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Informativo interno da Embrapa Meio Ambiente 1 Informativo Interno da Embrapa Meio Ambiente Nº 112 - ANO 7 - 16 a 30 de novembro de 2014 Cata Vento

Catavento - 2ª quinzena de novembro 2014

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Informativo interno da Embrapa Meio Ambiente, que é uma Unidade de Pesquisa de Tema Básico, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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Informativo Interno da Embrapa Meio Ambiente • Nº 112 - ANO 7 - 16 a 30 de novembro de 2014

CataVento

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SUMÁRIO

Fórum do leitor

Este espaço é reservado para publicação de comentários, críticas e sugestões enviadas por você, leitor. Sua participação é fundamental, escreva para [email protected] ou [email protected] .

Entrevista .............................................................................................3

Workshop ............................................................................................4

Reunião .................................................................................................4

Agricultura familiar ........................................................................4

Viagem Internacional ...................................................................5

Agroecol 2014 ..................................................................................5

Ameaças Fitossanitárias ..............................................................5

6° Encontro Bienal de Biossegurança ................................6

SGP Informa .......................................................................................7

Congresso Internacional ............................................................7

Resenha ................................................................................................8

Chefe GeralCelso Vainer Manzatto

Chefe Adjunto de AdministraçãoMarcos Antônio Vieira Ligo

Chefe Adjunto de Pesquisa e DesenvolvimentoMarcelo A. Boechat Morandi

Chefe Adjunto de Transferência de TecnologiaLadislau Araújo Skorupa

Núcleo de Comunicação Organizacional - NCOCristina Tiemi Shoyama

Edislene Ap. Bueno RuzaEliana de Souza Lima

Gabriel Pupo NogueiraMarcos Alexandre Silva

Maria Cecília Valadares ZittoMaria Cristina Tordin

Silvana Cristina Teixeira

EXPEDIENTE

JornalistasMaria Cristina Tordin

Eliana Lima

TextoMaria Cristina Tordin

Eliana Lima

RevisãoEliana Lima

DiagramaçãoGabriel Pupo Nogueira

Foto da capaThinkstock/Embrapa

PeriodicidadeQuinzenal

Publicação de responsabilidade do Núcleo de Comunicação Organizacional - NCO da Embrapa Meio Ambiente, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Contatos e sugestão de matérias: [email protected] ou [email protected]

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A Comissão de Clima Organizacional e Qualidade de Vida da Unidade, composta por Maria Katy Anne (presidente), Izabel Grillo, Ana Gutzlaf, Luiz Wirten, Marcia Parma, Jeanne Scardini, Eliana Lima, Myrian Teixeira e Virgínia Morandi informa que está em fase de contratação oficinas com o tema “Gestão do Clima Organizacional com base no fortaleci-mento de relações éticas para a melhoria da percepção de igualdade e justiça de procedimentos”. A entrevista desse mês é com Katy Anne.

: O que serão essas oficinas?Katy - As oficinas fazem parte do plano de ação elaborado no mês de agosto e aprovado pelo DGP. Os serviços citados ainda estão em fase de contratação, com previsão de finalização até o final de 2014 e realizados no início de 2015.

: Ainda há atividades para esse ano?Katy - A Comissão prepara a Campanha de Natal que visa estimular atitudes de gentileza no ambiente de trabalho, compreendendo que esses gestos cola-boram para a melhoria das relações inter-pessoais e consequentemente do clima.

: Pode falar um pouco do que foi realizado em 2014?Katy - Entre abril e maio finalizamos a tabu-lação dos dados e apresentação dos resul-tados da pesquisa de satisfação do cliente interno aplicada em nov/dez de 2013.

De junho a agosto, houve a elabo-ração de um projeto de gestão do clima organizacional pautado em ações mais estruturadas e a longo prazo, focando em um item de baixa avaliação das últimas pesquisas, sendo escolhido “Igualdade e Justiça de Procedi-mentos”. Também aconteceu a apro-vação de parte das ações deste projeto por recursos do DGP, com a reali-zação de oficinas com o tema: Gestão do Clima Organizacional com base no fortalecimento de relações éticas para a melhoria da percepção de igualdade e justiça de procedimentos;

E de agosto a dezembro foi feita a articulação de ações de melhorias em parceria com a Campanha Mais e Melhor com oficinas sobre uso da intranet e a de comunicação interna, além de enquete sobre transparência, entendendo que essas ações possuem impacto sobre a gestão do clima; aplicação de pesquisa de qualidade de vida no trabalho, clima

e comprometimento organizacional realizada pelo DGP e a organização da Campanha Natal com Gentileza.

: O que está planejado para 2015?Katy - Em 2015 a comissão planeja executar a proposta de Gestão do Clima Organizacional com base no fortaleci-mento de relações éticas para a melhoria da percepção de igualdade e justiça de procedimentos, implementando as oficinas e realizando campanhas e outras ações.

Pode falar um pouco sobre a campanha “Natal e atitudes de gentileza”?Katy - Neste final de ano, a Comissão organiza uma campanha no Natal pautada em estimular atitudes de genti-leza. Em 2013 a campanha foi pautada no Natal com Arte e Cidadania. Apoiada em demandas levantadas na percepção organizacional realizada em 2013, onde apontava para a falta de educação, arro-gância, desrespeito e necessidade de valorização do ser humano no trabalho.

A ideia é que, por meio de atitudes simples, possamos estimular um clima mais amigável e gentil.

ENTREVISTA

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WORKSHOPEm 13 de novembro a discussão de áreas temáticas abordou a avaliação de impactos e gestão ambiental da agricultura. O objetivo foi promover discussão, interação e identificar prio-ridades de pesquisa nesta área. Os participantes foram Katia de Jesus, Ana Paula Packer, Cláudio Jonsson, Cláudio Buschinelli, Joel Quiroga e Marco Gomes.

O próximo workshop será realizado em 11 de dezembro, com o tema Quali-dade Agroambiental e Sistemas Produ-tivos Sustentáveis.

REUNIÃO

O estudo de ferramentas para avaliação das Ecoinovações foi discutido em reunião coordenada por Katia de Jesus em 12 de novembro, com pesquisa-dores da Universidade Nove de Julho e PPGA-Uninove. O objetivo foi discutir modelo sistemático de avaliação dos impactos diretos e indiretos que as ecoinovações provocam sobre o agro-

negócio, partindo-se de um estudo multi casos no segmento da indústria de fecularia do Norte e Noro-este do Paraná.

O acompanhamento e avaliação do projeto de pesquisa CLIMA-FITOS - cooperação bilateral Embrapa-INTA foi apresentado em 24 de novembro por Emilia Hamada e pesquisadores do INTA – Argentina.

AGRICULTURA FAMILIAR Em 20 de novembro, o Programa de Pós-graduação em Agronegócios (Propaga) da Universidade Nacional de Brasília, organizou o seminário com o tema "Agricultura Familiar e agronegócios: a pesquisa em foco", em comemoração ao ano da Agricul-tura Familiar.

Estudos atuais vêm apresentando um importante debate a respeito da dinâmica do mundo rural movimen-tado pela diversidade de situações da agricultura familiar (empresas fami-liares, agricultores familiares menos favorecidos, com ou sem acesso à terra. A pesquisadora Lucimar de Abreu partipou do Painel I – técnicas, métodos e instrumentos de pesquisa aplicados em estudos sobre temáticas que envolvam a agricultura familiar. Conforme a pesquisadora, “debates recentes sobre os agricultores fami-liares sustentam-se em diferentes

concepções teóricas e metodológicas cujas implicações sociais e políticas precisam ser reveladas”.

“Uma razão importante dessa discussão está no fato de que é neces-sário conhecer ou reconhecer as diversas situações de funcionamento das unidades de exploração, e assim situar as especificidades e qualifi-cando o conteúdo e a diversidade das formas sociais de produção. Apre-sentamos, nesta palestra, os aportes teórico e conceitual que subsidiam a discussão sobre os sistemas familiares de produção, caracterizando-os a partir da análise da diversidade das unidades de produção agrícola e da questão da sustentabilidade. A base desta apre-sentação são os resultados de diversos projetos ou estudos empíricos da reali-dade rural brasileira desenvolvidos sob minha responsabilidade nos últimos 20 anos”, explica Lucimar.

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VIAGEM INTERNACIONAL

Simone Prado esteve em Orlando, nos Estados Unidos, de 20 a 26 de novembro para apresentar a palestra "Endosymbionts from Basic Science to Potential Applications" e estabe-lecer possíveis colaborações com pesquisadores do "Citrus Research and Education Center", em Lake Alfred. O convite foi realizado pelo Professor Nabil Killiny, especialista em interações entre vetor e patógeno. Em 25 de novembro apresentou a palestra Endosymbionts from Basic Science to Potential Applications.

Rodrigo Mendes estará nos para EUA de 1 a 5 de dezembro para participar como convidado do grupo de trabalho do “Soil Renasssance”, com o objetivo de estabelecer cola-borações de longo prazo e identi-ficar prioridades de pesquisa em solo e saúde do solo. A reunião será na Noble Foundation, em Ardmore.

AMEAÇAS FITOSSANITÁRIAS – VIGILÂNCIA E CONTROLE TERRITORIAL

Luiz Alexandre de Sá irá apre-sentar o tema Sistema Quarente-nário de Inimigos Naturais Exóticos na Defesa Agropecuária Nacional, em seminário na Embrapa Gestão Territorial (Campinas, SP), em 3 de dezembro. O objetivo é apresentar estudos e discutir sobre as ameaças fitossanitárias no Brasil, incluindo estudos com base territorial e propostas de medidas de vigilância e controle territorial.

Serão realizadas palestras sobre o tema, incluindo os resultados de trabalhos realizados na Embrapa Gestão Territorial (SGTE) e resul-tados ou informações de trabalhos dos palestrantes convidados. O semi-nário abordará propostas de medidas de inteligência territorial para vigi-lância e controle, como base de polí-ticas, planos e programas governa-mentais e de setores do agronegócio brasileiro.

AGROECOL 2014

Os pesquisadores João Canuto, Katia de Jesus e Maria Aico Wata-nabe participaram do 1º Seminário de Agroecologia da América do Sul, do 5º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul, do 4º Encontro de Produtores Agroecológicos de MS e do 1º Seminário de Sistemas Agroflorestais em Bases Agroe-cológicas de MS, de 19 a 21 de novembro de 2014, em Dourados, MS. O tema central foi “Avanços e desafios em Agroecologia: como e onde precisamos chegar”.

Canuto falou sobre quintais agroflorestais e reprodução social – reflexões a partir de um monitora-mento econômico no Assentamento Fazenda Pirituba, Itapeva-SP,

Aico apresentou a proposta inte-grada para a reabilitação da comer-cialização de produtos beneficiados de agricultores familiares de base ecológica de Ouro Preto do Oeste, Rondônia.

E Katia abordou a incidência do moleque-da-bananeira em uma área degradada em transição agroecológica.

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6° ENCONTRO BIENAL DE BIOSSEGURANÇA DO ESPÍRITO SANTO E DA RENORBIO

A pesquisadora Deise Capalbo participou nos dias 30 e 31 de outubro de 2014, em Vitoria/ES, do 6° Encontro Bienal de Bios-segurança do Espírito Santo e da Renorbio. No Ano Internacional da Agricultura Fami-liar (AIAF) (http://www.fao.org/family--farming-2014/pt/), estabelecido pela FAO, o evento teve como tema central a “Biotec-nologia & Agricultura Familiar”. Na programação coube à Deise a coordenação da Mesa Redonda: Educação e Informação em Biossegurança, onde se buscou refletir sobre as implicações que um desenvol-vimento mais equitativo e equilibrado e uma maior conscientização trazem para a AF. Participaram como apresentadores, uma cientista, uma educadora e um agri-cultor que compartilharam suas experiên-cias com a biotecnologia. As informações mostraram como cada um deles contribui para a segurança (ambiental, social e econômica), para a conscientização das gerações, e como a comunicação - que permeia toda nossa vida - pode auxiliar no avanço rumo a uma real sustentabilidade. Mais especificamente foram abordados pelos apresentadores os temas: capacitação em análise de risco ambiental de plantas geneticamente modificadas; estimulo ao interesse pela ciência e a biotecnologia; e a biotecnologia e sua comunicação impac-tando a agricultura, em especial a AF. Os participantes do evento (profissionais e estudantes das áreas que compõem a biotecnologia, discutiram os fatos apresen-tados buscando indicar como podem incor-porar o conhecimento compartilhado pelos palestrantes em suas próprias atividades e vivências.

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ADVANCES IN FOOD PROCESS - CHALLENGES FOR THE FUTURE

Deise participou também nos dias 5 a 7 de novembro de 2014, no Hotel Royal Palm Plaza em Campinas, do Congresso Internacional “Advances in food process - challenges for the future”, organi-zado pela Elsevier, coordenado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL e pelo Instituto de Engenharia de Processos e Embalagens - Fraunhofer IVV, da Alemanha.

O tema do evento tratou dos desafios com os quais as indústrias de processa-mento de alimentos e os pesquisadores já estão enfrentando em sua área de atuação. No programa do evento esti-veram temas como novos conceitos e tecnologias para dar sustentabilidade ao processamento de alimentos, aspectos ambientais, sociais e econômicos, além das alternativas para manter o setor da alimentação competitivo e ativo.

Foram convidados a apresentar palestras representantes e especialistas da área da ciência e processamento dos alimentos que pertencem à indústria, ao setor público e ao governo para discutir opções disponíveis para melhorar a sustentabilidade desse setor, seja pelo uso de subprodutos na cadeia alimentar, pelo aumento do valor agregado aos produtos, ou ainda pela aplicação de novas tecnologias. Sobre esse último aspecto, Deise apresentou a palestra “Biotecnologia na agricultura - avanços que dão suporte à vida” (Biotechnology in agriculture - advances to sustain life, em inglês). Mais informações: http://www.advancesfoodprocessingconfe-rence.com/)

SGP INFORMA

Recessos de fim de ano

NatalO recesso no Natal abrangerá:- 24 de dezembro (quarta-feira)- 25 de dezembro (quinta-feira)- 26 de dezembro (sexta-feira)

Ano NovoO recesso no Ano Novo abrangerá:- 31 de dezembro (quarta-feira)- 1º de janeiro (quinta-feira)- 2 de janeiro (sexta-feira)

No período em que os empregados não estiverem em recesso, nos dias 24 e 31 de dezembro das respectivas semanas o expediente será encerrado às 12 horas, e nos dias 26 de dezembro e 2 de janeiro o horário de trabalho será normal.

Assistência funeralConforme informações da Previsul, em caso de morte de empregado(a) ou dependente, deve-se primeiro informar o ocorrido por meio do tele-fone 0800-555235 para obtenção das informa-ções sobre a assistência funeral. É importante ressaltar que para a obtenção do reembolso funeral é preciso que a Seguradora tenha o conhecimento sobre a ocorrência do sinistro.

Para demais esclarecimentos entrar em contato com os colegas Áurea Tomm (61 3448.4184) e Edvaldo Lima (61 3448.1745).

Licença especialO DGP comunicou que por determinação do SIAPE, informamos que os valores recebidos a título de pagamento da Licença Especial em Pecúnia passarão a ter incidência para o IRRF e que o valor retido será devolvido ao empregado no mesmo mês do recebimento.

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Incrível como os autores russos do século XIX e início do século XX, apesar da origem tão distinta da nossa em geografia, língua e costumes, conseguiram produzir obras que se tornaram universalmente lidas e admi-radas. Parece que houve um surto, uma epidemia, uma feliz e contagiosa explosão de criatividade literária nas terras do Czar, que nos deixou de herança alguns dos mais importantes e belos textos já escritos.

Fazendo jus à tradição russa, foi um verdadeiro revolucionário ao retratar a vida cotidiana do povo em romances e peças para o teatro. Ele inovou ao retirar os ingredientes para suas narra-tivas dos acontecimentos comuns às pessoas de carne e osso.

Escolhi resenhar um pequeno volume, em edição de bolso, que nos traz duas de suas peças de maior sucesso de público nos teatros russos por volta de 1900. Elas foram montadas por Stanislavski, uma lenda do teatro, para quem Tchékhov passou a redigir quase com exclusividade.

Eu tenho de admitir que até hoje demoro um pouco para pegar o ritmo na leitura de peças teatrais, por causa da forma de apresentação, com cada frase sendo precedida do nome de quem vai falar ou agir. Apesar disso, recomendo aos leitores que façam, de vez em quando, esse esforço, pois após algumas páginas é quase como se fossemos ao mesmo tempo o diretor e o cenógrafo da peça. Somos nós que ditamos o ritmo e a cor dos aconte-cimentos e, por recompensa, é como se assistíssemos a uma apresentação privada, única, exclusiva.

Para ainda falar de obstáculos à leitura, os nomes russos dos persona-gens não facilitam muito o acompa-nhamento do enredo, mas, para isso, tenho um conselho: eu faço uma cópia da página na qual o autor nos apresenta os personagens, seus nomes, idade, parentesco e posição ou profissão, e a mantenho ao lado para me certificar de quem é quem sempre que uma dúvida surge. Isso é necessário principalmente para aqueles que, como eu, não têm

RESENHA

Título: O jardim das cerejeiras seguido de Tio VâniaEditora: L&PM, autor: Tchékhov

Anton Pavlovitch Tchékhov, um deles, é reconhecido principalmente como dramaturgo e um dos maiores contistas de todos os tempos. Teve origem humilde, mas não camponesa, tornou-se médico, viveu e trabalhou por um bom tempo no interior da Rússia, onde conviveu, por dever de ofício, com pessoas de todo tipo, que viriam a dar vida aos seus personagens de forma tão realística.

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mais uma memória de elefante (para mim, só sobrou parte do peso desse animal), pois, além dos nomes serem incomuns para nós, brasileiros, em cada situação os russos se chamam de uma forma: pelo nome, sobrenome, nome do meio, diminutivos etc.

Passemos então a melhor parte, as peças. O ambiente em que se desen-volvem as tramas das duas obras é o da Rússia pré-revolução, ainda sob o poder absoluto do Czar, mas com nítido sabor de decadência, o prenúncio do fim de uma era.

Na primeira história, ‘O jardim das cerejeiras’, nos deparamos com a descrição do cotidiano em uma propriedade rural de família aristocrá-tica à beira da ruína financeira, onde circulam os personagens que, por seu lado, também sofrem de uma certa degradação moral. A única força que surge é a do trabalho de um antigo servo, mas essa dá a impressão de ser um tanto rancorosa e em parte sem destino, o que retrata uma sociedade na qual brotam as novas classes que ainda não encontraram sua posição e sentido na ordem das coisas. Nesse ambiente, o que para uns é o maior e mais belo conjunto de cerejeiras da Rússia, que com sua mais que centenária beleza evoca sublimes memórias e alimenta lindos sonhos, para outros é apenas um enorme terreno que pode dar lucro se extirpado daquelas velhas árvores.

Nesse ponto, tenho de falar do tradutor, que é nada menos que Millôr Fernandes. Ele nos explica o motivo pelo qual Tchékhov chamou na sua peça de ‘jardim’ àquela imensa área com árvores frutíferas, e não de ‘pomar’. É que, embora no passado tenha havido produção e utilização econômica das frutas, o momento é

de tal irracionalidade e alheamento por parte dos velhos ricos – futuros pobres – que eles amam e querem manter aquele potencial pomar apenas como objeto de prazer, esperam dele apenas que floresça e perfume o ar, desprezando qualquer utilidade prática. Com uma simples escolha de palavra é definido o motivo por trás de toda a história.

A segunda peça foi a que me levou a comprar esse livro. Eu li há alguns anos um livro muito interessante, a começar pelo título: ‘Por que almocei meu pai’, de Roy Lewis, no qual um personagem marcante se chama Tio Vanya. Eu nunca havia parado para pensar se essa criatura seria inspirada na famosa peça de Tchékhov, mas, por acaso, em curto espaço de tempo me deparei com situações que despertaram lembranças ora de um texto ora de outro e isso despertou a minha curio-sidade. No livro de Lewis, que trata da evolução dos homens das cavernas, o Tio Vanya é um membro da tribo próxima ao salto evolutivo que é total-mente refratário aos novos hábitos, como, por exemplo, usar o fogo para cozinhar a carne da caça ao invés de comê-la crua. Acabei por acreditar que há uma sutil homenagem ao perso-nagem de Tchékhov na obra mais recente, da década de 1960.

No roteiro tchekhoviano, o mote é novamente a vida cotidiana de uma família e seus agregados em uma propriedade rural, onde o clima de doença social por que passa a idola-trada mãe Rússia se reflete no compor-tamento de todos, em especial na inuti-lidade e apatia dos mais bem nascidos. Nesse ambiente vamos encontrar o Tio Vânia original, um ser perdido, inútil, que não sente pertencer mais ao tempo

e ao local que ocupa, mas não sabe ou não quer mudar.

Uma passagem surpreendente do texto é um discurso quase ambien-talista que passaria facilmente por contemporâneo, apesar de escrito há mais de cem anos. Numa longa fala, o médico Astrov, que é um ativo plan-tador de árvores no seu tempo livre, faz uma veemente crítica ao desfloresta-mento da região. Entretanto, o motivo da condenação é bastante diferente do atual, pois ele até concordaria com essa ‘influência irresistível da civilização’ se ‘no lugar das florestas derrubadas houvesse agora estradas e ferrovias... usinas, fábricas, escolas’. Mas, não da forma como estava a ocorrer, sem gerar riquezas e, ao contrário, levando a um ‘quadro de dolorosa decadência’.

Enfim, os ágeis textos são român-ticos, dramáticos e cômicos quase ao mesmo tempo. O papel da beleza e da feiura, da riqueza e da penúria, do trabalho e da preguiça, da inteligência e da tolice, da lealdade e da canalhice, são distribuídos entre os personagens com humor e arte, de forma a expor em detalhes os vícios e virtudes a que todos estamos sujeitos.

Alfredo José Barreto Luiz

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