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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental 81 4.1 Contextualizando Continuando nossa discussão sobre os assuntos que permeiam a problemática do Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, apresentamos, neste capítulo 4, o olhar acerca da Ecologia Humana e sua contribuição como estratégia promotora do Desenvolvimento Sustentável. Nesta perspectiva, os conteúdos aqui tratados trazem o enfoque na relação do homem com a natureza, bem como a forma dele se ver diante da mesma. Assim, faz-se pertinente apresentar temas cuja abordagem gire em torno da interação humano/natureza, orientadas por um saber direcionado para a causa ambiental, contemplando a adoção de estratégias equilibradas de manejo, com a adoção de tecnologias limpas. Tais pressupostos devem estar orientados para um novo tipo de consumidor, que se apresenta: o consumidor “verde” ou sustentável. Este, por sua vez, é um indivíduo com características de conhecimento e adesão à causa ambiental, capaz inclusive de promover campanhas de boicote àqueles produtos que julgue ser lesivos ao meio ambiente, lutando inclusive com as armas que a legislação oferece. Ao final deste capítulo, esperamos que você esteja apto a: Verificar a relação de complexidade existente entre o homem e a natureza; Apreender como funciona o processo interativo humano/ambiental; Identificar estratégias de promoção às tecnologias limpas. Esperando contribuir com o seu crescimento intelectual, desejamos um bom estudo! ECOLOGIA HUMANA - UM NOVO OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 4

Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental 81

4.1 Contextualizando

Continuando nossa discussão sobre os assuntos que permeiam

a problemática do Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental,

apresentamos, neste capítulo 4, o olhar acerca da Ecologia Humana e sua

contribuição como estratégia promotora do Desenvolvimento Sustentável.

Nesta perspectiva, os conteúdos aqui tratados trazem o enfoque na

relação do homem com a natureza, bem como a forma dele se ver diante da

mesma. Assim, faz-se pertinente apresentar temas cuja abordagem gire em

torno da interação humano/natureza, orientadas por um saber direcionado

para a causa ambiental, contemplando a adoção de estratégias equilibradas

de manejo, com a adoção de tecnologias limpas.

Tais pressupostos devem estar orientados para um novo tipo de consumidor,

que se apresenta: o consumidor “verde” ou sustentável. Este, por sua vez, é um

indivíduo com características de conhecimento e adesão à causa ambiental, capaz

inclusive de promover campanhas de boicote àqueles produtos que julgue ser

lesivos ao meio ambiente, lutando inclusive com as armas que a legislação oferece.

Ao final deste capítulo, esperamos que você esteja apto a:

� Verificar a relação de complexidade existente entre o homem e a natureza;

� Apreender como funciona o processo interativo humano/ambiental;

� Identificar estratégias de promoção às tecnologias limpas.

Esperando contribuir com o seu crescimento intelectual, desejamos um

bom estudo!

ECOLOGIA HUMANA - UM NOVO OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO

CAPÍTULO 4

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

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4.2 Conhecendo a teoria

4.2.1 Comentando a ecologia humana

Você já parou para pensar o quanto as ações humanas têm contribuído

para a problemática ambiental atual? Acreditamos que, com o avanço do

nosso conteúdo, este já seja um questionamento constante em sua memória.

Realmente, muito do que vemos de efeitos negativos no ambiente é

fruto da forma inadequada de apropriação da natureza, atendendo somente

ao viés da economia de mercado.

Há aproximadamente 40 anos, com o início das discussões em torno dos

problemas ocasionados pelo crescimento econômico sem limites, pensava-

se na opção de simplesmente não utilizar os recursos naturais ou, ainda, de

deixar a natureza intocada.

Nesse contexto, surgem duas frentes de posicionamento: a primeira dos

que defendem a continuidade do modelo de crescimento como forma de

proporcionar aos países em desenvolvimento os mesmos benefícios alcançados

pelos desenvolvidos; e a segunda apresenta-se totalmente contrária a anterior,

pregando o famoso “vamos parar tudo” como forma de garantir a manutenção

dos recursos do planeta.

A esse respeito, perguntamos a você, prezado(a) aluno(a): como encontrar um meio termo para essas frentes de posicionamento? Como agir de forma orientada para uma visão de futuro da humanidade?

REFLEXÃO

Como resposta a esses dois questionamentos, a comunidade científica

apresenta a ecologia humana como uma forma de pensar e agir a partir

do ecossistema em que o homem está inserido. “Daí a necessidade de se

adotar padrões negociados e contratuais de gestão da biodiversidade”

(SACHS, 2008, p. 53).

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

83

Leff (2008) ainda ressalta que isso tudo requer um novo posicionamento

do conhecimento científico, onde este seja orientado para a saída da

visão fragmentada dos saberes, sendo eles direcionados para a adoção

de práticas holísticas, visando à aplicação dos conhecimentos teóricos de

forma coerente para a resolução dos problemas ambientais.

Você sabia que adotar práticas holísticas como estratégia de ação é a mesma coisa que agir de forma completa para alguma coisa, ou seja, ter uma visão geral acerca de determinado problema. No caso do saber ambiental, seria a construção do conhecimento de todas as áreas científicas com direcionamento para o uso sustentável do ambiente.

SAIBA QUE

Tratar desse assunto significa evidenciar a forma como o homem se

relaciona com a natureza, ou seja, se ele se vê como proprietário ou como

parte dela.

NASA/AxelBoldt

Figuras 1 e 2 - Incêndio florestal e extração de látex, respectivamente.

Pelas figuras apresentadas, podemos perceber que o possível meio termo

está no desenvolvimento endógeno, ou seja, de dentro para fora; de baixo

para cima; melhor ainda: do local onde a comunidade está assentada.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

84

4.2.2 Uma relação complexa: o homem e a natureza

Historicamente, o homem tem suas necessidades satisfeitas a partir do

usufruto da natureza. Inicialmente, como nômade, consumindo somente o

que ela produzia, depois, de forma fixa, impulsionado por técnicas de cultivo.

Recentemente, há pouco mais de 200 anos, a Revolução Industrial motiva

mudanças estruturais na fisionomia da natureza e na forma como o homem se

vê inserido na mesma, ou seja, acontece uma verdadeira especulação ambiental.

Surge assim uma generalização em escala mundial dos padrões tecnológicos

de produção e de consumo. Isso tem gerado uma transformação negativa no

ambiente, refletida na gama considerável de impactos que ela provoca.

Verifique no Sistema Integrado de Bibliotecas (SIB) da UnP literatura sobre história contemporânea e produza uma linha do tempo acerca das implicações da Revolução Industrial para a nossa sociedade, destacando o valor econômico dado aos bens e serviços ambientais.

DESAFIO

É fato que o meio ambiente apresenta uma valoração econômica,

entretanto, esta nem sempre é contabilizada no custo final dos bens e serviços.

Marques e Comune (1999, p. 25) ainda acrescentam que:

Sob uma ótica mais restrita, pode-se assumir que os bens e serviços econômicos, de forma geral, utilizam o meio ambiente – ar, água, solo – impactando sua capacidade assimilativa acima de sua capacidade de regeneração. Isto implica que aqueles bens e serviços detêm custos de produção que são compostos de fatores comercializados no mercado (terra, capital e trabalho), portanto, com preços explícitos e fatores não comercializados no mercado – os bens e serviços ambientais.

Essa abordagem se dá a partir da constatação da forma como o homem tem

se posicionado perante a natureza, impondo à mesma característica de dispensa.

Falar desse posicionamento implica afirmar que podemos usufruir de tudo que

a natureza nos proporciona, não importando se essa atitude vai gerar escassez.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

85

O homem como centro da natureza

Reafirmando que, desde os tempos mais remotos da história da

humanidade, existe a relação humano x natureza, ou seja, a sobrevivência

humana sempre esteve condicionada à existência de recursos naturais.

Inicialmente, essa relação ocorreu de forma harmônica, uma vez que o

homem só retirava da natureza o essencial para seu sustento, dando à mesma

as condições e o tempo hábil de regeneração.

Porém, a partir do século XVIII, essa fisionomia de convivência com

a natureza muda de configuração amparada pelos avanços tecnológicos

sucessivos à Revolução Industrial.

Outro fator que merece destaque nesta mudança de postura no contato

com a natureza são as duas grandes guerras mundiais e o aparato tecnológico

proveniente do poderio bélico construído para atender às demandas

armamentistas pautadas na defesa do território.

Esses elementos que, de forma distinta, não parecem estar correlacionados

são grandes contribuintes para o padrão de consumo ora instalado na

civilização contemporânea.

EXPLORANDOEXPLORANDO

Acesse a Revista Turismo e Sociedade (publicação da Universidade Federal do Paraná) disponível no endereço http://www.ser.ufpr.br/, leia o capítulo 2 (Primórdios da aviação na América do Sul) contido no artigo Correio Aéreo e aviação civil: Os primeiros passos da Varig, publicado no volume 2, número 2 de 2009. Após sua leitura verifique como a aviação civil é um exemplo das facilidades criadas a partir do pós-guerra.

Sobre os fatos até agora apresentados, chamamos sua atenção para

a forma como surgiram esses benefícios, ou seja, a partir da apropriação

humana sobre os recursos naturais do planeta.

Esta apropriação acelerou-se à medida que a Revolução Industrial

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Capítulo 4

86

e os fenômenos em decorrência da mesma aconteciam. Podemos citar,

como exemplo, o incremento dos meios de transporte aliado às formas de

comunicação.

Ainda, em referência à apropriação dos recursos, vale salientar que

a mesma não se deu por vias harmônicas de convivência. Tal constatação é

coerente quando se observa que as intervenções, com o objetivo de promover o

desenvolvimento tecnológico, não colocam o homem como parte da natureza

e sim como proprietário dos recursos dela provenientes.

A degradação da natureza aparece nesta perspectiva como um efeito de racionalidade econômica que nega e desconhece a natureza, que tenta reduzir e capitalizar a ordem da vida e da cultura. (LEFF, 2008, p. 190)

Isso tudo se deve principalmente à visão e conceito que cada um tem de

ambiente, bem como a forma como nos vemos diante do mesmo.

Pense em um agropecuarista detentor de extensas propriedades rurais. Como seria o posicionamento dele ao se deparar com a seguinte situação: necessidade da ampliação das áreas de pasto a partir do desmatamento?

REFLEXÃO

Quando trazemos esse paradigma para a discussão, é para que

percebamos como tem sido nossa relação com a natureza. Uma relação de

propriedade x proprietário, na qual não são consideradas as necessidades que

a propriedade apresenta para sua manutenção.

O homem como parte da natureza

Levar em consideração as necessidades que a natureza apresenta significa

compreender que a finalidade dela aqui não é para atender aos nossos desejos

e sim que somos parte da mesma.

Assim, para esse convívio ocorrer de forma harmônica, é preciso adotar

estratégias de convivialidade condizentes entre a satisfação das necessidades

humanas, atendendo as da natureza.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

87

Neste caso, acrescentamos as palavras de Boff (2004), quando ele

questiona sobre o que se entende por convivialidade, ressaltando que a boa

aplicação dessa expressão seria a combinação do valor técnico da produção

material com o valor ético da produção social.

Responder a esse questionamento significa conceber que praticar a

convivialidade seria tentar reverter a crise ecológica hoje existente, sabendo

que a mesma foi instrumentalizada pelo poder-dominação, aliado à produção-

exploração da natureza.

Apreender esses preceitos significa ir além da concepção de mercado, considerando outras racionalidades nesta perspectiva. Neste sentido, vale assimilar a postura de convívio adotada no Oriente, especialmente pelos adeptos do hinduísmo. A esse respeito, podemos considerar uma medida adotada pelos discípulos de Gandhi, especialmente J. C. Kumarappa, quando apresenta a economia da permanência, que prevê a satisfação das genuínas necessidades humanas, autolimitadas por princípios que evitam a ganância, caminhando junto com a conservação da biodiversidade.

SAIBA QUE

Compreender a natureza sob esse ponto de vista é apreender a habilidade

de transformar seus recursos sem destruir o capital natural. Vale salientar

que o conceito de recurso é cultural e histórico, bem como o conhecimento

social a respeito do potencial ambiental (SACHS, 2008). “O que hoje é recurso,

ontem não era, e alguns recursos dos quais somos dependentes hoje, serão

descartados amanhã.” (SACHS, 2008, p. 70).

Tudo isso condiz com a forma de visualização da natureza pelo homem,

ou seja, à medida que ele se percebe como parte dela, existe a tendência de

minoração de suas ações predatórias, pois ele entende que das boas condições

do planeta dependem sua qualidade de vida.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

88

Márcio Cabral de Moura

Figura 3 - A reciclagem como alternativa de destinação de lixo

Assim, quando se vê como parte da natureza, o homem proporciona a

criação de relações interativas capazes de promover o equilíbrio racional da

utilização dos recursos com a ajuda da ciência. Essa será possível a partir da

implantação de novas estratégias de manejo, proporcionando a implantação

de tecnologias limpas, ocasionando o surgimento do consumidor verde, ou

seja, um ser humano crítico e bem informado acerca da origem dos bens e

serviços que consome.

4.2.3 O processo interativo homem x natureza

Falar na interação do homem com a natureza significa pensar numa

influência mútua e harmoniosa. A esse respeito, Santos (2007, p. 153; 161) diz que:

Uma grande tarefa deste fim de século é a crítica do consumismo e o reaprendizado da cidadania. [...] Ficar prisioneiro do presente ou do passado é a melhor maneira para não fazer aquele passo adiante.

A intenção de trazer essa afirmativa tão forte neste momento é levá-lo

mais uma vez a refletir sobre os vários conteúdos que estamos tratando nessa

disciplina, ou seja, para que você tenha o conhecimento necessário e, quem

sabe com isso, repensar suas atitudes individuais e coletivas. Isso significa

pensar em você como um indivíduo conhecedor e executor da matéria em

prol da interatividade do homem com a natureza.

Neste sentido, pergunto: você poderia afirmar a forma como aconteceria

essa interatividade?

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

89

O ponto de partida para que ocorra a interatividade é uma revolução

científica, por meio da problematização do saber ambiental. Nisso estaria

implícita uma transformação do conhecimento, induzida pela construção

de uma nova racionalidade ambiental. Aí entram a ecologia, economia,

sociologia, direito, antropologia, matemática, geografia, etc.

Enfim, observa-se a necessidade de revisar toda a estrutura científica

como forma de construir um modelo de desenvolvimento focado na satisfação

das necessidades humanas, eliminando os conflitos socioeconômicos, o

desemprego, a pobreza e a privação sem, com isso, esgotar os recursos do

planeta, bem como considerando os saberes tradicionais do lugar.

Neste sentido, é possível propor uma dialética entre a construção do conhecimento e a construção do real. [...] uma racionalidade ambiental orienta a construção de uma realidade social e uma racionalidade produtiva fundadas em novos valores éticos de produtividade, que partem de outros princípios de realidade: diversidade, complexidade, interdependência, sinergia, equilíbrio, eqüidade, solidariedade, sustentabilidade e democracia. (LEFF, 2008, p. 162)

É nesse ponto que queremos chegar ao trazer a discussão da interação do

homem com a natureza neste momento do nosso livro texto, pois é importante

perceber que existe uma luz no fim do túnel e que não estamos falando de

utopias e, sim, das emergentes necessidades, das quais dependem a qualidade

da sobrevivência das espécies, inclusive, a humana.

O equilíbrio proporcionado pelo saber ambiental

Um ponto interessante para iniciar nossa conversa a respeito do

equilíbrio racional, que pode ser proporcionado pela ciência, está na questão

da fragmentação do conhecimento.

Há muito o ser humano tem orientado sua construção do conhecimento

de maneira isolada, onde cada ramo da ciência apresenta sua própria ótica

acerca de determinado tema. Assim, o que ocorre é uma construção desconexa

e desarticulada, levando a inúmeras interpretações sobre um dado problema.

Com as questões ambientais, isso não foge à regra, ou seja, cada ramo da

ciência apresenta uma ótica muito particular.

Abordando uma visão atual dessa divisão, apontamos algumas áreas e

suas interferências: na racionalidade econômica, evidenciasse a construção

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

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de um novo eixo produtivo; no Direito, propõe-se uma nova estruturação do

direito, cujo ordenamento jurídico responda a novas formas de propriedade e

apropriação das formas de vida e produção; a antropologia visa à integração

sociocultural a partir da articulação da organização cultural com as condições de

seu meio ambiente; na ecologia e na geografia, uma visão recente é a construção

de unidades operacionais de manejo dos recursos naturais (LEFF, 2008).

Por meio desta ótica, é possível que você perceba o caráter inter (multi)

disciplinar, no qual o saber ambiental se orienta. Entretanto, torna-se urgente

sistematizar o conhecimento humano numa perspectiva de complementaridade,

de modo a atingir a maximização da produção do conhecimento em prol do

favorecimento do processo interativo homem x natureza.

EXPLORANDOEXPLORANDO

Acessando o link http://www.ispn.org.br, você conhecerá o Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN, um centro de pesquisa e documentação independente, brasileiro, sem fins lucrativos, fundado em abril de 1990 e sediado em Brasília. Ele tem como objetivo central contribuir

para a viabilização do desenvolvimento sustentável com equidade social e equilíbrio ambiental. Para tanto, realiza e promove a pesquisa científica, dissemina conhecimentos e estimula o intercâmbio entre pesquisadores. Ao mesmo tempo, subsidia a atuação de movimentos sociais e ambientais e a formulação de políticas públicas nas interfaces entre desenvolvimento, população e meio ambiente.

Pensar de forma orientada pelo raciocínio que fundamenta o ISPN

significa promover uma articulação dos saberes para essa finalidade, ou seja,

é preciso pensar em ideias sustentáveis e essa é um bom exemplo, que merece

conhecimento e apropriação pelos cientistas, sejam eles naturais ou sociais.

A partir dessa ambientação inter e transdisciplinar do saber, é possível

promover um novo olhar para o conhecimento, construído de forma holística.

Observamos, entretanto, que este saber ainda passa por um processo de

gestação, pois, para sua sistematização, é imprescindível vencer o desafio de

sairmos da sociedade do consumo sem controle (ditado pela força do mercado)

para a sociedade do consumo sustentável.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

91

Desta ruptura epistemológica e desta postura sociológica sobre as relações entre o saber, o conhecimento e o real, são deduzidos os princípios conceituais para pensar o ambiente como potencial produtivo e a racionalidade ambiental como a articulação de valores, significações e objetivos que orientam um processo de reconstrução social, onde o pensamento da complexidade se abre caminho na encruzilhada da democracia, da eqüidade e da sustentabilidade, num campo atravessado pelas estratégias de poder no saber. (LEFF, 166 2008)

Atender a afirmativa do parágrafo anterior possibilitará a estruturação

de estratégias de manejo capazes de conciliar os diversos interesses dos

ecossistemas envolvidos.

As estratégias de manejo como garantia de sustentabilidade

Quando falamos em estratégias de manejo, trazemos a discussão de

como manipular a natureza, de modo a garantir a sustentabilidade, pois

sabemos que essa não é uma tarefa fácil de ser realizada, exigindo muito

esforço individual e coletivo.

Você sabia que Odaiba, o bairro mais moderno de Tóquio, fica em uma ilha artificial, aterrada e construída – em grande parte – com lixo. Este bairro é um exemplo de convivência com o lixo: praticamente 100% são reaproveitados. O lixo segue automaticamente para uma usina, levado por tubos, vindos das cinco regiões do bairro. Toneladas de lixo são despejadas a cada minuto. Uma gigantesca garra mecânica, controlada por um comando parecido com o de videogame, recolhe tudo e joga na fornalha. Além disso, o calor produzido na usina gera eletricidade e nenhum grão de sujeira é desperdiçado. As cinzas que sobram dessa queima são reaproveitadas, por exemplo, para pavimentar as ruas, e a energia produzida a partir do lixo abastece até 10 mil residências. (KOVALICK, 2010)

SAIBA QUE

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

92

Outro ponto, que merece destaque no Japão, é que lá não há lixeiras nas

calçadas, ou seja, se a gente quiser se livrar de uma garrafa de refrigerante, por

exemplo, precisa ir até uma loja de conveniência, onde há um ponto de coleta para

reciclagem. Neste sentido, o lixo é dividido em quatro categorias e a separação é

feita assim: primeiro, joga-se o resto do refrigerante no ralo; quando a garrafa

estiver vazia arranca-se o rótulo, que vai para a lata dos plásticos, aí, finalmente,

pode-se jogar a garrafa fora, em lugar apropriado. Dá trabalho? Claro que dá. O

prêmio é viver em cidades que raramente alagam em dias de chuva e com ruas

que parecem sempre ter acabado de passar por uma boa faxina. (Op. Cit.)

Comparando os fatos mencionados com a nossa realidade parece até que

estamos falando de um filme de ficção científica, cuja visão é extremamente

futurista, ou seja, algo irreal. O problema é que estamos tão (mal) acostumados

com a forma atual de intervenção no ambiente, que simplesmente cogitar

em adotar novos padrões intervencionistas se configura como uma coisa tão

distante e difícil de ser alcançada que, muitas vezes, nem ousamos tentar.

Entretanto, não só é possível como é viável e, neste aspecto, mais vezes

nós retomamos o componente educativo como eixo norteador para essa nova

configuração. E por que a educação é indispensável, neste sentido? Sabemos que todo

processo de mudança requer a passagem por um processo ensino-aprendizagem,

pois, sem ele, não é possível a adaptação às novidades que se apresentam.

Assim, pensar e praticar as estratégias de manejo como garantia de

sustentabilidade requer coragem, força de vontade e capital humano. Este último

tem que apresentar muita disposição para apreender novas técnicas e aplicá-las

no cotidiano, de forma simples e conectada por um sentimento de pertencimento,

ou seja, por meio de uma humanização das intervenções ecológicas.

EXPLORANDOEXPLORANDO

Para melhor ilustrar como seria a humanização das inovações tecnológicas sugerimos que você acesse o endereço http://planetasustentavel.abril.com.br/download/painel_inicial_casa_sustentavel.pdf e conheça a casa sustentável, uma casa protótipo, que foi planejada para mostrar que sim, é possível ter uma vida sustentável.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

93

Reafirmamos que se trata de uma revolução sem fronteiras, ainda dentro

do contexto do agir local e pensar global. E você, caro(a) aluno(a), como irá

orientar sua atuação profissional diante do quadro que se configura?

Trazer a discussão sobre posicionamento profissional é pertinente neste

momento, pois, independentemente da área de atuação dos profissionais, uma

palavra que precisa ser posta em prática (mesmo de forma mínima) para o alcance

do desenvolvimento sustentável é o manejo das intervenções no ambiente. Neste

caso, manejo é pré-requisito para desenvolvimento sustentável.

E como isso será possível? Precisamos conhecer casos de sucesso e adaptá-

los a nossa realidade, por isso que, no decorrer do nosso livro-texto, temos

sempre procurado apresentá-los. A esse respeito, o Professor Sachs (2008) fala

da conservação da biodiversidade por meio do ecodesenvolvimento, trazendo

o exemplo da Índia, que está implementando diversos projetos em torno de

reservas de tigres e em parques nacionais.

Evidentemente que isso tudo depende muito de vontade política, como

já mencionamos em momento anterior, pois a efetiva participação e controle

social (especialmente em países como o Brasil) se tornam evidente para que os

estudos saiam do papel e propiciem a reconciliação do desenvolvimento com

a biodiversidade. Isso também será complementado com o surgimento de um

“novo” consumidor consciente e crítico.

As tecnologias limpas e o consumidor verde

Naturalmente que falar em tecnologias limpas remete a refletir sobre

desenvolvimento tecnológico. A esse respeito é válido retomar que estamos

em pleno século XXI e nunca em momento da história se viu tantos avanços e

descobertas na ciência.

Como é possível que a solução para a problemática ambiental não tenha sido aplicada de forma eficaz, se estamos na Era do Conhecimento, onde em todos os dias são apresentados maiores avanços?

REFLEXÃO

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

94

No capítulo 2, apresentamos como a teoria neoliberal impulsiona a

composição econômica, ou seja, pelos desígnios do mercado. Atrelado a isso,

podemos acrescentar o modelo de inovações tecnológicas atual.

Neste sentido, existe toda uma lógica de concepção de produtos e

mercadorias voltadas para a minimização dos custos de produção, aliada à

maximização dos lucros na comercialização. Isso tudo ainda faz parte de um

complexo rol de estratégias de competitividade no setor produtivo.

Além disso, essas estratégias estão atreladas ao processo decisório dos

agentes econômicos, especialmente no que se refere à dinâmica de surgimento

das inovações tecnológicas. Um ponto merecedor de destaque é que essa dinâmica

atende preferencialmente às inovações que contemplem, em sua concepção,

formas de simplificar a vida humana, por meio da criação de zonas de conforto.

Entretanto, embora de forma lenta, porém gradual, existe uma mudança

neste panorama. Isso se deve, em parte, à irreversível mudança de postura da

humanidade nos últimos cinquenta anos, a partir da tomada de consciência da

problemática ambiental e das consequências que a mesma acarreta.

Assim, surge um “novo” consumidor: o consumidor verde ou sustentável,

cujos interesses seletos têm provocando uma mudança nas estratégias de

produção. Essas podem ser percebidas em todos os aspectos, indo desde a

concepção dos produtos às formas de comercialização.

Vale salientar, inclusive, que, nos últimos anos, até as campanhas

promocionais têm concebido novas formas de criação e execução, tendo em

mente sempre atender às expectativas de um consumidor consciente, crítico e

reclamante de seus direitos junto aos órgãos competentes.

A esse respeito, Romeiro e Salles Filho (1999, p.107) salientam:

Uma empresa pode se antecipar a qualquer legislação ou imposição externa e resolver buscar e incorporar uma inovação com a qual ela imagine poder conquistar uma vantagem competitiva. Se há por parte da firma uma expectativa de resposta positiva de consumo a uma inovação que explore o lado ecológico da preferência do consumidor, então a firma pode estar desenvolvendo uma certa trajetória tecnológica, amigável do ponto de vista ambiental, por uma determinação essencialmente endógena.

Page 15: Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

95

Retomando o capítulo 3, ainda afirmamos que, à medida que as

inovações “verdes” forem economicamente viáveis, atendendo aos anseios do

consumidor, o mercado irá requerê-las.

Você já ouviu falar no Eco4Planet, o buscador ecológico? Quando falamos em buscar alguma informação na rede mundial de computadores (internet) o primeiro nome que vem em nossa mente é o Google, não é mesmo? Acontece que este não é o único, e, como alternativa verde, existe o Eco4Planet (www.eco4planet.com/pt/), um site que lança mão do mesmo mecanismo de buscas do Google, só que, para cada 50 mil pesquisas realizadas, uma árvore é plantada no Brasil.

Só para você ter ideia: se o mundo inteiro utilizasse esse buscador com a tela preta, seriam economizados cerca de sete milhões de kilowats-hora em um ano, ou o mesmo que 58 milhões de computadores desligados por 1 hora.

(http://olhardigital.uol.com.br)

CURIOSIDADE

Ainda como tendência de mercado com novas tecnologias para

atender aos anseios dos consumidores conscientes, podemos citar a indústria

automobilística, cujos modelos apresentados pelos salões de automóveis no

mundo afora são os veículos híbridos (movidos à energia elétrica e a combustível

fóssil). Além da indústria automobilística, todos os setores produtivos estão

se rendendo aos apelos ambientalistas. A esse respeito aprofundaremos a

discussão no capítulo 5 deste livro-texto.

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Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

96

4.3 Aplicando a teoria na prática

Estádios da Copa deverão adotar selo de sustentabilidade ambiental

Os estádios da Copa 2014 deverão ter certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) para atestar a sustentabilidade ambiental dos empreendimentos. A informação vem do Comitê Local da Copa 2014 (COL), que, em comunicado oficial, enviado nesta terça-feira (4/8) aos coordenadores e arquitetos das cidades-sedes, recomendou “fortemente” a certificação das arenas do Mundial.

“Sabemos das iniciativas individuais dos projetos de cada uma das Cidades e parabenizamos as mesmas. No entanto, no sentido de organizar os processos de sustentabilidade e oficializar os mesmos, recomendamos que certifiquem seus projetos e obras pelo selo LEED”, informou o Consultor Técnico de Estádios do comitê, Carlos de La Corte.

De acordo com o COL, a certificação tem o objetivo de oficializar e organizar os processos de sustentabilidade das arenas do Mundial, e reflete o comprometimento do comitê com a neutralização das emissões de carbono das atividades da Copa 2014.

Segundo o comunicado, o COL recomenda aos estádios o selo LEED Certified, o menor dos quatro graus oferecido pelo U.S. Green Building Council, organização não governamental norte-americana, que implanta o sistema de certificação. “Ficaríamos muito satisfeitos apenas com a certificação simples (LEED Certified - 40 a 49 pontos e 8 pré-requisitos), já que existem outros selos mais sofisticados de certificação LEED (Silver, Gold e Platinum)”, diz o texto.

Para o COL, a implantação do selo tornaria o Brasil referência mundial em arenas sustentáveis. “O Brasil seria, então, o primeiro país a ter todos os estádios da Copa certificados pelo LEED, servindo de exemplo mundial”.

(http://www.copa2014.org.br/noticias/866/ESTADIOS+DA+COPA+DEVERAO

+ADOTAR+SELO+DE+SUSTENTABILIDADE+AMBIENTAL.html.Consulta em

06-04-2010)

Page 17: Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

97

Baseando-se na reportagem, como você considera que deve ser o

posicionamento dos gestores das cidades-sedes para atender, de maneira

satisfatória, essas exigências impostas pela Federação Internacional de Futebol

(FIFA), atingindo a meta da “Copa Verde”?

Para responder esse questionamento, é preciso conceber que este é

um grande desafio e, para vencê-lo, inicialmente os profissionais de todos os

segmentos atingidos pelo evento deverão visualizar-se como parte da natureza

e dos ecossistemas que serão afetados com as intervenções provenientes das

demandas da FIFA.

Assim, o primeiro passo a ser dado será o de identificar o nível do saber, ou

seja, o conhecimento dos profissionais envolvidos acerca do saber ambiental.

Isso deverá ser feito a partir de uma pesquisa inter (multi) disciplinar, uma vez

que um evento desta magnitude envolve profissionais de diversas áreas do

conhecimento, ou seja, desde os cientistas naturais (na elaboração dos Estudos

de Impacto Ambiental) até os sociais (aqueles que irão atuar na promoção e

execução do evento).

Outra questão que merece destaque é o nível desses profissionais envolvidos

(desde serventes a mestres e doutores), o que implica um nivelamento acerca das

questões ambientais e das demandas que a intervenção na natureza requer.

Para a concepção de um mega evento desse porte, todos os esforços

deverão ser canalizados para um equilíbrio na relação homem x natureza.

Isso significa afirmar que existe uma necessidade eminente de pesquisas para

encontrar soluções tecnológicas de manejo (tanto viáveis economicamente

como ecologicamente).

Quem estiver à frente de um processo tão dinâmico e complexo como

é um evento deste porte, não deve esquecer que os olhos do mundo estarão

voltados para as cidades-sedes durante pelo menos dois meses. E isso é

válido lembrar, pois a FIFA apresenta mais membros filiados do que a própria

Organização das Nações Unidas – ONU.

Neste todos e tudo, o que for feito em prol do evento será alvo de

especulação e, caso não esteja coerente com os padrões preestabelecidos,

terá uma repercussão negativa, acarretando em efeitos de longo alcance. E

ninguém quer ter seu nome atrelado a algo que fracassou, não é verdade?

Page 18: Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

98

4.4 Para saber mais

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Consumo Sustentável - Manual de

Educação. DF, 2005. (série desafios da educação ambiental)

Esta publicação, em parceria com o Idec Consumers International, propõe

uma nova postura diante do consumo, introduzindo novos argumentos

contra os hábitos de desperdício, que caracterizam o padrão de consumo

das sociedades ocidentais modernas, que, além de ser socialmente injusto, é

ambientalmente insustentável.

MATER NATURA: Instituto de Estudos Ambientais. Disponível em:

< http://www.maternatura.org.br>. Acesso em: 17 abr. 2010.

O Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais é uma associação civil

ambientalista, sem fins lucrativos, de caráter científico, educacional e cultural.

Sua missão é contribuir para a conservação da diversidade biológica e cultural,

visando à melhoria da qualidade da vida.

LAYRARGUES, Philippe Pomier. Sistemas de Gerenciamento Ambiental,

Tecnologia Limpa e Consumidor Verde: a delicada relação empresa–meio

ambiente no ecocapitalismo. Revista de Administração de Empresas. São

Paulo, v. 40, n. 2, p. 80-88, Abr./Jun. 2000.

O texto sustenta o argumento de que a ISO 14000 não resolverá a

complexa problemática ambiental brasileira. O autor aponta que sua

incorporação na empresa não representa ainda uma mudança paradigmática

em direção à sustentabilidade, mas, sim, uma mudança da cultura empresarial

provocada mais pelas transformações político-econômicas mundiais do

que por uma possível conscientização ambiental. Apesar de a tecnologia

limpa ser apontada como a maior vantagem competitiva contemporânea

no atual cenário de desregulamentação governamental, seu alcance

ainda é limitado devido à sua intrínseca dependência da demanda de um

significativo mercado verde.

RICKLEFS, ROBERT E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro:

GUANABARA KOOGAN S.A., 2003.

Page 19: Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

99

O livro aborda o ambiente físico e as formas pelas quais os organismos

se adaptam às suas vizinhanças. Ele introduz o conceito de bioma, discute

o movimento da energia dos alimentos, tratando a adaptação e as trocas

fundamentais que os organismos fazem. Isso é seguido por discussões de

estrutura e dinâmica populacional e de interações entre populações de

diferentes espécies, bem como da organização e da regulação das comunidades

ecológicas. Ele enfatiza como os sistemas ecológicos são continuamente

desafiados e mantidos, e como a dinâmica desses sintomas formam padrões de

biodiversidade no planeta. Para finalizar, o autor apresenta uma visão geral

dos problemas ambientais e algumas de suas soluções.

4.5 Relembrando

Neste capítulo, apresentamos a discussão de como visualizar a Ecologia

Humana como pressuposto para uma nova visão acerca do desenvolvimento

sustentável.

Para ilustrar esta temática, a abordagem do conteúdo foi direcionada de

modo a estimular a compreensão sobre a complexa relação entre o homem e a

natureza, bem como o entendimento relacionado à necessidade de existência

de um processo interativo entre tais atores.

Finalizando o capítulo, mostramos como as inovações tecnológicas

de cunho ambiental são possíveis para a busca do equilíbrio racional na

apropriação dos recursos, principalmente após o surgimento do consumidor

“verde” (o consumidor consciente), obrigando o mercado a se adequar a este

novo paradigma.

Page 20: Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

100

4.6 Testando os seus conhecimentos

Pesquisas mostram que edifícios sustentáveis reduzem em 30% o consumo de energia e em 50% o consumo de água. A procura pela certificação é grande, mas os desafios são maiores. No Brasil, são aplicadas atualmente duas certificações ambientais: o Aqua e o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), de origem americana. Há ainda os selos Sustentax e Procel Edifica, ambos brasileiros.

Entretanto, ser sustentável no Brasil não é fácil. Muitos consumidores duvidam da reputação e da qualidade dos produtos e serviços sustentáveis, porque confundem sustentabilidade com ecologia, baixa qualidade, rusticidade, etc. Eles acham que tudo o que é sustentável é mais caro e não tem ampla oferta no mercado, além de desconhecerem os critérios que os tornam verdes. No Brasil, apenas 29% das empresas desenvolvem alguma ação de modo a organizar uma rede de fornecedores socialmente responsáveis e 31% possuem políticas para efetivar “compras verdes”.

(COELHO, Laurimar. Certificação ambiental. Revista Téchne, São Paulo, 156. ed.,

ano 18, Mar. 2010. Disponível em: <http://www.revistatechne.com.br/engenharia-

civil/155/artigo162886-2.asp>. Acesso em: 17 abr. 2010)

Diante da situação citada, como articular conhecimentos dos profissionais

das áreas de construção civil e comunicação para estimular o aumento

da credibilidade da população, a fim de unir esforços para o aumento das

construções com certificação ambiental?

Page 21: Cap4 Desenvolvimento e Sustentabilidade UnP

Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

Capítulo 4

101

Onde encontrar

BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: Ética do Humano-Compaixão pela Terra.

Petrópolis: Vozes, 2004.

GASTAL, S. A. Correio Aéreo e aviação civil: Os primeiros passos da Varig.

Turismo & Sociedade, Curitiba, v. 2, n. 2, p. 185-211, outubro de 2009.

KOVALICK, Roberto. Moradores de bairro japonês reaproveitam quase 100%

do lixo. Bom dia Brasil, Tóquio, 09 Abr. 2010. Disponível em: <http://g1.globo.

com/bomdiabrasil/0, MUL1562975-16020,00-MORADORES+DE+BAIRRO+JAPO

NES+REAPROVEITAM+QUASE+DO+LIXO.html> Acesso em: 15 abr. 2010.

LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,

poder. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

MARQUES, João Fernando; COMUNE, Antônio Evaldo. A teoria neoclássica e a

valoração ambiental. In: ROMEIRO, Ademar Ribeiro; REYDON, Bastiaan Philip;

LEONARDI, Maria Lucia Azevedo (Org.). Economia do meio ambiente: teoria,

políticas e a gestão de espaços regionais. 2. ed. Campinas, SP: UNICAMP.IE, 1999.

OLHAR DIGITAL. Eco4Planet, o buscador ecológico. Digital News. 03 Mar,

2010. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/central_de_videos/video_

wide.php?id_conteudo=10181&/ECO4PLANET+O+BUSCADOR+ECOLOGICO>.

Acesso em: 17 abr. 2010.

ROMEIRO, Ademar Ribeiro; SALLES FILHO, Sergio. Dinâmica de inovações sob

restrição ambiental. In: ROMEIRO, Ademar Ribeiro; REYDON, Bastiaan Philip;

LEONARDI, Maria Lucia Azevedo (Org.). Economia do meio ambiente: teoria,

políticas e a gestão de espaços regionais. 2. ed. Campinas, SP: UNICAMP.IE, 1999.

SACHS, Ygnacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 3. ed. Rio de

Janeiro: Garamond, 2008.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 7.ed. São Paulo: EDUSP, 2007.