Upload
doanminh
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
WALDEVIQUE FRANCO BORGES JÚNIOR
REDE DE EMPRESAS NO REGIME DIFERENCIADO DE
CONTRATAÇÃO (RDC): ESTUDO DE CASO DA OBRA NA BR-381/MG, REGIÃO
DE BELO HORIZONTE
Belo Horizonte - MG
2015
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
WALDEVIQUE FRANCO BORGES JÚNIOR
REDE DE EMPRESAS NO REGIME DIFERENCIADO DE
CONTRATAÇÃO (RDC): ESTUDO DE CASO DA OBRA NA BR-381/MG, REGIÃO
DE BELO HORIZONTE
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado
Profissional em Administração de Empresas
do Centro Universitário UNA, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre.
Linha de Pesquisa: Inovação, Redes
Empresariais e Competitividade.
Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário
Belo Horizonte - MG
2015
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras
B732r
Borges Júnior, Waldevique Franco
Rede de empresas no regime diferenciado de contratação (RDC): estudo de
caso da obra na BR-381/MG, região de Belo Horizonte. / Waldevique Franco
Borges Júnior. – 2015.
193f.
Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2014. Programa de
Pós-graduação em Administração.
Inclui bibliografia.
1. Contratos de construção de rodovias. 2. Licitação pública. I. Mário, Poueri
do Carmo. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658
Dedico esta dissertação à minha maior fonte
de inspiração: minha amiga, parceira e
esposa, Adriana Pio Adedo Franco Borges.
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação é o produto da atuação de muitos colaboradores. O seu melhor valor é fruto
da participação dos professores e colegas do curso de Mestrado Profissional em
Administração do Centro Universitário-UNA, com destaque para os componentes da banca de
avaliação: orientador Dr. Poueri do Carmo Mário, Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos,
Dra. Gisele Tessari Santos.
Agradeço às empresas e aos profissionais que participaram desta pesquisa, que muito
contribuíram para a sua realização, pelas horas de diálogos com rica troca de informações que
foram além das respostas dadas ao questionário.
À minha esposa Adriana Pio Adedo Franco Borges, que direciona minha vida, pela paciência
com minhas ausências, o meu incondicional amor, carinho e reconhecimento.
Aos meus pais, Waldevique Franco Borges e Auta Ercília Ribeiro Borges, pela dedicação e
valorização da instrução e da moral.
Ao meu querido tio Anaur Franco Borges, que sempre aparece ao lado da figura paterna e que
é minha fonte de inspiração para a formação do caráter. E a sua esposa, minha tia Luzia
Divina Borges.
Aos meus avós, João Inácio e América Ribeiro, Manoel Teodoro Ribeiro e Luiza Borges, a
minha eterna gratidão.
A meu tio Elmo Teodoro Ribeiro, por ter me proporcionado os melhores desafios
profissionais.
E a Deus.
“O aprendizado é um maravilhoso quarto de
espelho. Parabéns a você, corajoso e sem pré-
conceito, que entrou neste quarto, puro, e
agora completamente diferente, amando esta
arte mesmo que inacabada, tenha certeza que
chegou mais perto do infinito”.
Adriana Pio Adedo Franco Borges
RESUMO
Os eventos relacionados com a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas do Rio
de Janeiro em 2016 demandaram uma infraestrutura apropriada para atender às necessidades
de suas dimensões. Nesse contexto, o governo brasileiro instituiu o Regime Diferenciado de
Contratação (RDC), buscando dar maior rapidez aos processos de contratações e à
implantação das obras. O surgimento de uma nova forma de contratação de obras gerou a
oportunidade para esta pesquisa, que buscou esclarecer os efeitos do RDC nos procedimentos
de contratações e nos contratos formalizados, com foco em redes de empresas, processo de
licitação e cadeia de suprimento de construção. Para tanto, foram estudadas as parcerias em
redes de consórcios de empresas para atender as exigências do RDC, as inovações em relação
à Lei de Licitação nº 8.666/1993 e os efeitos do RDC na cadeia de suprimento das obras em
execução. Foi realizada uma pesquisa descritiva, com abordagem quali-quantitativa para
determinação do grau de concordância dos resultados, por meio de um estudo de caso, tendo
como unidade de análise o Edital de Licitação nº 165/2013 do DNIT e respectivos contratos,
em um corte transversal do início da obra, na Região de Belo Horizonte - Minas Gerais.
Como instrumento de coleta de dados, recorreu-se à observação direta, pesquisa documental e
aplicação de questionário, além de uma entrevista com um gestor do contrato estudado. A
partir da coleta e análise das informações, foi possível criar um desenho esquemático do fluxo
de bens e serviços e da configuração dos atores e dos recursos necessários para a execução
dos trabalhos na fase inicial do projeto. Dentre os principais resultados alcançados,
identificou-se que 40 empresas participaram da licitação, por meio de 13 redes de cooperação
em consórcio, sendo oito do tipo vertical e horizontal e cinco do tipo vertical. As empresas
projetistas foram fundamentais na composição dos consórcios no atendimento aos requisitos
desse Edital, para gerir e elaborar os projetos técnicos, dando mais agilidade à obra. Foi
verificada inovação incremental no sistema de contratação quanto ao Método de Entrega de
Projeto, por meio da contratação integrada de projeto e construção (design/Build-DB), que
alterou a relação na cadeia de suprimento da obra, ao mover o fornecedor de projeto para o
interior do consórcio contratado. A cadeia de suprimento foi afetada pelo limite de 30% para
as terceirizações. A contratação integrada melhorou a gestão da cadeia de suprimento, pela
relação direta entre projetistas e construtores, impedindo paradas de obra por necessidade de
adequações de projeto. Os resultados obtidos indicam que a aplicação do Regime
Diferenciado de Contratação pode contribuir para melhorar a eficácia nos contratos de obras
públicas em geral, e não somente para as obras relacionadas aos eventos esportivos que
originaram o RDC.
Palavras-chave: Consórcio de Construção. Licitação. Obras Rodoviárias. Contratação
Integrada.
ABSTRACT
The events related to Soccer World Cup in 2014 and the Olympics Games in Rio de Janeiro,
2016 demanded an appropriate infrastructure to meet your size requirements. In this context,
the Brazilian government instituted the Differentiated Contracting Regime (DCR) seeking to
give greater speed in the hiring process and deployment of the works. The rise of a new form
of construction contract has created an opportunity for this research, which aims to clarify the
effects of the DCR in the procedure of contracting and contracts formalized, focusing on
enterprise networks, on hiring processes and on construction supply chain. Thus, forms of
partnerships in business consortia networks have been studied to satisfy the requirements of
the DCR, the innovations in relation to the bidding law nº 8.666/1993 and the effects of the
DCR in the supply chain, of the works in progress. A descriptive study was conducted with a
quali-quantitative approach to determine the degree of concordance of results of a case study,
in which the analysis unit was the invitation to bid nº 165/2013 DNIT and contracts, in a
cross-section in the beginning of the works, in the region of Belo Horizonte - Minas Gerais.
As data collection instrument, we used direct observation, documental research and a
questionnaire, as well as an interview with a manager from one of contract investigated. From
the collection and analysis of information, it was possible create a schematic drawing of flow
of goods and services and the configuration of actors and resources needed to implement the
project in the initial phase. The main results obtained are: 40 firms participated in the bidding
through 13 networks of cooperation in consortium, eight Vertical and Horizontal types and
five Vertical types. The design companies were instrumental in composition of the consortium
to satisfy the bidding requirements, to manage and develop technical designs, providing
agility in the built. It was verified the occurrence of incremental innovation in the hiring
system referred to the project delivery method, through the use of integrated contracting of
project and construction (design/Build - DB), which changed the relationship in the supply
chain members, moving the design provider into the contracted consortium. The supply chain
was affected by the 30% limit for subcontracting. The integrated contracting allowed better
manage the supply chain, by direct relationship between designers and builders, preventing
stoppage of work by design adjusts. The results indicate that the application of the
Differentiated Contracting Regime can improve the effectiveness in public works contracts in
general, not only for projects related to sports events that originated the DCR.
Key words: Construction Consortium. Bidding. Highway Works. Integrated Contracting.
Design Build Contract.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figuras
Figura 1 - Tipos de alianças estratégicas .................................................................................. 39
Figura 2 - Matriz de Inovação .................................................................................................. 45
Figura 3- Método de Entrega de Projeto (Design)/Licitação/Construção (DBB) .................... 52
Figura 4 - Método de Entrega de Projeto (Design)/Construção (DB) ...................................... 53
Figura 5 - Método de entrega de projeto por gerenciamento da construção sem risco para o
gestor (CM) .............................................................................................................................. 53
Figura 6- Método de entrega de projeto por gerenciamento da construção com risco para ..... 53
Figura 7 - Cadeia de valor de Michel Porter ............................................................................ 65
Figura 8 - Sistema de Valor ...................................................................................................... 66
Figura 9 - Cadeia de valor para a construção civil ................................................................... 67
Figura 10 - Estrutura conceitual para desenvolvimento de Modelo de Referência .................. 70
Figura 11 - Agrupamento das entidades do Modelo de Conceitos para a Operacionalização e
Reconfiguração em Redes de Construção Civil ....................................................................... 71
Figura 12 - Modelo de Conceitos para a Colaboração em Redes na Construção Civil ............ 72
Figura 13 - Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede
de Construção Civil .................................................................................................................. 73
Figura 14 - Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede
de Construção Civil .................................................................................................................. 87
Figura 15 - Método de Investigação ......................................................................................... 88
Figura 16 - Componentes da análise de dados - Modelo Interativo ......................................... 89
Figura 17 - Mapa de localização dos trechos de cada contrato de obra ................................... 98
Figura 18 - Origem da demanda e fluxo de bens e serviços de produção da obra ................. 150
Figura 19 - Representação de atores e recursos para operacionalização da obra na BR–
381/MG ................................................................................................................................... 156
Figura 20 - Impressão de telas do arquivo eletrônico do Produto Técnico da Dissertação ... 160
Gráficos
Gráfico 1 - Comparativo da variação percentual anual entre o PIB Brasil e o PIB da
Construção ................................................................................................................................ 27
Gráfico 2 - Concordância das questões fechadas 9 e 10 que confirmam a Inferência 2 ........ 113
Gráfico 3 - Concordância das questões fechadas 11 e 21 que confirmam a Inferência 3 ...... 114
Gráfico 4 - Concordância das questões fechadas 1 e 13 que confirmam a Inferência 4 ........ 115
Gráfico 5 - Concordância das questões fechadas 4, 8, 12, 15, 16, 19 e 20, que confirmam a
Inferência 5 ............................................................................................................................. 139
Gráfico 6 - Concordância das questões fechadas 5, 17 e 22, que confirmam a Inferência 6 . 140
Gráfico 7 - Concordância da questão fechada 6, que confirma a Inferência 7 ....................... 141
Gráfico 8 - Concordância da questão fechada 7, que confirma a Inferência 8 ....................... 142
Gráfico 9 - Concordância das questões fechadas 14 e 18, que confirmam a Inferência 9 ..... 143
Gráfico 10 - Concordância da questão fechada 2, que confirma a Inferência 10 ................... 153
Gráfico 11 - Concordância da questão fechada 3, que confirma a Inferência 11 ................... 154
Quadros
Quadro 1 - Taxonomia de acordos entre firmas ....................................................................... 35
Quadro 2 - As principais formas de colaboração e suas características dominantes ................ 36
Quadro 3 - Relações básicas entre agentes dos modelos de “distritos industriais” .................. 37
Quadro 4 - Tipos de alianças estratégicas e seus domínios ...................................................... 38
Quadro 5 - As alavancas para os três tipos de inovação ........................................................... 46
Quadro 6 - Método de entrega de projeto e a forma de pagamento mais usual ....................... 51
Quadro 7 - Abrangência da aplicação das Leis nº 12.462/2011 e nº 8.666/93 ......................... 61
Quadro 8 - Resumo da Fundamentação Teórica dos temas da dissertação .............................. 75
Quadro 9 - Categorias dos métodos de pesquisas .................................................................... 76
Quadro 10 - Definição das variáveis de estudo ........................................................................ 79
Quadro 11 - Modelo Analítico da Pesquisa .............................................................................. 80
Quadro 12 - Método de obtenção de dados da pesquisa........................................................... 81
Quadro 13 - Interpretação da intensidade do grau de concordância da proposição ................. 84
Quadro 14 - Resumo das informações dos contratos da BR 381/MG Norte ............................ 94
Quadro 15- Empresas e consórcios participantes da licitação, Edital nº 165/2013-DNIT ....... 99
Quadro 16 - Abrangência da aplicação das Leis nº 12.462/2011 e nº 8.666/93 ..................... 155
Quadro 17 - Documento de Análise de Editais ...................................................................... 161
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Percentual dos tipos de consórcios formados ......................................................... 104
Tabela 2 - Redes de Empresas: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de
concordância ........................................................................................................................... 111
Tabela 3 - Redes de Empresas: triangulação dos resultados das análises .............................. 112
Tabela 4 - Sistema de Licitação: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de
concordância ........................................................................................................................... 136
Tabela 5 - Redes de Empresas: triangulação dos resultados das análises .............................. 138
Tabela 6 - Cadeia de Suprimentos: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de
concordância ........................................................................................................................... 151
Tabela 7 - Redes de Empresas: triangulação dos resultados das análises .............................. 152
Tabela 8 - Resumo das inferências resultantes das análises das evidências ........................... 158
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Art – Artigo
BIM – Modelagem da Informação da Construção
BR – Brasil
CAD – Computer Aided Design
CB – Concordo Bastante
CM – Construction Management
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
CP – Concordo Pouco
Cpr – Concordantes da Proposição
CT – Concordo Totalmente
DB – Design e Construção (Design/Build)
DBa – Discordo Bastante
DBB – Design, Licitação e Construção (Design Bid Build)
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte
DOU – Diário Oficial da União
DP – Discordo Pouco
Dpr – Discordantes da proposição
DT – Discordo Totalmente
EKD – Enterprise Knowledge Development
ERP – Enterprise Resource Planning
FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.
GCp – Grau de Concordantes da Proposição
GIS – Geographic Information System
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas
LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias
MG – Minas Gerais
MPVO – Menor Preço Válido Ofertado
NCND – Não Concordo Nem Discordo
NF – Nota Final
NPP – Nota da Proposta de Preço
NPT – Nota da Proposta Técnica
NTC – Não Tenho Conhecimento
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
P – Valor da Proposta em Exame
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PAC 2 – Programa de Aceleração do Crescimento etapa 2
PIB – Produto Interno Bruto
RDC – Regime Diferenciado de Contratação
RFID – Radio-Frequency Identification
RJ – Rio de Janeiro
SCM – Supply Chain Management
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
1.1 Problematização.................................................................................................................. 23 1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 24 1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 24 1.2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 24 1.3 Justificativa ......................................................................................................................... 25
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 31
2.1 Redes entre empresas.......................................................................................................... 32
2.1.1 Conceito/definição de redes entre empresas .................................................................... 32 2.1.2 Classificação de redes entre empresas ............................................................................. 34 2.1.3 Redes e vantagens competitivas ...................................................................................... 40 2.1.4 Redes entre empresas na construção civil ....................................................................... 42 2.2 Inovação no tipo de licitação e na forma de contratos ....................................................... 43
2.2.1 Conceito e tipos de inovação ........................................................................................... 44
2.2.2 Sistema de licitação e a inovação na contratação integrada Design/Build ...................... 48 2.2.3 Lei nº 12.462/2011-RDC e as inovações em relação à Lei de Geral de Licitações nº
8.666/1993 ................................................................................................................................ 55 2.3 Gestão de cadeia de suprimento ......................................................................................... 63 2.3.1 Definição de cadeia de suprimentos ................................................................................ 64
2.3.2 Definição de cadeia de valor ........................................................................................... 65 2.3.3 Definição de sistema de valor .......................................................................................... 66
2.3.4 Definição de cadeia produtiva ......................................................................................... 68 2.4 Modelo de representação de atores e recursos para operacionalização e reconfiguração de
rede de construção civil ............................................................................................................ 68
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 76
3.1 Caracterização da pesquisa ................................................................................................. 76 3.1.1 A pesquisa quanto aos seus fins ...................................................................................... 76
3.1.2 Os meios utilizados na pesquisa - Procedimentos ........................................................... 76 3.1.3 Abordagem da pesquisa ................................................................................................... 77
3.2 Unidade de análise, variáveis de estudo, unidade de coleta dados e técnicas de coleta
dados do estudo de caso ........................................................................................................... 78 3.2.1 Definição das variáveis de estudo ................................................................................... 78
3.2.2 Técnica de coleta dos dados e unidade de coleta de dados ............................................. 79 3.3 Instrumentos de coleta de dados e condução da pesquisa .................................................. 80 3.4 Técnica de análise de resultado .......................................................................................... 88 3.4.1 Redução de dados, apresentação e organização dos dados e interpretação e verificação
das conclusões .......................................................................................................................... 89 3.4.2 Validade e confiabilidade do projeto de pesquisa ........................................................... 90
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................ 92
4.1 Categoria de Análise 1: Tipos de Redes entre Empresas ................................................... 99 4.2 Categoria de Análise 2: Inovação no Sistema de Licitação.............................................. 116 4.2.1 Tipo de Licitação (critérios de seleção de empresa)...................................................... 121
4.2.2 Regime de Execução (forma de medir e pagar os serviços realizados)......................... 126 4.2.3 Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto) ....................................................... 129
4.3 Categoria de Análise 3: Cadeia de Suprimentos .............................................................. 144 4.4 Categoria de Análise 4: Modelo de Representação de Recursos e Atores de Rede de
Construção Civil ..................................................................................................................... 154
5 PRODUTO TÉCNICO DA DISSERTAÇÃO ................................................................. 159
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 164
5.1 Limitações dos procedimentos metodológicos ................................................................. 170 5.2 Sugestões para estudos futuros ......................................................................................... 171
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 172
APÊNDICE A- ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO........................................................... 181
APÊNDICE B- PRODUTO TÉCNICO COM DADOS DO EDITAL Nº 165/2013 ....... 189
17
1 INTRODUÇÃO
A internacionalização da economia provocou alterações na forma de gestão das empresas que
buscam alcançar uma configuração de organização adequada à nova realidade estabelecida. A
formação de redes entre empresas é uma das estratégias adotadas para a obtenção dos novos
padrões exigidos de produtividade e qualidade. Essa rede de cooperação entre empresas
permite criar alianças estratégicas, dentre elas o consórcio, com o objetivo de complementar
suas competências para conquistar mercados dentro do novo cenário mundial (OLAVE;
AMATO NETO, 2001).
Grandes projetos pedem a formação de parcerias entre empresas, que unem suas competências
para atingir as capacidades técnicas exigidas dos empreendimentos. Várias formas de
parcerias interempresariais permitem a entrada nos mercados externos, principalmente nos
blocos econômicos, formados por grupos de países (MIRANDA, 2010). As empresas
participam de redes de cooperação para conquistar novos mercados e manter ou melhorar a
posição em mercados estabelecidos. Assim, criam vantagens competitivas por meio da
potencialização das capacidades dos parceiros envolvidos (JORDE; TEECE, 1989; ARAÚJO;
GUERRINI, 2010).
Os relatos dos acordos de cooperação entre empresas coincidem com a história das
organizações. Entretanto foi a partir da década de 1980 que começaram a surgir estudos mais
frequentes e aprofundados sobre os efeitos benéficos das cooperações, em contraponto aos
efeitos negativos das formações dos cartéis, que eram as formas de acordos mais mencionados
nas pesquisas (JORDE; TEECE, 1989). Esses autores afirmam ainda que os objetivos dos
estudos das cooperações entre firmas foram direcionados para os benefícios da adaptação ao
novo cenário internacional, que é de mudanças em intervalos de tempo cada vez menores.
As redes de cooperação são uma opção atraente para as pequenas empresas que enfrentam
incertezas e necessitam de muitos recursos para as tomadas de decisões em cada cenário.
Nessas condições, as cooperações são atrativas inclusive para as grandes empresas. Assim,
não é surpreendente que existam tantas alianças de cooperação, tais como as joint ventures, os
consórcios, as participações de capital minoritário e os acordos de cooperação para pesquisa
ou produção (WERNERFELT; KARNANI, 1987).
18
As redes de empresas são maneiras de organizações colaborativas, que envolvem transações
de bens e serviços e permuta de informações entre os participantes, em que a proximidade
geográfica das empresas integrantes não é um fator essencial para a sua formação (LASTRES;
CASSIOLATO, 2003).
As alianças estratégicas por meio de rede entre empresas podem ser subdivididas em dois
grupos, de acordo com a criação da sociedade formal que representa a parceria. O primeiro
grupo se refere aos tipos de redes de cooperação entre empresas que envolvem participações
acionárias, em particular, os consórcios. O outro grupo é relativo às redes de cooperações
formalizadas por contratos, sem a criação de uma entidade com participação societária dos
membros da rede, tais como os pactos de pesquisas conjuntas, os acordos de desenvolvimento
conjunto, as licenças de direitos de patentes e as terceirizações (HAGEDOORN; NARULA,
1996).
Consórcio é a modalidade de rede de cooperação entre duas ou mais firmas que buscam
complementar suas capacidades e competências para a implantação de um projeto técnico de
grande porte e com um prazo conhecido, por exemplo, a construção de uma rodovia ou ponte.
O consórcio pode continuar a existir após a conclusão do objeto para o qual foi criado, e o
sucesso de um projeto pode ser o agente motivador para a continuidade da cooperação do
consórcio (EIRIZ, 2001).
No Brasil, os consórcios são autorizados pela Lei nº 6.404/1976. A lei autoriza as empresas
que estão ou não sob o mesmo controle a organizar consórcios com o objetivo de executar
determinado empreendimento. Os parágrafos 1º e 2º do artigo 278 estabelecem que o
consórcio não possua personalidade jurídica; assim, as empresas consorciadas estão obrigadas
apenas às condições previstas nos respectivos contratos de suas formações, e os membros
respondem apenas por suas obrigações, não se podendo pressupor a solidariedade nas
responsabilidades, sem que isso esteja devidamente formalizado no contrato de sua
constituição (BRASIL, 1976).
A lei determina que, no contrato de constituição do consórcio, conste a discriminação do
objeto que motivou a sua criação, com a identificação da duração e do local da obra; definição
das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada; normas de distribuição e
recebimento de receitas e partilha de resultados; administração do consórcio; contabilização;
19
representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver. A falência de
uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio com as outras
contratantes; os créditos que a falida porventura tiver serão apurados e pagos na forma
prevista no contrato de consórcio. Os consórcios constituídos na forma dos artigos 278 e 279
da Lei nº 6.404/1976 são obrigados a se inscrever no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
(BRASIL, 1976).
No Brasil, a Lei nº 6.404/1976 determina que a formação de um consórcio seja condicionada
à existência de um empreendimento, por exemplo, uma obra de infraestrutura rodoviária, cuja
natureza se enquadra nas condicionantes legais de empreendimento temporal, com local
definido.
Conforme evidenciado anteriormente, a literatura aponta para as vantagens estratégicas das
redes de cooperação, todavia também destaca os cuidados com a possibilidade de ocorrências
de situações desfavoráveis para os integrantes das redes. Um levantamento da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre as práticas nacionais
relacionadas com a cooperação internacional aponta para a necessidade de se observarem
algumas desvantagens para os participantes de redes regionais.
Estudos da OCDE (2013) indicam que as principais desvantagens potenciais são relacionadas
a problemas com a comunicação e com os custos, a dificuldades de coordenação das ações e
na obtenção de informações confidenciais, a baixa disposição para cooperar, a
indisponibilidade de recursos e o tempo dedicado. Não obstante a existência de um potencial
para o surgimento das desvantagens apontadas nos estudos da OCDE, a formação de
consórcio entre empresas para a realização de um empreendimento propicia vantagens para
potencializar as competências dos participantes, conforme afirmam Jorde e Teece (1989),
Araújo e Guerrini (2010) e Miranda (2010).
Para a formação de consórcios entre empresas, os interessados devem focar nas possibilidades
de cooperações com concorrentes e empresas parceiras a montante e a jusante na cadeia de
suprimentos. Os empreendimentos do setor da construção civil são dependentes de uma
Cadeia de Suprimentos bem definida, necessária para a consecução da obra. As empresas que
integram essa cadeia podem formar alianças na busca pela flexibilidade e agilidade dessas
20
organizações. As parcerias entre algumas dessas empresas são feitas, geralmente, na forma de
consórcios, com o objetivo de aumentar a competitividade (CASSAROTTO, 2002).
A cadeia de suprimento diz respeito às relações entre os agentes pertencentes a uma rede
formada pelas organizações interessadas e responsáveis pelo ciclo completo, que envolve
concepção, desenvolvimento, produção, distribuição e consumo do produto, que pode ser um
bem ou serviço. A identificação e gestão das atividades da Cadeia de suprimento são
essenciais para a obtenção de vantagem competitiva (BRONZO, 2004).
As alianças estratégicas de redes empresariais, dentre elas os consórcios, são, muitas vezes,
uma forma de alcançar a efetividade na maneira de as empresas se organizarem em direção à
inovação, principalmente, quando a cadeia produtiva de uma indústria é fragmentada
(JORDE; TEECE, 1989).
A coordenação das atividades de interação entre as empresas de uma cadeia de suprimento e a
definição dos limites de atuação de cada empresa é objeto de estudo das teorias para a
obtenção de vantagens competitivas por meio das competências centrais, principalmente,
quanto à definição do local em que cada atividade deve ser executada, com a identificação das
vantagens de realizar internamente ou de transferir para terceiros, certas atividades e etapas
produtivas, o que permite a uma determinada empresa priorizar suas competências essenciais
(BRONZO, 2004).
Uma das características da indústria da construção é a sua cadeia de suprimentos altamente
fragmentada, em que os recursos estão distribuídos em organizações diferentes. Vários
estudos têm destacado que a fragmentação da indústria da construção, em combinação com a
falta de cooperação entre as empresas, dificulta a inovação no setor (RUTTEN; DORÉE;
HALMAN, 2009).
O setor da construção civil desenvolve atividades de grande importância para a economia de
qualquer país, dentre as quais, as obras de infraestrutura e os seus serviços relacionados. Os
países em desenvolvimento realizam, nos tempos atuais, altos investimentos em construção de
obras de infraestrutura, com uma significativa participação na geração de empregos. Essas
obras, em virtude de seu porte, propiciam a formação de consórcios, aumentando as
capacidades construtivas das empresas, o que não seria atingido por uma empresa isolada.
21
Isso confirma a viabilidade de obtenção de vantagens competitivas com as parcerias para a
execução de grandes obras de infraestrutura (ARAÚJO; GUERRINI, 2012).
Conforme descrido por Cassarotto (2002), os empreendimentos de obras de infraestrutura que
motivam a formação de consórcios surgem no mercado por meio de programas de governo,
que buscam adequar as construções de obras às necessidades do cenário nacional.
Nesse sentido, o programa do governo brasileiro foi impactado pela demanda por obras de
infraestrutura em razão de o Brasil ter sido escolhido como o país-sede de eventos esportivos
de proporções mundiais. Esses eventos geraram demandas de obras de infraestrutura
apropriadas e relacionadas diretamente com a realização das competições, tais como: os
estádios, as obras de infraestrutura básica como aeroportos e rodovias, compatíveis com a
dimensão dos jogos, além de obras em portos, aeroportos, rodoviárias, transporte público,
acomodação pública e privada, dentre outras (CAMMAROSANO; POZZO; VALIM, 2014).
Os eventos mencionados são relativos aos jogos esportivos no período entre 2013 e 2016. Em
2013, a Copa das Confederações; em 2014, a Copa do Mundo de Futebol e, em 2016, os
Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro, que demandaram a construção de unidades
esportivas e infraestrutura básicas adequadas para a ocasião.
Para o atendimento dessa demanda por obras, o governo brasileiro institui a Lei nº
12.462/2011, que criou o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), com o
propósito de alcançar as metas de construções da infraestrutura exigida, conforme descrito em
seu artigo 1º (BRASIL, 2011).
A princípio, conforme as cláusulas legais, o RDC deveria ser aplicado exclusivamente aos
processos de licitações e contratações necessários para a realização dos três eventos
esportivos discriminados. Entretanto, em 2012, a aplicação da lei foi estendida para os
projetos integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O PAC foi criado
pela Lei nº 11.578/2007, visando ao crescimento e desenvolvimento econômico brasileiro. O
Art. 3º define que uma das prioridades do PAC é o investimento em obras de infraestrutura,
entre as quais as requeridas no subsetor de transporte rodoviário (BRASIL, 2007).
22
As obras rodoviárias do PAC são licitadas pelo Departamento de Infraestrutura de Transporte
(DNIT) que tem utilizado amplamente o RDC nos seus processos de licitação, inclusive no
caso do Edital de licitação nº 165/2013 para o aumento da capacidade de tráfego da rodovia
BR-381/MG, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma das cidades-sede da Copa das
Confederações e da Copa do Mundo de Futebol (BRASIL, 2013).
O RDC aplicado às contratações de obras rodoviárias permite que o edital de licitação inclua
em seu objeto a contratação de empresas para a elaboração dos projetos técnicos de
engenharia (design) e a construção (produção) do empreendimento. Assim, o Art. 2º da Lei nº
12.462/2011 prevê a possibilidade de uma contratação integrada do projeto executivo de
engenharia e da execução da obra, inclusive das obras de edificações para a realocação de
famílias que estivessem ocupando as áreas públicas onde as obras rodoviárias seriam
construídas (BRASIL, 2011).
Antes do advento dos processos de contratação pelo RDC, as licitações eram regidas,
prioritariamente, pela Lei nº 8.666/1993. O Art. 9º dessa lei prioriza processos licitatórios
separados, objetivando a seleção de empresas distintas – uma para a elaboração de projetos
técnicos (design) e outra para a construção das obras rodoviárias (BRASIL, 1993).
Pela Lei nº 8.666/1993, nos processos de contratação de empresas para a construção das
obras, é vedada a participação das empresas responsáveis pela elaboração dos projetos
técnicos das respectivas construções. Por causa desse critério, foram criados dois segmentos
distintos de empresas para os contratos de empreendimentos de infraestrutura: as
especializadas em elaboração de projetos técnicos de engenharia (design) e as especializadas
na construção dos empreendimentos.
No início de um processo de contratação de obras de infraestrutura básica, para divulgar as
regras de seleção da melhor oferta, o governo promove a convocação pública para a captação
de firmas interessadas na participação do procedimento. O Edital de Licitação é o documento
formal que contém as regras detalhadas para que as empresas possam elaborar suas propostas,
cuja oferta mais vantajosa resultará na conquista do contrato para fornecimento do objeto
licitado.
23
O governo federal, por intermédio do DNIT, divulgou o aviso de licitação pública nos meios
de comunicação adequados, para que as empresas interessadas pudessem formular e
apresentar suas propostas para a construção das obras rodoviárias na BR-381/MG.
Para o caso da BR-381/MG, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi adotado o
processo de contratação do tipo RDC integrada, com o objetivo de obter um único contrato
para a elaboração de projeto técnico e construção. Dessa forma, os documentos de licitação do
Edital nº 165/2013 exigiram que as empresas interessadas na contratação comprovassem
capacidade técnica para elaboração de projetos e construção de obras (BRASIL, 2013).
A formação de consórcio entre as empresas especializadas em projetos e as especializadas em
construção tornou-se uma opção importante para o atendimento às exigências do edital de
licitação. Para o caso deste estudo, as empresas buscaram a formação de consórcios, conforme
permitido pela Lei que instituiu o RDC, procurando atingir os critérios de habilitação técnica
para a oferta de propostas para as obras licitadas pelo Edital nº 165/2013 (BRASIL, 2013).
Este estudo de caso está relacionado com as novas necessidades geradas pela utilização do
RDC integrado nos processos de contratação das obras e as consequentes formações de redes
de colaboração entre empresas construtoras concorrentes e empresas projetistas pertencentes à
Cadeia de Suprimento de construção rodoviária, especialmente constituídas com o propósito
de obter capacitação técnica para a conquista do contrato e desenvolver competências para
execução do objeto contratado.
1.1 Problematização
As empresas interessadas em contratar obras de infraestrutura com o governo federal
precisam se submeter a um determinado processo de licitação, cujo encerramento ocorre com
a homologação do contrato pretendido. Durante o processo de contratação, as empresas
podem comprovar isoladamente as capacidades técnicas exigidas, ou então terão que recorrer
à formação de rede de empresas, conforme permitido pelo edital, para conseguirem atingir os
parâmetros de suas exigências.
O problema identificado nesta pesquisa diz respeito à formação de rede de cooperação
necessária para atender aos critérios de habilitação técnica exigida pelo Edital de Licitação nº
24
165/2013 e atingir as competências técnicas adequadas para a efetiva construção das obras de
infraestrutura rodoviária. O processo de licitação, as contratações e o início das obras na
Região Metropolitana de Belo Horizonte ocorreram no ano de 2013. O encerramento das
obras está previsto para 2016.
A Lei nº 12.462/2011, em seu Art. 1º, afirma, em seus objetivos, o propósito de melhorar a
eficiência nos processos de contratações públicas; aumentar a competitividade entre as firmas
interessadas em contratar com o governo federal; incentivar a inovação tecnológica; gerar a
troca de experiências e de tecnologias, melhorando a relação custos e benefícios para o erário
(BRASIL, 2011).
Nesse contexto, o problema de pesquisa é assim formulado: Quais os tipos de redes
empresariais formadas para atender às exigências estabelecidas pelo Regime Diferenciado de
Contratação na BR-381/MG Região de Belo Horizonte e seus efeitos na cadeia de
suprimentos?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral desta pesquisa é: Descrever os tipos de redes empresariais formadas para
atender às exigências estabelecidas pelo Regime Diferenciado de Contratação e o seu efeito
na cadeia de suprimentos.
1.2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:
– Identificar o tipo de rede formada entre as empresas especializadas na elaboração de
projetos (design) e construção rodoviária, a fim de atender às exigências estabelecidas pelo
Regime Diferenciado de Contratação.
25
– Identificar as inovações no processo de contratação pelo RDC quanto ao Tipo de Licitação
(critério de seleção de empresas), ao Regime de Execução (forma de pagamento) e ao Método
de Entrega de Projeto (escopo do projeto).
– Analisar em que aspectos o RDC afetou a cadeia de suprimentos para construção da obra
rodoviária, na perspectiva dos envolvidos, e elaborar a sua representação esquemática.
– Apresentar a obra estudada segundo o Modelo de Representação de Atores e Recursos para
Operacionalização e Reconfiguração de Rede de Construção Civil, conforme proposto por
Araújo (2012).
- Criar uma ferramenta em mídia eletrônica que auxilie a análise dos editais de licitações.
1.3 Justificativa
Estudos relacionados às redes de cooperação entre empresas vêm aumentando desde os anos
de 1990. As revistas Organization Studies, Academy of Management Journal e International
Management publicaram edições especiais dedicadas ao assunto. Eventos científicos como o
da Association Internationale de Management Stratégique chamaram a atenção para a
importância do tema das redes de empresas. O congresso da Academy of International
Business apresentou o tema sobre o desenvolvimento de conhecimento nas redes de negócios
internacionais. O European Group for Organizational Studies promoveu estudos
organizacionais com subárea dedicada a estudos das redes organizacionais. No Brasil,
observa-se um aumento de publicações referentes ao tema “redes de cooperação entre
empresas”, com pesquisas qualitativas e quantitativas (BALESTRIN; VERSCHOORE; REYS
JÚNIOR et al., 2010).
O estudo de redes empresariais apresenta destaque nos estudos acadêmicos desde a década de
1970, valorizado em congressos nacionais e internacionais, com ênfase para os estudos sobre
o gerenciamento das redes e os estudos das tipologias das redes entre empresas. Os assuntos
de maior relevância nos estudos são os referentes às avaliações da correlação entre as redes e
a competitividade das empresas (HOFFMANN; MORALES; FERNÁNDEZ, 2007).
26
Para Mattana, Noro e Estrada (2008), mesmo diante de um grande número de pesquisas
realizadas, é importante a elaboração de novos estudos que demonstrem os motivos pelos
quais as redes se formam e as circunstâncias relativas ao processo de sua formação.
Outro aspecto abordado nos estudos acadêmicos são as oportunidades exploradas com a
formação de redes de empresas, por exemplo, as pequenas empresas que se agrupam para
aumentar suas capacidades competitivas por meio de redução de custos de produção e
comercialização, complementados com estudos de comprometimento entre os participantes de
uma rede (HOFFMANN; MORALES; FERNÁNDEZ, 2007).
As formações de redes entre empresas que atuam no setor de construção de infraestrutura é
uma maneira de associar competências com o objetivo de conseguir alcançar as capacidades
técnicas exigidas que permitam apresentar propostas em licitações públicas destinadas à
construção de obras de infraestrutura. Grande número de projetos de larga escala é executado
por meio da consolidação de redes entre empresas, principalmente por meio de consórcios.
Estudos realizados entre 1996-2006 apontam que as maiores empresas da construção
perderam mercado para empresas de menor porte, indicando a necessidade de pesquisas sobre
o tema relacionado com as redes empresariais (ARAÚJO, 2012).
A necessidade de estudos de alianças entre empresas pode ser evidenciada pelos exemplos das
várias redes formadas que não conseguiram alcançar os objetivos definidos, que podem estar
relacionados com os riscos compartilhados ou com outros elementos que não tenham sido
objeto de estudos anteriores (MATTANA; NORO; ESTRADA, 2008).
Quanto à relevância econômica, o setor da construção representa um importante componente
que eleva a média do crescimento do PIB nacional. Conforme estudos do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a indústria da construção
no Brasil apresenta um crescimento acumulado maior que o crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB). Apresenta-se no GRAF. 1, a seguir, o comparativo do comportamento do
crescimento do PIB do Brasil e o da construção entre os anos de 2004 e 2013 (DIEESE,
2014).
27
Gráfico 1 - Comparativo da variação percentual anual entre o PIB Brasil e o PIB da
Construção
Em 2010, foi registrado o melhor resultado do setor da construção com um crescimento de
11,6%, enquanto o PIB nacional cresceu 7,5 %. A atividade na construção cresceu menos em
2011, porém ainda se manteve acima do crescimento do PIB do Brasil. Em 2012, o PIB da
construção manteve um crescimento maior que o nacional, de 1,4% contra 0,9%. Em 2013,
houve uma inversão, o PIB Brasil aumentou 2,5% e o da construção foi de 1,6% (DIEESE,
2013).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Classificação Nacional
de Atividade Econômica – CNAE 2.0, define que a atividade de construção é dividida em três
segmentos. O da construção de edifícios, o da construção pesada ou obras de infraestrutura e o
de serviços especializados, conforme as divisões 41, 42 e 43, respectivamente, constantes no
CNAE 2.0 (IBGE, 2007).
Fonte: Adaptado de DIEESE, 2013, 2014.
28
O segmento da construção pesada, do qual as rodovias fazem parte, cresceu por causa do
aumento da aplicação de recursos públicos e privados em construção de infraestrutura nos
últimos anos. O Brasil depende desses investimentos para o seu desenvolvimento. O
percentual de investimento atingiu 2,5% do PIB, cerca de R$ 20 bilhões/mês (DIEESE,
2013).
O consumo de material da cadeia de suprimento da construção cresceu 7,5% em 2012,
atingindo um montante de 55 bilhões de reais. Em março de 2013, foi verificado um aumento
de 8% em relação a fevereiro do mesmo ano. As obras de acesso para a Copa do Mundo de
2014 contribuíram para atingir os mesmos valores de investimentos de 2012, aplicados na
infraestrutura do Brasil (DIEESE, 2013). Em 2012, a mão de obra formal empregada nessa
cadeia produtiva foi de 2,8 milhões de trabalhadores e atinge 7,8 milhões se forem
considerados os trabalhadores informais (DIEESE, 2013).
Kopczak e Johnson (2003) demonstraram a importância dos estudos que exploram aspectos
relevantes relacionados à gestão integrada dos processos, à gestão de cadeia de suprimento e
logística, além dos efeitos de tal gestão sobre a competitividade empresarial e sobre a criação
de valor. Esses autores demonstram que a gestão integrada da cadeia de suprimentos está
relacionada às mudanças no pensamento empresarial. As melhores práticas estariam sendo
redirecionadas, em busca da conquista de vantagens competitivas, por meio da eficácia na
coordenação das atividades de gestão da cadeia de suprimento, e apontam para a necessidade
de estudos da integração dessa gestão com áreas de decisão nas empresas, como finanças,
marketing e engenharia de processos e produto.
Quanto aos processos de contratações, destaca-se a importância do estudo sobre a adoção do
Regime Diferenciado de Licitação (RDC), instituído no Brasil pela Lei nº 12.462/2011, que
criou um novo processo de licitação visando à maior eficiência nas contratações de empresas
para a construção dos empreendimentos necessários para a realização de eventos esportivos
internacionais de grande porte, no Brasil, entre os anos de 2013 e 2016.
O RDC permite a contratação integrada de produtos distintos do subsetor de infraestrutura
rodoviária em um único contrato, por exemplo, a elaboração dos projetos técnicos de
engenharia; a construção de edificações para o reassentamento das famílias que ocupem as
áreas públicas indicadas no projeto destinadas à implantação das obras e à construção
29
(produção) das obras de infraestrutura rodoviária (BRASIL, 2011). Antes do advento do RDC
integrado, cada um desses objetos era contratado por processos distintos, originando contratos
independentes com empresas diferentes (BRASIL, 1993).
Como já explicitado, o RDC integrado admite que os editais de licitação de obras de
infraestrutura formalizem um único contrato para a elaboração de projetos técnicos e para a
execução das obras. A empresa construtora interessada no processo de licitação poderá optar
por terceirizar a etapa de elaboração do projeto técnico (design), ou então formar uma rede de
cooperação, de consórcio com empresas especializadas, ainda durante o processo de licitação.
Também poderá internalizar as competências por meio de aquisições de novos recursos e
processos (MORANO, 2013). Essas três possibilidades são dependentes das condições das
cláusulas editalícias. As opções utilizadas pelas empresas nos contratos das obras da BR-
381/MG foram objeto deste estudo.
A contratação integrada prevista no RDC criou uma nova configuração nas relações da cadeia
de suprimento do subsetor de infraestrutura rodoviária, que merece uma análise de como as
empresas irão gerenciar as novas competências exigidas para a entrega de um escopo mais
amplo de projetos técnicos e de construção. O governo não mais realiza contratações distintas
para projetos e construções e transfere as obrigações dos designs técnicos para as empresas
contratadas para a execução das obras (HEINEN, 2014).
Esse novo cenário criado pelo RDC é o ambiente que justifica o estudo de caso do processo
de contratação de obras de infraestrutura rodoviária da BR-381/MG, Região de Belo
Horizonte, uma das cidades-sede para dois dos eventos relacionados nas cláusulas da Lei do
RDC, buscando descrever os tipos de cooperações entre as empresas licitantes e os efeitos
produzidos na cadeia de suprimento para atendimento da contratação integrada.
As informações disponíveis em documentos e ambiente de obra em geral foram suficientes
para identificar os tipos de redes de cooperações constituídas pelas empresas para conquistar
os empreendimentos licitados. Essas informações também foram importantes para que se
observasse a cadeia de suprimento da obra contratada (ARAÚJO, 2012).
Quanto à relevância das obras rodoviárias, enfatiza-se que elas são a base para o
desenvolvimento econômico e social do país e devem ser capazes de sustentar as mudanças
30
decorrentes dos movimentos de crescimento dos diversos tipos de indústrias. A relação de
complementação entre crescimento e necessidade de infraestrutura apropriada é evidenciada
pelos riscos associados a esses dois componentes, de maneira que as mudanças que visam
inovar produtos, serviços, processos, tecnologias capacitantes e modelos de negócios das
organizações carregam riscos relacionados às infraestruturas básicas disponíveis no país
(MERTON, 2013).
A velocidade com que as indústrias inovam suas tecnologias e seus modelos de negócios
requer um investimento adequado nas infraestruturas essenciais de suporte para essas
inovações, tais como rodovias, ferrovias, portos, sistemas de comunicação, energia,
saneamento, vias urbanas e barragens, de modo que as organizações inovadoras e as
infraestruturas básicas disponíveis sejam complementares. As infraestruturas essenciais para a
sociedade são fornecidas por meio de obras executadas por empresas de engenharia
especialmente contratadas para as suas implantações (MONTES; REIS, 2011; MERTON,
2013).
No âmbito pessoal, e em perfeita consonância com o propósito de um Mestrado Profissional,
a justificativa deste trabalho está fundamentada no fato de o autor ser um participante direto
da elaboração de estudos prévios de viabilidade, atuando como responsável técnico pela
elaboração do plano de execução e orçamento de uma obra também localizada na BR-
381/MG, no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, adjacente ao trecho estudado nesta pesquisa.
31
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os fundamentos teóricos pesquisados na literatura buscam identificar os tipos de formação de
redes entre empresas, os tipos de contratos formalizados para as construções de obras de
infraestrutura básicas sob a tutela dos governos e os processos de licitações utilizados para a
efetivação desses contratos.
Neste referencial foram abordadas as formas de contratação e os tipos de contratos,
juntamente com o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) instituído pela Lei
12.462/2011. Essa lei possibilitou efetivar contratações com escopo mais abrangentes,
incluídos os projetos técnicos e a construção dos empreendimentos, denominadas contratações
integradas.
O embasamento teórico deste trabalho também buscou fornecer subsídios para identificar a
existência de inovação com a utilização do RDC, no que se refere ao sistema de licitação,
quanto ao Tipo de Licitação (critério de seleção de proposta mais vantajosa), ao Regime de
Execução (forma de pagamento dos serviços executados) e ao Método de Entrega de Projeto
(abrangência do escopo do projeto).
Posteriormente, foram destacadas as teorias de cadeia de suprimento destinadas à execução de
obras de infraestrutura e, finalmente, apresentou-se o Modelo de Representação de Atores e
Recursos, para Execução de Obras de Engenharia.
Para o estudo de caso, o referencial teórico deu subsídios para a pesquisa no processo de
contratação de empresas para execução dos serviços necessários para a ampliação da
capacidade de tráfego da rodovia BR-381/MG, na Região de Belo Horizonte, no que se refere
aos seguintes aspectos:
Descrever o tipo de rede formada entre as empresas, segundo a literatura existente.
Identificar as inovações no Sistema de Contratação com a utilização do RDC.
Descrever o que influenciou a cadeia de suprimentos e exibir a sua representação
esquemática.
Apresentar a obra estudada segundo o Modelo de Representação de Atores e
Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede de Construção Civil.
32
2.1 Redes entre empresas
As empresas recorrem à formação de redes de cooperação de forma deliberada, motivadas por
aspectos particulares envolvidos em determinadas condições mercadológicas. Notadamente,
algumas situações motivam empresas para a formação de rede de cooperações, tais como: a
necessidade de atender às condições regulatórias, aos dispositivos legais, às normas de
agências regulamentadoras e à reciprocidade nas parcerias que buscam ganhos equilibrados
para as partes integrantes da aliança (OLIVER, 1990).
2.1.1 Conceito/definição de redes entre empresas
As redes entre empresas e as alianças estratégicas são vistas como formas de relacionamento
que objetivam fornecer algum tipo de benefício para os seus membros. As redes de empresas
são formatos mais gerais de relacionamento entre organizações. As alianças estratégicas são
maneiras mais particulares de colaboração em rede, em que os principais motivadores seriam
os ganhos mais bem definidos entre as partes. As alianças estratégicas visam atingir um
objetivo bem definido de desenvolvimento de produtos, de capacidades e de mercados. Nesse
sentido, alianças estratégicas podem ocorrer dentro de redes de empresa já existentes ou entre
empresas de diferentes redes ou entre empresas que buscam iniciar algum tipo de rede de
colaboração (CAMPOS; LIMA, 2009).
As relações de colaboração entre empresas envolvem as transações, os fluxos e ligações que
ocorrem entre empresas, podendo envolver duas ou mais organização de um único ou de
vários setores da economia (OLIVER, 1990).
Uma rede entre empresas pode ser definida como um acordo de cooperação espontânea
iniciada entre as empresas interessadas, que envolve troca, compartilhamento ou
desenvolvimento em parceiras, incluindo contribuições financeiras, tecnológicas ou de ativos
de cada um dos parceiros participantes (GULATI; SINGH, 1998).
Segundo Olave e Amato Neto (2001), na literatura não há uma igualdade de conceitos para
que se possa definir de forma única o que é uma rede de empresas. Entretanto um aspecto
amplamente aceito é que a operacionalização das redes ocorre por meio de colaboração entre
os seus integrantes, originada nas necessidades que justificam a sua criação. As redes de
33
empresa constituem uma forma de colaboração em que os diferentes participantes buscam
meios de suprir suas necessidades (GRAY; WOOD, 1991).
A rede de cooperação entre empresas é uma forma de cada participante superar suas fraquezas
na busca de soluções para sua atuação no mercado, como um grupo de pequenas e médias
empresas buscando conquistar oportunidades no mercado das grandes empresas, por meio de
cooperação de recursos humanos, financeiros e técnicos (HÖHER; TATSCH, 2011).
Os primeiros estudos relacionados às alianças estratégicas focavam prioritariamente nas joint
ventures e, em especial, nas que criavam uma nova entidade com ou sem personalidade
jurídica (GULATI, 1998).
Klotzle (2002) afirma que rede de colaboração entre empresas, como as alianças estratégicas,
tem variadas definições na literatura, todavia pode-se notar que as definições incluem as joint
ventures como um importante tipo de aliança. As joint ventures podem ser do tipo corporate e
non corporate (com e sem personalidade jurídica), sendo que as sem personalidade jurídica
são os consórcios entre empresas (MORO; GLITZ, 2013).
As alianças estratégicas foram inicialmente abordadas na literatura como uma relação entre
duas empresas, principalmente, como forma de uma empresa entrar em uma rede ao
estabelecer uma relação de colaboração com uma firma pertencente à rede pretendida
(GULATI, 1998).
Jorde e Teece (1989) definem as alianças estratégicas como uma relação bilateral,
caracterizada pelo compromisso de duas ou mais empresas parceiras para atingir um objetivo
comum e que implica a partilha de meios e capacidades especializadas.
O consórcio é um tipo de rede devidamente regulamentado no Brasil e é uma forma de
cooperação entre empresas que constitui uma sociedade sem personalidade jurídica, com o
propósito de alcançar um dado objetivo em um prazo estabelecido (MIRANDA; MALUF,
2013; MORO; GLITZ, 2013).
A regulamentação legal do consórcio no Brasil surgiu em consequência das necessidades
encontradas nas contratações de empresas para a execução de obras públicas de grandes
34
investimentos, cuja fundamentação básica veio das joint ventures norte-americanas
(MIRANDA; MALUF, 2013).
2.1.2 Classificação de redes entre empresas
As motivações para as redes de empresas podem ser o acesso a informações e a recursos; a
conquista de mercados e novas tecnologias; a conquista de vantagens por meio de
aprendizado; a economia de escala e escopo; o compartilhamento de riscos e a terceirização
de etapas da cadeia de valor e atividades organizacionais (GULATI; SINGH, 1998).
São vários os tipos de cooperação entre empresas, que podem ir de uma simples relação
comercial de troca de dinheiro por produto ou envolver uma complexa integração de bens,
serviços, finanças e informações sistematicamente gerenciadas. As diversas formas de
classificação dos tipos de redes buscam identificar o grau de interação entre as empresas, os
setores aos quais as empresas pertencem, os critérios jurídicos por tipo de contrato ou os
critérios econômicos, geográficos, tamanho das empresas, forma de administrar. Entretanto
algumas tipologias são mais frequentemente abordadas na literatura (EIRIZ, 2001).
As parcerias estratégicas entre empresas podem contemplar relações horizontais ou verticais
em relação à posição da empresa na cadeia de suprimento, objetivando ter acesso a recursos
críticos de ativos complementares, com a finalidade de gerir as incertezas do ambiente. Os
recursos controlados por mais de uma empresa são complementares se, quando combinados,
resultem em valor maior que o valor de cada uma separadamente (GULATI; SINGH, 1998).
Jorde e Teece (1989) descrevem uma tipologia em que identificam o que é uma aliança
estratégia e a diferenciam de outros tipos de cooperações. Para esses autores, uma aliança
estratégica pode incluir troca de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento (P&D) em conjunto e
compartilhamento de ativos complementares, por exemplo, uma parte se encarrega da
fabricação, e a outra, da distribuição para um produto desenvolvido em parceria, conforme
descrito no QUADRO 1.
35
Quadro 1 - Taxonomia de acordos entre firmas
Sem capital próprio Capital próprio
Permuta Contratos de curto prazo baseados
no lucro
Participação social passiva;
diversificação da carteira.
Aliança Contratos bilaterais com prazo
médio (não baseado em lucro)
Joint venture (operacional ou não
operacional), consórcio,
participações minoritárias e
participações cruzadas.
Fusão - Filial ou subsidiária integral.
Cartel Preço fixo e/ou fixação de
acordos restritivos
Preço fixo e/ou fixação de acordos
restritivos.
Fonte: Adaptado de JORDE; TEECE, 1989, p. 31.
Permutas são baseadas em transações que sempre envolvem fluxo monetário em um dos lados
da troca, como contratos de compra e venda com fornecedores da cadeia de suprimentos ou
acordo de licenciamento simples com royalties. Uma aliança estratégica, por definição, não
permite que um dos lados receba dinheiro da outra parte. Fusões também não são alianças
estratégicas, porque, por definição, as alianças não podem envolver aquisição de ativos de
outra empresa ou participação majoritária nas ações da outra empresa. Quanto ao cartel, é a
utilização de parcerias de forma indevida, objetivando manipular e monopolizar o mercado
(JORDE; TEECE, 1989).
Alianças podem ser caracterizadas de várias maneiras diferentes, por exemplo, podem ser
horizontais ou verticais. As cooperações horizontais incluem licenciamento cruzado,
consórcios e colaboração com os potenciais concorrentes. As cooperações verticais incluem
subcontratação e alianças com fornecedores ou clientes. Alianças horizontais visam alcançar
as competências complementares, enquanto o principal motivo para alianças verticais é a
redução de custos (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Observa-se, no QUADRO 2, um
resumo das principais classificações e definições desses autores, descrevendo os tipos de
colaboração em razão de sua duração e apontam as suas principais vantagens e desvantagens.
36
Quadro 2 - As principais formas de colaboração e suas características dominantes
Tipologia
Tipo de colaboração Duração
típica Vantagens (razões)
Terceirização e
relacionamentos com
fornecedores e clientes
(Prevalência Vertical)
Curto prazo Redução de custo e risco;
redução do tempo de
lançamento.
Licenciamento
(Prevalência Horizontal)
Prazo pré‐
fixado Aquisição de tecnologia.
Consórcio de pesquisa
(Prevalência Horizontal) Médio prazo
Especialização, padronização e
financiamento compartilhado.
4 Aliança estratégica
4.1 Joint venture
4.2. Trabalho em rede
(Horizontal e Vertical)
4 Flexível
4.1 Longo prazo
4.2 Longo prazo
4 Baixo comprometimento e acesso ao
mercado.
4.1 Dinamismo e aprendizagem potencial.
4.2 Know‐how complementar e gestão
dedicada.
Fonte: Adaptado de TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005, p. 292.
A terceirização e as parcerias com fornecedores e clientes são as típicas cooperações verticais
na cadeia de suprimentos de uma empresa. Os licenciamentos e consórcios de pesquisas são
parcerias que podem ser feitas entre empresas concorrentes, buscando o desenvolvimento de
novas tecnologias ou de novos mercados. As alianças estratégicas são as joint venture e as
redes de empresas do tipo “arranjos produtivos locais”. As joint ventures são as cooperações
com objetivos e cronograma determinado, incluído o consórcio entre empresa para a
realização de empreendimentos e obras de engenharia (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005).
Nas relações entre empresas, identifica-se a posição de uma em relação às outras, nas relações
econômicas dentro da cadeia de produção necessárias para que se realize a produção de bens e
serviços (BRITTO, 2000), conforme apresentado no QUADRO 3.
37
Quadro 3 - Relações básicas entre agentes dos modelos de “distritos industriais”
Tipologia
Ligações
verticais à
montante
Fornecedores de
matérias-primas,
componentes e
serviços
Fornecedores de
equipamentos
Firmas especializadas
em etapas do
processo
Ligações
horizontais
Outras firmas
produtoras PRODUTORES
PRINCIPAIS
Associações
empresariais
Ligações
verticais à
jusante
Agentes de
distribuição e
comercialização
(dealers)
Compradores diretos Consórcios de vendas
Fonte: Adaptado de BRITTO, 2000, p. 8.
Pela posição ocupada, podem-se identificar as empresas que se localizam à montante e à
jusante na cadeia de suprimentos e também as empresas que estão no mesmo nível da empresa
focal. As empresas focais são os produtores principais descritos no QUADRO 3.
No primeiro nível, estariam as empresas à jusante dos produtores principais, ou seja, as
“ligações para trás” na cadeia de suprimentos, que promovem cooperações verticais à jusante
com os produtores principais. No segundo nível, estão as empresas designadas “produtores
principais”, que se encontram no mesmo estágio na cadeia de produção e que promovem as
cooperações horizontais entre si. No terceiro nível, estão as empresas à montante dos
produtores principais, ou seja, a “ligações para a frente” na cadeia de suprimento, que também
promovem cooperações verticais com os produtores principais (BRITTO, 2000).
Empresas concorrentes podem formar consórcios por meio de redes horizontais de
cooperação, em decorrência de necessidades mútuas de competências complementares para
atingir os objetivos pretendidos, que, separadamente, não seriam capazes de alcançar, ou para
criar sinergia nas eficácias de suas competências isoladas. Há também os consórcios de redes
de cooperação vertical, quando empresas não concorrentes estabelecidas em diferentes níveis
da cadeia de suprimentos formam alianças, buscando o atendimento aos objetivos de um
determinado empreendimento (BRITTO, 2000; MORO; GLITZ, 2013).
38
As alianças também podem ser classificadas pelos tipos de atividades principais
desenvolvidas na cooperação. As atividades podem ser divididas em três domínios distintos:
domínio comercial, domínio técnico ou de produção e domínio financeiro. O QUADRO 4
apresenta cada um dos domínios e as atividades a eles relacionadas (EIRIZ, 2001).
Quadro 4 - Tipos de alianças estratégicas e seus domínios
Comercial
Grupo de exportadores Cooperam para atingir mercados externos.
Acordo de distribuição Relação entre produtora e detentora dos canais de
distribuição.
Acordo de representação Representante de produtos e marcas de outra empresa
para atender ao mercado (cliente).
Central de compras Representante de produtos e marcas de empresas junto a
fornecedores.
Franquia Direito de explorar marcas, produtos, processos ou
técnicas, com certas condições contratuais.
Assistência comercial Assistência em ações de marketing, vendas, etc.
Técnico/
produção
Consócio Empresas com capacidades e competências
complementares no desenvolvimento de projetos.
Formação e/ou
assistência técnica Tem como base a cooperação tecnológica.
Subcontratação Empresa (contratante) subcontrata para outra
(subcontratada) uma parte do seu processo de produção.
Acordo de produção
conjunta Empresas produzem conjuntamente os mesmos produtos.
Acordo de investigação e
desenvolvimento
Empresas procuram desenvolver conjuntamente novos
produtos ou processos produtivos.
Licenciamento de
patentes Concede o direito de exploração de uma patente.
Financeiro
Aquisição de empresa Adquire uma posição majoritária de outra empresa.
Participação minoritária
em empresa
Adquire uma posição inferior a 50% do capital de outra
empresa.
Joint venture Empresas formam uma nova entidade.
Fusão Grau máximo de integração de duas ou mais empresas
que decidem se fundir.
Fonte: Elaborado pelo autor, segundo Eiriz, 2001.
Pelas informações contidas no QUADRO 4, pode-se verificar que, no domínio comercial, são
compreendidas as alianças estratégicas que são criadas para o desenvolvimento das atividades
relacionadas com as ações de compras, marketing e vendas, distribuição de produtos acabados
e serviços pós-vendas. No domínio técnico ou de produção, estão as alianças estratégicas que
39
conduzem o desenvolvimento das atividades de produção, gestão de recursos humanos,
investigação e desenvolvimento tecnológico. E, por fim, no domínio financeiro, são
classificadas as alianças em decorrência do capital envolvido e do grau de integração entre as
partes.
Na categorização de Eiriz (2001), as parcerias na forma de consórcios entre empresas
pertencem ao domínio qualificado como técnico ou de produção e são tipos de cooperações
destinadas a contribuir para a complementaridade das capacidades e competências no
desenvolvimento de projetos.
A FIG. 1 mostra os tipos de cooperação que podem ser qualificados como alianças
estratégicas, ou seja, as distintas possibilidades que uma aliança estratégica pode assumir na
classificação da literatura internacional especializada (KLOTZLE, 2002).
Figura 1 - Tipos de alianças estratégicas
Fonte: Adaptado de KLOTZLE, 2002, p. 90.
Para alguns autores, como Jorde e Teece (1989) e Klotzle (2002), o termo “alianças
estratégicas” se aplica a determinados tipos de cooperação entre empresas, ficando restrita às
alianças que proporcionam ganhos de alguma natureza para todas as empresas participantes.
Para Eiriz (2001), as alianças estratégicas são mais amplas, incluindo as fusões e participações
Tip
os d
e A
lian
ça
s E
str
até
gic
as Contratos Unilaterais
Licenças
Acordos de distribuição
Contratos de P&DParticipação Acionária Minoritária
Joint Venture
Contratos Bilaterais
P&D conjunta
Marketing e promoção conjunta
Produção conjunta
Parcerias avançadas com fornecedores
40
majoritárias, que podem ser classificadas como estratégicas para uma das partes envolvidas,
mesmo que uma delas seja inteiramente incorporada pela outra.
Não existe uma definição única de alianças estratégicas na literatura, entretanto todas as
definições referenciadas incluem as joint ventures como um importante tipo de aliança
estratégica, e são apresentadas duas formas principais de joint ventures, quanto a ter ou não
uma personalidade jurídica (KLOTZLE, 2002).
As joint ventures são formas de cooperação para atender um objetivo específico. O termo
nasceu das práticas mercadológicas internacionais de alianças entre empresas e foi
introduzido no Brasil em consequência da internacionalização dos termos jurídico e
empresarial, como resultado da globalização (MORO; GLITZ, 2013).
A legislação brasileira não trata de forma específica das joints ventures, que podem
representar parcerias de empresas com ou sem personalidade jurídica. Entretanto existe o
dispositivo legal que trata especificamente dos consórcios, que é o tipo particular de joints
ventures, sem personalidade jurídica, conforme dispositivo previsto na Lei nº. 6.404/1976
(MARTINS, 2009; MORO; GLITZ, 2013). “A Joint venture não configura per si uma forma
legal na legislação societária. No Brasil verifica-se a tendência de joint ventures [...] via
consórcio de empresas” (MARTINS, 2009, p. 3).
A incorporação da definição e do termo ocorreu quando os juízes, estudiosos do assunto,
enquadraram o termo joint venture nas formas da legislação nacional existente sobre a
constituição de empresas, em relação aos assuntos legais em que o termo foi adotado. As
joints ventures temporárias apresentam as mesmas características e podem ser igualadas ao
consórcio tratado na legislação brasileira (GAMBORO, 2000).
2.1.3 Redes e vantagens competitivas
Redes de empresas na construção civil são formadas com o principal propósito de obter
competências complementares e melhorar a posição das empresas participantes em relação
aos concorrentes do setor. Nesse sentido, tem-se que
41
Estas redes, além de promover vantagens no âmbito competitivo, promovem um
estreitamento de relações de seus participantes. É imprescindível que a coordenação
dos diversos parceiros seja feita de forma eficiente para a maximização de suas
capacidades, ante o objetivo da rede (ARAUJO; GUERRINI, 2010, p. 1).
Para Barbosa, Zilber e Toledo (2009), as cooperações entre empresas para obtenção de
vantagens competitivas têm sido amplamente estudadas por pesquisadores. As conclusões
desses estudos apontam para o entendimento de que as diversas formas de cooperação geram
alianças estratégicas que fomentam as vantagens competitivas para os membros constituintes.
A revisão de literatura indica que alianças estratégicas são potenciais fontes geradoras de
vantagens competitivas "por propiciar flexibilidade, redução dos custos de transação,
manutenção do enfoque da empresa nas competências essenciais, redução da necessidade da
verticalização e economias diversas" (BARBOSA; ZILBER; TOLEDO, 2009, p. 45).
Child, Faulkner e Tallman (2005) também identificaram as motivações para a formação de
alianças, dentre elas, a necessidade de lidar com mudanças nos estatutos ou barreiras de
investimentos e como forma de alcançar vantagens de integração vertical, buscando as
contribuições dos parceiros numa cadeia de valor.
Os consórcios para realizações de empreendimentos são exemplos das formas de cooperações
que proporcionam melhores chances de obtenção de sucesso no alcance dos seus objetivos. A
cooperação permite desenvolver capacidades para criar novos produtos, processos de
produção, modelos organizacionais e mercados (JORDE; TEECE, 1989).
Empresas que se encontram no mesmo nível da cadeia de produtiva podem formar consórcios
no formato de redes de cooperações horizontais para a realização de um empreendimento bem
definido quanto a escopo e prazo. Empresas de diferentes níveis da cadeia produtiva do
empreendimento podem formar consórcios no formato de redes de cooperações verticais que
complementam e melhoram as competências para o alcance de determinado objetivo
(BRITTO, 2000).
Para Jorde e Teece (1989), as redes horizontais, quando as empresas atuam simultaneamente
de forma competitiva e colaborativa, são capazes de manter a competitividade em relação aos
seus concorrentes, visto que obtêm novos conhecimentos e tecnologias, aprendizagem
42
organizacional, produtos complementares, o que permite ampliar a capacidade tecnológica e o
processo de inovação.
2.1.4 Redes entre empresas na construção civil
As empresas responsáveis pela realização de obras na construção civil precisam transpor suas
fronteiras na busca da criação de uma cadeia de fornecedores de produtos e serviços que
possibilite a realização dos empreendimentos. A formação de uma rede de empresas dentro da
cadeia de suprimento da construção e de consórcios com outras firmas do mesmo setor de
atuação pode fornecer vantagens para as organizações individuais participantes da rede
(TUCKER et al., 2001).
No setor de construção de obras, a legislação brasileira regulamentou a formação de redes
entre empresas por meio dos consórcios, conforme a Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976.
“Consórcio significa o agrupamento de sociedades, feito através de um contrato, com a
finalidade de executar determinado empreendimento” (MIRANDA, 2010, p. 4).
O relacionamento entre as empresas da cadeia produtiva da construção é, na maior parte das
vezes, apenas de comércio, sem a ênfase nos benefícios característicos das redes de empresas.
Por outro lado, a formação de rede de empresas na cadeia produtiva pode criar vantagens
competitivas para a conquista de novos empreendimentos, para os parceiros da rede ou para
melhorar o desempenho das obras em execução (CASAROTTO, 2002).
No subsetor de infraestrutura rodoviária, as cooperações entre firmas podem ser estabelecidas
por meio de acordos entre as empresas que atuam de forma concorrente em uma determinada
indústria, entre empresas que atuam em indústrias diferentes, ou ainda entre empresas que
atuam em níveis distintos em uma cadeia de produção. Nesse sentido, a indústria da
construção civil é campo de intensa formação de redes de cooperação entre empresas, e as
formações de consórcios para realização de empreendimentos públicos e privados são
exemplos das formas de cooperações que proporcionam melhores chances de obtenção de
sucesso no alcance de objetivos bem definidos (ARAÚJO; GUERRINI, 2012).
A construção de infraestrutura rodoviária requer a participação de uma variedade de empresas
fornecedoras e executoras de serviços para a implantação do projeto técnico de engenharia,
43
uma vez que o “Projeto de Construção envolve várias disciplinas de engenharia e uma rede de
entidades para a execução de um trabalho de qualidade” (TIWARI; SHEPHERD; PANDEY,
2014, p. 7).
Nesse contexto, os fundamentos teóricos expostos, referentes aos tipos de cooperação entre
empresas e ao conceito de alianças estratégicas englobando as redes de consórcios verticais e
horizontais, são suficientes para sua aplicação no estudo de caso objetivando a identificação e
a classificação dos tipos rede em formato de consórcios observados nos contratos das obras de
infraestrutura rodoviária da BR-381/MG, na Região de Belo Horizonte.
As formações de redes de empresas em formato de consórcio para a execuções de obras de
infraestrutura são cada vez mais comuns. Entretanto não foi possível encontrar, sobre esses
consórcios, estudos específicos suficientes para categorizar o seu tipo mais frequente ou a
forma mais recorrente de sua gestão. Isso pode ser devido ao seu caráter temporário, muitas
vezes com duração inferior ao tempo necessário para o desenvolvimento de pesquisas.
2.2 Inovação no tipo de licitação e na forma de contratos
Heinen (2014) afirma que o Regime Diferenciado de Contratação é uma forma de tentar uma
mudança no atual processo de contratação para fornecimento de bens e serviços em relação à
maneira pela qual se procede atualmente. Segundo esse autor, as novidades trazidas pelo RDC
são práticas existentes em entidades internacionais públicas e privadas e na iniciativa privada
no Brasil, entretanto ele se mostra inovador em relação à Lei Geral de Licitações nº
8.666/1993. “O estado está entregando ao particular uma tarefa que tradicionalmente era sua,
qual seja, a confecção do projeto básico” (HEINEN, 2014, p. 40).
O novo regime de licitação instituído pela Lei nº 12.462/2011 permite transferir para as firmas
contratadas as responsabilidades relacionadas com o projeto. Os órgãos licitantes apresentam,
na forma de anteprojeto, um esboço do produto final desejado, ficando a cargo das empresas a
elaboração dos projetos técnicos de engenharia, o que transfere para estas muitos dos riscos
antes de responsabilidade das contratantes (TORRES; DOTTI, 2013).
44
Cada vez mais, o RDC vem substituindo a Lei Geral de Licitação nº 8.666/1993 nos processos
de contratação, e são nos critérios que definem o processo de licitação que se percebe, mais
acentuadamente, as inovações do novo regime (SCHWIND, 2014).
2.2.1 Conceito e tipos de inovação
É importante entender a diferença entre invenção e inovação. A invenção é a criação de
produtos ou serviços, processos ou técnicas novas ou com melhorias inéditas. Um produto ou
serviço, um processo ou uma técnica são tecnologicamente novos se apresentam
características diferentes das já existentes. A inovação é caracterizada pela efetiva aplicação
comercial de uma invenção. A diferença conceitual entre técnica e tecnologia é que a técnica
pode ser entendida como a aplicação prática de uma tecnologia (TIGRE, 2006).
Além das inovações tecnológicas de produtos/serviços, processos e técnicas (tecnologia
capacitante), existem também as inovações organizacionais (modelo de negócio). Estas
ocorrem na forma como as empresas são gerenciadas, não abrangendo os processos
produtivos tratados como inovação em processos. As inovações no nível organizacional estão
relacionadas com o formato no qual a empresa estrutura o seu negócio, como são gerenciadas
as relações externas e internas à organização (SCHUMPETER, 1943; TIGRE, 2006).
Quanto à sua origem, a inovação ocorre com o surgimento de novos produtos, processos,
mercados e na própria organização. “O impulso fundamental que põe e mantém em
funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos
de produção ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização industrial
criadas pela empresa capitalista” (SCHUMPETER, 1943, p.108).
A inovação não tem uma relação estreita apenas com invenções grandiosas, geniais, produto
de habilidades específicas de indivíduos que nasceram com uma capacidade para obter
inspirações de origem indefinida. No âmbito da empresa, para implantar as atividades de
inovação, não são necessárias promoções de mudanças extraordinárias no seu interior. A meta
não é a exclusiva busca por novas tecnologias. Os processos de inovação podem ser
gerenciados por instrumentos, regras e disciplinas aplicados às unidades funcionais da
organização envolvidas na estratégia de inovação (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2006).
45
Existem vários tipos de inovação. As inovações dos produtos ou processos são chamadas de
inovações tecnológicas. Existem as inovações relacionadas aos novos mercados, novos
modelos de negócio, novos processos e métodos organizacionais, incluídas novas fontes de
suprimentos (ALVES; FREITAS; ROLON, 2014).
Para alavancar a inovação em uma organização, é necessário gerenciar os processos e as
atividades promotoras de inovação. É preciso mapear o estágio atual do potencial de inovação
em tecnologias e modelos de negócio organizacional. Dessa forma, uma inovação pode ser
uma pequena melhoria do que está em funcionamento na organização em termos das
alavancas de tecnologia e modelo de negócio. Pode ocorrer de uma das alavancas ser nova e a
outra constituir uma melhoria do que já existe na empresa. Ou ainda, simultaneamente, uma
nova tecnologia e um novo modelo de negócio. Essas inovações são denominadas,
respectivamente, de inovações incrementais, semirradicais e radicais (DAVILA; EPSTEIN;
SHELTON, 2006). A FIG. 2 mostra as possibilidades de inovação relacionadas por esses
autores. Ela indica que a inovação incremental é decorrente de pequenas mudanças no modelo
de negócio ou na tecnologia estabelecida. Essas melhorias são capazes de prolongar o
posicionamento atual da empresa ou até mesmo de produzir um avanço no atual desempenho
dela (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2006).
Figura 2 - Matriz de Inovação
A inovação semirradical é a combinação de uma inovação radical (significativa) com uma
incremental. Pode ser semirradical, voltada para tecnologia ou para o modelo de negócio,
dependendo se for significativa para a tecnologia ou para o modelo de negócio, conforme
caracterizado no QUADRO 5.
A inovação radical é a ocorrência de mudanças significativas na tecnologia e no modelo de
negócio. A interface entre nova tecnologia e novo modelo de negócio é capaz de dar novos
Nova SEMIRRADICAL RADICAL
Semelhante
a existenteINCREMENTAL SEMIRRADICAL
Semelhante ao existente Novo
TE
CN
OLO
GIA
MODELO DE NEGÓCIO
Fonte: DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2006, p 58.
46
rumos à indústria em que a organização atua, proporcionando lideranças vantajosas em
relação aos concorrentes. O planejamento estratégico de futuras inovações, mesmo
incrementais, nas tecnologias e nos modelos de negócios, pode garantir o prolongamento da
vantagem competitiva, desde que tais inovações sejam corretamente gerenciadas (DAVILA;
EPSTEIN; SHELTON, 2006).
Sosna, Rodríguez e Velamuri (2010) afirmam que várias pesquisas sobre inovações
apresentam indicadores de que as mudanças do modelo de negócios das organizações estão
entre as formas mais sustentáveis de inovar.
O QUADRO 5, a seguir, mostra as seis alavancas para a mudança. Três delas estão
relacionadas ao modelo de negócios: a proposta de valor da organização, a cadeia de
suprimento e o cliente-alvo. As outras três estão relacionadas à tecnologia: os produtos ou
serviços, os processos e as tecnologias capacitantes da organização. A inovação está
relacionada com as mudanças em um ou mais desses seis componentes, em que poderá
ocorrer inovação incremental, semirradical e radical (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON,
2006).
Quadro 5 - As alavancas para os três tipos de inovação
Alavancas
Tipos de inovação
Alavancas dos Modelos de
Negócios Alavancas Tecnológicas
Proposição
de valor
Cadeia de
Suprimentos
(valor)
Cliente
-alvo
Produtos
e
serviços
Processos Tecnologias
capacitantes
Incrementais Mudanças pequenas em uma ou mais das seis alavancas
Semirradicais
orientadas por
modelo de negócios
Mudanças significativas em
uma ou mais das três alavancas
Mudanças pequenas em uma ou
mais das três alavancas
Semirradicais
orientadas por
tecnologia
Mudanças pequenas em uma ou
mais das três alavancas
Mudanças significativas em uma
ou mais das três alavancas
Radicais Mudanças significativas em
uma ou mais das três alavancas
Mudanças significativas em uma
ou mais das três alavancas
Fonte: DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2006, p. 59.
47
Um dos conceitos de inovação mais adequados é o proposto por Nicholas Donofrio, ex-vice-
presidente executivo de Inovação e Tecnologia da IBM. Segundo ele, inovação é uma
“capacidade de criar novo valor na intercessão entre modelo de negócio e tecnologia.”
(DONOFRIO1 apud DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2006, p. 59).
As inovações radicais são decorrentes de produtos, serviços e processos com características
nunca antes percebidas e com expressivas melhorias de desempenho ou de custo, capazes de
mudar significativamente os mercados existentes ou de criar novos mercados e nova maneira
de comercializar, como é o caso do surgimento de computadores e telefones celulares. As
inovações incrementais estão relacionadas aos pequenos avanços tecnológicos desses itens
(RICE; LEIFER; O’CONNOR, 2002).
“Modelo de negócios” é um termo utilizado para designar a forma como a empresa irá
operacionalizar todos os seus recursos na sua proposta de criação de valor para o cliente e a
forma como irá gerar valor para a própria empresa. Consiste em identificar o consumidor e o
que ele valoriza e, em seguida, identificar como obter resultados com esse consumidor. É a
lógica econômica fundamental que explica como poderá capturar e entregar valor, com um
custo apropriado (MAGRETTA, 2002). O surgimento da internet possibilitou a criação de um
modelo de negócio inovador com o comercio eletrônico (WIRTZ; SCHILKE; ULLRICH,
2010).
De acordo com Carayannis, Stavros e Walter (2014), o conceito de inovação em modelos de
negócios e o modelo de negócio em si têm o seu fundamento na prática corporativa, gestão
estratégica e economia industrial. No entanto os modelos de negócios não são uma estratégia,
mas constituem o núcleo orientador para uma estratégia, bem como o mapa para decodificar
onde e quando inovar em uma organização. Os autores acima citados explicam que o modelo
de negócio está relacionado com a maneira como uma empresa gera valor para si e seus
clientes, envolvendo os processos gerenciais e toda a cadeia de suprimento para a entrega de
produtos e serviço. O desenho do modelo de negócio de uma organização aponta as alavancas
de maior potencial para a inovação em um dado mercado.
1 CANE, Alan. The brain behind the brains at Big Blue. The Financial Times, 2005.
48
Neste estudo de caso, os esforços foram focados na identificação das possíveis inovações
ocorridas em consequência da instituição do RDC. Foram examinadas as mudanças no
sistema de contratação de empresas que podem ter gerado inovações tecnológicas (produtos e
serviços, processos ou técnicas) ou no modelo de negócio (proposta de valor, cadeia de
suprimento, cliente) dos consórcios contratados, conforme classificação vista no QUADRO 5.
2.2.2 Sistema de licitação e a inovação na contratação integrada Design/Build
Sistemas de entrega do projeto abrangem três domínios fundamentais: a organização de
projetos (método de entrega de projeto), a forma de operacionalização e os termos comerciais
(tipo de contrato e regime de remuneração), cada um dos quais deve apoiar-se mutuamente
(DARRINGTON; LICHTIG, 2010).
Cada caso em particular requer escolhas próprias para o sistema de entrega do projeto
(Project Delivery System). O sistema de entrega de projeto engloba o tipo de licitação, o
regime de execução e o método de entrega de projeto. O Tipo de Licitação é relativo ao
método de seleção de empresa, que pode ser do tipo menor preço, melhor técnica ou melhores
técnica e preço. O Regime de Execução é relacionado com a maneira de medir e remunerar a
contratada pelos serviços executados. O Método de Entrega de Projeto diz respeito ao
escopo do projeto, que engloba o escopo do produto a ser entregue e a forma de gerenciar o
projeto e o relacionamento com o proprietário do projeto (AZEVEDO, 2005; THOMSEN,
2013).
Para efetivar a contratação de empresas com o objetivo de implantação de obras de
infraestrutura, o contratante deve estabelecer as regras do processo de seleção das firmas
interessadas. A literatura acadêmica faz referência a três aspectos importantes nos processos
de contratações das empresas executoras de obras de infraestrutura quanto ao:
- Método de entrega de projeto (delivery project method), referente ao escopo do projeto a ser
entregue, que pode ser a entrega do design (projeto técnico), a entrega da construção ou a
entrega do design e da construção integrados.
- Tipo de licitação, referente aos critérios adotados para a escolha da proposta mais vantajosa,
que pode ser a de menor preço global, melhor técnica, ou a de melhores técnica e preço.
49
- Regime de execução, está relacionado à forma de medição e pagamento dos serviços
concluídos para fins de remuneração das etapas de implantação do empreendimento.
O Método de Entrega de Projeto (delivery project method) determina as condições de contrato
usadas em um projeto quanto à combinação do design com a construção. O contrato pode
privilegiar a contratação do design separado da construção (Desing-Bid-Build) ou a
contratação integrada, com uma firma ou consórcio, do design e da construção (Design-Build)
(KOPPINEN; LAHDENPERÄ, 2007).
O delivery project method diz respeito às obrigações e ao escopo daquilo que o contratado
deve entregar ao cliente, ou seja, a abrangência do objeto licitado. É um termo utilizado para
descrever os processos de design e construção, incluindo várias formas de acordos destinados
à sua conclusão bem sucedida (GORDON, 1994; DORSEY, 1997; BAI; HEZAM, 2003;
IBBS et al., 2003; WIRAHADIKUSUMAH; ABDUH, 2010; VELLALOS; GORDON,
2012).
O Método de Entrega de Projeto é, principalmente, dividido entre os métodos Design e
Construção (Design/Build - DB) e o método Design, Licitação e Construção (Design Bid
Build - DBB). O método de entrega de DB ocorre quando se verifica a contratação simultânea
dos projetos técnicos de engenharia e da execução, que ficam sob a responsabilidade de um
mesmo contratado (IBBS et al., 2003). Trata-se de uma abordagem antiga que está sendo
considerada como uma nova alternativa de entrega de projeto, visto que, na Mesopotâmia e na
Grécia antiga, os mestres de obras eram responsáveis pelo design e pela construção de todo o
projeto. Esse foi o método mais utilizado até o final do século XIX, quando os avanços
permitiram a separação das áreas de conhecimento de arquitetura e engenharia, e que agora
retorna como uma alternativa ao método DBB (Design Bid Build) (SONGER; MOLENAAR,
1996).
O método de entrega tradicional e mais comumente utilizado nos Estados Unidos é o Design,
Licitação e Construção (Design Bid Build - DBB). Nesse método, observam-se duas fases
distintas bastante nítidas. Primeiro, a fase de contratação e desenvolvimento do design;
posteriormente, a licitação e a contratação da construção do empreendimento (IBBS et al.,
2003).
50
O método de entrega de projeto Design-Construção (DB) tem sido cada vez mais adotado por
muitas organizações privadas e do setor público em todo o mundo, graças às suas muitas
vantagens. Entretanto muitos projetos de infraestrutura rodoviária na Indonésia ainda adotam
o método tradicional de Design, Licitação e Construção (DBB), apesar de ser ele considerado,
muitas vezes, incapaz de criar valor para o proprietário da infraestrutura e responsável por
gerar resultados menos desejáveis, tais como custos excessivos, falta de qualidade e atrasos, o
que indica uma desvantagem desse modelo de entrega (DEWI; TOO; TRIGUNARSYAH,
2011).
O método Design e Construção (DB) é uma forma de contrato em que um único contratado é
responsável pelo design e pela construção, e tem se apresentado como um método de entrega
eficaz, que vem ganhado popularidade em todo o mundo (BALSON; GRAY; XIA, 2012). As
partes interessadas optam por contratos segundo o modelo Design e Construção (DB) por
múltiplas razões, como: possibilidade de reduzir o prazo de implantação do projeto, maior
precisão no cálculo do custo inicial, redução do risco, redução no número de responsáveis
envolvidos no projeto e incentivo à inovação nas formas de construção (GRANSBERG;
WINDEL, 2008).
De acordo com Ibbs et al. (2003), um grande número de estudos demonstra que o método de
entrega integrado de Design e Construção (DB) tem sido privilegiado em relação ao método
tradicional de Design, Licitação e Construção (DBB), mesmo que nem sempre o primeiro
tenha se mostrado mais eficaz.
Os clientes, proprietários das obras, em sua maioria, têm uma forma predominante para o
sistema de licitação quanto aos critérios de Tipo de Licitação (seleção de propostas), ao
Regime de Execução (forma de pagamento) e ao Método de Entrega de Projeto (escopo do
projeto). Apesar da grande possibilidade de combinações, não há muitas variações dos tipos
de contratos, porém existem algumas diferenças que favorecem mais uma forma que a outra.
Apresentam-se no QUADRO 6, os diferentes tipos de contratos e alguns dos seus benefícios e
desvantagens gerais (PAKKALA, 2012).
51
Quadro 6 - Método de entrega de projeto e a forma de pagamento mais usual
Critério de seleção (Tipo de Licitação) poderá ser o de Menor Valor Global ou a combinação
entre Menor Valor Global e Melhor Técnica, para qualquer que seja a combinação do
método de entrega de projeto e o regime de execução escolhidos.
Método
Entrega
Regime de Execução
(Forma de pagamento) Vantagens Desvantagens
DBB
Preço Fixo (Slump Sum)
Única quantia estipulada de
pagamento para o fornecimento de bens e serviços.
Preferido pelas empresas. As mais eficazes têm melhores margens de lucro. O cliente conhece os preços sem conhecer as possíveis alterações. Ambiente competitivo. Preço de mercado confiável. Potencial de inovação se usado com métodos alternativos de entrega.
Os custos podem exceder a estimativa do projetista. Potencial de reivindicações.
DBB
Preço unitário
Um sistema de pagamento feito em termos de
custos por unidade especificada.
Bom quando quantidades são desconhecidas. Geralmente tem preços mais baixos.
Pode complicar o processo de licitação. Pode causar maiores lances.
DB e
CM
Preço máximo
garantido
Preço máximo pago por bens e
serviços. Normalmente,
usado em DB e métodos CM.
Cliente sabe orçamento. Qualquer economia pode ser compartilhada.
Pode resultar em custos mais elevados, a menos que a economia seja compartilhada.
CM
Custo acrescido de uma taxa fixa
O contratado é pago por todos os custos reais mais
uma taxa acordada.
Contratado garante um lucro fixado e custo indireto. Bom para projetos que têm critérios incertos.
Sem incentivo à inovação e redução de custos. Sem riscos compartilhados.
Fonte: Adaptado de PAKKALA, 2012, p. 63.
Nota: DBB- Método de Entrega de Projeto design, licitação e construção.
DB- Método de Entrega de Projeto design-construção.
CM- Construction Management.
Para a maioria dos projetos com método de entrega de Design, Licitação e Construção (DBB),
a forma de pagamento predominante é por preço unitário das quantidades efetivamente
executadas em um determinado período, geralmente mensal, ou então por preço fixo para
fornecimento de bens e serviços específicos. A maioria dos projetos com método de entrega
Design-Construção (DB) estabelece um preço máximo garantido (GMP), podendo ter critério
de seleção de empresas com previsão de incentivos, com a finalidade de estimular uma
entrega mais rápida ou buscando reduzir os efeitos de possíveis atrasos na interdição das
rodovias durante as obras. Na maioria dos projetos com modelo de entrega de Design-
52
Construção, raramente são usados pagamentos por preço unitários (PAKKALA, 2012; KLEE,
2013).
As combinações mais usuais de método de entrega de projeto e regime de execução são
ratificadas pelos estudos publicados pela Construction Management Association of America
(2012), no manual denominado Owner’s Guide to Project Delivery Methods.
Alternativamente, pode-se empregar o modelo de entrega de projetos denominado
Gerenciamento da Construção (Construction Management - CM). É um processo similar ao
modelo tradicional DBB. Nesse caso, o proprietário (contratante) é o responsável pelo design,
pela licitação e pela contratação da construção do empreendimento. No modelo de entrega
CM, o proprietário contrata um gestor que assume a responsabilidade pela administração e
gestão das questões de construção, das atividades do dia a dia e também assume um papel
consultivo do proprietário, porém não tem a obrigação contratual de design e construção. O
proprietário é responsável pela operação e manutenção do projeto, bem como pelos aspectos
de financiamento (PAKKALA, 2012).
Segundo Bastias e Molenaar (2010), os dois métodos de entregas mais comumente utilizados
nas contratações de obras no setor público dos Estados Unidos são o tipo Projeto, Licitação e
Construção (Design/Bid/Build - DBB) e o tipo Projeto e Construção (Design/Build - BD), que
estão esquematicamente representados nas FIG. 3 e 4, respectivamente. Todavia o método de
entrega de projeto de Design (projeto técnicos) e construção (BD), no setor público
americano, começou a ser mais frequentemente usado durante os anos de 1980 e 1990.
Figura 3- Método de Entrega de Projeto (Design)/Licitação/Construção (DBB)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Proprietário da Obra (cliente)
Contrato de Design(Plantas,
Especificações)
Contrato de Construção
Subcontratados
Fornecedores
53
Figura 4 - Método de Entrega de Projeto (Design)/Construção (DB)
Fonte: Elaborado pelo autor.
As FIG. 5 e 6 representam os modelos alternativos de entrega de projetos denominados
“gerenciamento da construção” (Construction Management - CM). A FIG. 5 representa o
método de entrega de projeto por gerenciamento da construção sem risco para o gestor (CM).
A FIG. 6 representa o método de entrega de projeto por gerenciamento da construção com
risco para o gestor (CM at Risk).
Figura 5 - Método de entrega de projeto por gerenciamento da construção sem risco para o
gestor (CM)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 6- Método de entrega de projeto por gerenciamento da construção com risco para
o gestor (CM at Risk)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Qualquer tipo de licitação, quanto aos critérios de escolha de proposta mais vantajosa, e
qualquer regime de execução, quanto à forma de pagamento, podem ser usados em conjunto
Proprietário da obra (cliente)
Contrato de Design (plantas, especificações)
Subcontratados
FornecedoresGerenciadora
Proprietário da obra (cliente)
Contrato de Design(plantas,
especificações)
Gerenciadora
Subcontratados
Fornecedores
Proprietário da Obra (cliente)
Contrato de Design (Plantas, Especificações)
Contrato de Construção
Subcontratados
Fornecedores
54
com um dos quatro métodos de entrega de projeto que combinam formas de entregar projetos
técnicos e construção, conforme apresentados nas FIG. de 3 a 6.
As especificidades das licitações quanto aos critérios de seleção (menor preço global e melhor
técnica e preço) e o regime de remuneração (preço global fixo e preços unitários) variam de
acordo com os conteúdos dos documentos da solicitação de proposta (request for proposals)
dos agentes contratantes (MOLENAAR; SONGER; BARASH, 1999; IBBS et al., 2003).
Um projeto de construção é uma combinação única de processos que envolvem vários
participantes com diferentes tarefas, que estão sob a influência de vários fatores, incluindo os
riscos relacionados. Não é possível eleger uma única combinação dos requisitos do contrato.
As condições de financiamento, as prioridades do cliente, a dificuldade do projeto, as
circunstâncias sociais e outros fatores são vitais para a seleção das empresas quanto aos
critérios de responsabilidade pelo design e quanto à determinação do melhor valor do
contrato, à forma de remuneração e à alocação de riscos (KLEE, 2013).
É essencial a escolha do tipo de contrato mais adequado quanto ao critério de pagamento à
empresa executora. Ao fazer uma opção, os tomadores de decisões usam seu próprio
conhecimento, sua experiência e sua intuição de acordo com os critérios de seleção
específicos que pretendem adotar para a formalização do contrato (ANTONIOU et al., 2013).
No caso dos processos de contratação de obras públicas, o Regime de Execução diz respeito
aos critérios de medições e pagamentos dos avanços físicos do empreendimento contratado, e
os editais de licitação devem trazer as regras devidamente discriminadas (MOLENAAR;
SONGER; BARASH, 1999).
O proprietário do empreendimento, além de escolher os métodos de entrega de projeto, deve
determinar qual é o método de pagamento a ser aplicado a um contrato, e essa escolha
influencia o desempenho geral do projeto (WIRAHADIKUSUMAH; ABDUH, 2010). A
revisão literária mostra a importância da escolha do tipo de contrato, principalmente no que se
refere à forma de remuneração (ANTONIOU et al., 2013).
Na implantação de uma rodovia, o custo da construção é o de maior valor entre todas as
etapas do projeto. É por essa razão que o critério de seleção das empresas, dos tipos de
55
contratos escolhidos e das formas de pagamento é de fundamental importância para garantir
os custos de construção dentro dos limites de financiamento aprovados (VELLALOS;
GORDON, 2012).
O tipo de licitação é o critério adotado para a seleção da proposta mais vantajosa e diz
respeito às regras estabelecidas para a determinação da empresa vencedora, tais como: as
licitações do tipo menor preço global ou a combinação de melhor técnica e preço
(MOLENAAR; SONGER; BARASH, 1999).
Tradicionalmente, as obras de infraestrutura rodoviária são concedidas aos licitantes que
apresentam a proposta de menor preço total. Muitas vezes, focar nessa proposta reduz a
atenção para os critérios de qualidade e prazo de conclusão, fatores que afetam o desempenho
do projeto (WIRAHADIKUSUMAH; ABDUH, 2010).
A opção pela contratação integrada do design e construção por meio de um mesmo processo
de licitação foi caracterizada, na literatura acadêmica, como uma forma de inovação no
modelo de contratação entre o poder público e os construtores. A utilização de um anteprojeto
referencial para a contratação simultânea do projeto executivo e da construção constitui
eficácia e inovação na integração entre design/construção (design/build), em contraponto à
prática comum do setor público de primeiramente concluir os projetos técnicos executivos,
para posteriormente contratar os serviços de construção (MOLENAAR; SONGER;
BARASH, 1999).
Os órgãos públicos ainda são resistentes quanto a abrir mão do controle do design na forma
tradicional de primeiro contratar e concluir o design executivo para depois, separadamente,
contratar os serviços de construção (SONGER; IBBS, 1995).
2.2.3 Lei nº 12.462/2011-RDC e as inovações em relação à Lei de Geral de Licitações nº
8.666/1993
A importância dos investimentos em obras públicas pode ser verificada pelos seus efeitos.
Uma das consequências dos investimentos em infraestrutura básica de utilidade pública é a
sua capacidade de motivar novos investimentos, que, feitos em determinados setores, geram
reservas por meio da expansão da economia, as quais acomodam as novas capacidades criadas
56
em decorrência desse crescimento, e essas reservas podem ser a origem de novos
investimentos (MONTES; REIS, 2011).
Os investimentos em infraestrutura rodoviária são de responsabilidade do governo devido à
sua função de utilidade pública e a sua importância como setor-chave para o desenvolvimento
da Nação. Assim, os investimentos na ampliação da malha rodoviária, o aumento da
capacidade de fluxo das rodovias existentes e a manutenção dessas rodovias na fase de
operação integram os programas de governo para desenvolvimento e crescimento econômico
local, regional e do País. Tidd, Bessant e Pavitt (2005) indicam a importância dos
investimentos públicos nas estratégias de inovação das empresas.
No Brasil, em 1993, o governo federal instituiu a Lei Geral de Licitações n° 8.666/1993, que
trata dos processos de contratações com a administração pública, inclusive a contratação de
empresas para a implantação das infraestruturas básicas (BRASIL, 1993).
Em 2011, instituiu-se a Lei nº 12.462/2011, que trata especificamente de contratações
relacionadas aos eventos esportivos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Essa lei
propiciou a oportunidade de formalização de contratos com características semelhantes aos
observados em outros países, conforme registrado na literatura internacional sobre o tema e
mencionado no capítulo anterior (BRASIL, 2011).
É de responsabilidade da União elaborar a legislação sobre normas gerais de licitação e
contrato com o Poder Público, de acordo com o que está determinado no inciso XXVII, do art.
22, da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Dessa forma, dadas as condições de urgência
para a construção das infraestruturas demandadas pelos eventos da Copa do Mundo de
Futebol de 2014, incluindo a Copa das Confederações de 2013, e das Olímpiadas de 2016, na
cidade do Rio de Janeiro/RJ, o governo brasileiro, em 2011, instituiu o Regime Diferenciado
de Contratações Públicas (RDC), com o propósito de alcançar as metas de construções
necessárias para atender aos eventos (QUINTELLA, 2014).
Além das obras diretamente relacionadas aos eventos, também podem ser contratadas pelo
regime da Lei do RDC, as obras de infraestrutura situadas a uma distância de até 350 km do
local dos eventos, conforme prevê o conteúdo da Lei nº 12.462, em seu inciso II, do artigo 1º
(BRASIL, 2011).
57
O Regime Diferenciado de Contratação é uma lei que vem complementar e apresentar
alternativas inovadoras em relação à Lei nº 8.666/1993 e à Lei do Pregão. A “condição de lei
especial não revoga qualquer disposição das leis existentes, mas, inovando o sistema jurídico,
confere especial tratamento para as situações de fato que regula” (FERREIRA; SANTOS,
2012, p. 174). “A Lei nº 12.462/2011 é norma geral de licitações, responsável por prever
aquilo que é essencial acerca do Regime Diferenciado de Contratações e aplicável por todos
os entes da federação. Crê-se, ainda, na possibilidade jurídica de sua coexistência com a Lei
nº 8.666/1993” (QUINTELLA, 2014, p. 7).
A criação do RDC foi motivada pela urgente necessidade da administração pública de ter um
instrumento capaz de proporcionar maneiras mais ágeis, econômicas e eficientes de
contratação pública, predominantemente para as obras de infraestrutura destinadas a abrigar
os eventos esportivos, haja vista a morosidade dos processos de contratação fundamentados
na Lei nº 8.666/1993 (KRAWCZYK, 2012; QUINTELLA, 2014).
A responsabilidade de ser a sede de eventos de proporções mundial motivou a necessidade de
se repensarem os habituais processos de contratação pública, de onde se conclui ser
indispensável alterar o regime tradicional de licitatório, “apresentando-se outro modelo, que
foca em resolver os problemas desses acontecimentos esportivos” (HEINEN, 2014, p. 37).
Ainda quanto à necessidade de novas formas de contratação pública, Quintella (2014, p. 2)
entende que
O tempo é exíguo, as adequações necessárias diversas e a prerrogativa de ser sede é
também o dever de bem sediar os eventos. Tornou-se deveras importante a
contratação eficaz, sobretudo, de obras e serviços para aprimoramento da estrutura
interna brasileira.
Os objetivos do RDC estão descritos no art. 1º, §1º da Lei nº 12.462/2011: a) ampliação da
eficiência nas contratações e competitividade entre os licitantes; b) troca de experiências e
tecnologias e uma melhor relação custo/benefício para o setor público; c) fomento à inovação
tecnológica; e d) tratamento isonômico dos licitantes e seleção da proposta mais vantajosa.
Uma importante inovação, quando comparada com a tradicional Lei de Licitações, é a
possibilidade da contratação integrada, que permitirá ao contratado elaborar soluções mais
adequadas, técnica e economicamente mais viáveis (OLIVEIRA; FREITAS, 2011).
58
De acordo com Bicalho (2013), O RDC também inova ao privilegiar a inversão de fase nos
processos de licitação em que, tradicionalmente, todos os documentos de habilitação de todas
as empresas são analisados para, posteriormente, os preços apresentados serem avaliados.
Apesar de prevista na Lei nº 8666/1993 (BRASIL, 1993), o RDC passa a privilegiar a
inversão de fase (BRASIL, 2011).
A fase de apreciação de preços precederá a fase de habilitação, o que conduz a uma maior
agilidade no processo de licitação, visto que a administração analisará somente os documentos
formais de habilitação do licitante vencedor. De forma extraordinária, a fase de habilitação
poderá anteceder a fase do preço, hipótese que deverá ter a previsão no edital de licitação
(OLIVEIRA; FREITAS, 2011; BICALHO, 2013).
A inversão das fases nos processos de licitações favorece a eficiência durante as etapas de
contratações por meio do RDC, “afinal o dispêndio de tempo e recursos para o exame dos
requisitos de habilitação de um licitante que, ao final, não apresentará a melhor proposta à
Administração Púbica vai de encontro às diretrizes emanadas dos princípios da eficiência”
(OLIVEIRA; FREITAS, 2011, p. 14).
Na implantação de um projeto, ultrapassada a etapa de licitação e formalização da
contratação, de forma mais ágil com a utilização da inversão da fase de análise da proposta
comercial e da documentação das empresas concorrentes, o RDC também possibilita maior
rapidez na fase de implantação da infraestrutura, por meio da contratação integrada. A
contratação integrada de design e construção (DB) é um tipo de contrato já utilizado em
outros países, como Espanha, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos. “O Estado está entregando
ao particular uma tarefa que tradicionalmente era sua, qual seja, a confecção do projeto
básico” (HEINEN, 2014, p. 40). Caberá a uma única contratada o dever de elaborar os designs
executivos e a construção da obra.
Se comparado aos métodos previstos pela Lei nº 8.666/1993, o RDC inovou na forma de
contratar as empresas responsáveis pela implantação das obras ao possibilitar um novo
método de entrega de projeto denominado Contratação Integrada. A diferença inovadora entre
o RDC e os demais dispositivos legais de contratação é a possibilidade dessa contratação
integrada, sem a necessidade da elaboração prévia dos designs executivos aprovados pela
59
administração pública, de forma que, no caso da contratação integrada, a empresa vencedora
assume a responsabilidade por sua elaboração (OLIVEIRA; FREITAS, 2011).
A contratação integrada é aquela referente à existência de um único contrato para a entrega do
design e da construção, por meio do método de entrega de projeto DB (Design/Build). A
contratação integrada é condicionada ao Regime de Execução por preço global, haja vista a
incompatibilidade de se atribuir a elaboração do design à mesma empresa responsável pela
construção da obra, em um contrato com o Regime de Execução (critério de pagamento) por
preço unitário (PAKKALA, 2012).
A contratação integrada, conceitualmente, é o tipo de contrato que engloba o Design/Build e o
lump sum (montante fixo), ou seja, o projeto técnico de engenharia (design) e a construção
pelo regime de preço global, que, no cenário internacional, conquistou espaços em vários
países nas últimas duas décadas (França, Inglaterra, Grécia, Suécia, México, EUA, Austrália,
Tailândia, Cingapura, Croácia, Indonésia), em obras de edificações, creches/escolas,
hospitais, rodovias e ferrovias e instalações industriais (BRUTO, 2013).
As soluções de design originam as quantidades a serem executadas e o Método de Entrega
Integrado (BD) deve favorecer a eficácia do projeto por meio de soluções técnicas que
minimizem as quantidades, consequentemente, os custos do empreendimento. Assim, o RDC
possibilita a contratação integrada para obras e serviços de engenharia (art. 9º da Lei nº
12.462/2011), com a condição de se adotar a forma de pagamento (Regime de Execução) de
empreitada integral ou por preço global.
O artigo 9º da Lei nº 12.462/2011 define que a Contratação Integrada “compreende a
elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e
serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais
operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto” (BRASIL, 2011).
A Lei nº 12.462/2011, em seu artigo 2º, estabelece que Empreitada Integral é “quando se
contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo a totalidade das etapas de
obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua
entrega ao contratante em condições de entrada em operação” (BRASIL, 2011).
60
O artigo 2º da Lei nº 12.462/2011 define que Empreitada por Preço Global é “quando se
contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total” (BRASIL, 2011).
Existe uma semelhança entre a contratação integrada e a empreitada integral. A contratação
integrada é uma espécie de empreitada integral, a diferença é que, na primeira, a
administração pública não tem a responsabilidade de elaborar os designs executivos, ou seja,
na empreitada integral os designs podem ser de competência do poder público (HEINEN,
2014).
Para os processos licitatórios de contratação integrada, deverá ser apresentado, no instrumento
convocatório, o anteprojeto de engenharia com informações suficientes para garantir a
igualdade de condições entre os licitantes. Ele deverá conter as seguintes informações,
conforme consta na Lei nº 12.462/2011 em seu art. 9º, § 2º, inciso I: a) a demonstração e a
justificativa do programa de necessidades, a visão global dos investimentos e as definições
quanto ao nível de serviço desejado; b) as condições de solidez, segurança, durabilidade e
prazo de entrega; c) a estética do projeto arquitetônico; e d) os parâmetros de adequação ao
interesse público, à economia na utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais
e à acessibilidade (OLIVEIRA; FREITAS, 2011).
A transferência da elaboração dos designs para as empresas contratadas produz uma economia
de esforço e de tempo para a administração pública durante a fase interna do processo de
contratação. O RDC insere uma inovação ao permitir que o próprio vencedor da licitação
prepare os projetos básico e executivo (designs), tendo como referencial o anteprojeto
preparado pela administração, fazendo com que a empresa contratada assuma os riscos
inerentes aos projetos técnicos de sua responsabilidade, inclusive as suas ocasionais
imperfeições (TORRES; DOTTI, 2013).
O RDC está em processo de evolução e a sua consolidação ainda não pode ser vislumbrada
em um horizonte próximo, assim, “não podemos nos enganar ao pensar que ele tenha chegado
à fase adulta. Ao contrário, acredita-se que viva a mais pulsante adolescência, repleto de
conflitos, dúvidas, acertos e erros, [...] que esta fase deste ciclo da existência revela.”
(HEINEN, 2014, p. 45).
61
Apesar da nítida fase evolucionária da Lei do RDC, é possível traçar diferenças nítidas entre
ela e a Lei Geral de Licitações nº 8.666/93. O comparativo dos conteúdos de suas cláusulas
evidencia os aspectos de cada uma, conforme paralelo apresentado no QUADRO 7.
Quadro 7 - Abrangência da aplicação das Leis nº 12.462/2011 e nº 8.666/93
Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 Lei Geral de Licitações nº
8.666/93
Art. 1º É instituído o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e
contratos necessários à realização:
I - Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
II - Copa das Confederações da - FIFA 2013 e da Copa do Mundo
FIFA 2014;
III - Obras de infraestrutura e de serviços para os aeroportos das
capitais dos Estados distantes até 350 km das sedes dos eventos
referidos nos incisos I e II.
IV - Ações integrantes do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC);
V - Obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único
de Saúde - SUS;
VI - Das obras e serviços de engenharia para construção,
ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de
atendimento socioeducativo;
VII – Obras estaduais e serviços de engenharia relacionados a
melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infraestrutura
logística;
VIII – Obras estaduais e serviços de engenharia relacionados a
projetos financiados por Bancos Oficiais.
Nova redação do Projeto de conversão: Art. 1º Fica instituído o
Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC aplicável a
licitações e contratos administrativos no âmbito da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá contemplar
ainda os serviços de manutenção e/ou operação do objeto
executado por prazo não superior a 5 (cinco) anos, contado da
data da entrega da obra (isto revoga os incisos anteriores).
Art. 1º Esta Lei estabelece
normas gerais sobre licitações e
contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços,
inclusive de publicidade,
compras, alienações e locações
no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se
ao regime desta Lei, além dos
órgãos da administração direta,
os fundos especiais, as
autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista
e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal
e Municípios.
Art. 1º, § 2º A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa
do instrumento convocatório e resultará no afastamento das
normas contidas na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, exceto
nos casos expressamente previstos nesta Lei.
Sem correspondente.
Art. 4º, inciso III - Busca da maior vantagem para a
administração pública, considerando custos e benefícios, diretos e
indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental, inclusive
os relativos à manutenção, ao desfazimento de bens e resíduos, ao
índice de depreciação econômica e a outros fatores de igual
relevância.
Sem correspondente.
(Continua)
62
Quadro 7 - Abrangência da aplicação das Leis nº 12.462/2011 e nº 8.666/93
Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 Lei Geral de Licitações nº
8.666/93
Art. 6º Observado o disposto no § 3º, o orçamento previamente
estimado para a contratação será tornado público apenas e
imediatamente após o encerramento da licitação, sem prejuízo da
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais
informações necessárias para a elaboração das propostas.
Sem correspondente.
Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia
são admitidos os seguintes regimes:
I - empreitada por preço unitário;
II - empreitada por preço global;
III - contratação por tarefa;
IV - empreitada integral;
V - contratação integrada.
Art. 10º As obras e serviços
poderão ser executados nas
seguintes formas:
II - execução indireta, nos
seguintes regimes:
a) empreitada por preço global;
b) empreitada por preço unitário;
c) (Vetado).
d) tarefa;
e) empreitada integral.
Art. 8º, § 3º O custo global de obras e serviços de engenharia
deverá ser obtido a partir de custos unitários de insumos ou
serviços menores ou iguais à mediana de seus correspondentes ao
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção
Civil (Sinapi), no caso de construção civil em geral, ou na tabela
do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias (Sicro), no caso de
obras e serviços rodoviários.
Sem correspondente, porém esta
redação era incluída anualmente
nas Leis de Diretrizes
Orçamentárias (LDO).
Art. 9º Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no
âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação integrada,
desde que técnica e economicamente justificada e cujo objeto
envolva, pelo menos, uma das seguintes condições:
I – inovação tecnológica ou técnica;
II – possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou
III – possibilidade de execução com tecnologias de domínio
restrito no mercado.
1º A contratação integrada compreende a elaboração e o
desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de
obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de
testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e
suficientes para a entrega final do objeto.
Sem correspondente.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado das Leis nº 12.462/2011 e nº 8.666/1993.
A Lei nº 12.462/2011 é um conjunto de normas em evolução, ainda em processo de
consolidação (BICALHO, 2013). Em 2014, o Congresso Nacional propôs uma reformulação
dessa lei, buscando contemplar, de forma generalizada, o domínio de aplicação do RDC,
transformando-o em uma lei geral de licitações para todos os tipos de contrato, para todas as
(Continua) (Conclusão)
ua)
63
esferas administrativas da Federação (ALMEIDA, 2014). Essa atualização do RDC ocorrida
em 2014 ampliou a sua utilização, porém limitada aos casos previstos no Art. 1º, da Lei nº
12.462/2011, conforme descrito no QUADRO 7.
O referencial teórico referente aos tipos de inovações, ao sistema de contratação utilizado nas
obras de infraestrutura e ao Regime Diferenciado de Contratação possibilita a categorização
do Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto), do Tipo de Licitação (critério de
escolha do vencedor), do Regime de Execução (forma de pagamento), além da identificação
de eventuais inovações decorrentes do RDC.
A nova redação Lei nº 12.462/2011 ampliou a possibilidade de aplicação do RDC, incluindo
contratos para obras socioculturais e penitenciárias. Dessa forma, o RDC, de uma abrangência
inicial restrita vinculada à Copa do Mundo Futebol de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016,
com a nova redação poderá ser utilizado nas licitações e contratações públicas de forma mais
abrangente, nos moldes de um regime geral de licitações (QUINTELLA, 2014).
2.3 Gestão de cadeia de suprimento
Muitas organizações redefinem suas fronteiras com base em suas competências e na forma de
se relacionar com os agentes à montante e à jusante em suas cadeias de suprimento. A fixação
das fronteiras da empresa está relacionada às suas competências centrais e às decisões de
fazer internamente ou comprar de fornecedores. As fronteiras são estabelecidas ao definir as
atividades realizadas internamente que geram mais valor agregado ao cliente, com o objetivo
de conquistar uma vantagem competitiva sustentável (HAMEL; PRAHALAD, 1990; QUINN;
HILMER, 1994).
As empresas focais passaram a dar atenção à sua cadeia de suprimento, objetivando criar
parcerias com os seus fornecedores e compradores para melhor se adequar à realidade
concorrencial estabelecida nos mercados globalizados, com a intenção de aumentar a
competitividade, o que faz com que a concorrência, algumas vezes, aconteça entre cadeias de
suprimento (DI SERIO; SAMPAIO, 2001).
64
2.3.1 Definição de cadeia de suprimentos
Segundo Kaare e Koppel (2012, p. 258), a Cadeia de Suprimentos é “a rede de organizações
que estão envolvidas, através de ligações à montante e à jusante, em vários processos e
atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços”. A cadeia de suprimentos
para construção de rodovias é considerada uma fonte integradora na busca de soluções para as
restrições sobrevindas de sua natureza temporária e de sua complexidade técnica e executiva.
A gestão da cadeia de suprimento (Supply Chain Management - SCM) abrange todos os
participantes da cadeia e não apenas suas partes, níveis ou agentes, individualmente. Tem
como objetivo aumentar a transparência, o alinhamento e a configuração da cadeia de
suprimentos, independentemente das fronteiras funcionais ou corporativas, com uma visão
global do fluxo da produção (COOPER; ELLRAM, 1993).
A SCM na construção requer que o gestor tenha habilidade de adequar a cadeia de
suprimentos a cada ambiente particular de obra, visto que os projetos de construção têm
exigências altamente personalizadas e a cadeia de suprimento tem de se adaptar de acordo
com as prioridades do cliente (TIWARI; SHEPHERD; PANDEY, 2014).
Na área acadêmica, grande parte dos estudos e pesquisas de SCM é realizada na indústria de
transformação. A aplicação de gestão da cadeia de suprimentos na construção civil é
relativamente nova, com poucas pesquisas realizadas, principalmente em estudos de caso. Um
dos primeiros relatos documentados acerca da cadeia de suprimento da construção data de
1985, aplicada para melhorar o custo, controle e coordenação da construção (TIWARI,
SHEPHERD e PANDEY, 2014).
A maioria das definições de cadeia de suprimento destaca o componente econômico das
relações entre as organizações que a compõem. “Uma cadeia de suprimentos é um sistema
composto por múltiplas empresas conectadas através de ligações econômicas com o propósito
de produzir um bem ou serviço a um usuário final” (ISATTO, 2005, p. 40). Esse autor destaca
a necessidade de identificar o que não é cadeia de suprimento, prioritariamente em relação à
distinção entre as definições de cadeia de valor e cadeia de produção.
65
2.3.2 Definição de cadeia de valor
A cadeia de valor propõe descrever a empresa por meio de suas atividades. Para Barney
(1991), o conceito de cadeia de valor foi introduzido por Porter, em 1985, para auxiliar os
gestores a isolar potenciais recursos vantajosos das empresas. Para este autor, a cadeia de
valor é a representação interna da organização por meio de suas atividades, sobre a qual são
aplicados os esforços indicados na estratégia das 5 forças de Porter. É o momento em que a
teoria de Porter analisa interior da organização para a sua reordenação, orientada pela
estratégia das 5 forças, objetivando alcançar o posicionamento estratégico único que lhe
confira vantagem competitiva (BARNEY, 1991).
Para Porter (1985), a análise, a identificação e o foco nas principais atividades de criação de
valor de uma empresa poderiam criar vantagem competitiva em relação aos concorrentes. A
cadeia de valor é o grupo de atividades principais e secundárias que uma organização realiza
para criar valor para os seus clientes, incluindo as atividades de apoio, conforme representado
na FIG. 7.
Figura 7 - Cadeia de valor de Michel Porter
Apesar de se mostrar semelhante ao conceito de cadeia de suprimento, o conceito de cadeia de
valor, criado por Porter (1985), analisa o interior da organização, enquanto a cadeia de
Fonte: PORTER, 1985, p. 35.
66
suprimento abrange o exterior da organização em direção aos fornecedores e clientes
(ISATTO, 2005).
Cadeia de valor é o conjunto das atividades internas à empresa que convertem recursos em
produtos, em que o foco nas atividades permite perceber o modo como uma firma aplica seu
tempo e recursos para alcançar os objetivos empresariais. São os processos de que as
organizações dispõem para criar um produto que terá um determinado valor percebido pelo
cliente. A margem indicada na FIG. 7 é a diferença entre esse valor percebido para o produto
e os custos das atividades realizadas para a produção (SANTOS et al., 2010).
Segundo Hexsel et al. (2008), as estratégias de empresas orientadas pela visão baseada em
recursos buscam explorar as competências essenciais da cadeia de valor para alcançar
vantagem competitiva no mercado de atuação. As firmas com enfoque nas estratégias
genéricas de adaptação aos efeitos do ambiente externo procuram reestruturar a sua cadeia de
valor em virtude das exigências dos mercados. Esses autores afirmam que, nas duas visões
estratégicas, o objeto de atenção dos gestores é a cadeia de valor da organização.
2.3.3 Definição de sistema de valor
A teoria da reestruturação da cadeia de valor para encontrar uma posição no mercado foca na
analise individual da empresa e não da indústria como um todo. Entretanto Porter (1985)
propõe visualizar a empresa dentro da indústria através do Sistema de Cadeia de Valores, por
meio da representação conjunta da Cadeia de Valor da Empresa Focal e dos fornecedores e
compradores (FIG. 8).
Figura 8 - Sistema de Valor
Fonte: PORTER, 1985.
67
A Empresa Focal pode executar apenas algumas atividades da criação do produto, enquanto
as demais são realizadas por outras empresas de seu relacionamento, de maneira que as
atividades podem ocorrer em diferentes locais. As terceirizações podem transferir algumas
atividades que originalmente são realizadas pelas empresas focais para outras empresas,
reduzindo ainda mais as atividades executadas internamente (SANTOS et al., 2010).
Certamente, o agrupamento de todas as atividades principais e de apoio do sistema de valor
em uma única representação resultará na cadeia de valor da indústria analisada. Ao adaptar
uma cadeia de valor genérica para a indústria da construção civil, é possível indicar as
atividades operacionais (funções de operações) e as tendências à formação de consórcios com
empresas situadas à montante e à jusante das atividades de produção (CASAROTTO, 2002),
conforme observado na FIG. 9, adiante.
Nessa perspectiva, em que a cadeia de valor genérica é representada pelo agrupamento de
todas as atividades principais e de apoio de todas as empresas envolvidas no sistema de valor
para a criação de produtos, a cadeia de suprimento seria um subconjunto dessa cadeia de valor
estendida (sistema de valor), visto que a cadeia de suprimento analisa os fluxos de materiais,
de informações e financeiro das atividades principais, com pouca ou nenhuma atenção para as
atividades de apoio (SANTOS et al., 2010).
Fonte: CASAROTTO, 2002, p. 78.
Marketing: -Promoção -Marca -Feiras -Assist. Técnica
Funções Opera-
cionais
Infraestru tura
Logística Aquisição: -Compras; -Estocagem; -Transporte de matérias- primas; -Projetos.
Produção -Construção -Custos -Logística da obra -Subcon-
tratações
Comercialização/ Logística no exterior: -Vendas de serviços e produtos -Concorrências -Obras no
exterior
REPASSE CONSÓRCIO
P&D: -Atuação setorial -Desenvolvi-mento de produtos -Tecnologia de processo
Tecnologia de Gestão: RH, qualidade, planejamento, gestão financeira, etc.
M
A
R
G
E
M
Figura 9 - Cadeia de valor para a construção civil
68
2.3.4 Definição de cadeia produtiva
Merece destaque a diferenciação dos conceitos de cadeia de suprimento e cadeia produtiva. A
cadeia produtiva analisa a empresa de acordo com a etapa de transformação da qual faz parte.
A unidade focal ainda é a empresa, porém a análise da cadeia produtiva prioriza as relações
entre os setores econômicos das etapas de transformação, enquanto a cadeia de suprimento
prioriza as relações econômicas individuais entre empresas da cadeia (ISATTO, 2005).
De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas – IPEA (2000), a cadeia
produtiva é o conjunto articulado de atividades/operações econômicas, técnicas comerciais e
logísticas, das quais resultam um produto ou serviço final; ou, ainda, a sucessão das relações
fornecedor/cliente, estabelecidas em todas as operações de produção e comercialização
necessárias à transformação de insumos em produtos ou serviços usados pelo cliente final.
Neste estudo de caso, dentro das definições apresentadas no referencial teórico, destaca-se a
cadeia de suprimento das atividades de execução da obra de um dos contratos de
infraestrutura rodoviário da BR-381/MG, na Região de Belo Horizonte, em sua fase inicial.
2.4 Modelo de representação de atores e recursos para operacionalização e
reconfiguração de rede de construção civil
O modelo de representação de obras de construção civil busca reproduzir os componentes da
rede, mostrando os recursos e os atores que são necessários para operar os processos e as
atividades de construção do empreendimento. A criação de um modelo de representação tem
por objetivo apontar os processos e as atividades das etapas de uma obra e as relações entre os
seus vários componentes, o que propicia estabelecer orientações para a obtenção de sucesso
para as redes de cooperação em consórcio de construção de obra de grande porte (SALMAN
et al., 2007).
As redes de empresa constituídas para a implantação de obras de infraestrutura permanecem
pelo período de tempo que durar a sua construção. O ciclo de vida da rede é constituído pelas
etapas de criação, operação, reconfiguração e dissolução. “Entende-se que a rede opera como
uma empresa virtual, cujo ciclo de vida é delimitado, já que a obra de grande porte também
69
tem essa delimitação temporal, passando pelas fases de criação, operacionalização e
reconfiguração e dissolução.” (ARAÚJO, 2012, p. 23).
Para Araújo e Guerrini (2010, p. 6), “a operacionalização é a real fase de geração de valores.
O processo de negócio ‘Produzir’, no caso da construção civil, ‘Construir’, é verificado na
fase de operacionalização”.
O objetivo do modelo de representação é proporcionar uma rotina para os processos de
operacionalização e de reconfiguração das relações entre os atores e os recursos de uma
maneira eficaz para as etapas de execução de uma obra. Sistematiza-se o processo de
reconfiguração da rede de acordo com a necessidade de mudanças na forma de
operacionalização das atividades de construção (ARAÚJO, 2012).
As representações conceituais (FIG. 10, 11 e 12) mostram os fundamentos utilizados para a
construção do Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização da Rede, e, segundo a
autora acima citada,
Todas as seções do trabalho que apresentam resultados que auxiliam o alcance do
objetivo da pesquisa utilizam a metodologia de modelagem EKD (Enterprise
Knowledge Development) apresentada por Bubenko2 Jr. et al. (2001), tentando
elucidar as questões das fases da pesquisa. O EKD é uma coleção integrada de
métodos, técnicas e ferramentas para apoiar o processo de análise, planejamento,
projeto e mudanças de um negócio (ARAÚJO, 2012, p. 20).
A FIG. 10 apresenta a estrutura conceitual para desenvolvimento de modelo de referência
criado conforme a metodologia de modelagem EKD (Enterprise Knowledge Development) e
mostra o encadeamento lógico dos tópicos referenciados como fundamentação para o
desenvolvimento do modelo. Os aspectos apontados na FIG. 10 foram os que deram suporte
ao objetivo principal do modelo e delimitaram o escopo nas áreas de conhecimento abordadas
(ARAÚJO, 2012).
As redes de colaboração, no contexto da construção civil, são essenciais para a condução e
conclusão dos projetos. Para a elaboração do modelo, foram identificados e pesquisados os
2 BUBENKO JR., J. A.; BRASH, D.; STIRNA, J. EKD User guide. Department of Computer and Systems
Sciences. Stockholm: Royal Institute of Technology, 2001.
70
resultados de estudos de redes de construção realizados na Suíça, Alemanha e Inglaterra
(ARAÚJO, 2012).
Figura 10 - Estrutura conceitual para desenvolvimento de Modelo de Referência
A partir dos estudos realizados nos países citados, a autora elaborou a estrutura conceitual,
apresentada na FIG. 10, indicando o agrupamento dos componentes dos conceitos que
ajudaram a criar o modelo de recursos e atores.
Araújo (2012) criou um modelo de integração a partir do mapeamento dos atores e recursos
dentro da construção civil, tendo como objeto de estudo uma obra de ampliação da linha
subterrânea do metrô de São Paulo.
Na FIG. 11, a seguir, evidencia-se o modelo de conceitos para colaboração em redes de
construção de obras, que ajudou a fundamentar a criação do modelo de recursos e atores para
a fase de operacionalização nessas redes.
Fonte: ARAÚJO, 2012, p. 23.
71
Figura 11 - Agrupamento das entidades do Modelo de Conceitos para a
Operacionalização e Reconfiguração em Redes de Construção Civil
Fonte: ARAÚJO, 2012, p. 67.
72
O principal aspecto mostrado na FIG. 11 é o esboço da possibilidade de agrupamento de
processos relacionados a um mesmo conceito para a criação do modelo final. Araújo (2012)
demonstrou a integração dos componentes e descreveu as motivações ligadas aos
agrupamentos de processos.
Nas figuras apresentadas, é possível observar a evolução do mapeamento prévio do Modelo
de Representação de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede de
Construção Civil, criado pela autora acima citada, identificando uma importante e substancial
relação entre todos os processos integrantes.
Reconhece-se, no entanto, que cada canteiro de obra possui seu quadro de processos
peculiares, que, embora não diversifique dos processos fundamentais elucidados por Araújo e
Guerrini (2010) e Araújo (2012), estão sujeitos a aplicações particulares dentro do modelo
exposto pelos autores citados. A estrutura conceitual mostrada na FIG. 10 e o agrupamento de
conceitos exibidos na FIG. 11 deram origem ao Modelo de Conceitos para a Colaboração em
Redes na Construção Civil apresentado na FIG. 12.
Figura 12 - Modelo de Conceitos para a Colaboração em Redes na Construção Civil
Fonte: ARAÚJO, 2012, p. 68.
Princípios enxutos e novas tecnologias
Apoia Conceito 5- Gestão da Cadeia de
Suprimentos
Apoia Confiança e parcerias para a colaboração
Incentiva
Inovação e melhorias contínuas
Influencia
Metas baseadas em projetos
Direciona
Conceito 1- Medição de
Desempenho
Requisito dos clientes
Estratégia do negócio / Tomada de decisão
Competências essenciais
Conceito 4- Gestão de Recursos
Aloca
Identifica
Conceito 3- Gestão do
Conhecimento
Controla
Finanças e
ativos
Utiliza
Soluções e ferramentas individuais
Gestão de Processos
Conceito 6- Tecnologia de Informação e Comunicação
Utiliza
Conceito 2- Planejamento e Controle da
produção Plataforma de colaboração
Utilizam como referência
Facilita Utiliza
73
Representa-se na FIG. 13, o Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização e
Reconfiguração de Rede de Construção Civil, que constituiu um dos resultados da pesquisa
elaborada por Araújo (2014).
Figura 13 - Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede
de Construção Civil
Fonte: ARAÚJO, 2012, p. 91.
Nota: un. Org- Unidade Organizacional.
un.- Unidade.
OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
Papel 1 Determinar Requisitos
Un. Individual de 1 a n
CLIENTES
Un. Org. 1
CONSÓRCIO (Empresa Virtual)
Inovação e Melhoria Contínua
Estratégia
de Negócio
Recurso 1
Plataforma De
Colaboração
Motiva Constituição
Visa
Contribui Utiliza
Possui
Atende Norteiam
Apoia
Compõem e Colaboram
Compartilham Informações e
Recursos
Un. Org. 1.1
EMPRESA 1
PAPEL 2 Competências e capacidades
específicas
Un. Org. 1.2
EMPRESA 2
PAPEL 3 Competências e capacidades
específicas
Un. Org. 1.3
EMPRESA 3
PAPEL 4
Exerce governança
PAPEL 5
Competências e capacidades específicas
Recurso 2
Recurso específico
Un. Org. 1.4
EMPRESA 4
Un. Org. 1.5
EMPRESA 5
Un. Org. 1.6
EMPRESA 6
PAPEL 6
Competências e capacidades específicas
PAPEL 8 Competências e capacidades
específicas
PAPEL 7 Competências e
capacidades específicas
Recurso 3
Recurso específico
Requisito 1 Medição de
Desempenho
Requisito 3 Gestão de Cadeia de
Suprimentos
Requisito 2 Planejamento de Controle de Produção
Requisito 4 Gestão do
Conhecimento
Requisito 6 Tecnologia
da Informação
e Comunicaç
ão
Requisito 5 Gestão dos Recursos
74
A partir das FIG. 12 e 13, é possível observar que os atores e recursos para operacionalização
e reconfiguração da rede de construção civil devem ser considerados como um dos pontos
essenciais na organização e visualização do processo de construção da obra, bem como seus
valores principais. Os demais aspectos do processo de execução podem ser considerados
como secundários, sendo que cada obra tem o seu desenho (ARAÚJO; GUERRINI, 2010).
O modelo indica o surgimento de uma rede de empresas a partir de uma oportunidade de
negócio proposta por um cliente que inicia um processo para seleção de interessados na
execução de um determinado empreendimento. Os elementos que constituem o modelo de
representação são descritos por Araújo (2012, p. 92):
A configuração da rede é iniciada pelos Clientes, representados no modelo pela
Organização Individual de 1 a n, que possuem e determinam requisitos específicos
(Papel 1) e permitem a identificação de uma Oportunidade de Negócio. A
Oportunidade de Negócio motiva a constituição da rede colaborativa de empresas
nos moldes da Empresa Virtual (Unidade Organizacional 1), [...] Empresa Virtual é
composta de n Empresas (Unidades Organizacionais de 1.1 a 1.n) que colaboram
para o alcance de um objetivo comum. [...] Essas empresas compartilham
informações e recursos que estão contidos em uma Plataforma de Colaboração
(Recurso 1).
O modelo mostra também os requisitos de 1 a 6 – dentre eles, a Cadeia de Suprimentos – que
apoiam a plataforma de colaboração da rede. Aponta ainda as unidades organizacionais e os
respectivos recursos que compõem o consórcio e colaboram com ele e compartilham
informações e recursos para a plataforma de colaboração da rede (ARAÚJO, 2012).
Araújo (2012, p. 79) explica que a “maior parte dos conceitos identificados está relacionada à
Estrutura da Unidade Organizacional de Gerenciamento do Projeto, contando com iniciativas
aplicáveis ao escopo das atividades realizadas pelo próprio Consórcio”, em que são
considerados requisitos relacionados com as seguintes áreas de conhecimento:
- Medição de Desempenho;
- Planejamento e Controle de Produção;
- Gestão do Conhecimento;
- Gestão dos Recursos;
- Gestão da Cadeia de Suprimentos;
- Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação.
75
No QUADRO 8, a seguir, apresenta-se o resumo indicativo da Fundamentação Teórica
quanto aos assuntos relativos a esta dissertação, em que foram descritos os autores estudados
e os tópicos de contribuição de cada uma das teorias analisadas por estes autores.
Quadro 8 - Resumo da Fundamentação Teórica dos temas da dissertação
Temas Tópicos ou
Contribuições Fontes/Referências
Rede entre Empresas
Conceitos; Características; Análise Histórica
Jorde e Teece (1989), Britto (2000), Eiriz, (2001), Klotzle (2002), Tidd, Bessant e Pavitt (2005).
Rede na Construção
Civil
Vantagem Competitiva
Casarotto (2002), Araújo e Guerrini (2010), Araújo (2012), Araújo e Guerrini (2012).
LEI N.º 12.462
Processo e Sistema de Licitação
Cammarosano, Pozzo e Valim (2014), Oliveira e Freitas (2011), Bicalho (2013), Krawczyk (2014), Quintella (2014).
Inovação no Sistema de Licitação
Tipo de Licitação; Regime de Execução;
Método de Entrega
Gordon (1994), Dorsey (1997), Bai e Hezam (2003), Ibbs et al. (2003), Songer e Ibbs (2005), Rutten, Dorée e Halman (2009),
Wirahadikusumah e Abduh (2010), Pakkala (2012), Vellalos e Gordon (2012).
Inovação Conceito;
Tipos Schumpeter (1943), Tigre (2006), Davila, Epstein e Shelton (2006).
Cadeia de Suprimento
Diferenciação de Cadeia de
Suprimento, Cadeia de Valor e Cadeia
de Produção
Porter (1985), Barney (2001), Casarotto (2002), Santos et al. (2010).
Modelo de Representação de Recursos e Atores de Obras de
Infraestrutura
Araújo e Guerrini (2010), Araújo (2012), Araújo e Guerrini (2012).
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na sequência, será apresentada a metodologia utilizada na execução desta pesquisa, tendo
como embasamento autores especialistas em metodologia da pesquisa como Beuren (2006) e
Yin (2010) e, para análise e interpretação de dados, Miles e Huberman (1994). Também serão
observadas as indicações constantes na tese de Araújo (2012).
76
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Beuren (2006) menciona a importância de identificar três categorias para que o pesquisador
possa situar seu estudo em relação às teorias existentes. Quanto aos meios, foi utilizado o
estudo de caso. Quanto à abordagem do problema, a pesquisa foi quali-quantitativa. Quanto
aos fins, foi realizada uma pesquisa descritiva, conforme representado no QUADRO 9.
Quadro 9 - Categorias dos métodos de pesquisas
Pesquisa Classificação Modalidade
Tipo
Quanto aos fins (Objetivos) Descritiva
Quanto aos meios (Procedimentos) Estudo de Caso
Quanto à forma de abordagem Quali-Quantitativa
Fonte: Adaptado de Beuren, 2006.
3.1 Caracterização da pesquisa
3.1.1 A pesquisa quanto aos seus fins
Quanto aos fins, esta pesquisa caracterizou-se como descritiva, com o propósito de identificar
os tipos de redes de empresas formados no processo de licitação pelo RDC, o sistema de
licitação, a cadeia de suprimento e os atores e recursos para execução de uma obra contratada.
Para tanto, utilizaram-se a observação direta, os registros e a descrição dos fatos, sem
influenciá-la.
As pesquisas descritivas são aplicadas para descrever as características dos fenômenos,
objetos, comportamento de grupos e dos mais diversos aspectos demográficos, incluindo
também as relações entre variáveis intervenientes nos aspectos estudados. “A pesquisa
descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e
interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles” (BEUREN, 2006, p. 81).
3.1.2 Os meios utilizados na pesquisa - Procedimentos
Quanto aos meios, utilizou-se o estudo de caso, visto tratar-se de um estudo relacionado com
o processo de contratação de obra de infraestrutura rodoviária, cuja unidade de análise é o
77
processo de licitação do Edital de Licitação nº 165/2013 do DNIT (BRASIL, 2013). Foram
desenvolvidos estudos em um dos contratos decorrentes dessa licitação, para a execução das
obras de infraestrutura rodoviária na BR 381/MG, na Região de Belo Horizonte–MG. Nesse
contrato, foi realizado um estudo transversal, no início da implantação das obras, em que foi
mostrada a cadeia de suprimentos e representados os atores e recursos para a
operacionalização da rede de construção.
Empregou-se o método de investigação de estudo de caso, por tratar-se de uma pesquisa
empírica que avalia ocorrências contemporâneas de forma aprofundada e que estão presentes
em um cenário da realidade observada. “Como método de pesquisa, o estudo de caso é usado
em muitas situações, para contribuir para o nosso conhecimento dos fenômenos individuais,
grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados” (YIN, 2010, p. 24).
O autor acima citado afirma, ainda, que o estudo de caso é um importante método de pesquisa
e, assim como outros métodos, é uma maneira de investigar um tópico empírico seguindo um
conjunto de procedimentos pré-estabelecidos. A articulação desses procedimentos
influenciará no resultado da pesquisa.
3.1.3 Abordagem da pesquisa
Esta dissertação enquadra-se na abordagem quali-quantitativa. O aspecto qualitativo da
pesquisa foi evidenciado ao propor descrever o tipo de rede formada entre empresas,
decorrentes da utilização do RDC no processo de contratação, delinear os fatores que
influenciaram na formação dos consórcios e na cadeia de suprimentos para a construção do
empreendimento. A abordagem qualitativa diz respeito a um fenômeno social complexo,
conforme descrito por Vergara e Calda (2005), pois trata de estudar a organização formada
por diferentes atores, em termos de suas razões explícitas e implícitas, visto que os
documentos formais do acordo de formação da rede podem não explicitar todos os fatores
envolvidos.
A abordagem quantitativa foi evidenciada com a utilização da escala Likert, em que foi
solicitado aos participantes da pesquisa que manifestassem sua concordância ou discordância
com as proposições formuladas no questionário aplicado, dentro de uma escala definida. O
instrumento de medida proposto por Likert objetiva examinar o nível de concordância dos
78
pesquisados em relação a uma série de proposições (SANCHES; MEIRELES; DE SORDI,
2011).
3.2 Unidade de análise, variáveis de estudo, unidade de coleta dados e técnicas de coleta
dados do estudo de caso
A proposta de pesquisa viabilizou-se pela condução do estudo de caso, no qual a unidade de
análise foi o processo de licitação decorrente do Edital do DNIT nº 165/2013. As unidades de
coleta de dados foram os gestores das empresas e órgãos envolvidos no processo de licitação,
os documentos oficiais do processo e o local de obras de um dos contratos firmados, por meio
de pesquisas realizadas no local de implantação da infraestrutura rodoviária da BR-381/MG,
na Região de Belo Horizonte/MG. A unidade de análise foi escolhida de maneira intencional e
por conveniência do pesquisador, o que, segundo Malhotra et al. (2005), caracteriza uma
amostra não probabilista por critério de acesso e conveniência.
3.2.1 Definição das variáveis de estudo
De acordo com Yin (2010, p. 165), “Se o estudo de caso for descritivo, a combinação de
padrão ainda é relevante, desde que o padrão previsto de variáveis específicas seja definido
antes da coleta de dados.”. Dessa forma, atendendo às elucidações de Yin (2010), as variáveis
deste estudo foram condicionadas às categorias previamente discutidas no Referencial
Teórico, apresentadas no QUADRO 10. São elas:
Categoria 1 - Tipos de redes entre empresas: Investigação: Quais as formas de redes entre
empresas e por que elas foram formadas? Variável 1 (V1) - Tipos de Redes de Empresas,
Competências Complementares, Terceirizações, Vantagens Competitivas.
Categoria 2 - Inovação no sistema de licitação: Investigação: Quais os processos inovativos
no sistema de licitação e como esse processo foi identificado no estudo de caso? Variável 2
(V2) - Tipo de Licitação, Regime de Execução, Método de Entrega de Projeto.
Categoria 3 - Cadeia de suprimentos: Investigação: A cadeia de suprimentos identificada
foi influenciada pelo RDC? Como foi influenciada? Variável 3 (V3) - Fluxo de Bens e
Serviços da Cadeia de Suprimento, Partes Integrantes da Cadeia de Suprimentos.
79
Categoria 4 - Modelo de Representação de Atores e Recursos para Operacionalização e
Reconfiguração de Rede na Construção Civil: Investigação: Representação da
configuração da obra no Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização. Variável 4
(V4) - Atores e Recursos, Operacionalização da Rede de Construção.
Conforme apresentado no Quadro 10, criaram-se quatro categorias de análise em consonância
com os objetivos propostos para esta pesquisa, com a finalidade de facilitar a identificação das
relações entre as variáveis pesquisadas e os objetivos específicos indicados.
Quadro 10 - Definição das variáveis de estudo
Base Teórica Categorias de Análise Variáveis
Subcapítulos: 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4
Formação de Rede de
Empresa
Tipos de redes de empresas; competências
complementares; terceirizações; vantagens
competitivas.
Subcapítulos: 2.2.1 2.2.2 2.2.3
Sistema de Contratação Tipo de licitação; regime de execução; método de
entrega.
Subcapítulos: 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4
Cadeia de Suprimento Fluxo de bens e serviços; representação da cadeia de
suprimentos.
Subcapítulo: 2.4
Modelo de Recursos e
Atores de Rede de
Construção Civil
Configuração da representação dos atores e recursos
para operacionalização na construção civil.
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.2.2 Técnica de coleta dos dados e unidade de coleta de dados
No desenvolvimento da pesquisa, as unidades de coleta de dados foi a documentação do
processo administrativo 50600.011160/2013-16 do Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (DNIT), incluído o Edital de Licitação Nº 165/2013 do DNIT e o Termo de
Constituição de Consórcio, além dos gestores dos contratos e a unidade de produção de um
dos contratos.
O QUADRO 11 apresenta o modelo analítico da pesquisa que auxiliou no procedimento de
análise e interpretação dos dados. Mostra a associação dos objetivos específicos da pesquisa
80
com as categorias de análises e suas respectivas variáveis, além das técnicas de coleta dos
dados, as unidades de coleta e as questões da pesquisa ligadas ao questionário. Podem
também ser identificados os referenciais teóricos relacionados com as suas respectivas
variáveis pesquisadas.
Quadro 11 - Modelo Analítico da Pesquisa
OBJETIVO GERAL
Descrever os tipos de redes empresariais formadas para atender às exigências estabelecidas pelo Regime Diferenciado de Contratação e o seu efeito na cadeia de suprimentos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS Base
Teórica Categorias de Análise
Variáveis Técnica de Coleta dos
Dados
Unidade de Coleta de Dados
Questões do Roteiro
– Identificar o tipo de rede formada entre as empresas especializadas na elaboração de projetos (design) e construção rodoviária, a fim de atender às exigências estabelecidas pelo Regime Diferenciado de Contratação.
Sub capítulos:
2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4
Formação de Rede de Empresa
Tipos de Redes de Empresas;
Competências Complementares;
Terceirizações; Vantagens
Competitivas.
Documen- tação
Edital de Licitação Nº 165/2013 do
DNIT Abertas: 1,2 e 6.
Fechadas:1,9,10,11, 13 e 21.
Documen- tação
Termo de constituição de
consórcio
Questio- nário
Gestor do contrato
– Identificar as inovações no processo de contratação pelo RDC quanto ao Tipo de Licitação (critério de seleção de empresas), ao Regime de Execução (forma de pagamento) e ao Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto).
Sub capítulos:
2.2.1 2.2.2 2.2.3
Sistema de Contratação
Tipo de Licitação; Regime de
Execução; Método de Entrega de
Projeto.
Documen- tação
Edital de Licitação Nº 165/2013 do
DNIT
Abertas: 4,5,7,8 e 9. Fechadas: 4,5,6,7,8, 12,14,15, 16,17,18,
19,20 e 22.
Questio- nário
Gestor do contrato
– Analisar em que aspectos o RDC afetou a cadeia de suprimentos para construção da obra rodoviária, na perspectiva dos envolvidos, e elaborar a sua representação esquemática.
Sub capítulos
2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4
Cadeia de Suprimento
Fluxo de Bens e Serviços;
Melhorias nas Partes Integrantes
da Cadeia.
Observa-- ção Direta
Unidades de Produção
Abertas: 3 e 10
Fechadas: 2 e 3.
Questio- nário
Gestor do contrato
– Apresentar a obra estudada segundo o Modelo de Representação de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede de Construção Civil, conforme proposto por Araújo (2012).
Sub capítulos:
2.4
Modelo de Recursos e Atores de Rede de
Construção Civil.
Atores e Recursos, Operacionalização
na Construção Civil.
Observa- ção Direta
Unidades de Produção
-
Produto Técnico: criar uma ferramenta em mídia eletrônica que possa gerar um documento com o resumo da análise de editais de licitações.
- - - - - -
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.3 Instrumentos de coleta de dados e condução da pesquisa
O instrumento de coleta de dados foi o constante no Apêndice A, referente ao questionário
com questões abertas e ao questionário com questões fechadas. Os questionários foram
elaborados com questões relacionadas às categorias de análise indicadas no QUADRO 11,
81
diretamente ligadas aos objetivos específicos desta pesquisa e utilizados como orientador na
obtenção dos dados desta dissertação.
Yin (2010, p. 95) afirma que “a coleta de dados no estudo de caso obedece a um protocolo
formal, mas a informação específica, que pode se tornar relevante ao estudo de caso, não é
facilmente previsível”. A cada evidência coletada, o pesquisador deve se perguntar por que os
eventos, os fatos ou os fenômenos são conforme se apresentam, em uma contínua
reformulação das questões, em que “uma tática essencial é a de usar múltiplas fontes de
evidências, de forma que os dados convirjam de modo triangular” (YIN, 2010, p. 22).
Outro aspecto mencionado por Beuren (2006) é a importância que se deve dar à modalidade
utilizada na obtenção dos dados da pesquisa. O QUADRO 12 apresenta os métodos de
obtenção de dados utilizados nesta pesquisa.
Quadro 12 - Método de obtenção de dados da pesquisa
Pesquisa Classificação Modalidade
Técnica Quanto aos meios de
obtenção de dados
Coleta Documental
Questionário
Entrevista
Observação Direta
Fonte: Adaptado de BEUREN, 2006.
Os respondentes do questionário tiveram seus nomes e os das organizações em que atuam
resguardados. Os questionários foram enviados aos profissionais das empresas que
participaram do processo de licitação e aos profissionais de empresas e escritórios que
estiveram envolvidos em assuntos do Edital do DNIT nº 165/2013.
Todos os profissionais foram contatados por telefone, e-mail ou pessoalmente. Apesar da
restrição quanto à divulgação dos nomes das empresas, dos consórcios e dos gestores, ocorreu
uma total adesão ao trabalho de pesquisa. Vale destacar o interesse que os respondentes
demonstraram durante todo o processo de coleta de dados.
A coleta de dados por questionário e entrevista foi realizada com os gestores das empresas
construtoras e projetistas das obras estudadas, gestores do DNIT, gestores de empresas que
82
participaram do processo de licitação, mesmo as que não ofertaram as propostas vencedoras, e
escritórios de advocacia que apoiaram as empresas durante o processo de licitação.
Os profissionais participantes da pesquisa foram os de expressiva representatividade em suas
áreas de conhecimento, com publicações e pesquisas em seus campos de atuação, de grande
reconhecimento no mercado. Eles têm pesquisas recentes apresentadas em congressos
internacionais e são autores de normas e especificações técnicas de obras rodoviárias.
Organizaram-se grupos de respondentes constituídos por gestores das empresas dos
consórcios orginalmente constituídos que participaram do processo de licitação, inclusive os
consórcios que foram dissolvidos por não terem sido declarados vencedores.
Os gestores das empresas dos consórcios desfeitos, mesmo que fisicamente distantes,
estabeleceram comunicação de maneira a constituírem um grupo de respondentes para o
questionário das questões abertas.
Complementarmente, realizou-se uma entrevista com um dos gestores do contrato da obra do
estudo de caso. Essa entrevista ocorreu na sede da empresa participante do consórcio.
A entrevista foi realizada conforme orientação do protocolo do estudo de caso, utilizando-se a
mesma estrutura das questões abertas do questionário aplicado. Ela foi digitalmente gravada
pelo próprio entrevistado, que providenciou a transcrição e, posteriormente, enviou-a em texto
digitado para o entrevistador. Algumas declarações consideradas relevantes foram anotadas
no momento da entrevista por pessoa autorizada pelo entrevistado. A entrevista gerou dez
páginas transcritas.
No intuito de alcançar a confiabilidade do protocolo de estudo de caso, adotaram-se os
procedimentos descritos a seguir.
O questionário foi aplicado a dois gestores qualificados, atuantes na área de gestão de
consórcio de obras de engenharia, o que resultou em contribuição para a melhoria na
formulação das perguntas do questionário, com o propósito de garantir o correto entendimento
do enunciado das questões.
83
Na fase de coleta de dados, aplicou-se um questionário semiestruturado com 10 questões
abertas a 11 grupos de respondentes. Os grupos foram constituídos por membros de empresas
de construção e de projeto que se consorciaram para a participação no processo de licitação e
por escritórios de advocacia que auxiliaram as empresas durante a licitação. Também se
constituiu um grupo dos gestores do órgão contratante (DNIT).
As respostas ao questionário das questões abertas trouxeram padrões de respostas dos
participantes que puderam ser destacadas. Esses padrões foram identificados e descritos no
capítulo da Análise e Interpretação dos Resultados desta pesquisa.
Apesar das respostas às questões abertas representarem a opinião da maioria de cada grupo,
optou-se por aplicar um questionário com 22 questões fechadas a cada um dos membros dos
11 grupos constituídos, com o objetivo de verificar o grau de concordância das respostas das
questões abertas.
Ao todo, aplicaram-se 50 questionários com as questões fechadas aos membros dos 11 grupos
de respondentes das questões abertas e, ao final, foram retornados 42 questionários com
questões fechadas devidamente respondidas.
As questões fechadas do questionário foram formuladas, propositalmente, de modo a se
relacionarem com os padrões inferidos na análise e interpretação das respostas às questões
abertas, com o objetivo de verificar o grau de concordância dos respondentes em relação às
inferências. No QUADRO 12, apresentou-se a relação das questões abertas e fechadas
relacionadas a cada um dos objetivos específicos.
As questões fechadas foram elaboradas utilizando a escala Likert de 7 pontos, com as opções
de Concordo Totalmente (CT), Concordo Bastante (CBa), Concordo Pouco (CP), Não
Concordo, Nem Discordo (NCND), Discordo Pouco (DP), Discordo Bastante (DBa),
Discordo Totalmente (DT). Disponibilizou-se também a opção Não Tenho Conhecimentos
(NTC) para os respondentes que se consideraram inaptos a opinar sobre a questão.
O resultado dos questionários das questões fechadas na escala Likert propiciou determinar a
Mediana Observada, os Discordantes da Proposição (Dpr), os Concordantes da Proposição
(Cpr) e o Grau de Concordantes da Proposição (GCp) das respostas às questões.
84
A mediana observada é a coluna dentro da escala intervalar do tipo Likert utilizada na
pesquisa, na qual se encontra o participante da pesquisa que representa 50% dos respondentes;
Dpr=Discordantes da proposição é a quantidade de respondentes que discordaram da
proposição dada pela equação DP+DB+DT+NDNC÷2; Cpr=Concordantes da proposição é a
quantidade de respondentes que concordaram com a proposição dada pela equação
CPR+CB+CT+NCND÷2 (SANCHES; MEIRELES; DE SORDI, 2011).
O grau de concordância da proposição (GCp) é o percentual dos concordantes da proposição
(Cpr) para as proposições com sentido direto. Para as proposições com sentido invertido, isto
é, construídas para que o valor mais desejado esteja na coluna de Discordo Totalmente (DT),
o grau de concordância é referente ao percentual de discordantes da proposição (Dpr)
(SANCHES; MEIRELES; DE SORDI, 2011).
Calculou-se o grau de concordância para cada uma das 22 questões fechadas. Como as
inferências foram consequências das questões abertas, e estas estão correlacionadas com um
determinado grupo de questões fechadas, a média do grau de concordância do grupo de
questões fechadas determina o grau de concordância da inferência.
Dessa forma, estabelecidas essas relações entre as questões abertas e fechadas, foi possível
evidenciar o grau de concordância médio das proposições fechadas relacionadas a uma
determinada inferência da questão aberta. Para a interpretação do Grau de Concordância
calculado, é apropriado que haja um referencial de julgamento bem definido do que é grau
forte ou fraco, conforme proposto por Davis (1976), que recomenda uma interpretação cujas
intensidades serão adotadas para a nossa análise.
Quadro 13 - Interpretação da intensidade do grau de concordância da proposição
Valor de GCp Intensidade
90 ou mais Uma concordância muito forte
80 a + 89,99 Uma concordância substancial
70 a + 79,99 Uma concordância moderada
60 a + 69,99 Uma concordância baixa
50 a + 59,99 Uma concordância desprezível
40 a + 49,99 Uma discordância desprezível
30 a + 39,99 Uma discordância baixa
20 a + 29,99 Uma discordância moderada
10 a + 19.99 Uma discordância substancial
9,99 ou menos Uma discordância muito forte
Fonte: Adaptado de DAVIS, 1976, p. 70.
85
Com fundamento na escala de intensidade do grau de concordância da proposição definido
por Davis (1976), apresentou-se o resultado da análise das categorias definidas no QUADRO
13.
A pesquisa documental e as observações diretas iniciaram-se em abril de 2014 e foram
encerradas em janeiro de 2015. A entrevista e a aplicação do questionário aos gestores
ocorreram entre os meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
Seguindo as etapas descritas na FIG. 15, todo o material transcrito da entrevista, as respostas
aos questionários, os registros de campo e os registros dos documentos consultados foram
agrupados em arquivos eletrônicos de anotações e registros. Posteriormente, aplicou-se o
modelo proposto por Miles e Huberman (1984) nesse material consolidado, no qual se
promoveu a redução da massa de dados, o que possibilitou a construção de sentido das
informações. Estas foram a base para a construção das análises, a discussão e a interpretação
que deram origens às inferências, conforme Bardin (2004).
Na coleta documental, obteve-se uma cópia do processo administrativo 50600.011160/2013-
16, do DNIT, que deu origem aos contratos estudados, no qual constam todos os consórcios
constituídos que apresentaram propostas na intenção de conquistar as obras. Esses
documentos foram estudados com o rigor das técnicas de pesquisa documental, no propósito
de capturar evidências, que foram confirmadas pelas observações diretas, pelos questionários
e pela entrevista.
Para a representação da cadeia de suprimentos e da configuração da rede de construção civil,
em termos de atores e recursos, no momento do início de sua operacionalização, os dados
foram obtidos por meio das observações diretas. Para a apresentação da cadeia de suprimento,
foi elaborado seu desenho esquemático. Os atores e recursos foram apresentados de acordo
com o modelo desenvolvido por Araújo (2012) para a representação de atores e recursos para
rede de construção.
As reconfigurações das redes e suas motivações não foram objeto desta pesquisa, visto que
este estudo busca identificar o retrato da rede de uma obra que se encontra no estágio inicial
de construção. Os registros das motivações e das ocorrências de reconfigurações pressupõem
o acompanhamento de todo o período de execução da obra (ARAÚJO; GUERRINI, 2010).
86
O modelo da FIG. 14, utilizado para apresentar o resultado desta pesquisa, foi construído a
partir do Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede de
Construção Civil idealizado por Araújo (2012), apresentado na FIG. 13. Os componentes do
modelo que foram abordados na pesquisa são os seguintes:
- Papel 1 - Determinar Requisito: corresponde ao Edital de Licitação, que contém as
regras para a constituição de consórcios de empresas interessadas na apresentação
de propostas, além dos critérios relacionados com o Tipo de Licitação, o Regime de
Execução e o Modelo de Entrega de Projeto. Corresponde ao item 2.2 do
Referencial Teórico desta dissertação.
- Oportunidade de Negócio: corresponde ao processo de licitação, que é a etapa de
tomada de decisão de formações de consórcios e apresentação de propostas nos
moldes ditados pelas regras editalícias. Corresponde ao item 2.2.2 do Referencial
Teórico.
- Unidade Organizacional 1: corresponde ao consórcio de empresas que apresentou a
proposta mais vantajosa para o cliente e se sagrou vencedor da licitação.
Corresponde ao item 2.1 do Referencial Teórico.
- Requisito 3 - Cadeia de Suprimentos: corresponde ao fluxo de bens e serviços ao
longo das atividades de produção da obra estudada. Corresponde ao item 2.4 do
Referencial Teórico.
- O modelo em si também é um componente, que guarda correspondência com o item
2.4 do Referencial Teórico.
Representou-se, na FIG. 14, o modelo de Araújo (2012), apenas com os componentes que são
objetos desta pesquisa. É o modelo adaptado para este caso, no qual foram indicados os
componentes estudados e apresentados alguns dos resultados obtidos na pesquisa, no que se
refere a descrever o tipo de rede formada entre empresas, identificar as eventuais inovações
no processo de contratação pelo RDC e descrever o que influenciou na gestão dos fluxos de
bens e serviços da cadeia de suprimentos para construção do empreendimento.
Na FIG. 14, indicou-se também o capítulo do Referencial Teórico que está relacionado aos
componentes do modelo original de Araújo (2012) e apontou-se o fluxo do eventual efeito do
RDC nos componentes estudados do modelo.
87
Figura 14 - Modelo de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede
de Construção Civil
A elaboração do produto técnico foi resultado da necessidade de organização sumarizada das
informações do conteúdo do Edital de Licitação nº 165/2013 do DNIT. Em qualquer processo
de licitação, para que uma empresa possa se habilitar a apresentar uma proposta, é necessário
que consiga atender a um conjunto de critérios previsto na lei.
Elaborou-se, juntamente com os gestores das empresas, um formulário com campos de
preenchimento para as principais exigências recorrentes nos editais. Previram-se campos para
informações relacionadas às principais providências a serem tomadas durante o processo
licitatório.
As sugestões dos gestores foram anotadas e inseridas no formulário. Elegeram-se para o
modelo final do formulário os campos que foram recorrentes em outros editais de licitação
consultados no endereço eletrônico do DNIT.
Apoia
UNIDADE INDIVIDUAL 1
CLIENTE: DNIT
(2.1) UNIDADE ORGANIZACIONAL 1.
CONSÓRCIO
(2.2) RDC (2.2.2) PROCESSO DE LICITAÇÃO
(2.3) GESTÃO DA CADEIA DE
SUPRIMENTO
PLATAFORMA DE COLABORAÇÃO
Motiva Constituição
Utiliza
UNIDADE ORGANIZACIONAL
1.1
UNIDADE ORGANIZACIONAL
1.2
UNIDADE ORGANIZACIONAL
1.3
UNIDADE ORGANIZACIONAL
1.n
Compartilham informação e
recursos Compõe e Colabora
Descrever tipo de redes e
participantes
Identificar efeito na cadeia de suprimento
Identificar efeito na cadeia de suprimento
Fonte: Adaptado de ARAÚJO, 2012 p. 91.
Identificar inovações no sistema de licitação pelo
RDC
Efeito Produzido Pelo RDC (2.4) Modelo Adaptado
88
Consultaram-se os editais de nº 102/2013; nº 144/2014 e nº 456/2014, todos relativos a obras
rodoviárias do DNIT e disponíveis para consulta pública no endereço eletrônico:
<http://www1.dnit.gov.br/editais/consulta/editais_sede.asp?modalidade=6>.
O formato final do formulário deu origem ao modelo padrão do Documento de Análise de
Edital, criado em arquivos eletrônicos para os aplicativos Word e Excel, da Microsoft. Os
arquivos foram compartilhados com as empresas participantes desta pesquisa.
3.4 Técnica de análise de resultado
Com base na metodologia de pesquisa descritiva, por meio de estudo de caso, foi possível
demonstrar o desenho do processo aplicado na condução deste estudo, relatado até aqui,
conforme FIG. 15, na qual é possível perceber a dimensão dos processos realizados para a
obtenção dos dados e desenvolvimento do estudo, demonstrando que os procedimentos
metodológicos em todas as etapas foram rigorosamente respeitados, faltando agora esclarecer
os procedimentos que foram adotados para atender ao item 9 da FIG. 15.
Figura 15 - Método de Investigação
Definição Projeção
• 1- Seleção do caso
• 2 -Projeção do protocolo de estudo de caso
Preparação ColetaAnálise
• 3- Condução do estudo de caso
• 4 -Coleta de materiais teóricos
• 5- Viabilização dos métodos de análise do estudo de caso
• 6- Redação dos relalatórios prévios das coletas efetuadas
Análise Conclusão
• 7- Analisar profundamente o caso
• 8- Comparar com a teoria
• 9- Reduzir dados, organizar dados e interpretar
Fonte: Adaptado de YIN, 2010, p. 82.
89
3.4.1 Redução de dados, apresentação e organização dos dados e interpretação e verificação
das conclusões
Para análise e interpretação dos dados desta pesquisa, selecionou-se a técnica do modelo
interativo de análise de dados de Miles e Huberman (1994). O modelo recomenda que as
análises qualitativas sejam constituídas por três fluxos simultâneos de atividades, conforme
apresentado na FIG. 16, na qual são indicadas as atividades de redução de dados, de
apresentação (organização dos dados) e de interpretação/verificação, originalmente descritas
como as atividades de “data reduction, data display and conclusion drawing verification”
(MILES; HUBERMAN, 1994, p. 12).
Figura 16 - Componentes da análise de dados - Modelo Interativo
Os documentos obtidos do processo administrativo 50600.011160/2013-16, do Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes, somaram mais de 10 mil páginas de dados que
foram analisados. A pesquisa dos documentos resultou na seleção das informações relevantes
para esta pesquisa. As páginas de interesse foram digitalizadas e armazenadas em arquivos
eletrônicos. As informações extraídas dos dados foram reduzidas em formulários que
apresentados nos resultados nesta dissertação.
As respostadas aos questionários e à entrevista também originaram dados de interesse da
pesquisa. Após as atividades de análise das respostas, os aspectos relevantes foram
selecionados, reduzidos e organizados em formulários apresentados nos resultados deste
trabalho.
Coleta de
dados Apresentação
(organização dos dados)
Redução de
dados Interpretação/Verificação (com
base em inferência a partir de
evidências ou premissas)
Fonte: MILES; HUBERMAN, 1994, p. 12.
90
As observações diretas deram origem às informações necessárias para a apresentação
esquemática da cadeia de suprimentos e da configuração dos atores e recursos para a
execução das obras do contrato estudado. Isso auxiliou no planejamento das outras atividades
de análises e na comparação entre diferentes conjuntos de dados. A exibição dos dados
permitiu o confronto das informações, a percepção de regularidades, padrões e relações
conexas e permitiu a aplicação dos dados na elaboração do relatório final dos resultados,
conforme recomendado por Miles e Huberman (1994).
Depois de realizadas as etapas de coleta, redução e organização, na análise de Miles e
Huberman (1994), foram realizadas as interpretações e a verificações das conclusões. Os
significados foram extraídos e foi apresentada uma síntese das principais inferências, que
foram descritas nas Considerações Finais da pesquisa.
3.4.2 Validade e confiabilidade do projeto de pesquisa
Alguns autores e pesquisadores, conforme afirma Yin (2010), consideram que os processos
que envolvem o estudo de caso são relativamente frágeis, porém nota-se que, nesse método de
pesquisa, existe a possibilidade de esclarecer aspectos peculiares do contexto estudado sobre
uma determinada questão ainda não abordada na literatura.
Para aumentar a confiabilidade e a validade deste estudo de caso, no desenvolvimento da
pesquisa foram estabelecidos procedimentos que buscaram melhorar a qualidade dos
resultados obtidos. Segundo Yin (2010, p. 106), “o protocolo é uma maneira importante de
aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e se destina a orientar o investigador
na realização da coleta de dados de um caso único”.
Para o desenvolvimento e para melhor conduzir esta pesquisa, foi construído um protocolo
compatibilizado com todos os passos indicados pelo autor, conforme apresentado a seguir:
- Propósito do estudo de caso: descrever os tipos de redes empresariais formadas
para atender as exigências estabelecidas pelo RDC integrado, o seu efeito na gestão
de cadeia de suprimentos e apresentar a obra estudada no Modelo de Representação
de Atores e Recursos para Operacionalização e Reconfiguração de Rede de
Construção Civil, em uma obra da BR-381/MG, na Região de Belo Horizonte.
91
- Fontes de evidências: para viabilizar as análises desta pesquisa, utilizaram-se as
seguintes fontes de evidências: a) questionário semiestruturado aplicado aos gestores
das organizações estudadas e uma entrevista com um dos gestores; b) pesquisa
documental do Edital de Licitação nº 165/2013 do DNIT e os contratos decorrentes
da licitação, constantes no processo administrativo 50600.011160/2013-16 do DNIT;
c) observações diretas feitas pelo pesquisador no desenvolvimento dos estudos de
campo para identificação da estrutura funcional da cadeia de suprimentos e da
configuração dos atores e recursos para a fase inicial da obra.
- Procedimento do estudo de caso: na primeira fase da pesquisa, fez-se um contato
pessoal e por telefone com diretores das organizações pesquisadas, com o objetivo de
mostrar o escopo geral da pesquisa e obter uma prévia autorização para a condução
dos estudos. Foram contatados os gestores do DNIT para a obtenção de cópia dos
documentos do processo administrativo dos contratos estudados.
92
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A expectativa desta dissertação é de que o leitor, a partir da lógica de encadeamento dos
conceitos apresentados neste texto, seja dirigido para o cerne da pesquisa, que aborda o
conceito de formação de redes entre empresas do setor de construção de infraestrutura
rodoviária e que estuda o conceito de inovação nas contratações de obras no Brasil por meio
do Regime Diferenciado de Contratação e sua influência na cadeia de suprimento de obras
rodoviárias. E, a partir daí, esse leitor seja capaz de interpretar o desenho da representação de
atores e recursos da obra do estudo de caso.
Os conceitos abordados nesta dissertação foram correlacionados tendo como interesse
principal o novo processo de contratação instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de
2011. Essa lei só foi efetivamente utilizada a partir de 2013, em processos licitatórios de
contratação de obras. Então, como se trata de uma lei relativamente nova, as suas
consequências na maneira como as empresas se organizam em redes de cooperação para
conquistar os contratos e os seus efeitos na cadeia de suprimento para implantação da obra são
temas pouco explorados.
A pesquisa inicial foi no sentido de obter informações sobre o histórico da rodovia BR-
381/MG e dos registos oficiais dos atos administrativo do processo de contratação das obras
do objeto de pesquisa.
As informações do histórico da rodovia foram obtidas a partir de levantamentos realizados
nos documentos de divulgação pública, do Movimento Nova 381, uma iniciativa do setor
empresarial de Minas Gerais, coordenado pela FIEMG, com o objetivo de promover o
desenvolvimento socioeconômico do estado de Minas Gerais.
Os relatórios pesquisados informam que a história da rodovia BR-381 tem início na época dos
Bandeirantes, no século XVII. O bandeirante Fernão Dias Paes Leme percorreu os estados de
São Paulo e Minas Gerais e foi o responsável pelo primeiro traçado que deu origem à rodovia
Fernão Dias, BR-381, entre as cidades de Belo Horizonte e São Paulo. O trecho de Belo
Horizonte até a cidade de João Monlevade começou a ser construído em 1952 e foi
inaugurado em 1960. Inicialmente, era conhecida como BR-31. Em 1971, chegou até à cidade
de Governador Valadares.
93
A BR-381 é uma rodovia importante para a economia do país, integrando os estados
brasileiros do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. A rodovia inicia-se na cidade de São
Mateus, no Espírito Santo, no entroncamento com a BR-101, chegando até a cidade de São
Paulo, no entroncamento com a BR-116 (Rodovia Presidente Dutra). No trajeto atual, ela
possui ao todo 1181 quilômetros, dos quais 95 são no Estado de em São Paulo, 950 em Minas
Gerais e 136 no Espírito Santo.
No trecho entre Belo Horizonte e a divisa dos estados de Minas Gerais com Espírito Santo, a
rodovia permanece administrada pelo Governo Federal e é conhecida como BR-381 Norte.
Possui um traçado sinuoso em pistas predominantemente simples, com intenso volume de
tráfego, o que a torna uma das rodovias mais perigosas do país. No trecho entre Belo
Horizonte e São Paulo, a BR-381 foi duplicada entre 1995 e 2005 e está em contrato de
concessão com particulares. No trecho do estado do Espirito Santo, a Rodovia é administrada
pelo Governo Estadual.
No ano de 2008, o governo federal incluiu a obra de duplicação da BR-381 Norte no
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no momento em que surgiu o debate sobre
diferentes modelos de contratação das obras, apresentados pelo DNIT.
O projeto do DNIT propôs a duplicação da rodovia, com a retirada da maior parte das curvas
e a construção de uma pista paralela de aproximadamente 46 quilômetros no trecho entre São
Gonçalo do Rio Abaixo e Nova Era, conhecida como Variante Santa Bárbara. O projeto do
DNIT foi apresentado à Casa Civil, em 2009, que assegurou recursos do PAC para a obra. No
final de 2009, o Governo Federal autorizou a contratação de estudos conforme diretrizes do
DNIT. Em 2010, houve a inclusão da obra no PAC-2. No final do mesmo ano, foi anunciada a
previsão de início dos trabalhos para 2013.
Em 31 de outubro de 2012, o DNIT lançou o primeiro conjunto de editais para a realização
das obras, que foi suspenso após os questionamentos técnicos realizados por empresas
participantes do edital. Em 28 de março de 2013, o DNIT lançou um novo edital com modelo
de licitação pelo Regime Diferenciado de Contratações – RDC, na modalidade Contratação
Integrada.
94
Em 21 de março de 2013, criou-se o Movimento Nova 381, sob a coordenação da FIEMG,
com a finalidade de apoiar e monitorar as obras da duplicação da BR-381 Norte, até sua
conclusão, e promover o desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais com as
oportunidades geradas.
Para apresentar o resumo das informações dos contratos e dos respectivos históricos do
processo de contratação, foi elaborado o QUADRO 14, que mostra os valores dos contratos
firmados para a execução das obras, o trecho da rodovia a que se refere cada obra e a
indicação de que todos são regidos pelo RDC.
Quadro 14 - Resumo das informações dos contratos da BR 381/MG Norte
Edital Lote da
Obra Descrição
Valor do Contrato
(R$)
Prazo de Realização
da Obra
Modalidade de Contratação
Situação
165/2013 1
SP; Subtrecho: Entrº. BR-
116/MG - Entrº. Acesso a Belo
Oriente; Segmento: Km
155,4 – Km 228,2; Extensão:
72,8km;
210.855.658,73
810 dias (12/05/2014
a 30/07/2016)
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com sessão de abertura realizada em 13/06/2013 às 09h00min e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. Decisão do recurso em 05/09/2013, publicada em 09/09/2013. DOU de 10/09/2013 homologou como vencedor o Consórcio Isolux-Corsán/Engevix com melhor pontuação final e proposta no valor de. R$ 210.855.658,73. Ordem de Serviço assinada em 12/05/2014.
165/2013 2
Entrº.Acesso a Belo Oriente – Entrº MG- 320 (p/Jaguaraçu); Segmento: Km
228,2– Km 288,4;Extensão:
60,2km;.
237.000.000,00
810 Dias (12/05/2014
a 30/07/2016)
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com sessão de abertura realizada em 13/06/2013 às11h00min e sessão de resultados em 14/08/2013 às09h30min. Decisão do recurso em 05/09/2013, publicada em 09/09/2013. DOU de 10/09/2013 homologou como vencedor o Consórcio Isolux-Corsán/Engevix com melhor pontuação final e proposta no valor de R$237.000.000,00. Ordem de Serviço assinada em 12/05/2014.
165/2013 3.1
Subtrecho: Entrº.MG-
320(p/Jaguaraçu) – Ribeirão Prainha;
Segmento: Km 288,4– Km
317,0;Extensão: 28,6km
298.300.000,00
1170 Dias (12/05/2014
a 25/07/2017)
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com sessão de abertura realizada em 13/06/2013 às14h00min e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. DOU de 16/08/2013 homologou como vencedor o Consórcio Isolux-Corsán/Engevix com melhor pontuação final e proposta no valor de R$ 298.300.000,00. Ordem de Serviço assinada em 12/05/2014.
(Continua)
95
Quadro 14 - Resumo das informações dos contratos da BR 381/MG Norte
Edital Lote da
Obra Descrição
Valor do Contrato
(R$)
Prazo de Realização
da Obra
Modalidade de Contratação
Situação
165/2013 3.2
Subtrecho: Entrº.MG-
320(p/Jaguaraçu) – Ribeirão Prainha;
Segmento: Túneis Rio
Piracicaba (Pista da direita e da
esquerda); Extensão: 825m.
56.950.000,00
1170 Dias (26/03/2014
a 08/06/2017)
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com sessão de abertura realizada em 13/06/2013 às 15h30min, 1ª sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min e 2ª. Sessão de resultados em 27/08/2013 às 09h30min. DOU de 28/08/2013 homologou como vencedor o Consórcio J.Dantas/SOTEPA com melhor pontuação final e proposta no valor de R$ 56.950.000,00. Ordem de Serviço assinada em 26/03/2014.
165/2013 3.3
Subtrecho: Entrº.MG -
320(p/Jaguaraçu) –Ribeirão Prainha;
Segmento: Túneis Antônio Dias e Prainha;
Extensão: 1.280m
76.600.000,00 1170 Dias
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com sessão de abertura realizada em 13/06/2013 às 15h30min e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. DOU de 16/08/2013 homologou como vencedor o Consórcio Cons.Toniolo Busnello/GP Consultoria com melhor pontuação final e proposta no valor de R$ 76.600.000,00. Ordem de Serviço ainda não foi dada.
165/2013 e
102/2014 4
Subtrecho: Ribeirão Prainha – Entrº. Acesso
Sul de Nova Era; Segmento: Km
317,0 – Km 335,8; Extensão:
18,8km.
129.000.000,00 810 Dias
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com abertura em 14/06/2013 às 14h00min conforme errata n°4 publicada no DOU em 30/04/2013 e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. Sessão declarada fracassada por ter ficado acima do orçamento. Edital 0102/14-00 publicado no DOU em 26/02/2014 com abertura em 15/04/2014 às 10h00min, adiada para 08/05/2014 às 10h00min, conforme DOU de 14/04/2014. RDC Eletrônico conduzido no dia 08/05/2014 homologou como menor preço o valor ofertado pela Isolux Projetos e Instalações Ltda. no valor de R$ 129.000.000,00, conforme DOU de 16/06/2014. Ordem de Serviço ainda não foi dada.
(Continua) (Continuação)
96
Quadro 14 - Resumo das informações dos contratos da BR 381/MG Norte
Edital Lote da
Obra Descrição
Valor do Contrato
(R$)
Prazo de Realização
da Obra
Modalidade de Contratação
Situação
165/2013 e
102/2014 5
Subtrecho: Entrº. Acesso Sul de
Nova Era – João Monlevade;
Segmento: Km 335,8 - Km 356,5
Extensão: 20,7km.
Não informado 810 Dias
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com abertura em 14/06/2013 às 17h00min conforme errata n°4 publicada no DOU em 30/04/2013 e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. Sessão declarada fracassada por ter ficado acima do orçamento. Edital 0102/14-00 publicado no DOU em 26/02/2014 com abertura em 15/04/2014 às 10h00min, adiada para 08/05/2014 às 10h00min, conforme DOU de 14/04/2014. RDC Eletrônico conduzido no dia 08/05/2014 homologou como menor preço o valor ofertado pela Isolux Projetos e Instalações Ltda. no valor de R$ 130.000.000,00, conforme DOU de 16/06/2014. Ordem de Serviço ainda não foi dada.
165/2013 6
Subtrecho: João Monlevade – Rio Una; Segmento: Km 356,5 – Km
389,5; Extensão: 33,0km.
380.809.000,00
1170 Dias (12/05/2014
a 25/07/2017)
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com abertura em 17/06/2013 às 09h00min conforme errata n°4 publicada no DOU em 30/04/2013 e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. Melhor pontuação final: Consórcio Isolux/Corsan/Engevix. DOU de 24/09/2013 homologou como vencedor o Consórcio Isolux-Corsán/Engevix com melhor pontuação final e proposta no valor de R$ 380.809.000,00. Ordem de Serviço assinada em 12/05/2014.
165/2013 7
Subtrecho: Rio Una – Entrº. MG-
435 (Caeté); Segmento: Km
389,5 – Km 427,0; Extensão:
37,5km.
530.000.000,00
1170 Dias (12/05/2014
a 25/07/2017)
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com abertura em 17/06/2013 às 11h00min conforme errata n°4 publicada no DOU em 30/04/2013 e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. DOU de 16/08/2013 homologou como vencedor o Consórcio Brasil/Mota/Engesur com melhor pontuação final e proposta no valor de R$ 530.000.000,00. Ordem de Serviço assinada em 12/05/2014.
(Continua) (Continuação)
97
Quadro 14 - Resumo das informações dos contratos da BR 381/MG Norte
Edital Lote da
Obra Descrição
Valor do Contrato
(R$)
Prazo de Realização
da Obra
Modalidade de Contratação
Situação
165/2013 e
102/2014 8A
Subtrecho: Entrº. MG-435 (Caeté) -
Entr. MG-020; Segmento: Km 427 – Km 445; Extensão: 18,0
km.
Não informado 1170 Dias
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com abertura em 17/06/2013 às 14h00min conforme errata n°4 publicada no DOU em 30/04/2013 e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. Sessão de negociação realizada em 22/08/2013. Sessão declarada fracassada por ter ficado acima do orçamento. Edital 0102/14-00 publicado no DOU em 26/02/2014 com abertura em 15/04/2014 às 10h00min, adiada para 08/05/2014 às 10h00min, conforme DOU de 14/04/2014. RDC Eletrônico conduzido no dia 08/05/2014 Construtora Brasil SA no valor de R$ 210.000.000,00. DNIT alegou estar acima do valor alvo e abriu negociação com a empresa até 15/05/2014 às 10h00min. Sessão declarada fracassada por ter ficado acima do orçamento.
165/2013 e
144/2014 8B
Subtrecho: Entr. MG-435 (Caeté) -
Entrº MG-020 (Av. Cristiano Machado/Belo
Horizonte); Segmento: Km
445 – Km 458,4; Extensão: 13,4km.
Não informado 1170 Dias
RDC, Contratação Integrada,
Empreitada Por Preço Global.
Edital nº 165/2013 publicado no DOU em 28/03/2013, com abertura em 17/06/2013 às 17:00h conforme errata n°4 publicada no DOU em 30/04/2013 e sessão de resultados em 14/08/2013 às 09h30min. Sessão de negociação realizada em 22/08/2013. Sessão declarada fracassada por ter ficado acima do orçamento. Edital 0144/14-00 publicado no DOU em 24/03/2014 com abertura em 15/04/2014 às 15h00min, adiada para 08/05/2014 às 11h00min, conforme DOU de 14/04/2014. RDC Eletrônico conduzido no dia 08/05/2014 teve como menor preço o valor ofertado pela Empresa Construtora Brasil SA o valor de R$ 330.000.000,00. DNIT alegou estar acima do valor-alvo. Sessão declarada fracassada por ter ficado acima do orçamento.
Fonte: Adaptado do relatório Movimento Nova 381, FIEMG, 2014.
A FIG. 17 mostra o mapa de localização dos trechos de cada contrato de obra, indicando os
que estão com os contratos formalizados (Lotes 01, 02, 3.1, 3.2, 3.3, 04, 05, 06, 07), os que
estão com processo de licitação em andamento (09 e 10 – Variante Santa Barbara) e os
trechos que estão aguardando a publicação do Edital de Licitação (08A e 08B – próximos ao
Anel Rodoviário de Belo Horizonte).
(Continua) (Conclusão)
98
Fonte: Adaptado de FIEMG, 2014.
Figura 17 - Mapa de localização dos trechos de cada contrato de
obra
99
4.1 Categoria de Análise 1: Tipos de Redes entre Empresas
Conforme indicado no QUADRO 12, apresentado no capítulo dos Procedimentos
Metodológicos, os dados para a identificação dos tipos de redes foram obtidos por meio da
análise da documentação do processo de licitação conduzido pelo Edital nº 165/2013 do
DNIT, no qual constam os consórcios de empresas formalmente constituídos para
participarem do processo de contratação.
O Quadro 15, a seguir, mostra os consórcios de empresas formados para a participação no
processo de seleção de propostas mais vantajosas, indicando a área de atuação de cada
empresa, se em projetos (designs) ou construção.
As informações contidas no QUADRO 15 foram obtidas a partir da análise dos documentos
públicos do processo administrativo nº 50600.011160/2013-16, do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes, do procedimento licitatório do Edital nº 165/2013 – DNIT.
Quadro 15- Empresas e consórcios participantes da licitação, Edital nº 165/2013-DNIT
Consórcios Empresas Tipo de Consórcio
Nome do Consórcio Empresas Área de
Atuação CNPJ
1 Empresa isolada
Construcap CCPS Engenharia e Comércio S.A.
Construcap CCPS Engenharia e Comercio S.A.- FOCAL
Construção 61.584.223/
0018-86
1
2
Vertical Consórcio Grupo Isolux-Corsán / Engevix
Isolux Projetos e Instalações Ltda/Corsán – FOCAL
Construção 07.356.815/
0001-57
3 Engevix - Engenharia S.A. Projeto 00.103.582/
0001-31
2
4
Vertical Consórcio J Dantas/ Sotepa
J. Dantas Engenharia e Construções Ltda - FOCAL
Construção 17.168.907/
0001-67
5 Sotepa - Sociedade Tec. de Est. Projeto e Assessoria Ltda.
Projeto 82.515.834/
0001-02
3
6
Vertical Consórcio Toniolo, Busnelo/ GP Consultoria.
Toniolo Busnello S/A Tuneis Terraplen e Paviment - FOCAL
Construção 89.723.977/
0001-40
7 GP Consultoria em Projetos de Engenharia Civil Ltda.
Projeto 07.086.008/
0001-61
(Continua)
100
Quadro 15- Empresas e consórcios participantes da licitação, Edital nº 165/2013-DNIT
Consórcios Empresas Tipo de Consórcio
Nome do Consórcio Empresas Área de
Atuação CNPJ
4 8
Vertical
Consórcio CGL/ Spazio Urbanismo Engenharia
Spazio Construtora e Estudos Técnicos Ltda. – FOCAL
Construção 10.280.409/
0001-62
9 Construtora Gomes Lourenço Ltda. Projeto 61.069.050/
0001-10
5
10
Vertical Consórcio Emsa/ Astep
Emsa - Empresa Sul Americana de Montagens S.A. – FOCAL
Construção 17.393.547/
0002-88
11 Astep - Engenharia Ltda. Projeto 10.778.470/
0001-34
6
12
Horizontal e Vertical
Consórcio Brasil/ Mota/ Engesur
Empresa Construtora Brasil S.A. – FOCAL
Construção 17.164.435/
0001-74
13 Mota Engil, Engenharia e Construção S.A.
Cnstrução/ Projeto
15.321.765/0001-09
14 Engesur Consultoria e Estudos Técnicos Ltda.
Projeto 33.104.175/
0001-06
7
15
Horizontal e Vertical
Consórcio CBM/ Carioca/ Direção
Construtora Barbosa Melo S.A. – FOCAL
Construção 17.185.786/
0001-61
16 Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S.A.
Construção 40.450.769/
0001-26
17 Direção Consultoria e Engenharia Ltda.
Projeto 32.963.001/
0001-28
8
18
Horizontal e Vertical
Consórcio Cowan/ ARG/ Strata
Construtora Cowan S.A. – FOCAL Construção 68.528.017/
0001-50
19 A.R.G. Ltda. Construção 20.520.862I
0001-52
20 Strata Engenharia Ltda. Projeto 38.743.357/
0001-32
9
21
Horizontal e Vertical
Consorcio Pavotec/ MAC/ Vilasa/ Euler
Pavotec - Pavimentação e Terraplenagem Ltda. – FOCAL
Construção 27.394.840/
0001-32
22 MAC - Engenharia Ltda. Construção 10.537.537/
0001-49
23 Vilasa - Construtora Ltda. Construção 17.551.250/
0001-12
24 Euler - Engenharia e Consultoria Ltda.
Projeto 30.069.462/
0001-26
(Continua) (Continuação)
101
Quadro 15- Empresas e consórcios participantes da licitação, Edital nº 165/2013-DNIT
Consórcios Empresas Tipo de Consórcio
Nome do Consórcio Empresas Área de
Atuação CNPJ
10
25
Horizontal e Vertical
Consórcio Cetenco/ Ferreira Guedes/ Encalso/ Iguatemi
Cetenco-Engenharia S/A FOCAL Construção 61.550.497/
0001-06
26 Construtora Ferreira Guedes S.A. Construção 61.0998.260
/001-44
27 Encalso - Construções Ltda. Construção 55.333.769/
0010-04
28 Iguatemi - Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda.
Projeto 83.256.172/
0001-58
11
29
Horizontal e Vertical
Consórcio HAP/ Parsons (CT MAIN)/ Convap/ Planex
HAP - Engenharia Ltda – FOCAL Construção 38.664.140/
0001-37
30 Convap -Engenharia e Construção S.A.
Construção 17.250.986/
0001-50
31 Planex S/A Consultoria de Planejamento e Execução
Construção 17.453.978/
0001-01
32 Parsons Projetos de Infraestrut. Sociedade Simples Ltda.
Projeto 02.102.368/
0001-96
12
33
Horizontal e Vertical
Consórcio Aterpa M. Martins/ Servix/ Ivaí/ Concresolo
Construtora Aterpa M. Martins S.A. Construção 17.162.983/
0001-65
34 Servix Engenharia S.A. - FOCAL Construção 61.467.379/
0001-39
35 Ivaí Engenharia de Obras S.A. Construção 76.592.542/
0001-62
36 Concresolo Engenharia Ltda. Projeto 24.059.917/
0001-20
13
37
Horizontal e Vertical
Consórcio Queiroz Galvão/ Mendes Junior/ Serveng/ Consol
Construtora Queiroz Galvão S.A. – FOCAL. Construção 33.412.792/
0001-60
38 Mendez Junior Trading e Engenharia S.A. Construção 19.394.808/
0001-29
39 Serveng Civilsan S.A. Empresas Associadas de Engenharia. Construção 48.540.421/
0001-31
40 Consol Engenheiros Consultores Projeto 17.210.063/0001-75
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos documentos do processo de licitação.
(Continua) (Conclusão)
102
É importante resgatar o conceito descrito no referencial teórico desta dissertação, com relação
à definição dada por Britto (2000) e Gulati e Singh (1998) para as redes de cooperação entre
empresas, objetivando dar acesso a recursos críticos de ativos complementares, que, segundo
esses autores, podem ser horizontais e verticais em relação à posição da Empresa Focal na
cadeia de suprimento.
A partir do QUADRO 15, pode-se inferir que 40 empresas participaram efetivamente do
processo de licitação do Edital nº 165/2013 – DNIT. Por meio da análise documental,
evidenciou-se que essas 40 empresas se agruparam em 13 redes no formato de consórcios.
Verificou-se que cinco desses consórcios foram constituídos por redes de empresas do tipo
vertical à montante da cadeia de suprimentos (fornecedores de projeto), e oito deles foram
constituídos por rede de empresas do tipo vertical (fornecedores de projeto) e horizontal
(concorrentes) simultaneamente. Também foi constatada a participação de uma empesa
isolada.
Para a identificação do tipo de consórcio, conforme definido no referencial teórico, foram
observados os critérios adotados pelo Edital de Licitação nº 165/2013 – DNIT, que
estabeleceu a obrigatoriedade da indicação de uma Empresa Líder, em caso de constituição de
consórcio para participação no certame licitatório, e também definiu que a Empresa Líder
deveria, necessariamente, ser atuante na área de construção de obras, conforme parte do edital
reproduzido a seguir.
4. DA PARTICIPAÇÃO.
4.1. Respeitadas as demais condições normativas e as constantes deste Edital e seus
Anexos, poderá participar desta licitação:
4.1.1. Qualquer pessoa jurídica legalmente estabelecida no País e que atenda às
exigências deste Edital e seus Anexos;
4.1.2. Consórcio:
4.1.2.1. Nesta licitação será admitida a possibilidade de Consórcio, limitado a 04
(quatro) empresas por lote, pelo fato de permitir a participação de empresa de
projeto, além de reforçar a capacidade técnica e financeira do licitante,
proporcionando maior disponibilidade de equipamento e pessoal especializado,
ensejando, novamente, a participação de maior número de empresas, possibilitando
à participação de empresas regionais com aumento na competitividade, devendo ser
apresentada a comprovação do compromisso público ou particular de constituição de
consórcio, subscrito pelos consorciados, sendo a líder, necessariamente, empresa
de Construção Rodoviária, atendidas as condições previstas no Art. 51 do Decreto
nº 7.581 de 11 de outubro de 2011 e aquelas estabelecidas neste Edital; (grifo nosso)
[...]
103
4.1.2.4. as pessoas jurídicas que participarem organizadas em consórcio deverão
apresentar, além dos demais documentos exigidos neste Edital, compromisso de
constituição do consórcio, por escritura pública ou documento particular registrado
em Cartório de Registro de Títulos e Documentos, discriminando a empresa líder,
estabelecendo responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados pelo
consórcio; (grifo nosso).
4.1.2.5. o prazo de duração do consórcio deve, no mínimo, coincidir com o prazo de
conclusão do objeto licitatório, até sua aceitação definitiva;
4.1.2.6. os consorciados deverão apresentar compromisso de que não alterarão a
constituição ou composição do consórcio, visando manter válidas as premissas que
asseguram a sua habilitação, salvo aprovação pelo DNIT;
4.1.2.7. os consorciados deverão apresentar compromisso de que não se constituem
nem se constituirão, para fins do consórcio, em pessoa jurídica e de que o consórcio
não adotará denominação própria, diferente de seus integrantes (BRASIL, 2013).
Conforme exigido no item 4.1.2.4 do Edital, o documento de constituição de cada consórcio
indicou a sua Empresa Líder. Para esta pesquisa, a Empresa Líder de cada consórcio foi
considerada como sendo a Empresa Focal para a identificação dos tipos de redes formadas
pelos consórcios participantes da licitação deste estudo de caso.
O conteúdo dos documentos do processo de licitação apresenta todos os compromissos de
constituição de consórcios dos participantes, em que foi possível identificar cada uma das
empresas envolvidas no certame licitatório, os consórcios formados, as empresas líderes e,
consequentemente, os tipos de redes formadas, segundo o referencial teórico.
Apresenta-se na TAB. 1, a análise percentual dos tipos de consórcios constituídos quanto às
formações de parceiras entre empresas concorrentes da área de construção de obras e as
parcerias com empresas especializadas em elaborar e fornecer os projetos técnicos de
engenharia.
Para o caso do processo de licitação conduzido pelo Edital nº 165/2013 do DNIT, observa-se
a predominância de consórcios de empresas simultaneamente verticais e horizontais,
representando um total de 61,54% em relação ao total dos consórcios formados. Isto evidencia
que as empresas focais procuraram constituir redes em formato de consórcio com as empresas
de projetos pertencentes à cadeia de suprimentos da obra, e, ao mesmo tempo, com empresas
normalmente concorrentes no mercado de construção de obras, buscando complementar os
seus ativos.
104
Tabela 1- Percentual dos tipos de consórcios formados
Tipo de
Consórcio Característica
Quanti-
dade
% em relação
ao total de
consórcios
% em relação
ao total de
participantes
Horizontal e
Vertical
Empresas concorrentes e empresas
pertencente à cadeia de suprimento
em relação a Empresa Focal
8 61,54% 57,14%
Vertical à
Montante
Empresas pertencentes à cadeia de
suprimento em relação à Empresa
Focal
5 38,46% 35,71%
TOTAL DE CONSÓRCIOS 13 100% 92,86%
Empresa
Isolada Apenas a Empresa Focal 1 - 7,14%
TOTAL DE PARTICIPANTES 14 - 100,00%
Fonte: Elaborada pelo autor.
Evidencia-se também que 38,46% do total dos consórcios constituídos foram do tipo vertical,
formados pela Empresa Focal e por uma empresa fornecedora de projetos técnicos de
engenharia (designs), pertencente à cadeia de suprimentos da obra. Isso caracteriza o tipo de
rede vertical à montante em relação ao fluxo de bens e serviços da cadeia de suprimentos,
conforme definido por Britto (2000) e apresentado no QUADRO 3.
Quanto aos questionários, as informações contidas nas respostas dadas às questões aplicadas
aos gestores das empresas envolvidas no processo de licitação confirmaram e
complementaram as informações obtidas nos documentos pesquisados.
Foram analisados os conteúdos dos questionários respondidos, cujas questões abertas sobre
este tema são as de números 1, 2 e 6, e as questões fechadas são as de números 1, 9, 10, 11,
13, 21. A seguir, foram reproduzidos alguns trechos relevantes das respostas às questões
abertas fornecidas pelos pesquisados.
Os respondentes foram questionados sobre quais os tipos redes empresariais formadas para
atender às exigências estabelecidas pelo RDC, na fase de licitação, no que se refere à parceria
com empresas concorrentes e empresas fornecedoras, nas obras de infraestrutura licitadas pelo
poder público (Questão 1 - aberta).
105
A seguir, foram reproduzidas as partes relevantes das respostas da Questão 1 - aberta e da
entrevista, identificando as variáveis analisadas, os respondentes e, na sequência, os trechos
reproduzidos, nos quais os pesquisados afirmaram que:
Vantagens
Competitivas
Respondente 4 “Buscamos por empresas, historicamente nossas concorrentes, que
pudessem ajudar a alcançar a pontuação máxima para a nossa proposta
técnica, para a comprovação da experiência em execução de obras,
exigida pelo edital, o que, consequentemente, aumentou os nossos ativos
de bens de produção. Da mesma forma, procuramos parceiros
projetistas, historicamente nossos fornecedores de projetos de
engenharia, que complementassem nossas competências de modo a
obtermos a nota técnica máxima em experiências em criação de
projetos.”
Vantagens
Competitivas
Respondente 6 “Com o RDC passou a ser possível a participação de empresas
concorrentes e de projetos em consórcio, com isso suas
responsabilidades tanto técnicas e financeiras são amenizadas e, caso
venham a ser vencedoras do processo licitatório, se aproveita a expertise
de cada um.”
Tipo de Redes
de Empresas
Respondente 8 “Existe a formação redes de empresa do tipo consórcio, com empresas
que normalmente são concorrentes em outras licitações e com
empresa capacitada na produção de projetos [...].”
Tipo de Redes
de Empresas
Respondente 1 “A maior parte dos consórcios tem em sua composição uma empresa
projetista para o fornecimento dos projetos. Não é uma exigência, já
que algumas empresas possuem em sua estrutura setores de projeto, mas
essas empresas representam uma minoria. Está havendo mudanças no
mercado, empresas melhorando seus setores de projeto (já que o projeto
passa a ser uma disciplina de elevada importância na execução do
escopo).”
Tipo de Redes
de Empresas
Respondente 3 “Em função dos vários RDC’s de rodovias em que tenho atuado,
observo: - Os consórcios são formados por empresas que
normalmente são concorrentes em outras licitações. - e noutros casos
que sei, não existe a formação consórcio com projetistas na fase de
licitação [...].”
Competências
Complementares
Respondente 7 “Nas obras de infraestrutura rodoviárias promovidas pelo PAC neste
período entre os jogos, os consórcios entre projetistas e executoras
concorrentes no mercado nacional têm sido a rede de cooperação
dominante, é a que melhor atende as possibilidades de ações efetivas
desses participantes nos empreendimento, bem como a formação de uma
cadeia de suprimentos competente a atender as exigências do poder
público.”
Competências
Complementares
Respondente 8 “A formação dos consórcios é motivada pela busca de maiores
competências, entretanto, para o caso deste contrato, dado o nível de
exigência para atendimento dos requisitos do edital de licitação, a
prioridade foi a de encontrar empresa para formarmos parceria que
atendesse ao que estava solicitado no edital.”
106
Vantagens
Competitivas
e
Terceirização
Respondente 9 “Como a contratação integrada pressupõe que o contratado elabore o
projeto básico, a formação de consórcio entre construtoras e projetistas é
condição natural para a própria participação na licitação (atestação do
licitante em projetos). Tem sido observada uma resistência das
empresas projetistas quanto a esse consorciamento “forçado”, uma
vez que a responsabilidade das consorciadas perante a
Administração é solidária, pelo todo. A internalização pela construtora
licitante, da competência em projeto, nem sempre é viável, uma vez que
a contratação integrada é usada para obras de grande porte, em razão da
especialização técnica; a opção de internalização tende a encarecer o
projeto e depende de arranjos comerciais talvez mais sofisticados.”
Vantagens
Competitivas
Respondente 11 “As redes de empresas do tipo consórcio têm atuado mais quando o RDC
é do tipo integrado, em que a empresa/consórcio é contratada para o
desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução das obras e
todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final
do empreendimento. Tendo em vista o objeto da contratação (projeto
e obra), está acontecendo a formação de redes de empresas
projetistas e construtoras.”
Competências
Complementares
Entrevista “Assim que adquirimos o edital de licitação percebemos que teríamos
que procurar parceiros. As exigências técnicas mínimas de alguns itens
eram superiores aos atestados que tínhamos. Notamos que não bastava
procurar pelas empresas com que estávamos acostumados a nos
relacionar para criar consórcios de execução de obra. Havia um
novo elemento que nos criou a necessidade de buscar por empresas
de projeto.”
Competências
Complementares
Entrevista “Formamos um consórcio de duas empresas com atestação em
execução de obras e uma empresa com atestação em projetos.
Empresa de médio porte em projeto já foi suficiente para que os
atestados técnicos atendessem.”
Ficou evidenciado nas respostas que os tipos de redes, na forma de consórcios, foram do tipo
vertical e horizontal em relação à Empresa Focal. Foram constituídos consórcios entre
empresas concorrentes e empresas fornecedoras de projeto.
Um aspecto importante a ser observado é a visão do projetista que se manifesta forçado a
participar de um consórcio, caso queria obter o contrato de projeto da obra, e depois fica
responsável, solidariamente, inclusive pela execução da obra: “Tem sido observada uma
resistência das empresas projetistas quanto a esse consorciamento ‘forçado’, uma vez que a
responsabilidade das consorciadas perante a Administração é solidária, pelo todo”
(Respondente 11).
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre quais os tipos redes empresariais
formadas para atender as necessidades da obra, em sua fase de execução, quanto à parceria
107
com empresas concorrentes e empresas fornecedoras, nos contratos de obras de infraestrutura
firmados com o poder público (Questão 2 - aberta).
A seguir, foram reproduzidas as partes relevantes das respostas da Questão 2 - aberta e da
entrevista, identificando as variáveis analisadas, os respondentes e, na sequência, os trechos
reproduzidos, nos quais os pesquisados afirmaram que:
Competências
Complementares
Respondente 1 “A intenção primeira da formação dos consórcios é atender às
exigências de comprovação de capacidade técnica do Edital de
licitação. Esse cenário pode mudar em médio prazo, mas em curto prazo
o cenário é este: empresas se consorciando para atingir a meta de ‘pegar
o contrato’. A inclusão de empresas projetistas nas redes não
necessariamente significa que aquela empresa fará os projetos.”
Terceirização Respondente 8 “[...] Após a assinatura do contrato são formalizadas novas parcerias
com fornecedores e firmas especializadas, entretanto não são dadas
exclusividades para que não ocorra do consórcio ficar dependendo de
um único fornecedor ou especialista.”
Competências
Complementares
Respondente 3 “[...] por efeito legal uma empresa de consultoria (projetista) formal,
que detém atestados que atendem à qualificação exigida no Edital,
faz parte do consórcio, mas apenas VENDE seus atestados e irá ter
uma participação em torno de 1% do contrato. Mas os projetos
executivos são elaborados por consultores especializados, não pela
consultora (projetista) que faz parte do consórcio.”
Terceirização Respondente 4 “Depois de assinado o contrato, a rede formada anteriormente deve
estender seus braços, na contratação de parceiros com as expertises
‘sintonia fina’, necessários para os ‘detalhes’ do empreendimento, sem
dar exclusividade para não ficarmos na dependência de um
fornecedor.”
Competências
Complementares
Respondente 3 “[...] A formação dos consórcios NÃO é motivada para a busca de
maiores competências, e objetiva apenas atingir as exigências de
comprovação de capacidade técnica do Edital de licitação.”
Terceirização Respondente 5 “Anteriormente ao RDC, nunca trabalhei com empresa projetista
participante de consórcio: sempre como subcontratada. Acredito que a
formação dos consórcios tende a procurar reduzir os riscos do
negócio. O tamanho e o escopo de um contrato RDC reduz o risco das
interfaces de escopo e contrato.”
Competências
Complementares
e
Terceirização
Respondente 6 “A empresa ou consórcio vencedor deverá analisar todos os aspectos do
seu contrato e planejar não só financeiramente, mas tudo aquilo que
envolve o que se tem de melhor, os subempreiteiros, os melhores
fornecedores de matéria-prima e evitar o máximo possível de retrabalho,
e a presença do projetista no corpo do consórcio fará a diferença
para que se atinja está meta.”
108
Terceirização
e
Cadeia de
Suprimentos
Respondente 7 “As parcerias empresariais com fornecedores de insumos de
qualidade e com capacidade de atendimento ao empreendimento do
contrato são fundamentais ao cronograma do contrato, são as
principais e iniciais formalizações a serem feitas, tanto de materiais,
equipamentos e mão de obra como de serviços especializados ou
tecnologias que forneçam excelentes atendimentos às exigências do
contrato. Todavia não promovemos contratos de exclusividade com
fornecedores.”
Terceirização
e
Vantagens
Competitivas
Respondente 11 “O RDC do tipo contratação integrada veio em busca também de deixar
as empresas apresentarem novas tecnologias. Sendo assim, a avaliação
do poder público é se os projetos atendem às normas e diretrizes dos
órgãos responsáveis, não influenciando nas parceiras das empresas
com subcontratações, nem com fornecedores. As empresas têm a
liberdade de procurar o melhor fornecedor, que oferte o menor preço,
sem que isso influencie em seu preço global acordado com o
contratante.”
Competências
Complementares
Entrevista “Os consórcios que foram criados na etapa de licitação tiveram que ser
mantidos para a etapa de execução da obra. A constituição inicial do
consórcio só pode ser alterada com o aval do DNIT.”
Vantagens
Competitivas
Entrevista “O nosso consórcio foi criado antes da apresentação da proposta. Na
formação inicial, procuramos uma combinação que obtivesse a nota
técnica máxima na qualificação técnica. O foco inicial, e podemos dizer
principal, foi o de criar um consórcio que desse a melhor chance de
obter o contrato. Buscamos uma vantagem competitiva que fosse no
mínimo igual à dos nossos melhores concorrentes.”
Competências
Complementares
e
Vantagens
Competitivas
Entrevista “Na fase de execução, cada membro participa com suas melhores
competências. Porém essas melhores competências não estabeleceram a
base de formação inicial do consórcio. Os atestados de obras
executadas no passado, devidamente documentados e registrados,
foram o alicerce para a combinação das empresas em consórcio, em
detrimento de suas melhores competências atuais.”
Terceirização
e
Cadeia de
Suprimentos
Entrevista “Temos bom relacionamento com empresas de Belo Horizonte que
podem nos atender, mas não podemos ficar dependentes de um só
fornecedor. Esses materiais são estratégicos para a obra. Então, estamos
gerindo as aquisições de maneira que pelo menos dois fornecedores
atendam nossos pedidos sem, contudo, para o caso de brita e areia, por
exemplo, deixar que qualquer um deles fique com suas capacidades
produtivas ociosas por conta de poucos pedidos de nossa parte.”
Terceirização
e
Cadeia de
Suprimentos
Entrevista “Também tem que haver um equilíbrio entre o atendimento ao mercado
local, que é quem vai continuar a sustentar esses nossos fornecedores
quando a nossa obra acabar, e a nossa demanda. Muitas vezes temos
que cuidar dos assuntos de nossos fornecedores, para que eles não se
descuidem do mercado que vai garantir a sua existência no futuro.
Cuidamos de nossa cadeia de fornecedores, assim teremos parceiros
para futuros empreendimentos nesta região.”
Vantagens
Competitivas
Entrevista “Uma vantagem observada em nosso contrato é a participação dos
projetistas no cotidiano da obra. Demandas de projeto sempre foram um
gargalo na continuidade da obra. Esse tipo de contrato facilita as
decisões de projeto com soluções rápidas que são refletidas no
andamento da obra.”
109
Notadamente, os pesquisados indicaram que a preocupação primeira das empresas focais das
redes foi com o atendimento aos requisitos do edital, quanto à obtenção da Nota Técnica
máxima.
O projeto executivo da obra poderá ou não ser elaborado pela empresa projetista do consórcio,
porém ficou nítida a importância da projetista na constituição do consórcio durante a
execução das obras, mesmo que atue como gestora da terceirização do projeto.
Foi observado também que, durante a execução das obras, o consórcio inicialmente
constituído não pode ser modificado. Novas parcerias são feitas por meio de contratos de
fornecimentos e contratações de empresas especializadas sem, contudo, firmar contrato de
exclusividade com novos parceiros.
Os pesquisados foram indagados a respeito de como os consórcios podem influenciar na
qualidade e agilidade dos serviços prestados em obras de infraestrutura firmados com o poder
público (Questão 6 - aberta).
A seguir, foram reproduzidas as partes relevantes das respostas da Questão 6 - aberta e da
entrevista, identificando as variáveis analisadas, os respondentes e, na sequência, os trechos
reproduzidos, nos quais os pesquisados afirmaram que:
Competências
Complementares
Respondente 7 “Essas parcerias possuem objetivos de somar competências, na qual a
qualidade do produto e o lucro desejado só serão alcançados por
participantes que dominem suas áreas técnicas, e somente assim obter
suas metas e, consequentemente, produzirão serviços de qualidade ao
poder público.”
Terceirização
e
Vantagens
Competitivas
Respondente 1 “[...] A inclusão de empresas projetistas nas redes não necessariamente
significa que aquela empresa fará os projetos, mas é fundamental para
a agilidade e produtividade da obra, tendo em vista que o DNIT
deixou de ser intermediário entre o executor e o projetista. Agora a
relação é direta entre construtor e projetista.”
Competências
Complementares
Respondente 3 “A formação dos consórcios NÃO é motivada pela busca de maiores
competências e objetiva apenas atingir as exigências de comprovação de
capacidade técnica do Edital de licitação, mas é claro que as parcerias,
principalmente o relacionamento direto com os consultores de
projeto, trouxeram agilidades.”
Competências
Complementares
Respondente 4 “Uma motivação é, sem duvida, a busca de competência e agilidade
para um produto final mais qualificado, principalmente com a parceira
em projeto sem interferência do DNIT.”
110
Vantagem
Competitiva
e
Tipos de Redes
Respondente 5 “Observei, na minha experiência, a formação de consórcio de grandes
construtoras (empreiteiras) que subcontratam fornecedores de menor
tamanho, como no caso, projetistas e de alguns serviços auxiliares como
topografia, controle de qualidade e inspeção. A nova possibilidade de
ter o projetista no núcleo do consórcio é uma vantagem para a
melhoria de desempenho.”
Competências
Complementares
e
Vantagem
Competitiva
Respondente 6 “O consórcio bem montando é aquele formado com as maiores virtudes
de cada um dos componentes, só assim será um consórcio pleno,
competitivo e eficiente. Naturalmente que o consórcio que valoriza e
aplica o que cada membro tem de melhor aumenta a produtividade e
qualidade da obra.”
Competências
Complementares
Respondente 11 “Entendo que a formação do consórcio por si só não garante
qualidade, no entanto, a formação de consórcios agiliza o andamento
do empreendimento, pois une competências de diferentes empresas.”
Competências
Complementares
Entrevista “A presença da empresa projetista tem provido um diferencial em relação
aos contratos em que o DNIT é o responsável por contratar empresas que
vão elaborar o projeto. Essa vantagem é a de poder tomar decisões de
soluções de projetos sem ter que passar pelo trâmite de aprovação de
adequação do DNIT. Em contratos de obras, cujo objeto é a construção
da obra, para que se possa promover uma adequação de projeto devem-se
seguir os ritos normativos estabelecidos pelo DNIT, em que o tempo de
aprovação chega facilmente a seis meses. A presença do projetista,
como um membro do consórcio, faz com que as soluções de projetos
sejam imediatas.”
Vantagem
Competitiva
Entrevista “Não tenho dúvida de que, na etapa de construção da obra, o consórcio
explora as melhores capacidades de seus consorciados. Entretanto repito
que a origem da composição do grupo de empresas foi o atendimento
às exigências de comprovação técnica demandadas pelo do edital de
licitação, sem o qual não teria sido possível conquistar o contrato.”
A análise dos conteúdos das respostas do questionário indica claramente que a participação
das empresas projetistas na constituição dos consórcios melhorou a agilidade nas soluções de
adequação dos projetos, o que elimina paralizações de obras por causa de possíveis
indefinições relacionadas a questões técnicas.
Relacionadas a este assunto foram analisadas as questões fechadas de números 1, 9, 10, 11, 13
e 21. Na sequência, apresentam-se os resultados obtidos da análise das respostas enviadas
pelos pesquisados.
Na TAB. 2, são apresentadas as questões fechadas que tratam de assuntos relacionados às
redes de colaboração entre empresas e apresenta-se a análise da pesquisa para essas questões.
Foram utilizados os critérios e equações descritos por Sanches, Meireles e De Sordi (2011),
descritos no capítulo referente à metodologia, para a apuração do grau de concordância da
111
proposição (GCp) de cada uma das questões respondidas pelos pesquisados, conforme
também descrito no capítulo referente à metodologia.
Tabela 2 - Redes de Empresas: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de concordância
Qu
estã
o N
úm
ero
Questões
Não
ten
ho
co
nh
e-
cim
ento
(N
TC
) C
on
cord
o T
ota
lmen
te
(CT
) C
on
cord
o b
asta
nte
(C
Ba)
C
on
cord
o P
ou
co (
CP
) N
ão c
on
cord
o, n
em
dis
cord
o (
NC
ND
)
Dis
cord
o P
ou
co (
DP
)
Dis
cord
o B
asta
nte
(D
Ba)
D
isco
rdo
To
talm
ente
(D
T)
Med
ian
a O
bse
rvad
a
Dis
cord
ante
s d
a p
rop
osi
ção
(D
pr)
Co
nco
rdan
tes
com
a
Pro
po
siçã
o (
Cp
r)
Gra
u d
e C
on
cord
ânci
a d
a p
rop
osi
ção
(G
Cp
)
7 6 5 4 3 2 1 0
9 As redes visam a uma aliança estratégica para as comprovações técnicas exigidas no Edital. 3,
03%
39,3
9%
45,4
5%
3,03
%
3,03
%
3,03
%
3,03
%
-
CBa
7,58
%
89,3
9%
89,3
9%
10
As redes visam a mais alianças estratégicas para obter atestados técnicos de exigência do Edital do que competência para execução da obra.
3,03
%
36,3
6%
36,3
6%
3,03
%
6,06
%
6,06
%
6,06
%
3,03
%
CBa
18,1
8%
78,7
9%
78,7
9%
MÉDIAS DAS QUESTÕES 9 e 10
3,03
%
37,8
8%
40,9
1%
3,03
%
4,55
%
4,55
%
4,55
%
1,52
%
CBa
12,8
8%
84,0
9%
84,0
9%
11
As redes (consórcios) satisfazem as necessidades dos envolvidos (contratante e contratado) sem a inclusão de novos consorciados no decorrer da obra.
-
27,2
7%
39,3
9%
12,1
2%
3,03
%
6,06
%
9,09
%
3,03
%
CBa
19,7
0%
80,3
0%
80,3
0%
21
Nas novas parcerias para a construção da cadeia de suprimentos não são firmados contratos que obrigam à aquisição de insumos com um único fornecedor.
-
27,2
7%
42,4
2%
12,1
2%
12,1
2%
3,03
%
3,03
%
-
CBa
12,1
2%
87,8
8%
87,8
8%
MÉDIAS DAS QUESTÕES 11 e 21 -
27,2
7%
40,9
1%
12,1
2%
7,58
%
4,55
%
6,06
%
1,52
%
CBa
15,9
1%
84,0
9%
84,0
9%
1 Acredito que a inclusão dos projetistas nas redes entre empresas propicia atender ao RDC de forma mais ágil e com maior qualidade.
-
48,4
8%
45,4
5%
3,03
%
3,03
%
-
-
-
CBa
1,52
%
98,4
8%
98,4
8%
13
A transferência do Estado para o particular da gestão e elaboração dos projetos técnicos foi uma opção acertada que garante agilidade nos processos de licitação e execução do contratado.
-
30,3
0%
54,5
5%
6,06
%
3,03
%
3,03
%
3,03
%
-
CBa
7,58
%
92,4
2%
92,4
2%
MÉDIAS DAS QUESTÕES 1 e 13 -
39,3
9%
50,0
0%
4,55
%
3,03
%
1,52
%
1,52
%
-
CBa
4,55
%
95,4
5%
95,4
5%
Fonte: Elaborada pelo autor.
Agora é possível estabelecer relações entre as inferências provenientes das questões abertas e
as respostas às fechadas. As questões fechadas do questionário foram formuladas,
propositalmente, de modo a se relacionarem com as abertas. Para o assunto das redes de
112
empresas, apresentam-se na TAB. 3 as questões fechadas que são referentes aos assuntos
abordados em cada um dos temas das questões abertas.
Estabelecidas essas relações entre as questões, foi possível evidenciar o grau de concordância
médio das inferências derivadas das proposições fechadas relacionado a uma questão aberta.
Com fundamento na escala de intensidade do grau de concordância da proposição definido
por Davis (1976), apresenta-se, na TAB. 3, o resumo do resultado da análise da categoria 1 –
Formação de Rede de Empresa.
Tabela 3 - Redes de Empresas: triangulação dos resultados das análises
Dimensão Inferências das Questões Abertas e da
Entrevista Questões Abertas
Documentos que
Confirmam
Questões Fechadas
que Confirmam
Grau de Concordân -cia Médio
Intensidade
Formação de Rede
de Empresa
Inferência 1: Das 13 redes de cooperação em consórcio que participaram do processo de licitação, 5 foram do tipo vertical à montante da cadeia de suprimentos, e 8 foram simultaneamente do tipo vertical e horizontal.
1 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
- - -
Inferência 2: Os consórcios visaram inicialmente atender às exigências de comprovação de experiência técnica para obtenção da Nota Técnica máxima como uma vantagem competitiva, em atendimento às regras do Edital nº 165/2013 – DNIT.
2 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
9 e 10 84,09% Uma
concordância substancial
Inferência 3: Os consórcios inicialmente formados são mantidos ao longo da obra e são formadas novas parcerias com fornecedores e empresas especializadas. Entretanto não são firmados contratos de exclusividades com os novos parceiros da Cadeia de Suprimentos da obra.
2 Observação
Direta 11 e 21 84,09%
Uma concordância substancial
Inferência 4: As empresas projetistas foram fundamentais na composição dos consórcios, tanto para atendimento aos requisitos do Edital como para a gestão e elaboração dos projetos técnicos executivos, com especial importância na obtenção de agilidade e qualidade na obra.
2 e 6
Processo Adm. Edital
nº 165/2013 e Observação
Direta
1 e 13 95,45% Uma
concordância forte
Fonte: Elaborada pelo autor.
Verifica-se na TAB. 3 que a Inferência 4, proveniente das questões abertas, apresentou
intensidade forte para o grau de concordância (GCp) dos pesquisados nas respectivas
proposições fechadas. As inferências 2 e 3 apresentaram intensidade substancial para o grau
de concordância dos pesquisados nas respectivas proposições fechadas.
113
Especificamente sobre a Inferência 1, indicada na TAB. 3, relacionada às redes em
consórcios, os tipos observados foram evidenciados pela relação entre o referencial teórico e
os documentos analisados, sem ter sido verificada a percepção dos pesquisados, dada a
natureza teórica empregada nesta pesquisa sobre este tema.
Com base nos dados coletados, analisados e compilados, relativos à Inferência 2, descrita na
TAB. 3, notou-se que 37,88% dos participantes responderam que concordam totalmente e
40.91% responderam que concordam bastante nas questões fechadas 9 e 10. Isso confirma que
os consórcios visaram inicialmente atender às exigências de comprovação de experiência
técnica para obtenção da Nota Técnica máxima como uma forma de vantagem competitiva,
em atendimento às regras do Edital nº 165/2013 – DNIT, em detrimento de uma busca inicial
por vantagem em competências complementares, conforme pode ser observado no GRAF. 2,
a seguir.
Gráfico 2 - Concordância das questões fechadas 9 e 10 que confirmam a Inferência 2
003%
038%
041%
003%
005%005%
005% 002%
Não Tenho Conhecimento (NTC)Concordo Totalmente (CT)Concordo Bastante (CBa)Concordo Pouco (CP)Não Concordo, Nem Discordo (NCND)Discordo Pouco (DP)Discordo Bastante (DBa)Discordo Totalmente (DT)
013%
084%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 2 e 3.
114
O grau de concordância dos pesquisados para as questões fechadas 9 e 10 foi de 84,09%, o
que corrobora a Inferência 1 no que se refere à priorização da nota técnica sobre as
competências complementares, como critério de formação dos consórcios.
Tendo por fundamentos a análise e a avaliação dos dados relativos à Inferência 3, descrita na
TAB. 3, notou-se que 27,27% dos participantes responderam que concordam totalmente e
40.91% responderam que concordam bastante com as questões fechadas 11 e 21. Isso
confirma que os consórcios inicialmente formados são mantidos ao longo da obra, que
atendem satisfatoriamente às necessidades do contrato e que são formadas novas parcerias
com fornecedores e empresas especializadas. Entretanto não são firmados contratos de
exclusividades com os novos parceiros da cadeia de suprimentos da obra, conforme pode ser
observado no GRAF. 3, a seguir.
Gráfico 3 - Concordância das questões fechadas 11 e 21 que confirmam a Inferência 3
Os pesquisados destacaram a importância dos contratos de fornecimentos de produtos e
serviços para a obra, sem a cláusula de exclusividade. Por meio das questões fechadas 11 e
027%
041%
012%
008%
005%006% 002%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
Discordo Pouco (DP)
Discordo Bastante (DBa)
Discordo Totalmente (DT)
016%
084%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dado Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 2 e 3.
115
21, os pesquisados responderam, com um grau de concordância de 84,09%, que os consórcios
constituídos no momento da licitação são mantidos no decorrer da obra e satisfazem as
necessidades das partes interessadas. Além disso, evidenciaram a importância da criação de
uma cadeia de suprimentos formada por empresas com a função de parceria, não apenas de
fornecimento de insumos.
Relativamente à Inferência 4, descrita na TAB. 3, depois de analisadas as questões fechadas 1
e 13, notou-se que 39,39% dos participantes responderam que concordam totalmente e
50,00% responderam que concordam bastante com a proposição de que as empresas
projetistas foram fundamentais na composição dos consórcios, tanto para atendimento aos
requisitos do Edital, como para a gestão e elaboração dos projetos técnicos executivos, com
especial importância para a obtenção de agilidade e qualidade na obra, conforme pode ser
observado no GRAF. 4.
Gráfico 4 - Concordância das questões fechadas 1 e 13 que confirmam a Inferência 4
Em qualquer projeto, é importante que haja uma efetiva gestão para o atendimento às
expectativas das partes envolvidas quanto a escopo, prazo, preço, qualidade, fluxo de
informações e aquisições. Dessa forma, verificou-se com os participantes, com um grau de
039%
050%
005% 003% 002% 002%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
Discordo Pouco (DP)
Discordo Bastante (DBa)
005%
095%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 2 e 3.
116
concordância de 95,45%, que a transferência do Estado para o particular da gestão e
elaboração dos projetos técnicos de engenharia (design) de obras de infraestrutura é uma
opção acertada para garantir agilidade nas fases dos processos de licitação e execução do
objeto contratado.
4.2 Categoria de Análise 2: Inovação no Sistema de Licitação
As potenciais inovações nos processos de contratações de obras de infraestrutura estão
relacionadas com o Tipo de Licitação (critérios de seleção de empresa), o Regime de
Execução (forma de medição e pagamento dos serviços realizados) e o Método de Entrega
(escopo do projeto), conforme afirmado no Referencial Teórico por Ferreira e Santos (2012),
Bicalho (2013), Heinen (2014) e Quintella (2014).
De acordo com o indicado no QUADRO 12, apresentado no capítulo dos Procedimentos
Metodológicos desta dissertação, a técnica de coleta dos dados foi o da análise documental,
com o propósito de identificar as inovações proporcionadas pelo novo Regime Diferenciado
de Contratação. O tema também foi abordado no questionário aplicado.
Os documentos analisados foram os pertencentes ao processo de licitação regido pelo Edital
nº 165/2013 do DNIT. O referido Edital mostra em seu conteúdo quais foram os critérios
estabelecidos para o Tipo de Licitação, o Regime de Execução e o Método de Entrega de
Projeto.
Antes de analisar as informações relacionadas às inovações e aos aspectos relevantes do Tipo
de Licitação, Método de Entrega de Projeto (delivery project method) e Regime de Execução,
analisaram-se as questões relacionadas aos aspectos mais gerais do RDC. As questões abertas
de números 4 e 5 propuseram-se a abordar características mais gerais relacionadas ao RDC.
Aos profissionais participantes, por meio da aplicação do questionário e da entrevista,
perguntou-se qual a motivação ou o diferencial que eles consideram mais relevante para que o
RDC seja a opção mais adequada para os contratos de obras de infraestrutura firmados com o
poder público (Questão 4 - aberta).
117
As principais informações foram reproduzidas a seguir, identificando as variáveis analisadas,
os respondentes e o trecho reproduzido, nos quais os pesquisados afirmaram que:
Método de
Entrega
Respondente 1 “A contratação por RDC traz maior dinamicidade ao contrato e à
execução da obra. Não existe a antiga ‘amarração’ ao projeto do edital ou
às metodologias construtivas contidas no edital, mesmo que as soluções
adotadas ainda tenham que seguir as especificações do DNIT. Dessa
forma, as obras terão maior agilidade e menos burocracias que travam
o processo/obra.”
Método de
Entrega
Respondente 3 “Mais agilidade na fase de licitação, até a efetiva contratação da
execução. Maior rapidez na conclusão dos projetos (designs). Maior
rapidez de adequação dos projetos (designs) às realidades encontradas
no momento da execução das diversas fases da obra, atendimento ao
prazo de entrega do objeto contratado.”
Método de
Entrega
Respondente 4 “O grande diferencial é que se consegue ter no bojo do ‘projeto / obra /
suprimentos / prazo / valor / etc.’ uma única responsabilidade que faz
com que o foco principal seja o produto final entregue no prazo, com
qualidade e celeridade de execução e de engenharia.”
Método de
Entrega
Respondente 6 “Depende do tipo de RDC a ser licitado, mas o maior ganho sem dúvida
é a velocidade de contratação, elaboração de projeto e execução da
obra.”
Regime de
Execução
e
Método de
Entrega
Respondente 7 “Tendo a condensação em uma só licitação das etapas que eram
anteriormente subdivididas, complementa-se esse novo processo de
contratação de projetos prioritários. Cria-se uma realidade mais segura à
administração que pelo maior comprometimento administrativo e técnico
dos executores, surge uma nova postura em eficiência executiva, tanto
física como financeira, por parte dos contratados do projeto público
reduzindo os riscos de acréscimos financeiros ao orçamento inicial.”
Regime de
Execução
Respondente 8 “Maior facilidade de adequação dos projetos (designs) às realidades
encontradas no momento da execução das diversas fases da obra, o que
produz maior precisão na conclusão do contrato. Menor possibilidade
de aditivos por alteração de projeto (design) quando for o caso de
contratação integrada.”
Método de
Entrega
Respondente 9 “Vejo a contratação integrada como um avanço em termos de
contratações públicas no Brasil, em todos os aspectos, em especial como
solução eficaz para a Administração Pública ser mais bem atendida
quanto ao produto final buscado. O atingimento desse objetivo parte,
contudo e necessariamente, de um bom planejamento na fase interna,
prosseguido em boa gestão/fiscalização do contrato. Vejo que as
potencialidades do RDC ainda estão subaproveitadas.”
Método de
Entrega
Entrevista “[...] Alteração de um projeto de um contrato já concluído pode provocar
grandes atrasos na condução da obra. Com o projetista deixando de ser
fornecedor e passando a parceiro, as soluções de questões de projetos
passaram a ser mais ágeis.”
118
Regime de
Execução
e
Método de
Entrega
Respondente 2 “A maior agilidade no funcionamento dos contratos de licitação
aliados a uma nova forma de concepção que favorece a ambas as partes
de forma segura e eficaz. Porque o foco nos resultados torna o
mecanismo de RDC mais interessante para os sistemas atuais de
economia globalizada.”
Método de
Entrega
Respondente 11 “O maior ganho no RDC é o prazo. Alguns levantamentos do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes [mostram] que
se levava aproximadamente de cinco a seis anos desde o início do termo
de referência para contratação do empreendimento até a conclusão da
obra. Já começamos a receber obras contratadas pelo RDC, sendo que
algumas tiveram a data de entrega antecipada.”
Regime de
Execução
Respondente 11 “Outra vantagem é que, com a impossibilidade de acréscimo de valor por
conta de revisão de projeto em fase de obra, onde a empresa tinha que
aguardar os trâmites burocráticos para a aceitação das alterações, os
problemas que surgem são resolvidos com maior rapidez.”
Método de
Entrega
Respondente 11 “E, ainda, como a projetista está consorciada ou contratada pela
construtora, os projetos já são elaborados em comum acordo,
aproveitando o know-how da construtora.”
Tipo de
Licitação
Entrevista “Com a utilização do Regime Diferenciado de Contratação para as obras
públicas, fica dispensado o modelo da tradicional lei geral de licitação.
Então aparece uma nova sistemática nos processos de seleção de
empresas. Nesse novo sistema de contratação é possível observar uma
maior rapidez para percorrer todas as fases de contratação.”
Tipo de
Licitação
Entrevista “No nosso caso foi possível observar um prazo menor do que
normalmente ocorria em licitação pela Lei nº 8.666/1993, apesar de
ter sido adotado um critério de julgamento por técnica e preço, em uma
seção onde os representantes das empresas estavam presentes. Isso foi
possível em função da inversão de fase.”
Tipo de
Licitação
Entrevista “Primeiramente foram analisadas as propostas de preços, conjuntamente
com a análise dos atestados de comprovação técnica para a apuração da
combinação de técnica e preço. Ao final foi analisada apenas a
proposta da empresa vencedora. Com isto foi economizado o prazo
de análise das demais documentações, que era o que acontecia antes
da inversão de fase, com a Lei nº 8.666/1993.”
Tipo de
Licitação
Entrevista “Esta nova dinâmica de inversão de fase é um dos fatores mais
importante para que o Regime Diferenciado de Contratação se torne
um dos procedimentos mais utilizados em contratações de obras
públicas. Principalmente nas contratações integradas, que dispensam a
elaboração dos projetos básicos e executivos, onde a obra é contratada
com o anteprojeto de engenharia. Nesse caso, também ocorre uma
economia processual da necessidade de uma licitação para a
contratação de projeto, além de todo o trâmite de sua aprovação,
para apenas depois ocorrer a contratação da obra, com o agravante
de que toda adequação de projeto deve ser de responsabilidade do
DNIT.”
Da análise das informações contidas nas respostas fornecidas pelos profissionais pesquisados
foi constatado que o maior motivador para a adoção do RDC é a agilidade desde a fase de
licitação, passando pela efetivação do contrato, pela elaboração dos projetos executivos e
119
execução, até a conclusão da obra. A eliminação dos procedimentos exclusivos para
contratação e elaboração dos projetos executivos representa uma economia processual
proporcionado pelo RDC.
Foi solicitado aos participantes da pesquisa que manifestassem sobre quais as exigências do
RDC podem ser identificadas como relevantes na execução de uma obra de infraestrutura
(Questão 5 - aberta).
A seguir foram reproduzidas as partes relevantes das respostas da Questão 5 - aberta e da
entrevista, identificando as variáveis analisadas, os respondentes e, na sequência, os trechos
reportados, nos quais os pesquisados afirmaram que:
Regime de
Execução
Respondente 1 Existe ainda hoje uma grande deficiência na definição da matriz de
risco nos editais. A matriz de risco que deixa aberto alguns assuntos traz
um risco muito grande ao contrato, para ambos os lados
(contratante/contratado). O mesmo acontece com o objeto do contrato,
que deixa aberturas para interpretações. E um objeto mal definido,
juntamente com uma matriz de risco mal elaborada, eleva
exponencialmente o risco do contrato.
Regime de
Execução
Respondente 3 “O fato de o preço ser global, sem possibilidade de aditivos contratuais.
Também poderão ser considerados fatores como a matriz de risco bem
definida para as partes do contrato, o que, a nosso ver, não vem
acontecendo.”
Regime de
Execução
Respondente 4 “O importante é a rede contratada poder tomar decisões em todas as fases
do empreendimento, e o preço global.”
Regime de
Execução
Respondente 4 “Você consegue ter uma matriz de risco bem definida, porém existe
uma falha na importância dada a esse documento, quase tudo passou
a ser responsabilidade das empresas.”
Regime de
Execução
Respondente 6 “Todos os fatores são relevantes numa contratação na forma de RDC. O
que se precisa fazer é cumprir todos os requisitos definidos no contrato e
para isso precisamos de projetos bem feitos, matriz de risco clara,
preço global que contempla todas as atividades e, o mais importante, o
pagamento em dia.”
Regime de
Execução
Respondente 7 “Essas novas características de contratação exigidas pelo RDC
aprimoram o controle orçamentário e a fixação do valor total do
contrato, cronogramas e a qualidade do projeto. Os riscos de falhas e
atrasos nos projetos passam a ser priorizados pelos próprios executores
em evitá-los com um projeto de qualidade, mas ainda restam os riscos
das obrigações do DNIT.”
Regime de
Execução
Respondente 8 “A forma de pagamento, que, no caso do RDC, é predominantemente
contratação integrada por preço global. Não faz sentido uma licitação
ser para contratação integrada, sem que seja por preço global.”
120
Regime de
Execução
e
Tipo de
Licitação
Respondente 9 “[...] Há um entendimento equivocado de que a integrada funciona
como forma de transferir ao contratado todo o risco, o que não reflete
a realidade do direito administrativo. Na verdade, como a estrutura da
contratação é formada no momento do julgamento, um resultado
contratual exitoso depende, antes de mais nada, da adequada conciliação
do critério de julgamento e modo de disputa [...]”
Método de
Entrega
Respondente 9 “[...] Tenho observado uma simplificação inadmissível na fase interna
das integradas, com excessos na transferência de risco via matriz
[...].”
Regime de
Execução
Respondente 9 “[...] fomos contra a alteração legislativa que dispensou o critério de
técnica e preço obrigatório para julgamento das integradas e, nesses
casos, sugerimos inversão de fases ou pré-qualificação, como forma de
compensação da lacuna; matriz de risco equilibrada (não procede a
crença de transferir todos os riscos à empresa, sob o argumento da
‘vedação’ a aditivos, que deve ser devidamente compreendida no
sistema; temos exemplos de grandes obras licitadas com matrizes
inviáveis, não respondidas ou mal atendidas); critérios de medição e
pagamento claros e compatíveis com o regime de execução do contrato;
orçamento parametrizado; cálculo da taxa de risco; seguros e garantia de
execução.”
Método de
Entrega
e
Regime de
Execução
Respondente 2 “Risco por conta da empresa contratada de integração. O contratante
fiscaliza o contratado e fornece projeto anteprojeto básico. O contratante
define o que deve ser feito. Cabe ao contratado a concepção do projeto
(design), a construção (build) e a operação dos ativos (operate), os quais
são transferidos para o contratado ao final do contrato (transfer). O
contrato garante receita suficiente para cobrir o investimento e os custos
de operação do negócio.”
Método de
Entrega
e
Regime de
Execução
Respondente 11 “A princípio, para o sucesso do empreendimento, é uma clara definição
do objeto do contrato, pois tem havido discussões se esse ou aquele
serviço estava contemplado ou não no anteprojeto do instrumento
convocatório. A matriz de risco também é fundamental para indicar
as responsabilidades do contratante e da contratada.”
Regime de
Execução
Respondente 11 “A forma de pagamento no RDC do tipo integrada não tem como ser
por preço unitário, uma vez que a vencedora não apresenta orçamento
detalhado dos projetos por ela desenvolvido”.
Método de
Entrega
e
Regime de
Execução
Entrevista “RDC, para o nosso caso, permitiu a contratação integrada por
preço global das atividades de elaboração de projeto básico, projeto
executivo e das obras para a implantação das melhorias rodoviárias.
Assim, o projeto e a construção estão fazendo parte do mesmo contrato.
Penso que a contratação integrada combinada com a execução por
preço global é um dos aspectos mais importantes para a obra,
trazidos pelo RDC.”
Método de
Entrega
Entrevista “Ao adquirir a responsabilidade pela elaboração dos projetos básico
e executivo, o consórcio contratado também se responsabiliza por
maior parte dos riscos relacionados com a execução dos serviços para a
completa conclusão da obra.”
121
Regime de
Execução
Entrevista “Faz parte do contrato a matriz de risco. Nessa matriz, a
responsabilidade do DNIT se restringe a, praticamente, paralisações
decorrentes de atrasos nas desapropriações, interferência com serviços de
concessionárias de redes de água, energia, gás, telefonia e outros. E
também, se houver solicitação de ampliação de escopo do contrato, para
além do que havia sido solicitado no anteprojeto de engenharia, como a
solicitação de inclusão de rua lateral em áreas urbanas.”
Notadamente, as exigências do RDC identificadas como relevantes para a execução da obra
foram o Regime de Execução por preço global e as responsabilidades exigidas para as partes
do contrato, que são representadas pela matriz de risco que determina quais as
responsabilidades exigidas das empresas e as do DNIT.
4.2.1 Tipo de Licitação (critérios de seleção de empresa)
O Edital de Licitação nº 165/2013, do DNIT (BRASIL, 2013), evidencia que o Tipo de
Licitação foi a do tipo técnica e preço, conforme disposto nos itens do Edital, conforme
apresentado a seguir.
3. DO FUNDAMENTO LEGAL, DA FORMA DE EXECUÇÃO DA LICITAÇÃO,
DO MODO DE DISPUTA, DO REGIME DE CONTRATAÇÃO E DO CRITÉRIO
DE JULGAMENTO:
3.1. A presente licitação reger-se-á pelo disposto neste Edital e seus Anexos, pela
Lei nº 12.462, de 05 de Agosto de 2011, pelo Decreto nº 7.581, de 11 de outubro de
2011 pelo fato da obra objeto ter sido incluída no PAC;
3.2. Fundamento legal: INCISO IV, ART. 1º, DA LEI Nº 12.462, DE 2011;
3.3. Forma de Execução da Licitação: PRESENCIAL;
3.4. Modo de Disputa: ABERTO;
3.5. Regime de Contratação: CONTRATAÇÃO INTEGRADA;
3.6. Critério de julgamento: TÉCNICA E PREÇO (grifo nosso).
Dessa forma, verifica-se que consta no Edital deste estudo de caso, em seu subitem 3.6, a
evidência de que o critério de julgamento é por técnica e preço. Assim, para que o gestor
representante do DNIT pudesse efetivar a escolha da proposta mais vantajosa, foi considerado
o preço total ofertado por cada participante, combinado com a sua nota técnica das
competências comprovadas.
122
Pelo critério do tipo Técnica e Preço, utilizado no julgamento, foi escolhida a melhor proposta
aquela que alcançou a melhor Nota Final, após o somatório das Notas da Proposta Técnica
(NPT) das competências comprovadas dos participantes e da Nota da Proposta de Preço
(NPP). A Nota da Proposta de Preço entrou com o peso de 70%, e a Nota da Proposta Técnica
entrou na equação com um peso de 30%.
A Nota da Proposta de Preços foi de no máximo 100 pontos, tendo como critério para
avaliação o custo total dos serviços, em que a proposta que apresentou o menor valor obteve a
melhor nota, conforme a equação:
NPP=(100 x MPVO)/P (1)
em que:
NPP = Nota da Proposta de Preço
MPVO = Menor Preço Válido Ofertado
P = Valor da Proposta em Exame
Fica evidente que a Nota da Proposta de Preço (NPP) de cada proponente foi o percentual do
preço da proposta em relação ao menor valor ofertado, de forma que a de menor preço
correspondeu a 100%, visto ter sido o percentual do menor valor em relação a ele mesmo.
Para a apuração da Nota da Proposta Técnica (NPT), o Edital estabeleceu os valores de
comprovação por meio de atestado de execução de obras anteriores. Foram estabelecidos
valores de extensões de construção ou restauração de rodovias, quantidades dos principais
serviços a serem executados. Os participantes que comprovaram ter executado tais serviços
em obras anteriores, valores iguais ou acima dos valores estabelecidos no edital, conquistaram
a nota máxima. Aqueles que comprovaram abaixo desse valor tiveram sua nota apurada por
meio de uma faixa de pontuação determinadas pelo Edital.
A Nota Final (NF) dos proponentes é calculada de acordo com a média ponderada das
valorizações das Propostas Técnicas e de Preço, conforme a equação:
𝑁𝐹 = 30 𝑥 𝑁𝑃𝑇 + 70 𝑥 𝑁𝑃𝑃 /100 (2)
123
em que:
NF = Nota Final
NPT = Nota da Proposta Técnica
NPP = Nota da Proposta de Preço
Pelo exposto, ficou evidenciado o critério de seleção de proposta mais vantajosa do tipo
técnica e preço, como também ficaram evidentes os critérios de pontuação da proposta de
preço e da proposta técnica.
As manifestações dos respondentes para as questões do questionário de pesquisa relacionadas
a este tema trazem alguns aspectos importantes sobre a utilização da licitação do tipo técnica e
preço nos processos de contratação de obras de infraestrutura, conforme foi indicado pelos
respondentes.
As informações contidas nas respostas do questionário aplicado aos gestores das empresas
envolvidas no processo de licitação confirmam e complementam as informações obtidas nos
documentos pesquisados.
Foram analisados os conteúdos dos questionários respondidos, cujas questões abertas sobre
este tema são as de números 4, 5, 7, 8 e 9. As questões fechadas são as de números 4, 5, 6, 7,
8, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 22.
A Questão 7 - aberta trata especificamente do Tipo de Licitação adotado pelo Edital e
solicitou aos respondentes a identificação das inovações introduzidas pelo processo de
contratação do RDC quanto ao Tipo de Licitação (critério de seleção de empresas).
Foram reproduzidos, a seguir, alguns trechos relevantes das respostas à Questão 7 - aberta
fornecidas pelos pesquisados do questionário e da entrevista, em que foram identificadas as
variáveis analisadas, os respondentes e os trechos reproduzidos.
Tipo de
Licitação
Respondente 1 “Não existe grande inovação quanto ao critério. Esses critérios já
existiam na 8/666/93. A inovação é a forma de contratação e a
transferência de riscos da contratante para a contratada.”
124
Tipo de
Licitação
Respondente 4 “O critério de seleção por técnica e preço já era previsto na lei geral
de licitação. No caso deste edital, cada proponente sabia
antecipadamente se conseguiria atingir ou não as competências técnicas
mínimas exigidas. O estudo para a constituição do nosso consórcio foi no
sentido de conseguir obter a nota máxima. Não podíamos nos ariscar a
apresentar o menor preço e depois perder o contrato por não ter
conseguido atingir a Nota Técnica máxima.”
Tipo de
Licitação
Respondente 5 “Acredito que o pregão eletrônico em obras de grande porte seja
uma inovação. No entanto, na prática, a escolha de menor preço global,
menor preço e melhor técnica ou apenas melhor técnica tem sido, na
minha experiência, uma utopia, visto que é muito difícil justificar melhor
técnica em detrimento de menor preço. A não ser em casos de serviços
específicos.”
Tipo de
Licitação
Respondente 7 “Em 2014, foi aprovada uma lei em complementação à lei do Regime
Diferenciado de Licitação, na qual fica desobrigada a utilização do
critério de seleção de proposta mais vantajoso do tipo técnica e preço para a contratação das obras de infraestrutura.”
De fato, a Lei do RDC nº 12.462/2011 traz em seu conteúdo a atualização determinada pela
Lei nº 12.980/2014, que altera algumas cláusulas da Lei do RDC e, especificamente,
estabelece que “Fica revogado o inciso III do § 2o do art. 9o da Lei no 12.462, de 4 de agosto
de 2011”. Com isso, não existe mais a obrigatoriedade de utilização do critério combinado de
técnica e preço, para escolha da melhor proposta, utilizada pelos órgãos públicos contratantes,
nas licitações de obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Os respondentes afirmaram também que:
Regime de
Execução
e
Tipo de
Licitação
Respondente 6 “O RDC contempla, essencialmente, normas sobre licitações. A maior
inovação foi no âmbito das contratações é a “contratação integrada”,
inversão de fase dando maior agilidade à contratação e vedado a
celebração de termos aditivos. O critério de seleção por técnica e preço
não e uma novidade nas licitações em geral.”
Tipo de
Licitação
Respondente 7 “[...] Em suma a administração adotará o critério que satisfará seus
interesses, menor preço ou maior desconto, técnica e preço, melhor
técnica ou conteúdo artístico, maior oferta de preço ou maior retorno
econômico. Todas elas visando não somente à natureza do objeto
licitado como ocorria na Lei nº 8.666/1993.”
Tipo de
Licitação
Entrevista “A meu ver, os valores mínimos exigidos no Edital para a obtenção
das notas técnicas máximas foi uma forma que o DNIT teve para
orientar a formação dos consórcios. Foi um indicador a ser seguido. As
empresas buscaram uma combinação de suas competências de maneira a
garantir a nota máxima.”
A afirmação de que “os valores mínimos exigidos no Edital para a obtenção das notas técnicas
máximas foi uma forma que o DNIT teve para orientar a formação dos consórcios”, feita pelo
entrevistado, foi avalizada por meio da análise da documentação de processo de licitação, em
125
que todos os consórcios obtiverem notas técnicas máximas. Então, o que de fato determinou a
proposta vencedora foi o valor total de proposta de preço, tendo em vista que todos os
consórcios obtiveram o máximo dos 30% previstos para a Nota Técnica.
Isso corrobora a afirmação de que as competências exigidas pelo Edital de Licitação serviram
de indicadores para a combinação dos ativos capacitantes mínimos das empresas para a
constituição dos consórcios proponentes. Os respondentes afirmaram também que:
Tipo de
Licitação
e
Regime de
Execução
Entrevista “Concordo com a modificação da Lei proibindo o critério de seleção
por meio da combinação de menor preço e melhor técnica.
Estabelecer notas que diferenciem a capacidade das empresas por
critérios subjetivos não é uma forma justa de competição. Uma empresa
que comprova a construção de 50 km de estrada não deveria ser
considerada menos competente do que uma que constrói 75 km. Os
atestados que comprovam o histórico de atuação de uma empresa,
emitidos pelos contratantes aos contratados, e registados no Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), atestam apenas
quantidades executadas. Não existe um atestado de atestação de
qualidade, produtividade, atendimento aos requisitos de normas, etc. O
uso de quantidades executadas com um parâmetro para definir o que é ou
não melhor técnica de fato não é um bom indicador de uma empresa ser
melhor ou pior que outra.”
Tipo de
Licitação
Entrevista “O uso de parâmetros quantitativos em detrimento dos qualitativos, do
modo como foi utilizado no processo de contratação do Edital 165, é um
critério nada adequado para a determinação de qual empresa é a melhor
para a execução das obras contratadas. Antes a desobrigação do critério
por técnica e preço do que a sua utilização da forma como foi feito.”
Tipo de
Licitação
e
Regime de
Execução
Respondente 9 “Os critérios de julgamento são os mesmos da LNL (8.666/1993): em
obras destacam-se o menor preço e a técnica e preço. A inovação
encontra-se na extinção das modalidades (prosseguida no PL 559/2013);
na inversão de fases (já adotada nas delegações e pregão); fase recursal
única ao final; e nas combinações (a nosso ver eficazes) dos modos de
disputa, aberta, fechada ou combinada. Mas atenção: RDC não é pregão
e não é leilão! E não pode ser assim, sobretudo nas integradas. Vemos,
por exemplo, que se não for adotado o critério de técnica e preço nas
integradas, esse fator deve ser compensado pela inversão de fases
(sistema tradicional da LNL) ou pré-qualificação/RDC, como forma de
assegurar a capacidade do licitante. Temos visto integradas licitadas
como obras simples, no estilo pregão/leilão, e isso não atende o sistema
moderno e eficaz criado pelo RDC. Repetimos: o RDC não está ainda
tendo suas potencialidades totalmente aproveitadas. O modelo é
muito bom e deve ser utilizado de forma a fazer jus à eficácia que pode
proporcionar em termos de processo/procedimento e de contratação. Os
mecanismos auxiliares (registro de preços, inclusive para obras,
cadastramento, pré-qualificação) são úteis. Outra “novidade” ainda de
limitada utilização foi a importação da remuneração variável vinculada
ao desempenho, na linha das delegações, que nos parece excelente,
embora enfrente o limite orçamentário, pois essa variação deve estar
pertinente com o valor do contrato, e como rotina temos os orçamentos
sempre muito apertados.”
126
Notadamente, os respondentes afirmam que o RDC não inovou no Tipo de Licitação, quanto
ao critério de seleção de proposta mais vantajosa. Existiu, por um curto período, uma
novidade com potencial de uma inovação por meio da obrigação legal da combinação das
contratações integradas com a licitação do tipo melhor técnica e preço. Entretanto, essa
obrigatoriedade foi revogada.
Restou evidenciado que não existiu uma inovação no Tipo de Licitação (critério de seleção),
visto que todos os critérios previstos pelo RDC fazem perto dos critérios previstos na Lei nº
8.666/1993.
4.2.2 Regime de Execução (forma de medir e pagar os serviços realizados)
O Edital de Licitação nº 165/2013 adotou o Regime de Execução por Preço Global. Isso
significa que foi instituído nas cláusulas dos contratos o critério de pagamento por medições
mensais do percentual físico de avanço da obra, na proporção do preço global contratado. A
cada mês, é promovida a verificação do percentual físico concluído de cada etapa, e então
efetuada a remuneração, para o contratado, no montante obtido do produto do percentual
executado no mês pelo preço global do contrato.
Pela análise do edital de licitação, verificou-se, na página 48 do Anexo I, do Edital nº
165/2013 – DNIT (BRASIL, 2013), que:
3.2 DO ORÇAMENTO E PREÇO DE REFERÊNCIA, REMUNERAÇÃO OU
PRÊMIO CONFORME CRITÉRIO DE JULGAMENTO ADOTADO.
(...)
É necessário que o licitante apresente também o Quadro 01 - Cronograma Físico-
Financeiro e o Quadro 02 - Critério de Pagamento (Anexo II), adaptados à proposta.
O Cronograma Físico-Financeiro, de cada lote deverá levar em conta a seguinte
estrutura, no que couber:
Grupo 01 – Projetos de Engenharia
Grupo 02 – Terraplenagem
Grupo 03 – Drenagem e Obras de Arte Correntes;
Grupo 04 – Pavimentação;
Grupo 05 – Obras Complementares;
Grupo 06 – Interseções e OAE’s;
Grupo 07 – Sinalização
Grupo 08 – Iluminação Viária
Grupo 09 – Componente Ambiental e Paisagismo
127
[...]
De acordo com o proposto no Quadro 02, independente do critério de elaboração da
proposta pelo contratado, o DNIT se propõe a realizar os pagamentos em cada
grupo de serviços, limitados a um percentual sobre o preço global ofertado,
respeitando também o plano de execução das obras. (grifo nosso)
O item 10.2 do Anexo I do Edital de Licitação nº 165/2013 – DNIT trata da forma como os
serviços serão medidos mensalmente, conforme reproduzido a seguir.
10.2 Medições dos serviços.
Os serviços serão medidos, de acordo com os grupos preestabelecidos no Quadro 02
– Critérios de Pagamento, após sua devida conclusão. Será admitido o pagamento de
parcela de uma etapa, de acordo com a Instrução de Serviço IS nº. 02/2004-DNIT.
As medições serão feitas mensalmente, sempre que as etapas de serviços forem
concluídas.
Os percentuais máximos admitidos para remuneração de cada serviço serão
aqueles estabelecidos pelo DNIT, no Quadro 02, e não poderão ser modificados
pela Contratada. (grifo nosso)
[...]
Nenhuma medição será processada se a ela não estiver anexado um relatório de
controle da qualidade, contendo os resultados dos ensaios devidamente
interpretados, caracterizando a qualidade do serviço executado. Ainda, não serão
considerados quantitativos de serviços superiores aos indicados na contratação
(Quadro 02 – Anexo II).
O item 10.3 do Anexo I do Edital de Licitação nº 165/2013 – DNIT trata da forma como os
serviços serão pagos mensalmente, conforme reproduzido a seguir.
10.3 Forma de pagamento.
O DNIT pagará à contratada, pelos serviços contratados e executados, o preço
integrante da proposta aprovada, ressalvada a incidência de reajustamento e a
ocorrência de imprevistos, conforme Art. 9, parágrafo 4°, itens I e II da Lei 12.462,
de 05/08/11. Fica expressamente estabelecido que os preços por solução
globalizada incluam a sinalização provisória, todos os insumos e transportes, bem
como impostos, taxas, custos financeiros, lucros e bonificações, de acordo com as
condições previstas nas Especificações e nas Normas indicadas no Edital e demais
documentos da licitação, constituindo assim sua única remuneração pelos trabalhos
contratados e executados. (grifo nosso)
Ficou evidenciado, no Edital de Licitação nº 165/2013 do DNIT, que o Regime de Execução
adotado foi o de pagamento por preço global, com obediência aos percentuais máximos por
grupos de serviços. Não existiu nos contratos analisados a tradicional figura dos preços
unitários dos serviços nem das medições mensais das quantidades efetivamente executados a
serem remuneradas pelos respectivos preços unitários.
128
Foram analisados os conteúdos dos questionários respondidos, cujas questões abertas sobre
este tema são as de números 4, 5, 7, 8 e 9. As questões fechadas são as de números 4, 5, 6, 7,
8, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 22.
A Questão 8 - aberta trata especificamente sobre o Tipo de Licitação adotado pelo Edital e
nela foi solicitado aos participantes da pesquisa que identificassem as inovações introduzidas
pelo processo de contratação do RDC quanto ao Regime de Execução (forma de pagamento).
A seguir, foram reproduzidos alguns trechos relevantes das respostas à Questão 8 - aberta
fornecidas pelas pesquisados do questionário e pela entrevista, em que foram identificadas as
variáveis analisadas, os respondentes e os trechos reproduzidos.
Regime de
Execução
Respondente 1 “É uma inovação quanto a sua aplicação em obras rodoviárias.
Apesar de já ser prevista na Lei 8.66/93, não era efetivamente
utilizado. E isso já traz grande modificação na forma de pensamento das
empresas. Não existe a antiga filosofia de preços unitários, amarrações
em volumes de terraplenagem para o recebimento. O recebimento foi
simplificado por avanço. Esses critérios de medição são definidos dentro
da obra, em conjunto, contratante/contratada.”
Regime de
Execução
Respondente 4 “O regime de execução definido pelo edital é o de Preço Global que
sempre fez parte das leis de licitação no Brasil, entretanto esse edital
também impôs outra condição que não é habitual nos contratos de obra
de infraestrutura. O Edital dividiu as obras em seus principais serviços,
tais como terraplenagem, pavimentação, drenagem, sinalização, pontes e
viadutos. Para cada uma desses grupos de trabalho, o Edital estipulou um
percentual máximo de remuneração, cujo somatório resulta no total de
100%.”
Regime de
Execução
Respondente 5 “Na minha experiência, pagamento proporcional ao avanço físico é
algo normalmente já utilizado. O problema daí advém de como medir e
distribuir o avanço físico.”
Regime de
Execução
Respondente 6 “O maior desafio do poder público é saber avaliar quando para o regime
é melhor usar o critério de preço global com a medição por evento e não
por preços unitários. Os dois modelos de contratação, o RDC e a Lei
nº 8.666/1993, se complementam.”
Regime de
Execução
Respondente 7 “O sistema RDC permite remuneração como bônus de acordo com
desempenho e metas estabelecidas, o que não ocorre na Lei nº
8.666/1993, tornando o RDC flexível conforme satisfação do poder
público. Todavia este tipo ainda não utilizado nos contratos do RDC. O
que temos em abundância é a forma de pagamento por preço global
que tem previsão na Lei nº 8.666/1993.”
129
Regime de
Execução
Entrevista “O Edital nº 165/2013 apresenta todos os percentuais máximos dos
grupos de serviços para cada lote de obra. Para esse Edital, o regime de
execução foi por preço global com os percentuais de cada grupo de
serviço definido pelo DNIT. Esse regime de execução também era
previsto na Lei de 1993. Com esse critério, o DNIT garantiu que os
descontos fossem dados de forma linear para todos os grupos de serviços.
Isso evitou que algum proponente desse um desconto muito grande em
um determinado item e que, durante a execução da obra, tentasse mudar
a solução de projeto, o que anularia o desconto ofertado.”
Regime de
Execução
Respondente 9 “Os regimes são os mesmos da LNL (8.666/1993), mas a cultura dos
unitários está por demais arraigadas no sistema. Os regimes preferenciais
do RDC (integrada, integral e preço global), ficando unitários como
exceção forçam uma evolução. Temos visto RDC licitado num regime
(integrada e integral), com critério de pagamento e remuneração de
unitários, ou seja, vesgo. Falta compreensão do conceito e estudo para
construir contratos lógicos e amarrados aos termos da licitação,
diminuindo as distâncias da comunicação equivocada – os conceitos
devem ser mais bem exercitados.”
Os respondentes foram categóricos em afirmar que os regimes de execução (critérios de
pagamento) previstos e utilizados pelo RDC também fazem parte do conjunto dos tipos
aplicados pela Lei nº 8.666/1993, não ocorrendo inovações nesses critérios. O que ficou
evidenciado foi uma maior utilização de forma de pagamento por preço global para as
contratações integradas do tipo DB.
4.2.3 Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto)
O Método de Entrega de Projeto diz respeito ao escopo do projeto, que engloba o escopo do
produto a ser entregue e a forma de gerenciar o relacionamento com o cliente (THOMSEN,
2013). Este estudo de caso focaliza o escopo da obra e as relações entre cliente, projeto e
construção, que pode ser a entrega do design (projeto técnico), a entrega da construção ou a
entrega do design e construção integrados, conforme definido e representado nas
possibilidades mostradas nas FIG. 3 e 4, no capítulo do Referencial Teórico.
A análise comparativa entre o RDC e a Lei nº 8.666/1993 é o primeiro indício de inovação no
Método de Entrega, conforme descrito no QUADRO 7 do capítulo do Referencial Teórico,
que sumariza e compara algumas das abrangências da aplicação da Lei nº 12.462/2011 (RDC)
e da Lei nº 8.666/1993 (geral de licitações). O comparativo indica claramente que o Método
de Entrega de Projeto DB (design/build) é um método novo em relação aos métodos previstos
na lei estabelecida.
130
O RDC denominou o Método de Entrega de Projeto DB (design/build) como sendo a
Contratação Integrada de Projeto e Construção. A Contratação Integrada descrita no RDC é a
formalização de um único instrumento contratual para a entrega dos projetos técnicos de
engenharia e da execução dos serviços da obra.
No Edital nº 165/2013, os lotes de obras foram contratados pelo método de entrega DB
(design/build), ou seja, Contratação Integrada de Projeto (design) e Construção, o que
evidencia uma inovação.
Consta na página 3 do Edital nº 165/2013 a informação sobre o escopo a ser contratado para
os lotes de obra, conforme Item 1, que trata do objeto do Edital, que informa:
O objeto da presente licitação é a contratação de empresas para Elaboração dos
Projetos Básico e Executivo e Execução das Obras de Adequação de
Capacidade da Rodovia BR- 381/MG (Norte), incluindo Duplicação,
Melhoramentos e Ampliação de Capacidade e Segurança de segmentos do trecho
Div. ES/MG – Div. MG/SP, subtrecho Entrº BR-116/MG (Governador Valadares) –
Entrº MG-020 (Av. Cristiano Machado /Belo Horizonte), segmento Km 155,4 – Km
458,4, 11 (onze). Lotes, conforme adiante descrito, com fundamento legal no inciso
IV, art. 1º, da Lei nº 12.462, de 05 de agosto de 2011, de acordo com as exigências e
demais condições e especificações expressas neste Edital e em seus Anexos (grifo
nosso).
O item 1 do Edital evidenciou a responsabilidade da contratada pela elaboração dos projetos
técnicos e pela construção da obra. Isso caracteriza o Método de Entrega de Projeto do tipo
DB (Design/Buid). Um único contrato foi firmado entre o particular (consórcio) e o órgão
público (DNIT) para a elaboração do projeto (design) e construção. Esse tipo de contrato foi
apresentado no Referencial Teórico pela FIG. 4.
Da análise documental, ficou evidenciado que o Método de Entrega de Projeto adotado não
era previsto na Lei Geral de Licitações nº 8.666/1993, em que foi possível inferir que ocorreu
uma inovação com a utilização do RDC no Edital de licitação nº 165/2013, quanto ao escopo
dos contratos de obras (Método de Entrega de Projeto).
Os respondentes do questionário informaram que o Método de Entrega de Projeto DB foi o
agente motivador da formação de redes verticais nos consórcios constituídos, entre a Empresa
Focal e a empresa da cadeia de suprimentos fornecedora de projetos.
131
Foram analisados os conteúdos dos questionários respondidos, cujas questões abertas sobre
este tema são as de números 4, 5, 7, 8 e 9. As questões fechadas são as de números 4, 5, 6, 7,
8, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 22.
A Questão 9 - aberta trata especificamente do Tipo de Licitação adotado pelo Edital e nela foi
solicitado aos respondentes que identificassem as inovações introduzidas no processo de
contratação pelo RDC quanto ao Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto).
A seguir, foram reproduzidas as partes relevantes das respostas da Questão 9 - aberta e da
entrevista, em que foram identificadas as variáveis analisadas, os respondentes e os trechos
reproduzidos.
Método de
Entrega
Respondente 1 “A inovação está na contratação integrada, que não era prevista na
Lei nº 8.666/1993. É a liberdade no dimensionamento dos projetos. Na
teoria, a contratante não tem que ‘aprovar’ o projeto, tem apenas que
‘aceitar’. Aprovação implica responsabilidade técnica compartilhada. A
aceitação não.”
Método de
Entrega
Respondente 3 “Nos casos em que atuei, sempre tem sido feita a contratação
integrada, que é uma novidade para as obras de infraestrutura.”
Método de
Entrega
e
Tipo de
Licitação
Respondente 4 “A Lei Geral de Licitações não prevê no rol de suas modalidades a
Contratação Integrada. Existe apenas a figura da Contratação Integral,
que diz respeito a contratos que podem abranger desde a construção até a
operação de uma Rodovia, por exemplo. Entretanto os projetos de
engenharia sempre são contratados por outro processo de licitação,
anterior ao processo de licitação de obras. Nesse caso, a empresa que
elaborou os projetos fica impedida de participar da licitação para
construção, cujo processo de contratação só pode ser iniciado após a
conclusão do projeto. Isso implica afirmar que, no processo conduzido
pela Lei de Geral de Licitações, temos dois processos de licitação e duas
contratações, enquanto no RDC temos uma licitação e uma contratação.”
Método de
Entrega
Respondente 5 “Embora possa ocorrer o risco de alterações on field do projeto ao longo
da fase de construção, acredito que um projeto (design) licitado na fase
de construção pode vir a reduzir custos. É preciso dar mais importância à
fase de planejamento, incluindo o design. Projeto e construção em um
mesmo contrato é uma nova maneira de se contratar.”
Método de
Entrega
Respondente 6 “A engenharia e os processos licitatórios no Brasil passam por
transformações e, para isso, tanto o poder público como os empresários
precisam inovar suas ideias e paradigmas, apresentando projetos para o
futuro, condizentes com a necessidade do mundo moderno. Não adianta
o empresário inovar e correr risco, sendo que grande parte do risco
assumido depende do poder público e sua ineficiência, ou seja, licenças
ambientais, desapropriação, concessionárias, etc. Inovamos em
transferir o projeto executivo para o contratado e perdemos em
critérios de riscos em vários pontos.”
132
Método de
Entrega
Respondente 7 “A contratação integrada é a principal inovação, capaz de conferir
maior agilidade às contratações de bens e serviços, reduzindo os
procedimentos burocráticos da licitação, reduzir fraudes, reduzindo
ocorrência de projetos mal elaborados que comprometam prazos e
custos, comprometendo o licitante a comprovar competências, e
gerenciamento em riscos controlados, gerando eficiência governamental
ao poder público.”
Método de
Entrega
e
Regime de
Execução
Respondente 9 “O projeto apenas está incluído na contratação se for o regime de
contratação integrada. Atenção, pois a integrada foi banalizada, o que
ensejou a alteração do art. 9 para melhor delimitar seu cabimento. Em
regra, os regimes preferenciais do RDC (integral, integrada e preço
global) são, em tese, mais onerosos, diante dos riscos assumidos pelo
particular – o que não significa que sejam menos vantajosos. A escolha
do regime não é discricionária, mas motivada em fatores técnicos e
econômicos. Nos demais regimes, o fluxo é o mesmo da LNL
(8.66/93).”
Método de
Entrega
Respondente 11 “RDC do tipo integrado, em que a empresa/consórcio é contratada
para o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução
das obras e todas as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do empreendimento. Após ordem de início, a
empresa/consórcio tem um prazo de 180 dias para entrega do projeto, no
entanto, em acordo com o contratante, a empresa pode fracionar a
entrega do projeto, e ele é desenvolvido concomitantemente com a obra,
entretanto os serviços só podem ser executados com projetos executivos
aprovados pelo órgão.”
Sobre o tipo de inovação, relacionado ao novo Método de Entrega de Projeto, utilizado no
Edital nº 165/2013 - DNIT, os respondentes afirmaram que:
Método de
Entrega
Entrevista “Coube ao nosso consórcio elaborar o projeto executivo, que foi
submetido a aprovação do DNIT. Depois de aprovado, fomos autorizados
a iniciar a execução das obras projetadas. No entanto não foi dada
liberdade para criar um projeto com soluções técnicas e executivas
novas. Todas as soluções autorizadas já eram velhas conhecidas de
nossa engenharia. O produto a ser entregue possui especificações e
métodos executivos tradicionais no DNIT. A única novidade foi a
contratação integrada de projeto e construção.”
Método de
Entrega
e
Regime de
Execução
Entrevista “Nenhum produto ou método executivo novo puderam ser criados,
tivemos que utilizar o que estava previsto no anteprojeto licitado. Não
houve como aplicar criatividade de engenharia em nosso projeto. A
vantagem que notamos é que o projeto também é nosso, e a qualquer
necessidade de adequação do projeto à realidade do local, não temos que
esperar por atuação de terceiros. É nossa responsabilidade fornecer o
projeto executivo e construir a rodovia, e é isso o que de fato pode
ser caracterizado com uma novidade dessa obra.”
133
Método de
Entrega
Entrevista “O projeto executivo teve que ser elaborado para os serviços já indicados
no anteprojeto do edital, segundo as especificações do DNIT, que trazem
em seu corpo a descrição de como os serviços dever ser executados, os
materiais a serem aplicados, os equipamentos a serem utilizados e os
processos de execução. Não foram introduzidas novidades em termo
do que devíamos executar e nem de como executar, haja vista que as
soluções foram dadas no anteprojeto.”
Método de
Entrega
Entrevista “Com esse tipo de contrato, temos que gerenciar projeto e construção,
que, apesar de ser uma novidade, está relacionado com a maneira de
conduzir o contrato e não com os processos executivos.”
Pelos relatos dos respondentes, pode-se inferir que a inovação percebida por eles foi
concernente ao modo de gerenciamento do contrato “relacionado com a maneira de conduzir
o contrato”, conforme afirmou o entrevistado da pesquisa. Não foi constatada inovação nos
processos de produção nem em produtos criados e nem nas tecnologias aplicadas.
Segundo o que foi relatado, o anteprojeto do edital definiu quais serviços serão entregues e os
processos produtivos para a sua construção, cujas características foram previamente definidas
nas especificações do DNIT, para os serviços indicados no anteprojeto. E também ficou
evidente que as especificações determinaram os bens de produção aplicados na execução de
cada serviço definido, que, acumulados, constituirão o produto final a ser entregue. O Edital
nº 165/2013 estabelece que o anteprojeto deve “[...] preparar elementos necessários e
suficientes, com nível de precisão adequado, a fim de caracterizar os serviços que serão
contratados, estabelecer normas, especificações e procedimentos, elaborar documentos
necessários do objeto a ser licitado” (BRASIL, 2013, p.41).
Observam-se no QUADRO 5 as seis alavancas para a inovação, segundo Davila, Epstein e
Shelton (2006, p. 59).
Três alavancas são relacionadas com a tecnologia: produto ou serviços, processo de
produção e tecnologia dos bens de produção aplicada.
Três alavancas são relacionadas com o modelo de negócio: proposta de valor
ofertado e obtido, a Cadeia De Suprimento e o público-alvo.
De acordo com o referencial teórico adotado nesta dissertação, a inovação na nova forma de
gerenciar, na qual o fornecedor dos projetos técnicos compõe o Consórcio do contrato
principal, evidencia a inovação da cadeia de suprimentos do modelo de negócio.
134
Mudou-se a forma de gerir o contrato ao deslocar o fornecedor da cadeia de suprimentos para
o consórcio contratado. O projetista assumiu papéis e responsabilidades em todo o escopo do
contrato. A formação da rede vertical de empresas em consórcio teve como consequência a
modificação na cadeia de suprimento da Empresa Focal, visto que alterou a relação com um
dos seus tradicionais fornecedores.
No presente estudo de caso, ficou constatado que a rede vertical à montante, na forma de
consórcio de empresas, deslocou o projetista situado à montante na cadeia dos fornecedores,
para dentro do consórcio responsável pelo contrato principal com o cliente, modificando a
cadeia de suprimento da Empresa Focal, conforme foi confirmado pelos respondentes da
pesquisa.
Método de
Entrega e
Tipo de Redes
Entrevista “Os nossos fornecedores de projeto passaram a fazer parte do
consócio, que, antes do RDC, eram constituídos apenas por empresas
construtoras. Consideramos isso um fator positivo na velocidade de
solução de problemas relacionados com projetos.”
Método de
Entrega e
Tipo de Redes
Entrevista “Sem dúvida, o fornecedor de projeto era o gargalo de nossa cadeia
de produção. Quando o projeto era de responsabilidade de empresa fora
do consórcio, tudo era mais lento para se resolver.”
Método de
Entrega e
Tipo de Redes
Entrevista “Nos moldes da Lei nº 8.666/1993, quando a obra era iniciada, o
contrato de elaboração do projeto executivo já havia sido encerrado.
Demorava muito a adequar o projeto, se houvesse a necessidade de
uma modificação a uma nova realidade física do local de
implantação da obra, o que é normal acontecer em obras rodoviárias.”
Método de
Entrega e
Tipo de Redes
Entrevista “Alteração de um projeto de um contrato já concluído pode provocar
grandes atrasos na condução da obra. Com o projetista deixando de ser
fornecedor e passando a parceiro, as soluções de questões de projetos
passaram a ser mais ágeis.”
Pelas evidências encontradas, pode-se inferir a ocorrência de uma inovação no sistema de
contratação por meio do novo Método de Entrega de Projeto, a partir da utilização da
contratação integrada de projeto (design) e construção DB, que modificou a relação na cadeia
de suprimento da obra, ao deslocar o fornecedor de projeto para o interior do consórcio
contratado.
Na configuração da contratação integrada DB, o projetista assumiu uma relação direta com o
construtor por meio do consórcio constituído e ainda com as firmas especializadas
135
subcontratadas e fornecedores, melhorando a agilidade nas soluções de eventuais problemas
técnicos surgidos. As empresas de projeto, quando alocadas como fornecedores na cadeia de
suprimentos, foram identificadas como o elemento de restrição da cadeia, nos casos de
necessidade de adequações do projeto. As obras se tornavam tão ágeis quanto a agilidade dos
projetistas na elaboração das soluções de adequação.
Quanto à inovação percebida, não foi entendida pelos respondentes como uma modificação
radical em relação ao formato anterior. Foram relatadas melhorias no componente de restrição
da cadeia de suprimento, que não chegaram a ser tratadas como algo que pudesse modificar
ou criar novos mercados, característicos das inovações radicais descritas no Referencial
Teórico, conforme expuseram Davila, Epstein e Shelton (2006). Dessa forma, ficou
evidenciada a ocorrência de uma inovação incremental na cadeia de suprimento, na
alavanca modelo de negócio.
A inovação incremental pressupõe melhorias no modelo de negócio ou na tecnologia
estabelecida. Essas melhorias são capazes de prolongar o posicionamento atual da empresa,
ou até mesmo produzir um avanço no presente desempenho (DAVILA; EPSTEIN;
SHELTON, 2006).
Relacionadas a esse assunto, foram analisadas as questões fechadas de número 4, 5, 6, 7, 8,
12, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 22. Na sequência, foram apresentados os resultados obtidos da
análise das respostas enviadas pelos pesquisados. Todas essas questões são relacionadas com
o sistema de licitação.
Na TAB. 4, mostraram-se as proposições das questões fechadas, que tratam dos assuntos
relacionados ao sistema de licitação quanto ao Tipo de Licitação, Regime de Execução e
Método de Entrega de Projeto deste estudo. Foi apresentada a análise da pesquisa para essas
questões, utilizando os critérios e equações descritos por Sanches, Meireles e De Sordi
(2011), para a apuração do grau de concordância da proposição (GCp) de cada uma das
proposições respondidas pelos pesquisados.
Cada uma das inferências feitas a partir das respostas às questões abertas foi confirmada por
um conjunto das questões fechadas, com o objetivo de verificar o grau de concordância em
relação a todos os pesquisados.
136
A TAB. 4 contém a indicação do grupo de questões fechadas relacionadas a cada uma das
inferências feitas a partir das questões abertas. Para a verificação do grau de concordância dos
pesquisados em relação às inferências, foram calculadas as médias das concordâncias das
proposições das questões fechadas correlacionadas a cada inferência.
O conteúdo da TAB. 5 indica o grau de concordância dos pesquisados para cada uma das
inferências feitas sobre o Sistema de Licitação previsto pelo RDC, provenientes das médias de
cada grupo de questões fechadas que confirmam as inferências.
Tabela 4 - Sistema de Licitação: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de
concordância
Qu
estã
o N
úm
ero
Questões
Não
ten
ho
co
nh
ecim
ento
(N
TC
) C
on
cord
o T
ota
lmen
te
(CT
)
Co
nco
rdo
bas
tan
te (
CB
a)
Co
nco
rdo
Po
uco
(C
P)
Não
co
nco
rdo
, nem
d
isco
rdo
(N
CN
D)
Dis
cord
o P
ou
co (
DP
)
Dis
cord
o B
asta
nte
(D
Ba)
Dis
cord
o T
ota
lmen
te
(DT
)
Med
ian
a O
bse
rvad
a
Dis
cord
ante
s d
a p
rop
osi
ção
(D
pr)
Co
nco
rdan
tes
com
a
Pro
po
siçã
o (
Cp
r)
Gra
u d
e C
on
cord
ânci
a d
a p
rop
osi
ção
(G
Cp
)
7 6 5 4 3 2 1 0
4 As empresas de projetos técnicos, participantes dos consórcios ou terceirizadas, são eficazes nas exigências do RDC.
-
21,2
1%
42,4
2%
24,2
4%
6,06
%
-
3,03
%
3,03
%
CBa
9,09
%
90,9
1%
90,9
1%
8 O Método de Entrega de Projeto (Contratação Integrada de Projeto e Construção) é atendido pela contratada, conforme as exigências do RDC.
-
54,5
5%
33,3
3%
6,06
%
6,06
%
- - - CT
3,03
%
96,9
7%
96,9
7%
12 A inversão de fase durante a licitação produz a esperada redução do prazo total do processo licitatório.
-
45,4
5%
39,3
9%
6,06
%
3,03
%
3,03
%
3,03
%
- CBa
7,58
%
92,4
2%
92,4
2%
15 Considerando as exigências impostas pelo RDC, o modelo de entrega design e construção tem se apresentado eficaz em obras de infraestrutura.
-
33,3
3%
39,3
9%
15,1
5%
3,03
%
9,09
%
- - CBa
10,6
1%
89,3
9%
89,3
9%
16 O RDC criou formas ágeis, econômicas e eficientes nos processos de contratação pública de obras.
-
36,3
6%
42,4
2%
12,1
2%
3,03
%
3,03
%
3,03
%
- CBa
7,58
%
92,4
2%
92,4
2%
19
Os projetos técnicos e a construção no mesmo contrato produz uma economia de prazo durante a fase interna dos órgãos públicos no processo de contratação.
-
45,4
5%
33,3
3%
9,09
%
3,03
%
-
6,06
%
3,03
%
CBa
10,6
1%
89,3
9%
89,3
9%
20 A contratação integrada, sem necessidade prévia dos projetos executivos, torna o RDC eficaz e apto para ser adotado em obras de infraestrutura.
-
39,3
9%
42,4
2%
3,03
%
3,03
%
3,03
%
6,06
%
3,03
%
CBa
13,6
4%
86,3
6%
86,3
6%
MÉDIAS DAS QUESTÕES 4, 8, 12, 15, 16, 19 e 20 -
39,3
9%
38,9
6%
10,8
2%
3,90
%
2,60
%
3,03
%
1,30
%
CBa
8,87
%
91,1
3%
91,1
3%
(Continua)
137
Tabela 4 - Sistema de Licitação: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de
concordância
Qu
estã
o N
úm
ero
Questões
Não
ten
ho
co
nh
ecim
ento
(N
TC
) C
on
cord
o T
ota
lmen
te
(CT
)
Co
nco
rdo
bas
tan
te (
CB
a)
Co
nco
rdo
Po
uco
(C
P)
Não
co
nco
rdo
, nem
d
isco
rdo
(N
CN
D)
Dis
cord
o P
ou
co (
DP
)
Dis
cord
o B
asta
nte
(D
Ba)
Dis
cord
o T
ota
lmen
te
(DT
)
Med
ian
a O
bse
rvad
a
Dis
cord
ante
s d
a p
rop
osi
ção
(D
pr)
Co
nco
rdan
tes
com
a
Pro
po
siçã
o (
Cp
r)
Gra
u d
e C
on
cord
ânci
a d
a p
rop
osi
ção
(G
Cp
)
7 6 5 4 3 2 1 0
5 As empresas contratadas, em consórcio ou isoladas, atendem às exigências de preço e matriz de responsabilidades do RDC.
-
33,3
3%
42,4
2%
15,1
5%
3,03
%
6,06
%
- - CBa
7,58
%
92,4
2%
92,4
2%
17
Os objetivos do RDC são todos alcançados e atendidos quando aplicado em obras de infraestrutura.
- -
6,06
%
6,06
%
9,09
%
30,3
0%
36,3
6%
12,1
2%
DP
83,3
3%
16,6
7%
83,3
3%
Inversão de sentido da proposição 17 para o cálculo da média
-
12,1
2%
36,3
6%
30,3
0%
9,09
%
6,06
%
6,06
%
CP
16,6
7%
83,3
3%
83,3
3%
22
A utilização do pregão eletrônico para oferta de proposta de preço melhora a eficácia do valor proposto, abaixo do limite máximo estabelecido e não divulgado previamente pelo órgão licitante.
-
9,09
%
9,09
%
6,06
%
21,2
1%
24,2
4%
24,2
4%
6,06
%
DP
65,1
5%
34,8
5%
65,1
5%
Inversão de sentido da proposição 22 para o cálculo da média
-
6,06
%
24,2
4%
24,2
4%
21,2
1%
6,06
%
9,09
%
9,09
%
CP
34,8
5%
65,1
5%
65,1
5%
MÉDIAS DAS QUESTÕES 5, 17 e 22 -
17,1
7%
34,3
4%
23,2
3%
11,1
1%
6,06
%
5,05
%
3,03
%
CBa
19,7
0%
80,3
0%
80,3
0%
6
Noto uma inovação na contratação pelo RDC quanto ao Tipo de Licitação (critério de seleção de empresas: menor preço global, preço e técnica), que tem apresentado resultado satisfatório.
- - -
3,03
%
6,06
%
18,1
8%
51,5
2%
21,2
1%
DBa 93
,94%
6,06
%
93,9
4%
7 Ocorreu inovação no Regime de Execução (forma de pagamento: preço unitário; preço global; preço global integrado) nos contratos de obra do RDC.
- - - -
3,03
%
18,1
8%
48,4
8%
30,3
0%
DBa
98,4
8%
1,52
%
98,4
8%
14 A opção pela contratação integrada do projeto e construção em um único processo de licitação e contrato é uma inovação na forma de contratação.
-
54,5
5%
39,3
9%
3,03
%
3,03
%
-
-
- CT
1,52
%
98,4
8%
98,4
8%
18 Os métodos previstos na Lei 8.666/1993 foram inovados pelo RDC quanto à forma de contratar as empresas responsáveis pelas implantações das obras
-
57,5
8%
33,3
3%
6,06
%
3,03
%
- - - CT
1,52
%
98,4
8%
98,4
8%
MÉDIAS DAS QUESTÕES 14 e 18 -
56,0
6%
36,3
6%
4,55
%
3,03
%
- - - CT
1,52
%
98,4
8%
98,4
8%
Fonte: Elaborado pelo autor.
(Continua) (Conclusão)
138
Agora é possível estabelecer relações entre as inferências provenientes das questões abertas e
as respostas às fechadas. As questões fechadas do questionário foram formuladas,
propositalmente, de modo a se relacionarem com as questões abertas. Para o tema Sistema de
Licitação, mostram-se na TAB. 5 as questões fechadas referentes aos assuntos abordados em
cada uma das inferências das questões abertas.
Estabelecidas essas relações entre as questões, é possível evidenciar o grau de concordância
médio das proposições fechadas relacionado a uma questão aberta. Com fundamento na escala
de intensidade do grau de concordância da proposição definido por Davis (1976), apresentou-
se, na TAB. 5, o resumo do resultado da análise da Categoria 2 – Sistema de Licitação.
Tabela 5 - Redes de Empresas: triangulação dos resultados das análises
Dimensão Inferências das Questões Abertas e da
Entrevista Questão Aberta
Documentos que
Confirmam
Questões Fechadas
que Confirmam
Grau de Concordân -cia Médio
Intensidade
Sistema de contratação
Inferência 5: A motivação para a aplicação do RDC foi, predominantemente, a agilidade nas fases de licitação e eficácia na produção do objeto do contrato.
4 - 4, 8, 12, 15, 16, 19 e 20
91,13% Uma
concordância forte
Inferência 6: As exigências contidas no RDC e que são relevantes para a obra, é o Regime de Execução por preço global e a responsabilidades exigidas das partes contratantes.
5 Processo
Adm Edital nº 165/2013
5, 17 e 22 80,30% Uma
concordância substancial
Inferência 7: Não foi identificada inovação no Tipo de Licitação (critério de seleção), visto que todos os critérios previstos pelo RDC fazem parte dos critérios previstos na Lei nº 8.666/1993.
7 Processo
Adm Edital nº 165/2013
6 93,94% Uma
concordância forte
Inferência 8: Não foi identificada inovação no Regime de Execução (critérios de pagamento), visto que o RDC aplica os mesmos critérios utilizados na Lei nº 8.666/1993.
8 Processo
Adm Edital nº 165/2013
7 98,48% Uma
concordância forte
Inferência 9: Foi identificada inovação incremental no sistema de contratação quanto ao Método de Entrega de Projeto, com a utilização da contratação integrada de projeto e construção - (design/Build – DB), que modifica a relação na cadeia de suprimento da obra, ao deslocar o fornecedor de projeto para o interior do consórcio contratado.
9 Processo
Adm Edital nº 165/2013
14 e 18 98,48% Uma
concordância forte
Fonte: Elaborada pelo autor.
Observa-se na TAB. 5, para as inferências 5, 7, 8 e 9, provenientes das questões abertas, uma
intensidade forte para o grau de concordância (GCp) dos pesquisados nas respectivas
proposições fechadas. A Inferência 6 apresenta intensidade substancial para o grau de
139
concordância dos pesquisados nas respectivas proposições fechadas. Isso mostra um alto grau
de adesão dos pesquisados às inferências feitas a partir das questões abertas e da entrevista
realizada.
Em relação à Inferência 5, descrita na TAB. 5, os resultados alcançados permitem evidenciar
que 39,39% dos participantes responderam que concordam totalmente, e 38.96% responderam
que concordam bastante com as questões fechadas 4, 8, 12, 15, 16, 19 e 20. Isso confirma que
a motivação para a aplicação do RDC foi, predominantemente, a agilidade nas fases de
licitação e eficácia na produção do objeto do contrato, conforme pode ser observado no
GRAF. 5.
Gráfico 5 - Concordância das questões fechadas 4, 8, 12, 15, 16, 19 e 20, que confirmam a
Inferência 5
De acordo com a análise das respostas, os participantes consideram que o atendimento das
empresas aos projetos técnicos de engenharia e à construção da obra é eficaz em relação às
exigências do RDC. Foi de 91,13%, o grau de concordância dos pesquisados para as questões
fechadas 4, 8, 12, 15, 16, 19 e 20, relacionadas à Inferência 5.
039%
039%
011%
004%003%
003%001%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
Discordo Pouco (DP)
Discordo Bastante (DBa)
Discordo Totalmente (DT)
009%
091%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 4 e 5.
140
Essa verificação é certificada na literatura por Quintella (2014), ao afirmar que, com a criação
do RDC, a administração pública tem tido suas necessidades atendidas de forma mais urgente,
pois, a partir de então, passou a ter uma ferramenta que lhe oferece agilidade, economia e
eficiência na contratação pública em obras de infraestruturas. Os pesquisados afirmaram que a
transferência da elaboração dos projetos de engenharia para os consórcios construtores é
capaz de proporcionar uma economia de prazo nos processo do RDC.
Tendo como fundamento a análise e avaliação dos dados, relativamente à Inferência 6,
descrita na TAB. 5, notou-se que 17,17% dos participantes responderam que concordam
totalmente, 34,34% responderam que concordam bastante e 23,23% responderam que
concordam um pouco com as questões fechadas 5, 17 e 22. Isso confirma que as exigências
contidas no RDC e que são relevantes para a obra são o Regime de Execução (por preço
global) e as responsabilidades exigidas das partes contratantes, conforme pode ser observado
no GRAF. 6.
Gráfico 6 - Concordância das questões fechadas 5, 17 e 22, que confirmam a Inferência 6
Os respondentes afirmaram que as empresas contratadas em consórcio ou isoladas
reconhecem a importância das exigências dos contratos por preço global e da matriz de
017%
034%023%
011%
006%
005%003%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
Discordo Pouco (DP)
Discordo Bastante (DBa)
Discordo Totalmente (DT)
020%
080%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 4 e 5.
141
responsabilidades do RDC. O grau de concordância dos pesquisados para as questões
fechadas 5 e 17 e 22 foi de 94,45% para a Inferência 6.
Entretanto os objetivos do RDC ainda não são todos alcançados quando utilizado em obras de
infraestrutura, estando ainda em processo de evolução. O respondente 9 destaca que “o
atingimento desse objetivo parte, contudo e necessariamente, de um bom planejamento na
fase interna, prosseguido em boa gestão/fiscalização do contrato. Vejo que as potencialidades
do RDC ainda estão subaproveitadas”.
Na literatura, Bicalho (2013), Almeida (2014) e Heinen (2014) afirmam que a Lei do RDC é
um conjunto de normas ainda em evolução, que precisa passar por um processo de
consolidação.
Relativamente à Inferência 7, descrita na TAB. 5, depois de analisada a questão fechada 6,
notou-se que 21,21% dos participantes responderam que discordam totalmente, 51,52%
responderam que discordam bastante e 18,18% responderam que discordam um pouco da
proposição de que foi identificada inovação no Tipo de Licitação (critério de seleção),
conforme pode ser observado no GRAF. 7.
Gráfico 7 - Concordância da questão fechada 6, que confirma a Inferência 7
003% 006%
018%
052%
021%
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
Discordo Pouco (DP)
Discordo Bastante (DBa)
Discordo Totalmente (DT)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 4 e 5.
094%
006%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
142
Verificou-se com os participantes da pesquisa que não foi observada a ocorrência de inovação
no processo de contratação pelo RDC quanto ao Tipo de Licitação (critério de seleção de
empresas com proposta mais vantajosa: menor preço global, preço e técnica). O grau de
concordância dos pesquisados para as questões fechadas 5 e 17 e 22 foi de 94,45% para a
Inferência 7.
As proposições 17 e 22 têm o sentido invertido, isto é, foram construídas para que os valores
mais desejados estejam na coluna de Discordo Totalmente (DT). Assim, seus valores de
concordâncias foram invertidos para o cálculo das médias, conforme indica a TAB. 4.
A partir da análise da resposta à questão fechada 7, referente à Inferência 8, descrita na TAB.
5, percebeu-se que 30,30% dos participantes responderam que discordam totalmente, 48,48%
responderam que discordam bastante e 18,18% responderam discordar um pouco da
proposição de que foi identificada inovação no Regime de Execução (critérios de pagamento),
conforme pode ser observado no GRAF. 8.
Gráfico 8 - Concordância da questão fechada 7, que confirma a Inferência 8
003%
018%
048%
030%
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
Discordo Pouco (DP)
Discordo Bastante (DBa)
Discordo Totalmente (DT)
098%
002%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 4 e 5.
143
Nota-se que, pelo grau de concordância, 98,48% dos pesquisados admitem não terem sido
introduzidas inovações no Regime de Execução das obras de infraestrutura e, considerando tal
resultado, entende-se que esse é um fator que precisa ser analisado e revisto pela
Administração Geral, de modo a haver nos contratos critérios de pagamentos que possibilitem
que as economias conquistadas sejam revertidas em benefício das partes, e não apenas para o
erário. Conforme citado pelo respondente 2, “a utilização dos contratos por peço global com
ajuste de economia para as partes, o que motiva a busca por economias revertidas para o
contratado e o contratante, não apenas para o contratante. Esse tipo de contrato não é previsto
para contratações de obras públicas no Brasil.”
Com base na análise e avaliação dos dados, relativamente à Inferência 9, descrita na TAB. 5,
verificou-se que 56,06% dos participantes responderam que concordam totalmente e 36,36%
responderam que concordam bastante com as questões fechadas 14 e 18, conforme indica o
conteúdo do GRAF. 9. Isso confirma que foi identificada inovação incremental no sistema de
contratação quanto ao Método de Entrega de Projeto, com a utilização da contratação
integrada de projeto e construção - (design/Build – DB), que modifica a relação na cadeia de
suprimento da obra, ao deslocar o fornecedor de projeto para o interior do consórcio
contratado.
Gráfico 9 - Concordância das questões fechadas 14 e 18, que confirmam a Inferência 9
056%036%
005% 003%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
002%
098%
Grau de Concordância
Discordantes da Proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 4 e 5.
144
De acordo com o entendimento da resposta, os participantes consideram que houve inovação
no Método de Entrega de Projeto por meio dos contratos integrados de projeto e construção.
Em relação à inferência 9, foi de 98,48% o grau de concordância dos pesquisados com as
questões fechadas 14 e 18, conforme indicado no GRAF. 9.
Para Molenaar, Songer e Barash (1999), os contratos integrados de projeto e construção do
tipo D/B foram caracterizados com uma forma de inovação no modelo de contratação entre o
poder público e os construtores no mercado internacional. Entretanto, no Brasil, esse Método
de Entrega de Projeto foi previsto e utilizado apenas com o advento do RDC.
4.3 Categoria de Análise 3: Cadeia de Suprimentos
Esta categoria de análise identificou o que influenciou a cadeia de suprimentos da obra com
maior peso, em consequência da utilização do Regime Diferenciado de Contratação (RDC),
na visão dos profissionais participantes, conforme investigação pretendida nos objetivos
específicos desta pesquisa.
Complementarmente, foi desenhada a cadeia de suprimentos de maneira a representar o fluxo
de bens e serviços do contrato de obra deste estudo de caso. Para tanto, foi feita a observação
direta dos trabalhos executados em um dos contratos originados da licitação do Edital nº
165/2013 - DNIT.
Em conjunto, foram analisadas as informações contidas nas respostas da entrevista e dos
questionários aplicados aos gestores das empresas envolvidas no processo de licitação,
também com a finalidade de identificar de que maneira o RDC afetou a cadeia de suprimentos
da obra.
As questões abertas referentes a esse tema são as de números 3 e 10. As questões fechadas são
as de números 2 e 3. A seguir, foram reproduzidos alguns trechos relevantes das respostas às
perguntas abertas fornecidas pelos pesquisados.
A Questão 3 - aberta aborda os efeitos na cadeia de suprimentos, e a Questão 10 - aberta
aborda o que influenciou a cadeia de suprimentos, ambos – efeitos e influência – em
consequência da utilização do RDC nos contratos de obras de infraestrutura firmados com o
145
poder público. Sobre esses temas, foram identificados as variáveis analisadas, os respondentes
e os trechos reproduzidos dos questionários e da entrevista.
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 1 “As subcontratações continuam limitadas, assim como na Lei 8666 é
limitada. O que acontece é uma extrapolação desses percentuais por
necessidade e por não haver fiscalização eficiente.”
Cadeia de
Suprimentos
Respondente 1 “Com os projetos técnicos executivos sendo criados e gerenciados
diretamente pelo construtor, ficou mais fácil interferir nos eventos que
normalmente obrigam a paralisação das obras por motivos técnicos; com
isso os fornecedores e prestadores de serviços mostraram-se mais
confiantes na continuidade das atividades sem interrupções.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 4 “As limitações impostas pelo RDC/contrato, são interessantes para o
empreendimento para garantir que a responsabilidade de “entrega” esteja
sempre lastreada pela rede detentora do contrato, e evita a pulverização.
Todavia o estabelecimento de um percentual (30%) para contrato de
terceirização pode ser inferior à necessidade de contratação de
empresas especializadas.”
Cadeia de
Suprimentos
Respondente 4 “Você consegue ter uma matriz de risco bem definida, porém existe uma
falha na importância dada a esse documento, quase tudo passou a ser
responsabilidade das empresas. Nem tudo pode ser resolvido com
adequações de projeto, que agora é de controle das empresas, mesmo
que seja um facilitador para que a cadeia de suprimentos esteja
constantemente operacional.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 5 “O limite é estabelecido pelo contrato com as empresas no sistema da
contratante. Geralmente, a subcontratação é limitada de acordo com o
contrato específico, mas em geral proíbe a execução da atividade final da
obra. Essa atividade final é menor que 70% do contrato, fazendo com
que a limitação de 30% seja desnecessária”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 5 “O tamanho e o escopo de um contrato RDC reduz o risco das
interfaces de escopo e contrato. Também permite a formação de
parcerias diretas entre a contratada e seus subfornecedores, desde
que devidamente autorizadas pela contratante. Todavia a gestão de
riscos ocorre meio que sem muita transparência.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 5 “As empresas deveriam ter mais liberdade de contratação sem o
limite de 30% exigido pelo contratante. A responsabilidade pela
execução e a garantia da obra independe do executor; essa
responsabilidade sempre será da empresa que assinar o contrato e
comprovar as garantias necessárias.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 6 “A gestão de todos os recursos necessários para um contrato era muito
penalizada pela instabilidade na relação construtora-DNIT-projetista.
Com a relação direta construtora-projetista, os imprevistos são
reduzidos. Nos contratos por preço global é muito difícil a contratação
de subempreiteiro, a insegurança é enorme e o risco é muito grande.”
146
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 6 “As exigências do RDC mantêm restrito o percentual de
subcontratação evitando subdividir excessivamente o empreendimento,
fator preventivo aos compromissos de responsabilidades técnicas, porém
há empreendimentos de grande complexidade e destaca-se a
necessidade de percentual maior de subcontratação ao praticado, o
que restringe as amplas cadeias de suprimento.”
Cadeia de
Suprimentos
Respondente 7 “Em atendimento às exigências do RDC, onde as parcerias de
competências distintas foram formalizadas, a qualidade dessa cadeia de
suprimento requer uma gestão complexa, mapear e priorizar com
estratégias para lidar com as demandas específicas, ela não pode ter
fatores desconhecidos e comprometedores dos fluxos da cadeia. Essa
redução de riscos através da gestão bem planejada de projeto e
construção é uma consequência importante em atender contratos
públicos pelo RDC.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 7 “O edital limita a contratação de subempreiteiros em 30%. Para o
nosso contrato, seria oportuno que não existisse este limite. Os serviços
com necessidade de contração de firmas especializadas são
superiores ao limite colocado.”
Cadeia de
Suprimentos
Respondente 8 “O regime de execução por Preço Global com contratação integrada
facilita a parceria com subempreiteiros que podem ajudar nas soluções
em caso de impasse técnico entre realidade e projeto executivo.
Passamos para os fornecedores maior segurança de continuidade da
obra quando a projeto é de nossa responsabilidade.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 8 “[...] O edital deve estabelecer o limite passível de subcontratação,
que não deve incidir sobre o objeto central de capacidade técnica
comprovada na fase de licitação. O subcontratado deve comprovar
capacidade técnica.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Respondente 9 “A forma como o orçamento (do poder público) foi elaborado é fator
determinante para a resposta. Certamente a segurança da proposta estará
tão mais protegidas quanto maiores forem as informações do edital, de
forma que o licitante tem visão do conjunto. É nesse momento (de
precificação) que ele se compromete a executar por tal preço –
portanto, nesse momento, deve ter controle das possíveis
subcontratações, fornecedores, etc. Formular proposta em RDC
pressupõe estudo do projeto, e não apenas preenchimento das planilhas
com referências.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Entrevista “Não percebemos implicações provocadas pelo Regime Diferenciado de
Contratação nas relações com os nossos fornecedores de materiais.
Também não percebemos influência do Regime Diferenciado de
Contratação no relacionamento com os nossos prestadores de serviços
para as atividades mais especializadas. A limitação imposta pelo RDC é
o que achamos ter tido maior consequência nas nossas relações com
as empresas parceiras do nosso consórcio. Gostaríamos de formar
mais parceria que o estabelecido pelo limite do contrato.”
147
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Entrevista “O nosso contrato tem muitos serviços que são executados por firma
especializada. O percentual de serviços especializado é em torno de
45%. Estamos firmando contrato com empresas de proteção de cabo de
aço como se fossem fornecimentos, para não caracterizar subempreitada.
Assim, evitamos estourar os 30% limitados pelo contrato.”
Cadeia de
Suprimentos e
Terceirização
Entrevista “A internalização dos projetos executivos, além de dar maior agilidade
nas soluções de eventuais necessidades de correção, permite maior
participação de todos os colaboradores, que podem ter contato direto
com os responsáveis pelas soluções técnicas. Em um exemplo prático,
posso citar a caso de necessidade de reforço de fundação, em que foi
preciso mudar a solução de projeto de tubulão para fundação profunda
em estacas. Em contratos tradicionais, teríamos que paralisar a
construção da ponte, nos contratos apenas de construção, em que o
projeto é por conta do DNIT. O DNIT e o TCU proíbem a execução de
serviços que não estejam com os projetos devidamente aprovados e com
os aditivos de preços novos aprovados. Sabemos que este processo leva
no mínimo 4 meses para terminar. Em nosso contrato integrado a solução
foi dada em 24 horas, o prazo do cálculo estrutural para a nova solução.
Nesse tipo de contrato não temos que aprovar preços novos, as
responsabilidades técnicas são conjuntas entre projetistas e
construtores.”
Pela análise do que foi exposto pelos respondentes, pode-se inferir que os maiores efeitos
produzidos na cadeia de suprimentos têm origem na limitação em 30% para as
subcontratações. Também, verificou-se que o RDC influenciou na gestão dos fluxos de bens e
serviços por meio da contratação integrada de projeto e construção (DB). A contratação
integrada foi identificada pelos pesquisados e nos documentos analisados como uma inovação
derivada da utilização do RDC.
Para a representação da cadeia de suprimento da obra rodoviária estudada, foi realizada a
observação direta nos locais de execução dos serviços, objetivando identificar como os bens e
serviços transitam para que cada elemento da obra possa ser executado. Na ocasião, foi
possível verificar diretamente vários aspectos de todas as respostas fornecidas pelos
profissionais no questionário aplicado.
Identificaram-se como os processos de gestão e produção são realizados, desde a origem das
demandas, seguido pelas solicitações de atendimento das necessidades demandadas e, na
sequência, os atendimentos às requisições.
O propósito desta pesquisa foi obter informações suficientes para representar um desenho
esquemático do fluxo dos principais componentes da cadeia de suprimentos da obra em
148
estudo, sem abordar nos detalhes das eficácias na gestão do fluxo de informações, financeiro e
de bens e serviços.
A representação esquemática da cadeia de suprimento da obra foi suficientemente detalhada
para mostrar os principais aspectos encontrados na pesquisa, tal como a relação direta entre
projetista e construtor e, consequentemente, entre projetistas, fornecedores e subempreiteiros.
Não foram abordados, em profundidade, os tipos de cadeia de suprimento, nem os conceitos
das melhores gestões nem a verificação da eficácia de operação do fluxo de insumos da
cadeia.
No momento em que se realizou a presente pesquisa, a obra encontrava-se na fase inicial de
execução dos serviços contratados, mas em plena operação. As instalações de produção de
insumos – por exemplo, britagem, massa asfáltica e concreto – estavam mobilizadas e em
processo de produção. Isso permitiu obter as informações das etapas produtivas, inclusive
verificar como foram geradas e percebidas as demandas por insumos da cadeia de
suprimentos de cada um dos serviços em execução.
A observação das atividades de produção e de gerenciamento da obra evidenciou como o
fluxo de informações inicia o processo de fornecimento de insumos da cadeia de suprimentos.
Os gestores da obra elaboram programações semanais dos trabalhos. As necessidades
demandadas pela cadeia de suprimentos foram obtidas a partir das informações geradas dessas
programações dos trabalhos.
A origem da demanda é a programação do que será executado no próximo período semanal. A
programação é sempre elaborada para a semana seguinte em relação à semana corrente em
execução. Observa-se, na FIG. 18, que a programação tem origem no planejamento mensal,
que, por sua vez, é retirado do planejamento global para a conclusão da obra, e engloba todas
as atividades relacionadas aos serviços que serão executadas no período seguinte, inclusive as
ações de gerenciamento.
Cada quantidade de serviço programado tem um vínculo com todos os insumos necessários
para a sua completa execução, inclusive as ações de gerenciamento, como a necessidade de
solicitar pedidos a um determinado fornecedor, caso não exista estoque suficiente, ou a
necessidade de encontrar fornecedores para novos insumos.
149
Toda a demanda é gerada automaticamente a partir da conclusão da programação semanal,
por meio de um software de gestão Planejamento de Recursos Empresariais (Enterprise
Resource Planning - ERP), sendo uma de suas funções a gestão da cadeia de suprimento
(Supply Chain Management - SCM).
A partir da representação esquemática na FIG. 19, pode-se observar a origem das demandas e
o fluxo de bens e serviços das principais atividades de produção. As atividades de
planejamento contam com a participação direta do projetista da obra, que tem informações em
tempo real das necessidades de adequação de projeto, o que proporciona agilidade nas
soluções em caso de imprevistos, conforme foi relatado pelos respondentes do questionário e
por meio de observação direta dos serviços executados.
As informações contidas na FIG. 18 mostram que, anteriormente ao advento do RDC, os
projetos eram de responsabilidade do contratante (DNIT), o que impedia a participação dos
projetistas nas atividades de gestão da construção da obra. Antes do RDC, diante de qualquer
necessidade de alteração do projeto, o fato deveria ser comunicado ao DNIT, que se
encarregava de notificar o projetista e solicitar as devidas modificações. Não havia o contato
direto entre construtor e projetista, o que provocava demoras de até 6 meses na solução da
questão de projeto.
Método de
Entrega
Entrevista “Nos contratos apenas de construção, em que o projeto é por conta do
DNIT, o DNIT e o TCU proíbem a execução de serviços que não estejam
com os projetos devidamente aprovados e com os aditivos de preços
novos aprovados. Sabemos que esse processo leva no mínimo 4 meses
para terminar. Em nosso contrato integrado a solução foi dada em 24
horas, o prazo do cálculo estrutural para a nova solução. Nesse tipo de
contrato não temos que aprovar preços novos, as responsabilidades
técnicas são conjuntas entre projetistas e construtores.”
Foi notado que a presença do projetista no cotidiano da obra propiciou agilidade nas ações de
correções das necessidades de adequações dos projetos, conforme foi inferido pela análise das
respostas dos participantes da pesquisa e pela observação direta nos locais de execução dos
serviços.
150
AREAL BRITADOR
FORNECIMENTO DE MATERIAL BETUMINOSO
FORNECIMENTO DE CIMENTO
SILOS
AQUECEDOR DE AGREGADOS
MISTURADOR
TANQUE DE ESTOCAGEM DE ASFALTO
TRANSPORTE DE MASSA ASFÁLTICA
TRANSPORTE
CENTRAL DE CONCRETO
FRENTES DE SERVIÇO
PLANELAMENTO MENSAL DA OBRA
PROGRAMAÇÃO SEMANAL
PLANELAMENTO GERAL DA OBRA
Fluxo de bens e serviços da obra
SUBEMPREITEIROSLIMITE DE 30% DOVALOR DO CONTRATO
DEMANDA DE MATERIAIS,
EQUIPAMENTOS E MÃO DE OBRA
EVENTUAIS NECESSIDADES DE
ADEQUAÇÃO DE PROJETO(EFEITO DO RDC)
CLIENTE CONTRATANTE (DNIT)
ANTERIORMENTE AO RDC, PELA LEI 8.666/93, A
RESPONSABILIDADE PELO PROJETO ERA DO DNIT
CONSÓRCIO: - CONTRUTORA A-CONTRUTORA B-EMPRESA PROJETISTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 18 - Origem da demanda e fluxo de bens e serviços de produção da obra
151
Relacionadas a esse assunto, analisaram-se as questões fechadas de números 2 e 3. Na
sequência, foram apresentados os resultados obtidos da análise das respostas enviadas pelos
pesquisados. Todas essas questões são relacionadas com o sistema de licitação.
Apresentam-se, na TAB. 6, as proposições das questões fechadas que tratam dos assuntos
relacionados com a cadeia de suprimentos do caso estudado. Foi feita a análise dessas
questões, utilizando os critérios e equações descritas por Sanches, Meireles e De Sordi (2011),
para a apuração do grau de concordância da proposição (GCp) de cada uma das proposições
respondidas pelos pesquisados.
Tabela 6 - Cadeia de Suprimentos: relação entre as questões abertas e fechadas, e o grau de
concordância
Qu
estã
o N
úm
ero
Questões
Não
ten
ho
co
nh
ecim
ento
Co
nco
rdo
T
ota
lmen
te (
CT
)
Co
nco
rdo
Bas
tan
te
(CB
a)
Co
nco
rdo
Po
uco
(C
P)
Não
Co
nco
rdo
, Nem
D
isco
rdo
. (N
CN
D)
Dis
cord
o P
ou
co (
DP
)
Dis
cord
o B
asta
nte
(D
Ba)
D
isco
rdo
To
talm
ente
(D
T)
Med
ian
a O
bse
rvad
a
Dis
cord
ante
s d
a p
rop
osi
ção
(D
pr)
C
on
cord
ante
s co
m a
P
rop
osi
ção
(C
pr)
G
rau
de
Co
nco
rdân
cia
da
Pro
po
siçã
o (
GC
p)
7 6 5 4 3 2 1 0
2
Os efeitos do RDC na cadeia de suprimentos das obras, tais como a integração dos projetos técnicos e da construção em um mesmo contrato, a limitação de terceirização em no máximo 30% do valor do contrato, são atendidos pelos consórcios contratadas para a execução das obras.
-
30,3
0%
60,6
1%
6,06
%
-
3,03
%
-
-
CBa 3,
03%
96,9
7%
96,9
7%
3
As ações dos consórcios são efetivas para a gestão da cadeia e suprimentos das obras quanto a gerir a capacidade produtiva, os fornecedores e as expectativas do cliente contratante.
-
24,2
4%
60,6
1%
12,1
2%
-
3,03
%
-
-
CBa
3,03
%
96,9
7%
96,9
7%
Fonte: Elaborada pelo autor.
Dessa forma, é possível estabelecer relações entre as análises das questões abertas e fechadas.
As questões fechadas do questionário foram formuladas, propositalmente, de modo a se
relacionarem com as questões abertas. Para o tema “Cadeia de Suprimentos”, observam-se na
TAB. 7 quais questões fechadas são referentes aos assuntos abordados em cada um dos temas
das questões abertas.
152
Estabelecidas essas relações entre as questões, é possível evidenciar o grau de concordância
médio das proposições fechadas relacionadas a uma questão aberta, conforme apresentado na
TAB. 7.
Tabela 7 - Redes de Empresas: triangulação dos resultados das análises
Dimensão Inferências das Questões Abertas e da
Entrevista Questões Abertas
Documentos que
Confirmam
Questões Fechadas
que Confirmam
Grau de Concordân -cia Médio
Intensidade
Cadeia de Suprimento
Inferência 10: A cadeia de suprimento foi notadamente afetada pelo limite de 30% para as subcontratações.
3 Observação
Direta 2 96,97%
Uma concordância
forte
Inferência 11: A contratação integrada permitiu um melhor gerenciamento da cadeia de suprimento, pela relação direta entre o projetista e construtores, impedindo paralisação de obra por necessidade de adequações de projeto.
10 Observação
Direta 3 96,97%
Uma concordância
forte
Inferência 12: A representação esquemática da cadeia de suprimento da obra pode ser visualizada na FIG. 18.
Observação
Direta - - -
Fonte: Elaborada pelo autor.
Diante da escala da intensidade do grau de concordância da proposição definida por Davis
(1976), apresentou-se, na TAB. 7, o resumo do resultado da análise da Categoria 3 – Cadeia
de Suprimentos.
Observa-se, na TAB. 7, que as inferências 10 e 11, feitas a partir das questões abertas, uma
intensidade forte para o grau de concordância (GCp) dos pesquisados nas respectivas
proposições fechadas. Especificamente sobre a Inferência 12, que trata da representação
esquemática da cadeia de suprimentos, as relações percebidas foram evidenciadas pela
observação direta dos componentes. Para este estudo, não houve uma investigação da
percepção dos pesquisados.
Os resultados alcançados relativamente à Inferência 10, descrita na TAB. 7, permitem
evidenciar que 30,30% dos participantes responderam que concordam totalmente e 60,61%
responderam que concordam bastante com a questão fechada 2. Isso confirma que a cadeia de
153
suprimento foi notadamente afetada pelo limite de 30% para as subcontratações, conforme
pode ser observado no GRAF. 10.
Gráfico 10 - Concordância da questão fechada 2, que confirma a Inferência 10
Na obra estudada, foi verificado que os serviços altamente especializados ultrapassaram os
30% de terceirização permitida pelo contrato. Dessa forma, por se tratar de serviços ainda a
serem executados, após o encerramento desta pesquisa, caberá ao consórcio a internalização
das competências necessárias para uma séria de serviços especializados.
Nota-se que os participantes da pesquisa afirmaram que a limitação de terceirização de, no
máximo, 30% do valor do contrato vem sendo atendida pelos consórcios contratados para a
execução das obras, com um grau de concordância de 96,97%, conforme indicado no GRAF.
10.
Os resultados obtidos da análise relacionada à Inferência 10, descrita na TAB. 7, permitem
evidenciar que 24,24% dos participantes responderam que concordam totalmente, e 60,61%
responderam que concordam bastante com a questão fechada 3. Isso confirma que a
contratação integrada permitiu um melhor gerenciamento da cadeia de suprimento, pela
relação direta entre o projetista e construtores, impedindo paralisação de obra por necessidade
de adequações de projeto, conforme pode ser observado no GRAF. 11.
030%
061%
006% 003%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
003%
097%
Grau de Concordância
Discordantes da proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 6 e 7.
154
Gráfico 11 - Concordância da questão fechada 3, que confirma a Inferência 11
Nota-se que os participantes da pesquisa afirmaram que as ações dos consórcios são efetivas
para a gestão da cadeia e suprimentos das obras, quanto a gerir a capacidade produtiva, os
fornecedores e as expectativas do cliente contratante, com um grau de concordância de
96,97%, conforme indicado no GRAF. 11.
Considerando o resultado acima observado, pode-se afirmar que a gestão integrada dos
processos, bem como a gestão de cadeia de suprimento e logística, tem se tornado
fundamental para que uma empresa possa desenvolver uma gestão que a torne competitiva.
Nesse aspecto, Kopczak e Johnson (2003) sinalizaram que a gestão integrada da cadeia de
suprimentos é uma forma de promover mudanças no pensamento empresarial, pois poderá
desenvolver melhores práticas na conquista de vantagens competitivas.
4.4 Categoria de Análise 4: Modelo de Representação de Recursos e Atores de Rede de
Construção Civil
Este item trata da categoria de análise do Modelo de Representação de Atores e Recursos para
Operacionalização e Reconfiguração de Rede de Construção Civil, cujo objetivo é o de criar
uma representação esquemática das principais unidades que compõem a estrutura
024%
061%
012%
003%
Concordo Totalmente (CT)
Concordo Bastante (CBa)
Concordo Pouco (CP)
Não Concordo, Nem Discordo (NCND)
003%
097%
Grau de Concordância
Discordantes da proposição (Dpr)
Concordantes com a Proposição (Cpr)
Fonte: Dados da pesquisa dispostos nas TAB. 6 e 7.
155
organizacional da obra, incluindo as divisões funcionais e seus papéis, além dos recursos
necessários para a produção do objeto contratado.
As informações foram obtidas pela observação direta nas unidades de gestão e produção da
obra, conforme previsto no capítulo dos procedimentos metodológicos, e com a total adesão e
colaboração dos participantes da obra pesquisada. Por se tratar de um estudo de caso, a
representação não pode ser generalizada, todavia serve de referência para a criação de
modelos de representação de outros empreendimentos.
A pesquisa mostrou a representação da configuração inicial dos atores e recursos para a
execução dos trabalhas contratados. As informações da FIG. 19, adiante, exibem o corte
transversal que representa a situação da obra depois de concluído 6% do total. “O modelo de
atores e recursos evidencia a similaridade do modus operandi da execução de
empreendimento no subsetor da construção” (GUERRINI; VERGNAB, 2011, p. 17). Essa
representação deverá ser reconfigurada no decorre da obra, à medida que surgem necessidades
de mudanças em seus componentes, principalmente nas atividades de produção.
Para o comparativo entre a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 e a Lei Geral de Licitações
nº 8.666/93, verificou-se a inovação relacionada ao inciso V do art. 8, da lei do RDC,
relacionada com as Contratações Integradas e Construção e Projeto (Design), conforme
destacado no QUADRO 16.
Quadro 16 - Abrangência da aplicação das Leis nº 12.462/2011 e nº 8.666/93
Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 Lei Geral de Licitações nº
8.666/93
Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia
são admitidos os seguintes regimes:
I - empreitada por preço unitário;
II - empreitada por preço global;
III - contratação por tarefa;
IV - empreitada integral;
V - contratação integrada.
Art. 10º As obras e serviços
poderão ser executados nas
seguintes formas:
II - execução indireta, nos
seguintes regimes:
a) empreitada por preço global;
b) empreitada por preço unitário;
c) (Vetado).
d) tarefa;
e) empreitada integral. Fonte: Elaborado pelo Autor.
156
Figura 19 - Representação de atores e recursos para operacionalização da obra na BR–381/MG
U d
. Org
. 1
DN
IT
CO
NS
ÓR
CIO
U d
. Org
. 2
LIC
ITA
E
CO
NT
RA
TA
ED
ITA
L
165/
2013
EM
PR
ES
A D
E
PR
OJE
TO
S
U d
. O
rg.
4
EM
PR
ES
A
A
U d
. O
rg.
5
EM
PR
ES
A B
CO
NS
TIT
UE
MR
ecu
rso
1
Cap
ital
Pú
blic
o
(Go
vern
o F
eder
al)
UT
ILIZ
A
Pap
el 3
Pla
neja
men
to
Pap
el 2
-Ges
tão
de m
ediç
ão;
-Cus
tos
Pap
el 1
Ges
tão
Con
trat
ual
U d
. O
rg. 2
.1
GE
RE
NC
IAM
EN
TO
D
E P
RO
JET
O
U d
. O
rg. 2
.2D
IVIS
ÃO
DE
IN
ST
ALA
ÇÕ
ES
U d
. O
rg. 2
.3
DIV
ISÃ
O D
E A
PO
IO E
P
RO
DU
ÇÃ
O
Ud
. Org
. 6
EM
PR
ES
AS
S
UB
CO
NT
RA
TA
DA
S.
MÁ
XIM
A 3
0%
DO
CO
NT
RA
AT
O
Pap
el 3
2-P
roje
to d
e ob
ras
espe
cial
izad
as
Pap
el 2
3-C
ante
iro d
e O
bras
Pap
el 2
4
-Ter
rapl
enag
em
Pap
el 1
7-M
anut
ençã
o.-A
loja
men
to
Pap
el 1
8-R
efei
tório
s-A
mbu
lató
rios
Pap
el 1
9
-Car
pint
aria
Pap
el 2
0-G
uind
aste
s-A
rmaç
ão
Pap
el 2
1-T
rata
men
to e
dest
inaç
ão d
e re
sídu
os
CO
NT
RA
TA
CO
NT
RO
LA
E
GE
RE
NC
IA
Pap
el 1
3
-Alm
oxar
ifado
Pap
el 1
4
-Usi
na d
e C
oncr
eto
Usi
na d
e M
assa
A
sfál
tica
Brit
ador
-Fab
ricaç
ão d
e ar
tefa
tos
gera
is
para
obr
a
Pap
el 1
6-D
esm
obili
zaçã
o de
equ
ipam
ento
s e
inst
alaç
ões
Pap
el 4
-Ges
tão
de
Con
trat
o de
P
rest
ador
es d
e
Pap
el 7
-Ges
tão
de
Seg
uros
e R
isco
s
Pap
el 5
-Ges
tão
de Q
ualid
ade,
M
eio
Am
bien
te,
Seg
uran
ça S
aúde
e
Res
pons
abili
dade
S
ocia
l
Pap
el 6
-Ges
tão
de
Pes
soal
Pap
el 8
-Pla
no d
e C
omun
icaç
ão S
ocia
l
Pap
el 9
Rec
urs
o 2
Rec
urs
os
Hu
man
os
e C
om
pet
ênci
as
Pap
el 1
2
Ges
tão
de
Pro
jeto
s
Pap
el 1
0
-Ges
tão
de
Equ
ipam
ento
s;
Pap
el 1
1P
lane
jam
ento
DP
,GD
R P
PR
*;Li
ções
A
pren
dida
s
UT
ILIZ
A
Rec
urs
o 4
Máq
uin
as e
eq
uip
amen
tos
CO
NT
RO
LA
Pap
el 2
2
-Rem
anej
amen
tode
Ser
viço
s:
Águ
a, e
sgot
o,
tele
foni
a
Pap
el 2
5
-Pav
imen
taçã
o
Pap
el 2
6-E
stru
tura
s de
P
onte
e c
oncr
eto
Pap
el 2
8
Pap
el 3
3- D
rena
gem
S
uper
ficia
l
-Dem
oliç
ões.
-Sin
aliz
ação
de
Pis
ta
Pap
el 3
1-E
lem
ento
s E
stru
tura
is d
e F
unda
ções
Pap
el 2
7O
bras
Com
plem
enta
res
(cer
cas,
por
teira
s,
abrig
o de
ôni
bus)
Pap
el 3
5 -T
erra
arm
ada
Pap
el 3
6-E
stru
tura
m
etál
ica
Pap
el 3
0-R
ebai
xam
ento
de
Lenç
ol F
reát
ico
Pap
el 2
9-O
bra
de A
rte
Cor
rent
e (B
ueiro
s e
gale
rias)
INF
LU
EN
CIA
FO
RN
EC
E
PR
OJE
TO
Rec
urs
o 3
Inst
alaç
ões
In
du
stri
ais
Pap
el 1
5
Pap
el 3
4
-Pro
tens
ão d
e ca
bos.
AN
TE
RIO
RM
EN
TE
AO
RD
C,
PE
LA L
EI
8.66
6/93
, A R
ES
PO
NS
AB
ILID
AD
E P
ELO
P
RO
JET
O E
RA
DO
DN
IT
UT
ILIZ
A
U d
. O
rg.
3A
CE
ITA
PR
OJE
TO
GD
P –
Ger
enci
amen
to p
elas
Dire
trize
sG
DR
–G
eren
ciam
ento
da
Rot
ina
Diá
riaP
PR
–P
rogr
ama
de P
artic
ipaç
ão n
os R
esul
tado
s
US
A
RE
CU
RS
OS
-Ges
tão
deA
quis
ição
eca
deia
desu
prim
ento
DE
MA
ND
A
Co
nfi
gu
raçã
od
ada
pel
aR
DC
:C
onsó
rcio
dotip
oV
ertic
ala
Mon
tant
ee
Hor
izon
tal.
Con
trat
ação
Inte
grad
ade
Pro
jeto
eC
onst
ruçã
o-
Des
ign/
Bui
ld(I
nova
ção)
,po
rP
reço
Glo
bal.
Sel
eçã
opo
rté
cnic
ae
preç
o
Fonte: Adaptado pelo autor de ARAÚJO, 2012, p. 77.
157
A operacionalização é a etapa de geração de valores por meio do processo de produção, que
deve ser reconfigurada a cada nova necessidade ou início e término de etapas produtivas.
(ARAÚJO; GUERRINI, 2010).
As redes de empresas constituídas para a implantação de obra de infraestrutura são
temporárias, e o tempo de duração delas será o mesmo da construção do objeto contratado. O
ciclo de vida da rede percorre as etapas de criação, operação, reconfiguração e dissolução da
obra (ARAÚJO, 2012).
Os componentes constituintes da representação mostrada na FIG. 19 foram obtidos por meio
de observação direta dos processos de produção e dos procedimentos de gestão para o
conjunto de atividades em execução e para as etapas programadas, no período de realização
da pesquisa, a qual evidencia o consórcio constituído por duas empresas de construção
(Empresas B e C) e uma de projeto (Empresa A) e indica que o consórcio foi contratado pelo
DNIT para a execução das obras com recursos financeiros do Governo Federal.
Fica evidenciado que a empresa projetista participa de todas as atividades de gestão, incluindo
as programações dos trabalhos de produção. O projetista executa ações diretas para controlar
e influenciar o atendimento às demandas por equipamentos, materiais, mão de obra e
subcontratações especializadas. Os gestores da projetista recebem informações diretamente
das equipes de produção sobre a ocorrência de eventuais necessidades de adequação para uma
realidade de obra diferente da observada na fase de elaboração do projeto.
As informações contidas na FIG. 19 confirmam as inferências da análise do conteúdo da FIG.
18. Ficou evidenciado que, anteriormente ao advento do RDC, os projetos eram de
responsabilidade do contratante (DNIT), o que impedia a participação dos projetistas nas
atividades de gestão da construção da obra. Com a configuração dada pelo RDC, as demandas
de projetos passaram a ter soluções mais ágeis, imediatamente depois do seu surgimento.
Na TAB. 8, a seguir, representaram-se as várias fontes pesquisadas para obtenção de
informações válidas e confiáveis dos resultados da pesquisa, o que é uma das principais
preocupações relacionadas aos estudos de caso, e resumiram-se as inferências resultantes das
análises das evidências.
158
Tabela 8 - Resumo das inferências resultantes das análises das evidências
Dimensão Inferências das Questões Abertas e da
Entrevista Questões Abertas
Documentos que
Confirmam
Questões Fechadas
que Confirmam
Grau de Concordân -cia Médio
Intensidade
Formação de Rede
de Empresa
Das 13 redes de cooperação em consórcio que participaram do processo de licitação, 5 foram do tipo vertical à montante da cadeia de suprimentos e 8 foram simultaneamente vertical e horizontal.
1 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
- - -
Os consórcios visaram inicialmente atender às exigências de comprovação de experiência técnica para obtenção da Nota Técnica máxima como uma vantagem competitiva, em atendimento às regras do Edital nº 165/2013 – DNIT.
2 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
9 e 10 84,09% Uma
concordância substancial
Os consórcios inicialmente formados são mantidos ao longo da obra e são formadas novas parcerias com fornecedores e empresas especializadas. Entretanto, não são firmados contratos de exclusividades com os novos parceiros da cadeia de suprimentos da obra.
2 Observação
Direta 21 e 11 84,85%
Uma concordância substancial
As empresas projetistas foram fundamentais na composição dos consórcios, tanto para atendimento aos requisitos do Edital, como para a gestão e elaboração dos projetos técnicos executivos, tendo especial importância, na obtenção de agilidade e qualidade na obra.
2 e 6
Processo Adm. Edital
nº 165/2013 e Observação
Direta
1 e 13 95,45% Uma
concordância forte
Sistema de
Licitação
A motivação para a aplicação do RDC foi, predominantemente, a agilidade nas fases de licitação e a eficácia na produção do objeto do contrato.
4 - 4, 8, 12, 16,
19 e 20 91,41%
Uma concordância
forte
As exigências contidas no RDC e que são relevantes para a obra são o Regime de Execução por preço global e as responsabilidades exigidas das partes contratantes.
5 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
5 e 22 78,79% Uma
concordância moderada
Não foi identificada inovação no Tipo de Licitação (critério de seleção), visto que todos os critérios previstos pelo RDC fazem parte dos critérios previstos na Lei nº 8.666/1993.
7 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
6 93,94% Uma
concordância forte
Não foi identificada inovação no Regime de Execução (critérios de pagamento), visto que o RDC aplica os mesmos critérios utilizados na Lei nº 8.666/1993.
8 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
7 98,48% Uma
concordância forte
Foi identificada inovação incremental no sistema de contratação quanto ao Método de Entrega de Projeto, com a utilização da contratação integrada de projeto e construção - (design/Build – DB), que modifica a relação na cadeia de suprimento da obra, ao deslocar o fornecedor de projeto para o interior do consórcio contratado.
9 Processo
Adm. Edital nº 165/2013
14 e 18 98,48% Uma
concordância forte
Cadeia de Suprimen-
to
A cadeia de suprimento foi notadamente afetada pelo limite de 30% para as subcontratações.
3 Observação
Direta 2 96,97%
Uma concordância
forte A contratação integrada permitiu um melhor gerenciamento da cadeia de suprimento, pela relação direta entre o projetista e construtores, impedindo paralisação de obra por necessidade de adequações de projeto.
10 Observação
Direta 3 96,97%
Uma concordância
forte
A representação esquemática da cadeia do suprimento da obra pode ser visualizada na FIG. 19.
Observação
Direta - - -
Atores e Recursos
A representação esquemática do Modelo de Operacionalização de Atores e Recursos, na fase inicial da obra, pode ser visualizada na FIG. 20.
Observação
Direta - - -
Fonte: Elaborada pelo autor.
159
5 PRODUTO TÉCNICO DA DISSERTAÇÃO
O Documento de Análise de Edital é o produto técnico desta dissertação. Ele foi criado a
partir da necessidade de se ter acesso rápido às informações mais relevantes dos documentos
dos editais de licitação.
É um documento elaborado para resumir as exigências técnicas e financeiras contidas nos
editais. Sintetiza também a forma e o conteúdo das propostas que as empresas deverão
preparar e apresentar para os clientes licitantes, que poderão ser órgãos públicos ou
organizações privadas.
O Documento de Análise de Edital traz em seu corpo os campos a serem preenchidos pelos
interessados. Dessa forma, pode-se ter fácil acesso aos critérios de elegibilidade para
apresentação de proposta dos interessados em conquistar os contratos das obras que sejam de
interesse das empresas. Tem o propósito de ajudar as empresas nas tomadas de decisão. A
análise do conteúdo sumarizado dos editais ajuda na decisão de participação das licitações e
propicia obter informações rápidas a qualquer momento do processo.
Para ajudar no preenchimento do Documento de Análise de Edital, foram cadastradas opções
de seleção dos critérios normalmente utilizados nos editais de licitação. Porém, caso sejam
verificados critérios diferentes dos previamente cadastrados, os valores efetivamente
utilizados pelos editais poderão ser digitados.
Na FIG. 20, a seguir, apresentam-se as impressões das telas do arquivo eletrônico do
Documento de Análise de Edital. As telas impressas evidenciam os principais valores pré-
cadastrados no arquivo que poderão ser selecionados no momento do preenchimento.
É apresentado no Apêndice B o Documento de Análise de Edital devidamente preenchido
com as informações do Edital nº 165/2013 do DNIT, objeto de pesquisa desta dissertação.
No QUADRO 17, adiante, apresenta-se o modelo-padrão do Documento de Análise de Edital,
que tem versões em arquivos eletrônicos para os aplicativos Word e Excel, da Microsoft. Os
arquivos foram entregues às empresas que participaram desta pesquisa.
160
Figura 20 - Impressão de telas do arquivo eletrônico do Produto Técnico da Dissertação
Fonte: Elaborado pelo autor.
161
Quadro 17 - Documento de Análise de Editais
RDC
RESPONSÁVEL PELA ANÁLISE:
EDITAL N: DATA AQUISIÇÃO
ÓRGÃO / CLIENTE: PÁGINA
OBJETO:
ORIGEM DO RECURSO: FEDERAL
PRAZO DE EXECUÇÃO: Lote 01 DIAS
Lote 02 DIAS
Lote 03 DIAS
ORÇAMENTO: R$ DATA BASE DO ORÇAMENTO
REGIME DE EXECUÇÃO:
TIPO DE LICITAÇÃO:
MÉTODO DE ENTREGA
DOCUMENTOS ADQUIRIDOS
MIDIA DIGITAL
MÍDIA IMPRESSA
COMPROVANTE DE AQUISIÇÃO DE EDITAL: RECIBO
ENTREGA DA PROPOSTA - DATA ABERTURA DA PROPOSTA -
DATA
DATA HORA DATA HORA
Lote 01 Lote 01
Lote 02 Lote 02
Lote 03 Lote 03
ENDEREÇO DA ENTREGA ENDEREÇO DA ABERTURA
CIDADE / ESTADO CIDADE / ESTADO
162
Quadro 17 - Documento de Análise de Editais
RDC
PROVIDÊNCIAS IMPORTANTES
VISITA TÉCNICA: É OBRIGATÓRIA?
DATA: LOCAL
AGENDADA COM:
LOCAL:
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA:
DOCUMENTOS:
GARANTIA DA PROPOSTA:
LOCAL:
DATA LIMITE:
VALOR:
TIPO: VALIDADE:
ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS - DATA
DATA LIMITE
RESPONSÁVEL: TELEFONE:
E-MAIL:
ENDEREÇO:
CONDIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO
CAPACIDADE TÉCNICA
ATESTADOS:
NÚMERO DE ATESTADOS:
CONSÓRCIO: PERMITIDO
CRITÉRIO PARA CONSÓRCIO:
NÚMERO LIMITE DE EMPRESAS
PARTICIPAÇÃO:
FINANCEIRA: LÍDER
TÉCNICA: LÍDER
ATESTADO DE VISITA: LÍDER
GARANTIA DA PROPOSTA: LÍDER
OBSERVAÇÕES:
163
Quadro 17 - Documento de Análise de Editais
RDC
CAPACIDADE FINANCEIRA
ÍNDICE FÓRMULA EDITAL
LG LG = (AC + RLP)/(PC+PNC) >= 1,00
SG SG = AT/(PC+PNC) >= 1,00
LC LC = AC/PC >= 1,00
ABREVIAÇÃO NOMENCLATURA
AC ATIVO CIRCULANTE
RLP REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
PC PASSIVO CIRCULANTE
PNC PASSIVO NÃO CIRCULANTE
AT ATIVO TOTAL
LG ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL
SG ÍNDICE DE SOLVÊNCIA GERAL
LC ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE
HABILITADA
APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
1) HABILITAÇÃO - NÚMERO DE VIAS:
COMPLETA
2) COMERCIAL - NÚMERO DE VIAS:
COMPLETA
3) TÉCNICA: SIM
COMPLETA
3) PLANO DE TRABALHO
ANALISADO POR:
COMENTÁRIOS:
Fonte: Elaborado pelo autor.
164
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo apresenta um resumo dos principais resultados desta dissertação de mestrado,
que teve o propósito de investigar o seguinte problema de pesquisa: Quais os tipos de redes
empresariais formadas para atender às exigências estabelecidas pelo Regime
Diferenciado de Contratação e seus efeitos na cadeia de suprimentos?
O aprofundamento da questão de pesquisa foi direcionado pelo seguinte objetivo geral:
descrever os tipos de redes empresariais formadas para atender às exigências
estabelecidas pelo Regime Diferenciado de Contratação e o seu efeito na Cadeia de
Suprimentos.
A presente pesquisa não tem o anseio nem a finalidade de apresentar resultados que possam
ser generalizados para outros processos de licitação e para outros contratos de obras
originados do Regime Diferenciado de Contratação nem para outras redes de cooperação
entre empresas na forma de consórcio. Entretanto exibe procedimentos e critérios que poderão
ser utilizados em estudos futuros.
Para alcançar o objetivo geral da pesquisa foram propostos quatro objetivos específicos. A
seguir passa-se a apresentar os resultados obtidos na pesquisa, para os objetivos específicos
estudados, conforme discriminado:
- Identificar o tipo de rede formada entre as empresas especializadas na elaboração de
projetos (design) e construção rodoviária a fim de atender às exigências estabelecidas
pelo Regime Diferenciado de Contratação.
A análise dos documentos da licitação evidenciou todos os termos de compromissos de
constituição dos consórcios que participaram do processo de contratação, de onde foi possível
identificar cada uma das empresas e os tipos de redes formados, o que, em conjunto com a
análise dos conteúdos das respostas do questionário, da entrevista e da observação direta de
um dos contratos, permitiu inferir os seguintes aspectos dos consórcios:
165
Inferência 1: Das 13 redes de cooperação em consórcio que participaram do processo de
licitação, 5 foram do tipo vertical à montante da cadeia de suprimentos, e 8 foram
simultaneamente do tipo vertical e horizontal.
Inferência 2: Os consórcios visaram inicialmente atender às exigências de comprovação
de experiência técnica para obtenção da Nota Técnica máxima como uma vantagem
competitiva, em atendimento às regras do Edital nº 165/2013 – DNIT.
Inferência 3: Os consórcios inicialmente formados são mantidos ao longo da obra e são
formadas novas parcerias com fornecedores e empresas especializadas. Entretanto não
são firmados contratos de exclusividades com os novos parceiros da cadeia de
suprimentos da obra.
Inferência 4: As empresas projetistas foram fundamentais na composição dos
consórcios, tanto para atendimento aos requisitos do Edital como para a gestão e
elaboração dos projetos técnicos executivos, com especial importância na obtenção de
agilidade e qualidade na obra.
A priorização da nota técnica máxima, em atendimento às exigências do Edital, em
detrimento de competências complementares, na busca de parceiros para a constituição dos
consórcios, pode ser um indício de que as empresas estão deixando de formar parcerias com
um potencial para ofertar propostas com preços globais menores que as apresentadas para o
Edital de Licitação nº 163/2013.
Pelos relatos, ficou evidente que existiu uma dissonância entre o que foi exigido no Edital
para a formação dos consórcios e a possibilidade de parcerias que aproveitassem as
especializações complementares das empresas. O esperado seria um conjunto de critérios de
exigibilidade que, naturalmente, induzisse a parceria entre empresas que potencializam suas
capacidades técnicas.
Os gestores das empresas são fontes de informações capacitadas para identificar os critérios
de exigência dos editais de licitação, para formação de consórcios que possam atender aos
requisitos do RDC e, ao mesmo tempo, garantam a formação de parcerias que potencializem
as competências dos integrantes, criando a possibilidade de ofertar benefícios para o erário, na
forma de menores preços para a execução das obras.
166
A inexistência de fornecedores exclusivos de insumos proporciona uma cadeia de suprimento
que não é dependente de um único fornecedor. Isso facilita a gestão da cadeia de suprimentos
da obra. Os fornecedores de insumos, como o cimento e os materiais betuminosos, têm um
potencial poder de negociação suficiente para conseguirem firmar contratos de fornecimento
com cláusula de exclusividade, o que limitaria a flexibilidade da cadeia de suprimentos da
obra.
- Identificar as inovações no processo de contratação pelo RDC quanto ao Tipo de
Licitação (critério de seleção de empresas), ao Regime de Execução (forma de
pagamento) e ao Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto).
Com base nas evidências apresentadas nas respostas ao questionário sobre o Regime
Diferenciado de Contratação, juntamente com o que foi observado diretamente em um dos
contratos de obra e da entrevista, podem-se destacar os seguintes resultados:
Inferência 5: A motivação para a aplicação do RDC foi, predominantemente, a agilidade
nas fases de licitação e a produção do objeto do contrato.
Inferência 6: As exigências contidas no RDC e que são relevantes para a obra são o
Regime de Execução por preço global e as responsabilidades exigidas das partes
contratantes.
Inferência 7: Não foi identificada inovação no Tipo de Licitação (critério de seleção),
visto que todos os critérios previstos pelo RDC fazem parte dos critérios previstos na Lei
nº 8.666/1993.
Inferência 8: Não foi identificada inovação no Regime de Execução (critérios de
pagamento), visto que o RDC aplica os mesmos critérios utilizados na nº Lei 8.666/1993.
Inferência 9: Foi identificada inovação incremental no sistema de contratação quanto ao
Método de Entrega de Projeto, com a utilização da contratação integrada de projeto e
construção - (design/Build – DB), que modifica a relação na cadeia de suprimento da
obra, ao deslocar o fornecedor de projeto para o interior do consórcio contratado.
167
No Sistema de Licitação, foi identificada inovação no Método de Entrega de Projeto por meio
da utilização da contratação integrada de Design e Biuld (projeto e construção). Não foram
identificadas inovações no Regime de Execução (forma de medição e pagamento dos
serviços) e no de Tipo de Licitação (critério de seleção de proposta mais vantajosa).
A inovação que permitiu um escopo mais abrangente dos contratos, englobando projetos e
construção, combinados com o Regime de Execução por preço global e maiores agilidades
dos processos de contratação e execução de obras, abre a possibilidade de redução dos custos
totais dos empreendimentos. Essa redução, caso venha a se confirmar, poderá ser percebida,
mais nitidamente, com a evolução do RDC, principalmente se os benefícios das economias
forem compartilhados entre as partes do contrato, o que seria um agente motivador na busca
por produtos, processos e tecnologias mais econômicos para as obras de infraestrutura.
Além disso, o RDC criou formas ágeis, econômicas e eficientes para os processos de
contratação pública de obras. Na fase de licitação, a inversão de fase reduz o prazo do
processo de licitação, a contratação integrada elimina o prazo dos procedimentos necessários
para a contratação de empresas projetistas e a efetiva elaboração do projeto antes da licitação
da construção. Na fase de execução da obra, a contratação integrada torna mais ágeis as
soluções de adequações de projetos técnicos de engenharia.
A agilidade percebida no processo de contratação pelo RDC é um fator fundamental que
poderá sustentar a continuidade de sua utilização e do seu amadurecimento. Os demais
objetivos pretendidos pela Lei do RDC, relacionados às melhorias na competitividade, em
inovações tecnológicas e no tratamento dos passivos ambientais, são aspectos a serem tratados
com o amadurecimento do RDC, conforme mencionado pela respondente 9: “As diretrizes
do art. 4º devem ser mais bem aproveitadas; os aspectos de sustentabilidade ambiental,
entre outros. Quanto ao demais, citaria o conteúdo do anteprojeto de engenharia; a definição
adequada do critério de julgamento e do modo de disputa na licitação; o exame da capacidade
da licitante”.
- Analisar em que aspectos o RDC afetou a cadeia de suprimentos para construção da
obra rodoviária, na perspectiva dos envolvidos, e elaborar a sua representação
esquemática.
168
Foram obtidas evidências a partir da análise das respostas dadas ao questionário, da entrevista
e da observação direta de um dos contratos de obras, das quais se inferiu que os maiores
efeitos produzidos na cadeia de suprimentos são derivados do limite estabelecido de 30% para
as subcontratações. E também se verificou que o RDC influenciou a gestão dos fluxos de bens
e serviços por meio da contratação integrada de projeto e construção (Design/Build-DB).
Dessa forma, foram evidenciados os seguintes aspectos na cadeia de suprimento, gerados pelo
RDC.
Inferência 10: A cadeia de suprimento foi notadamente afetada pelo limite de 30% para
as subcontratações.
Inferência 11: A contratação integrada permitiu um melhor gerenciamento da cadeia de
suprimento, pela relação direta entre o projetista e construtores, impedindo paralisação de
obra por necessidade de adequações de projeto.
O deslocamento dos projetistas, de sua posição de fornecedores de projetos para o interior do
consórcio responsável pela implantação das obras, foi percebido como uma melhoria
significativa que produz maior agilidade nas soluções de adequações de projetos para as reais
necessidades de obra, tendo como consequência a efetiva redução de prazo de conclusão do
projeto.
Os pesquisados apontaram que a limitação de 30% para as terceirizações é um fator que
afetou a cadeia de suprimentos. Para a obra estudada, poderão ser terceirizados serviços para
empresas especializadas até o limite estabelecido. Assim, 70% das dos serviços deverão ser
executados com recursos próprios dos consórcios contratados. A verificação de que a cadeia
de suprimento foi notadamente afetada pelo limite de 30% para as subcontratações foi em
decorrência do reconhecimento de que os serviços especializados extrapolam o limite
contratual de 30%.
Essa limitação pode gerar custos de capacitação interna das competências necessárias para a
execução das atividades de produção dos serviços especializados. Esse aspecto deverá ser
avaliado pelos gestores do órgão contratante e dos consórcios executores, para que não sejam
incorridos custos desnecessários, por questões puramente burocráticas e pelos impedimentos
impostos pelas cláusulas contratuais. Lembrando que, até o encerramento desta pesquisa,
haviam sido executadas menos de 10% do total dos serviços contratados.
169
A representação dos principais componentes da cadeia de suprimentos da obra estudada foi
concebida a partir da observação direta, no local, dos procedimentos gerenciais e processos
produtivos para a execução dos serviços contratados.
A partir da análise da representação esquemática da FIG. 18, ficou evidente a origem da
demanda e o fluxo de bens e serviços das principais atividades de produção. Ficou
demonstrado que as atividades de planejamento contam com a participação direta do
projetista da obra, que tem informações em tempo real das necessidades de adequação de
projeto, o que proporciona agilidade nas soluções em caso de imprevistos.
- Apresentar a obra estudada segundo Modelo de Representação de Atores e Recursos
para Operacionalização e Reconfiguração de Rede de Construção Civil, conforme
proposto por Araújo (2012).
Os componentes constituintes da representação mostrada na FIG. 19 foram obtidos por meio
de observação direta dos processos de produção e dos procedimentos de gestão para o
conjunto de atividades em execução e para as etapas programadas durante a pesquisa.
A configuração representada na FIG. 19 mostra o consórcio constituído por duas empresas de
construção (Empresas B e C) e uma empresa de projeto (Empresa A) e indica que esse
consórcio foi contratado pelo DNIT para a execução das obras com recursos financeiros do
governo federal.
Ficou evidenciado que a empresa projetista participa de todas as atividades de gestão,
incluindo as programações dos trabalhos de produção do objeto do contrato. O projetista
executa ações diretas para controlar e influenciar o atendimento às necessidades de recursos
de equipamentos, materiais, mão de obra e subcontratações especializadas da obra. Além
disso, recebe informações diretas das equipes de produção sobre a ocorrência de eventuais
necessidades de adequação do projeto para a realidade da obra.
Por fim, o conteúdo da TAB. 8 é um resumo de todas as inferências obtidas nesta pesquisa,
decorrentes das análises documentais do conteúdo do processo administrativo
50600.011160/2013-16, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, do
questionário aplicado, da entrevista realizada com um dos gestores e das observações diretas
170
nos locais de realização das obras de um dos contratos formalizados para construção de
infraestrutura rodoviária, na BR 381/MG, originário do processo de licitação do Edital nº
165/2013 – DNIT.
5.1 Limitações dos procedimentos metodológicos
Aplicou-se o rigor das recomendações técnicas e acadêmicas nos procedimentos
metodológicos e nas análises realizadas nesta pesquisa. Todavia vale destacar as limitações
naturais das pesquisas qualitativas de estudo de caso.
O estudo de caso apresenta limitações relacionadas às particularidades do objeto estudado, o
que implica a impossibilidade de generalização dos resultados. Outros casos, em época e
cenário diferentes, podem apresentar resultados diferentes. Todavia os roteiros, as fontes de
pesquisas, as unidades pesquisadas e a evolução do Regime Diferenciado de Contratação e a
contratação integrada podem servir de referencial de comparação para outras pesquisas.
Foram sobrepostas várias fontes de evidências para a análise e obtenção de resultados. Para
um mesmo aspecto estudado, pesquisaram-se os documentos do processo de licitação de
contratação das empresas, foi aplicado questionário aos gestores das organizações e realizada
uma entrevista. Além disso, efetivou-se a observação direta da obra estudada. Porém cabe
mencionar que as pesquisas qualitativas de estudo de caso devem se preocupar com a validade
das observações e dos seus aspectos subjetivos. A utilização de múltiplas fontes de evidência
proporciona maior confiabilidade aos resultados apurados (YIN, 2010).
A delimitação temporal do corte transversal, particularmente em alguns estudos, como
ocorreu no caso da presente dissertação, pode acarretar limitações nas pesquisas de
abordagem qualitativa. A pesquisa foi desenvolvida no início da execução de uma das obras
contratadas. Apesar da plena atividade dos setores de produção da obra, uma fase mais
avançada poderia mostrar que algumas atividades da representação de atores e recursos,
exibida na FIG. 19, foram encerradas e outras iniciadas.
Este estudo abrangeu um número significativo de empresas, porém identifica-se uma restrição
gerencial relacionada ao fato de ter sido estudada uma das várias obras executadas pelas
empresas dos gestores pesquisados.
171
Um potencial limitador que esteve sempre presente na relação dos possíveis fatores
intervenientes nos estudos realizados é o fato de o pesquisador, por estar envolvido na
elaboração do projeto de um dos trechos de obra da BR-381/MG, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte, ainda a ser licitado, adjacente ao trecho pesquisado, influenciar os
respondentes da pesquisa, não obstante os esforços para que esse fato não ocorresse.
5.2 Sugestões para estudos futuros
O Regime Diferenciado de Contratação é um procedimento recente em relação ao momento
da realização desta pesquisa. O RDC é um organismo em evolução, que ainda não tem um
formato definitivo nem das suas regras nem da abrangência de aplicação.
Futuros estudos poderiam identificar o formato no qual o RDC foi estabilizado e mostrar as
diferenças das suas exigências quando comparadas às utilizadas na época deste estudo,
podendo também abordar os mesmos temas, contribuindo, assim, para o seu aprimoramento.
Quanto à utilização do RDC, estudos futuros podem abordar vários aspectos de sua evolução:
Verificação da abrangência na utilização do RDC em obras de infraestrutura em
relação à Lei Geral de Licitações nº 8.666/1993.
Verificação de maior agilidade nos processos de contratação de obras, comparando a
utilização do RDC e a Lei Geral de Licitações nº 8.666/1993.
Verificação de maior agilidade na conclusão de obras, comparando a utilização do
RDC e a Lei Geral de Licitações nº 8.666/1993.
Eficácia na obtenção de preço abaixo do limite máximo estabelecido pelo órgão
contratante.
Em relação à obra pesquisada, as limitações temporais do corte transversal na fase inicial da
produção da obra abrem oportunidade para estudos em futuras fases do mesmo objeto ou em
objetos a serem produzidos em contratações futuras.
172
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. As políticas públicas e as compras governamentais - como ser eficiente com o
excesso de formalismo. Revista Eletrônica Jus Navegandi, p. 1-19, 2014. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/30428>. Acesso em: 13 out. 2014.
ALVES, E. B.; FREITAS, R. F.; ROLON, V. S. K. Modelos inovadores como diferencial
competitivo de negócios. Revista Organização Sistêmica, v. 5, n. 3, p. 76-99, jun. 2014.
ANTONIOU, F.; ARETOULISB, G. N.; KONSTANTINIDISC, D.; KALFAKAKOUB, G. P.
Complexity in the Evaluation of Contract Types Employed for the Construction of Highway
Projects. Social and Behavioral Sciences, v. 74, p. 448-458, mar. 2013.
ARAÚJO, L. E. D. Modelo de referência para operacionalização e reconfiguração de
redes de construção civil. 2002. 118 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012.
______; GUERRINI, F. M. Ciclo de vida de redes de cooperação: operacionalização e
reconfiguração em um consórcio de construção civil. In: Simpósio de Administração da
Produção, Logística e Operações Internacionais, 13, 2010, São Paulo. Anais SIMPOI,
2010. p.1-12.
______________________. A research framework for operations management in large scale
construction projects. In: Production and Operations Management Society Annual
Meeting, 23, 2012, Chicago. Código Sumário 025-1449, 2012. Disponível em:
<http:/www.pomsmeetings.org/ConfProceedings/025/FullPapers/FullPaper_files/025-
1449.pdf>. Acesso em: 01 set. 2014.
AZEVEDO, W. A. Empreitada Global ou Unitária? In: Simpósio Nacional De Auditoria de
Obras Públicas, 10, 2005, Pernambuco. Anais SINAOP, 2005. Disponível em:
<http://www.ibraop.org.br/media/sinaop/10_sinaop/empreitada_global_unitaria.pdf>. Acesso
em: 16 ago. 2014.
BAI, Y.; HEZAM, A. A. Integrating Innovative Project Delivery Methods into the
Construction Curriculum. In: ASC Proceedings of the Annual Conference, 39, 2003, South
Carolina. Anais Clemson University, 2003, p.119-128.
BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. R.; REYES JUNIOR, E. o campo de estudo sobre
redes de cooperação interorganizacional no Brasil. Revista de Administração
Contemporânea, Curitiba v. 14, n. 3, p. 458-477, jun. 2010.
BALSON, D.; GRAY, J.; XIA, B. Why the Construction Quality of Design-build Projects is
not Satisfactory: a Queensland study. In: Engineering, Project and Production
Management Conference, 1, 2012. Anais, Universidade de Brighton, 2012, p.1-9.
BARBOSA, C. A.; ZILBER, M. A.; TOLEDO, L. A. Aliança estratégica como fator de
vantagens competitivas em empresas de TI – um estudo exploratório. Revista de
Administração e Inovação, São Paulo, v. 6, n.1, p. 30-49, 2009.
173
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70, 2009. 281 p.
BARNEY, J. Firm Resources and Sustained Competitive Advantage. Journal of
Management, Texas, USA, v. 17, n. 1, p. 99-120, jan. 1991.
BASTIAS, A.; MOLENAAR, K. R. A learning model for design-build project selection in the
public sector. Revista de Ingeniería de Construcción, San Tiago, Chile, v. 25, n. 1, p. 5-20,
abr. 2010.
BEUREN, I. M. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2006. 200 p.
BICALHO, A. P. N. A. Ressignificação do princípio da finalidade da licitação à luz do
desenvolvimento nacional sustentável. Revista Fórum de Contratação e Gestão Pública –
FCGP, Belo Horizonte, v. 12, n. 139, p. 9-18, jul. 2013.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Seção 1. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 25 abr. 2014.
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília:
Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292 p.
______. Lei nº 8.666/1993, de 21 de junho de 1993. Institui normas para licitações e contratos
da Administração Pública. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Seção 1, p.1-
14. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm> Acesso em:
25 abr. 2014.
______. Lei nº 11.578 de 26 de novembro de 2007. Dispõe sobre as ações do Programa de
Aceleração do Crescimento – PAC. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 nov. 2011.
Seção 1, p.1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/Lei/L11578.htm > Acesso em: 25 abr. 2014.
______. Lei n.º 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de
Contratações Públicas – RDC. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 ago. 2011. Seção 1,
p.1-7. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2011/Lei/L12462.htm> Acesso em: 25 abr. 2014.
______. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). Edital de Licitação
RDC Nº 165/2013 do Processo Administrativo 50600.011160/2013-16. Disponível na
Coordenação-Geral de Cadastro e Licitações do DNIT, SAN Q.03 Bl. A - Ed. Núcleo dos
Transportes – Mezanino Sul - Brasília – DF, 2013, 168p.
BRITTO, J. Características estruturais dos clusters industriais na economia brasileira. Nota
técnica nº 42/00 do projeto de pesquisa “Arranjos e Sistemas Produtivos Locais e as
Novas Políticas de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico”. Rio de Janeiro: Instituto de
Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - IE/UFRJ. 2000. 55 p.
BRONZO, M. Relacionamentos Colaborativos em Redes de Suprimentos. Revista de
Administração de Empresas – São Paulo, v. 44, n. spe, p. 61-73, abr. 2004.
174
BRUTO, M. RDC Experiência Federal Gestão em Destaque. Ministério do Planejamento,
Secretaria do Programa de Aceleração do Crescimento, 2013. Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/gestaoemdestaque/apresentacoes/131001_Marcelo_Bruto_
RDC_Experiencia_Federal_Gestao.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
CAMMAROSANO, M.; POZZO, A. N.; VALIM, R. Regime Diferenciado de Contratações
Públicas – RDC (Lei nº 12.462/11; Decreto nº 7.581/11): aspectos fundamentais. 3. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2014. 276 p.
CAMPOS, C. J. G. Método de Análise de Conteúdo: ferramenta para a análise de dados
qualitativos no campo da saúde. Revistas Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57 n. 5, p.
611-614, set. 2004.
CAMPOS, L. A. N.; LIMA, F. G. S. N. Mapeamento do estudo contemporâneo de alianças e
redes estratégicas. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, São Paulo, v. 11, n. 31, p. 168-
182, abr. 2009.
CARAYANNIS, E.; STAVROS, S.; WALTER, C.. Business Model Innovation as Lever of
Organizational Sustainability. The Journal of Technology Transfer, New York, USA, v. 40,
n. 1, p. 85-104, jan. 2014.
CASAROTTO, R. M. Redes de empresas na indústria da construção civil: definição de
funções e atividades de cooperação. 2002. 220 f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
CHILD, J.; FAULKNER, D.; TALLMAN, S. B. Strategies of Co-operation: managing
alliances, networks, and joint ventures. 2. ed. New York: Oxford University Press, 2005. 457
p.
CONSTRUCTION MANAGEMENT ASSOCIATION OF AMERICA. An Owner’s Guide
to Project Delivery Methods, 2012. CMAA. Disponível em: <https://cmaanet.org/files/
Owners%20Guide%20 to%20Project%20Delivery%20Methods%20Final.pdf >. Acesso em:
12 dez. 2014.
COOPER, M. C; ELLRAM, L. M. Characteristics of supply chain management and the
implications for purchasing and logistics strategy. International Journal of Logistics
Management. West Yorkshire, UK, v. 4, n. 2, p. 13-24, jul. 1993.
DARRINGTON, J. W.; LICHTIG, W. A. Rethinking the ‘G’ in GMP: why estimated
maximum price contracts make sense on collaborative projects. The Construction Lawyer,
Chicago, USA, v. 30, n. 2, p. 29-40, mar. 2010.
DAVILA, T.; EPSTEIN, M. J.; SHELTON, R. As regras da inovação. Porto Alegre:
Bookmam, 2006. 334 p.
DAVIS, J. A. Levantamento de dados em Sociologia: uma análise estatística elementar. Rio
de Janeiro: Zahar Editores, 1976. 239 p.
175
DEWI, A. P.; TOO, E.; TRIGUNARSYAH, B. Implementing design build project delivery
system in Indonesian road infrastructure projects. International Council for Research and
Innovation in Building and Construction, p.108-117, 2011.
DI SERIO, L. C.; SAMPAIO, M. Projeto da cadeia de suprimento: uma visão dinâmica da
decisão fazer versus comprar. RAE - Revista de Administração de Empresas, São
Paulo, v. 41, n.1, p. 54-66, jan. 2001.
DIEESE. Estudo Setorial da Construção 2013. Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos - Estudos e Pesquisas, n. 65, 2013. Disponível em:
<http://www.dieese.org.br/estudosetorial/2012/estPesq65setorialConstrucaoCivil2012.pdf>.
Acesso em: 08 set. 2014.
______. BOLETIM PIB. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos - Estudos e Pesquisas, 2014. Disponível em
<http://fem.org.br/files/pdf/boletimpib-27_02_2014-pdf94.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2014.
DORSEY, R. W. Project delivery systems for building construction. Pennsylvania:
Associated General Contractors of America, 1997. 283 p.
EIRIZ, V. Proposta de tipologia sobre alianças estratégicas. Revista Administração
Contemporânea, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 65-90, maio 2001.
FERREIRA, D.; SANTOS, J. A. A. Licitações para a Copa do Mundo e as Olimpíadas:
comentários sobre algumas inovações da Lei nº 12.462/11. Revista Zênite-Informativo de
Licitações e Contratos (ILC), Curitiba, n. 216, p. 171-183, fev. 2012.
FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Movimento Nova 381.
Resultados da licitação para duplicação e melhorias na BR-381 Norte. Disponível em:
<http://www.nova381.org.br/site/arquivos/quadro_sintese_projeto_de_duplicacao_da_br-
381_norte_rev11.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2014.
GAMBORO, C. M. O contrato internacional de joint venture. Revista de Informação
Legislativa, Brasília, v. 37, n. 146, p. 61-92, abr. 2000.
GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de
Administração de Empresa, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29, abr. 1995.
GORDON, C. M. Choosing appropriate construction contracting method. Journal of
Construction Engineering and Management, Boston, USA, v. 120, n. 1, p.196-210, mar.
1994.
GRANSBERG, D. D.; WINDEL, E. Communicating Design Quality Requirements for Public
Sector Design/Build Projects. Journal of management and engineering, Indiana, USA, v.
24 n. 2, p.105-110, abr. 2008.
GRAY, B.; WOOD, J. Collaborative alliances: Moving from practice to Theory. Journal of
Applied Behavioral Science, v. 27, n. 1, p. 3-32, mar. 1991.
176
GUERRINI, F. M.; VERGNAB, J. R. G. Um modelo de atores e recursos para redes de
cooperação entre empresas em obras de edificações. Revista Produção, São Carlos-SP, v. 21,
n. 1, p. 14-26, jan. 2011.
GULATI, R. Alliances and Networks. Strategic Management Journal. Sussex, UK, v. 19, n.
4, p. 293-317, abr. 1998.
______; SINGH, H. The architecture of cooperation managing coordination costs and
appropriation concerns in strategic alliances. Administrative Science Quarterly, Cornell,
USA, v. 43, n. 4, p. 781-814, jul. 1998.
HAGEDOORN, J.; NARULA, R. Choosing organizational modes of strategic technology
partnering: international and sectoral differences. Journal of international business studies,
New York, v. 27, n. 2, p. 265-284, mar. 1996.
HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. The core competence of the corporation, Harvard
Business Review, Boston, v. 68, n. 3, p. 79-91, jun. 1990.
HEINEN, J. A contratação integrada no Regime Diferenciado de Contratações – Lei nº
12.462/11. Revista Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, Belo Horizonte,
v. 13, n. 145, p. 37-45, jan. 2014.
HEXSEL, A. E.; TONI, D.; WILK, E. O.; LARENTIS, F. Visão da firma baseada em
recursos e reconfiguração da cadeia de valor: o caso da vitivinícola Cordilheira de Santana,
Anais ANPAD, XXIV Simpósio de Gestão da Inovação e Tecnologia. Gramado, p. 1-9, 2008.
HOFFMANN, V. E.; MORALES, F. X. M.; FERNÁNDEZ, M. T. M. Redes de empresas:
proposta de uma tipologia para classificação aplicada na indústria de cerâmica de
revestimento. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 11, n. esp, p.103-127,
2007.
HÖHER, R.; TATSCH, A. L. Redes de cooperação: o caso da rede imobiliárias de Santa
Maria no Rio Grande do Sul. Perspectiva Econômica, São Leopoldo, RS, v. 7, n. 1, p. 15-26,
jan. 2011.
IBBS, C. W.; KWAK, Y. H.; NG, T.; ODABASI, A. M. Project Delivery Systems and Project
Change: Quantitative Analysis. Journal of Construction Engineering and Management,
Reston, USA, v. 129, n. 4, p.382-387, jul. 2003.
IBGE. Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 - 2007. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnae2.0/default.shtm>.
Acesso em: 08 set. 2014.
IPEA. Matriz de insumo-produto do macro setor da construção brasileiro 1985-1992, IPEA,
2000.
ISATTO, E. L. Proposição de um modelo teórico-descritivo para a coordenação
interorganizational de cadeias de suprimentos de empreendimentos de construção. 2005.
287 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
177
JORDE, T. M; TEECE, J. D. Competition and cooperation: striking the right balance.
California Management Review, California, USA, v. 31, n. 3, p.25-37, mar. 1989.
KAARE, K. K.; KOPPEL, O. Improving the road construction supply chain by developing a
national level performance measurement system: the case of Estonia. World Academy of
Science, Engineering and Technology, v. 6, n. 2, p. 258-264, fev. 2012.
KLEE, L. Delivery Methods Under FIDIC Forms of Contract. Social Science Research
Network. The Lawyer Quarterly, v. 3, n. 2, p. 164-168, mar. 2013.
KLOTZLE, M. C. Alianças estratégicas: conceito e teoria. Revista de Administração
Contemporânea - RAC, Curitiba, v. 6, n. 1, p. 85-104, jan. 2002.
KOPCZAK, L. R.; JOHNSON, M. E. The supply chain management effect. Sloan
Management Review, Boston, USA, v.44, n.3, p.27-34, 2003.
KOPPINEN, T.; LAHDENPERÄ, P. Realized Economic Efficiency of Road Project Delivery
Systems. Journal of Infrastructure Systems, Reston, USA, v. 13, n. 4, p. 321-329, dez.
2007.
KRAWCZYK, R. Contratação Pública Diferenciada: RDC. Entendendo o novo regime.
Revista Âmbito Jurídico, Rio Grande – RS, v. xv, n. 101, jun. 2012. Disponível em: <
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11678>.
Acesso em: 9 ago. 2014.
LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais
de micro e pequenas empresas. In: Lastres, H. M. M.; Cassiolato, J. E.; Maciel, M. L. (Org.).
Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará.
UFRJ, Instituto de Economia, p. 21-34, 2003.
LESSARD-HÉRBERT, M.; GOYETTE, G.; BOUTIN, G. Investigação qualitativa:
fundamentos e prática. Tradução de Maria João Reis. Lisboa: Instituto PIAGET, 2005. 190 p.
MAGRETTA, J. Why Business Models Matter. Harvard Business Review, Boston, USA,
v. 80, n. 5, p. 86-92, maio 2002.
MARTINS, E. M. O. Parcerias empresarias “joint ventures”. Âmbito Jurídico, Rio Grande –
RS, v. vii, n. 69, out. 2009. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_ leitura&artigo_id=6843>. Acesso em:
15 ago. 2014.
MATTANA, L.; NORO, G.; ESTRADA, R. Caracterização do processo de formação de
alianças estratégicas. Revista Eletrônica de Negócios Internacionais, São Paulo, v. 3, n. 2,
p.181-198, ago. 2008.
MERTON, R. C. Risco da inovação - como tomar decisões melhores. Harvard Business
Review, Boston, v. 91, n. 4, p. 48-57, abr. 2013.
178
MILES, M. B.; HUBERMAN, A. M. Qualitative data analysis: An expanded sourcebook. 2.
ed. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994. 338 p.
MIRANDA, M. B. Consórcio de empresas. Revista Eletrônica Direito, Justiça e
Cidadania, São Roque, v. 1, n. 1, p. 1-15, abr. 2010.
______; MALUF, C. A. O contrato de joint venture como instrumento jurídico de
internacionalização das empresas. Jornal Estado de Direito, Porto Alegre, v. 7, n. 39, p. 1-
13, jun. 2013.
MOLENAAR, K.; SONGER, A.; BARASH, M. Public-Sector Design/Build Evolution and
Performance. Journal of Management in Engineering, Reston, USA, v. 15, n. , p. 54-62,
mar. 1999.
MONTES, G. C.; REIS, A. F. Investimento em infraestrutura no período pó-privatização.
Economia e Sociedade, Campinas, v. 20, n. 1, p. 167-194, abr. 2011.
MORANO, C. B. O regime diferenciado de contratação e a Lei n° 12.462/2011. Revista do
Direito Público, Londrina, v. 8, n. 1, p. 67-82, jan. 2013.
MORO, L. C. C.; GLITZ, F. E. Z. Apontamentos sobre as joint ventures societárias
constituídas sob regime das sociedades limitadas. Revista de Direito Brasileiro do Instituto
de Direito Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, v. 2, n. 9, p. 9907-
9935, 2013.
OCDE COMPETITION COMMITTEE. International Enforcement Co-Operation.
Organization for Economic Cooperation and Development. Paris: OECD Publications, 2013.
229 p.
OLAVE, M. E. L.; AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva: uma estratégia de
competitividade e sobrevivência para pequenas e médias empresas. Gestão & Produção, são
Paulo, v. 8, n.3, p. 289-303, dez 2001.
OLIVEIRA, R. C. R.; FREITAS, R. V. O Regime Diferenciado de Contratações Públicas
(RDC) e a Administração de Resultados. Revista Eletrônica de Direito Administrativo
Econômico (REDAE), Salvador, n. 27, p. 1-25, ago. 2011.
OLIVER, C. Determinants of interorganizational relationships: integration and future
directions. The Academy of Management Review, New York, v. 15, n. 2, p. 241-265, abr.
1990.
PAKKALA, P. Innovative Project Delivery Methods for Infrastructure: An International
Perspective. Helsinki: Oy Edita Ab Helsinki, Finnish Road Enterprises, 2002. Last Review
2012. 120 p.
PORTER, M. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance. New
York, NY: The Free Press, 1985. p. 33-52.
QUINN, B. J., HILMER, F. G. Strategic outsourcing. Sloan Management Review, Boston,
USA, v. 35, n. 4, p. 43-55, jul. 1994.
179
QUINTELLA, L. Lei 12.462/2011 como norma geral de licitações. Revista eletrônica Jus
Navegandi, p. 1-10, 2014. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/30394>. Acesso em: 13
ago. 2014.
RICE, M.; LEIFER, R.; O’CONNOR, G. C. A implementação de inovação radical em
empresas maduras. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 42, n. 2, p. 17-30,
abr. 2002.
RUTTEN, M. E. J.; DORÉE, A. G.; HALMAN, J. I. M. Innovation and interorganizational
cooperation: a synthesis of literature. Construction Innovation, Bingley, UK, v. 9, n. 3, p.
285-297, jul. 2009.
SALMAN, A. F. M.; SKIBNIEWSKI, M. J.; BASHA, I. BOT Viability Model for Large-
Scale Infrastructure Projects. Journal of Construction Engineering and Management,
Boston, USA, v. 133, n. 1, p. 50-63, jan. 2007.
SANCHES, C.; MEIRELES M.; DE SORDI, J. O. Análise qualitativa por meio da lógica
paraconsistente: método de interpretação e síntese de informação obtida por escalas Likert. In:
Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade. 3., 2011. João Pessoa,
Paraíba. Publicações ENEPQ. 2011. 17 p. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnEPQ/enepq_2011/ENEPQ221.pdf>. Acesso
em: 15 jan. 2014.
SANTOS C. M. S.; LEITE, M. S. A.; LUCENA, A. D.; GRILO, T. F. Evoluindo da cadeia de
valor para cadeia de suprimentos. Revista Produção Online, Florianópolis, v. 10, n. 4, p.
753-778, dez. 2010.
SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1943. 483 p.
SCHWIND, R. W. Alterações no RDC: a Medida Provisória nº 630 e as modificações
contempladas pelo projeto de lei de conversão. Informativo Justen, Curitiba, n. 86, abr.
2014. Disponível em: <http://www.justen.com.br//informativo.php?&informativo=86&
artigo=1137&l=pt>. Acesso em: 20 dez. 2014.
SONGER, A. D.; IBBS, C. W. Managing request for proposal development in public sector
design-build. Journal Construction Procurement, Reston, USA, v. 1, n. 1, p. 64-80, may
1995.
______; MOLENAAR, K. R. Selecting design-build: Public and private sector owner’s
attitudes. Journal of management and engineering, Reston, USA, v. 12, n. 6, p. 47-53, nov.
1996.
SOSNA, M; RODRÍGUEZ R. N. T.; VELAMURI, S. R. Business Model Innovation through
trial-and-error learning. Long Range Planning, v. 43, n. 2, p. 383-407, abr. 2010.
THOMSEN, C.; DARRINGTON, J.; DUNNE D.; LICHTIG, W. Owners Guide to Project
Delivery Methods. The Construction Management Association of America. 2013,
Disponível em: <https://cmaanet.org/files/Owners%20Guide%20to%20Project%20Delivery%
180
20Methods%20Final.pdf>. Acesso em: 17 set. 2014.
TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Managing Innovation. 3. ed. West Sussex, England:
John Wiley & Sons Ltd, 2005. 582 p.
TIGRE, P. B. Gestão da Inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. 282 p.
TIWARI, R.; SHEPHERD, H.; PANDEY R. K. Supply chain management in construction: a
literature survey. International journal of management research and business strategy,
Hyderabad, India, v. 3, n. 1, p. 7-28, jan. 2014.
TORRES, P. T.; DOTTI, M. R. Apontamentos sobre a integração do RDC ao macrossistema
constitucional e ao Sistema Geral das Licitações Públicas pela via dos princípios. Revista
Síntese Direito Administrativo, São Paulo, v. 8, n. 93, p. 27-36, set. 2013.
TUCKER, S. N.; MOHAMED, S.; JOHNSTON, D. R.; MCFALLAN, S. L.; HAMPSON,
K.D. Building and Construction Industries Supply Chain Project. Report for
Commonwealth Department of Industry, Science and Resources - CSIRO, Canberra,
Australian, 2001. 52 p.
VELLALOS, J. C. K.; GORDON, S. B. The impact of the selection of construction delivery
method on achieving best value and sustainablity: the European and U,S. experiences.
International Public Procurement Conference (IPPC) Papers, p. 3370-3391, 2012.
VERGARA, S. C.; CALDAS, M. Paradigma interpretacionista: a busca da superação do
objetivismo funcionalista nos anos 1980 e 1990. Revista de Administração de Empresas,
São Paulo, v. 45, n. 4. p. 66-72, out. 2007.
WERNERFELT, B; KARNANI, A. Competitive Strategy Under Uncertainty. Strategic
Management Journal, Sussex, UK, v. 8, n. 2, p. 187-194, mar. 1987.
WIRAHADIKUSUMAH, R.; ABDUH, M. Reinforcing the role of owners in the supply
chains of highway construction projects. In: The First Makassar International Conference
on Civil Engineering (MICCE), 1, 2010. Proceedings, Makassar, Indonésia, 2010. p.1321-
1328.
WIRTZ, B. W.; SCHILKE, O.; ULLRICH, S. Strategic Development of Business Models
Implications of the Web 2.0 for Creating Value on the Internet. Long Range Planning, v. 43,
n. 2, p. 272-290, abr. 2010.
YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
248 p.
181
APÊNDICE A- ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO
O questionário foi estruturado e dividido por categoria de análise da seguinte maneira: (i)
Caracterização e Formação de Rede de Empresa; (ii) Sistema de Licitação; (iii) Cadeia de
Suprimentos e; (iv) Modelo de Recursos e Atores de Rede de Construção Civil.
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Estamos realizando uma pesquisa para descrever os tipos de redes empresariais formadas para
atender às exigências estabelecidas pelo Regime Diferenciado de Contratação (RDC)
integrado, o seu efeito na de Cadeia de Suprimentos e o seu desenho esquemático e a
construção da representação de atores e recursos em um modelo previamente estruturado. Esta
pesquisa é parte integrante da dissertação do mestrando Waldevique Franco Borges Júnior,
pelo Centro Universitário UNA, e gostaríamos de contar com a sua colaboração.
INSTRUÇÕES
Este questionário é ANÔNIMO, você não precisa se identificar.
Após o preenchimento, favor devolver o arquivo como uma resposta ao e-mail
enviado ou, se for o caso, inserir o questionário no envelope em posse do aplicador.
Qualquer dúvida enviar para o e-mail [email protected] ou o e-mail
[email protected] ou ainda consulte o aplicador, ele está treinado para responder.
Pedimos que responda com atenção a uma série de perguntas que serão realizadas. As
informações são extremamente valiosas para o sucesso desta pesquisa. Suas respostas
não serão analisadas individualmente, mas sim juntamente com as de outras pessoas
entrevistadas.
182
Fu
nd
amen
to
Teó
rico
.
Nú
mer
o
Fatores/Questões
Não
ten
ho
co
nh
ecim
ento
C
on
cord
o
tota
lmen
te
Co
nco
rdo
b
asta
nte
C
on
cord
o p
ou
co
Não
co
nco
rdo
, n
em d
isco
rdo
. D
isco
rdo
po
uco
D
isco
rdo
b
asta
nte
D
isco
rdo
to
talm
ente
7 6 5 4 3 2 1 0
REDE 1 Acredito que a inclusão dos projetistas nas redes entre empresas propicia atender ao RDC de forma mais ágil e com maior qualidade.
CS 2
Os efeitos do RDC na cadeia de suprimentos das obras, tais como a integração dos projetos técnicos e da construção em um mesmo contrato, a limitação de terceirização em no máximo 30% do valor do contrato, são atendidos pelos consórcios contratadas para a execução das obras.
CS 3
As ações dos consórcios são efetivas para a gestão da cadeia e suprimentos das obras, quanto a gerir a capacidade produtiva, os fornecedores e as expectativas do cliente contratante.
RDC- PDM
4 As empresas de projetos técnicos, participantes dos consórcios ou terceirizadas, são eficazes nas exigências do RDC.
RDC- TL
5 As empresas contratadas, em consórcio ou isoladas, atendem às exigências de preço e matriz de responsabilidades do RDC.
RDC- TL
6
Noto uma inovação na contratação pelo RDC quanto ao Tipo de Licitação (critério de seleção de empresas: menor preço global, preço e técnica), que tem apresentado resultado satisfatório.
RDC- RE
7 Ocorreu inovação no Regime de Execução (forma de pagamento: preço unitário; preço global; preço global integrado) nos contratos de obra do RDC.
RDC- PDM
8 O Método de Entrega de Projeto (contratação Integrada de projeto e construção) é atendido pela contratada, conforme as exigências do RDC.
REDE 9 As redes visam a uma aliança estratégica para as comprovações técnicas exigidas no Edital.
REDE 10 As redes visam a mais alianças estratégicas para obter atestados técnicos de exigência do Edital do que competência para execução da obra.
REDE 11 As redes (consórcios) satisfazem as necessidades dos envolvidos (contratante e contratado) sem a inclusão de novos consorciados no decorrer da obra.
RDC- TL
12 A inversão de fase durante a licitação produz a esperada redução do prazo total do processo licitatório.
REDE 13
A transferência do Estado para o particular da gestão e elaboração dos projetos técnicos foi uma opção acertada que garante agilidade nos processos de licitação e execução do contratado.
183
Fu
nd
amen
to
Teó
rico
.
Nú
mer
o
Fatores/Questões
Não
ten
ho
co
nh
ecim
ento
C
on
cord
o
tota
lmen
te
Co
nco
rdo
b
asta
nte
C
on
cord
o p
ou
co
Não
co
nco
rdo
, n
em d
isco
rdo
. D
isco
rdo
po
uco
D
isco
rdo
b
asta
nte
D
isco
rdo
to
talm
ente
7 6 5 4 3 2 1 0
RDC- PDM
14 A opção pela contratação integrada do projeto e construção em um único processo de licitação e contrato é uma inovação na forma de contratação.
RDC- PDM
15 Considerando as exigências impostas pelo RDC, o modelo de entrega design e construção tem se apresentado eficaz em obras de infraestrutura.
RDC- TL
16 O RDC criou formas ágeis, econômicas e eficientes nos processos de contratação pública de obras.
RDC- TL
17 Os objetivos do RDC são todos alcançados e atendidos quando aplicado em obras de infraestrutura.
RDC- PDM
18 Os métodos previstos na Lei nº 8.666/1993 foram inovados pelo RDC quanto à forma de contratar as empresas responsáveis pelas implantações das obras
RDC- PDM
19 Os projetos técnicos e a construção no mesmo contrato produz uma economia de prazo durante a fase interna dos órgãos públicos no processo de contratação.
RDC- PDM
20 A contratação integrada sem necessidade prévia dos projetos executivos torna o RDC eficaz e apto para ser adotado em obras de infraestrutura.
REDE 21 Nas novas parcerias para a construção da cadeia de suprimentos não são firmados contratos que obrigam a aquisição de insumos com um único fornecedor.
RDC- TL
22
A utilização do pregão eletrônico para oferta de proposta de preço melhora a eficácia do valor global proposto, abaixo do limite máximo estabelecido e não divulgado previamente pelo órgão licitante.
NOTAS: REDE: Rede de empresas em formato de consórcio. SC: Suply Chain (Cadeia de Suprimentos). RDC-PDM: Regime Diferenciado de contratação – Project Delivery Method. RDC-TL: Regime Diferenciado de contratação – Tipo de Licitação. RDC-RE: Regime Diferenciado de contratação – Regime de Execução.
OBRIGADO POR SUAS RESPOSTAS!
184
Orientação:
As respostas deverão ser apresentadas em texto corrido. O conteúdo das “Orientações para
elaboração do texto da resposta”, apresentado na sequência de cada questão, é apenas um
direcionamento pelo qual o respondente poderá ser guiado. É uma forma de indicar as
abordagens esperadas em cada resposta e de despertar novas ideias. O respondente deverá
discorrer livremente no texto da resposta de cada questão. Para cada resposta apresentada é
esperado que o respondente aborde aspectos além dos relatados nas referidas orientações.
QUESTÕES ABERTAS
1) Quais os tipos redes empresariais formadas para atender às exigências estabelecidas pelo
RDC, na fase de licitação, no que se refere à parceria com empresas concorrentes e empresas
fornecedoras, nas obras de infraestrutura licitadas pelo poder público?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Existe a formação redes de empresa do tipo Consórcio com empresas que normalmente
são concorrentes em outras licitações?
Existe a formação de consórcios com projetistas na fase de licitação? (que normalmente
são fornecedores em cadeias de suprimentos tradicionais), ou então a contratação de
equipe especializada para a internalização da competência em projeto (design) para o
caso dos RDC’s integrados?
RESPOSTA -
2) Quais os tipos de redes empresariais formadas para atender às necessidades da obra em sua
fase de execução, quanto à parceria com empresas concorrentes e empresas fornecedoras, nos
contratos de obras de infraestrutura firmados com o poder público?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Após a assinatura do contrato são formalizadas novas parcerias?
Contratação de terceiros (subempreiteiros de qualquer natureza)?
Contratos com fornecedores exclusivos de insumos? (cimento, material betuminoso,
concretos, aço, etc.).
185
RESPOSTA -
3) Quais os efeitos na Cadeia de Suprimentos causados pelo RDC nos contratos de obras de
infraestrutura firmados com o poder público?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
O edital limita a contratação de subempreiteiros?
Existe um percentual máximo para subcontratação imposto pelas cláusulas do Edital ou
contrato?
Os itens de serviços de comprovação de capacidade técnica na fase de licitação poderão
ser subcontratados?
RESPOSTA -
4) Qual motivação ou diferencial você considera mais relevante para que o RDC seja a opção
mais adequada para os contratos de obras de infraestrutura firmados com o poder público?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Poderão ser considerados fatores como os riscos para as partes do contrato.
O prazo de entrega do objeto contratado.
Mais agilidade na fase de licitação, até a efetiva contratação da execução.
Maior rapidez na conclusão dos projetos (designs).
Maior facilidade de adequação dos projetos (designs) às realidades encontradas no
momento da execução das diversas fases da obra.
Menor possibilidade de aditivos por alteração de projeto (design) quando for o caso de
contratação integrada.
RESPOSTA -
5) Quais as exigências do RDC você considera relevantes em uma obra de infraestrutura?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Poderão ser considerados fatores como a matriz de risco bem definida.
186
O objeto do contrato: projeto (design) e construção, no caso de contratação integrada.
A forma de pagamento por preço unitário ou global.
RESPOSTA -
6) As redes formadas por empresas, como os Consórcios, podem influenciar na qualidade e
agilidade dos serviços prestados em obras de infraestrutura firmados com o poder público?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
A parceria de empresas aumentou as competências do consórcio formado, maiores do
que cada empresa poderia desempenhar.
Consórcio com empresas projetistas (de design) se mostra mais eficaz que a
subcontratação de empresa de projeto, ou mesmo a contratação de pessoal qualificado
para internalização de competências em projetos (design).
A formação dos Consórcios é motivada pela busca de maiores competências ou objetiva
apenas atingir as exigências de comprovação de capacidade técnica do Edital de
licitação?
RESPOSTA -
7) Identifique as inovações introduzidas pelo processo de contratação do RDC quanto ao Tipo
de Licitação (critério de seleção de empresas).
Orientações para elaboração do texto da resposta:
O Tipo de Licitação utilizado nos editais pelo RDC é o de menor preço Global, menor
preço e melhor técnica ou apenas melhor técnica. Poderá ser informado o percentual de
cada Tipo de Licitação frequentemente previsto nos editais pelo RDC.
Os tipos de Licitações previstos pelo RDC (critério de julgamento) são os mesmos
utilizados na Lei nº 8.666/1993? Houve alguma inovação (como o tipo: melhor técnica e
preço para as contratações integradas)
O RDC utiliza o processo de inversão de fase de licitação, quando primeiramente são
analisadas as propostas comerciais e depois os documentos de habilitação.
A Lei nº 8.666/1993 contemplava este tipo de inversão, ou trata-se de uma inovação?
Está sendo utilizada a modalidade de pregão para as concorrências pelo RDC? Nesta
modalidade sempre existe a inversão de fase ou pode haver uma pré-qualificação para a
seleção de empresa, ou rede de empresas, habilitadas a fazer ofertas?
187
O pregão é uma inovação para obra de construção, ou já ocorria ou eram previstas nas
licitações pela Lei nº 8.666/1993?
RESPOSTA -
8) Identifique as inovações introduzidas pelo processo de contratação do RDC quanto ao
Regime de Execução (forma de pagamento).
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Os contratos previstos nos editais do RDC são remunerados pelo Regime de Execução
por preço unitário ou por preço Global e avanço físico?
Os tipos de Regime de Execução (forma de pagamento) utilizado pelo RDC foram os
mesmo já utilizados na Lei nº 8.666/1993, ou houve alguma inovação?
RESPOSTA -
9) Identifique as inovações introduzidas no processo de contratação pelo RDC quanto ao
Método de Entrega de Projeto (escopo do projeto) integrado ou não.
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Os contratos previstos nos editais do RDC têm como objeto de entrega o projeto (design)
e a construção?
As licitações pelo RDC têm utilizado o método tradicional de primeiramente licitar a
contratação do projeto técnico de engenharia para depois licitar a construção?
Os órgãos públicos têm realizado a gestão as obras ou têm contratado empresas
gerenciadoras para acompanhar as obras?
Neste caso, as empresas contratadas para gerenciar assumem algum risco pelo não
cumprimento por parte do construtor, dos objetivos contratados, em termos do escopo,
prazo, custo e qualidade da obra por parte do construtor, do escopo, prazo, custo e
qualidade?
RESPOSTA -
188
10) O que influencia a gestão dos fluxos de bens e serviços da cadeia de suprimentos referente
aos contratos de obras de infraestrutura firmados com o poder público?
Orientações para elaboração do texto da resposta:
Quais aspectos da cadeia de suprimento são influenciados pelos contratos originados do
DRC:
Existe alguma vantagem na contratação ou na formação parceiras com empresas
projetistas (de design)? (contratação integrada)
O Regime de Execução por Preço Global (se for o caso) facilita ou dificulta a
contratação de subempreiteiros, ou a formação de parcerias com fornecedores?
São formalizadas autorizações junto ao contratante para subcontratações de serviços?
Dentro da cadeia de suprimento são identificados e controlados os itens da matriz de
risco, com a devida categorização dos responsáveis?
RESPOSTA -
OBRIGADO POR SUAS RESPOSTAS!
189
APÊNDICE B- PRODUTO TÉCNICO COM DADOS DO EDITAL nº 165/2013
DOCUMENTO DE ANÁLISE DE EDITAIS
LEI : RDC
RESPONSÁVEL PELA ANÁLISE:
WALDEVIQUE FRANCO BORGES JÚNIOR
EDITAL nº: 165/2013 DATA AQUISIÇÃO
28/03/2013 D.O.U.
ÓRGÃO / CLIENTE:
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT PÁGINA
OBJETO:
Contratação de empresas para Elaboração dos Projetos Básico e Executivo e Execução
das Obras de Adequação de Capacidade da Rodovia BR- 381/MG (Norte), incluindo
Duplicação, Melhoramentos e Ampliação de Capacidade e Segurança de segmentos do
trecho Div. ES/MG – Div. MG/SP, subtrecho Entrº BR-116/MG (Governador Valadares) –
Entrº MG-020 (Av. Cristiano Machado /Belo Horizonte), segmento Km 155,4 – Km 458,4, 11
(onze) Lotes
Lote 01
Subtrecho: Entrº. BR-116/MG (Governador Valadares) – Entrº. Acesso a Belo Oriente;
Segmento: Km 155,4 – Km 228,2; Extensão: 72,8km;
Lote 02
Subtrecho: Entrº. Acesso a Belo Oriente – Entrº MG-320 (p/Jaguaraçu); Segmento: Km
228,2 – Km 288,4; Extensão: 60,2km;
Lote 3.1
Subtrecho: Entrº. MG-320 (p/Jaguaraçu) – Ribeirão Prainha; Segmento: Km 288,4 – Km
317,0; Extensão: 28,6km;
Lote 3.2
Subtrecho: Entrº. MG-320 (p/Jaguaraçu) – Ribeirão Prainha; Segmento: Túneis Rio
Piracicaba (Pista da direita e da esquerda); Extensão: 825m;
Lote 3.3
Subtrecho: Entrº. MG-320 (p/Jaguaraçu) – Ribeirão Prainha; Segmento: Túneis Antônio
Dias e Prainha; Extensão: 1.280m;
Lote 04
Subtrecho: Ribeirão Prainha – Entrº. Acesso Sul de Nova Era; Segmento: Km 317,0 – Km
335,8; Extensão: 18,8km;
Lote 05
Subtrecho: Entrº. Acesso Sul de Nova Era – João Monlevade; Segmento: Km 335,8 – Km
356,5; Extensão: 20,7km;
Lote 06
Subtrecho: João Monlevade – Rio Una; Segmento: Km 356,5 – Km 389,5; Extensão:
33,0km;
Lote 07
Subtrecho: Rio Una – Entrº. MG-435 (Caeté); Segmento: Km 389,5 – Km 427,0; Extensão:
37,5km;
Lote 8A
Subtrecho: Entrº. MG-435 (Caeté) - Entr. MG-020; Segmento: Km 427 – Km 445; Extensão:
18,0km;
Lote 8B
Subtrecho: Entr. MG-435 (Caeté) - Entrº MG-020 (Av. Cristiano Machado/Belo Horizonte);
Segmento: Km 445 – Km 458,4; Extensão: 13,4km;
2, 43 e 44
190
DOCUMENTO DE ANÁLISE DE EDITAIS
LEI : RDC
ORIGEM DO RECURSO:
FEDERAL 2
PRAZO DE EXECUÇÃO:
Lote 01 810 DIAS
65
Lote 02 810 DIAS
Lote 3.1 1170 DIAS
Lote 3.2 1170 DIAS
Lote 3.3 1170 DIAS
Lote 04 810 DIAS
Lote 05 810 DIAS
Lote 06 1170 DIAS
Lote 07 1170 DIAS
Lote 8A 1170 DIAS
Lote 8B 1170 DIAS
ORÇAMENTO : NÃO INFORMADO
REFERÊNCIA mai/12 45
REGIME DE EXECUÇÃO:
PREÇO GLOBAL 57
TIPO DE LICITAÇÃO:
MELHOR PREÇO E TECNICA
57
MÉTODO DE ENTREGA
CONTRATAÇÃO INTEGRAL 57
DOCUMENTOS ADQUIRIDOS
EDITAL
1 MIDIA DIGITAL SIM MÍDIA IMPRESSA
SIM
COMPROVANTE DE AQUISIÇÃO DE EDITAL:
RECIBO
ENTREGA DA PROPOSTA - DATA
ABERTURA DA PROPOSTA - DATA
3
Lote 01 04/06/2013 ÀS 09H00 Lote 01 04/06/2013 ÀS 09H00
Lote 02 04/06/2013 ÀS 11H00 Lote 02 04/06/2013 ÀS 11H00
Lote 3.1 04/06/2013 ÀS 14H00 Lote 3.1 04/06/2013 ÀS 14H00
Lote 3.2 04/06/2013 ÀS 15H30 Lote 3.2 04/06/2013 ÀS 15H30
Lote 3.3 04/06/2013 ÀS 17H00 Lote 3.3 04/06/2013 ÀS 17H00
Lote 04 05/06/2013 ÀS 09H00 Lote 04 05/06/2013 ÀS 09H00
Lote 05 05/06/2013 ÀS 11H00 Lote 05 05/06/2013 ÀS 11H00
Lote 06 05/06/2013 ÀS 15H00 Lote 06 05/06/2013 ÀS 15H00
Lote 07 05/06/2013 ÀS 17H00 Lote 07 05/06/2013 ÀS 17H00
Lote 8A 06/06/2013 ÀS 09H00 Lote 8A 06/06/2013 ÀS 09H00
Lote 8B 06/06/2013 ÀS 11H00 Lote 8B 06/06/2013 ÀS 11H00
191
DOCUMENTO DE ANÁLISE DE EDITAIS
LEI : RDC
ENDEREÇO
SAN Q.03 Bl. A - Ed. Núcleo dos Transportes – Mezanino Sul
ENDEREÇO SAN Q.03 Bl. A - Ed. Núcleo dos Transportes – Mezanino Sul
3
CIDADE / ESTADO
Brasília / DF CIDADE / ESTADO
Brasília / DF
PROVIDÊNCIAS IMPORTANTES
VISITA TÉCNICA:
65
DATA: até 5 dias úteis antes da proposta
LOCAL Superintendência Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais
AGENDADA COM:
(31) 3057-1501/1503
LOCAL:
QUALIFICAÇÃO TECNICA:
ENGENHEIRO
DOCUMENTOS: CREDENCIAL DA EMPRESA
GARANTIA DA PROPOSTA:
28 e 29
LOCAL: DNIT - DF
DATA LIMITE: Até 15 dias após a assinatura do contrato
VALOR: 25% do valor global
TIPO: FIANÇA BANCÁRIA
VALIDADE: Até assinatura do termo de recebimento definitivo
ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS - DATA
25 e 26
Até 5 dias uteis antes da proposta
RESPONSÁVEL: TELEFONE:
EMAIL: [email protected]
ENDEREÇO:
192
DOCUMENTO DE ANÁLISE DE EDITAIS
LEI : RDC
CONDIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO
CAPACIDADE TÉCNICA
4
ATESTADOS: DA EMPRESA E DO RESPONSÁVEL TÉCNICO
NUMERO DE ATESTADOS:
SEM LIMITAÇÃO
CONSÓRCIO: PERMITIDO
CRITÉRIO PARA CONSÓRCIO:
NÚMERO LIMITE DE EMPRESAS
4
PARTICIPAÇÃO:
FINANCEIRA: SOMATÓRIO DAS EMPRESAS CONSORCIADAS
TÉCNICA: SOMATÓRIO DAS EMPRESAS CONSORCIADAS
ATESTADO DE VISITA:
LIDER
GARANTIA DA PROPOSTA:
LIDER
OBSERVAÇÕES
CAPACIDADE FINANCEIRA
ÍNDICE FORMULA EDITAL
23
LG LG = (AC + RLP)/(PC+PNC) >= 1,00
SG SG = AT/(PC+PNC) >= 1,00
LC LC = AC/PC >= 1,00
ABREVIAÇÃO NOMENCLATURA
AC ATIVO CIRCULANTE
RLP REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
PC PASSIVO CIRCULANTE
PNC PASSIVO NÃO
CIRCULANTE
AT ATIVO TOTAL
LG ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL
SG ÍNDICE DE SOLVÊNCIA GERAL
LC ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE
193
DOCUMENTO DE ANÁLISE DE EDITAIS
LEI : RDC
HABILITADA SIM
APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
1) HABILITAÇÃO - NÚMERO DE VIAS:
1 via 17, 18 e 19
COMPLETA
2) COMERCIAL - NÚMERO DE VIAS: 1 via 7 e 8
COMPLETA
3) TÉCNICA: SIM 1 via 14 e 15
COMPLETA
3) PLANO DE TRABALHO
APRESENTAR ANEXADO A PROPOSTA COMERCIAL
ANALISADO POR:
Gerente de Orçamentos e Custos
COMENTÁRIOS: