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Concurso Público de Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados
Processo Legislativo (arts. 21 a 24, 44 a 75 e 84 da CF/88)
IGEPP – Prof. Leo van Holthe
AULA 01
Pontos do edital enfrentados neste material: Arts. 21 a 24 e 84 da CF/88.
1. Sistema de distribuição de competências na CF/88
A repartição constitucional de competências é ponto nuclear da noção de Estado
Federal, pois as autonomias conferidas a cada entidade são exatamente aquelas necessárias ao
devido cumprimento dos poderes que lhes foram entregues.
O princípio geral que norteia a distribuição de competências entre os entes federativos é
o princípio da predominância do interesse, pelo qual:
a) cabem à União as matérias de predominante interesse geral, nacional;
b) aos estados-membros, as questões de predominante interesse regional;
c) aos municípios concernem os assuntos de interesse local; e
d) ao Distrito Federal cabem os interesses: regional e local.
Como nem sempre é fácil identificar o que é de interesse geral, regional ou local, a
CF/88, à semelhança do modelo alemão, adotou um sistema complexo de repartição de
competências, combinando as seguintes técnicas:
a) Enumeração expressa dos poderes da União (arts. 21 e 22).
b) Previsão do poderremanescente, não enumerado, residualou reservado para os
estados-membros (art. 25, § 1.º).
c) Indicaçãodos poderes dos municípios, em torno do critério do interesse local (art.
30, I).
d) Fixação de uma competência administrativa comum, cumulativa ou paralela
para a União, os estados, o DF e os municípios (art. 23).
e) Estabelecimento de uma competência legislativa concorrente entre a União, os
estados-membros e o DF (art. 24).
Caro aluno, para uma melhor compreensão do complexo sistema de repartição das
competências federativas previsto na CF, esclarecemos que:
a) Competênciaexclusiva é a atribuída a uma entidade federativa com exclusão das
demais, sem possibilidade de delegação (indelegável).
b) Competênciaprivativa é a atribuída a uma entidade com exclusão das demais, mas
com possibilidade de delegação (delegável).
c) Competênciaremanescente, reservada, não enumeradaouresidual é a conferida a
um ente federativo como sobra, resíduo, após a enumeração expressa das competências das
demais entidades (exs.:arts. 25, §1.º, 154, I, e 195, §4.º).
d) Competência comum, cumulativa ouparalela é aquela atribuída a mais de um ente
federativo, em que todos eles atuamempé de igualdade, solidária e simultaneamente, apenas
com a observância do princípio da predominância do interesse (ex.: art. 23 da CF).
e) Competênciaconcorrente é a atribuída a mais de uma entidade da Federação, as
quais atuam emníveis distintos (ex.: art. 24 da CF, em que a União legisla sobre as normas
gerais, enquanto os estados cuidam das questões específicas).
f) Competênciasuplementar é a conferida a determinado ente para complementar as
normas gerais dispostas por outros (competência suplementar-complementar – exs.: CF, arts.
24, § 2.º, e 30, II) ou para suprir a ausência dessas normas gerais (competência suplementar-
supletiva – ex.: art. 24, § 3.º).
Nos seus arts. 21, 22, 25, § 1.º, e 30, a CF/88 adotou a repartição horizontal de
competências, típica dofederalismodualouclássico, em que há uma atuação separada e
independente entre as entidades federadas (por meio de competências exclusivas da União e dos
municípios e remanescentes dos estados).
Já nos seus arts. 23 e 24, a CF/88 contemplou a repartição vertical de competências,
típica dofederalismocooperativo, em que há uma atuação conjunta e coordenada entre os entes
federativos (em níveis distintos, como na competência concorrente do art. 24, ou em pé de
igualdade, como na competência comum do art. 23).
As competências podem ser divididas em dois grandes grupos: legislativas e
administrativas.
As competências administrativas (materiais, de execução ou não legislativas)
representam os assuntos sobre os quais as entidades federativas podem exercer a função
governamental, executar tarefas e tomar decisões político-administrativas.
São competências administrativas da União:
- Competência exclusiva do art. 21 da CF.
- Competência comum entre União, estados, DF e municípios (CF, art. 23).
- Outras competências previstas em diversos artigos da CF (arts. 49, 84, 71, 96, 98,
etc.).
As competências legislativas conferem às entidades da Federação o poder de elaborar
as próprias leis, por meio dos seus parlamentos.
São competências legislativas da União:
- Competência privativa prevista no art. 22 da CF.
- Competência concorrente com os estados e o DF (CF, art. 24), a qual não inclui os
municípios1.
- Outras competências previstas ao longo do texto constitucional (ex.: art. 48 da CF).
É possível que emenda constitucional (EC) altere o quadro de repartição de
competências federativas da CF/88, desde quea modificaçãonão tenda a abolira Federação
brasileira (CF, art. 60, § 4.º, I).
Exemplificando, EC que transfira a totalidade da arrecadação do IPTU dos municípios
para a União restringe indevidamente a autonomia municipal. Por outro lado, EC que retire da
União a competência para legislar sobre Direito Agrário não necessariamente viola o pacto
federativo brasileiro (já muito centralizado no poder federal). Nesse caso, a legislação agrária
passaria a ser da competência dos estados-membros, nos termos do art. 25, § 1.º, da CF.
2. Arts. 21 a 24 da CF/88
Amigo aluno, ao passar os olhos no art. 21 da Carta Federal, você logo perceberá
que é dificílimo memorizar as competências administrativas da União, a fim de
diferenciá-las das competências materiais das demais entidades da Federação.
1Não devemos confundir a competência administrativa comum entre União, estados, DF e municípios, prevista
no art. 23 da CF/88, com a competência legislativa concorrente entre União, estados e DF do art. 24 da CF!
A nossa dica, nesse ponto, é inspirar-se no princípio da predominância do
interesse e perceber que os assuntos de predominante interesse nacional (exs.: a relação
com estados estrangeiros do inciso I, a defesa nacional do inciso III, a execução de
planos nacionais e regionais de ordenação do território do inciso IX, o sistema
nacionalde gerenciamento de recursos hídricos do inciso XIX, os princípios e diretrizes
do sistema nacional de viação do inciso XXI, além de serviços de repercussão geral
como a emissão de moeda, a energia elétrica e a energia nuclear) são da competência da
União.
Tente entender o porquê de cada inciso do art. 21 ter sido entregue ao ente
federativo central e deixe a memorização para aqueles casos menos evidentes, no intuito
de tornar a sua tarefa menos árdua!
Tais competências administrativas da União terão que ser diferenciadas das
competências administrativas comuns da União, dos estados, do DF e dos municípios,
previstas no art. 23 da CF, as quais, diferentemente do art. 21, interessam a todas as
entidades da Federação e possibilitam uma atuação cumulativa ou paralela do poder
público federal, estadual, distrital e municipal (exs.: proteção dos bens de valor
histórico, artístico e cultural, saúde e preservação do meio ambiente).
À semelhança do que ocorre com os arts. 21 e 23, você terá grande dificuldade em
diferenciar as matérias de competência legislativa privativa da União, contidas no art. 22 da CF,
dos assuntos que podem ser objeto de legislação concorrente da União, dos estados e do DF,
contemplados pelo art. 24 da CF.
A nossa dica, mais uma vez, é inspirar-se no princípio da predominância do interesse e
perceber que os assuntos inseridos no art. 22 são de predominante interesse nacional, o que
evidencia a necessidade de uma legislação federal uniforme, permitida a regulamentação
diferenciada no âmbito dos estados e do DF apenas na estreita via da delegação prevista no
parágrafo único do art. 22.
De fato, a CF/88, em regra, não admite que leis estaduais instituam crimes, disponham
sobre Direito Civil (contratos, direito de herança, direitos reais, direito de família, etc.), Direito
Eleitoral, do Trabalho, Processual, de Trânsito, entre outros, por entender que tais matérias
devem receber um regramento uniforme e centralizado da União, sob pena de se criar injustiças
e entraves para as relações sociais travadas ao longo do território nacional.
A competência do art. 22 da CF/88 é privativa exatamente porque admite a
delegação prevista no seu parágrafo único. Como exemplo dessa delegação, vide a Lei
Complementar Federal n.º 103/00.
Essa delegação obrigatoriamente deve ser feita atodos os estados e ao DF (não
podendo se destinar a apenas parte deles) e tem como objeto: questões específicas dos assuntos
elencados no art. 22. A título de exemplo, a União poderia delegar aos estados e ao DF a
regulamentação da idade mínima para habilitação de motorista de veículos automotores, mas
nunca poderia delegar todo o assunto trânsito.
Registre-se que a União pode retomar a sua competência e legislar sobre o assunto
delegado a qualquer momento, pois a delegação não significa abdicação.
Diferentemente do que ocorre na competência concorrente (CF, art. 24), aqui, a
ausência da lei federal não abre espaço para que estados e municípios legislem, a fim de suprir a
inércia legislativa federal.
Seguem dois quadros-resumos que devem ser estudados com afinco.
Quadro-resumo em que se constata a semelhança entre as competências
legislativas e administrativas da União (CF, arts. 21 e 22)
Art. 21. Compete administrativamente à União: Art. 22. Compete privativamente à União
legislar sobre:
- manter relações com Estados estrangeiros e participar de
organizações internacionais;
- declarar a guerra, celebrar a paz e assegurar a defesa
nacional;
- decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
intervenção federal;
- defesa territorial, defesa aeroespacial,
defesa marítima, defesa civil e mobilização
nacional;
- emigração e imigração, entrada,
extradição e expulsão de estrangeiros;
- nacionalidade, cidadania e naturalização;
- permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
nele permaneçam temporariamente;
- autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
bélico;
- normas gerais de organização, efetivos,
material bélico, garantias, convocação e
mobilização das polícias militares e corpos
de bombeiros militares;
- emitir moeda, administrar as reservas cambiais do País e
fiscalizar as operações de natureza financeira (crédito,
câmbio, capitalização, seguros e previdência privada);
- sistema monetário e de medidas, títulos e
garantias dos metais;
- política de crédito, câmbio, seguros e
transferência de valores;
- sistemas de poupança, captação e
garantia da poupança popular;
- sistemas de consórcios e sorteios;
- manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; - serviço postal;
- explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, os serviços de:
a) telecomunicações, radiodifusão sonora, e de sons e
imagens (rádio e TV) e energia elétrica;
b) transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros, navegação aérea, aeroespacial e a infra-
estrutura aeroportuária, transporte ferroviário e aquaviário
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites estaduais;
- polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, portos
marítimos, fluviais e lacustres; e aproveitamento
energético dos cursos de água, em articulação com os
estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
- telecomunicações e radiodifusão;
- energia e informática;
- diretrizes da política nacional de
transportes;
- trânsito e transporte;
- regime dos portos, navegação lacustre,
fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
- competência da polícia federal e das
polícias rodoviária e ferroviária federais;
- explorar os serviços e instalações nucleares e exercer
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento, a industrialização e o comércio de
minérios nucleares, atendidos os seguintes princípios e
condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente
será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do
Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a
comercialização e a utilização de radioisótopos para a
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
- atividades nucleares de qualquer
natureza;
- jazidas, minas, outros recursos minerais e
metalurgia;
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-
vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares é objetiva
(i.e., independe da existência de culpa);
- organizar e manter o Judiciário e o MP do DF e dos
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
- organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o
corpo de bombeiros militar do DF, bem como prestar
assistência financeira ao DF para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio (é o chamado Fundo
Constitucional do DF);
- organização judiciária, do MP do DF e
dos Territórios e da Defensoria Pública dos
territórios, bem como organização
administrativa destes;
- instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos;
- organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
- organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
- instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos;
- estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
de viação;
- elaborar e executar planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
social;
- planejar e promover a defesa permanente contra as
calamidades públicas, especialmente as secas e as
inundações; - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
atividade de garimpagem, em forma associativa.
- exercer a classificação, para efeito indicativo, de
diversões públicas e de programas de rádio e TV;
- concederanistia.
- águas;
- sistema estatístico, sistema cartográfico e
de geologia nacionais;
- organização do sistema nacional de
emprego e condições para o exercício de
profissões;
- direito penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;
- direito civil, direito comercial,
propaganda comercial, desapropriação,
requisições civis e militares, em caso de
iminente perigo e em tempo de guerra;
- registros públicos, comércio exterior e
interestadual;
- diretrizes e bases da educação nacional;
- seguridade social;
- normas gerais de licitação e contratação;
- populaçõesindígenas;
– x – x – x –
Art. 22. Parágrafo único. Lei
complementar poderá autorizar os Estados
a legislar sobre questões específicas das
matérias relacionadas neste artigo.
Quadro-resumo em que se constata a semelhança entre as competências
legislativas concorrentes da União, dos estados e do DF e as competências
administrativas comuns da União, dos estados do DF e dos municípios (CF, arts. 23
e 24)
Art. 23. É competência administrativa comum da
União, dos estados, do DF e dos municípios:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
- zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas;
– x – x – x –
– x – x – x –
- direito tributário, financeiro, penitenciário,
econômico e urbanístico;
- orçamento;
- proteger o meio ambiente, combater a poluição e
preservar as florestas, a fauna e a flora;
- registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões
de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos e minerais em seus territórios;
- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
- promover programas de construção de moradias e
a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico;
– x – x – x –
- estabelecer e implantar política de educação para
a segurança do trânsito.
– x – x – x –
- cuidar da saúde e assistência pública, inclusive da
proteção das pessoas com deficiência;
- combater as causas da pobreza e os fatores de
marginalização, promovendo a integração social
dos setores desfavorecidos;
- fomentar a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar;
- previdência social, proteção e defesa da saúde;
- proteção e integração social das pessoas com
deficiência;
- proteção à infância e à juventude;
- produção e consumo;
- conservar o patrimônio público, impedir a
destruição de obras de arte e proteger os
documentos e bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos;
- proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação e à ciência
- responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
- proteção ao patrimônio histórico, cultural,
artístico, turístico e paisagístico;
- educação, cultura, ensino e desporto;
– x – x – x –
- custas dos serviços forenses; criação,
funcionamento e processo do juizado de pequenas
causas; juntas comerciais;
- procedimentos em matéria processual;
- assistência jurídica e Defensoria pública;
organização, garantias, direitos e deveres das
polícias civis.
Art. 23, § único. Leis complementares fixarão
normas para a cooperação entre a União e os
estados, o DF e os municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional.
§ 1.º – No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
§ 2.º – A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3.º – Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4.º – A superveniência de lei federal sobre
normas gerais suspende a eficácia da lei estadual,
no que lhe for contrário.
Quanto às competências federativas da União, destacamos as seguintes pegadinhas para
concursos:
1.ª) Compete privativamente à União legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I),
enquanto o assunto procedimentos em matéria processual é da competência legislativa
concorrente da União, dos estados e do DF (CF, art. 24, XI).
2.ª) Compete privativamente à União legislar sobre seguridade social (CF, art. 22,
XXIII), enquanto compete concorrentemente à União, aos estados e ao DF legislar sobre
previdência social, saúde e assistência social (inclusive proteção social às pessoas com
deficiência, à infância e à juventude – CF, art. 24, XII, XIV e XV).
3.ª) Não devemos confundir a competência privativa da União para legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional (CF, art. 22, XXIV) com a competência
concorrentemente da União, dos estados e do DF para legislar sobre educação e ensino (CF, art.
24, IX).
4.ª) A CF/88 não entrega todo o assunto “licitação e contratação” para a competência
legislativa da União, mas apenas o estabelecimento de normas gerais (CF, art. 22, XXVII), o
que permite às demais entidades federativas dispor sobre questões específicas dessas matérias,
desde que respeitados os princípios contidos na legislação federal (v. Lei n.º 8.666/93).
5.ª) Compete administrativamente à União instituir diretrizes para o desenvolvimento
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos (CF, art. 21, XX),
enquanto compete aos municípios promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (CF,
art. 30, VIII).
2.1. Jurisprudência dosarts. 21 e 22 da CF/88
1) Súmula n. 722 do STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.
2) Súmula Vinculante n. 2 do STF: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou
distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
3) Viola a competência da União para legislar sobre direito do trabalho a lei estadual que:
a) veda qualquer ato discriminatório contra a mulher: no decorrer do processo admissional,
durante a jornada de trabalho ou no momento de sua demissão (STF, ADI 2.487/SC, v. Info 477);
b) decreta feriados civis, considerando que tal legislação possui consequências nas relações
empregatícias e salariais (ADI 3.069/DF);
c) trata de segurança e higiene do trabalho (política estadual de saúde do trabalhador e de meio
ambiente ocupacional) (ADI 1.893/RJ).
4) Invade a competência da União para legislar sobre direito civil, a lei estadual que:
a) dispõe sobre data de vencimento de mensalidades escolares, por tratar de direito contratual
(ADI 1.007/PE);
b) prevê a isenção de pagamento por serviço de estacionamento em estabelecimentos comerciais
(ADI 3.710/GO).
5) Ofende a competência da União para legislar sobre direito processual a lei estadual que:
a) exige depósito recursal prévio aos recursos do Juizado Especial Cível. Sendo esse um
requisito de admissibilidade recursal, a norma estadual não tratou de “procedimentos em matéria
processual” (CF, art. 24, XI), mas de direito processual (ADI 4.161/AL-MC);
b) dispõe sobre atos de Juiz (no caso: a sua aceitação da proposta de transação penal feita pelo
membro do Ministério Público) (ADI 2.257/SP);
c) disciplina matéria referente ao valor que deva ser dado a uma causa (ADIs 2.655/MT e
2.052/BA);
d) confere a delegado de polícia a prerrogativa de ajustar com o juiz a data, hora e local em que
será ouvido em processos e inquéritos. Ressaltou-se que, embora o inquérito policial seja uma fase
preparatória, ele está diretamente ligado à instrução processual penal, possuindo natureza processual,
razão pela qual somente a União pode legislar sobre o inquérito policial (ADI 3.896/SE).
6) O STF entende que, se por um lado, compete privativamente à União legislar sobre direito
processual, por outro, está reconhecido na própria CF/88 que a competência do tribunal de justiça
estadual é definida na respectiva constituição do estado (CF, art. 125, § 1.º). Portanto, não viola a CF/88
norma de constituição estadual que concede foro privilegiado a vereadores (RE 464.935/RJ) ou a
procuradores do estado (ADI 541/PB).
7) “Natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um incidente
processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no artigo 5.º, inciso
XXXIV, da Constituição Federal. Em consequência, a sua adoção pelo Estado-Membro, pela via
legislativa local, não implica em invasão da competência privativa da União para legislar sobre Direito
Processual (art. 22, I da CF)” (STF, ADI 2.212/CE).
8) Norma de regimento interno de tribunal de justiça que determina que o julgamento penal de
autoridades com foro privilegiado seja realizado em sessão secreta invade a competência da União para
dispor, mediante lei federal, sobre direito processual (ADI 2.970/DF).
9) Apenas a anistia penal (perdão legal de crimes cometidos) é privativa da União (CF, art. 22,
I). Já a competência de anistiar administrativamente os servidores públicos, perdoando as suas infrações
disciplinares, pertence a União, estados, DF e municípios, uma vez que essa medida está compreendida
em suas autonomias administrativas (STF, ADI 104/RO).
10)Súmula 647 do STF: “Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos
membros das polícias civil e militar do Distrito Federal”.
11) A competência exclusiva da União para legislar sobre material bélico, complementada pela
competência administrativa para autorizar e fiscalizar a produção desse material, abrange a disciplina
sobre a destinação de armas apreendidas e em situação irregular. Inconstitucionalidade de lei estadual que
autorizava a utilização de armas de fogo apreendidas pelas polícias civil e militar (STF, ADI 3.258/RO).
12) Ofende o art. 21, VI, da CF a lei estadual que proíbe a comercialização de armas de fogo no
respectivo território (STF, ADI MC 2.035/RJ).
13) O STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que proibia o corte de energia elétrica
por falta de pagamento, sem prévia comunicação ao usuário, considerando a impossibilidade de
interferência do estado-membro nas relações jurídico-contratuais entre o poder concedente federal e as
empresas concessionárias, especificamente no que tange a alterações das condições estipuladas em
contrato de concessão de serviços públicos de energia elétrica, sob regime federal (ADI 3.729/SP).
14)“É inconstitucional, por invadir a competência legislativa da União e violar o princípio da
separação dos poderes, norma distrital que submeta as desapropriações, no âmbito do Distrito Federal,
àaprovação prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal” (STF, ADI 969).
15)Lei municipal que obriga as empregas de estacionamento a contratarem obrigatoriamente
seguro contra furtos e roubos de automóveis viola a competência legislativa da União para legislar sobre
seguros (RE 313.060/SP).
16) Lei estadual que regula obrigações relativas aos planos privados de saúde, no intuito de
universalizar a cobertura de doenças, invade a competência privativa da União para legislar sobre direito
civil, comercial e sobre política de seguros (ADI 1.646/PE).
17)Não usurpa a competência da União para legislar sobre direito comercial e comércio
interestadual a lei estadual que obriga a prestação de determinadas informações nos rótulos de
embalagens de café comercializados naquele estado. Entendeu-se que a norma apenas protege o
consumidor, nos limites do art. 24, V, da CF. Declarou-se a inconstitucionalidade apenas de artigo que
estendia os efeitos da referida lei a outras unidades da Federação (STF, ADI 2.832/PR).
18)O STF considerou que viola a competência privativa da União para legislar sobre direito
detrânsito a lei estadual que:
a) autoriza a criação de serviço de “inspeção técnica de veículos” para avaliação de condições de
segurança e controle de emissões de gases poluentes (ADI 3.049/AL).
b) fixa valor máximo (teto), isenta o pagamento ou institui parcelamento das multas de trânsito
(ADI 2.644/PR, ADI 2.814/SC e ADI 3.444/RS).
19) Por outro lado, entende o STF que não viola a competência da União para legislar sobre
trânsito a lei estadual que:
a) condiciona a imposição de multa de trânsito à notificação via Correios, por não tratar de
trânsito, mas simplesmente regulamentar o processo administrativo fiscal dessa multa (ADI 2.374/ES).
b) autoriza o Poder Executivo a apreender e desemplacar veículos de transporte coletivo de
passageiros encontrados em situação irregular, considerando que a norma insere-se no poder de polícia do
estado (ADI 2.751/RJ).
20)O STF declarou a inconstitucionalidade de lei distrital que proibia a administração pública
local de celebrar contratos com pessoas jurídicas de direito privado que discriminassem, na contratação de
mão-de-obra, pessoas que estivessem com o nome incluído nos serviços de proteção ao crédito.
Entendeu-se que a lei impugnada violou a competência privativa da União para legislar sobre normas
gerais de licitação e contratação (ADI 3.670/DF, v. Info462 do STF).
21)O STF decidiu que as normas do art. 17, I, b e c, II, b, e § 1.º da Lei federal n.º 8.666/93
(regras para a alienação de bens públicos) incidem apenas no âmbito da União Federal, por não revelarem
normas gerais de licitação e contratação, mas normas específicas (ADI 927/RS-MC).
22)Não se compreende, no rol de competências comuns da União, dos estados, do DF e dos
municípios, a matéria concernente à disciplina de diversões e espetáculos públicos, que, a teor do art.
220, § 3.º, I, da CF, compete à lei federal regular, inclusive quanto à sua natureza, faixas etárias a que
não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada (RE 169.247/SP).
2.2. Jurisprudência dos arts. 23 e 24 da CF/88
1) O STF decidiu que viola o art. 23, III, da CF a lei estadual que imputa exclusivamente aos
municípios a proteção e a responsabilidade pelos sítios arqueológicos localizados em seus respectivos
territórios. Entendeu-se que a lei excluía a necessária competência comum de todos os entes da Federação
para a proteção desses bens (ADI 2.544/RS).
2) É constitucional lei estadual que obriga a identificação telefônica da empresa ou dos
proprietários nos veículos destinados ao transporte de carga e de passageiros, a ser disponibilizada na
parte traseira do veículo, por dizer respeito à segurança pública e à educação para o trânsito (STF, ADI
2.407/SC).
3) Por se enquadrar na competência concorrente dos estados-membros para legislar sobre direito
econômico, é constitucional lei estadual que assegura meia entrada aos estudantes (ADI 1.950/SP) e aos
doadores regulares de sangue (ADI 3.512/ES) em casas de diversão, esporte, cultura elazer.
4) Custas e emolumentos são espécies tributárias classificadas como taxas.É constitucional lei
estadual que isenta entidades beneficentes de assistência social do pagamento de custas e emolumentos
judiciais (STF, ADI 1.624/MG).
5) Por tratar de proteção do consumidor, o STF declarou a constitucionalidade de lei estadual
que lhe assegura o direito de:
a) obter informações sobre natureza, procedência equalidade dos produtos combustíveis
comercializados nos postos revendedores (ADI 1.980/PR, v. Info 542);
b) adquirir botijões de GLP (gás liquefeito de petróleo) e entregar à empresa revendedora o seu
antigo, independentemente da marca da distribuidora de gás estampada no botijão (ADI 2.359/ES).
6) Lei estadual que exige autorização prévia da assembléia legislativa para o licenciamento de
atividades ou obras potencialmente causadoras de degradação do meio ambiente afronta a competência da
União para legislar sobre normas gerais em matéria de licenciamento ambiental (ADI 3.252/RO-MC).
7) O STF declarou a inconstitucionalidade de norma de constituição estadual que,ao dispensar a
elaboração de estudo prévio de impacto ambiental no caso de áreas deflorestamento ou reflorestamento
para fins empresariais, criou exceção incompatívelcom o art. 225, § 1.º, IV, da CF, além de afrontar as
normas gerais federais sobre proteção ambiental (CF, art. 24, VI) (ADI 1.086/SC, v. Info 231 STF).
8) Por atuação dentro dos limites da competência concorrente para legislar sobre educação, o
STF entende que é constitucional lei estadual que:
a) estabelece a oferta de ensino de língua espanhola aos alunos da rede pública local (ADI
3.669/DF, v. Info 472 do STF);
b) obriga o ensino da matéria educação artística em toda a rede pública de ensino (ADI
1.399/SP, v. Info 338 do STF);
c) dispõe sobre a adoção de material escolar e de livros didáticos pelosestabelecimentos
particulares de ensino, considerando que estes devem acatar tanto as normas gerais de educação nacional,
quanto as estaduais ou do DF, no exercício da competência suplementar (ADI 1.266/BA);
9) Por outro lado, o STF entende que afronta a competência da União para legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional a lei estadual que:
a) estabelece requisitos para criação, autorização de funcionamento, avaliação e reconhecimento
dos cursos de graduação na área da saúde (ADI 3.098/SP);
b) dispõe sobre a emissão de certificado de conclusão do curso e autoriza o fornecimento de
histórico escolar para alunos da terceira série do ensino médio que comprovarem aprovação em vestibular
para ingresso em curso de nível superior (ADI 2.667/DF-MC).
10)Por atuação dentro dos limites da competência concorrente para legislar sobre saúde (CF,
arts. 23, II, e 24, XII), o STF declarou a constitucionalidade de lei distrital que obriga os médicos da rede
pública e particular a mensalmentenotificarem a secretaria de saúde sobre os casos de câncer de pele
detectados. Declarou-se a inconstitucionalidade apenas de dispositivo da lei que imputava
responsabilidade civil ao médico por falta da referida notificação, por ofensa ao art. 22, I, da CF
(competência da União para legislar sobre direito civil) (ADI 2.875/DF).
11)O STF declarou a constitucionalidade de lei estadual que proibiu a comercialização de
produtos que contivessem amianto crisotila, considerando que, apesar de haver a Lei federal n.º 9.055/95
que permite tal comércio, a lei estadual harmoniza-se com a Convenção n.º 162 da OIT, a qual protege a
saúde do trabalhador exposto ao amianto. Entendeu-se que esta última norma é que seria geral, sendo a lei
federal uma lei específica destinada, talvez, a permitir o amianto no âmbito das relações federais (ADI
3.937/SP-QO-MC, v. Info 509).
2.3. Considerações finais acerca dos parágrafos do art. 24 da CF/88
Art. 24, § 1.º – No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-
se-á a estabelecernormas gerais.
Na competência legislativa concorrente, a União, os estados e o DF atuam em níveis
distintos. De fato, a União limita-se a dispor sobre normas gerais (i.e., sobre diretrizes e
princípios amplos por meio das chamadas leis-quadro) e não pode impor regras específicas aos
estados e ao DF, sob pena de inconstitucionalidade.
Art. 24, § 2.º – A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competênciasuplementar dos Estados.
Enquanto a União estabelece as normas gerais, os estados e o DF regulamentam as
questões específicas (prazos, procedimentos, etc.), sendo essa competência denominada de
suplementar complementar ou de concorrentenão cumulativa (STF, ADI 3.098/SP).
Jurisprudência
1) “A Constituição da República, nos casos de competência concorrente (...), estabeleceu
verdadeira situação de condomínio legislativo entre a União Federal, os Estados-membros e o Distrito
Federal (Raul Machado Horta, „Estudos de Direito Constitucional‟, p. 366, item n.º 2, 1995, Del Rey), daí
resultando clara repartição vertical de competências normativas entre essas pessoas estatais, cabendo, à
União, estabelecer normas gerais (...), e, aos Estados-membros e ao Distrito Federal, exercer competência
suplementar (...). Doutrina. Precedentes. Se é certo, de um lado, que, nas hipóteses referidas no art. 24 da
Constituição, a União Federal não dispõe de poderes ilimitados que lhe permitam transpor o âmbito das
normas gerais, para, assim, invadir, de modo inconstitucional, a esfera de competência normativa dos
Estados-membros, não é menos exato, de outro, que o Estado-membro, em existindo normas gerais
veiculadas em leis nacionais (como a Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública, consubstanciada na
Lei Complementar n.º 80/94), não pode ultrapassar os limites da competência meramente suplementar,
pois, se tal ocorrer, o diploma legislativo estadual incidirá, diretamente, no vício da inconstitucionalidade.
A edição, por determinado Estado-membro, de lei que contrarie, frontalmente, critérios mínimos
legitimamente veiculados, em sede de normas gerais, pela União Federal ofende, de modo direto, o texto
da Carta Política. Precedentes” (grifo nosso) (ADI 2.903/PB).
2) O STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que extrapolou a sua competência
suplementar, por ter criado normas gerais conflitantes com aquelas já tratadas em legislação federal (ADI
3.035/PR, Info 333 do STF).
Art. 24, § 3.º – Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
Se a lei federal sobre normas gerais ainda não existe, os estados possuem a competência
legislativa plena para dispor sobre normas gerais e específicas (considerando que a inércia da
União não pode prejudicar as demais entidades federativas). Essa é a denominada competência
suplementar-supletiva ou concorrentecumulativa (STF, ADI 3.098/SP).
Jurisprudência
1) “O art. 24 da CF compreende competência estadual concorrentenão-cumulativa ou
suplementar (art.24, § 2.º) e competência estadual concorrentecumulativa (art. 24, § 3.º). Na primeira
hipótese, existente a lei federal de normas gerais (art. 24, § 1.º), poderão os Estados e o DF, no uso da
competência suplementar, preencher os vazios da lei federal de normas gerais, a fim de afeiçoá-la às
peculiaridades locais (art. 24, § 2.º); na segunda hipótese, poderão os Estados e o DF, inexistente a lei
federal de normas gerais, exercer a competência legislativa plena „para atender a suas peculiaridades‟ (art.
24, § 3.º). Sobrevindo a lei federal de normas gerais, suspende esta a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário (art. 24, § 4.º). A Lei 10.860, de 31-8-2001, do Estado de São Paulo foi além da competência
estadual concorrente não-cumulativa e cumulativa, pelo que afrontou a Constituição Federal, art. 22,
XXIV, e art. 24, IX, § 2.º e § 3.º.” (grifo nosso) (STF, ADI 3.098/SP).
2) Na ausência de norma geral da União, podem os estados legislar plenamente sobre o IPVA
(Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), nos termos do art. 24, § 3.º, da CF (STF, AI
167.777/SP-AgR).
Art. 24, § 4.º – A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspendea
eficáciada lei estadual, no que lhe for contrário.
1. Observe que a superveniência de lei federalnão revoga a lei estadual naquilo que
lhe contraria, mas apenas suspende a sua eficácia.
2. Com isso, se a lei federal que suspendera a eficácia da lei estadual for revogada, esta
volta a produzir plenos efeitos, uma vez que ela não tinha sido retirada do ordenamento jurídico,
mas apenas estava com os seus efeitos suspensos.
Importante!
- No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecernormas gerais. Se houver regras específicas nessas leis federais, elas somente
valem para a União.
- Enquanto a União estabelece as normas gerais, os estados e o DF regulamentam as
questões específicas (competência suplementar complementar ou concorrente não
cumulativa).
- Se a lei federal sobre normas gerais ainda não existe, os estados possuem a
competência legislativa plena para dispor sobre normas gerais e específicas (competência
suplementar-supletiva ou concorrente cumulativa).
- A superveniência de lei federal não revoga a lei estadual naquilo que lhe contraria,
mas apenas suspende a sua eficácia.
Questões de concursos anteriores (arts. 21 a 24 da CF/88)
1. (CESPE 2011 AL/ES Procurador) No que diz respeito à repartição de competências entre os entes da
Federação, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF.
A Lei estadual que estabeleça a participação obrigatória de empregados de empresas públicas, sociedades
de economia mista e fundações nos respectivos órgãos de gestão não invadirá competência privativa da
União para dispor sobre o tema.
B O DF não dispõe de competência para legislar sobre a criação da carreira de atividades penitenciárias,
pois tal competência é privativa da União.
C É constitucional lei de determinado estado da Federação que disponha sobre a meia-entrada para o
ingresso de estudantes em casas de diversão, esporte, cultura e lazer, por se tratar de matéria inerente a
direito econômico inserida no âmbito da competência legislativa concorrente entre a União, os estados-
membros e o DF.
D Lei estadual que estabeleça a oferta de ensino de língua estrangeira, além do inglês, aos alunos da rede
pública padecerá de vício de inconstitucionalidade formal, por invadir a competência privativa da União
para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional.
E Será constitucional lei estadual que disponha sobre a reserva de espaço para motocicletas em vias
públicas de grande circulação, por se tratar de tema de interesse específico das unidades federadas.
2. (CESPE.Advogado.AGU.2012) Serão constitucionais leis estaduais que disponham sobre direito
tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, matérias que se inserem no âmbito da
competência concorrente da União, dos estados e do DF.
3. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) O Distrito Federal (DF), tal como os demais
estados da Federação, organiza e mantém o seu próprio Poder Judiciário.
4. (CESPE.Contador.TCE.RO.2013) Compete privativamente à União legislar sobre processo do juizado
de pequenas causas.
5. (CESPE - 2008 - DPE-CE - Defensor Público) É constitucional lei estadual que proíba a
comercialização de produto alimentício no estado por considerá-lo nocivo à saúde.
6. (CESPE - 2007 - TCU - Analista de Controle Externo) Em matéria legislativa, a repartição de
competência chamada remanescente ou reservada dos estados corresponde àquela em que a competência
estadual é decorrente da delegação pela União, por meio de lei complementar.
7. (CESPE - 2008 - TJ-DF - Analista) São da competência legislativa da União a definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.
8. (CESPE - 2008 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária) O estado do Rio de
Janeiro pode editar lei que fixe a pena de multa para empregador que despedir imotivadamente
empregado.
9. (CESPE.Defensor.AC.2012) O estado federado tem competência para dispor sobre as condições do
exercício da profissão de motobói no âmbito do seu território.
10. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) Caso se edite lei estadual proibindo as empresas de telecomunicações de
cobrarem taxas para a instalação de segundo ponto de acesso à Internet, tal lei deverá ser considerada
inconstitucional, visto que invadirá a competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações.
11. (CESPE.Analista.MPU.2013) Caso a União edite lei que disponha sobre normas gerais concernentes a
procedimentos em matéria processual, estado da Federação poderá legislar sobre matérias específicas
concernentes a esse tema.
12. (CESPE.AGU.2012) Serão constitucionais leis estaduais que disponham sobre direito tributário,
financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, matérias que se inserem no âmbito da competência
concorrente da União, dos estados e do DF.
13. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) É da competência exclusiva da União promover programas de
construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.
14. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) Compete privativamente à União legislar sobre direito financeiro.
15. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) Se for editada lei distrital de iniciativa parlamentar instituindo gratificação
específica para os policiais militares e o Corpo de Bombeiros Militar do DF, essa lei será constitucional,
porquanto a competência da União para organizar e manter a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros
Militar do DF não exclui a competência do ente distrital.
16. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) Compete privativamente à União legislar a respeito da
responsabilidade por dano ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico.
17. (CESPE.Procurador.AGU.2010) De acordo com entendimento do STF, é inconstitucional lei estadual
que disponha sobre aspectos relativos ao contrato de prestação de serviços escolares ou educacionais, por
se tratar de matéria inserida na esfera de competência privativa da União.
18. (CESPE.Analista.Judiciário.STJ.2012) A existência de lei municipal que legisle sobre trânsito e que
imponha sanção mais gravosa que a prevista no Código de Trânsito Brasileiro é incompatível com a
Constituição Federal de 1988 (CF).
19. (CESPE.Procurador.AGU.2010) Estado da Federação tem competência privativa e plena para dispor
sobre normas gerais de direito financeiro.
21. (CESPE.Analista.Adm.STJ.2012) O estado-membro que editar lei proibindo a cobrança de tarifa de
assinatura básica nos serviços de telefonia fixa e móvel agirá nos limites de sua competência, pois a CF
atribuiu à União e aos estados a competência para legislar concorrentemente sobre telecomunicações.E
22. (CESPE.Analista.Adm.STJ.2012) Lei estadual que reservar espaço para o tráfego de motocicletas em
vias públicas de grande circulação será constitucional, por tratar de tema inserido no âmbito da
competência legislativa dos estados-membros.
23. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) A definição de condutas típicas configuradoras da prática de crime de
responsabilidade por parte de agentes estaduais e municipais está inserida no âmbito da competência
legislativa do estado-membro e do município, respectivamente.
24. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) Considera-se inconstitucional lei estadual que fixe a obrigatoriedade da
oferta de ensino de língua espanhola nas escolas públicas, com base no exercício da competência
concorrente dos estados para legislar sobre educação.
25. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) Lei estadual que institua a obrigatoriedade de instalação de cinto de
segurança em veículo de transporte coletivo será constitucional, visto que tratará de matéria constante do
rol das competências remanescentes dos estados.
26. (CESPE.Procurador.TCEBA.2010) Na esfera da competência material comum, cabe à União, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios elaborar e executar planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.
27. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) É inconstitucional lei estadual que fixe índices de correção monetária de
créditos fiscais, ainda que o fator de correção adotado seja igual ou inferior ao utilizado pela União, visto
que, em matéria financeira, não há competência legislativa concorrente entre o ente federal e o estadual.
28. (CESPE.Analista.MPU.2013) De acordo com o STF, é inconstitucional lei distrital que disponha
sobre bingos e loterias, por desrespeitar competência legislativa privativa da União.
29. (CESPE.Analista Judiciario.2013) Defere-se competência concorrente aos entes federativos para
explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços e instalações de
energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água.
30. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Compete à União, aos estados e ao DF legislar concorrentemente sobre
trânsito e transporte, estando na esfera de competência dos estados explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, os serviços de transporte rodoviário interestadual de passageiros.
31. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Lei complementar federal pode autorizar os estados e o DF a legislar sobre
as normas gerais que, no âmbito da competência legislativa concorrente, são de responsabilidade da
União.
32. (CESPE.Juiz.TJ.PB.2010) A União pode, mediante decreto presidencial, autorizar os estados, mas não
o DF e os municípios, a legislar sobre questões específicas das matérias que sejam de sua competência
privativa.
33. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) Cabe à União explorar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei.
34. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) A competência da União para legislar a respeito de normas gerais
exclui a competência suplementar dos estados, podendo haver delegação de competência pela União.
35. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz) São de competência da União as leis que disponham sobre
a organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da
administração do DF.
36. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) Compete à União legislar privativamente acerca dos direitos
tributário e financeiro.
37. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) É competência privativa da União cuidar da saúde e assistência
pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.
38. (CESPE.Analista.Adm.MP.PI.2011) Lei estadual que disciplinar a prática de atividades nucleares
específicas no respectivo estado da Federação deverá ser considerada constitucional, desde que esse
estado tenha sido autorizado, por lei complementar da União, a legislar sobre a matéria.
39. (CESPE. Advogado.Correios.2011) Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar sobre
responsabilidade por dano ao meio ambiente e ao consumidor.
40. (CESPE. Advogado.Correios.2011) A CF atribuiu à União a competência privativa para legislar sobre
serviço postal, admitindo, contudo, que os estados legislem sobre questões específicas a respeito do tema,
desde que haja lei complementar autorizadora.
41. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TJDFT.2008) Compete ao DF legislar sobre a cobrança de preço de
estacionamento de veículos em áreas pertencentes a instituições particulares de ensino fundamental,
médio e superior instaladas no DF.
42. (CESPE.Analista Judiciario.2013) Compete privativamente à União legislar sobre transporte, energia,
propaganda comercial e registros públicos.
43. (CESPE.Analista.Adm.TJ.ES.2010) Não existindo uma lei federal, um estado-membro poderá legislar
sobre a proibição do comércio de cigarros em sua base territorial.
44. (CESPE.Analista.Adm.TJ.ES.2010) A iniciativa para apresentar projeto de lei referente aos reajustes
dos servidores militares do Distrito Federal (DF) é privativa do governador dessa unidade federada.
45. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TJDFT.2008) A organização e a manutenção dos serviços locais de
segurança pública do DF (Polícia Militar, PC e Corpo de Bombeiros) são de competência privativa do
próprio DF.
46. (CESPE.Analista.ANAC.2012) Compete à União explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, a navegação aérea.
47. (FUJB.Promotor.MPE.RJ.2012) A alternativa que inclui em seu rol competência legislativa não
privativa da União é:
a) desapropriação; requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; águas,
energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
b) sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; política de crédito, câmbio, seguros e
transferência de valores; comércio exterior e interestadual;
c) sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; sistemas de consórcios e sorteios e
propaganda comercial;
d) águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
e) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, tributário, financeiro, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho.
48. (FCC.Juiz.TRT18.2012) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
a) organizar, manter e executar a inspeção do trabalho.
b) estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
c) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os portos marítimos, fluviais e
lacustres.
d) exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão.
e) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos.
49. (FCC.Analista.TST.2012) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
a) definir critérios de outorga de direitos de uso de recursos hídricos.
b) exercer monopólio estatal sobre o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
princípios e condições previstos na Constituição Federal.
c) executar os serviços de polícia marítima.
d) fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar.
e) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiros.
50. (UFT.Defensor.DPE.TO.2012) Compete privativamente à União legislar sobre:
a) Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial.
b) Juntas comerciais.
c) Educação, cultura, ensino e desporto.
d) Procedimentos em matéria processual.
51. (FAURGS.Analista.TJRS.2012) No que tange à organização da República Federativa do Brasil, a
União:
a) tem competência privativa para legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios.
b) tem competência exclusiva para legislar sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico.
c) poderá, mediante lei ordinária, autorizar os Municípios a legislar sobre assuntos de interesse local.
d) poderá, mediante lei complementar, autorizar os Estados a legislar sobre questões gerais das matérias
reputadas privativas e exclusivas.
e)elaborará, no âmbito da legislação concorrente, normas gerais e específicas, exercendo, na omissão dos
Estados, competência legislativa plena.
52. (FCC.Analista.TRT6.2012) Em relação às competências no âmbito da organização político-
administrativa do Estado Brasileiro, é correto asseverar que a União
a) possui competência legislativa privativa, a qual não pode ser delegada aos Estados, ao Distrito Federal
e nem aos Municípios.
b) é dotada de competência administrativa remanescente ou residual para suprir a inércia legislativa dos
Estados e Municípios.
c) pode avocar uma competência estadual ou municipal sempre que o interesse público exigir.
d) suplementa a atuação dos Estados e Municípios quando exerce a competência legislativa concorrente.
e) possui competência comum, juntamente com Estados, Distrito Federal e Municípios, para fomentar a
produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar.
53. (ESAF.Analista.MI.2012) Sobre a repartição de competências comuns e concorrentes entre os entes
da federação brasileira (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), é correto afirmar que
a) no âmbito das competências concorrentes, compete aos Municípios a fixação de normas gerais de
direito orçamentário.
b) é competência constitucional concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre
defesa civil e gerenciamento de riscos e desastres.
c) no âmbito das competências comuns, compete a todos os entes da federação brasileira legislar sobre
sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais.
d) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio
ambiente, combatendo os desastres nacionais de qualquer natureza.
e) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios preservar as
florestas, a fauna e a flora.
54. (FCC.Analista.MPE.PE.2012) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre
a) organização do sistema nacional de emprego.
b) proteção à infância e à juventude.
c) navegação lacustre.
d) navegação fluvial.
e) sistemas de sorteios.
55. (MPE.GO.2012) Compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal,
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho, bem como sobre águas,
energia, informática, telecomunicações e radiodifusão.
56. (MPE.GO.2012) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, bem como sobre educação, cultura,
ensino, desporto, previdência social, proteção e defesa da saúde.
Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-E, 5-E, 6-E, 7-C, 8-E, 9-E, 10-C, 11-C, 12-C, 13-E, 14-E, 15-E, 16-E, 17-C,
18-C, 19-E, 20-E, 21-E, 22-E, 23-E, 24-E, 25-E, 26-E, 27-E, 28-C, 29-E, 30-E, 31-E, 32-E, 33-E, 34-E,
35-E, 36-E, 37-E, 38-C, 39-C, 40-C, 41-E, 42-C, 43-E, 44-E, 45-E, 46-C, 47-E, 48-B, 49-D, 50-A, 51-A,
52-E, 53-E, 54-B, 55-C, 56-C.
3. Poder Executivo (art. 84 da CF/88)
O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo desde a primeira
Constituição da República, promulgada em 1891.
Apesar disso, o Brasil viveu dois momentos de parlamentarismo em sua história. O
primeiro ocorreu durante o Império, mais precisamente no Segundo Reinado, fruto do espírito
moderado de D. Pedro II e de costumes parlamentares inspirados no modelo inglês, a despeito
da ausência de previsão constitucional. O segundo momento aconteceu durante a vigência da
Constituição de 1946, por força da EC n.º 4/61, que implantou o sistema parlamentarista, e
durou até a EC n.º 6/63, a qual restabeleceu o presidencialismo.
Os sistemasde governo são técnicas que regem as relações entre os Poderes Executivo
e Legislativo no exercício das funções governamentais. Uma maior independência ou uma
maior colaboração entre os dois dá origem aos sistemas: presidencialista, parlamentarista e
convencional.
São características do sistema de governo presidencialista:
a) O presidente da República acumula as funções de chefe de Estado, chefe de
governo e chefe da administração (o Poder Executivo é, portanto, monocrático ou
unipessoal, concentrado na figura do presidente).
b) Os ministros de Estado são meros auxiliares do presidente, de livre nomeação e
exoneração.
c) O presidente é eleito para um mandato fixo e autônomo, não necessitando da
confiança do Legislativo para permanecer no poder.
d) O Legislativo não está sujeito à dissolução pelo Executivo, pois os seus membros são
eleitos para um mandato fixo e predeterminado.
e) A relação entre Executivo e Legislativo é mais rígida, vigorando o princípio da
separação dos poderes, independentes e harmônicos entre si.
f) O presidencialismo é típico das repúblicas.
São características do sistema de governo parlamentarista:
a) O Poder Executivo divide-se em duas figuras (o Executivo é, portanto, dual): o
primeiro-ministro (chefe de governo) e o monarca ou presidente da República (chefe de
Estado).
b) O Legislativo (chamado aqui de Parlamento) assume funções políticas e
governamentais, pois o gabinete de ministros (cujo chefe é o primeiro-ministro) é formado por
membros do Parlamento.
c) Há uma interdependência entre o Legislativo e o Executivo, gerando, não uma
independência, mas uma colaboração entre esses poderes. Isso é porque o governo pode ser
responsabilizado perante o Parlamento, por meio do voto ou da moção de desconfiança, que
resulta na destituição do gabinete e do primeiro-ministro (o qual, portanto, não possui mandato
fixo e pré-estabelecido). No sentido inverso, o Parlamento pode ser dissolvido pelo chefe de
Estado, o que resulta na convocação de novas eleições parlamentares.
d) O parlamentarismo é típico das monarquias, mas é adotado também pelas repúblicas
europeias. Exemplos: França, Alemanha, Portugal e Itália.
O sistema de governo convencional é caracterizado pelo predomínio político de uma
assembleia, não havendo Executivo separado. A figura do chefe de Estado, se existente, é
meramente decorativa. Nesse sistema, a atividade governamental é exercida por uma comissão
da citada assembleia. Exemplos: Suíça e Hungria.
Na clássica tripartição dos poderes, compete ao Executivo a prática de atos de chefia de
Estado, chefia de governo e chefia da administração.
Contudo, nesse sistema não há uma exclusividade absoluta no exercício das funções
constitucionais por parte de cada Poder, o qual, ao lado de desempenhar funções predominantes,
que o caracteriza (funções típicas), exerce também funções que seriam de outros Poderes
(funções atípicas).
São, portanto, funções típicas do Poder Executivo:
a) a função de chefia de Estado, que abrange a representação do país nas suas relações
internacionais e o fato de o presidente da República corporificar a unidade interna do Estado
brasileiro (são as previstas no art. 84, incisos VII, VIII, XIV – 1.ª parte (em relação à nomeação
dos ministros do STF e dos Tribunais Superiores), XV, XVIII – 2.ª parte (convocar e presidir o
Conselho de Defesa Nacional), XIX, XX, XXI e XXII, da CF/88);
b) a função de chefia de governo, que envolve atribuições políticas, co-legislativas e
de decisão e que corresponde à representação e à gerência dos negócios internos de natureza
política, exercendo o presidente a liderança política nacional (são as previstas no art. 84, incisos
I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XIV – 2.ª parte, XVII, XVIII – 1.ª parte, XXIII, XXIV e
XXVII);
c) a função de chefia da administração, que consiste na gerência dos negócios
internos de natureza eminentemente administrativa e abrangendo as atividades de intervenção,
fomento, polícia administrativa e serviços públicos (são as previstas no art. 84, II, VI,XVI – 2.ª
parte, XXIV – ao mesmo uma função de chefia de governo e de administração – e XXV).
Por outro lado, são funções atípicas do Poder Executivo:
a) a função legislativa, quando edita as medidas provisórias (art. 62 da CF/88) e as leis
delegadas (art. 68 da CF/88); e
b) a função de julgar, quando decide o contencioso administrativo.
9. Registramos que a função julgadora do Poder Executivo não revela o exercício de
atividade jurisdicional, a qual é exclusiva do Poder Judiciário, cujas decisões possuem um
caráter de neutralidade, imparcialidade, definitividade e imutabilidade. As decisões que o
Executivo profere em processos administrativos sempre podem ser submetidas ao Judiciário,
razão pela qual elas não são definitivas como as decisões judiciais.
Assim, enquanto as decisões administrativas produzem no máximo a chamada coisa
julgada formal (impedindo a sua rediscussão no âmbito do próprio processo), as decisões
judiciais podem produzir, além da primeira, a coisa julgada material, tornando a matéria
indiscutível no mesmo ou em qualquer outro processo, resolvendo a questão em caráter
definitivo.
Seção II - Das Atribuições do Presidente da República
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
O rol de atribuições do presidente trazido pelo art. 84 não é exaustivo, mas sim,
meramente exemplificativo, como esclarece o próprio inciso XXVII.
Jurisprudência 1) É inconstitucional que secretário de estado tenha a posse condicionada à aprovação da
assembleia legislativa, assim como ministro de Estado à aprovação do Congresso Nacional. (STF, ADI
2.319 e 676). 2) Inconstitucionalidade de eleição para escolha de dirigentes de escolas públicas: “É
inconstitucional o dispositivo da Constituição de Santa Catarina que estabelece o sistema eletivo,
mediante voto direto e secreto, para escolha dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino. É que os
cargos públicos ou são providos mediante concurso público, ou, tratando-se de cargo em comissão,
mediante livre nomeação e exoneração do Chefe do Poder Executivo, se os cargos estão na órbita deste
(C.F., art. 37, II, art. 84, XXV)” (ADI 123/SC).
3) Inconstitucionalidade na ampliação infraconstitucional de participação do Poder
Legislativo na escolha de servidores públicos do Executivo: “CONSTITUIÇÃO DO CEARÁ, art. 230,
§ 1º.NOMEAÇÃO DE MEMBROS PARA O CONSELHO DE EDUCAÇÃO. I. - As nomeações para os
cargos da Administração, ressalvadas as hipóteses inscritas na Constituição, são da competência do Chefe
do Poder Executivo (C.F., art. 84, XXV), facultadas as delegações indicadas no parág. único do mesmo
artigo 84, C.F. II. - Cautelar deferida para suspensão da eficácia, no § 1º do art. 230 da Constituição do
Ceará, que cuida da nomeação dos membros do Conselho de Educação, das expressões: "indicados na
seguinte proporção: um terço pelo Secretário de Educação do Ceará e dois terços pelo Legislativo” (ADI
143 MC/CE).
4) O STF entendeu que a relativa autonomia das agências reguladoras em face do chefe do Poder
Executivo não afronta o art. 84, II, da CF, tendo em vista que essas autarquias em regime especial
(agências de regulação) não têm função política decisória ou planejadora sobre até onde ou a que
serviços estender a delegação do Estado, mas, apenas, o encargo de prevenir e arbitrar segundo a lei os
conflitos de interesses entre concessionários e usuários ou entre aqueles e o poder concedente (STF ADI
2.095-MC/RS).
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (EC nº 32/01)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos; (EC nº 32/01)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (EC nº 32/01)
1. Os incisos IV e VI do art. 84 da CF trazem o poder regulamentar do presidente da
República, também chamado de poder regulamentar em sentido estrito, que é o poder de
expedir decretos e regulamentos (atos administrativos gerais e normativos expedidos pelo
chefe do poder executivo – federal, estadual ou municipal).
O poder regulamentar será exercido quando alguns aspectos da aplicabilidade da lei são
conferidos ao Poder Executivo, o qual deverá decidir a melhor forma de executá-la e,
eventualmente, suprir as lacunas legais de ordem prática ou técnica, a fim de reforçar a sua
execução e atingir melhor os objetivos visados pela lei (Alexandre de Moraes).
A diferença entre lei e regulamento, no Direito brasileiro, reside (Gilmar Mendes):
a) na origem (parlamentar ou executiva);
b) na supremacia da 1ª em relação à 2ª;
c) na possibilidade de a lei inovar originariamente o ordenamento jurídico, enquanto o
regulamento não o altera, mas apenas fixa as regras orgânicas ou processuais destinadas à fiel
execução a lei, bem como desenvolve/especifica as diretrizes, direitos e obrigações contidos na
legislação.
Na lição de José Afonso da Silva, lei e regulamento são, ambos, normas jurídicas gerais
e abstratas, obrigatórias e permanentes. A distinção fundamental reside no fato de a lei inovar o
ordenamento jurídico formal, enquanto o regulamento não contém, originalmente, novidade
modificativa do ordenamento jurídico, limitando-se a precisar, pormenorizar o conteúdo da lei,
em norma jurídica subordinada às leis que ele regulamenta.
Segundo Gilmar Mendes, não devemos confundir a discricionariedade administrativa
relativa ao poder regulamentar com as chamadas autorizações legislativas puras ou
incondicionadas, de nítido conteúdo renunciativo do poder parlamentar de deliberar
politicamente, em manifesta fraude ao princípio da reserva legal e à vedação à delegação de
poderes. No 1º caso, a lei estabelece previamente o direito ou dever, a obrigação ou a restrição,
fixando os requisitos de seu surgimento e os elementos de identificação dos destinatários. No 2º
caso, é o próprio regulamento que estabelece (indevidamente) o direito ou a obrigação.
Por outro lado, registre-se que o STF entende legítimas as autorizações fundadas na lei
formal, desde que esta contenha os standards e os direitos e obrigações que inovam o
ordenamento jurídico.
2. A doutrina classifica os regulamentos em três categorias, de acordo com
suafinalidade:
a) Decreto ou regulamento de execução (art. 84, IV, CF): ato secundário (o primário
é a lei) que dispõe sobre regras jurídicas gerais, abstratas e impessoais, editadas em função de
uma lei cuja aplicação demande atuação da administração pública, visando sua correta
execução. É de competência privativa do presidente, não sendo passível de delegação e deve se
restringir aos limites e ao conteúdo da lei. Não é necessário estar expresso no corpo da lei.
b) Regulamento autorizado (ou delegado): ato regulamentar (secundário) do Poder
Executivo que complementa a lei com base em expressa determinação nela contida. É usado
quando a lei limita-se a traçar diretrizes gerais sobre um assunto, com parâmetros amplos,
devendo essa lacuna ser preenchida pelo regulamento (que criará regras), cuja edição é
autorizada pela própria lei. A doutrina tradicional não admite a constitucionalidade do
regulamento delegado ou autorizado, com fundamento no art. 25, ADCT da CF2. A
jurisprudência do STF também não admite o regulamento autorizado ou delegado, notadamente
quando ele revela uma delegação em branco - sem que a lei traga os parâmetros legais mínimos
e as diretrizes, a serem complementadas pelo regulamento (ADI 1.296/PE).
Registre-se, contudo, que a tendência atual na doutrina é a aceitação do
regulamento autorizado para a fixação de normas técnicas, desde que a lei que o autoriza
estabeleça as condições e os limites da atuação do poder executivo, com os limites precisos da
norma a ser elaborada, de forma que esta seja apenas uma complementação técnica necessária
das normas legais.
c) Decretos ou regulamentos autônomos (independentes, que criam direito novo): atos
primários, derivados diretamente da Constituição. A doutrina os divide em: externos – normas
dirigidas aos cidadãos de modo geral; e internos – dirigidos à administração pública (também
denominados de regulamento orgânico ou de administração). Neste último caso, tivemos as
inovações trazidas pela EC n.º 32/2001, nas duas hipóteses restritas do art. 84, VI, a e b
(organização e funcionamento da administração pública e a extinção de cargos vagos), as quais
são passíveis de delegação a outras autoridades administrativas (CF, art. 84, § único). A EC n.º
32/2001 também alterou os incisos X e XI do art. 48 da CF, retirando a competência do
Congresso Nacional para dispor sobre essas matérias.
3. Alexandre de Moraes defende que a aplicação dos decretos autônomos (CF, art. 84,
VI) aos estados e municípios é automática, independentemente de previsão expressa nas
constituições estaduais e leis orgânicas municipais, por se tratar de princípio federal extensível.
Jurisprudência 1) Conforme entendimento do STF, lei que imponha prazo para que o Poder Executivo
regulamente a execução de determinada matéria é inconstitucional, pois ofende o princípio da
interdependência e harmonia entre os poderes (STF ADI 3.394).
2) É inconstitucional lei que autorize o chefe do Poder Executivo a dispor, mediante decreto,
sobre criação de cargos públicos remunerados ou pagamento de servidores e reestruturação de órgãos da
Administração Pública, por ofensa ao princípio da reserva de lei (STF, ADI 3.232, ADI 3.983 e ADI
3.990, 577.025, ADI 2.564).
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
O PR é o principal ator político na condução das relações internacionais, mas não é o
único, pois há, nessa área, a colaboração e o controle do Legislativo (ex.: arts. 49, I, e 52, IV).
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
2 Art. 25 do ADCT: Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito este
prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo
competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que tange a: I - ação normativa;
II - alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie.
Jurisprudência 1) Segundo o STF, a possibilidade de o PR conceder indulto não alcança os crimes objeto de
pedido extradicional, tendo em vista que a clemência soberana do Estado brasileiro limita-se aos crimes
sujeitos à competência jurisdicional do Brasil (RTJ 164/193).
2) O STF entende que a anistia, que depende de lei, é um ato político e vale apenas para crimes
políticos. Para os crimes comuns, de forma excepcional, há o indulto e a graça, institutos distintos da
anistia (STF ADI 1.231).
3) O PR pode impor requisitos ou condições, a exemplo da reparação material do dano, para a
concessão de indulto, pois esse ato se baseia no juízo de conveniência e oportunidade do PR (STF, RHC
71.400).
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos; (Redação da EC nº 23/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente
e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
1. A CF/88 não admite que o Brasil promova guerra de conquista, na medida em que
propõe que o Brasil responda a agressões armadas estrangeiras.
2. A Lei Complementar definirá os casos em que o PR poderá permitir, por autoridade
própria, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente (vide LC 90, de 1997). Nos demais casos, o CN precisa autorizar o PR a
permitir tais situações (CF, art. 49, II).
Jurisprudência Norma de constituição estadual que preveja a hipótese de prestação trimestral de contas pelo
chefe do Executivo à assembleia legislativa é inconstitucional, por violação do parâmetro federal de
prestação anula de contas (CF, art. 84, XXIV) (STF ADI 2.472-MC).
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
O disposto no parágrafo único do art. 84 da CF significa a possibilidade de delegação
das seguintes atribuições pelo PR aos ministros de Estado, ao PGR e ao AGU: expedição de
decretos autônomos; concessão de indulto e comutação de penas; e provimento dos cargos
públicos federais.
Jurisprudência
O STF entendeu que a delegação da competência de provimento de cargos públicos para os
ministros de Estado abrange também a de desprovimento, ou seja, é válida portaria de ministro que
aplicou pena de demissão a servidor público federal (STF MS 25.518).
Questões de Poder Executivo (art. 84 da CF/88)
1. (CESPE.Delegado.PCPB.2009) Quando o presidente da República celebra um tratado internacional, o
faz como chefe de governo.
2.(CESPE.Delegado.PCPB.2009) Algumas competências privativas do presidente da República podem
ser delegadas aos ministros de estado. Entre elas está a de presidir o Conselho da República e o Conselho
de Defesa quando não estiver presente na sessão.
3. (CESPE Analista Jud Área Adm TRE MT 2010) De acordo com a CF, o presidente da República
poderá delegar a atribuição de conferir condecorações e distinções honoríficas.
4.(CESPE.Diplomata.IRB.2011-ADAPTADA) De acordo com a CF, incluem-se entre as competências
privativas do presidente da República as de manter relações com Estados estrangeiros, acreditar seus
representantes diplomáticos e celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do
Congresso Nacional.
5. (CESPE - 2008 – IRB – Diplomata) No caso de agressão estrangeira, é competência privativa do
presidente da República declarar guerra, autorizado pelo Congresso Nacional, ou referendado por ele caso
a agressão ocorra no intervalo das sessões legislativas, bem como celebrar a paz, autorizado ou
referendado pelo Congresso Nacional.
6. (CESPE.Analista Administrativo.ANATEL.2006) O poder regulamentar não se realiza exclusivamente
por meio de decreto do chefe do Poder Executivo.
7. (CESPE.Procurador.TCEBA.2010) O presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre a
organização da administração federal, quando a disposição não implicar aumento de despesa nem criação
ou extinção de órgãos públicos.
8. (CESPE.AGU.2012) Cabe ao presidente da República, na condição de comandante supremo das Forças
Armadas, nomear os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e ao ministro da Defesa
cabe, mediante lista de escolha apresentada pelos comandantes das três forças, promover seus oficiais-
generais e nomeá-los para os cargos que lhes sejam privativos.
9. (CESPE.Analista.Judiciário.TRE.BA.2010) É de competência exclusiva do presidente da República
resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos ao patrimônio nacional.
10. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRT 9a Região.2007) O presidente da República tem competência para,
por meio de decreto, extinguir cargos públicos que eventualmente estejam sendo ocupados por servidores
não-estáveis.
11.(CESPE.AGU.2012) A CF autoriza que o presidente da República, no exercício de seu poder
regulamentar, edite, se houver lei federal que o autorize a fazê-lo, decreto que crie cargos públicos, com
as respectivas denominações, competências e remunerações.
12. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRT 5a Região.2008) O decreto presidencial é o instrumento adequado
para a criação de novos cargos públicos.
13.(CESPE.Diplomata.IRB.2012) Cabe exclusivamente ao presidente da República, na condição de chefe
de Estado, permitir, sem a necessidade de autorização do Congresso Nacional, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente.
14.(CESPE.AGU.2012) O AGU, utilizando-se do poder regulamentar previsto na CF, pode conceder
indulto e comutar penas, desde que por delegação expressa do presidente da República.
15. (CESPE.AnalistaJud.Controle Interno.TJDFT.2008) O presidente da República tem competência para
delegar, aos presidentes dos tribunais, a competência de prover e extinguir os cargos públicos federais no
âmbito da administração pública direta, o que abrange o Poder Judiciário.
16. (CESPE.Juiz.PA.2011) A CF autoriza o presidente da República a delegar o exercício de atribuições
que lhe sejam privativas somente ao advogado-geral da União e aos ocupantes de cargos cujos titulares
tenham status de ministro de Estado.
17. (CESPE.Auditor.TC.DF.2012) Em qualquer caso, a criação, a transformação e a extinção de cargos,
empregos e funções na administração pública federal dependem de autorização do Congresso Nacional,
mediante lei de iniciativa do presidente da República.
18. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) O presidente da República detém competência privativa tanto para decretar
o estado de defesa e o estado de sítio quanto para suspender essas medidas.
19. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Compete ao presidente da República, na condição de chefe de Estado,
declarar guerra no caso de agressão estrangeira e celebrar a paz, mediante autorização ou referendo do
Congresso Nacional.
20. (CESPE.Auditor.TCU.2011) A competência do presidente da República para conceder indulto pode
ser delegada a alguns ministros de Estado.
21. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) De acordo com o STF, é indelegável a competência do chefe do Poder
Executivo federal para aplicar pena de demissão a servidores públicos federais.
22. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TST.2008) O presidente da República pode, por meio de decreto
presidencial, transferir para um órgão da Presidência determinada competência atribuída ao Ministério do
Trabalho.
23.(CESPE.Juiz.TJ.ES.2011) É atribuição privativa do presidente da República dispor, mediante decreto,
sobre sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas, resguardada a competência do Congresso
Nacional para aprovar a instituição e majoração de impostos, taxas e contribuições de melhoria.
24. (CESPE.Agente de Inteligência.Área Adm.ABIN.2008) A celebração dos tratados internacionais e a
incorporação deles à ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de ato
subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do Congresso
Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, questões sobre tratados, acordos ou
atos internacionais, e a do presidente da República, que, além de poder celebrar esses atos de direito
internacional, tem a competência para promulgá-los mediante decreto.
25. (CESPE.Agente de Inteligência.Área Adm.ABIN.2008) O presidente da República pode delegar aos
ministros de Estado, conforme determinação constitucional, a competência de prover cargos públicos, a
qual se estende também à possibilidade de desprovimento, ou seja, de demissão de servidores públicos.
26. (Cespe.Juiz.TJ.PB.2010) O decreto é o instrumento por meio do qual o presidente da República
exerce o poder regulamentar que a CF lhe confere, visando dar plena e fiel exequibilidade às leis que
necessitem de regulamentação.
27.(CESPE.Escrivão.Regional.04) O presidente da República possui competência privativa para celebrar
tratados e convenções e para acreditar representantes diplomáticos de Estados estrangeiros, podendo essa
última competência ser delegada ao ministro de Estado das Relações Exteriores.
28. (CESPE Agente de Polícia Federal 2004) É da competência exclusiva do presidente da República
comutar a pena cominada a um integrante de organização criminosa que sofresse condenação penal
transitada em julgado.
29. (CESPE.Escrivão.Nacional.04) Nos termos da Constituição Federal, é da competência privativa do
presidente da República a extradição de brasileiros naturalizados.
30. (CESPE.Analista.TRT8.2013) Lei federal, além de instituir o valor do salário mínimo para o ano de
2012 e a política de sua valorização para o período de 2013 a 2017, prevendo os índices oficiais para sua
correção, atribuiu ao presidente da República a competência para aplicar, anualmente, esses índices para
reajuste e aumento e divulgar, mediante decreto, o novo valor do salário mínimo.
Com base nessa situação hipotética e na jurisprudência do STF, assinale a opção correta.
a) O decreto presidencial previsto na lei é meramente declaratório do valor do salário mínimo a ser
reajustado segundo os índices estabelecidos na norma, não tendo a capacidade de inovar a ordem jurídica.
b) A previsão de edição de decreto presidencial na referida lei é inconstitucional, pois afronta norma
constitucional que exige lei formal para a fixação do valor do salário mínimo.
c) O decreto presidencial previsto na lei poderia ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade, por
constituir decreto autônomo.
d) A lei é inconstitucional, já que a fixação do valor do salário mínimo compete privativamente ao
presidente da República.
e) O presidente da República poderia delegar a atribuição a ele fixada na lei ao ministro de Estado do
Trabalho e Emprego.
31. (CESPE.Analista.IBAMA.2013) O presidente da República poderá delegar ao vice-presidente a
atribuição de vetar projetos de lei.
Gabarito de Poder Executivo: 1-E, 2-E, 3-E, 4-C, 5-C, 6-C, 7-C, 8-E, 9-E, 10-E, 11-E, 12-E, 13-E, 14-
C, 15-E, 16-E, 17-E, 18-E, 19-C, 20-C, 21-E, 22-C, 23-E, 24-C, 25-C, 26-C, 27-E, 28-E, 29-E, 30-A, 31-
E.