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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE DIREITO LUÍS GUSTAVO FERNANDES BARBOSA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PENSÃO POR MORTE A COMPANHEIRA FORTALEZA 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE DIREITO

LUÍS GUSTAVO FERNANDES BARBOSA

A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PENSÃO POR MORTE A

COMPANHEIRA

FORTALEZA

2014

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LUÍS GUSTAVO FERNANDES BARBOSA

A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PENSÃO POR MORTE A

COMPANHEIRA

Monografia submetida à aprovação

da Coordenação do Curso de

Direito do Centro Superior do

Ceará, como registro parcial para a

obtenção do grau de Graduação,

sob a orientação da Professora

Marina Lima Maia Rodrigues.

FORTALEZA

2014

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LUÍS GUSTAVO FERNANDES BARBOSA

A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PENSÃO POR MORTE A

COMPANHEIRA

Monografia como pré-requisito

para a obtenção do título de

Bacharelado em Direito, outorgado

pela Faculdade Cearense-FaC,

tendo sido aprovada pela banca

examinadora composta pelos

professores.

Data da aprovação:___/___/____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Professora Esp. Marina Lima Maia Rodrigues

_______________________________________________________

Professor Esp. Felipe de Albuquerque Bezerra

_______________________________________________________

Professora Esp. Lara Pinheiro Bezerra

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A toda a espiritualidade que me deste a direção

e a força necessária para a subida de mais um

degrau e a consequente conquista.

A memória de meu Pai e os agradecimentos à

minha Mãe.

A minha esposa que sempre me incentivou em

todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, a professora Marina Lima Maia Rodrigues, a minha

admiração e o meu apreço. O meu sincero agradecimento por aceitar a árdua tarefa de orientar,

que além de me mostrar os caminhos para a realização deste trabalho, foi uma grande

incentivadora.

Ao professor José Lenho Silva Diógenes, o meu apreço e sincero agradecimento

pela forma tranquila como orientou o desenvolvimento metodológico que deu forma a este

trabalho científico.

Aos professores que aceitaram participar da banca examinadora desta monografia,

o meu apreço e sinceros agradecimentos.

A todos os meus colegas de sala, aos colegas de trabalho do Fórum da Comarca

de Maracanaú e ao escritório Montenegro e Sabóya, em especial Dr. Joufre Montenegro, Dr.

Dmitri Montenegro e Dr. Adagvan Fernandes, pelo apoio e ensinamentos prestados a mim,

por fazerem parte da minha vida profissional e no momento da realização dessa conquista.

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“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma

qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um

específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de

comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou

inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido,

porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de

seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço

lógico e corrosão de sua estrutura mestra.”

(Bandeira de Mello – Jurista Brasileiro)

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RESUMO

A relevância da pesquisa científica sobre “A concessão do benefício previdenciário da pensão

por morte a companheira” está em expor os pontos importantes sobre o assunto do estudo a

fim de possibilitar maiores esclarecimentos à sociedade, além de dirimir dúvidas acerca da

concessão desse benefício ao convivente do falecido. Através deste trabalho de pesquisa

busca-se relatar a possibilidade de concessão do benefício da pensão por morte dando enfoque

ao seu surgimento na previdência social do Brasil, aos princípios constitucionais que lhes são

aplicáveis, bem como os requisitos para a sua concessão à companheira como dependente do

falecido segurado.

Palavras–chave: Previdência social. Concessão. Benefícios. Pensão por morte. Companheira.

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ABSTRACT

The relevant scientific research on "The granting of the social security benefit of pension for

death companion" is to expose the important points on the subject, in order to provide further

clarification to society, and resolve doubts about the granting of this benefit to the deceased

cohabitant . What is sought through this research study is to report the possibility of granting

the benefit of the death benefit focusing on your emergence of social security in Brazil, the

constitutional principles that apply to them as well as the requirements for granting the partner

as a dependent of the deceased.

Keywords: Social security. Concession. Benefits. Death pension. companion.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................... 12

2.1 A evolução histórica da pensão previdenciária no mundo ............................................... 12

2.2 A evolução histórica da previdenciária social no brasil ................................................... 13

2.3 A pensão por morte nas constituições brasileiras ............................................................ 17

3 PRINCÍPIOS QUE REGEM O INSTITUTO .................................................................... 20

3.1 Princípio da solidariedade .............................................................................................. 20

3.2 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento ............................................. 22

3.3 Princípio da universalidade e da equivalência dos beneficios e serviços entre os

trabalhadores urbans e rurais ................................................................................................ 23

3.4 Princípio da da seletividade e distribuição na proteção dos benefícios e serviços ............ 24

3.5 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios previdenciários .............................. 24

3.6 Princípio da dignidade da pessoa humana ....................................................................... 25

3.7 Princípio da obrigatoriedade da filiação .......................................................................... 26

3.8 Princípio da proteção à família ....................................................................................... 27

4 O BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PENSÃO POR MORTE ................................... 28

4.1 Pensão por morte ........................................................................................................... 28

4.2 Requisitos para a concessão do benefício ....................................................................... 29

4.3 Da qualidade de segurado ............................................................................................... 35

4.4 Companheira versus esposa ............................................................................................ 36

4.5 Do valor mensal e da concessão do benefício ................................................................. 38

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 42

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1 INTRODUÇÃO

A previdência social é um dos institutos da seguridade social que se diferencia da

saúde e da assistência social por seu caráter de filiação obrigatória. Diante disso, o

contribuinte que desenvolve atividade laboral pela primeira vez terá sua filiação compulsória

ao instituto da previdência social, uma vez que tanto o contribuinte como os seus dependentes

só farão jus aos benefícios se estiverem contribuindo com o regime e ressalvado o prazo de

carência.

No Brasil, a primeira Constituição Federal que trouxe diretamente em seu bojo o

benefício de pensão por morte foi a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil

promulgada em 16 de julho de 1934. Nesta, os trabalhadores tiveram grandes conquistas no

âmbito do trabalho, o artigo 5º, inciso XIX, alínea c, desta Constituição tratou pela primeira

vez do termo Assistência Social. Mais adiante, em seu Título IV, Da Ordem Econômica e

Social, precisamente no artigo 121, §1º, alínea h, foi elencada a instituição da previdência,

garantindo benefícios em favor dos trabalhadores contribuintes em caso de velhice ou

invalidez, no afastamento devido à maternidade, nos acidentes de trabalho e no evento morte.

Atualmente a previdência social tem percebido que muitos dos benefícios

concedidos têm um perfil peculiar, como no caso, de o de cujus ser de idade bastante

avançada e o beneficiário por sua vez ser bastante jovem, porém dentro da legalidade e a

notícia divulgada na internet, bastante repercutida nas redes sociais como facebook, onde

existem debates que entendem que tal concessão onera bastante os custos da previdência

social, por entender que tal benefício, em tese, deverá ser pago durante muitos anos e em

razão disso os custos para o Estado serão elevados.

Há ainda um entendimento de que tais benefícios concedidos a pessoas bastante

jovens serviriam de incentivo aos beneficiários a não ingressarem no mercado de trabalho,

pois já possuindo renda não iriam, em tese, desenvolver nenhuma atividade laboral.

Em meio às diversas críticas sobre a concessão do benefício previdenciário da

pensão por morte, o presente trabalho tem por objetivo demonstrar os requisitos para sua

concessão pelo cônjuge sobrevivente, em especial, a companheira.

Para tanto, foram desenvolvidos três capítulos mediante um estudo de pesquisa

em bibliografias e materiais afim, com intuito de buscar maiores informações sobre o tema em

foco.

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Assim, no primeiro capítulo será abordada a evolução histórica da previdência

social no mundo, onde se apresentou seu surgimento e evolução no contexto mundial no

ordenamento jurídico. Trata-se também, neste mesmo capítulo, sobre a evolução histórica da

previdência social no Brasil, onde será demonstrado o surgimento e a evolução do instituto no

âmbito jurídico e como o mesmo foi positivado em no ordenamento jurídico pátrio.

O segundo capítulo trata dos princípios constitucionais aplicáveis à previdência

social, em específico, ao benefício de pensão por morte, desenvolvendo seu entendimento

conforme a Constituição Federal.

Por fim, no terceiro capítulo, será abordado o conceito e os requisitos para a

concessão do benefício da pensão por morte no âmbito geral e mais especificamente aos

classificados como companheiros, assim como as possibilidades de divisão do benefício

quando houver mais de um beneficiário pleiteando seu direito.

Desse modo, no presente trabalho científico, serão abordados pontos

fundamentais para concessão do benefício previdenciário da pensão por morte.

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2 EVOLUÇÃO HISTÓRIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

2.1 Evolução história da Pensão Previdenciária no Mundo.

No ano de 1601, a partir das lutas dos trabalhadores por melhores condições de

trabalho e garantias iniciou-se, de forma bem rude, o Instituto da Seguridade Social.

Nesse período cogitava-se a possibilidade de haver uma garantia de sustento no

futuro para os trabalhadores visando sua velhice ou uma garantia para seus dependentes, caso

viesse a ocorrer com o trabalhador o evento morte, assim os dependentes não ficariam

desamparados, ocorrendo a manutenção do seu benefício social, porém sendo cabível apenas

para os que estivessem efetivamente contribuindo.

As primeiras normas legais acerca do assunto tiveram como foco não deixar o

trabalhador desamparado. Aquele trabalhador que já não se encontrava com disposição para o

labor devido já possuir uma idade avançada ou por conta de alguma fatalidade como uma

impossibilidade definitiva para o trabalho ou falecimento, tendo com isso um caráter protetivo

cujas normas eram de ordem basicamente assistencialistas.

Na Inglaterra foi editada a primeira legislação sobre o assunto, esta tratou

basicamente das formas de assistencialismo tendo como foco crianças, idosos, inválidos e

desempregados.

Tal lei recebeu o nome de Poor Relier Act (Lei dos Pobres) visto que a mesma

instituiu alguns auxílios de ordem pública para os mais necessitados, com isso traria um

pouco de dignidade aquelas pessoas que estavam a depender da própria sorte, ou seja,

financiamento dos desamparados. Nesse contexto também surgiram outras revoluções

importantes como, por exemplo, a Declaração dos Direito dos Homens e dos Cidadãos

ocorrida em 1789.

Vale ressaltar que a Alemanha foi o primeiro país a redigir um ordenamento legal

acerca do assunto, tendo como preceptor Otto Von Bismark, que em meados 1883 viu a

necessidade da regulamentação dos males decorrentes do dia-a-dia laboral, introduzindo no

ordenamento jurídico a figura do auxílio-doença.

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No ano seguinte a Alemanha deu início à cobertura compulsória para acidentes de

trabalho, com isso iniciava-se o uso do auxílio-acidente decorrente do trabalho, algo bem

corriqueiro na época, pois não havia políticas de segurança do trabalho.

No ano de 1889 a Alemanha avançou ainda mais com a criação do seguro de

invalidez e do seguro velhice. Essa foi a primeira vez que o estado ficou responsável por toda

a administração de um benefício de seguridade social, sem a ocorrência de gastos extras para

o Ente Público. Tudo ficou a encargo das empresas com contribuições compulsórias.

Em decorrência dos avanços na Alemanha outros países da Europa, como

Inglaterra, seguiram no mesmo sentido e publicaram sua legislação Workmens Compensation

Act (ato de compensação), estabelecendo seguro obrigatório em decorrência de acidentes de

trabalho.

Todavia, foi na América do Norte, mais exatamente no México, onde houve a

primeira inclusão Constitucional (carta magna mexicana) de temas previdenciários, o que

ocorreu em 1917. Logo em seguida, a Alemanha incluiu o tema em sua Constituição de

Weimar de 1919, que foi seguido pelos demais países da Europa e do mundo.

2.2 A Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil

A história da seguridade social no Brasil se deu início em unidades da Santa Casa

de Misericórdia do município de Santos em São Paulo, em meados de 1553, que prestavam

serviço de Assistência Social.

Depois de muitos anos, devido ao caráter mutualista, criou-se em 1835 o

denominado Montepio Geral dos Servidores Públicos do Estado, conhecido como Mogeral,

sendo essa a primeira entidade a administrar a gestão da previdência privada no Brasil.

Após isso, o assunto foi tratado timidamente nas constituições federais, até chegar

à Constituição Federal de 1988 que expandiu o alcance da seguridade social. A Constituição

de 1824, em seu artigo 179 e incisos, tratou dos socorros públicos que eram o auxílio-acidente

e o auxílio-doença, iniciando o primeiro ato securitário previsto na Constituição.

Já a Constituição de 1891 previa diretamente o benefício previdenciário em seu

artigo 75, o qual garantia o benefício de aposentadoria por invalidez apenas para os

funcionários da iniciativa privada, restringindo o alcance do benefício aos funcionários

públicos que por ventura e infelicidade viessem a se tornar inválidos mediante o exercício da

atividade laboral.

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Vale ressaltar que nessa época havia um grande contingente de trabalhadores na

categoria de servidores públicos. Devido ao imenso número conseguiram pressionar o

Governo Federal, a fim de que tal benefício fosse aplicado a eles, o que conseguiram.

Depois disso, algumas outras categorias também conseguiram se guarnecer desse

direito no âmbito previdenciário. No dia 30 de dezembro do ano de 1911, foi publicado o

Decreto nº 9.284/1911, que instituiu a Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Operadores da

Casa da Moeda, observando que as benesses eram somente para a categoria de funcionários

públicos federais. Logo em seguida o Decreto nº 9.517 criou a Caixa de Pensão e

Empréstimos para os funcionários da Capatazia da Alfândega do Rio de Janeiro.

Em 15 de janeiro de 1919 foi publicada a Lei de nº 3.724, que instituía um seguro

obrigatório e uma indenização a serem pagas pelos trabalhadores e, em caso de acidente

decorrente do trabalho, estes ficariam assegurados quando ocorresse alguma eventualidade no

âmbito do trabalho.

Tem-se como marco da história da previdência social no Brasil a publicação do

Decreto nº 4.682 de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Eloy Chaves. Por meio deste

criou-se as Caixas de Aposentadoria e Pensões que ficaram conhecidos como CAP’s, tendo

como abrangência os empregados ferroviários que passaram a pagar uma contribuição para

que pudessem ter direito ao benefício da aposentadoria no futuro. Este benefício se estenderia

aos seus dependentes quando o beneficiário viesse a faltar, o que se assemelha ao nosso

sistema previdenciário atual.

Ressalta-se esse ponto como o momento onde foi visto pela primeira vez a figura

dos dependentes no nosso ordenamento jurídico, que agora estariam amparados por uma

norma previdenciária no Brasil, onde até então só se protegia a figura do trabalhador, não

estendendo os benefícios aos dependentes, o que foi muito importante, pois trouxe amparo.

Devido ao fato relatado acima, comemora-se o dia da Previdência Social no Brasil

no dia 24 de janeiro, em menção a inclusão desse dispositivo legislativo em nosso

ordenamento jurídico, que trouxe grandes garantias para os trabalhadores brasileiros e seus

cônjuges e dependentes.

Posteriormente a edição da Lei Eloy Chaves, ainda no século XXI, Caixas de

Aposentadoria e Pensão foram ampliadas para outras categorias de empresas, chegando a um

total de 183 empresas, tais como empresas portuárias, marítimas e várias outras.

Essas Caixas de Aposentadoria, de modo lento, tinham a administração própria. Já

que cada categoria tinha a sua caixa de aposentadoria não havia a participação pecuniária de

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nenhum ente público, pelo menos até naquele momento, onde cada caixa de aposentadoria

atendia somente aos trabalhadores daquela classe.

No ano de 1930, no governo Vargas, foram criados os Ministérios do Trabalho,

Indústria e Comércio, iniciando a organização da Previdência Social Brasileira. O Primeiro

Ministro do Trabalho foi Lindolfo Collor, avô do ex-presidente Fernando Collor de Melo.

Na década de trinta essas Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP’s) reuniram-se,

criando o Instituto de Aposentadoria e Pensão, que ficaram conhecidos como Institutos de

Aposentadoria e Pensões (IAP’s). Tais institutos estavam organizados por categorias

profissionais, facilitando sua administração, dando maior solidez ao sistema previdenciário,

que por sua vez passou a ter um número de filiados bem maior que cada CAP’s isolado,

tornando-se mais consistente.

Vejamos alguns Institutos de Aposentadoria e Pensão que foram criados na época:

IAPM - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos- 1933; IAPC – Instituto de

Aposentadoria e Pensão dos Comerciários- 1934; IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensão

dos Industriários – 1936; IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários;

IAPTEC - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Empregados em Transportes de Cargas-

1938. Os movimentos duraram até meados dos anos cinquenta, havendo vários processos de

unificação das CAP’s por todo o país.

A Constituição Federal de 1934 foi a primeira que tratou em seu bojo da tríplice

forma de custeio, tendo como participantes o governo, os empregadores e os trabalhadores. Já

na Constituição Federal de 1937, foi introduzido o termo seguro social sem trazer grandes

modificações, evoluções ou securitárias aos empregados.

No âmbito da assistência social foi criada em 1942 a Legião Brasileira da

Assistência Social - LBA, normatizado pelo Decreto nº 4.890 de 21 de novembro de 1.942.

A Constituição Federal de 1946 utilizou a expressão previdência social pela

primeira vez, garantindo em seu bojo eventos de doenças, invalidez, idade avançada e evento

morte, este último sendo um benefício para seus dependentes. Neste momento tentava-se

sistematizar as normas de proteção social.

Em 1960 foi criada o Ministério da Previdência Social por meio da Lei Orgânica

da Previdência Social – LOPS, marcando assim a unificação dos diversos IAP’s existentes até

então. Nessa época os trabalhadores rurais e domésticos ainda não eram contemplados,

ficando excluídos de qualquer garantia.

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No ano de 1967 todos os IAP’s, quais sejam os Institutos de Aposentadoria e

Pensão que foram criados na época: IAPM - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos

Marítimos- 1933; IAPC – Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários- 1934; IAPB

- Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários – 1936; IAPI - Instituto de

Aposentadoria e Pensão dos Industriários; IAPTEC - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos

Empregados em Transportes de Cargas- 1938. Estavam unificados, criando assim os INPS –

Instituto Nacional da Previdência Social, consolidando no Brasil o sistema da previdência

social, ocasião em que foi instituído o benefício do auxílio-doença.

Todavia, foi somente no ano de 1971 que os trabalhadores rurais passaram a ter

direitos previdenciários, o que ocorreu com o advento do Funrural, inserido em nosso

ordenamento jurídico por meio da Lei Complementar 11 de 25 de maio de 1971. Já os direitos

previdenciários dos trabalhadores domésticos só foram incluídos ao sistema no ano seguinte

com a instituição da Lei 5.859 de 11 de dezembro de 1972.

O SINPAS – Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social ficava

responsável pela integração de algumas áreas, tais como assistência social, previdência social,

assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência

Social, onde os órgãos a seguir indicados formavam o SINPAS: INPS- Instituto Nacional de

Previdência Social, autarquia responsável pela administração dos benefícios; IAPS- Instituto

de Administração Financeira da Previdência Social, autarquia responsável pela arrecadação,

fiscalização e cobrança de contribuições e se houvesse mais recursos, também ficaria a cargo

dela; INAMPS- Instituto de Assistência Médica da Previdência Social, autarquia responsável

pela área da saúde; LBA- Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor- fundação responsável

pela promoção de política social em relação ao menor, hoje a denominação utilizada é a

criança e o adolescente; CEME- Central de Medicamentos, órgão da administração pública,

que estaria encarregada de distribuir os medicamentos que a população precisasse;

DATAPREV- Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social, empresa pública

que estava encarregada com atribuição de gerenciar os sistemas de informação da previdência

social, hoje denominada de área de TI - Tecnologia da Informação.

De todos esses sistemas que foram criados, atualmente o único que permanece em

pleno funcionamento é o DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previdência

Social, por ser utilizado pelo Ministério da Fazenda. Ressalta-se que após a instituição da Lei

11.457 de 16 de março de 2007, o DATAPREV ficou prestando serviço de tecnologia da

informação para a Receita Federal.

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Na atual Constituição Federal de 1988 foi vislumbrada a reunião das três

atividades da seguridade social: a saúde, a previdência social e assistência social, todas em

pleno funcionamento e atividade.

No ano de 1990 foi criado o INSS – Instituto Nacional de Previdência Social, o

qual foi instituído com a junção do INPS com o IAPAS, numa tentativa de melhorar os

serviços prestados a sociedade.

Devido a Carta Magna abranger saúde, previdência social e assistência social,

todos estes contidos de responsabilidades do Ministério da Previdência Social têm algumas

Leis bastante importantes, como: Lei 8212 de 24 de julho de 1991, que tratou do Plano de

Organização e custeio da Seguridade Social; Lei 8213 de 24 de julho de 1991 que tratou do

Plano de Benefícios da Seguridade Social e Lei 8742 de 07 de dezembro de 1993 que tratou

da Lei Orgânica da Assistência Social, conhecido como LOAS. Tem-se ainda o Decreto de nº

3.048 06 de maio de 1999, que aprovou o regulamento da previdência social.

2.3 A Pensão por Morte nas Constituições Brasileiras

Na Constituição Política do Império do Brasil promulgada em 25 de março de 1824, onde

o país se encontrava sob o regime de império, tínhamos 4 poderes, o Executivo, o Legislativo, o

Judiciário e o Moderador. Este último exercido pelo Imperador Dom Pedro I, não se tratou de

nenhuma garantia com relação à Previdência Social e muito menos a Pensão por Morte.

Na Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil outorgada em 24 de

Fevereiro de 1891, a qual organizou o Brasil em estado democrático, tinha apenas três poderes como

hoje o conhecemos. Não tratou de nenhuma garantia com relação à Previdência Social e sobre tudo a

Pensão por Morte.

Na Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em 16 de julho

de 1934, os trabalhadores tiveram grandes conquistas no âmbito do trabalho. No art. 5º, inciso XIX,

alínea c, tratou pela primeira vez do termo Assistência Social. Mais a frente, em seu Título IV, Da

Ordem Econômica e Social, mais precisamente no art.121, §1º, alínea h, foi elencada a instituição de

previdência, garantindo benefícios em favor dos trabalhadores contribuintes, em caso de velhice ou

invalidez, no afastamento devido à maternidade e nos casos de acidente de trabalho e no evento morte.

Na Constituição dos Estados Unidos do Brasil, outorgada em 10 de novembro de 1937,

esta Carta Maior teve como inspiração o fascista instituído pelo então presidente Getúlio Vargas.

Nesta Constituição, em seu art. 156, alíneas “d”,”e”, tratou da aposentadoria compulsória ou por

invalidez no âmbito do funcionalismo público, para aqueles que ingressaram e seguiram carreira,

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organizado pelo Poder Legislativo, mas com relação à Pensão por Morte, não houve nenhuma menção

ao benefício nesta Carta.

Na Constituição dos Estados Unidos do Brasil, promulgada 18 de setembro de 1946,

tratou em seu art. 5º, inciso XV, alínea b, assevera que compete a União legislar sobre a previdência

social. E em seu art.157, inciso XVI, nota-se que se encontra disposto benefícios em favor da

maternidade, doenças, velhice, acidente de trabalho, invalidez e, por fim, morte. Nessa Carta Política,

encontra-se a garantia aos dependentes, pelo evento morte.

Na Constituição da República Federativa do Brasil, de 24 de janeiro de 1967, em seu art.

8º, inciso XVII, alínea c, encontrava-se previsto que compete a União legislar sobre a previdência

social. Mais adiante, no seu Título III da Ordem Social, em seu art. 158, inciso XVI, descreve da

mesma forma da constituição anterior, prevendo adentre outros situações o evento morte.

Na Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988,

traz em vários momentos de seu texto regulamentações acerca da previdência social. A começar pelo

Capítulo II, dos Direitos Sociais, no art.6º, caput, prevê como direito social a previdência social. Já o

art. 7º, inciso IV, prevê salário mínimo, fixado em Lei, com reajustes periódicos preservando-se o

poder aquisitivo.

Em seu art. 24, inciso XII, dispõe que são competentes para legislar sobre a previdência

social, a União, os Estados e os municípios. Ademais, até as instituições financeiras dispõem de

previdências privadas, onde são autorizadas e regulamentadas e fiscalizadas, observando a Lei

Complementar de nº 109, de 29 de maio de 2001, que dispõe sobre o Regime de Previdência

Complementar e dá outras providências.

No art. 38, inciso V, da Constituição Federal de 1988, assevera que o servidor da

administração pública direta, no caso de afastamento, receberá os valores como se no exercício

estivesse. No art. 40, inciso III, §6º, é vedado recebimento de mais de uma aposentadoria à conta do

regime previdenciário previsto neste artigo, dos servidores públicos da União, Estados, Distrito

Federal e Municípios.

Percebe-se que o limite máximo para a aposentadoria está disposto no art. 37, inciso XI,

da atual Carta. Ainda esse mesmo artigo o §7º, assevera que a Lei disporá sobre o benefício de pensão

por morte, pois cada órgão de funcionário público disporá sobre sua previdência, com relação aos

trabalhadores da iniciativa privada serão regidos pelas regras da Previdência Social. Mais adiante, o

art.201, inciso V,da Constituição Federal, dispõe que:

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Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de

caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o

equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20,

de 1998)[...]

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e

dependentes, observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 20, de 1998)

Ressalta-se que existem regras claras para que o trabalhador esteja na situação de

segurado. Também o art.53, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, ao se tratar de ex-

combatente, em caso de morte é devido à viúva ou a companheira ou ao dependente.

Percebe-se que a legislação sempre tratou os dependentes, uma vez que muitos

casais não casam formalmente, vivem em união estável, onde os quais têm os mesmos direitos

do casamento em comunhão parcial de bens e mesmo nessa condição deixam dependentes que

devem ser amparados pelo benefício de pensão por morte.

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3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO INSTITUTO

Os princípios constitucionais da Previdência Social servem de norte para que o

ente público trace suas políticas de atuação e objetivos, tentando sempre suprir e não

desamparar aqueles que se encontram segurados pela previdência, tendo em vista os atuais

riscos que os trabalhadores correm todos os dias.

Observa-se que a Previdência Social será organizada num sistema contributivo e

de filiação obrigatória e facultativa, onde serão concedidos benefícios aos contribuintes que

estiverem com os períodos de carência ultrapassados. Nesse norte, terá a missão de cobrir

eventuais riscos, como: doenças, invalidez, morte, idade avançada, proteção à maternidade e à

família.

Na Constituição Federal estão elencados os principais princípios norteadores da

Seguridade Social, e sendo assim, traz-se o conceito de Princípio. Pode-se conceituá-lo como

sendo uma ideia de universalidade que se compreende e se aceita mesmo sem estar escrito em

outro prisma, seria uma diretriz que se torna determinante na elaboração de interpretação das

normas.

3.1 Princípio da Solidariedade

O princípio da Solidariedade Social é o alicerce mais importante da previdência

social, o qual se encontra no art. 3º, inciso I e no art. 194, da Constituição Federal de 1988,

que assevera que a sociedade brasileira é pautada, dentre outros princípios, na solidariedade.

Assim, aqueles que podem trabalhar independente de um dia se utilizarem ou não dos

benefícios ofertados pela previdência social, assistirem com suas contribuições àqueles que

não podem ou se encontram impossibilitados, por um motivo ou por outro, de se manterem e

manterem suas famílias com o mínimo de dignidade humana.

Percebe-se que a população em geral, desde as classes mais elevadas às mais

humildes, consomem produtos que neles estão embutidos impostos como PIS e COFINS.

Esses impostos ajudam a custear os benefícios da previdência social. Em alguns serviços

disponibilizados para a população em geral como transporte público, luz e telefone, também

estão inseridos tais impostos, todos com o intuito de arrecadar recursos para manter a

previdência social. Com isso, é possibilitado o mínimo de dignidade a quem não tem

capacidade laborativa temporária ou permanente.

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Observa-se que o espírito do legislador é o de proteção à coletividade e não ao

indivíduo isolado, sendo necessária paridade nas contribuições previdenciárias e nas

contraprestações securitárias. Desse modo, os que possuem força laborativa podem custear as

assistências sociais de quem não possui, como também custear a previdência social e a saúde.

Nesse sentido, entende-se que tal princípio pode ser analisado de duas formas,

horizontalmente e verticalmente. O primeiro ocorre quando há redistribuição de renda entre as

populações, já o segundo ocorre quando uma geração desempenha atividade remunerada para

custear benefícios e assistências de outra geração mais idosa, tendo em vista o sistema de

repartição simples.

O princípio da solidariedade determina que os trabalhadores revertam parte de

seus ganhos econômicos para o sustento do regime protetivo, mesmo havendo possibilidade

de nunca se utilizarem de nenhum benefício ou serviço. Vale observar que não é pelo fato de

ser contribuinte que obrigatoriamente se terá direito há algum benefício ou serviço, observa-se

também que é necessário que se preencha de cada benefício ou serviço para poder ter direito a

poder gozá-los.

A situação delineada ocorrerá quando um trabalhador contribui por 30 anos e vier

a falecer, não tendo nenhum companheiro, cônjuge ou outros dependentes dos fixados em Lei,

não terá ninguém que venha a adquirir tal benefício em vida. O contribuinte não gozou de

nenhum benefício previdenciário e estará impossibilitado do gozo do mesmo após a morte.

Por outra ótica, esse lapso temporal das contribuições vai permitir que os

trabalhadores impossibilitados de desempenhar qualquer atividade laborativa nessa situação,

não tendo como prover seu próprio sustento não fiquem desamparados. A própria sorte é que

essa contribuição garante o mínimo de dignidade humana para esse grupo de pessoas em

idade de trabalho. Haverá casos em que o contribuinte em vida usufruirá de benefício

previdenciário, como exemplo, em acidente de trabalho ou auxílio doença, terá direito ao

gozo de benefício enquanto perdurar a incapacidade.

Este princípio é mais utilizado na previdência social, o qual é o ramo da

seguridade que se faz essencial o regime de contribuição do trabalhador ou pessoa que venha

a aferir renda de alguma forma, uma geração para custear as outras gerações, que se

encontram impossibilitadas ou incapacitadas temporariamente de obter seu próprio sustento,

de sua família e dependentes.

Através do princípio da solidariedade social é que se pode financiar como um

todo a seguridade social, pois se não fosse assim ficaria inviável garantir o sistema, tendo em

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vista que a união de milhares de contribuintes é que dá possibilidade de levar a cobertura para

tantas pessoas que assim necessitam.

3.2 Princípio da Universalidade da Cobertura e do Atendimento

No art. 194, parágrafo único, inciso I da Constituição Federal, assevera que todos

deveram estar cobertos pela proteção social. Essa proteção é a disponibilidade de ter acesso à

saúde e a assistência social para todos aqueles que precisarem ou necessitarem de seus

atendimentos e serviços. O ente público teve estar atento às ações que devem gerir, atingindo

necessidades individuais e coletivas, e mais, prestando serviços reparadores e preventivos nas

novas situações que surgem a cada dia com o trabalhador e a população em geral.

A cobertura para os trabalhadores que desenvolvem atividade lícita formal

enquadra-se, além da saúde e da assistência social, a previdência social, onde se fazem

necessárias a filiação e a contribuição, sendo esta obrigatória ou facultativa. Esses são

requisitos básicos para estarem amparados pela previdência social com seus serviços e

benefícios.

Além da situação narrada, o princípio da universalidade permite que as pessoas

que não desenvolvem atividade lícita formal e queiram contribuir para a previdência social,

tenham essa possibilidade e com isso tornem-se segurados da previdência social. Nesse norte,

criou-se a classe do contribuinte facultativo, permitindo uma maior possibilidade das pessoas

estarem seguradas contra imprevistos e mais pessoas contribuindo e garantindo

financeiramente a previdência social.

Por outra ótica, o princípio da universalidade da cobertura tem o condão de

segurar a todos os imprevistos e riscos sociais, observando benefícios que supram estas

eventuais necessidades. Deve-se que observar que existe a universalidade subjetiva onde o

sujeito da relação jurídica é o segurado da previdência social ou no caso da saúde e da

assistência social, o usuário já na universalidade objetiva, o ente público ao prestar ao público

o atendimento, serviço ou o benefício previdenciário, prestará ao mesmo a assistência nos

termos da, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Essas prestações de serviços e benefícios oferecidos pela seguridade social devem

atingir o máximo de situações possíveis de doenças e acidentes e até mesmo o evento morte,

para que possa dar a proteção social devida ao trabalhador e a seus familiares dependentes,

tendo em vista que suas contribuições lhe garantem o mínimo de dignidade de sobrevivência e

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nos casos de evento morte, a sobrevivência de seus familiares dependentes.

Vale salientar que este princípio tem por maior finalidade possibilitar o mínimo de

condição de sobrevivência para que as pessoas tenham como se manter, não permitindo que

cheguem à miséria, evitando com isso que se tornem pedintes e até partindo para a

criminalidade, causando assim vários problemas sociais.

3.3 Princípio da Universalidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços entre Trabalhadores

Urbanos e Rurais

O art.194, parágrafo único, inciso II, da Constituição Federal, igualou os direitos

das populações urbanas e rurais. Antes da constituição de 1988 as populações rurais recebiam

benefícios menores que o salário mínimo, mas com o advindo da última Carta Política tratou

de igualar os benefícios, de abrangência rural e urbana, para no mínimo de um salário mínimo

e com isso onerou mais ainda os gastos da previdência social, tendo em vista que teve que

pagar aos beneficiários que contribuíram com cotas ínfimas, os mesmos valores daqueles que

contribuíram com índices maiores, porém de todo modo foi um avanço para a população rural.

Observa-se que até poderá haver diferença entre os benefícios urbanos e rurais,

porém deve ser previsto em lei ordinária sob pena de ferir a constituição e ser declarada

inconstitucional. Pois se deve dar o mesmo direito as populações rurais como preceitua a

Constituição Federal, onde todos são iguais perante a Lei.

Percebe-se que com essa paridade aconteceu uma grande evolução, pois sempre

houve grandes distinções entre as populações rurais e as populações urbanas, como se

houvesse uma diferenciação entre os povos, algo que não existe e nunca existiu. Com essa

atitude, traz-se de forma desdobrada o princípio da igualdade, evitando propagar mais ainda

as migrações dos povos rurais para as cidades grandes.

Existe diferença entre o trabalho rural e o trabalho urbano, o espírito do legislador

percebendo isto, tratou de forma desigual esses trabalhadores no seguinte aspecto; no tempo

mínimo de trabalho para fazer jus à aposentadoria por tempo de serviço, asseverando que os

trabalhadores rurais deveriam trabalhar, se homem 60 anos e se mulher 55 anos. Os

trabalhadores urbanos, se homem trabalhariam 65 anos e se mulher 60 anos, com isso de justa

tempo de trabalho a ambos, tendo em vista que o trabalho rural é bem mais desgastante do

que o labor urbano.

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3.4 Princípio da Seletividade e Distribuição na Prestação dos Benefícios e Serviços

No art.194, parágrafo único, inciso III, da Constituição Federal, assevera que os

benefícios devem ser pagos a quem realmente merece ou carece, nos quais a Lei determina os

requisitos para adquiri-los ou solicitá-los, tendo em vista que havendo pagamentos em

desacordo da Lei acarretarão prejuízos a toda a sociedade e diminuirão os recursos para

aqueles que realmente precisam de tais benefícios, ademais, procedendo assim estará passivo

de ser responsabilizado penalmente, tendo em vista que estará cometendo crime de fraude

contra a previdência social.

Noutro norte, este princípio serve de contra peso ao princípio da universalidade de

cobertura, pois se de um lado tem-se de prestar atendimento e serviços a todos, por outro,

deve-se selecionar os casos que irá prestar os serviços e os benefícios, tendo em vista que os

recursos não são ilimitados.

Percebe-se que para haver a distributividade necessariamente deverá existir

solidariedade, onde dará possibilidade de distribuição de recursos a quem precisar. Um dos

objetivos do princípio de distribuição é a pulverização de renda, possibilitando um mínimo de

dignidade a quem mais precisa e que infelizmente não possui meios para se manter.

3.5 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios Previdenciários

No art. 194, inciso IV da Constituição Federal, encontra-se esculpido a vedação

da redução dos benefícios previdenciários, pelo contrário, o que se deve e é o que se percebe,

é a atualização monetária do valor dos benefícios, tendo em vista que com o passar do tempo

os benefícios perdem o seu poder econômico devido à inflação.

Ademais, no art. 201, §4º, da Carta Maior, está disposto que é assegurado o

reajuste dos benefícios para preservar e garantir o caráter permanente do valor real e o poder

de compra do benefício previdenciário. Observa-se com isso, que se concedem reajustes

anuais periodicamente corrigidos para suprir as perdas inflacionarias.

Atualmente, a Previdência Social utiliza como índice de reajuste o Índice

Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que incorporado pela Lei de nº 8.213 de 24 de

junho de 1991, que em seu art. 41-A, determinou que o IBGE tem a responsabilidade pela a

pesquisa no âmbito dos rendimentos das famílias para se chegar ao percentual de reajuste,

conforme prescrito na Lei 11.430, de 26 de dezembro de 2006.

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Atualmente, não existe mais vinculação entre os reajustes dos benefícios da

seguridade social e o salário mínimo vigente. Os benefícios deverão ser corrigidos pelo Índice

Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), como dito acima e terão o condão de recuperar

essas perdas inflacionárias.

3.6 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

A Dignidade da Pessoa Humana passou a ter uma fundamental importância

universal nas Constituições de vários países democráticos, este tira o foco do Estado e passa a

visualizar com maior importância o indivíduo. Com isso, o espírito do legislador foi o de tirar

os olhos do Estado e destacar o indivíduo:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de

Direito e tem como fundamentos: I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Nesse norte, o legislador deixou bem definido que a dignidade da pessoa humana

seria um pilar, fundamento principal do estado democrático de direito brasileiro. Ademais, o

Brasil é signatário de alguns tratados internacionais que visam a proteção ao ser humano.

Em comparação com os outros animais, o ser humano possui uma peculiaridade

única, é um ser dotado de inteligência e devido a isso possui naturalmente uma posição

privilegiada perante os outros animais, tendo em vista possuir racionalidade e o livre arbítrio.

A natureza jurídica da dignidade da pessoa humana está calcada no valor ínsito do

homem. O ser humano por possuir esse caráter único, viabiliza a elevação de sua posição com

relação aos outros diversos temas que a Constituição Federal Brasileira aborda em bojo.

Nesse contexto, para alguns juristas, a dignidade da pessoa humana é um valor e para outros

vai muito além, considerando-a como um princípio.

A dignidade da pessoa humana pode-se elevar a um caráter tão absoluto que pode

chegar a se sobrepor a todos os bens, valores e princípios constitucionais, o qual não é

suscetível de se confrontar com ele, mas se caso ocorrer, haverá o sopesamento, onde em caso

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concreto irá demonstrar ao julgador qual deverá prevalecer. Segundo Alexandre Moraes este

princípio representa:

[…] um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente

na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a

pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo

invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente

excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas

as pessoas enquanto seres humanos...” (MORAES, 2011, p. 24)

No âmbito da previdência social o espírito do legislador demonstra que o estado

deve oferecer o mínimo de condição de sobrevivência para o indivíduo, não permitindo que

venha a viver ou estar em condição sub-humana. O estado deve possibilitar meios de inclusão

desse indivíduo a sociedade, oferecer meios de reinclusão ao meio social, tendo em vista o

princípio da solidariedade.

No que se refere ao benefício de pensão por morte, o princípio da dignidade

humana tem por finalidade assegurar aos dependentes do contribuinte segurado o mínimo de

condições mínimas de sobrevivência, uma vez que o provedor de seus dependentes ter

falecido.

3.7. Princípio da Obrigatoriedade da Filiação

A obrigatoriedade de filiação é um princípio fundamental em nosso ordenamento

jurídico, tendo em vista que ajuda enormemente na receita da previdência social e possibilita,

em caso de alguma eventualidade, como o evento morte, guarnecer os dependentes do

contribuinte segurado.

Dessa forma, sendo obrigatória a filiação do trabalhador, evita que nos casos de

eventualidade o trabalhador não segurado venha a onerar mais ainda os gastos do estado, pois

seus dependentes desassistidos se socorreriam dos benefícios de assistenciais, aumentando as

pessoas que se encontrariam em total miséria.

A luz da Constituição Federal o benefício de pensão por morte é justificável e

necessário, tendo em vista que se encontra em consonância com os princípios fundamentais

da nossa Carta Política.

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3.8 Princípio da Proteção à Família

O princípio de proteção à família está fincado no art. 226, da Constituição Federal

de 1988. Com relação à previdência social é garantida para a família a proteção por meio dos

benefícios previdenciários, no caso, o benefício de pensão por morte que dará direito aos

dependentes do contribuinte segurado o benefício supramencionado.

Algumas vezes os dependentes do contribuinte segurado dependem

economicamente do de cujus e por essa razão, com a sua falta, passam por grandes

dificuldades. Mediante essa situação, o benefício previdenciário de pensão por morte se presta

a suprir a falta econômica do provedor, ao qual o falecido provia e com esse benefício seus

dependentes não se encontrariam a própria sorte.

Nesse sentido, o benefício previdenciário de pensão por morte tem como objetivo

amparar os dependentes do contribuinte segurado no momento do evento morte, dando

condições mínimas de sobrevivência para os mesmo. Logo, este princípio tem o condão de

amparar a família, como também seus dependentes, proporcionando assim sua manutenção.

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4 O BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PENSÃO POR MORTE

4.1 Pensão por Morte

Um dos benefícios da previdência social é o benefício de pensão por morte, a qual

será devida ao dependente, ou ao conjunto de dependentes do indivíduo ex-contribuinte da

previdência social e agora falecido. Observe que este benefício não dará oportunidade ao

contribuinte de usufruir do mesmo, como ocorre em alguns outros benefícios, ficando o

benefício a ser desfrutado pelos seus dependentes sobreviventes.

Vale observar que se o segurado que trabalhava e auferia renda para o seu

sustento e o de seus familiares e dependentes vier a falecer, algo natural e provável a todos,

seus dependentes não ficarão a própria sorte, uma vez que a previdência social a qual ele é

contribuinte, efetuará pagamentos em pecúnia, substituindo a renda de labor do ex-

contribuinte. Tal direito está previsto no art. 201, caput da Constituição Federal:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de

caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o

equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Ainda nos arts. 74 à 79 da lei 8.213 de 24 de junho 1991, os quais fazem

disposição sobre os planos de benefício da previdência social, mais precisamente sobre

pensão por morte:

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado

que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528,

de 1997)

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; (Incluído pela Lei nº

9.528, de 1997)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso

anterior; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluído pela Lei nº 9.528, de

1997) Art. 75. O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da

aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse

aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33

desta lei. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de

habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação

posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a

contar da data da inscrição ou habilitação.

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§ 1º O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a

companheira, que somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e

mediante prova de dependência econômica.

§ 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão

de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no

inciso I do art. 16 desta Lei.

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre

todos em parte iguais. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 2º A parte individual da pensão extingue-se: (Redação dada pela Lei nº 9.032, de

1995)

I - pela morte do pensionista; (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela

emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou

com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,

assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

III - para o pensionista inválido pela cessação da invalidez e para o pensionista com

deficiência intelectual ou mental, pelo levantamento da interdição. (Redação dada

pela Lei nº 12.470, de 2011) § 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-

á. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 4º A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou

mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado

judicialmente, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por

cento), devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação de

trabalho ou da atividade empreendedora. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)

Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial

competente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória,

na forma desta Subseção.

§ 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência de acidente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória

independentemente da declaração e do prazo deste artigo.

§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará

imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos,

salvo má-fé.

Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz

ou ausente, na forma da lei.

Diante do exposto, vale salientar que o recebimento deste benefício pode ser

acumulável com outros benefícios como, por exemplo, auxílio-doença, auxílio-acidente,

aposentadoria por invalidez e aposentadoria por tempo de contribuição; não proibindo o

trabalhador, se esse estiver contribuindo e consequentemente na qualidade de segurado, de

obter o direito a outros benefícios previdenciários, como também seus dependentes, no caso

do benefício pensão por morte.

4.2 Requisitos para a Concessão do Benefício

Conforme disposto no art. 74, mencionado acima, pode-se observar quais são os

requisitos necessários para que o órgão pagador, o Instituto Nacional de Seguridade Social,

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efetue a concessão do benefício por morte. Os requisitos são: o contribuinte estar em dia com

as contribuições previdenciárias, a existência de beneficiários, observando se estão na

condição de dependente do de cujus.

O art. 16 da Lei 8.213 de 24 de junho de 1991 traz as classes de dependentes do

segurado contribuinte os quais farão jus, no caso do evento morte, ao benefício de pensão por

morte:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de

dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer

condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência

intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado

judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

II - os pais;

II - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos

ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou

relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº

12.470, de 2011)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do

direito às prestações os das classes seguintes.

§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida

no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,

mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do

art. 226 da Constituição Federal.

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das

demais deve ser comprovada.

A relação de dependência no direito previdenciário brasileiro se distingue da

relação de dependência do direito civil, pois se deve ter em vista que no primeiro existem

regras próprias e devido a isso, em nada possui semelhança com o segundo que possui suas

próprias regras de dependência e que em nada se assemelham. Mesmo com o advento em 10

de janeiro de 2002 do novo Código Civil Pátrio, nada muda nas relações de dependência no

âmbito do direito previdenciário.

No direito previdenciário temos que ter em vista que o requisito mais importante é

a relação de dependência econômica entre o de cujus e seus dependentes segurados. No art. 16,

inciso I, assevera que o cônjuge, o companheiro ou companheira e os filhos - sendo o último

menor ou deficiente mental ou físico, onde esteja impossibilitado para o trabalho - possuem

dependência econômica presumida, algo que não ocorre nos outros casos de dependência

econômica, portanto os outros dependentes relacionados no referido artigo devem provar o

vínculo e sua relação de dependência econômica.

Depois de passar por todo o grifo do órgão previdenciário, o benefício deve ser

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pago aos dependentes do segurado. Deve-se observar que esse benefício não pode ser inferior

ao salário mínimo vigente, tendo em vista que este benefício tem natureza remuneratória e

com pretensão de substituição de renda laboral do de cujus. No caso de existir mais de um

dependente beneficiado, este valor deve ser rateado entre eles.

Duas regras são importantes para a meação ou divisão do benefício previdenciário

de pensão por morte: a existência de algum dependente beneficiário na classe anterior excluirá

as posteriores e os dependentes beneficiários de classes iguais, concorrerão de forma

igualitária ao rateio do benefício pensão por morte.

Nota-se que se o de cujus tiver perdido a condição de contribuinte segurado, mas

em contra partida já tenha adquirido uma aposentadoria, seja ela aposentadoria por tempo de

contribuição ou por invalidez, os dependentes econômicos dos beneficiários terão direito ao

benefício pensão por morte e havendo mais de um beneficiário, a sua meação ou rateio.

Se o cônjuge sobrevivente se encontrar em pleno vigor do casamento ou se estiver

separado de fato ou judicialmente, mas se estiver recebendo alimentos, devido a essa situação

demonstrará dependência econômica do falecido. Porém, se estiver na condição de separado

de fato ou judicialmente e não estiver recebendo alimentos, estiver divorciado e sem o

recebimento de alimentos, se tiver realizado a anulação do casamento ou óbito do cônjuge,

companheiro ou companheira, não fará jus ao benefício previdenciário de pensão por morte,

por não ter a possibilidade de comprovar a dependência econômica, conforme assevera o art.

76 da Lei 8.213 de 24 de junho de 1991.

O momento ideal de comprovação de dependência econômica para fins de

requerimento de benefício de pensão por morte é após seu evento, tendo em vista que não há

como requerer o benefício previdenciário de pensão por morte de contribuinte segurado vivo.

Sobre o assunto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou entendimento sobre

uma situação bastante polêmica, se a esposa que renuncia aos alimentos teria ou não direito ao

benefício previdenciário pensão por morte. Para entendimento do firmado da Nobre Corte:

STJ Súmula nº 336 - 25/04/2007 - DJ 07.05.2007

Renúncia aos Alimentos da Mulher na Separação Judicial - Direito à Pensão

Previdenciária por Morte do Ex-Marido A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão

previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica

superveniente.

O companheiro ou companheira que nesse caso será o cônjuge sobrevivente é o

que mantém união estável com o contribuinte segurado nos moldes do art. 226, parágrafo §3º,

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da Constituição Federal, onde o Decreto de nº 3.048 de 06 de maio de 1999 assevera sobre o

regulamento da previdência social e considera a união estável como ente familiar estando o

casal, ambos solteiros, separados de fato ou judicialmente, divorciados, viúvos ou tiverem

desse relacionamento, filhos em comum.

Abaixo, um julgado do Superior Tribunal de Justiça, onde aduz em caso concreto,

que o conjunto probatório faz a demonstração do direito ao benefício de pensão por morte:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.473.899 - RS (2014/0200487-3) RELATOR :

MINISTRO HERMAN BENJAMIN RECORRENTE : INSS INSTITUTO

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL PROCURADOR : PROCURADORIA-

GERAL FEDERAL - PGF RECORRIDO : TEREZA SOARES MACHADO

ADVOGADO : ONEIDE SMIT DECISÃO Trata-se de Recurso Especial (art. 105, III, a, da CF) interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região

assim ementado: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONCESSÃO.

QUALIDADE DE DEPENDENTE. UNIÃO ESTÁVEL. QUALIDADE DE

SEGURADO DO "DE CUJUS". 1. A concessão do benefício de pensão por morte

depende da ocorrência do evento morte, da demonstração da qualidade de segurado

do de cujus e da condição de dependente de quem objetiva a pensão. 2. É presumida

a condição de dependência do companheiro, face às disposições contidas no artigo

16, I e § 4º, da Lei 8.213/91. 3. Necessidade de comprovação da união estável, para

fim de caracterizar a dependência econômica da companheira, face às disposições

contidas no artigo 16, I e § 4º, da Lei 8.213/91. 4. Não será concedida a pensão aos

dependentes do instituidor que falecer após a perda da qualidade de segurado, salvo

se preenchidos, à época do falecimento, os requisitos para obtenção da aposentadoria segundo as normas então em vigor. 5. A sentença trabalhista não pode ser estendida

para o âmbito previdenciário quando o INSS for estranho à reclamatória trabalhista,

mas é apta como início de prova material para demonstrar o vínculo de segurado -

quando verificado que aquele processo visava efetivamente dirimir controvérsia

entre empregado e empregador -, desde que complementada por outras provas. 6.

Considerando que o falecido ostentava a condição de segurado na data do óbito,

devida a concessão de pensão por morte às dependentes. Os Embargos de

Declaração foram parcialmente acolhidos para fins de prequestionamento (fls. 134-

141, e-STJ). O recorrente, nas razões do Recurso Especial, sustenta que ocorreu

violação dos arts. 535 do CPC; 15 e 55, § 3º, da Lei 8.213/1991, sob o argumento de

que o falecido perdeu a qualidade de segurado por ter deixado de contribuir para a Previdência Social. É o relatório. Decido. Os autos foram recebidos neste Gabinete

em 18.8.2014. A irresignação não merece prosperar. Inicialmente, constato que não

se configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que o

Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como

lhe foi apresentada. Não é o órgão julgador obrigado a rebater, um a um, todos os

argumentos trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas

enfrentar a demanda, observando as questões relevantes e imprescindíveis à sua

resolução. Nesse sentido: REsp 927.216/RS, Segunda Turma, Relatora Ministra

Eliana Calmon, DJ de 13/8/2007; e REsp 855.073/SC, Primeira Turma, Relator

Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 28/6/2007. Na hipótese dos autos, o Tribunal

a quo consignou: Do caso concreto O óbito de Paulo Porte da Silva ocorreu em 22/09/2005 (fl. 12). No caso dos autos, entendo existir início suficiente de prova

material no sentido de que a autora viveu em união estável com o de cujus até seu

óbito, bem como sua efetiva dependência econômica, na condição de companheira

do falecido. Neste sentido, cito os seguintes documentos: a) Certidão de nascimento

de Márcia da Silva, Angelita Machado da Silva filhos da autora e do finado (fl.

18/19). Ademais, a prova documental foi corroborada pelo depoimento das

testemunhas ouvidas, as quais afirmaram a existência de convivência marital entre a

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autora e o falecido. O conjunto probatório, portanto, faz concluir que a demandante

viveu em união estável com o falecido até a data do óbito, de onde se presume

dependência econômica para fins previdenciários. Da qualidade de segurado Já a

manutenção da qualidade de segurado tem previsão no artigo 15 da Lei nº 8.213/91,

in verbis: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de

contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12

(doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer

atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou

licenciado sem remuneração; (...) § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte)

contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de

segurado. § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses

para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no

órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3º Durante os

prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência

Social. § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do

término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para

recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final

dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. Assim, o período de graça de

12/24 meses, estabelecido no artigo 15, II e § 1º, da Lei nº 8.213/91, consoante as disposições do § 2º, pode ser ampliado em mais doze meses, na eventualidade de o

segurado estar desempregado, desde que comprovada essa condição. Saliente-se que

não será concedida a pensão aos dependentes do instituidor que falecer após a perda

da qualidade de segurado, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção da

aposentadoria segundo as normas em vigor à época do falecimento. Do caso

concreto Na hipótese, a autora sustenta que o de cujus era segurado da Previdência

Social por ocasião do óbito, já que laborava como empregado para Clademir

Griebler, na função de carpinteiro na construção de galpões de estufa, no período

compreendido entre 01/06/2005 a 22/09/2005, conforme se depreende da

documentação acostada, bem como da cópia de reclamatória Trabalhista em que foi

reconhecido referido vínculo laboral. Em relação ao reconhecimento do tempo de serviço por meio de reclamatória trabalhista, a Terceira Seção do Egrégio STJ tem

reiteradamente decidido que "a sentença trabalhista será admitida como início de

prova material apta a comprovar o tempo de serviço, caso ela tenha sido fundada em

elementos que evidenciem o labor exercido na função e o período alegado pelo

trabalhador na ação previdenciária." (EREsp n. 616.242/RN, Rel.ª Min.ª Laurita

Vaz, DJ de 24-10-2005). No mesmo sentido vem entendendo este Tribunal,

consoante demonstram os julgados abaixo: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR

MORTE. SENTENÇA TRABALHISTA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.

POSSIBILIDADE. QUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS.

COMPROVAÇÃO. TERMO INICIAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. 1. A sentença trabalhista não pode ser estendida

para o âmbito previdenciário onde o INSS é estranho à reclamatória trabalhista, mas é apta como início de prova material, desde que complementada por outras provas,

caso dos autos. 2. Restando comprovado nos autos, mediante início de prova

material corroborada por prova testemunhal idônea, a qualidade de segurado do de

cujus, é de ser concedido o benefício de pensão por morte à sua esposa. 3. O marco

inicial da pensão por morte é a data do óbito, sendo devidas as parcelas anteriores ao

quinquênio que antecedeu o ajuizamento da ação, tendo em vista o reconhecimento

da prescrição quinquenal. 4. Preenchidos os requisitos do artigo 273 do CPC, é de

ser deferida a tutela antecipada. (TRF4, AC 2004.70.04.003968-3, Sexta Turma,

Relator Luís Alberto D"azevedo Aurvalle, D.E. 14/05/2010) PREVIDENCIÁRIO.

CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE

DE SEGURADO. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO POR MEIO DE SENTENÇA TRABALHISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. O

vínculo de emprego reconhecido em reclamatória trabalhista pode demonstrar a

qualidade de segurado em ação previdenciária quando as circunstâncias do caso

indicarem que aquele processo visava a dirimir controvérsia entre empregado e

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empregador, por meio da produção de prova razoável, sob efetivo contraditório. No

caso concreto, a sentença proferida no processo trabalhista não é meio hábil a

comprovar a qualidade de segurado do de cujus, uma vez que não foi fundada em

documentos que efetivamente demonstrassem o vínculo empregatício no período

alegado. Ademais, não há nos autos prova oral que demonstre a alegação da autora,

havendo apenas depoimento do suposto empregador do de cujus, em sentido

contrário ao sustentado pela parte autora. 2. Quanto aos honorários advocatícios,

merece provimento o apelo para fixá-los em R$ 465,00. (TRF4, AC

2007.70.12.000498-4, Sexta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 05/10/2009) Portanto, havendo sentença condenatória, fundada em prova material do vínculo

trabalhista alegado, resta comprovada a qualidade de segurado do instituidor da

pensão, nos termos do art. 15, II e § 2º, da Lei 8.213/91. Para comprovar o alegado

labor, a requerente apresentou cópia da Reclamatória Trabalhista nº 00165-2007-

333-04-00-0, ajuizada pelos sucessores do falecido, oportunidade em que restou

reconhecido através de decisão judicial o vínculo laboral entre o falecido e a

reclamada, no período alegado (fls. 15/16). Tal decisão foi proferida em face de

confissão ficta do reclamado. Acostou, igualmente, certidão de óbito em que o

finado foi qualificado como carpinteiro (fl. 12). De regra, considera-se a decisão

trabalhista como um início de prova material, merecendo ser corroborada por outros

elementos probatórios. Contudo, também devem ser ponderadas as circunstâncias do caso concreto no reconhecimento do labor e vínculo previdenciário. No caso,

realizada audiência de instrução e julgamento foram ouvidas as testemunhas Ari

Silvestre Flores e Silvana Alff, as quais ratificaram os argumentos apresentados,

confirmando que o falecido trabalhava como empregado para Clademir Griebler,

residindo na propriedade deste, no período imediatamente anterior ao seu

passamento. Logo, pelo curso da instrução processual nestes autos, inclusive com

produção de prova testemunhal, bem como pela documentação apresentada,

inclusive decisão judicial proferida pela Justiça Especializada do Trabalho, tem-se

que, pelas circunstâncias especiais e particulares do caso, restou caracterizado o

vínculo profissional e previdenciário e, consequentemente, a qualidade de segurado

do de cujus. Portanto, preenchidos todos os requisitos legais, conclui-se que a demandante faz jus ao benefício de pensão por morte, razão pela qual não merece

reforma a sentença impugnada. Verifica-se que o Tribunal a quo dirimiu a

controvérsia com base no contexto fático-probatório dos autos. Conclusão diversa da

alcançada pelo julgado exige o reexame das provas e dos fatos, o que, a rigor, é

vedado pela Súmula 7/STJ. Nesse sentido: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR

MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO. PERÍODO DE GRAÇA. ART. 15, § 2º,

DA LEI Nº 8.213/1991. SEGURADO DESEMPREGADO. SITUAÇÃO QUE

PODE SER DEMONSTRADA NÃO SÓ POR MEIO DO REGISTRO PERANTE

O ÓRGÃO PRÓPRIO DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, MAS TAMBÉM POR

OUTRAS PROVAS EXISTENTES NOS AUTOS. COMPROVAÇÃO. SÚMULA

Nº 7/STJ. 1. As instâncias ordinárias concluíram que as provas contidas nos autos,

demonstraram a qualidade de segurado do de cujus na data do óbito, em virtude da comprovação da situação de desemprego, tendo, assim, deferido a extensão do

período de graça previsto no art. 15, § 2º, da Lei nº 8.213/1991. 2. Para verificar a

qualidade de segurado do de cujus na data do óbito, em virtude da extensão do

período de graça, com a devida comprovação da situação de desemprego por outras

provas constantes dos autos, seria necessário o reexame da matéria probatória,

vedado nesta instância especial, em virtude do óbice da Súmula nº 7/STJ. 3. Agravo

regimental a que se nega provimento. (AgRg nos EDcl no Ag 1401530/PR, Rel.

Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 28/06/2012).

Diante do exposto, nos termos do art. 557, caput, do CPC, nego seguimento ao

Recurso Especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília-DF, 05 de setembro de 2014.

MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator (STJ - REsp: 1473899 RS 2014/0200487-3, Relator: Ministro HERMAN

BENJAMIN, Data de Publicação: DJ 28/11/2014)

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Com relação aos filhos, descendentes em 1º grau, onde também recebem outros

termos como descendentes direitos, legítimos, adulterinos ou adotivos, estão em mesmo grau

de direitos, conforme assevera o art.226, §6º da Constituição Federal. Nesse diapasão,

também estão equiparados a filhos os enteados e os tutelados, sendo que o primeiro é devido à

convivência em familiar, do segurado falecido com a esposa ou companheira e o segundo é

mediante decisão judicial.

4.3 Da Qualidade de Segurado

O trabalhador ao se filiar, obrigatoriamente ou facultativamente, ao Regime Geral

de Previdência Social encontrar-se-á protegido pelo sistema Previdenciário. A filiação

obrigatória é devida ao sistema protetivo que foi determinado pela Constituição Federal.

Dessa forma, o contribuinte só poderá se filiar uma única vez, podendo se encontrar segurado

e depois perder esse status, mas se voltar a contribuir poderá se encontrar segurado

novamente, já com o contribuinte facultativo poderá passar pela mesma situação relatada.

Perceba que em alguns momentos o contribuinte poderá, por alguma

eventualidade, deixar de contribuir com o Regime Geral da Previdência Social, mas neste

momento, ainda não perderá o status de segurado, permanecendo nesta condição por mais 3

meses, 6 meses, 12 meses ou 24 meses. Dependendo do caso, se encontrar-se desempregado e

comprovar tal situação por registro perante a Previdência Social e ao Ministério do Trabalho,

poderá prorrogar por mais 12 meses, chegando ao máximo de 36 meses o status de segurado,

como determina, no art. 15, da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de

exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso

ou licenciado sem remuneração;

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença

de segregação compulsória;

IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças

Armadas para prestar serviço militar;

VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o

segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem

interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o

segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão

próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

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§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos

perante a Previdência Social.

§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do

prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da

contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos

fixados neste artigo e seus parágrafos”.

A qualidade de contribuinte segurado, com o evento morte, configura-se quando

estiver contribuindo com o Regime Geral de Previdência Social, ou nas situações

mencionadas acima, ensejando o direito aos beneficiários do benefício de pensão por morte.

Note, que se o contribuinte não se encontrar segurado pelo Regime Geral da

Previdência Social, não será devido o benefício previdenciário de pensão por morte aos

beneficiários do de cujus, sendo assim, não terão a oportunidade de gozar desse benefício

previdenciário.

Porém, se o contribuinte que não se encontrar segurado pela Previdência Social,

mas já tiver direito a algum benefício previdenciário, que por algum motivo de cunho

subjetivo não o requereu antes do evento morte, nesse caso estará na qualidade de segurado,

dando ensejo à possibilidade dos beneficiários do falecido de requererem o benefício de

pensão por morte.

4.4 Companheira versus Esposa

Atualmente os casais têm preferido viver em união estável, onde passam a viver

sobre o mesmo teto e passa a formar uma família, somando receitas e dividindo despesas.

Seguindo este caminho, o casal poderá se dirigir ao cartório e formalizar a sua união estável,

mas, se não o fizer continua nos moldes da referida união estável, para o mundo jurídico o que

realmente irá pesar será a real condição do casal, se realmente havia uma relação séria e com

propósito de duração:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL.

CONVIVÊNCIA DURADOURA DEMONSTRADA POR PROVA HARMÔNICA

E SUFICIENTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. BENEFÍCIO

DEVIDO. 1. A exigência de prévio requerimento administrativo como condição ao

ajuizamento de ação judicial para a obtenção de benefício previdenciário não se coaduna com a garantia constitucional (art. 5º, XXXV) de que a lei não excluirá da

apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 2. É possível a concessão

de tutela antecipada, ainda que de ofício, em ações de natureza previdenciária, tendo

em vista a natureza alimentar do benefício previdenciário e por se encontrarem

presentes os requisitos específicos do art. 273 do CPC. Precedentes. 3 Os

documentos produzidos constituem prova material convincente do status de união

estável, corroborada pelos depoimentos pessoal e testemunhais indicam a existência

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de relacionamento público, contínuo e duradouro, situação que demonstra a

condição de companheirismo da parte Autora. 4. Comprovada a união estável com

segurado (falecido) da Previdência Social, por prova suficiente, nos termos do artigo

226, § 3º, da Constituição Federal, a demandante tem direito ao reconhecimento

judicial da relação more uxório, para fins previdenciários. 5. A Lei 8.213/91, em seu

artigo 74, com a redação dada pela Lei n 9.528/97, dispõe que a pensão por morte

será devida a contar da data: (I) do óbito, quando requerida até trinta dias depois

deste; (II) do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso

anterior; ou (III) da decisão judicial, no caso de morte presumida. 6. Nos termos da legislação estadual de Minas Gerais (Lei Estadual 14.939/2003), de Goiás (Lei

Estadual n. 14.376/2002), de Mato Grosso (Lei 7.603/2001), de Rondônia (Lei

Estadual 301/1990), e do Acre (Lei Estadual 1.422/2001), o INSS está isento do

pagamento de custas processuais nas ações ajuizadas naquelas unidades da

Federação. 7. Os juros moratórios e a correção monetária incidentes sobre as

parcelas atrasadas devem observar as orientações do Manual de Cálculos da Justiça

Federal, aprovado pela Resolução/CJF 134, de 21.12.2010. 8. Conforme reiterados

precedentes desta Corte, em ações de natureza previdenciária, a verba honorária

deve ser fixada no percentual de 10% (dez por cento) incidentes apenas sobre as

parcelas vencidas até a prolação da sentença, nos termos da Súmula nº 111 do STJ,

bem como em atendimento ao disposto no art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil. 9. Apelação a que se nega provimento; Remessa oficial a que se dá parcial

provimento para determinar que a atualização das parcelas atrasadas observe as

orientações do Manual de Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução/CJF

134, de 21.12.2010, e para isentar o INSS do pagamento das despesas processuais.

(TRF-1 - AC: 124535620134019199 GO 0012453-56.2013.4.01.9199, Relator:

DESEMBARGADOR FEDERAL KASSIO NUNES MARQUES, Data de

Julgamento: 11/06/2013, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.877

de 19/08/2013).

Nesse sentido, para a comprovação da união estável, basta convivência duradoura,

continuidade da relação, o relacionamento ser público, dependência econômica, poderá

utilizar-se de todos os meios de prova admitidos para a comprovação da união estável do casal.

Já com relação aos casais que se unem através do casamento, possuindo assim,

certidão de casamento, a comprovação da dependência econômica é presumida, e sendo assim,

fica mais fácil a prova de convivência marital, nada impede que o casal já tenha se separado

de fato e não tenha ingressado com a ação de divórcio, podendo até ter uma outra relação

conjugal ou podendo viver maritalmente com duas mulheres, vale salientar que é bem

corriqueiro esse tipo de situação:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ESPOSO. CERTIDÃO DE

CASAMENTO. PROVA TESTEMUNHAL. ATIVIDADE RURÍCOLA DO

CÔNJUGE FALECIDO. PRESSUPOSTOS CONFIGURADOS. TERMO INICIAL.

JUROS DE MORA. CONTAGEM. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO.

CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. I - Ao cônjuge de

rurícola, na qualidade de dependente previdenciário, é dado pleitear a pensão por

morte, sendo certo que sua dependência econômica é presumida (art. 16, I e § 4º, e art. 74 da Lei nº 8.213/91). II - Comprovada a condição de rurícola do cônjuge

falecido do autor pelo período correspondente à carência do benefício, conforme

Tabela Progressiva do art. 142 da Lei nº 8.213/91, ainda que de forma descontínua,

por prova testemunhal baseada em início de prova documental, o autor tem direito

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ao benefício de Pensão por Morte. III - Existindo início de prova material,

atendendo o disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91, uma vez que apresentada

Certidão de Casamento que comprova a condição de trabalhadora rural do cônjuge

do autor, corroborada pela prova testemunhal, é devido o benefício de pensão por

morte. IV - "A pensão por morte de trabalhador rural, ocorrida após a entrada em

vigor da Lei Complementar n. 11, de 1971, não requerida na via administrativa, é

devida a partir da citação" (Súmula nº 197 do extinto TFR). V - Os juros moratórios,

em se tratando de ações previdenciárias, são devidos no percentual de 1% (um por

cento) ao mês (precedentes do e. STJ e da 1ª Turma deste Tribunal - AC nº 2001.38.00.041051-1/MG), contados a partir da citação os relativos às parcelas

vencidas antes dela e a partir de cada mês de referência os incidentes sobre as

parcelas vencidas após a data da citação. VI - Correção monetária pelos índices

oficiais, de acordo com a Lei nº 6.899/81 e legislação posterior pertinente, de

conformidade com o Manual de Cálculos do colendo Conselho da Justiça Federal,

incidindo a partir de cada mês de referência. VII - Honorários advocatícios fixados

em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, definindo-o como a soma das

parcelas vencidas até a data em que iniciado o julgamento deste recurso, em simetria

com a Súmula nº 111/STJ, já que a condenação surge neste momento. VIII -

Apelação do autor provida. Sentença reformada.

(TRF-1 - AC: 64323 GO 2005.01.99.064323-9, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN, Data de Julgamento: 16/11/2005,

SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: 09/12/2005 DJ p.40)

Fica assim demonstrado que o cônjuge sobrevivente, mediante apresentação de

certidão de casamento, prove sua relação marital com a consequente presunção da sua

dependência econômica, passando assim a ter direito ao benefício de pensão por morte.

4.5 Do Valor Mensal e da Data da concessão do Benefício

Será devido o valor mensal ao conjunto de dependentes, de 100% dos proventos

do que o falecido percebia a época de seu falecimento, o benefício previdenciário de pensão

por morte terá seu valor fixado em equiparação ao valor se viesse a se aposentar por invalidez,

observando que não poderá ser inferior ao salário mínimo vigente e nem além ao salário de

contribuição, todos esses cálculos serão efetuados tendo por base a data do óbito.

O benefício previdenciário será devido a partir do evento morte, onde será

requerida pelo conjunto de beneficiários dependentes. Abaixo, apresenta-se o que determina o

art. 74, da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991:

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado

que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528,

de 1997)

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; (Incluído pela Lei nº

9.528, de 1997)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso

anterior; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluído pela Lei nº 9.528, de

1997)

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No caso de ocorrer o falecimento de alguns dos pensionistas, extinguindo assim o

seu percentual, a sua cota parte do benefício previdenciário e irá compor o percentual dos

demais. Se o último beneficiário falecer, o que determina o art. 77, da Lei 8.213 de 24 de

julho de 1991:

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre

todos em parte iguais. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão

cessar. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 2º A parte individual da pensão extingue-se: (Redação dada pela Lei nº 9.032, de

1995)

I - pela morte do pensionista; (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela

emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou

com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

III - para o pensionista inválido pela cessação da invalidez e para o pensionista com

deficiência intelectual ou mental, pelo levantamento da interdição. (Redação dada

pela Lei nº 12.470, de 2011)

§ 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-

á. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 4º A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou

mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado

judicialmente, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por

cento), devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação de

trabalho ou da atividade empreendedora. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)

Conforme relatado, a Lei de nº 8.213 de 24 de junho de 1991, deixa bem cristalino

como será dividido o benefício previdenciário e quem terá o referido direito a esse benefício.

Demonstra também como se chega ao valor devido do benefício.

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5 CONCLUSÃO

O benefício previdenciário de pensão por morte encontra-se previsto no art. 201,

inciso V, da Constituição Federal de 1988, como também está regulamentado em Legislação

específica, o art. 18, inciso II, alínea “a”, da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, e o art. 105 ao

art. 115 do Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999.

O benefício previdenciário de pensão por morte é devido ao conjunto de

dependentes do contribuinte segurado, que comprovem essa situação, a fim de terem direito

ao recebimento do benefício.

Aqui foi demonstrado como se chega ao conjunto de dependentes do contribuinte

segurado e como se deve comprovar a relação de dependência, pois se trata de benefício

previdenciário disponibilizado apenas para esse seleto grupo e para não deixar seus

dependentes a própria sorte, deverão requerer o benefício apresentado.

Constatou-se que dentre os princípios elencados da previdência social, destaca-se

o princípio da obrigatoriedade da filiação, o qual viabiliza o sistema previdenciário,

garantindo a todos os seus contribuintes segurados à proteção no momento do evento morte.

Dessa forma, somente é possível a concessão do benefício previdenciário ao conjunto de

dependentes estipulados por lei, tendo em vista que o contribuinte passou pelo período de

carência e habilitando assim seus dependentes a requererem o benefício.

Verificou-se também que a data de início do benefício previdenciário pensão por

morte é da data do evento morte, salvo se a data do requerimento feito na via administrativa

pelo conjunto de dependentes superior a 30 dias, ocasião em que se contará da data do pedido

no órgão autárquico, com as devidas peculiaridades que foram aqui amplamente abordadas.

Compreende-se a importante figura desse instituto abordado no Estado

democrático de direito, tendo em vista que sua retirada constituiria uma imensa afronta aos

direitos humanos e sociais já conquistados. Nesse sentido, espera-se a diminuição da

burocracia do órgão autárquico, o Instituto Nacional de Previdência Social, para a concessão

do benefício de pensão por morte ao conjunto de dependentes.

Percebe-se que tem havido uma grande mudança nos lares de nosso país, no qual

o provedor da família já não é mais o mesmo, onde em muitos lares onde o homem tem

permanecido em casa, cuidando do lar e filhos em detrimento da mulher encontrar-se inserida

no mercado de trabalho. Ocorre que as mulheres, em muito dos casos, possuem um salário

maior frente ao do marido e, em comum acordo, preferem que a mulher fique desenvolvendo

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sua atividade laboral enquanto o homem assume as tarefas domésticas.

Ressalta-se, se por ventura, ocorrer o evento morte da mulher que provia o lar, o

companheiro sobrevivente fará jus, mediante comprovação da união estável, comprovação

esta feita por documentos ou testemunhas, de requerer juto ao Instituto Nacional da

Previdência Social, o benefício previdenciário de pensão por morte.

Outra situação bem corriqueira é o companheiro, na maioria das vezes, ter mais de

uma união estável, pasmem, o homem consegue ter mais de uma companheira. O que ocorre

na situação narrada é que quando as companheiras vão requerer o benefício previdenciário de

pensão por morte, o órgão autárquico, de forma precavida, indefere o benefício de pensão por

morte, chegando até mesmo a orientar à procurar um advogado, pois somente irá resolver essa

querela em vias judiciais.

Observamos que o entendimento dos tribunais ante a situação acima é a de ratear

o benefício previdenciário, mediante comprovação da união estável e dependência econômica,

para que as companheiras sobreviventes façam jus ao referido benefício.

Averiguou-se também outra situação bastante peculiar e corriqueira, é aquela na

qual o indivíduo apesar de encontrar-se formalmente casado com aquela que chama de esposa,

vive em união estável com outra pessoa a qual chama de companheira e dessa união estável

advém um filho inválido. Caso ocorra a morte desse indivíduo, tanto a esposa, como a

companheira, terão direito ao recebimento do benefício da pensão por morte.

Verificou-se ainda que depois do reconhecimento da união homoafetiva, poderá

ocorrer o evento morte de um dos companheiros, diante dessa situação o companheiro

sobrevivente poderá requerer ao Instituto Nacional de Previdência Social o benefício

previdenciário de pensão por morte. Observa-se que essa situação vale para ambos os casais

homoafetivos, seja casais formados por dois homens ou casais formados por duas mulheres.

Por fim, observa-se que a sociedade está em constante evolução e crescimento,

com uma maior expectativa de vida, o que acaba por onerar ainda mais a previdência social e

devido a tal situação, deve o Estado estabelecer políticas públicas de esclarecimento das

regras do Regime Geral de Previdência Social e alíquotas acessíveis para que a balança

financeira do Ministério da Previdência Social venha a ser favorável. Isso ocorrerá quando o

foco do Estado for a arrecadação, o que se dará por meio de novos contribuintes, pois assim a

tanto a Previdência Social como a Assistência Social ficaram desafogadas financeiramente, já

que isso aumentaria a arrecadação, podendo assim dar mais garantias aos cidadãos de nossa

sociedade.

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REFERÊNCIAS

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Palacio do Rio de Janeiro, RJ, 29. nov.1892.

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___________. Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960. Dispõe sôbre a Lei Orgânica da

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administração de informações dos segurados, o reconhecimento, a manutenção e a revisão de

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previdenciário no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Diário Oficial da

União. Brasília, DF, 11.ago.2010.

___________. Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10 de janeiro de 2014. Dispõe

sobre o reajuste dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dos

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demais valores constantes do Regulamento da Previdência Social - RPS. Diário Oficial da

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