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Clássicos da sociologia e a aplicação de suas teorias: Durkheim, Weber e Marx Prof. Cédrick Cunha

Clássicos Da Sociologia e a Aplicação de Suas Teorias

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  • Clssicos da sociologia e a aplicao de suas teorias: Durkheim, Weber e

    Marx

    Prof. Cdrick Cunha

  • Para o socilogo francs mile Durkheim, a sociedade prevalece sobre o indivduo.

    A sociedade um conjunto de normas de ao, pensamento e sentimento que no existem apenas nas conscincias dos indivduos, mas que so construdas exteriormente.

  • Sociedade e suas regras

    Na vida em sociedade o indivduo se defronta com regras de conduta que no foram diretamente criadas por ele, mas que existem e so aceitas e seguidas por todos.

    Sem essas regras, a sociedade no existiria.

  • Exemplo: As leis

  • I. Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em conjunto.

    II. O indivduo isolado no cria leis, nem pode modific-las.

    III. Geraes de indivduos vo criando e reformulando coletivamente as leis.

    IV. Essas so transmitidas para geraes seguintes na forma de cdigos, decretos, constituies etc.

    V. Como indivduos isolados, temos de aceit-las, sob a pena de sofrer castigos por viol-las.

  • Objeto da Sociologia para Durkheim: Fatos Sociais

    Os fatos sociais so essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivduos em sociedade.

    Caractersticas que permitem identificao dos fatos sociais:

    So exteriores;

    E, coercitivos.

  • Exemplo: Educao e os fatos sociais

  • I. O indivduo no nasce sabendo previamente as normas de conduta necessrias para a vida em sociedade.

    II. Por isso, toda sociedade tem de educar seus membros para organizao da vida social.

    III. As geraes adultas transmitem s crianas e adolescentes aquilo que aprenderam.

    IV. Com isso, o grupo social perpetuado, apesar da morte dos indivduos,

  • Durkheim e as Instituies

    Uma instituio um conjunto de regras e normas de vida que se consolidam fora dos indivduos e que as geraes transmitem umas s outras.

    Exemplos de instituies so: Igreja, Exrcito, a famlia etc.

  • Para Durkheim, a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e controla as aes individuais.

    O indivduo aprende a seguir normas e regras de ao que lhe so exteriores no foram criadas por ele e so coercitivas limitam sua ao e prescrevem punies quem no obedecer os limites sociais.

    As instituies socializam os indivduos.

  • Durkheim e o mtodo sociolgico

    Considerando o carter exterior e coercitivo, Durkheim coloca como regra bsica de seu mtodo que o pesquisador analise os fatos sociais como se fossem coisas, objetos que existem independente de nossas ideias e vontades.

  • Com isso, Durkheim enfatiza a posio de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve ter em relao sociedade:

    Ele deve descrever a realidade social, sem deixar suas ideias e opinies interferirem na observao dos fatos sociais.

  • Max Weber (1864-1920)

  • Objeto da sociologia para Weber: Ao Social

    Enquanto para Durkheim a nfase da anlise recai na sociedade, para o socilogo alemo Max Weber a anlise estar centrada nos atores e em suas aes.

  • Nesta viso, a sociedade no seria algo exterior e superior aos indivduos, como em Durkheim.

    Para Weber, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das aes individuais reciprocamente referidas.

  • Mas, o que uma ao social?

    qualquer ao que o indivduo faz orientando-se pela ao de outros.

    Toda vez que se estabelecer uma relao significativa, isto , algum tipo de sentido entre vrias aes sociais, teremos ento relaes sociais.

    S existe relao social quando o indivduo tenta estabelecer algum tipo de comunicao, a partir de suas aes, com os demais.

  • Exemplo: eleio e o eleitor

  • I. O eleitor define seu voto orientando-se pela ao dos demais eleitores.

    II. Ou seja, temos a ao de um indivduo, mas essa ao s compreensvel se percebermos que a escolha feita por ele tem como referncia o conjunto dos demais eleitores.

  • Nem toda ao ser social.

    Apenas aes que impliquem alguma orientao significativa visando outros indivduos considerada ao social.

    Vejamos um exemplo...

  • I. O simples choque entre eles no uma ao social;

    II. A tentativa de se desviarem um do outro j pode ser considerada uma ao social;

    III. O ato de desviar-se para um lado j indica para o outro a inteno de evitar o choque, esperando uma ao semelhante como resposta.

    IV. Estabelece-se, assim, uma relao significativa entre ambos.

  • Diferentes tipos de ao social

    1. Ao tradicional: determinada por um costume ou um hbito arraigado.

    2. Ao afetiva: determinada por afetos ou estados sentimentais.

    3. Racional com relao a valores: determinada pela crena consciente num valor considerado importante, independentemente do xito desse valor na realidade.

    4. Racional com relao a fins: determinada pelo clculo racional que coloca fins e organiza os meios necessrio.

  • Exemplo dos tipos de aes sociais: experincia de compra

  • Sua ao uma ao social, pois o ato de comprar algo significativo.

    O indivduo escolhe o objeto que ir comprar orientando-se pela ao de outros consumidores.

    O problema como o consumidor orienta sua ao na compra do tnis.

  • Possveis cenrios...

  • I. Ele pode comprar o modelo que mais goste, ou seja aquele que, emocionalmente, levado a escolher. [Ao Afetiva]

    II. Ele pode adquirir o tnis que tradicionalmente compra, que todos na sua famlia esto acostumados a comprar. [Ao tradicional]

    III. Ele pode comprar pelo valor que ele atribuiu a determinada marca. Toma a marca como valor, independente de especulaes de utilidade ou preo. [Racional com relao a valores]

    IV. Ele compra o tnis que est mais de acordo com o fim proposto. Se ele vai jogar vlei, procurar o tnis mais adequado para esse esporte, considerando tambm o preo mais acessvel. [Racional com relao a fins]

  • A ideia de Weber que as aes sociais podero ser mais bem compreendidas a partir dos tipos de ao social criados por ele.

    Embora na realidade muitas vezes sejamos levados a escolher movidos por interesses que remetem a vrios desses tipos, no geral podemos definir qual a forma de orientao acaba sendo determinante.

    As aes sociais podem ser enquadradas em um s tipo, ou na combinao de vrios.

  • Weber, regras e instituies

    Weber no analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivduos.

    As normas e regras sociais so o resultado do conjunto de aes individuais, sendo que os agentes escolhem, o tempo todo, diferentes formas de conduta.

  • As ideias coletivas como Estado, o mercado econmico, as religies, s existem porque muitos indivduos orientam reciprocamente suas aes num determinado sentido.

    Estabelecem, dessa forma, relaes sociais que tm de ser mantidas continuamente pelas aes individuais.

  • Weber e o mtodo sociolgico

    Consequentemente, a concepo de mtodo em Weber tambm ser diferente da de Durkheim.

    Weber enfatiza o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.

    Os tipos de ao social propostos por Weber, por exemplo, so construes tericas que servem para tornar compreensveis certas aes dos agentes sociais.

  • Outros autores podem construir tipos diferentes para explicar formas de aes sociais que no possam ser compreendidas pelos tipos propostos por Weber.

    As construes tericas de cada cientista dependem de escolhas pessoais que devem ser feitas visando aos aspectos da realidade que se quer explicar.

    Desse ponto de vista, no possvel uma neutralidade total do cientista em relao sociedade.

  • Karl Marx (1818-1883)

  • Diferente de Durkheim e Weber, Karl Marx considerava que no se pode pensar a relao indivduo-sociedade separadamente das condies materiais em que essas relaes se apoiam.

    Para Marx, as condies materiais de toda sociedade condicionam as demais relaes sociais.

  • Para viver, os indivduos tm de, inicialmente, transformar a natureza, ou seja, comer, construir abrigos, utenslios etc., sem o que no poderiam existir como seres vivos.

  • Sendo assim, o estudo de qualquer sociedade deveria partir justamente das relaes sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produo e transformar a natureza.

  • Marx e a produo

    Essas relaes sociais de produo so a base que condiciona todo o resto da sociedade.

    Para Marx, portanto, a produo a raiz de toda a estrutura social.

  • Na sociedade antiga, por exemplo, a relao social bsica era a relao senhor-escravo.

    No podemos entender a poltica ou cultura dessa poca sem primeiramente estudar essa relao bsica que condicionava todo o resto da sociedade.

  • Marx e as classes sociais

    Segundo Marx, na sociedade capitalista as relaes sociais de produo definem dois grandes grupos dentro da sociedade: Os capitalistas: possuem os meios de produo

    necessrios para transformar a natureza;

    Os proletariados: nada possuem, a no ser o seu corpo e a disposio para trabalhar.

    A produo na sociedade capitalista s se realiza porque capitalistas e trabalhadores entram em relao.

  • O capitalista paga ao trabalhador um salrio para que trabalhe para ele e, no final da produo, fica com o lucro, o que Marx define como mais-valia.

    Karl Marx chamou a ateno para o fato de que os capitalistas, uma vez pago o salrio de mercado pelo uso da fora de trabalho, podem lanar mo de duas estratgias para ampliar sua taxa de lucro:

    estender a durao da jornada de trabalho mantendo o

    salrio constante - o que ele chama de mais-valia absoluta;

    ou ampliar a produtividade fsica do trabalho pela via da mecanizao - o que ele chama de mais-valia relativa.

  • Em fazendo esta distino, Marx rompe com a ideia ricardiana do lucro como "resduo" e percebe a possibilidade de os capitalistas ampliarem autonomamente suas taxas de lucro sem dependerem dos custos de simples reproduo fsica da mo-de-obra.

  • O conceito de classe, em Marx, estabelece um grupo de indivduos que ocupam uma mesma posio nas relaes de produo, em determinada sociedade.

    A classe a que pertencemos que condiciona, de maneira decisiva, nossa atuao social.

  • Podemos compartilhar ideias e comportamentos de indivduos de outras classes, mas nos momentos de conflito, como nas greves, as diferenas iro aparecer de acordo com a classe a que pertencemos,

  • Marx e o mtodo sociolgico

    Marx enfatiza que o pesquisador no deve se restringir descrio da realidade social, mas deve tambm se ater anlise de como essa realidade se produz e se reproduz ao longo da histria.

    Em relao as classes na sociedade capitalista, por exemplo, no basta a descrio das duas classes sociais existentes, mas preciso mostrar a maneira como essas classes surgiram na histria, como o conflito entre elas se mantm e quais as possibilidades de transformao dessas relaes de classe no futuro.

  • Consideraes Finais

    As explicaes de Durkheim, Weber e Marx so bastante diferentes, dependendo do que estabelecido como central: a sociedade, o indivduo ou a relao entre ambos.

    Porm, todos estavam interessados em pensar a relao entre indivduo e sociedade no mundo moderno.

  • Essas divergncias indicam a complexidade dos problemas colocados pelas novas condies de vida do mundo moderno e as diferentes possibilidades de interpretaes.

    O debate entre as diferentes teorias caracterstico do pensamento sociolgico. Sem esse debate, nossa compreenso da sociedade seria mais limitada.

  • A partir dos conceitos sociolgicos podemos abordar de uma nova maneira as situaes e os problemas da vida cotidiana.

    Trabalhando com esses conceitos, no mais estaremos no campo do senso comum, mas no da cincia.

  • Leituras indicadas:

    FORACHI, M. M.; MARTINS, J. de S. (1977). Sociologia e Sociedade. Ed. LTC: So Paulo. [Captulo 1]

    LAKATOS, E. M. (1990). Sociologia Geral. Ed. Atlas: So Paulo. [Captulo 2, pp. 45-47; 50-51]

    [Captulo 3, pp. 63-71]