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CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Português – MPU - EXTENSIVO -

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CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER

Português – MPU

- EXTENSIVO -

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Quinta Fase Juiz Estadual

Sumário

Português ...................................................................................................................................... 3

Morfologia ................................................................................................................................. 3

Formação e Estrutura das palavras ........................................................................................... 5

Substantivo ................................................................................................................................ 7

Verbo ......................................................................................................................................... 8

Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais ............................... 10

Correlação verbal .................................................................................................................... 20

Pronomes ................................................................................................................................ 23

Conjunção................................................................................................................................ 25

Gabarito....................................................................................................................................... 43

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Quinta Fase Juiz Estadual

Português

Morfologia

Questão 1: FCC - AJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Taquigrafia/2012

Assunto: Morfologia

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

As Cartas de amor de Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz foram dadas a público 23 anos após a morte do poeta1; as cartas de Ofélia a Pessoa foram publicadas recentemente2. Possuímos, assim, a íntegra da correspondência entre os dois. O namoro teve duas fases. A primeira durou de março a novembro de 1920; a segunda, de setembro de 1929 a janeiro de 1930. Da primeira fase, ficaram trinta e tantas cartas; da segunda, pouco mais de uma dezena.

Ofélia foi, ao que se sabe, o único amor de Pessoa; Pessoa, o único amor de Ofélia. O namoro foi intenso e tenso, breve no tempo factual, longo na duração existencial; mas, como se diz vulgarmente, "não deu certo". Alguns dados biográficos são necessários para se entender essas cartas; e naturalmente insuficientes para se entender esse amor. Entender um amor é sempre uma pretensão vã; considerando-se a complexidade do indivíduo-poeta em questão, querer compreender melhor sua obra à luz dessa correspondência seria uma pretensão desmedida.

1 Cartas de amor de Fernando Pessoa. Lisboa/Rio de Janeiro; Ática/Camões, 1978.

2 Lisboa, Assírio-Alvim, 1996.

(Leyla Perrone-Moisés. "Sinceridade e ficção nas cartas de amor de Fernando Pessoa". In: Prezado senhor, prezada senhora: estudos sobre cartas. Org. Walnice Galvão, Nádia Battella Gotlib. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 175)

No primeiro parágrafo,

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a) se, em vez de As Cartas de amor de Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz, tivéssemos "As Cartas do amor de Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz", o sentido a ser atribuído ao segmento seria rigorosamente o mesmo.

b) a construção cartas de Ofélia a Pessoa está correta, mas a variante com a presença do artigo definido − "cartas da Ofélia ao Pessoa" − também é legitimada pelo padrão culto escrito.

c) a substituição de foram dadas a público 23 anos após a morte do poeta por "foram publicadas quando faziam 23 anos da morte do poeta" mantém o sentido e a correção originais da frase.

d) a palavra assim tem, no contexto, valor idêntico ao encontrado em "Humor assim nunca vi".

e) a frase A primeira durou de março a novembro de 1920; a segunda, de setembro de 1929 a janeiro de1930 contém inadequação, pois, tal como acontece depois de segunda, uma vírgula deveria suceder a palavra primeira ("A primeira, durou...")

Questão 2: FCC - TJ TRF3/TRF 3/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Morfologia

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Texto I

O canto das sereias é uma imagem que remonta às mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas. As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama é comum.

As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Mediterrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraídos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes.

Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.

Quando a embarcação na qual ele navegava entrou inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha da ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.

A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e corajoso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos seus inescapáveis limites humanos.

Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e ordenou que o

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amarrassem ao mastro central do navio. O surpreendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo.

Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante do herói era clara: a falsa promessa de gratificação imediata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em sua própria alma.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK)

Estão flexionados nos mesmos tempo e modo os verbos que se encontram em:

a) ... os navios batiam nos recifes submersos da beira-mar... / ... a escolha diante do herói era clara...

b) Quando chegou a hora... / As versões da fábula variam...

c) ... que ele e seus homens não teriam firmeza... / ... que todos os tripulantes tapassem os ouvidos...

d) ... e fez de tudo para... / ... até que estivessem longe da zona de perigo.

e) Ulisses sabia que ele e seus homens... / O navio atravessou incólume a zona de perigo.

Formação e Estrutura das palavras

Questão 3: CONSULPLAN - TJ TRF2/TRF 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Formação e Estrutura das palavras

Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço

A sociedade passou por profundas transformações em que a realidade socioeconômica modificou-se com rapidez junto ao desenvolvimento incessante das economias de massas. Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as possíveis consequências que tal desenvolvimento pudesse causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio ambiente e a própria ameaça à vida humana.

Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é questionada, sendo centro de tomada de decisões, diante da grave problemática que ameaça romper com o equilíbrio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais meios de

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comunicação, tais como jornais impressos, rádio, televisão, revistas, dentre outros, como também nos espaços virtuais de interatividade, por meio das novas mídias, as quais representam novos meios de comunicação, tem-se o debate sobre a problemática ambiental.

O capitalismo foi reestruturado e a partir das transformações científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo estabelecimento social, em que por meio de redes e da cultura da virtualidade, configura-se a chamada sociedade informacional, na qual a comunicação e a informação constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.

As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão sendo consideradas como novos instrumentos de proteção do meio ambiente, na medida em que proporcionam a expansão da informação ambiental, de práticas sustentáveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do meio ambiente.

No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é possível promover debates de inúmeras questões como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo Código Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]

Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima pessoas e distâncias, sendo utilizada por um número ilimitado de pessoas, a custo razoável e em tempo real. De fato, a Internet proporciona benefícios, pois, além de promover a circulação de informações, a curto espaço de tempo, muitos debates virtuais produzem manifestações sociais. Assim sendo, tem-se a democratização das informações através dos espaços virtuais, como blogs, websites, redes sociais, jornais virtuais, sites especializados, sites oficiais, dentre outros, de modo a expandir conhecimentos, promover discussões e, por vezes, influenciando nas tomadas de decisões dos governantes e na proliferação de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos acabam participando e exercendo a cidadania de forma democrática no ciberespaço. [...]

Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo padrão de democracia participativa fomentado pelas novas mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos ambientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, são necessárias discussões aprofundadas sobre a complexidade ambiental, agregando a interdisciplinaridade para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja inúmeros desafios a percorrer com a utilização das tecnologias de comunicação e informação (novas TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão da informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contribuindo, dessa forma, para a proteção do meio ambiente.

(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. Disponível em: http://ambito -

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juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051& revista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)

Acerca dos elementos linguísticos empregados em “Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas.” , assinale o comentário cujas informações estão corretas de acordo com a norma padrão da língua.

a) A forma verbal “adequarem” é responsável pela exigência da preposição “a” que lhe antecede e que lhe sucede.

b) A ausência de preposição diante do complemento “vontades humanas” demonstra que tal termo não mantém uma relação com o elemento regente.

c) A regência da forma verbal “adequarem” inclui os termos coordenados “necessidades” e “vontades humanas”.

d) A forma verbal “desenvolveram” constitui termo regente exigindo o emprego da preposição “de” e “a” conforme pode ser indicado no período em análise.

Substantivo

Questão 4: FCC - AJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Taquigrafia/2012

Assunto: Substantivo

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Em "Antropologia do Ponto de Vista Pragmático", o filósofo Immanuel Kant apresenta suas considerações a respeito do caráter dos povos. Lá encontramos páginas sobre os ingleses, alemães, franceses, espanhóis, turcos, entre outras nacionalidades.

Mas há nisso tudo um detalhe intrigante. Kant nunca saíra de sua cidade, Köninsberg (hoje, Kaliningrado). Não por outra razão, as tais páginas são um conjunto bisonho de lugares-comuns.

Esta pequena anedota diz muito a respeito de uma certa maneira de pensar que consiste em acreditar que a experiência nunca fornecerá nada capaz de reorientar uma ideia clara. O acesso à experiência acumulada em livros e relatos já forneceria o embate necessário para nos orientarmos no pensamento.

Qualquer coisa que eu, enquanto particularidade, experimente seria parcial, limitado e restrito a um contexto. Por essa razão, seu valor seria muito frágil.

Quase 200 anos depois, outro filósofo, Michel Foucault, resolveu fazer um caminho inverso. "Há muitos acontecimentos do mundo que forçam o pensamento a se reorientar", dirá Foucault. "Devemos ir lá onde tais acontecimentos estão."

E com tal ideia na cabeça, o filósofo francês foi ao Irã acompanhar de perto a revolução que acabou por levar o aiatolá Khomeini ao poder. Vários artigos seus sobre tal processo apareceram no jornal "Corriere dela Sera".

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As análises de Foucault não passaram à posteridade como o melhor exemplo de acuidade. De fato, ele compreendeu posteriormente os riscos nos quais a revolução tinha entrado, mas espera-se de um filósofo que ele consiga apreender os riscos antes deles estarem evidentes a todos.

Se a força da ideia, assim como a crença de que não há nada de novo sob o sol, pode nos cegar, o mesmo vale para o entusiasmo pelo acontecimento.

Entre estes dois polos, encontramos uma peculiar afirmação feita por um terceiro filósofo, Theodor Adorno. Logo após a audição de uma peça de John Cage, "Concerto para Piano", Adorno volta para casa e escreve: "Eu não sei exatamente o que pensar".

Diante de um acontecimento tal como a obra de Cage, Adorno reconhecia que o melhor a fazer era dizer: "Eu não sei o que isto significa, só sei que precisarei de tempo para o pensamento voltar a se orientar". Abdicar deste tempo devido ao medo diante da angústia da indecisão seria o pior de todos os erros.

Este é o erro que cometemos com mais facilidade. Ele é o que mais fere. Às vezes, a indecisão prolongada é o tempo que o pensamento exige para se reconstruir diante dos acontecimentos.

(Wladimir Safatle. "Ideias e acontecimentos". Folha de S. Paulo, opinião, 3/1/2012, p.2)

Flexiona-se de maneira idêntica a lugares-comuns a palavra

a) ave-maria.

b) amor-perfeito.

c) salário-maternidade.

d) alto-falante.

e) bate-boca.

Verbo

Questão 5: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Verbo

Onde o Direito e a Literatura se encontram

“Porque esse é o meu nome! Porque não posso ter outro em minha vida! Porque estaria mentindo e assinando mentiras. Porque não valho a poeira dos pés daqueles que mandou enforcar! Eu já dei a minha alma ao Senhor, deixe-me ficar com meu nome!”. A citação acima foi retirada da obra As Bruxas de Salém, de Arthur Miller, que também foi tema de filme, lançado em 1996. O trecho em questão, porém, também foi utilizado como argumentação em uma decisão judicial a favor da autora que reclamava de atentado à honra.

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A argumentação não só mostra como a Literatura ajuda a fundamentar a realidade, mas como o próprio Direito se utiliza dessa ferramenta para interpretar a sociedade. Essa relação entre Direito e Literatura pode ser analisada de três formas: o Direito na Literatura; o Direito da Literatura, que trata dos direitos do autor ou de uma obra e de temas relacionados, como a liberdade de expressão; e, ainda, a utilização de práticas da crítica literária para compreender e avaliar os direitos, as instituições e procedimentos judiciais, o que seria o Direito como Literatura.

Esta última relação do Direito com a Literatura, como explica Vera Karam, professora da disciplina de Direito e Literatura da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é o estudo de temas jurídicos – e da própria realidade em que estão inseridos – com a ajuda das obras literárias. “A Literatura surge como uma metáfora que o direito usa para tentar articular uma boa solução para aquilo que é chamado a responder”, explica. [...]

“O aplicador do direito é constantemente demandado a dar respostas a conflitos concretos e diversos, e a Literatura justamente abre um espaço de reflexão e de ação mais crítico, porque é mais sensível às especificidades do humano”, aponta Vera.

“A Literatura amplia os horizontes, já que possibilita ao leitor experimentar, de um modo seguro, situações que ele provavelmente jamais viveria. A boa literatura estimula a reflexão e desperta o senso crítico”, complementa Lenio Streck, procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e professor de Pós-Graduação em Direito na Unisinos-RS.

Para Vera, além de trazer novas perspectivas aos operadores do Direito, a Literatura antecipa temas relacionados ao universo jurídico. “A ficção literária tem essa riqueza, essa sutileza, essa sensibilidade que permite que o Direito às vezes fique até mais bem preparado para o enfrentamento de conflitos que seriam inimagináveis fora da ficção”, diz.

A linguagem, que no Direito encontra suas especificidades e na Literatura é registrada de maneira mais diversa e livre, também é apontada pelos especialistas como um ponto-chave da interpretação jurídica por meio das obras. “Olhando a operacionalidade, a realidade não nos toca, as ficções, sim. Com isso, confundimos as ficções da realidade com a realidade das ficções. Ficamos endurecidos. A Literatura pode ser mais do que isso. Faltam grandes narrativas no Direito, e a Literatura pode humanizá-lo”, finaliza Streck.

(Katna Baran, especial para a Gazeta do Povo 21/03/2013.

Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/ justica-direito/onde -o-direito-e-a-literatura-se-encontramb2yn714yocf2hz62cladr6p1q> Acesso em janeiro de 2017. Adaptado.)

O verbo “inserir”, utilizado no trecho “– e da própria realidade em que estão inseridos –”, aparece na lista de verbos classificados como “abundantes”, ou seja, que apresentam duas ou três formas de igual valor e função. As orações a seguir

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apresentam duas possibilidades admitidas pela norma padrão da língua para o particípio do verbo, com EXCEÇÃO de:

a) O trabalho foi desenvolvido/desenvolto pelo melhor profissional da região nesta área.

b) Disse que já havia limpado/limpo todo o pátio exterior, conforme havia sido orientado.

c) Tendo ganhado/ganho a competição, estabeleceu-se como o novo nome do atletismo regional.

d) O processo foi trazido/trago a tempo para a devida apreciação sem que houvesse qualquer prejuízo.

Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Questão 6: FCC - TJ TRF1/TRF 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2011

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Nesta prova, considera-se uso correto da língua portuguesa o que está em conformidade com o padrão culto escrito.

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

De dezembro de 1951 a abril de 1974, a aventura brasileira de Elizabeth Bishop estendeu-se por 22 anos − alguns deles, os anos finais, vividos em Ouro Preto, sobretudo após a morte de Lota de Macedo Soares, sua companheira, em 1967. A cidade não tomou conhecimento da grande escritora americana, cujo centenário de nascimento se comemorou dias atrás. Nós, os então jovens escritores de Minas, também não. Hoje leitor apaixonado de tudo o que ela escreveu, carrego a frustração retroativa de ter cruzado com Elizabeth em Ouro Preto sem me dar conta da grandeza de quem ali estava, na sua Casa Mariana − estupenda edificação por ela batizada em homenagem à poeta Marianne Moore, sua amiga e mestra. Consolam-me as histórias que saltam de seus livros e, em especial, da memória de seus (e meus) amigos Linda e José Alberto Nemer, vinhetas que juntei na tentativa de iluminar ainda mais a personagem retratada por Marta Goes na peça Um Porto para Elizabeth. Algumas delas:

* Ela adorava(a) aquela casa, construída entre 1698, dois anos após a descoberta do ouro na região, e 1711, quando Ouro Preto foi elevada(b) à condição de vila. Comprou-a(c) em 1965 e não teve outra na vida, a não ser o apartamentinho de Boston onde morreria(d) em 1979. Tinha(e), dizia, "o telhado mais lindo da cidade", cuja forma lhe sugeria "uma lagosta deitada de bruços". Bem cuidada, a casa, agora à venda, pertence aos Nemer desde 1982.

* "Gosto de Ouro Preto", explicou Elizabeth ao poeta Robert Lowell, "porque tudo lá foi feito ali mesmo, à mão, com pedra, ferro, cobre e madeira. Tiveram que inventar muita coisa − e tudo está em perfeito estado há quase 300 anos".

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(Humberto Werneck. "Um porto na Montanha". O Estado de S. Paulo. Cidades/Metrópole. Domingo, 13 de fevereiro de 2011, C10)

No segundo parágrafo, a forma verbal que designa um evento posterior à época em que a poeta viveu no Brasil é:

a) adorava.

b) foi elevada.

c) Comprou-a.

d) morreria.

e) Tinha.

Questão 7: FCC - AJ TRF2/TRF 2/Judiciária/"Sem Especialidade"/2012

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Paraty

É do esquecimento que vem o tempo lento de Paraty. A vida vagarosa − quase sempre caminhando pela água −, o saber antigo, os barcos feitos ainda hoje pelas mãos de antepassados, os caminhos de pedra que repelem e desequilibram a pressa: tudo isso vem do esquecimento. Vem do dia em que Paraty foi deixada quieta no século XIX, sem razão de existir.

Até ali, a cidade fervia de agitação. Estava na rota do café, e escoava o ouro no lombo do burro e nas costas do escravo. Um caminho de pedra cortava a floresta para conectar Paraty à sua época e ao centro do mundo.

Mas, em 1855, a cidade inteira se aposentou. Com a estrada de ferro criada por D. Pedro II, Paraty foi lançada para fora das rotas econômicas. Ficou sossegada em seu canto, ao sabor de sua gente e das marés. E pelos próximos 119 anos, Paraty iria formar lentamente, sem se dar conta, seu maior patrimônio.

Até que chegasse outro ciclo econômico, ávido por lugares onde todos os outros não houvessem tocado: o turismo. E assim, em 1974, o asfalto da BR-101 fez as pedras e a cal de Paraty virarem ouro novamente. A cidade volta a conviver com o presente, com outro Brasil, com outros países. É então que a preservação de Paraty, seu principal patrimônio e meio de vida, escapa à mão do destino. Não podemos contar com a sorte, como no passado. Agora, manter o que dá vida a Paraty é razão de muito trabalho. Daqui para frente, preservar é suor.

Para isso existe a Associação Casa Azul, uma organização da sociedade civil de interesse público. Aqui, criamos projetos e atividades que mantenham o tecido urbano e social de Paraty em harmonia. Nesta casa, o tempo pulsa com cuidado, sem apagar as pegadas.

(Texto institucional- Revista Piauí, n. 58, julho 2011)

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O emprego, a grafia e a flexão dos verbos estão corretos em:

a) A revalorização e a nova proeminência de Paraty não prescindiram e não requiseram mais do que o esquecimento e a passagem do tempo.

b) Quando se imaginou que Paraty havia sido para sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge do esquecimento, em 1974.

c) A cada novo ciclo econômico retificava-se a importância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, sobreviram longos anos de esquecimento.

d) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos atropelos do turismo selvagem.

e) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para que obtesse, agora em definitivo, o prestígio de um polo turístico de inegável valor histórico.

Questão 8: FCC - AJ TRF2/TRF 2/Judiciária/Execução de Mandados/2012

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

A natureza humana do monstro

Um antigo provérbio latino adverte: “Cuidado com o homem de um só livro”. Hollywood, no entanto, conhece apenas um tema quando realiza filmes de monstros, desde o arquetípico Frankenstein, de 1931, ao recente mega-sucesso Parque dos dinossauros. A tecnologia humana não deve ir além de uma ordem decretada deliberadamente por Deus ou estabelecida pelas leis da natureza. Não importa quão benignos sejam os propósitos do transgressor, tamanha arrogância cósmica não pode senão levar a tomates assassinos, enormes coelhos com dentes afiados, formigas gigantes nos esgotos de Los Angeles ou mesmo fenomenais bolhas assassinas que vão engolindo cidades inteiras ao crescerem. Esses filmes, no entanto, originaram-se de livros muito mais sutis e, nessa transmutação, distorceram suas fontes de modo a impedir até o mais vago reconhecimento temático.

A tendência começou em 1931, com Frankenstein, o primeiro grande filme “falado” de monstro a sair de Hollywood, que determinou a sua temática através da estratégia mais “despojada” que se poderia conceber. O filme começa com um prólogo (antes mesmo da apresentação dos títulos), durante o qual um homem bem vestido, em pé sobre o palco e com uma cortina atrás de si, adverte os espectadores dos sustos que talvez levem. Em seguida, anuncia a temática mais profunda do filme: a história de “um homem de ciência que buscou criar um homem à sua própria semelhança, sem considerar os desígnios de Deus”.

O Frankenstein original de Shelley é um livro rico, com inúmeros temas, mas encontro nele pouco que confirme a leitura hollywoodiana. O texto não é nem uma diatribe acerca dos perigos da tecnologia, nem uma advertência sobre uma ambição desmesurada contra a ordem natural. Não encontramos nenhuma

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passagem que trate da desobediência a Deus − um assunto inverossímil para Mary Shelley e seus amigos livres-pensadores. Victor Frankenstein é culpado de uma grande deficiência moral, mas o seu crime não consiste em transgredir uma ordem natural ou divina por meio da tecnologia.

O seu monstro era um bom homem, num corpo assustadoramente medonho. Victor fracassou porque cedeu a uma predisposição da natureza humana − o asco visceral pela aparência do monstro − e não cumpriu o dever de qualquer criador ou pai ou mãe: instruir a sua progênie e educar os outros para aceitála.

(Adaptado de Stephen Jay Gould. Dinossauro no palheiro. S. Paulo, Cia. das Letras, 1997, p.79-89)

... mas encontro nele pouco que confirme a leitura hollywoodiana.

O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:

a) A tecnologia humana não deve ir além de uma ordem...

b) Um antigo provérbio latino adverte...

c) ... homem de ciência que buscou criar um homem à sua própria semelhança...

d) ... quão benignos sejam os propósitos do transgressor...

e) ... estratégia mais “despojada” que se poderia conceber.

Questão 9: FCC - TJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Enfermagem/2012

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão baseia-se no texto abaixo.

O Brasil é um país de preguiçosos. A pequena parcela da população com disposição de calçar um par de tênis para se exercitar é formada majoritariamente por homens jovens e com alto poder aquisitivo. O futebol é, disparado, o esporte mais praticado, seguido por corrida e caminhada. Essas são as principais conclusões da maior pesquisa já feita sobre os hábitos esportivos dos brasileiros. Os resultados preocupam. É indiscutível que a prática de esportes, associada a uma alimentação regrada, está diretamente ligada a uma vida mais saudável.

A pesquisa traçou ainda um mapa da prática de esportes no Brasil. Poder aquisitivo e questões culturais explicam as modalidades favoritas de cada região. Porto Alegre e Florianópolis, locais de alto padrão de renda, são as cidades em que a população mais se exercita. Já Recife é a capital do sedentarismo. Pelos mesmos motivos, os brasileiros se mexem mais do que habitantes de países pobres da América Latina, África e Ásia. Mas bem menos do que europeus, japoneses e americanos. O Rio de Janeiro, com suas praias e a tradição de seus times, é a capital do futebol. Brasília, plana e cheia de parques, é onde mais se corre.

A saúde aparece como o principal motivo para a procura por atividades físicas. No ranking da Organização Mundial de Saúde dos principais fatores de risco para as

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causas mais comuns de morte, como infarto e derrame, o sedentarismo figura na quarta posição, atrás apenas de diabetes, tabagismo e hipertensão. "O corpo humano foi feito para se mexer", diz o fisiologista Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo. "Em movimento constante, nosso organismo realiza melhor todas as suas funções. Parado, adoece."

(Otávio Cabral e Giuliana Bergamo. Veja, 28 de setembro de 2011, p. 103-104, com adaptações)

Essas são as principais conclusões da maior pesquisa já feita sobre os hábitos esportivos dos brasileiros.

O verbo que NÃO se encontra flexionado nos mesmos tempo e modo do grifado acima é:

a) ... que a prática de esportes (...) está diretamente ligada a uma vida mais saudável.

b) A pesquisa traçou ainda um mapa da prática de esportes no Brasil.

c) Poder aquisitivo e questões culturais explicam as modalidades favoritas de cada região.

d) A saúde aparece como o principal motivo para a procura por atividades físicas.

e) ... o sedentarismo figura na quarta posição ...

Questão 10: FCC - AJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Taquigrafia/2012

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

(Obs.: "Departamento", palavra encontrada na citação feita no excerto, corresponde a uma divisão administrativa do território francês.)

"Paris e o deserto francês", de título de livro contestando o centralismo do Estado francês, passou a ser parte das expressões correntemente usadas na língua francesa. A tese do autor é que a hipertrofia da capital francesa impedia o desenvolvimento das demais regiões e cidades do território nacional. Herança histórica de diferentes regimes políticos, o centralismo se traduz através da concentração do poder político, administrativo, econômico e cultural na capital francesa, em detrimento da Province1. Podemos situar uma primeira fase do centralismo de Estado, em que a tentativa de centralização (outras já haviam fracassado) foi concretizada, sob o regime de monarquia absolutista de Luís XVI, no século XVII. No entanto, grande passo na centralização do poder político foi dado durante a Revolução Francesa de 1789, em que a corrente dos jacobinos venceu a corrente dos girondinos: o princípio do Reinado "un et indivisible" foi consagrado na constituição de 1791. Este princípio foi aplicado até a mudança para o regime republicano, formando a República "una e indivisível" nas diversas Constituições do Estado francês até hoje. A solidificação institucional e administrativa desse princípio, que garante a abrangência e a eficiência do poder executivo central, foi

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Quinta Fase Juiz Estadual

realizada por Napoleão I, enquanto Primeiro Cônsul (eleito), e na segunda fase da sua permanência no poder, enquanto Imperador. A organização institucional e administrativa do Estado francês é, em grande parte, oriunda desta época.

A Constituição do 22 frimaire na VIII mantém o departamento, mas sua administração é profundamente modificada. A lei do 28 pluviôse na VIII (17 de fevereiro de 1800) institui os préfets2, nomeados e revocados pelo Primeiro Cônsul, em seguida pelo Imperador. Encarregados da administração, os préfets são o órgão executivo único do departamento. Designam os prefeitos e os ajudantes dos municípios de menos de 5000 habitantes e propõem ao Primeiro Cônsul, e em seguida ao Imperador, a nomeação dos outros prefeitos. (...) Constituem a chave-mestra de um Estado centralizado que vê o seu resultado sob o Império.

1 Province é um termo genérico que designa todo o território que não é Paris.

2 A palavra préfet não pode ser traduzida por prefeito, pois não representa o mesmo cargo. Os préfets, mesmo que não tenham mais o poder de nomeação dos prefeitos, ainda existem atualmente, e eram encarregados do poder executivo local até a lei de descentralização de 1982.

(Adaptado de Antoinette Kuijlaars. "A política por detrás da técnica: o processo de recentralização na organização da assistência social na França". In: Estudos de Sociologia no 29: Revista Semestral do Departamento de Sociologia e Programa de Pós-Graduação em Sociologia. UNESP − Araraquara, 2 sem. de 2010, p.491-492)

A frase que acolhe afirmação correta é:

a) (linhas 1 e 2) Em "Paris e o deserto francês", de título de livro contestando o centralismo do Estado francês, passou a ser parte das expressões correntemente usadas na língua francesa, a locução destacada indica início de um processo.

b) (linhas 1 e 2) Em de título de livro contestando o centralismo do Estado francês, passou a ser parte das expressões correntemente usadas na língua francesa, o gerúndio exprime ideia de tempo.

c) (linha 3) O segmento Herança histórica de diferentes regimes políticos constitui caracterização de termo citado na frase imediatamente anterior.

d) (linha 3) Em o centralismo se traduz através da concentração do poder político, a palavra destacada pode ser substituída, sem qualquer outra alteração na frase, por "mediante", sem que haja prejuízo do sentido e da correção originais.

e) (linha 11) O segmento em grande parte equivale a "em demasia".

Questão 11: FCC - AJ TRF5/TRF 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O arroz da raposa

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Julio Cortázar tem um conto que sai de um palíndromo − “Satarsa”. Um menino brinca de desarticular as palavras. No fundo, um escritor é um sujeito que pela vida afora continua a mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta, questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás para diante é uma aventura.

E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário, também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.

Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava arroz à raposa”. Soa estranho isso, não soa?

Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista, mas o que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás para diante. E fica igualzinha. Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar, como decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.

Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E mágica. Sem essa consciência, não há poeta, nem poesia. Como a criança, o poeta tem um olhar novo. Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse o que queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido?

(Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. S.Paulo: Cia. das Letras, 2011. p.296-7)

Ou pretendia.

O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:

a) ... ao que der ...

b) ... virava a palavra pelo avesso ...

c) Não teria graça ...

d) ... um conto que sai de um palíndromo ...

e) ... como decidiu o seu destino de escritor.

Questão 12: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

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Quinta Fase Juiz Estadual

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A guerra dos dez anos começou quando um fazendeiro cubano, Carlos Manuel de Céspedes, e duzentos homens mal armados tomaram a cidade de Santiago e proclamaram a independência do país em relação à metrópole espanhola. Mas a Espanha reagiu. Quatro anos depois, Céspedes foi deposto por um tribunal cubano e, em março de 1874, foi capturado e fuzilado por soldados espanhóis.

Entrementes, ansioso por derrubar medidas espanholas de restrição ao comércio, o governo americano apoiara abertamente os revolucionários e Nova York, Nova Orleans e Key West tinham aberto seus portos a milhares de cubanos em fuga. Em poucos anos Key West transformou-se de uma pequena vila de pescadores numa importante comunidade produtora de charutos. Despontava a nova capital mundial do Havana.

Os trabalhadores que imigraram para os Estados Unidos levaram com eles a instituição do “lector”. Uma ilustração da revista Practical Magazine mostra um desses leitores sentado de pernas cruzadas, óculos e chapéu de abas largas, um livro nas mãos, enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charutos com o que parece ser uma atenção enlevada.

O material dessas leituras em voz alta, decidido de antemão pelos operários (que pagavam o “lector” do próprio salário), ia de histórias e tratados políticos a romances e coleções de poesia. Tinham seus prediletos: O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, por exemplo, tornou-se uma escolha tão popular que um grupo de trabalhadores escreveu ao autor pouco antes da morte dele, em 1870, pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói para um charuto; Dumas consentiu.

Segundo Mário Sanchez, um pintor de Key West, as leituras decorriam em silêncio concentrado e não eram permitidos comentários ou questões antes do final da sessão.

(Adaptado de: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo, Cia das Letras, 1996, p. 134-136)

Tinham seus prediletos ... (4º parágrafo)

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:

a) Dumas consentiu.

b) ... levaram com eles a instituição do “lector”.

c) ... enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charutos...

d) Despontava a nova capital mundial do Havana.

e) ... que cedesse o nome de seu herói...

Questão 13: FCC - AJ TRF1/TRF 1/Apoio Especializado/Arquitetura/2014

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

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Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O LIVRO

Jorge Luis Borges (escritor)

Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.

Dediquei parte de minha vida às letras, e creio que uma forma de felicidade é a leitura. Outra forma de felicidade − menor − é a criação poética, ou o que chamamos de criação, mistura de esquecimento e lembrança do que lemos.

Devemos tanto às letras. Sempre reli mais do que li. Creio que reler é mais importante do que ler, embora para se reler seja necessário já haver lido. Tenho esse culto pelo livro. É possível que eu o diga de um modo que provavelmente pareça patético. E não quero que seja patético; quero que seja uma confidência que faço a cada um de vocês; não a todos, mas a cada um, porque “todos” é uma abstração, enquanto “cada um” é algo verdadeiro.

Continuo imaginando não ser cego; continuo comprando livros; continuo enchendo minha casa de livros. Há poucos dias fui presenteado com uma edição de 1966 da Enciclopédia Brockhaus. Senti sua presença em minha casa − eu a senti como uma espécie de felicidade. Ali estavam os vinte e tantos volumes com uma letra gótica que não posso ler, com mapas e gravuras que não posso ver. E, no entanto, o livro estava ali. Eu sentia como que uma gravitação amistosa partindo do livro. Penso que o livro é uma felicidade de que dispomos, nós, os homens.

(Adaptado de: BORGES, Jorge Luis. Cinco visões

pessoais. 4. ed. Trad. de Maria Rosinda R. da Silva. Brasília: UnB, 2002. p. 13 e 19)

No período É possível que eu o diga de um modo que provavelmente pareça patético, o autor utiliza os verbos dizer e parecer no presente do subjuntivo. Encontram-se estes mesmos tempo e modo verbais em:

a) é a criação poética, ou o que chamamos de criação.

b) mistura de esquecimento e lembrança do que lemos.

c) quero que seja uma confidência.

d) com uma letra gótica que não posso ler.

e) uma felicidade de que dispomos.

Questão 14: FCC - TJ TRF1/TRF 1/Apoio Especializado/Informática/2014

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

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Os governos sempre se preocuparam com o fluxo e o controle da informação, hoje bastante afetada pelas espetaculares mudanças no campo da tecnologia. A imprensa tipográfica de Gutenberg foi importante para a Reforma Protestante e para as guerras que se seguiram na Europa. Mas, atualmente, um segmento muito maior da população tem acesso ao poder que deriva da informação, seja dentro ou entre países.

A atual revolução global tem por alicerce os rápidos avanços tecnológicos que diminuíram enormemente o custo de criar, buscar e transmitir informação. A capacidade de computação duplicou a cada 18 meses nos últimos 20 anos e seu custo é, hoje, um milésimo do que era nos anos 70. Na década de 80, as chamadas telefônicas por fio de cobre transmitiam apenas uma página de informação por segundo; hoje, por meio de cabos de fibra ótica, é possível transmitir 90 mil volumes nesse mesmo tempo. Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava uma sala; atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma camisa. Mais crucial ainda foi a diminuição do custo da transmissão da informação, que reduz as barreiras ao acesso. À medida que essa capacidade de computação se torna mais barata e os computadores encolhem para o tamanho de smartphones e de outros aparelhos portáteis, os efeitos descentralizadores têm sido imensos. O controle da informação está muito mais distribuído hoje do que há poucas décadas.

Como resultado, a política mundial não é mais esfera exclusiva dos governos. Indivíduos e organizações privadas, incluindo o WikiLeaks, empresas multinacionais, ONGs, terroristas ou movimentos sociais espontâneos, têm poder e capacidade para assumir um papel mais direto no cenário global.

Com a difusão da informação, as redes informais estão debilitando o monopólio da burocracia tradicional e todos os governos veem-se menos capazes de controlar suas agendas. Hoje, os líderes políticos têm menos liberdade para responder a uma situação de momento e, dessa maneira, precisam se comunicar não apenas com outros governos, mas também com a sociedade civil.

(Adaptado de: NYE, Joseph. O Estado de S. Paulo, A11, 15 de fevereiro de 2013)

A atual revolução global tem por alicerce os rápidos avanços tecnológicos ... (2º parágrafo)

Hoje, os líderes políticos têm menos liberdade ... (3º parágrafo)

Os verbos sublinhados acima estão flexionados nos mesmos tempos e pessoas dos que se encontram em:

a) diminui − diminuíram

b) cabe − cabiam

c) preocupou − preocuparam

d) reduz − reduzem

e) transmitia − transmitiam

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Questão 15: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Judiciária/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Um povo entre duas tiranias

Pelo alto, a população do leste de Alepo, na Síria, foi castigada por bombas de barril lançadas por helicópteros e aviões do regime de Bashar Assad e por caças russos. Ao explodirem, esses artefatos espalham rolamentos, pregos e pedaços de metal ao redor, destruindo prédios e perfurando pessoas. Na noite de 17 de agosto, o menino Omran Daqneesh, de 4 anos, estava dormindo com os irmãos de 1, 6 e 10 anos quando uma bomba caiu sobre sua casa. As imagens do vídeo que mostram Omran coberto de poeira e sangue dentro de uma ambulância chocaram o mundo pelo contraste entre inocência e brutalidade. Seu irmão mais velho morreu no hospital.

Em terra, os moradores eram acossados pelos grupos extremistas ligados à Al Qaeda, que criaram tribunais para aplicar a lei islâmica. As mulheres foram obrigadas a usar o véu. Quem reclamava do fechamento das rádios ou das escolas ou tentava fugir era preso, torturado e até assassinado.

Com a coalizão liderada pelos EUA bombardeando os terroristas do Estado Islâmico em outras cidades, a Rússia e o Irã ficaram livres para ajudar Assad a retomar territórios ocupados por outros grupos armados, o que deixou a guerra ainda mais sangrenta. Duzentos mil sírios somaram-se aos 4,5 milhões que já haviam deixado o país nos anos anteriores. O fluxo de refugiados para a Europa caiu de 1 milhão em 2015 para 300.000 neste ano, em parte devido às barreiras físicas erguidas nas fronteiras e às restrições para aceitação de asilo. O drama da maioria dos sírios que fogem da tirania de Assad e dos rebeldes acabou represado nos campos lamacentos da Turquia.

(Veja, 28 de dezembro de 2016.)

Em “Duzentos mil sírios somaram-se aos 4,5 milhões que já haviam deixado o país nos anos anteriores.” na expressão destacada o verbo haver possuicaracterísticas equivalentes quanto a sua aplicação e formação também vistas na forma destacada em:

a) De súbito foram rodeados por todas aquelas pessoas.

b) Tratava-se de dois oradores conceituados da instituição.

c) Deve haver alguns neste lugar que querem expressar suas opiniões.

d) Soube que aqueles homens tinham viajado tanto quanto “Phileas Fogg”.

Correlação verbal

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Quinta Fase Juiz Estadual

Questão 16: FCC - TJ TRF1/TRF 1/Administrativa/Segurança e Transporte/2011

Assunto: Correlação verbal

Embora elas ...... que o acordo ...... só delas, ...... inábeis na argumentação.

Para que a frase acima seja clara e correta, os espaços devem ser preenchidos pelas seguintes formas verbais:

a) saibam; dependa; teriam sido.

b) sabem; dependeu; haviam sido.

c) soubessem; dependeria; foram.

d) saibam; depende; sejam.

e) sabiam; dependia; seriam.

Questão 17: FCC - AJ TRF2/TRF 2/Judiciária/"Sem Especialidade"/2012

Assunto: Correlação verbal

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Divagação sobre as ilhas

Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bom viver: uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.

E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos − tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe, com diferentes pressões, nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme e longa. Resta ainda o argumento da felicidade − “aqui eu não sou feliz”, declara o poeta, para enaltecer, pelo contraste, a sua Pasárgada, mas será que se procura realmente nas ilhas a ocasião de ser feliz, ou um modo de sê-lo? E só se alcançaria tal mercê, de índole extremamente subjetiva, no regaço de uma ilha, e não igualmente em terra comum?

Quando penso em comprar uma ilha, nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, nem todas juntas constituem a razão do meu desejo. A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa e indiscriminada nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma caceteação. Como se devesse o homem consumir-se numa fogueira perene, sem carinho para com as partes cândidas ou pueris dele mesmo. Chega-se a um ponto em que convém fugir menos da malignidade dos homens do que da sua bondade incandescente. Por bondade abstrata nos tornamos atrozes. E o pensamento de salvar o mundo é dos que acarretam as mais copiosas e inúteis carnificinas.

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Quinta Fase Juiz Estadual

A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda parte se busca destruir. Amemos a ilha.

(Adaptado de Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha)

Quando penso em comprar uma ilha, nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, nem todas juntas constituem a razão do meu desejo.

Estará adequada a nova correlação entre os tempos e os modos verbais caso se substituam os elementos sublinhados da frase acima, na ordem dada, por:

a) Se eu vier a pensar − seduziria − constituíam

b) Quando eu ficava pensando − seduzira − constituiriam

c) Se eu vier a pensar − terá seduzido − viriam a constituir

d) Quando eu pensava − houvesse de seduzir − tinham constituído

e) Se eu viesse a pensar − seduziria − constituiriam

Questão 18: FCC - TJ TRF3/TRF 3/Apoio Especializado/Edificações/2016

Assunto: Correlação verbal

Cidades inteligentes, até demais

O conceito de “cidade inteligente” se popularizou como estratégia de solução e gerenciamento de problemas urbanos. Diz respeito à confluência de informação que circula em grandes cidades e ao uso da tecnologia para automatizar a gestão de setores urbanos, desde bases de dados de saúde e educação públicas, por exemplo, até os dados pessoais que circulam em redes sociais e aplicativos móveis. O advogado Cristiano Therrien, pesquisador em Direito da Tecnologia na Universidade de Montreal, no Canadá, conversou com o Observatório da Privacidade e Vigilância sobre o tema.

Observatório da Privacidade e Vigilância: O que é uma cidade inteligente?

Cristiano Therrien: Cidades inteligentes, cidades conectadas, cibercidades, cidades responsivas, são muitas as nomenclaturas usadas para destacar a dimensão informativa da cidade. Quando usamos essa terminologia, falamos da cidade enquanto um espaço de fluxos. A maioria das tecnologias necessárias para as cidades inteligentes já são viáveis economicamente em todo o mundo − fácil acessibilidade da computação em nuvem, dispositivos baratos de internet, sistemas de TI cada vez mais flexíveis. As duas cidades mais destacadas nos estudos de cidades inteligentes são Londres e Barcelona. Há experiências importantes em cidades brasileiras também.

OPV: A ideia de cidade inteligente sempre aparece relacionada à abertura de bases de dados por parte dos órgãos públicos. Você pode falar sobre isso?

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Quinta Fase Juiz Estadual

CT: Encontramos muitas experiências diferentes em andamento nas cidades: uma parte prioriza a transparência como meio de prestação de contas e responsabilidade política frente à sociedade civil, como a ideia de governo aberto; outra parte prioriza a participação popular através da interatividade, bem como a cooperação técnica para o reuso de dados abertos por entidades e empresas.

Mas, se pensarmos na alternativa de projetos de cidades inteligentes que não envolvam políticas públicas de dados abertos, que não prestem conta detalhada de suas atividades, ao mesmo tempo em que disponham dos sofisticados sistemas para o gerenciamento de dados de cidadãos em larga escala, encontraremos condições para o surgimento de um estado de vigilância e controle, pondo em risco as liberdades individuais.

Em nome da eficiência administrativa, podem-se armazenar, por exemplo, enormes massas de dados de mobilidade urbana (placas e identificação por radiofrequência em veículos, passes e GPS em ônibus), cujos bancos de dados podem ou não intencionalmente identificar seus usuários. Dados de mobilidade são de grande utilidade pública e podem ser “anonimizados” (ter os seus identificadores pessoais eliminados) e abertos. Contudo, existem estudos que apontam que bastariam meros quatro pontos de dados para identificar os movimentos de uma pessoa na cidade.

(Adaptado de: “Observatório da Privacidade e Vigilância”. Disponível em: www.cartacapital.com.br/sociedade/cidades-inteligentes-atedemais. Acesso em: 18.01.2016.)

Mas, se pensarmos na alternativa de projetos de cidades inteligentes que não envolvam políticas públicas de dados abertos, que não prestem conta detalhada de suas atividades, ao mesmo tempo em que disponham dos sofisticados sistemas para o gerenciamento de dados de cidadãos em larga escala, encontraremos condições para o surgimento de um estado de vigilância e controle...

Preservando-se a correlação entre as formas verbais, os elementos destacados podem ser substituídos, respectivamente, por:

a) pensaremos − envolviam − prestavam − disponham − encontremos

b) pensamos − envolvem − prestam − dispunham − encontrávamos

c) pensemos − envolveriam − prestariam − disporiam − encontrássemos

d) pensássemos − envolvessem − prestassem − dispusessem − encontraríamos

e) pensávamos − envolveram − prestaram − disporam − encontramos

Pronomes

Questão 19: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Administrativa/2016

Assunto: Pronomes

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Quinta Fase Juiz Estadual

O museu é considerado um instrumento de neutralização – e talvez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reunidos trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos políticos e religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias militares e conquistas: a maior parte presta homenagem às potências dominantes, suas financiadoras. As obras modernas são, mais genericamente, animadas pelo espírito crítico: elas protestam contra os fatos da realidade, os poderes, o estado das coisas. O museu reúne todas essas manifestações de sentido oposto. Expõe tudo junto em nome de um valor que se presume partilhado por elas: a qualidade artística. Suas diferenças funcionais, suas divergências políticas são apagadas. A violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida. O museu parece assim desempenhar um papel de pacificação social. A guerra das imagens extingue-se na pacificação dos museus.

Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de terem sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos de vista concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu é por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o segundo, e pela mesma razão, é um "depósito de despojos". Por um lado, o museu facilita o acesso das obras a um status estético que as exalta. Por outro, as reduz a um destino igualmente estético, mas, desta vez, concebido como um estado letárgico.

A colocação em museu foi descrita e denunciada frequentemente como uma desvitalização do simbólico, e a musealização progressiva dos objetos de uso como outros tantos escândalos sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a razão do "escândalo". Para que haja escândalo, é necessário que tenha havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao museu, seria interessante desvendar que valor foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A singularidade absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica? A integridade do Contexto original? Estranha inversão de perspectiva. Porque, simultaneamente, a crítica mais comum contra o museu apresenta-o como sendo, ele próprio, um órgão de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua origem, é realmente "o lugar simbólico onde o trabalho de abstração assume seu caráter mais violento e mais ultrajante". Porém, esse trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam em toda parte. É a ação do tempo, conjugada com nossa ilusão da presença mantida e da arte conservada.

(Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo, Fap.-Unifesp, 2012, p. 68-71)

... suas financiadoras

Suas diferenças funcionais...

... seu caráter mais violento...

Os pronomes dos trechos acima referem-se, respectivamente, a:

a) vitórias militares − manifestações − museu

b) vitórias militares − obras modernas − museu

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Quinta Fase Juiz Estadual

c) potências dominantes − obras modernas − trabalho de abstração

d) potências dominantes − manifestações − trabalho de abstração

e) potências dominantes − obras modernas − museu

Questão 20: CESPE - TJ TRF1/TRF 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Pronomes

Texto CB2A2AAA

O pensamento do filósofo grego Sócrates, no século V a. C., marcou uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo com base na observação das forças da natureza. A partir de Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo.

A preocupação do filósofo era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Para o filósofo grego, o papel do educador é, portanto, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga, por si próprio, iluminar sua inteligência e sua consciência.

Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que ele contesta os argumentos dos alunos. Para esse pensador, só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão, condição imprescindível para o aperfeiçoamento do ser humano.

Sócrates. In: Coleção Grandes Pensadores.

Revista Nova Escola. Ed. 179, jan.–fev./2005. Internet: <https://novaescola.org.br> (com adaptações).

A respeito das propriedades linguísticas do texto CB2A2AAA, julgue o item subsequente.

O pronome na forma verbal “voltou-se” denota reciprocidade, aspecto enfatizado pela expressão “para si mesmo” .

Certo

Errado

Conjunção

Questão 21: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Conjunção

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Quinta Fase Juiz Estadual

Atenção: Para responder à questão de número, considere o trecho abaixo.

Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado de leitores.

Embora alguns desses senhores afortunados ocasionalmente emprestassem seus livros, eles o faziam para um número limitado de pessoas da própria classe ou família.

(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.)

Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabelecidas no texto, substituindo-se Embora (2o parágrafo) por

a) Contudo.

b) Desde que.

c) Porquanto.

d) Uma vez que.

e) Conquanto.

Questão 22: FCC - TJ TRF3/TRF 3/Administrativa/Segurança e Transporte/2014

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão de número, considere o texto abaixo.

O barulho é um som de valor negativo, uma agressão ao silêncio ou simplesmente à tranquilidade necessária à vida em comum. Causa um incômodo àquele que o percebe como um entrave a seu sentimento de liberdade e se sente agredido por manifestações que não controla e lhe são impostas, impedindoo de repousar e desfrutar sossegadamente de seu espaço. Traduz uma interferência dolorosa entre o mundo e o eu, uma distorção da comunicação em razão da qual as significações se perdem e são substituídas por uma informação parasita que provoca desagrado ou aborrecimento.

O sentimento do barulho surge quando as sonoridades do ambiente perdem sua dimensão de sentido e se impõem como uma agressão irritante, da qual não há como se defender. Mas esse sentimento põe em relevo um contexto social e a interpretação que o indivíduo faz do ambiente sonoro em que se encontra. Às vezes o mesmo som é inversamente percebido por outra pessoa como um invólucro que lhe é indiferente. No limite, o barulho constante das ruas acaba sendo abafado, ao passo que os excessos sonoros dos vizinhos são percebidos como indesejáveis e como violações da intimidade pessoal. Os barulhos produzidos por nós mesmos não são percebidos como incômodo: eles têm um sentido. Quem faz barulho são sempre os outros.

O sentimento do barulho se difundiu, sobretudo, com o nascimento da sociedade industrial − e a modernidade o intensificou de maneira desmesurada. O

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desenvolvimento técnico caminhou de mãos dadas com a penetração ampliada do barulho na vida cotidiana e com uma crescente impotência para controlar os excessos. À profusão de barulhos produzidos pela cidade, à circulação incessante dos automóveis, nossas sociedades acrescentam novas fontes sonoras com os televisores ligados e a música ambiente que toca no interior das lojas, dos cafés, dos restaurantes, dos aeroportos, como se fosse preciso afogar permanentemente o silêncio. Nesses lugares troca-se a palavra por um universo de sons que ninguém escuta, que enervam às vezes, mas que teriam o benefício de emitir uma mensagem tranquilizante. Antídoto ao medo difuso de não se ter o que dizer, infusão acústica de segurança cuja súbita ruptura provoca um desconforto redobrado, a música ambiente tornou-se uma arma eficaz contra certa fobia do silêncio. Esse persistente universo sonoro isola as conversas particulares ou encobre os devaneios, confinando cada um em seu espaço próprio, equivalente fônico dos biombos que encerram os encontros em si mesmos, criando uma intimidade pela interferência sonora assim forjada em torno da pessoa.

Nossas cidades são particularmente vulneráveis às agressões sonoras; o barulho se propaga e atravessa grandes distâncias. As operações de liquidação do silêncio existem em abundância e sitiam os lugares ainda preservados, incultos, abandonados à pura gratuidade da meditação e do silêncio. A modernidade assinala uma tentativa difusa de saturação do espaço e do tempo por uma emissão sonora sem fim. Pois, aos olhos de uma lógica produtiva e comercial, o silêncio não serve para nada, ocupa um tempo e um espaço que poderiam se beneficiar de um uso mais rentável.

(LE BRETON, David. O Estado de S. Paulo, Aliás, 2 de junho de 2013, com adaptações)

Traduz uma interferência dolorosa entre o mundo e o eu, uma distorção da comunicação em razão da qual as significações se perdem... (1º parágrafo)

A expressão que substitui corretamente o segmento grifado, sem alteração do sentido original, deverá ser:

a) mediante o que

b) em vista disso

c) a fim de que

d) por cujo motivo

e) durante o que

Questão 23: FCC - AJ TRF1/TRF 1/Apoio Especializado/Arquitetura/2014

Assunto: Conjunção

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O LIVRO

Jorge Luis Borges (escritor)

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Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.

Dediquei parte de minha vida às letras, e creio que uma forma de felicidade é a leitura. Outra forma de felicidade − menor − é a criação poética, ou o que chamamos de criação, mistura de esquecimento e lembrança do que lemos.

Devemos tanto às letras. Sempre reli mais do que li. Creio que reler é mais importante do que ler, embora para se reler seja necessário já haver lido. Tenho esse culto pelo livro. É possível que eu o diga de um modo que provavelmente pareça patético. E não quero que seja patético; quero que seja uma confidência que faço a cada um de vocês; não a todos, mas a cada um, porque “todos” é uma abstração, enquanto “cada um” é algo verdadeiro.

Continuo imaginando não ser cego; continuo comprando livros; continuo enchendo minha casa de livros. Há poucos dias fui presenteado com uma edição de 1966 da Enciclopédia Brockhaus. Senti sua presença em minha casa − eu a senti como uma espécie de felicidade. Ali estavam os vinte e tantos volumes com uma letra gótica que não posso ler, com mapas e gravuras que não posso ver. E, no entanto, o livro estava ali. Eu sentia como que uma gravitação amistosa partindo do livro. Penso que o livro é uma felicidade de que dispomos, nós, os homens.

(Adaptado de: BORGES, Jorge Luis. Cinco visões

pessoais. 4. ed. Trad. de Maria Rosinda R. da Silva. Brasília: UnB, 2002. p. 13 e 19)

Nos trechos O livro, porém, é outra coisa (do primeiro parágrafo) e reler é mais importante do que ler, embora para se reler seja necessário já haver lido (do terceiro), as conjunções, no contexto dos parágrafos, estabelecem, respectivamente, relação de

a) causa e condição.

b) consequência e finalidade.

c) adição e temporalidade.

d) oposição e concessão.

e) proporção e contraste.

Questão 24: FCC - TJ TRF1/TRF 1/Apoio Especializado/Informática/2014

Assunto: Conjunção

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Os governos sempre se preocuparam com o fluxo e o controle da informação, hoje bastante afetada pelas espetaculares mudanças no campo da tecnologia. A imprensa tipográfica de Gutenberg foi importante para a Reforma Protestante e

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para as guerras que se seguiram na Europa. Mas, atualmente, um segmento muito maior da população tem acesso ao poder que deriva da informação, seja dentro ou entre países.

A atual revolução global tem por alicerce os rápidos avanços tecnológicos que diminuíram enormemente o custo de criar, buscar e transmitir informação. A capacidade de computação duplicou a cada 18 meses nos últimos 20 anos e seu custo é, hoje, um milésimo do que era nos anos 70. Na década de 80, as chamadas telefônicas por fio de cobre transmitiam apenas uma página de informação por segundo; hoje, por meio de cabos de fibra ótica, é possível transmitir 90 mil volumes nesse mesmo tempo. Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava uma sala; atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma camisa. Mais crucial ainda foi a diminuição do custo da transmissão da informação, que reduz as barreiras ao acesso. À medida que essa capacidade de computação se torna mais barata e os computadores encolhem para o tamanho de smartphones e de outros aparelhos portáteis, os efeitos descentralizadores têm sido imensos. O controle da informação está muito mais distribuído hoje do que há poucas décadas.

Como resultado, a política mundial não é mais esfera exclusiva dos governos. Indivíduos e organizações privadas, incluindo o WikiLeaks, empresas multinacionais, ONGs, terroristas ou movimentos sociais espontâneos, têm poder e capacidade para assumir um papel mais direto no cenário global.

Com a difusão da informação, as redes informais estão debilitando o monopólio da burocracia tradicional e todos os governos veem-se menos capazes de controlar suas agendas. Hoje, os líderes políticos têm menos liberdade para responder a uma situação de momento e, dessa maneira, precisam se comunicar não apenas com outros governos, mas também com a sociedade civil.

(Adaptado de: NYE, Joseph. O Estado de S. Paulo, A11, 15 de fevereiro de 2013)

À medida que essa capacidade de computação se torna mais barata e os computadores encolhem para o tamanho de smartphones e de outros aparelhos portáteis, os efeitos descentralizadores têm sido imensos.

Identifica-se, entre as orações que compõem o segmento acima, relação sintática de

a) temporalidade.

b) proporcionalidade.

c) finalidade.

d) especificidade.

e) causalidade.

Questão 25: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Administrativa/2016

Assunto: Conjunção

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O museu é considerado um instrumento de neutralização – e talvez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reunidos trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos políticos e religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias militares e conquistas: a maior parte presta homenagem às potências dominantes, suas financiadoras. As obras modernas são, mais genericamente, animadas pelo espírito crítico: elas protestam contra os fatos da realidade, os poderes, o estado das coisas. O museu reúne todas essas manifestações de sentido oposto. Expõe tudo junto em nome de um valor que se presume partilhado por elas: a qualidade artística. Suas diferenças funcionais, suas divergências políticas são apagadas. A violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida. O museu parece assim desempenhar um papel de pacificação social. A guerra das imagens extingue-se na pacificação dos museus.

Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de terem sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos de vista concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu é por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o segundo, e pela mesma razão, é um "depósito de despojos". Por um lado, o museu facilita o acesso das obras a um status estético que as exalta. Por outro, as reduz a um destino igualmente estético, mas, desta vez, concebido como um estado letárgico.

A colocação em museu foi descrita e denunciada frequentemente como uma desvitalização do simbólico, e a musealização progressiva dos objetos de uso como outros tantos escândalos sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a razão do "escândalo". Para que haja escândalo, é necessário que tenha havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao museu, seria interessante desvendar que valor foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A singularidade absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica? A integridade do Contexto original? Estranha inversão de perspectiva. Porque, simultaneamente, a crítica mais comum contra o museu apresenta-o como sendo, ele próprio, um órgão de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua origem, é realmente "o lugar simbólico onde o trabalho de abstração assume seu caráter mais violento e mais ultrajante". Porém, esse trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam em toda parte. É a ação do tempo, conjugada com nossa ilusão da presença mantida e da arte conservada.

(Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo, Fap.-Unifesp, 2012, p. 68-71)

A violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida. O museu parece assim desempenhar um papel de pacificação social.

Mantendo-se, em linhas gerais, o sentido original, caso a segunda frase seja subordinada à primeira, o período resultante será:

a) Como a violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida, o museu parece desempenhar um papel de pacificação social.

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b) A violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida, de maneira que o museu parece desempenhar um papel de pacificação social.

c) A violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida; portanto, o museu parece desempenhar um papel de pacificação social.

d) O museu parece desempenhar um papel de pacificação social, uma vez que a violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida.

e) Conquanto o museu pareça desempenhar um papel de pacificação social, a violência de que participavam, ou que combatiam, é esquecida.

Questão 26: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Apoio Especializado/Biblioteconomia/2016

Assunto: Conjunção

Os Beatles eram um mecanismo de criação. A força propulsora desse mecanismo era a interação dialética de John Lennon e Paul McCartney. Dialética é diálogo, embate, discussão. Mas também jogo permanente. Adição e contradição. Movimento e síntese. Dois compositores igualmente geniais, mas com inclinações distintas. Dois líderes cheios de ideias e talento. Um levando o outro a permanentemente se superar.

As narrativas mais comuns da trajetória dos Beatles levam a crer que a parceria Lennon e McCartney aconteceu apenas na fase inicial do conjunto. Trata-se de um engano. Mesmo quando escreviam separados, John e Paul o faziam um para o outro. Pensavam, sentiam e criavam obcecados com a presença (ou ausência) do parceiro e rival.

Lennon era um purista musical, apegado a suas raízes. Quem embarcou na vanguarda musical dos anos 60 foi Paul McCartney, um perfeccionista dado a experimentos e delírios orquestrais. Em contrapartida, sem o olhar crítico de Lennon, sem sua verve, os mais conhecidos padrões de McCartney teriam sofrido perdas poéticas. Lennon sabia reprimir o banal e fomentar o sublime.

Como a dialética é uma via de mão dupla, também o lado suave de Lennon se nutria da presença benfazeja de Paul. Gemas preciosas como Julia têm as impressões digitais do parceiro, embora escritas na mais monástica solidão.

Nietzsche atribui caráter dionisíaco aos impulsos rebeldes, subjetivos, irracionais; forças do transe, que questionam e subvertem a ordem vigente. Em contrapartida, designa como apolíneas as tendências ordenadoras, objetivas, racionais, solares; forças do sonho e da profecia, que promovem e aprimoram o ordenamento do mundo. Ao se unirem, tais forças teriam criado, a seu ver, a mais nobre forma de arte que jamais existiu.

Como criadores, tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John Lennon expressavam à perfeição a dualidade proposta por Nietzsche. Lennon punha o mundo abaixo; McCartney construía novos monumentos. Lennon abria mentes; McCartney aquecia corações. Lennon trazia vigor e energia; McCartney impunha senso estético e coesão.

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Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. John e Paul se tornaram compositores com altos e baixos. Fizeram coisas boas. Mas raramente se aproximaram da perfeição alcançada pelo quarteto. Sem a presença instigante de Lennon, Paul começou a patinar em letras anódinas. Não se tornou um compositor ruim. Mas os Beatles faziam melhor.

Ironicamente, o grande disco dos ex-Beatles acabou sendo o álbum triplo em que George Harrison deglutiu os antigos companheiros de banda, abrindo as comportas de sua produção represada durante uma década à sombra de John e Paul. E foi assim, por estranhos caminhos antropofágicos, que a dialética de Lennon e McCartney brilhou pela última vez.

(Adaptado de: DANTAS, Marcelo O. Revista Piauí. Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/beatles. Acesso em: 20/02/16)

Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. (7o parágrafo)

Considerado o contexto, a oração subordinada da frase acima estabelece noção de

a) conformidade.

b) tempo.

c) comparação.

d) proporcionalidade.

e) consequência.

Questão 27: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Arquivologia/2017

Assunto: Conjunção

Medo e preconceito

O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural, psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.

Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele existe, sim).

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Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que ignorância, um odioso preconceito.

De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.

No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.

“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.

Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama. Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.

(LUFT, Lya. 10 de setembro, 2014 – Revista Veja.)

“Precisávamos atacar antes que ele nos destruísse.” A expressão “antes que” estabelece, entre as orações, uma relação de

a) tempo.

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Quinta Fase Juiz Estadual

b) condição.

c) finalidade.

d) concessão.

Questão 28: CONSULPLAN - TJ TRF2/TRF 2/Administrativa/Segurança e Transporte/2017

Assunto: Conjunção

Mentes livres

Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.

Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso. Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.

Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.

As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na autoimagem – os desafios são idênticos.

Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com estruturas que conduzem à aflição e à doença.

Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências

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como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e destemor.

(SAMTEN, Padma – Revista “Vida simples” – agosto 2014 – Ed. Abril.)

À frente das frases citadas a seguir, está indicado o tipo de circunstância que elas expressam no texto. A indicação está correta em

a) “... para se tornar um ciclista;...” – (finalidade)

b) “… que nem mesmo motorista ele é.”– (causa)

c) “… se as estradas ficarem bloqueadas...” – (concessão)

d) “... como se fossem as únicas opções,...” – (conformidade)

Questão 29: CONSULPLAN - TJ TRF2/TRF 2/Administrativa/Segurança e Transporte/2017

Assunto: Conjunção

Mentes livres

Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.

Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso. Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.

Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.

As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na autoimagem – os desafios são idênticos.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com estruturas que conduzem à aflição e à doença.

Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e destemor.

(SAMTEN, Padma – Revista “Vida simples” – agosto 2014 – Ed. Abril.)

Em “O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre,...”, a correção semântica é preservada substituindo-se o termo destacado por

a) pois.

b) por isso.

c) contudo.

d) portanto.

Questão 30: CONSULPLAN - TJ TRF2/TRF 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Conjunção

Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço

A sociedade passou por profundas transformações em que a realidade socioeconômica modificou-se com rapidez junto ao desenvolvimento incessante das economias de massas. Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as possíveis consequências que tal desenvolvimento pudesse causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio ambiente e a própria ameaça à vida humana.

Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é questionada, sendo centro de tomada de decisões, diante da grave problemática que ameaça romper com o equilíbrio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais meios de comunicação, tais como jornais impressos, rádio, televisão, revistas, dentre outros, como também nos espaços virtuais de interatividade, por meio das novas mídias, as quais representam novos meios de comunicação, tem-se o debate sobre a problemática ambiental.

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O capitalismo foi reestruturado e a partir das transformações científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo estabelecimento social, em que por meio de redes e da cultura da virtualidade, configura-se a chamada sociedade informacional, na qual a comunicação e a informação constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.

As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão sendo consideradas como novos instrumentos de proteção do meio ambiente, na medida em que proporcionam a expansão da informação ambiental, de práticas sustentáveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do meio ambiente.

No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é possível promover debates de inúmeras questões como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo Código Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]

Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima pessoas e distâncias, sendo utilizada por um número ilimitado de pessoas, a custo razoável e em tempo real. De fato, a Internet proporciona benefícios, pois, além de promover a circulação de informações, a curto espaço de tempo, muitos debates virtuais produzem manifestações sociais. Assim sendo, tem-se a democratização das informações através dos espaços virtuais, como blogs, websites, redes sociais, jornais virtuais, sites especializados, sites oficiais, dentre outros, de modo a expandir conhecimentos, promover discussões e, por vezes, influenciando nas tomadas de decisões dos governantes e na proliferação de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos acabam participando e exercendo a cidadania de forma democrática no ciberespaço. [...]

Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo padrão de democracia participativa fomentado pelas novas mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos ambientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, são necessárias discussões aprofundadas sobre a complexidade ambiental, agregando a interdisciplinaridade para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja inúmeros desafios a percorrer com a utilização das tecnologias de comunicação e informação (novas TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão da informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contribuindo, dessa forma, para a proteção do meio ambiente.

(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. Disponível em: http://ambito - juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051& revista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)

No desenvolvimento textual, é notório que o emprego de conectivos e operadores argumentativos contribui para a eficácia da argumentação, deste modo, a sua ampla compreensão se faz necessária. Nesta perspectiva, em “[...]entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão da

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informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, [...]” pode-se afirmar acerca do termo destacado que

a) articula, em um enunciado, tese e argumento estabelecendo uma ligação semântica em que há uma relação de explicação.

b) relaciona o argumento que o antecede ao que o sucede, tornando-os equivalentes quanto à ênfase que lhes é atribuída.

c) orienta para uma conclusão implícita em relação à informação antecedente de modo que sua função é finalizar o ponto de vista exposto.

d) indica uma pressuposição em relação ao assunto antes de sua enunciação, evidenciando sua importância no desenvolvimento da argumentação.

Questão 31: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Conjunção

* Final do romance “Vidas Secas” que narra a família de Fabiano, mais uma vez, se retirando para algum outro

lugar, em virtude da seca:

Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se. Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira.

Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de Sinhá Vitória encantavam-no.

Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer?

Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitoria e os dois meninos.

(Vidas Secas, Graciliano Ramos.)

“O romance ‘Vidas Secas’ publicado em 1938 retrata a história de Fabiano, Sinhá Vitória e seus filhos, que, acompanhados da cachorra Baleia, mudam de região de

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tempos em tempos para fugir da seca. Os problemas sociais, a fome, a miséria e a desigualdade entre segmentos da sociedade são explorados no romance que mostra a realidade brasileira, como a injustiça social. Do ponto de vista jurídico, a obra traz uma reflexão sobre a desigualdade de direitos entre os diversos segmentos da sociedade, além de mostrar como a privação da palavra por parte dos personagens se contrapõe ao excesso das autoridades e da lei.”

(Katna Baran, especial para a Gazeta do Povo 21/03/2013.

Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/ justica-direito/onde -o-direito-e-a-literatura-se-encontram-b2yn714yocf2hz62cladr6p1q. Acesso em: janeiro de 2017 – Fragmento.)

Considerando os aspectos semânticos das orações coordenadas, a conjunção empregada em “Fabiano estava contente e acreditava nessa terra” possibilita a expressão, no contexto apresentado, de

a) ligação de orações que representam fatos coexistentes.

b) realce às alternativas do enunciado propiciando equivalência entre elas.

c) fatos sequenciados de forma cronológica numa relação de causa e efeito.

d) produção de efeito adicional diante da expressão de desejo da primeira oração.

Questão 32: CESPE - AJ TRF1/TRF 1/Administrativa/2017

Assunto: Conjunção

Texto CB1A1AAA

Além de ter incorporado, no desempenho de seus cargos, conceitos como os da transparência e da impessoalidade, décadas antes de eles serem consolidados na Constituição Federal de 1988, o renomado escritor Graciliano Ramos foi um gestor em busca da eficiência e que agia com extremo zelo com os recursos públicos.

Não se trata apenas do seu combate ao patrimonialismo e ao nepotismo, mas também do que se designa, hoje, de foco no resultado com responsabilidade fiscal. Um exemplo disso é o fato de que, como prefeito de Palmeira dos Índios, município do agreste alagoano, de 1928 a 1930, ele construiu estradas gastando menos da metade do que se costumava gastar por quilômetro construído pela administração do estado.

O autor foi, também, um gestor público visionário que investia em planejamento urbano, fiscalizava obras pessoalmente e priorizava medidas preventivas para evitar desastres naturais, como enchentes.

Internet: <www.agendaa.com.br> (com adaptações).

No que se refere aos aspectos linguísticos e aos mecanismos de construção da argumentação do texto CB1A1AAA, julgue o item.

A oração introduzida pela expressão “mas também” introduz uma ideia que complementa e reforça a ideia contida na oração imediatamente anterior a ela.

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Certo

Errado

Questão 33: CESPE - AJ TRF1/TRF 1/Administrativa/2017

Assunto: Conjunção

Texto CB1A2AAA

No direito brasileiro convencional, a relação entre a espécie humana e as demais espécies animais limita-se à tutela dos animais pelo poder público em função da sua utilidade enquanto fauna brasileira intrínseca ao meio ambiente equilibrado. Alguns doutrinadores brasileiros inovadores defendem a existência de um direito animal, ou seja, de direitos garantidos aos animais não humanos como sujeitos.

A Constituição de 1988 contém uma norma que protege os animais, independentemente de sua origem ou classificação. Porém, a proteção que lhes é garantida baseia-se em um argumento puramente utilitarista: os animais são protegidos com a finalidade de garantir um hábitat saudável às atuais e futuras gerações humanas.

Desprovidos de valor próprio e de relevância jurídica no direito penal, os animais são tema de direito civil. Ainda são estudados na atualidade brasileira, sob a influência do direito romano, como simples coisas semoventes, como se desprovidos fossem da capacidade de sentir dor ou apego. Em jurisprudência majoritária, são apenas objetos que possuem a capacidade de se mover e que podem proporcionar lucros aos seus proprietários.

Nathalie Santos Caldeira Gomes. Ética e dignidade animal. Internet: <www.publicadireito.com.br> (com adaptações).

Acerca dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB1A2AAA, julgue o item a seguir.

A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso a conjunção “Porém” fosse substituída por Mas.

Certo

Errado

Questão 34: CESPE - TJ TRF1/TRF 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Conjunção

Texto CB2A1AAA

A pergunta a respeito da exigibilidade ou não de procedimento licitatório prévio para a contratação de serviços profissionais de advocacia não comporta uma resposta genérica, seja em sentido positivo, seja em sentido negativo. Na verdade, o campo de atuação profissional do advogado é bastante amplo e compreende

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tanto trabalhos usuais, corriqueiros, de pequena complexidade técnica, quanto situações de extrema dificuldade, verdadeiramente polêmicas e de enorme repercussão prática, de ordem tanto econômica quanto propriamente jurídica.

O estudo desse problema exige muita ponderação, repudiando-se, de uma vez, soluções simplistas e extremadas. Nem se pode dizer que toda contratação direta de advogado pelo poder público é lícita, dado o caráter fundamentalmente intelectual e pessoal do trabalho advocatício, nem se pode afirmar que toda e qualquer contratação de advogado deve ser precedida de licitação, em face do princípio da isonomia.

Existem, no entanto, assuntos de grande repercussão política correspondentes a programas ou prioridades determinadas exatamente pela estrutura política eleita democraticamente pelo corpo social, e o tratamento de temas dessa natureza requer a seleção de assistentes jurídicos nomeados para cargos de provimento em comissão ou a contratação temporária de profissionais alheios ao corpo permanente de servidores.

Adilson Abreu Dallari. Contratação de serviços de advocacia

pela administração pública. Brasília. a. 35 n. 140 out./dez. 1998. Internet: <www2.senado.leg.br> (com adaptações).

Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB2A1AAA, julgue o item.

O vocábulo “seja”, nas suas duas ocorrências, introduz uma condição.

Certo

Errado

Questão 35: CESPE - TJ TRF1/TRF 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Conjunção

Texto CB2A2AAA

O pensamento do filósofo grego Sócrates, no século V a. C., marcou uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo com base na observação das forças da natureza. A partir de Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo.

A preocupação do filósofo era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Para o filósofo grego, o papel do educador é, portanto, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga, por si próprio, iluminar sua inteligência e sua consciência.

Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que ele contesta os argumentos dos alunos. Para esse

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pensador, só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão, condição imprescindível para o aperfeiçoamento do ser humano.

Sócrates. In: Coleção Grandes Pensadores.

Revista Nova Escola. Ed. 179, jan.–fev./2005. Internet: <https://novaescola.org.br> (com adaptações).

A respeito das propriedades linguísticas do texto CB2A2AAA, julgue o item subsequente.

O vocábulo “portanto” denota que a oração na qual está inserido constitui uma conclusão, alcançada a partir das informações expostas no período anterior.

Certo

Errado

Questão 36: CESPE - TJ TRF1/TRF 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Conjunção

Texto CB2A2AAA

O pensamento do filósofo grego Sócrates, no século V a. C., marcou uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo com base na observação das forças da natureza. A partir de Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo.

A preocupação do filósofo era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Para o filósofo grego, o papel do educador é, portanto, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga, por si próprio, iluminar sua inteligência e sua consciência.

Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que ele contesta os argumentos dos alunos. Para esse pensador, só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão, condição imprescindível para o aperfeiçoamento do ser humano.

Revista Nova Escola. Ed. 179, jan.–fev./2005. Internet: <https://novaescola.org.br> (com adaptações).

Ainda com relação às propriedades linguísticas do texto CB2A2AAA, julgue o item a seguir.

O trecho “para que ele consiga, por si próprio, iluminar sua inteligência e sua consciência” expressa uma condição em relação à oração “despertando sua cooperação”.

Certo

Errado

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Gabarito

1) B 2) A 3) C 4) B 5) D 6) D 7) D 8) D 9) B 10) A 11) B 12) D

13) C 14) D 15) D 16) C 17) E 18) D 19) D 20) Errado 21) E 22) D 23) D 24) B 25) B 26) B 27) A 28) A 29) C 30) A 31) A 32) Certo

33) Errado 34) Errado 35) Certo 36) Errado