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18/11/2010 1 CLÍNICA PSICANALÍTICA: RE-ARRANJOS CLÍNICOS Psic. Bruno Chagas Julho de 2010 "... Cada um de nós é uma biografia, uma história, uma narrativa singular que, de modo contínuo e inconsciente, é construída por nós, por meio de nós e em nós, através de nossas percepções, sentimentos, pensamentos, ações e, não menos importante, por nosso discurso, nossas narrativas faladas...". (Oliver Sacks)

Clinica psicanalitica julho 2010

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Aula ministrada no Instituto Ários Clínica e Pesquisa em Psicanálise e Psicologia que aborda: PORQUE FAZER ANÁLISE ? PERSONALIDADES REFLEXÃO SOBRE OS CRITÉRIOS DE ANALISABILIDADE. CLÍNICA PSICANALÍTICA ATUAL. INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES. PRÁTICA PSICANALÍTICA ATRAVÉS DE ESTUDOS DE CASOS.

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CLÍNICA PSICANALÍTICA:RE-ARRANJOS

CLÍNICOS

Psic. Bruno Chagas

Julho de 2010

"... Cada um de nós é uma biografia, uma história, uma narrativa singular que, de

modo contínuo e inconsciente, é construída por nós, por meio de nós e em nós, através de nossas percepções,

sentimentos, pensamentos, ações e, não menos importante, por nosso discurso,

nossas narrativas faladas...".(Oliver Sacks)

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“SERÁ POSSIVEL TRANSMITIR PSICANÁLISE, SE FORMAR COMO

PSICANALISTA, SEM TER A PACIÊNCIA DE SE DEBRUÇAR COM AMOR SOBRE O TEXTO TEÓRICO, PARA RETRABALHÁ-LO E SOBRE O

TEXTO DE NOSSA ALMA E DE NOSSO CORPO, COM O PRAZER DE DESEJAR PARTICIPAR ATIVAMENTE

NUMA MUDANÇA, EMBORA MÍNIMA DA COMBINATÓRIA DE

NOSSOS ELEMENTOS QUÍMICOS E PULSIONAIS DESEJANTES”

J-D NASIO

O OBJETIVO DESTE TRABALHO É :

PORQUE FAZER ANÁLISE ?

PERSONALIDADES

REFLEXÃO SOBRE OS CRITÉRIOS DE ANALISABILIDADE.

CLÍNICA PSICANALÍTICA ATUAL.

INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES.

PRÁTICA PSICANALÍTICA ATRAVÉS DE ESTUDOS DE CASOS.

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• Nenhum dos autores da Psicanálise detém a totalidade do saber sobre o ICS e seus efeitos, e que nenhuma proposta clinica é capaz de dar conta de todas as formas de sofrimento psíquico.

O que uma análise pode fazer não é eliminar a divisão do sujeito, mas propiciar que ele deixe de responder cegamente ao desejo

inconsciente – que é sempre desejo (de se fazer objeto) do desejo de um Outro-, de

modo a tornar-se capaz de responsabilizar por sua condição desejante. Esta consiste

justamente na impossibilidade de satisfazer plenamente o desejo e, portanto, na permanente tarefa de realizá-lo na

produção simbólica.

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Mas então quem é o Outro ?

“o lugar de onde pode ser colocado, para ele, a questão de sua existência” isto é: de sua sexualidade e de seu desejo, de sua procriação e de sua filiação, de sua existência e de sua morte, do destino que terá sido o seu, enfim.

J. Lacan, "Em uma questão preliminar a qualquer tratamento possível da psicose", Écrits, Paris, Editions du Seuil, 1966, p. 549.

Ex. clínico:

• Em Freud, o “Homem dos Ratos” foi tomado por um impulso de querer emagrecer, mas não

conseguia executar esse intento, porquanto o impulso se manteria incompreensível enquanto

não fosse revelado que a palavra “gordo”, no idioma alemão que falava, é dick, sendo também Dick o nome de um rival de quem gostaria de se

desfazer. Pelo mecanismo de deslizamento de um significante para o outro, emagrecer teria o

significado de matar o rival Dick.

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Quando Winnicott afirmou que não existe um bebê sem a sua mãe,

estava assinalando um princípio para a compreensão do self, que na

verdade está presente a cada momento do processo maturacional: não existe o self sem o outro, o self

acontece no mundo.

O acontecer humano demanda a presença de um outro. As primeiras organizações psíquicas do bebê, a

entrada na temporalidade (inclusão na Estrutura), a abertura da

dimensão espacial, a personalização só se constituem e ganham

realização pela presença de alguém significativo.

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Hanna Arendt (1997) ensina-nos que a realidade do mundo é garantida pela presença

dos outros. O mundo consiste nas coisas, que devem a sua existência aos homens e que,

por sua vez, também condicionam os autores humanos. Assim, tudo o que adentra o

mundo humano torna-se parte da condição humana. O trabalho e seu produto, o artefato

humano, emprestam permanência e durabilidade ao caráter efêmero do tempo

humano.

A cada nascimento, o novo começo pode fazer-se sentir no mundo, porque o recém-chegado possui a capacidade de iniciar algo

novo: agir. Adentramos no mundo ao nascer e o deixamos para trás ao morrer. O

mundo transcende a duração de nossa vida, tanto no passado como no futuro. Ele

preexistia à nossa chegada e sobreviverá à nossa breve permanência

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O nascimento humano e a morte de seres humanos não são

ocorrências simples e naturais, mas referem-se a um mundo ao

qual vêm e do qual partem indivíduos únicos, entidades singulares, impermutáveis e

irrepetíveis

Sem dúvida, pode-se afirmar que é preciso entrar no mundo para que o indivíduo

sinta-se vivo e existente, mas tem de ser de uma maneira singular e pessoal. Não basta, para o acontecer do self do bebê,

que o mundo esteja pronto com suas estéticas, com seus códigos, com seus mitos. A criança precisa, pelo gesto,

transformar esse mundo em si mesma.

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É preciso que o mundo, inicialmente, seja ela mesma, para que ela possa

apropriar-se dele e compartilhá-lo com outro. O bebê, dessa forma, faz-se

singularidade pelo gesto criativo que a leva a encarnar a memória de seu grupo

cultural de maneira peculiar.

Se a inscrição no mundo não pôde ser realizada pela interação e comunicação com alguém significativo, certamente

tenderá a acontecer de forma impulsiva e

desorganizada, que expressa o desespero sem nome, vivido pelas pessoas que não

tiveram aqueles acontecimentos em suas histórias.

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Observa-se que pacientes que não encontraram essa experiência

SIGNIFICATIVA identificam-se com uma coisa, um vegetal, um animal, um

alienígena, quando não organizaram uma psicose, como forma de proteção, frente

à agonia impensável, decorrente da impossibilidade de criar um mundo ao

qual possam pertencer.

ENTÃO PORQUE

PSICANÁLISE ?

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Somos seres falantes e por esta razão contamos com o simbólico, mas também

sofremos as conseqüências disto. A linguagem tanto pode libertar um sujeito quanto aprisioná-lo, e o aprisionamento é o que testemunhamos nos dias de hoje,

principalmente porque a palavra está tão vazia de sentido e valendo pouco para a

grande maioria.

Ouvimos as pessoas falarem e não cumprirem com o que dizem,

dizerem e afirmarem que falaram por falar, que se enganaram, esqueceram ou que não tem

importância o que disseram. Poucos contam com a linguagem para saber

o que estão dizendo e em que discurso estão inscritos.

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O depoimento a seguir muito bem definido mostra um pouco o trabalho que uma análise possibilita. Quando o sujeito resolve descobrir o porquê do que lhe acontece, depara-se com

o valor e a importância de ser falante.

• “A análise é árdua e faz sofrer. Mas quando se está desmoronando sob o peso das palavras recalcadas, das condutas obrigatórias, das

aparências a serem salvas, quando a imagem que se tem de si mesmo torna-se insuportável,

o remédio é esse. Pelo menos, eu o experimentei e guardo por Jacques Lacan uma gratidão infinita (…) Não mais sentir vergonha de si mesmo é a realização da liberdade (…). Isso é o que uma psicanálise bem conduzida

ensina aos que lhe pedem socorro”.Françoise Giroud. Setembro de 1995.

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No início da análise é comum que as queixas refiram-se à mãe, ao namorado (a), chefe, ao destino etc. Esses sujeitos chegam em posição de objetos, acreditando-

se vítimas, onde diz que nada tem a ver com o que lhes acontece e que nada podem fazer a respeito dessa desordem na qual se encontram, porque

acreditam que “foram colocados” neste lugar. Isto é o que acreditam primeiramente.

• O trabalho de análise é mostrar ao paciente sua implicação no sintoma e também o que ele pode

fazer para sair desta desordem.

• A felicidade ou a infelicidade não está inscrita nos genes nem nos neurônios, cada sujeito tem uma história singular,

por isso cada caso é um caso particular, e o trabalho analítico é escutar o discurso

do sujeito que está sofrendo para que ele descubra qual a causa, quais implicações inconscientes estão dirigindo sua vida. E

esta descoberta o colocará em outra posição.

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• Os pacientes descrevem a experiência de análise como algo que

deu sentido à sua vida, aliviando suas dores e significando sua

história, onde conseguem desfazer os nós sintomáticos que são

resultados de sua historia familiar, herdados até de outra geração

através do discurso.

Não é por causa dos problemas que as pessoas vão ao psicanalista, e sim devido aos sintomas. O que a psicanálise faz é mostrar que o próprio problema é uma solução de uma questão inconsciente. Não vamos solucioná-lo, mas ajudar a

montar a equação. Qualquer pessoa que conhece um pouco de matemática sabe

que essa é a parte mais difícil.

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E a análise possibilita para o sujeito, descobrir o texto

enigmático desse discurso que ele repete tantas vezes sem saber

exatamente o que diz.

O RETORNO DO REPRIMIDO

CS

ICS

RE

PR

ES

O

CENSURA

DESEJO REPRIMIDO

RETORNO DO REPRIMIDO

SINTOMA

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A compulsão à repetição é um impulso à ação que substitui o

recordar; sendo assim, quanto maior a atuação, maior a resistência e

menor a recordação. Logo, a repetição é definida como algo que faz oposição ao saber, sendo ela da

ordem da ação.

CLÍNICA E

PERSONALIDADES:

UM FACILIDADE...

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TIPO N DE PERSONALIDADE

• O superego esta constituído, a angústia maior é de castração, o mecanismo de defesa é o

recalcamento, o conflito se dá entre o superego e o ID. A relação com os pais é

triangular, a relação de objeto é genital. No tipo N, ou os dois pais interditam as duas

pulsões (a sexual e agressiva), ou um deles opera uma excitação e o outro uma interdição

sexuais.

• Dito de outra forma, são pessoas com dificuldades com limites, em função da castração. Todos nós temos problemas

com limites, mas o tipo N sofre mais por causa deles. Raramente estão satisfeitos,

porque o que falta se torna mais importante do que o possuído.

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• Disputam para ver quem pode mais, quem sabe mais, quem decide, quem manda, seu discurso é permeado por falas desse teor.

• Nas sessões de análise, isso aparece de várias maneiras:

• Fazem questão de decidir o horário, chegando atrasados e tentando ficar além do horário.

• (Nenhum comportamento, por mais típico que seja, define o tipo de personalidade).

• A culpa predomina pois é comum o conflito entre o Id e o Superego, entre o que fazer e o que não se

deve fazer.

• O limite imposto pelo superego é muitas vezes desafiado, gerando

culpa.

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Reação emocional do terapeuta no tipo N

• Diante do tipo N, o terapeuta tende a competir, às vezes podendo se irritar ou tornar-se

agressivo, proteger-se da agressividade do outro ou até mesmo rejeitá-lo.

• Por vezes a reação do terapeuta é ser cauteloso com o que fala por se sentir às vezes “checado”. Pois o tipo N discordam, desafiam, e colocam o

terapeuta em posição de defesa.

• O tipo N pode desconsiderar o que o terapeuta fala, nem ouvi-lo, não deixam espaço algum para que o outro fale, passar a elogiar outros

terapeutas, ou mostrar que sabe mais do que o terapeuta, discorrendo sobre

assuntos da área Psi.

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• Há pacientes que mal escutam o analista, falam sem parar e, no fim, querem

continuar a consulta e ainda acusam o analista de não falar nada. (que neurose

heim)

• Isso são formas de diminuir o analista, uma forma de competição.

• Outra forma é tentar ficar amigo do terapeuta, tentando ser amigo, isso o

desqualifica como profissional.

• Este tipo é sempre instigante, sedutores e cativantes.

• Tipo N mais bem-resolvidas estabelecem relação de igual para igual.

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• O componente artístico de uma análise, é o que a torna única permitindo o

encontro humano em essência e que esse par analítico (um par que esta

permanente interagindo e se influenciando reciprocamente) seja

único. Claro que isso implica na análise pessoal do terapeuta, tornando-o cada vez mais consciente de suas questões

psicológicas, separando-as de seus pacientes.

CARACTERISTICAS DO TIPO EL• O EL, tem relação de objeto analítica, ou seja, de apoio.

Há uma relação de dependência, os dois pais não são sexuados, mas “grandes”. Existe grande necessidade de

afeto, de apoio e compreensão, pois o ego é frágil.

• A instância dominante é o Ideal do Ego ( está conectada com o conceito, mais genérico de superego, ficando o

sujeito submetido as aspirações do outro, em relação ao que ele deve ser e ter, tenta corresponder as expectativas

do outro, que passam a ser suas), em que o sujeito se espelha.

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• A sua angústia é de perda de objeto, do qual ele torna dependente, a sua

angústia depressiva, aparece quando o objeto ameaça escapar.

• São pessoas que se relacionam com ideais (por isso ser difícil de escapar da

opinião alheia), assumir sua própria vontade sem se importar com o outro é

tarefa árdua para EL.

• Não sendo competitiva por principio, o tipo EL induz o terapeuta a acolhê-lo (necessidade).

• Em geral é respeitoso, é cuidadoso com horários e, embora questione o valor da consulta, o valor do profissional não se

discute.

• Geralmente escuta seu terapeuta mesmo que ainda esteja em meio a uma frase, porque lhe

interessa a opinião do outro. Isso não acontece com N. e P.

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• Devemos tomar cuidado com as generalizações, pois é o “conjunto da obra” e não fatores isolados, que se

elabora o prognóstico.

• Embora seja exigente para se entregar, pois para tanto precisa confiar, está

atento aos movimentos e as palavras do terapeuta porque deseja ser cuidado.

• São mestres em saber o que se passa, e reagir para obterem apoio.

• Quanto mais bem resolvida “mais saberá disfarçar (sem perceber) dos

outros e dela mesmo suas necessidades de apoio.

• Cuida para ser cuidado.

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• Outra maneira eficaz de obter apoio, acreditando não depender de

ninguém é ter SEGUIDORES. Um ator famoso e seus séquitos, um

professor e seus orientandos, um analista e seus supervisionandos e

clientes, um patriarca de família por exemplo.

• Entre o tipo EL existem os “cuidadores” onde o objetivo é fugir da solidão e da depressão, maiores

receios desta pessoa, e os “solicitantes” exigem mais do que cuidam, embora anunciem cuidar,

sendo o BODERLINE (estado limite entre

N e P) o caso de gravidade máxima entre estes indivíduos.

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REAÇÃO EMOCIONAL DO TERAPEUTA

• O Terapeuta não se sente checado nem em competição mas induzido a cuidar. A

EL fica magoada facilmente e o terapeuta fica preocupado em não ser rigoroso ou

exigente demais.

• O terapeuta tende a sensibilizar com o sofrimento e a solidão do paciente

• Chega sempre no horário combinado, se chega a discutir preço é porque precisa de dinheiro ou porque pretende testar se o

terapeuta o deseja ou não.

• O teste que o EL faz não é para competir mais para se sentir amada, acolhida.

• Caso faça perguntas sobre o terapeuta, a intenção é poder se localizar, para saber se confia, e também ter elementos para poder

agradar (seduzir), se necessário.

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• Quando a intensidade de EL é suave, suas maneiras aparecem como as de uma pessoa agradável, sensível, atenta e

educada.

• São sedutores, sabem observar o que é necessário fazer ou dizer para serem

agradáveis no intuito de serem acolhidos.• Cuidado com generalizações, pois estas características podem

ser observadas em N e P.

• O clima da sessão geralmente é confortável, mas EL esta atento a tudo, percebe se o

terapeuta desviou o olhar, bocejou... Fica medindo se é bem recebido ou não.

• O maior problema de EL é que eles deixam de notar seus próprios desejos. Assim a tarefa de

análise se localiza neste tópico. Eles tem dificuldade de lidar com a sua agressividade, não consegui impor seu desejo com medo de

destruir o objeto.

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CARACTERÍSTICAS DA PESSOA TIPO P.

• No tipo P, a natureza da angústia é de fragmentação. O superego não organiza, a

organização dominante é o ID, levando a um conflito com a realidade. A relação com o outro é

fusional (espera q os outros adivinhe seus pensamentos e necessidades).

• São pessoas profundas, centradas nelas mesmas, estabelecendo uma delicada relação com o ambiente porque este pode ser motivo de

desorganização.

• São meio confusos, ficam olhando o local para se ambientalizarem, as

vezes muito desligado.

• Tem um mundo interno rico, em função de ter o ID como estrutura

dominante, sua criatividade é grande devido a esse contato com seu

mundo interno.

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• São pessoas de opinião forte,não cedem facilmente, para se defender da opinião desorganizadora, tende a refletir antes

de falar ou de agir, para evitar rever seus conceitos, mantenho sua organização

interna.

• Se P defende seus ideais para manter a coesão interna, N defende suas idéias

para ter poder, para não se sentir castrada. EL tem idéias próprias, as

defende e é criativa.

REAÇÃO EMOCIONAL DO TERAPEUTA

• É comum o terapeuta ter intervenções do tipo “explique melhor essa parte” ou “ de

quem mesmo você esta falando” “em que época se deu isso”

• São intervenções que indicam necessidade por parte do terapeuta de organizar o paciente (ou a si mesmo).

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• Sente-se confortável pois o tipo P não é competitivo. Mais a sensação

de invasão pode ocorrer.

• Quando estão desconfiados criam um clima tenso e basta um olhar ou

uma palavra mais brusca ou equivocada para deixar o paciente da

defensiva (desorganização interna)

• São exigentes e se o terapeuta for descuidado ou impetuoso com palavras, pode perder a

confiança de seu cliente. Em geral, não confiam facilmente, embora não sejam

desconfiados sem motivo,

• E fácil de dispersar com este tipo, pois o terapeuta pode ter a sensação de estar

sozinho.(distância promovida pelo próprio P para não de desorganizar, nos casos mais

graves não sabe diferenciar quem é ele ou quem é o outro)

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O conhecimento disso na clínica

• É o modo como a transferência tende a se manifestar, naquele momento

considerado, e como posso demonstrar ao meu paciente que algum

conhecimento de seu modo de encarar o mundo e a si mesmo pode ajudá-lo a se conhecer e a se tranqüilizar em relação

ao seu modo de ser.

• Todos os três funcionamentos podem ser igualmente saudáveis,

são maneiras de viver e observar o mundo, igualmente satisfatórias e

complicadas.

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• Em um análise clássica, no transcorrer de uma sessão específica a concepção psicopatológica não precisa estar

presente como norteadora das intervenções do analista porque surge

naturalmente quando se tornam a questão.

CRITÉRIOS DE ANALISIBILIDADE

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• O PRIMEIRO CONTATO COM O ANALISTA:

Desde o inicio já se estabelece algum tipo de vinculo, a forma como o possível paciente utiliza a sua conduta, atitude e linguagem podem estar expressando uma importante maneira de “ser”, em um nível que extrapola o da linguagem unicamente verbal.

Exemplos:• Uma linguagem mais tímida, entrecortada,

pedindo desculpas por estar atrapalhando e similares, revela uma personalidade

possivelmente frágil e temerosa de um rechaço.

• Ou entonação vocal que desperta no terapeuta uma sensação de arrogância, de mandonismo (só

posso ir na quarta a noitinha), pode ser uma pessoa que esteja defendendo suas angustias

através de traços narcísicos.

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• Paranóide (série de perguntas, de modo desconfiado e defensivo)

• Depressiva (tonalidade vocal, às vezes, chega a ser inaudível)

• Dependente (induzem que outras pessoas façam o 1º contato)

ENTREVISTA INICIAL

• Independente de qual modalidade de análise, é necessário que o analista tenha uma idéia razoavelmente clara das condições psíquicas

do paciente.

• Ter condições de assumir o compromisso.

• Entrevista Inicial e Primeira Sessão são diferentes.

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FINALIDADES DA E.I.

• Avaliar as condições mentais, emocionais, materiais e circunstanciais da vida do paciente que o buscou; ajuizar os prós e os contras, as vantagens e desvantagens, os prováveis riscos

e os benefícios; o grau e o tipo de psicopatologia, de modo a permitir alguma

impressão diagnóstica e prognóstica e reconhecer os efeitos contratransferenciais

que lhe estão sendo despertados.

Abordagem:

1. NOSOLÓGICO – uma determinada categoria clinica.

2. DINÂMICO – a lógica do ICS.

3. EVOLUTIVA – cada etapa, com preponderância de vazios, carências orais, defesas obsessivas anais, etc. implica alguma determinada técnica especifica.

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4. FUNÇÕES DO EGO – por ex. “a capacidade sintética do ego” já é um nível elevado que permite simbolizar simultaneamente significações opostas e ou contraditórias.

5. CONFIGURAÇÕES VINCULARES – dentro da família ou fora dela, nos grupos em gerais, etc.

6. COMUNICACIONAL – na atualidade, esse aspecto adquire uma grande relevância.

7. CORPORAL – cuidados corporais, auto-imagem, presença de hipocondria ou de somatizaçao...

8. MANIFESTAÇOES TRANSFERENCIAIS e CONTRATRANSFERENCIAIS,ETC.

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• A sua Orientação e a cura do analisando se coincidem ???

• O Analisando demanda “cura” ou “alivio de sintomas”.

• O Analista ter clareza sobre seus próprios alcances e limitações.

• Trabalhar de forma confortável diante das combinações feitas de valores e horários.

• Sem precipitações não existe 1ª impressão em Psicanálise.

Na E.I umas das suas principais finalidades é a do Analista poder observar, e pôr à prova, a forma de como o analisando

reage e contata com os assinalamentos ou as eventuais interpretações que lhe

sejam feitas; como ele pensa e correlaciona os fatos psíquicos, se demonstra uma capacidade para

simbolizar, abstrair, dar acesso ao seu ICS, e se revela condições para fazer

insights.

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• Enfim na E.I. o ideal é que o analisando saia do consultório com a impressão de que foi

atendido e que o analista entendeu

suas questões como elas realmente são.

Analisabilidade e Acessibilidade

• Analisabilidade: refere-se a indicação para a analise, se baseia nas estruturas.

• Acessibilidade: se atenta para a motivação, disponibilidade, a coragem e a capacidade de o paciente permitir um acesso ao seu ICS, para o analista e para

ele mesmo.

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INDICAÇÕES E CONTA-INDICAÇÕES

• Indicações e contra-indicações

• Cabe interpretar na E.i?

• O contrato (direitos e deveres de cada um, combinação de valores e

forma de pagamento, plano de férias,etc...)

O que se espera do Analisando:

• Que esteja suficientemente bem motivado para um trabalho árduo e corajoso.

• As resistências podem ser “uma porta de abertura para a verdadeira análise”

• Motivação demais “desconfie”

• Que reflita sobre a seriedade das proposta analíticas e participe ativamente.

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• O paciente tem o direito de se apresentar com todo o seu lado psicótico, narcisista, agressivo,

mentiroso, atuador e etc...

• É por isso que ele faz análise.

O que se espera do Analisando:

O que se espera do analista:

• Natureza de sua motivação – prazer profissional, pesquisas, obrigatoriedade, currículo e etc.

• Definir para obtenção de “benefícios terapêuticos” ou de “resultados analíticos”.

• Empatia, continente, amor às verdades

• Não utilizar métodos estereotipados.

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• Estar em condição de reconhecer a natureza de suas contra-resistências,

contratransferências.

• Ele ter condições de envolver-se afetivamente com seu paciente, sem ficar envolvido, ser

firme sem ser rígido, ser flexível sem ser fraco e manipulável.

• Reconhecer seus limites, buscar trabalhar de forma confortável, retirando tempo para sua

vida privada e lazeres.

IMPORTANTE:

SE O PSICANALISTA ESTÁ EM CONDIÇÕES DE SANCIONAR COMO ATO A EXISTÊNCIA DO ICS. DE SEU ANALISANDO, É PORQUE ELE MSM JÁ PERCORREU, NA CONDIÇÃO DE

PACIENTE O CAMINHO DE UMA ANÁLISE.

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• PRATICAR A ESCUTA DIRIGIDA. ISTO É UM DISPOSITIVO CLÍNICO DE QUE O PSICANALISTA DISPÕE PARA DIRIGIR O TRATAMENTO. UMA

ESCUTA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA ESTÁ LIGADA A UMA VIA DE MÃO DUPLA: POR UM LADO, O PSICANALISTA ESCUTA APOIADO NA TEORIA E POR OUTRO LADO FICA ATENTO AO

DESFILE DE SIGNIFICANTES QUE O ANALISANDO REALIZA EM SUA FALA.

REFERÊNCIAS:

• Arendt, H. (1997). A condição humana. 8 ed. (R.

Raposo, Trad.). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

(Original publicado em 1958)

• DICIONARIO DE PSICANÁLISE – ELISABETH

ROUDINESCO

• PSICOSSOMÁTICA – J-D- NASIO

• 7 CONCEITO CRUCIAIS DA PSICANÁLISE – J-D -

NASIO

• MANUAL DA TÉCNICA PSICANALÍTICA – DAVID E.

ZIMERMAN

• OTTO FENICHEL

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Bruno Augusto das Chagas

Psicanalista.

Telefone para contato:

37- 3212-7107

37- 9121-3996

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