22
340 Capítulo 08 – VoIP Sumário Conceitos.............................................................................................................. 341 Funcionalidade..................................................................................................... 341 Funcionamento..................................................................................................... 342 Dificuldades.......................................................................................................... 343 Confiabilidade....................................................................................................... 344 Qualidade de Serviço........................................................................................... 344 Chamadas de Emergência................................................................................... 345 Envio de Fax......................................................................................................... 345 Integração em um sistema global de número telefônico...................................... 345 Telefonia Móvel.................................................................................................... 346 Segurança............................................................................................................. 346 Protocolos............................................................................................................. 346 H.323.............................................................................................................. 346 SIP.................................................................................................................. 347 MGCP............................................................................................................. 349 H.248/MEGACO............................................................................................. 349 IAX.................................................................................................................. 349 RTP................................................................................................................ 350 RTCP.............................................................................................................. 350 Uso corporativo..................................................................................................... 351 Regulamentação................................................................................................... 351 Posição da ANATEL............................................................................................. 352 Asterisk................................................................................................................. 353 Instalação e configuração de um servidor Asterisk com Slackware..................... 353

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340

Capítulo 08 – VoIP

Sumário

Conceitos.............................................................................................................. 341 Funcionalidade..................................................................................................... 341 Funcionamento..................................................................................................... 342 Dificuldades.......................................................................................................... 343 Confiabilidade....................................................................................................... 344 Qualidade de Serviço........................................................................................... 344 Chamadas de Emergência................................................................................... 345 Envio de Fax......................................................................................................... 345 Integração em um sistema global de número telefônico...................................... 345 Telefonia Móvel.................................................................................................... 346 Segurança............................................................................................................. 346 Protocolos............................................................................................................. 346

H.323.............................................................................................................. 346 SIP.................................................................................................................. 347 MGCP............................................................................................................. 349 H.248/MEGACO............................................................................................. 349 IAX.................................................................................................................. 349 RTP................................................................................................................ 350 RTCP.............................................................................................................. 350

Uso corporativo..................................................................................................... 351 Regulamentação................................................................................................... 351 Posição da ANATEL............................................................................................. 352 Asterisk................................................................................................................. 353 Instalação e configuração de um servidor Asterisk com Slackware..................... 353

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VoIP

Conceitos

Voz sobre IP, também chamado VoIP, telefonia IP, telefonia Internet, telefonia

em banda larga e voz sobre banda larga é o roteamento de conversação humana

usando a Internet ou qualquer outra rede de computadores baseada no Protocolo de

Internet, tornando a transmissão de voz mais um dos serviços suportados pela rede

de dados.

Empresas que fornecem o serviço de VoIP são geralmente chamadas

provedoras, e os protocolos usados para transportar os sinais de voz em uma rede

IP são geralmente chamados protocolos VoIP. Existe barateamento de custo devido

ao uso de uma única rede para carregar dados e voz, especialmente no qual os

utilizadores já possuem uma rede com capacidade subutilizada, que pode

transportar dados VoIP sem custo adicional. Chamadas de VoIP para VoIP no geral

são gratuitas, enquanto chamadas VoIP para redes públicas (PSTN) podem ter

custo para o utilizador VoIP.

Considera-se a telefonia IP a agregação do VoIP com outros serviços

agregados para a telefonia.

Funcionalidade

O VoIP pode facilitar tarefas difíceis em redes tradicionais. Chamadas

entrantes podem ser automaticamente roteadas para o telefone VoIP,

independentemente da localização na rede. Por exemplo, é possível levar um

telefone VoIP para uma viagem, e onde você conectá-lo à Internet pode-se receber

ligações, contanto que a conexão seja rápida e estável o suficiente. O fato da

tecnologia ser atrelada à Internet também traz a vantagem de poder integrar

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telefones VoIP a outros serviços como conversação de vídeo, mensageiros

instantâneos, compartilhamento de arquivos e gerenciamento de listas telefônicas.

Estar relacionado à Internet também significa que o custo da chamada independe da

localização geodésica e dos horários de utilização, ambos os parâmetros usados na

cobrança na telefonia fixa e móvel, e cujos valores variam de operadora a

operadora.

Vários pacotes de serviço VoIP incluem funcionalidades que em redes

tradicionais seriam cobradas à parte, como conferência a três, redirecionamento de

chamadas, rediscagem automática e identificador de chamadas.

Entretanto, apesar de amplamente utilizado através de computadores, o VoIP

pode ser utilizado através de adaptadores para telefones analógicos ou gateways

VoIP, que são aparelhos que podem ser conectados diretamente em uma conexão

banda larga e a um aparelho telefônico comum ou a um PABX em posições de

troncos ou ramais. Eles fornecem a interligação entre as redes IP e fixas.

Funcionamento

O procedimento consiste em digitalizar a voz em pacotes de dados para que

trafegue pela rede IP e converter em voz novamente em seu destino. Segue passo a

passo um caso de uso de uma ligação. O utilizador retira o telefone IP do gancho, e

nesse momento é emitido um sinal para a aplicação sinalizadora do roteador de

"telefone fora do gancho". A parte de aplicação emite um sinal de discagem. O

utilizador digita o número de destino, cujos dígitos são acumulados e armazenados

pela aplicação da sessão.

Os gateways comparam os dígitos acumulados com os números

programados; quando há uma coincidência ele mapeia o endereço discado com o IP

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do gateway de destino. A aplicação de sessão roda o protocolo de sessão sobre o

IP, para estabelecer um canal de transmissão e recepção para cada direção através

da rede IP.

Se a ligação estiver sendo realizada por um PABX, o gateway troca a

sinalização analógica digital com o PABX, informando o estado da ligação. Se o

número de destino atender a ligação, é estabelecido um fluxo RTP sobre UDP entre

o gateway de origem e destino, tornando a conversação possível.

Quando qualquer das extremidades da chamada desligar, a sessão é

encerrada.

Dificuldades

Como o UDP não fornece um mecanismo para assegurar que os pacotes de

dados sejam entregues em ordem sequencial, ou ainda que forneça garantias de

qualidade de serviço, as implementações VoIP sofrem com o problema de latência e

jitter (variações de atraso). Esse problema é acentuado quando uma conexão por

satélite é usada, devido ao grande atraso de propagação (entre 400 e 600

milisegundos para um satélite geoestacionário). O nó receptor deve reestruturar os

pacotes IP que podem estar fora de ordem, atrasados ou desaparecidos, enquanto

assegura o fluxo de áudio.

Outro desafio para o roteamento de tráfego VoIP são os firewalls e os

tradutores de endereço. O Skype utiliza um protocolo proprietário para rotear

chamadas entre utilizadores Skype, permitindo atravessar NAT e firewall[1]. Outros

métodos para passar firewalls incluem STUN e ICE.

Em resumo, os principais desafios técnicos do VoIP são latência, perda de

pacotes, eco, jitter e segurança. A principal causa de perda de pacotes é o

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congestionamento, que pode ser controlado por gerenciadores de congestionamento

de rede. Causas comuns de eco incluem inconsistências de impedância em circuitos

analógicos.

Do ponto de vista de gestão, se a estrutura de rede e os equipamentos forem

antigos ou inexistentes, uma mudança para VoIP pode custar alto para a aquisição

de novos equipamentos como o cabeamento, comutadores, roteadores, telefones IP,

e aumento da banda de conexão, além da mão de obra especializada.

Confiabilidade

Telefones convencionais são conectados diretamente às linhas de telefone da

empresa de telefonia, que, em caso de falha de energia, ainda são funcionais pelo

uso de geradores de energia de apoio localizados na central telefônica. Entretanto,

os equipamentos VoIP domésticos utilizam roteadores de banda larga e outros

equipamentos que dependem da energia elétrica.

Mesmo que a energia elétrica esteja disponível, o provedor de acesso à

Internet pode estar indisponível. Enquanto o PSTN amadureceu através das

décadas de uso e atualmente é considerado confiável, a maioria das redes de banda

larga são novas.

Qualidade de serviço

Algumas conexões de banda larga possuem uma qualidade pobre de

transmissão. Quando os pacotes IP são perdidos ou atrasados em algum ponto da

rede, existe um queda momentânea da voz na conversação. Isso é mais perceptível

em redes bastante congestionadas ou onde existe grandes distâncias entre os

pontos de conexão.

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Alguns protocolos já foram definidos para suportar e relatar qualidade de

serviço em ligações VoIP, incluindo RTCP XR (RFC3611), SIP RTCP Summary

Reports, H.460.9 Annex B (para H.323), H.248.30 e extensões MGCP.

Chamadas de emergência

A natureza do Protocolo de Internet torna difícil a localização geográfica dos

utilizadores na rede. Chamadas de emergência portanto não podem ser roteadas

facilmente para o centro de chamadas mais próximo, e são impossíveis em alguns

sistemas. Entretanto, sistemas VoIP podem rotear chamadas de emergência para

linhas de telefone não emergenciais.

Envio de fax

O suporte de envio de fax sobre VoIP ainda é limitado. Os codecs de voz

existentes não foram desenvolvidos para a transmissão de fax. Um esforço para

remediar essa situação é definir uma solução baseada em IP alternativa para

oferecer Fax sobre IP, nomeadamente o protocolo T.38. Outra solução possível é

tratar o sistema de fax como um sistema de troca de mensagens que não necessita

transmitir em tempo real, assim como enviar um fax como anexo de e-mail ou como

uma impressão remota.

Integração em um sistema global de número telefônico

Enquanto redes tradicionais e móveis compartilham um padrão global comum

(E.164) que permite alocação e identificação de qualquer linha telefônica, não existe

padrão similar adotado em redes VoIP.

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Telefonia móvel

Os telefones móveis constituem uma tecnologia de grande uso no mercado,

sendo inclusive usados para substituir por completo telefones tradicionais. Portanto,

não está claro se haverá demanda suficiente para o VoIP entre os consumidores até

que as redes sem fio possuam cobertura similar às redes de celular, permitindo o

uso dos telefones WiFi. Equipamentos híbridos entre as duas redes são esperados

para que o VoIP torne-se mais popular.

Segurança

A maioria das soluções VoIP ainda não suportam criptografia, o que resulta

na possibilidade de se ouvir chamadas alheias ou alterar seu conteúdo. Um método

de segurança é disponível através de codificadores de áudio patenteados que não

são disponíveis para o público externo, dificultando o entendimento do que está

sendo trafegado e protegendo o consumidor. Entretanto, outras áreas de segurança

através de obscuridade não têm tido sucesso a longo prazo devido à grupos de

engenharia reversa. Algumas empresas usam compressão de dados para tornar a

escuta alheia mais difícil. Entretanto, segurança através de criptografia e

autenticação ainda não está amplamente disponível ao público.

Protocolos

Alguns dos protocolos utilizados no VoIP para sinalização de chamadas são:

H.323

O padrão H.323 é parte da família de recomendações ITU-T (International

Telecommunication Union Telecommunication Standardization sector) H.32x, que

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pertence a série H da ITU-T, e que trata de "Sistemas Audiovisuais e Multimídia". A

recomendação H.323 tem o objetivo de especificar sistemas de comunicação

multimídia em redes baseadas em pacotes e que não provêem uma Qualidade de

Serviço (QoS) garantida. Além disso, estabelece padrões para codificação e

decodificação de fluxos de dados de áudio e vídeo, garantindo que produtos

baseados no padrão H.323 de um fabricante inter-opere com produtos H.323 de

outros fabricantes.

Redes baseadas em pacotes incluem as redes IP (Internet Protocol) como a

Internet, redes IPX (Internet Packet Exchange), as redes metropolitanas, as redes de

longa distância (WAN) e ainda conexões discadas usando PPP. O padrão H.323 é

completamente independente dos aspectos relacionados à rede. Dessa forma,

podem ser utilizadas quaisquer tecnologias de enlace, podendo-se escolher

livremente entre as que dominam o mercado atual como Ethernet, Fast Ethernet,

FDDI, ou Token Ring.

Também não há restrições quanto à topologia da rede, que pode consistir

tanto de uma única ligação ponto a ponto, ou de um único segmento de rede, ou

ainda serem complexas, incorporando vários segmentos de redes interconectados.

O padrão H.323 especifica o uso de áudio, vídeo e dados em comunicações

multimídia, sendo que apenas o suporte à mídia de áudio é obrigatório. Mesmo

sendo somente o áudio obrigatório, cada mídia (áudio, vídeo e/ou dados), quando

utilizada, deve seguir as especificações do padrão. Pode-se ter uma variedade de

formas de comunicação, envolvendo áudio apenas (telefonia IP), áudio e vídeo

(videoconferência), áudio e dados e, por fim, áudio, vídeo e dados;

SIP

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O Protocolo de Iniciação de Sessão (SIP) é um protocolo de aplicação, que

utiliza o modelo “requisição-resposta”, similar ao HTTP, para iniciar sessões de

comunicação interativa entre usuários. É um padrão da Internet Engineering Task

Force (IETF) (RFC 3261, 2002.).

O SIP é um protocolo de sinal para estabelecer chamadas e conferências

através de redes via Protocolo IP. O estabelecimento, mudança ou término da

sessão é independente do tipo de mídia ou aplicação que será usada na chamada;

uma chamada pode utilizar diferentes tipos de dados, incluindo áudio e vídeo. O SIP

teve origem em meados da década de 1990 (naquele tempo o H.323 estava

começando a ser finalizado como um padrão) para que fosse possível adicionar ou

remover participantes dinamicamente em uma sessão multicast.

O desenvolvimento do SIP talvez se concentre em ter um impacto tão

significante quanto o protocolo HTTP, a tecnologia por trás das páginas da web que

permite que uma página com links clicáveis conecte com textos, áudio, vídeo e

outras páginas da web. Enquanto o HTTP efetua essa integração através de uma

página web, o SIP integra diversos conteúdos a sessões de administração. O SIP

recebeu uma adoção rápida como padrão para comunicações integradas e

aplicações que usam presença.

O SIP foi modelado (inspirado) em outros protocolos de Internet baseados em

texto como o SMTP (email) e o HTTP (páginas da web) e foi desenvolvido para

estabelecer, mudar e terminar chamadas em um ou mais usuários em uma rede IP

de uma maneira totalmente independente do conteúdo de mídia da chamada. Como

o HTTP, o SIP leva os controles da aplicação para o terminal, eliminando a

necessidade de uma central de comutação;

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MGCP

MGCP é um acrônimo para a expressão inglesa Media Gateway Control

Protocol, um protocolo proposto pelo grupo de trabalho IETF (Internet Engineer Task

Force) para integração da arquitetura SS#7 em redes VOIP. Embora o SS#7 se

encontre presente na telefonia tradicional, o MGCP especifica com redes IP, Frame

Relay e ATM.

O sistema é composto por um Call Agent, pelo menos um media gateway

(MG), responsável pela conversão dos sinais entre circuitos e pacotes, e pelo menos

um Signaling Gateway (SG), quando conectado a um PSTN.

Durante a evolução do MGCP, o trabalho cooperativo de grupos do ITU-T e

do IETF resultou na recomendação H.248, definida também com o protocolo

Megaco (IETF), através do RFC 3015.

H.248/MEGACO

H.248, também conhecido como protocolo Megaco, é um padrão

desenvolvido cooperativamente entre o ITU e a IETF para permitir que um Media

Gateway Controller (MGC) desempenha seu papel em um media gateway (MG).

Competindo com outros protocolos como o MGCP e MDCP, é considerado um

protocolo complementar ao H.323 e ao SIP, no qual o MGC controla os MGs via

H.248, mas comunicará com outro via H.323 ou SIP.

IAX

Scrônimo para “Inter-Asterisk Exchange” é um protocolo desenvolvido pela

Digium com o objetivo de estabelecer comunicação entre servidores Asterisk. IAX é

um protocolo de transporte, tal como o SIP, no entanto faz uso apenas de uma única

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porta UDP (4569) tanto para sinalização como para streams RTP. O fato de utilizar

apenas uma porta é uma vantagem em cenários de Firewall e ou NAT. IAX2 é

versão nr. 2 do IAX.

Atualmente este protocolo já é utilizado, para além de comunicação entre

servidores Asterisk, em telefones VoIP. Assim como existem telefones SIP existem

também telefones IAX2.

IAX é um acrônimo para Inter Asterisk eXchange, protocolo usado pelo

Asterisk VoIP PBX alternativo ao SIP, H.323, para conectar a outros dispositivos que

suportam IAX (uma lista limitada no momento, mas com rápido crescimento).

Atualmente está na versão 2. O Asterisk suporta tanto o IAX quanto o IAX 2.

RTP

Em ciência da computação, RTP (do inglês Real Time Protocol) é um

protocolo de redes utilizado em aplicações de tempo real como, por exemplo,

entrega de dados áudio ponto-a-ponto, como Voz sobre IP. Define como deve ser

feita a fragmentação do fluxo de dados áudio, adicionando a cada fragmento

informação de seqüência e de tempo de entrega. O controle é realizado pelo RTCP -

Real Time Control Protocol. Ambos utilizam o UDP como protocolo de transporte, o

qual não oferece qualquer garantia que os pacotes serão entregues num

determinado intervalo. Os protocolos RTP/RTCP são definidos pela RFC 3550 do

IETF (Internet Engineering Task Force).

RTCP

O protocolo RTCP (Real-Time Transport Control Protocol ), definido também

através da recomendação RFC 3550 do IETF, é baseado no envio periódico de

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pacotes de controle a todos os participantes da conexão (chamada), usando o

mesmo mecanismo de distribuição dos pacotes de mídia (Voz). Desta forma, com

um controle mínimo é feita a transmissão de dados em tempo real usando o suporte

dos pacotes UDP (para Voz e controle) da rede IP.

Uso corporativo

Apesar de poucos ambientes de escritório e residências utilizarem uma infra-

estrutura puramente de telefonia IP, provedores de telecomunicações usam a

tecnologia rotineiramente, geralmente em uma rede IP dedicada para conectar

estações e converter sinais de voz em pacotes IP e vice e versa. O resultado é uma

rede digital genérica (tráfego de voz e dados) com escalabilidade. O consumidor

corporativo usa a telefonia IP para obter as vantagens da abstração da informação

na rede. Com o VoIP é necessário somente fornecer uma conexão de dados e mais

banda de rede. Não sendo necessário distribuir uma rede específica para a telefonia

no ambiente de trabalho. Empresas maiores também fazem uso de gateways para

as redes tradicionais, reduzindo custos de mão de obra externa o serviço. Seu uso é

ainda mais visível quando uma empresa necessita comunicar dois sítios distantes a

nível internacional.

Regulamentação

Ainda não existe um consenso regulatório sobre a VoIP no mundo. No Brasil

ainda não existe uma discussão sobre a regulamentação da tecnologia. O órgão

responsável pela regulamentação de telefonia no Brasil é a Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL), que é gerida pela Lei Geral de Telecomunicações,

LGT. A legislação brasileira não enquadra a VoIP como serviço de

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telecomunicações, e sim como serviço de valor adicionado, quando utiliza parte da

rede pública de telecomunicações. Portanto o serviço é regido pelo artigo 61 da

LGT.

Posição da Anatel

No portal da Anatel está observado que o VoIP é um conjunto de tecnologias

que usam a Internet ou redes do IP privadas para a comunicação de voz,

substituindo ou complementando os sistemas de telefonia convencionais. A agência

não regulamenta as tecnologias, mas os serviços de telecomunicações que delas se

utilizam.

A comunicação de voz utilizando computadores conectados à Internet, uma

das aplicações desta tecnologia, é considerada Serviço de Valor Adicionado, não

sendo necessária autorização da Anatel para prestá-lo.

Nesse contexto, o uso da tecnologia de VoIP deve ser analisado sob três

aspectos principais:

•••• A comunicação de voz efetuada entre dois computadores pessoais,

utilizando programa específico e recursos de áudio do próprio computador,

com acesso limitado a usuários que possuam tal programa, não constitui

serviço de telecomunicações, mas Serviço de Valor Adicionado, conforme

entendimento internacional;

•••• A comunicação de voz no âmbito restrito de uma rede corporativa ou na

rede de uma prestadora de serviços de telecomunicações, de forma

transparente para o assinante, efetuada entre equipamentos que podem

incluir o aparelho telefônico, é caracterizada como serviço de

telecomunicações. Neste caso, é exigida a autorização para exploração de

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serviço de telecomunicações para uso próprio ou para prestação a

terceiros;

•••• A comunicação de voz de forma irrestrita com acesso a usuários de outros

serviços de telecomunicações e numeração específica (objeto de controle

pela Anatel) é caracterizada como serviço de telecomunicações de

interesse coletivo. É imprescindível autorização da Agência e a prestação

do serviço deve estar em conformidade com a regulamentação;

Asterisk

Asterisk é um PABX open source que permite a comunicação entre linhas

telefônicas convencionais e VoIP.

Cada telefone é configurado como uma extensão no PABX, mas a maior

vantagem é do Asterisk é que a extensão não tem que estar na mesma localidade

física. Isto significa que você pode ter extensões espalhadas pelo mundo inteiro,

desde que estas estejam conectadas à Internet e configuradas corretamente com a

informação de seu servidor.

Como em qualquer sistema PABX, Asterisk disponibiliza ferramentas como:

voicemail, conferência e transferência de chamadas, entre outras.

Uma das maiores vantagens do Asterisk é que ele permite que você configure

o seu Dial Plan e Code de acordo com o que você necessita.

Instalação e configuração de um servidor Asterisk com Slackware

Especificações

Hardware mínimo recomendado para uma aplicação com 10 canais

simultâneos:

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•••• Processador Intel 900Mhz (Mínimo);

•••• Memória RAM de 512 MB;

•••• Disco Rígido de 20GB (sem correio de voz);

Plataforma operacional utilizada:

•••• Slackware Linux versão 10.1;

•••• Asterisk 1.2.10;

•••• LibPri 1.2.3;

•••• Zaptel 1.2.7;

Instalação do sistema operacional

O conhecimento básico de instalação de um sistema GNU/Linux é necessário,

portanto não será abordado o procedimento de instalação como um todo.

Proceda com a instalação normal do sistema GNU/Linux tendo como única

precaução, no momento da escolha dos pacotes, selecionar a opção "menu" e em

seguida "full" para evitar problemas de resolução de dependências posteriores.

DICA: Remova os pacotes de instalação das interfaces gráficas Gnome e

KDE, isso irá lhe economizar cerca de 1,5 GB durante a instalação, além de deixar

seu sistema mais "enxuto" na inicialização.

Obter os pacotes com o código fonte do Asterisk e de suas dependências

Certifique-se que o seu GNU/Linux esteja em uma rede local com acesso a

internet, e execute como root o comando "netconfig" e coloque manualmente as

configurações de IP, DNS, etc.

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Uma vez que a internet esteja configurada, efetue o download dos pacotes

através do comando: wget http://enderecocompletodopacote ou baixe em um

browser convencional e grave em um CD.

Os pacotes a serem baixados são:

•••• Asterisk;

•••• Libpri;

•••• Zaptel;

Os pacotes podem ser baixados através do site: http://www.asterisk.org/

Preparando os pacotes para instalação

Crie um diretório chamado "asterisk" dentro do diretório /usr/src/ com o

comando: # mkdir /usr/src/asterisk

Mova/copie os arquivos asterisk-versao, libpri-versao e zaptel-versao para o

diretório criado.

Copiar: # cp asterisk-versao libpri-versao zaptel-versao /usr/src/asterisk

Mover: # mv asterisk-versao libpri-versao zaptel-versao /usr/src/asterisk

Acesse o diretório com os novos arquivos e descompacte todos eles, os

comandos são:

# cd /usr/src/asterisk

# tar -zxvf asterisk-versao

# tar -zxvf libpri-versao

# tar -zxvf zaptel-versao

Compilando os fontes

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A compilação dos fontes deve seguir exatamente esta seqüência para não

haver problemas de dependências.

Primeiro compile o pacote libpri.

Estando em /usr/src/asterisk:

# cd librpi-versao

# make clean

# make

# make install

Segundo compile o pacote zaptel.

Estando em /usr/src/asterisk:

# cd zaptel-versao

# make clean

# make

# make install

Por último compile o pacote asterisk.

Estando em /usr/src/asterisk:

# cd asterisk-versao

# make clean

# make mpg123 (este comando irá instalar o aplicativo mpg123 versão 0.59r

que é necessário na utilização de música em espera e outros serviços de áudio)

# make

# make install

Após concluir a instalação, ainda dentro do diretório "asterisk-versao" execute

o seguinte comando para criar os arquivos ".conf" contendo as configurações do

sistema Asterisk.

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# make samples

Feito isto seu servidor VoIP já tem tudo necessário para ser configurado e

utilizado.

Iniciar o sistema Asterisk

Iniciar o sistema é simples, basta executar o comando:

# asterisk & (o & serve para colocar o processo em background)

Adicione este comando no arquivo /etc/rc.d/rc.local para que ele inicie o

asterisk junto com o sistema GNU/Linux.

Particularmente uso o editor de textos "vim", mas a fim de tornar o

aprendizado o mais simples, vamos utilizar um editor menos complexo, no caso o

mcedit ou o vi.

Para editar o arquivo: # mcedit /etc/rc.d/rc.local

Vá até o final do arquivo inclua a seguinte linha:

asterisk &

Pressione a tecla F10 para sair e selecione a opção salvar.

Criar um ramal

Para criar um ramal, primeiro é necessário decidir qual tipo de protocolo será

utilizado, o IAX ou o SIP.

Um parâmetro que eu tomo particularmente como relevante na escolha do

protocolo é quanto ao uso dentro de um ambiente corporativo e fora de um ambiente

corporativo (internet).

Caso o uso dos ramais seja dentro da própria rede onde está o servidor VoIP

Asterisk, sem ter de atravessar um firewall, utilizo o protocolo SIP, que possui mais

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funcionalidades e possui um softphone mais agradável (X-Lite) e que tem como

contra a dificuldade de passar por firewall.

Caso o uso dos ramais seja fora da rede onde está o servidor, utilizo o

protocolo IAX, que utiliza apenas uma porta (udp 4569), o que torna extremamente

simples a passagem através do firewall, contra o IAX tem algumas dificuldades com

funções mais avançadas que estão disponíveis apenas no SIP.

Para criar um ramal com o protocolo IAX, procederemos da seguinte forma.

O arquivo que editamos para incluir ramais IAX é o /etc/asterisk/iax.conf. Para

editá-lo: # mcedit /etc/asterisk/iax.conf

Dentro dele, vá até o final do arquivo e adicione as seguintes linhas:

[Número do Ramal]

callerid=Nome do Usuário

secret=Senha do Ramal

host=dynamic #(ver obs1)

type=friend #(ver obs2)

context=interno #(ver obs3)

Observações:

1. A opção "dynamic" serve para o ramal ser acessado por qualquer host

(inclusive fora da rede), você pode definir o endereço IP para limitar apenas

um determinado host a acessar este ramal.

2. Existem três tipos de "type", são eles:

•••• Friend = Efetua e recebe ligações;

•••• Peer = Apenas faz ligações;

•••• User = Apenas recebe ligações;

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3. No campo "context", adiciona-se a qual "classe de ramal" o ramal pertence,

por exemplo, você define um contexto chamado "DDD" onde o ramal pode

fazer ligações DDD e outro Local onde o ramal só faz ligações locais. Em

nosso caso usamos o contexto "interno" que será criado posteriormente e

que realizará apenas ligações entre os ramais cadastrados no nosso

servidor voip Asterisk.

Um exemplo de utilização seria assim:

[200]

callerid=John

secret=x600y600

host=dynamic

type=friend

context=interno

Onde teríamos as seguintes especificações, o ramal 200 pertence ao usuário

John, que está no contexto interno e se loga de qualquer host (opção dynamic) com

a senha x600y600 e pode efetuar a receber ligações seguindo as restrições do seu

contexto.

Feito isso você já terá um ramal criado que poderá utilizar qualquer softphone

ou telefone IP que trabalhe com o protocolo IAX.

O softphone recomendado para a utilização com o protocolo IAX é o idefisk,

que pode ser encontrado no site: http://www.asteriskguru.com/idefisk/

Para criar um ramal com o protocolo SIP, procederemos da seguinte forma.

O arquivo que editamos para incluir ramais SIP é o /etc/asterisk/sip.conf.

Para editá-lo: # mcedit /etc/asterisk/sip.conf

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Os parâmetros para inclusão de ramais SIP são idênticas aos ramais IAX,

mas é de grande serventia criar os ramais SIP com uma faixa de ramal diferente da

faixa de ramais IAX, para que possamos configurar melhor o nosso plano de

discagem, ou seja, você pode utilizar as mesmas informações mencionadas acima

mudando apenas a faixa de ramais como no exemplo abaixo.

Faixa de ramais SIP:

•••• 200 – Recepção;

•••• 201 – Estoque;

•••• 202 – Administração;

Faixa de Ramais IAX:

•••• 300 – Vendedor1;

•••• 301 – Vendedor2;

•••• 302 – Vendedor3;

Criando um plano de discagem para poder chamar os ramais

Para podermos efetuar qualquer tipo de ligação através o Asterisk,

precisamos criar os planos de discagem (que são conhecidos pelo asterisk como

contextos).

Para criarmos o plano de discagem que chamamos anteriormente de

"interno", vamos adicioná-lo ao final do arquivo /etc/asterisk/extensions.conf.

Abra o arquivo para a edição: # mcedit /etc/asterisk/extensions.conf

Adicione ao final do arquivo os seguintes parâmetros:

[interno] #(cria um contexto chamado interno)

exten => _2XX,1,Dial(SIP/${EXTEN}) #(obs1)

exten => _2XX,2,Hangup() (obs2)

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exten => _3XX,1,Dial(IAX2/${EXTEN}) #(obs3)

exten => _3XX,2,Hangup()

Observações:

1. Aceita as chamadas iniciadas pelo dígito 2 e que contenham mais dois

dígitos, por exemplo 200, e executa através da função "Dial" uma

chamada para o protocolo SIP com o ramal digitado no softphone que vem

contido na variável "${EXTEN}".

2. Após o termino da chamada, o asterisk executa a função Hangup, ou seja,

termina a ligação lógica no sistema.

3. Aceita as chamadas iniciadas pelo dígito 3 e que contenha mais dois

dígitos, por exemplo 300, e executa através da função "Dial" uma

chamada para o protocolo IAX com o ramal digitado no softphone que vem

contido na variável "${EXTEN}".

É importante ressaltar que criamos aqui no contexto "interno" o plano de

discagem que efetua ligação para ramais IAX e SIP através de regras diferentes,

mas que fica "transparente" para o usuário, podendo ele a partir de qualquer

softphone (SIP ou IAX) realizar chamadas para qualquer ramal cadastrado no

sistema, seja ele SIP ou IAX.

Reiniciando o sistema

Após executar todos estes procedimentos, reinicie o serviço Asterisk com o

comando: # asterisk -r -x reload

Para realizar as chamadas basta discar no teclado do próprio softphone ou do

teclado numérico em seu teclado e teclar enter para efetuar a chamada (lembrando

que seguindo este tutorial você poderá realizar apenas ligações entre os ramais).