Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    1/170

    C O M O FAZER

    TEOLOGIA DA LIBERTAO

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    2/170

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    3/170

    COMO FAZER TEOLOGIA DALIBERTAO

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    4/170

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    5/170

    Leonardo B o ff e Clodovis B o ff

    Como f a z e r

    Teo l o g ia da

    LIBERTAO8a Edio

    r o EDITORA

    VO ZES

    Petrpol is

    2001

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    6/170

    Leonardo B off e Clodovis B off R. Montecascros, 9525 689 -900 Petrpolis, RJ

    Brasil

    N thil ObstatFrei Jos O tvio M. M ilanez, OSMPrior Provincial

    S o Paulo, 25 de novem bro de 1985Nihil Obstat D ireitos de pu blicao Editora Vozes

    Ltda.R ua Frei Lus, 100256 89-90 0 Petrpolis, RJInternet: http://www.vozes.com.br

    Por m andado especial doPe. ProvincialFrei Basflio Prim, O FMFrei Ge ntil Titton, O FM

    Petrpolis, 15 de nov em bro de 1985 BrasilTod os os direitos reservados. N enh um a parte desta ob ra poder ser reproduzida ou transm itida por q ualquer form a e/ou q uaisqu er m eios (eletrnico oum ec nico , incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em q ualquer sistemaou banco de dados sem permisso escrita da Editora.

    ImprimaturDom Paulo Evaristo Card. Am sCardeal-Arcebispo de So PauloSo Paulo, 19 de dezem bro de 1985

    ISBN 85.326.0542-7

    E s te liv r o f oi c o m p o s to e i m p r e s so p e l a E d i to r a V o z e s L t da .

    http://www.vozes.com.br/http://www.vozes.com.br/
  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    7/170

    A o amigo D . Jos M aria Pires, Arcebispo da Paraba,

    telogo de uma pastoral libertadora,a partir dos pobres e dos negros.

    tiossa irm e companheira Benedita Souza da Silva

    (Ben) teloga popular, ecumnica e negra, que assumiu adiaconia poltica, tomando o partido dos trabalhadores.

    A Srgio Torres, telogo e pastor da libertao,

    lanador de pontes no dilogo teolgicoem fa vor dos pobres de todos os continentes.

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    8/170

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    9/170

    Sumrio

    Apresentao, 9

    I . Qual c a ques to de fundo: como ser c r i s tos numm u n d o de m iserve is , 11

    II. O s trs p s da Te o log ia da L ibertao: profissional,pastoral e pop ular , 25

    III. C o m o se faz T eo logia da Liber tao, 41

    IV. Te m as-chav e da T eo logia da Liber tao, 73

    V. Brevssim a histr ia da T eo log ia da Libertao, 107

    VI. A T eologia da Libertao n o p an oram a m un dial , 125

    VII. A p arti r dos op rim idos: u m a nova hu m anidade , 145

    Bibliografia essencial da Teologia da Libertao na AmricaLatina, 155

    ndice Geral, 159

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    10/170

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    11/170

    Apresentao

    Dent ro da abundan te p roduo t eo lg ica sob re aT eo logia da L ibertao fa ltava u m livro q ue fornecesseuma viso global , acessvel e serena deste modo, hojedebat ido, de fazer Teologia.

    E s te t ex to f ru to de u m exerc c io in tenso de pe n s a m e n to e c o m p ro m is so ju n to c o m o s o p r im id o s e mfavo r de sua libertao.

    T u d o o qu e aqu i es t d i to da responsab ilidade deam bo s os au tores , ind is t in tam en te , po is fo i pen sado e

    e lab o rad o em co n ju n to , a s sim co m o j u n t o s , n a realid ade , se sen tem i rmos e companhei ros de t r ibu lao ,d o R ein o e da pacincia em Je su s (Ap 1,9).

    9

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    12/170

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    13/170

    Qual a questo de fundo: como sercristos tiutti mundo de miserveis

    U ma sen h o ra d e 4 0 an o s , mas ap a ren t an d o 7 0 ,ap rox imou-se do pad re aps uma missa e pena l i zadad iz ia : Padre , comunguei sem te r confessado an tes .C o m o fo i; m inh a filha? - pe rgun tou o pad re . Padre,r e s p o n d e u a m u l h e r , e u c h e g u e i u m p o u c o t a r d e ,qu an d o o Sr. j hav ia com ead o o o fert r io . J h trsd ias qu e s tom o gua e n o t en h o co m ido nada; e s tou

    m o r ta d e fo m e . Q u an d o v i o Sr. d i s tr ib u i n d o a co m u nho , aqu e le p edac inh o de po b ranco q ue a Eu caris tia , fu i co m un ga r , s para a liv ia r a fom e com u m poucodaquele po! O padre encheu os o lhos de l gr imas .L em bro u -se das pa lavras de Jesus : M inh a carne (po)

    ve rdade ira com ida ... q u em de m im se a lim en ta , po rm im viver (Jo 6 ,55.57) .

    Cer to d ia , em p lena seca do Nordes te b ras i l e i ro ,um a das r eg ies m a is famlicas do m un do , enc on t re i

    um b ispo t rm ulo , e n t ran d o casa aden t ro . Sr. b ispo , o11

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    14/170

    que acon teceu? E e le , a rf ando , r e sp on de u q ue p resen c ia ra a lgo te r r ve l . Encont rou uma senhora com t rscr ianas com mais uma ao colo na f rente da Catedral .Viu que es tavam desmaiando de fome. A cr iana aocolo parecia m orta . Ele d isse : M u lhe r , d de m am ar criana! N o posso , sen h o r b ispo! , resp o n de u ela . Obispo vol tou a insist i r vr ias vezes. E ela sempre res

    pondia : Sr . b ispo, no posso! Por f im, por causa dainsistncia do bispo , ela ab riu o seio . E estava san gran do. A cr iancinha a t i rou-se com vio lncia ao se io . Esugava sangue. A m e q u e g ero u es ta v ida , a a lim entava,como um pe l i cano , com sua p rpr i a v ida , com seu

    sangue. O b ispo a joe lhou-se d ian te da m ulhe r . C o lo co u a m o sob re a cab ec inha da c riana. A m esm o fezu m a p ro m essa a D eu s : en q u an to p e rd u ra r a s itu ao d emisr ia , a l imentare i , pe lo menos , uma cr iana com

    fom e, p o r dia.Ao chegar , sbado noi te , casa do Sr . Manuel ,c o o r d e n a d o r d a c o m u n i d a d e e c l e s i a l d e b a s e , e l em e d is se : P a d r e , a c o m u n i d a d e e o u tr a s da re g i oe s t o se a c ab a n d o . O p o v o e st m o r re n d o d e f o m e .N o v m p o r q u e n o t m fo r as p a ra c a m in h a r ata q u i . S o o b r i g a d o s a f i c a r e m c a s a , n a r e d e , e c o n o m i z a n d o e n e r g i a s . . .

    12

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    15/170

    Com -paixo, or igem da liber taoO qu e es t p o r de trs da Te olog ia da Libertao?

    E st a pe rcepo de realidades escandalosas co m o estasacim a descr itas , qu e ex is tem no s na A m rica Latinamas em e sca l a mu n d i a l p o r t o d o o T e rce i ro Mu n d o .C o n form e c lcu los co nservad ores ex is tem nos pa sesm an tid o s n o su b -d esen v o l v im en to :

    - 5 00 m ilh es d e f am in to s;

    - 1 b i lho e se tecen tos m ilhes com esperana dev ida in fe r io r a 60 anos ; qu an d o n u m pas desenvo lv ido

    algum at inge 45 anos, a lcan and o a p len itud e da v ida ,se vivesse nalguma das vastas regies da frica e daA m rica La t ina esta m esm a pessoa j esta ria m or ta ;

    - 1 b i lh o de pessoas pad ecem po breza abso lu ta ;

    - 1 b i lho e q u inh en tos m ilhes no t m acesso aom n im o a te n d i m e n to m dic o;

    - 5 00 m ilh es s o d e sem p reg ad o s e su b em p reg a -do s co m um a rend a p er cap ita in fe r io r a 150 d lares;

    - 814 m ilhes so analfabetos ;- 2 b i lh e s ca r ece m d e fo n t e s s eg u ras e e stv eis

    de gua.

    Quem no se enche de i r acnd ia sag rada con t ra

    semelhan te in fe rno humano e soc i a l ? A Teo log ia da

    13

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    16/170

    Liber tao pressupe um pro tes to enrg ico an te a s i tua o q u e significa:

    - n o nvel social: opresso coletiva, excluso emarginal izao;

    - n o n ve l hu m ans ti co : in jus t ia e negao dad ign idade humana ;

    - no nvel religioso: pec ad o social, situao c o n t r r ia ao des igno do Cr iador e honra a E le dev ida(Puebla, n. 28).

    S e m u m m in m o d e c o m -p a ix o c o m es ta p aix o

    que a fe ta as g randes maior ias da humanidade , no possve l haver n em co m pree nd er T eo log ia da L ibe rta o., P o r detrs d a T eo logia d a L ibertao existe a op op rof t ica e solidria co m a vida , a cau sa e as lu tas destesm ilhes de h um ilhad os e o fend idos em v is ta da sup e rao desta iniq id ad e histr ico-soc ial . B em o frisava odocumen to do Va t i cano sobre Alguns aspec tos daT eo logia da L ibertao (6 de agosto de 1984): N o poss ve l esquecer por um s ins tan te as s i tuaes de

    dramt ica misr ia de onde brota a in terpelao ass imlanada aos telog os (IV,1), d e e labo rarem u m a a u tn -cia T eo logia da Libertao.

    14

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    17/170

    Encontr o com Cr isto pobr e nos pobres:or igem da T eologia da Liber tao

    T o d a v e r d a d e ir a te o lo g ia n as ce d e u m a e s p ir itu a l i d a d e , v a l e d i z e r , d e u m e n c o n t r o f o r t e c o m D e u sd e n t ro d a h is t r ia . A T e o l o g ia d a L ib e r ta o e n c o n tr o u s e u n a s c e d o u r o n a f c o n f ro n t a d a c o m a in j u s t i a f e i t a aos pobres , No se t r a t a apenas do pobrei n d iv i d u a l q u e b a te n o ssa p o r ta e p ed e u m a esm o la .O p o b r e a q u e n o s r e f e r i m o s a q u i u m c o l e t i v o , a sc l a s s e s p o p u l a r e s q u e e n g l o b a m m u i t o m a i s q u e op r o le ta r ia d o e s tu d a d o p o r K a rl M a r x ( u m e q u v o c o

    id e n ti fic a r o p o b r e d a T e o l o g ia d a L ib e r ta o c o m qp ro l e t a r i ad o , co mo mu i t o s c r t i co s f azem) : s o o so p e r r i o s ex p l o r ad o s d en t ro d o s i s t ema cap i t a l i s t a ;s o o s su b em p reg a d o s , o s m arg in a li z ad o s d o s is tem ap r o d u t iv o - e x r c ito d e re s e rv a s e m p r e m o p a ras u b s t it u i r o s e m p r e g a d o s - s o o s p e e s e p o s s eiro sd o c a m p o , b i a s - f r a s c o m o m o - d e - o b r a s a z o n a l .T o d o e s t e b l o co so c i a l e h i s t r i co d o s o p r i mi d o sc o n s tit u i o p o b r e c o m o f e n m e n o s oc ial. A lu z d a f,

    o c r is to d esc ob r iu a a apa r io d esa f ian te do Se rvoS o f r e d o r J e s u s C r i s t o . O p r i m e i r o m o m e n t o d eco n tem p l ao s ilen c io sa e d o len te co m o se e s tiv s se m o s d i a n t e d e u m a p r e s e n a m i s t e r i o s a , q u e c h a m aa a ten o . E m seg u i d a , e s ta p r e sen a fala. O C ru c i f i

    15

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    18/170

    cado presen te n os crucificados cho ra e grita: T e n h o fome,estou aprisionado, en con tro-m e n u (c f M t 25,31-46).

    Aqui se ex ige , mais que con templao , uma aoeficaz qu e liberta . O C ruc i fica do q u er ressuscitar . Es ta m o s a fa vo r d o s p o b r e s s o m e n te q u a n d o , j u n t o c o meles , lu tamos con t ra a pobreza in jus tamente c r iada eim po sta a eles. O servio sol idr io ao op rim ido signif icaen to u m a to de am or ao C r is to so f redo r , u m a litu rg iaqu e ag rada a D eus .

    O pr im eir o passo: a ao que liber ta,libert-ao

    Q u a l a a o q u e e f e tiv a m e n t e p e r m it e ao o p r im ido supera r sua s i t uao desumana? As p r t i cas e a sr e f l e x e s d e m u i t o s a n o s m o s t r a r a m q u e s e d e v e

    u l trap ass ar du as es t ra tg ias , a do ass i s ten c ia lism o e ad o re fo r m is m o .

    N o assis tenc ia lism o a pessoa se com ove d ian te d oq u a d ro da m isr ia cole tiva: p roc ura a jud ar os carentes .

    E m fun o d is to organiza obras ass is tencia is , co m o p odos pobres , campanha do cober to r , ch benef i cen te ,N a ta l da pe rif e ria , fo rne c im en to g ra tu i to de r em d iosetc . Ta l estratgia ajuda os ind ivdu os , m as faz do po breoijeto d e ca ridad e, n u n c a sujeito de sua p r p ria l ibe rtao. O po bre c con s ide rado apenas com o aque le que

    16

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    19/170

    n o te m . N o se p e r c e b e q u e o p o b r e u m o p r im id oe f eito p o b re p o r o u t ro s ; n o se v a l o r iza aq u i lo q u e

    e le t em, como fo ra de r e s i s t nc ia , capac idade deconsc inc ia dc seus d i r e i to s , de o rgan izao e dct r an s fo rmao d e su a s i t u ao . A d ema i s , o a s s i s t en -c ia lis m o g e ra s e m p r e d e p e n d n c i a d o s p o b r e s , a tr e l ados s a judas e dec i ses dos ou t ros^ no podendo

    scr su je i tos de sua p r p r ia libertao .J no r e fo rm ism o ten ta - se m e lho ra r a s ituao dos

    po bres , mas m an ten d o s em pre o t ipo de relaes sociaise a es t ru tura bsica da sociedade, impedindo que haja

    m ais par tic ipao de tod os e a m u da n a n o s priv ilgiose benef c ios exclusivos das c lasses d o m inan tes . O re f o rm ism o p o d e d e sen cad ea r g r an d e p ro ces so d e d e sen vo lv im en to , en t re tan to , es te d esenv olv im ento fe ito cu sta d o p o v o o p r im id o e ra r am en te em seu b enefc io .

    P o r exem plo , em 1964 o Bras il e ra a 46a e co no m ia dom u n d o ;e m 1984 a e r a a S M r lo u v e n o s ltim o s 20 anosu m inegvel d esen vo lv im ento tcn ico e ind us t ri a l, masao mesmo t emp o u ma d eg rad ao co n s i d e r v e l d a sre laes socia is com explorao, m isr ia e fom e com o

    jam a is em n o ssa h ist ria . Fo i o p reo pago pelos p o bresa es te t ipo dc desenvolvimento e l i t i s ta , explorador ee x clud ente , n o qu al os r icos , nas palavras do PapaJ o oP au lo II, f icam cada vez m ais r icos cu sta dos pob res

    cada vez m ais pob res ,

    17

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    20/170

    O s p o b re s v en cem su a situ ao o p r im i d a q u an d oe laboram um a estra tg ia m a is adequad a tr ans fo rm a o das relaes sociais; aquela da l ibertao. Nalib ertao, o s o p r im i d o s se u n e m , en t ram n u m p ro ces so de conscient izao, descobrem as causas de suaopresso , o rgan izam seus m ov im en tos e agem d e fo r ma ar t i cu lada . In ic ia lmente re iv ind icam tudo o que o

    s is tem a im pe ran te pod e da r (m elho res sal rios, co nd ies de t rabalho, sade, educao, moradia etc .) ; emseguida , agem v isand o um a t ransform ao da soc ieda de a tua l na d ireo de um a soc iedade no va m arcada pe laparticipao am pla, p o r relaes sociais m ais eq u i libradas e jus tas e p o r fo rm as de v ida m ais d ignas .

    Na Amr ica La t ina , onde nasceu a Teo log ia daLibertao , sem pre houv e , desde os p r im rd ios da co lonizao ibrica, m o v im en tos de liber tao e dc resis

    tncia . Ind gena s, escravos e m argina lizados resist iramco nt ra a v io lnc ia da dom inao p or tugu esa e es pa nh o la , c r ia ram redu tos de liberdade , co m o os qu ilom bo s eas redu es , encabearam m ov im en tos de rebe lio e dein d ep en d n c i a . H o u v e b isp o s co m o B a r to lo m eu d e lasCasas , Antn io Vald iv ieso , Tor b io de Mogrovejo , eou t ros miss ionr ios e sace rdo tes que de fenderam odi re i to dos o p r im ido s e f izeram da evangelizao tam bm um p rocesso de p romoo da v ida . Apesa r da

    dom inao m ac ia c da con trad io co m o Evangelho ,

    18

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    21/170

    n u n ca se p e rd e r am n a A mr i ca L a t i n a o s so n h o s d el iberdade. Nos l t imos decnios , en t re tanto , ass is t i m o s c m to d o o c o n tin e n te e m e rg n c ia de u m a n ovaconscincia l iber tr ia . Os pobres organizados e consc ient izados batem s por tas de seus pat res e exigemvida , po , l iberdade e d ign idade . Comeam-se aesq u e visam l ibe r tar a l iberd ad e cativa; em erg e a l iber ta

    o co m o estra tg ia do s p r pr ios p ob res que conf iame m si m e sm o s e e m seu s in s t ru m e n t o s d e lu ta c o m o o ss ind ica tos independentes , o rgan izaes camponesas ,associaes de ba irros, g ru p os d e ao e ref lexo, pa r t idos p op ulares , co m u nid ad es ecles ia is de base. A e les seassociam g ru p os e pessoas de o u tras classes sociais queop ta ram pe la mudana da soc iedade e se i nco rporamem suas lutas.

    O surgimento de regimes de segurana nacional

    (leia-se de segurana d o cap ital), de gov erno s m ilitares ede represso sobre os m ov im en tos populares em quasetoda a Amrica Latina se explica como reao foratransform ado ra e libertria dos po bres organizados.

    O segundo passo: a r eflexo de f a par tir da pr tica liber tador a

    No se io des t e mov imen to ma i s g loba l e s t avam e

    esto os cr i s tos . Em sua grande maior ia os pobres na

    19

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    22/170

    A m rica Lat ina so s im ul tan ea m en te cr is tos . A grandepergunta que se colocaram nos in c ios e que vale nosdias de hoje, pois t rata-se da questo que vai julgar o

    cr is t ian ism o de no sso tem po , era e : co m o ser cris tosn u m m u n d o de m ise rveis e in jus tiados? A respos tano podia se r ou t ra : s se rem os segu idores de Je su s cverd adei ros cr is tos se form os so lidr ios com os pobres

    e v ivermos o evangelho da l iber tao. De dent ro daslutas sindicais, na defesa das terras e dos territriosindgenas , na lu ta pelos d i re i tos humanos e em out rasfo rm as de com prom isso su rg ia sem pre a ques to : quecolaborao t raz o cr is t ian ism o n a pr tica e nas m ot iva

    es pela liber tao dos op rim idos?Insp i rado s pela f, q u e exige para serve rda de i ra u m

    c o m p r o m is s o c o m o p r x im o , p a rtic u la rm e n te c o m opo bre (cf. M t 25 ,31 -46), an im ado s pe la m ensagem do

    R e in o d e D e u s q u e j c o m e a n e ste m u n d o e s c u l m ina na e tern ida d e, m ot ivad os pela prp r ia v ida, pelaprt ica e pelo sacr i f cio de Cristo , que histor icamentefez u m a op o pelos po bres , e pelo s ignif icado abso lu tam en te l ibe r tad or de sua ressurre io , m ui tos cris tos ,

    bispos, sace rdo tes, re ligioso s e religiosa s, leigos e leigasse l an a r am n u ma ao j u n t o co m o s p o b re s o u seassocia ram s lu tas j e m curso . As com un idad es ec le -siais dc base, os c rcu los bblicos, os gru po s dc ev ang elizao po pu lar, os m ov im en tos de p rom o o e defesa

    20

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    23/170

    dos d ir e ito s hu m ano s , pa r ticu l a rm en te dos pobres , osorganismos l igados questo da terra , dos indgenas,das favelas, d o s m arginal izados etc . m o straram -se, paraalem de sua significao estr i tamente rel igiosa e ecle-sal, fatores d e m ob ilizao e espaos de ao l ibe rtad o ra , de modo espec ia l , quando ar t i cu lados com out rosm o v i m en t o s p o p u la re s.

    O crisdan is .m o j no p od er m ais se r tachado depio do povo , nem apenas de favorecer o esp r i tocrtico : agora se transform a em fa to r de co m pro m issode l iber tao! A f se confronta no s com a razo

    h u m an a e com o cu rso da h is t r ia dos v ito r ioso s , masn o T e r c e ir o M u n d o se e n f re n ta c o m a p o b r e za d esc od i f i cada como opresso . Da s poder se l evan tar aba n de ira d a liber tao.

    O Evange lho se d i r ige no somen te ao homemmoderno e c r t i co mas p r inc ipa lmen te ao no-ho-mem, i s to , aque le a quem se nega d ign idade ed i re i tos fun dam enta is . D a resu l ta u m a re flexo p rof t ica e so l idr ia que v isa fazer do no-homem um

    h o m e m p l e n o e d o h o m e m p l e n o o h o m e m n o v o ,segu nd o o p ro je to do no vss im o A do , Jesu s C r is to .

    R ef le tir a p ar t i r da p r tica , n o in ter ior do im ens oesforo dos p obres com seus a liados, b us can do insp i

    raes na f e no E vangelho para o com pro m isso c on t ra21

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    24/170

    a sua p ob reza em favor da libertao in tegra l de todo oh o m em e d o h o m em to d o , isso q u e s ig nifica a T eo

    logia da L ibertao .O s cris tos q u e se insp iram nela e a v ivem em suasp r t i cas , e sco lhe ram o caminho mai s d i f c i l , aque leq u e im p lica su p o r ta r d i fam a es , p e r seg u i es e ato m a r t r i o . N o s o p o u c o s o s q u e , c o n f r o n t a d o scom suas in tu i e s e v en do a p r tica so lid r ia do nd en a sc e , p a s sa ra m p o r u m p r o c e ss o d e v e r d a d e ira c o n v e rs o . D i a n t e d o c a d v e r d o p a d r e R u t lio G ra n d e ,a ss as sin a d o p o r se u c o m p r o m is s o l ib e r ta d o r c o m os

    p o b r e s , o a r c e b is p o D . O s c a r R o m e r o d e S a n S alv ad o r (R ep b l ica d e E l Sa l v ad o r ), a t en to d e m en t a lid a d e c o n s e rv a d o r a , se tr a n s f o r m o u c m a d v o g ad o ed e f e n s o r d o s p o b re s . O s an g u e d e rr a m a d o d o m r tirfo i qua l co l r io pa ra seus o lho s q ue se ab r ir am en to

    para a u rg n c ia da liber tao .O co m p ro m isso co m a lib ertao d o s m ilh es d e

    o p r im id o s d e n o sso m u n d o d ev o lv e ao ev an g elh o u m acred ib il idade qu e teve no s seus p r im rd ios e nos g ran

    des m om en tos de san t idade e de p ro fecia . O D eus dete rnu ra dos h um ilha do s e o Jesu s C r is to li be rtador doso p r i m i d o s s e a n u n c i a m c o m u m n o v o r o s t o e n u m anova imagem aos homens de hoje . A sa lvao e ternaque oferecem passa pelas l iber taes histr icas que

    digni ficam os filhos de D eu s c to rna m crvel a im o rre-

    22

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    25/170

    do ura u top ia d o R eino de l iberdade , dc jus t i a , de am ore de paz , o R e ino de D eus n o m eio dos hom ens .

    De tudo o que se viu, f ica evidente que para seentender a Teologia da Liber tao se precisa , previa mente , en tender e par t i c ipar a t ivamente no processoco nc reto e h is tr ico d a libertao dos op r im idos. Aqui ,m a is que em ou tros cam pos , se faz u rge n te sup era r a

    ep i s temolog ia rac iona l i s ta que se con ten ta em comp ree nd er um a teo log ia po r suas m ed iaes m eram en tetericas, vale dize r , len d o ar t igos, o u v in d o con fernciase m an use and o liv ros. Im p o r ta s ituar -se de n t ro da ep is -

    tcmologia b b l ica , para a qual compreender impl icaam ar, de ixar -se envolver corpo e a lm a, co m u ng ar in te g ra lm en te , nu m a palavra , co m pro m ctc r -se , consoan teas palavras do profeta: Julgou a causa do afl i to e doop r im ido: no isso co n he ce r -m e, d iz o S en ho r? ( ]r

    2 2,1 6 ). D o n d e ap a recem co m o r ad ica lm en te i m p ro ce de ntes as crticas daq uele qu e l a T eo logia da L iberta o a p a r t i r d e u m n v e l p u r a m e n t e c o n c e i t u a i ,p a ssan d o ao la rg o d c u m co m p ro m isso co n c ret o co mos oprimidos. A ele a Teologia da Libertao repl icaco m esta nica p erg un ta: qu al a tua parte na l iber taoefetiva e integ ral dos o p rim ido s?

    23

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    26/170

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    27/170

    Os trs ps da Teologia da Liberta-o: profissional, pastoral e popular

    II

    Das bases ao topo: um a r eflexo nicaQ u a n d o se fala em Te olog ia da Libertao pensa-se

    lo g o n o s co n h ec id o s G u s tav o G u ti rr ez , Jo n So b r in o ,P ab lo R ichard . e tc . C o n tud o , a T eo log ia da Libertao

    u m fen m en o eclcsial e p o r dem ais rico eco m plexo para ind icar so m en te te logos de p rofisso .T ra ta - se , n a v e rd ad e , d e u m tip o d e p en sam en t o q u eatravessa em boa pa rte to d o o c orpo eclesial, especialm e n te n o T e r c eiro M u n d o .

    De fato , existe nas bases da Igreja , nas chamadasC om u n idad es Ec lesia is de Base (C EB s) e n os c rcu losb b licos , toda um a re flexo de f qu e pod er am os q u a li ficar d e T eo log ia da L ibertao difusa e gen eralizada.E u m tip o d e p e n s am e n to q u e h o m o g n e o T e o lo g ia

    da L iber tao m ais e laborada , po is qu e e le t am b m p eem co n f ron to f c ris t e s ituao de op resso . C o m overem os , n is so qu e co ns is te p rec i sam en te a Teo log iada Libertao.

    A dem ais , en t re esse nve l m ais e lem en tar e o n ve l

    m ais e levado d a T eolog ia da Libertao , en co nt ram os

    25

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    28/170

    u m n v e l i n t e rmd i o . o camp o em q u e se s i t u a aref lexo dos pastores: bispos, padres, i rms e outrosagen tes de pas to ral. Esse n ve l c co m o u m a po n te en tre

    a Teologia da Libertao mais t rabalhada e a ref lexoliber tad ora das b ases crists.Cada um desses n veis ref le te a mesma coisa: a f

    co nf ron tada co m a op resso . C ada um a , p o rm , re fle teessa f a seu modo - co m o exp lic ita rem os m ais ad ian te .

    E im po r tan te observar aqu i que desde as bases a to p lano mais e levado , passando pe lo p lano mdio ,ex iste u m m e s m o f lu xo c o n t n u o d e p e n s a m e n t o , u mm esm o processo teo lg ico g lobal.

    A r vore da T eologia da Liber tao:galhos, tr onco e r aiz

    Efetivamente, a Teologia da Libertao pode sercomparada com uma rvo re . Quem ne la v somen tetelogos profissionais s v a galhada da rvore. N o vainda o tronco, que a reflexo dos pastores e demaisagentes, e menos ainda v todo o raizante que est porbaixo da terra e que sustenta a rvore toda: t ronco egalhos. O ra , assim a ref lexo vital e con creta , em b o rasu b m er sa e an n im a , d e d ezen as d e m ilh a re s d e co m u n id a d es c ris t s , q u e v iv em su a f e a p en sam em ch avel iber tadora .

    P o r on de se v qu e toca r no s cham ados te logos

    da l iber tao at ingir apenas a copa da rvore da26

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    29/170

    T eolog ia da Liber tao . Es ta co n t inu a v iva no tron co em ais a ind a nas ra zes p rofu n da s, escond idas sob a terra.

    V -se a ssim qu e es-sa c o rre n te telogjca est int im am en te ligada pr pria existncia do po vo - sua f e su a luta. F az p arte d e su a con cep o de vida crist. E est,p o r o u tro lado, organ icam ente ligada prdca pastoral dosagentes, como a teoria de sua ao. Ora, quando uma

    teologia chegou a esse nvel de enraizamento vital e deencarnao, q u an d o ela p en etro u n a espir itualidade, nali turgia e n a tica, qu an d o ela se tran sform ou em prticasocial , que ela se tomou pradeamente indestrut vel ,co m o m o stram analistas da religio.

    Os nveis da T eologia da Liber tao: pr ofissional, pastoral e popular

    A presentam os (p. 28-29) u m esquem a para visualizar

    os trs plano s de elaborao da Teo logia da Libertao quem enc ionam os e o m od o co m o eles se relacionam en tre si.Esse q u ad ro nos ap resen ta a Teo log ia da Libertao

    c o m o u m f e n m e n o a m p l o e d i f e r e n c i a d o . t o d aforma de pensar a f an te a opresso . E ev iden te que

    q u an d o se fala em Teo log ia da Liber tao en ten d e-sequase se m pre essa expresso em seu sen t ido es t ri to outcn ico e se r sobre tudo esse o sen t ido usado nes tel ivro . Mas impossvel no levar em conta toda essabase concre ta , den sa e f ecun da de qu e se nu t re a T e o

    logia da L ibertao p rofissiona l .

    27

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    30/170

    Teologia da Libert. Profissional

    Descrio Mais elaborada e rigorosaLgica De tipo cientfico: metdica, siste

    mtica e dinmicaMtodo Mediao scio-analtica, Mediao her

    menutica e Mediao prtica

    Lugar Institutos teolgicos, seminriosMomentosprivilegiados

    Congressos telogicos

    Produtores Telogos de profisso (professores)

    Produo oral Conferncias, auias, assessoriaProduo escrita Livros, artigos

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    31/170

    Tcol. da Libert. Teol da Libert.pastoral popularMais orgnica com Mais difusa e capilar, quaserelao prtica espontneaLgica da ao: Lgica da vida:concreta, proftica, oral, gestual,

    propulsora sacramentalVer, Confrontao:julgar Evangelho eeagir e vidaInstit. pastorais, Crculos bblicos

    centros dc formao CEBs, etc.Assemblias Cursos deeciesiais treinamentoPastores e agentes Participantespastorais: leigos, das CEBs com seusirms, etc. coordenadoresPalestras, Comentrios,relatrios celebraes, dramatizaesDocum. pastorais, Roteiros,

    mimeografados vrios cartas

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    32/170

    Um conted o com um sob for mas difer entes

    O qu e uni fica esses t rs p lanos de ref lexo teolgi -

    co - libe r tadora? E a m esm a insp irao de fun do : u m a ft ransformadora da h is tr ia , ou por out ras , a h is tr iacon cre ta pensada a p ar t ir do fe rm en to da f. Isso q u erd izer que a subs tnc ia da Teolog ia da Liber tao de

    G u s t av o G u r i r r ez a mesma q u e a d e u m l av rad o rc ris to d o N o rd e s te b r as ile iro . O co n t e d o fu n d am en tal o m esm o. A m esm a seiva qu e co r re p e los ga lhosda rvo re t am bm a qu e passa pe lo t ron co e a qu e sobedas razes s ecretas da terra.

    A dist in o en tre esses vrios t ipos de teolog ia estna lg ica , ma i s concre t amen te na l i nguagem. Comefe ito , a teo log ia po de v i r a rticu lada em m aior o u m en o r grau . E evidente q u e a teologia p o p u lar se faz em

    te rm os da linguagem o rd in r ia , co m sua espo n tane ida de e sua cor , en q u an to q ue a teologia prof iss ional adotaum a linguag em m ais convenc iona l, co m seu r igo r e suaseveridade part icular.

    A ss im , p o d e - se en ten d e r fac ilm en te o q u e a T e o logia da Liber tao, examinando seu processo a par t i rde ba ixo , o u seja , ana l isando o qu e fazem as C o m u n i d ad es d e Base q u an d o lem o E v an g e lh o e o co n f ro n tam co m suas v idas op r im idas e ansiosas de liber tao.P ois bem , a T eologia da Liber tao prof iss ion al n o faz

    30

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    33/170

    out ra co i sa , f - lo porm de modo mais sof i s t i cado . AT eolog ia Pas to ra l, do p lan o in te rm d io , ado ta , po r suapar te , um a lg ica e um a l ingua gem qu e t ir a seus r ecu r sos tanto da base (concreteza , c om un icao , e tc .) com od o to p o (cr itic idade, org an icidad e, e tc .) .

    A T eologia da Liber tao integr ada eintegranteImporta most rar que esses t rs t ipos de ref lexo

    te log ica no so es t anques ou ju s t apos tos . No mai sdas vezes e les se p rocessam de modo in tegrado . Ain tegrao se d em qualquer n ve l : ou no n ve l daTeo log ia da L ibertao po pu la r qu and o , p o r exem plo ,se v u m pa s to r (pad re ou b ispo ) e um te logo sen tadosn o m e io d o p o v o , n u m cen t ro co m u n i t r io , re fle tin d o

    com eles sua lu ta e cam inhad a. A in tegrao po de se dartambm no n vel da Teologia da Liber tao c ient f icaquando , por exemplo , agen tes de pas to ra l e l e igos dabase par t ic ipam dc cursos s i s temst icos de Teologia .De res to , vemos mais e mais le igos par t ic ipando doscu rsos de Teo log ia ou p resen tes em confe rnc ias deap ro fu n d am en t o d a f.

    M as a in tegrao m ais c la ra acon tece ju s tam en te nop lan o in te rm d io , ou se ja , o da T eolog ia da Libertao

    pastora l , especia lmente por ocasio das assemblias

    31

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    34/170

    eclcsiais. A sc vem agentes pastorais (bispos, padres,religiosas c pessoas liberadas) trazen d o seus pro blem as,cristos das bases contando suas experincias e telogascont r ibuindo com suas i luminaes , aprofundando osdados suscitados e am arran do as concluses. E de se no tarq u e em tais eventos, c o m o nas assem blias diocesanas o uepiscopais, participam tambm outros analistas sociais

    q u e se enc on tram na cam inhad a da l ibertao: socilogos,economistas, pedagogos, tcnicos e que colocam suacom petnc ia profissional a servio d o povo.

    Por a se v como a Teologia da Liber tao, pelo

    m en o s n o e sp ao d o m o d e l o em erg en t e d a Ig re ja q u e o da l ibertao, integra cada vez mais as f iguras dopas tor, do te logo e do le igo , a r ticu lados e m to rn o doeixo: m isso l iber tadora . E stam os aq ui longe da velhaf ragmentao , em grande par te a inda v igen te , en t re

    um a t eo log ia cannica e oficial , feita nas crias episcopais , uma teologia crtica e co ntestado ra , fe ita n os c en t ros e rud i tos de es tudo e pesqu isa , e uma teo log iaselvagem elabo rada nas m arge ns da Igreja .

    T odo o que cr e pensa a sua f de cer tom od o telogo

    O e s q u e m a d as p . 2 8 -2 9 m o s tr a ta m b m q u e to d o

    o P ov o de D eu s ref le te a sua f: tod o e le , de cer ta form a,32

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    35/170

    faz teologia e no somente os profissionais. Alis, noex iste f s em u m m n i m o d e T eo lo g ia . P o r qu ? Po r que a f hu m an a e ela anse ia p o r en tend er, com odiziam os telogos c lss icos . E todo o que cr , quere n ten d er algo de su a f. E q u a n d o se pe n sa a f j se fazT eolog ia . A ss im tod o c ris to t am b m de certa fo rm atelogo; e o se r tan to m ais q u a n to p en sar a sua f. O

    suje ito da f o su je ito da T eo logia - a f pen sante epensada , co le tivam ente cu l tivada em co ntex to de Ig re ja . U m a C o m u n id a d e Eclesial d e B ase q u e te n ta tirarl ies para hoje , de uma pgina do Evangelho, es tteo log izando . A lis, a teo log ia p o p u la r u m p en sam en to da f fe i to em mut i ro : cada um d sua op in io ,completando ou corr ig indo as out ras , a t se ass imi larm ais c la ram ente a ques to . O u no te ria o povo d i re i tode pensar? Ou ser ia apenas Igreja discente, is to , a

    Ig re ja qu e educada e de m o d o a lgum Igre ja educan dae educadora?

    A lgica or al e sacr am enta l da Teologia daLiber tao Popular

    A T eo log ia po pu la r sob re tud o um a Teo log ia ora l. uma teo log ia fa lada . O escr i to a opera ou comofuno d o d i logo da f ( ro te i ro ) o u c om o res duo , valed ize r, co m o co lhe ita do qu e se d i scu tiu e qu e se qu er

    guardar . Ademais a Teo log ia da Liber tao popular

    33

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    36/170

    m ais que oral: u m a T eo log ia sacra m en tal , e la se fazpor ges tos e por s mbolos . Por exemplo , o povo da

    base es t acostumado a representar o capi ta l i smo nafo rma de uma rvo re com seus f ru tos podres e suasra zes ven eno sas . F az d ram at izae s de cenas evanglicas de fo rm a a tua lizadora. P o r exem plo , um gru po deE van gelho re p rese n tou a s ituao das p ros t itu tas ho je ,

    l evan tando um ca r t az com os d i ze res : Ul t imas naso c i ed ad e - p r i me i r a s n o Remo . O u aq u e l e o u t rog ru p o q u e , n u m cu r so so b re o A p o calip se , p r ep a ro u ao r a o d a m a n h d e s e n h a n d o n o q u a d r o - n e g r o u mdrago de 7 cabeas f ren te de u m c o rd ei r inh o fer idoe de p. C on v id o u en to os p resen tes a co loca r nom esnas se te cabeas. L evan taram -se ho m en s e m ulhe res eescreveram , co m o pod iam : m ul tinac iona i s , Lei de Se gu rana N ac iona l , d v ida ex terna , d i tad ura m il itar , in

    c lusive no m es de M in is t ros tidos com o an tipopu lares .E e m ba ixo do C o rde iro a lgu m esc reveu: Jesus C r is toL iber tad or. E um a sen h ora levan tou -se e acrescen to u : O p o v o do s p o b re s.

    N i sso tud o v igo ra u m p en sam en to re lig ioso , se fazpresen te toda uma Teolog ia . E c la ro que e la no seau tod en om ina assim . N e m precisa. T ra ta - se dc fa to deum a T eo log ia ann im a e co le tiva m as com seu v igo r everdade . M as T eo log ia de fato e do fa to , assim com o

    m edicina caseira v erd ad ei ra m edic ina .

    34

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    37/170

    Seria ela teologia crt ica? Sim, crt ica porquelcida e proft ica; cr t ica, no no sent ido acadmico,mas real pois se d conta das causas e prope-se osm eios para a tingi -las . M u itas vezes , foro so re co n h ec- lo , supera de longe a pre tensa cr i t ic idade dos douto res , que sabem contar os p los todos da cauda dom on s tro , p o rm jam ai s lhe v i ram a cara.

    O que con tm de T eologia da Liber tao osDocu m entos de Puebla?

    Existe , s im, uma Teologia pastora l : aquela que

    p rojeta a luz da palavra salvadora so b re a realidade dasinjust ias em vista da animao eclesial na luta delibertao. uma teologia de sua espcie. Ela se si tuan a m e sm a lin h a e n o m e s m o s o p ro fu n d a m e n ta l q u e aTeologia da Liber tao ta l como conhecida . Esta eaquela tm a mesma raiz: a f evangl ica, e visam om es m o objetivo: a pr tica l iber tad ora do am or .

    E s se s d o is tip o s d e T e o l o g ia se e n r iq u e c e m m u tu a m e n te : o s te lo g o s a c o lh e m e a p r o f u n d a m as c o n cep es p a s to r a is e o s p a s to r e s i n c o rp o ram o s p o n t o sde v i s t a e a s conc luses ma i s f ecundas dos t e logosprof iss ionais .

    O s p as to res sabem o qu an to d ev em assessoria dos

    te logos . Por ocas io da Ins t ruo do Cardea l J. Rat-35

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    38/170

    zinger sobre a Teologia da Liber tao, os b ispos doBrasil, e m sua A ssem blia G era l d e ab ril de 1985, declaram q ue , apesar das even tua is am big idades e c o n fu ses, a conhecida Teologia da Libertao favorece aevange lizao pe lo fato de es clarecer o nex o e n tre osm o v im e n to s q u e p r o c u r a m a lib erta o d o h o m e m e area lidade do R eino de D e u s (n . 5).

    O s b i spos , assim co m o os padres e ou tros agentes,n o se co n t en t am s i mp l e smen t e em se ap ro p r i a r d aT eo logia da L ibertao d os telogos p rofissionais . Elesmesmos fazem a sua Teo log ia da L ibe r t ao em con

    fo rm id ad e c o m sua m is so. O q u e eles p o d e m faze r enr iquecer sua re f lexo prpr ia com os desenvolv i mentos espec f icos da Teologia da Liber tao maiselabo rada, de t ipo cientf ico.

    Al is , a Igre ja ins t i tucional nunca considerou (en em p o d e r i a f az - l o ) q u a l q u e r T eo l o g i a c i en t f i c aco m o v incu lan te para a f. Bas ta- lhe a M en sagem fu n dadora das Escr i tu ras e a g rande Trad io . Contudo ,para exercer sua misso em cada poca h is tr ica , os

    pas to res sem pre rec o r re ram (e no poder ia se r de ou t rom od o) s co r ren tes t e log icas que m elh o r os subs id ias sem. Ora , o que es t se dando en t re os pas to res dalibertao e os telog os d a libertao.

    36

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    39/170

    P o r iss o m e s m o p o d e - s e o b se rv ar u m a c o n c o rd n c ia esp ir itua l m u i to g rand e e n t re a Te o log ia da L iber

    tao profissiona l e a T eo logia da L ibertao pastoral naIg re ja do T erce i ro M u n do . Is so pa r ti cu la rm en te c la rocom re lao aos b i spos que se querem l iber tadores .N es te sen tido , Jo o P au lo II l anou aos b ispos b ras ile iros, reun ido s em A ssem blia n o d ia I o de m aio de 1984,

    a seg uinte pro vo ca do ra exor tao: O s b ispo s do Brasill emb rem-se d e q u e d ev em l i b e r t a r o p o v o d e su asinjust ias, que, eu sei , so graves. Que eles assumamesse seu pa pe l de liber tado res do p ovo nos cam inh os em to d o s c e r to s .

    O r a , u m b is p o lib e r ta d o r s p o d e fa ze r u m a T e o logia pa storal l ibertado ra.

    C om o atua n o concr eto o telogo dalibertaoSeu traba lho no se re sum e em p ro d uz i r teolog ia

    nos cent ros de ref lexo, es tudo e pesquisa , que so

    normalmente as facu ldades e ins t i tu tos dc Teolog iaonde a Igreja forma seus sacerdotes e le igos qual i f icados. D evem os reco nh ece r qu e tais luga res seq ue r con s t i tuem o lugar pr incipal de e laborao da Teologia daLiber tao. O telogo da l iber tao no um in te lec

    tual d e gab inete . E a ntes u m in te lectual o rg nico , u m

    37

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    40/170

    te logo m i li tan te, qu e se s itua d en t ro d a cam inh adado P ovo de D eu s e a r ti cu lado co m os responsve is dapas to ra ) . E le conse rva ce r t amen te um p num cen t rode reflexo e o u t ro na v ida da co m un idad e. A qui , alis ,assenta seu p d ireito .

    Por onde anda o t e logo da l iber tao? Voc oen con t ra nas bases . E le es t ligado a um a com un idade

    concreta , in ser ido v ita lm en te nela . E x ercen do o serv ioda i luminao telogica , e le per tence caminhada dac o m u n id a d e . V o c p o d e s u r p re e n d - lo e m u m fim d esemana na lguma fave la , num g rupo de pe r i f e r i a ou

    numa pa rqu ia ru ra l . L es t e l e , caminhando com opovo , f a l ando , ap rendendo , ouv indo , i n t e r rogando esend o in te r rogad o . N o h o te logo p uro , s te logo ,qu e sabe apenas Te olog ia . C o m o v im os , o ce logo dal iber tao dev e po ss u i r em alto grau a ar te da a r ticu la

    o: ar t icu lar o d iscurso da sociedade, dos opr imidos,do universo das signif icaes populares, s imblicas esacram enta is co m o d i scurso da f e da g rande Trad io .N o am b ien t e d a lib e rtao q u e re r sab e r so m en te T eo log ia con de na r -se a no saber n em a p rp r ia Teo log ia .P or isso o te logo da libe rtao possu i seu m o m en tode pastor , de anal is ta , de intrprete , de ar t iculador , deirm o d e f e co m p an h e iro d e cam in h ad a . Sem p re d ev ese r u m h o m em d o E sp r ito p a ra an im ar e trad u z ir, em

    re flexo de f, de espe rana e de am o r com prom etido ,

    38

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    41/170

    as exigncias do E va nge lho co nfro nta do co m os s inaisdo s tem pos , em ergen tes nos m e ios popu la res .

    E m segu ida voc vai enc on t ra r o t e logo nos e n con t ros com o Povo de Deus : um re t i ro esp i r i tua l ,u m en co n t ro da d iocese pa ra reviso o u p rogram ao , um cu r so b b l i co , um encon t ro sob re pas to ra l dat e rra o u da m u lh e r m arg ina lizada o u u m deba te sobreos desafios da cultura negra ou indgena. Ali ele estso bre tud o co m o assesso r. O uv e os p rob lem as , escu ta aTeo log ia f e i t a na e pe l a comunidade , i s to , e ssap r im e i ra r ef lexo de base qu e a T eo log ia do p o v o a

    pa r t i r de sua v ida . Conv idado pe la a ssembl i a , t en t aen to r e f le t ir , ap ro fu nd ar , c ritica r , r e lan a r a p ro b le m tic a le v a n ta d a , c o n f r o n t a n d o - a s e m p r e c o m a P a lav ra d a R ev e lao , co m o M ag is t r io e co m a g r an d eT r a d i o . O u t r a s v e z es v e m o - lo e m d e b a te s i n te r d i s-

    c i p l i n a r e s , cm mesas - r ed o n d as , i n c l u s i v e n o s me i o sd e c o m u n i c a o s oc ia l, c o m o r e p r e s e n ta n te d a c a m in h ad a d e u ma Ig r e j a q u e t o mo u a s r i o a o p os o l i d r i a c o m o s p o b r e s . P o d e r a m o s d i z e r q u e f a zen to t eo log ia com o p o v o .

    P o r f im d am o s co m o te lo g o em seu g ab in e te d etraba lho : lend o , pesq u isando , p rep arand o suas con fe rncias, suas aulas e curso s, es cre v en d o art igo s c livros.Este o momento ter ico e c ient f ico . aqui , neste

    laboratr io , que a experincia da base e a prt ica dos39

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    42/170

    agen tes so r e tomadas c r i t i camen te , r e f l e t idas emp ro fu n d i d ad e e e lab o rad as n a fo rm a d o c o n ce i to , is tol \ d e n t ro d o r ig o r c ien t fico . D aq u i sai o t e l o g o n oso m en te pa ra a an im ao pa s to ra l , pa ra a ssesso r ia s dea g e n t e s o u p a r a a l g u m d e b a t e , m a s t a m b m p a r aau las , con fe rnc ias , c on gressos , s vezes e m v iagensp a ra o e s t r an g e i ro , f a l an d o n o s cen t ro s me t ro p o l i t a

    n o s d o p o d e r e d a p ro d u o . E e ssa u m a t eo lo g ia apartir d o p o vo .

    D ad a a im en sa age nda de atividades e as exignciasprticas e tericas qu e es ta form a de T eo log ia im plica,

    no raro , enc on t ram os telogos da liber tao cansadose a t ex ten uad os. As qu este s u ltrapassam a capacidadede re flexo e e laborao d o tcJogo tom ad o ind iv idu a l men te . Po r i s so , e ssa Teo log ia fundamen ta lmen teum a t a re fa a se r cu m pr ida c o le tivam en te em a rticu lao

    orgnica com toda a Igre ja e com as vr ias formas dee laborao que ac im a descrevem os.

    Ao f ina l de tudo , ao t e logo da l i be r t ao noc ab e o u tr a p a la vra se n o a q u e la d o S e n h o r : S o m o s

    s im p le s s e rv o s p o r q u e fiz e m o s a p e n a s o q u e d e v e r a mos fazer (Lc 17 ,10) .

    40

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    43/170

    Como se fa z Teologia da Libertao

    III

    C h eg am o s aq u i ao cen tro d c n o sso trab a lh o . T ra -ta -se de exp or a qu es to do m tod o , o u seja, de com ofaze r T eo log ia da Libertao.

    O m om ento pr vio: o com pr omisso vivoAntes de fazer Teologia c preciso fazer l iber tao.

    O p r im e i ro passo pa ra a Teo log ia p r - teo lg ico . T ra -ta -se de v iver o com pro m isso da f, em no sso caso, depar ti cipar , de a lgum m od o, n o processo l iber tado r , dee sta r c o m p r o m e tid o c o m o s o p rim id o s.

    Sem essa p r-con dio con cre ta a T eo log ia da Li

    ber tao v i ra mera l i tera tura . No basta , pois , aquireflet ir a prtica. E p reciso an tes estab elec er u m a ligaoviva c om a pr tica v iva. D o con t rr io , p ob re , opresso ,revolu o, sociedade n ova se red u ze m a m eras palavras

    q u e se p o d em en c o n t ra r em q u a lq u e r d ic io n rio .41

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    44/170

    prec iso q u e f ique c la ro i sto : na raiz d o m to d od a T eo l o g i a d a L i b e r t ao se en co n t r a o l a o co m ap r t i c a co n c re t a . E d en t ro d e s sa d i a l t i c a ma i o r d e

    T eo r i a ( d a f) e P r x is (d a ca rid ad e ) q u e a tu a a T e o logia da L iber tao .

    N a v e r d a d e , s o m e n t e e s s e n e x o e f e t i v o c o m ap r tic a lib e r t ad o ra q u e p o d e c o n fe r i r ao te lo g o u m

    n o v o e s p r i to , u m n o v o e s tilo o u u m n o v o m o d od e f az e r T e o lo g ia . S e r te lo g o n o m a n ip u la r m t o d o s mas e s t a r i mb u d o d o e sp r i t o t eo l g i co . O ra ,a n t e s d e c o n s t i t u i r u m n o v o m t o d o t e o l g i c o , aT e o l o g ia d a L ib e rta o u m n o v o m o d o d e s e r te logo . A T eo og ia s e m p re u m a to s e g u n d o , se n d o opr imei ro a f que opera pe la car idade (G1 5 ,6 ) . Ate o lo g ia v e m d e p o is (n o o te lo g o ) , p r i m e i r o v e m apr t i ca l iber tado ra .

    Im p o r ta , p ois , te r p r im e i ro u m co n h ec i m en t o d ireto d a realidade da o presso /liber tao atravs de u meng ajam ento des in te ressado e so l idr io c om os pobres .Esse m o m en to p r -teo lg ico s ign if ica r ea lm en te co n

    ve rso d e v ida , e essa en volve um a co nv erso de c lasse, n o se n t id o de levar sol idar ieda de efetiva co m oso p rim ido s e sua liber tao.

    42

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    45/170

    Tr s for mas de compr omisso com os pobr esS e m d v i d a , o m o d o c o n c r e t o e p r p r i o d e u m

    te lo g o sc c o m p r o m e te r c o m o s o p r im id o s p r o d u z iru ma b o a t eo l o g i a . Co n t u d o , o q u e q u e remo s aq u ienfat izar que essa empresa impossvel sem umcontacto mnimo c o m o m u n d o d o s p r p rio s o p r im id o s.E prec i so um verdade i ro con tac to f s i co para que sepossa a d q u i r i r um a no va s ensib i lidade teolgica .

    Tal contacto, entretanto, pode-se dar cm formas egraus d isdntos, d epen dend o da pessoa e das circunstncias;

    - H te lo g o s d a lib e rtao q u e m an tm co m asbases cr is ts uma comunicao mais ou menos restrita, sejade car te r espord ico (v i s i t as , encont ros , momentosfor tes , e tc .) , seja de car ter m ais regu lar (acom pa nh am en to p astora l no s f ins de sem ana , assessoria te logi-c o - p a s t o r a l d e u m a c o m u n i d a d e o u m o v i m e n t opopular , e tc .) .

    - O u t r o s alternam per odos de t raba lho ter ico(m agist rio , es tud o e e laborao) co m per od os de t ra

    ba lho p rt ico ( trab alho pastoral o u assessoria telogicanu m a Ig re ja de t e rm inada).

    - O u t r o s e n fim v iv em inseridos n o s m e io s p o p u l a re s , m o r a n d o e a t t r a b a lh a n d o j u n t o c o m o

    p o v o s i m p l e s .

    43

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    46/170

    S e j a c o m o f o r , u m a c o i s a c l a r a : s e a l g u mq u is e r fa z e r u m a T e o lo g i a d a L ib e r ta o p e r t in e n t e p r e c i s o q u e s e d i s p o n h a a p a s s a r n o e x a m e

    v e s t ib u la r j u n t o a o s p o b r e s . S d e p o i s de t e r s e n t a d o n o s b a n c o s d o s h u m i l d e s t e m c o n d i o d ee n t r a r n a e sc o la d o s d o u t o r e s .

    Esquema bsico d o m tod o da T eologia da Liber taoA elaborao da T eo logia d a L iber tao se processa

    em tr s m o m en to s fu n d am en t a is , o s q u a is co r re sp o n

    dem aos t r c s t empos do conhec ido mtodo pas to ra l :ver , ju lg a r e agir.

    E m T eologia da Liber tao fa la-se nas trs m ed ia es pr incipais : mediao scio-anal t ica , mediaohermenut ica e mediao pr t i ca . Diz-se mediaesp o r q u e r e p r es e n ta m m e io s o u in s t ru m e n t o s d e co n s truo teolgica . V ejam os rap id am en te c o m o essas trsm ediaes se apresen tam e co m o elas se ar ticu lam .

    A mediao scio-anal t ica o lha para o lado do

    m u n d o d o o p r im id o . P r o c u r a e n te n d e r p o r q u e o o p r im id o o p r im id o .

    A med i ao h e rmen u t i ca o l h a p a r a o l ad o d om u n d o d e D eu s . P ro cu ra v e r q u a l o p lan o d iv in o em

    relao ao po bre.44

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    47/170

    A m ediao pr tica , p o r sua vez, o lha para o lado daao e ten ta d esc ob r ir as linhas operativas para supe rara o p re sso d e aco rd o co m o p lan o d e D eu s .

    Expl iquemos com mais de ta lhe essas mediaesu m a a um a .

    . Mediao scioarxaUtica

    Liber tao l iber tao do opr imido. Por i sso , aT eo log ia da L ibertao deve co m ear po r se deb rua r

    sobre as con dies rea is em q u e se enc on t ra o o p r im i do , de qu a lqu er o rd em e le seja.

    C e r tam en te , o o b j e to p r im r io d a T eo l o g ia D eu s .C o n tu d o , an tes de se p e rgu n ta r o q ue s ign if ica a op res

    so aos o lhos de Deus, o telogo precisa se perguntarm ais na base o q u e a op ress o real e qu ais so as suascau sa s . N a v e rd ad e , o co n h ec i men t o d e D eu s n osu b stitu i n e m e lim in a o c o n h e c i m e n t o d o m u n d o real.U m e rro ace rc a d o m u n d o - a firm a o g ra nd e S a nto

    T o m s d e A q u in o - re d u n d a e m e rro acerca de D e u s (Sum a contra os Gentios, II, 3).

    A dem ais , se a f q u e r se r e ficaz, ass im co m o o am orcristo, ela precisa ter os o lho s abe rtos so bre a realidade

    h is t rica que q u er f e rm en ta r .

    45

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    48/170

    P or isso, co nh ece r o m u n d o real do o p r im ido fazpar te (mater ia l ) do processo teolgico g lobal . umm o m en to o u m ed iao in d isp en sv e l, a in d a q u e in su fic ien te , pa ra u m en tend im en to u lte r io r e m a is p ro fu n do, qu e o saber p rp r io da f.

    a) Como entender ofenmeno da opresso

    A nte o op r im ido , a p r im e i ra pe rgu n ta do te logos po de ser: p o r qu e a opresso? O n d e es to suas ra zes?

    O ra , o op r im ido t em m ui tos ros tos. P ueb la e lenca:rostos de cr ianas, de jov en s, de indgenas , de cam p o

    neses, de o perr ios , de sub em pregados e d esem prega dos, de m arginal izado s, de ancios (n . 3 2-39) .

    C o n t u d o , afigura epocal d o o p r i m i d o n o T e r c e i r oM u n d o a do po bre sc io -econm ico . So as massasdeserdadas das pe r iferias urb an as e d o ca m po.

    Prec isam os pa r ti r da , dessa opresso in f ra -e s t ru tu -ra l, se qu ere m os e n ten d er co r re tam en te todas as ou t rasform as de opresso e ar ticu l-las n a bo a e devida form a.N a v e rd ad e , co m o v e rem o s m e l h o r m a is ad ian te , essa

    fo rma s c i o - eco n mi ca co n d i c i o n a d e a l g u m mo d otoda s as ou tras form as.

    Par t indo , po i s , dessa expresso fundamenta l deopresso , qu e a po breza sc io-econ m ica , p erg un te-

    m o -no s co m o e la se explica.46

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    49/170

    O ra , qu an to a isso , a Te o log ia da Libertao en co n tra trs resp ostas al ternativas dispo nveis: a em p irista, a

    func ion al ista e a dialtica. V am os ex po r co m brevidadecada um a delas.

    aa) Explicao em pirista: po breza co m o vcio

    Essa co r ren te explica a po breza de m an ei ra cu r ta e

    superficial. A tribu i as causas da po br ez a in do lncia, ignornc ia ou s implesmen te ma ldade humana . E lano v o aspecto co le tivo o u e s t ru tura l da pobreza: q ueos pobres so massas intei ras e que crescem cada vez

    mais. E a concepo vulgar da misr ia social e a maisespalhada na sociedade.

    A soluo lgica dessa viso para a questo dapobreza o conh ec ido assistencialismo, q ue va i da esm olaat s m ais d i feren tes c am pa nha s de a juda aos pobres .O p o b re aq u i tra tad o co m o u m co itad o .

    bb) Explicao funcionalista: pobreza co m o atraso

    E a in t e rp re tao libe ral ou bu rguesa do f en m en o

    da p ob reza social. Esta at r ibu da ao m ero atraso econmico e soc ia l . Com o tempo, g raas ao p rpr iop rocesso de desenv o lv im en to , favorec ido n o Terce i roMundo por emprs t imos e t ecno log ia e s t r ange i ros , op rog resso h de cheg ar e a fom e desaparecer - ass im

    pe nsam os funcionalis tas .

    47

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    50/170

    A sa da social e po lt ica a qu i o reformismo, e n t e n d ido co m o m elhor i a c rescen te do sis tem a v igen te . Opo bre aqu i aparece c o m o obje to da ao de c im a.

    O pos i t ivo dessa concepo que vc a pobrezac o m o f e n m e n o coletivo mas desconhece seu car te rconflitivo. Ou se ja : ignora que e la no uma e tapacasua l, m as s im o p ro d u to de de te rm indas situaes eest ru turas econmicas , socia is e pol t icas , de modoque os ricos f icam cada vez mais r icos s custas depo bres cada vez m ais p o br es (P uebla , n . 30).

    cc) Explicao dialtica: pobreza co m o opressoEs ta en tende a pobreza como f ru to da p rpr i a

    organizao ec on m ica da soc iedade , que a uns exp lora- e so os tr aba lhado res - e a ou tros exclui do s is tema

    de p rodu o - e so os subem pregados , desem pregadose toda a massa de marginal izados. Como coloca JooPaulo II , na enccl ica Laborem exercens, a raiz dessasi tuao se encont ra na supremacia do capi ta l sobre otr aba lho - aque le co n t ro l ado po r uns pou cos e este

    ex ercido pelas g ra n de s m aiorias (cap. III) .Nessa in t e rp re t ao , chamada t ambm h i s t r i co -

    es t ru tu ra l , a pobreza apa rece p l enamen te como umf e n m e n o coletivo e alm disso conflitivo ex igind o, pois,

    sua superao n u m s is tem a soc ia l alternativo.

    48

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    51/170

    A sada para essa situao, efet iva m en te, a revoluoen ten d ida c om o a transform ao das bases d o s is temaecon m ico c social. O p ob re su rge aqu i co m o su je ito .

    b ) Abordagem da mediao histrica e ateno s lutasdos oprimidos

    A interpre tao scio anal t ica , como fo i ac ima

    apresen tada , se r convenien temente comple tada pe lorecurso a um a aprox im ao h i st rica da p rob lem ticada pobreza . T al aproxim ao faz ve r o po bre no apenascm su a s itu ao p r e sen t e m as co m o te rm o d e to d o u m

    processo amplo de espol iao e marginal izao social .A qui se recu p eram inc lusive as lu tas dos pe qu en os aolong o dc tod a a sua cam inh ad a h is t r ica .

    C o m efeito , a s ituao dos oprim idos no s defin ida po r seus op ressores m as tam bm pe lo m od o com oreagem opresso, resistem e lutam p o r se l ibertar.

    P o r isso m e s m o n o se e n te n d e r ja m a is u m p o bresem co m pree nd - lo e m sua d im enso d e su je ito sociale c o -a ge nte - e m b o ra s u b m e tid o - d o p ro c es so h is t

    rico . C o n seq en t em en t e , p ara se an a lisa r o m u n d o d o spo bres , h de se levar em co nta no apenas suas op res ses, mas tambm sua histr ia e suas prt icas l iber ta doras , p o r m ais em br ion r ias q ue e las se jam.

    49

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    52/170

    c) O caso de um marxismo mal digerido

    Q u an d o se tra ta d o p obre e do op r im ido e se busca

    sua libe rtao , co m o ev ita r o en co n t ro com os g ruposm arxistas (na luta con creta) e co m a teoria ma rxista (non ve l da re flexo)? P u de m o s se n t i- lo logo ac im a q u an d o nos refer im os in terp re tao d ia l tica ou h is tr ico-es tru tu ra l do f en m en o da po breza scio -econm ica .

    N o qu e toca relao co m a teor ia m arxis ta , lim i-tem o -n o s aq ui a a lgu m as ind icaes essencia is:

    I o) N a T eo log ia da L ibertao o m arx i sm o nu nca tr atado po r si m esm o m as sem pre apartir e em Junodos pobres. Si tu ad o f irm em en te ao lado d o s p eq u en o s , ot e logo in t e r roga Marx : Que podes tu nos d i ze r das ituao de m isr ia e do s cam inh o s de sua superao?A q u i se su b m e te o m arx is ta ao j u z o d o p o b re c d e sua

    causa e n o o co ntrr io .2o) P o r isso , a Te olog ia da L ibertao usa o m arxis

    m o d e m o d o p u r a m e n t e instrumental. N o o v e n e r aco mo v en e ra o s San t o s E v an g e l h o s . E n em sen t e a

    ob rigao de da r co n ta aos cientis tas sociais do u so quefaz das palavras e idias m arxistas (se as usa co rre tam e n te o u n o) a n o se r aos po br es , sua f e espe rana e comunidade ecles ia l . Para sermos mais concretos , d i gam os aqu i qu e a T eo log ia d a Libertao u t il iza l ivre

    m en te do m arxism o algum as indicaes m etod o lg icas

    50

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    53/170

    que se reve la ram fecundas para a compreenso doun iverso do s o pr im idos, en t re as quais :

    - a im por tnc ia dos fa to res econm icos ,- a aten o luta d e classes,- o p o d e r m is tif icador das ideolog ias inc lus ive re

    ligiosas, etc.

    E o qu e a f irm ou o en to G era l dos Jesu ta s , Pad reP. Arrupe , em sua j conhec ida Car ta sobre a an l i sem arxista de 8/12/80.

    3o) P o r isso tam bm o te logo da libe r tao m an tm um a relao dec id idam ente c rtica fren te ao m ar x i smo . Marx ( co mo q u a l q u e r o u t ro marx i s t a ) p o d e ,s i m , s e r co mp an h e i ro d e cami n h ad a ( c f Pu eb l a , n .554) , m as jam ais po de ser o gu ia . P o rq u e u m s ovosso guia , o C r is to (M t 23 ,10) . Se assim , para um

    telogo da l iber tao o m ater ia lism o e a te sm o m arxis tano ch egam a se r sequer u m a t en tao .

    d) Para alargar a concepo de pobre

    aa) O po bre com o o negro, o ndio e a m ulher

    T eo log ia da Libertao da l iber tao do o p r im ido- d o o p r i m i d o t o d o - c o r p o e a l m a e d e t o d o oop r im ido : o po bre , o sub m et ido , o d i sc r im inado , etc.E imposs ve l f i car aqu i no aspec to puramente sc io-

    econmico da opresso , o aspec to pobre , por mais

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    54/170

    fundamental e determinante que e le se ja . precisov er tam b m os ou tros p l anos de op resso social:

    - a op resso de t ipo racial - o neg ro ,

    - a o p re ss o d e tip o tn ic o - o n d io ,

    - a o p re s so d e ti p o sex ual - a m u l h e r.

    Essas d i fe ren tes op resses, qu e a lguns ch am am desegrega es, e o u tras m ais (co m o as de t ipo geracio-na l - o j ov em ; as de ti po e t rio - a criana e o ve lho ,e tc . ) possuem sua natureza espec f ica e necessi tam deum t ra tam en to ( ter ico e p r ti co) t am bm espec fico.

    Por consegu in te , deve- se supera r uma concepo ex c lus ivamente dass i s ta do opr imido , como se es tefosse apenas o pobre sc io-econmico . Na f i l a doso p r im i d o s en co n t ram o s m a is q u e so m en te os p o b re s.

    C o n tu d o , i m p o r ta a q u i o b se rv a r q u e o o p r im id osc io-eco n m ico (o po bre) no ex is te s im plesm en te aolado d e o u t ro s o p r i mi d o s , co mo o n eg ro , o n d i o e am u lh e r - pa ra f icar nas categorias m ais s ignificativas noT e rce i ro M u n d o . N o , o o p r im i d o d e classe, o p o b resc io -econmico , a expresso in f ra -es t ru tu ra l doprocesso de opresso . Os ou t ros t ipos represen tamexpresses superestruturais da opresso e a esse t tu loso cond ic ionadas p ro fundamen te pe lo in f ra -es t ru tu

    ra l. C o m efe ito , u m a coisa um neg ro ch ofer de txi,52

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    55/170

    ou t ra co i sa um negro do lo de fu t ebo l . Da mesmafo rm a , u m a co isa u m a m u l h e r em p reg ad a d o ms tica,ou tra coisa c um a m ulhe r , p r im e i ra dama da nao . Eum a coisa u m n dio espo liado de sua terra e oucra u m n d i o , d o n o d e seu cho.

    I s so l eva a en tender po r que , numa soc iedade declasses , as lu tas de c lasse - q u e so u m fa to e que

    e t icam en te de no tam a p resena da in jus tia con denadap o r D e u s e pela Igre ja - so as lu tas principais . Elasco locam f ren te a f ren te g rup os an tagnicos, cu jos in te resses essenciais so i r reconci l iveis . Diferentemente,

    a s l u t a s do neg ro , do nd io e da mulhe r co locam emjo g o g ru p o s n o an tag nicos p o r n a tu reza e cu jo s in te resses fu n da m en tais so em p r in cp io reconciliveis . Seo pa tro (exp lorador) e o t rab a lhad or (exp lorado) n u n ca podero em def in i t ivo se reconci l iar , o negro pode

    faz- lo com o branco, o ndio com o civ i l izado e am u l h e r c o m o h o m e m . T r a t a - s e c o m e f e i t o a q u i d eco ntradi es n o antagnicas, as quais se ar ticulam , emnossas sociedades , co m e sobre a cont rad io an tag n i ca de base q u e a d o co nfl ito d e classe.

    A o inv erso , deve-se n o ta r q u e as opresses de t ipon o eco n m ico agravam a p reex is ten te opresso sc io-e co n m ic a. U m p o b r e ta n t o m a is o p r im id o q u a n d oele , a lm de p obre : negro , nd io , m u lhe r o u ve lho .

    53

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    56/170

    bb) O pobre como o humilhado e ofendido dosent im ento popular

    Se m dv ida , p ara se e n ten d er c r it icam ente a s itua o do po bre c de toda sor te de op r im idos , a m ediaosc io-ana ltica im po r tan te . C o n tud o , e la s apreend eda o p re sso o q u e p o d e ap reen d e r u m a ab o rd ag em d et ipo cient f ico. Ora, ta l abordagem tem seus l imites,

    qu e so os d a racion al idad e positiva. Esta capta apenas(e j muito) a est rutura bsica e global da opresso,deixando fora todos os mat izes que s a exper inciad i re ta e a v ivnc ia d iu tu rna podem perceber . F icar

    apenas n o e n ten d im en to rac iona l e c ien t fico da o p res so ca i r n o rac ional ism o e deixar fora m ais da m etad eda rea lidade do po vo o pr im ido .

    N a v erd ad e , o o p r im id o m a is d o q u e d e le diz o

    analista social: ec on om ista , socilogo , an trop log o, etc .E p rec i so e scu ta r t ambm os p rpr ios op r imidos . Defato , o povo, em sua sabedor ia popular , sabe mui tom a is de p o b r ez a q u e q u a lq u e r e c o n o m is ta . O u m e lh o r,sabe d e o u tro m o d o e co m m a is d en sid ad e.

    A ssim , o qu e trab alho para a sabedo r ia po pu lare o que para um economista? Para es te o mais dasvezes u m a s im ples ca tegoria o u u m c lcu lo es ta ts tico ,enquan to que pa ra o povo t r aba lho cono ta d rama ,

    angst ia , d ignidade, segurana, explorao, exausto,54

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    57/170

    v id a - e n f im t o d a u m a s r i e d e p e r c e p e s c o m p l e x a se a t c o n t r a d i t r i a s . I g u a l m e n t e , o q u e r e p r e s e n t a at e r r a p a r a u m c a m p o n s e o q u e p a r a u m s o c i lo g o ?P a r a a q u e l e , a te r r a m u i t o m a is q u e u m a r e a l id a d ee c o n m i c a e s o c i a l . E u m a g r a n d e z a h u m a n a , c o m u ms ig n i f ic a d o p r o f u n d a m e n t e a f e t iv o e a t m s t i c o . E i s s ov a le m u i t o m a is a i n d a p a r a o i n d g e n a .

    E n f im , q u a n d o o p o v o d iz p o b r e d i z d e p e n d n c ia , f r a q u e z a , d e s a m p a r o , a n o n i m a t o , d e s p r e z o e h u m i l h a o . P o r is s o , o s p o b r e s n o c o s t u m a m s e c h a m a r p o b r e s , e i s t o p o r u m s e n t i m e n t o d e h o n r a e d i g n i

    d a d e . S o o s n o - p o b r e s q u e a s s i m o s c h a m a m . A s s i m ,u m a p o b r e s e n h o r a , d e u m a p o b r e c id a d e d o i n t e r i o rd e P e r n a m b u c o - T a c a im b - q u e o u v i r a c h a m - l ap o b r e , r e s p o n d e u : P o b r e , n o . P o b r e o c o . N o i ss o m o d e s a r r e m e d i a d o , m a s l u t a d o r !

    D a q u i s e c o n c l u i q u e o t e l o g o d a l i b e r t a o ,e m c o n t a c t o c o m o p o v o , n o h d e s e c o n t e n t a rc o m a n l i s e s s o c i a i s m a s d e v e r c a p t a r t a m b mt o d a a r i c a i n t e r p r e t a o q u e o s p o b r e s f a z e m d e

    s e u u n i v e r s o , a r t i c u l a n d o a s s i m a n e c e s s r i a m e d i a o s c i o - a n a l t i c a c o m a i n d i s p e n s v e l c o m p r e e n s o d a s a b e d o r i a p o p u l a r .

    55

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    58/170

    cc) O p o b re co m o o filh o d e D eu s d e s fig u rad o

    F in a l m e n te , n a v is o c ris t , o p o b r e tu d o is so

    e m u i to m a is . A f v n o p o b r e e em to d o o p r im id oa q u i l o q u e j u s t a m e n t e a T e o l o g i a d a L i b e r t a op r o c u r a e x p l i c i t a r ( e a q u i j n o s a n t e c i p a m o s m e d ia o h e rm e n u t ic a ) :

    - a im ag em d e D eu s d es fig u rada ,- o f ilho de D eu s fe ito servo , so f redo r e re je i tado ,

    - o m e m o r ia l d o N a z a re n o , p o b re e p e rs eg u id o ,

    - o s ac r am en to d o S en h o r e Ju iz d a H is t r ia , etc.

    D e s s e m o d o , a c o n c e p o d o p o b r e , s e m p e r d e rnad a de sua sub stnc ia concreta , se a larga inf in i tam en tep o rqu e ab er ta ao In f in i to . D o n d e se ev idenc ia q ue paraa f e a m isso da Igre ja , o po bre n o to -so m en te u m

    ser de necess idades e um produtor ; no apenas umoprimido socia l e um agente h is tr ico . E tudo i sso emais: tam bm o po r tad o r de u m po tenc ia l evange li-z a d or (P u eb !a ,n . 1147) e um a pessoa vo cacionad a paraa v ida e terna.

    2. Mediao hermenutica

    Depois de en tend ida a s i tuao rea l do opr imido ,o telogo tem q u e se pe rgun tar : o q u e d iz a Palavra dc

    D eu s so b re isso? E sse o s eg u n d o m o m en to d a co n s 56

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    59/170

    truo te log ica - m o m en to espec fico , pe lo qua l un id iscurso formatucnte disc urso telogico.

    T rata-se , p o r tan to , a essa a l tura , de v e r o processodc o p ress o/l ibe rta o luz da f. O q u e isso? Essaexpresso n o designa a lgo de vago o u gera l. A luz daf , com efe i to , encont ra-se posi t ivamente regis t radanas S agradas E scri turas. E p o r isso q u e d izer luz daf o u luz da Palavra de D e u s o m esm o.

    E assim, o telogo da l ibertao vai s Escri turascarregand o tod a a prob lem t ica , a d o r e a esperana dosoprimidos. Solici ta Palavra divina luz e inspirao.

    Realiza , po is , aq ui u m a no va le i tura da Bblia : a h erm en u t ica da liber tao.

    a)A Bblia dos pobres

    In ter rog ar a to ta lidade da E scr i tura a p ar t i r da ticados op r im idos - ta l a h e rm en u t ica o u le i tu ra e spec fica da T eo log ia d a Libertao.

    D igam os logo q ue es ta no a n ica le itura possvel

    e leg t ima da Bbl ia . Mas para n s ho je n o Terce i roM u n d o a le i tu ra p riv ileg iada , a he rm en u t ica epoca l.D o se io da g rande revelao b b lica e la dese nt ranh a ostem as m ais lum inoso s e e loq e ntes na perspec tiva dospobres : o D eu s pa i da v ida e advogado do s opr im idos ,

    a libe r t ao da casa da e sc rav ido , a p ro fec i a do m u n 57

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    60/170

    d o n o v o , o R e in o d a d o a os p o b r e s , a Ig re ja d a c o m u n h o to t a l, e tc . A h e rm en u t ica da li be r tao en fa tiza

    esses ve ios , sem exc lus iv i z - los . Podem no se r o st e m a s m a i s importantes ( e m s i m e s m o s ) m a s s o o sm a i s relevantes (p a r a o s p o b re s em su a s i t u ao d eo p r e s s o ) . D e r e s t o , a o r d e m d e i m p o r t n c i a q u ede f ine a o rd em da re levnc ia .

    Ademai s , o s pobres so ma i s que s implesmen tepobres , com o v im os . E les bu scam v ida e v ida p l ena (Jo 10,10). P o r isso, as que ste s relev an tes o u urg en tesdos po bres se a r ti cu l am com as ques tes tr ansce nd en

    tais: a co n verso , a graa, a res su rreio .Efe t ivamente , a hermenut ica da l iber tao per

    gun ta Pa lavra sem se an tec ipar ideo log icamente resposta d iv ina . P o rqu e teolgica , a h er m en u t ica se faz

    na f , ou se ja , na aber tura Revelao sempre nova esem p re su rp r een d en te d e D eu s , M en sag em in au d itaqu e pode sa lvar ou con denar .

    P o r isso m esm o, a re spos ta da Pa lav ra pod e s em pre

    co lo ca r em q u es to a p r p r ia q u es to e m esm o o q u es -tiona do r na m ed ida em q u e o cham a converso , fe ao co m p ro m isso d e j u s ti a .

    H , p o r ta n to , u m c rc u lo h e r m e n u t ic o o u u m a

    in te rpe lao m tu a en t re po bre e Pa lavra (P au lo VI,

    58

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    61/170

    E N : E v an ge lizao n o m u n d o d e h o je , n . 2 9 ). C o n tu do , inegvel que nessa d ia l t ica o comando cabe Pa lavra soberana de Deus . Essa de tm a p r imazia deva lor , em bo ra no n ecessar iam ente m etodolg ica . Sabem os , p o r ou tro lado , pe lo co n te do in tr in secam en tel ibertador da revelao bblica, que a Palavra para op o b r e s p o d e s o a r c o m o m e n s a g e m d e c o n s o l o e

    libertao radicais.

    b) Traos da hermenutica teolgicolibertaora

    A r e l e i t u r a d a B b l i a q u e s e f a z a p a r t i r d o s

    p o b r e s e d e s e u p r o je t o d e lib e r ta o se c a r a c te r iz ap o r a lg u n s tra o s :

    1 ) E u m a h e r m e n u t i c a q u e p r i v i l e g i a o m o men to da ap l i cao sob re o da exp l i cao . N i sso ,

    a l i s , a Teo log ia da Liber tao nada mais fez senored esc o b r ir aq u i lo q u e e r a a v o cao p e r en e d e to d as l e i tu ra b b l i ca , como se v , po r exemplo , nos Pa d r es d a Ig re ja - v o ca o e ssa q u e f oi p o r m u it o t e m p oneg l igenc iada em favor de uma exegese r ac iona l i s t a

    e e x u m a d o ra d o s e n t id o - e m -s i.A hermenut ica l iber tadora l a Bb l ia como um

    livro de v ida e n o c om o u m livro d e h is tr ias curiosas.Bu sca-se nela o sen t ido textual, s im , mas em fu n o d o

    sent ido 4tual. A qui , o im po r tan te n o tan to in te rp re ta r59

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    62/170

    o texto das E scr ituras , qu an to in te rp re tar o livro da v idase g u nd o as E scr i tu ras. Pa ra dizer tud o , a nova/ant igalei tura bblica se f inaliza na vivncia hoje do sentidoo n tem . E n is so v em o seg u n d o trao .

    2o) A h erm en u t ica liber tadora busca d esco br i r eativar a energia transformadora dos textos bblicos. Trata-se f ina lmente de p roduzi r uma in te rpre tao que leve m u d an a da pessoa (converso) e da h is tr ia ( rev o lu o) . Tal le i tura no ideologicamente preconcebida ,p ois qu e a religio bblica um a religio aberta e din m ica de vido a seu carter m essinico e escatolgico. J

    con fessava E . Bloch: E dif cil fazer um a rev olu o sema B blia.

    3o) Finalmente, a relei tura teolgico-pol t ica daBb l ia acen tua , sem reducion ismo, o contexto social daM ensagem . C o loca cada tex to em seu co n tex to h is t r ico para ass im fazer u m a t radu o ad equada , no lite ra l, d en t ro de nosso p rp r io co n tex to h i st r ico . Ass im ,por exemplo , a hermenut ica da l iber tao enfa t i za(no cx clusiv iza) o co n tex to socia l de op resso e m que

    viveu Jesus e o con tex to m arcad am ente p o ltico de suam or te na c ruz . E ev iden te que , a ss im equac ionado , otexto b b l ico gan ha par t icu lar re levncia no co ntex to deopresso do Terce i ro Mundo , onde a evange l i zaolibertad ora p ossu i im ediatas e graves im plicaes p o l -

    60

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    63/170

    ricas - c o m o o prov a a extensa lis ta de m r t ires la t ino-americanos.

    c) O s livros da Bblia preferidos pela Teologia da Libertao

    C er tam en te , tod a a Bb lia qu e deve se r levada emconta pe la Teo log ia . Todavia , as p refernc ias hermen ut icas so inevitveis e m es m o necessrias , co m o nosen s ina a p rp r ia litu rg ia e a a rte h om il t ica . N o qu e toca T eo logia da Libertao, seja em qu al fo r de seus t rsnveis : prof iss ional , pastora l m as pr inc ipalm en te p o p u lar , os l ivros sem dvida mais apreciados so:

    O xodo, p o rq u e de senv olve a gesta da liber taopol t ico-re l ig iosa de uma massa de escravos que setorna , pela fora da A l iana d iv ina , P ov o d e D eu s;

    - O s Profetas, p o r sua ins t rans igen te defesa do D eu sl iber tado r , sua d en n c ia v igorosa das in justias , re iv in d icao d o s d ire ito s d o s p eq u en o s e an n c i o d o m u n d omessinico;

    - O s Evangelhos, ev id en tem en te , pela centra lidad e

    d a p e sso a d iv in a d e je s u s , co m su a m en sag em d o R e in o ,sua pr t ica l iber tadora e sua morte e ressurre io -sen tido a bso lu to da h is tr ia ;

    - O s A tos dos Apstolos, por re t ra ta rem o idea l dc

    um a C o m u n ida d e c ris t l iber ta e libertadora ;

    61

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    64/170

    - O Apocalipse, p o r desc rever em te rm os cole tive s im b licos a lu t a im ensa do Po vo de D eus p e r segu idocon tra todos os m o n st ro s da h is t ria .

    H luga res em q ue p r iv ileg iam ou tros liv ros, com oos Sapienciais, por recuperarem o va lor de reve laodiv ina co n t id o na sabedor ia po pu lar (p rovrb ios , es t rias, e tc . ) . A ssim tam b m , em reas da A m rica C en t ra l ,

    depo i s de a s Comunidades t e rem med i t ado os l i v rosdo s Macabeus para a lim en ta rem sua f em con tex to deinsurre io a rm ada ( legi tim ada, de res to , p or seus pas tores) , te rm inad a a gu erra e in ic iado o t rab alho pacfico

    da rec on s tru o do pa s , p u seram -se a le r s is tem atica mente os l ivros de Esdras e Neemias por r e t r a t a rem oesforo de res taurao do Povo de Deus depois dop er od o c r t ico d o C at iv ei ro da B abilnia .

    oc ioso d izer aqu i q ue qu a lqu er l iv ro b b lico hde ser l ido em chave cr istolgica, ou seja , a par t i r dep o nto m ais a lto da R evelao ta l co m o se en con t ra nosEvangelhos. Assim, a t ica do pobre colocada noin t e r io r d e u m a tica m a i o r - a d o S en h o r d a H is t r ia ,

    gan han do ass im to d a sua con s is tnc ia e v igor.d) Recuperao da grande Tradio crist na perspectivada libertao

    A Teolog ia da Liber tao tem consc inc ia de se r

    u m a T eo l o g ia n o v a, co n t em p o rn ea ao p e r o d o h is t 62

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    65/170

    r ico v igente e adequada s grandes maior ias pobres ,c rist s e tam bm no-c ris t s , do T erce i ro M un do .

    E n t re tan t o , ela en t en d e m an te r u m lao d e co n t inu ida de fund am enta] co m a trad io v iva da f do P ovocr is to . Por i sso mesmo ela in ter roga o passado, bus can do apre n de r de le e co m e le se en r iqu ecer . O ra , an tea tradio teolgica, a T eo log ia da L ibertao ado ta u m a

    du pla at itude:

    - d e crtica, tomando consc inc ia dos l imi tes e in sufic incias das e laboraes d o passado tr ib u to pa r c i a l m e n t e i n e v i t v e l p a g o p r p r i a p o c a . P o rexem plo , na T eo log ia Escolstica (sc . X I-XIV ), par tesuas inegveis contr ibuies na elaborao precisa es is temt ica da verdade cr i s t , encont ra-se uma nomenos inegvel tendncia ao teor ic ismo, a esvaziar o

    m u n d o d e seu car ter h is tr ico (v iso es t tica das co i sas) m o st rand o escassss im a sensib i lidade para a qu es to socia l do p o bre e de sua liber tao h is tr ica . Q u a n to espiri tual idade clssica, tenta-se superar seu int imis-m o a-h is t r ico , seu e l itism o e o insu f ic ien te senso da

    presena d o S e n h o r nos p rocessos socia is l iber tadores;- d e resgate, inco rpo ran d o f iles teo lg icos fecun

    d o s q u e fo r am e sq u ec i d o s e p o d em n o s en r i q u ece r em es m o qu estion ar . A ssim , da Teo logia P at rs tica (sc.

    II a IX) po dem os in tegrar: a concep o profu n da m en te63

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    66/170

    un i tr ia da H is tr ia da Salvao, o se n t id o das exignc ias socia is do Evangelho, a percepo da d imensoproft ica da misso da Igreja, a sensibil idade pelospo bres , e tc .

    Insp iradoras so tam b m para a T eo log ia da Libertao as experincias evanglicas singulares de tantossantos e profe tas , mui tos dos quais here t izados, mas

    cu jo s ign i ficado liber tado r ho je p ercebe m os c la ram ente . Assim foi com Francisco de Assis , Savonarola, oM es t re Eck hard t , Ca ta r ina de Sena, B ar to lom eu de lasCasas e , m a is r ecen tem en te , o s Padres H ida lgo e M o-re los , a ss im como o Padre Cce ro , sem esquece r acon t ribu io p rec iosa dos m ov im en tos pauperis ta s m e dievais dc refo rm a be m co m o as postu la es evanglicas do s g randes re form ad ores .

    e) Conto se relaciona a Teologia da Libertao com a Dou-trina Social da Igreja

    T am b m co m re lao D o u t rina Socia l da Ig re ja a

    Te olog ia da L ibertao te m um a re lao aber ta e pos itiva. E preciso d izer, em p r im eiro lugar , q ue a T eologiada L ibe r t ao no se ap resen ta como uma concepoconcorrente d a D o u tr in a d o M ag is t rio . E n em p o d eriafaz-lo , j q u e se t ra ta aqu i de d iscu rsos c om nveis e

    competncias d is t in tos .64

  • 7/29/2019 Como Fazer Teologia Da Libertacao - Leonardo Boff

    67/170

    M as n a m ed id a em q u e a D o u t ri n a Social d a Igre jaoferece as grandes orientaes para a ao social doscr is tos , a Teologia da Liber tao tenta , por um lado,integrar essas or ientaes em sua s n tese e , por out ro ,p r o c u r a explicitlas de modo cr ia t ivo para o con tex tod o T e r c eiro M u n d o .

    Essa o pe rao de integra o e ex plicitao se fun d ano car te r d in m ico e a ber to do E ns ino Socia l da Ig re ja(cf . Puebla, n . 473 e 539) . Ademais, fazendo iss