CASUÍSTICA CLÍNICA E CIRÚRGICA DE UMA CLÍNICA … · trabalho foi identificar qual especialidade da clínica é mais frequente e as deficiências existentes no atendimento, realizou-se

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DANIELA GOULART XAVIER

CASUÍSTICA CLÍNICA E CIRÚRGICA DE UMA CLÍNICA

VETERINÁRIA, NA CIDADE DE CAMAQUÃ/RS, DURANTE

O PERÍODO DE 2008 A 2011

PORTO ALEGRE – RS

2012

DANIELA GOULART XAVIER

CASUÍSTICA CLÍNICA E CIRÚRGICA DE UMA CLÍNICA

VETERINÁRIA, NA CIDADE DE CAMAQUÃ/RS, DURANTE

O PERÍODO DE 2008 A 2011

Monografia apresentada a Universidade Rural do

Semi-árido – UFERSA, Departamento de Ciências

Animais para obtenção do título de Especialização

em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos

Animais.

Orientador: MSc M.V. Antonella Souza Mattei

PORTO ALEGRE – RS

2012

RESUMO

A rotina de atendimentos em clínicas veterinárias está cada dia aumentando, exigindo

competência dos profissionais atuantes nessa área. Além disso, esse segmento está em

crescimento contínuo, devido à convivência maior de humanos e animais. O objetivo do

trabalho foi identificar qual especialidade da clínica é mais frequente e as deficiências

existentes no atendimento, realizou-se um estudo retrospectivo dos atendimentos clínicos e

cirúrgicos de uma clínica veterinária na cidade de Camaquã/RS, nos últimos três anos. Após

análise dos dados foi observado que a dermatologia era a mais frequente na rotina de

atendimentos e havia deficiência na cirurgia ortopédica. Com isso, concluiu-se a necessidade

de aperfeiçoamento profissional, principalmente nas especialidades de dermatologia e cirurgia

ortopédica, a fim de garantir uma completa satisfação dos proprietários, saúde e bem estar dos

pacientes.

PALAVRA-CHAVES: clínica veterinária, casuística, cão, gato

ABSTRACT

The routine care in veterinary clinics is increasing every day, competence required the

veterinarian in this area. Beside this, it has had continuous growth, because the human and

animals living more together. The aim was to identify the most frequent clinic specialty and

service shortcoming, the retrospective study clinic and surgical was done in the Camaquã city

at Rio Grande do Sul, in the last three years. The results were dermatology most frequent and

orthopedic surgery deficient specialty. Thus, was concluded the professional improvement

needed, special at the dermatology and orthopedic surgery specialty, to complete owner’s

satisfaction, health and welfare patients will be ensured.

KEYWORDS: veterinary clinic, casuistic, dog, cat

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10

2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................11

3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................14

4 RESULTADOS....................................................................................................................15

4.1 AFECÇÕES CARDÍACAS...............................................................................................17

4.2 AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS.................................................................................18

4.3 AFECÇÕES DIGESTÓRIAS............................................................................................20

4.4 AFECÇÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS....................................................................21

4.5 AFECÇÕES NEUROLÓGICAS.......................................................................................24

4.6 AFECÇÕES OFTALMOLÓGICAS.................................................................................24

4.7 AFECÇÕES ONCOLÓGICAS.........................................................................................25

4.8 AFECÇÕES REPRODUTIVAS.......................................................................................26

4.9 AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS......................................................................................27

4.10 AFECÇÕES URINÁRIAS.............................................................................................28

4.11 INTOXICAÇÕES...........................................................................................................29

4.12 AFECÇÕES INFECCIOSAS.........................................................................................30

4.13 AFECÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS.............................................................31

4.14 INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS................................................................................31

5 DISCUSSÃO......................................................................................................................33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................36

REFERÊNCIAS...................................................................................................................37

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número de animais atendidos na Clínica Veterinária Farroupilha em Camaquã/RS,

durante o período de 2008 a 2011, conforme a espécie............................................................15

Tabela 2. Casuística de afecções clínicas diagnosticadas na Clínica Veterinária Farroupilha,

durante o período de 2008 a 2011, conforme a espécie............................................................17

Tabela 3. Casos clínicos de afecções cardíacas diagnosticadas na Clínica Veterinária

Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, em caninos........................18

Tabela 4. Casos clínicos de afecções dermatológicas diagnosticadas na Clínica Veterinária

Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2001, conforme a espécie...........19

Tabela 5. Casos clínicos de afecções digestórias, diagnosticadas na Clínica Veterinária


Tabela 6. Casos clínicos de afecções músculo-esqueléticas diagnosticadas na Clínica

Veterinária Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, conforme a

espécie.......................................................................................................................................23

Tabela 7. Casos clínicos de afecções neurológicas diagnosticadas na Clínica Veterinária


Tabela 8. Casos clínicos de afecções oftálmicas diagnosticadas na Clínica Veterinária


Tabela 9. Casos clínicos de afecções oncológicas diagnosticadas na Clínica Veterinária

Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, conforme a

espécie.......................................................................................................................................26

Tabela 10. Casos clínicos de afecções reprodutivas diagnosticadas na Clínica Veterinária


Tabela 11. Casos clínicos de afecções respiratórias diagnosticadas na Clínica Veterinária


Tabela 12. Casos clínicos de afecções urinárias diagnosticadas na Clínica Veterinária


Tabela 13. Casos clínicos de intoxicações diagnosticadas na Clínica Veterinária Farroupilha

em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, conforme a espécie...............................29

Tabela 14. Casos clínicos doenças infecciosas diagnosticadas na Clínica Veterinária

Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, conforme a espécie..........30

Tabela 15. Casos clínicos de afecções endocrino-metabólicas diagnosticadas na Clínica


espécie.......................................................................................................................................31

Tabela 16. Intervenções cirúrgicas realizadas em caninos e felinos, na Clínica Veterinária

Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, conforme a

espécie.......................................................................................................................................32

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Relação macho e fêmea, de acordo com a espécie atendida na Clínica Veterinária

Farroupilha durante os anos de 2008 a 2011..........................................................................15

Figura 2: Porcentagem de atendimentos realizados na Clínica Veterinária Farroupilha de

acordo com os períodos de 2008 a 2009 (1º ano), 2009 a 2010 (2º ano) e 2010 a 2011 (3º

ano)............................................................................................................................16

LISTA DE ABREVIATURAS

CVF – Clínica Veterinária Farroupilha;

RS – Rio Grande do Sul;

DTUIF – Doenças do trato urinário inferior dos felinos;

PIF – Peritonite infecciosa felina.

1 INTRODUÇÃO

A epidemiologia é a ciência que estuda todos os fatores envolvidos na ocorrência de

uma doença. Sua importância está em reconhecer a existência de um problema, definir sua

casualidade, determinar sua natureza e, portanto, ajudar a estabelecer um tratamento

desenvolvendo medidas de prevenção (OLIVEIRA et al., 2010).

O papel dos animais de companhia no comportamento moderno social tem, dia-a-dia,

ocupado destaque entre as famílias brasileiras. O valor afetivo desses “amigos” decorre,

muitas vezes, não só pelo caráter de companhia e guarda de residências, mas, também, do

estímulo ao desenvolvimento social e afetivo de pessoas, principalmente no que se refere a

idosos e crianças (PIRES et al., 2009).

Em vista do aumento de atendimentos em clínicas veterinárias, a maior presença de

animais de companhia na rotina familiar, exigência dos proprietários de um atendimento

especializado e satisfatório, esse trabalho teve por objetivo realizar um estudo retrospectivo

dos atendimentos clínicos e cirúrgicos, no período de três anos, de uma clínica veterinária

situada no município de Camaquã, Rio Grande do Sul. Dessa maneira, determinando qual a

especialidade mais frequente e as deficiências encontradas no desenvolvimento da profissão.

10

2 REVISÃO DE LITERATURA

Durante a evolução do comportamento moderno social, o papel dos animais de

companhia tem, dia-a-dia, ocupado destaque entre as famílias brasileiras. O valor afetivo

desses “amigos” decorre, muitas vezes, não só pelo caráter de companhia e guarda de

residências, mas, também, do estímulo ao desenvolvimento social e afetivo de pessoas,

principalmente no que se refere a idosos e crianças (PIRES et al., 2009).

Conforme relatam Vaccari; Almeida (2007), a companhia dos animais pode afastar a

dor, a tristeza e o medo, mesmo que temporariamente, preenchendo o vazio da solidão.

Também favorece o desenvolvimento de sentimentos positivos, a troca de afeto e a sensação

de conforto e bem-estar, e além dos efeitos psicológicos, o convívio com os animais também

pode trazer benefícios fisiológicos para as pessoas. Constata-se que, quando elas interagem

com os seus animais, falando com eles, acariciando-os ou manuseando-os, há diminuição da

frequência cardíaca e pressão arterial.

A Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença dentro da população,

visa a doença em massa ao contrário da doença no indivíduo. Ela se interessa não apenas pela

causa da doença, mas também por todos os fatores capazes de influenciá-la. Estuda os efeitos

da doença e considera sua distribuição no espaço, no tempo e no rebanho, ao mesmo tempo

em que busca os principais eventos e circunstâncias capazes de explicar ou influenciar sua

ocorrência. Assim, num primeiro passo, ela busca reconhecer a existência do problema,

definir sua natureza e extensão bem como determinar-lhe a casualidade. Em outras palavras

procura o diagnóstico da situação existente para, então, numa segunda etapa estabelecer o

tratamento, representado pelas medidas de prevenção (SANTOS et al., 2009).

Dessa maneira, em medicina veterinária o estudo sobre as enfermidades frequentes na

população de pequenos animais já foi escrito anteriormente. Assim, Chamas et al. (2010)

objetivando reduzir os problemas de saúde nas populações, através do melhor conhecimento

das situações, de seus fatores determinantes e das melhores formas de prevenção, de cura e

reabilitação, realizaram estudo relativo à ocorrência de doenças infecto-contagiosas, e neste

concluiram que estas afecções representam 10% dos atendimentos clínicos, porém é de suma

importância o conhecimento da sua epidemiologia, visto a importância desse tema em saúde

pública.

Segundo Silva et al. (2009) as consultas dermatológicas representam a maior parte dos

atendimentos na rotina clínica veterinária. Um dos motivos que leva os proprietários ao

11

consultório veterinário nessa especialidade é o aparecimento de prurido com foco alérgico,

como a Dermatite por Alergia à Picada da Pulga, a Dermatite Atópica, a Hipersensibilidade

Alimentar, Urticária e o Angioedema.

Além disso, deve-se destacar a importância de visitas periódicas ao consultório

veterinário. Nesse sentido, Chamas et al. (2011) ressaltaram a necessidade de avaliação

cardiológica periódica de cães machos idosos, de raças de porte pequeno ou médio, buscando

diagnóstico precoce, para promover um adequado tratamento para pacientes de insuficiência

cardíaca, visto ser esse o perfil dos animais mais frequentemente acometidos desta

enfermidade.

Como relata Santos (2010), uma das afecções mais importantes das glândulas mamárias,

encontradas na clínica, são os tumores mamários. Estes são incomuns em cães machos, mas

quando presentes quase todos são malignos. Em cadelas, são os tumores mais comuns,

representando a metade das ocorrências de todos os tumores. Nesse sentido, um estudo sobre

o índice de mastectomias, em caninos e felinos, realizadas em um hospital de Pernambuco

comprovou a importância da prevenção, pois essa cirurgia representou a 25% do total de

cirurgias realizadas no período do estudo.

Silva et al. (2008) realizaram um estudo sobre a casuística cirúrgica realizada em

felinos, devido a demanda de atendimentos prestados a esta espécie estar crescendo nos

últimos anos. Com isso, a incidência de cirurgias nessa espécie também aumentou, sendo as

cirurgias de esterilização, orquiectomias e ovariohisterectomias, as mais procuradas, devido a

conscientização da sociedade sobre a importância do controle populacional.

Concomitantemente, a constante evolução das técnicas cirúrgicas e anestésicas permite

procedimentos cada vez mais seguros, proporcionando maior bem-estar ao felino e

tranquilidade ao proprietário.

De acordo com Pereira (2010), são diversos os fatores relacionados com a ocorrência de

lesões ortopédicas, em especial as de joelho, ocasionadas principalmente em decorrência de

sobrepeso, quedas, torções em pisos escorregadios, mudança brusca de direção na corrida,

pulos de objetos mais altos para o chão escorregadio e queda em buracos.

Segundo Tilley; Smith (2008), a piometra ocorre secundariamente a uma hiperplasia

endometrial cística, na qual há invasão bacteriana anormal no endométrio, levando ao

acúmulo intraluminal de exsudato purulento. Em um estudo sobre o perfil leucocitário de

fêmeas acometidas por piometra foi observado que mesmo esse sendo baixo, o percentual de

fêmeas que apresenta quadro clínico compatível com o diagnóstico, mas com leucograma sem

12

alterações não excluiu a possibilidade de infecção, visando assim a necessidade de exames

complementares de imagem (Silveira et al., 2007).

A traqueobronquite, também denominada tosse dos canis de acordo com o que

descrevem Fernandes; Coutinho (2004) é uma doença contagiosa caracterizada por provocar

quadros respiratórios de início súbito, com ataques de tosse aguda. É uma doença sazonal,

ocorre mais nos meses frios, sua morbidade aumenta em locais de alta densidade

populacional, como em canis e pet shops, porém também afeta animais domiciliados, devido a

sua transmissão através do ar e fômites, podendo ocorrer em cães de qualquer idade.

De acordo com Oliveira (2009), o uso de amitraz em cães promove quadros de

intoxicação por absorção cutânea, e raças pequenas são suscetíveis aos efeitos adversos do

produto mesmo com uso de doses recomedadas.

13

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Realizou-se um estudo retrospectivo dos atendimentos clínicos e cirúrgicos realizados

na Clínica Veterinária Farroupilha (CVF) em pequenos animais, no município de

Camaquã/RS, através da análise das fichas de atendimento clínico, durante o período de maio

de 2008 a maio de 2011.

As fichas de atendimento eram preenchidas no momento da consulta, através da

anamnese realizada pelo médico veterinário responsável. Essas fichas eram arquivadas e

completadas conforme o retorno dos pacientes.

Assim, os dados coletados foram espécie, sexo, idade, período da consulta, diagnóstico,

tratamento, evolução clínica e prognóstico.

A espécie animal avaliada foi canina e felina. A idade foi dividida em categorias como,

jovem (zero a três anos), adulto (quatro a sete anos) e idoso (acima de oito anos). O período

da consulta foi classificado conforme as estações do ano (janeiro, fevereiro, março – verão;

abril, maio, junho – outono; julho, agosto, setembro – inverno e outubro, novembro,

dezembro – primavera). As enfermidades foram classificadas de acordo com o sistema

envolvido.

Logo após a análise de todos os dados, foi estabelecida a frequência de cada variável

escolhida e determinou-se a situação da CVF e qual a especialidade deficiente.

14

4 RESULTADOS

No período de maio de 2008 a maio de 2011 foram realizados procedimentos

relacionados com a clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, sendo atendido um total

de 1.356 animais e felinos, conforme está representado na Tabela 1. A maior casuística de

atendimentos correspondeu a espécie canina, compreendendo 84% dos casos.

Tabela 1. Número de animais atendidos na Clínica

Veterinária Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de

2008 a 2011, conforme a espécie.

ESPÉCIE TOTAL

n %

Caninos 1.139 84

Felinos 217 16

Total 1.356 100

Fonte: anotações das fichas clínica dos pacientes.

Em relação ao sexo, na espécie canina a maior frequência de atendimento foi em fêmeas

(59%), entretanto em felinos, a maioria foi em machos (54%) (Figura 1).

Figura 1: Relação macho e fêmea, de acordo com a espécie atendida na

Clínica Veterinária Farroupilha durante os anos de 2008 a 2011.

Quanto à faixa etária dos animais atendidos, a grande maioria, representada por 60%

dos atendimentos correspondeu a animais jovens (zero a três anos), seguido de adultos (quatro

15

a sete anos) com 30% dos pacientes e por último, a categoria de idosos (acima de oito anos)

com 10%.

As consultas ocorreram relativamente com boa distribuição ao longo dos meses do ano,

sendo que 28% dessas ocorreram no verão, 26% no outono, 22% no inverno e 24% na

primavera.

Considerando o período de maio de 2008 a maio de 2011, como três anos, assim no

primeiro ano foram realizados 429 atendimentos (32%), no ano seguinte 460 (33%) e no

terceiro ano 479 (35%), como demonstra na figura 2.

Figura 2: Porcentagem de atendimentos realizados na

Clínica Veterinária Farroupilha de acordo com os períodos de

2008 a 2009 (1º ano), 2009 a 2010 (2º ano) e 2010 a 2011 (3º

ano).

Foi possível diagnosticar uma grande diversidade de afecções nos animais atendidos na

CVF, totalizando 1.184 casos clínicos, os quais estão representados na Tabela 2, conforme o

sistema afetado e a espécie envolvida. A maior casuística de atendimento foi relacionada as

especialidades dermatológicas e digestórias, correspondendo respectivamente a 19% e 18%

do total de atendimentos realizados.

16

Tabela 2. Casuística de afecções clínicas diagnosticadas na Clínica Veterinária Farroupilha,

durante o período de 2008 a 2011, conforme a espécie.

AFECÇÕES CANINOS

N

FELINOS

N

TOTAL

n %

Dermatológicas 207 17 224 19

Digestórias 183 27 210 18

Infecciosas 160 13 173 15

Músculo-esqueléticas 164 15 179 15

Reprodutivas 93 26 119 10

Oncológicas 97 8 105 9

Oftálmicas 53 3 56 5

Urinárias 17 29 46 4

Intoxicações 20 10 30 1

Respiratórias 14 3 17 1

Cardíacas 12 - 12 1

Neurológicas 8 1 9 1

Endócrino-Metabólicas 4 - 4 1

TOTAL 1.032 152 1.184 100


4.1 AFECÇÕES CARDÍACAS

No período estudado foram atendidos 12 casos clínicos envolvendo afecções cardíacas,

representando apenas 1% do total dos atendimentos, sendo todos os casos na espécie canina,

conforme a Tabela 3.

A endocardiose foi a enfermidade de maior frequência, todos casos ocorreram em

pacientes idosos, que compreendem os animais com mais de oito anos de idade e o

tratamento realizado foi clínico em todos os casos, com evolução clínica boa e prognóstico

reservado.

O período de ocorrência dos atendimentos foi distribuído ao longo do ano, não havendo

sazonalidade.

17

Tabela 3. Casos clínicos de afecções cardíacas diagnosticadas na

Clínica Veterinária Farroupilha em Camaquã/RS, durante o

período de 2008 a 2011, em caninos.

AFECÇÕES

CARDÍACAS

CANINOS

N

TOTAL

n %

Endocardiose 10 10 83

Miocardiopatia dilatada 2 2 17

TOTAL 12 12 100

Fonte: anotações das fichas clínicas dos pacientes.

4.2 AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS

Dentro do total de atendimentos da CVF, 224 corresponderam a afecções

dermatológicas, conforme Tabela 4. Com grande ocorrência de infecções no pavilhão

auricular e dermatites alérgicas.

A maioria das consultas ocorreu no período descrito como primavera e verão, o

tratamento realizado foi clínico em todos os casos, com evolução clínica e prognóstico

favorável.

18

Tabela 4. Casos clínicos de afecções dermatológicas diagnosticadas na Clínica Veterinária

Farroupilha em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2001, conforme a espécie.

AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS CANINOS

N

FELINOS

N

TOTAL

n %

Otite externa 32 - 32 14

Dermatite Alérgica 29 2 31 14

Otocaríase 26 3 29 13

Piodermite Superficial 21 2 23 10

Demodiciose 21 - 21 9

Abcesso 10 7 17 8

Dermatite Seborréica 18 - 18 8

Dermatite Úmida Aguda 9 - 9 4

Dermatite por Lambedura 8 - 8 4

Dermatite de Contato 8 - 8 4

Dermatofitose 5 2 7 3

Escabiose 7 - 7 3

Dermatite Interdigital 6 - 6 1

Dermatite Psicogênica 2 - 2 1

Dermatose Marginal da Orelha 3 - 3 1

Dermatose Associada a Hormônio Sexual

Esporitricose

Piodermite Profunda

1

-

1

-

1

-

1

1

1

1

1

1

TOTAL 207 17 224 100


19

4.3 AFECÇÕES DIGESTÓRIAS

Entre os 210 atendimentos realizados com alterações do trato gastrintestinal em caninos

e felinos, representado na Tabela 5, a grande maioria (36%) estava relacionada com alterações

alimentares.

Nesses atendimentos não houve diferença entre época do ano de ocorrência, sendo

realizado tratamento clínico. Entretanto, alguns casos necessitaram de internamento,

fluidoterapia e cirurgia, mas quase na totalidade houve evolução boa e prognóstico favorável;

exceto nos casos de megaesôfago e insuficiência hepática, o prognóstico foi reservado.

Ocorreu também atendimento de cinco casos de ascite, devido a hipoproteinemia

relacionada com deficiência nutricional, no qual o tratamento foi clínico com manejo dietético

e todos os casos tiveram prognóstico favorável.

20

Tabela 5. Casos clínicos de afecções digestórias, diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES DIGESTÓRIAS CANINOS

n

FELINOS

N

TOTAL

n %

Gastrenterite alimentar 73 2 75 36

Enterite parasitária 23 8 31 14

Doença periodontal 21 3 24 11

Gastrite 17 2 19 9

Colite 18 2 20 9

Prolapso de reto 4 1 5 2

Pseudocoprostase

Saculite Anal

14

3

2

1

16

4

7

1

Corpo estranho no esôfago 1 - 1 1

Corpo estranho na cavidade oral 3 - 3 1

Corpo estranho no estômago - 1 1 1

Corpo estranho intestinal 1 - 1 1

Doença intestinal inflamatória crônica - 1 1 1

Fístula Perianal 1 - 1 1

Insuficiência hepática - 1 1 1

Intussuscepção 1 - 1 1

Megaesôfago 1 - 1 1

Piloconcremento - 3 3 1

Síndrome da má absorção 2 - 2 1

TOTAL 183 27 210 100


21

4.4 AFECÇÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS

Dos 179 animais atendidos com alterações músculo-esqueléticas, conforme está

representado na Tabela 6, 24% desses foram casos relacionados com traumas e 16% de lesão

por brigas.

Os atendimentos ocorreram em períodos diversos, sem haver predileção por época do

ano, o tratamento foi clínico na maioria dos casos de lesões de tecidos moles, com evolução

boa, entretanto, alguns pacientes necessitaram de correção cirúrgica das lesões. Os casos de

hipersensibilidade imediata foram ocasionados por picadas de animais peçonhentos, onde o

tratamento foi clínico com prognóstico favorável.

Nos casos de fraturas, o que representou 30% dos atendimentos, houve a necessidade de

encaminhá-los a outra clínica veterinária para a realização de correção cirúrgica específica.

22

Tabela 6. Casos clínicos de afecções músculo-esqueléticas diagnosticadas na Clínica


espécie.

AFECÇÕES MÚSCULO-

ESQUELÉTICAS

CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Trauma muscular 37 3 40 22

Lesão por mordedura 24 3 27 15

Laceração de pele 15 4 19 11

Miíase 18 - 18 10

Trauma torácico

Hipersensibilidade Imediata

9

9

-

-

9

9

5

5

Espondilose 6 - 6 4

Hérnia de disco 7 - 7 4

Hérnia abdominal 6 1 7 4

Fratura de tíbia e fíbula 5 1 6 4

Fratura de mandíbula 2 3 5 2

Trauma craniano 4 - 4 2

Displasia coxo-femoral 3 - 3 1

Dismetria de rádio e ulna 1 - 1 1

Seroma subcutâneo 1 - 1 1

Fístula secundária a miíase 3 - 3 1

Fratura de fêmur 3 - 3 1

Fratura de rádio e ulna 3 - 3 1

Fratura de bacia 1 - 1 1

Lesão por arma de fogo 1 - 1 1

Luxação da cabeça do fêmur 1 - 1 1

Luxação escápulo-umeral 1 - 1 1

Luxação de patela 2 - 2 1

Trauma peniano 2 - 2 1

TOTAL 164 15 179 100


23

4.5 AFECÇÕES NEUROLÓGICAS

No período foram atendidos nove casos de alterações neurológicas em caninos e

somente uma em felinos, como mostra a Tabela 7, representando apenas 1% das consultas

realizadas.

Não houve predileção por época do ano na ocorrência, o tratamento foi na totalidade

clínico, com retornos periódicos, visto a necessidade de acompanhamento do animal, pois em

alguns casos houve o uso contínuo de medicamentos. O prognóstico foi reservado em todos

os casos.

Tabela 7. Casos clínicos de afecções neurológicas diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES NEUROLÓGICAS CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Epilepsia 6 - 6 67

Paraplegia por lesão medular 2 1 3 33

TOTAL 8 1 9 100


4.6 AFECÇÕES OFTÁLMICAS

Foram atendidos durante o período descrito, 56 casos clínicos de alterações oftálmicas

nas duas espécies (Tabela 8).

Houve grande ocorrência de ceratite ulcerativa, correspondendo essa enfermidade a

55% dos atendimentos relacionados a oftalmologia veterinária.

Os atendimentos ocorreram de forma aleatória ao longo do ano, o tratamento foi clínico

na maioria deles, sendo necessária cirurgia corretiva apenas nos casos de protrusão da

glândula da terceira pálpebra e prolapso de globo ocular. Todos os casos tiveram evolução

clínica adequada e prognóstico favorável.

24

Tabela 8. Casos clínicos de afecções oftálmicas diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES OFTÁLMICAS CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Úlcera de córnea 28 3 31 55

Hipertrofia da glândula da 3ª

pálpebra

9 - 9 16

Prolapso de globo ocular 6 - 6 11

Cerato conjuntivite seca 5 - 5 9

Catarata 3 - 3 5

Glaucoma 2 - 2 4

TOTAL 53 3 56 100


4.7 AFECÇÕES ONCOLÓGICAS

Dentro dos 105 casos clínicos oncológicos (Tabela 9) ocorreu maior casuística (41%) de

neoplasia mamária.

A ocorrência dos atendimentos foi distribuída ao longo dos anos, o tratamento foi

cirúrgico na grande maioria, exceto casos em que o proprietário se negou a autorizar tal

procedimento. O prognóstico foi dado como reservado, visto que poucos proprietários se

dispuseram a realizar biopsia das massas extraídas cirurgicamente, sendo assim somente em

alguns casos se teve confirmação histopatológica do diagnóstico.

25

Tabela 9. Casos clínicos de afecções oncológicas diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES ONCOLÓGICAS CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Neoplasia mamária 37 6 43 41

Adenoma sebáceo 19 - 19 18

Tumor venéreo transmissível 18 - 18 17

Neoplasia subcutânea 8 - 8 8

Lipoma 5 - 5 5

Carcinoma de células escamosas - 2 2 2

Melanocitoma 2 - 2 2

Neoplasia de glândula perineal 3 - 3 2

Neoplasia oral 2 - 2 2

Neoplasia testicular 2 - 2 2

Neoplasia esplênica 1 - 1 1

TOTAL 97 8 105 100


4.8 AFECÇÕES REPRODUTIVAS

Foram atendidos, 119 casos de afecções reprodutivas, envolvendo caninos e felinos

(tabela 10). De todos estes pacientes, praticamente a metade (47%) corresponderam a um

quadro de piometra.

Dos 38 diagnósticos feitos na espécie canina, percebeu-se que em três desses, isto é um

percentual de 8%, somente a anamnese, em conjunto com sinais clínicos e hemograma, não

foram suficientes para fechar diagnóstico definitivo, visto que não houve alteração no

hemograma, necessitando a realização de exame ultrassonográfico para confirmação.

O tratamento foi cirúrgico na totalidade dos casos e o prognóstico favorável em grande

parte deles, exceto em dois casos que devido a sepse ocorreu óbito dos animais.

26

Tabela 10. Casos clínicos de afecções reprodutivas diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES REPRODUTIVAS CANINOS

N

FELINOS

n

TOTAL

n %

Piometra 38 18 56 47

Distocia 25 8 33 28

Mastite 8 - 8 7

Pseudociese 7 - 7 6

Eclampsia 4 - 4 3

Criptorquidismo 2 - 2 2

Prolapso peniano 3 - 3 2

Hiperplasia vaginal 3 - 3 2

Aborto 1 - 1 1

Hiperplasia prostática 1 - 1 1

Prolapso uterino 1 - 1 1

TOTAL 93 26 119 100


4.9 AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS

Dentro dos 17 pacientes atendidos com distúrbios envolvendo o trato respiratório

(Tabela 11), oito pacientes que correspondem a 47% dos casos apresentavam um quadro de

traqueobronquite.

As enfermidades respiratórias foram diagnosticadas nos períodos de outono e inverno, o

tratamento dos pacientes foi clínico em todos os casos, sendo a evolução clínica e o

prognóstico favorável.

27

Tabela 11. Casos clínicos de afecções respiratórias diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Traqueobronquite 8 - 8 47

Bronquite 2 3 5 29

Pneumonia 3 - 3 18

Sinusite 1 - 1 6

TOTAL 14 3 17 100

Fonte: anotações das fichas clínica dos pacientes

4.10 AFECÇÕES URINÁRIAS

Foram atendidos, 46 pacientes com alterações relacionadas com trato urinário, no

período relatado na CVF, como mostra a Tabela 12.

A maioria dos atendimentos relacionados ao sistema urinário foi detectada em felinos

machos, em épocas de outono e inverno, sendo acometidos pela Doença do Trato Urinário

Inferior dos Felinos. Nestes casos o tratamento foi clínico, necessitando de sondagem uretral

para desobstrução da uretra e lavagem da bexiga, com evolução clínica adequada e

prognóstico bom.

Os casos de cálculo vesical exigiram tratamento cirúrgico, com prognóstico favorável,

enquanto que, nos casos de insuficiência renal, o tratamento clínico foi intensivo, sendo

alguns com prognóstico reservado, mantendo os pacientes estabilizados e em outros a

evolução clínica foi ruim, não conseguindo reverter os quadros agudos, levando-os ao óbito.

28

Tabela 12. Casos clínicos de afecções urinárias diagnosticadas na Clínica Veterinária


AFECÇÕES URINÁRIAS CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

DTUIF* - 19 19 41

Cistite 9 3 12 26

Insuficiência renal crônica 4 6 10 22

Insuficiência renal aguda 2 1 3 7

Cálculo vesical 2 - 2 4

TOTAL 17 29 46 100


*Doença do trato urinário inferior dos felinos.

4.10 INTOXICAÇÕES

Durante o período de estudo foram acompanhados 30 casos clínicos de intoxicações em

caninos e felinos, conforme a Tabela 13. A ocorrência mais comum foi de intoxicação por

pulicidas, com maior frequência nos meses de primavera e verão.

O tratamento desses casos foi clínico, com evolução adequada e prognóstico favorável.

Apenas nos quadros de intoxicação inespecífica, o tratamento não teve sucesso, ocorrendo

morte dos animais. Os quadros de intoxicação por fármacos corresponderam ao choque

anafilático onde um dos pacientes felinos foi a óbito.

Tabela 13. Casos clínicos de intoxicações diagnosticadas na Clínica Veterinária Farroupilha

em Camaquã/RS, durante o período de 2008 a 2011, conforme a espécie.

INTOXICAÇÕES CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Intoxicação por pulicida

Intoxicação inespecífica

16

3

5

2

21

5

70

17

Intoxicação por fármaco 1 3 4 13

TOTAL 20 10 30 100


29

4.12 AFECÇÕES INFECCIOSAS

Dos animais atendidos com doenças infecciosas, conforme descritos na Tabela 14, a

grande maioria dos diagnósticos compreendeu casos de cinomose e parvovirose.

Não houve diferença entre períodos de diagnóstico, o tratamento dos casos de

parvovirose e cinomose foi clínico intensivo, sendo evolução clínica boa em mais da metade

deles e prognóstico favorável, embora nos casos de cinomose alguns animais ficaram com

sequelas neurológicas e outros com parvovirose foram a óbito. No caso de Peritonite

Infeciciosa Felina ocorreu morte do animal, enquanto que, nas outras afecções tiveram

tratamento clínico com sucesso e prognóstico favorável.

No caso de Babesiose foi observado o quadro de anemia imunomediada, no qual foi

realizado tratamento clínico com uso de medicamentos imunossupressores e transfusão

sanguínea, além de cirurgia (esplenectomia). Nesse caso, o tratamento teve duração de três

meses, entre fases de melhora e outras de piora clínica, com resultado final de óbito do

paciente.

Tabela 14. Casos clínicos doenças infecciosas diagnosticadas na Clínica Veterinária


DOENÇA INFECCIOSA CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Cinomose

Parvovirose

59

51

-

-

59

51

34

30

Tosse dos canis* 29 - 29 17

Babesiose 13 - 13 7

Rinotraqueite - 9 9 5

Erliquiose 5 - 5 2

Leptospirose 3 - 3 2

Clamidiose - 2 2 1

Criptococose - 1 1 1

PIF** - 1 1 1

TOTAL 160 13 173 100

Fonte: anotações das fichas clínicas pacientes

* Traqueobronquite infecciosa canina

** Peritonite infecciosa felina

30

4.13 AFECÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS

Foram atendidos neste período quatro casos de afecções endócrino-metabólicas, todos

na espécie canina, conforme descrito na tabela 16.

O período de diagnóstico não teve grande variação, ocorrendo de forma distribuída ao

longo do ano, o tratamento foi clínico, com prognóstico reservado.

Tabela 15. Casos clínicos de afecções endocrino-metabólicas diagnosticadas na Clínica


espécie.

AFECÇÕES ENDOCRINO-

METABÓLICAS

CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Diabetes melitus 3 - 3 75

Hipotiroidismo 1 - 1 25

TOTAL 4 - 4 100


4.14 INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS

Durante o período relacionado foram realizadas 428 intervenções cirúrgicas, entre

caninos e felinos, as quais estão representadas na Tabela 17.

Não houve predileção da época do ano de ocorrência das intervenções cirúrgicas.

Assim, essas eram realizadas com anestesia inalatória com uso de isofluorano, ajustada a dose

de acordo com o peso do animal. A evolução pós operatória foi adequada na maioria dos

casos, sendo que ocorreu óbito somente em quatro animais, dois desses casos de toracotomia

e dois casos de piometra.

31

Tabela 16. Intervenções cirúrgicas realizadas em caninos e felinos, diagnosticadas na Clínica


espécie.

CIRURGIAS CANINOS

n

FELINOS

n

TOTAL

n %

Ovariosalpingohisterectomia 110 50 160 36

Orquiectomia 27 39 66 15

Mastectomia 37 6 43 9

Cesariana 26 8 34 6

Reconstrução cutânea 24 4 28 6

Extração de cálculo dentário 18 - 18 3

Exérese de neoplasia cutânea 14 - 14 2

Otohematoma 8 - 8 2

Amputação de membro pélvico 1 1 2 1

Amputação digital 2 1 3 1

Caudectomia 1 2 3 1

Cistotomia 1 - 1 1

Conchectomia - 1 1 1

Correção de fístula secundária a

miíase

3 - 3 1

Sepultamento glândula 3 pálpebra 3 - 3 1

Enucleação do globo ocular 2 - 2 1

Exérese de lipoma 5 - 5 1

Exérese de neoplasia perineal 2 - 2 1

Extração dentária 1 - 1 1

Herniorrafia abdominal 6 1 7 1

Orquiectomia criptorquídica 2 1 3 1

Osteossíntese por fio metálico 1 3 4 1

Entrópio 6 - 6 1

Esplenectomia 2 - 2 1

Gastrotomia 1 1 2 1

Enterotomia 1 - 1 1

Toracotomia 2 - 2 1

Uretrostomia escrotal - 3 3 1

Uretrostomia perineal - 1 1 1

TOTAL 306 122 428 100


32

5 DISCUSSÃO

Os estudos sobre a epidemiologia tem grande importância para melhorar abordagem e

os tratamentos das enfermidades, assim como possibilitar maior entendimento das áreas

estudadas, podendo prevenir a ocorrência dessas e orientar a população nos assuntos que se

relacionam a saúde pública.

Através do estudo realizado sobre a casuística da CVF pode-se observar que o número

de atendimentos aumentou com o passar dos anos. Isso ocorreu devido aos animais estarem

cada vez mais presentes na rotina familiar, assim a preocupação com sua saúde e bem estar

torna-se mais presente.

A especialidade desenvolvida na CVF mais frequente foi a dermatologia, sendo

diagnosticada principalmente na primavera e verão. Concordando com Silva et al. (2009) e de

acordo com Bianchi et al. (2007) a ocorrência mais comum são as alérgicas, sendo

compreendidas pela dermatite alérgica a picada de pulgas, hipersensibilidade alimentar e

atopia, conforme foi constatado no presente estudo.

Os distúrbios gatrointestinais também são comuns na rotina de atendimento clínico,

devido a rotina alimentar da maioria dos proprietários que acabam oferecendo aos animais

restos de refeições não seguindo as orientações de profissionais a cerca da alimentação

correta.

Dos animais atendidos relacionados à clínica cardíaca, 83% sofriam de endocardiose e

todos estavam compreendidos na faixa etária de pacientes idosos (acima de oito anos), esse

resultado comprova os dados de Chamas et al. (2011).

Nesse estudo observou-se a ocorrência de lesões ortopédicas e musculares relacionadas

a brigas e acidentes, concordando com Santos et al. (2010), no qual acidentes com

automóveis, disparos de armas, quedas e brigas entre cães são as causas mais comuns de

traumatismos que podem resultar em lesões ósseas, musculares, articulares, medulares, entre

outras. Desse modo, alguns pacientes foram encaminhados para outra clínica veterinária, pois

havia deficiência no atendimento cirúrgico. Assim, constatamos que a especialidade cirúrgica

de ortopedia era a especialidade da CVF que necessitava de melhorias.

A ceratite ulcerativa foi a ocorrência mais comum nas afecções relacionadas a

oftalmologia, de acordo com Slatter (2005), a ulceração corneana é uma condição comum e

33

importante nos animais domésticos, na qual exige tratamento correto, afim de evitar progresso

da lesão e garantir resultados satisfatórios.

Em relação às neoplasias, a maior frequência encontrada foi na glândula mamária. Isso

pode ser explicado pelo uso de anticoncepcionais injetáveis, o que é rotineiro no público da

região do estudo, no qual já foi descrito por Santos et al. (2010). Neste ponto destaca-se o

papel do médico veterinário frente à conscientização da população em esterilizar os animais,

promovendo esclarecimento das vantagens desses procedimentos.

Enquanto nas afecções reprodutivas, a piometra foi a de maior ocorrência concordando

com Silveira et al. (2007), um caso de piometra sem alteração no hemograma foi observado

no estudo, sendo que a enfermidade foi diagnosticada através da ultrassonografia.

A enfermidade de maior frequência do trato respiratório foi a traqueobronquite doença

sazonal que ocorre mais nos meses frios, concordando com a literatura revisada.

Dos 30 felinos acometidos de doenças urinárias, 19 estavam acometidos pela Doença do

Trato Urinário Inferior dos Felinos, sendo levados a clínica com sinais de obstrução uretral,

visto ser esse o sinal mais dramático como descreve Reche et al. (1998), pois outros sinais

como hematúria e/ou polaquiúria passam desapercebidos pelos proprietários.

A maior frequência de intoxicação foi por venenos pulicidas, no período de primavera e

verão. Isso é comum na rotina clínica, visto a inexperiência dos proprietários e utilização de

venenos sem orientação correta de um profissional. Casos de ectoparasitoses aumentaram nas

épocas de calor, devido a isso favorecer o ciclo desses parasitas, é muito importante o papel

do médico veterinário neste ponto, esclarecendo as formas de infestação e os meios corretos e

seguros para desinfestação, tanto dos animais como do ambiente.

Outra casuísta frequente foi relacionada a doenças infecciosas, devido à inexperiência

de muitos proprietários em relação a imunização e também pela falta de esclarecimento

técnico de outros profissionais sobre como proceder o calendário de vacinação e cuidados

com filhotes. Não houve predileção sazonal, por sexo ou raça nos animais acometidos, mas a

taxa de incidência é mais alta em cães até os dois anos em função da não vacinação ou falhas

imunológicas, concordando com o que diz Oliveira et al. (2010).

Também uma doença infecciosa que merece destaque é a criptococose, uma micose

sistêmica potencialmente fatal, que acomete tanto humanos quanto animais

imunocomprometidos (Queiroz et al., 2008). O caso ocorrido foi em um felino jovem, que

residia na área rural, sendo que, possivelmente houve a inalação de blastoconídios presentes

nas excretas de pássaros que viviam no local. Embora essa doença não seja caracterizada

34

como zoonose, deve-se dispensar maior atenção pela similaridade dos sinais clínicos com

outras que cursam com sinais respiratórios e nervosos (MARCASSO et al., 2005).

Nesse estudo foram relatados 12 casos de hipersensibilidade imediata, dois

corresponderam administração de fármacos e os demais, relacionados a picadas de insetos ou

répteis, que são de ocorrência comum segundo Ford; Mazzaferro (2007).

Dentro das afecções do sistema neurológico houve destaque para epilepsia e conforme

relatam Vianna; Vahia (2007) o tipo de crise mais observado é generalizada tônica-clônica

associada a perda da consciência. A terapia clínica com uso de fenobarbital mostra-se eficaz

no controle das convulsões.

35

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período do estudo foram atendidos um total de 1.356 animais, sendo a

maioria (84%) da espécie canina e o restante (16%) felinos, deste total houveram 1.184 casos

clínicos, sendo o restante compreendido por procedimentos cirúrgicos eletivos.

Com base no estudo retrospectivo dos atendimentos clínicos e cirúrgicos, da Clínica

Veterinária Farroupilha, fica comprovada a necessidade de aperfeiçoamento na área de

ortopedia veterinária.

A especialidade de maior frequência na CVF foi a dermatologia, sendo diagnosticada

mais nos períodos da primavera e verão.

Assim, esse estudo alerta a necessidade real de aperfeiçoamento profissional, a fim de

possibilitar prognósticos clínicos favoráveis e promover melhorias no bem estar dos animais e

em contra partida promover a saúde pública, visto que a convivência entre humanos e animais

é cada vez mais comum.

36

REFERÊNCIAS

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CASUÍSTICA CLÍNICA E CIRÚRGICA DE UMA CLÍNICA … · trabalho foi identificar qual especialidade da clínica é mais frequente e as deficiências existentes no atendimento, realizou-se