXCEPCIONAL.

Verificadas circunstâncias excepcionais queinviabilizem a observância dos prazos fixados para o de-senvolvimento dos trabalhos revisionais e que possamcomprometer a segurança e a efetividade da revisão, ne-cessária a ampliação do período destinado ao atendi-mento do eleitorado e, em conseqüência, do prazo parahomologação do processo revisional.

Resolução n.º 21.556, de 04.11.2003, DJU de 18.11.2003, ProcessoAdministrativo n.º 19.090, Classe 19ª, Pernambuco (Recife)Relator: Ministro Barros MonteiroResolvem os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimi-dade, deferir parcialmente o pedido, nos termos do voto do relator,que fica fazendo parte integrante desta decisão.

TRE/CE

Dezembro/200326

Ementário

1. ABUSO DE PODER ECONÔMICO

1.1 CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO

Investigação judicial por abuso de poder econômico.Captação irregular de votos. Necessidade de prova ro-busta. A prova unicamente testemunhal, contraditória einconclusa, é insuficiente para acolhimento de investiga-ção judicial. Improcedência.

Acórdão n.º 11016, de 3.11.2003, Investigação Judicial Eleitoral,Classe 39, Barro (92ª Zona Eleitoral)Relator: Des. José Eduardo Machado de AlmeidaDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade e seguindo a repre-sentação Ministerial, pela improcedência da investigação.

1.2 PROPAGANDA ELEITORAL

Investigação judicial por abuso de poder econômico.Propaganda eleitoral irregular. Irregularidades já apura-das através do exercício do poder de polícia e de repre-sentações. Não configuração do abuso. Inexistência deprova forte e robusta. Improcedência

Acórdão n.º 11012, de 20.10.2003, Investigação Judicial Eleitoral,Classe 39, FortalezaRelator: Des. José Eduardo Machado de AlmeidaDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade e seguindo a repre-sentação ministerial, pela improcedência da investigação.

Investigação judicial eleitoral. Alegação de abuso dopoder político ou abuso do poder econômico não configu-rado.

Afixação de cartazes de propaganda eleitoral de can-didatos em laterais de veículos de propriedade de parti-culares que prestam serviço de transporte escolar paraPrefeitura Municipal. Ausência de contrato que disciplineseu uso com exclusividade ao serviço público. Condutaatípica.

Quantidade insignificante de material colado nas la-terais dos veículos não enseja o abuso previsto no art. 22da Lei Complementar 64/90 por não desequilibrar o pleitonem concorrer para o resultado final das eleições.

Representação improcedente.

Acórdão n.º 11014, de 20.10.2003, Investigação Judicial Eleitoral,Classe 39, Crateús (20ª Zona Eleitoral)Relator: Des. José Eduardo Machado de AlmeidaDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade, pela improcedênciada investigação.

2. CONDUTA VEDADA

1. Ação penal. Réus denunciados como incursos naspenas do art. 346 do Código Eleitoral.

2. Tratando-se de prazo impróprio, o oferecimento dadenúncia além do prazo previsto no art. 357 do CódigoEleitoral não acarreta decadência, senão exclusivamen-te as conseqüências previstas no § 3º daquele comandonormativo. Preliminar de decadência rejeitada.

3. O transporte escolar por meio de veículo particular,contratado pelo Município e pago com recursos doFUNDEF, constitui serviço público. Deixa de sê-lo, con-tudo, nos fins de semana e em dia de recesso escolar.Desvinculado do serviço público, o veículo retoma suacaracterística de domínio privado, podendo livremente serutilizado por seu proprietário.

4. Conduta atípica. Denúncia rejeitada (art. 43, I, doCPP c.c. art. 358, I, do Código Eleitoral).

Acórdão n.º 11035, de 20.10.2003, Ação Criminal de CompetênciaOriginária, Classe 2, FortalezaRelator: Juiz Francisco Roberto MachadoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,em rejeitar a denúncia.

1. Representação. Conduta vedada. Art. 73 incisos IIe III da Lei nº 9.504/97.

2. Não há prazo decadencial estipulado em lei para oajuizamento de representação por conduta vedada, nãosendo cabível a aplicação, por analogia, do prazo de 48horas previsto no art. 58 da Lei nº 9.504/97.

3. O transporte escolar por meio de veículo particularcontratado pelo Município e pago com recursos doFUNDEF constitui serviço público. Deixa de sê-lo, con-tudo, nos fins de semana e em dia de recesso escolar.Desvinculado do serviço público, o veículo retoma suacaracterística de domínio privado, podendo livremente serutilizado por seu proprietário. inexistência de prática deconduta vedada. Improcedência da representação.

Acórdão n.º 11308, de 20.10.2003, Representação, Classe 34, For-talezaRelator: Juiz Francisco Roberto MachadoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,em julgar improcedente a representação.

Representação. Cessão de servidores. Propagandairregular. Bens públicos. Prova emprestada. Não com-provação.

1. A conduta ilícita prevista no art. 73, III, da Lei nº9.504/97 cinge-se a uma circunstância temporal, ou seja,a Lei não proíbe que servidores públicos participem decampanha eleitoral, desde que o façam fora do horárionormal de expediente.

2. Sem demonstração da existência da conduta ve-dada, inclusive minguando a responsabilidade do repre-

TRE/CE

Suffragium 27

sentado, a sanção indicada na inicial não há como seracolhida, diante da necessidade da prova com fatos con-cretos.

Acórdão n.º 12408, de 20.10.2003, Recurso Eleitoral, Classe 32,Santana do Cariri (53ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz Celso Albuquerque MacedoDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade, tomar conhecimentodo recurso, porque tempestivo, mas para lhe negar provimento.

Representação eleitoral. Conduta vedada. Uso de bempúblico. Caracterização.

- Utilização de prédio de escola municipal por Prefei-to, durante a campanha eleitoral, fazendo apologia decandidatos por ele apoiados.

- Prova robusta, não contrariada.- Infringência ao disposto no art. 73, I da �Lei das Elei-

ções� - Representação procedente.

Acórdão n.º 11286, de 29.10.2003, Representação, Classe 34, PedraBranca (59ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz Antônio Abelardo Benevides MoraesDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime, emjulgar procedente a representação caracterizada à epígrafe.

3. PRESTAÇÃO DE CONTAS

3.1 CANDIDATO � CAMPANHA

Prestação de contas. Candidato a Deputado Estadu-al nas eleições de 2002. Documentação necessária eregular, mas intempestiva. Mera irregularidade formal.Aprovação com ressalva.

Acórdão n.º 11640, de 20.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Francisco Roberto MachadoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,em aprovar a prestação de contas, com ressalva.

Prestação de contas. Candidato a Deputado Estadu-al. Eleições de 2002. Falta de extrato bancário demons-trativo da movimentação ou não-movimentação financei-ra ocorrida em todo o período da campanha. Prazo paradiligência decorrido �in albis�. Malferimento ao dispostono art. 22, caput, da Lei nº 9.504/97 c.c. art. 28, IX, daResolução TSE nº 20.987/02. Desaprovação das contas

Acórdão n.º 11785, de 20.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Francisco Roberto MachadoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,em desaprovar a prestação de contas do candidato.

Prestação de contas - Candidato a cargo eletivo - Elei-ções de 2002 - Existência de irregularidades graves -Informações conflitantes, não esclarecidos, apesar daoportunidade conferida para tanto - Pareceres do órgão

técnico e do parquet eleitoral pela desaprovação - Con-tas não prestadas - Desaprovação.

Acórdão n.º 11747, de 29.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Antônio Abelardo Benevides MoraesDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconsiderar não prestadas as contas apresentadas pelo ex-candidatoSilvio Ernesto Veras Frota, desaprovando-as.

Prestação de contas. Candidata a Deputada Federalnas eleições de 2002. Documentação necessária e re-gular. Intempestividade. Falta de apresentação de disquetepara análise das contas pelo sistema informatizado.Meras irregularidades formais que não chegam a com-prometer a regularidade das contas. Aprovação com res-salva.

Acórdão n.º 11779, de 29.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Francisco Roberto MachadoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,em aprovar a prestação de contas, com ressalva.

Prestação de contas � candidato à deputado estadu-al � Eleições de 2002 � Desaprovação � Falhas gravesque no conjunto comprometem a regularidade das con-tas. As contas referentes aos gastos de campanha decandidato somente podem ser consideradas prestadase formalmente regulares se instruídas com a documen-tação devida e nelas inexistem impropriedades ou irregu-laridades relevantes.

Acórdão n.º 11792, de 29.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,Cascavel (7ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconsiderar desaprovadas as contas apresentadas pelo candidatoPaulo Cesar Sarquis Queiroz.

Prestação de contas. Eleições de 2002. Candidatodeputado estadual. Intempestividade. Irregularidade for-mal. Aprovação com ressalvas.

I � A apresentação intempestiva da Prestação de Con-tas constitui irregularidade formal que não autoriza a suarejeição, mas sim a aprovação com ressalva.

II � Prestação de contas que se aprova com ressalva,em conformidade com o parecer do Ministério PúblicoEleitoral, observada, ainda, a manifestação do ControleInterno desta Corte.

Acórdão n.º 11767, de 10.11.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Celso Albuquerque MacedoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade, em apro-var com ressalva as contas apresentadas pelo candidato JosimarBandeira de Castro.

TRE/CE

Dezembro/200328

3.2 PARTIDO POLÍTICO � CAMPANHA

Partido político. Prestação de contas. Eleições de2002. Contas apresentadas pelo Diretório Regional doPartido Social Trabalhista � PST. Falhas que no conjun-to comprometem a regularidade das contas. Candidatoque não atendeu à intimação da Justiça Eleitoral parasanar as irregularidades apontadas. As contas referen-tes aos gastos de campanha de candidato somente po-dem ser consideradas prestadas e formalmente regula-res se instruídas com a documentação devida e nelasinexistem impropriedades ou irregularidades relevantes.

Acórdão n.º 11713, de 10.11.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconsiderar desaprovadas as contas apresentadas pelo Partido So-cial Trabalhista.

3.3 PARTIDO POLÍTICO � EXERCÍCIO FINANCEIRO

Partido político. Prestação de contas. Exercício fi-nanceiro de 1998. Contas apresentadas pelo DiretórioRegional do Partido Democrático Trabalhista - PDT. Do-cumentação compatível com as exigências da Lei nº9.096/95 e da Resolução TSE nº 19.768/96. Aprovaçãoem consonância com o parecer do Procurador RegionalEleitoral. Decisão unânime.

Acórdão n.º 11307, de 20.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconsiderar prestadas e formalmente regulares as contas apresenta-das pelo Partido Democrático Trabalhista.

Prestação de contas partidárias. Diretório Regional.Ano 2002. Regularidade.

Atendidos os requisitos legais e normativos atinentesà espécie, impõe-se a aprovação das contas anuais doPartido Político.

Acórdão n.º 11808, de 20.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Celso Albuquerque MacedoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade, em apro-var as contas do Partido Trabalhista Nacional, relativas ao exercí-cio de 2002.

Recurso em matéria eleitoral � Prestação de contas� Desaprovação � Mesmo após a realização de diligên-cias, permanece a ausência de dados que comprome-tem a regularidade das contas � Recurso conhecido, masimprovido.

Acórdão n.º 97002303, de 29.10.2003, Recurso Eleitoral, Classe 32,Aurora (69ª Zona Eleitoral)

Relator: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,e em consonância com o parecer ministerial, em conhecer do recur-so, mas para negar-lhe provimento.

Prestação de contas anual de partido político - Regu-laridade - Aprovação.

Aprovam-se as contas tempestivamente apresenta-das, que se apresentam formalmente corretas, à luz dasnormas estabelecidas nos arts. 32 e 34 da �Lei dos Par-tidos Políticos� e arts. 2º e 6º e 11 da Resolução - TSE nº19.768/96, nos termos das manifestações daCoordenadoria do Controle Interno e a douta Procurado-ria Regional Eleitoral.

Acórdão n.º 11799, de 29.10.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Antônio Abelardo Benevides MoraesDecisão:Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconhecer da prestação de contas e aprová-las.

Partido político. Prestação de contas. Exercício finan-ceiro de 2000. Contas apresentadas pelo Diretório Regi-onal do Partido Trabalhista Cristão - PTC. Apresentaçãointempestiva, mas documentação que se mostra com-patível com as exigências da Lei nº 9.096/95 e da Reso-lução TSE nº 19.768/96. Aprovação com ressalvas, emconsonância com o parecer do Procurador Regional Elei-toral. Decisão unânime.

Acórdão n.º 11770, de 3.11.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconsiderar prestadas e formalmente regulares as contas apresenta-das pelo Partido Trabalhista Cristão.

Prestação de Contas anual de Partido Político � Re-gularidade � Intempestividade � Aprovação com ressal-va.

Aprovam-se, com ressalva, as contas apresentadasintempestivamente, mas que se evidenciam formalmen-te corretas, à luz das normas estabelecidas nos arts. 32e 34 da �Lei dos Partidos Políticos� e arts. 2º e 6º e 11 daResolução � TSE nº 19.768/96, nos termos das manifes-tações da Coordenadoria do Controle Interno e a doutaProcuradoria Regional Eleitoral.

Acórdão n.º 11771, de 10.11.2003, Prestação de Contas, Classe 22,FortalezaRelator: Juiz Antônio Abelardo Benevides MoraesDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por votação unânime e deacordo com o parecer do Dr. Procurador Regional Eleitoral, emconhecer da prestação de contas e aprová-la, com ressalva.

TRE/CE

Suffragium 29

4. PROPAGANDA ELEITORAL

4.1 POSTE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Agravo em Representação. Propaganda irregular. Pos-te de iluminação pública. Sinalização de trânsito. Prova.Notificação. Não retirada. Prévio conhecimento. Multa.

1. É vedada a propaganda eleitoral em postes quecontenham placa ou sinal de trânsito.

2. É possível a fixação de propaganda eleitoral empostes de iluminação pública, desde que não sirvam desuporte de sinais de trânsito.

3. Demonstrada a prática da promoção irregular, bemcomo o prévio conhecimento do candidato beneficiário,não pode esse alegar falta de conhecimento sobre a exis-tência da referida propaganda. A inércia do beneficiáriopossibilita que a ele se aplique a sanção corresponden-te.

Acórdão n.º 11185, de 20.10.2003, Agravo em Representação, Clas-se 34, FortalezaRelator: Juiz Celso Albuquerque MacedoDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade, tomar conhecimentodo recurso, porque tempestivo, e dar-lhe provimento.

Averiguação. Propaganda eleitoral irregular. Afixaçãode cartazes em postes de iluminação pública. Não ha-vendo na lei eleitoral as características de postes de ilu-minação pública, incide a ressalva do art. 37 da mencio-nada Lei. Arquivamento.

Acórdão n.º 11153, de 29.10.2003, Expediente Sem Classificação,Classe 14, Cariús (103ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz José Filomeno de Moraes FilhoDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votose em sintonia com o pronunciamento do Procurador Regional Eleito-ral, em mandar arquivar o feito caracterizado na epígrafe.

4.2 RÁDIO E TELEVISÃO

Representação manejada pelo parquet eleitoral. Pro-paganda eleitoral irregular veiculada em programação nor-mal de rádio. Condenação em multa no mínimo legal, emface da primariedade da representada.

Acórdão n.º 11320, de 3.11.2003, Representação, Classe 34, Forta-lezaRelator: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade de votos,em condenar o representado em multa no patamar mínimo estabele-cido pela lei.

5. DIVERSOS

Transporte de eleitor no dia das eleições. Prova queconduz à lógica da ausência do caráter doloso.Inexistência de pressão à opção do sufrágio. A confirma-ção do ilícito tipificado deve envolver prova insofismável

da intenção do acusado, com o objetivo de influenciar,captar ou constranger a liberdade de votação. Improce-dência da denúncia com base no parágrafo único, do art.8º, da Resolução TSE nº 9.641/74: �não incidirá a proibi-ção prevista neste artigo quando não houver propósito dealiciamento�.

Acórdão n.º 11055, de 29.10.2003, Recurso Criminal, Classe 26,Milagres (26ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz Celso Albuquerque MacedoDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade, conhecer do recurso,dando-lhe provimento para reformar a decisão do Juízo da 26ª ZonaEleitoral que condenou Francisco Fernandes de Lima por condutaatinente a transporte de eleitores no dia das eleições gerais de 2002.

Ação penal. Competência originária deslocada ope

constitutionis. Fato anterior à posse no cargo de prefei-to. Posterior renúncia ao mandato. Prerrogativa de foro.Derrogação.

I - Em se tratando de deslocamento ope constitutionis

da competência para este Tribunal, por assunção do de-nunciado ao cargo de Prefeito Municipal, o advento darenúncia ao mandato implica na derrogação da prerroga-tiva de foro, considerando-se, ainda, que a condutatipificada consumou-se antes de sua posse no referidocargo.

II- Verificando-se que inaplicável, à espécie, o dispos-to nos §§ 1º e 2º do art. 84 do Código de Processo Pe-nal, prescindível o exercício de controle difuso deconstitucionalidade da Lei nº 10.628/2002.

III - Reconhecendo-se, in casu, que o Juízo de origemé o órgão competente para processar e julgar a açãopenal, impõe-se a devolução dos autos à referida ZonaEleitoral, para o regular prosseguimento do feito.

Acórdão n.º 11038, de 29.10.2003, Ação Criminal de CompetênciaOriginária, Classe 2, Barro (92ª Zona Eleitoral)Relator: Des. José Eduardo Machado de AlmeidaRevisor: Juiz Jorge Aloísio PiresDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade, em determinar o re-torno dos autos à Zona de origem, para o regular prosseguimentodo feito.

Recurso em ação de impugnação de mandato eletivo.Pressupostos. Ausência.

- As causas de inelegibilidades infraconstitucionaisficam acobertadas pela preclusão, se não alegadas opor-tunamente.

- A AIME tem fundamento constitucional, só podendoser empregada dentro dos parâmetros estabelecidos naLei Maior, ou seja, diante de abuso do poder econômico,corrupção ou fraude.

- Recurso improvido. Sentença mantida.

Acórdão n.º 11027, de 29.10.2003, Recurso em Ação de Impugnaçãode Mandato Eletivo, Classe 27, Crato (27ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz Antônio Abelardo Benevides Moraes

TRE/CE

Dezembro/200330

Revisor: Juiz Francisco Massilon Torres FreitasDecisão: Acordam os Juízes do TRE/CE, por unanimidade e de acordocom o parecer da douta Procuradoria Regional Eleitoral, em conhe-cer do recurso interposto, mas para negar-lhe provimento.

Embargos declaratórios em recurso criminal. Acórdão.Omissão. Contradição. Dúvida. Inexistência. Efeitomodificativo. Reexame da matéria. Impossibilidade. Re-jeição.

1. Constitui pressuposto essencial à propositura deEmbargos Declaratórios a ocorrência de omissões, obs-curidades ou contradições na sentença ou Acórdão, cujosaneamento é o seu principal e único objetivo.

2. Inexistindo no Acórdão os vícios consignados noart. 535, do Código de Processo Civil e no art. 275, doCódigo Eleitoral, devem ser rejeitados os EmbargosDeclaratórios.

3. Não cabe, em sede de Embargos Declaratórios,nova apreciação de questões já julgadas, com intento demodificar a decisão, sob a aparente razão de aprimorá-la.

Acórdão n.º 11050, de 3.11.2003, Embargos de Declaração em Re-curso Criminal, Classe 26, Maracanaú (104ª Zona Eleitoral)Relator: Juiz Celso Albuquerque MacedoDecisão: Acorda o TRE/CE, por unanimidade, em conhecer dosEmbargos Declaratórios, mas para negar-lhes provimento.

31Suffragium

PPPPPROVIMENTO ROVIMENTO ROVIMENTO ROVIMENTO ROVIMENTO Nº 4/2003-CGENº 4/2003-CGENº 4/2003-CGENº 4/2003-CGENº 4/2003-CGE

O Exmo. Sr. Ministro BARROS MONTEIRO, Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral, no uso das atribuiçõesque lhe são conferidas pelos incisos V e IX do art. 2º da Res./TSE nº 7.651, de 24 de agosto de 1965, e pelo art. 86da Res./TSE nº 20.132, de 19 de março de 1998, observada a necessidade de regulamentar a tramitação dospedidos envolvendo a regularização de situação eleitoral, durante o período de transição para a nova sistemáticaprevista pela Res./TSE nº 21.538, de 14.10.2003, visando evitar prejuízos ao eleitor, decorrentes da morosidade deseu processamento,

RESOLVE:

Art. 1º Os requerimentos para restabelecimento de inscrição cancelada ou reversão de inscrição inseridaem base histórica serão recebidos pelos cartórios eleitorais em todo o país somente até o dia 28.11.2003.

§ 1º Os pedidos de restabelecimento de inscrição requerida em zona eleitoral diversa serão imediatamenteremetidos, pelo juízo eleitoral que os receber, por intermédio das correspondentes corregedorias regionais, ao juízoda inscrição.

§ 2º Todos os pedidos a que se refere este artigo deverão ter seu exame priorizado pelas zonas eleitorais,cabendo às corregedorias regionais eleitorais adotar as medidas necessárias ao efetivo cumprimento destadeterminação, de forma a assegurar a decisão e o registro de regularização no cadastro, mediante código FASE361, até o dia 31.12.2003.

Art. 2º A regularização das situações mencionadas no art. 1º, relativamente a eleitores que procurarem aJustiça Eleitoral durante o mês de dezembro do ano em curso, deverá ser solicitada, em caráter excepcional,mediante operações de RAE (transferência ou revisão), para o que o cartório eleitoral providenciará o devidopreenchimento.

§ 1º Na hipótese do caput, deverá ser utilizado o formulário RAE (modelo pré-impresso), com entrega aoeleitor, após seu preenchimento, do protocolo de solicitação.

§ 2º Quando se tratar de pedido de regularização, mediante revisão (operação 5 do RAE), de inscriçãopertencente a zona eleitoral diversa da procurada pelo eleitor, o formulário RAE, acompanhado de toda a documentaçãopertinente ao exame da situação (comprovante de recolhimento de multa, declaração de pobreza, cópias dedocumentos pessoais do eleitor, entre outros), deverá ser remetido, por intermédio das respectivas corregedoriasregionais eleitorais, ao juízo da zona da inscrição.

Art. 3º O processamento dos requerimentos formulados com base no art. 2º somente será providenciado apartir de 1º.1.2004, quando entrará em vigor a Res./TSE nº 21.538 e estará adaptado o sistema de alistamentoeleitoral.

Art. 4º A Secretaria da Corregedoria-Geral adotará medidas voltadas à imediata atualização, no cadastro,das situações envolvendo inscrições inseridas em base histórica, observados os procedimentos específicos para areversão e o prazo limite de 31.12.2003.

Comunique-se e cumpra-se.

Publique-se.

Brasília, 18 de novembro de 2003.

Publicado no DJU de 21.11.2003

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ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES SOBREALGUNS ASPECTOS RELEVANTES SOBREALGUNS ASPECTOS RELEVANTES SOBREALGUNS ASPECTOS RELEVANTES SOBREALGUNS ASPECTOS RELEVANTES SOBREA MEDIAÇÃO DE CONFLITOSA MEDIAÇÃO DE CONFLITOSA MEDIAÇÃO DE CONFLITOSA MEDIAÇÃO DE CONFLITOSA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Adolfo Braga Neto*

Paradigma. Uma palavra cada vez mais empregada por profissionais de resolução de conflitos, édefinida por Thomas Kuhn como um conjunto de suposições sobre a realidade - um modelo ou padrão aceito- que explica a realidade, ou como esta é por nós percebida... Acrescente-se a este conceito a noção de queparadigma constitui-se, também, em um conjunto de certezas sociais, que variam de sociedade para sociedadee modificadas de tempos em tempos, conforme a evolução empreendida. Afirmam uma visão compartilhadae aprovada pela sociedade, que responde ao pensamento das maiorias. Normalmente cristalizam opiniões epercepções, dando-lhes o caráter de verdades.

O paradigma de uma determinada sociedade nada mais é do que o conjunto dos diversos modelosou padrões idealizados pelos cidadãos que convivem naquela sociedade, quer sejam sociais, familiares oupessoais, dele se valendo com o objetivo de amenizar sua grande ansiedade, pois no seu dia a dia estãoconstantemente diante do maior de todos os desafios, o seu desconhecido futuro, proporcionando-lhe umasensação de incerteza, que leva ao desconforto e a insegurança.

O paradigma trazido pela mediação traz em seu bojo alguns questionamentos sobre o acesso ã justiçae não sobre a justiça ou o poder judiciário, como muitos inicialmente observam. Esse questionamento não érealizado com a pretensão de substituí-las ou contrapô-los, mas sim como uma possibilidade de oferecer umprocedimento alternativo para que todos sem exceção possam usufruir da justiça mais rapidamente ou queriamter seu acesso a ela facilitado, desde que possuam efetivo interesse por esta opção.

A sociedade brasileira está acostumada e acomodada ao litígio e ao célebre pressuposto básico de quejustiça só se alcança a partir de uma decisão proferida pelojuiz togado. Decisão esta muitas vezes restrita a aplicação pura e simples de previsão legal, o que explica ovasto universo de normas no ordenamento jurídico nacional, que buscam pelo menos a amenizar a ansiedadedo cidadão brasileiro em ver aplicada regras mínimas para regulação da sociedade.

Muitas vezes ao se analisar aspectos básicos relativos ao procedimento da mediação, o indivíduo sereporta automaticamente a noção de justiça privada, o que o leva a transferir todo aquele cabedal deinformações decorrente de todo o aparato judicial para o novo paradigma proposto. Em verdade, é um equívocodeixá-los pensar e idealizar este procedimento dentro desse modelo, pois acabarão trazendo parâmetrosrígidos que só podem ser aplicados ao sistema judicial e que não têm qualquer conformidade com o procedimentoda mediação. Esta correção Adolfo Braga Neto no caminho deste entendimento se faz imprescindível, vezque propicia posições emocionais contrárias a atividade.

Tudo isso é fruto dos paradigmas de nossa sociedade, onde ela está estruturada e de onde provem seupróprio equilíbrio interno. Nada mais lógico, portanto, que enveredar pelo caminho do preconceito, já que onovo é muito desconhecido e poderá levar a resultados inesperados ou mesmo imprevisíveis.

Em mediação, aportando novos paradigmas, há que se pensar em modelos desconhecidos pelo cidadãobrasileiro, tendo como parâmetro básico uma característica própria que é a solução privada para ascontrovérsias. Nesse sentido, ao se utilizar este novo procedimento, está se buscando alinhar uma nova visãoobtida de um redirecionamento de observação analítica muito mais voltada para as relações interpessoais,tendo como premissa básica o futuro pós-controvérsia e muito menos a visão mais comum do processojudicial em si, que visa, sobretudo, o passado e, com isso, realizar um exercício muito mais aprofundado dacontrovérsia em si mesma, o que resulta em resoluções onde se aplica meramente, na maioria dos casos, alegislação vigente para o fato já ocorrido sem qualquer preocupação, ou mesmo uma preocupação menor,para aquela própria relação onde a controvérsia foi gerada.

Assim é que ao se falar em mediação, busca-se maior pacificação dos conflitos dentro de uma novarealidade baseada na solução privada dos mesmo, abrindo-se a possibilidade do indivíduo exercer sua cidadaniaplena, por intermédio de sua capacitação na resolução de suas próprias controvérsias.

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Atualmente, é cada vez mais comum a confusão entre osprocedimentos da mediação e o da conciliação. Confusão esta decorrenteda adaptação do procedimento da conciliação, cujo paradigma é bastanteconhecido dos brasileiros, para aquele requerido pela mediação. A ponto demuitos não compreenderem que existem diferenças para cada um dos procedimentos, pois para eles o resultadoé que importa. Não percebem que cada um desses institutos possuem características próprias agregados aregras mínimas de conduta ética de parte do terceiro, imparcial e facilitador da comunicação entre as partes.Motivo pelo qual possuem requisitos mínimos muito diferentes para sua realização.

Essa diferenciação passa, inicialmente pela abordagem do conflito. A conciliação é um procedimentomais célere. Na maioria dos casos se restringe a apenas uma reunião entre as partes e o conciliador. É muitoeficaz para conflitos onde não existe interrelação entre as partes. Como ensina Juan Cados Vezzulla, aconciliação se destina para os casos onde o objeto da disputa é exclusivamente material, inexiste umrelacionamento significativo ou contínuo entre as partes, que preferem buscar um acordo de formaimediata para por fim a controvérsia.

Os profissionais que atuam na mediação de conflitos, face a inexistência de paradigma para oprocedimento e com o objetivo de melhor esclarecer suas especificidades, normalmente fazem uso de recursosdidáticos, separando todas as etapas do procedimento, motivo pelo qual este mesmo recurso será utilizadopara diferenciar a mediação da conciliação, cujas etapas ocorrem de maneira distintas em ambos osprocedimentos, muito embora tenham aparentemente objetivos semelhantes.

A conciliação, consiste no emprego de somente 4 (quatro) etapas, a saber: 1) abertura, onde sãofeitos, por intermédio do conciliador, os esclarecimentos iniciais sobre procedimento e todas as implicaçõeslegais referentes ao alcance do acordo gerado naquela oportunidade ou de sua impossibilidade. Logo após,passa-se para os 2) esclarecimentos das partes sobre suas ações, atitudes e iniciativas que acabaram porfazer nascer o conflito. Momento de vital importância no procedimento, pois é nele que se manifestam asposições de cada uma das partes. O conciliador, por seu turno, deverá identificar as pontos convergentes edivergentes da controvérsia, através do desencadeamento de perguntas sobre o fato e a relação causal entreeles, bem como se fazer valer de uma escuta ativa sobre a comunicação verbal e não verbal das partes. Naseqüência, encaminha-se para o estímulo a 3) criação de opções, quer seja, através de sugestões trazidaspelo terceiro, quer seja por intermédio de propostas delineadas pelas partes, com o objetivo se atingir oalmejado consenso pela solução, e, posteriormente o 4) acordo, sua redação e sua assinatura.

Depreende-se, assim, que, em função da inexistência de toda uma complexa estrutura relacional entreas partes envolvidas em um conflito, ser a conciliação mais ágil e rápida, pois não há muito o que se verificarcom relação as questões que o conflito envolve. Este é o motivo por que normalmente o procedimento se dámuitas vezes em uma única reunião e, uma vez atingido o consenso, se finda o procedimento.

O ideal, quando existe um bom preparo do conciliador, é que todas essas etapas ocorressem nas audiênciasde conciliação dos Juizados Especiais Cíveis, onde está previsto um único momento para sua consecução e aprática tem comprovado que efetivamente não é necessário mais tempo, desde que a controvérsia não sejadecorrente de uma interrelação que existiu, existe ou continue a existir entre as partes.

Nesse sentido, importa ressaltar que a decisão tomada na conciliação seja por intermédio de propostasapresentadas pelas partes seja por sugestões esboçadas pelo conciliador não envolvem �desdobramentos delongos anos de relacionamento e sim um fato ocorrido que fez nascer uma breve ou momentânea interrelação,como é o caso de um abalroamento de veículos, uma relação de consumo, onde as partes não convivem, massomente necessitam de um terceiro que as ajude a refletir qual seria a melhor solução para a controvérsia ese valeria a pena enfrentar a outra parte de forma litigiosa. Diferente da mediação, onde o que está em jogoconstituem-se meses, anos ou décadas de relacionamento, que demanda um conhecimento mais aprofundadodo terceiro para que possa auxiliar nas questões controversas, pois quanto menor sua interferência, partindo-se do pressuposto de que sua intervenção é modificadora da relação, exige mais tempo para se alcançar aresolução mesmo por que ele buscará levar as partes a pensar nos seus interesses, necessidades, e sobretudono futuro e não fincá-las no conflito e com isso no passado.

A mediação, por sua vez, se desdobra em 7 etapas que devem ser percorridas pelas partes em conjuntocom o mediador, da seguinte forma: I) Pré mediação; 2) Investigação; 3) Criação de opções;

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4) Escolha das opções; 5) Avaliação das Opções; 6) Preparação para oacordo e por último 7) Acordo propriamente dito e sua assinatura.

1) A pré mediação é uma importante etapa do procedimento damediação. É o primeiro momento de contato das partes com o procedimento. Nela é apresentado pelo mediador,se possível aquele profissional que não coordenará o procedimento, a minuta de contrato de prestação doserviço da mediação, bem como o modo em que se realizará. E um momento importante, porque propicia aconstrução de uma abordagem apropriada com a partes, que facilitará o nascimento de sua confiança noprocedimento, para posterior transferência desta confiança para o mediador.

2) A investigação, inicia-se com uma primeira reunião em que o mediador, coordenador do procedimento,fará de imediato novos esclarecimentos sobre o procedimento. Receberá o contrato de mediação já com asmodificações ou assinaturas e tentará conhecer, por intermédio de perguntas para os mediados e sua escutaativa e atenta as várias formas de comunicação verbal e não verbal, toda a complexidade da interrelaçãoentre eles. Nesta etapa, é fundamental que o profissional coordenador do procedimento já aporte consigodiversas técnicas e consiga bem definir a controvérsia, as posições e sobretudo os interesses e necessidadesdos mediados. Esta etapa é fundamental para que o mediador incentive a cooperação e desperte a confiançados mediados, pois sem elas não poderá dar andamento ao procedimento.

A próxima etapa só poderá ser iniciada pelo mediador, quando perceber que bem conhece a realidadedaquela pessoas, os fatos, as respectivas visões dos mesmos e toda a estrutura que os levaram a gerar oconflito.

3) A criação de opções é o momento que exige muita criatividade de sua parte, pois a ele caberáestimular os mediados a refletirem nas eventuais opções e quanto maior o número, maiores serão as chancesde possíveis soluções. Neste momento, é firmado um compromisso entre todos, no qual as idéias traz idas nãoserão objeto de avaliação e nem de tomada de decisões. Simplesmente um período de tempo em que seestudam os caminhos, que poderão ser ou não trilhados. Não se pretende dizer com isso que a criatividadedeva ser somente sua atribuição, pode partir também dos mediados a realização de um passeio pelo exercícioda criatividade, o que, na verdade, seria o ideal já que são eles os que melhor conhecem seus interesses enecessidades.

4) A escolha das opções consiste no auxilio que o mediador deverá dar as partes para que façam amelhor escolha dentre as diversas opções e idéias trazidas a mesa de negociação, sempre tendo como referênciaseus interesses, necessidades, desejos e anseios. Este auxílio, impende esclarecer, é realizado por intermédioda avaliação entre os mediados e não com sugestões ou escolha das mesmas pelo mediador.

Feita a escolha mais apropriada para a resolução da controvérsia, passa-se para outra etapa que é a 5)avaliação das opções, em que em conjunto com os mediados é realizada uma projeção para o futuro dasopções apontadas, com a avaliação de cada uma das possibilidades escolhidas, lembrando sempre que deveráser dentro dos parâmetros da estrutura onde está alicerçada a realidade que os cercam.

Na seqüência, inicia-se a 6) preparação do acordo, através da construção conjunta do termo final detudo aquilo que os mediados escolheram e identificaram como solução que atendam a seus interesses enecessidades. As palavras empregadas no futuro termo final devem conter exatamente os objetivos almejadose contemplar o seus devidos valores, motivo pelo qual deverá ser o mais claro possível com a expressãoexata das responsabilidades de cada uma das partes e envolto de muita simplicidade.

E, por derradeiro, nada mais lógico que uma vez atingido os interesses e necessidades dos mediados,consubstanciar se o 7) acordo, como um termo final iniciado na etapa anterior, que retrate todos oscompromissos assumidos na superação do conf1ito, devendo receber o tratamento que as partes assim odeterminarem.

Vale salientar que o acordo elaborado pelas partes deverá também receber o tratamento jurídiconecessário. Apesar do procedimento não prescindir de advogados, o mediador tem o dever ético de exigir queas partes tenham suficiente informações legais sobre tudo aquilo que está sob analise e possa ser objeto dedecisão. Ademais, ele deverá permitir que os mediados, se o desejarem compareçam às reuniões acompanhadospor seus advogados, a fim de que esclareçam eventuais dúvidas ou indiquem encaminhamentos legais parapreocupações e questionamentos, que por ventura acorram na mediação.

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Com relação ao tempo de duração do procedimento da mediação jáque normalmente é mais longo que o da conciliação, é muito comum aformulação de perguntas sobre a duração mais apropriada do mesmo, tendoem vista que uma de suas características é a rapidez na resolução doconf1ito. Para muitos profissionais que atuam na área, a resposta não é muito fácil, já que a mediação ébaseada no princípio da autonomia das vontades. Alguns remetem sua resposta para as partes, pois oprocedimento será rápido ou lento ou ainda curto ou longo se as partes assim o desejarem.

A prática demonstra que o desencadeamento natural de todas as etapas da mediação possuem umadinâmica lógica que passa por fases bem delineadas como passado, presente e futuro. Em realidade não seriaa rigidez de três reuniões que abordassem especificamente estas três fases, mas sim a implementação naturaldas etapas da mediação aliada ao conhecimento mais detalhado do relacionamento entre os mediados para omediador e vice-versa, a forma lógica e natural de exposição dos fatos normalmente apresentados pelosmediados, a situação atual em que se encontram diante da controvérsia e, ao final o que esperam construir apartir de então.

Neste aspecto, poder-se-ia pensar que de uma maneira geral o procedimento seja ele relativo a casosfamiliares, comerciais, trabalhistas, organizacionais,institucionais, meio ambiente, etc..., acaba por atingir uma solução que atendam aos interesses e necessidadesdos mediados e de toda a estrutura de sua interrelação em uma, duas ou três semanas, dependendo dafreqüência em que forem empreendidas as três fases mencionadas, lembrando sempre que dependerá dacomplexidade da controvérsia, das condições pessoais das partes e do profissional coordenador do procedimento.

A razão desta constatação é baseada na premissa de que quando as partes estão envolvidas em umconflito, passam a se sentir atingidas em seu equilíbrio interno, motivo pelo qual só o vislumbram naquelemomento, tendo como sustentáculo a adoção de posições fechadas que identificaram como única saída parao que estão enfrentando. Por isso, há que fazê-las refletir sobre o que está ocorrendo e, se for apenasmantido uma análise sobre a controvérsia em si, resultará em seu acirramento.

Ao fazê-los refletir sobre o passado na primeira reunião ou nas primeiras, se buscará fazê-los pensarsobre toda a estrutura causadora do conflito, o que facilitará ao auxilio do terceiro imparcial na busca dasolução almejada. Esta ação é realizada com o emprego de técnicas por parte do mediador, que utiliza inúmerasferramentas, como perguntas abertas, circulares, parafraseio, resumos literais e cooperativos. Ele inclusiveintroduz uma linguagem própria mais pacificadora, denominada por Marshall Rosenberg como a �linguagemda não violência�, com o objetivo de modificar e retirar toda a animosidade que levaram os mediados a geraro conflito, bem como a transposição de se colocarem um na posição do outro e vice-versa.

No momento seguinte, delineia-se automaticamente o presente, através da análise da situação atual,com uma ampliação das distintas visões ou mesmo daquelas já compartilhadas pelas partes. Esta fase emconjunto com a anterior é considerada por muitos como a de administração do conflito. Nela se abandona aconflituosidade com o que poder-se-ia chamar de descongelamento das posições antagônicas e passe-separa o processo de construção da resolução efetiva da controvérsia. É o que muitos autores chamam dereenquadramento da estrutura existente.

Durante a fase acima citada, o mediador de maneira sutil já toca em temas que inicia o emprego daplanificação e projeção em direção ao futuro, fazendo com as partes iniciem sua caminhada em sua direção,também com o uso abusivo de técnicas extraídas de diversas áreas, inclusive da psicologia. E ao final ofuturo, propriamentedito. Análise do que os mediados vislumbram para eles e as demais pessoas envolvidas na controvérsia,através da implementação da solução mais apropriada quer a curto ou longo prazo.

Como anteriormente mencionado, a intervenção do terceiro por mais independente e imparcial queseja não deixa de ser modificadora, pois a neutralidade inexiste já que o mediador ao formular questõesdiversas aos mediados o faz dentre de sua estrutura interna e resultante de sua bagagem pessoal e profissional,porém com um limite de isenção, já que não poderá ultrapassar o terreno fronteiriço dos valores demarcadose trazidos pelas partes. Marines Soares afirma que se a neutralidade é um meio, acrescentar-se-ia umafinalidade também, o mediador deverá atuar de maneira imparcial e eqüidistante durante todo o processo,como se fosse de pedra e sem seus valores, preconceitos, crenças, etc... Na verdade, é um exercício deisenção, esforço que deverá adotar para que sua intervenção atinja o ideal da neutralidade necessária.

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É justamente esta característica da mediação que traz uma outrariqueza para a atividade. A interdisciplinariedade. A experiência brasileira,repetindo a dos outros países, promoveu a oportunidade de abrir a todos os

profissionais o acesso as técnicas trazidas pela mediação. Desta forma foi permitido a eles ricas contribuiçõesa partir de suas visões diferenciadas para o alcance soluções bastante criativas.

Importa enfatizar, para encerrar este breves comentários, que a mediação como uma prática se situaem um zona nebulosa e fronteiriça entre todas as profissões, tomando por base uma elevação do entrelaçamentode todas elas, já que contribuem na resolução de controvérsias, com seus papeis próprios na extração deações, soluções e atividades positivas dos conflitos.

BIBLIOGRAFIA

- KUHN, Thomas. The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press Chicago EUA, 4. ed., 2001.- VEZZULLA, Juan Carlos. Teoria e Prática da Mediação. 2. ed. Curitiba-PR: Editora Comunicação, 1999.- VEZZULLA, Juan Carlos. Mediação- Guia Prático para usuários e Profissionais. 1. ed. Joinvile-SC: Editora Independente, 1999.- SOARES, Marines. Mediación, Conducción de Disputas, Comunicación y Tecnicas. 1. ed. Buenos Aires -AR: Editora Paidos, 1996.- HAYNES, John e MARODIN, Marilene . Fundamentos da Mediaçrlo Familiar. I. ed. Alegre-RS: Editora Porto Artes Médicas, 1996.- OLIVEIRA, Angela-coordenação Mediação - Métodos de Resolução de Controvérsias no 1. 1. ed. São Paulo-SP: Editora LTR. 1999.- TAPIA, Gachi e DIEZ, Francisco. Herramientas para Trabajar en Mediación. 1. ed. Buenos Aires -AR: Editora Paidos,1999.- MOORE, W Chistopher . O Processo de Mediação. 1. ed. Porto Alegre-RS: Editora Artes Médicas, 1998.- SCHNITMAN F. Dora e LlTTLEJOHN, Stephen. Novos Paradigmas em Mediação. 1. ed. Porto Alegre-RS: Editora Artes Médicas, 1999.- PICKER, G. Bennett. Mediation Practice Cuide: A Handbook for resolving Business Disputes, American Bar Association Maryland-EUA,1998 1. ed.- Revista Mediadores en Red Ano 1 no 1 setembro/2002 Artigos de vários autores Buenos Aires- AR.- Revista Mediadores en Red Ano 1 no 2 março/2003 Artigos de vários autores Buenos Aires- AR.- EALTON E. Richard. Conciliación de conflictos. 1. ed. Madrid-ES: Editora Addison - Wesley Iberoamerican, 1998.- MULDOON, Brian. El corazón del Conflicto. 1. ed. Buenos Aires: Editora Paidós, 1998.

- ROSENBERG, Marshall. Non Violent Communication... A Language of Compassion PuddleDancer Encinitas-EUA 2000 3a Edição.

Adolfo Braga Neto é Advogado, Mediador, Membro da lista de árbitros de Câmaras de Mediação e Arbitragem sediados no Estadode São Paulo, Presidente do Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem, Presidente do Conselho de Administração doInstituto de Mediação e Arbitragem do Brasil- lMAB e, Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela Escola Superior do MinistérioPúblico de São Paulo, Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

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SUMÁRIO

1. Introdução - 2. A Mediação - 3. A Mediação e a Inclusão Social, 3.1. A realidade político-sociale o papel dos mecanismos alternativos para a solução de conflitos; 3.2. A cidadania; 3.3. Amediação e a inclusão social - 4. Conclusão - 5. Bibliografia.

A MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DAA MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DAA MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DAA MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DAA MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DAINCLUSÃO SOCIALINCLUSÃO SOCIALINCLUSÃO SOCIALINCLUSÃO SOCIALINCLUSÃO SOCIAL

Sandra Mara Vale Moreira

Analista Judiciário TRE/CEPós-graduanda em /UNIFOR

1. INTRODUÇÃO

Apesar de incipiente, o estudo acerca dos mecanismos alternativos para a solução de conflitos revela-se um tema instigante, quer pela sua atualidade, quer pela potencialidade de seu papel social. Enfoca opresente trabalho a mediação, a qual pode ser definida como mecanismo alternativo para a solução de conflitosonde um terceiro imparcial, atuando como facilitador do diálogo, propicia que as próprias partes envolvidasno conflito encontrem a solução mais vantajosa para o mesmo.

Assim, por suas características, a mediação apresenta-se como um meio pacífico, a ser utilizado pelasociedade, no despertar para o papel que lhe cabe na solução de conflitos, qual seja, a de sujeito ativo, lutandoe, por isso mesmo, negando a posição tradicionalmente a ela destinada pelo Poder Público, como sujeitopassivo da tutela jurisdicional, na composição dos litígios. Surge, portanto, como importante aliada da inclusãosocial. À medida que os cidadãos descobrem sua capacidade para dialogar e encontrar, de per si, as soluçõespara seus conflitos, percebem que a eles cabe a iniciativa de mudar a sua realidade, e, mais que ser chamadosde cidadãos, merecem ser tratados como tal.

2. A MEDIAÇÃO

A mediação encontra suas origens nos povos antigos, mas, enquanto moderno instrumento de negociação,possui pouco mais de trinta anos. Pode ser definida, conforme já exposto, como técnica não adversarial desolução de conflitos, onde um terceiro imparcial, atuando como facilitador do diálogo, estimula as própriaspartes envolvidas no conflito a encontrarem, consensualmente, a solução mais vantajosa para ambas.

Segundo o Regulamento Modelo da Mediação do MEDIARE, a Mediação é um Processo, nãoadversarial e voluntário, de resolução de controvérsias, por intermédio do qual, duas ou mais pessoas,físicas ou jurídicas, buscam obter uma solução consensual, que possibilite preservar o relacionamentoentre elas1. E ainda, é um recurso extrajudicial de resolução de conflitos, utilizado para solucionar ouprevenir situações de litígio ou de impasse na comunicação ou na negociação. É um processoconfidencial e voluntário, no qual a autoria das decisões negociadas cabe às partes envolvidas.Diferente da Arbitragem e da Resolução Judicial, situações em que a decisão fica transferida a umterceiro, na Mediação as partes se mantêm autoras de suas próprias soluções.2

Constitui-se em técnica não adversarial, porque, na mediação, as pessoas envolvidas não são encaradascomo oponentes, mas sim tratadas como indivíduos que são capazes de resolver seus próprios conflitos, daíser apropriado afirmar que o objetivo da mediação seja a construção, mediante a autoria das partes, de umasolução para o conflito, presente a disponibilidade para o cumprimento do acordo dela decorrente.

Podemos destacar como características da mediação o seu caráter voluntário, a informalidade, aprivacidade, a liberdade das partes (tanto no que diz respeito à escolha do mediador, quanto à continuidade ounão da mediação, a qual pode ser interrompida a qualquer momento), a boa-fé, a igualdade entre as partes eo sigilo.

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Diferentemente do Poder Judiciário, onde há a supervalorização dolitígio, na mediação o foco volta-se para as pessoas envolvidas, enquantosujeitos capazes para a solução do conflito. Tânia Almeida destaca:

Tendo como princípio fundamental a Autonomia da Vontade, a Mediação é recurso paraser eleito por quem está disponível para atuar com boa-fé e a rever as posiçõesanteriormente adotadas nas tentativas de resolução do desacordo; por quem preferirparticipar diretamente da solução a ser eleita e dela ser autor; por quem não identificarinstrumento outro de resolução que melhor atenda sua demanda; por quem pretenderceleridade e sigilo e quiser ter controle sobre o processo negocial e seus procedimentos; epor quem prezar a relação pessoal ou de convivência com aquele que litiga ou dela nãopuder prescindir. 3

Desta forma, os clientes da mediação são encarados como pessoas capazes de trabalhar seussentimentos em relação ao outro e ao conflito. Enfim, consoante Juan Carlos Vezzula:

O cliente apto para solucionar seus problemas através da Mediação é aquele que,capacitado para decidir, deseja preservar seu relacionamento com o outro, com o objetivode tomar decisões que contemplem os interesses de ambos, num clima cordial, sempublicidade e sem demora. 4

Normalmente, as pessoas imaginam que a aptidão para o diálogo é uma característica inata ao serhumano. Crêem que a simples capacidade da fala os torna, de maneira automática, prontos àquele. Noentanto, dialogar exige prática e persistência, pois pressupõe atitudes a que não nos encontramos habituados:ouvir o outro, não apenas no sentido estrito, físico da palavra, mas de maneira profunda, despindo-se deposições defensivas e pré-concebidas, a fim de encontrar soluções para a situação apresentada. Contudo,principalmente nos dias atuais, tal postura é bastante rara.

A presença de uma terceira pessoa, capaz de encaminhar as partes a um diálogo é de fundamentalimportância para a solução pacífica da controvérsia. No entanto, descortinar os reais interesses por traz doconflito é tarefa que exige não só experiência e preparo profissionais, mas também sensibilidade, para percebero que se encontra como pano de fundo no discurso inicial, a fim de desarmar a posição estruturada com quese apresentam as partes.

Apresenta-se, então, no instituto, a figura do profissional que poderá estabelecer esta ponte facilitadorado diálogo: o mediador. Segundo definição de Adolfo Braga Neto:

O mediador pode ser melhor definido como um facilitador da comunicação entre osmediados, uma vez que ele passa a trabalhar em conjunto com eles, no sentido de auxiliá-los na busca incessante de seus reais interesses, em razão de um trabalho cooperativo,que deverá ser comum entre todos os envolvidos. Esse conceito cooperativo possibilitaráque os mediados não se enfrentem (daí ser uma técnica, não adversarial), mas sim sesolidarizem, assumindo o problema e buscando uma solução satisfatória para eles próprios.Dessa cooperação dependerá o trabalho investigativo, durante as sessões, inerente àatividade desempenhada pelo mediador, pois dele dependerá e muito o atingimento dadescoberta dos reais interesses, necessidades e anseios dos mediados.5

Obedece o mediador aos princípios éticos de independência, imparcialidade, competência, discrição ediligência, procurando centrar o foco das discussões no problema e não nas pessoas. Busca desarmar asposições de confronto assumidas pelas partes e descobrir os reais interesses por trás do conflito, detectando-os para trabalhar a cooperação entre as partes. Deve, através de questionamentos, dirigir as partes para queelas próprias identifiquem e externem o real problema que, porventura, esconde-se por trás do discursoinicialmente apresentado. Consoante observa Juan Carlos Vezzulla:

É só no discurso do cliente que surge a informação, e nosso trabalho como mediadores éo de descobrir as possíveis vias de acesso aos seus reais interesses, eliminando as pedrasque o próprio mecanismo defensivo do cliente irá colocando no caminho.(...) O mediador

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deve falar para conseguir que o cliente fale, e, sobretudo,para que o cliente se questione. É esse outro pontoimportante que o diferencia: o pensamento de que só ocliente sabe o que é melhor para ele. Não adianta ser profissional de grande experiência,se isso não nos conduz a investigar para chegar ao verdadeiro conhecimento de nossosclientes.6

Ainda, segundo propõe o mesmo autor, a mediação deve procurar obedecer certas etapas, não rígidas,que facilitarão o trabalho do profissional, quais sejam, a apresentação (tanto do mediador quanto das regrasda mediação); a exposição do problema pelos clientes; o resumo e o primeiro ordenamento dos problemas; adescoberta dos interesses ainda ocultos (os reais interesses por trás do conflito aparente); a geração deidéias para resolver os problemas/acordos parciais; e o acordo final.

No entanto, ressaltamos que a existência de um acordo, seja parcial, seja final, não pode ser encaradocomo parâmetro para avaliação do sucesso da mediação, pois mesmo na ausência deste, o objetivo do mediadordeve-se centrar no trabalho com as partes, a fim de esclarecer o conflito, dando-lhes um visão clara de seusproblemas, abrindo-lhes uma porta para o diálogo.

Assim, a mediação visa, principalmente, ajudar as partes a redimensionar o conflito, aquientendido como conjunto de condições psicológicas, culturais e sociais que determinam um choquede atitudes e interesses no relacionamento das pessoas envolvidas7.

3. A MEDIAÇÃO E A INCLUSÃO SOCIAL

Falar no papel que a mediação representa sob a ótica da inclusão social pressupõe uma reflexão préviaacerca de determinados aspectos político-sociais de nossa cultura, passando pelos conceitos de cidadania.

Acostumada a uma realidade política ditatorial, pontuada por brevíssimas experiências democráticas,consoante nos demonstra a história, num passeio que vai desde o colonialismo, passa pelo Império e culminano golpe militar de 1964, a sociedade brasileira desenvolveu-se paulatinamente num ambiente de políticasestatais que podemos denominar de paternalistas. Aqui, a idéia apresentada é aquela na qual a tomada detodas as decisões cabe ao ente público e somente ele se encontra apto, em virtude de se encontraradequadamente aparelhado, para suprir todas as necessidades sociais.

Tal realidade nos instiga a proceder algumas rápidas considerações.

3.1 A REALIDADE POLÍTICO-SOCIAL E O PAPEL DOS MECANISMOS ALTERNATIVOS PARA A SOLUÇÃO DE CONFLITOS

Inicialmente, temos como necessária uma breve análise sobre as implicações sociais e culturais acercada introdução dos meios alternativos de solução de conflitos no Brasil, no quais se inclui a mediação. Refletirsobre o tema nos remete à crítica do atual modelo de solução que nos é apresentado, o qual, calcado no queLuiz Alberto Gómez Araújo denomina de �cultura litigiosa�, não mais consegue fazer frente à quantidadeenorme das demandas judiciais. E ressalta que permeia a já citada cultura litigiosa, o conceito de que é oEstado, e só ele, que possui não apenas a capacidade jurídica, mas também física, de resolver todosos nossos problemas.8

A Constituição de 1988, a despeito de tal conseqüência não haver sido prevista e muito menos desejada,deu uma grande contribuição a esta �cultura� quando apresentou à sociedade um modelo judicial que, pelomenos de início, parecia vir de encontro ao desejo de todos, qual seja, o de um poder estatal com capacidadede solução rápida e eficaz da grande maioria dos conflitos a ele apresentados. Abstratamente, o avanço foienorme, que o diga a redação do art. 5° da nossa Carta Magna.

Infelizmente, à modernização de nossa Constituição não se seguiu a necessária estruturação do PoderJudiciário. Inadequada, aqui, uma análise aprofundada acerca da matéria, no entanto, mostra-se pertinenteapontar alguns fatores que contribuíram para tal, como a falta de investimento na estruturação do PoderJudiciário (tanto em termos materiais quanto humanos), omissão quanto à ampla e necessária revisão nalegislação infra-constitucional, uma estrutura organizacional judiciária tradicionalista e centralizadora, dentreoutros.

O povo brasileiro, já seguidor de uma cultura que poderíamos denominar de �paternalista�, na qualtudo se espera do Poder Público, testemunhou, então, um incremento sem precedentes em torno das demandas

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judiciais. Nesse contexto, viu-se, pois, o Estado perdido ante o crescentenúmero de litígios e o enorme espaço de tempo despendido até o final decada demanda (sem mencionar o desgaste emocional e o excessivo gasto

com as custas judiciais).Mas, a despeito de reconhecermos a importância do sistema sob comento, o qual, reestruturado, mostrar-

se-ia como um aliado poderoso na distribuição da justiça e da paz social, urge estimular a sociedade a resolverpacificamente seus conflitos, através do diálogo e da negociação. Assim, em meio ao caos no qual se encontrao atual sistema, despontam os mecanismos alternativos de solução de conflitos (conciliação, negociação,mediação e arbitragem) como meios de auto-composição pacífica entre os cidadãos.

3.2 A CIDADANIA: PRESSUPOSTO DA INCLUSÃO SOCIAL

No Brasil, costuma-se avaliar o seu grau de desenvolvimento tomando como base o desempenhoeconômico e não, como seria correto, a qualidade de vida de seus cidadãos. Como em muitos outros pontos,também neste o país apresenta aspecto paradoxal: ao lado de uma economia forte encontram-se péssimosíndices de desenvolvimento humano.

Despojado de seus direitos fundamentais, traduzidos pelas condições básicas de alimentação, saúde,educação, moradia, dentre outros, luta o indivíduo pela própria sobrevivência e de sua família. Muitos paraterem, pelo menos, o direito à alimentação uma vez ao dia.

Tal circunstância produz, além de uma sociedade marcada pelo conformismo com os padrões políticosvigentes, um cidadão inerte e apático ante sua realidade, na qual nada faz porque acha que pouco podemudar, e nada muda porque, no sentido inverso, nenhuma atitude adota nesse sentido.

A despeito de a nossa atual Constituição não haver contemplado este estado de coisas, pois que previu,em seus dispositivos, um tratamento de resgate à dignidade humana, o que verificamos, hoje, no Brasil, é aexistência de uma pseudo-cidadania, pois que, ao termo amplamente utilizado nos discursos das elites, poucaou nenhuma correspondência existe em termos concretos, em virtude das políticas sociais e econômicasadotadas, as quais afastam cada vez mais o povo do centro das decisões.

Faz-se pertinente indagar, neste momento, se tais colocações estariam negando a presença dademocracia em solo pátrio. Contudo, não se trata, aqui, de questionar a participação popular na escolha deseus governantes, o que efetivamente ocorre, mas ressalte-se ser este apenas um aspecto formal. De fato,conforme Francisco de Castilho Prates:

Este tipo de raciocínio simplista, que reduz a democracia ao processo das eleições, acabougerando uma cidadania deturpada, que em muito favorece aos grupos dominantes, poisimpede que o cidadão sinta-se verdadeiramente responsável pelas medidas de administraçãopública tomadas pelos governos. Este distanciamento da população das esferas centraisde decisão � de certo modo conscientemente planejado � concorre em muito para adespolitização do espaço público de debate e logicamente provoca um aumento da exclusãosocial, pois estabelece modelos particularistas de ação política. 9

A verdadeira democracia é aquela que pressupõe uma cidadania ativa, cuja efetivação passa pelaconcretização dos direitos fundamentais, o que somente irá ocorrer com a transformação da consciência deseus indivíduos, como sujeitos de um novo processo de integração social. Urge que o projeto de cidadania denossa constituição seja transferido para a sociedade de maneira concreta, efetiva.

Desta forma, podemos concluir que a inclusão social passa pela efetividade da cidadania e daparticipação democrática do poder, não só pela eleição de seus representantes, mas através dos mecanismosde participação direta nas decisões estatais, consoante bem coloca Júlio César Mahfus:

A luta pela hegemonia é um baluarte precioso para que tenhamos uma efetiva participaçãocidadã que garanta a ocupação das lacunas deixadas pela elite e que as camadas popularesrealmente possam ser ouvidas e convidadas a gerir os caminhos do Estado. E dentro destecontexto, diminui o aprisionamento deste, por parte dos que dele se locupletam para manteruma lógica de exclusão, conseguindo-se com isso a inversão desta lógica para uma deinclusão social.10

Suffragium 41

3.3 A mediação e a inclusão socialCabe-nos agora esclarecer qual a ligação porventura existente entre

a mediação, enquanto Mecanismo Alternativo para a Solução de Conflitos,e a inclusão social.

Ora, trabalhando o litígio com o foco voltado para as pessoas envolvidas, encarando-as como capazespara a solução do conflito, a mediação desperta no indivíduo a capacidade que possui de atuar como sujeitode seu próprio destino. No momento em que desvia o conflito da apreciação da esfera pública (Poder Judiciário)e adota a mediação para o encaminhamento da controvérsia, o indivíduo admite, mesmo que de forma nãoconsciente, que possui a capacidade e autonomia para a solução de seus problemas. Longe da figura passivaque tudo espera do Estado, passa a uma posição de ator do próprio processo de transformação.

Por outro lado, no Brasil, é cada vez maior a consciência de cidadania e, com isso, melhorconhecimento, por parte da população quanto a seus direitos, deveres e obrigações. Talfato permitirá com maior probidade a implantação da mediação como uma ferramentaauxiliar ao Judiciário. Convém lembrar palavras do Prof. Miguel Reale, jurista, filósofo,membro da Academia Brasileira de Letras, �no fundo,estamos cada vez mais inclinados aviver segundo o predomínio do social sobre o estatal, preferindo sempre que possível,resolver nossas questões por nós mesmos�. Essa constatação elaborada pelo nosso grandemestre, nada mais é do que permitir à sociedade que busque canais próprios para soluçõesde suas próprias controvérsias e, com isso, cessar um hábito comum entre nós de terceirizara solução do conflito grado por nossas próprias ações.11

E isso se faz notar principalmente no trabalho junto às comunidades carentes, onde as condições devida subumanas parecem retirar do cenário cotidiano das pessoas qualquer referência a um conceito, mesmoque vago, de cidadania. O despertar da consciência de que fora do aparato estatal também �existe vida� fazuma diferença enorme. Eis o que pode vir a ser o primeiro passo para a exigência tanto de melhores condiçõesde vida, como para um tratamento verdadeiramente humano.

Assim, por preservar as relações sócio-afetivas, encarando o indivíduo como responsável por suaspróprias ações e, como tal, capaz de solucionar seus problemas, atuando como sujeito de seu destino, despertaa mediação nos que a ela recorrem a consciência de seu papel de ator social. Preservando o respeito àdignidade do homem, a mediação, por sua natureza, resgata em seus clientes o sentimento de cidadania queneles se encontra adormecido. Isso, certamente, os conduzira à luta pela efetivação por seus direitosconstitucionalmente garantidos.

4. CONCLUSÃO

Do que exposto, vislumbramos o papel social da mediação enquanto fomentadora da inclusão social.Por suas características peculiares, no que difere dos demais Mecanismos Alternativos para a Solução

de Conflitos, a mediação, por objetivar a que as próprias partes encontrem soluções pacíficas para seusproblemas, mostra-se eficaz no resgate da dignidade humana, o que se revela o primeiro passo para a realizaçãoda verdadeira transformação social, aquela que irá garantir a todos um tratamento digno e justo.

5. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Tânia. Século XXI: A Mediação de Conflitos e Outros Métodos Não-Adversariais de Resoluçãode Controvérsias. Mediare, dez. 2002. Disponível em: <http://www.mediare.com.br/artigosAcesso em 08 mai. 2003.

ARAÚJO, Luís Alberto Gómez. Os mecanismos alternativos de solução de conflitos como ferramentasna busca da paz, trad. Ângela Oliveira in: Mediação � métodos de resolução de controvérsias, n. 1, coord.Ângela Oliveira. São Paulo: LTr, 1999.

BRAGA NETO, Adolfo. Os advogados, os conflitos e a mediação in: Mediação � métodos de resoluçãode controvérsias. Coord. Ângela Oliveira. São Paulo: LTr, 1999.

Dezembro/200342

Notas:1 MEDIARE. Centro de Administração de Conflitos. Disponível em: <http://www.mediare.com.br/index.htm>. Acesso em: 8 mai. 2003.2 DOMINIO FEMININO. Disponível em: <http://www.dominiofeminino.com.br/trabalho_negocios/mediação_faqs.htm>. Acesso em: 7 mai.2003.3 ALMEIDA, Tânia. Século XXI: A Mediação de Conflitos e Outros Métodos Não-Adversariais de Resolução de Controvérsias. Mediare, dez.2002. Disponível em: <http://www.mediare.com.br/artigosAcesso em 08 mai. 2003.4 VEZZULLA, Juan Carlos. Teoria e Prática da Mediação. 2 ed. Curitiba: Comunicação Curitiba, 1994, p.42.5 BRAGA NETO, Adolfo. Os advogados, os conflitos e a mediação in: Mediação � métodos de resolução de controvérsias. Coord. ÂngelaOliveira. São Paulo: LTr, 1999:94.6 VEZZULA, Juan Carlos. Teoria e Prática da Mediação. 2 ed. Curitiba: Comunicação Curitiba, 1994, p. 55-57.7 WARAT, Luis Alberto. O Ofício do Mediador. Florianópolis: Habistus, 2001, p. 80.8 ARAÚJO, Luís Alberto Gómez. Os mecanismos alternativos de solução de conflitos como ferramentas na busca da paz, trad. ÂngelaOliveira in: Mediação � métodos de resolução de controvérsias, n. 1, coord. Ângela Oliveira. São Paulo: LTr, 1999, p. 128.9 PRATES, Francisco de Castilho. Cidadania, Poder e Exclusão Social. Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 51, out. 2001. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2105.Acesso em 09 mai. 2003.10 MAHFUS, Júlio César. Dimensão Política do Processo de Desenvolvimento: O renascimento do sujeito. Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 47,nov. 2000. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=77.Acesso em: 09 mai. 2003.11 BRAGA NETO, Adolfo. Os advogados, os conflitos e a mediação in: Mediação � métodos de resolução de controvérsias. Coord. ÂngelaOliveira. São Paulo: LTr, 1999

GARCEZ, José Maria Rossani. Técnicas de negociação � Resoluçãoalternativa de conflitos; ADRS, mediação, conciliação e arbitragem. Riode Janeiro: Lúmen Júris, 2002.

MAHFUS, Júlio César. Dimensão Política do Processo de Desenvolvimento: O renascimento do sujeito.Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 47, nov. 2000. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=77.Acesso em: 09 mai. 2003.

MORAIS, José Luis Bolzan de. Mediação e Arbitragem � Alternativas à Jurisdição. Porto Alegre: Livrariado Advogado, 1999.

PRATES, Francisco de Castilho. Cidadania, Poder e Exclusão Social. Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 51,out. 2001. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2105.Acesso em 09 mai. 2003.

VEZZULLA, Juan Carlos. Teoria e Prática da Mediação. 2 ed. Curitiba: Comunicação Curitiba, 1994.

WARAT, Luis Alberto. O Ofício do Mediador. Florianópolis: Habistus, 2001.

DOCUMENTOS:

DOMINIO FEMININO. Disponível em: <http://www.dominiofeminino.com.br/trabalho_negocios/mediação_faqs.htm>. Acesso em: 7 mai. 2003.

MEDIARE. Centro de Administração de Conflitos. Disponível em: <http://www.mediare.com.br/index.htm>.Acesso em: 8 mai. 2003.

Suffragium43

����� � ������� ���� ��� ����� ���

O voto na definição constitucional � art. 14 � garante a soberania nacional e ao lado da legislação infra-constitucional � Lei nº. 4737, de 15 de julho de 1995, art. 82 � torna-o obrigatório e secreto, além de anulá-loquando dado ao candidato não registrado por partido político ou coligação.

O sigilo do voto é assegurado pelo isolamento do eleitor, e as precauções estipuladas pela Resolução nº.20997/2002 tendo em vista a informatização do processo eleitoral brasileiro.

Em verdade, não há nenhum dispositivo constitucional, ordinário ou jurisprudência, que insinue que o votopertence ao partido ou ao candidato.

A Lei dos Partidos Políticos � nº. 9096, de 10 setembro de 1996, em seu artigo 26 abre uma cortina, verbis:

�Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, emvirtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja legendatenha sido eleito�.

Vislumbra-se no dispositivo citado que o partido foi fortificado ao cancelar legenda ao candidato, mormente,usado pelo parlamentar nas disputas internas das casas legislativas em busca de prestígio para ocupar posiçõesdiretivas na mesa diretora ou em comissões técnicas. A proporcionalidade do partido majoritário favorece oparlamentar na disputa, por isso, o partido foi fortificado para não perder sua hegemonia consubstanciada na suaforça numérica. O dispositivo usa uma expressão muito forte: perde automaticamente, determinando que deveser declarado vago o cargo ou função logo que seu ocupante mude de partido.

Insuficiente, todavia, para afirmar-se que o voto, expressão material da vontade política na escolha decandidatos em pleitos democráticos, seja do partido ou do candidato, permanecendo a dúvida atroz que tem maculadoas representações políticas.

A cultura política tem orientado no sentido de que o voto pertence ao candidato, tanto que, o eleito faz usoindevido e aético da sua representação política no manejo diário da luta política, culminando com a perda daexpressão representativa, principalmente, quando muda de partido ocasionando enormes prejuízos ao grêmio partidáriopelo qual fora eleito.

Se o voto pertence, pelo costume, ao candidato, só a democracia tem sido prejudicada com o descrédito docorpo de eleitores nos seus representantes que negociam a transferência de partido com cinismo e troca devantagens materiais.

Embora o governo atual não tenha incentivado publicamente essa dança partidária é evidente que os partidoschamados da �base governista� foram beneficiados ou prejudicados dependendo da visão política, dessas adesões.O PTB cresceu na bancada da Câmara Federal, enquanto o PFL, também, da direita viu a sua diminuir, embora,ideologicamente sejam da mesma tendência direitista, o que prova que as mudanças de partidos são fisiológicas enão ideológicas.

Os partidos ideológicos não cresceram substancialmente em que pese a força do governo � Poder Executivo� inclusive a necessidade de aumentar suas bancadas no Senado e na Câmara Federal preferindo encetar umanegociação política com o PMDB, partido de centro, porém com tradição democrática definida desde a luta contrao Regime Militar nascido em 1964 e que denominava-se de Movimento Democrático Brasileiro � MDB.

O voto, repita-se, é uma materialização da vontade representativa do eleitor ao depositar a cédula na urna,na conformidade do Diccionario Electoral, do Instituto Interamericano de Derechos Humanos da CAPEL (CentroInteramericano de Asesoria y Promoción Electoral).

REFORMA POLÍTICA: o voto pertence a quem?REFORMA POLÍTICA: o voto pertence a quem?REFORMA POLÍTICA: o voto pertence a quem?REFORMA POLÍTICA: o voto pertence a quem?REFORMA POLÍTICA: o voto pertence a quem?

AROLDO MOTA

(ADVOGADO E ESCRITOR)

Dezembro/200344

����� � ������� ���� ��� ����� ���A urna seria o �recipiente sellado previamente a la elección y de interior visible, que se destina al depósito de

los votos, al momento de ejercerse el derecho al sufragio. Al iniciar-se la votación, generalmente la urna esprescintada. La urna electoral contribuye a concretar una elección ordenada y el secreto del voto�.

No Brasil não se pode falar em urnas com as características descritas pelo Dicionário da CAPEL. O votojamais será materializado numa urna com �interior visible�, porque há a digitação que será armazenada na memóriarígida do computador.

O dicionário fala em voto público, que na doutrina de Montesquieu assim era defendido para que o povotomasse conhecimento �de toda función que desarrolla el valor cívico debía ejercitarse publicamente�. E seriatambém secreto quando sua missão se efetuasse de tal modo que não fosse possível conhecer o conteúdo do voto.Voto nominal �implica el voto por um candidato individual�, enquanto o voto de lista seria �el contrario la opcióndel elector no entre individuos, sino entre listas de candidatos, cada una de ellas patrocinada por um partido o fuerzapolitica�.

O professor Costa Porto, ex-Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, no seu trabalho �Dicionário do Voto�,Imprensa Oficial, 2000, nomina alguns verbetes com os votos os mais variados possíveis, chegando a mais dequarenta qualificativos para o voto como materialização da vontade do eleitor. Vejamos alguns:

Voto a descoberto � �Ou público, emitido de tal forma que se torna conhecido de todos a manifestação davontade do eleitor�. Voto cantado � �Na Verdade, o voto em voz alta, quando da utilização das urnas eletrônicascomo instrumento auxiliar à apuração da eleição com urnas tradicionais�. Esse voto cantado surgiu nos primórdiosda implantação definitiva do voto eletrônico mormente quando ele era ainda voltado para a apuração, assim: omembro da mesa de candidato votado e outro mesário o digitava no computador e ao final o resultado era anunciadoimediatamente. Essa modalidade surgiu em Santa Catarina e no Ceará numa recontagem de votos em Juazeiro doNorte. O Tribunal Superior Eleitoral chegou a disciplinar o voto cantado pela Resolução nº. 20292, de 17 de janeirode 1998. Voto Colorido � �O que utiliza cédulas de cores diferentes para cada candidato ou partido. No Brasil foiinstituído pela Lei nº. 4109, de 27 de julho de 1962 que não vigorou�. Voto corrente � �É a fraude da votaçãoantes da computação. O eleitor perdia seu voto, porém, o organizador da fraude entregava ao eleitor seguinte acédula já votada, que seria depositada na urna e assim sucessivamente. O esquema só perdia o primeiro voto�.Voto Distrital � �A utilização do sistema majoritário nas eleições proporcionais com a divisão do território emcircunscrições menores�. Voto em Branco � �O Voto que não é dado a qualquer candidato entre os que concorrema uma eleição; que não expressa preferência�. Voto Informatizado � �Mais de cinqüenta anos depois de ter, emnosso primeiro Código Eleitoral (1930), aludido a máquinas de votar, o Brasil utiliza o mais avançado sistema, emtodo o mundo para aferir a vontade popular�. Paulo Camarão em livro comentou a evolução do voto eletrônico noBrasil, assim:

1983 � Experiência piloto de automação no cadastro no Rio Grande do Sul; 1986 � Eleição Estadual:Recadastramento Eleitoral, Cadastros Estaduais (Processo terceirizado), Consolidação Nacional; 1988 � EleiçãoMunicipal: Desenvolvimento do Primeiro Sistema de Cadastro (Distrito Federal) pela Justiça Eleitoral; 1989 �Eleição Presidencial: Totalização dos resultados das eleições por meios informatizados nos Estados do Acre,Alagoas, Mato Grosso, Paraíba, Piauí e Rondônia; 1990 � Eleição Estadual: com a totalização da apuração daseleições, incluindo, também, o Estado do Sergipe; 1991 � Instalação do polo de informática do TribunalRegional Eleitoral de Minas Gerais; 1993 � Plebiscito Nacional da Forma de Governo: com a totalizaçãoda apuração em todos os municípios brasileiros; 1994 � Eleição Geral: com o Sistema de Justiça Eleitoral emplataforma aberta, totalização completamente informatizada e adoção de duas cédulas (majoritária e proporcional);1996 � Eleição Municipal: com a transferência do cadastro dos eleitores para os Tribunais Regionais Eleitoraise início da informatização do voto (33 milhões de eleitores); 1998 � Eleição Geral: com a alteração do processode identificação de eleitores com o recadastramento geral, além do crescimento da abrangência da informatizaçãocom 75 milhões de eleitores; 2000 � Eleição Municipal: Crescimento da abrangência da informatização do votocom a totalização dos eleitores. Voto Nulo � �O que forma com o voto em branco o conjunto de votos infecundosou estéreis, os que não produzem frutos, que não trazem qualquer influência na questão que se deseja resolveratravés dos pleitos. Voto Obrigatório � �O que faz compulsória a manifestação do eleitor. Algumas legislações

Suffragium45

����� � ������� ���� ��� ����� ���determinam uma conseqüência para os que não votam e que, geralmente, importa em sanção pecuniária�. Votopor Legenda � Voto dado somente ao partido, sem indicação de candidato. A possibilidade do voto por legenda, noBrasil, surgiu a partir de 1930, quando da introdução do modelo proporcional e da aceitação de candidaturas porpartidos ou grupos em legenda regisatrada�. Voto secreto � �Aquele que assegura por sistemas apropriados osigilo quanto ao seu conteúdo. Segundo o artigo 21 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamadapelas Nações Unidas em 1948, a vontade do povo deverá se expressar mediante eleições autênticas que haverãode celebrar-se periodicamente, por sufrágio universal e igual e por voto secreto ou outro procedimento equivalenteque garanta a liberdade do voto. Voto Uninominal � �Em que o eleitor vota por um candidato, isoladamente, e nãopor uma lista�.

Com a implantação do sistema eletrônico na captação do voto outros institutos de Direito Eleitoral foram,praticamente, abolidos, como: voto secreto, voto nominal, voto corrente, voto em branco, voto nulo, voto uninominal,além de liquidar com a Recontagem de votos, fiscalização na apuração de votos e praticamente aceitar como fatoconsumado o resultado da apuração anunciada minutos após encerrar a captação do voto por digitação, isto é, semo eleitor conhecer seu próprio voto.

Evidentemente, não somos contrário a introdução do sistema eletrônico de captação de votos no processobrasileiro de votação, contudo, entendemos que é hora de modificação vertical na escolha dos candidatos com aintrodução de outros institutos como: a lista fechada de candidatos fortificando o partido político; a anexação daimpressora ao computador que receber a vontade ou escolha do eleitor; abolição do voto secreto por perdaabsoluta de finalidade dada a ausência de hierarquia na sociedade moderna; ouvida do eleitorado sempre quenecessário em Plebiscito, Consulta Popular, Referendo ou Recall; Inclusão do analfabeto, jovens dedezesseis anos, na disputa eleitoral como candidato; Extinção do Senado, por ser uma câmara repetitiva e nãomais representar os Estados da Federação; proibição de coligação em eleição proporcional;desprofissionalização do mandato parlamentar; Câmara Federal sem limite máximo por Estado; Constituiçãoda Federação somente com a União e os Municípios; Sistema Majoritário Distrital; Sistema Partidário coma formação de partidos ideológicos; além de uma profunda mudança do Poder, que passaria a denominar-se deAgência Judiciária, Agência Executiva e Agência Legislativa, aplicando o Sistema Anglo-Saxônico aoJudiciário, o Legislativo absolutamente fiscalizador e o Executivo submetido, constantemente, aos institutos deavaliação popular e de Sistema de Governo Presidencialista-Parlamentarizado. Por esses motivos somos a favorda instituição da lista fechada de candidatos escolhida em convenção própria, destinando, soberanamente, ovoto para o partido político e se mantenha incólume a representatividade saída do processo eleitoral.

BIBLIOGRAFIA:

- Diccionario Electoral � Edição CAPEL � Costa Rica, 1989

- Dicionário do Voto � Walter Costa Porto � Editora UNB, 2000

- O Voto Informativo: Legitimidade Demográfica � Paulo Camarão � Empresa das Artes e Edições Artísticas

- Reforma Política no Brasil: Realizações e Perspectivas � Jairo Nicolau, Fabiano Santos, Filomeno Moraes, Sawpat Abu-Hos,Martonio Mont�Alverne e Aroldo Mota

- O Espírito das Leis � Montesquieu � Editora Saraiva, 1994

Dezembro/200346

����� � ������� ���� ��� ����� ���LUZES E TREVAS DA PAIXÃO IGUALITÁRIALUZES E TREVAS DA PAIXÃO IGUALITÁRIALUZES E TREVAS DA PAIXÃO IGUALITÁRIALUZES E TREVAS DA PAIXÃO IGUALITÁRIALUZES E TREVAS DA PAIXÃO IGUALITÁRIA

A situação contemporânea dos direitos humanos no BrasilA situação contemporânea dos direitos humanos no BrasilA situação contemporânea dos direitos humanos no BrasilA situação contemporânea dos direitos humanos no BrasilA situação contemporânea dos direitos humanos no Brasil

Maria Victoria de Mesquita Benevides*

Sou visceralmente apaixonada pela história de lutas, derrotas trágicas e vitórias arrebatadoras dos homense mulheres que trilharam suas vidas no ideal da justiça, da verdade, da beleza e do amor. Sou tão apaixonada pelahistória do socialismo quanto pelo testemunho de Jesus de Nazaré. As virtudes teologais - fé, esperança e caridade(digo solidariedade) - convivem no ar que respiro, desde criança, com a bandeira �liberdade, igualdade e fraternidade�da Revolução Francesa.

Justifico esse intróito meio piegas: como cientista social, vou falar de democracia e direitos humanos, como rigor acadêmico dos conceitos. Mas, nesse campo, é impossível ser neutro - como, aliás, em qualquer assunto denatureza política. Não poderia escrever com garra se eu não acreditasse na possibilidade de democracia radical(de raízes) em nosso país, como um projeto político e ideológico que ainda vai mobilizar a maioria dos brasileiros evencer o combate com as trevas.

Isso posto, é bom lembrar, de início, que no Brasil nenhum tema desperta tanta polêmica como o de direitoshumanos. É relativamente fácil entendermos e lutarmos por cidadania. Apesar dos entraves à sua extensão, nestasociedade tão desigual, os direitos dos cidadãos são cada vez mais evocados e reivindicados, do �povão� à elite,das ONGs aos poderes constituídos. Nossa Constituição foi promulgada após ampla participação popular (12milhões de assinaturas para emendas populares) e sob a égide do respeito aos direitos humanos e do cidadão. Ocapítulo sobre os direitos individuais e sociais é o mais abrangente de nossa história. Pena que já tenha sido tãomutilado, e justamente na parte boa. Em relação aos direitos humanos, a compreensão é outra. Não são percebidoscomo direitos de todos, essenciais à cidadania democrática. E permanecem carregados de ambigüidade e deturpação;já se tornou costumeiro associar direitos humanos aos �bandidos�. Portanto, é preciso deixar claro que, quando nosreferimos a direitos dos cidadãos, ou a direitos humanos, estamos falando de democracia. Partimos da premissa deque existe uma associação essencial entre direitos humanos e democracia, esta entendida como o regime políticoda soberania popular e do respeito integral aos direitos humanos, o que inclui reconhecimento, proteção e promoção.

CIDADANIA DEMOCRÁTICA

Direitos humanos são aqueles direitos fundamentais, a partir do núcleo fundador do direito à vida, quedecorrem do reconhecimento da dignidade de todo ser humano, sem nenhuma distinção, e que, hoje, fazem parteda consciência moral e política da humanidade. Em sua noção contemporânea, são herdeiros do iluminismo e dosmais generosos ideais do liberalismo político e das revoluções do século 18. Os direitos da cidadania, filiados àmesma experiência histórica, são aqueles estabelecidos pela ordem jurídica de um Estado e, juntamente com osdeveres, restringem-se aos seus membros; englobam direitos individuais, políticos e sociais, econômicos e culturaise, quando são efetivamente garantidos, podemos falar em �cidadania democrática�, a qual pressupõe, também, aparticipação ativa dos cidadãos na esfera pública. Os direitos humanos, por sua vez, são ditos �naturais�, poisindependem de uma legislação específica para serem invocados e são universais, acima das fronteiras geopolíticas� �somos todos irmãos no planeta Terra� -, e geralmente abrangem os direitos da cidadania em cada país.

Quando falamos em cidadania democrática, automaticamente supomos a vigência de direitos humanos;não há democracia sem garantia dos direitos humanos e vice-versa.

No Brasil, a geração mais jovem, que não viveu o regime militar, terá ouvido falar da luta pelos direitoshumanos dos perseguidos por suas convicções ou por sua militância política, presos, torturados, assassinados,exilados, banidos e, alguns, até hoje, considerados �desaparecidos�. Mas talvez não saiba como surgiu e cresceu,naquela época, o reconhecimento de que eles, �os subversivos�, tinham direitos invioláveis, mesmo que condenadosde acordo com a lei vigente; que continuavam portadores �do direito a ter direitos�. (Hanna Arendt)

Suffragium47

����� � ������� ���� ��� ����� ���Terminada a parte mais dura do regime militar, os defensores dos direitos humanos perderam o apoio de

muitos quando passaram a se preocupar com a violação dos direitos de todos, sobretudo daqueles mais esquecidos,os presos comuns, geralmente oriundos do povão. Nesse aspecto já se constata a ambigüidade que cerca a idéia dedireitos humanos no Brasil, devido à diferenciação profunda e cruel entre ricos e pobres, entre intelectuais eiletrados. Em nosso país, campeão na concentração de renda, as classes populares continuam sendo vistas como�classes perigosas�, ameaçadoras pela feiúra da miséria, pelo grande número, pelo possível desespero de quemnada tem a perder, e, assim, consolida-se o �medo atávico das massas famintas� (e daí, em vez de direitos, pauneles). É por isso que, como alerta Marilena Chauí, as classes dominantes criminalizam as classes popularesassociando-as ao banditismo e à violência; porque essa é uma maneira de circunscrever a violência que existe emtoda a sociedade, apenas aos �desclassificados que, portanto, mereceriam todo o rigor da polícia, da suspeitapermanente, da indiferença diante de seus legítimos anseios. Essa é uma das razões para a ênfase que se dá, nosmeios e comunicação de massa, a violência associada à pobreza, à ignorância e à miséria. É o medo de os de baixose revoltarem, um dia, que motiva os de cima a manterem o estigma sobre direitos humanos. Estigmatizando osdireitos humanos pretendem, também, eliminar a idéia democrática da igualdade e da solidariedade, mantendo-seintatos os privilégios de uma �nova nobreza� criada pelo capitalismo.

A idéia da cidadania, do ponto de vista estritamente legal. embora decorrente de valores universais,historicamente estabelecidos, depende também de decisões políticas. Uma determinada constituinte, um determinadogoverno ou parlamento definem prioridades referentes aos deveres e aos direitos do cidadão; podem modificar, porexemplo, o Código Penal, alterando-o ou estabelecendo novas sanções; ou o Código Civil, equiparando direitosentre homens e mulheres, direitos e deveres dos cônjuges em relação aos filhos, em relação um ao outro. Podemestabelecer deveres por um determinado período, como aqueles relativos à prestação do serviço militar. Tudo issodiz respeito à cidadania. Os direitos do cidadão podem coincidir com os direitos humanos, que são os mais amplose abrangentes. Em sociedades efetivamente democráticas é geralmente o que ocorre e, em nenhuma hipótese,direitos ou deveres do cidadão podem ser invocados para justificar violação de direitos humanos fundamentais.

Trata-se, sem dúvida, de uma grande conquista da humanidade ter chegado a algumas conclusões sobre adignidade e a universalidade do ser humano e sobre o conjunto de direitos a ele associados. Essa conquista moralse concretiza, atualmente, em exemplos eloqüentes, pelo menos nos países que se afirmam democráticos. Aancestral inferioridade da mulher é repudiada e se estabelece a igualdade jurídica entre homens e mulheres. Aprática da escravidão não é mais considerada �natural�; não apenas é proibida na legislação, como tambémrepugna à consciência moral da humanidade. Não se aceita mais o trabalho infantil. Não se aceitam mais tortura,castigos cruéis e degradantes. Não se aceita mais a justificativa cultural para a discriminação étnica, religiosa ousexual, para a prática de rituais extremamente cruéis, como a mutilação genital de meninas em nome da tradição.

Alguns exemplos esclarecem a diferença entre direitos naturais e direitos ligados à cidadania: uma criançanão é cidadã plena, no sentido jurídico, uma vez que ela não tem certos direitos do adulto, pois não é responsávelpelos seus atos, nem tem deveres em relação ao Estado, nem em relação a outrem; no entanto, as crianças são,integralmente, titulares dos direitos humanos; um incapacitado mental não é um cidadão pleno, pois também não éresponsável pelos seus atos e pode ter limitações em direitos civis e políticos, mas continua integralmente credordos direitos humanos; o mesmo ocorre com os presos, que também têm direitos civis limitados; os indígenastutelados não são cidadãos por inteiro, mas devem ser integralmente respeitados em seus direitos humanos, acomeçar pelo direito às suas terras e à sua cultura.

Continua sendo muito difícil compreender e aceitar que o julgamento moral - embora legítimo - não podeser invocado para negar os direitos humanos mesmo do pior dos criminosos. Esta é, sem dúvida, a questão maiscomplexa e espinhosa para a devida compreensão do que sejam direitos humanos. Esse julgamento que leva àexclusão moral pode ocorrer de várias maneiras e a história está cheia de exemplos. O terrorismo político é umdeles. O terrorista pode perder a cidadania, mas continua parte da comunidade dos seres humanos e, portanto,pode ser preso e execrado pela opinião pública, mas continuará portador de direitos fundamentais, ou seja, nãopode ser sumariamente executado nem torturado, deve ter um julgamento imparcial, direito a advogado etc. É bomlembrar, também, que muitos dentre os grandes Estados, que hoje orgulhosamente defendem a democracia e osdireitos humanos, tiveram seu nascimento a partir de revoluções e atos que hoje classificaríamos como terroristas

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����� � ������� ���� ��� ����� ���(ver o caso de israelenses, hoje ilustres mandatários, que foram terroristas em defesa de uma causa que, certamente,muitos consideravam justa - e hoje têm cometido atos de terrorismo de Estado contra o povo palestino!).

UNIVERSALISMO E HISTÓRIA

Direítos humanos são universais, naturais e ao mesmo tempo históricos, no sentido de que mudaram aolongo do tempo, num mesmo país, e o seu reconhecimento é diferente em países distintos, num mesmo tempo.Podem, igualmente, ter o seu escopo ampliado, em virtude de novas descobertas, novas conquistas, novas correntesde pensamento. São relativamente recentes, por exemplo, aqueles que dizem respeito à defesa do meio ambientee aos direitos sociais não vinculados ao mundo do trabalho. Hoje, com as descobertas científicas no campo dagenética, podemos imaginar como o rol dos direitos humanos voltados para a dignidade da pessoa humana poderáse ampliar. Outro exemplo atual: ninguém poderá ser discriminado, maltratado, excluído por causa de sua orientaçãosexual.

Do ponto de vista histórico, há uma distinção já bem aceita dos direitos humanos, que talvez seja interessantereafirmar aqui. A primeira dimensão é a das liberdades individuais, ou direitos civis, consagradas em várias declaraçõese constituições de diversos países. A segunda dimensão é a dos direitos sociais, do século 19 e meados do século20. São aqueles ligados ao mundo do trabalho, como o direito ao salário, jornada fixa, seguridade social, férias,previdência etc. São também aqueles de caráter social mais geral, como educação, saúde, habitação, lazer, acessoà cultura etc. São direitos marcados pelas lutas dos trabalhadores já no século 19 e acentuadas no século 20, aslutas dos socialistas e da social-democracia, que desembocaram em revoluções e no Estado de bem-estar social,hoje bombardeados pelos defensores do �estado mínimo� e do deus-mercado. A terceira dimensão é aquela dosdireitos coletivos da humanidade, desta e das gerações futuras: defesa ecológica, paz, desenvolvimento,autodeterminação dos povos, partilha do patrimônio científico, cultural e tecnológico. Direitos sem fronteiras. de�solidariedade planetária�. Assim sendo, testes nucleares, devastação florestal, poluição industrial e contaminaçãode fontes de água potável, além do controle exclusivo sobre patentes de remédios e das ameaças das nações ricasaos povos que se movimentam em fluxos migratórios (por motivos políticos ou econômicos) por exemplo,independentemente de onde ocorram. constituem ameaças aos direitos atuais e das gerações futuras. O direito aum meio ambiente não degradado já se incorporou à consciência internacional como um direito �planetário�. Omesmo ocorre com a dominação econômica dos países ricos, sob a hegemonia norte-americana, secundada peloG-8. Essa dominação implacável identifica uma óbvia violação do direito mundial ao desenvolvimento. E legitimamovimentos de �cidadania mundial�. como os ocorridos em Seattle, em Praga, em Porto Alegre e em Gênova, deoposição às reuniões dos grandes órgãos da economia globalizada, que pretendem impor as suas regras de umnovo e devastador imperialismo.

DIREITOS POLÍTICOS E SOCIAIS

É fato inegável que. no Brasil. sempre tivemos a supremacia dos direitos políticos sobre os direitos sociais.Criamos o sufrágio universal - o que é, evidentemente uma conquista -, mas, com ele, criou-se também a ilusão dorespeito pelo cidadão. A realização periódica de eleições convive com o esmagamento da dignidade da pessoahumana. em todas as suas dimensões. Portanto, é possível afirmarmos que, ao contrário dos países europeus e daAmérica do Norte, aqui ao sul do equador os direitos econômicos e sociais são a condição essencial para arealização das liberdades (Fábio Konder Comparato).

Um tópico crucial, que mais me toca, refere-se à questão da igualdade, até aqui associada aos direitossociais. Se o valor da liberdade é razoavelmente bem percebido - e está, de certa forma, presente em nosso�inconsciente coletivo� -, o mesmo não ocorre com o valor da igualdade. Como princípio fundador da democraciae dos direitos humanos, igualdade não significa homogeneidade. Daí, o direito à igualdade pressupõe o direito àdiferença. A desigualdade pressupõe uma hierarquia em termos de dignidade ou valor, ou seja, define a condição

Suffragium49

����� � ������� ���� ��� ����� ���de inferior e superior; e, portanto, estabelece quem nasceu para mandar e quem nasceu para obedecer; quemnasceu para ser respeitado e quem nasceu só para respeitar A diferença é uma relação horizontal; podemos sermuito diferentes e já nascemos homens ou mulheres (graças a Deus), o que é uma diferença fundamental, mas sóserá desigualdade se os homens forem considerados superiores às mulheres, ou vice-versa. Brancos e negros sãodiferentes, europeus e latino-americanos podem ser diferentes, cristãos, judeus e muçulmanos podem insistir emsuas diferenças. mas a desigualdade só se instala com a crença na superioridade intrínseca de uns sobre os outros....

O direito à diferença, portanto, é um corolário da igualdade na dignidade. O direito à diferença nos protegequando as características de nossa identidade são ignoradas ou contestadas; o direito à igualdade nos protegequando essas características são motivo para exclusão. discriminação e perseguição. Concluindo, uma diferençapode ser (e, geralmente, o é) culturalmente enriquecedora, enquanto uma desigualdade pode ser um crime. NoBrasil, é o que ocorre. E, cada vez mais, é o que tem ocorrido no mundo, marcado por guerras e perseguiçõesmotivadas por diferenças de identidade étnica e religiosa - o que julgávamos superado pela �modernidade ocidental�

É importante deixar claro que a igualdade decorrente dos direitos sociais, econômicos e culturais nãoconfigura um pressuposto, mas uma meta a ser alcançada, não só por meios de leis, mas pela obrigatória e corretaimplementação de políticas públicas, de programas de ação do Estado. É esse compromisso que faz toda a distinçãoentre programas partidários e projetos de governo.

Além de naturais, universais e históricos, os direitos humanos são indivisíveis e interdependentes, nãopodem ser fracionados. Numa democracia efetiva não se pode separar o respeito às liberdades individuais dagarantia dos direitos sociais. Não se pode considerar natural o fato de que o povo seja livre para votar mas continueescravo da teias da pobreza absoluta. Por outro lado, luta legítima pela igualdade social não pode ser justificativapara a eliminação da liberdade. E ambas - liberdade e igualdade - não subsistem nas sociedades contemporâneassem a prática eficiente da solidariedade. Solidariedade no plano pessoal e grupal, mas, essencialmente, como umacondição política para a cidadania, a solidariedade que naturalmente deve derivar de um novo regime político, umnovo sistema econômico - bases para a criação da democracia radical. Esta, como uma exigência contra o novocapitalismo �selvagem� e do novo imperialismo, neste mundo globalizado no mais perverso neoliberalismo econômico,é o grande desafio para o século 21.

* MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES É SOCIÓLOGA, PROFESSORA DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E

DIRETORA DA ESCOLA DE GOVERNO.

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O QUE É FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA?O QUE É FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA?O QUE É FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA?O QUE É FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA?O QUE É FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA?

ENTREVISTA COM A SOCIÓLOGA E EDUCADORA MARIA VICTÓRIA BENEVIDES

REALIZADA POR SILVIO CACCIA BAVA, DIRETOR DA ABONG, EM JANEIRO DE 2.000.

SILVIO: - COMO VOCÊ ESTÁ VENDO, HOJE, ESSA DISCUSSÃO DA CIDADANIA? EXISTEM SIGNIFICADOS DISTINTOS QUE SÃO

ATRIBUÍDOS AO CONCEITO DEPENDENDO DE QUEM FALA. PARA VOCÊ, O QUE É CIDADANIA HOJE?

MARIA VICTÓRIA: - Cidadania para mim hoje se resume a uma palavra, que é a participação. A participaçãocomo indivíduo ou como um grupo organizado nas mais variadas áreas de atuação na sociedade, na esfera pública.Então cidadania para mim é sinônimo de participação, ou seja, de não omissão, indiferença etc., em relação aoexercício do poder.

SILVIO: - EU TENHO ACOMPANHADO ALGUNS EXPERIMENTOS DE PARTICIPAÇÃO, E HOJE EM DIA CONSIGO PERCEBER QUE

CERTOS TIPOS DE PARTICIPAÇÃO SÃO MUITO MAIS, VAMOS DIZER ASSIM, MECANISMOS DE COOPTAÇÃO DOS DE BAIXO, DO

QUE UMA EFETIVA DEMOCRATIZAÇÃO DO PODER. SE CIDADANIA PARA VOCÊ É PARTICIPAÇÃO, TEM ALGUMA CONDIÇÃO PARA

ESSA PARTICIPAÇÃO, OU VOCÊ ESTÁ FALANDO DE UMA MANEIRA GERAL DE PARTICIPAÇÃO?

MARIA VICTÓRIA: - Eu estou me referindo à uma participação que realmente exige algumas condições. É claroque essa possibilidade de cooptação vai sempre existir, mas isso existe mesmo em uma democracia mais avançada.A possibilidade de cooptação existe na universidade, existe em relação ao sindicato, existe nos partidos políticos,existe nas mais variadas áreas e instâncias da sociedade, do poder. Então, a cooptação pode existir sim, quando éo próprio poder constituído que abre espaços de participação, em relação, por exemplo, a movimentos de moradores,a conselhos de fiscalização, de gestão, etc. Então é por isso que você tem razão quando fala de certas condições,não é? Uma dessas condições é a autonomia dessa participação do grupo, do movimento, da associação, ou dosindivíduos, mtomados individualmente como eleitores, por exemplo. Como eleitores que vão participar de processosde tomada de decisão através de consultas populares, iniciativas legislativas, referendos, plebiscitos etc. Apossibilidade de cooptação é muito grave, mas ela pode ser combatida de duas maneiras. Por uma maior informação,que é a alma de qualquer proposta de cidadania, por uma maior informação que seja efetivamente livre, de acessodemocratizado etc. E por uma preocupação com a autonomia tanto do lado da participação da sociedade, quantodo lado do poder constituído, no sentido de não impor condicionamentos institucionais que subordinem, que leguemuma tutela dessa participação.

SILVIO: - A PARTICIPAÇÃO DE QUE VOCÊ FALA, EU ESTOU ENTENDENDO QUE É UMA VIA DE MÃO DUPLA. NA SUA OPINIÃO

ELA NÃO EXISTE SEM A CONCORDÂNCIA DOS GOVERNOS, MAS ELA TAMBÉM NÃO EXISTE SEM UMA PRESSÃO SOCIAL. MAS DE

FATO, HOJE EM DIA, NESSE PERÍODO, NESSA MARÉ DE DESCONSTRUÇÃO DA CIDADANIA QUE NÓS ESTAMOS VIVENDO, MECANISMOS

COMO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO, OU COMO O FUNCIONAMENTO EFETIVO DOS CONSELHOS, DEPENDEM MUITO MAIS DO

ESTADO, DO QUE DA SOCIEDADE CIVIL.

MARIA VICTÓRIA: - É por isso que eu queria dar como exemplo a figura dessas consultas populares, quemostram como o poder constituído pode desvirtuar e mesmo brecar uma participação efetiva da cidadaniademocrática.Por exemplo, no caso da regulamentação dessas figuras jurídicas como referendos, plebiscitos, iniciativa popularlegislativa, que nós temos inscritos na Constituição desde 1988, no nível federal, no nível estadual, no nível local, oproblema que se coloca é que o Executivo regulamenta de uma tal maneira que torna impossível a livre manifestaçãoe a livre participação. Por exemplo, quando só o Executivo pode convocar, quando cabe ao Legislativo decidir ostemas que podem entrar numa convocação... A última regulamentação na Câmara Federal praticamente impede arealização dessas consultas. O projeto de consultas populares aqui em São Paulo, no município, de autoria do entãovereador Francisco Whitaker, foi aprovado na Câmara dos Vereadores por maioria, aliás para a grande surpresada oposição. Mas depois o próprio prefeito, então Paulo Maluf, vetou o projeto, que continua engavetado até hoje.Então, se brecou claramente essa possibilidade de um tipo de participação através de mecanismos institucionais.

Suffragium 51

SILVIO: - MAS VEJA O OUTRO LADO DA MOEDA, A TRIBUNA LIVRE ESTÁ FUNCIONANDO. ALGUNS MEMBROS DA CPI DA

CORRUPÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL SUGERIRAM A CERTAS! ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL QUE PEDISSEM A CONSTITUIÇÃO

DA TRIBUNA LIVRE PARA SE MANIFESTAREM. E APESAR DE UMA DIVULGAÇÃO RAZOÁVEL, POUCA GENTE COMPARECEU, OQUE SUGERE UM CERTO DESCRÉDITO PARA AS INSTITUIÇÕES. ENTÃO, QUANDO VOCÊ CONCENTRA A SUA DEFINIÇÃO DE

CIDADANIA NA QUESTÃO DA PARTICIPAÇÃO, EU FICO ME PERGUNTANDO: �MAS QUEM QUER ESSA PARTICIPAÇÃO?�. NÓS

ESTAMOS EM UM PERÍODO EM QUE A CIDADANIA ESTÁ, VAMOS DIZER ASSIM, NO CENTRO DO DEBATE DA QUESTÃO DO PODER.O DESCRÉDITO NAS INSTITUIÇÕES, A CRISE QUE A GENTE VIVE, ESTES FATORES ESTÃO, VAMOS DIZER ASSIM, FRAGILIZANDO

A EXISTÊNCIA DESSA CIDADANIA DE QUE VOCÊ FALA.

MARIA VICTÓRIA: - Eu acho interessante que a gente volte a um clássico da cidadania como Marshal paradistinguir uma cidadania política e uma cidadania social. No plano da democracia política, no exercício efetivo dedeveres e direitos políticos, nós estamos tendo esses problemas, de uma manipulação, de cooptação, de brecarmesmo essa participação autônoma, livre, democrática. Esse processo tem como contrapartida do lado da sociedadeum desinteresse, um desencanto com a participação, que já foi muito mais intensa no final dos anos setenta pra cá,e mesmo, o que é pior do que tudo, um desencanto e um desinteresse pela própria idéia democrática.O mais perigoso aí é que o descrédito nas instituições políticas e democráticas ultrapassa a figura das pessoas, dosexecutivos, dos parlamentares, para atingir o próprio cerne da ação política, acaba se transformando num descréditona ação política e na sua capacidade transformadora. Então, passa-se a ter uma atitude na vida social que é ooposto de qualquer idéia de cidadania democrática, que é o das estratégias individuais, do �salve-se quem puder�,da �justiça pelas próprias mãos�, excluindo qualquer possibilidade de um mínimo de solidariedade, no sentido dosólido social, e de qualquer tipo de participação mais ativa na sociedade. Isso, em relação à cidadania política.Embora eu veja com muita apreensão o estado atual e futuro dessa cidadania política, eu não posso abrir mão dela,eu acho que ela é essencial e os democratas radicais devem fazer tudo para que ela seja uma realidade, nainstância do Executivo, do Legislativo e das várias áreas do povo organizado, que é o sinônimo de cidadania.Você deve ter reparado que cidadania virou também sinônimo de povo, quando se diz: �A cidadania exige talcoisa�, �A cidadania se manifestou ao reivindicar tal coisa�, �a cidadania não admite mais...�. Então, eu estoumuito consciente dessa realidade negativa e de riscos inerentes, mas eu acho que se tem que insistir. E do lado dosgovernos, se não houver pressão, eles continuarão, que é da própria essência do poder, e dos poderes executivosprincipalmente, eles continuarão querendo controlar os processos, isso não há a menor dúvida. Até no caso maisexitoso de participação cidadã, como é o caso do orçamento participativo, o Executivo, podendo controlar, vaiquerer controlar, isso não há dúvida. Então, o que se tem que fazer é de alguma maneira semelhante ao que ocorre com os processos eleitorais. Osprocessos eleitorais tradicionais, votar em candidatos para o Executivo, para o Legislativo, são evidentemente umadas primeiras práticas da cidadania política, das mais antigas e que se mantém com pontos extremamente negativos,como a existência de legendas de aluguel, de compra efetiva de lugares para os candidatos, a manipulação dainformação, que é dos mais graves abusos do poder econômico, a ausência de um mandato que tenha efetivamentecondições de cobrança por parte do eleitorado, que tenha a possibilidade de fiscalização do eleitorado em cima dosrepresentados... Eu, por exemplo, defendo um tipo de mandato imperativo para enfrentar esses riscos e essesproblemas. A própria participação fiscal no processo eleitoral também tem muitos riscos e muitos problemas, masnão vai ser por causa disso, que nós vamos dizer que não precisamos ter um processo eleitoral, rotineiro, formalmenteinstituído etc. Então, tanto na participação tradicional, numa democracia representativa, como na participação em outras áreasda atuação cidadã, eu vejo a enorme necessidade daquilo que eu chamo de uma educação para a democracia, umaformação para a cidadania, ou seja, um movimento educacional no sentido político, que enfrente o problema dodescrédito, do desinteresse, do egoísmo político, do desencanto com a própria idéia de democracia. Eu fiquei muito impressionada com as últimas pesquisas que foram feitas, daquilo que se chama de �latinobarômetro�, no Brasil e países da América do Sul. Essas pesquisas mostram que o Brasil é o pior colocado nosentido de opiniões em relação à superioridade do regime democrático. 49% dos entrevistados preferem ademocracia, mas há 24% para quem tanto faz, é um número muito elevado, um quarto da população absolutamentetanto faz, ser democracia ou ditadura, e o outro quarto prefere a ditadura.Eu até entendo mais quem prefere uma ditadura, porque assume radicalmente uma posição favorável ao autoritarismo,

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ao fechamento. Entendo mais do que aquele para quem realmente tanto faz, não vê diferença nenhuma entredemocracia e ditadura. Esse é um problema seríssimo. Agora, para enfrentar isso, só com um processo educacional,um processo de educação política no sentido da democracia e da cidadania, e é nisso que eu tenho trabalhado mais.Mas o outro lado, que recupera para a idéia da cidadania um sentido mais forte, que deixa de estar revestida nessesaspectos formais, é a cidadania social. No sentido de que os cidadãos têm direitos, direitos que são inalienáveis, edireitos que são não apenas reivindicações diante de prestações que o Estado deve cumprir, mas tambémpossibilidades sempre em aberto de criação de novos direitos. A cidadania nesse sentido é a possibilidade defruição efetiva de direitos sociais, econômicos e culturais, de fruição efetiva no sentido de que esses direitos nãosejam apenas declamatórios, porque nós os temos na Constituição, mas eles precisam estar acoplados a garantiasefetivas, a mecanismos imediatos de garantia desses direitos.Por exemplo, foi muito ridicularizada uma lei aprovada no Congresso que garante o direito à moradia. Ela foi muitoridicularizada porque da maneira como está é ridículo mesmo, teria que todo mundo ter direito à moradia etc. Essalei significa o quê? Que todo mundo tem direito a ter uma casa?

SILVIO: - VOCÊ SABE QUE O JAPÃO E OS ESTADOS UNIDOS, DURANTE A DISCUSSÃO DO HABITAT II FORAM RADICALMENTE

CONTRA A AFIRMAÇÃO DESSES DIREITOS DE MORADIA, PORQUE A INSTITUCIONALIDADE DEMOCRÁTICA DESSES PAÍSES GARANTE

QUE, UMA VEZ APROVADA ESSA LEI, ELA SE TORNA EFETIVA PARA TODOS. ENTÃO ELES FORAM CONTRA...

MARIA VICTÓRIA: - É um mecanismo auto-aplicável imediato...

SILVIO: - ELES FORAM CONTRA RECONHECER ESSES DIREITOS DE MORADIA COMO UM DIREITO HUMANO PORQUE SENÃO

TERIAM QUE CRIAR ORÇAMENTOS NOS SEUS PRÓPRIOS PAÍSES PARA ATENDER A NECESSIDADE DE MORADIA DE TODO MUNDO.

MARIA VICTÓRIA: - Então a nossa grande dificuldade não é reconhecer esses direitos, não é declarar essesdireitos, isto já está amplamente reconhecido e declarado. Vamos lembrar o que foi o primeiro discurso do FernandoHenrique na campanha presidencial de 1994. Foi um discurso radicalmente comprometido com a efetivação dessesdireitos, e não se avançou em rigorosamente nada. Nesses cinco anos não se alcançou nada no campo de umaefetivação de direitos econômicos, sociais, culturais etc. Então, a cidadania não se esgota no plano da cidadaniapolítica. Ela também não se restringe aos direitos sociais, econômicos, culturais, até mesmo porque existe umarelação evidente entre cidadania política e cidadania social, na medida em que sem essas possibilidades departicipação, de canais de participação, a reivindicação por esses direitos efetivos se torna mais difícil. Nós podemos ter uma situação rigorosamente populista, no péssimo sentido da palavra, de uma ausência decanais de mediação, de intermediação, e teremos então um �novo salvador�, um �pai dos pobres�, que vai atenderdiretamente à esses reclamos, os direitos sociais, econômicos, culturais etc. Então elas se completam, a cidadania política e a cidadania social. Não dá para dizer que só a garantia dos direitossociais configura uma cidadania democrática porque falta a liberdade e a autonomia para a participação, atémesmo para reivindicar esses direitos. Assim como também não dá para defender só a participação para pessoasque não têm o mínimo para uma existência digna como seres humanos.

SILVIO:- DEIXA EU COMPLICAR UM POUQUINHO, DE FATO, EU ME IDENTIFICO COM ESSAS SUAS DEFINIÇÕES, MAS ACHO

QUE NÓS ESTAMOS TRABALHANDO NO PLANO TEÓRICO, AINDA QUE ILUMINADO POR EXPERIÊNCIAS COMO O ORÇAMENTO

PARTICIPATIVO, OU OS MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO AFIRMADOS NA NOVA CONSTITUIÇÃO. O QUE NÓS VEMOS NO PROCESSO

HISTÓRICO RECENTE NO BRASIL É O QUE VÁRIOS DE NOSSOS COLEGAS CHAMAM DE DESCONSTRUÇÃO DE DIREITOS. ESSAS

REFORMAS QUE ENCOLHEM A PREVIDÊNCIA, QUE RETIRAM DINHEIRO DAS POLÍTICAS SOCIAIS, OU AÇÕES DE ESTADO, COMO

POR EXEMPLO NA PRIMEIRA GREVE DOS PETROLEIROS DO GOVERNO FHC, QUE BATERAM FIRME NA CAPACIDADE DOS

TRABALHADORES DE SE ORGANIZAREM E REIVINDICAREM. TUDO ISSO LEVA A DIZER HOJE EM DIA, NO MEU MODO DE VER,QUE A CIDADANIA ESTÁ EM PERIGO, E QUE A LUTA PELA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NÃO SE OPERA SÓ EM CONDIÇÕES

INSTITUCIONAIS FAVORÁVEIS. MESMO DURANTE A DITADURA HAVIA A NECESSIDADE DA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS ETUDO MAIS. NESSE CENÁRIO, E EU TAMBÉM QUERO SABER SE VOCÊ CONCORDA COM ESSE CENÁRIO, O QUE É A FORMAÇÃO

DA CIDADANIA?

MARIA VICTÓRIA:-Nós podemos pensar a formação para a cidadania num campo formal e num campo informal.No campo informal, é aquilo que a gente já conhece, através dos movimentos, das associações, das ONGs , até

Suffragium 53

mesmo dos partidos políticos com os seus programas de formação etc. E a formação no sentido mais formal se dáatravés do sistema regular de ensino, através da escola, do ensino fundamental, do ensino universitário etc.Então essas duas modalidades, do ensino formal e da formação fora dos mecanismos formais de ensino, aliadas aouso efetivo dos meios de comunicação de massa, é que são essas possibilidades de se implementar programas deformação de educação para a cidadania.Eu não vejo como será possível trabalhar nessas escolas e nessas instituições da sociedade civil para uma educaçãopara a cidadania sem um mínimo de acesso aos meios de comunicação de massa. Hoje nós sabemos que a grandeeducadora do país é a Rede Globo, que atinge a quase totalidade desse país continental, e que é realmente aprodutora de símbolos culturais, difusora de valores, tem portanto um papel altamente educativo.Então, as coisas estão muito ligadas, eu vejo uma grande necessidade de atuar na escola desde o ensino fundamental,tenho trabalhado com vários alunos na pós-graduação em relação a esses programas, nas escolas públicasprincipalmente, mas não se descartam as escolas privadas, e programas desse tipo na Universidade. Acompanhotambém alguns programas partidários, que a meu ver têm um alcance mais reduzido, porque o partido quer formaro �seu� cidadão. Quer dizer, o PT tem um programa de formação política para formar o quê? Para formar petista,e não necessariamente com uma abertura, com uma pluralidade maior etc.Mas defendo radicalmente uma intervenção nos meios de comunicação de massa, no sentido de um controledemocrático efetivo sobre a programação, e que começa já com a política de concessões, de canais de TV e derádio, mas também na abertura da participação direta da cidadania nesses meios de comunicação, um direito queé chamado �direito de antena�.

SILVIO: - �DIREITO DE ANTENA�?

MARIA VICTÓRIA: - �Direito de antena�, que existe, por exemplo, já com bastante êxito na Itália, mas existeem outros países também, eu conheço específicamente a experiência italiana. O �direito de antena� consiste emo poder constituído, relativo aos meios de comunicação, que são essencialmente públicos, concessões públicas,garantir um espaço para instituições representativas da sociedade civil, assim como garante, por exemplo, ofamoso horário gratuito para os partidos e candidatos no período eleitoral e ao longo do ano.

SILVIO: - MAS NÓS TEMOS, POR EXEMPLO, A TV COMUNITÁRIA, A TV LEGISLATIVA, A TV DA UNIVERSIDADE... SÃO

EXPERIÊNCIAS AINDA INCIPIENTES, MAS QUE ESTÃO ALTERANDO...

MARIA VICTÓRIA: - Essas iniciativas são extremamente importantes, e eu acho que isso deve ser ampliado, eque não precisa necessariamente estar vinculado a um canal, que exista mesmo na TV aberta, no sentido de segarantir esse tempo, e que, por exemplo, a TV Globo tenha que ter esse tempo, que é a única que avança em todoo território nacional. O Brasil não tem acesso, na imensa maioria dos seus municípios, à TV Comunitária, nem àTV Legislativa, nem sequer à TV Educativa e à TV Cultura. Então nós defendemos, como é o caso de outrospaíses europeus, esse �direito de antena�, inclusive nos grandes canais da TV aberta. Isso seria o quê? Isso seriaum canal aberto para entidades representativas da sociedade, por exemplo, para as centrais sindicais, paraconfederações de ONGs, para federações por exemplo como movimento de mulheres, movimentos de consciêncianegra, movimentos de defesa dos índios, movimentos de todo tipo se manifestarem. Esses movimentos, de minorias em geral, precisam ter acesso regulamentado como o horário gratuito para candidatose partidos, tomando como justificativa o próprio princípio democrático, no sentido de que não é apenas a representaçãotradicional que garante essa essência democrática da representação.

SILVIO: - VOCÊ FALOU DA NECESSIDADE DA QUESTÃO DA DEMOCRACIA E DA CIDADANIA ESTAREM PRESENTES NOS

CURRÍCULOS ESCOLARES NORMAIS, VOCÊ FALOU DO �DIREITO DE ANTENA�, TEM ALGUM OUTRO ASPECTO QUE VOCÊ ACHA

IMPORTANTE RESSALTAR NA IDÉIA DA FORMAÇÃO DA CIDADANIA?

MARIA VICTÓRIA: - Bem, os meios de comunicação de massa num sentido amplo, incluindo a imprensa, têmum papel pedagógico importante, e isso deve ser enfatizado, deve ser garantido. Mas a formação para a cidadaniaprecisa se dar também no ensino formal e nas entidades da sociedade civil. E precisam contar com a participaçãodas ONGs, dos sindicatos, dos partidos. O trabalho nas escolas não precisa necessariamente estar segmentadonum determinado currículo.

Dezembro/200354

SILVIO: - NÃO É UMA MORAL E CÍVICA?

MARIA VICTÓRIA: - Não é uma Moral e Cívica. É uma formação que começa pela formação dos professores.Não é necessariamente um programa de aulas que serão dadas aos alunos de uma determinada disciplina. Será oque nós chamamos de um tema transversal, uma formação que é dada aos professores independentemente de suaárea de ensino.Durante muito tempo se supôs que essa era uma área, como você falou, de Moral e Cívica, que caberia aosprofessores de História, aos professores de Geografia, aos professores de Português no máximo. E nós estamosperfeitamente convencidos de que essa formação cidadã pode se dividir entre as mais variadas áreas de ensino,um professor de Matemática pode estar perfeitamente formado nessa área de cidadania e democracia na medidaem que ele vai pautar o seu relacionamento com os alunos e o seu tipo de inserção na escola por aqueles valoresda cidadania e da democracia.Eu digo que essa formação para a cidadania é um problema muito difícil, porque se trata de uma argumentação quenão é apenas do ponto de vista lógico, científico, formal. É uma argumentação que passa pela ética, pela persuasão,pelo convencimento, ou seja, pela conquista dos corações e mentes. Não dá para fazer um trabalho desses só comum currículo, com textos que os professores de História ou Português vão trabalhar.

SILVIO: - MARIA VICTÓRIA, EM VÁRIAS OPORTUNIDADES VOCÊ FALOU ASSIM: �FORMAÇÃO PARA DEMOCRACIA� E

�FORMAÇÃO PARA CIDADANIA�, É A MESMA COISA?

MARIA VICTÓRIA: - Olha, é a mesma coisa. É por isso que eu estou sempre me referindo à cidadania democrática.E volto ao primeiro ponto que você levantou no início da nossa conversa, como você diz que cidadania virou umapalavra que é usada �a torto e a direito�, às vezes muito mais a torto do que a direito, quase como uma capaprotetora para todo o tipo de intervenção do poder público, e inclusive nas suas várias modalidades de cooptaçãoe manipulação. Eu costumo lembrar, na minha área específica da Educação, como, ao analisarmos todos osprogramas de atuação da Secretaria de Educação do município de São Paulo, por exemplo, todos, sem rigorosamentenenhuma exceção, todos têm como objetivo precípuo uma formação para a cidadania. Então, isso aparece comPaulo Maluf, com Erundina , com Mário Covas, com Celso Pitta, quer dizer, é no mínimo estranho que pessoascom atuações políticas e com princípios ideológicos tão diferenciados usem a mesma expressão para designar oobjetivo principal, o objetivo essencial da sua gestão à frente de uma Secretaria de Educação.A idéia de cidadania certamente não será a mesma para gestores tão diferenciados, até mesmo em relação ao quecomumente se apresenta como uma idéia democrática mais ampla. Então eu me refiro especificamente à cidadaniademocrática, lembrando também que essa idéia de participação, de mobilização do cidadão, esteve sempre aserviço dos regimes autoritários e mesmo totalitários. Os regimes totalitários foram amplamente mobilizadores, ocidadão era um cidadão total, quer dizer que nascia e morria nas mãos do Estado. Mussolini dizia: �Tomo oindivíduo ao nascer e só o largo na morte�. O Estado controlava toda a atividade e toda a participação do cidadão,que era extremamente mobilizado com passeatas, através dos símbolos mais variados, desde cânticos a roupas, abandeiras, a participação com eventos de massa etc. Tanto o regime nazista, quanto o regime fascista, nas suasvárias encarnações, foram extremamente mobilizadores dessa participação de um tipo de cidadão.

SILVIO:- MAS ENTÃO, QUAL É A DIFERENÇA?

MARIA VICTÓRIA: - Então, a cidadania democrática é outra. A cidadania democrática, e eu insisto nisso, éaquela que realmente se apoia nos pilares da democracia que são a liberdade e a igualdade. Eu diria até mais, aliberdade, a igualdade e a solidariedade, para repetir o mote da Revolução Francesa. Essa liberdade que recuperatodo o processo de garantia dos direitos individuais e das liberdades públicas, a igualdade no sentido do reconhecimentoda igualdade intrínseca de todos os seres humanos em relação aos direitos fundamentais para um vida digna e asolidariedade no sentido de que a sociedade é esse sólido que deve estar interligado por laços de apoio, de convivênciaetc. Isso descartando de cara as lideranças autoritárias, carismáticas, os mais variados tipos de cezarismos quelevam à uma participação, mas uma participação controlada, sem liberdade etc.

Suffragium 55

SILVIO: - BOM, ENTÃO NÓS ESTAMOS DIALOGANDO COM AS BANDEIRAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA? NÃO AVANÇAMOS?

MARIA VICTÓRIA: - Não avançamos. Porque a Revolução Francesa não chegou aqui até hoje, não é? Nósainda estamos tributários longínquos dos ideais da Revolução Francesa, que permanecem extremamente atuais.

SILVIO: - NÓS TEMOS UM PROBLEMA, QUE É A QUESTÃO DA DESINFORMAÇÃO. MUITO DO QUE SE FAZ, VAMOS DIZER

ASSIM, COMO APROPRIAÇÃO PRIVADA DOS BENS PÚBLICOS, DO ESPAÇO PÚBLICO, SE FAZ PORQUE OS INDIVÍDUOS ESTÃO

DESINFORMADOS E NÃO TÊM CANAIS PARA SE MANIFESTAR. EU QUERIA PERGUNTAR PARA VOCÊ: TODO INDIVÍDUO JÁ É UM

CIDADÃO, OU ELE SE TORNA UM CIDADÃO? HANNAH ARENDT FALA ALGUMA COISA ASSIM, QUE O INDIVÍDUO SÓ SE TORNA UM

CIDADÃO QUANDO ELE PARTICIPA E ATUA NO ESPAÇO PÚBLICO. O CHICO DE OLIVEIRA JÁ DIZ QUE NÃO TEM MAIS ISSO,PORQUE A TELEVISÃO, O PÚBLICO, ENTROU DENTRO DO PRIVADO. COMO É PARA VOCÊ ESSA QUESTÃO? A FORMAÇÃO PARA

A CIDADANIA TEM PRÉ-CONDIÇÕES? O INDIVÍDUO TEM QUE ADQUIRIR ALGUMA CAPACIDADE PARA SE TRANSFORMAR EM

CIDADÃO OU NÃO?

MARIA VICTÓRIA: - Bom, então vamos fazer uma distinção entre cidadania ativa e cidadania passiva. Todossão cidadãos passivos porque todos, numa determinada sociedade, estão sujeitos à intervenção e sanção de umaordem jurídica. Todos são cidadãos passivos garantidos por uma determinada constituição que atribui deveres edireitos. Todos são cidadãos passivos a partir da idade civil de responsabilidade. Eles só se tornarão cidadãosativos quando efetivamente assumirem uma responsabilidade em relação a essa participação nas esferas depoder, tanto para participar de processos decisórios, como para se organizar na reivindicação de direitos sociais,econômicos, culturais. Então, o indivíduo realmente constrói essa sua condição, ele se torna um cidadão ativo, eessa cidadania está ligada também a uma pré-condição, que é a da responsabilidade civil.Por exemplo, eu costumo fazer uma diferença entre direitos humanos e direitos de cidadania, no sentido de quedireitos humanos abrange todos os seres humanos sem nenhuma distinção.As crianças têm direitos humanos, os deficientes mentais têm direitos humanos, aqueles que não são amplamentecidadãos pela constituição, como os índios, os apenados, todos eles continuam tendo direitos humanos fundamentais,mas não têm direitos de cidadão.É essa responsabilidade civil que vai garantir os direitos do cidadão. Então, aquele que não é eleitor, não é umcidadão a parte inteira, aquele que não tem o direito de ir e vir, que está apenado, que está preso, ele não temtambém a completude de seus direitos de cidadão, é o mesmo caso do doente mental, que é irresponsável etc. Mastodos terão sempre o amparo dos direitos humanos fundamentais. Eu acho graça quando se fala; �a cidadania dascrianças�...Eu entendo que seja uma palavra mobilizadora para chamar a atenção para os direitos das crianças,mas não se pode falar que esta criança seja um cidadão, no sentido dessa responsabilidade civil. Então essapalavra é uma palavra-chave como pré-condição para a cidadania, é assumir responsabilidade. De certa maneira,de uma maneira empolada, nós poderíamos dizer que a cidadania ativa é assumir essa responsabilidade para setornar um sujeito histórico, um sujeito responsável pela sua história.

FONTE: DTLNET

Dezembro/200356

DIREITOS E DEVERES DA CIDADANIADIREITOS E DEVERES DA CIDADANIADIREITOS E DEVERES DA CIDADANIADIREITOS E DEVERES DA CIDADANIADIREITOS E DEVERES DA CIDADANIA

Dalmo Dallari*

Cidadão, Cidadania e Integração Social

A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente davida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomadade decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Por extensão, a cidadania pode designaro conjunto das pessoas que gozam daqueles direitos. Assim, por exemplo, pode-se dizer que todo brasileiro, noexercício de sua cidadania, tem o direito de influir sobre as decisões do governo. Mas também se pode aplicar issoao conjunto dos brasileiros, dizendo-se que a cidadania brasileira exige que seja respeitado seu direito de influir nasdecisões do governo. Nesse caso se entende que a exigência não é de um cidadão mas do conjunto de cidadãos.

Na Grécia antiga, como se lê no filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C), já havia o reconhecimento do direitode participar ativamente da vida da cidade, tomando decisões políticas, embora esse direito ficasse restrito a umnúmero pequeno de pessoas. Em Roma, como anteriormente mencionado, foi feita a classificação das pessoaspara efeito de cidadania. Os estrangeiros e os escravos estavam excluídos da cidadania, e, além disso, só umaparte dos cidadãos romanos gozava da cidadania ativa. E só o cidadão ativo tinha o direito de ocupar cargospúblicos importantes e de participar das decisões políticas, especialmente através do voto.

Cidadania: Participação na Vida Pública

Foi a partir da concepção romana que se adotou o conceito de cidadania, na França do século dezoito, comofoi acima exposto. E foi também a partir da França que se introduziu nas legislações modernas a diferenciaçãoentre cidadania e cidadania ativa.

A cidadania, que no século dezoito teve sentido político, ligando-se ao princípio da igualdade de todos, passoua expressar uma situação jurídica, indicando um conjunto de direitos e de deveres, jurídicos. Na terminologia atual,cidadão é o indivíduo vinculado à ordem jurídica de um Estado. Essa vinculação pode ser determinada pelo local donascimento ou pela descendência, bem como por outros fatores, dependendo das leis de cada Estado. Assim, porexemplo, o Brasil consideram seus cidadãos, como regra geral, as pessoas nascidas em território brasileiro ou quetenham mãe ou pai brasileiro.

Essa vinculação significa que o indivíduo terá todos os direitos que a lei assegura aos cidadãos daqueleEstado, tendo também o direito de receber a proteção de seu Estado se estiver em território estrangeiro. Desde ocomeço do século dezenove foi estabelecida a idéia de que direitos específicos da cidadania são aqueles relacionadoscom o governo e a vida pública. Em primeiro lugar, o direito de votar e ser votado, mas a partir disso existem outrosdireitos exclusivos dos cidadãos. Entre esses se acha o direito de ser membro do Tribunal do Júri, além do direitode tter um cargo, emprego ou função na Administração Pública.

A Cidadania no Brasil Atual

A constituição Brasileira de 1988 assegurou aos cidadãos brasileiros os direitos já tradicionalmentereconhecidos, como o direito de votar para escolher representantes do Legislativo e no Executivo e o direito de secandidatar para esses cargos. Não ficou, porém, apenas nisso, sendo importante assinalar que essa Constituiçãoampliou bastante os direitos da cidadania.

Como inovação, foi dado ao cidadão o direito de apresentar projetos de lei, por meio de iniciativa popular,tanto ao Legislativo federal quanto às Assembléias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. Foi asseguradotambém o direito de participar de plebiscito ou referendo, quando forem feitas consultas ao povo brasileiro sobre

Suffragium 57

projetos de lei ou atos do governo. Além disso, foi atribuído também aos cidadãos brasileiros o direito de proporcertas ações judiciais, denominadas garantias constitucionais, especialmente previstas para a garantia de direitosfundamentais. Entre essas ações estão a Ação Popular e o Mandado de Segurança, que visam impedir abusos deautoridades em prejuízo de direitos de um cidadão ou de toda a cidadania.

A par disso, a Constituição prevê a participação obrigatória de representantes da comunidade em órgãos deconsulta e decisões sobre os direitos da criança e do adolescente, bem como na área da educação e da saúde. Essaparticipação configura o exercício de direitos da cidadania e é muito importante para a democratização da sociedade.

Em todos os Estados do mundo, inclusive no Brasil, a legislação estabelece exigências mínimas para que umcidadão exerça os direitos relacionados com a vida pública, o que significa a imposição de restrições para quealguém exerça os direitos da cidadania. De certo modo, isso mantém a diferenciação entre cidadãos e cidadãosativos. O dado novo é que no século vinte, sobretudo a partir de sua Segunda metade, houve o reconhecimento deque muitas dessas restrições eram anti-democráticas e por isso elas foram sendo eliminadas. Um exemplo muitoexpressivo dessa mudança é o que aconteceu com o direito de cidadania das mulheres. Em grande parte do mundoas mulheres conquistaram o direito de votar e de ocupar todos os cargos públicos, eliminando-se uma discriminaçãoinjusta que, no entanto, muitos efeitos ainda permanece na prática.

Por último, é importante assinalar que os direitos da cidadania são, ao mesmo tempo, deveres. Pode parecerestranho dizer que uma pessoa tem o dever de exercer os seus direitos, porque isso dá a impressão de que taisdireitos são convertidos em obrigações. Mas a natureza associativa da pessoa humana, a solidariedade naturalcaracterística da humanidade, a fraqueza dos indivíduos isolados quando devem enfrentar o Estado ou grupossociais poderosos são fatores que tornam necessária a participação de todos nas atividades sociais. Acrescente-sea isso a impossibilidade de viver democraticamente se os membros da sociedade externarem suas opiniões e suavontade. Tudo isso torna imprescindível que os cidadãos exerçam seus direitos de cidadania.

Fonte: Dtlnet

Dezembro/200358

Reproduzimos abaixo a Portaria nº 759/2003,publicada no Diário da Justiça nº 219/03 do dia 17/11/2003,

que disciplina a aquisição e descarte de livros pela Seção de Biblioteca � SEBIB.

O DIRETOR-GERAL DA SECRETARIA DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ, nouso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso IV, do art. 12, do Regimento da Secretaria deste Tribunal,

RESOLVE:

Art. 1°. Serão consideradas passíveis de aquisição:

I � obras relativas à área jurídico-eleitoral e às matérias subsidiárias, visando à atualização do acervo;II � obras atinentes a outras áreas do TRE: Administração de Empresas; Auditoria; Arquivologia/

Biblioteconomia/Ciência da Informação/Metodologia Científica; Ciência Política; Comunicação; Contabilidade;Direito; Editoração; Enfermagem; Finanças; Informática/Processamento de Dados; Medicina; História; Museologia(em virtude da criação do Projeto Memória da Justiça Eleitoral); Organização e Métodos (O & M); Odontologia;Psicologia; Recursos Humanos; Relações Públicas;

III � obras de cultura geral que forneçam subsídios para a elaboração do Suffragium e para odesenvolvimento das tarefas relacionadas à Escola Judiciária Eleitoral (EJE), ao Projeto Memória da Justiça

Eleitoral e a outras eventuais atividades implementadas pelo TRE/CE, desde que as solicitações sejam devidamentejustificadas.

Art. 2°. Serão consideradas descartáveis as obras publicadas pela Justiça Eleitoral e as doadas a esteTribunal, desde que se enquadrem em uma das especificações abaixo:

I - as que se encontram em péssimo estado de conservação, sem possibilidade de serem recuperadas;II - obras da mesma edição em multiplicidade, devendo a Seção de Biblioteca manter 2 (dois) exemplares

de cada publicação. No caso de obras publicadas pelo TRE/CE, deverão ser mantidos 3 (três) exemplares.

Parágrafo único. O descarte realizar-se-á, de acordo com a necessidade, no mínimo uma vez por ano.

Art. 3°. Serão consideradas não descartáveis:

I � obras que possuem valor histórico, considerando-se para tanto:a) o conteúdo, destacando-se, especialmente, o registro das condições políticas e sociais de um momento

histórico e a preservação da memória eleitoral;b) a data de aquisição;c) edições fac-similares de obras esgotadas;

II � obras compradas pelo TRE, com exceção das que estiverem defasadas, em relação às quais serãoadotados os procedimentos administrativos previstos no art. 4º, inciso II.

Art. 4°. Serão adotados os seguintes procedimentos para descarte:

I � a Seção de Biblioteca organizará lista de obras não tombadas pelo Patrimônio, a qual será encaminhadapor Comunicação Interna à Secretaria Judiciária, à Secretaria de Administração e à Diretoria Geral para apreciação;

Suffragium 59

II � em se tratando de livros tombados pelo Patrimônio, adotar-se-ão os procedimentos legais previstos noDecreto n° 99.658/90, sempre submetendo-os aos trâmites especificados no inciso I;

Art. 5°. Os setores que dispuserem de livros a serem descartados deverão encaminhá-los à Biblioteca,relacionando-os através de Comunicação Interna, a qual deverá ser submetida ao aval de suas respectivasSecretarias. No caso de obras tombadas, deverão, previamente, solicitar, à Coordenadoria de Material e Patrimônio,a respectiva transferência patrimonial para a Seção de Biblioteca.

Art. 6º. As aquisições, por doação, de livros e periódicos de interesse da biblioteca deverão ser incentivadas,principalmente no que se refere às publicações não comercializadas e as governamentais.

CIENTIFIQUE-SE, PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE.

Fortaleza, 3 de novembro de 2003.

HUGO PEREIRA FILHODIRETOR-GERAL

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Dezembro/200360

FERNANDO NEVES INSTALA ESCOLA JUDICIÁRIA NO AMAZONAS

Representando o Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Fernando Neves participou em Manaus da solenidadede inauguração da Escola Judiciária do Amazonas. Em sua palestra, o ministro falou das inovações da Lei Eleitorale da prestação de contas de partidos e candidatos durante a campanha municipal do ano que vem.

De acordo com Neves, está programada para o próximo ano a criação de um banco de dados para divulgaçãoda prestação de contas pela Internet, facilitando o controle e a avaliação do candidato pelo eleitor. O ministroressalatou a necessidade de dar condições ao eleitor para ele seja informado se o candidato está ligado a determinadogrupo econômico ou de que outra forma é financiada sua campanha.

No Amazonas, a Escola Judiciária Eleitoral foi criada para treinar magistrados, promotores, advogados efuncionários envolvidos com o Direito Eleitoral. Para os juízes do Estado, a escola vai melhorar os serviços prestadospela Justiça Eleitoral aos cidadãos.

O primeiro curso, que contará com a presença de 67 juízes eleitorais do Amazonas, deverá ser realizado aindaeste mês.

DIÁRIO DE JUSTIÇA PUBLICA MINUTAS DE INSTRUÇÕES PARA AS ELEIÇÕES

O Diário de Justiça de 1 de dezembro publicou minutas de nove instruções referentes às eleições de 2004. Nodia 10, os partidos políticos registrados no TSE poderão apresentar, por escrito, em audiência pública no Tribunal,suas sugestões sobre escolha e registro de candidatos, prestação de contas, propaganda eleitoral, cédulas oficiais,modelos e uso dos lacres para urnas eletrônicas, atos preparatórios, justificativa, apuração e totalização de votos edivulgação dos resultados. A idéia do ministro Fernando Neves, relator das instruções, é submetê-las ao plenário doTSE em fevereiro próximo. Eis alguns pontos importantes das minutas de instruções publicadas:

Instrução 73 (Escolha e Registro de Candidatos) - Os partidos políticos poderão realizar coligações diferentesem municípios diversos, mesmo que situados no mesmo estado.

Instrução 74 (Prestação de Contas) - A prestação de contas de candidatos e de comitês financeiros, ainda quesem movimentação de recursos, será apresentada ao juízo eleitoral que deferiu o registro das candidaturas. Aprestação de contas dos candidatos a prefeito abrangerá as contas dos candidatos a vice.

Instrução 75 (Propaganda Eleitoral) - A propaganda eleitoral tem início no dia 6 de julho. Na propaganda docandidato a prefeito deverá constar, também, o nome do candidato a vice-prefeito, de modo claro e legível. Outraexigência da legislação é que a propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará sempre alegenda partidária.

Instrução 77 (Cédulas Oficiais) - Haverá duas cédulas distintas, uma de cor amarela para as eleições majoritáriase outra de cor branca para as proporcionais. Os nomes dos candidatos a vice-prefeito não constarão da cédulaoficial.

Instrução 78 (Modelos e Uso dos Lacres para Urnas Eletrônicas) - Todas as urnas eletrônicas, inclusive as dejustificativa e de contingência terão lacres. Encerrada a votação, em primeiro ou segundo turno, as urnas eletrônicasdeverão permanecer com os respectivos lacres até 60 dias após o trânsito em julgado da diplomação dos eleitos.

Instrução 79 (Atos Preparatórios) - Os partidos políticos, a Ordem dos Advogados do Brasil e o MinistérioPúblico poderão acompanhar as fases de especificação e de desenvolvimento dos sistemas para as eleições, apartir de 3 de abril de 2004.

Instrução 80 (Justificativa) - A partir do dia 27 de setembro e até o dia da eleições, os cartórios eleitoraisfornecerão gratuitamente aos eleitores interessados o formulário Requerimento de Justificativa Eleitoral.

Instrução 81 (Apuração e Totalização de Votos) - Ao final da votação, a urna eletrônica procederá à assinaturadigital do arquivo de votos, com aplicação do registro de horário e do arquivo do boletim de urna, de maneira aimpedir a substituição de votos e a alteração dos registros dos termos de início e término da votação.

Instrução 82 (Divulgação dos Resultados) - A divulgação parcial ou total dos resultados das eleições paraprefeito e vereador somente poderá ser iniciada a partir das 17 horas do dia da eleição, considerado o horário local.

Suffragium

TSE SUSPENDE REPASSE DO FUNDO PARTIDÁRIO PARA O PCO

O Tribunal Superior Eleitoral rejeitou a prestação de contas do Partido da Causa Operária (PCO) referente a

campanha presidencial do ano passado, e determinou a imediata suspensão do repasse das cotas do Fundo Partidário

a que o partido teria direito.

Em seu voto, a ministra relatora Ellen Gracie observou que o PCO não cumpriu a exigência do Tribunal para

que fosse encaminhada a documentação formal e material necessária a comprovação da regularidade das contas

do partido.

As irregularidades detectadas foram informadas ao plenário pela Unidade de Contas Eleitorais e Partidárias

do Tribunal que recomendou a não aprovação da prestação de contas de Alexandre Gallo do PCO na campanha

de 2002.

Essa não é a primeira vez que o partido deixa de atender as diligências determinadas pelo TSE. Em julgamentos

realizados em 1995, 1997, 1998 e 1999, o Tribunal também rejeitara as prestações de contas e suspendera os

repasses do Fundo ao PCO.

JUSTIÇA ELEITORAL VAI INFORMATIZAR FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

O Tribunal Superior Eleitoral aprovou resolução estabelecendo que a partir de 1º de fevereiro do próximo ano

o sistema de filiação partidária será informatizado em todas as zonas e tribunais eleitorais do país. A Secretaria de

Informática do TSE colocará o programa à disposição de todos os partidos políticos e indicará o leiaute do arquivo

a ser encaminhado à Justiça Eleitoral àqueles que dispuserem de sistemas próprios de controle da filiação.

Segundo o corregedor-geral eleitoral, ministro Barros Monteiro, o sistema de registro utilizado atualmente

pelos cartórios eleitorais mostra-se deficiente e está de maneira inconveniente inserida no cadastro eleitoral,

“dificultando o controle das informações pelas zonas eleitorais, que têm de recorrer a listagens em papel para

conferência individual das filiações anotadas, o que gera falhas e a indesejável morosidade”.

Pela resolução aprovada, a Justiça Eleitoral terá um banco de dados específico para registro de informações

sobre filiação partidária, que serão cruzadas com as constantes do cadastro quando do encaminhamento de novas

relações de filiados pelos partidos políticos.

Os partidos, explicou o ministro, terão à sua disposição um dos módulos do sistema, a partir do qual poderão

gerar e controlar as informações sobre seus filiados, para oportuno encaminhamento à Justiça Eleitoral em meio

eletrônico, o que facilitará o cruzamento e a conferência dos dados.

“O sistema, aliado às inovações tecnológicas que permeiam a atuação da Justiça Eleitoral, devolve aos partidos

a obrigação de controle de seus filiados, facilita o recebimento das informações, sua conferência e correção, e,

ainda, torna mais eficiente a identificação das duplicidades de filiação”, observou o ministro

TSE DEFINE HORÁRIO GRATUITO DE DOIS PARTIDOS SEM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO

O Tribunal Superior Eleitoral definiu a data da transmissão do horário eleitoral gratuito em cadeia nacional

de dois partidos sem representação no Congresso. O PAN (Partido dos Aposentados da Nação) e o PTN (Partido

Trabalhista Nacional) terão direito a dois minutos para a propaganda partidária em 2004, antes do início da campanha

municipal para a escolha dos novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 5.565 municípios do país.

O primeiro programa, o do PAN, irá ao ar no dia 19 de fevereiro e o do PTN no dia 29 de abril no horário das

20 horas às 20h02 no rádio, e das 20h30 às 20h32 na TV.

Outros cinco partidos pequenos já foram autorizados anteriormente pelo TSE, e terão também o mesmo tempo

de dois minutos para a propaganda partidária: PHS, PCB, PRP, PT do B e PRTB.

61

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Dezembro/200362

TSE APROVA CRIAÇÃO DE ZONA ELEITORAL PARABRASILEIROS QUE MORAM NO EXTERIOR

Em sessão administrativa realizada na noite de 26 de novembro, o Tribunal Superior Eleitoral aprovou resolução

do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal que cria a Zona Eleitoral ZZ. O objetivo é atender especificamente

aos brasileiros residentes no exterior. A referida zona será desmembrada da 1ª Zona Eleitoral do DF, que conta

atualmente com 129.851 eleitores em Brasília.

Com base em informações do TRE/DF, o ministro relator, Peçanha Martins, revelou que a zona eleitoral

abrigará os 60.659 brasileiros que moram no exterior. Ele explicou que a criação da zona eleitoral é uma exceção,

já que resolução do TSE estabelece que ela só é possível nas cidades cujo eleitorado seja igual ou superior a 200

mil inscritos e tenha o mínimo de 70 mil eleitores.

No voto, Peçanha Martins acolheu a justificativa do TRE/DF, de que o eleitor residente no exterior não pode

ser tratado como um eleitor eventual. �Trata-se, evidentemente, de um cidadão com plenos direitos inerentes à

cidadania e que precisa ter um atendimento com a mesma qualidade daquele deferido ao cidadão no Brasil e, até

mesmo, melhor, considerando-se as eventuais dificuldades em que se encontram, inclusive quanto ao processo de

regularização de sua situação eleitoral�.

TSE DIVULGA DATAS DA PROPAGANDA PARTIDÁRIA PARA 2004

O Tribunal Superior Eleitoral autorizou oito partidos políticos a realizarem entre os meses de maio e junho do

próximo ano, sua propaganda eleitoral gratuita em cadeia nacional de rádio e televisão, com duração total de 40

minutos. Os programas partidários do PT, PSDB, PFL, PMDB,PL, PP, PTB e PDT serão levados ao ar no horário

das 20h às 20h20m no rádio, e das 20h30m às 20h50m na televisão.

O programa do PMDB a ser veiculado no dia 24 de maio de 2004, terá seu tempo reduzido para apenas 30

minutos em Minas Gerais, por força de decisão anterior do TSE, que cassou dez minutos do horário reservado ao

partido nesse estado. O PTB, que utilizará o horário gratuito no dia 28 de junho, também foi punido pelo TSE com

perda de 16 minutos do programa no Distrito Federal, por utilizar o espaço para atacar adversários.

Os programas partidários do PDT, PL e PFL foram marcados pelo Tribunal respectivamente para os dias 10,

17 e 31 de maio. A propaganda do PSDB será veiculada pelas emissoras no dia 7 de junho , logo a seguir será a vez

do PT no dia 14 ,e do PP no dia 21 do mesmo mês.

NÚMEROS PARCIAIS DO TSE REVELAM AUMENTO DE ELEITORES EM 2003

Levantamento parcial do Tribunal Superior Eleitoral revela que em 2003 houve um aumento de quase 3

milhões de pessoas no eleitorado brasileiro. A primeira totalização mostra que o Brasil tem hoje 116.066.871

eleitores, o que equivale a 2,54% de aumento em relação ao pleito geral de 2002. Esse crescimento está dentro das

previsões dos técnicos do TSE, que trabalham com expectativa de crescimento da ordem de 5% do eleitorado a

cada dois anos.

Nas eleições do ano passado, o cadastro do TSE contabilizou 115.254.113 de eleitores, volume que caiu para

113.118.272 com a depuração eleitoral verificada em janeiro deste ano, quando 2.135.841 eleitores deixaram de

participar de três eleições consecutivas (contados cada turno) e, por isso, foram expurgados da listagem.

Por faixa etária, o menor número de eleitores está na faixa dos 16 anos, com o total de 444.080 eleitores; o

maior número encontra-se na faixa entre 35 e 44 anos, com 24.421.741 eleitores; com idade superior a 79 anos

existem 1.307.688 eleitores;

Por estados, os três maiores colégios eleitorais do Brasil continuam sendo São Paulo (26.000.849), Minas

Gerais (12.789.874) e Rio de Janeiro (10.278.805). Os menores colégios são Roraima (193.351), Amapá (302.155)

e Acre (365.261).

Eleitorado por faixa etária

Suffragium

16 anos - 444.080 eleitores; 17 anos - 1.408.765; 18 a 20 anos - 8.578.314; 21 a 24 anos - 13.532.767; 25 a

34 anos - 28.197.940; 35 a 44 anos - 24.421.741; 45 a 59 anos - 24.221.880; 60 a 69 anos - 8.808.143; 70 a 79

anos - 5.138.489; Superior a 79 anos - 1.307.688;

Eleitorado por estados

Acre (365.261), Alagoas (1.609.777), Amazonas (1.537.158), Amapá (302.155), Bahia (8.460.796), Ceará

(4.856.413), Distrito Federal (1.529.388), Espírito Santo (2.139.969), Goiás (3.421.654), Maranhão (3.412.304),

Minas Gerais (12.789.874), Mato Grosso do Sul (1.420.523), Mato Grosso (1.739.013), Pará (3.651.130), Paraíba

(2.316.692), Pernambuco (5.406.441), Piauí (1.865.128), Paraná (6.679.569), Rio de Janeiro (10.278.805), Rio

Grande do Norte (1.926.223), Rondônia (895.781), Roraima (193.351), Rio Grande do Sul (7.359.880)), Santa

Catarina (3.894.800), Sergipe (1.161.689), São Paulo (26.000.849), Tocantins (791.506), Eleitores no Exterior

(60.742).

TREs FARÃO CAMPANHA SOBRE OS DIREITOS E AS OBRIGAÇÕES DOS ELEITORES

Os presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais, reunidos em Belém do Pará, de 5 a 7 de novembro, se

comprometeram a realizar campanhas em seus estados para levar a todos os eleitores seus direitos e suas obrigações,

com vistas às eleições municipais do próximo ano. O compromisso foi firmado ao final da reunião do Colégio de

Presidentes dos TREs quando foi divulgada a Carta de Belém, assinada pelo presidente da entidade, desembargador

José Mário Antonio Cardinale.

Os presidentes dos TREs também querem que todos os magistradores eleitorais do País lutem pela manutenção

das garantias asseguradas pela Constituição da República frente a reforma previdenciária em andamento.

Eis, na íntegra, a Carta de Belém:

“Os Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo o Brasil estiveram reunidos em Belém do Pará,

nos dias 5, 6 e 7 de novembro de 2003, para exame e deliberações de assuntos, visando às eleições municipais de

2004, além de outros, de ordem jurisdicional e administrativa.

Destacou-se na reunião a importância do Colégio de Presidentes dos TREs na afirmação do Estado Democrático

de Direito, sendo recomendado a todos os presidentes, envidem esforços no sentido de dar em suas unidades da

Federação, conhecimento aos eleitores de seus direitos e obrigações, bem como a necessidade da implantação

imediata em todos os estados do “Programa Eleitor do Futuro”, a fim de que seja colocado em prática no ano de

2004, especialmente nas capitais e a agilização no cumprimento dos objetivos da Escola Judiciária Eleitoral.

Finalmente, o Colégio de Presidentes dos TREs firmou posição em mobilizar todos os magistrados eleitorais

do Brasil na luta pela manutenção das garantias asseguradas pela Constituição da República frente a reforma

previdenciária em andamento”.

PERTENCE: “REFORMA DO JUDICIÁRIO SERÁ FEITA PELO CONJUNTO DA SOCIEDADE”

“A Reforma do Judiciário não será feita por um partido ou por um governo mas por todo o conjunto da sociedade,

inclusive os partidos, o governo e o próprio Judiciário”. O alerta foi feito, em Belém do Pará, pelo presidente do

Tribunal Superior Eleitoral, ministro Sepúlveda Pertence, ao participar do 26º Encontro do Colégio de Presidentes

dos Tribunais Regionais Eleitorais.

O ministro Pertence considerou alvissareira a intenção do Partido dos Trabalhadores propor a Reforma do

Judiciário, mas observou que ela não será feita por um só partido. Lembrou que, quando foi presidente do Supremo

Tribunal Federal, clamou pela reforma e que infelizmente ela não avançou.

Sobre as eleições do próximo ano, o presidente do TSE disse que o eleitor não deve esperar nada de espetacular,

“apenas a certeza de que a Justiça Eleitoral fará tudo para que o cidadão tenha comodidade, tranquilidade e a certeza

da segurança do sistema eletrônico de votação”. Pertence voltou a dizer que o pleito será complicado porque em

um país com 5.565 municípios em cada um deles será uma eleição.

O ministro Fernando Neves, relator das instruções sobre as eleições de 2004, defendeu no encerramento do

encontro a unificação da linguagem das decisões e das idéias de toda a Justiça Eleitoral.

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Dezembro/200364

IRMÃO DE PREFEITO REELEITO NÃO PODE CONCORRER AO MESMO CARGO

�Se o chefe do poder executivo já se encontra no exercício do segundo mandato, fica vedada sua elegibilidade

para o mesmo cargo no pleito seguinte, estendendo-se esta vedação, também a seus parentes�. A determinação

constitucional foi utilizada pelo ministro Carlos Madeira para responder negativamente a uma consulta feita pelo

Diretório Nacional do PSDB. Os ministros do TSE acolheram o voto de Madeira.

A questão levantada pelo PSDB foi colocada nos seguintes termos: �Tendo �A�, como presidente da Câmara

Municipal substituído ou sucedido a seu irmão �B� no cargo de prefeito sete meses do pleito eleitoral, poderá ser

candidato à prefeitura, por mais um único período subsequente, mesmo que esse seu irmão já seja reeleito no

cargo?�

Em seu voto, o ministro Madeira observa que, no caso, �o titular do executivo municipal se tornou inelegível

para um mandato subsequente e, embora seu irmão, na condição de presidente da Câmara Municipal, tenha o

substituído por uma única vez, fica impedido, também, de eleger-se ao cargo do titular, na mesma jurisdição, por ser

vedado o exercício de três mandatos consecutivos, por membros de uma mesma família�.

TSE APROVA REGRAS DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

De acordo com a Resolução 21.577, aprovada pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral, os partidos

políticos tem o período de 8 a 14 dos meses de abril e outubro para entregar a relação atualizada de todos os seus

filiados.

Em caso de dupla filiação, as inscrições serão automaticamente canceladas sendo os partidos e os eleitores

comunicados pelo juiz eleitoral.

As filiações registradas pela direção nacional ou estadual da legenda deverão ser comunicadas também aos

diretórios municipais correspondentes à zona de inscrição do eleitor.

Para a elaboração das listagens, o TSE desenvolveu o Sitema de Filiação Partidária em meio magnético, o

programa será encaminhado ao juízes das zonas que terão a responsabilidade pela digitação das informações será

do cartório eleitoral.

Como prova de filiação partidária, inclusive em caso de candidatura a cargo eletivo, será expedida uma

certidão com base na última relação de eleitores recebida.

Se a listagem com os filiados não for entregue dentro do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral, continuará

inalterada a filiação de todos os eleitores.

PRESIDENTE DO TSE AVALIA JUDICIÁRIO DO BRASIL

O excesso de formalismo, o custo exagerado e o consequente distanciamento do povo, além da deficiência da

estrutura judiciária e do número de juízes. Estas, na opinião do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro

Sepúlveda Pertence, são as principais causas da lentidão do Judiciário brasileiro. Ao participar de um programa

especial da TV Justiça sobre o Dia da Justiça, Pertence reiterou o que vem afirmando desde que assumiu a

presidência do TSE, em fevereiro deste ano. �Quando presidente do Supremo Tribunal Federal, há dez anos, falava

que estávamos à beira da falência. Antes de completar aquele mandato, dizia que a falência já havia ocorrido.

Naquela época, o Tribunal escandalizava o mundo proferindo 35 mil decisões anuais. Hoje, estamos ultrapassando

130 mil decisões por ano�, argumenta o presidente do TSE.

Segundo o ministro, para alterar esse quadro é preciso se apostar em fórmulas alternativas ao processo

formal, �seja dentro do Judiciário, seja fora dele�. Conforme Pertence, internamente a única reforma efetiva foi a

criação dos juizados especiais, cujos resultados, na sua avaliação, são surpreendentes. �Temos hoje experiências

de pleno êxito na Justiça Federal de São Paulo, onde se resolvem processos virtualmente, sem papel, sem autos.

Com isso, estão conseguindo solucionar um número imenso de pequenas questões, todas de relevo excepcional

para o cidadão comum�.

Suffragium

Durante a entrevista, Sepúlveda Pertence fez um balanço preliminar dos trabalhos do TSE ao longo de 2003, destacando os quase 2,5 mil processos já julgados pelos sete ministros da Corte. O ministro também lembrou as dezenas de consultas respondidas, os convênios assinados no exterior para intercâmbio de tecnologia (utilização de urna eletrônica) e a aprovação das duas primeiras resoluções (normas) relativas às eleições municipais do ano que vem: reclamações, representações e direito de resposta e pesquisas eleitorais.

A primeira norma estabelece que as reclamações ou representações podem ser feitas por qualquer partido político, coligação, candidato ou pelo Ministério Público e devem ser dirigidas ao juiz eleitoral. Nos casos de direito de resposta, os pedidos devem ser enviados ao juiz eleitoral encarregado da propaganda eleitoral. No horário eleitoral gratuito, o pedido deverá ser feito no prazo de 24 horas, contado a partir da veiculação da ofensa.

A segunda resolução determina, entre outras coisas, que, a partir de 1o. de janeiro, as entidades e empresas que realizarem qualquer tipo de pesquisas de opinião pública sobre eleições ou candidatos são obrigadas, para cada pesquisa, a registrá-la, no juízo eleitoral responsável pelo registro de candidatos, até cinco dias antes da divulgação. As duas foram relatadas pelo ministro Fernando Neves, relator das instruções das eleições de 2004, e aprovadas por unanimidade na semana passada.

Ainda com relação ao TSE, Sepúlveda Pertence salientou a atipicidade do Tribunal, que não é apenas para julgar causas, mas também um organismo de administração das eleições. “O final de uma eleição já é o começo do

planejamento da próxima. Isto é um trabalbo freqüente e constante do TSE”, ressalta o ministro. Acrescenta que, afora isso, o Tribunal Eleitoral tem, “também no nível superior, a responsabilidade de julgar desde questões surgidas de propaganda ilegal, de propaganda em postes, até as grandes questões, os recursos de diplomação que apaixonam a opinião pública. No semestre anterior a cada eleição, o trabalho do TSE é indescritível, sobretudo porque ele não tem quadro próprio de juízes, sendo composto por três ministros do STF, dois do STJ e dois advogados. É comum, nesse período, as sessões se prolongarem até três ou quatro horas da madrugada”, acrescenta o ministro

SEPÚLVEDA PERTENCE É CONTRA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Sepúlveda Pertence (foto) afirmou, em entrevista à TV Apoio de Brasília, ser contra a redução da maioridade penal. Para o

ministro, a idéia de prisão como solução para o problema de criminalidade parece, para muitos, cidadãos de boa fé, desinformação, e para os que exploram esta angústia social, uma baixa demagogia. “O que a prisão tem feito é tornar o criminoso pior, e quanto mais jovem o ser humano é posto num sistema penitenciário como o nosso, pior mais rapidamente ele se tornará”.

Por mais de uma hora, o ministro Sepúlveda Pertence falou de temas relativos à reforma do Judiciário, a relação entre os poderes, cassação de governadores e férias forenses. Eis um resumo dos principais assuntos abordados pelo presidente do TSE.

Justiça mais ágil Os juristas gostam de dizer que a República Alemã tem um juiz para cada grupo de 3 mil cidadãos, enquanto

nós temos um cargo de juiz para 26 mil cidadãos e ainda assim há um grande número de cargos não preenchidos. Mas é claro que pensar em atingir níveis alemães é uma boa desculpa para não fazer nada, pois temos prioridades absolutas com os milhares de brasileiros vivendo em bolsões de miséria e não podemos pensar em resolver o problema com a multiplicação da máquina burocrática. Creio que é preciso, sobretudo, apostar em fórmulas alternativas ao processo formal, seja dentro ou fora do Judiciário.

Dentro, creio que a única reforma que se fez nesse sentido foram os juizados especiais que têm, em muitas áreas do Brasil, dado resultados absolutamente surpreendentes. Temos hoje uma experiência de êxito da Justiça

Federal de São Paulo, com um processo já quase inteiramente virtual, sem papel, sem autos. Melhora do Poder Judiciário Quando presidente do Supremo Tribunal Federal, há dez anos, dizia que estávamos à beira da falência. Antes

de deixar a presidência, tinha dito que a falência já tinha ocorrido. Naquela época, o STF já escandalizava o mundo proferindo 35 mil decisões anuais e hoje está ultrapassando 120 mil decisões por ano. Este número retrata o quadro de inviabilidade da Justiça como um todo. O ideal é que a cúpula do Poder Judiciário – Supremo Tribunal Federal e os tribunais superiores – deixasse de lado as questões individuais e resolvesse as grandes questões nacionais.

Controle externo do Judiciário

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Dezembro/200366

Controle externo do Judiciário

É preciso ter um órgão central não só de controle, mas de administração superior, de planejamento, de concepçãoestratégica do Poder Judiciário como um grande serviço público. Isto é imprescindível. Mas tenho certo temorsobre a interferência dos poderes políticos nesse Conselho Superior. Sua defesa vem sempre assim: isso não épara controlar sentenças, é para controlar a administração do Poder Judiciário, que é tão controlada quanto aadministração do Executivo e do Legislativo. Curioso é que essa pregação do controle externo surgiu no Brasilmuito mais a propósito de decisões que desagradam a esta ou aquela corrente da opinião pública do que, salvo nosúltimos tempos, em relação aos problemas administrativos.

Relação Executivo-Judiciário

Não vejo crise maior entre poderes do que a de outros períodos. Ocorreram alguns acidentes de temperamentosque são naturais, humanos. Importante é que o pensamento sobre reforma do Judiciário não se transforme emqueda-de-braço entre os dois poderes. O assunto é muito maior que atritos pessoais compreensíveis.

Processo contra Joaquim Roriz

O recurso contra expedição de diploma é necessariamente um processo lento, sujeito a todas as manobraspara levá-lo a durar muito tempo. Confesso ser essa uma das questões mais desagradáveis para a Justiça Eleitoralexatamente por isso: por ter de deixar correr por muito tempo, entre provas e contra-provas, recursos e contra-recursos, o destino do mandato que se vai esgotando, o que é evidentemente irreparável. Às vezes, chegamos asoluções extremamente traumáticas, como foi para o TSE o julgamento do ex-governador e atual senador peloPiauí, Mão Santa, que foi julgado já no terceiro ano de seu mandato. Não tenho detalhes sobre o processo contrao governador do Distrito Federal, porque os autos estão com o ministro Carlos Velloso, que é o relator.

Cassação de Roriz

Não posso falar sobre o caso, mas, em tese, há duas correntes que já se manifestaram relativamente aeleições municipais. Uma delas aplica um dispositivo do Código que diz que os votos dados a um candidato cujodiploma é cassado são considerados nulos, e se esses votos nulos atingem a maioria absoluta então tem-se novaeleição. Outra diz que, neste caso, não há nulidade dos votos e que então assumiria o segundo colocado.

Violência juvenil

Partiria para a charlatanice se me aventurasse a diagnosticar causas e a dizer que tenho remédios prontospara a angústia da sociedade com a violência urbana agravada, sobretudo nas megalópoles. Esta idéia de prisãocomo solução para o problema da criminalidade me parece, para muitos, cidadãos de boa fé, apenas desinformação,e para os que exploram esta angústia social, uma baixa demagogia. O que a prisão tem feito é tornar o criminosopior. E quanto mais jovem o ser humano é posto num sistema penitenciário como o nosso, pior mais rapidamenteele se tornará. Quanto aos adolescentes, precisamos nos conscientizar da vergonha que é o trato que se dá a esteinternamento, entre aspas, do menor que tenha praticado um ato delinqüente. Que essa internação possa seprolongar um pouco mais, um pouco menos é uma questão a ser discutida com as pessoas com verdadeira experiênciano ramo. A redução automática, simplesmente trazer jovens de mais dois anos para este mesmo sistema penitenciárioque nós temos para o criminoso adulto, acho, francamente, ser ou desinformação ou exploração dessa angústia dasociedade.

Forma política

Ouvi várias vezes do presidente Juscelino Kubistchek: �reformar o sistema eleitoral, mas como? O vitoriosonão muda de método�. De tal modo, é natural que o Congresso resista a qualquer mudança no método pelo qualcada um foi eleito.

Férias forenses

O Supremo Tribunal Federal propôs ao Congresso eliminar qualquer interrupção do funcionamento da máquinajudiciária na primeira instância e nos tribunais de segundo grau.

Suffragium

Quanto ao STF e aos tribunais superiores, isso é impossível, porque, principalmente no caso do Supremo, eles

têm a função de fixação da jurisprudência do entendimento sobre determinados temas que são incompatíveis com

a mudança de sua composição para chamar substitutos durante férias. Ao que conheço no mundo, não há tribunal

que funcione 10 meses como o nosso. O trabalho judicial é absolutamente específico. Não conheço nenhum juiz

que, encerrando seu expediente forense, dê por terminado seu dia de trabalho.

TSE APROVA INSTRUÇÃO SOBRE RECLAMAÇÕES, REPRESENTAÇÕES E DIREITO DE RESPOSTA

O Tribunal Superior Eleitoral aprovou, em sessão administrativa realizada na noite do dia 2 de dezembro, a

Instrução 71 das Eleições de 2004 que se refere às reclamações, representações, bem como dos direitos de resposta.

A instrução foi relatada pelo ministro Fernando Neves e aprovada por unanimidade.

Segundo a norma do Tribunal, as reclamações ou representações podem ser feitas por qualquer partido

político, coligação, candidato ou pelo Ministério Público e devem ser dirigidas aos juízes eleitorais. As petições

ou recursos relativos às reclamações ou às representações serão admitidos via fax, quando possível, dispensado o

encaminhamento do original.

Nos casos do direito de resposta, os pedidos devem ser dirigidos ao juiz eleitoral encarregado da propaganda

eleitoral. Recebido o pedido, o cartório eleitoral notificará o representado o mais rápido possível, desde que entre

10 e 19 horas, preferencialmente por fax ou por correio eletrônico, para que ele se defenda em 24 horas, devendo

a decisão ser prolatada no prazo máximo de 72 horas da data da formulação do pedido.

Outras regras estabelecidas pela instrução no caso de pedido de reposta relativo à ofensa veiculada:

Em órgão da imprensa escrita, o pedido deverá ser feito no prazo de 72 horas, a contar das 19 horas da data

constante da edição em que veiculada a ofensa, salvo prova documental de que a circulação, no domicílio do

ofendido, se deu após esse horário;

Em programação normal das emissoras de rádio e de televisão, o pedido, com a transcrição do trecho considerado

ofensivo ou inverídico, deverá ser feito no prazo de 48 horas, contado a partir da veiculação da ofensa;

No horário eleitoral gratuíto, o pedido deverá ser feito no prazo de 24 horas, contado a partir da veiculação

da ofensa;

APROVADA INSTRUÇÃO SOBRE PESQUISAS ELEITORAIS NAS ELEIÇÕES DE 2004

O Tribunal Superior Eleitoral aprovou a Instrução (72) que dispõe sobre pesquisas eleitorais nas eleições

do próximo ano. Relatada pelo ministro Fernando Neves, a instrução foi aprovada por unanimidade em sessão

administrativa realizada na noite de terça-feira, 2 dezembro.

A Instrução determina que a partir de 1º de janeiro de 2004, as entidades e empresas que realizarem qualquer

tipo de pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são

obrigadas, para cada pesquisa, a registrar no juízo eleitoral responsável pelo registro dos candidatos, até cinco

dias antes da divulgação.

A norma do Tribunal estabelece que o resultado das pesquisas eleitorais registradas deve ser depositado no

cartório eleitoral, ainda que não seja divulgado, onde permanecerá à disposição dos interessados.

Na divulgação dos resultados das pesquisas, atuais ou não, serão informados, obrigatoriamente, o período

da realização da coleta de dados, a margem de erro, o número de entrevistas, o nome de quem a contratou e o da

entidade ou empresa que a realizou e o número dado à pesquisa pelo juízo eleitoral.

A divulgação, ainda que incompleta, de resultado de pesquisa sem o prévio registro das informações, sujeita o

instituto de pesquisa, o contratante da pesquisa, o órgão de imprensa, o candidato, o partido político ou coligação

ou qualquer outro responsável à multa que varia de R$ 53,2 mil a R$ 106,4 mil.

Pela Instrução, as pesquisas eleitorais poderão ser divulgadas a qualquer tempo, inclusive no dia das eleições,

a partir das 17 horas nos municípios em que a votação já se houver encerrado.

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Dezembro/200368

TSE RESPONDE A CONSULTA SOBRE TROCA DE PARTIDO

O Tribunal Superior Eleitoral esclareceu que quem se filiar a um novo partido político terá o prazo de 24 horas

para comunicar a legenda a qual era antes filiado, e ao juiz de sua zona eleitoral sua desfiliação partidária.

De acordo com o artigo 22, da Lei dos Partido Políticos (lei 9.096/95), se o eleitor deixar de comunicar no

prazo legal o cancelamento de sua vinculação anterior,ficará caracterizada a dupla filiação.

Nesse caso, ambas as filiações serão então consideradas nulas pela Justiça Eleitoral que indeferirá também

pedido de registro de quem pretendia se candidatar pelo segundo partido.

A consulta foi encaminhada ao TSE pelo deputado Eunício Oliveira (PMDB/CE) a respeito da situação do

cidadão que trocou de partido sem ter prova da solicitação de desligamento da legenda anterior ao qual fora filiado.

A consulta do deputado foi examinada na sessão administrativa realizada ontem à noite, ocasião em que

prevaleceu o voto vista do ministro Carlos Madeira.

Fonte: site do TSE

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Suffragium 69

TRE apresenta melhores trabalhosTRE apresenta melhores trabalhosTRE apresenta melhores trabalhosTRE apresenta melhores trabalhosTRE apresenta melhores trabalhos

do Projeto Eleitor do Futuro do Projeto Eleitor do Futuro do Projeto Eleitor do Futuro do Projeto Eleitor do Futuro do Projeto Eleitor do Futuro

Exposição no Dragão Exposição no Dragão Exposição no Dragão Exposição no Dragão Exposição no Dragão

Já na quinta-feira, dia 04/12, às 18 horas, no palco sob a passarela do Centro Dragão do Mar de Arte e

Cultura, haverá apresentação dos nove melhores trabalhos de educação política do Projeto Eleitor do Futuro

com várias manifestações artísticas de teatro, música e fotografia, feitas pelos próprios estudantes participantes

do projeto.

Todos os 67 trabalhos das escolas de Fortaleza ficarão expostos até domingo (07/12) em stands, no

Espaço Mix do Centro Dragão do Mar, com visitação aberta ao público.

O Tribunal Regional Eleitoral

promoveu na terça-feira, dia 02/12

às 14 horas, no Teatro Emiliano

Queiroz, a solenidade para a escolha

dos melhores trabalhos de educação

política do Projeto Eleitor do Futuro,

em Fortaleza.

Na Capital, 67 escolas se

inscreveram no projeto com temas

variados sobre participação e

conscientização política no processo

eleitoral, envolvendo jovens de 12 a

17 anos de idade. Os nove melhores

trabalhos vão ser escolhidos agora

e posteriormente serão publicados

num livro a ser editado no próximo

ano, juntamente com os 45 melhores

trabalhos dos 15 municípios do

Interior do Estado, que também

fazem parte do projeto.

Durante a solenidade foi

assinado um protocolo de intenção

entre o TRE e o Unicef para

fortalecimento da parceria em torno

do Projeto Eleitor do Futuro, que foi

oficialmente lançado em outubro,

através da Escola Judiciária do

Ceará. O presidente do TRE,

Desembargador Fernando Ximenes,

entregará ao Instituto Cearense de

Educação de Surdos o diploma de

Escola Amiga da Democracia, em

nome de todas as escolas de

Fortaleza, e aproveitará a

oportunidade para divulgar os

números da campanha de

alistamento eleitoral dos jovens entre

16 e 17 anos, que vem sendo

promovida pelo tribunal. A meta do

TRE é aumentar em 30% o

contingente de jovens eleitores em

todo o Estado até maio de 2004, data

em que terminam as incrições de

novos títulos no ano eleitoral.

No dia da realização do

primeiro turno das eleições de 2004

(03 de outubro), o TRE promoverá

ainda uma eleição simulada com a

participação dos jovens estudantes

(de 12 a 15 anos) das 54 escolas (45

do Interior e 9 da Capital), que

realizaram os melhores trabalhos de

educação política, para a escolha de

prefeito, entre os candidatos oficiais

concorrentes ao cargo nos 15

municípios do Interior e em

Fortaleza.

O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, com a preocupação de

melhor cumprir os prazos estabelecidos pela legislação eleitoral, lança

uma nova forma de divulgação do Calendário Eleitoral: um Calendário

de Mesa.

Assim, a Justiça Eleitoral, aprimorando seu trabalho, investe nesse novo modelo de divulgação do

calendário das eleições para torná-lo mais prático e leve na sua visualização e manuseio.

Calendário EleitoralEleições 2004

Dezembro/2003

A Corregedoria Regional Eleitoral do TRE-CE vai promover um treinamento dos funcionários de todos os cartórios eleitorais do Estado, visando a implantação dos novos sistemas de cadastro dos eleitores a partir de 1º de janeiro de 2004, de acordo com a resolução do TSE nº 21538, do último dia 3 de novembro.

O treinamento acontece a partir desta terça-feira, dia 2, até 18 de dezembro, e será realizado em Fortaleza e em mais cinco sedes do Interior: Juazeiro do Norte, Iguatu, Limoeiro do Norte, Crateús e Sobral.

As modificações visam aumentar a segurança

e a preservação da integridade do cadastro eleitoral e foram apresentadas pelo Corregedor Geral da Justiça Eleitoral, ministro Barros Monteiro. Essas mudanças estão relacionadas ao alistamento e à prestação de serviços eleitorais, entre outros temas disciplinados na antiga Resolução do TSE nº 20.132, de 1998.

Acompanhe o calendário de treinamento dos funcionários dos cartórios das zonas eleitorais, que deverão se deslocar para as respectivas sedes:

- 02/12/03 (JUAZEIRO DO NORTE)Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo

Santo, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Jati, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Porteiras e Santana do Cariri.

- 04/12/03 (IGUATU)Acopiara, Aiuaba, Campos Sales, Cariús,

Cedro, Icó, Ipaumirim, Jucás, Lavras da Mangabeira,

Mombaça, Orós, Pedra Branca, Saboeiro, Senador Pompeu, Solonópole e Várzea Alegre

- 06/12/03 (LIMOEIRO DO NORTE)Alto Santo, Iracema, Jaguaretama, Jaguaribe,

Jaguaruana, Morada Nova, Pereiro, Russas e Tabuleiro do Norte.

- 10/12/03 (CRATEÚS)Boa Viagem, Independência, Ipueiras,

Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Novo Oriente, Parambu, Tamboril e Tauá.

- 12/12/03 (SOBRAL)Acaraú, Bela Cruz, Camocim, Cariré, Chaval,

Coreaú, Frecheirinha, Granja, Groairas, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipu, Itapajé, Marco, Massapê, Meruoca, Mucampo, Reriutaba, Santana do Acaraú, Santa Quitéria, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará.

- 16/12/03 (FORTALEZA)Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Baturité, Beberibe,

Canindé, Capistrano, Cascavel, Caucaia, Itapipoca, Itapiúna, Maracanaú e Maranguape.

- 17/12/03 (FORTALEZA)Mulungu, Pacajus, Pacatuba, Pacoti, Paracuru,

Pentecoste, Quixadá, Quixeramobim, Redenção, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, Trairi e Uruburetama.

- 18/12/03 (FORTALEZA)Estarão em treinamento os funcionários das seis

zonas eleitorais da Capital (1ª, 2ª, 3ª, 82ª, 83ª e 94ª).

Eleição da OAB - Candidatos pedem

desculpas ao TRE

ELEIÇÃO DA OAB-CECANDIDATOS PEDEM DESCULPAS AO TREEm reunião promovida ontem (24/11) pelo Presidente do TRE-CE, Desembargador Fernando Ximenes, os cinco candidatos à eleição da OAB-CE, pediram desculpas ao Tribunal pelos excessos cometidos nos últimos dias da campanha, que

culminaram com o adiamento do pleito e o envolvimento do TRE no noticiário negativo da eleição. Além das desculpas verbais, os candidatos se comprometeram a emitir um documento isentando o Tribunal de qualquer participação nos episódios que provocaram as discórdias, enaltecendo a importância da urna eletrônica no processo eleitoral e

desculpando-se com a Instituição.Depois de um breve relato sobre o empréstimo de urnas eletrônicas para as eleições especiais, não

apenas da OAB, mas de inúmeras entidades públicas e particulares, grêmios escolares e part idos po l í t i cos , o Desembargador Fernando Ximenes lamentou a postura dos candidatos e pediu um

Corregedoria agenda treinamento de servidores dos cartórios eleitorais

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Suffragium 71

maior compromisso ético por partede todos. Declarou que a suadisposição inicial foi de nãoemprestar mais as urnas, mas, levouem consideração a história da OAB,decidindo dar mais uma chance àOrdem.�Esses episódios são muitolamentáveis e eu tive, por ummomento, a intenção de nãoemprestar mais as urnas para essaseleições, que são específicas de umaclasse, portanto, nada têm a ver como TRE, mas que, dado o vulto queelas tomaram, as pessoas estãoconfundindo e isso tem meincomodado muito, e não só a mim,mas ao Pleno e aos própriosservidores da casa. Entretanto, emrespeito à história da OAB, resolvichamá-los aqui, para pedir-lhes queajam com maturidade e ética epreservem o nome do TRE�.

AUTO-CRÍTICA

O Presidente da OAB-CE, PauloQuezado, reconheceu que houveexcessos da parte de todos oscandidatos e pediu a colaboração de

todos no sentido de aproveitarem osúltimos dias antes da eleição,marcada agora para a próximasexta-feira (28/11), para elevar asdiscussões em torno de propostaspara a instituição. �É uma senhores.Mas eu queria, antes de tudo,agradecer ao desembargadorFernando Ximenes, a suacompreensão, nos chamando aqui,num gesto de decência e maturidade.Não tinha obrigação alguma. Era sórescindir o nosso convênio. Mas,pelo bem que ele quer à instituição,nos chama ao diálogo. E eu acho quedeve ser atendido o que ele nos pede:que mantenhamos a eleição numpadrão ético sério�.

PEDAGÓGICO

O candidato Afro LourençoFernandes, autor da ação judicial queadiou o pleito, disse que, em nenhummomento, atribuiu ao TRE qualquerresponsabilidade sobre o problema.Houve realmente omissão dacomissão eleitoral da OAB. �Houverealmente o problema de omissão,mas, eu vejo aí um sentido

pedagógico. Esse assunto que nósprovocamos, que sirva,pedagogicamente de exemplo paraa história, para que outros episódiosdesse tipo não ocorra �.

PATRIMÔNIO

Durante a reunião, o advogadoDjalma Pinto também pediu apalavra para fazer uma defesaexpressiva da Urna Eletrônica. Paraele, a Urna é hoje um patrimônio doBrasil que, inclusive está sendoconsultado para fornecer o seuknow how para toda a AméricaLatina e Europa. �A consolidação daDemocracia passa pela credibilidadedo processo eletivo. Então,realmente o presidente tem razãoquando essas insinuações colocaramem risco inclusive a própriacredibilidade da urna, comconseqüências para o processoeleitoral do próximo ano. Éfundamental que nós tenhamos essaconsciência de que paraconsolidarmos a DemocraciaBrasileira, nós precisamos dar bonsexemplos.�