110
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA JOAQUIM PINTO NUNES NETO Belém-Pará 2013

CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

JOAQUIM PINTO NUNES NETO

Belém-Pará 2013

Page 2: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

JOAQUIM PINTO NUNES NETO

CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos

Belém-Pará 2013

Page 3: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

1

JOAQUIM PINTO NUNES NETO

CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA

AMAZÔNIA BRASILEIRA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador: Banca examinadora: Suplente:

Prof. Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos Instituto Evandro Chagas / MS Profa. Dra. Conceição de M. Almeida Vieira Universidade Federal Rural da Amazônia Dra. Daniele Barbosa de Almeida Medeiros Instituto Evandro Chagas / MS Prof. Dr.Márcio Roberto Teixeira Nunes Instituto Evandro Chagas / MS Prof. Dr.Ricardo Israk Universidade Federal do Pará Dra. Jannifer Oliveira Chiang Instituto Evandro Chagas / MS Belém 17 de dezembro de 2013.

Page 4: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

2

Dedico esta Tese aos meus familiares e

amigos

Page 5: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

3

"O MAIOR INIMIGO DO

CONHECIMENTO NÃO É A

IGNORÂNCIA É A ILUSÃO DE

CONHECIMENTO"

(Stephen Hawking)

Page 6: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo de bom que aconteceu em minha vida.

Aos meus pais, José Antônio Bitencourt Nunes e Júlia Faial Nunes pelo amor e

compreensão que sempre me dedicaram.

Aos meus irmãos, Cristiano Augusto Faial Nunes e Luciano Augusto Fayal Nunes,

pelo incentivo e amizade.

À minhas tias, Maria de Nazaré Bittencourt Nunes e Maria Emília Bittencourt Nunes

(in memoriam), pelo amor que sempre demonstraram por mim.

A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos,

incentivos e sobre tudo pela paciência demonstrada ao longo desse trabalho.

Ao Dr. Márcio Roberto Teixeira Nunes pelo grande apoio na realização das técnicas

de biologia molecular, e leitura crítica dos originais.

À Dra. Daniele Medeiros, Dr.Sandro Patroca, MSc. Jedson Cardoso e MSc. João

Lídio, pela ajuda inestimável nas análises em bioinformática.

À Dra. Eliana Vieira e Dra.Valéria Carvalho, pela amizade e colaboração nas

técnicas de cultivo celular.

Ao MSc. Clayton, Dra. Daisy Elaine, e a Bióloga Keley Nunes, pela ajuda na

realização do sequenciamento das amostras.

Á Dra. Lívia Martins, Dra. Jannifer Chiang, MSc. Milene Silveira, Dra.Lívia Casseb e

Dra.Taciana Barbosa, pela ajuda nas etapas de sorologia,preparação de amostras e

biotério.

Page 7: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

5

Aos meus amigos do laboratório de entomologia, Hamilton Monteiro, Hélio Saraiva,

Francisco Castro, Orlando Vaz e Nazaré Segura, pela amizade e ensinamentos ao

longo dos anos.

Ao Dr. Gustavo Palacios e Dra. Ámélia Travassos da Rosa, pelo trabalho

colaborativo de sequenciamento das amostras.

À Dra. Elisabeth Santos, diretora do Instituto Evandro Chagas, por ter proporcionado

condições para a realização desse trabalho.

Aos funcionários da biblioteca do IEC, pelo envio dos artigos solicitados.

Aos meus amigos da SAARB e CIT, José Wilson, Edivaldo Jr, Davi Toshiu, Samir

Casseb, Helena Baldez, Sílvia Mendoça, Aguinaldo Borges, pela disponibilidade de

ajuda.

Aos membros da banca examinadora Dra. Conceição de M. Almeida Vieira, Dra.

Daniele Barbosa de Almeida Medeiros, Dr. Márcio Roberto Teixeira Nunes,

Dr.Ricardo Israk e Dra. Jannifer Oliveira Chiang, que aceitaram o convite para

participarem da banca de avaliação.

A todos que desenvolvem seus trabalhos na Secção de Arbovirologia e Febres

Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas, pois todos direta ou indiretamente

contribuíram para a realização deste trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários,

do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará , pelo apoio ao

longo desses anos.

À CAPES, pelo suporte financeiro, que contribuiu para a minha permanência no

doutorado.

Page 8: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

6

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS E QUADROS ......................................................................... 10

RESUMO................................................................................................................... 12

ABSTRACT ............................................................................................................... 13

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ARBOVÍRUS .................................... 14

1.1.1. Arbovírus no Brasil .................................................................................... 17

1.1.2. Propriedades Físico – Químicas dos Arbovírus ...................................... 17

1.1.3. Características Epidemiológicas dos Arbovírus ..................................... 19

1.2. FAMÍLIA BUNYAVIRIDAE ............................................................................ 21

1.2.1. Propriedades Físico – Químicas dos Vírus da Família Bunyaviridae .... 22

1.2.2. Replicação Viral dos Membros da Família Bunyaviridae ....................... 25

1.3. GÊNERO PHLEBOVIRUS ........................................................................... 27

1.3.1. Propriedades Físico - Químicas dos Membros do Gênero Phlebovirus29

1.3.2. Organização Genômica ............................................................................. 31

1.3.3. Membros do Gênero Phlebovirus Isolados na Amazônia Brasileira ..... 32

1.4. OBJETIVOS ................................................................................................. 35

1.4.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 35

1.4.2. Objetivos Específicos ................................................................................ 35

2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 36

2.1. MATERIAL ................................................................................................... 36

2.1.1. Amostras Virais .......................................................................................... 36

2.2. MÉTODO ..................................................................................................... 38

2.2.1. Vírus em Estudo ......................................................................................... 38

2.2.2. Tratamento das Amostras com Nuclease ................................................ 39

2.2.3. Extração do RNA Viral ............................................................................... 39

2.2.4. Quantificação do RNA ............................................................................... 39

2.2.5. Obtenção das Sequências Nucleotídicas no GS FLX Genome

Sequencer 454™ ..................................................................................................... 40

2.2.6. Preparação da Biblioteca Genômica ........................................................ 40

2.2.7. PCR emulsão (emPCR) .............................................................................. 41

2.2.8. emPCR para titulação ................................................................................ 41

2.2.9. Sequenciamento das Amostras por Pirosequenciamento ..................... 42

Page 9: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

7

2.2.10. Análise Computacional .............................................................................. 43

2.2.10.1. Montagem dos Genomas obtidos pelo GS FLX Genome Sequencer

454™ (Roche Applied Science) ................................................................................ 43

2.2.10.2. Genômica Descritiva: Análises e Identificações ...................................... 44

2.2.10.3. Identificação de possíveis rearranjos genéticos ...................................... 45

2.2.10.4. Análise Filogenética ................................................................................ 46

3. RESULTADOS ............................................................................................ 47

3.1. OBTENÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS NUCLEOTÍDICAS .. 47

3.2. ORGANIZAÇÃO GENÔMICA ...................................................................... 49

3.2.1. Segmento SRNA ......................................................................................... 49

3.2.2. Segmento MRNA ........................................................................................ 51

3.2.3. Segmento L ................................................................................................. 53

3.3. PROTEÍNAS VIRAIS .................................................................................... 55

3.3.1. Análise dos Domínios e Subdomínios Protéicos .................................... 55

3.3.2. Sítios de Clivagem para a Poliproteína M ................................................ 57

3.3.3. Identificação de Motivos Conservados .................................................... 58

3.3.3.1. Proteína N .................................................................................................... 58

3.3.3.2. Proteínas NSm, Gn e Gc .............................................................................. 59

3.3.3.3. Polimerase Viral ........................................................................................... 62

3.3.4. Determinação dos Resíduos de Cisteína ................................................. 63

3.3.5. Determinação dos sítios de glicosilação ................................................. 64

3.4. RELAÇÃO GENÉTICA ENTRE O COMPLEXO CANDIRU E OUTROS

MEMBROS DO GÊNERO PHLEBOVIRUS............................................................... 69

3.4.1. Similaridade Genética Nucleotídica e Aminoacídica .............................. 69

3.5. RELAÇÃO FILOGENÉTICA ......................................................................... 74

3.6. MODELO HIPOTÉTICO DE REARRANJO GENÉTICO DOS VÍRUS DO

COMPLEXO CANDIRU. ............................................................................................ 83

4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 85

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 94 ANEXOS ................................................................................................................. 107

Page 10: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de ciclo de manutenção dos Arbovírus em natureza. ................ 16 Figura 2 - Representação esquemática da partícula viral dos membros da família Bunyaviridae. ............................................................................................................. 23 Figura 3 - Organização genômica e estratégias de codificação das proteínas dos vírus pertencentes a diferentes gêneros da família Bunyaviridae.............................. 25 Figura 4 - Estratégia de replicação dos membros da família Bunyaviridae. ............. 26 Figura 5 - Partículas do Virus Rift Valley fever e Virus Uukuniemi. A barra representa 50 nm. ....................................................................................................................... 30 Figura 6 - Local de coleta das amostras estudadas. ................................................ 37 Figura 7 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos SRNA (sentido 3’->5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. ............................................................................ 50 Figura 8 – Representação esquemática dos genomas dos segmentos MRNA (sentido 3’-> 5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. ................................................................ 52 Figura 9 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos LRNA (sentido 3’-> 5’), obtidos para as 14 cepas virais identificadas como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. ............................................................................ 54 Figura 10 - Domínios e subdomínios das proteínas virais evidenciadas ao longo dos segmentos SRNA (a), MRNA (b) e LRNA (c) dos 10 vírus do Complexo Candiru, bem como para os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri. ... 56 Figura 11 - Alinhamento múltiplo da proteína de nucleocapsideo (N) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiu), Virus Anhanga, Virus Punta Toro, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. ........................... 59 Figura 12 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína NSm (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples_Poona. .................................................................................................................................. 60 Figura 13 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gn (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. ............................................................................... 61 Figura 14 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gc (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. ............................................................................... 62 Figura 15 - Alinhamento múltiplo da proteína L (polimerase viral) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Palma, Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. ...................................................... 63 Figura 16 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína N (média de 244 aminoácidos) dos phlebovírus. .......................................................... 74 Figura 17 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína NSs (média de 277 aminoácidos) dos phlebovírus. .......................................................... 75 Figura 18 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína M (média de 1326 aminoácidos) dos phlebovírus. ........................................................ 76 Figura 19 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína L (média de 2091 aminoácidos) dos phlebovírus. ........................................................ 77

Page 11: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

9

Figura 20 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). ...................................................................................... 78 Figura 21 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). ...................................................................................... 79 Figura 22 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). ...................................................................................... 80 Figura 23 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). ........................................................................ 81 Figura 24 - Análise de rearranjo genético para os membros do Complexo Candiru empregando o método de Kishino Hasegawa. .......................................................... 82 Figura 25 - Possível padrão de rearranjo genético para os vírus do Complexo Candiru com base no relacionamento genético dos vírus para os segmentos genômicos SRNA, MRNA e LRNA. ........................................................................... 84

Page 12: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

10

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento SRNA dos phlebovirus segundo os tamanhos dos genes N e NSs, posição nucleotídica, percentual de adenina-uracila (AU), região intergênica, e tamanhos das regiões não codificantes (NCR). ................................................................................................... 51 Tabela 2 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento MRNA dos Phlebovirus segundo os tamanhos das poliproteínas, genes NSm, Gn e GC em nucleotídeos (nt) e aminoácidos (aa), peso molecular em KDa, posição aminoacídica de cada proteína, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de adenina - uracila (AU). ........................................................................ 53 Tabela 3 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento LRNA dos membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo, segundo os tamanhos das poliproteínas codificadoras da polimerase viral em nucleotídeos (nt) e aminoácidos, peso molecular em KDa, posição nucleotídica , sentido da cadeia de leitura, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de Adenina-Uracila (AU). ............................................................................................... 55 Tabela 4 - Valores de PFAM gerados pelo programa Interproscan segundo o segmento genômico, proteínas e domínios protéicos dos membros do gênero Phlebovirus. ............................................................................................................... 57 Tabela 5 - Sítios de clivagem para as poliproteínas NSM, Gn e Gc codificadas pelo segmento MRNA dos membros do gênero phlebovirus do Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri, preditos pelo programa Signal P v.4.1 e Interproscan. ................................................................................... 58 Tabela 6 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. .......................................................................................................... 65 Tabela 7 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. .......................................................................................................... 66 Tabela 8 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento MRNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. .......................................................................................................... 67 Tabela 9 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. .......................................................................................................... 68 Tabela 10 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoácidica ,determinados por alinhamento múltiplo para o gene N (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. ......... 70 Tabela 11 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica , determinados por alinhamento múltiplo para o gene NSs (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. ......... 71 Tabela 12- Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica (determinados por alinhamento múltiplo para a poliproteína M (genes NSm, Gn e Gc) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. ...................................................... 72 Tabela 13 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto) determinados por alinhamento múltiplo para sequências parciais do gene da polimerase presente no segmento LRNA dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. ............................................................................................................... 73

Page 13: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

11

Quadro 1 - Características gerais das famílias com arbovírus segundo algumas características físico-químicas. ................................................................................. 18 Quadro 2 - Arbovírus patogênicos para humanos isolados no Brasil, 1954 -2013. .. 20 Quadro 3 - Os cinco gêneros da família Bunyaviridae. ............................................ 22 Quadro 4 - Tamanho em nucleotídeos (nt), da sequência completa dos três segmentos de alguns membros da família Bunyaviridae. ......................................... 24 Quadro 5 - Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. ........................................ 33 Quadro 6 - Amostras Virais. ..................................................................................... 36 Quadro 7 - Sequências nucleotídicas obtidas para o genoma das 14 cepas virais incluídas no estudo evidenciando o total de nucleotídeos recuperados por segmento genômico (SRNA, MRNA e LRNA). .......................................................................... 48 Quadro 8 - Número de resíduos de Cisteínas determinadas para as diferentes proteínas dos phlebovirus do grupo Candiru, Virus Uriarana, Virus Urucuri e Virus Tapara. ...................................................................................................................... 64 Quadro 9 - Grupos genéticos observados entre os vírus do Complexo Candiru conforme as topologias das árvores geradas para os segmentos SRNA (gene N), MRNA (poliproteína) e LRNA (polimerase viral).........................................................83

Page 14: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

12

RESUMO

A Amazônia Brasileira é considerada um dos mais ricos ecossistemas do

mundo em termos de biodiversidade. De fato, a grande variedade de vertebrados e

insetos hematófagos (mosquitos, culicoides, flebotomineos, carrapatos etc...)

existentes na Amazônia têm sido associados à manutenção de um grande número

de arbovírus e virus zoonóticos. A destruição desse ecossistema naturalmente

estável pode resultar na emergencia de novos arbovírus na região Amazônica. Os

membros do gênero Phlebovirus (família Bunyaviridae), dentre as centenas de

arbovírus isolados na Amazônia brasileira, constituem um grupo viral

antigenicamente relacionado, de considerável importância médica, cuja manutenção

em natureza está basicamente relacionada á interação entre vertebrados silvestres e

flebotomíneos. Na Amazônia brasileira, já foram isolados até o momento 22 tipos

diferentes de phlebovírus, dos quais nove vírus ainda não se encontram registrados

no ICTV, quatro são vírus registrados, porém não agrupados em complexos

sorológicos: Virus Anhanga, Virus Itaporanga, Virus Uriurana e Virus Urucuri. Este

estudo objetivou caracterizar geneticamente e avaliar os aspectos evolutivos de 14

membros do gênero Phlebovirus (Bunyaviridae), isolados na Amazônia brasilera. As

sequências nucleotídicas completas de cada um dos segmentos genômicos de RNA

(SRNA, MRNA e LRNA) foram obtidas para 12 dos 14 phlebovírus estudados

(exceto para os Virus Anhanga e Virus Urucuri). A organização genômica e

caracteres genéticos (motivos conservados, sítios de glicosilação, resíduos de

cisteína) foram compatíveis com o observado nos demias membros do gênero

Phlebovirus previamente estudados. A análise de relacionamento genético, bem

como a avaliação evolutiva empregando a reconstrução filogenética e análise de

permutação de segmentos genômicos evidenciou que os phlebovírus incluídos no

estudo, em especial os membros do Complexo Candiru, utilizam o mecanismo de

rearranjo genético como mecanismo de geração de biodiversidade viral. Os

resultados obtidos nesse estudo contribuirão para estudos futuros ao nível de

epidemiologia molecular e evolução, bem como para o desenvolvimento de métodos

moleculares para detecção rápida do genoma de phlebovírus associados a doença

em humanos.

Palavra-chaves: Amazônia Brasileira, Phlebovírus, caracterização genética

Page 15: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

13

ABSTRACT

The Brazilian Amazon is considered one of the richest ecosystems in the

world in terms of biodiversity. Indeed, the wide variety of vertebrates and

hematophagous insects ( mosquitoes , Culicoides , phlebotomineos ,ticks etc… )

have been associated with natural maintainance of a large number of arbovirus and

zoonotic virus . Destruction of this naturally stable ecosystem can result in

emergence of new arboviruses in the Amazon region . Members of the genus

Phlebovirus (family Bunyaviridae), contitute an antigenically related group of viruses,

which has a considerable medical importance. These viruses are basically

mainteined in nature by wild vertebrates and phlebotominae sandflies. In the

Brazilian Amazon , 22 phleboviruses have been isolated, whose nine of them have

not been recognized by the ICTV, and four not grouped into serological complexes

: Anhanga virus, Itaporanga virus, Uriurana virus and Urucuri virus. This study aimed

to genetically characterize and evaluate the evolutionary aspects of 14 members of

the genus Phlebovirus (Family Bunyaviridae ) isolated in Brazilian Amazon region.

Nearly complete nucleotide sequences for each of the genomic RNA segments

(SRNA, MRNA and LRNA) were obtained for 12 of the 14 studied except for

Anhanga virus and Urucuri viruses that were only partially sequenced. Genomic

organization and genetic characteristics (conserved motifs, glycosylation sites end

cysteine residues ) were consistent with those observed for members of Phlebovirus

genus previously characterized . The analysis of genetic relationship, as well as the

evolutionary aspects using the phylogenetic analysis and evaluation of genomic

segment permutation showed that the studied phleboviruses, particularly the

members of the Candiru virus complex, use the genetic reassortment as a

mechanism to generate viral biodiversity. The results of this study contribute to

further studies on genetic evolution and molecular epidemiology of phleboviruses,

and for the development of molecular methods for rapid genome detection of

phleboviruses associated with human disease.

Key word : Brazilian Amazon , Phleboviruses , genetic characterization

Page 16: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

14

INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ARBOVÍRUS

Os vírus são considerados biossistemas elementares que apresentam

algumas características encontradas em seres vivos, como genoma e capacidade de

adaptarem-se as mudanças do microambiente em que se encontram. Entretanto,

não podem captar ou armazenar energia e não são funcionalmente ativos fora da

célula hospedeira (Van Regenmortel & Mahy, 2004).

O vírus só se torna parte de um sistema vivo, quando seu genoma é

interiorizado na célula hospedeira e a produção de novas partículas torna-se

possível, por meio da utilização do metabolismo celular. Durante esse processo de

replicação podem ocorrer alterações genômicas, proporcionando ao vírus uma

variabilidade genética intrínseca, que permite sua adaptação por meio da seleção

natural, o que garante sua sobrevivência (Van Regenmortel, 2000).

Os vírus são constituídos por apenas um tipo de ácido nucléico: o ácido

desoxirribonucléico (DNA) ou ácido ribonucléico (RNA), o qual está envolvido por

uma estrutura de natureza protéica, o capsídeo, composta de unidades

denominadas capsômeros. Ao conjunto de capsídeo e ácido nucléico denomina-se

nucleocapsídeo, que pode ser circundado ou não por um envelope lípidico. Os vírus

com envelope possuem ainda glicoproteínas sob a forma de projeções (Oliveira,

1994; Pelczar Jr et al., 1997). De acordo com análises ultraestruturais, os capsídeos

virais podem apresentar simetria cúbica (icosaédrica), helicoidal ou ainda estruturas

complexas (Harrison et al., 1996).

O termo Arbovírus refere-se ao principal mecanismo biológico pelo qual os

vírus transmitidos por insetos hematófagos são mantidos em natureza. Os arbovírus

são mantidos em ciclos entre artrópodes hematófagos – vertebrados suscetíveis e

artrópodes hematófagos (Figura 1), ciclos esses que, geralmente não resultam no

envolvimento de seres humanos. Na maioria das vezes, a transmissão envolve uma

complexa interação entre vírus, vetor artrópode e hospedeiro vertebrado. A

competência do vetor, que é a sua habilidade de tornar-se infectado e de transmitir o

vírus a um hospedeiro vertebrado, é determinada por diversos fatores, incluindo o

próprio vírus, fatores genéticos, concentração viral no hospedeiro vertebrado

Page 17: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

15

infectado, meio ambiente, temperatura, barreiras intestinais dos vetores e outros não

bem compreendidos (Calisher, 1998).

Artrópodes hematófagos de muitas espécies podem servir como vetores de

manutenção ou de disseminação. Vetores que amplificam o vírus podem ter altas

taxas de infecção e baixas taxas de transmissão, o que muitas vezes é compensada

por uma grande densidade populacional e grande propensão para alimentar-se

sobre uma eclética variedade de espécies de hospedeiros vertebrados (Calisher,

1998).

Os hospedeiros vertebrados dos arbovírus também tem um papel crítico na

manutenção e amplificação viral. Nestes, a replicação deverá ser suficiente para que

possa servir como fonte de infecção para o hospedeiro invertebrado no momento do

repasto sanguíneo, ou seja, o título viral tem que ser elevado o suficiente para

garantir a infecção dos vetores artrópodes. Além disso, o tamanho populacional dos

vertebrados suscetíveis deverá, também, ser grande o suficiente para que promova

um contato com outros artrópodes. Um único hospedeiro vertebrado infectado

poderá servir como fonte de infecção para muitos artrópodes, de tal maneira que

esses artrópodes possam tornar-se uma fonte de amplificação viral em situações

epidêmicas (Figura 1). (Calisher, 1998).

Page 18: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

16

Figura 1 - Exemplo de ciclo de manutenção dos Arbovírus em natureza. Fonte: Azevedo et al., 2007.

A distribuição geográfica dos arbovírus é ampla. Com efeito, esses vírus têm

sido isolados em todos os continentes tanto nas regiões tropicais quanto nas

temperadas, com exceção da Antártida. Todavia, observa-se uma nítida

predominância dos arbovírus nas regiões tropicais, que oferecerem condições

ecológicas mais favoráveis. Isso ocorre devido, nos trópicos, existir maior

biodiversidade o que favorece a coexistência de grande diversidade de vetores e

hospedeiros vertebrados em todas as épocas do ano, ao passo que nos países de

clima temperado, o ciclo é diminuido durante o inverno, reiniciando-se na primavera

ou verão (Dégallier et al., 1990).

A distribuição dos 537 arbovírus isolados e registrados no Catálogo

Internacional de Arbovírus, incluindo outros vírus de vertebrados (Karabatsos,1985)

de acordo com os continentes inclui : África com 135, Ásia com 78, Austrália e ilhas

do Pacifico 60, Europa 35, América do Norte 91 e América do Sul 138 (Karabatsos,

2002).

Page 19: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

17

1.1.1. Arbovírus no Brasil

No Brasil já foram isolados pelo menos 210 cepas diferentes de arbovírus e

outros vírus de vertebrados. A Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas

(SAARB) do Instituto Evandro Chagas (IEC) no período de 1954 a 2010 obteve

cerca de 14.000 isolamentos virais (Castro , 2012). Neste período, 200 tipos

diferentes de arbovírus e outros vírus de vertebrados foram identificados e

caracterizados, representando mais de um terço dos 537 vírus registrados no

Catálogo Internacional de Arbovírus Incluindo outros Vírus de Vertebrados. Entre

eles, 37 são patogênicos para o homem, 170 foram isolados pela primeira vez no

Brasil; e pelo menos 110, foram confirmados como novos vírus para a ciência

(Vasconcelos et al., 1998; Vasconcelos ,comunicação pessoal).

Na Amazônia brasileira, esses vírus estão distribuídos em cinco famílias e em

20 grupos sorológicos com 134 sorotipos diferentes, 34 estão associados com

infecções em humanos e mais um número significativo de vírus ainda não foram

agrupados ou classificados (Travassos da Rosa, et. al., 1997; 2000; Vasconcelos, et.

al., 1998; Azevedo et al., 2007; Martins et al., 2007).

A floresta Amazônica é uma das maiores reservas de arbovírus do mundo.

Tal fato ocorre não só devido às condições climáticas que favorecem a existência da

grande diversidade de fauna e flora, mas também a abundante variedade de

artrópodes hematófagos e animais silvestres, que constituem os elementos

essenciais para a manutenção desses vírus (Travassos da Rosa et al., 1997).

1.1.2. Propriedades Físico – Químicas dos Arbovírus

A classificação dos arbovírus pode ser feita de acordo com suas propriedades

antigênicas ou segundo suas características físico-químicas (Karabatsos, 1985).

As propriedades antigênicas classificam esses agentes em grupos

antigênicos, com base nos resultados de testes sorológicos, como: Fixação do

Complemento (FC); Inibição de Hemaglutinação (IH) e Teste de Neutralização (TN)

(Casals, 1967). Quando dois ou mais vírus apresentam cruzamento sorológico,

passam a constituir um grupo antigênico; os três primeiros grupos constituídos foram

Page 20: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

18

designados pelas letras: A, B e C, os demais receberam o nome do primeiro vírus

isolado no respectivo grupo (Casals, 1957).

Com base em suas propriedades físico-químicas, a maioria dos arbovírus

está distribuída em cinco famílias: Bunyaviridae, Flaviviridae, Reoviridae,

Rhabdoviridae e Togaviridae (Van Regenmortel, 2000; King et al., 2012).

Os arbovírus possuem genoma constituído por RNA, exceto o vírus da peste

suína africana, que apresenta DNA (king et al., 2012). O RNA dos arbovírus pode

ser segmentado ou não, e apresentar-se com uma ou duas fitas nucleotídicas. Os

arbovírus com genomas não segmentados estão incluídos nas famílias Flaviviridae

(flavivirus), Rhabdoviridae (vesiculovirus) e Togaviridae (alfavirus) enquanto aqueles

com genomas segmentados incluem-se nas famílias Bunyaviridae (phlebovirus e

orthobunyavirus) e Reoviridae (orbivirus e coltivirus) (Quadro 1) ( Karabatsos, 1985;

Beaty et al., 1988: king et al., 2012).

Fonte: Adaptado de Van Regenmortel, 2000.

Os arbovírus das famílias Bunyaviridae, Flaviviridae, Rhabdoviridae e

Togaviridae apresentam acentuada sensibilidade aos solventes lipídicos (éter e

clorofórmio), e a detergentes (desoxicolato de sódio) enquanto que, os membros da

família Reoviridae, são pouco sensíveis (ou resistentes) aos mesmos. Essa

sensibilidade ou resistência deve-se a presença ou ausência do envelope lípidico,

Quadro 1 - Características gerais das famílias com arbovírus segundo algumas características físico-químicas.

Page 21: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

19

respectivamente. Via de regra, os arbovírus são lábeis em pH ácido e estáveis em

pH alcalino. São rapidamente inativados a 56ºC, mas preservam-se bem quando

mantidos à temperatura de -70ºC ou, se liofilizados e mantidos à temperatura de -

20ºC (Pinheiro et al., 1997).

1.1.3. Características Epidemiológicas dos Arbovírus

As arboviroses podem constituir importantes problemas de saúde pública e

econômico-financeiro em todos os continentes, com exceção da Antártida. De fato

mais de 100 espécies de arbovírus são conhecidos por causar doenças em

humanos, 40 deles infectam animais domésticos e, pelo menos, 20 foram

responsáveis por epidemias (Karabastsos, 1985). Entre os arbovírus conhecidos no

Brasil, 34 têm sido incriminados como causadores de doença humana (Quadro 2),

dentre estes, cinco destacam-se por estarem associados a epidemias em humanos :

Virus dengue (VDEN) , Virus da febre amarela ( VFA) , Virus Mayaro (VMAY) , Virus

Oropouche (VORO) e Virus Rocio (VROC) (Vasconcelos et al., 1992; Travassos da

Rosa et al., 1997; 2000).

Page 22: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

20

* EEE (Encefalite Equina Leste), EEV (Encefalite Equina Venezuelana), EEO (Encefalite Equina Oeste) e ESL (Encefalite Saint Louis). Fonte: Modificado de Vasconcelos et al., 2001.

A natureza da doença produzida em seres humanos varia conforme o tipo de

arbovírus responsável pela infecção. A maioria provoca uma síndrome febril, por

vezes acompanhada de exantema, que cursa sem causar morte ou incapacitação;

enquanto outros determinam quadros hemorrágicos (VDEN e VFA) ou encefalite

(VROC e VESL), observando-se significativa letalidade (Pinheiro et al., 1997;

Quadro 2 - Arbovírus patogênicos para humanos isolados no Brasil, 1954 -2013.

Page 23: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

21

Travassos da Rosa et al., 1997; 1998). É oportuno frisar que o mesmo arbovírus é

capaz de causar diferentes síndromes clínicas e, por outro lado, a mesma

sintomatologia pode ser determinada por diferentes arbovírus (Travassos da Rosa et

al., 2000).

Com exceção do VDEN, todos os demais arbovírus isolados pela Seção de

Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB) do IEC, mostram-se patogênicos

para camundongos albinos suíços recém-nascidos, ocasionando, sobretudo quadro

de encefalite fatal. Depois do sistema nervoso central (snc), o fígado parece ser o

órgão alvo mais comum de agressão desses vírus nos referidos animais (Araújo,

1980; Dias, 1986).

1.2. FAMÍLIA BUNYAVIRIDAE

Os vírus da família Bunyaviridae são encontrados, em todo mundo. A maioria

deles é constituída por arbovírus mantidos em natureza por transmissão biológica

entre hospedeiros vertebrados susceptíveis e artrópodes hematófagos, tais como:

mosquitos, flebotomíneos, maruins e carrapatos. Os hospedeiros são principalmente

primatas, roedores, marsupiais e aves. Mais de 60 membros desta família tem sido

reconhecidos por causarem doença em humanos ou animais; alguns,

inclusive,causam doenças em aves marinhas (Calisher, 1996).

Segundo o nono relatório do Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV),

a família Bunyaviridae registra 288 tipos diferentes de vírus, distribuídos em cinco

gêneros de acordo com suas propriedades físico químicas e antigênicas. Existem

atualmente, 148 vírus no gênero Orthobunyavirus; 42 no gênero Hantavirus; 31 no

gênero Nairovirus; 53 no gênero Phlebovirus e 14 no gênero Tospovirus. Dezenove

vírus adicionais têm características da família Bunyaviridae e foram colocados em

grupos sorológicos, mas não foram assinalados em nenhum gênero, além destes

existem 21 vírus não grupados e não classificados, com morfologia similar a dos

membros da família Bunyaviridae, para a maioria dos quais nenhuma caracterização

bioquímica tem sido informada para determinar seu “Status” taxonômico (king et al.,

2012).

Entre os membros desta família, alguns, são reconhecidamente patogênicos

para humanos, vertebrados silvestres ou plantas, por comprometerem

simultaneamente diversos órgãos ou tecidos, entre os quais temos: Orthobunyavirus

Page 24: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

22

Não ArbovírusPlantasVirus tomato spotted wiltTospovirus

Não ArbovírusVertebradosVirus HantaanHantavirus

ArbovírusVertebradosVirus Nairobi sheep diseaseNairovirus

ArbovírusVertebradosVirus Sandfly fever SicilianPhlebovirus

ArbovírusVertebradosVirus BunyamweraOrthobunyavirusBunyaviridae

ClassificaçãoHospedeirosEspécie TipoGêneroFamília

(Virus La Crosse, Virus Oropouche, Virus Akabane); Nairovirus (Virus Crimean-

Congo hemorrhagic fever, Virus Nairobi sheep disease); Phlebovirus (Virus Rift

Valley fever, Sandfly Fever virus); Hantavirus (Virus Hantaan, Virus Puumala, Virus

Sin nombre) e Tospovirus (Virus tomato spotted wilt), sendo que os dois últimos

gêneros, não incluem arbovírus como membros. Outros Bunyaviridae ocasionam

doenças febris ou encefalites em humanos (Quadro 3) (Brés, 1988).

Fonte: Modificado de http://www-micro.msb.le.ac.uk/3035/Bunyaviruses.html.

1.2.1. Propriedades Físico – Químicas dos Vírus da Família Bunyaviridae

Os membros da família Bunyaviridae são vírus de RNA, esféricos e

envelopados, medindo de 80 a 120 nm de diâmetro, que possuem projeções

glicoprotéicas na superfície de 5 a 10 nm, e que estão fixadas em uma matriz lipídica

de 5 nm de espessura. O envelope viral é normalmente derivado das membranas do

Complexo de Golgi ou da própria membrana celular citoplasmática da célula

hospedeira (Figura 2) (King et al., 2012).

Quadro 3 - Os cinco gêneros da família Bunyaviridae.

Page 25: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

23

Esses vírus possuem composição química aproximada de 2 % de RNA, 58 %

de proteínas, 33 % de lipídeos, e 7 % de carboidratos (Virus Uukuniemi)

(Schmaljohn,1996; Mertz,1997). Apresentam RNA de fita simples que é

trissegmentado, dois segmentos têm polaridade negativa (RNAc) e são

denominados grande (L), com 6.875 nucleotídeos (Virus Bunyamwera) e médio (M),

com 4.458 nucleotídeos (Virus Bunyamwera). O terceiro segmento, denominado

pequeno (S), possui 961 nucleotídeos (Virus Bunyamwera) e pode apresentar-se

ambisenso em alguns membros da família (Lees et al., 1986; Elliott, 1989 a; 1989 b;

King et al., 2012; Mertz, 1997).

Figura 2 - Representação esquemática da partícula viral dos membros da família Bunyaviridae. Legenda: Gc glicoproteína de superfície carboxiterminal; Gn glicoproteína aminoterminal; SRNA, MRNA e LRNA. Fonte: Adaptado de King et al., 2012.

Page 26: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

24

Os tamanhos dos três segmentos genômicos variam entre os cinco diferentes

gêneros da família Bunyaviridae (Quadro 4), e as sequências complementares 3’ e 5’

terminais oferecem ligações estáveis, não covalentes, com pareamento de bases, o

que permite aos segmentos apresentar-se em forma circular. O vírus apresenta,

também, uma RNA polimerase (dependente de RNA), de 240 a 260 kDa,

denominada L. As extremidades dos segmentos de RNA servem como sítio de

reconhecimento para a polimerase viral (Schmaljohn, 1996).

Quadro 4 - Tamanho em nucleotídeos (nt), da sequência completa dos três segmentos de alguns membros da família Bunyaviridae.

L

Fonte: Adaptado de King et al., 2012.

As proteínas estruturais dos vírus da família Bunyaviridae são a

ribonucleoproteina N, com 26,5 kDa, que é codificada no segmento S do RNA viral e

as glicoproteínas Gn e Gc do envelope viral, que são proteínas estruturais,

codificadas no segmento M. A proteína L, que possui atividade de RNA polimerase

dependente de RNA é codificada no segmento L. O segmento S é ambisenso em

vários membros da família, sendo a cadeia aberta de leitura da nucleoproteína N,

localizada na primeira metade do segmento, próximo à extremidade 3’ e à proteína

NSs sobreposta à proteina N ,na segunda metade (Pekosz & Gonzáles-

Scarano,1996; Schmaljohn,1996; King et al., 2012).

Além das proteínas estruturais, existem proteínas não estruturais, NSs e

NSm, nos segmentos SRNA e MRNA,respectivamente . A proteína NSs de 7,5 kDa

atua como um fator de virulência, ajudando o vírus a desviar a síntese protéica da

célula hospedeira e inibindo a síntese de interferon (Bridgen et al., 2001), além de

controlar a atividade da polimerase no processo de replicação viral (Weber et al.,

Page 27: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

25

2001). A proteína NSm de 11 kDa, provavelmente está envolvida no processo de

montagem da partícula viral (Figura 3) (Nakitare & Elliott,1993).

Figura 3 - Organização genômica e estratégias de codificação das proteínas dos

vírus pertencentes a diferentes gêneros da família Bunyaviridae

Fonte: Modificado de King et al., 2012.

1.2.2. Replicação Viral dos Membros da Família Bunyaviridae

A infecção causada por vírus da família Bunyaviridae inicia-se pela ligação

viral à membrana celular, sendo ligantes a proteína Gc para células de vertebrados e

a proteína Gn para células de artrópodes (Mertz, 1997).

Os vírus invadem a célula, por endocitose, e fundem seu envelope a

membranas endossômicas, o que permite ao nucleocapsideo viral atingir o

citoplasma. Caracteristicamente, o genoma viral permanece como

ribonucleoproteína, sem desnudamento total do capsídeo, que se apresenta com

formato circular, associado às numerosas cópias de proteína N e poucas cópias de

Proteína L (RNA polimerase) (Schmaljohn,1996; King et al ., 2012).

Primeiramente, utilizando a polimerase viral, ocorre uma transcrição primária

de RNA (-) do vírus para RNA (+) mensageiro (RNAm) e uma replicação a RNA (+)

complementar. Em seguida, em ribossomos livres, inicia-se uma rápida tradução dos

Page 28: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

26

RNAm dos segmentos L e S. As proteínas N e NSs de membros do gênero

Phlebovirus estão presentes no citoplasma da célula infectada duas horas após a

infecção. A Tradução também ocorre com o RNAm do segmento M, o qual se liga a

ribossomos de membrana do retículo endoplasmático rugoso e ali ocorre a síntese

de uma poliproteina. Em determinado momento, a polimerase viral muda sua função

de transcrição primária de RNAm do genoma viral para a replicação do genoma da

progênie (Schmaljohn,1996 ).

Inicia-se a transcrição do RNA (+) complementar, a partir do terminal 3’,

produzindo-se um RNA (-) encapsulado na progênie viral. A poliproteína codificada

pelo segmento M é clivada, formando as proteínas Gn e Gc, as quais são, em

seguida, glicosiladas no complexo de Golgi (Schmaljohn,1996; King et al., 2012).

A montagem viral ocorre após o acúmulo das glicoproteínas no complexo de

Golgi, em seguida a partícula viral brota através de vesículas do complexo de Golgi.

Finalmente, a progênie viral é liberada por exocitose com fusão das membranas das

vesículas citoplasmáticas à membrana celular (Figura 4) (Schmaljohn, 1996; King et

al., 2012).

Figura 4 - Estratégia de replicação dos membros da família Bunyaviridae. Fonte: Fonte: Adaptado de Schmaljohn & Nichol, 2007.

Page 29: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

27

1.3. GÊNERO PHLEBOVIRUS

Os vírus do gênero Phlebovirus, são de considerável importância em saúde

pública, porque podem causar uma variedade de síndromes clínicas, que variam de

uma doença febril autolimitada, com ou sem exantema, até retinites, encefalites,

meningoencefalites e febre hemorrágica fatal (Bartelloni & Tesh 1976; Laughlin et

al., 1979; Meegan et al., 1979; Peters & Slone, 1982, Tesh, 1988; Nicoletti et al.

1991; Braito et al. 1998; Charrel et al.,2009; Moureau et al., 2010).

Os vírus do grupo da febre dos flebótomos são transmitidos por

flebotomíneos, culicídeos e ceratopogonídeos, já os vírus do grupo Uukuniemi são

transmitidos por carrapatos (Elliott et al., 2000; King et al., 2012).

Historicamente, os Phebovirus causaram doenças de importância militar,

tendo ocorrido em tropas austríacas estacionadas no mar Adriático, e foi um

problema persistente entre as tropas coloniais britânicas na Índia e no Paquistão no

início do século 20 (Anderson et al., 1941).

Durante a segunda guerra mundial, grande número de soldados americanos,

britânicos e germânicos ficaram doentes no norte da África e na região do

Mediterrâneo, doenças essas causadas por Phlebovirus (Walker, 1941).

Epidemias causadas por Phlebovirus são comuns na Europa Central e em

regiões da antiga União Soviética, nos meses de verão, ocorrendo também entre

turistas que visitam o mar Negro, tendo ocorrido uma epidemia na Sérvia em 1948,

onde mais de um milhão de pessoas ficaram doentes (Pavlovsky, 1947; Guelmino &

Jevtic, 1955; Tesh & Papaevangelou, 1977).

Ainda no Velho Mundo, a ocorrência de epidemias e casos isolados de

doença são observadas em áreas endêmicas da Europa, da África e da Ásia, onde

nativos, turistas e militares, tornam-se alvos dessas arboviroses (Laughlin et al.,

1979; Ehrnst et al., 1985; Moureau et al., 2010 ).

O Virus Toscana é endêmico na Itália, onde causa quadros de meningites em

adultos e crianças, tendo casos confirmados na Espanha e Portugal, e ocorrência

em outros países banhados pelo mediterrâneo (Santos et al.,2007).

No Novo Mundo, durante as décadas de 1960 e 1970, arbovírus desse

gênero foram identificados, inicialmente nas Américas do Sul e Central e

posteriormente na América do Norte (Mclean, 1972; Srihongse & Johnson, 1974;

Calisher et al., 1977;Travassos da Rosa et al., 1983).

Page 30: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

28

O gênero Phlebovirus (Bunyaviridae) contém aproximadamente 53 tipos virais

conhecidos e registrados pelo ICTV, que são divididos em dois grupos antigênicos :

O grupo da febre dos flebótomos (Sandfly Fever), 40 membros , e o grupo

Uukuniemi com 13 membros ; e mais dezesseis vírus do gênero não agrupados. O

grupo Uukuniemi apresenta-se com somente um sorocomplexo com o mesmo nome,

já o grupo da febre dos flebótomos é dividido em oito sorocomplexos (Bujaru,

Candiru, Chilibre, Frijoles, Punta Toro, Rift Valley fever, Salehebad e Sandfly fever

Naples), listados no nono relatório do Comitê Internacional de Taxonomia Viral,nos

últimos anos novos sorocomplexos foram criados ,mas ainda não constam no

relatório do ICTV, como: Aguacate,Joa, Salobo,Bhanja,Murre, Heartland, Precarious

Point , Grand Arbaud e SFTSV (Xu et al., 2007 a;2007 b ; King et al., 2012; Palacios

et al.,2011a, 2011b;Matsuno et al.,2013).

Entre os vírus do grupo da febre dos flebótomos registrados, oito destacam-se

por sua importância médica: Virus Sandfly fever Sicilian, Virus Sandfly fever Naples,

Virus Toscana, Virus Rift Valley fever, Virus Chagres, Virus Punta Toro, Virus

Candiru e Virus Alenquer, todos isolados de pessoas com quadro clínico de doença

febril aguda (Karabatsos,1985).

Podemos incluir a esses outros dois vírus também isolados de humanos, mas

ainda não registrados no Catálogo Internacional de Arbovírus, incluindo outros Vírus

de Vertebrados, a saber: Virus Morumbi e Virus Serra Norte, isolados de pacientes

apresentando quadro febril agudo autolimitado (Rodrigues et al.,1998). Existem

evidências sorológicas que outros vírus do grupo causam infecção em humanos, são

eles: Virus Arumowot, Virus Bujaru, Virus Itaporanga, Virus Gabek forest, Virus

Gordil, Virus Karinabad e Virus Saint Floris (Tesh et al., 1982).

O Virus Rift Valley fever é o único que produz doença em humanos e animais

domésticos, sendo que em humanos, esse vírus causa desde um quadro febril

autolimitado até encefalites, e hepatites fatais acompanhadas de hemorragias (Tesh,

1988). Crianças tem sido afetadas com mais severidade. Quadros não usuais como

retinites são descritos com certa frequência e costumam ser graves. Entre animais

jovens, bezerros e cordeiros, a maioria morre por hepatite aguda, vale ressaltar que

abortos são frequentes entre animais infectados por esse vírus (Vialat et al., 2000).

O grupo Uukuniemi, foi considerado no passado um gênero isolado, mas

atualmente está incluído no gênero Phlebovirus, por apresentar significativas

relações antigênicas e sequências nucleotidícas homólogas com os vírus desse

Page 31: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

29

gênero, quando comparado com outros gêneros (Murphy et al., 1995; King et

al.,2012).

Diversos vírus do grupo da febre dos flebótomos, mas nenhum do grupo

Uukuniemi foi associados a doenças em humanos, embora anticorpos para vírus

deste grupo tenham sido detectados em populações humanas no Velho Mundo

(Tesh, 1988; Beaty & Calisher, 1991). Os vírus do grupo Uukuniemi tem sido

utilizados há muitos anos como modelo para estudar a estrutura e replicação da

família Bunyaviridae (Simons et al., 1990; Overby et al., 2006).

1.3.1. Propriedades Físico - Químicas dos Membros do Gênero Phlebovirus

As primeiras observações sobre a morfologia dos membros do gênero

Phlebovirus foram feitas por microscopia eletrônica, mediante a técnica de

contrastação negativa do Virus Uukuniemi. Esse vírus apresenta partículas

esféricas, com diâmetro variando entre 80 e 120 nm; superfície com arranjo

hexagonal regular de subunidades, que parecem capsômeros ocos, com projeção

medindo em torno de 9 nm (Figura 5) (Saikku & Von Bonsdorff, 1968; Saikku et

al.,1970; King et al.,2012).

Page 32: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

30

Figura 5 - Partículas do Virus Rift Valley fever e Virus Uukuniemi. A barra representa 50 nm. Fonte: King et al., 2012.

A classificação atual dos membros do gênero Phlebovirus é insatisfatória, por

causa da pouca informação genética sobre os mesmos, e por existirem ainda 16

vírus não agrupados (Liu et al., 2003 ; King et al.,2012) . Os vírus desse gênero

foram classificados por seus relacionamentos sorológicos, sendo as relações

antigênicas entre eles determinadas pelo teste de IH (usado para determinar

gênero), enquanto o teste de FC se presta para determinar o sorogrupo e a

classificação dentro de um complexo. O Teste de neutralização e o teste de

neutralização com redução de placa (TNRP) são usados para a diferenciação do

sorotipo e do subtipo, sendo o TNRP o método sorológico mais sensível para a

classificação, e por todos esses testes, os Phlebovirus apresentam variados graus

de reação cruzada, sendo normalmente reações fracas (Tesh et al., 1976, 1982;

Travassos da Rosa et al., 1983; Liu et al., 2003; Xu et al.,2007 a).

Page 33: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

31

1.3.2. Organização Genômica

O genoma dos membros do gênero Phlebovirus, como ocorre em outros

gêneros da família Bunyaviridae, compreende três segmentos de RNA de fita

simples, helicoidais e suplementares, denominados, L (Grande), M (Médio) e S

(Pequeno), e cada um dos segmentos contribui de forma diferente para a

patogênese viral (King et al.,2012) . Os segmentos L e M são de polaridade

negativa. O segmento L codifica a proteína L, uma proteína com função de RNA

polimerase dependente de RNA, enquanto o segmento MRNA codifica as

glicoproteínas de superfície Gn e Gc e a proteína não estrutural NSm ; por outro

lado, nos Phlebovirus o segmento SRNA utiliza uma estratégia ambisenso e produz

duas proteínas, a nucleoproteína estrutural N no sentido anti-senso e a não

estrutural NSs na direção senso, já tendo sido demonstrado que essas duas

proteínas são as principais determinantes para a patogênese neste gênero.

Internamente cada segmento parece conter uma única sequência primária sem

sobreposição entre os mesmos (Petterson et al., 1977, Roberson et al., 1979; King et

al., 2012, Nichol et al., 2005., Nunes et al., 2005, Perrone et al., 2007). Pouco se

sabe sobre as propriedades do segmento LRNA em Phlebovirus; a proteína L,

presumivelmente possui função de transcriptase viral, porém são necessários mais

estudos para elucidar a estratégia de expressão desse segmento, assim como as

propriedades funcionais de seu produto gênico com maior exatidão (Bishop, 1990).

O segmento MRNA já foi bastante estudado, para os seguintes vírus; Virus

Rift Valley fever, Virus Toscana, Virus Punta Toro e Virus Uukuniemi (Collet et

al.,1985 ; Ihara et al.,1985; Ronnholm & Pettersson, 1987; Suzich et al.,1990; Di

Bonito et al.,1997; Liu et al., 2003).

As glicoproteínas Gn e Gc são importantes para a infecção, patogênese e

imunidade virais, e são alvos dos anticorpos produzidos (Keegan & Collet,1986; Pifat

et al.,1988). A atividade biológica é depende da estrutura terciária dessas

glicoproteinas e mesmo uma única substituição de amino ácido pode comprometer

essa atividade (Schmaljohn et al., 1990).

Como estão expostas na superfície dos vírus, as glicoproteínas devem sofrer

pressão seletiva de hospedeiro, e é provável que elas variem de cepa para cepa,

particularmente os epítopos que entram em contato com os anticorpos.

Consequentemente, a análise do segmento MRNA pode fornecer uma aproximação

Page 34: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

32

mais sensível à classificação dos phlebovírus (Liu et al., 2003, Nunes-Neto, 2007).

Assim como seu estudo é importante para uma futura e eventual produção de vacina

recombinante (Bishop, 1990), enquanto que o estudo do segmento SRNA é

importante tanto para o entendimento dos mecanismos de patogênese, como para

auxiliar nos estudos de rearranjo viral dentro do gênero Phlebovirus (Bishop,1990;

Nunes et al., 2005;Perrone et al.,2007; Xu et al., 2007b, Nunes-Neto, 2007).

1.3.3. Membros do Gênero Phlebovirus Isolados na Amazônia Brasileira

Na Amazônia brasileira, já foram isolados até o momento 22 membros do

gênero Phlebovirus (quadro 5), dos quais nove vírus ainda não se encontram

registrados no ICTV e cinco vírus registrados, mas ainda não agrupados em

complexos sorológicos:Virus Anhanga, Virus Itaporanga, Virus Uriurana e Virus

Urucuri ( Rodrigues et al.,1998; King et al.,2012).

Page 35: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

33

Fonte: Modificado de Rodrigues et al., 1998.

Quadro 5 - Membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira.

Page 36: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

34

Desse total de 22 Phlebovirus, quatro foram obtidos de amostras de

sangue e soro de seres humanos com doença febril aguda autolimitada e os

demais foram isolados de marsupiais, roedores, flebotomíneos (Lutzomyia) e

mosquitos (Culex e Coquillettidia);o isolamento desses vírus está ligado à

implantação de grandes projetos na região, como construção de estradas,

hidrelétricas e projetos minerais ao longo das décadas de 1960 à 1990 (Aitken

et al., 1975, Rodrigues et al.,1998;Travassos da Rosa et al., 1998).

Um fato importante é que todos os vírus isolados de seres humanos até

o momento, quais sejam Virus Candiru, Virus Alenquer, Virus Serra Norte e

Virus Morumbi pertencem ao mesmo complexo antigênico, o Complexo

Candiru (Vasconcelos et al.,1992; Nunes-Neto, 2007). Pouco se sabe sobre os

relacionamentos genéticos dos Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira, já

que tem sido realizados, principalmente, estudos de sequenciamento

nucleotídeo parcial de alguns vírus e estudos de relação antigênica através de

testes sorológicos (Tesh et al.,1982; Travassos da Rosa et al.,1983;

Bishop,1990; Rodrigues et al.,1998; Xu et al., 2007a; 2007 b; Nunes-Neto,

2007).

Page 37: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

35

1.4. OBJETIVOS

1.4.1. Objetivo Geral

Caracterizar molecularmente de vírus pertencentes ao gênero

Phlebovirus, grupo da febre dos flebótomos isolados na Amazônia brasileira.

1.4.2. Objetivos Específicos

Obter sequências nucleotídicas completas para os segmentos SRNA,

MRNA e LRNA dos membros do gênero Phlebovirus incluídos no

estudo;

Caracterizar geneticamente os segmentos SRNA, MRNA e LRNA;

Identificar os domínios e os motivos conservados das proteínas dos

membros do gênero phlebovirus incluidos no estudo;

Identificar os sítios de clivagem, resíduos de cisteína e sítio de

glicosilação nas sequências de aminoácidos dos vírus em estudo;

Realizar análise filogenética comparativa e evolutiva;

Avaliar a possibilidade de rearranjo genético em natureza.

Page 38: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

36

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. MATERIAL

2.1.1. Amostras Virais

Nesse estudo foram utilizados 14 vírus do gênero Phlebovirus (família:

Bunyaviridae), isoladas na Amazônia brasileira. As informações referentes o

seu registro, abreviatura, hospedeiro, ano de isolamento e localização

geografica da coleta da amostra original, encontram-se assinaladas no quadro

6 e figura 6. As amostras virais foram obtidas da coleção de vírus da Seção de

Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC / SVS / MS, Ananindeua - Pará.

Quadro 6 - Amostras Virais.

Vírus Abreviatura Registro Hospedeiro Ano de isolamento

Virus Alenquer VALE BEH301101 Homo sapiens 31-05-1976

Virus Anhanga VANH BEAN46852 Choleopus brasiliensis 01-10-1962

Virus Ariquemes VARQ BEAR485678 Luztzomyia sp. 30-12-1988

Virus Candiru VCDU BEH22511 Homo sapiens 27-09-1960

Virus Itaituba VITA BEAN213452 Didelphis marsupialis 08-12-1971

Virus Jacunda VJAN BEAN428329 Myoprocta agouci 31-10-1984

Virus Morumbi VMRB BEH475236 Homo sapiens 12-04-1988

Virus Mucura VMRA BEAR455230 Anophleles triannulatus 30-05-1985

Virus Oriximina VORX BEAR385309 Luztzomyia spp. 07-03-1980

Virus Serra Norte VSRN BEH505240 Homo sapiens 01-03-1991

Virus Tapara VTAP BEAR413570 Phlebotominae sp. 04-02-1983

Virus Turuna VTUA BEAR352492 Luztzomyia sp. 26-07-1978

Vrus Uriurana VURI BEAR479776 Phlebotominae sp. 16-12-1985

Virus Urucuri VURU BEAN100049 Proechimys guyannensis 19-04-1966

Page 39: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

37

Figura 6 - Local de coleta das amostras estudadas.

Page 40: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

38

2.2. MÉTODO

2.2.1. Vírus em Estudo

Os 19 vírus do grupo da febre dos flebótomos utilizados neste estudo

foram obtidos a partir do estoque viral da SAARB-IEC, utilizando cérebros de

camundongos suíços recém-nascidos (Mus musculus) infectados com esses

vírus. Foi preparada suspensão de cérebro de camundongo diluída em 1 mL de

água livre de RNAse e DNAse para cada um dos vírus, sendo essa suspensão

utilizada para todas as demais etapas que envolvam o sequenciamento desses

agentes virais.

2.2.1.1 Preparo de estoque viral

A partir dos cérebros de camundongos recém-nascidos infectados

obtidos foi preparada suspensão, macerando-se os cérebros de camundongos

com auxílio de gral e pistilo, e diluindo-se em 1,5 mL de água livre de RNAse e

DNAse. A suspensão preparada foi centrifugada em centrífuga refrigerada

(Thermo Scientific) por 5 minutos à 5.000 rpm e, em seguida, foi filtrada com

auxilio de filtro de 0,22 µm acoplado em seringa. Posteriomente, cada

suspensão foi inoculada em sua respectiva garrafa de 150 cm2 contendo

células VERO oriundas de macaco verde africano (Cercopithecus aethiops)

(ATCC: CCL-81) (RHIM et al., 1962). Para a inoculação, o meio de crescimento

(meio 199 com 5% de soro bovino fetal) das garrafas foi substituído pelo meio

de manutenção (meio 199 com 2% de soro bovino fetal) e, em seguida o

volume de 1 mL da suspensão filtrada foi diluído em 4 mL de meio de cultura

de manutenção. Esses 5 mL foram inoculados utilizando o método de

adsorção, pelo qual as garrafas, após inoculação, foram incubadas em estufa a

37 ºC com 5% de CO2 durante 1 hora, realizando homogeneização manual das

garrafas para espalhamento da suspensão por toda a área.

Imediatamente após o intervalo de incubação de 1 hora, as garrafas

foram retiradas da estufa e foram então, acrescentados 45 mL de meio de

manutenção em cada uma delas. Seguidamente, as garrafas contendo as

células infectadas foram incubadas novamente em estufa, conforme

especificações descritas anteriormente, e visualizadas diariamente em

Page 41: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

39

microscópio invertido (Zeiss) para detecção de efeito citopático (ECP), sendo

estas garrafas coletadas (congeladas a -70ºC) quando obsevou-se

aproximadamente 90 % de ECP.

2.2.2. Tratamento das Amostras com Nuclease

Objetivando reduzir a quantidade de DNA e RNA contaminante (ácidos

nucléicos provenientes da célula hospedeira), cada amostra (165,7 µL) foi

tratada com 20 U de DNAse Turbo (Ambion, Austin, TX), 36 U de benzonase

(Novagen, Damstadt, Germany) e 28 U de RNAse One (Promega, Madson,

WI). As amostras foram ajustadas para o volume final de 200 µL usando o

tampão DNAse 10X (Ambion, Austin, TX) e incubadas a 37 ºC por duas horas.

Após o período de incubação, as amostras foram imediatamente utilizadas para

a extração do RNA viral.

2.2.3. Extração do RNA Viral

Para a obtenção do RNA genômico serão utilizados 200 µL da amostra

viral previamente tratada, sendo, o RNA genômico, extraído pelo equipamento

MagNA Pure LC 2.0 (Roche, Alemanha) utilizando o kit MagNA Pure LC Total

Nucleic Acid Isolation, seguindo as instruções do fabricante, ao final o RNA foi

eluído em 50 µL de tampão disponível no referido kit.

2.2.4. Quantificação do RNA

A quantificação do RNA foi realizada no espectrofotômetro NanoDrop

2000 (Thermo Fisher Scientific, EUA), de acordo com as instruções do

fabricante. Este procedimento foi realizado para averiguar a concentração do

RNA viral após a extração, no qual esta concentração é medida em

nanogramas por microlitro (ng/ µL). Para tal, foi utilizado 1 µL da solução

contendo o RNA viral. Além disso, a qualidade do RNA obtido na extração

também foi avaliada no NanoDrop 2000, a qual foi determinada através da

razão 260/280 nm, cujo resultado, ficou entre 1,8 a 2,0 nm.

Page 42: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

40

2.2.5. Obtenção das Sequências Nucleotídicas no GS FLX Genome

Sequencer 454™

Para a obtenção das sequências nucleotídicas completas foi utilizada a

plataforma de sequenciamento: GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche

Applied Science). A obtenção das sequências nucleotídicas utilizando a

plataforma de sequenciamento GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche

Applied Science) incluiu três etapas: I) Preparação de biblioteca genômica; II)

Amplificação clonal da biblioteca genômica utilizando micro - esferas de

captura; III) sequenciamento.

2.2.6. Preparação da Biblioteca Genômica

Partindo-se de um genoma de RNA, o primeiro passo foi realizar a

preparação de uma biblioteca a partir de DNA complementar fita dupla

(dscDNA) ao RNA viral previamente fragmentado. A fragmentação do RNA foi

realizada pelo método de fragmentação química pela exposição ao cloreto de

zinco (ZnCl2) a 5% e Tris-HCl (1M - PH 7,0), durante cinco minutos à

temperatura ambiente (±25°C). A fragmentação do RNA foi avaliada utilizando

o RNA 6000 Pico chip (Agilent Technologies, Alemanha) sendo gerados

fragmentos com tamanho entre 200 a 700 pares de bases (pb) , sendo utilizado

para a leitura o equipamento Bioanalyzer 2100 (Agilent Tecnologies,

Alemanha) , conforme instruções do fabricante.

Após uma fragmentação bem sucedida, foi realizada a construção da

dupla fita de cDNA, onde a síntese da primeira e da segunda fita de cDNA

ocorre em momentos distintos, utilizando-se para tal o kit cDNA Synthesis

System (Roche,Alemanha). Em seguida, foi realizada a purificação da dupla fita

do cDNA com o intuito de eliminar produtos inespecíficos que possam interferir

nas próximas etapas. Posteriormente, realizou- se o reparo das extremidades

dos fragmentos gerados com a síntese do cDNA.

Após a realização do reparo das extremidades, dois diferentes

adaptadores universais foram ligados a extremidades das fitas de cDNA

(adaptador A e adaptador B), sendo que o adaptador A promove a ligação da

polimerase para a amplificação clonal de um único fragmento ao redor da

Page 43: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

41

microesfera (bead), e o adaptador B confere a propriedade de ligação desse

fragmento à microesfera, as bibliotecas foram construídas empregando o kit de

preparação de bibliotecas genômicas (fragment cDNA library kit, Roche).

2.2.7. PCR emulsão (emPCR)

Por meio do processo de amplificação clonal baseada em emulsão

(emPCR), a biblioteca contendo os fragmentos genômicos (cDNAs contendo os

adaptadores) foram postas em contato com esferas magnéticas de captura

requeridas durante a etapa de sequenciamento mediante o processo de

criação de microreatores (emulsão). Este processo foi realizado pelo kit

emPCR (Roche) levando aproximadamente oito horas de processamento.

2.2.8. emPCR para titulação

Antes de realizar o emPCR para sequenciamento propriamente dito,

torna-se necessário conhecer o número de cópias de cDNA por microesfera de

captura ideal para obtenção do rendimento máximo do sequenciador

(100.000.000 de leituras para uma região; 40.000.000 de leituras para duas

regiões; 15.000.000 de leituras para oito regiões). Este processo denomina-se

emPCR de titulação.

A titulação foi realizada para cada amostra previamente amplificada pelo

PCR em emulsão empregando o kit Small Volume (Roche Applied Science)

seguindo a recomendação do protocolo do fabricante que submete cada

amostra a quatro diluições distintas que representam: 2, 4, 8 e 16 cópias de

cDNA por microesfera de captura.

Inicialmente tubos de 2 mL contendo, emulsão oleosa foram submetidos

à vigorosa agitação no equipamento Tissuelyser II (Qiagen) ajustado para 50

Hz durante cinco minutos. Após a homogeneização da emulsão oleosa, as

amostras foram adicionadas aos respectivos tubos juntamente com as

enzimas, iniciadores complementares aos adaptadores e tampão de emPCR,

sendo novamente submetidos à vigorosa agitação 50 Hz durante cinco

minutos, objetivando a formação de microreatores.

Page 44: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

42

Em geral, cada microrreator (gotícula emulsão oleosa), contém somente

um fragmento de cDNA ligado a uma única micro-esfera pelo adaptador B

(microreator clonal). O fragmento de cDNA contido em cada microreator foi

amplificado isoladamente produzindo milhões de cópias clonais.

Ao final da reação de PCR em emulsão, o processo de enriquecimento

foi realizado. Esta etapa consiste na recuperação de microesferas que

contenham fragmentos de DNA e eliminação das que não contenham DNA

amplificado. A seleção das microesferas com amplificação clonal foi realizado

pelo processo de ligação de sondas complementares ao DNA amplificado

capazes de se hibridizarem a microesferas de captura.

A quantificação e determinação da melhor relação cópias de DNA/micro-

esferas de captura foram verificadas para o sequenciamento no GS FLX

Genome Sequencer 454™ (Roche Applied Science), pelo emprego do

equipamento CASY DT (Roche Innovatis). Após a obtenção das informações

referentes à quantidade de cópias de DNA / microesferas de capturas, realizou-

se o emPCR para sequenciamento de forma semelhante ao descrito acima,

apenas substituindo-se o kit small Volume , pelo kit Large Volume (Roche

Applied Science).

2.2.9. Sequenciamento das Amostras por Pirosequenciamento

O primeiro quesito a ser observado para que se tenha um bom

sequenciamento é a realização da limpeza do sistema (pre-wash) GS FLX

Genome Sequencer 454™. Posteriormente, seleciona-se a placa com a

apropriada quantidade de regiões, na qual foram depositadas as amostras. De

modo que existem placas para 2, 4 e 8 regiões, as quais permitem,

individualmente, o depósito de, respectivamente, 2, 4 e 8 amostras.

A escolha da placa para o sequenciamento depende: (1º) diretamente do

tamanho do organismo que se pretende sequenciar; (2º) da cobertura do

sequenciamento, a qual se refere à confirmação da veracidade da posição das

bases nucleotídicas. Assim, dependendo da placa escolhida, será depositada

uma quantidade diferente de microesferas de bibliotecas de cDNA por região, o

que resulta em uma quantidade de fragmentos de leitura diferentes para

análise. Desta forma, a placa com duas regiões proporciona o depósito de mais

Page 45: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

43

microesferas, e a placa com oito regiões resulta no depósito de menos

microesferas. Consequentemente, a placa com duas regiões fornecerá mais

fragmentos de leitura de oito regiões gerará menos fragmentos de leitura.

O processo de confecção da placa envolve o depósito de quatro

camadas de microesferas, com o auxílio de um suporte para deposição. A

primeira camada corresponde ao depósito de microesferas enzimáticas (pré-

camada), a segunda camada a microesferas que contém a biblioteca de cDNA,

a terceira camada a microesferas enzimáticas (pós-camada), e a quarta

camada a microesferas com PPiase. Após o depósito da última camada, a

placa foi levada ao GS FLX 454 e o equipamento promoveu, dentro de

aproximadamente 8 horas, o sequenciamento completo do genoma viral.

A leitura da sequência nesse sistema é realizada a partir de uma

combinação de reações enzimáticas que se inicia com a liberação de um

pirofosfato, oriundo da adição de um ou mais desoxinucleotídeos

complementares ao DNA alvo. Em seguida, esse pirofosfato é convertido em

ATP, pela ATP sulfurilase, sendo este utilizado pela luciferase para oxidar a

luciferina, produzindo um sinal de luz capturado por uma câmera CCD (charge-

coupled device) acoplada ao sistema.

2.2.10. Análise Computacional

2.2.10.1. Montagem dos Genomas obtidos pelo GS FLX Genome Sequencer

454™ (Roche Applied Science)

Para montagem das sequências obtidas pelo sistema de

pirosequenciamento foi utilizado o pipeline desenvolvido laboratório de

Bioinformática do Centro de Inovações Tecnológicas do Instituto Evandro

Chagas, o qual corresponde à etapa de pré-processo utilizando-se o modulo

GS De Novo Assembler (www.454.com/products-solutions/analysis-tools/gs-de-

novo assembler) foi usado para a montagem propriamente dita, disponível no

pacote de programas Newbler versão 2.0 (Roche Applied Science) como

algoritmo de montagem. Inicialmente, as sequências foram submetidas a um

prévio processo de montagem onde as reads (pequenas sequências de DNA

geradas pelo sequenciador) foram confrontadas contra um banco de dados do

Page 46: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

44

Genbank que contém sequências de hospedeiros (mosquitos, humanos e

vertebrados silvestres). Esta estratégia tem como objetivo a retirada de

sequências inespecíficas (sequências do hospedeiro). Este pré-processo

favorecerá a montagem mais rápida e efetiva computacionalmente (Gordon,

2004).

A validação do genoma foi feita mediante comparação entre os contigs

(conjunto de reads) montados, sendo escolhida como a montagem mais correta

aquela que obteve o maior valor de confiabilidade do programa Newbler e com

a maior incorporação de leituras (reads) no contig. O genoma final obtido foi

visualizado pelo programa Geneious versão 7 (Biomatters, Nova Zelândia), o

mesmo foi utilizado nas etapas de fechamento de gaps e curadoria, e

posteriormente o contigs foram confrontados com sequências disponíveis no

banco de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI)

(www.ncbi.nlm.nih.gov/) para identificação empregando o programa BLASTP e

BLASTN (www.blast.ncbi.nlm. nih.gov/Blast).

2.2.10.2. Genômica Descritiva: Análises e Identificações

Para geração de dados descritivos, inicialmente as sequências

nucleotídicas completas obtidas dos segmentos SRNA, MRNA e LRNA foram

identificadas pelo programa BLAST (Basic Local Aligning Search Toll)

disponível no portal do NCBI (www.nchi.nhi.org) (Altschul et al., 1996). Neste

mesmo programa foi possível selecionar as sequências disponíveis no

GenBank de outros Phlebovirus. Posteriormente, as sequências nucleotídicas

foram comparadas entre si e com outras sequências de membros do gênero

Phlebovirus disponíveis no GenBank utilizando o programa Geneious e Clustal

X (Thompson, 1998). Em seguida, o pacote de programas DNAstar lasergene®

(DNAstar, Mega Align, Seqman, Genequest, Protean) foi utilizado para avaliar

as sequências quanto ao tamanho, predição de ORF´s, regiões não

codificantes (RNC), presença de substituições nucleotídicas (nt) e de

aminoácidos (aa).

Para efeito de comparações de divergência e homologia nucleotídica e

aminoacídica foram usadas as regiões codificantes e o produto protéico desses

sítios, respectivamente.

Page 47: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

45

As análises de divergência nucleotídica e aminoacídica foram realizadas

usando os programas Geneious para alinhamento e Mega 5.1 (Kumar et al.,

2004; Tamura et al., 2011) para construção das matrizes.

A determinação de sítios de clivagem foi obtida por comparação com

outros phlebovirus no banco de dados de família de proteínas PFAM

(http://pfam.sanger.ac.uk/), InterProScan (www.ebi.ac.uk/Tools/pfa/iprscan/) e

Signal P versão 4.1 (http://www.cbs.dtu.dk/services/SignalP/) (Petersen et al.,

2011). Para determinar a previsão de sítios de glicosilação foi utilizado o

programa NetNGlyc 1.0 (http://www.cbs.dtu.dk/ services/NetNGlyc/).

Os motivos conservados das proteínas dos phlebovirus estudados foram

verifiados no alinhamento das sequências aminoacídicas entre os vírus

estudados e outros phlebovirus, de acordo com os achados da literatura,

atraves do programa Geneious versão 7 (Biomatters, Nova Zelândia).

2.2.10.3. Identificação de possíveis rearranjos genéticos

As regiões codificantes dos membros do gênero Phlebovirus foram

identificadas utilizando o programa ORF finder

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/gorf/) e posteriormente para analise de

genetica nucleotidica e aminoacidica foi utilizado o programa Mega 5 (Tamura

et al.,2011).

Posteriormente, o programa Simplot versão 3.5.1 (Lole et al., 1999) foi

empregado para determinar a similaridade, utilizando as sequências

nucleotídicas, dos vírus em estudo ao longo da cadei aberta de leitura (CAL)

para uma análise intragrupo, bem como, para uma análise intergrupo,

comparando-se sequências do grupo Guamá com as de outros

orthobunyavirus. Em todas as análises execultadas foi utilizado um vírus ou um

grupo de vírus como referência (query) O ponto de corte foi de 50% (enviar

rearanjo).

Foi realizado alinhamento, bem como geração de árvores filogenéticas

pelo método de Neighbour Joining (NJ), das sequências completas dos

segmentos SRNA, MRNA e LRNA dos phlebovirus do Complexo Candiru,

análise de bootstrap (1000 réplicas) foi realizada para gerar maior

confiabilidade nos valores dos grupamentos obtidos. A Análise de rearranjo

Page 48: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

46

genético para os membros do Complexo Candiru foi empregando o método de

Kishino Hasegawa.

2.2.10.4. Análise Filogenética

As análises filogenéticas foram realizadas basicamente pelo programa,

PHYML (Guindon et al., 2010), utilizando os métodos de máxima

verossimilhança (Saitou & Nei, 1987). As árvores filogenéticas foram

construídas usando os métodos de Máxima Verossimilhança (MV) utilizando o

programa PHYML devido à melhor performance deste programa para a análise

de máxima verossimilhança (rápido processamento). O programa jMoldest v.

3.6 (Posada, 2008) foi utilizados para determinar o melhor modelo de

substituição nucleotídica a ser usado baseado no critério de informação Akaike

(AIC).

Para a análise pelo método NJ, a matriz de distância foi calculada a

partir das sequências alinhadas usando o modelo de substituição nucleotídica

indicado pelo Modeltest (kimura 2 parâmetros, Tamura-3, parâmetro de

distribuição gama). A análise de bootstrap (1000 réplicas) foi realizada para

gerar maior confiabilidade nos valores dos grupamentos obtidos (Felsenstein,

1985) para os métodos de MV.

Page 49: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

47

3. RESULTADOS

3.1. OBTENÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS NUCLEOTÍDICAS

O total de 14 isolados virais tiveram os seus genomas completamente

(ORF- open reading frame ou cadeia aberta para leitura) ou parcialmente

sequenciados. O total de 171.137 nucleotídeos foram obtidos sendo 100% das

sequências identificadas como genomas de vírus pertencentes ao gênero

Phlebovirus (segmentos SRNA, MRNA e LRNA). Identificação das sequências

pelo site do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/), valor de probabilidade (e),

máxima identidade, cobertura do genoma com vírus de maior similaridade e

seu respectivo número de acesso ao GenBank. (Quadro 7)

Page 50: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

48

Quadro 7 - Sequências nucleotídicas obtidas para o genoma das 14 cepas virais incluídas no estudo evidenciando o total de nucleotídeos recuperados por segmento genômico (SRNA, MRNA e LRNA).

VALE

VANH

VARQ

VCDU

VITA

VMRB

VMRA

VORX

VSRN

VURI

VTUA

VURU

VTAP

VJAN

Page 51: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

49

3.2. ORGANIZAÇÃO GENÔMICA

A organização genômica dos membros do gênero Phlebovirus em

estudo é similar à observada para os demais vírus do gênero, revelando a

presença de três segmentos de RNA e seus produtos gênicos principais: o

segmento SRNA que codifica as proteínas N e NSs; segmento MRNA que

codifica a poliproteína que é pos-traducionamente clivada em NSm-Gn-Gc para

os membros do grupo da febre dos flebótomus e clivadas em Gn-Gc para os

representantes do grupo Uukuniemi ( não incluidos neste estudo); e o

segmento LRNA que codifica a polimerase dependente de RNA (proteína L).

As ORF's dos três segmentos são flanqueadas pelas RNC 3’ e 5’.

Das 14 amostras virais identificadas como membros do gênero

Phlebovirus, 12 foram sequenciadas completamente (ORF e parte das regiões

não codificantes 3’ e 5’) e duas,Virus Urucuri e Virus Anhanga, tiveram 62,7%

e 97,3% dos seus genomas recuperados, respectivamente. Das amostras com

ORF's e parte das regiões não traduzidas sequenciadas, observou-se variação

no tamanho genômico de 1519 nt a 1894 nt (segmento SRNA), de 3963 nt a

4579 nt (segmento MRNA) e 6137 nt a 6844 nt (segmento LRNA).

A análise dos genomas utilizando o programa Geneious identificou a

presença de ORF's em cada um dos três segmentos genômicos, como

mostrado a seguir.

3.2.1. Segmento SRNA

Para o segmento SRNA, o programa computacional revelou a presença

de duas ORF's de sentidos opostos localizadas na mesma cadeia (frame) de

leitura ou em cadeias diferentes. O tamanho das ORFs do gene N variou de

735 nt a 753 nt , enquanto que a ORF para o gene NSs variou entre 750 nt a

885 nt (Figura 7).

Page 52: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

50

Legenda: Observar a presença de regiões não codificantes completas (linhas pretas contínuas nas extremidades 3’ e 5’) e incompletas (linhas pretas tracejadas nas extremidades) flanqueando as regiões codificantes para as proteínas NSs (amarelo) e N (azul claro). Notar a presença entre genes de regiões não codificantes (linhas pretas contínuas entre os genes NSs e N). A linha tracejada em azul representa a região do genoma (gene N) não sequenciada. ORF1; ORF2; - Frame 1(cadeia): cadeia negativa 1; - Frame 2: cadeia negativa 2; + Frame 1: cadeia positiva 1; + Frame 2: cadeia positiva 2; + Frame 3: cadeia positiva 3. Os tamanhos das ORFs encontram-se em nucleotídeos (nt). Os valores abaixo da barra correspondem às posições nucleotídicas estimadas com base no tamanho médio das sequências obtidas.

A descrição dos genomas sequenciados no que tange o tamanho,

percentual de A+U (Adenina + Uracila), posição nucleotídica, tamanho das

proteínas codificadas (em aminoácidos; aa) e peso molecular em KDa

encontra-se apresentada na Tabela 1.

Figura 7 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos SRNA (sentido 3’->5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus.

Page 53: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

51

****** Dados não obtidos. (+) sentido positivo; (-) sentido negativo;

3.2.2. Segmento MRNA

Em relação ao segmento MRNA, uma única e longa cadeia aberta de

leitura (ORF) foi observada, sendo todas com sentido negativo (-). As ORF's

apresentaram tamanhos que variaram de 3.909 nt (Virus Uriurana e Virus

Tabela 1 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento SRNA dos phlebovirus segundo os tamanhos dos genes N e NSs, posição nucleotídica, percentual de adenina-uracila (AU), região intergênica, e tamanhos das regiões não codificantes (NCR).

Page 54: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

52

Urucuri) a 4.080 nt (Virus Anhanga), sendo em geral flanqueadas por regiões

não traduzidas (3’ e 5’ NCR ) ao nível dos términos dos segmentos genômicos.

Para o Virus Jacunda, somente a ORF foi obtida, enquanto que para o Virus

Tapara e Virus Mucura, parte da ORF permaneceu incompleta ao nível da

região terminal 5’ (Figura 8).

Legenda : Observar a presença de regiões não codificantes completas (linhas pretas contínuas nas extremidades 3’ e 5’) e incompletas (linhas pretas tracejadas nas extremidades) flanqueando as regiões codificantes para a poliproteína (alaranjado). Blocos azuis com linha tracejada em preto representam a região do genoma não sequenciado. ORF1: open reading frame 1; Frame 1(cadeia): cadeia negativa 1; Frame 2: cadeia negativa 2; Frame 3: cadeia negativa 3. Os tamanhos das ORF's,encontram-se em nucleotídeos (nt). Os valores abaixo da barra correspondem às posições nucleotídicas estimadas com base no tamanho médio das sequências obtidas.

As características dos genomas sequenciados para o segmento M,

segundo o tamanho, percentual de A+U (Adenina + Uracila), posição

aminoacídica, tamanho das proteínas codificadas (em aminoácidos; aa) e peso

molecular em KDa encontram-se descritas na Tabela 2.

Figura 8 – Representação esquemática dos genomas dos segmentos MRNA (sentido 3’-> 5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus.

Page 55: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

53

* referente à poliproteína --------: dados não obtidos.

3.2.3. Segmento L

Para o segmento LRNA, dos 14 isolados utilizadas no estudo, 12 tiveram

suas ORFs totalmente sequenciadas. O Virus Anhanga em relação aos

genomas dos demais vírus sequenciados apresentou duas regiões de gaps,

uma de 81 nucleotídeos entre a região entrre a posição nucleotídica 4992 e

5072 e outra de 68 nucleotídeos na posição 3' terminal . Para o Virus Jacunda,

conseguiu-se apenas a sequência completa para a região codificante,

enquanto que para o Virus Mucura, obteve-se a sequência completa para a

ORF e para a região 3’ NCR. No caso do Virus Urucuri, apenas parte do

Tabela 2 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento MRNA dos Phlebovirus segundo os tamanhos das poliproteínas, genes NSm, Gn e GC em nucleotídeos (nt) e aminoácidos (aa), peso molecular em KDa, posição aminoacídica de cada proteína, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de adenina - uracila (AU).

Page 56: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

54

segmento LRNA foi recuperado entre as posições nucleotídicas 284 e 1.335

(1.052 nt) e 2.779 e 3.627 (849 nt) , (Figura 9).

Figura 9 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos LRNA

(sentido 3’-> 5’), obtidos para as 14 cepas virais identificadas como membros

da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus.

Legenda: Observar a presença de regiões não codificantes incompletas (linhas

pretas tracejadas nas extremidades) flanqueando as regiões codificantes para

a poliproteína (alaranjado). Blocos com linha tracejada em azul claro

representam a região do genoma não sequenciado. ORF1; Frame 1(cadeia):

cadeia negativa 1; Frame 2: cadeia negativa 2; Frame 3: cadeia negativa 3. Os

tamanhos das ORF's encontram-se em nucleotídeos (nt). Os valores abaixo da

barra correspondem as posições nucleotídicas estimadas com base no

tamanho médio das sequências obtidas.

A descrição dos genomas sequenciados para o segmento L, segundo o

tamanho, percentual de A+U (Adenina + Uracila), posição aminoacídica,

tamanho das proteínas codificadas (em aminoácidos; aa) e peso molecular em

KDa encontra-se descrita na Tabela 3.

Page 57: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

55

Tabela 3 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento LRNA dos membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo, segundo os tamanhos das poliproteínas codificadoras da polimerase viral em nucleotídeos (nt) e aminoácidos, peso molecular em KDa, posição nucleotídica , sentido da cadeia de leitura, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de Adenina-Uracila (AU).

(+) Sentido positivo * Sequencia incompleta ****** Dados não gerados.

3.3. PROTEÍNAS VIRAIS

3.3.1. Análise dos Domínios e Subdomínios Protéicos

A avaliação dos domínios e subdomínios protéicos empregando a

combinação de análises pelos programas Blast tx e Interproscan evidenciou as

VÍRUS

Gene L Tamanho da RNC (nt)

CAL N (nt)

Posição (nt)/ Sentido

A/U (%)

Tamanho aa

Peso molecular

5’ 3’

VALE

6267

23 - 6289 (+)

60,5

2088

238 kDa

22

129

VANH*

6092

******

******

******

******

8

******

VARQ

6270

15 - 6284 (+)

61

2089

237 kDa

14

125

VCDU

6291

1- 6291 (+)

60,8

2096

238 kDa

******

36

VITA

6267

61-6327(+)

60.4

2088

237 kDa

60

121

VJAN

6267

1 - 6267 (+)

60,4

2088

237 kDa

******

******

VMRB

6267

23 - 6289 (+)

60,8

2088

237 kDa

22

121

VMRA

6336

1 - 6336 (+)

60,9

2111

240 kDa

******

124

VORX

6267

20 - 6286 (+)

61

2088

238 kDa

19

122

VSRN

6267

20 - 6286 (+)

61

2088

237 kDa

19

126

VTAP

6270

111 - 6380 (+)

57,4

2089

238 kDa

110

103

VTUA

6267

20 - 6286 (+)

59,7

2088

237 kDa

19

119

VURI

6300

1 - 6300 (+)

59,8

2099

239 kDa

******

103

VURU*

2274

******

*******

******

******

******

******

Média

6278

24 - 6293

60,2

2091

237 kDa

32

111

Page 58: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

56

assinaturas protéicas para diferentes grupos de proteínas dos phlebovirus

identificadas como nucleoproteína e proteína não estrutural NSs (segmento

SRNA), proteína não estrutural NSm e glicoproteínas de superfície Gn e Gc

(segmento MRNA), bem como para a polimerase viral L (segmento LRNA).

Para a polimerase viral, subdomínios foram identificados: domínio

catalítico, domínio RdRp (RNA-dependente de RNA polimerase) dos

bunyavirus e o subdomínio DUF 3770. A figura 10 ilustra os domínios e

subdomínios referentes as proteínas virais evidenciadas em cada segmento

genômico dos Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus

Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri. Os valores de PFAM

para cada proteína podem ser observados na tabela 4.

Legenda: Em (a), blocos em rosa e em lilás correspondem as proteínas N e NSs, respectivamente. Em (b) e (c), observar os blocos em azul escuro e alaranjado representando proteínas virais com função conhecida e

Figura 10 - Domínios e subdomínios das proteínas virais evidenciadas ao longo dos segmentos SRNA (a), MRNA (b) e LRNA (c) dos 10 vírus do Complexo Candiru, bem como para os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri.

Page 59: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

57

desconhecidas. Quadrados coloridos representam diferentes bancos de dados de proteinas aos quais as sequências de aminoácidos das regiões codificantes de cada segmento genômico foram submetidos. Quadrados multicores representam as diferentes bases de dados para proteínas. Tabela 4 - Valores de PFAM gerados pelo programa Interproscan segundo o segmento genômico, proteínas e domínios protéicos dos membros do gênero Phlebovirus.

SRNA MRNA LRNA

VÍRUS N NSs NSm Gn Gc L

Cat RdRp DUF 3770

Virus Alenquer 1.6E-71 2.3E-69 1.9E-24 0.0 0.0 0.0 0.0 1.2 E - 61

Virus Anhanga 7.2E-75 5.3E-26 1.0E-10 6.1E-185 3.4E-231 **** **** ****

Virus Ariquemes 1.2E-72 1.0E-64 5.6E-26 1.3E-193 5.7E-235 0.0 0.0 5.0E - 56

Virus Candiru 3.3E-72 7.5E-65 1.9-E-32 0.0 0.0 0.0 0.0 3.0E - 55

Virus Itaituba 5.5E-72 2.3E-65 5.0E-24 0.0 0.0 0.0 0.0 9.0E - 57

Virus Jacunda 7.9E-73 5.9E-65 8.1E-23 0.0 0.0 6.4E 29.9 3.1E - 55

Virus Morumbi 7.9E-73 5.9E-65 4.2E-24 0.0 0.0 0.0 0.0 2.9E - 55

Virus Mucura 1.0E-72 7.9E-65 2.4E-22 0.0 0.0 1.1E-187 29.9 9.1E- 54

Virus Oriximina 9.6E-74 2.0E-65 8.1E-22 0.0 0.0 0.0 0.0 5.4 E- 56

Virus Serra Norte 7.9E-73 2.9E-66 3.0E-27 0.0 0.0 0.0 0.0 3.6 E - 55

Virus Tapara 1.6E-68 2.9E-60 1.47E-04 * 7.10E-174* 0.0* 1.0E-187 30.0 2.3E- 66

Virus Turuna 4.6E-73 2.5E-66 7.0E-23 0.0 0.0 0.0 0.0 2.5E- 51

Virus Urucuri **** 4.3E-52 2.9E-14 3.4E--188 1.8E-221 **** **** ****

Virus Uriurana 1.2E-75 8.0E-52 2.9E-14 3.4E-188 1.8E-221 3.9E-189 30.9 8.1E- 66

* Foi utilizado o programa BLASTP para realização dos cálculos

3.3.2. Sítios de Clivagem para a Poliproteína M

A análise combinatória dos programas Interproscan e Signal P

evidenciou a presença de diferentes sítios potenciais de clivagem ao longo da

poliproteína M levando a subdivisão da mesma em três porções básicas: NSm,

Gn e Gc. A tabela 5 sumariza as junções e sequências de clivagem que origina

cada proteína viral.

Page 60: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

58

Tabela 5 - Sítios de clivagem para as poliproteínas NSM, Gn e Gc codificadas pelo segmento MRNA dos membros do gênero phlebovirus do Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri, preditos pelo programa Signal P v.4.1 e Interproscan.

Vírus Regiões de junção gênica

Met--/NSM Escore NSM/GN Escore Gn/Gc Escore Gc/--TAG(A) Escore

VTAP VDA / TF 0,615 LAI/DL 0,632 ASS/CS 0,534 KAI/GL 0,194

VALE ALA / AY 0,693 ADA/ST 0,267 GLS/CS 0,741 AAV/MK 0,165

VMRB MAS / AY 0,65 DKM/AV 0,239 CLG/CS 0,883 TAI/LK 0,244

VTUA ALA / AY 0,674 VHP/VF 0,237 VLC/CS 0,874 TAI/LK 0,200

VCDU ALG / AY 0,61 SLA/AT 0,637 ALA/CS 0,84 MAV/LK 0,238

VITA AYA / AY 0,698 SNQ/VN 0,345 ALS/CS 0,829 SGI/LK 0,245

VARQ TMS/ AY 0,589 DKM/AV 0,329 CLG/CS 0,815 LAI/LK 0,285

VSRN AYA / AY 0,631 SNQ/VN 0,315 ALS/CS 0,845 TGV/LK 0,232

VJAN ANA / AY 0,607 TAQ/IN 0,32 VLG/CS 0,857 TAI/LK 0,217

VORX ANA / AY 0,618 TAH/IN 0,28 ALG/CS 0,875 MAV/LK 0,224

VMRA AHA / AY 0,631 TAH/KN 0,32 TLS/CS 0,84 AAI/LK 0,203

VURI AYC / SY 0,604 SMA/EL 0,512 ASG/CS 0,8 KTI/LL 0,247

VANH SES / LI 0,671 ASA/ME 0,618 TDA/CS 0,545 KAI/LM 0,267

VURU - - ALA/AR 0,651 AES /CS 0,729 KTI/VV 0,264

Média dos

escores 0,638 0,389 0,805 0,228

Cutoff 0,450 0,200 0,200 0,100

Met: metionina=códon de inicialização da poliproteína; TAG(A): códons alternativos de parada da poliproteína do seguimento MRNA. ( / ): região de clivagem.

3.3.3. Identificação de Motivos Conservados

3.3.3.1. Proteína N

A análise do alinhamento múltiplo das sequências aminoacídicas da

nucleoproteína dos Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus

Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri revelou a presença de

aminoácidos conservados (D63, I67, S85 e G88), bem como de um bloco

constituído por seis aminoácidos 71-LTRGNK-76. Observou-se a presença de

aminoácidos associados com a atividade de ligação da proteina N ao RNA viral

(R73, K76 e K/R 83) (Figura 11).

Page 61: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

59

Figura 11 - Alinhamento múltiplo da proteína de nucleocapsideo (N) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiu), Virus Anhanga, Virus Punta Toro, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. Legenda: Blocos em cinza representam as regiões hiperconservadas. Asteriscos localizados abaixo das sequências representam os aminoácidos cruciais para a ligação da nucleoproteína ao RNA viral que se encontram conservados entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. * resíduos aminoacídicos associados à interação da proteína N ao RNA viral.

3.3.3.2. Proteínas NSm, Gn e Gc

Em relação às proteínas NSm, Gn e Gc, regiões conservadas

reconhecidas como domínios transmembrana, foram observadas nas posições

C terminais de cada uma das proteínas dos phlebovírus estudados (Figuras 12,

13, 14).

Page 62: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

60

Figura 12 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína NSm (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples_Poona. Legenda: Região em azul claro representa o domínio transmembrana conservado entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. Setas em vermelho representam os domínios específicos para cada vírus. Números acima da barra representam a posição aminoacídica aproximada dos domínios, as setas em vermelho indicam o domínio transmembrana.

Page 63: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

61

Figura 13 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gn (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. Legenda: Região em azul claro representa o domínio transmembrana conservado entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. Setas em vermelho representam os domínios específicos para cada vírus. Números acima da barra representam a posição aminoacídica aproximada dos domínios.

Page 64: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

62

Figura 14 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gc (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. Legenda: A região em azul claro representa o domínio transmembrana conservado entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. Setas em vermelho representam os domínios específicos para cada vírus. Números acima da barra representam a posição aminoacídica aproximada dos domínios. O aminoácido lisina (K) conservado em todos os phlebovirus ao nível da terceira posição a partir do terminal C da glicoproteína foi evidenciado no interior do boco vertical.

3.3.3.3. Polimerase Viral

A análise pelo programa Geneious 7.0, evidenciou a presença de

diferentes motivos conservados ao longo da sequência nucleotídica da

polimerase viral dos membros representantes do Complexo Candiru, Virus

Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri denominados de Motivo

1 (89-LVHDF-93), Motivo 2 (123-LTPDM-127), Motivo 3 (716-IQRYI-727),

Motivo pré A (975-KAQHGGLREIYVLRLEERMIQFGIEL-1000), Motivo A

(1039TMITLCSSNDART WNQGHY-1057), Motivo B (1137-

ILTETGMMnQGILHLTSSLYHA - 1157) , Motivo C (1183-VLIDVIEGSDDSAIII-

1189), Motivo D (1228-YAGIYMSPKSTIG-1240) , Motivo E (1242-

LDVCEYNSEF-1251) (Figura 15).

Page 65: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

63

M1 M2 M3

pMA MA MB

MC MD ME

Figura 15 - Alinhamento múltiplo da proteína L (polimerase viral) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Palma, Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. Legenda:Blocos em cinza representam as regiões hiperconservadas reconhecidas como motivos(M). M1: motivo 1; M2: motivo 2; M3: motivo 3; pMA: pré motivo A; MA: motivo A; MB: motivo B; MC: motivo C; MD: motivo D; ME: motivo E.

3.3.4. Determinação dos Resíduos de Cisteína

De acordo com o tipo de vírus e proteína avaliada, o número de resíduos

de cisteína foi distinto variando de 7 (proteínas N e NSs; segmento SRNA) a 62

(proteínas NSm, Gn e Gc). O número de resíduos de cisteína para cada

membro do gênero Phlebovirus estudado, segundo suas proteínas específicas

encontra-se no quatro 8.

Page 66: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

64

Quadro 8 - Número de resíduos de Cisteínas determinadas para as diferentes proteínas dos phlebovirus do grupo Candiru, Virus Uriarana, Virus Urucuri e Virus Tapara.

VÍRUS N NSs Poliproteína NSm Gn Gc Polimerase

VANH 1 7 58 4 28 26 ******

VTAP 1 7 59 4 32 23 30

VURI 1 6 62 5 30 27 41

VURU ****** 5 56 4 28 24 ******

VCDU 3 4 58 4 29 25 42

VARQ 3 4 57 4 29 24 45

VJAN 3 4 57 3 30 24 42

VMRB 3 4 57 4 29 24 42

VMRA 3 4 57 5 28 24 42

VSRN 3 4 56 4 28 24 42

VITA 3 4 57 4 29 24 42

VORX 3 4 57 4 29 24 42

VALE 2 4 57 4 29 24 45

VTUA 2 6 57 4 29 24 44

**** não determinado. 3.3.5. Determinação dos sítios de glicosilação

Foram identificados 41 sítios de glicosilação diferentes, pelo programa

NetNglyc (www.cbs.dtu.dk/services/NetNGlyc/) para os phlebovirus incluídos no

estudo variando de 11 para o VJCN; 10 para VALE,VITA e VORX; 9 VCDU,

VSRN e VTUA; 8 VARQ,VMRB,VMRA;6 VURU;4 VANH e VURI ; 3 VTAP.As

tabelas 6, 7 ,8 e 9 sumarizam os sítios encontrados e seus respectivos valores.

Page 67: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

65

Tabela 6 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5.

Legenda: Nxx ( posição na sequência de determinado vírus); P{ xx }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do

potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc.

Sítio Vírus

P1 {34}

P2 {58}

P3 {60}

P4 {81}

P5 {108}

P6 {169}

P7 {228}

P8 {237}

P9 {254}

P10 {270}

P11 (276)

P12 {277}

P13 {279}

VALE - - - N78 (0,59) - N151 (0,55) N 202(0,76) N 211 (0,51) - - - - -

VANH - - - - - - - - - - - - -

VARQ - N55 (0,56) - N73 (0,75) - - N197 (0,76) N 206 (0,68) N220 (0,56) - - - -

VCDU - - - N74 (0,76) N100 (0,6) N147 (0,59) N198 (0,70) - - - - - -

VITA - - - N73 (0,75) - N146 (0,57) N197 (0,73) N 206 (0,54) - - - N243(0,56) -

VJAN - - - N73 (0,73) - N146 (0,63) N197 (0,77) N 207 (0,64) - - - - N245(0,6)

VMRB - N55 (0,55) - N73 (0,76) - - N197 (0,71) N 206 (0,58) N220 (0,57) - - - -

VMRA - - - N73 (0,73) - N146 (0,67) N197 (0,77) N 206 (0,60) - - - - -

VORX - - - N73 (0,73) - N146 (0,57) N197 (0,76) N 206 (0,67) - - - - -

VSRN - - - N73 (0,76) - - N197(0,54) N 206 (0,54) - - N240 (0,52) - -

VTAP - - - - - - - - - - - - -

VTUA - - - N73 (0,68) - N 146 (0,65) N197 (0,72) N 206 (0,64) - - - - -

VURI - - - N74 (0,70) - - - - - N221(0,73) - - -

VURU N34 (0,59) - N 57 (0,65) - - - - - - - - - -

Page 68: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

66

Tabela 7 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero

Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5.

Sítio Vírus

P14 {285}

P15 {290}

P16 {296}

P17 {299}

P18 {407}

P19 {475}

P20 {497}

P21 {546}

P22 {556}

P23 {574}

P24 {593}

P25 {595}

P26 {606}

VALE N256 (0,61) N261 (0,71) - - - - - - - - N547 (0,65) - -

VANH - - N279 (0,51) - - - - - - - - - -

VARQ - - - - - - - - N498 (0,54) - - N533 (0,66) -

VCDU - - - - - N419 (0,67) N437 (0,53) - - - N532 (0,58) - -

VITA - - - - N352 (0,52) - - - N499 (0,63) N512 (0,68) - - -

VJAN - - - - - - - N499 (0,65) - - - - N555 (068)

VMRB - - - - - - - - N498 (0,53) - - N 533 (0,68) -

VMRA - - - - N350 (0,51) - - - N499 (0,66) - - - -

VORX - - - - N351 (0,57) - - - N499 (0,62) - - -

VSRN - - - - N 350 (0,52) - - - N497 (0,63) N510 (0,66) - - -

VTAP - - - - - - - - - - N553 (053) - -

VTUA - - - - - - - - N497 (0,63) - N530(0,65) - -

VURI - - - - - - - - - - - - -

VURU - - - N263(0,65) - - - - - - - - -

Legenda: Nxx ( posição na sequência de determinado vírus); P{ xx }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do

potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc.

Page 69: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

67

Tabela 8 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento MRNA para os diferentes membros do gênero

Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5.

Sítio Vírus

P27 {616}

P28 {660}

P29 {835}

P30 {871}

P31 {880}

P32 {998}

P33 {1000}

P34 {1026}

P35 {1035}

P36 {1125}

P37 {1232}

P38 {1241}

P39 {1331}

VALE - - - - - - - - N972 (0,55) - - - -

VANH - - - - - N954 (0,58) - - N991 (0,59) - - - - VARQ - - - - - - - - N952 (0,55) - - - -

VCDU - - - - - - - - N954 (0,55) - - - -

VITA - - - - - - - - N953 (0,54) - - N1159 (0,50)

VJAN - - - N800 (0,61) - - - N954 (0,55) - - N1160 (0.51) - N1259 (0,54)

VMRB - - - - - - - - N952 (0,55) - - - -

VMRA N553 (0,63) - - - - - - - N951 (0,62) - - - -

VORX N555 (0,66) - N773 (054) - - - - - N954 (0,54) - - - -

VSRN - - - - - - - - N951 (0,54) - - - -

VTAP - N616 (0,74) - - - - - - - - - N1181 (0,55) -

VTUA - - - - N797(0,61) - - - N951 (0,55) - - N1157 (0,52) -

VURI - - - - - - N898 (0,72) - N933 (0,54) - - - -

VURU - - - - - - - - N985 (0,61) N1075 (0,56) - N1191 (0,51) -

Legenda: Nxx (posição na sequência de determinado vírus); P{ xx }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do

potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc.

Page 70: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

68

Tabela 9 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5.

Legenda: Nxx (posição na sequência de determinado vírus); P{ xx }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc.

Sítio Vírus

P40 {1340} P41 {1347}

VALE N1277 (0,55) N1284 (0,56)

VANH N1296 (0,54) -

VARQ - -

VCDU N1259 (0,51) -

VITA - -

VJAN - -

VMRB - -

VMRA - -

VORX N1259 (0,51) -

VSRN 1256 (0,50) -

VTAP - -

VTUA - -

VURI - -

VURU - -

Page 71: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

69

3.4. RELAÇÃO GENÉTICA ENTRE O COMPLEXO CANDIRU E OUTROS

MEMBROS DO GÊNERO PHLEBOVIRUS

3.4.1. Similaridade Genética Nucleotídica e Aminoacídica

A análise de similaridade genética nucleotídica e aminoacídica para o gene N

com relação aos integrantes do grupo da febre dos phlebotomos isolados na

Amazônia brasileira evidenciou maior similaridade entre os vírus do Complexo

Candiru, onde, o VMRB apresentou 100% de similaridade aminoacídica com os vírus

VJAN e VSRN, sendo a similaridade nucleotídica de 99,4% e 88,3%

respectivamente; os mesmos vírus apresentam 99,6% de similaridade aminoacídica

com o vírus VCDU, sendo a similaridade nucleotídica de 92,8%, 93% e 89,1%

respectivamente.O vírus VANH possui maior similaridade com o vírus VALE (54,9%

aa e 61 % nt ), e menor com VARQ (52% aa) e VTUA (57,4%nt); o VTAP , possui

maior similaridade com o vírus VORX (54,3% aa e 60,1% nt) e menor com VTUA

(48,4% aa e 56,1% nt) ; o vírus VURI_ IEC (passagem original), possui maior

similaridade com os vírus VURI (98,8% aa e 99,2% nt) e VORX (58,8% aa e 64,8%

nt) e menor com VTUA (57,8% aa) e VARQ (60,1% nt) (Tabela 10).

Page 72: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

70

Tabela 10 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoácidica ,determinados por alinhamento múltiplo para o gene N (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira.

VÍRUS VANH VTAP VURI_IEC VURI VCHG VCDU VARQ VMLO VJAN VMRB VMRA VSRN VITA VORX VESC VALE VNIQ VTUA VPT VSFN VTOS VAGU VIXC VSFS VCFU VSBO VRVF

VANH *** 60,8 57,7 58,2 55,5 58,5 59,2 59 60,4 60,3 60,1 59,5 59,5 59,7 58,7 61 58,9 57,4 61,9 54,7 56,2 58,1 58,9 56 56,2 60,4 60,5

VTAP 52,4 *** 56,3 56,8 59,3 59,4 57,7 57,7 59,1 59,1 59,5 59,4 59,6 60,1 56,4 57,7 54,8 56,1 59,1 56,8 58,4 57,9 58,5 54,1 54,6 59 57,5

VURI_IEC 51,8 48,6 *** 99,2 70,4 61,1 60,1 62 62,1 62,4 62 62,3 62,3 64,8 62 64 60,8 62,8 64,1 55,4 55,4 62,4 60,8 58,9 59,2 58,6 58

VURI 52 49 98,8 *** 69,9 61,2 60,2 62,1 62,2 62,5 62,1 62,4 62,4 65,2 62,4 63,9 60,7 63,3 64,3 55,6 55,6 62,4 60,9 59 59,2 59 57,7

VCHG 48,6 50,2 72,9 72,7 *** 62,1 62,5 62,4 62,4 62,1 62,8 62,1 63 61,1 58,7 61,4 60,3 61 62,8 55,5 55 60,4 59,7 56,5 57,4 59,9 61,3

VCDU 52,5 51,4 56,7 57 56,7 *** 83,9 84,9 93 92,8 92,1 89,1 88,1 81,3 74,3 73,2 71,6 74,7 66,8 56,2 58 61,6 61,3 58,7 57,9 62,9 62,4

VARQ 52 52,7 56,3 56,6 56,7 96,3 *** 90,2 85,2 85,4 84,5 84,4 85 82,5 76,1 72,5 76 73,1 68,1 54,7 56,1 60,6 60 57,6 57,9 60,1 60,1

VMLO 52,5 52,7 55,9 56,1 56,3 96,3 99,2 *** 85,4 85,3 84,5 84,7 84,4 81,6 74,2 72,7 74,1 73,6 67,2 54 56,9 61,3 59 56,4 57,7 61,3 60,6

VJAN 52,9 51,8 57,1 57,4 57,1 99,6 96,7 96,7 *** 99,4 97,5 88,2 87,4 81,6 74 73,2 73 76 67,7 56,7 57,7 61,8 60,8 58,2 58,7 62,6 61,8

VMRB 52,9 51,8 57,1 57,4 57,1 99,6 96,7 96,7 100 *** 97,6 88,3 87,8 82 73,8 73,5 73,2 76 67,7 56,7 57,6 61,6 61 58,5 58,5 62,6 61,8

VMRA 52,5 51,4 57,1 57,4 57,1 99,2 96,3 96,3 99,6 99,6 *** 87,8 87,3 81,1 73,1 73,3 72,8 75,5 67,2 56,4 57,5 61,4 61,1 58,1 58,4 62 61,8

VSRN 52,9 51,8 57,1 57,4 57,1 99,6 96,7 96,7 100 100 99,6 *** 88,2 82 73,8 74,7 74,6 74,2 65,7 55,6 57,2 61,6 60,3 58,1 58,4 62,5 61,8

VITA 53,3 53,1 56,7 57 57,1 98 98 98 98,4 98,4 98 99,6 *** 81,5 74,8 73,5 74,3 73,2 65 55,3 57,4 61,9 61,1 59,1 58,1 62,6 61,1

VORX 54,1 54,3 58,8 59,4 57,1 90,2 91,4 91 90,6 90,6 90,2 98 98,4 *** 74,5 73,3 73 74,3 67,4 55,6 57,6 61,5 61 59,9 59,1 64,2 63,3

VESC 52,9 49,8 56,7 57,4 54,7 80,8 82,9 82 81,2 81,2 81,2 90,2 90,6 91 *** 75,3 76,1 78,1 65,8 53,7 55,6 59 58,1 58,5 58,4 59,7 61,9

VALE 54,9 50,6 58,4 58,2 55,5 77,1 77,6 77,6 77,6 77,6 77,6 81,2 81,2 82,4 80 *** 79 74,7 66,2 56 55,3 59,9 59,6 57,4 56,1 60,4 63,5

VNIQ 54,5 49,4 56,7 56,6 56,3 79,6 81,2 80,8 80 80 80 77,6 77,6 78 77,6 88,6 *** 75,8 67,6 55,2 55,1 59,9 59,9 58,5 56,7 58,4 61,1

VTUA 54,3 48,4 55,7 56,3 58,1 80,4 80 79,6 80,8 80,8 80,8 80 80 81,2 80,4 82,4 85,7 *** 66 54,5 55,5 61,9 61,5 57,9 58,6 63,1 62,1

VPT 55,6 52,5 57,8 58,2 57,8 60,2 61,1 61,1 60,7 60,7 60,7 80,8 80,8 80,8 79,6 62,7 63,5 62,7 *** 59,1 58 61,2 60,2 58,3 56,6 60,9 63,1

VSFN 45,1 45,8 44,1 44,5 43,3 47,8 46,9 46,9 47,8 47,8 47,8 60,7 60,7 61,1 63,5 45,3 45,7 46,3 51,6 *** 79,4 55,1 54,5 53,2 52,2 55,6 54,1

VTOS 45,9 47,4 44,1 44,5 42,5 49,4 49 49 49,4 49,4 49,4 47,8 47,8 47,3 46,1 46,9 48,2 48,4 52 90,2 *** 55,8 53,1 52,7 53,7 58,4 54,7

VAGU 55,5 51,6 56,1 56,3 56,1 55,5 55,1 55,1 55,9 55,9 56,3 49,4 49,4 49,4 47,8 56,3 56,7 56,5 54,9 45,9 46,7 *** 84,7 57,2 56,7 60,9 63,1

VIXC 55,5 50,4 54,9 55,5 55,3 55,5 55,1 55,1 55,9 55,9 56,3 56,3 55,9 55,9 56,3 55,1 55,9 56,9 54,1 45,1 45,5 97,6 *** 57,2 57,2 60,8 64,3

VSFS 50,6 45,1 54,1 53,9 52 51 50,6 50,2 51,4 51,4 51 56,3 55,9 55,9 55,9 50,6 51 50,8 50 43,7 42,9 50 50 *** 77,1 61,5 61,6

VCFU 52,2 45,5 56,5 56,3 53,7 52,7 51,8 51,8 53,1 53,1 52,7 50,6 51 51 51 51,4 51,4 51,6 51,6 42,1 42,5 53,3 52,4 85 *** 58,6 61,5

VSBO 54,3 50,8 51,6 51,8 53,3 52,7 51,4 51,8 53,1 53,1 53,5 52,7 53,1 53,1 52,2 53,9 52,2 53,7 57 49,2 52 57,3 56,9 52 50,8 *** 63,4

VRVF 57,1 49,6 54,1 53,9 54,9 58 58 58 58,4 58,4 58,4 53,5 53,1 52,2 53,1 58,8 60 59,3 53,7 50,4 50 60,6 61 53,3 53,3 58,1 *** Legenda: Virus Chagres (VCHG), Virus Maldonado (VMLO), Virus Escharate (VESC), Virus Nique (VNIQ),Virus Punta Toro (VPT), Virus Sandfly Fever Naples (VSFN),Virus Toscana (VTOS),Virus Aguacate (VAGU), Virus Ixcanal (VIXC), Virus Sandflay fever Sicilian (VFFS), Virus Corfou (VCFU), Virus Salobo (VSBO), Virus Rift Valley Fever (VRVF).Em amarelo vírus do Complexo Candiru; Verde: vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto).

Page 73: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

71

Comparando-se a similaridade aminoacídica / nucleotídica do Gene NSs dos Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira,

observa-se que a maior similaridade é encontrada entre os vírus do Complexo Candiru, VMRMB com os vírus VJAN e VMRA

(99,6% aa para ambos, 98,4% nt e 97,5% nt respectivamente) e a maior divergência entre o vírus VANH e os vírus

VCDU,VARQ,VJAN, VMLO (20,1% aa) e entre VANH e os vírus VMLO e VARQ (36,1% nt e 36,4% nt respectivamente) (tabela

11).

Tabela 11 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica , determinados por alinhamento múltiplo para o gene NSs (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. Vírus VANH VTAP VURU VURI VCHG VCDU VARQ VJAN VMLO VMRB VMRA VORX VITA VSRN VALE VNIQ VTUA VESC VRVF VAGU VIXC VTOS VSFN VSFS VCFU VSBO VPT

VANH *** 39.5 37.0 36.6 39.7 36.6 36.4 37.0 36.1 37.8 36.9 38.8 37.6 36.5 37.0 35.7 36.9 38.3 35.7 35.6 36.1 32.1 31.3 35.0 35.2 38.5 35.1

VTAP 20.6 *** 39.0 37.4 39.1 39.1 40.8 40.8 38.9 40.5 40.5 38.9 39.1 39.7 40.4 39.1 39.0 39.0 39.5 53.0 56.1 34.7 31.9 41.8 42.2 47.5 41.6

VURU 22.7 26.9 *** 53.0 52.2 39.9 41.6 40.3 42.1 40.3 40.3 40.2 40.5 41.0 43.3 40.8 41.6 40.5 36.9 38.3 40.0 30.8 34.8 39.6 38.8 38.6 42.3

VURI 20.2 25.0 39.5 *** 63.8 42.2 44.5 43.8 43.9 44.4 43.7 44.1 43.3 44.2 43.5 44.4 44.0 42.8 37.0 39.4 40.7 30.0 30.9 41.3 42.0 37.5 44.5

VCHG 22.6 28.4 39.5 61.7 *** 41.3 43.5 42.1 43.1 42.1 42.3 42.1 42.0 43.5 42.1 43.3 42.2 42.7 38.2 38.9 39.5 32.7 33.1 38.8 40.3 40.0 44.9

VCDU 20.1 28.5 26.8 31.3 30.1 *** 82.1 90.3 83.0 90.0 90.7 82.0 81.2 83.9 66.7 61.9 67.8 *** 35.5 41.4 41.1 31.3 33.7 39.2 36.9 38.2 51.2

VARQ 20.1 28.5 26.8 30.9 29.7 96.1 *** 82.4 87.2 82.6 82.7 82.1 83.0 83.2 67.7 62.6 66.4 96.2 36.3 41.1 41.2 30.4 33.9 37.5 37.5 37.1 51.1

VJAN 20.1 28.5 26.4 30.9 30.1 97.9 96.4 *** 83.6 98.4 97.1 81.8 82.7 84.6 67.1 63.5 66.9 97.10 36.9 39.8 40.7 31.4 34.4 38.7 37.4 36.7 50.8

VMLO 20.1 28.5 26.4 31.3 30.1 96.1 97.5 95.7 *** 83.9 84.1 80.9 81.9 83.0 66.0 63.3 66.0 96.2 36.3 39.8 39.8 31.5 34.3 38.0 39.5 36.7 50.4

VMRB 20.5 28.9 26.8 31.3 30.5 98.2 96.8 99.6 96.1 *** 97.5 81.9 82.7 84.9 67.2 63.0 67.3 98.2 36.0 39.3 40.4 31.9 34.4 39.2 37.9 37.1 50.6

VMRA 20.5 28.9 26.8 31.3 30.5 98.6 97.2 99.3 96.4 99.6 *** 82.1 82.4 85.1 66.4 62.7 66.9 98.6 35.7 40.3 40.1 32.1 34.5 39.5 37.3 37.1 51.1

VORX 21.7 28.5 26.0 31.3 30.5 95.0 94.7 95.4 94.0 95.7 96.1 *** 81.7 80.9 67.5 64.2 66.6 95.0 36.4 39.9 40.0 33.2 33.5 38.7 37.0 37.1 52.7

VITA 20.5 28.5 26.8 30.9 29.7 95.4 96.8 96.4 95.7 96.8 96.4 95.0 *** 83.3 66.6 63.7 68.3 95.4 36.9 40.1 40.0 31.1 34.5 38.5 38.2 37.9 52.0

VSRN 20.5 28.5 26.8 31.3 30.5 96.8 96.1 98.2 95.4 98.6 98.2 95.0 97.5 *** 66.9 63.4 66.7 96.6 37.0 40.6 40.7 31.5 34.7 37.4 36.5 37.7 52.0

VALE 20.5 29.7 27.7 28.4 29.8 69.8 70.5 69.8 69.8 70.2 70.2 71.6 70.2 70.2 *** 65.2 64.2 69.9 36.1 39.3 40.5 31.4 33.6 40.9 37.9 36.2 52.2

VNIQ 22.5 29.5 25.7 28.7 30.8 64.1 64.8 64.1 64.8 64.4 64.4 66.3 64.8 64.4 69.0 *** 61.2 64.1 37.6 40.3 38.1 30.6 33.6 39.1 36.5 35.4 54.5

VTUA 21.3 30.3 26.3 30.8 30.3 72.2 71.9 71.9 70.8 72.2 72.6 70.8 71.2 71.9 66.2 64.8 *** 72.3 38.2 40.3 39.7 32.2 34.7 38.5 37.5 39.0 51.1

VESC 20.9 27.0 24.5 28.3 28.6 75.8 75.8 76.2 75.8 76.5 76.2 76.9 76.5 76.2 69.8 65.6 70.7 *** 36.7 39.1 39.8 32.8 34.7 37.4 36.4 36.8 52.0

VRVF 20.2 24.3 25.2 24.8 25.1 27.8 27.4 28.2 27.0 27.8 27.8 27.8 27.8 27.8 28.7 25.9 27.4 26.3 *** 41.7 41.1 30.0 32.5 39.7 37.7 41.3 35.7

VAGU 21.7 48.5 28.7 25.3 26.3 29.7 30.9 29.7 29.7 30.1 30.1 29.4 30.1 29.7 29.9 30.5 29.3 28.6 28.3 *** 81.5 31.0 30.8 40.7 40.1 47.3 39.5

VIXC 21.3 49.6 27.5 25.3 25.6 30.5 30.9 30.5 29.7 30.9 30.9 30.1 30.1 30.5 31.1 30.1 30.0 29.0 28.3 93.1 *** 31.1 31.5 41.1 41.4 47.4 40.1

VTOS 12.1 18.1 19.0 12.9 17.4 13.3 12.9 13.7 12.9 13.7 13.7 14.0 13.7 14.0 14.7 15.0 13.0 13.7 14.9 16.9 15.8 *** 56.9 33.3 32.2 34.3 31.3

VSFN 14.7 18.5 21.6 15.5 16.4 17.9 17.4 17.9 17.4 17.9 17.9 17.9 17.9 18.3 18.7 17.4 17.9 17.4 19.9 17.7 16.9 53.7 *** 33.3 32.8 32.9 28.9

VSFS 19.4 28.9 25.2 26.8 23.5 25.4 25.0 25.4 26.2 25.8 25.8 25.8 25.8 25.8 30.1 26.6 25.8 26.6 25.5 27.2 26.8 13.6 16.6 *** 61.6 42.8 39.0

VCFU 20.6 27.5 28.1 24.9 24.4 23.5 23.5 23.5 24.7 23.9 23.9 23.1 23.9 23.9 25.1 23.1 24.7 23.5 23.6 27.3 26.9 13.3 16.6 62.8 *** 40.6 38.1

VSBO 19.8 35.0 28.5 24.7 25.4 26.6 27.0 26.6 26.6 26.6 26.6 26.6 26.6 26.6 27.9 26.2 28.0 25.9 29.5 38.0 35.1 17.6 16.9 26.6 26.0 *** 39.5

VPT 19.4 27.9 29.6 30.8 31.5 42.6 42.6 43.0 43.4 43.0 43.0 43.8 43.4 43.8 43.0 45.4 42.2 43.8 23.6 27.4 27.4 12.1 13.2 23.1 22.0 25.9 *** Legenda: Em amarelo, vírus do Complexo Candiru; Verde, vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto).

Page 74: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

72

Com relação ao M-RNA (poliproteína), na análise intragrupo, observou-se maior similaridade entre os vírus VARQ e VESC

(100% nt / 100% aa), e entre os vírus VITA e VSRN (78,8%nt e 88,5% aa ), o VTAP foi o que apresentou menor similaridade com

os demais phlebovírus estudados, sendo a média de similaridade nucleotídica com os demais vírus desse estudo foi de 50,6 %,

e a aminoacídica de 38,7 % (Tabela 12).

Tabela 12- Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica (determinados por alinhamento múltiplo para a poliproteína M (genes NSm, Gn e Gc) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. Vírus VANH VTAP VURU VURI_IEC VURI VCHG VCDU VARQ VALE VESC VITA VIXC VJAN VMLO VMRB VMRA VNIQ VSRN VORX VTUA VRVFV_67 VSBO VSFN_Poona VAGU

VANH *** 49.9 50.1 52.6 52.6 52.5 51.6 50.4 50.7 50.4 52.3 49.2 52.0 50.7 51.6 52.6 50.8 52.0 51.2 51.0 46.9 46.5 48.0 49.3

VTAP 38.0 *** 49.4 51.3 51.3 50.5 51.7 49.9 50.1 49.9 50.2 53.9 51.0 49.8 50.2 50.6 50.3 50.6 50.8 51.5 48.7 48.3 48.4 51.7

VURU 40.2 38.1 *** 53.8 53.8 52.7 52.2 51.8 51.6 51.8 52.1 50.6 52.7 51.7 52.4 51.8 51.1 51.6 52.1 51.6 47.3 47.9 45.7 50.6

VURI_IEC 41.3 39.9 46.2 *** 100.0 65.0 54.1 54.0 53.0 54.0 54.9 50.5 54.3 54.4 53.8 54.2 53.4 54.7 53.3 54.1 50.8 47.7 48.4 51.1

VURI 41.3 39.9 46.3 99.8 *** 65.0 54.1 54.0 53.0 54.0 54.9 50.4 54.3 54.4 53.8 54.2 53.4 54.7 53.3 54.1 50.8 47.7 48.4 51.1

VCHG 42.6 38.0 44.1 59.8 59.8 *** 52.9 52.6 52.3 52.6 52.9 49.4 52.6 52.3 53.3 53.5 50.8 52.3 51.7 53.6 51.2 47.2 46.7 50.3

VCDU 42.3 38.9 40.6 42.5 42.5 39.8 *** 66.0 64.5 66.0 63.5 51.0 65.0 63.3 66.3 64.5 64.6 63.2 64.9 66.3 47.8 47.6 47.9 50.3

VARQ 39.8 38.7 41.5 42.5 42.5 40.7 62.7 *** 65.0 100.0 64.4 50.6 64.5 63.0 79.0 65.2 64.7 63.5 65.0 67.7 48.6 47.7 46.8 50.8

VALE 41.4 38.8 42.1 42.0 42.1 39.5 62.9 61.5 *** 65.0 62.8 48.9 63.8 62.5 64.8 64.0 65.8 63.0 63.5 65.8 47.0 46.7 47.4 49.4

VESC 39.8 38.7 41.5 42.5 42.5 40.7 62.7 100.0 61.5 *** 64.4 50.6 64.5 63.0 79.0 65.2 64.7 63.5 65.0 67.7 48.6 47.7 46.8 50.8

VITA 40.8 37.0 40.6 43.8 43.8 40.2 59.1 61.3 58.1 61.3 *** 50.0 68.0 78.2 64.1 68.2 61.8 78.8 68.1 63.7 47.5 46.7 48.5 49.5

VIXC 37.1 44.3 38.1 37.2 37.2 36.9 36.9 37.7 38.3 37.7 36.4 *** 50.3 49.4 50.6 50.1 49.0 50.1 50.2 50.4 47.8 46.6 47.0 67.8

VJAN 41.0 38.4 41.0 42.6 42.6 40.4 60.8 61.9 60.1 61.9 66.4 36.0 *** 66.9 64.4 72.4 63.0 67.7 76.8 65.5 48.4 47.8 49.0 49.6

VMLO 41.0 36.3 41.4 43.4 43.4 39.9 60.0 60.9 58.1 60.9 88.6 37.2 65.6 *** 63.5 67.7 61.7 76.9 66.4 63.5 47.2 45.9 47.8 48.8

VMRB 41.2 39.5 42.7 43.0 43.0 41.4 63.7 87.6 61.4 87.6 60.5 37.8 61.5 60.5 *** 65.1 63.9 63.7 65.1 66.8 48.1 47.1 46.6 50.7

VMRA 41.3 37.8 40.9 42.4 42.4 39.2 61.1 60.9 61.3 60.9 65.3 35.8 73.3 64.4 60.8 *** 63.2 68.0 70.8 66.6 47.6 47.2 49.3 50.8

VNIQ 40.1 37.8 41.3 42.9 42.9 38.2 62.2 62.3 65.4 62.3 57.8 37.3 59.8 58.1 61.8 59.5 *** 62.3 63.0 65.0 46.6 47.2 47.4 49.1

VSRN 41.4 37.2 40.4 43.7 43.7 39.5 59.5 60.4 58.8 60.4 88.5 36.9 66.6 85.9 60.1 65.3 57.9 *** 68.0 63.6 48.0 46.7 48.3 49.5

VORX 40.4 38.2 40.3 42.5 42.5 39.2 61.4 61.7 60.0 61.7 65.9 35.7 83.8 65.9 61.3 72.7 60.3 67.5 *** 65.3 48.3 47.8 48.7 50.3

VTUA 41.3 39.7 40.6 42.9 42.9 40.8 63.1 65.2 63.8 65.2 61.2 37.7 62.7 60.8 66.7 63.7 63.1 60.9 62.2 *** 47.8 48.6 48.2 49.9

VRVF_67 41.1 41.2 40.9 43.0 43.0 42.4 40.1 40.8 41.0 40.8 39.3 38.6 40.0 38.8 40.8 38.4 39.1 40.4 40.2 40.6 *** 45.6 44.3 46.7

VSBO 35.5 34.7 34.4 35.2 35.2 37.2 37.2 36.5 35.9 36.5 34.3 34.7 35.5 34.3 37.4 34.2 35.0 34.9 35.5 36.5 38.9 *** 46.6 46.6

VSFN_Poona 34.8 32.7 33.0 34.5 34.5 31.5 33.8 32.8 34.5 32.8 33.5 32.2 34.0 34.2 33.1 34.3 33.6 33.4 34.4 34.0 35.9 33.6 *** 46.1

VAGU 38.3 43.2 37.7 37.5 37.4 36.7 37.2 37.7 37.9 37.7 35.3 66.9 37.0 35.7 38.5 37.1 38.1 36.2 36.6 37.7 39.6 34.3 31.1 ***

Legenda: Em amarelo vírus do Complexo Candiru; Verde, vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru;

Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto)

Page 75: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

73

Quanto a determinação da similaridade para o gene L (L-RNA) observou-se que, dentre os vírus estudados, a maior

similaridade encontrada ocorreu entre o VMRB e o VJAN (96,7 % nt e 99,3 % aa), e entre o vírus VCDU e os vírus, VMRB, VJCN

e VMRA (90,5% , 90,8% e 89,8% nt , respectivamente e 96,8% aa para todos), sendo novamente o VTAP o mais divergente entre

eles,com média para os demais vírus estudados de 50,1 % nt e 41,6 % aa (Tabela 13).

Tabela 13 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto) determinados por alinhamento múltiplo para sequências parciais do gene da polimerase presente no segmento LRNA dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. VÍRUS VANH VTAP VURU VURI_IEC VURI VCHG VCDU VMRB VARQ VMLO VJAN VMRA VSRN VITA VORX VNIQ VALE VESC VTUA VSBO VSFN_Poona VRVF VAGU VIXC

VANH *** 50.9 54.1 54.8 52.9 52.8 52.4 52.6 51.6 52.7 52.1 51.0 51.8 51.4 49.5 52.5 51.4 51.4 52.3 49.7 47.4 51.2 52.8 51.7

VTAP 42.3 *** 54.4 54.5 52.4 51.2 49.5 49.4 49.7 49.1 49.3 49.5 50.2 47.9 48.9 48.0 46.5 49.4 48.4 53.2 50.4 51.6 51.4 52.9

VURU 46.2 45.7 *** 57.7 54.9 54.0 51.1 50.6 50.9 50.7 50.5 51.5 51.1 50.3 50.6 48.6 50.6 51.6 50.2 50.1 48.3 51.5 50.9 50.9

VURI_IEC 47.8 45.9 53.0 *** 95.2 65.2 51.4 51.7 50.6 50.9 51.6 50.6 52.2 52.8 50.1 50.0 50.0 50.9 50.8 51.9 48.7 52.7 50.3 50.9

VURI 47.8 45.9 53.0 100.0 *** 69.0 52.9 53.0 52.0 52.2 52.9 52.1 53.6 54.6 52.0 52.3 51.8 52.7 52.7 54.3 50.1 55.0 52.0 53.0

VCHG 48.3 45.9 51.8 76.3 76.3 *** 54.7 53.9 53.9 53.2 54.0 54.1 54.6 53.3 51.7 53.2 53.2 53.7 52.7 54.4 51.3 53.1 53.2 54.0

VCDU 46.6 41.7 45.2 43.6 43.6 45.2 *** 90.5 79.3 77.9 90.8 89.8 81.5 77.9 75.8 65.4 66.0 67.9 69.9 52.2 50.2 52.6 52.6 53.1

VMRB 46.6 41.1 44.5 43.3 43.3 45.0 96.8 *** 78.6 78.6 96.7 89.5 81.5 78.9 76.6 65.4 65.1 68.2 69.4 52.0 50.5 53.5 53.2 52.9

VARQ 47.0 40.4 43.6 43.8 43.8 44.7 89.2 89.9 *** 84.6 78.5 79.2 79.2 78.3 77.1 64.9 64.8 69.3 70.7 51.8 49.1 51.9 52.2 52.9

VMLO 47.2 40.6 43.3 43.3 43.3 45.0 88.8 89.9 95.9 *** 78.7 77.8 78.4 78.3 77.1 63.7 65.6 68.3 69.1 52.0 49.1 53.6 51.8 52.9

VJAN 46.1 41.1 44.5 43.3 43.3 44.7 96.8 99.3 89.5 89.5 *** 89.7 81.7 78.2 76.5 65.6 65.5 68.3 69.9 52.9 50.7 53.1 53.2 53.3

VMRA 45.9 41.1 44.7 43.1 43.1 45.2 96.8 96.8 89.5 88.8 97.3 *** 81.7 78.6 77.3 66.1 66.1 67.6 70.0 52.3 50.9 52.9 53.2 53.7

VSRN 45.6 41.3 44.7 43.1 43.1 44.3 94.5 94.5 88.8 88.8 94.7 94.1 *** 78.8 75.3 64.3 65.1 68.7 68.1 52.2 50.0 52.6 51.8 53.1

VITA 46.1 41.3 43.6 43.3 43.3 44.3 89.2 90.2 90.2 89.9 89.9 89.2 88.8 *** 76.5 65.6 66.1 68.1 69.5 52.6 49.7 52.7 52.0 51.2

VORX 45.6 40.4 42.9 43.6 43.6 44.7 86.3 87.4 88.1 88.3 87.0 86.5 86.3 87.6 *** 65.0 64.4 68.2 67.3 51.1 49.8 51.8 51.7 53.2

VNIQ 45.4 38.3 41.7 41.1 41.1 43.3 65.0 65.0 64.5 63.4 65.0 65.2 63.4 63.6 64.8 *** 66.5 64.9 67.5 51.9 48.1 52.6 52.6 51.9

VALE 45.4 39.2 44.0 44.3 44.3 45.4 68.4 68.2 68.2 67.5 68.2 68.0 66.6 69.6 67.0 68.0 *** 66.0 67.9 53.2 48.4 52.4 51.7 51.3

VESC 43.9 39.1 44.4 42.6 42.6 43.0 71.9 71.9 73.0 73.2 71.9 72.1 72.3 72.8 74.6 65.7 68.4 *** 71.5 53.5 49.0 52.9 51.0 53.1

VTUA 47.0 38.5 44.5 43.6 43.6 43.6 71.2 71.4 72.3 71.9 71.4 71.4 71.4 71.6 70.9 67.5 69.3 77.3 *** 51.5 49.4 51.7 52.8 52.1

VSBO 46.3 46.6 42.5 47.8 47.8 48.3 43.9 43.6 43.9 43.9 43.4 43.9 43.2 44.6 43.2 44.1 44.8 44.2 43.2 *** 49.4 55.3 54.3 55.2

VSFN_Poona 41.8 45.1 40.6 40.1 40.1 43.1 40.1 41.0 40.3 39.9 40.3 40.3 39.9 41.0 40.1 39.4 40.6 38.9 39.6 40.5 *** 49.8 53.0 52.8

VRVF 44.3 42.7 42.3 44.9 44.9 43.2 42.3 42.5 43.2 43.2 42.5 41.8 42.5 41.8 40.5 43.0 43.7 42.4 41.1 48.6 40.3 *** 53.4 54.0

VAGU 45.3 49.1 45.6 44.3 44.3 45.9 43.8 43.3 42.9 42.6 43.3 43.3 42.6 42.4 42.2 42.9 44.0 43.2 42.6 46.0 44.7 45.5 *** 79.4

VIXC 45.1 48.2 44.7 45.0 45.0 45.4 43.8 43.3 43.5 43.5 43.3 43.3 43.1 43.5 42.9 42.9 42.9 44.8 42.9 47.3 43.1 44.4 87.8 *** Legenda: Em amarelo vírus do Complexo Candiru; Verde, vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto).

Page 76: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

3.5. RELAÇÃO FILOGENÉTICA

As árvores filogenéticas construídas através do método de de Máxima

Verissimilhança , para as regiões codificantes dos segmentos S, M e L (aminoácido)

que codificam as proteínas N, NSs e as poliproteínas M e L evidenciaram a

formação de diferentes grupos filogenéticos (Figuras 16 e 17, 18 e 19).

Em relação ao segmento SRNA (Figuras 16 e 17), a análise filogenética das

proteínas N dos phlebovírus evidenciou a formação de dois grupos (clados)

polifiléticos principais identificados como grupo dos phlebovírus transmitidos por

mosquitos e transmitidos por carrapatos que incluíram 17 subgrupamentos

(subclados) filogenéticos suportados por valores de bootstrap acima de 800.

Chagres

Figura 16 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína N

(média de 244 aminoácidos) dos phlebovírus.

Legenda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo dos

Mosquitos e Grupo dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos.

Page 77: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

75

Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal dos ramos da árvore

filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais

sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,4)

corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. O Virus

Gouleako foi utilizado como grupo-externo.

Em relação a proteína NSs (Figura 17), obteve-se também a mesma

organização filogenética evidenciando-se dois grandes grupos polifiléticos (Grupo

dos Mosquitos e Grupo dos Carrapatos), sendo também observada a presença de

diferentes subgrupos (Salobo, Aguacate, Chagres, Punta Toro, Naples, I, II, III,

Candiru, Sandfly fever Sicilian, Rift Valley, Heartland, SFTVS, Bhanja, Grand

Arbaud, Uukuniemi, Precarious point e Murre) com valores de bootstrap acima de

900. Os Virus Tapara ,Virus Anhanga e Virus Urucuri foram incluídos nos subgrupos

I, II e III, respectivamente.

Figura 17 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína NSs (média de 277 aminoácidos) dos phlebovírus. Legenda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo (clado) dos Mosquitos e Grupo (clado) dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal

Page 78: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

76

Chagres

dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,5) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas.

Para as poliproteínas codificadas pelas ORF's dos segmentos M (proteína M)

e LRNA (polimerase viral), a mesma conformação filogenética em termos de grupos

e subgrupos foi observada. Valores de bootstrap acima de 900 também foram

observados para a maioria dos principais agrupamentos filogenéticos. Independente

da proteína analisada (M ou L) os grupos I, II e III incluíram os Virus Tapara, Virus

Anhanga e Virus Urucuri (Figuras 18 e 19).

Figura 18 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína M (média de 1326 aminoácidos) dos phlebovírus. Legenda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo (clado) dos Mosquitos e Grupo (clado) dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,8) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. O Virus Gouleako foi utilizado como grupo externo.

Page 79: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

77

Figura 19 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína L (média de 2091 aminoácidos) dos phlebovírus. Legnda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo (clado) dos Mosquitos e Grupo (clado) dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,5) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. O Virus Gouleako foi utilizado como grupo externo.

3.6. REARRANJO GENÉTICO

Os resultados obtidos pela análise de Bootscan realizada pelo programa

Simplot, revelou existência de rearranjo genético entre os membros do Complexo

Candiru.

Em relação ao segmento SRNA, o Virus Ariquemes mostrou maior percentual

de permutação (média de 80%; Intervalo: 5%-95%) com maior parte de seu genoma

relacionado com o Virus Maldonado em especial para os terços terminais do genoma

que codificam o gene N e terminal-posterior da região que codifica para a proteína

NSs (Figura 20).

Page 80: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

78

Figura 20 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar regiões de interseção ao longo das regiões que codificam os genes N e NSs entre o Virus Ariquemes e os Virus Echarate, Virus Maldonado e Virus Itaituba. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. As setas em azul e vermelho correspondem aos genes N e NSs.

Por outro lado, utilizando o segmento SRNA do Virus Itaituba como alvo,

observou-se maior similaridade com o Virus Serra Norte com alto percentual de

permutação (100%) ao longo de toda a região genômica responsável pela

codificação da proteína N e valores percentuais reduzidos (média de 10%; Intervalo

= 0% e 35%) ao longo da região correspondente a proteína NSs (Figura 21).

Page 81: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

79

Figura 21 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar regiões de interseção ao longo das regiões que codificam os genes N e NSs entre o Virus Itaituba e os Virus Jacunda, Virus Morumbi e Virus Serra Norte. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. As setas em azul e vermelho correspondem aos genes N e NSs.

Em relação ao segmento MRNA, a análise pelo método de bootscan

evidenciou maior similaridade cruzada entre os vírus do Complexo Candiru com

valores de permutação que variaram entre 5% - 75% e 5% - 85%, quando utilizados

os Virus Itaituba e Virus Ariquemes, respectivamente (Figura 22 e Figura 23).

Page 82: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

80

Figura 22 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar áreas de interseção ao longo das regiões que codificam os genes NSm, Gn e Gc entre o Virus Itaituba os Virus Jacunda, Virus Morumbi e Virus Serra Norte. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. Setas em azul, vermelho e amarelo correspondem aos genes NSm, Gn e Gc.

Page 83: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

81

Figura 23 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar regiões de interseção ao longo das regiões que codificam os genes NSm, Gn e Gc entre o Virus Itaituba os Virus Jacunda, Virus Morumbi e Virus Serra Norte. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. As setas em azul, vermelho e amarelo correspondem aos genes NSm, Gn e Gc.

Os resultados obtidos pela análise das sequências nucleotídicas completas

para os genes N (segmento SRNA), poliproteína M (NSm, Gn e Gc) e polimerase

viral (segmento LRNA) para os dez vírus do Complexo Candiru, evidenciou

diferenças topológicas entre as árvores filogenéticas construídas para os segmentos

S (gene N) e M (poliproteína) . A troca de pares genéticos foi claramente observada

entre os VJCN e VORI, VARQ e VESC, VITA e VMLO. A análise pelo método de MV

mostrou que, independente do modelo evolutivo selecionado, as topologias geradas

pelos métodos de NJ e MP para um determinado segmento genômico foram

significativamente mais prováveis do que a topologia competitiva utilizando o outro

segmento (P<0.001). Tais resultados indicaram que as topologias obtidas para os

segmentos SRNA (gene N) e M (poliproteína) foram diferentes, sugerindo ainda que

cada segmento de RNA apresenta uma história evolutiva distinta (Figura 24).

Page 84: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

82

S (N)

Figura 24 - Análise de rearranjo genético para os membros do Complexo Candiru empregando o método de Kishino Hasegawa. Legenda: Árvores filogenéticas construídas pelo método de NJ para o gene de Nucleocapsídeo (N; 735 nt), gene codificador da poliproteína M (M: 3973 nt) e gene codificador da polimerase viral (L: 6278 nt). Valores de boostrap encontram-se acima de cada nó dos braços das árvores. Valores abaixo das escalas representam a divergência genética entre os segmentos genômicos dos phlebovirus.

O relacionamento genético provável entre os membros do Complexo Candiru

de acordo com a similaridade nucleotídica entre os três segmentos de RNA viral (S,

M e L) (Quadro 9)

Page 85: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

83

Quadro 9 - Grupos genéticos observados entre os vírus do Complexo Candiru conforme as topologias das árvores geradas para os segmentos SRNA (gene N), MRNA (poliproteína) e LRNA (polimerase viral).

Segmento SRNA MRNA LRNA p

VJAN-VMRB VJAN - VORX VJAN-VMRB 0.00025

Grupos VARQ - VMLO VARQ - VESC VARQ-VMLO 0.000135

VESC - VTUA VITA - VMLO VESC-VTUA 0.000214

p: valor de probabilidade obtida para as topologias das árvores; VJAN (Virus

Jacunda); VMRB (Virus Morumbi); VARQ (Virus Ariquemes); VITA: (Virus Itaituba);

VESC (Virus Escharate); VORX (Virus Oriximina); VMLO (Virus Maldonado); VTUA

(Virus Turuna).

3.6. MODELO HIPOTÉTICO DE REARRANJO GENÉTICO DOS VÍRUS DO

COMPLEXO CANDIRU.

Com base nos resultados obtidos pelo Bootscan e Kishino Hasegawa,

estabeleceu-se um modelo hipotético que sugere a geração de progenies virais após

o rearranjo de segmentos genômicos a partir de vírus parentais. Os vírus resultantes

correspondem às progênies com material genético oriundo de ambos os vírus

parentais. No caso dos vírus do Complexo Candiru, observou-se evidências de

padrão de rearranjo genético do tipo rS1M2L1 em relação aos prováveis vírus

parentais que cederam seus segmentos de RNA (Figura 25).

Page 86: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

84

Figura 25 - Possível padrão de rearranjo genético para os vírus do Complexo Candiru com base no relacionamento genético dos vírus para os segmentos genômicos SRNA, MRNA e LRNA. Legenda: Padrão de rearranjo S1M2L1. P1: parental 1 (em azul); P2: parental 2 (em vermelho); r: vírus rearranjado (em verde). Fonte: Adaptado de Nunes et al., 2005.

Page 87: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

85

4. DISCUSSÃO

Os vírus pertencentes ao gênero Phlebovirus, apresentam-se geneticamente

distintos e dispersos em diferentes grupos antigenicamente e geneticamente

relacionados, conforme os resultados sorológicos e de biologia molecular, obtidos

respectivamente (TESH et al., 1989;BEATY; CALISHER, 1991; LIU et al., 2003;

PALACIOS et al., 2011a, 2011b; PAPA; VELO; BINO, 2011).

Os vírus do Complexo Candiru ,bem como os Virus Anhanga, Virus Tapara,

Virus Urucuri e Virus Uriurana, incluídos no presente estudo, mostraram consistência

com a organização genômica e características genéticas comuns aos membros do

gênero Phlebovirus descritos até o momento (KING et al., 2012), apresentando um

genoma tri-segmentado, incluindo o segmento maior (Large, LRNA) que codifica a

RNA polimerase, o segmento médio (Medium, MRNA) que codifica a proteína não

estrutural NSm e ambas as glicoproteínas de superfície Gn e Gc, bem como o

segmento menor (Small; SRNA) que codifica as proteínas N e NSs em orientações

genômicas contrárias (Figura 3). A diferença em tamanho evidenciada para cada um

dos segmentos genômicos dos membros do gênero Phlebovirus do estudo (Quadro

7) reflete a existência de uma grande variabilidade genética entre vírus distintos

dentro de um mesmo gênero.

As funções biológicas de um agente viral encontram-se associadas a

diferentes fatores, dentre os quais determinadas características genéticas mostram-

se determinantes para que funções como adesão celular, replicação e infectividade

viral possam ocorrer com sucesso. Tais características envolvem as estruturas não

codificadoras e codificadoras do RNA viral, produtos gênicos (proteínas virais),

presença de sítios de glicosilação na proteína viral (CLEREX-VAN HAASTER et al.,

1982; EIFAN et al., 2013; GOUY; GUINDON; GASCUEL, 2010; MURRELL;

YAREMA; LEVCHENKO, 2004; PETTERSSON, 1975) e motivos conservados que

permitem a identificação de regiões gênicas homologas para Orthobunyavirus e

Phlebovirus (HOFFMANN et al., 2012; MORES et al., 2009; SAVJI et al., 2011;

YANDOKO et al., 2007).

Neste contexto, a análise das características genômicas dos membros do

gênero Phlebovirus em estudo, evidenciou, que os mesmos apresentam todas as

proteínas virais, bem como os motivos conservados ao longo das proteínas N , Gn,

Gc e polimerase viral, confirmando que os 10 vírus do Complexo Candiru, mais o

Page 88: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

86

Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri como agentes virais

pertencem ao gênero Phlebovirus.

Para cada segmento genômico em particular, observou-se a presença de

características genéticas marcantes tais como a presença dos resíduos

aminoacídicos R (Arg) – K (Lys) – R (Arg) associados à interação da proteína N ao

RNA viral (Figura 10), domínios transmembranas ao nível das regiões terminais das

proteínas NSm, Gn e Gc (Figuras 11, 12 e 13), além da evidência de todos os

motivos da polimerase conservados entre os membros do gênero Phlebovirus

estudados (M1, M2, M3, pMA, MA ,MB, MC, MD, ME ,Figura 14) sugerindo que as

proteínas dos vírus incluídos no estudo apresentam-se funcionalmente conservadas.

Ainda sob o aspecto estrutural da molécula de RNA dos membros do

Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Urucuri e Virus Uriurana,

sabe-se que resíduos de cisteina (Cys) são essenciais para a conservação e

manutenção da estrutura primária e secundária das proteínas virais, fatores

diretamente associados à função protéica (LIPTON et al., 2002). Neste contexto, os

dados obtidos para o número de resíduos de cisteina por proteína viral para cada

vírus estudado, revelou que a variação numérica de resíduos Cys parece estar em

geral associada a um determinado grupo viral ou vírus em especial (ex: número de

resíduos Cys contidos na proteína N dos vírus do Complexo Candiru entre 2 e 3;

Quadro 8 ). Tal observação sugere que a conservação estrutural e funcional da

proteína em cada grupo viral ou vírus em específico pode estar relacionada ao

número de resíduos de Cys existentes ao longo da proteína.

Em diferentes agentes virais, tais como os vírus influenza, Hendra, SARS-

CoV, Hepatites virais, Virus West Nile, Virus Bunyamwera e membros do gênero

Phlebovirus, o estudo do processo de N-glicosilação de glicoproteínas tem

despertado um grande interesse à comunidade científica devido às implicações

relacionadas às funções biológicas cruciais dos vírus, tais como adsorção em células

hospedeiras (host cell entry), ligação viral aos receptores celulares (hospedeiro),

fusão viral ao nível da membrana celular do hospedeiro, processamento proteolítico,

transporte de proteínas, empacotamento, montagem da partícula viral, replicação e

virulência (BAO et al., 2011; DENG et al., 1994; ITO et al., 2010; MURRELL;

YAREMA; LEVCHENKO, 2004; PANDA et al., 2004; PERSSON; PETTERSSON,

1991; RUSU et al., 2012).

Page 89: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

87

Para os vírus incluídos no presente estudo, a variabilidade no número de

sítios potenciais de glicosilação, inclusive entre membros do Complexo Candiru

(Tabelas,6, 7, 8 e 9), sugere que, independente de serem antigenicamente ou

geneticamente relacionados, esses vírus apresentam propriedades biológicas

distintas quanto as suas capacidades fusogênicas e replicativas, tendo sido os sítios

P4, P7,8 e P35 os mais comuns entre os membros do Complexo

Candiru,demostrando serem sítios de grande importância biológica para esse grupo,

os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri , apresentaram sítios

diversos e alguns não coincidentes com os demais phlebovírus.

Sabe-se que os vírus do gênero Phlebovirus compõem um grupo viral diverso

que infecta artropodes (flebotomineos, mosquitos e carrapatos) e vertebrados

(ruminantes,roedores, marsupiais e humanos) (KING et al., 2012; TRAVASSOS DA

ROSA et al., 1983). A Amazônia brasileira, no que tange a sua complexa

biodiversidade viral e de hospedeiros, bem como por incluir diferentes nichos

ecológicos, favorece a manutenção de agentes virais em natureza, e a emergência

de novos agentes virais diretamente associados a troca de segmentos genômicos ou

ao fenômeno de rearranjo genético ( NUNES-NETO ,2007 , PALACIOS et al.,2011).

Nas ultimas décadas, dentro da família Bunyaviridae, alguns exemplos de

vírus rearranjados foram descritos, tais como o Virus Ngari (GERRARD et al., 2004),

os vírus do Grupo C (NUNES et al., 2005), Virus Iquitos (AGUILAR et al., 2011), e

mais recentemente o Virus schmallenberg, reconhecido como um possível ancestral

do Virus Shamoda, ou vírus parental que cedeu os segmentos S e L para este último

(BEER; CONRATHS; POEL, 2012; GARIGLIANY et al., 2012; YANASE et al., 2005).

De fato, o rearranjo genético em natureza parece ser um fato mais comum do

que se parece, e acredita-se que este é o mecanismo mais utilizado para geração de

biodiversidade entre os membros da família Bunyaviridae (GERRARD et al., 2004;

HOFFMANN et al., 2012; NUNES et al., 2005).

As análises de alinhamento múltiplo, simplot e filogenia foram conduzidas

objetivando estabelecer o relacionamento genético entre os vírus do Complexo

Candiru e demais membros do gênero Phlebovirus incluídos no estudo, bem como

avaliar a possibilidade de rearranjo genético em natureza.

As reconstruções filogenéticas, associadas a dados de alinhamento múltiplo e

plotagem gráfica (Simplot) vêm demonstrando serem ótimas ferramentas em

conjunto com testes estatísticos (Kishino Hasegawa) para a determinação da

Page 90: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

88

existência ou não de rearranjos naturais entre agentes virais (GARIGLIANY et al.,

2012; GERRARD et al., 2004; NUNES et al., 2005). No caso dos phlebovírus do

Complexo Candiru, e os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Urucuri e Virus

Uriurana, tais ferramentas mostraram que a reconstrução filogenética para os

segmentos S, M e LRNA, foram consistentes com dados prévios indicando que vírus

pertencentes a um mesmo complexo permanecem agrupados em uma única clade

genética (CLARKE; CASALS, 1958; COLLAO et al., 2009)

O rearranjo genômico em natureza ocorrido entre membros da família

Bunyaviridae, mais especificamente entre membros dos gêneros Orthobunyavirus e

Phlebovirus tem sido frequentemente comprovado (AGUILAR et al., 2011; BRIESE;

KAPOOR; LIPKIN, 2007; BRIESE et al., 2006; COLLAO et al., 2010; GERRARD et

al., 2004; NUNES et al., 2005) . No entanto, a extensão desse evento evolutivo em

termos de ocorrência entre os membros do gênero Phlebovirus não é conhecida.

Muitas análises têm sido realizadas com base em poucas sequências completas ou

muitos dados genômicos parciais ( LIU et al., 2003; NUNES-NETO,2007;COLLAO et

al., 2009, 2010; MATSUNO et al., 2013). Com os dados genômicos para sequências

completas para os vírus do Complexo Candiru, e os Virus Anhanga, VirusTapara,

Virus Uriurana e Virus Urucuri, pode-se observar que esse evento não se restringe

ao gênero Orthobunyavirus, sendo encontradas evidências de permutação

(rearranjo) de pelo menos um dos segmentos genômicos em seis dos 10 phlebovírus

do Complexo Candiru incluidos no estudo (Quadro 9, Figura 20, 21, 22, 23 e 24).

Com o uso sistemático da biologia molecular, e mais recentimente a utilização

do sequenciamento de última geração (NGS) para a obtenção de genomas

completos, foi possível ser evidenciado mais eventos de rearranjo em natureza

envolvendo outros membros do gênero Phlebovirus isolados no Brasil ou em outras

regiões do mundo.

Curiosamente, todos os vírus rearranjados descritos até o presente envolvem

a troca do segmento M (BLITVICH et al., 2012; BOWEN et al., 2001; BRIESE;

KAPOOR; LIPKIN, 2007; BRIESE et al., 2006; CHOWDHARY et al., 2012; COLLAO

et al., 2010; NUNES et al., 2005). O mesmo fato foi observado para os membros do

Complexo Candiru que evidenciaram eventos de troca de segmento genômico

envolvendo o segmento M (Figura 25). Apesar do segmento MRNA ser o segmento

genômico mais envolvido em processos de rearranjo genético tanto nos

Page 91: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

89

orthobunyavírus quanto nos phlebovírus, a razão pela qual tal segmento é preferido

permanece não esclarecido.

O segmento M dos membros do gênero Phlebovirus codifica duas

glicoproteínas denominadas de Gn e Gc, e uma proteína não-estrutural , NSm (KING

et al., 2012; PETTERSSON, 1975). Tal como acontece com outros membros da

família Bunyaviridae, as glicoproteínas do envelope dos membros do gênero

Phlebovirus são importantes para a infecção viral, patogênese e imunidade. Essas

proteínas servem como alvos de anticorpos neutralizantes e de inibição da

hemaglutinina e são expostas a uma pressão seletiva (BATTLES; DALRYMPLE,

1988; BEATY; CALISHER, 1991). Epítopos neutralizantes tipicamente dependem da

estrutura terciária de proteínas, e até mesmo uma única substituição de aminoácidos

pode influenciar a atividade biológica (HÖRLING; LUNDKVIST, 1997;

SCHMALJOHN et al., 1990).

O ICTV atualmente distingue as espécies do gênero Phlebovirus com base

numa diferença de 4 vezes nos títulos de neutralização. Embora ensaios de

neutralização sejam métodos bem estabelecidos para diferenciar os membros do

gênero Phlebovirus no que tange uma análise taxonômica, a alta taxa de rearranjo

genético do segmento M demonstrada neste estudo para os vírus do Complexo

Candiru, sugere o risco potencial de se utilizar unicamente o teste de neutralização

ou ensaios de inibição da hemaglutinação (IH) para identificação. Apesar de não ser

um membro do gênero Phlebovirus, o Virus Ngari (NRIV) é um caso em questão.

Este vírus foi associado com doença febril grave e febre hemorrágica em humanos

na África Oriental (BRIESE et al., 2006; GERRARD et al., 2004).

A caracterização genética do NRIV evidenciou que esse vírus é um rearranjo

genético que recebeu os segmentos S e L RNA do Virus Bunyamwera (BUNV) e um

segmento de MRNA do Virus Batai (BATV) (BRIESE et al., 2006). Em testes de

PRNT ou com sequenciamento parcial de apenas um dos segmentos genômicos, no

caso o segmento MRNA, o NRIV foi identificado como BATV, no entanto testes de

FC, que detectam a proteína N (proteína da nucleocapsídeo) codificada pelo

segmento de SRNA, o NRIV mostrou-se geneticamente similar ao BUNV.

Testes de Fixação de Complemento (FC) são ensaios extremamente úteis na

identificação de membros de um dado complexo antigênico. No entanto, é menos

provável que os títulos recíprocos de FC sejam suficientes para determinar o exato

relacionamento antigênico entre os membros de um grupo sorológico. Embora não

Page 92: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

90

tenhamos encontrado nenhuma correlação entre distância genética e títulos FC ao

nível de espécie viral (dados não mostrados), verificou-se uma boa correlação entre

os resultados sorológicos com a formação das clades filogenéticas evidenciadas

pelo agrupamento dos vírus antigenicamente caracterizados como membros do

Complexo Candiru (Virus Alenquer, Virus Turuna, Virus Serra Norte, Virus Jacunda,

Virus Morumbi, Virus Candiru, Virus Mucura, Virus Oriximina, Virus Ariquemes e

Virus Itaituba), o que corrobora com dados encontrados por Travassos da Rosa e

colaboradores (1983), Guerreiro e colaboradores (1998), Nunes-Neto (2007) e

Palacios e colaboradores (2011a), os Virus Anhanga, Virus Tapara e Virus Urucuri,

agruparan-se em clados distintos formando os grupos I, ll e ll, pouca informação se

têm quanto a sorologia destes vírus com os demais membros do gênero Phlebovirus

,no entanto os achados corroboram os estudos realizados por Travassos da Rosa e

colaboradores (1983) e Tesh e colaboradores (1982) onde se observou um

relacionamento sorologico muito fraco ou até inexistente entre esses vírus e os

demais membros do gênero Phlebovirus , o VURI agrupou com o Virus Chagres com

valor de Bootstrap de 1000, indicando que os mesmo fazem parte de um mesmo

complexo, o Complexo Chagres . A neutralização, por outro lado, não parece

correlacionar-se com a distância evolutiva. Dada a baixa correlação entre os títulos

de fixação de complemento e distância genética, pode ser prudente adotar um

sistema de classificação para os membros do gênero Phlebovirus que também leve

em consideração os dados genéticos.

O atual sistema de taxonomia, que se baseia exclusivamente na classificação

antigênica, pode ser enganoso, dado o fenômeno de rearranjo genético. Neste

contexto, é válido ressaltar que 4 dos 10 membros do Complexo Candiru foram

isolados a partir de pacientes febris (KARABATSOS, 1985; TRAVASSOS DA ROSA

et al., 1998). As manifestações clínicas da doença nesses indivíduos foram

semelhantes caracterizadas como uma doença febril auto- limitada e indistinguíveis

de outras doenças causadas por outros arbovírus menos (TESH, 2006). Com base

na frequência de isolados virais (a maioria isolada uma única vez), pode-se sugerir

que os vírus do Complexo Candiru não constituem uma causa comum de doença

humana em regiões tropicais das Américas. No entanto, a escassez desses isolados

pode ser um reflexo da distribuição geográfica desses agentes virais (regiões de

florestas tropicais), bem como do método de identificação (todos foram isolados e

identificados em Centros de Pesquisa e Diagnóstico para Arbovírus). Devido à

Page 93: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

91

limitação laboratorial da maioria das unidades médicas localizadas em áreas

tropicais, além da natureza inespecífica da doença causada pelos membros do

gênero Phlebovirus, os casos humanos esporádicos podem ser não diagnosticados

corretamente ou simplesmente não reconhecidos.

Levando em consideração os dados genéticos evidenciados neste trabalho,

no que tange o sequenciamento completo de diferentes membros do Complexo

Candiru e dos Virus Anhanga, VirusTapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri , bem

como a evidência de evento de rearranjo genético entre membros de um mesmo

complexo antigênico (neste caso o Complexo Candiru), ressalte-se a importância da

obtenção de dados genéticos para este importante gênero viral objetivando o melhor

conhecimento da estrutura genômica, características genéticas e regiões do genoma

que possam ser usadas para o desenvolvimento de métodos rápidos, sensíveis e

específicos para o diagnóstico das doenças associadas aos membros do gênero

Phlebovirus de interesse médico e veterinário.

Page 94: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

92

5. CONCLUSÕES

- As 14 amostras virais utilizadas no estudo mostraram organização genômica e

caracteristicas genéticas semelhantes com outros membros do gênero Phlebovirus;

- Os phlebovírus incluídos no estudo mostraram domínios conservados ao nível dos

tês segmentos de RNA genômico (SRNA, MRNA e LRNA) todos relacionados aos

phlebovírus previamente sequenciados;

- No segmento LRNA, além dos domínios característicos presentes na polimerase

dos phlebovírus (domínio catalítico, domínio RdRp (RNA-dependente de RNA

polimerase), detectou-se a presença de um subdomínio (DUF 3770) de função

desconhecida;

- Foi observado maior conservação dos motivos aminoacídicos em membros de um

mesmo complexo antigênico em comparação com phlebovírus de outros complexos

ou não agrupados;

- Foi evidênciado, no segmento MRNA a presença de diferentes sítios de clivagem

ao longo da Poliproteína M, resultando na subdivisão da mesma em três proteínas,

Gn e Gc (proteínas estruturais) e NSm (proteína não estrutural);

- Foi revelado uma variação numérica de resíduos de cisteina para cada vírus

estudado,sugerindo que a conservação estrutural e funcional da proteína em cada

Complexo viral ou vírus específico pode estar relacionada ao número de resíduos de

Cisteina existentes ao longo da proteína ;

- A variabilidade no número de sítios potenciais de glicosilação, sugere que,

independente de serem antigenicamente ou geneticamente relacionados, esses

phlebovírus apresentam propriedades biológicas distintas quanto as capacidades

fusogênicas e replicativas;

- A análise filogenética comparativa e evolutiva para os três segmentos genômicos

dos phlebovírus estudados, sugere que os mesmos, fazem parte de cinco

Page 95: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

93

Complexos: Complexo Candiru (Virus Alenquer, Virus Ariquemes, Virus Turuna,

Virus Serra Norte, Virus Jacunda, Virus Morumbi, Virus Candiru, Virus Mucura, Virus

Oriximina e Virus Itaituba), Complexo Chagres (Virus Uriurana), Complexo I (Virus

Tapara), Complexo II (Virus Anhanga) e Complexo III (Virus Urucuri);

- Foi observado em seis dos quatorze phlebovírus estudados (Virus Ariquemes,

Virus Itaituba, Virus Jacunda, Virus Morumbi, Virus Oriximina e Virus Turuna),

evidências de padrão de rearranjo genético do tipo rS1M2L1.

Page 96: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

94

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILAR, P.V.; BARRETE, A.D.; SAEED,M. F.; WATTS , D. M.;RUSSELL ,k.;

GUEVARA,C.;AMPUERO,J.S.;SUAREZ,L.;CESPEDES,M.;MONTGOMERY,J.M.;HA SEY,E.S.;Kochel,T.J. Iquitos Virus :A novel reassortant Orthobunyavirus associated with human illness in Peru. Plos neglected tropical diseases, 5, (9), 1315 , 2011

AITKEN, T. H. G., WOODALL, J.P., PAES DE ANDRADE A.H., BENSABATH, G.,

SHOPE, R.E. Pacui virus, Phlebotomine flies and small mammals in Brazil: an epidemiological study. American Journal of Tropical Medicine end Hygiene, 24: 358-368, 1975.

ALTSCHUL, S.F., GISH, W. Local alignment statistics. Methods on Enzymology, 266:

460-480, 1996. ANDERSON, W. M. E. Clinical observations on sandfly fever in the Peshawar district.

Journal Army Medical Corps, 77: 225, 1941. ARAÚJO, R. Alterações ultraestruturais na infecção experimental com arbovírus na

Amazônia. Simpósio Internacional sobre Arbovírus dos Trópicos e Febres Hemorrágicas. Belém, Pará, Brasil, p. 175-192, 1980.

AZEVEDO, R.S.S., MARTINS, L.C. RODRIGUES, S.R., TRAVASSOS DA ROSA,

J.F. S, VASCONCELOS, P.F.C. ARBOVIROSES. In: Infectologia Pediátrica 3ª ed. FARHAT, K.K., CARVALHO, L.H.F.R., SUCCI, R.C.M. (coord.). São Paulo: Editora Atheneu, 2007. pg. 533-552.

BAO,C.;GUO,X.;QI,X.;HU,J.;ZHOU,M.;VARMA,J.K.;CUI,L.;YANG,H.;JIAO,Y.;KLENA

,J.D.;LI,L.;TAO,W.;LI,X.;CHEN,Y.;ZHU,Z.;XU,K.;SHEN,A.;WU,T.;PENG,H.;LI,Z.;SHAN,J.;SHIZ.;WANG,H. A Family Cluster of Infections by a Newly Recognized Bunyavirus in Eastern China, 2007: Further Evidence of Person-to-Person Transmission. Clinical Infectious Diseases, v. 53, n. 12, p. 1208–1214, 2011.

BARTELLONI, P. J. & Tesh, R. B. Clinical and serologic responses of volunteers

infected with phlebotomus fever virus (Sicilian type). American Journal of Tropical Medicine end hygiene 25: 456-462. 1976.

BATTLES, J. K.; DALRYMPLE, J. M. Genetic variation among geographic isolates of Rift Valley fever virus. The American journal of tropical medicine and hygiene, 39, 617–631, 1988.

BEATY, B. J., TRENT, D. W., ROEHRIG, J. T. Virus variation and evolution:

Mechanisms and epidemiological significance. In: The Arboviruses: Epidemiology and Ecology. Monath, T. P. (ed.). Boca Raton: CRC Press, 1988.

BEATY, B. J., CALISHER, C. H., SHOPE, R. E. Arbovírus Diagnostic Procedure for

Viral, Rickettsial and Chlamydial Infections.In : American Public Health

Page 97: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

95

Association.Schmidt, N. I., Emmons, R. W. (eds). 6th Edition., Washington, 1989. p.795 - 855.

BEATY, B.J., CALISHER, C.H. Bunyaviridae - natural history. Current Topics

Microbiology and Immunology,169 : 27,1991. BEER, M.; CONRATHS, F. J.; POEL, W. H. M. VAN DER. Schmallenberg virus�

â�“ a novel orthobunyavirus emerging in Europe. Epidemiology Infection, v. FirstView, p. 1–8, 2012.

BISHOP, D. H. L. Bunyaviridae end their replication. Part I: Strutura of Bunyaviridae.

In: Virology. B. N. Fields & D. M. Knip. (eds). Raven, New York, Virology, 2nd, 1990. p. 1155-1169.

BLITVICH, B.J., SAIYASOMBAT, R., DORMAN, K.S., GARCIA-REJON, J.E.,

FARFAN-ALE, J.A., LOROÑO-PINO, M.A. Sequence and phylogenetic data indicate that an orthobunyavirus recently detected in the Yucatan Peninsula of Mexico is a novel reassortant of Potosi and Cache Valley viruses. Archieves of Virology 157 (6): 1199-1204, 2012.

BOWEN,M.D.;TRAPPIER,S.G.;SANCHEZ,A.J.;MEYER,R.F.;GOLDSMITH,C.S.;ZAKI

,S.R.;DUNSTER,L.M.;PETERS,C.J.;KSIAZEK,T.G.;NICHOL.S.T.A reassortant bunyavirus isolated rom acute hemorrhagic fever cases in Kenya and Somalia. Virology,(291),185-190,2001

BRAITO, A., CIUFOLINI, M. G., PIPPI, L., CORBISIERO, R., FIORENTINI, C.,

GISTRI, A., TOSCANO, L. Phlebotomus-transmotted Toscana virus infections of the central nervous system: a seven-year experience in Tuscany. Scandinavian Journal of Infectious Diseases 30: 505-508, 1998.

BRÉS, P. Impact of arboviruses on human and animal health. In: The arboviruses.

Monath. T. P. Flórida: CRC Press,(1), 1-18,1988 BRIDGEN, A., FRIEDMANN, W., FAZAKERLEY, J.K., ELLIOT, R.M. Bunyamwera

bunyavirus nonstructural protein NSs is a nonessential gene product that contributes to viral pathogenesis. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, 98: 664-669, 2001.

BRIESE, T., BIRD, B., KAPOOR, V., NICHOL, S T., LIPKIN, W.I. Batai and Ngari

viruses: M segment reassortment and association with severe febrile disease outbreaks in East Africa. Journal of Virology 80 (11): 5627-5630, 2006.

BRIESE, T.; KAPOOR, V.; LIPKIN, W. I. Natural M-segment reassortment in Potosi

and Main Drain viruses: implications for the evolution of orthobunyaviruses. Archives of Virology,152 (12), 2237–2247, 2007.

CALISHER, C. H. History, classification, and taxonomy of viruses in the family

Bunyaviridae. In: The Bunyaviridae. Elliot, R. M. (ed.) Scotland: University of Glasgow, Institute of Virology, 1996. v. 1, p. 1-15.

Page 98: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

96

CALISHER, C. H. Evoluationary, ecological and Taxonomic relationships between arboviruses of Florida, U. S. A. and Brazil. In: An overview Arbovirology in Brazil and neighbouring countries. Travassos da Rosa, A. P. A., Vasconcelos, P. F. C., Travassos da Rosa, J. F. S (ed.) Belém-Pa, Instituto Evandro Chagas. 1998. p. 32-41.

CASALS, J.The arthropod-borne group of animal viruses.In: Transactions New York

Academic Science, v. 19, 1957. p. 219-235. CASALS, J. Immunological Techniques for animals viruses. In: Methods in Virology.

Maramorosh, K., Koprowski, H. (eds.). New York, Academic Press. 3:1967. p. 75-81.

COLLET, M.S., PURCHIO, A. F., KEEGAN, K., FRAZIER, S., HAYS, W.,

ANDERSON,D.K.,PARKER,M.D.,SCHMALJHON,C.,SCHIMIDT,J.Complete nucleotide sequencie of the mRNA segment of Rift Valley fever virus.Virology, 144: 220, 1985.

CHARREL,R.N.,MOUREAU,G.,TEMMAM,S.,IZRI,A.,MARTY,P.,PAROLA,P.,TRAVA

SSOS DA ROSA,A.,TESH,R.B.,LAMBALLERIE,X.Massilia Virus, A Novel Phlebovirus (Bunyaviridae)Isolated fron Sandflies in the Mediterranean.Vector-Borne And Zoonotic Diseases,9:519-530,2009.

CHOWDHARY, R., STREET, C., TRAVASSOS DA ROSA, A., NUNES, M.R.T., TEE,

K.K., HUTCHISON, S.K., VASCONCELOS, P.F.C., TESH, R.B., LIPKIN, W.I., BRIESE, T. Genetic characterization of the Wyeomyia group of orthobunyaviruses and their phylogenetic relationships. Journal of General Virology 93: 1023-1034, 2012.

CLARKE, D. H.; CASALS, J. Techniques for hemagglutination and hemagglutination-

inhibition with arthropod-borne viruses. American Journal of Medicine and Hygiene. v. 7, p. 561–573, 1958.

HAASTER,C.M.;CLEREX,J.P.;USHIJIMA,H.;AKASHI,H.;FULLER,F.;BISHOP,D.H.The 3’ terminal RNA sequences of bunyaviruses and nairoviruses (Bunyaviridae): evidence of end sequence generic differences within the virus family. The Journal of general virology, v. 61 (Pt 2), p. 289–292, 1982.

COLLAO X; PALACIOS G; SANBONMATSU-GÁMEZ S; PÉREZ-RUIZ M;

NEGREDO AI; NAVARRO-MARÍ JM; GRANDADAM M; ARANSAY AM; LIPKIN WI; TENORIO A; SÁNCHEZ-SECO MP. Genetic diversity of Toscana virus. Emerging infectious diseases, v. 15, p. 574–577, 2009.

COLLAO,X.;PALACIOS,G.; ORY,F.; SANBONMATSU-GÁMEZ,S.;PEREZ-RUIZ,M.;

NAVARRO,J.M RICARDO MOLINA.; STEPHEN K . HUTCHISON , W. IAN LIPKIN , ANTONIO TENORIO , AND MARÍA PAZ SÁNCHEZ-SECO. Granada virus: a natural phlebovirus reassortant of the sandfly fever Naples serocomplex with low seroprevalence in humans. The American journal of tropical medicine and hygiene, v. 83, p. 760–765, 2010.

Page 99: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

97

DÉGALLIER, N., SÁ FILHO, G. C., SILVA, O. V., TRAVASSOS DA ROSA, A . P. A. Comportamento de pouso sobre partes do corpo humano, em mosquitos da floresta Amazônica (Díptera: Culicidae).In: Boletim do Museu Emílio Goeldi (Série de Zoologia). 6(2): 97-108, 1990.

DENG,R.;WANG,Z.;GLICKMAN,R.L.;LORIO,R.M.Glicosylation witrin an antigenic

site on the HN glycoprotein of Newcastle disease virus interferes with its role in the promotionn of membrane fusion.Virology,v.204,p.17-26,1994.

DI BONITO, P., MOCHI, S., GRÒ, M. C., FORTINI, D., GIORGI,C. Organization of

the M genomic segmento of Toscana phlebovírus. Journal of General Virology, 78 : 77-81, 1997.

DIAS, L. B. Patologia natural e experimental de arbovírus e vírus correlatos isolados

na Amazônia. In: Instituto Evandro Chagas: 50 anos de contribuição às Ciências Biológicas e à Medicina Tropical. Belém, Fundação de Serviços de Saúde Pública, (1), 1986. p.439-450.

EHRNST,A. PETERS,C.J., NIKLASSON,B., SVENDMYR,A., HOLMGREN,B.

Neurovirulent Toscana virus (A sandfly fever virus) in Swedish man after visit to Portugal. The lancet, p. 1211213,May 1985.

EIFAN,S.;SCHNETTLER,E.;DIETRICH,I.;KOHL,A.;BLOMSTRÖM,A.L.Non-strutural

proteins of arthropod-borne bunyaviruses : roles and functions.Viruses,v.5,p. 2447-2468,2013.

ELLIOTT, R.M. Nucleotide sequence analysis of the SRNA segment of Bunyamwera

virus, the prototype of the family Bunyaviridae. Journal of General Virology, 70:1281-1285, 1989a.

ELLIOTT, R.M. Nucleotide sequence analysis of large (L) genomic RNA segment of

Bunyamwera virus, the prototype of the family Bunyaviridae. Virology, 173: 426-436,1989b.

ELLIOTT, R.M., BOULOY, M., CALISHER, C.H., GOLDBACH, R.; MOYER, J. T.,

NICHOL, S.T., PETTERSON, R., PLYUSNIN, A., SCHMALJOHN, C. S. Genus Phlebovirus. In: Virus taxonomy. Classification and Nomenclature of Viruses. Seventh Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses, pp. 614-616. Edited by M. H. V. Van Regemmortel, C. M. Fauquet, D. H. L.. Bishop, E. B. Carstens, M. K. Estes, S. M. Lemon, J. Maniloff, M. A., Mayo, D.J. McGeoch, C. R. Pringle & R. B. Wickner. San Diego ; Academic Press. 2000.

FELSENSTEIN, J. Confidence limits on phylogenies: an approach using the

bootstrap. Molecular Biology and Evolution. 39: 783-791, 1985. GARIGLIANY,M.M.;BAYROU,C.;KLEIJNEN,D.;CASSART,D.;JOLLY,S.;LINDEN,A.;D

ESMECHT,D.Schmallenberg virus :A new Shamonda/Sathuperi-like virus on the rise in Europe.Antiviral Research,v95,n.2,p.82-7,2012.

Page 100: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

98

GERRARD, S.R., BARRET, A.D., NICHOL, S.T. Ngari virus is a Bunyamwera virus reassortant that can be associated with large outbreaks of hemorrhagic fever in Africa. Journal of Virology 78 (16): 8922-8926, 2004.

GORDON, D: Viewing and Editing Assembled Sequences Using Consed. In Current

Protocols in Bioinformatics (AD Baxevanis and DB Davison, eds). Section 11.2.1-11.2.43 (2004).

GOUY,M.;GUINDON,S.;GASCUEL,O.Seaview version 4: A multiplatform graphical

user interface for sequence alignment and phylogenetic tree buildng.Molecular Biology and Evolution,v.27,p.221-224,2010.

GUELMINO, D.J., JEVTIC,M. An Epidemiological and Hematological Study of

Sandfly Fever in Serbia. Acta Tropica,12: 179 ,1955. GUINDON, S., DUFAYARD, J.F., LEFORT, V., ANISIMOVA, M., HORDIJK, W.,

GASCUEL, O. New Algorithms and Methods to Estimate Maximum-Likelihood Phylogenies: Assessing the Performance of PhyML 3.0. Systematic Biology, 59 (3): 307-21, 2010.

HARRISON, S. D., SKEHEL, J. J., WILEY, D. C. Virus structure In: Virology. Feelds,

B. N., Knipe, D. M., Honley, P.M. (ed.), 3a ed. New York : Raven Pren , 1996, 1: 59-99.

HOFFMANN,B.;SCHEUCH,M.;HÖPER,D.;JUNGBLUT,R.;HOLSTEG,M.;SCHIRRMEI

ER,H.;ESCHBAUMER,M.;GOLLER,K.V.;WERNIKE,M.;FISCHER,M.;BREITHAUPT,A.;METTENLEITER,T.C.;BERR,M. Novel Orthobunyavirus in Cattle, Europe, 2011. Emerging Infectious Diseases, 18,( 3), 469–472, 2012.

HÖRLING, J.; LUNDKVIST, A. Single amino acid substitutions in Puumala virus

envelope glycoproteins G1 and G2 eliminate important neutralization epitopes. Virus research, 48, 89–100, 1997.

ITO,M.;TAKASAKI,T.;KOTAKI,A.;TAJIMA,S.;YUWONO,D.;RIMAL,H.S.; DOS

SANTOS,F.;DEJESUS,M.D.;LINA,B.B.;TSUDA,Y.;LIM,C.K.;NEROME,R.;CALERÉS,A.;SHINDO,N.;DRAGER,R.D.;ANDJAPARIDZE,A.KURANE,I. Molecular and virological analyses of dengue virus responsible for dengue outbreak in East Timor in 2005. Japanese Journal of Infectious Diseases, 63, (3), 181–184, 2010.

KARABATSOS, N. International Catalogue of Arboviruses, Including Certain Other

Viruses of Vertebrates, 3rd. Ed. San Antonio, USA: The American Society of Tropical Medicine and Hygiene, 1985. p.1141.

KARABATSOS, N. Annual Report on the Catalogue of Arthropod-Borne and Selected

Vertebrate Viruses of the World. San Antonio, USA: The American Committee on Arthropod-Borne Viruses. Issue nº 108, 2002.

Page 101: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

99

KEEGAN,K., COLLETT, M.S.Use of bacterial expression Cloning to define the amino acid sequences of antigenic determinants on the G2 glycotrotein of Rift Valley fever virus.Journal of Virology,58:263-270,1986.

KING,A.M.Q; Adams,M.J; CARSTENS,E.B; LEFKOWITZ,E.J. Bunyaviridae. In: Virus

Taxonomy. Ninth report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. Virology Division. International Union of Microbiological Societies. Elsevier, Academic Press, 2012. p. 725-741.

KOBAYASHI, T.; YANASE,T.;YAMAKAWA,M.;KATO,T.;YOSHIDA,K.;TSUDA,T.

Genetic diversity and reassortments among Akabane virus field isolates. Virus Research,130,( 1-2), 162–171, 2007.

KUMAR, S., TAMURA, K., NEI, M. Molecular Evolutionary Genetic Analyses. Version

1.01. The Pennsylvania State University, 2000. LAUGHLIN, L. W., MEEGAN, J. M., STRAUSBAUGH, L. J., MORENS,

D.M.,WATTEN, R. H. Epidemic Rift Valley fever in Egypt: Observations of the spectrum of human illness. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, 73: n. 6, p. 630-633, 1979.

LEES, J.F.; PRINGLE, C.R.; ELLIOTT, R.M. Nucleotide sequence of the

Bunyamwera virus M RNA segment: conservation of structural features in the bunyavirus glycoprotein gene product. Virology, 148: 1 -14,1986.

LIPTON,S.A.;CHOI,Y.B.;TAKAHASHI,H.;ZHANG,D.;LI,W.;GODZIK,A.;BANKSN,L.A

Cysteine regulation of protein function--as exemplified by NMDA-receptor modulation. Trends in neurosciences, 25,474–480, 2002.

LIU, D -Y., TESH, R. B., TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A ., CLARENCE, J. P.,

YANG, Z., GUZMAN, H., XIAO., S-Y. Phylogenetic relationships among members of the genus Phlebovirus (Bunyaviridae) based on partial M segment sequence analyses. Journal of General Virology, 84: 465-473, 2003.

LOLE, K. S., BOLLINGER, R. C., PARANJAPE, R. S., GADKARI, D., KULKARNI, S.

S., NOVAK, N. G., INGERSOLL, R., SHEPPARD, H. W. & RAY, S. C. Full-length human immunodeficiency virus type 1 genomes from subtype C-infected seroconverters in India, with evidence of intersubtype recombination. Journal of Virology. 73: 152-60, 1999

LOWEN, A.C., BOYD, A., FAZAKERLEY, J.K., ELLIOTT, R. M. Attenuation of

Bunyavirus Replication by Rearrangement of Viral Coding and Nonconding Sequences. Journal of Virology . 79: 6940-6946, 2005.

MacCLAIN, D.J., SUMMERS, P. L., PRATT, W. D., DAVIS,K.J, JENNINGS, G.B.

Experimental infection of nonhuman primates with Sandfly fever Virus. American Journal of Medicine and Hygiene, 56 (5): 554-560, 1997.

Page 102: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

100

MARTINS, L. C., DINIZ, J. A. P., SILVA, E. V. P., BARROS, V. L. R. S., MONTEIRO. H. A. O., AZEVEDO, R. S. S., QUARESMA, J. A. S., VASCONCELOS, P. F. C. Characterization of Minaçu vírus (Reoviridae: Orbivirus) and pathological changes in experimentally infected newborn mice. International Journal of Experimental Pathology, 88: 63-73, 2007.

MATSUNO,K.;WEISEND,C.;TRAVASSOSDAROSA,A.P.;ANZICK,S.L.;DAHLSTRON

,E.;PORCELLA,S.F.;DORWARD,D.W.;YU,X.J.;TESH,R.B.;EBIHARA,H.Characterization of the Bhanja serogroup viruses (Bunyaviridae): a novel species of the genus Phlebovirus and its relationship with other emerging tick-borne phleboviruses. Journal of virology, v. 87, p. 3719–28, 2013.

MEEGAN, J. M., NIKLASSON, B., BENGTSSON, E. Spread of Rift Valley fevervirus

from continental Africa. Lancet ii, 1184-1185, 1979. MERTZ, G.J. Bunyaviridae: bunyaviruses, phleboviruses, nairoviruses, and

hantaviruses. In: Clinical Virology. Richman, D.D., Whitley, R.J., Hayden, F.G. (eds.). Churchill-Livingstone, New York, 1997. p. 943-972.

MORES, C. N.;TURELL,M.J.;DYER,J.;ROSSI,C.A.Phylogenetic relationships among

orthobunyaviruses isolated from mosquitoes captured in peru. Vector borne and zoonotic diseases Larchmont NY,(9), 1, p. 25–32, 2009.

MOUREAU,G.,BICHAUD,L.,SALEZ,N.,NINOVE,L.,HOMRIOUI,B.,BELAZZOUG,S,LA

MBALERIE,X.,IZRI,A.,CHARREL,R.N.Molecular and Serological Evidence for the Presence of Novel Phleboviruses in Sandflies from Northern Algeria.The Open Virology Journal,4:15-21,2010.

MURPHY,F.A.,FAUQUET,C.M.,BISHOP,D.H.L,GHABRIAL,S.A.,JARVIS,A.W.,MART

ELLI,G.P.MAYO,M.A.,SUMMERS,M.D.Virus Taxonomy.Classification and Nomenclature of Viruses. Archives of Virology.Supplement 10. Springer verlag. Wien- New York, 300-315,1995.

MURRELL, M. P.; YAREMA, K. J.; LEVCHENKO, A. The systems biology of

glycosylation. Chembiochem : a European journal of chemical biology, v. 5, p. 1334–1347, 2004

NAKITARE, G. W., ELLIOTT, R. M. Expression of the Bunyamwera virus M genome

segment and the intracellular localization of NSm. Virology, 195: 511-520, 1993. NICHOL, S. T., BEATY, B. J., ELLIOTT, R. M., GOLDBACH, R., PLYUSNIN,

A.,SCHMALJOHN,C. S. , TESH, R. B. Genus Phlebovirus. In VirusTaxonomy: Eighth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses, .Edited by C. M. Fauguet, M. A. Mayo, J.Maniloff,U. Desselberger & L. A. Ball. San Diego, CA: Elsevier Academic Press. p. 709–711,2005.

NICOLETTI, L., VERANI, P.; CACIOLLI, S., CIUFOLINI, M. G., RENZI, A.,

BARTOLOZZI, D., PACI, P.; LEONCINI, F., PADAVANI, P., TRAINI, E., BALDERESCHI, M., BALDUCCI, M. Central nervous system involvement during infection by Phlebovirus Toscana of residents in natural foci in central

Page 103: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

101

Italy (1977-1988). American Journal of Tropical Medicine end Hygiene, 45: 429-434, 1991.

NUNES, M. R. T., TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A., WEAVER, S. C., TESH, R. B.,

VASCONCELOS, P. F. C. Molecular Epidemiology of Group C Viruses (Bunyaviridae, Orthobunyavirus) Isolated in the Américas. Journal of Virology, 79(16): 10561–10570, 2005.

NUNES-NETO,J.P.Infecção experimental em hamsters dourados (Mesocricetus

auratus) e caracterização genética parcial de cinco Phlebovirus (BUNYAVIRIDAE) do Complexo Candiru Isolados na Amazônia Brasileira.Dissertação (Mestrado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários) - Belém, Universidade Federal do Pará,2007.122p.

OVERBY, A.K., POPOV, V., ETIENNE, P.A.N., PETTERSSON, R.F. Generation and

Analysis of Infectious Virus-Lake Particles of Uukuniemi Virus (Bunyaviridae): a Useful System for Studying Bunyaviridae Packaging and budding. Journal of Virology, 80 (21): 10428-10435, 2006.

OLIVEIRA, L. H. S. Introdução ao estudo dos vírus. In: Virologia humana. Oliveira, L.

h. S. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1994.p. 1-18. PALACIOS,G.;TESH,R.;TRAVASSOSDAROSA.;SAVJI,N.;SZE,W.;JAIN,K.;SERE,R.;

GUZMAN,H.;GUEVARA,C.;NUNES,M.R.T.;NUNESNETO,J.P.;KOCHEL,T.;HUTCHISON,S.;VASCONCELOS,P.F.C.;LIPKIN,W.I.Characterization of the Candiru antigenic complex (Bunyaviridae: Phlebovirus), a highly diverse and reassorting group of viruses affecting humans in tropical America. Journal of virology, 85, 3811–3820, 2011a.

PALACIOS,G.;TRAVASSOSDAROSA,A.;SAVJI,N.;SZE,W.;WICK,I.;GUZMAN,H.;HU

TCHISON,S.;TESH,R.;LIPKIN,W.Aguacate virus,a new antigenic complex of the genus Phlebovirus (Family Bunyaviridae).Journal of General Virology,92:1445-1453, 2011b.

PANDA,A.;ELANKUMARAN,S.;KRISHNAMURTHY,S.;HUANG,Z.;SAMAL,S.K. Loss

of N-Linked Glycosylation from the Hemagglutinin- Neuraminidase Protein Alters Virulence of Newcastle Disease Virus. Journal of virology, 78 , 4965 -4975, 2004.

PAPA, A.; VELO, E.; BINO, S. A novel phlebovirus in Albanian sandflies. Clinical microbiology and infection : the official publication of the European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, 17, 585–587, 2011.

PEVZNER, P.A.; TANG, H.; WATERMAN, M.S. An Eulerian path approach to DNA

fragment assembly. Proceedings of the National Academy of Sciences, vol. 98: 9748–9753, 2001.

PAVLOVSKY, E.N. Sandfly Fever and Its Vector. State Medical Publishing Office,

Leningred, 1947.

Page 104: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

102

PEKOSZ A & GONZÁLEZ-SCARANO F. The extracelullar domain of La Crosse Virus G1 forms oligomers and undergoes pH- dependent conformational changes. Virology, 225: 243-247, 1996.

PELCZAR JR, M. J., CHAN, E. C.S., KRIEG, N. R. Mcrobiologia: Conceitos e

Aplicação. 2a ed., vol 1, Makron Books, São Paulo, Brasil, 1997, 527p. PERSSON, R.; PETTERSSON, R. F. Formation and intracellular transport of a

heterodimeric viral spike protein complex. The Journal of cell biology, v. 112, p. 257–266, 1991.

PERRONE L.A.,NARAYANAN K., WORTHY M., and C. J. PETERS.The S Segment

of Punta Toro Virus (Bunyaviridae, Phlebovirus) Is a Major Determinant of Lethality in the Syrian Hamster and Codes for a Type I Interferon Antagonist. Journal of Varology, 81(2): 884–892, 2007.

PETERS, C. J., SLONE, T.W. Inbred rat strains mimic the disparate human response

to Rift Valley fever virus infection. Journal of Medical Virology, 10: 45-54, 1982. PETTERSSON, R. F. The structure of Uukuniemi virus, a proposed member of the

bunyaviruses. Medical biology, v. 53, p. 418–424, 1975. PETTERSON, R. F.; HEWLETT, M. J.; BALTIMORE, D.; COFFIN, J. M. The genome

of Uukuniemi virus consists of the three unique RNA segments. Cell, 11: 51, 1977.

PEVZNER, P.A., TANG, H., WATERMAN, M.S. An Eulerian path approach to DNA

fragment assembly. PNAS, v.48, n.17, 2001. PIFAT, D. Y., SMITH, J.F. Punta Toro virus infction of C 57 BL/ 6 J MICE: a model for

phlebovirus- inducrd disease. Microbial Pathogenesis, 3: 409 – 422,1987. PINHEIRO, F.P., TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A., VASCONCELOS, P.F.C.

Arboviroses. In: Tratado de Infectologia. R. Veronesi & R. Foccacia (eds.). São Paulo, Editora Ateneu, 1997 p. 169-180.

POSADA, D. jModelTest: Phylogenetic Model Averaging. Molecular Biology and Evolution 25: 1253-1256, 2008.

R.TESH. Sandfly fever, Oropouche fever, and other bunyavirus infections, p. 781–783 In Guerrant R. L., Walker D. H., Weller P. F., editors. (ed.), Tropical infectious diseases: principles, pathogens, and practice, 2nd ed. Elsevier Churchill Livingst. [s.l: s.n.]. p. 2006.

RHIM, J. S.; SCHELL, K.; CREASY, B.; CASE, W. Biological characteristics and viral

susceptibility of an African Green Monkey Kidney cell line (Vero). Proceedings of the Society for Experimental Biology and Medicine, New York, v. 132, p. 670-8, 1962.

Page 105: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

103

ROBERSON, G., EL-SAID, L. H., BRANDT, W., DALRYMPLE, J., BISHOP, D. H. L. Biochemical studies on the Phlebotomus fever group viruses (Bunyaviridae family). Journal of Virology,30: 339-350, 1979.

RODRIGUES, S. G., TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A., VASCONCELOS, P. F. C.,

TRAVASSOS DA ROSA, E. S., TESH, R. B., TRAVASSOS DA ROSA, J. F. S. Characterization of two new Phleboviruses associated with human illness from the Amazon Region of Brazil. In: An overview of arbovirology in Brazil and neighbouring countries.,Travassos da Rosa, A. P. A., Vasconcelos, P. F. C., Travassos da Rosa, J. F. S (ed) Belém, Instituto Evandro Chagas. 1998, p. 100-106.

RONNHOLM,R.,PETTERSSON,R.F.Complete nucleotide sequence of the M RNA

segment of Uukuniemi virus encoding the membrane glycoproteins G1 and G2. Virology, 160: 191-202,1987.

RUSU,M.;BONNEAU,R.;HOLBROOK,M.R.;WATOWICH,S.J.;BIRMANNS,S.;WRIGG

ERS,W;FREIBERG,A.N.An assembly model of rift valley Fever virus. Frontiers in microbiology, 3, 254, 2012.

SAITOU, N., NEI, M. The neighbor-joining method: a new method for reconstruction

phylogenetic trees. Molecular Biology and Evolution 4: 406-425, 1987. SAIKKU, P., VON BONSDORFF, C. H. Electron microscopy of the Uukuniemi virus,

an ungrouped arbovirus.Virology,34: p. 804, 1968. SAIKKU, P., VON BONSDORFF, C. H., OKER-BLOM, N. The structure of Uukuniemi

virus, Acta Virologica, 14: 103-107, 1970. SANTOS,L.,SIMÕES,J.,COSTA,R.,MARTINS,S.,LECOUR,H. Toscana Virus

meningitis in Portugal,2002-2005.Eurosurveillance,12:3-6,2007. SAVJI, N., PALACIOS, G., TRAVASSOS DA ROSA, A., HUTCHISON, S., CELONE,

C., HUI, J., BRIESE, T., CALISHER, C.H., TESH, R.B., LIPKIN, W.I. Genomic and phylogenetic characterization of Leanyer virus, a novel orthobunyavirus isolated in northern Australia. Journal of General Virology, 92: 1676-1687, 2011

SCHMALJOHN, C. S;CHU,Y.K.;SCHMALJOHN,A.L.;DALRYMPLE,J.M. Antigenic

subunits of hantaan virus expressed by baculovirus and vaccinia virus recombinants.Journal of Virology,v.64,p 3162-3170,1990.

SCHMALJOHN, C. S. Bunyaviridae: the virus and their replication .In: Fields

Virology. Fields, B. N. & Knipe, D. M., 3rd. ed., Philadelphia: Raven Press, 1996. p. 1447- 1471.

SIMONS,J.F., HELLMAN, U. ,PETTERSSON, R.F. UUKUNIEMI Virus S RNA :

Ambisense Coding Strategy, Packaging of Complementary Strands into Virions, and Homology to Members of the Genus Phlebovirus. Journal of Virology, 80:10428-10435, 2006.

Page 106: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

104

SUZICH,J.A.,KAKACH,L.T.,COLLETT,M.S.Expression Strategy of a Phlebovirus:Biogenisis of Proteins from the Rift Valley Fever Virus M Segment.Journal of Virology,64(4):1549-1555,1990.

TAMURA K, Peterson D, Peterson N, Stecher G, Nei M, and Kumar S (2011)

MEGA5: Molecular Evolutionary Genetics Analysis using Maximum Likelihood, Evolutionary Distance, and Maximum Parsimony Methods.Molecular Biology and Evolution, 28: 2731-2739.

TESH,R.B.,SAIDI,S.,GAJDAMOVIC,S.J.,RODAHAIN;VESENJAK-HIRJAN,J.

Serological studies on the epidemiology of sandfly fever in the Old World. Bulletin world health organanization,54:663-674, 1976

TESH, R. B., PAPAEVANGELOU, G. Effect of insecticide spraying for malaria control

on the incidence of sandfly fever in Athens, Greece. American Journal of Tropical Medicine end Hygiene, 26: 163, 1977.

TESH,R.B., CLARENCE,J.P.,MEEGAN,J.M. studies on the antigenic relationship

among phleboviruses. American Journal of Tropical Medicine end Hygiene, 31(1): 149-155, 1982.

TESH, R. B., DUBOISE, M. Viremia and immune response with sequencial

phlebovírus infections. American Journal of Tropical Medicine end Hygiene, 36 (3): 662 -668, 1987.

TESH, R. B. The genus Phlebovirus and its vectors. Annals and Reviews of Entomology, 33: 168-181, 1988.

TESH, R. B., BOSHELL, J., YOUNG, D. G., MORALES, A., CARRASQUILLA, C. F.,

CORREDOR, A., MODI, D. B., TRAVASSOS DA ROSA, McCLEAN, R. B., RODRIGUES, C., GAITAN, M. O. Characterization of five new phleboviruses recently isolated from sand flies in tropical America. The American Society of Tropical Medicine and Hygiene, 40 (5): 529 – 533, 1989.

TESH, R.B. Febre do Flebótomo. In: Tratado de médicina interna. wyngaarden, j.b;

Smith, L.H. Cecil. 18° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.v. 2, p. 1589.

TESH, R. B., GUZMAN, H., TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A., VASCONCELOS, P.

F. C., DIAS, L. B., BUNNELL, J. F., ZHANG, H., XIAO, S-Y. Experimental Yellow Fever Virus Infection in the Golden hamster (Mesocricetus auratus). I Virologic, Biochemical and Immunologic Studies. The Journal of Infectious Diseases, 183: 1431-1436, 2001.

THOMPSON, J.D., GIBSON, T.J., PLEWNIAK,F., JEANMOUGIN, F. AND D. G.

HIGGINS. The Clustal X windows interface: flexible strategies for multiple sequence alignment aided by quality analysis tools. Nucleic Acids Research 24: 4876-4882, 1997.

TRAVASSOS DA ROSA,A .P. A., TESH, D. B., PINHEIRO, F. P., TRAVASSOS DA

ROSA, J. F. S., PETERSON, N. E. Characterization of eight new Phlebotomus

Page 107: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

105

fever serogroup arboviruses (Bunyaviridae: Phlebovirus) from the Amazon Region of Brazil. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 32: 1164-1171, 1983.

TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A., TRAVASSOS DA ROSA, J.F.S., PINHEIRO, F.P.,

VASCONCELOS, P.F.C. Arboviroses. In: Doenças Infecciosas e Parasitárias: Enfoque Amazônico. Leão, R.N.Q. (eds.). Belém, Cejup: UEPA: Instituto Evandro Chagas, 1997. p. 207-225.

TRAVASSOS DA ROSA, J. F. S.; TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A.;

VASCONCELOS, P. F. C.; PINHEIRO, F. P.; RODRIGUES, S. G.; TRAVASSOS DA ROSA, E. S.; DIAS, L. B. & CRUZ, A. C. R. Arboviruses isolated in the Evandro Chagas Institute, including some described for the first time in the Brazilian Amazon region, their known hosts, and their pathology for man. In: An Overview of Arbovirology in Brazil and Neighbouring Countries, Belém: Instituto Evandro Chagas, 1998. p 100 -106.

TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A., PINHEIRO, F. P., TRAVASSOS DA ROSA, E. S.,

RODRIGUES, S. G., TRAVASSOS DA ROSA, J. F. S., VASCONCELOS, P. F. C. Arboviroses. In: Infectologia pediátrica. Farhat, C. K., Carvalho, E. S., Carvalho, L. H. F. R., Succi, R. C. M. (2 ed.). São Paulo, Editora Atheneu, 1998. p.358-367.

TRAVASSOSDA ROSA, A . P. A ., PNHEIRO, F. P., TRAVASSOS DA ROSA, E. S.,

RODRIGUES, S. G., TRAVASSOS DA ROSA, J. F S., VASCONCELOS, P. F. V. Arboviroses In: Doenças infecciosas na infância e adolescência . Tonelli, E. & Lincoln, S. F. (ed.) Rio de Janeiro: Medsi, 2a ed.V. 168: 986-1015, 2000.

VAN REGENMORTEL, M. H. V. Introduction to the species conception virus

taxonomy In: Virus taxonomy Classification and Nomenclature of Viruses. Seventh Report of the International Committee on Taxonomy of viruses Van Regenmortel, M. H. V.; Fauquet, C. M.; Bishop, D.H. L.; Cartens, E. B.; Estes, M.K.; Lemon, S. M., Maniloff, J., Mayo, M. A.; Mcgeoch, D. J.; Pringle, C.R.;Wickner, R.B. (eds). p, 03-16, Academic Express: San Diego, 2000.

VAN REGENMORTEL, M. H. V., MAHY, B. Emerging issues in virus taxonomy.

Emerging Infectious Diseases, 10: 8-13, 2004 VASCONCELOS, P. F. C., TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A., DEGALLIER, N.,

TRAVASSOS DA ROSA, J. F. S., PINHEIRO, F. P. Clinical and ecoepidemiological situation of human arboviruses in Brasilian Amazonia. Ciência e Cultura, 44 (2/3 ): 117-124, 1992.

VASCONCELOS, P.F.C., TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A., PINHEIRO, F.P.,SHOPE,

R.E., TRAVASSOS DA ROSA, J.F., RODRIGUES, S.G.,DEGALLIER, N., TRAVASSOS DA ROSA, E.S. Arboviruses pathogenic for man in Brazil. In: An overview of Arbovirology in Brazil and neighboring countries. A.P.A. Travassos da Rosa, J.F.S. Travassos da Rosa & P.F.C. Vaconcelos (ed.), Belém, Instituto Evandro Chagas, 1998. p.72-99.

Page 108: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

106

VASCONCELOS, P. F. C., TRAVASSOS DA ROSA. A . P. A., GUERREIRO, S. R., TRAVASSOS DA ROSA, E. S., DÉGALLIER, N., TRAVASSOS DA ROSA, J. F. S. Inadequate management ofnatural ecosystem in the Brazilian Amazon region results in the emergence and reemergence of arboviruses.Caderno de saúde Pública, Rio de Janeiro, 17 ( suplemento); 155-164, 2001.

VIALAT, P. A., BILLECOCQ,A. K., BOULOY,M. The S Segment of Rift Valley Fever

Phlebovirus (Bunyaviridae) Carries Determinants for Attenuation and Virulence in Mice. Journal of Virology, 74 (3): 1538- 1543 , 2000.

WALKER, A. S. Clinical impressions of an epidemic of sandfly fever in Palestine

during 1940. The Medical Journal of Austrália , 1: 345, 1941. WEBER, F., DUNN, E.F., BRIDGEN, A., ELLIOT, R.M. The Bunyamwera virus

nonstructural protein NSs inhibits viral RNA polymerase in a minireplicon system. Virology, 281: 67-74, 2001.

XU, F., LIU, D., NUNES, M.R.T., TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A., TESH, R.B, SHU-

YUAN XIAO. Antigenic and Genetic Relationship among Rift Valley Fever Virus and Other Selected Members of the Genus Phlebovirus ( Buniaviridae) .American Journal of Tropical Medicine end hygiene, 76 (6) : 1194-1200. 2007a.

XU,F.,LIU, D., CHEN,H., TRAVASSOS DA ROSA, A.P.A.,TESH, R.B,SHU-YUAN

XIAO. Phylogenetic relationships among sandfly fever group viruses (Phlebovirus: Bunyaviridae) based on the small genome segment. Journal of General Virology, 88: 2312-2319, 2007b.

YAMASE,T.;MAEDA,K.;KATO,T.;NYUTA,S.;KAMATA,H.;YAMAKAWA,M.;TSUDA,T.

The resurgence of Shamonda virus, an African Simbu group virus of the genus Orthobunyavirus, in Japan.Archives of Virology,V.150,N.2, P. 361-36, 2005.

YANDOKO,E.N.;GRIBALDO,S.;FINANCE.C;LE FAOU,A.;RIHN,B.H.Molecular

characteation of African orthobunyaviruses. The Journal of general virology,88 (6),1761-1766,2007.

ZHIOUA,E.,MOUREAU,G.,CHELBI,I.NINOVE,L.,BICHAUD,L.,DERBALIM.,CHAMPS,

M.CHERNI,S.,SALEZ,N.,COOK,S.,LAMBALLERIE,X.,CHARREL,R.N.Punique virus, a novel phlebovirus,related to sandfly fever Naples virus,isolated from sandflies collected in Tunisia.Journal of General Virology,91:1275-1283,2010.

Page 109: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

107

ANEXOS

Anexo - 1

Autorização para utilização de dados e espécimes biológi

Page 110: CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES … PINTO NUNES... · A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela

108

Anexo - 2

Autorização para utilização de espécimes biológicos