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ANO V| JUNHO | 2006 | Nº 040 Audiência com a presidente da CAIXA JURIS JURIS JURIS JURIS JURIS T T TANTUM ANTUM ANTUM ANTUM ANTUM Hayana Freitas Cedro Está marcada para 07/08/2006 a elei- ção que vai definir os novos membros da Diretoria e dos Conselhos Deliberativo e Fiscal da ADVOCEF. No processo, serão eleitos também os representantes da enti- dade nas unidades jurídicas. O resultado será divulgado em 09/08/2006. A posse será em 15/08/2006. As inscrições das chapas estão aber- tas até 28/06/2006. A divulgação dos ins- critos será feita até 30/06/2006. Leia o Edital na pág. 6. Eleição na ADVOCEF 3 ADVOCEF ingressa com ações na Justiça 3 Bioética e Biodireito: uma reflexão acerca da eutanásia e o direito de morrer J á começaram os preparativos para o XII Congresso da ADVOCEF, que será realizado no período de 31 de agosto a 2 de setembro de 2006, em Belém/PA. Os temas de discussão serão definidos pelos advogados até 30 de junho. Eles devem enviar suas propostas por e-mail à ADVOCEF ([email protected]). No evento, haverá posse festiva da nova Diretoria eleita para o biênio 2006/2008. A posse oficial ocorrerá em 15 de agosto. XII CONGRESSO EM BELÉM ISSN 1809-5275 Liana Mousinho, da Comissão Organizadora "Tenho encontrado dificuldades para chegar ao fim do mês." "Nunca em toda a minha vida profis- sional me senti tão mal e tão desestimulado." "O achatamento salarial vem desde 1994. Nós pagamos o pato: viramos classe média muito baixa." A advogada Liana Mousinho, da Comis- são Organizadora, diz que tudo está sendo fei- to para manter a tendência histórica de Con- gressos cada vez melhores. Com os colegas Amélia Franco, Gracione Costa e Renato Moraes, do JURIR/Belém, ela espera pelos co- legas de todo o país e garante que eles guar- darão "excelentes lembranças de Belém do Pará, por ser uma terra de sons, cores, sabo- res, formas e cheiros maravilhosos". FeNAdv convoca advogados da CAIXA A Federação Nacional dos Advogados (FeNAdv) está convocando os advogados da CAIXA para a Assembléia Geral Extraordi- nária a ser realizada nas respectivas unida- des jurídicas em 29/06/2006. Os profissio- nais vão deliberar sobre a pauta de reivin- dicações a ser encaminhada à CAIXA. Leia o Edital de Convocação na pág. 7. Altair Rodrigues de Paula: a Justiça não é para todos? 4 Apontamentos sobre a arte da vocação 9 Uma religião chamada futebol 12 Entrevista com um advogado da CAIXA Entrevista com um advogado da CAIXA "Administro um constante prejuízo mensal. Não durmo direito. Oro para que a máxima bíblica de 'Deus prove- rá' continue a me iluminar." "Tenho vergonha, porque sei que sou um bom profissional. Só espero não ter feito uma péssima opção de vida." Leia na pág. 5

CAIXA na Justiça - advocef.org.br · que a máxima bíblica de 'Deus prove- ... Henrique Chagas; JURIR/CB: ... Maria dos Prazeres de Oliveira (Recife) e Paulo Roberto Soares

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ANO V| JUNHO | 2006 | Nº 040

Audiência com a presidente daCAIXA

JURISJURISJURISJURISJURISTTTTTANTUMANTUMANTUMANTUMANTUM

Hayana Freitas Cedro

Está marcada para 07/08/2006 a elei-ção que vai definir os novos membros daDiretoria e dos Conselhos Deliberativo eFiscal da ADVOCEF. No processo, serãoeleitos também os representantes da enti-dade nas unidades jurídicas. O resultadoserá divulgado em 09/08/2006. A posseserá em 15/08/2006.

As inscrições das chapas estão aber-tas até 28/06/2006. A divulgação dos ins-critos será feita até 30/06/2006.

Leia o Edital na pág. 6.

Eleição na ADVOCEF

3

ADVOCEF ingressa com açõesna Justiça 3

Bioética e Biodireito: uma reflexão acercada eutanásia e o direito de morrer

Já começaram os preparativos parao XII Congresso da ADVOCEF, queserá realizado no período de 31 de agosto a 2

de setembro de 2006, em Belém/PA. Os temas dediscussão serão definidos pelos advogados até 30de junho. Eles devem enviar suas propostas pore-mail à ADVOCEF ([email protected]).No evento, haverá posse festiva da novaDiretoria eleita para o biênio 2006/2008. A posseoficial ocorrerá em 15 de agosto.

XII CONGRESSO EM BELÉM

ISSN 1809-5275

Liana Mousinho,da Comissão Organizadora

"Tenho encontrado dificuldades parachegar ao fim do mês."

"Nunca em toda a minha vida profis-sional me senti tão mal e tão

desestimulado."

"O achatamento salarial vem desde1994. Nós pagamos o pato: viramos

classe média muito baixa."

A advogada Liana Mousinho, da Comis-são Organizadora, diz que tudo está sendo fei-to para manter a tendência histórica de Con-gressos cada vez melhores. Com os colegasAmélia Franco, Gracione Costa e RenatoMoraes, do JURIR/Belém, ela espera pelos co-legas de todo o país e garante que eles guar-darão "excelentes lembranças de Belém doPará, por ser uma terra de sons, cores, sabo-res, formas e cheiros maravilhosos".

FeNAdv convocaadvogados da CAIXA

A Federação Nacional dos Advogados(FeNAdv) está convocando os advogados daCAIXA para a Assembléia Geral Extraordi-nária a ser realizada nas respectivas unida-des jurídicas em 29/06/2006. Os profissio-nais vão deliberar sobre a pauta de reivin-dicações a ser encaminhada à CAIXA.

Leia o Edital de Convocação na pág. 7.

Altair Rodrigues de Paula: a Justiçanão é para todos? 4

Apontamentos sobre a arte davocação 9

Uma religião chamada futebol 12

Entrevista com umadvogado da CAIXAEntrevista com um

advogado da CAIXA

"Administro um constante prejuízomensal. Não durmo direito. Oro paraque a máxima bíblica de 'Deus prove-

rá' continue a me iluminar."

"Tenho vergonha, porque sei que souum bom profissional. Só espero não ter

feito uma péssima opção de vida."

Leia na pág. 5

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Associação Nacional dos Advogados da CAIXA

EDITORIAL

Diretoria Executiva da ADVOCEF

DIRETORIA EXECUTIVAPresidenteAltair Rodrigues de Paula (Londrina)Vice-PresidenteSilvio do Lago Padilha (Belo Horizonte)1º TesoureiroJosé Carlos Pinotti Filho (Londrina)2º TesoureiroFrancisco Spisla (Londrina)1º SecretárioGeraldo Saviani da Silva (Londrina)2º SecretárioDarli Bertazzoni Barbosa (Londrina)Diretor Regional NorteEurico Soares Montenegro Neto (Porto Velho)Diretor Regional NordesteClélio Guedelha Martins (Teresina)Diretor Regional SudesteSonia Lucia dos Santos Lopes (Rio de Janeiro)Diretor Regional Centro-OesteIsabella Gomes Machado (Brasília)Diretor Regional SulFernando da Silva Abs da Cruz (Porto Alegre)REPRESENTANTES JURÍDICOS – 2005/2006JURIR/AJ: Laert Nascimento Araujo; JURIR/BE: Liana Cunha Mousinho Coelho;JURIR/BH: Rogério Rubim Magalhães; JURIR/BR: Gustavo Adolfo Maia Junior;JURIR/BU: Henrique Chagas; JURIR/CB: Juel Prudêncio Borges; JURIR/CG:Milton Sanábria Pereira; JURIR/CP: Ricardo Nassa; JURIR/CT: Jayme de AzevedoLima; JURIR/FL: Mariano Moreira Filho; JURIR/FO: André Luis Meirelles Justi;JURIR/GO: Ivan Sérgio Vaz Porto; JURIR/JP: Ricardo Pollastrini; JURIR/ME:Euller Sarmento Barroso Azevedo; JURIR/MN: Alcefredo Pereira de Souza;JURIR/NA: Leandro Cabral Moraes; JURIR/PO: Gilberto Antônio Panizzi Filho;JURIR/PV: Edson Bernardo Andrade Reis; JURIR/RE: Adriano Farias Fernandes;JURIR/RJ: Octavio Caio Mora de Couto e Silva; JURIR/SA: Rodolfo NascimentoBarros; JURIR/SL: Samarone José Lima Meireles; JURIR/SP: Agnelo QueirózRibeiro; JURIR/TE: Ricardo Martins Vilarinho; JURIR/VT: Angelo Ricardo Alvesda Rocha; REJUR/JF: Luiz Alberto Mauad; REJUR/LD: Alceu Paiva de Miranda;REJUR/MR: José Irajá de Almeida; REJUR/RP: Sandro Endrigo AzevedoChiaroti; REJUR/SR: Cleusa Maria de Jesus Arado Venâncio; REJUR/UB: GerhardWinning Filho.CONSELHO DELIBERATIVOMembros EfetivosDaniella Gazzetta de Camargo (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba), UbiraciMoreira Lisboa (Brasília), Eduardo Pereira Bromonschenkel (Brasília) e TâniaRodrigues Nascimento (São Paulo).Membros SuplentesCristina Lee (Brasília) e Marta Bufáiçal Rosa Cobucci (Brasília).CONSELHO FISCALMembros EfetivosJulio Cézar Hofman (Maceió), Maria dos Prazeres de Oliveira (Recife) e PauloRoberto Soares (Brasília).Membros SuplentesIzabel Urquiza Godoi Almeida (Recife) e Conceição Keane Gomes Chaves (Recife).

Conselho Editorial: Altair Rodrigues de Paula e Roberto Maia.Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)E-mail: [email protected] Gráfico: Marcelo TorrecillasEditoração eletrônica: José Roberto Vazquez ElmoIlustrações: Ronaldo SelistreTiragem: 1.200 exemplaresImpressão: Gráfica AlmeidaPeriodicidade: mensal

Endereço em Brasília:SBS, Quadra 2, Lote 1 – BL S – sala 1205 – Edifício Empire CenterCEP 70070-100 – Fone (61) 3224-3020 – E-mail: [email protected]ária: Priscila Christiane da SilvaEndereço em Londrina/PR:Rua Santa Catarina, 50 / sala 602 – CEP 86.010-470Fone (43) 3323-5899 – E-mail: [email protected]árias: Tatiane Stabile Dantas Buzinaro e Ivete Augusta PereiraAuxiliar Administrativa: Thaís Bender

0800 400 8899Discagem GratuitaO Boletim da Advocef é distribuído aos advogados da CAIXA

e a entidades associativas.

www.advocef.org.br

Diálogo e Justiça

É chegada a hora de aEmpresa, negociando edeixando de recorrer,

também reconhecer que estatática pode ser a mais sensata

e viável para viabilizar oresgate da dignidade de seus

procuradores

Os advogados da CAIXA iniciam, através de sua entidaderepresentativa e com o respaldo de decisões amadurecidas nocurso do tempo, mais uma etapa de luta pela conquista de suavalorização.

Após longo período de negociações com a empregadora,utilizando-se sempre do diálogo e da sensibilização dos diri-gentes, nos mais diversos estágios decisórios, não mais encon-trando espaço para avanços na seara administrativa, a ADVOCEFmais uma vez recorre ao Poder Judiciário, com o objetivo dever resguardados e reconhecidos direitos violados.

A edição de junho traz alguns pronunciamentos que, em-bora desnecessários diante da transparência com que sempreforam conduzidos os pleitos dos advogados frente à Adminis-tração, indicam o esgotamento da via negocial e a utilizaçãodo caminho judicial como o único capaz de pôr fim às celeumasque se agudizaram nos últimos tempos.

A ADVOCEF continua firme no propósito de, por todos osmeios lícitos e viáveis, auxiliar na composição dos interesses emlitígio, fazendo-o de forma unitária e leal, na busca de soluçõespermanentes e que contribuam para a dignificação de seusrepresentados, preservando os elos institucionais.

Esta edição também destaca os importantes ganhos naimagem da CAIXA frente ao Judiciário, fruto da implantaçãode uma corajosa política de redução de recursos processuais ede realização de acordos judiciais, política esta desenhada eproposta por sua área jurídica.

Do cotejo entre as duas matérias, uma conclusão obriga-tória: é chegada a hora de a Empresa, diante dos aprendizadosrecolhidos junto à opinião pública e à própria sociedade, nego-ciando e deixando de recorrer, também reconhecer que estatática pode ser a mais sensata e viável para viabilizar o resgateda dignidade e da auto-estima de seus procuradores judiciais.

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3JUNHO | 2006

Audiência em BrasíliaA Diretoria da ADVOCEF foi recebida pela presidente da CAIXA

A presidente da CAIXA,Maria Fernanda RamosCoelho, pretende

apresentar em julho de 2006 umprojeto de readequação do Planode Cargos e Salários, englobandotodos os empregados daEmpresa. Sem proposta concretapara os advogados, a informaçãofoi passada ao presidente daADVOCEF, Altair Rodrigues dePaula, em 24/05/2006. MariaFernanda explicou que ajustes noPCS só poderão ocorrer depoisda implantação do novo Plano deBenefícios da FUNCEF, que, segundoela, será aprovado em breve.

Na reunião em Brasília participaramtambém, pela ADVOCEF, o vice-presiden-te Silvio do Lago Padilha e a diretora daRegião Centro-Oeste, Isabella GomesMachado. Estavam presentes o diretorjurídico Antonio Carlos Ferreira e o ge-rente nacional da GETEN, Jailton Zanonda Silveira, além de membros da Comis-são de Negociação.

Serventuário ganha maisA presidente da CAIXA ouviu um re-

lato sobre o descontentamento dos ad-vogados com a questão salarial. Entre asrazões, foram destacados a pendênciade pagamento dos honorários das açõesdo FGTS/Planos Econômicos e odescumprimento do Acordo Coletivo/

A ADVOCEF ingressou comnotificação judicial para que aCAIXA promova o

enquadramento de seus advogados noPlano de Cargos e Salários de 1998. Anotificação foi distribuída à 11ª Varado Trabalho de Brasília, sob o nº0511-2006-011-10-00-4. A entidadeajuizou, também, ações para orecebimento dos honoráriosadvocatícios referentes às ações doFGTS/Planos Econômicos.

A ação nº 00511-2006-006-10-00-9,distribuída à 6ª Vara do Trabalho de Brasília,visa o recebimento dos honorários referen-tes às ações onde foi estabelecida asucumbência recíproca das partes. Isto é,

CAIXA deixou de pagar os honorários daparte adversa em virtude de ter compen-sado com os honorários de seus advoga-dos. A audiência está marcada para 21/06/2006.

A ação nº 00553-2006-005-10-00-3,distribuída à 5ª Vara do Trabalho de Brasília,busca o recebimento dos honorários relati-vos aos acordos (termos de adesão),efetuados em conformidade no estabele-cido na LC 110/2001, realizados nas açõesdo FGTS/Planos Econômicos. A audiênciaestá marcada para 27/06/2006.

Com essas providências, a ADVOCEFcumpre decisões da categoria, tomadas noXI Congresso, em Belo Horizonte, e na reu-nião de 10/03/2006, ocorrida em Brasília.

O andamento das medidas judiciaispode ser acompanhado no site daADVOCEF (www.advocef.org.br) ou dire-tamente no site do TRT da 10ª Região(www.trt10.gov.br).

culos das VPs e do não pagamen-to do piso salarial a todos os advo-gados.

Os representantes daADVOCEF expuseram que a bai-xa remuneração tem causado a sa-ída de muitos advogados para ou-tros cargos da advocacia públicae dificultado a contratação denovos prof i ss iona is . Até osserventuários de nível técnico doPoder Judiciário têm salário supe-rior, observou Silvio Padilha. A so-

lução, para o vice-presidente, será pro-mover logo a adequação do PCS, esta-belecendo uma remuneração compatí-vel com o mercado.

VISITA À OABO presidente Altair Rodrigues de

Paula e o vice-presidente Silvio do LagoPadilha, da ADVOCEF, pediram o apoiodo Conselho Federal da Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB) para as reivindi-cações dos advogados da CAIXA. Na visi-ta à entidade em Brasília, em 25/05/2006,Altair e Silvio informaram aos assessoresde Aristóteles Atheniense, vice-presiden-te do Conselho e ex-advogado da CAIXA,sobre a situação da categoria, que está emcampanha pelo pagamento dos honorári-os referentes ao FGTS/Planos Econômi-cos e o cumprimento do Acordo Coletivo/

2005 (promoção do nível pleno parasênior), entre outros itens da pauta.

Segundo os representantes daADVOCEF, houve boa receptividade eo comprometimento de repasse das rei-vindicações à Diretoria do Conselho.

Na reunião, nenhuma proposta concreta

2005, no que se refere à promoção dosadvogados do nível pleno para sênior ea falta de oferecimento da opção peloPCS/98, além das divergências nos cál-

Altair:apoio doConselho

Federal daOAB

Ações na JustiçaADVOCEF cumpre decisões da categoria e ingressa na Justiça

cada parte ficou com a obrigação de efetu-ar o pagamento de seus advogados, inclusi-ve nas ações em que foi determinada a com-pensação dos honorários. Neste caso, a

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4 JUNHO | 2006

Uma premissa básica temnorteado a ADVOCEF e anobre classe de advogados

economiários que a entidaderepresenta: transparência e lealdadeabsolutas no relacionamento com aempregadora CAIXA.

Ressalte-se, além disso, que as iniciati-vas que toma têm origem sempre nas deli-berações da categoria e são anunciadas comantecipação e destaque.

Há quem critique a adoção de medidasjudiciais contra a CAIXA. Convém lembrarque isso acontece após longas e frustradastentativas da categoria de obter um acordopela via negocial, pela qual a Empregadoracessasse o já antigo descumprimento de di-reitos trabalhistas dos advogados.

Pergunta-se, em tom de censura: aquem caberá a defesa judicial da CAIXA nasações trabalhistas de seus advogados? Res-pondo: essa questão deve ser definida peladireção da Empresa. Uma alternativa, ado-tada no passado, pode se efetivar com a uti-lização de advogados terceirizados.

Seja como for, a CAIXA não ficará semseu inalienável direito de defesa. É justamentepara preservá-lo que os advogados empre-gados, com ética e transparência, tornampúblico previamente seu propósito de ingres-so na Justiça trabalhista.

Outro questionamento diz respeito aosassuntos estratégicos da CAIXA. Os advoga-dos da Empresa sempre pautaram sua con-duta pela legalidade e pela ética, jamais con-fundindo suas justas reivindicações com seusdeveres funcionais. Não negligenciam, emnenhum aspecto, a defesa dos direitos e in-teresses da CAIXA nas suas atividadesinstitucionais e empresariais.

Atualmente, muitos empregados de-mandam a CAIXA na Justiça do Trabalho.Entre eles temos ocupantes e ex-ocupantesde funções de confiança, que têm, obvia-mente, conhecimento de informações rele-vantes para a Empresa. No entanto, oajuizamento de reclamação trabalhista nãoconstitui motivo de suspeição de nenhumempregado. O que constitui, isto sim, infra-

ARTIGO

A Justiça não é para todos?Altair Rodrigues de Paula (*)

ção ética e legal é a repulsa ou discrimina-ção ao trabalhador que exerce seu direitoconstitucional de acesso à Justiça.

O exercício do direito constitucional deacesso à Justiça é uma questão de cidada-nia. Além do que, ninguém em sã consciên-cia vai ao Judiciário buscar injustiça, mas sima reparação da violação de seus direitos.

A título de exemplo, para demonstrar oquanto se encontra aviltado o salário do ad-vogado da CAIXA, numa clara violação aosseus direitos, basta verificar que um advo-gado recém admitido no Banco Central doBrasil, ou na Advocacia Geral da União, ouna Procuradoria da Fazenda Nacional, ou ain-da na Procuradoria Geral do Município deManaus, que muitas vezes não tem nenhu-ma experiência, ganha no seu primeiro mêsde trabalho mais do que um advogado daCAIXA que exerça a função de gerente deum Jurídico, e que muitas vezes tem maisde 15 anos de atuação como advogado daEmpresa.

O EXERCÍCIO DADEMOCRACIA

A adoção de medidas judiciais con-tra a CAIXA, sob a responsabilidade daADVOCEF, é motivo de discussão naEmpresa. Embora nãoseja novidade - hou-ve reação semelhantequando a Associaçãoliderou outras inicia-tivas do tipo -, o as-sunto prospera entrealguns círculos. En-tre outras questões,pergunta-se quemdefenderá a CAIXAnas ações trabalhistas.Para o presidente daADVOCEF, a respos-ta deve ser dada pelaEmpresa, que podeutilizar, como em ou-tras vezes, advogadosterceirizados. "Sejacomo for, a CAIXA não ficará sem seuinalienável direito de defesa", garanteAltair Rodrigues de Paula, pois "é justa-mente para preservá-lo que os advogados,com ética e transparência, anunciam pre-viamente seu ingresso na Justiça".

Discutem-se também os "assuntosestratégicos", a que teriam acesso osadvogados. Mas esses assuntos, diz o

advogado AlceuMiranda, da REJURLondrina, não sãoobjeto de demandasjudiciais. "Tanto éassim que os empre-gados da áreagerencial, que têmmaior acesso, não osutilizam em suasreclamatórias traba-lhistas."

Altair não en-tende a surpresados críticos em rela-ção à atitude daADVOCEF. "O aces-so ao Judiciário sig-nifica, além de ga-

rantia constitucional inafastável, umsalutar exercício de democracia, poisé o foro próprio e soberano para a so-lução legal e ética, pacífica e justa, dosconflitos sociais", conclui o presiden-te. (Leia o artigo nesta pág.)

O caráter estratégico das atribuições dosadvogados é sempre invocado quando se tra-ta de justificar as jornadas estafantes, comsobrecarga de tarefas e responsabilidades, epara pressioná-los a se abster de seus direitos(como o de ingresso em juízo).

Mas esse mesmo caráter estratégicoé solenemente ignorado no momento deconferir aos advogados a justa retribuiçãopor seu desempenho. Sabemos que nãoacontece o mesmo para os ocupantes deoutros cargos/funções, que já foram con-templados com adequações salariais des-de 2001. Os advogados, embora incluídosno Plano de Cargos Comissionados (PCC),foram sumariamente excluídos, sem qual-quer justificativa.

A ADVOCEF prosseguirá em seu tra-balho de defesa dos advogados da CAIXA.Instituída por esses profissionais, e só poreles constituída, tem o dever consignadonos estatutos de bem representar seus in-teresses e direitos.

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5JUNHO | 2006

DEPOIMENTO

Dignidade jáEntrevista com um advogado da CAIXA no topo da carreira

O advogado trabalha na CAIXAhá 20 anos - 34 anos e seismeses na carreira toda. Foi

ajudante de farmácia, repórter e locutorde rádio. Com dificuldades, estudouprimeiro Pedagogia, sendo professor dealunos especiais enquanto cursavaDireito em universidade particular.Trabalhou em banco, chegando adiretor adjunto com 24 anos. Foidiretor de uma associação de poupançae empréstimo. Depois, foi promotor e,em seguida, assessor jurídico do BancoNacional da Habitação.

"Em 1986 viemos todos para a CAI-XA, Instituição que tenho a honra de de-fender", diz o advogado, cujo nome seráomitido para preservação da fonte. Hoje suaprincipal reivindicação é: dignidade salarialjá. "Que eu possa vir para o trabalho não sócom alegria, como sempre faço, mas coma cabeça erguida sabendo que sou um pro-fissional respeitado."

Leia a entrevista.BOLETIM DA ADVOCEF: O senhor

está satisfeito com o que conseguiu aolongo da carreira?

ADVOGADO: Meu patrimônio é ape-nas uma casa. Não tenho carro: vendi parapagar mensalidades atrasadas da faculda-de de minha filha. Investi na educação demeus filhos, apenas isso. Deixo meu nomelimpo, porque exerci honestamente minhaprofissão. Acredito que trabalhar no serviçopúblico, tal como ser padre, pastor ou pro-fessor, é um dom e uma opção de vida. Noentanto, tenho encontrado dificuldades parachegar ao fim do mês, ainda que receba-mos no dia 20. Tenho problemas de crédi-to, insônia, e oro todos os dias para que adireção da CAIXA volte seus olhos paranossa classe e enxergue o quanto valemos.

BOLETIM DA ADVOCEF: E quantovocês valem?

ADVOGADO: A CAIXA recebe o cha-mado profissional de Direito "três em um":atuamos pela CAIXA, atuamos para o Con-selho Curador do FGTS e defendemos ain-da a EMGEA, sem falar na defesa de ge-rentes e diretores que de quando em quan-do entram em dificuldades.

BOLETIM DA ADVOCEF: É possívelcomparar o advogado da CAIXA com oadvogado dos bancos privados?

ADVOGADO: Não, não tem compa-ração, como querem nos fazer crer. Os ad-vogados dos bancos privados atuam emações de cobrança, recuperação de crédi-tos e muito pouco mais, não os desmere-cendo. Nós atuamos na área de recupera-ção de créditos, no Contencioso em geral,na defesa do FGTS, na área habitacional

(da Empresa e da EMGEA), execuções di-versas, políticas públicas (urbanismo, sane-amento, OGU, Habitar Brasil, parcerias comministérios diversos e BID). Defendemos aCAIXA nos casos de Penhor e Loterias.Emitimos pareceres que envolvem licitações.Protegemos a Instituição e fazemos cum-prir a legislação vigente. Somos nós quedamos os pareceres que envolvem as ativi-dades dos empregados e terceirizados noscasos de fraudes e desmandos.

BOLETIM DA ADVOCEF: É umagama imensa de assuntos.

ADVOGADO: Atuamos ainda comoconsultores de agências. É incrível o núme-ro de consultas de gestores que só tomamuma decisão após consultar o Jurídico, comose fôssemos a panacéia que os salvará emeventuais riscos decisórios. "O Jurídico disseque podia!", é a defesa. Somos nós que,ao subsidiar uma consulta, em última análi-se tomamos a decisão... Não ganhamospara isso, não é?

manteve as mesmas regras. Nós pagamos opato: viramos classe média muito baixa.

BOLETIM DA ADVOCEF: Qual deve-ria ser o salário do advogado da CAIXA?

ADVOGADO: Os advogados da AGU,Procuradora Geral da Fazenda, Banco doBrasil, Ministério Público Federal, juízes fe-derais, todos tiveram reajustes excepcionaisnas carreiras. Somos muito mais próximosdeles que de qualquer advogado de bancoprivado. A CAIXA, quando interessa, é ban-co público; quando não interessa, é bancoprivado. Essa dicotomia administrativa é ina-ceitável. Creio que o único caminho paranossa valorização é a greve (que nunca fiz)e a busca da justiça salarial via processo ju-dicial. Isso é permitido pela Constituição. Nãoé um ato contra a Empresa, mas a favor dela.Os dirigentes não querem dar, ou por igno-rância ou por medo de tomar decisão. Emambos os casos, me parece, sem ofensa, quenão merecem os cargos que ocupam.

BOLETIM DA ADVOCEF: E os salá-rios?

ADVOGADO: Os salários hoje, tantona área federal como na estadual, estãona ordem de R$ 8.500,00 para quem co-meça e chegam a R$ 18.000,00 no final decarreira. Penso que a aplicação de um pla-no de carreira com tais valores seria o justo.Lembro que o procurador do Trabalho co-meça com R$ 18.500,00.

“DEUS PROVERÁ“O advogado fala de sua complicada

conciliação mensal de receitas e despesas:"No tempo do BNH, pude construir

minha casa. Tinha um carro, e minha es-posa também. Hoje mal posso sustentaro meu lar. Ganho líquido, no nível 95 há10 anos, cerca de R$ 2.900,00. Tive quefazer empréstimos na FUNCEF para pa-gar a faculdade de minha filha que fazMedicina: R$ 1.700,00 por mês. Tambémtive que pegar dinheiro no crédito em con-signação.

Gasto cerca de R$ 380,00 com luz,R$ 80,00 com água e cerca de R$ 600,00com telefones. Acrescente aí o transportede ônibus (R$ 320,00), despesas com ali-

Oro todos os diaspara que a direção

da CAIXA volteseus olhos para

nossa classe

mentação (R$ 700,00), além de comprade livros, pagamento de Imposto de Ren-da, IPTU (atrasado há três anos), cartãode crédito (atualmente bloqueado). Mui-tas vezes não tenho um centavo no bol-so. Eu optei por ser um profissional daCAIXA, mas parece que a CAIXA não feznenhuma opção por respeitar seus pro-fissionais.

Administro um constante prejuízomensal. Não durmo direito, oro para quea máxima bíblica de 'Deus proverá' conti-nue a me iluminar. Tenho vergonha, por-que sei que sou um bom profissional. Sóespero não ter feito uma péssima opçãode vida."

BOLETIM DA ADVOCEF: A propósi-to, como está o salário?

ADVOGADO: Nunca em toda a minhavida profissional me senti tão mal e tãodesestimulado. O achatamento vem desde1994, no período neoliberal de FHC, e passoutodo o período pseudo socialista do Lula, que

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6 JUNHO | 2006

Edital de convocação de Eleições 2006(Capítulo XIII do Estatuto Social da ADVOCEF)

I - DA CONVOCAÇÃOEncontram-se abertas as inscrições

para eleição dos Membros que integrarãoa Diretoria, os Conselhos Deliberativo eFiscal e Representação nas Unidades Jurí-dicas, da ADVOCEF, para o biênio 2006/2008, como segue:

a) Inscrições: até 28 de Junho de2.006;

b) Divulgação dos inscritos: até 30de Junho de 2.006;

c) Impugnação: até 17 de Julho de2.006;

d) Data da eleição: 07 de Agosto de2.006, das 08h00 às 17h00;

e) Divulgação do resultado: 09 deAgosto de 2.006;

f) Posse: 15 de Agosto de 2.006.

II - DA INSCRIÇÃOAs inscrições serão requeridas pelos

candidatos e protocoladas na Secretaria doConselho Deliberativo, situada na Av. SantaCatarina, 50, salas 602 e 603 - CEP: 86.010-470 - Londrina - Pr (ADVOCEF Subsede Lon-drina), por e-mail ([email protected] Fac-símile 0xx43-3322-5899), sendo que,em ambos os casos, deverá ser exigida acomprovação da recepção.

1) Para a DiretoriaDeverão ser inscritas chapas comple-

tas, conforme composição descrita no art. 17do Estatuto Social, com 11 (onze) membros.

No requerimento deve constar os da-dos indispensáveis à identificação do can-didato (nome completo e lotação) e o car-go ao qual pretende concorrer.

2) Para os Conselhos Deliberativoe Fiscal

Serão aceitas inscrições individuaisou chapas completas, conforme abaixo:

a) Conselho Deliberativo (8 Membros,sendo 5 Titulares e 3 Suplentes -art. 12 do Estatuto Social);

Conselho Fiscal (5 membros, sendo 3Titulares e 2 Suplentes - art. 27 do Estatu-to Social).

No requerimento deve constar os da-dos indispensáveis à identificação do can-didato (nome completo e lotação) e o car-go ao qual pretende concorrer.

3) Para as Representações nasUnidades Jurídicas

Serão aceitas inscrições somente paraas Unidades Jurídicas (consideradas individu-almente por JURIR ou REJUR/Extensão) quecontenham no mínimo 5 (cinco) Associados,na forma do art. 9º, "e", do Estatuto Social.

Deverá constar do requerimento osdados indispensáveis à identificação docandidato (nome completo e lotação) e aUnidade Jurídica (Estado, Distrito Federale Unidade Jurídica Descentralizada com 05ou mais associados - art. 9º, "e", do Esta-tuto Social) a qual está concorrendo.

III - DO RESULTADOPara a Diretoria será considerada elei-

ta a chapa que obtiver o maior número devotos (art. 37, § 5º do Estatuto Social).

Para os Conselhos Deliberativo e Fis-cal serão considerados eleitos os candida-tos mais votados (art. 37, §§ 6º e 7º, doEstatuto Social).

As Representações nas Unidades Jurí-dicas serão compostas por um membro ti-tular e um suplente (art. 31 do EstatutoSocial). O candidato mais votado será otitular e o segundo mais votado o suplente(art. 37, § 9º, do Estatuto Social).

IV - DAS REGRAS GERAISSerá inelegível o sócio que estiver em

débito com a tesouraria da ADVOCEF ouque vier a ser enquadrado em qualquer dasdemais alíneas do art. 40 do Estatuto Social.

O voto é pessoal, por escrutínio diretoe secreto, vedado o voto por procuração(art. 36, do Estatuto Social).

É permitido o voto em trânsito.Serão instaladas urnas em todos os

Estados, nos locais onde os Associadosdesempenham regularmente suas atri-buições.

A contagem dos votos deverá ser efe-tuada imediatamente após encerrado ohorário da votação.

Cada Unidade Jurídica, inclusive asUnidades Descentralizadas, elegerá um re-presentante para coordenar a votação, quepreencherá a ata, com o seu resultado(conforme modelo que será oportunamen-te disponibilizado) e a remeterá imediata-mente ao final dos trabalhos, por e-mail([email protected] ou Fac-símile0xx43 - 3322-5899), sendo que, em am-bos os casos, deverá ser exigida a compro-vação da recepção.

A ata será acompanhada do Mapada Eleição, contendo:

a) Listagem de votantes e não votan-tes;

b) Total de votos das Chapas (Direto-ria) e individuais (ConselhosDeliberativo e Fiscal e Representa-ções nas Unidades Jurídicas).

A totalização dos votos será realizadana Subsede Londrina, da ADVOCEF.

A documentação, inclusive cédulaseleitorais, será remetida à ADVOCEF,para fins de arquivo, no dia seguinte àeleição.

Os casos omissos serão resolvidospelo Conselho Deliberativo e DiretoriaExecutiva da Associação.

Em caso de divergência, caberá aoPresidente da ADVOCEF o voto de de-sempate.

Londrina, 02 de junho de 2.006.

RENATO LUIZ HARMI HINOPresidente do Conselho Deliberativo

ALTAIR RODRIGUES DE PAULAPresidente da ADVOCEF

ELEIÇÕES FUNCEF

A Chapa 2 - União pela FUNCEF, queteve a participação da ADVOCEF nas elei-ções da Fundação encerrada em 31/05/2006, obteve 33,73% dos votos. Segundoo vice-presidente da ADVOCEF, Silvio doLago Padilha, que representou a entidade,a expressiva votação demonstra que gran-de parte dos economiários não está segu-ra sobre o desempenho dos integrantes daChapa 1 que já compunham a administra-

Votação expressivação da FUNCEF. "Esse fato aumenta aindamais a responsabilidade deles em relaçãoao projeto de uma gestão mais transpa-rente e responsável", disse Silvio.

A Chapa 1 - Movimento pela FUNCEFvenceu as eleições com 49,49% dos vo-tos. O presidente da ADVOCEF, AltairRodrigues de Paula, considerou válida a par-ticipação da entidade nas eleições e dese-jou uma boa administração aos eleitos.

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7JUNHO | 2006

Não vale mais oque estáprevisto no

parágrafo 2º do artigo7º do Estatuto daAdvocacia (Lei 8.906/94) sobre a imunidadedo advogado quandose tratar de desacato.A atitude passa a serpunida, conformedecisão do SupremoTribunal Federal,que analisou também,em 17/05/2006, outros dispositivosdo Estatuto.

"Parece-me este o ponto crítico do re-lacionamento entre os advogados e juízes,pois poderá afetar a independência da atu-ação profissional", comenta o consultor jurí-dico da CAIXA Davi Duarte. Isso porque, emmomento de exaltação, mesmo causadapela necessidade de defesa do cliente, oadvogado poderá receber voz de prisão.

Conforme outra decisão, que já es-tava em vigor por liminar, os advogados

Revisão da Lei 8.906STF altera dispositivos do Estatuto dos advogados

não têm direito à susten-tação oral depois dovoto do relator. Davi ob-serva que a prática per-mitia aprimorar o deba-te sobre os pontos cen-trais do litígio. Em todocaso, admite, o disposi-tivo poderia gerar cons-trangimento aosjulgadores e advogados,dependendo da qualida-de do voto e da educa-ção de uns e outros.

Outra decisão do STF retirou da Or-dem dos Advogados do Brasil a adminis-tração das dependências utilizadas pelosadvogados nos juizados, fóruns e tribunais.Do ponto de vista institucional, não há re-paros, diz Davi, porque compete ao Esta-do a gestão dos recursos e bens públicos."No entanto, caso efetivada a troca, vis-lumbro que haverá um paulatino aniquila-mento das estruturas administrativas e dascondições de uso, em geral, tal como ocor-re com as demais repartições públicas."

A atuação dos advogados daCAIXA, no Paraná,contribuiu para a

transferência da conta investimentodo Estado para a CAIXA e o Bancodo Brasil. A medida trouxe maioresperspectivas de negócios na região.A CAIXA recebeu contas daadministração indireta, abrindo umleque de possibilidades de venda deseus produtos, com a capilaridadedas relações nos diversos campos deatuação governamental.

A exclusividade da movimentaçãopertencia ao Banco Itaú, que comprou oBanestado em leilão de privatização, em2000. Antes de acabar o contrato, em2003, o banco acertou renová-lo por maiscinco anos, pagando mais R$ 80 milhões- ato considerado nulo pelo governoRequião. O Itaú entrou na Justiça contrao governo.

Os advogados estudaram a nature-za jurídica da Paranaprevidência e suarepercussão tributária quanto à CPMF.Gestora do regime próprio de previdên-cia dos agentes do Estado, a empresafoi considerada destinatária, no que tocaa impostos, da imunidade recíproca pre-vista na norma do artigo 150, VI, a e §2º, da Constituição Federal.

O advogado Elton Nobre, que tra-balhou no caso, registra que, apesar da"grande sustentabilidade" das conclu-sões, a matéria não é pacífica. Por isso,foi sugerido às áreas técnicas da CAI-XA, na época, "uma prudente análiseacerca dos riscos e custos decorrentesde uma eventual autuação da CAIXA,na qualidade de responsável tributário,confrontando-os com os benefícios de-correntes do relacionamento com o po-tencial cliente".

Contas paraa CAIXA

Advogados atuaram na transferênciade contas do Estado do Paraná

Davi Duarte comenta as alteraçõesno Estatuto da Advocacia

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8 JUNHO | 2006

A IMPORTÂNCIA DOSACORDOS

O projeto de redução de recursosda CAIXA inclui, entre os itens im-portantes, a autorização aos advoga-dos para celebração de acordos, compagamento de indenizações por danosmorais. A repercussão dos acordos so-bre os custos da CAI-XA com as ações deJuizados Especiaisserá significativa, se-gundo o gerente daGETEN FabianoJantalia Barbosa, quereivindicava a medi-da há dois anos.

"Além de fechar-mos acordo em pata-mares de até 50% dovalor do pedido, apostura da Empresadeve fazer com queos juízes reduzam os patamares atu-ais de condenação a algo muito próxi-mo daquilo que é oferecido pela CAI-XA, como forma de induzir os auto-res a aceitar os acordos." Fabiano en-tende que o índice de resultados podechegar a 60% ou 70% dos casos.

O gerente da GETEN consideraque a iniciativa é um marco histórico,não apenas na CAIXA, mas no contex-to da administração pública. No planointerno, sinaliza uma mudança de ati-tude, que afina a ação contenciosa ao

conceito econômico."Isto é, considerandoque todo processotem um custo finan-ceiro e social, nãoimporta mais se es-tou certo ou errado,mas se prosseguirnaquele litígio é viá-vel e realmente ne-cessário para a Em-presa."

No plano exter-no, a importânciaestá no fato de ser a

CAIXA a primeira instituição públicaa adotar uma política ostensiva deacordos. "Isso mostra adequação ao es-pírito da lei dos Juizados Especiais etraduz uma atuação socialmente res-ponsável", diz Fabiano. "Certamente,nosso modelo servirá de inspiração."

A presidente da CAIXA,Maria Fernanda RamosCoelho, apresentou ao

Judiciário, em 22/05/2006, o projetoda Empresa de desistência derecursos nos tribunais superiores.O plano, que inclui inicialmente oSupremo Tribunal Federal (STF) eo Tribunal Superior do Trabalho(TST), foi elogiado pelo secretário-geral do Conselho Nacional daJustiça (CNJ), Sérgio Tejada, que orecomendou para ser adotado emoutros órgãos públicos.

Na visita ao TST, Maria Fernandadisse que a intenção da CAIXA é desis-tir de pelo menos mil recursos ainda em2006. No ano passado, a Empresa de-sistiu de 800 processos movidos por tra-balhadores de terceirizadas. No últimoranking das empresas com maior nú-mero de processos no TST, de feverei-ro de 2006, a CAIXA ocupava o quintolugar, com 2.297 recursos.

"Queremos prosseguir neste traba-lho para que permaneçam no TST ape-nas recursos cujos temas representemnovidade ou exijam urgente pacifica-ção", declarou a presidente da CAIXAno documento entregue ao ministroRonaldo Leal.

Plano de reduçãoA CAIXA apresenta seu projeto de desistência de recursos

Fabiano Jantalia: repercussãonos custos e na atitude

ar em ju ízo, em que destaca asSúmulas de Dispensa do DeverRecursal, a política de acordos e o cum-primento espontâneo de julgados. "Ain-da há muito o que fazer, mas a confi-ança no nosso corpo jurídico é total. Va-mos vencer esses novos desafios."

Nesse espírito, a CAIXA promoveuem Brasília, nos dias 6 e 7 de junho, oI Encontro de Tribunais da Área Jurídi-ca, reunindo seus advogados para tro-ca de experiências na atuação junto aostribunais.

Maria Fernanda:desistência de

recursos no STFe no TST

Repercussão das medidasO juiz Sérgio Tejada ressaltou a ini-

ciativa da CAIXA de realizar os depósi-tos na conta do FGTS logo após a deci-são de mérito, se antecipando à fasede execução. Nos processos cobrandoexpurgos de FGTS de planos econômi-cos, a CAIXA já pagou, até abril desteano, 3,6 milhões de sentenças judici-ais, no total de R$ 12 bilhões. No STF,em 2005, foram extintos mais de 408mil processos, e até abril de 2006, ou-tros 136 mil.

O trabalho da CAIXA recebeu elo-gios também da Fundação GetúlioVargas do Rio de Janeiro, conforme re-

Jailton Zanon:confiançatotal nos

advogados

Sérgio Tejada:recomendouo plano para

outrasinstituições

lata a advogada Girlana Peixoto. “É ocomeço de uma ação institucional pararesgatar o valor da área jurídica daCAIXA, mostrando ao Poder Judiciárioque não somos nós que causamos amorosidade da Justiça”, diz a gerenteoperacional da GETEN. "Muito pelo con-trário, estamos atuando sempre em par-ceria, buscando a solução dos conflitosde forma econômica, célere e efetiva."

Segundo o gerente nacional daGETEN, Jailton Zanon, a CAIXA faz umaverdadeira revolução no modo de atu-

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9JUNHO | 2006

O critério básico foi privilegiar aqualidade narrativa, segundo oescritor Ivan Ângelo, um dos

jurados que escolheu os 50 melhorescontos para o livro "Gente de Talento",lançado pela CAIXA em 2005. Nessanorma se enquadrou a obra "A CasaAssombrada", da advogada Maria LuísaClaudino Rodrigues, do JURIR/PortoAlegre (leia nesta pág.). A idéia, segundoIvan, era selecionar históriasinteressantes, que retratassem ao mesmotempo o drama real das pessoas e adiversidade dos serviços da CAIXA.Perfeito: Maria Luísa, que antes doJurídico atuou por muito tempo na áreade Habitação, dessa experiência retiroua história selecionada para o volume.

Talento no cotidianoApontamentos sobre a arte da vocação

Maria Luísa enaltece a iniciativa daEmpresa. "A arte enfeita a vida, e quandose consegue 'fazer arte' a partir dos ele-mentos do cotidiano, quando o próprio tra-balho inspira reflexões sobre a vida, senti-mos que transcendemos, somos retiradosmomentaneamente da rotina que, muitasvezes, nos torna apáticos, indiferentes", dis-corre.

Maria Luísa assumiu como advogadaem dezembro de 2005, depois de já traba-lhar na CAIXA há 16 anos. Sua história podeservir de exemplo. Iniciou o curso de Direi-to quando já passava dos trinta, com filhospequenos. "As pessoas faziam caras meioconsternadas, como se fosse uma tarefainútil", conta.

No lugar certoMas ela sabia o que queria e tam-

bém o que não lhe permitia adaptaçãocompleta: a atividade negocial. "Vejo mui-tas pessoas patética e desesperadamentetentando fazer o inverso, como um que-

bra-cabeça mal ajambrado", comenta. "Oresultado, muitas vezes, é frustração eamargura, e, não raro, uma revolta mudacontra a Empresa." Outra conseqüência,diz a advogada, "é um cinismo que poucofaz pela Empresa e pelas pessoas com quelidamos diariamente".

A advocacia da CAIXA impressiona,diz Maria Luísa. "Ao mesmo tempo emque assusta, pelas dimensões, também en-riquece, porque se pode aprender quasetudo na CAIXA." Ela ressalva que nemsempre os advogados são considerados es-tratégicos ou prioritários. "Afinal, só apa-recemos quando algo não deu certo." Masnota que há um trabalho firme no sentidode se exercer uma advocacia preventiva,para minimizar os riscos para a Empresa.

Vinculada ao JURIR/Porto Alegre, Ma-ria Luísa trabalha na Superintendência dePelotas. Costuma dizer com orgulho queestá, hoje, exatamente onde queria estarquando, em 1997, iniciou a faculdade deDireito.

Seu rosto deformado pelascicatrizes não era algo bonito dese ver. O lábio inferior havia

desaparecido e uma parte dos cabelosjamais tornara a nascer. Tinha vinte epoucos anos e uma determinação:comprar uma casa. Naturalmente, seusalário de trabalhador não lhepermitia comprá-la à vista. Por isso,procurou a CAIXA, a fazedora dossonhos dos humildes, quando oassunto é um teto para viver. Aocontrário de outros interessados emfinanciamentos, constantementeaborrecidos com as exigênciasburocráticas de praxe, aquele jovematendeu docilmente a todos os pedidos,dir-se-ia quase com prazer.

A mãe freqüentemente o acompanha-va e era comovente o modo gentil comque tratava aquele filho. Inevitável pensarque talvez ela tentasse lhe compensar pe-las suas seqüelas.

Finalmente, o grande dia chegou. Paranós, uma rotina; para ele, cheio de pompae circunstância, um dia especial em que,

CONTO

A casa assombradaMaria Luísa Claudino Rodrigues (*)

finalmente, teria algo seu. Não éincomum que as pessoas se emocio-nem ao realizar este sonho, mas eleestava especialmente comovido,dava para sentir no seu aperto demão, na sua expressão, mas pareciahaver algo de especial naquela conquis-ta. Ele se afastou por um instante e, nes-te momento, a mãe, que não poderia terdeixado de comparecer, percebendo meuar intrigado, e também especialmenteemocionada, me disse:

- "Foi nessa casa que aconteceu".Antes que eu perguntasse, ela me

contou que fora naquela casa que ele ti-nha sofrido o terrível acidente que o defor-mara. Brincadeira de criança. Seu irmão eum amigo brincavam na tal casa, que es-tava abandonada, tentando fazer uma fo-gueira com uma garrafa de álcool rouba-da da despensa. Como era previsível, ascoisas não terminaram bem. A pequena e"inofensiva" fogueira virou uma grandelabareda, exatamente quando nosso ami-go chegava inocentemente para participarda brincadeira.

- "Mas por que ele quer comprar justa-mente essa casa?" - perguntei. - "Quantaslembranças terríveis ele deve ter dela!"

- "Eu lhe perguntei a mesma coisa" -disse-me a mãe - "e ele me respondeu queera a única forma de fazer com que elanão o assombrasse mais. Assim ele senteque terá o domínio daquele que foi o ce-nário de sua tragédia".

Eu nunca havia pensado num "exor-cismo" como esse. É impossível não sesurpreender com os mecanismos que des-cobrimos para curar nossas feridas.

Ficamos todos especialmente felizespor aquele jovem, de aparência tão triste,mas tão cheio de vontade de superar, detomar pelo colarinho - ou pelas chaves - asdesventuras de sua vida.

(*) Advogada da CAIXAem Pelotas/RS

Maria Luísa:reflexões

sobre a vida

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JUNHO | 200610

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PreferênciaEm entrevista à imprensa aministra Ellen Gracieexplicou como prefere sertratada na presidência doSTF: por presidente, não porpresidenta. "Presidente émais leve", justificou.

O sistema idealEstá definido que haverá a unificação dos sistemas de

processos eletrônicos hoje existentes no Judiciário brasileiro.Falta decidir qual dos sistemas será mais adequado a todos ossegmentos da Justiça. É o que será discutido no Encontro dos

Operadores da Justiça Virtual, promovido pela ConselhoNacional da Justiça, que acontecerá nos dias 28 a 30 de

junho, em Brasília. A CAIXA estará presente.

Processo virtual 2Pode ser aprovado até o final de junho o projeto de leinº 5.728, que regulamenta o uso do processo virtual naJustiça brasileira. A expectativa é da Comissão deConstituição, Justiça e Cidadania da Câmara dosDeputados. Com a digitalização dos processos, destacao secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),Sérgio Tejada, haverá mais agilidade, economia etransparência. "Um advogado, por exemplo, podeenviar, do seu escritório no interior do país, petição a umtribunal superior em Brasília, via internet, sem precisarviajar."

Sem advogadoAs partes podem atuar sem constituir advogado nas causas dosJuizados Especiais Federais Cíveis. A decisão é do STF ao julgar aADI 3168, ajuizada pela OAB. O tribunal considerou constitucionalo artigo 10 da Lei 10.259/01, que criou os Juizados Especiais Cíveise Criminais no âmbito da Justiça Federal. O relator JoaquimBarbosa observou que a lei tem a finalidade de ampliar o acesso àJustiça e agilizar a prestação jurisdicional. Ficou decidido tambémque o advogado é necessário nas causas dos Juizados EspeciaisCriminais. Neste caso, segundo o relator, "em homenagem aoprincípio da ampla defesa, é imperativo que o réu compareça aoprocesso devidamente acompanhado de profissional habilitado."

Prêmio pela motivaçãoEmpregados com mais de 25 anos

de CAIXA, lotados nasSuperintendências Regionais

Paulista, Pinheiros, Santana e Séforam homenageados pela

Empresa, em 8 de junho. Nasolenidade, a presidente Maria

Fernanda disse que os resultadosextraordinários da CAIXA se

devem, especialmente, àmotivação e ao desempenho de

seus empregados.

OAB e o CPC Através da ADI 3740, a OAB pede que o STF

declare inconstitucionais os seguintesdispositivos do Código de Processo Civil:

- o parágrafo 1º do artigo 475-L e o parágrafoúnico do artigo 741, com a redação alterada

pela Lei 11.232/05;- o parágrafo único do artigo 741, na redaçãoconferida pela Medida Provisória 2.180-35.De acordo com a OAB, os artigos atentam

contra a segurança jurídica e a própriaautoridade do Poder Judiciário, quando se

permite que o que fora antes decididodefinitivamente possa ser desconstituído por

um juiz de primeiro grau.

Cartão do advogadoA OAB prorrogou por tempo indeterminado oprazo de validade dos cartões de identificaçãodos advogados, vencidos e a vencer. A medidaevita novas despesas para os profissionais. Onovo modelo do cartão vai apresentar maiorsegurança, utilizando um chip para fim decertificação digital.

Revista de DireitoAté 30 de junho os autores interessados podem enviar trabalhospara publicação na Revista de Direito da ADVOCEF. A ediçãonúmero 3 será lançada no Congresso de Belém, em 31 de agosto.As normas para participação estão no site da ADVOCEF.

Crime e castigoDiálogo que circula na

internet entre famosa réconfessa e seu advogado:- Eu tenho alguma chance

de ser absolvida?- Só se for julgada pelo

Congresso Nacional.

Processo virtualA Comissão de Contencioso Judicial da Advocacia-

Geral da União convidou a CAIXA para participar darecém-criada subcomissão para acompanhamento

dos sistemas de processosjudiciais eletrônicos. No

órgão, há integrantes doINSS, Fazenda e AGU. Vão

representar a CAIXA osadvogados Jailton

Zanon e GirlanaPeixoto.

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JUNHO | 2006

Bancos no CDCO STF decidiu, após quatro anos, por nove votos a

dois, que o Código de Defesa do Consumidor seaplica aos bancos. Apesar disso, os advogados das

instituições financeiras comemoraram o fato de que,em vários votos, os ministros reiteraram que o CDC

não se aplica a questões de política monetária."Ficou claro, na transcrição do voto do ministro Eros

Grau (relator) que todas as relações de consumopertencem ao CDC, menos a política de juros. Só

posso entender que todos os ministrosacompanharam o voto do relator", afirmou o jurista

Yves Gandra Martins ao jornal Valor.

Bancos no CDC 2O diretor do departamento jurídico daFebraban, Johan Albino Ribeiro, acha que adecisão do STF pode causar um maior númerode ações, mas nada que exija nenhuma açãoespecial. "Não é necessário reforçar (a defesa),mesmo porque o ambiente jurídico hoje émuito melhor." Segundo a Febraban, existemcerca de 120 mil processos contra os bancos,pedindo a revisão de encargos financeiros. NoJuizado Especial, cerca de 30% das açõesreferentes a relações de consumo são contra asinstituições.

Exercício ilegalO presidente em exercício da

OAB/RS, Braulio Pinto, vai levar aoConselho Federal da OAB a

discussão sobre o projeto de lei queprevê a possibilidade de atuarem

nos Juizados Especiais Cíveis (JECs)bacharéis da advocacia que ainda

não foram aprovados no exame deOrdem. Para o secretário-geral da

OAB/RS, Paulo Mazzardo , "oprojeto é uma vergonha, poisoficializa o exercício ilegal da

profissão".

Varas reduzidasO presidente do

Superior Tribunalde Justiça e do

Conselho daJustiça Federal,Raphael Barros

Monteiro, vaireavaliar o projetode criação de 400

novas varasfederais, proposto

na gestão anterior. A proposta foi reduzidapara 230 varas pelo Conselho Nacional de

Justiça. Segundo Barros Monteiro, as novasinstalações poderão trazer problemas comcustos de estrutura e pessoal. O quadro depessoal da Justiça Federal poderá atingir olimite da Lei de Responsabilidade Fiscal apartir de 2007, problema agravado com a

criação do novo Plano de Cargos e Salários,em vias de ser aprovado no Congresso

Nacional. Fonte: Valor.

Proposta de fériasO recesso forense e as férias para os advogados deverãoacontecer entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro. Aproposta foi enviada pela OAB ao Conselho Nacional da Justiça.No período atuarão juízes substitutos e câmaras de férias, paraque não haja prejuízo às questões urgentes. Os conselheirosfederais atenderam às reclamações de advogados, principalmenteos de pequenos escritórios, que ficaram impedidos de se valer dasférias forenses para descansar.

PrisãoO advogado Sérgio Wesley da Cunha foi preso na CPI do Tráficode Armas por responder "A gente aprende rápido aqui" aocomentário do deputado Arnaldo Faria de Sá: "O senhoraprendeu rápido com a malandragem." Um leitor mandou seuprotesto ao jornal O Estado de São Paulo: "Quando, finalmente,alguém diz uma verdade numa CPI, acaba preso".

FUNCEF vende açõesA FUNCEF vendeu à América Latina Logística (ALL) as participações acionárias quedetinha, com o BNDES e a Previ, nas estatais Brasil Ferrovias e Novoeste Brasil. Odiretor-presidente da Fundação, Guilherme Lacerda, disse ao jornal Valor que todosfizeram um ótimo negócio. "A FUNCEF vendeu a sua participação pelo equivalente aR$ 254 milhões e hoje as ações que tem na ALL já valem R$ 317 milhões."

Fórum pela éticaO advogado Juel Prudêncio

Borges, do JURIR/Cuiabá,representou a ADVOCEF no

Fórum Permanente de ControleSocial, que aconteceu em 12 de

maio, na sede da OAB/MatoGrosso. No evento, foramdebatidas as denúncias de

corrupção e a falta de ética nospoderes públicos. O Fórum é

composto por várias entidadessem vinculação político-

partidária, como o MovimentoOrganizado pela Moralidade

Pública e Cidadania Organização(Moral), dirigido pelo advogado

da CAIXA Jorge AmádioFernandez Lima.

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Recurso eletrônicono STF

O Supremo TribunalFederal vai implantar em

julho seu sistema derecursos eletrônicos. Alémda agilidade do trabalho,o sistema vai garantir aadmissão dos processos

vindos das turmasrecursais dos Juizados

Federais, que hojeprecisam ser impressos.

Raphael Barros Monteiro

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ANO V | JUNHO | 2006 | Nº 040

CRÔNICA

Francisco Spisla (*)

12 JUNHO | 2006

Quando fiz uma viagem àTurquia, maisespecificamente, para Éfeso,

nos idos de 1996, fui visitar a casa emque - registra a tradição católica -Maria, Mãe de Jesus, teria vivido bomtempo de sua vida. Pois bem, na horaem que lá cheguei estava sendocelebrada uma missa e eu resolvi tiraruma foto. Era a última. Então amáquina começou a rebobinar o filmecom aquele zumbido irritante nosilêncio do momento da Consagração.Trezentos olhares meempurraram para um cantoermo onde cobri o objetoimpertinente com minha blusaforçando o corpo de encontro auma parede. Levei um sustoporque a parede cedeu emalgumas pedras revelando umtipo de cofre. Olhei para oslados e não vi ninguém.Arrisquei explorar colocando amão naquele vão, que não eramuito grande, e senti como queum tipo de livro de couro quepeguei e coloquei em minhamochila.

Não sei qual foi a motivação,mas esqueci completamente oocorrido e o mais estranho foi quenão abri mais o compartimento damochila em que o livro foi guar-dado. Somente há um mês atrás,mais ou menos, quando saiu anotícia de que tinha sido encon-trado o Evangelho de Judas, é quealgo acendeu em minhas memó-rias e fui procurar a mochila. In-crível! Ainda estava guardada en-tre as malas de viagem. Folheeicom cuidado, pois as folhas de pa-piro estavam se desmanchando. A cali-grafia visivelmente era feminina e esta-va escrito em koiné (o grego bíblico) mastambém, surpreendentemente, com mui-tos trechos em latim. Pelo jeito como es-tavam dispostos os textos, com possíveisindicações de datas, parecia ser um diá-rio escrito por uma mãe sobre seu filho.Depois dos manuscritos de Qunram e oEvangelho de Judas, será que eu tinhaencontrado o diário de Maria?!

Tentei traduzir alguma coisa puxan-do pela memória das antigas lições, masdesisti pois não conseguia lembrar de ne-nhuma palavra. Todo dia folheava, folhe-

ava... Até que no dia 09 de junho, queestranho!, no dia do início da Copa doMundo de Futebol, me deparei com apalavra latina pila. Lembrei imediatamen-te: Pila, ae quer dizer bola. E encontreitambém epyskiros em grego, que de acor-do com pesquisas, era o futebol dos gre-gos surgido em 1 A.C. Comecei a ficarmuito intrigado e motivei-me a tentar tra-

duzir. Muni-me de gramáticas, dicionári-os e até do Novo Testamento. Com muitoesforço pude apurar alguns trechos quesão, de alguma forma, complemento dealgumas partes dos evangelhos.

Um deles refere-se às bodas de Caná,quando Jesus disse à sua mãe: "Que te-mos nós com isso, mulher? Minha horaainda não chegou" (Jo 2, 4). No texto dodiário está escrito: "Então ele me dissecom aquele seu sorriso que transmitia umapaz infinita: minha hora ainda não che-gou, mamãe, antes nós vamos bater ospés numa bola (pedes in pila- jogar bolaem latim)". Outro trecho interessante é o

A religião futebol

da instituição dos doze discípulos que sepode conferir em Mateus 10, 1-4, e emMarcos 3, 14-19. Já no diário está assim:"Meu filho chamou seus doze amigosmais chegados e lhes deu autoridade deexpulsar os espíritos imundos, de curartoda a sorte de males e enfermidades etambém deixou marcada cada posiçãopara jogar quando tivesse torneio. Simão

Pedro, goleiro; André, Tiago e Joãoe Felipe, na defesa; Bartolomeu,Tomé e Mateus, no meio; e Tiago,filho de Alfeu, Tadeu e Simão Ze-loso no ataque; Judas ficava na re-serva. E disse-lhes que jamais usas-sem qualquer milagre para ganharalguma partida. Mas eu vi váriasvezes ele soprando (ânemos - ven-to, em grego) disfarçadamente delonge com um olhar maroto rindojunto com as crianças que iam brin-car com ele". Cito, ainda, o trechoem que Jesus combateu o excessi-vo apego dos judeus pelo sábado(Mc 2, 23-28). No diário há umaoutra interpretação: "O homem nãofoi feito para o sábado; o sábado éque foi feito para o homem jogarbola com seus amigos e viver empaz".

E assim foi que acabei tradu-zindo grande parte, mesmo sem aajuda da National Geografic, e che-guei a uma conclusão intrigante:Jesus Cristo gostava de futebol eentre suas mensagens procurou va-lorizar esses encontros lúdicos. Tan-to assim que disse que, se dois oumais estivessem reunidos em Seu

nome, entre aquelas pessoas Ele estaria.E só pode ser entendido assim porque ofutebol, como aliás qualquer encontro depessoas com boas intenções, traz o con-graçamento, a paz, a alegria, a diversão.Então Ele estará ali. E hoje em dia a úni-ca coisa capaz de reunir o mundo todoem paz é o futebol. Mas ainda fica a per-gunta final: por que a menção ao futebolfoi excluída dos evangelhos?... Ah, bom!O Vaticano não consegue se classificar paraas Copas.

(*) Advogado da CAIXAem Londrina/PR