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ANTROPOLOGIA CÉLULAS-TRONCO: O CONTEXTO BRASILEIRO 1

Células Tronco

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Page 1: Células Tronco

ANTROPOLOGIA

CÉLULAS-TRONCO: O CONTEXTO BRASILEIRO

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Page 2: Células Tronco

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................3

MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................3

REVISTA DA LITERATURA

CÉLULAS TRONCO........................................................................4

USO DAS CÉLULAS TRONCO......................................................5

ÉTICA..............................................................................................6

ASPECTOS REGULATÓRIOS........................................................10

ASPECTOS LEGAIS.......................................................................13

ASPECTOS RELIGIOSOS..............................................................17

CLONAGEM TERAPÉUTICA..........................................................20

O USO DAS CÉLULAS EMBRIONÁRIAS NO BRASIL.................21

PANORAMA INTERNACIONAL ....................................................23

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................28

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Page 3: Células Tronco

INTRODUÇÃO

As células-tronco saíram do anonimato quando o universo científico

divulgou ao mundo a possibilidade de sua utilização em técnicas terapêuticas

no final da década de 90 no século passado. Cientistas, nesta época,

conseguiram controlar a diferenciação destas células em tecidos específicos

como células nervosas, células produtoras de insulina e células musculares

funcionais. O uso potencial comercial e terapêutico desta tecnologia de

controle de células totipotentes, originárias das células-tronco, aproximou a

sociedade da academia.

O entusiasmo inicial, logo foi submerso em um intrincado contexto

ético e legal, fomentado por valores religiosos e culturais e informações

midiáticas controversas sobre a origem das células. A ética revisita a

segunda-guerra mundial e os experimentos nos campos de concentração,

trazendo o debate dos direitos humanos ao indivíduo potencial, aquele

doador das células que não se realizará como pessoa, para que um outro

propósito, este terapêutico, possa ser alcançado. Traz a idéia do filho que é

gerado para doar a medula a seu irmão, só que com o agravante desta

doação inviabilizar sua própria vida.

Não se pode, entretanto, por mais polêmico que seja o assunto,

deixar de mencionar que as células-tronco podem revolucionar a medicina

regenerativa, acarretando benefícios para a saúde e a qualidade de vida de

milhares de pessoas portadoras, por exemplo, de doenças degenerativas ou

que sofreram algum tipo de trauma.

O presente trabalho teve como objetivo propor uma discussão

juridicamente contextualizada sobre a pesquisa com células tronco no Brasil,

e sua utilização terapêutica.

MATERIAIS E MÉTODOS.

Os artigos publicados entre os anos de 2007 e 2011 foram

pesquisados nas Bases Scholar Google e Lilacs, utilizando os termos: células

tronco, aspectos culturais, aspectos antropológicos, assuntos regulatórios,

bioética e legislação. Os artigos obtidos (em inglês e português) foram

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analisados e suas referências também levantadas, principalmente com

relação às publicações consideradas fundamentais. A legislação referente à

utilização de células-tronco foi obtida junto ao site do Planalto

(www.planalto.gov.br) e Vigilância Sanitária1.

REVISTA DA LITERATURA

CÉLULAS TRONCO.

São denominadas células tronco, aquelas células com potencial de

se diferenciarem nas demais células do corpo humano. Elas podem ser

originárias de embriões (figura 1), de fetos ou de seres humanos

completamente desenvolvidos. Não há controvérsia com relação ao uso de

células humanas de adultos que podem voluntariamente e por meio de

termos de consentimento livre e esclarecido, doá-las para estudo, o problema

centra-se na utilização de células de fetos e de embriões. Do ponto de

cronológico, o embrião seria o estágio do zigoto alguns dias após a

fecundação. Entre o 5o e o 6o dia, um conjunto de células ainda não fixadas

no útero, o blastocisto, já permitem a extração de células-tronco do seu

interior. Possuem em média, 128 células no total, aproximadamente, 7

divisões celulares após a fecundação. Depois desta fase, as células

começam a se especializar e não permitem mais a diferenciação em todos os

tecidos (Liskier, 2003).

Entende-se como feto, a fase seguinte à embrionária, após a 8a

semana da fecundação. Já possui os órgãos e os tecidos que serão

desenvolvidos durante o estágio gestacional. Nesta fase, as células tronco

obtidas são possíveis de serem extraídas, porém já guardam na memória

marcadores genéticos que podem não ser compatíveis com os receptores.

As células do cordão umbilical também são doadoras em potencial de células

tronco, porém trazem o mesmo problema da compatibilidade com o receptor,

caso este não seja o mesmo indivíduo doador (Liskier, 2002; Brivanlou, 2003)

1 http://websphere.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home/!ut/p/c5/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_AwN_Q_1wkA48Kowg8gY4gKOBvp9Hfm6qfkF2dpqjo6IiAJYj_8M!/dl3/d3/L2dJQSEvUUt3QS9ZQnZ3LzZfQ0dBSDQ3TDAwMDZCQzBJRzVONjVRTzAwTzE!/?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/Anvisa/Anvisa/Inicio

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Page 5: Células Tronco

Existe ainda hoje a possibilidade de se obter um zigoto gerado pela

célula de um indivíduo de qualquer idade, por meio de uma técnica que não

requer a fecundação do gameta feminino pelo masculino. Um ovócito,

gameta feminino, tem seu núcleo artificialmente removido da célula, e recebe

em troca, o núcleo de uma célula somática qualquer de um indivíduo (adulto

ou criança). Este zigoto, na verdade um clone do doador (possui todo o

material genético do indivíduo doador, exceto pelo DNA encontrado na

mitocôndria da célula receptora), possui o potencial de se multiplicar até a

fase de blastocisto, quando as células-tronco poderiam ser removidas e

utilizadas no doador (Liskier, 2002; Wilmut et al., 1997)

A tecnologia atual não permite que as células-tronco de adultos se

especializem em qualquer tecido fora aquele de onde foi isolada, de modo

que seu valor terapêutico ainda não se equipara ao das células embrionárias.

Figura 1. Representação gráfica de células-tronco embrionárias.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/vaticano-reprova-testes-com-celulas-tronco-retiradas-de-

embrioes

USO DAS CÉLULAS-TRONCO

A pesquisa com as células-tronco é fundamental para entender

melhor o funcionamento e crescimento dos organismos e como os tecidos se

mantêm ao longo da vida adulta. Esse conhecimento é fundamental para

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Page 6: Células Tronco

compreender o que se passa com o organismo durante uma doença. O

desenvolvimento de células-tronco fornece aos pesquisadores ferramentas

para modelar doenças, testar drogas e desenvolver terapias efetivas.

A terapia celular, que consiste na substituição de células doentes

por células saudáveis, é um dos potenciais usos das células-tronco no

combate a doenças. Em teoria, qualquer doença em que haja degeneração

de tecidos poderia ser tratada através da terapia celular.

ÉTICA

O debate ético quanto ao uso das células tronco abrange desde os

aspectos deontológicos dos profissionais envolvidos, até as considerações

econômicas de sua comercialização. Células de embriões que foram

legalmente abortados, por exemplo, poderiam ser vendidas pela melhor

oferta do mercado. O ponto nevrálgico, contudo, está na determinação do

embrião como um ser vivo ou apenas como um conjunto de células. Envolve

a discussão ética não apenas no seu sentido filosófico, mas como

instrumento de ordenamento de decisões relativas à vida, a bioética.

Proporciona a reflexão que orienta a sociedade nesta matéria, que inclui a

avaliação da situação com enfoque utilitário, deontológico ou baseada na

virtude.

Etimologicamente, a palavra bioética vem de dois termos gregos:

bios (vida) e ethos (costume) o último, derivou, a partir do século XIV, o termo

éthikê, relativo aos costumes. Coloca-se, assim, a questão essencial da

relação entre a vida (em sentido amplo) e a moral (Campos Jr., 2008). A

bioética seria uma resposta da ética as novas situações oriundas da ciência,

ocupando-se não só dos problemas éticos, provocados pelas tecnociências,

como também, dos decorrentes da degradação do meio ambiente, da

destruição do equilíbrio ecológico (Diniz, 2002).

Constituiria, portanto, uma resposta aos riscos inerentes à prática

tecnocientífica e biotecnocientífica, como os riscos associados aos

organismos geneticamente modificados, que podem ter originado o

aparecimento de novas doenças viriais ou o ressurgimento de antigas

moléstias mais virulentas, e os riscos ecológicos, resultantes da queimada,

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da poluição, do corte de arvores, da introdução de organismos geneticamente

modificados no meio ambiente ou da redução da biodiversidade (Diniz, 2002).

Do ponto de vista biológico, o embrião, quer fertilizado

naturalmente, quer oriundo de fertilização assistida ou por transferência de

núcleo de uma célula de doador (por clonagem), possui potencial para se

transformar em um indivíduo desde que seja implantado em um útero em

condições adequadas. A remoção das células-tronco inviabiliza o

desenvolvimento do embrião de modo que o restante das células sucumbe.

Ou seja, a remoção das células-tronco de um embrião, com pouco mais de

100 células, que em condições naturais não teria ainda se fixado no útero e

não possuiria qualquer caracterização tecidual ou de órgãos, não permite que

o indivíduo que potencialmente adviria daquela fecundação (ou clonagem)

venha a existir.

Para aqueles que consideram que a vida advém de outros marcos

gestacionais que não a fecundação, não há qualquer óbice à extração ou

mesmo cultivo destas células. Contudo, para aqueles cujos valores atribuem

a vida ao momento da fecundação (e aqui existem alguns que vão além e

acreditam na vida com as primeiras reações químicas da entrada do material

genético do espermatozóide no óvulo), a obtenção das células-troncos pode

ser traduzida como um ato de terminação da vida. Como crítica, aqueles que

creditam a vida à fecundação, não podem condenar a utilização do embrião

clonado com fonte de células tronco já que a célula que inicia a formação do

embrião não advêm da fecundação com gametas femininos e masculinos, e

sim a transferência do núcleo de uma célula adulta para uma célula

enucleada com potencial de proliferação (Rocha, 2008). Dentre as teorias

genético-desenvolvimentalistas relacionadas ao início da vida, as mais

mencionados na literatura são:

a. Teoria da Nidação: Considera que a vida se inicia quando o embrião

se fixa no útero materno. Fundamenta-se na assertiva de que existe

um maior numero de embriões que não se fixam no útero do que os

que se fixam, sendo portanto, natural a perda desde óvulo fecundado.

O grupo de células não pode naturalmente se multiplicar a partir de

certo ponto, sem que receba nutrição externa. Caso contrário, as

células mais internas sucumbem à falta de nutrientes. Na

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Page 8: Células Tronco

contrapartida, questiona-se que existem bebes que são gerados no

abdômen, ou seja, extra-útero. Na prática, a nidação deve ocorrer no

abdômen, pois o não aporte de nutrientes inviabiliza a evolução do

embrião (Leist et al., 2008; Tannert, 2006).

b. Teoria da Formação de Rudimentos do Sistema Nervoso. Baseia-

se na idéia de que o tecido nervoso começa a se diferenciar entre o

15o e o 40o dia da vida embrionária e, aproximadamente na 8a semana,

já permite detecção de atividade elétrica. Sem atividade, não haveria

qualquer possibilidade biológica de consciência, de modo que o

individuo não estaria vivo na nossa concepção de ser humano. Sua

crítica sustenta-se no fato que a não detecção não necessariamente

indica que esta atividade não exista, apenas que a tecnologia hoje não

permite avaliá-la. Na dúvida, o marco deveria ser o aparecimento do

sulco neural e não da atividade cerebral (Leist et al., 2008; Tannert,

2006).

c. Teoria do Pré-embrião. Esta teoria, utilizada mundialmente como

referência sobre a qual diversos códigos foram criados, surgiu na

Inglaterra em 1984 (Relatório Warnock, Departamento de Saúde e

Seguridade Social do Reino Unido)2. O Relatório estabelece, após um

estudo científico aprofundado sobre a evolução do embrião, que a

formação do individuo como pessoa não é uma questão de fatos, e

sim uma decisão a luz de princípios morais. Estabeleceu que, até o

14o dia, o que existe são células sem diferenciação (especialização)

que as identifique como um ser humano (algumas ainda se

transformarão na placenta, por exemplo), de modo que este limite

seria apropriado para o estudo destas células. Gêmeos, por exemplo,

nesta fase não são identificáveis, fortalecendo a teoria de que o

embrião não apresentam ainda neste momento, células diferenciadas

que formarão o individuo como entidade biológica. A crítica incide no

fato de alguns acreditarem que o surgimento do corpo não se

relaciona com o inicio da vida já que todas as células fertilizadas

desde o inicio contém o código genético para se desenvolver em um

2 http://www.hfea.gov.uk/docs/Warnock_Report_of_the_Committee_of_Inquiry_into_Human_Fertilisation_and_Embryology_1984.pdf

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ser humano. Criticam ainda o termo pré-embrião, acusando os

pesquisadores de o utilizarem para desmistificar o uso do embrião.

Sgreccia, 2002, personifica esta critica quando estabelece que o

embrião é em potencia uma criança, um adulto, ou um velho, mas não

em potencia um individuo; isso já o é em ato.

Deste modo, a discussão ética com relação à utilização de embriões

para pesquisa, variará de acordo com os valores morais da sociedade

em que estão inseridos. Nestas discussões, os valores pessoais dos

participantes também são levados em consideração, bem como a

situação em que se encontra o indivíduo. Existem inúmeros modelos

teóricos que propõem fundamentar a interpretação da compreensão

individual de questões morais, do exercício de julgamentos morais, e

adoção de comportamentos morais. Alguns autores sugerem que as

decisões éticas são tomadas tendo como base os valores morais

individuais (Reidenbach & Robin, 1988), outros se baseiam nos níveis

cognitivos de desenvolvimento moral (Kohlberg, 1969; Kohlberg, 1984;

Rest, 1986; Trevino, 1986; Trevino, 1992) ou mesmo na intensidade

moral da situação (Jones, 1991). Existem ainda aqueles que

desenvolveram modelos de tomada de decisão fundamentados em

normas sociais, considerando a severidade das conseqüências dos

atos resultantes desta situação (Ferrel & Gresham, 1985; Harrington,

1997). Em outras palavras, quem está próximo de uma situação que

se beneficiaria da utilização da célula tronco tenderia a ser mais

flexível na sua concepção do início da vida, ao contrário dos que estão

distantes da problemática.

Hoje, as discussões éticas com relação à utilização de células

tronco embrionárias em pesquisa são travadas, na prática, no âmbito dos

Comitês de Ética e de Pesquisa registrados no Conselho Nacional de Ética

em Pesquisa (CONEP)3, bem como no próprio CONEP. Este processo de

discussão ética de um protocolo de pesquisa e sua aprovação é reconhecido

internacionalmente como cumprimento dos assuntos regulatórios quanto a

pesquisa em um determinado país.

3 http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html

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ASPECTOS REGULATÓRIOS.

O maior marco da Humanidade no século passado, quanto a

valorização da vida humana, foi a publicação do Código de Nuremberg, em

1947, documento divulgado junto às sentenças dos indivíduos julgados no

tribunal de Nuremberg (a maioria médicos considerados criminosos pelas

atrocidades dos experimentos conduzidos em prisioneiros), contendo uma

série de considerações sobre os aspectos éticos envolvidos na condução de

pesquisa com seres humanos. O texto, eloqüentemente escrito, traçou

lucidamente os princípios que regulamentam até hoje as normas

internacionais sobre o assunto. Em seguida, a Associação Médica

Internacional produziu uma declaração conhecida como Declaração de

Helsinki, por ter sido preparada e divulgada na Assembléia Geral da

Associação em Helsinki na Finlândia (1964). Quase 10 anos depois do final

da II Guerra Mundial, afasta-se do conceito processual do Código de

Nuremberg, e traz para a prática médica os princípios descritos,

principalmente na condução de pesquisas clínicas com seres humanos. Esta

declaração vem sendo revisada e re-editada periodicamente (1975, 1983,

1989, 1996, 2000, 2004 e 2008). Como mérito, trouxe ao cenário, o rigor e o

método científico, associados à transparência da conduta e do processo.

Esta transparência evoluiu com o passar dos anos, para a obrigatoriedade de

submissão de um projeto de pesquisa para uma avaliação externa e

independente, inclusive em alguns casos com a participação de

representantes de segmentos específicos da sociedade, quando este

segmento for objeto da pesquisa. A Organização Munidal de Saúde (OMS)

em colaboração com o Council for International Organizations of Medical

Sciences (CIOMS) emitiu então oficialmente orientações específicas

(guidelines) sobre a conduta ética em pesquisa clínica com seres humanos,

na tentativa de reunir o maior consenso de interpretações sobre o tema no

contexto internacional.

No Brasil, a primeira norma sobre o assunto foi a Resolução do

Conselho Nacional de Saúde no 1, de 1988, que tratava de diversos

assuntos, inclusive a ética médica da pesquisa com seres humanos. Esta

norma não foi implementada pela sociedade, e uma nova resolução a

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substituiu, esta resultado de um grupo especifico de trabalho sobre pesquisa

em seres humanos, a Resolução 196/96 (Conselho Nacional de Saúde).

Com relação a “eticidade” da pesquisa envolvendo seres humanos,

estabelece que deve envolver o consentimento livre e esclarecido dos

indivíduos alvo, ou sujeitos de pesquisa, e deve proteger os grupos

vulneráveis e aos legalmente incapazes. Neste sentido, a pesquisa deve

tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em

sua vulnerabilidade. Todos os projetos envolvendo genética humana e

reprodução humana devem receber autorização do CONEP antes de serem

iniciados. O termo pesquisa em reprodução humana foi em 2000 definido

pela Resolução nº 303 como toda aquela pesquisa que envolver o

funcionamento do aparelho reprodutor, procriação e fatores que afetam a

saúde reprodutiva da pessoa humana, incluindo as pesquisa com intervenção

em:reprodução assistida, anticoncepção, manipulação de gametas, pré-

embriões, embriões e fetos, e medicina fetal.

As diretrizes para análise dos projetos em genética humana vieram

apenas em 2004, com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 340.

Sobre os aspectos éticos, estabelece que:

“A finalidade precípua das pesquisas em genética deve estar relacionada ao

acúmulo do conhecimento científico que permita aliviar o sofrimento e

melhorar a saúde dos indivíduos e da humanidade.

III.1 - A pesquisa genética produz uma categoria especial de dados por

conter informação médica, científica e pessoal e deve por isso ser avaliado o

impacto do seu conhecimento sobre o indivíduo, a família e a totalidade do

grupo a que o indivíduo pertença.

III.2 - Devem ser previstos mecanismos de proteção dos dados visando

evitar a estigmatização e a discriminação de indivíduos, famílias ou grupos.

III.3 - As pesquisas envolvendo testes preditivos deverão ser precedidas,

antes da coleta do material, de esclarecimentos sobre o significado e o

possível uso dos resultados previstos.

III.4 - Aos sujeitos de pesquisa deve ser oferecida a opção de escolher entre

serem informados ou não sobre resultados de seus exames.

III.5 - Os projetos de pesquisa deverão ser acompanhados de proposta de

aconselhamento genético, quando for o caso.

III.6 - Aos sujeitos de pesquisa cabe autorizar ou não o armazenamento de

dados e materiais coletados no âmbito da pesquisa, após informação dos

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procedimentos definidos na Resolução sobre armazenamento de materiais

biológicos.

III.7 - Todo indivíduo pode ter acesso a seus dados genéticos, assim como

tem o direito de retirá-los de bancos onde se encontrem armazenados, a

qualquer momento.

III.8 - Para que dados genéticos individuais sejam irreversivelmente

dissociados de qualquer indivíduo identificável, deve ser apresentada

justificativa para tal procedimento para avaliação pelo CEP e pela CONEP.

III.9 - Nos casos de aprovação de desassociação de dados genéticos pelo

CEP e pela CONEP, deve haver esclarecimento ao sujeito de pesquisa sobre

as vantagens e desvantagens da dissociação e Termo de Consentimento

específico para esse fim.

III.10 - Deve ser observado o item V.7 da Resolução CNS No 196/96,

inclusive no que se refere a eventual registro de patentes.

III.11 - Os dados genéticos resultantes de pesquisa associados a um

indivíduo identificável não poderão ser divulgados nem ficar acessíveis a

terceiros, notadamente a empregadores, empresas seguradoras e

instituições de ensino, e também não devem ser fornecidos para cruzamento

com outros dados armazenados para propósitos judiciais ou outros fins,

exceto quando for obtido o consentimento do sujeito da pesquisa.

III.12 - Dados genéticos humanos coletados em pesquisa com determinada

finalidade só poderão ser utilizados para outros fins se for obtido o

consentimento prévio do indivíduo doador ou seu representante legal e

mediante a elaboração de novo protocolo de pesquisa, com aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa e, se for o caso, da CONEP. Nos casos em

que não for possível a obtenção do TCLE, deve ser apresentada justificativa

para apreciação pelo CEP.

III.13 - Quando houver fluxo de dados genéticos humanos entre instituições

deve ser estabelecido acordo entre elas de modo a favorecer a cooperação e

o acesso eqüitativo aos dados.

III.14 - Dados genéticos humanos não devem ser armazenados por pessoa

física, requerendo a participação de instituição idônea responsável, que

garanta proteção adequada.

III.15 - Os benefícios do uso de dados genéticos humanos coletados no

âmbito da pesquisa, incluindo os estudos de genética de populações, devem

ser compartilhados entre a comunidade envolvida, internacional ou nacional,

em seu conjunto.

III.16 - As pesquisas com intervenção para modificação do genoma humano

só poderão ser realizadas em células somáticas. “

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A regulamentação legal veio apenas em 2005, com a Lei nº 11.105

que regulamentou os incisos II, IV e V do §1o do artigo 225 da Constituição.

ASPECTOS LEGAIS.

Muitos são os ordenamentos jurídicos e as normas que buscam

tutelar a vida humana. Embora o respeito à vida não deva ser considerado

apenas uma imposição jurídica, ao ser reconhecido pela ordem jurídica,

torna-se um direito primário, personalíssimo, essencial, absoluto,

irrenunciável, inviolável, imprescritível, indisponível e intangível, sem o qual

os outros direitos subjetivos perderiam o interesse para o individuo.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 estabelece

em seu artigo III que toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à

segurança pessoal. Igualmente importante é o artigo I que estabelece que

todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade de direitos. Ou seja,

todos têm direito de igual proteção da lei.

Em 1966, a Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu o

Pacto de Direitos Civis e Políticos que, em seu artigo 6o , §1o , que o direito à

vida é inerente à pessoal humana e que este direito devera ser protegido

pelas Leis não podendo, qualquer pessoa, ser arbitrariamente privada de sua

vida. Três anos depois, a Convenção Americana de Direitos Humanos

estabeleceu na Costa Rica, o Pacto de São Jose, que reconheceu que

pessoa seria “todo ser humano”, ou seja, não distinguia a vida intra ou extra-

uterina. Em seu artigo 4o, estabeleceu que:

“Toda pessoa tem direito a que se respeite sua vida. Esse direito deve ser

protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode

ser privado da vida arbitrariamente”

O termo “em geral” utilizado na normativa pode ser interpretado de

duas maneiras: que o texto admite exceções ou que “em geral” foi utilizado

para estabelecer ordinariedade à situação.

Em 1997, a Declaração Universal do Genoma Humano e dos

Direitos Humanos em seu artigo 1o determina que o “o genoma humano

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subjaz à unidade fundamental de todos os membros da humanidade e

também ao reconhecimento de sua dignidade e de sua diversidade

inerentes.” Seu artigo 10 determina que:

“nenhuma pesquisa ou aplicação relativa ao genoma humano, em especial nos

campos da biologia, genética e medicina, deve prevalecer sobre o respeito aos

direitos humanos, as liberdades fundamentais e a dignidade humana.”

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, estabelece que o Brasil

é regido nas suas relações internacionais por vários princípios, inclusive a

“prevalência dos direitos humanos” e que os direitos e garantias individuais

não poderão ser objeto de deliberação a proposta de ementa tendente a

aboli-los. A tutela à vida é garantida em seu artigo 5o:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-

se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes;”

Na esfera infraconstitucional, o artigo 2o do novo Código Civil

abriga os direitos do nascituro, desde sua concepção e também estabelece a

responsabilidade civil ao lesante em razão de dano moral ou patrimonial por

atentado à vida alheia:

“Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a

lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”

Com relação ao Código Penal, a proteção à vida humana encontra

amparo penal com a tipificação dos crimes de homicídio simples e

qualificado, o infanticídio, o aborto e o induzimento, a instigação e o auxilio ao

suicídio.

Especificamente, o assunto foi tratado na Lei nº 8.974 de 1995, que

estabelecia a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

(CNTBio) que tinha como competência, acompanhar o desenvolvimento e o

progresso técnico e cientifico na engenharia genética, na biotecnologia, na

bioética, na biossegurança e em áreas afins. Neste momento, a manipulação

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Page 15: Células Tronco

genética de células germinais foi expressamente vedada, bem como a

intervenção em material humano in vivo.

Esta Lei foi revogada em 2005, pela Lei no 11.105 (Lei de

Biossegurança), que em seu artigo 5º autorizou a pesquisa com células-

tronco embrionárias:

“Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-

tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in

vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes

condições:

I – sejam embriões inviáveis; ou

II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da

publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei,

depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de

congelamento.

§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa

ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter

seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética

em pesquisa.

§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere

este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no

9.434, de 4 de fevereiro de 1997”

Este texto, prolixo e demasiadamente abrangente, é digno de

severas críticas. Assuntos que têm a genética em comum porem com valores

e alcances totalmente diversos como a produção de sementes transgênicas e

a utilização de embriões humanos foram tratadas lado a lado. Sua

constitucionalidade é colocada a prova quando o leitor considera a vida

inerente à concepção, conforme estabelecido no Tratado Internacional de

São José, ratificado pelo Brasil. Como a Constituição estabelece que o direito

a vida é inviolável e o tratado foi reconhecido pelo Brasil, do ponto de vista

jurídico a manipulação do embrião seria inconstitucional.

Outro ponto questionável quanto à lei é a sua concepção quanto ao

sentido do termo “embriões inviáveis”. Qual seria este sentido? A atribuição

da variável temporal, no caso 3 anos ou mais, para estabelecer viabilidade

também não merece melhor sorte tendo em vista diversos casos publicados

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Page 16: Células Tronco

quanto a viabilidade de embriões congelados há vários anos, inclusive um

congelado há 20 anos (Dowling-Lacey et al., 2010).

Sendo assim, a Lei de Biossegurança foi alvo de Ação Direta de

Inconstitucionalidade, interposta em 2005.

Em resposta à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3510),

proposta pelo procurador-geral da república Cláudio Fonteles, o STF decidiu,

em 29 de maio de 2011, que as pesquisas com células-tronco embrionárias

não violavam o direito à vida (Art.5º, caput, Constituição Federal)4 ou a

dignidade humana (Art. 1º, inciso III, Constituição Federal)5 (Supremo

Tribunal Federal - STF, 2008). O relator da ação, o ministro Carlos Aires

Britto, fundamentou o seu voto levantando os seguintes pontos (Supremo

Tribunal Federal - STF, 2008; Azevedo):

- A Constituição Federal (CF) garante o direito à vida, à saúde, ao planejamento

familiar e à pesquisa científica.

- O destinatário dos direitos fundamentais garantidos pela nossa Carta Magna é

a pessoa nascida com vida (Art. 2º do Código Civil)6.

- O Estatuto da Criança e do Adolescente que considera criança a pessoa que

não atingiu os 12 anos de idade a partir do primeiro dia de vida extra uterina.

- Embriões que não foram produzidos no corpo de uma mulher, não contam com

a proteção da lei contra aborto.

Vale a pena mencionar o que a ministra Ellen Gracie, que

acompanhou o voto do relator, mencionou (STF, 2008):

“Por outro lado, o pré-embrião também não se enquadra na condição de

nascituro, pois a este, a própria denominação o esclarece bem, se pressupõe a

possibilidade, a probabilidade de vir a nascer, o que não acontece com esses

embriões inviáveis ou destinados ao descarte”.7

4 Artigo 5º. , caput, da Constituição Federal : “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”5 Artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal: “A república Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III – a dignidade humana”6 Artigo 2º. do Código Civil:” A personalidade Civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei dispõe a salvo, desde a concepção os direitos do nascituro.”7 www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.asp

16

Page 17: Células Tronco

Acompanharam os votos dos ministros Carlos Aires Britto e Ellen

Gracie, os ministros Cármen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim Barbosa, Marco

Aurélio e Celso de Mello.

Os ministros Cezar Peluso e Gilmar Mendes concordaram com a

constitucionalidade da lei, mas queriam que houvesse um controle rigoroso

por parte do CONEP.

Os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Ricardo Lewandowski

e Eros Grau, entre outras ressalvas feitas em seus votos, queriam que a

pesquisa ocorresse somente se os embriões ainda viáveis não fossem

destruídos para a retirada da célula tronco.

ASPECTOS RELIGIOSOS.

Neste trabalho, julgou-se necessário analisar a questão do uso de

embriões (ou melhor dizendo, pré-embriões) criopreservados, na obtenção

de células-tronco embrionárias, dentro de uma perspectiva religiosa. Duas

são as motivações: primeiro, porque as principais críticas vem da Igreja

Católica e, segundo, porque a religião tem uma importância muito grande na

forma como indivíduos e sociedades se posicionam em relação a esse tema.

Etimologicamente, religião vem do latim religio que significa

"prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar".

Considera-se, nesta análise, que a religião é vinculante, tendo papel muito

importante na vida de uma pessoa, ajudando-a a criar um contexto para sua

existência e a fundamentar, por possuir um poder coercitivo e regulador, as

suas ações.

Como mencionado, um dos principais opositores ao uso de células

embrionárias é a Igreja Católica. Vale a pena citar, que ela não é contra o uso

de células-tronco adultas em pesquisas, ao contrário, o Vaticano já

demonstrou interesse em financiar pesquisa para o tratamento de doenças

intestinais (Associate Press, 2010). Ocorre que ela é contra as pesquisas

com pré-embriões criopreservados, pelo mesmo motivo que condena o

aborto, ou seja, por considerar que a vida humana se inicia na concepção. As

17

Page 18: Células Tronco

pesquisas significariam não apenas a interrupção da vida, mas a

manipulação da vida humana pelo homem, o que fere a ética católica.

Grupos a favor do uso alegam que a posição da Igreja Católica não

é uma unanimidade entre as diversas denominações religiosas no Brasil.

Assim, parece a eles injusto que as possibilidades, que serão abertas pelo

uso dessa ciência, sejam restringidas por vontade de uma parcela da

população em detrimento ao bem maior da sociedade. Schwartsman defende

bem a posição desses grupos no artigo Sardinhas, ovos e galinhas da Folha

Online (Schwartsman, 2005):

“O compromisso do Estado Democrático deve ser com a maior universalidade

possível. Não faz sentido privar toda a população dos eventuais benefícios

médicos das pesquisas com células-tronco embrionárias apenas porque ela

violenta a consciência de alguns.(...) O Estado democrático deve procurar a (sic)

proporcionar a maior felicidade possível para o maior número de cidadãos,

sempre respeitando os direitos de todos. Nessa busca invariavelmente

conflituosa, fatos provados devem ter primazia sobre opiniões. Dogmas e

crenças de alguns merecem todo o respeito, mas não podem converter-se em

amarras contra todos.”

Não se pode ignorar, entretanto, que a maior parte da população

brasileira é cristã, principalmente católica. Portanto, poder-se-ia inferir que a

maior parte dos brasileiros é contra o uso de pré-embriões nas pesquisas

envolvendo células-tronco. Na verdade, não há pesquisa que mostre qual a

porcentagem de brasileiros e ou católicos que é a favor ou contra. Porém, em

trabalho da pesquisadora Naara Luna, alguns pontos levantados, que

merecerão maior aprofundamento no futuro, indicam que talvez a

denominação religiosa de uma pessoa não seja o único fator considerado no

seu julgamento sobre célula-tronco embrionária. Alguns indivíduos que se

denominaram católicos não se alinharam com a opinião da Igreja no assunto

(Luna, 2008).

Tanto as religiões, como os indivíduos, posicionam-se em função

das suas crenças em relação ao início da vida: fecundação, implantação no

útero (nidação), formação do sistema neurológico do feto, nascimento etc.

Exceção talvez seja os espíritas que colocam a definição do momento da

18

Page 19: Células Tronco

reencarnação como fundamental. A seguir apresenta-se resumidamente a

posição de outras religiões com relação ao uso de pré-embriões (Galileu,

2005):

PROTESTANTISMO

Existem várias denominações protestantes e não há unanimidade

de opinião entre elas. Em geral, consideram importante as pesquisas

com células-tronco para o desenvolvimento da medicina, desde que não

usem células embrionárias, porque acreditam que a vida surge a partir da

fecundação.

JUDAISMO

Nessa religião, a vida começa no 40º dia quando o feto começa a

adquirir forma humana. Os pré-embriões não seriam fetos porque não

foram implantadas no útero e, fora dele, pereceriam. Mesmo assim, deve-

se usar apenas os pré-embriões obtidos a partir da fecundação in vitro e

que, por não terem sido implantados na mãe, seriam descartados ou

congelados. A cultura judáica prioriza a vida humana nascida sobre a vida

humana em desenvolvimento.

Em artigo de 2005, para o Boletim da Associação Scholen

Aleichem, a rabina Sandra Kochmann, coloca que as conclusões no

judaísmo sobre esse assunto ainda não são unânimes porque “tanto a

pesquisa científica de células tronco como a análise haláhica (conforme a

lei judaica) da mesma ainda estão em fase inicial.”

ISLAMISMO

No islã, acredita-se que a o início da vida acontece quando a alma

da criança é soprada por um anjo no feto, cerca de 120 dias após a

fecundação. Mas há estudiosos que acreditam que a vida tem início na

concepção.

Segundo o Sheik Ali Abdouni, presidente da Assembléia Mundial

da Juventude Islâmica, “a religião islâmica permite que sejam feitas

experiências científicas para trazer um benefício para a sociedade e uma

qualidade de vida melhor, mas coloca regras e normas para que ninguém

19

Page 20: Células Tronco

ultrapasse os limites. Quanto ao uso de células-tronco, é permitido

contanto que não haja venda delas, nem uso inadequado e que a

experiência tenha grande possibilidade de dar certo.”

BUDISMO

A vida é um processo contínuo e ininterrupto. Não começa na

união de óvulo e espermatozóide, mas está presente em tudo o que existe

– nossos pais e avós, as plantas, os animais e até a água. No budismo, os

seres humanos são apenas uma forma de vida que depende de várias

outras. Entre as correntes budistas, não há consenso sobre aborto e

pesquisas com embriões.

HINDUÍSMO

Para Swami Krishnapriyananda, da Sociedade da Vida Divina

Brasil, existem alguns “hindus” fanáticos que se esquecem dos

ensinamentos dos Vedas (escrituras) e proíbem tudo. “ As escrituras falam

que o semideus Senhor Brahmaa, primeiro ser humano criado pelo

Supremo, criou o mundo material e todas as criaturas que nele vivem. (...)

O hinduísmo não proíbe a pesquisa genética. As pesquisas que envolvam

embriões de corpos humanos e outras espécies deverão ter um fim de

bem-comum, onde o bom-senso deverá estar presente.”

CLONAGEM TERAPÊUTICA.

Como mencionado, no Brasil, não é permitida a clonagem em

pesquisas ou terapias. Várias são as críticas a esse tipo de pesquisa, mas a

principal é o medo de que a clonagem terapêutica leve à clonagem humana.

A célula obtida pela transferência de núcleo seria um embrião em potencial,

capaz de dar origem a um ser humano. Segundo os pesquisadores, isso

seria improvável porque, para haver clonagem humana, seria necessário

implantar o embrião em um útero e isto não ocorre por acaso ou por erro.

Adicionalmente, a sociedade é capaz de estabelecer limites e punir quando

os mesmos são violados.

20

Page 21: Células Tronco

Outra crítica está ligada à exploração das mulheres doadoras de

ovócitos, porque estas passam por um processo terapêutico para estimular a

ovulação. Defendendo-se deste argumento, pesquisadores alegam ser

possível, por exemplo, utilizar ovócitos de corpos (mortos) acidentados.

A vantagem do uso da clonagem terapêutica está na possibilidade

de um indivíduo poder criar sua própria fonte de células-tronco, evitando-se,

da mesma forma como ocorre nos transplantes de órgãos, a rejeição e o uso

de imunossupressores.

Outro problema interessante, que a clonagem terapêutica ajudaria

a sanar, é a limitação existente na “representação étnica” das células-

embrionárias obtidas a partir da fertilização in vitro. Num país como o Brasil,

por exemplo, a fertilização assistida, por ser um processo caro e não

disponível no sistema público de saúde, está limitada a parcela da população

com alta renda, o que não representa a diversidade étnica da população.

Tratamentos e terapias desenvolvidas poderiam, portanto, ter maiores

chances de resultados em certas etnias, ferindo os direitos de igualdade

entre as pessoas.

O USO DE CÉLULAS EMBRIONÁRIAS NO BRASIL.

O Ministério da Saúde (MS) é atualmente um dos principais

financiadores das pesquisas com células-tronco, sendo, por exemplo,

fundamental para estabelecer linhas de pesquisa com células-tronco

embrionárias humanas. Segundo o Departamento de Ciência e Tecnologia do

MS, esse campo de estudo é uma das suas prioridades.

O Brasil tem conseguido algum destaque no exterior com

pesquisas na área. No início de 2009, o Brasil foi o quinto país a produzir

células-tronco pluripotentes induzidas (que podem se transformar em

qualquer célula sem ser criada a partir de embriões). O que coloca os

pesquisadores brasileiros em condições de igualdade em relação aos

pesquisadores chineses, americanos, alemães e japoneses.

A Rede Nacional de Terapia Celular (RNTC), coordenada pelo

Ministério, previa para 2009, segundo artigo no site do MS, receber R$ 32

milhões: R$ 22 milhões - do BNDES, do Ministério da Ciência e Tecnologia

21

Page 22: Células Tronco

(MCT) e do próprio MS - para construção de oito Centros de Tecnologia

Celular que produzirão células-tronco e R$ 10 milhões para 49 projetos

envolvendo diferentes pesquisas com células-tronco.

Dentre as pesquisas relacionadas ao uso de células-tronco no

tratamento de algumas doenças, mencionamos:

- Síndrome de desconforto respiratório agudo e Silicose

- Doenças cardíacas (isquemias crônicas) – O Brasil já possui

destaque mundial no desenvolvimento de terapia nesse tipo de

doença usando células-tronco do próprio paciente.

- Doenças degenerativas como a distrofia muscular

- Seqüelas de AVC (minimização)

- Efeito da falta de oxigenação no parto (minimização)

- Doenças na córnea – Já existem terapias utilizando células-

tronco.

Existem hoje no Brasil 8 Centros de Tecnologia Celular e 52

laboratórios financiados pelo CNPq e pelo Departamento de Ciência e

Tecnologia do Ministério da Saúde. Eles buscam sobretudo gerar

conhecimento científico e tecnologia na área de medicina regenerativa e

buscar conhecimento na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças e

traumas.

As pesquisas de células-tronco e suas aplicações se encontram em

estágio inicial, tanto no Brasil como no mundo. Ainda falta assegurar, por

meio de pesquisas e testes, a eficácia do uso dessas células no tratamento

de doenças e elaborar protocolos rigorosos para aplicação de terapias no

tratamento de humanos.

Um dos principais obstáculos, ainda a ser enfrentado pelos

cientistas, é o fato de que as células-tronco podem virar células cancerígenas

ou podem não se diferenciar no tipo de célula esperado (por exemplo,

espera-se uma célula muscular e se obtém óssea).

PANORAMA INTERNACIONAL DA PESQUISA COM CÉLULAS-TRONCO

22

Page 23: Células Tronco

Não há um consenso mundial sobre a liberação das pesquisas com

células-tronco humanas embrionárias. Mesmo na própria União Europeia

(EU) não existe legislação única: diferentes países adotam diferentes

posições. Em algum deles, a utilização de células-tronco embrionárias é

permitida apenas na fertilização in vitro (Nippert, 2002).

Dos países que integram a União Europeia (EU), a Inglaterra foi o

primeiro país a liberar, em agosto de 2000, os experimentos com células-

tronco de seres humanos. Provavelmente, sua legislação pode ser

considerada uma das mais modernas do mundo no que diz respeito à

autorização de pesquisas com células tronco, inclusive por autorizar

pesquisas que permitem o uso de células somáticas (clonagem). É da

Inglaterra, como mencionado anteriormente, o Relatório Warnock que foi a

base na elaboração de vários códigos e legislação sobre a pesquisa com

células-tronco no mundo.

Vale a pena mencionar que a lei Alemã (EschG, 1990) proíbe

criação de embriões para pesquisa e diagnóstico mas, por outro lado, permite

a importação de embriões de outros países para este fim.

A Índia e a China autorizam pesquisa com células-tronco sem que

exista uma definição legal (Diniz & Avelino, 2009). Laboratórios em

Cingapura, Taiwan, Coréia do Sul já realizam pesquisas com células-tronco

embrionárias, mas a legislação sobre o assunto apenas começa a ser

discutida (Tait, 2004).

Os Estados Unidos são um país que serve de “referência para o

debate internacional em bioética”, porém em relação às discussões legais

centram-se ainda nas discussões quanto às restrições ao financiamento de

pesquisas com recurso federal (Diniz & Avelino, 2009).

23

Page 24: Células Tronco

Abaixo, classificação de alguns países quanto à regulação da

pesquisa em células-tronco embrionárias (Diniz & Avelino, 2009) e

representação gráfica da pesquisa com células embrionárias na Europa

(figura 2):

1. Países que permitem a pesquisa embrionária

apenas com linhagens importadas

República Federal da Alemanha

2. Países que permitem a pesquisa

com linhagens nacionais e importadas

Canadá

Comunidade da Austrália

Confederação Suíça

Coréia

Estado de Israel

Estados Unidos da América

Estados Unidos Mexicanos

Federação Russa

Japão

Reino da Dinamarca

Reino da Espanha

Reino da Noruega

Reino da Suécia

Reino dos Países Baixos

Reino Unido da Grã-Bretanha e

Irlanda do Norte

República da África do Sul

República da Finlândia

República da França

República da Índia

República de Cingapura

República de Portugal

República Islâmica do Irã

República Popular da China

3. Países que não permitem a

pesquisa embrionária

República Italiana

24

Page 25: Células Tronco

Figura 2. Mapa Europeu de Pesquisa com Células-tronco Embrionárias Humanas.

Fonte: Elstener A et al, 2009

25

Page 26: Células Tronco

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema deste trabalho está longe de ser banal, mas é atual. A

ciência desenvolve-se rapidamente, inclusive como conseqüência do próprio

desenvolvimento dos meios de comunicação, e provoca a sociedade a

participar dela sem que o Direito ou as próprias convicções pessoais estejam

formadas.

Neste sentido, as seguintes reflexões são necessárias para que

se possa melhor compreender a extensão das problemáticas expostas:

- Quando a vida se inicia? Fertilização? Estas seriam as

perguntas corretas ou deveríamos estar perguntando quando o

ser humano começa a existir?

- Quanto mais tempo o pré-embrião ficar congelado, menor serão

suas chances de se desenvolver quando implantado no útero.

Isso não quer dizer, entretanto, que deixe de ser viável.

- Cientistas britânicos consideram os embriões excedentes da

reprodução assistida “fonte ética” de células-tronco para

pesquisa. Seria uma visão utilitária: a cura como alternativa ao

desperdício?

- Caso não haja pesquisa no Brasil, corre-se o risco de criar uma

medicina elitista, forçando a busca no exterior de alternativas de

tratamento que utilizam células-tronco embrionárias.

- Os gastos públicos com pesquisas e terapias experimentais

poderiam ser despendidos em necessidades mais prementes da

sociedade?

- Apesar dos trabalhos e terapias com células-tronco passarem por

um Conselho de Ética, não há fiscalização da pesquisa quando

26

Page 27: Células Tronco

em andamento ou após conclusão. Isto pode ser considerado

realmente ético?

- “O princípio da moralidade médica e cirúrgica é nunca realizar

um experimento no ser humano que possa causar-lhe dano, de

qualquer magnitude, ainda que o resultado seja altamente

vantajoso para a sociedade.” (Bernard 1852) Qual o dano

causado ao ser humano pela pesquisa com células

embrionárias (inclusive as de clonagem terapêuticas)?

- “A consciência humana, as leis, a humanidade, a consciência dos

médicos condenam a experimentação no homem, mas ... ela é

sempre feita, se faz e se fará por ser indispensável ao

progresso da ciência médica para o bem da humanidade.”

(Vieira, 1999). Será que vale a pena “sacrificar” um pré-embrião,

que seria descartado, para desenvolver um tratamento médico

capaz de salvar milhões de vida? Por exemplo, estudam-se

terapias genéticas para o tratamento de diabetes e estima-se

que o Brasil possua hoje cerca de 10 milhões de diabéticos.

27

Page 28: Células Tronco

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