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Boletim A Libertação da Fraternidade Espirita Cristã

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Horário | 2013Fraternidade Espírita Cristã

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Curso de Varão 2013

Sobre os dialogadores

Inseminação artificial e embriões congelados II

O Empréstimo

Espíritas de Ontem - “O Egoísmo"

Histórias do Rolinha - A Primeira Comunhão do Rolinha

BD - Nosso Lar

Notícias

Editorial

EditorialEditorial

Abril / Maio / Junho

índice

EditorialDa “mão” de Deus saem todos os decretos, acompanham o processo reencarnatório!todas as normas, todas as novidades. Possibilidade de retorno ao laboratório de Para amparar os Seus filhos, dá-nos Ele tantos importantes experiências, nada é deixado ao recursos diferentes que, ao analisá-los, a acaso e o mérito, sempre presente como gratidão, mais do que outro sentimento, ilumina elemento de auxílio, é valorizado ao pormenor – a nossa alma. ou não fosse Deus a própria misericórdia!Não há problema humano para o qual não haja À medida que as academias progridem em solução. conhecimento, chegam as ideias que Não há carência que não encontre satisfação. revolucionam os métodos pelos quais se volta às Não há medo que não encontre segurança que o experiências na matéria. dissipe. Não há limitações que não se vençam, não há Para Deus tudo tem um tempo próprio e a Sua impedimentos que perdurem indefinidamente.vontade faz-se sentir na altura certa. E Deus, que permanece velando por todos, O Homem admira-se, surpreende-se nas suas alcança o pensamento dos que buscam pesquisas, nos seus trabalhos quando, de uma inspiração para fazer deles instrumentos do Seu ideia, de uma hipótese, se desenvolve um novo amor. Eis aí o motivo das inovações e da conceito, uma outra abordagem que será abertura de novas possibilidades para que o ser solução ou melhoria daquilo que já se conhece. humano progrida sempre.Nascer… necessidade para a alma e entusiasmante expectativa para os que Carmo Almeida

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4 A Libertação

Abril / Maio / Junho

Departamento de Estudos EspíritasFraternidade Espírita Cristã

2013

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Abril / Maio / Junho

O dialogador é o elemento de uma reunião dialogador tem de dispor: “Formação mediúnica a quem cabe a tarefa de conversar doutr inár ia mui to sól ida, com apoio com os espíritos sofredores que se manifestam insubstituível nos livros da Codificação através de um médium. Kardequiana, familiaridade com o Evangelho de

Jesus, autoridade moral, fé e amor. As demais Ao abordarmos o tema, destacamos em são desejáveis, importantes também, mas não primeiro lugar a indispensável ferramenta de tão críticas: paciência, sensibilidade, tacto, trabalho no diálogo com os Espíritos sofredores, energia, vigilância, humildade, destemor e prudência” (4).

Realçaríamos o papel da autoridade moral que difere da atitude arrogante de superioridade sobre aqueles que em condição mais difícil se manifestam numa reunião mediúnica. Aliás, é importante manter presente a consciência da própria imperfeição que nos permite compreender e servir melhor esses irmãos em sofrimento.

O diálogo deverá ser sempre “uma tentativa de entendimento e não uma discussão ou uma

tal como refere Hermínio C. Miranda: “O segredo da doutrinação é o amor” (1). Todo o diálogo com os Espíritos sofredores deverá ser sempre guiado por esse sentimento. Isto porque “O impacto do amor sincero no coração de um irmão que sofre é uma das coisas mais impressionantes e comoventes do trabalho de doutrinação.” (2)

O diálogo estabelecido tem por propósito esclarecer, ajudar a entidade que se manifesta a raciocinar de modo mais claro para que compreenda melhor a situação. Para isso, o dialogadordeve ter em conta que, “quanto mais contenda”, já que o dialogador está ali para apagado o seu trabalho, mais eficaz e “estudar com empatia o drama que aflige o produtivo” (3) ele será. Que não se trata de companheiro” (5). É necessário primeiro qualquer forma de projeção pessoal, mas de escutá-lo atentamente para conhecer as suas uma tarefa séria e grave, que comporta alguns razões e motivações, procurando reter todo o riscos e que exige qualidades especiais que tipo de informações e apontamentos que deve esforçar-se arduamente por possuir, para auxiliem a construir um perfil psicológico da sua própria segurança e para eficácia da sua entidade que se comunica e poder-se agir com tarefa. ta to , em con fo rm idade com a sua

personalidade.Ainda segundo Hermínio Miranda, são cinco as qualidades ou aptidões básicas de que o O Dialogador não deve esquecer que não está

Sobre os Dialogadores Juieta Barbosa/ Isabel Piscarreta

O diálogo deverá ser sempre “uma tentativa de entendi-mento e não uma discussão ou uma contenda.

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6 A Libertação

Abril / Maio / Junho

tipo de informações e apontamentos que para locais de repouso e de tratamento auxiliem a construir um perfil psicológico da perispiritual, para que posteriormente possam entidade que se comunica e poder-se agir com abraçar novos compromissos, nomeadamente ta to , em con fo rm idade com a sua em nova reencarnação, mal estejam em personalidade. condições.

O Dialogador não deve esquecer que não está "(…) Estes Espíritos temem mais o amor do que só e que os Mentores e trabalhadores o ódio, mas desejam-no acima de tudo. Não espirituais estão ativos, inspirando-o. Muitas buscam, no fundo, outra coisa, senão serem vezes, estão também presentes afetos desses convencidos de seus erros, para despertarem o espíritos sofredores procurando auxilia-los amor que trazem no coração - ainda que indiretamente, envolvendo-os em vibrações sepultado em profundas camadas de

desesperança e desenganos - e retomarem o caminho evolutivo, abandonado, às vezes, há séculos ou milénios." (6)

PALAVRAS AO DIALOGADOR

“Quanto a ti que esclareces, esclarece-te também. Quanto a ti que apontas caminhos, caminha pelos mesmos trilhos que indicas. Quanto a ti que propões as lições de Jesus como roteiro seguro aos desencarnados não deixes de ter essas mesmas lições como mapa capaz de nortear também a tua vida, a fim de que tenhas a decantanda autoridade moral e para que dês força de documento às tuas palavras.” (7) n

Referências Bibliográficas:positivas, prontos a recolhê-los e conduzi-los

(1) MIRANDA, Hermínio C., Diálogo com as Sombras, para outros planos. Introdução.

(2) Idem, Cap. IV, item 10.É o que acontece quando, esclarecidos e (3) e (4) – Idem, Cap. II, item 1.2.determinados à mudança ou simplemente (5) Idem, Cap. IV.cansados do trajecto anterior, se propõem (6) Idem, Cap. II, item 2.2mudar de rumo.(7) TEIXEIRA, Raul (Hans Swigg), Em Serviço Mediúnico, Cap.

Nessa altura são geralmente transportados 27.

“O diálogo estabelecido t e m p o r p r o p ó s i t o esc larecer, a judar a entidade que se manifesta a raciocinar de modo mais c l a r o p a r a q u e compreenda melhor a situação.

“O Evangelho no lar deve ser uma das primordiais preocupações daquele que sabe que só a oração, a fé e a prática do bem serão os sustentáculos da sua existência.Por isso, neste momento de conturbação, tu, meu amigo, que conheces a Doutrina de Jesus e sabes do valor encerrado no seu Evangelho, lê-o, cultiva-o e interioriza-lhe cada pensamento. Acredita que o teu lar passará a ser um lugar de paz.”

Maria Laura Barros 1994

MemóriaLibertação

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Abril / Maio / Junho

Sílvia Almeida

Inseminação artificial e embriões congelados II

(continuação)

No número anterior, terminámos deixando em sucesso, trazendo inclusivamente algumas aberto a questão: como saber se um surpresas. Esta situação permitiu que determinado embrião possui ou não um espírito nascessem crianças de embriões que chegaram ligado? a estar congelados durante 14 anos, o que

comprova a existência efetiva de espíritos Na verdade, não há como saber! É com base ligados a eles. Espíritos que aguardaram a sua nesta incógnita e no esclarecimento de que há vez durante todo aquele tempo. crime sempre que se impede um espírito de

passar pelas provas a que serviria de A respeito deste ponto, a Doutrina Espírita vem instrumento o corpo que se estava formando, em nosso auxílio, esclarecendo-nos que nada tirando a vida a uma criança antes do seu acontece ao acaso. Na questão 334 do Livro dos nascimento (1), que muitos espíritas defendem Espíritos, encontramos o seguinte: “Há que, na dúvida, os embriões congelados devem predestinação na união da alma com tal ou tal ser preservados. É o que está escrito nos corpo, ou só à última hora é feita a escolha do “Direitos do Embrião”(2), publicado corpo que ela tomará? – pela Associação Médico Espírita do ao que os Espíritos Brasil, que nos itens 1 e 6 defende respondem: “O Espírito é que: sempre, de antemão,

d e s i g n a d o . Te n d o “Os direitos do embrião começam escolhido a prova a que com a fecundação” e “Como ainda queira submeter-se, pede não existem meios para identificar para encarnar. Ora, Deus, quais os embriões congelados que que tudo sabe e vê, já possuem ligações com Espíritos antecipadamente sabia e reencarnantes, todos devem ser vira que tal Espírito se preservados.uniria a tal corpo.” E se

Estima-se que, só no Brasil, assim é, haverá fortes

existem cerca de cem mil embriões congelados razões para que um espírito permaneça ligado

aos quais não se sabe que destino dar. Digamos por tempo determinado a um dado embrião.

que são os excedentes dos processos de Eurípedes kuhl, na obra “Genética e Espiritismo” inseminação artificial bem sucedidos. A lei (3) avança algumas hipóteses relativamente à humana naquele país impede que eles sejam interpretação a fazer desses casos de espíritos eliminados, sendo muito polémico o rumo a dar a que se ligam a embriões, sabendo de antemão esses embriões. Uma das opções é utilizá-los que permanecerão congelados por um período para experiências científicas, já que através de tempo maior ou menor, com esperança ou deles podem ser obtidas células tronco não de virem a ser implantados e darem embrionárias. Outra é disponibilizá-los para efetivamente oportunidade a uma existência adoção, o que tem vindo a ser feito com algum

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Abril / Maio / Junho

i m p l a n t a d o s e d a r e m efetivamente oportunidade a uma existência humana.

Eis as hipóteses que ele nos apresenta:

1 - Réprobos Arrependidos– neste caso, Kuhl cita a opinião pessoal do médium Raul Teixeira numa entrevista em 1994, quando conjetura que tais embriões seriam utilizados por "entidades que se oferecem para

adequados são da alçada dos Protetores vir atender ao progresso da ciência; elas são

espirituais.” devedoras da sociedade; devendo reencarnar

3 - Abrigo indevassável – o autor explica neste para sofrer na Terra toda gama de tormentos ponto que alguns espíritos profundamente que produziram no passado, oferecem-se aos infelizes e extremamente devedores perante as prepostos do progresso do planeta. Assim, são Leis Morais, contam com inúmeros inimigos nos ligadas a esses embriões para que vivam dois planos da vida, que os buscam para hermeticamente vinculadas a eles. Para que efetuarem a sua vingança. “Entre eles, como sofram aquele processo de mutismo, enquanto exemplo eventual, estão os ditadores que o embrião estiver congelado". E conclui: "dessa determinam massacres de dezenas, centenas, forma, neste trabalho de servir a ciência possam milhares de pessoas: ou os responsáveis por conseguir o progresso, ao invés de renascerem tantos e tantos abortos de equivocada na Terra e sofrerem situações de enfermidades conveniência; os torturadores; os "matadores de variadas durante largos anos". (…)a luguer" : os caçadores impiedosos,

2 - Espíritos Semimortos – neste ponto o autor responsáveis por dizimação de animais.”

refere o livro "Nosso Lar", Cap. 27, quando é Talvez, neste caso, a permanência num embrião dada notícia da existência, naquela colónia congelado, possa significar o recolhimento a um espiritual, de uma câmara onde se encontram abrigo onde não pode ser descoberto ou dezenas de Espíritos que dormem num sono penalizado pelos seus inimigos. Enquanto tal particularmente pesado, ao longo de anos, em acontece, o Mentores Espirituais têm pesadelos sinistros. Como hipótese, Krul oportunidade de os assistir com tratamentos e avança que “podem alguns deles, a juízo das assistência especializada, auxiliando-os na sua Entidades que controlam as reencarnações, dolorosa situação, ao mesmo tempo que o longo serem destinados a embriões congelados. tempo que aí podem permanecer da

Considerando que no momento da fecundação oportunidade não só a que reflitam e se

o laço é frágil e ali os Espíritos são tomados de arrependam, mas também a que os vingadores

perturbação, semelhante ao sono de um evoluam ou reencarnem entretanto e,

encarnado (Questões 345 e 351 de "O Livro dos consequentemente, abandonem a perseguição.

Espíritos"), nada objeta que essa alocação lhes Allan Kardec traz-nos ainda uma explicação que pode auxiliar a compreender nalguns casos a situação do espírito durante a congelação do embrião:

“351. No intervalo que medeia da conceção ao nascimento, goza o Espírito de todas as suas faculdades?

“Mais ou menos, conforme o ponto em que se ache dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas ligado. A partir do instante da conceção, começa o Espírito a ser tomado de perturbação, que o adverte de que

seja benéfica. Ao tempo que auxiliam o soou o momento de começar nova existência progresso científico terreno, mantêm-se corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo estáveis e seguros. Se devem ser transferidos até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado para útero materno ou se a experiência será é quase idêntico ao de um Espírito encarnado interrompida, as decisões e os procedimentos durante o sono. À medida que a hora do

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Abril / Maio / Junho

corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo pais e a maturidade das consciências, para que até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado o amor se cumpra e as missões sejam levadas a é quase idêntico ao de um Espírito encarnado bom termo, com a permissão e bênção de Deus durante o sono. À medida que a hora do (5). nnascimento se aproxima, suas ideias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta a pouco e pouco ao Referências Bibliográficas:retornar ao estado de Espírito.” Uma resposta (1) KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos, questão que de certa forma nos permite conceber 358.

alguma atividade para o Espírito reencarnante, (2) AME-Brasil, “Direitos do Embrião”, Revista da Abrame 3, p. 15, 2004. que talvez se possa afastar do embrião ao qual

se encontra ligado para trabalhar, no Plano (3) KÜHL, Eurípides, Genética e Espiritismo, 2ª ed., pág. 115 e ss. Espiritual pelo seu progresso, dependendo

naturalmente do seu estado de evolução. (4) - Revista Internacional de Espiritismo, Ano LXXX, No. 3, p. 135-137, abril 2005.“Como a fase embrionária é mais próxima do

momento da conceção do que do nascimento, a (5) XAVIER, F. C., Lições de Sabedoria, 1ª ed., pág. 98 - 100.perturbação tende a ser pequena, podendo o

espírito gozar de mais liberdade quanto ao uso de suas faculdades.” (4)

Pouco poderíamos acrescentar para concluir a abordagem do assunto. Optámos, por isso, por recorrer à perspetiva que é enunciada por Francisco Cândido Xavier e que nos parece adequada e conclusiva. O exemplar médium declara-se otimista relativamente a todos estes avanços da ciência e opta por realçar a competência e seriedade dos cientistas envolvidos, o sentido de responsabilidade dos

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Abril / Maio / Junho

Ao longo destes dois anos de estudos de André nosso caminho da evolução seja feito de Luiz muito tenho meditado, inclusive acabei por uma forma mais digna, contraímos ver o livro “Nosso Lar” e certas passagens de empréstimos que não podemos de forma alguma outra forma, pois houve uma abordagem mais deixar de pagar.exaustiva sobre determinadas matérias. Sem dúvida que esta aula me alertou para a Contudo, existiu um capítulo específico (aula minha imaturidade espiritual, mas também me 45 “Lei de Causa e Efeito e Livre Arbítrio”), o deu a oportunidade de ter outra postura e atitude empréstimo, que abalou profundamente a contra os reveses da vida. minha postura e atitude interna. Somos seres insaciáveis e isso é uma Foi uma aula em que me emocionei, que me característica indispensável para a nossa fez pensar e ficar “muda”, com uma vontade evolução. No entanto, a tomada de consciência imensa de ouvir de uma forma ininterrupta a da dívida que ao longo do tempo vimos oradora e monitora, a nossa querida Mira. contraindo e de que sem a ajuda dos nossos

avalistas não tínhamos a hipótese de sermos o A abordagem ao tema foi até então, que somos e termos a vida que temos, fez-me desconhecido por mim, pois jamais vi dessa ver o quanto somos muitas vezes ingratos e forma a nossa permanência na terra. Somos infantis perante a espiritualidade e, acima de devedores!!!!!!! Sim, somos devedores e sempre tudo, para o nosso querido mentor que jamais a reclamar da nossa pouca sorte, quando temos nos abandona e tanto faz por nós.tanto e outros nada. E pior, o que fizemos para

merecer este empréstimo e ainda reclamamos Por tudo isto escolhi este capítulo, não podendo da nossa pouca sorte? deixar, neste momento, de agradecer aos

mentores desta casa, às nossas queridas Pois é, deu que pensar!!! O comum é monitoras que disponibilizam o seu tempo e pensarmos que temos vidas tranquilas, porqueesforço para nos dar este curso e iluminar as

talvez até já não sejamos assim tão maus e nossas almas, bem como a todos os meus

agora estamos a colher os frutos, tendo uma colegas que partilham estes momentos de uma

família estruturada, um emprego estável, saúde forma sempre salutar e esclarecedora

e até algum conforto material. colaborando para a harmonia deste curso.

Mas não, aí é que está o nosso engano, somos MUITO OBRIGADA!!!!

devedores, sim!!!!! Estamos num planeta de prova e expiação, em que não nos pode ser concedido descanso, pois é o trabalho que Abril de 2013edifica e que nos faz evoluir. A esse trabalho dá-se o nome de tarefa que consiste na doação ao próximo, na fraternidade, na caridade, na beneficência, no fundo são todos os ensinamentos do Cristo que devem ser postos em prática no nosso quotidiano. E para que o

“O Empréstimo”

Patrícia Santos

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Espíritas de Ontem

O Egoísmo

Abril / Maio / Junho

Muito se tem escrito sobre este assunto; e ninguém se jacte de poder dizer a tal respeito a última palavra.

Sendo o egoísmo a causa determinante das nossas imperfeições, ele apresenta tantas modalidades diferentes, toma tanta vez a face múltipla de Proteu, - é tão ardiloso, tão melífluo, tão traiçoeiro, insinua-se com tamanhas cautelas, que consegue enganar ainda os mais prudentes e triunfar dos mais apercebidos.

Haverá cinco anos, estando eu muito doente e cedendo a uma fortíssima depressão moral, houve Alguém que, no caridoso desejo de beneficiar-me, me quis fazer abraçar certa doutrina, em que encontrara, também doente e também farto do mundo, o remédio de todo o seu padecer.

Tendo como base o culto por Jesus, essa doutrina afigurou-se-me nobre e bela, pareceu-me capaz de operar sobre mim o efeito admirável da frase “surge et ambula” proferida pelo doce profeta sobre o corpo inanimado do irmão de Marta e de Maria.

Mas, a breve trecho, compreendendo que o sistema recomendado tinha como principal objetivo o aperfeiçoamento do indivíduo e não o aperfeiçoamento da coletividade, - pu-lo de parte, mais uma vez convencida de que todas as doutrinas feitas pelos homens não podem conduzir-nos à perfeição – desde que o egoísmo há-de forçosamente transparecer através.

Efetivamente, que mérito haverá em cada qual se dedicar à obra do próprio aperfeiçoamento, esquecendo-se do atraso em que vivem seus irmãos?

O anacoreta que se encerra na sua Tebaida, dominado pelo misticismo, tem a meus olhos menos valor do que aquele que se lança na luta das ideias, esquecendo-se de si mesmo na ânsia de trabalhar em prol da grande Família Humana.

Creio que pensando mais nos outros do que em nós, prepararemos com mais segurança a obra da nossa perfeição.

Pensando assim, escrevi ao bom amigo que me aconselhara o ingresso na referida religião, dizendo-lhe que não a compreendia, talvez por um defeito de percepção – mas que me fizesse ele a caridade de ma explicar.

O meu amigo – sendo aliás um espírito adiantadíssimo (feliz dele – que já partiu deste mundo!) não tornou a escrever-me mais.

Talvez me desprezasse pela minha incompreensão; mas assim mesmo, apesar de ser – repito – uma criatura moralmente muito

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elevada, tendo deixado escritas páginas de excecional beleza, onde se reflete a bondade da sua alma, nem por isso deixou de mostrar-se egoísta querendo impor-me o seu credo e afastando-se de mim porque o não aceitei à primeira vista.

E somos muitos, muitíssimos – mais ou menos assim. Eu, que estou escrevendo contra o egoísmo, quantas faltas terei perpetrado ao rabiscar este artigo? Repare o leitor o aplomb como abri este desastrado parêntese, que, já agora, não me atrevo a eliminar, pois que dele me veio o aborrecimento que me causa a vida…

“Feliz dele – que já partiu deste mundo!” escrevi acima.

Esta frase não implicará um certo amor por mim mesma, o desejo de descansar da penosa viagem – quando, afinal, não estará ainda cumprida a minha missão?!

O egoísmo é por tal forma companheiro inseparável dos homens, que Jesus – numa época em que estas palavras mal poderiam ser ainda compreendidas – aconselhava os que o escutavam “a que amassem o seu próximo como a si mesmos”.

Hoje, tendo a humanidade evoluído, Jesus diria – que amássemos o próximo mais do que a nós mesmos.

Só quando tivermos compreendido que não somos criaturas mas a criatura; que cada um de nós não é mais do que uma parte ínfima do grande Todo, em que há de vir a integrar-se um dia; quando nos esquecermos de que existimos, para apenas pensarmos que somos – só então teremos vencido o egoísmo – monstro de furta-cores – que cava um abismo entre a nossa crença e a Verdade Eterna.

Maria Veleda

in Luz e Caridade, órgão do Centro Espírita de Braga, Junho de 1922

H o j e , t e n d o a h u m a n i d a d e evoluído, Jesus diria – que amássemos o próximo mais do que a nós mesmos.

“ “

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Histórias do Rolinha

Era o dia tão esperado! Era o dia da primeira comunhão.

As meninas iam lindas, todas vestidinhas de branco, com muitos laçarotes e coroas de flores brancas na cabeça, por cima dos caracóis pretinhos ou loirinhos.

Os meninos, esses iam janotinhas, vestidos a rigor conforme as posses de cada um, ou de fatinho a adulto com gravatinha azul ou branca, ou ainda com bonitos lacinhos de várias cores conforme o gosto dos pais.

Houve missa de domingo, que encheu de gente a igreja, o que só nas festas de aldeia acontecia e só com mulheres ou os homens ricos da terra.

Mas desta vez foi diferente já que os homens também entraram e assistiram, mas só os pais das crianças.

Nessa época os homens não entravam nas igrejas, ficavam sempre no adro para não serem obrigados a tirar o chapéu. Sabe-se lá porquê? Pensa-se que por ficarem carecas muito novos, resultado de andarem sempre com a cabeça tapada por causa do calor, do frio ou do pó.

Logo que saíam de casa tapavam a cabeça com boné, chapéu de palha ou feltro conforme a época do ano exigia agasalho do frio ou do calor.

Também há quem defenda que era uma forma de não pactuarem com quem os explorava, os patrões, a quem eram obrigados a cumprimentar tirando o chapéu. Se o não fizessem corriam o risco de não ter trabalho na próxima época de ceifa ou colheita da azeitona.

Durante a missa houve lindas canções cantadas pelas crianças, a Maria, a Jesus e a Deus, de permeio com as orações que o padre fazia em latim e que ninguém entendia, embora no fim todos respondessem “Amém”, sem saberem o que isso queria dizer.

Por fim houve a distribuição de uma pequena hóstia a cada criança, posta na língua de cada comungante, pelo padre, com a recomendação de não a mastigar pois era o corpo de Jesus, e deixá-la desfazer-se antes de engolir.

Estavam todos em jejum para que Jesus entrasse no corpo limpo de alimentos impuros.

Fez-se a despedida com a bênção final dada pelo padre a todos os participantes.

O Rolinha ficou tão emocionado que lhe vieram as lágrimas aos olhos.

Eram lágrimas simples, ingénuas e puras que lhe irrompiam espontaneamente sem conseguir segurá-las.

De repente, ficou rodeado por todos a perguntar-lhe o que tinha, se estava bem, porque chorava.

Veio a professora Ema, veio o padre e veio a pergunta deste: - porque estás a chorar?

A resposta saiu-lhe pronta sem ele saber como – “Eu queria comungar todos os dias!”

Ainda hoje ignora porque deu aquela resposta, mas as consequências não se fizeram esperar.

- Louvado seja Deus, disse o padre, isto é um chamamento, é o despertar de uma vocação.

E ficou ali decidido que o Rolinha iria estudar para o seminário e um dia seria padre.

JOTA TÊ

“O homem põe e Deus dispõe” – ditado popular

A Primeira Comunhão do Rolinha

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14 A Libertação

Autor Espiritual: André Luiz I Psicografado por: Francisco Cândido XavierAdaptado e ilustrado por: Paulo Henriques I Com a autorização da Federação Espírita Brasileira Nosso Lar

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UNIÃO ESPÍRITA DA REGIÃO DE LISBOA ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA FEC

De acordo com a calendarização de atividades Aproxima-se o final do ano letivo e, com ele, o da União Espírita da Região de Lisboa, realizou- finalizar de algumas atividades.se, no dia 7 de abril o Conselho Federativo As aulas de Estudos Espíritas que se realizam à Regional e na manhã do dia 16 de junho, realizar- 2ª feira terminarão no dia 24 de junho e a última se-á o Conselho Deliberativo. Relembramos que palestra do Estudo Doutrinário à 4ª feira será a tarde deste mesmo dia ficará reservada para a apresentada no dia 6 de Junho. Festa de Encerramento do Ano Letivo da UERL que conta com a participação de todos os frequentadores dos diferentes Centros Espíritas da Região de Lisboa.

CURSO DE VERÃO DA FEC

Informamos que, à semelhança do ano anterior, também durante o próximo verão funcionará, na

MOVIMENTO ESPÍRITA - JORNADAS FEC, durante os meses de julho e setembro um ESPÍRITAS Curso de Verão. Desta vez, na base deste

estudo encontra-se a obra de Ivone do Amaral Com o objetivo de promover e divulgar o Pereira “Recordações da Mediunidade”. Espiritismo no seu tríplice aspeto, o Centro Deixamos, pois, o convite para que se inscreva Espírita Perdão e Caridade irá promover, uma nesse curso que certamente corresponderá às vez mais, as Jornadas Espíritas de Lisboa que se expectativas de todos quantos desejem ocupar realizarão no dia 26 de maio. os meses de Verão com o estudo da Doutrina É importante referir que esta atividade é de Espírita.âmbito nacional, funcionando como um marco Esteja atento! As inscrições estarão disponíveis importante na divulgação doutrinária e no na receção da FEC a partir de junho. encontro fraterno entre representantes de

diversas associações espíritas.

Cultura Por: Paula Alcobia Graça

Abril / Maio / Junho

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Por: Sílvia AlmeidaDijONU – DIVALDO E A PAZ

Mais de 200 pessoas compareceram na noite do XVII CONCESP – DIA MUNDIAL DA dia 5 de abril, num dos CRIANÇAauditórios da ONU, em Este ano o CONCESP – Convívio Nacional da N o v a I o r q u e , p a r a Criança Espírita terá lugar em Lisboa, nas p a r t i c i p a r e m n o Instalações do Instituto Português da Juventude Movimento Você e a Paz, no Parque das Nações, no dia 1 de junho com Divaldo Pereira próximo, assinalando o dia mundial da criança.Franco. O evento foi A organização está a cargo do DIJ – Lisboa, promovido pelo TriState c o m p o s t o p o r F e d e r a t i o n , c u j o s representantes do dir igentes, no f inal , D I J d o s v á r i o s subiram ao palco para Centros Espíritas da cantar com Divaldo a região. Prevê-se um música de Nando Cordel, dia muito animado, Você e a Paz. Foi mostrado o vídeo da música, cheio de atividades com legenda em inglês, para que o público lúdicas e didáticas, amer icano pudesse can ta r também. onde os mais novos In formações: h t tps: / / t r i -s ta te-sp i r i t is t -(dos 5 aos 12 anos) terão um lugar privilegiado.federation.ticketbud.com/peace-and-you-movement

CONGRESSO DE CUBA SUPERA EXPECTATIVAS

No 7º Congresso Mundial de Espiritismo, do CEI, em Havana, houve 2.012 inscritos, sendo 1.200 cubanos. Entre os 31 países presentes, tiveram maior número de participantes: Brasil – A Direção da Orientação Espiritual fez o convite 569; Colômbia – 55; Estados Unidos – 41; a cinco jovens para integrarem a equipa da México – 18; Uruguai – 16; Panamá – 12; assistência espiritual do Sábado - dirigida às Inglaterra e Portugal – 10.crianças e aos jovens. Após uma pequena Como parte da tradição local, formação – síntese de um estudo mais antes do início do Congresso aprofundado levado a cabo anteriormente, estes houve uma homenagem novos passistas iniciaram esta atividade no mês pública na praça central ao de abril. Estes novos passistas, na sua maioria, patriota José Marti (também frequentaram o DIJ, passaram por vários simpatizante das ideias estudos espíritas realizados no Centro, como o espíritas). O Teatro Lazaro Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita e o Peña esteve lotado durante Estudo e Educação da Mediunidade e são hoje todo o período de 22 a 24 de trabalhadores da FEC.março. Na abertura e em

A Direção da Orientação Espiritual felicita estes v á r i o s m o m e n t o s c o m p a r e c e r a m

novos passistas pela sua dedicação e empenho, representantes do Governo de Cuba: o assessor

desejando-lhes bom êxito nesta nova tarefa do Presidente da República, a diretora e

espiritual de amor e auxílio magnético ao assessora do Departamento de Assuntos

próximo, em nome de Jesus. Religiosos do Governo e a assessora do Ministério da Justiça.Servando Agramonte e muitos líderes do Movimento Espírita Cubano usaram da palavra. Divaldo Pereira Franco proferiu as palestras de abertura e de encerramento e foi homenageado, durante o evento, pelo seu trabalho pela paz.

A Libertação 17

Internacional

Abril / Maio / Junho

Por: Isabel PiscarretaEspiritual

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AUTO-DESOBSIDIAR: REPARAR, AMAR E SERVIR OS OBSESSORES”

DVDPalestra proferida por: Sílvia Almeida

“O tratamento de obsessões (...) não é trabalho excêntrico, em nossos círculos de fé renovadora. Constitui simplesmente a continuidade do esforço de salvação aos transviados de todos os matizes, começado nas luminosas mãos de Jesus.” (XAVIER, Francisco Cândido (Emmanuel), Pão Nosso, Cap. 175)O Espiritismo, portanto, orienta o tratamento das obsessões, abre novo entendimento acerca do obsessor e do obsidiado e demonstra o quanto é importante a participação do enfermo como condição básica para o êxito do empreendimento, em qualquer tempo em que esse se realize.

EVANGELHO EM ACÇÃO

DVDPalestra proferida por: Mª Emília Barros

Aplicar o Evangelho no dia-a-dia a quem necessita foi sempre uma preocupação da Fraternidade Espírita Cristã desde a sua fundação por Adriano Barros, na segunda metade da década de 70. A Campanha Natal Permanente esteve sempre presente, dinamizada através de várias atividades. A Associação Auxílio e Amizade surge em 2001 como resposta à necessidade de alargar a ação social da FEC, estendendo o voluntariado para além do meio Espírita e desenvolvendo novas áreas. Junto com os sacos contendo os géneros materiais distribuídos mensalmente, os voluntários, embora respeitando as convicções dos assistidos, oferecem palavras de carinho, esperança e fé, permitindo que as famílias assistidas se

sintam valorizadas e amadas. “Sem o Evangelho, a ação social será apenas uma ação igual à proporcionada por qualquer outra instituição; a ação social espírita só tem sentido se, além do apoio material, tiver na sua base o Evangelho, estendendo o amor e os ensinamentos que Jesus nos legou há mais de 2.000 anos”

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EVANGELHO NO LAR

DVDPalestra proferida por: Mª Emíla Barros

A prática do “Evangelho no Lar” é de crucial importância, pois permite um constante encontro com o que de mais puro e sadio nos rodeia. Através da oração sentida, encontramos aqueles que nos acompanham e zelam por nós, em todos os momentos da nossa vida; ao escolhermos um momento na semana, consagrando-o à oração em família, estimulamos a compreensão e o respeito entre todos os elementos; ao disciplinarmo-nos na oração conjunta edificante, assumimos um compromisso perante nós mesmos na criação de uma psico-esfera que suavize o contacto com ambientes carregados e negativistas. Assumimos, igualmente, um compromisso perante todos aqueles que nos rodeiam na dimensão espiritual que, ainda que o desconheçam, beneficiam dos raios de luz do nosso diálogo sereno e terno.

MEMÓRIAS DE UM SUICIDA

DVDPalestra proferida por: Gina Ferreira

Palestra baseada na obra psicografada por Ivone A. Pereira”Memórias de um suicida”. O livro relata a experiência pessoal de Camilo Castelo Branco, depois de abandonar a vida material pela porta do suicídio. No plano espiritual Camilo depara-se com dores ainda maiores que as vividas na vida terrena. No entanto, a ajuda chega pela mão da Legião dos Servos de Maria, que no momento certo, o conduz para uma colónia espiritual. Memórias de um Suicida fala das dores e tormentos de um suicida, mas também da esperança no seu reerguimento caminhando novamente para Jesus.

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Nº 118Ano XXIXAbril/Maio/JunhoTrimestral / 2 0 1 3

DireçãoDiretorMaria Emília Barros

Diretor AdjuntoCarmo Almeida

RedaçãoCarmo AlmeidaIsabel PiscarretaJoaquim TemperoJulieta BarbosaPaula Alcobia GraçaPaulo HenriquesSílvia Almeida

RealizaçãoImagem Gráfica Sara BarrosMontagemZaida Adão

RevisãoCarmo AlmeidaMira Benedito