Consequências da Especialização Precoce nas Crianças e Jovens FINAL

Consequências da Especialização

Precoce nas Crianças e Jovens

Educação e Promoção para a Saúde Vila Real, 27de Maio de 2009

Universidade de Trás-os-Montes e Alto DouroLicenciatura em Educação Física e Desporto Escolar

Objectivos de Estudo

Temas a abordar:

A Criança e o Desporto;

A Iniciação Desportiva e a Especialização Precoce;

Competição, Rendimento e Stress em Relação à Criança;

Os Prejuízos de uma Especialização Precoce;

A Criança e o Desporto

Tendo em conta um aumento significativo de programas desportivos direccionados para os mais jovens, verifica-se uma procura imensa por parte destes.

Assim, a cada vez mais crescente universalidade do mundo do desporto, tem importantes tarefas e responsabilidades no que se refere à formação das crianças e jovens.


Motivos que levam as crianças e jovens a praticarem desporto:

• Gostar de desporto;• Diversão;• Ocupação dos tempos livres;• Manter e/ou melhorar a condição física;• Gostar da competição;• Criar novas amizades;• Aprender coisas novas;• Etc.


Contudo:Se analisarmos as intervenções pedagógicas de iniciação em várias modalidades, é possível afirmar que hoje em dia ainda se observa uma prática pedagógica tradicional!

Prática Pedagógica Tradicional?!É uma prática muito centrada na competição, no sucesso e na selectividade.


Na verdade, existe nos dias de hoje uma tendência para se reduzir a idade de iniciação em muitas modalidades desportivas.

Esta prática é justificada por:•Busca de êxitos e vitórias em curto prazo.•Ideia comum de que quanto mais cedo uma criança começa a praticar uma modalidade, melhor será no futuro.


Treino com crianças/jovens ≠ do treino dos adultos

Tendo em conta as características e particularidades determinadas pelos níveis de desenvolvimento físico, psíquico e afectivo relacionados directamente com os diferentes estágios de crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens.

Assim…

É indispensável diferenciar os objectivos, conteúdos e os processos de treino dos jovens e adultos, pois só assim se pode proteger a integridade dos mais jovens.

A Iniciação Desportiva e a Especialização Precoce

• A “iniciação desportiva” compreende o processo que tem início quando uma pessoa (normalmente a criança) chega em uma escolinha, permanecendo nesta até a prática desportiva competitiva.

• É lógico que este processo implica um aprendizado e posterior treino progressivo, direccionado a melhorar e depois aperfeiçoar os diferentes aspectos orgânicos, funcionais, técnicos e tácticos necessários ao óptimo rendimento no desporto escolhido.

Vantagens e desvantagens entre especialização precoce e o desenvolvimento multilateral dos jovens

Comparação entre a especialização precoce e desenvolvimento multilateral

Filosofia de treino

Especialização precoce Programa multilateral

•Rápida melhoria da performance

•Melhores resultados aos 15-16 anoscausada por uma rápida adaptação

•Inconsistência do desempenho nascompetições

•Cerca dos 18anos, muitos dospraticantes estão esgotados eabandonam a pratica daModalidade

•Risco de lesões por causa daadaptação forçada

•Progresso mais lento da performance

•Melhores desempenhos aos 18 anos e em idades maiores, ou seja, nas idades em que se atinge a maturidade adulta

•Manutenção dos níveis de performance nas competições

•Vida desportiva mais longa

•Poucas lesões

Razões que buscam justificar a especialização desportiva.

• O adiantamento da idade de máximo rendimento, principalmente em determinados desportos, motiva a federações, clubes e treinadores a iniciar este processo dirigido ao alto rendimento cada vez com maior precocidade.

• Observa-se que outra das causas deste fenómeno, é o actual sistema desportivo infantil - basicamente competitivo que não está de acordo com as autênticas necessidades das crianças, pois é simplesmente um sistema adaptado do modelo adulto.

• Um último aspecto decisivo talvez para explicar este fenómeno, é a atitude dos pais que frequentemente buscam uma compensação, por meio dos filhos, das vitórias e títulos desportivos não conseguidos por eles mesmos.

Desvantagens da especialização precoce:

a) A especialização precoce envolve, normalmente, uma forte ênfase na vitória em detrimento do carácter lúdico, do desenvolvimento físico harmonioso e da aprendizagem das técnicas fundamentais;

b) A especialização precoce recorre, normalmente, à aplicação de modelos adultos não respeitando, por isso, as particularidades do desenvolvimento da criança e jovens;

c) A especialização precoce decorre, normalmente, em prejuízo do desenvolvimento de um leque alargado de técnicas corporais e de algumas qualidades físicas fundamentais;

Desvantagens da especialização precoce:

d) A especialização precoce tende a efectuar exigências e solicitações de natureza unilateral, recorre predominantemente ao treino intensivo e tende a forçar os praticantes à superação sem limites podendo provocar desproporções ou parcialidades no desenvolvimento da criança e do jovem;

e) A especialização precoce aumenta as hipóteses de que os jovens de maturação mais atrasada falhem e, inclusive, desistam do desporto

Atitude desenvolver para evitar a especialização precoce especialmente no caso dos praticantes que face aos seus companheiros são mais dotados ou

mais maturos

• 1º que a carreira desportiva, cujo vértice é a especialização, é um processo a longo prazo que engloba genericamente três grandes etapas – formação básica, aperfeiçoamento e alto rendimento – que respeitam e estão em concordância com etapas da evolução psicobiológico do individuo.

• 2ª que cada escalão etário reclama processos pedagógico-didácticos especiais e orientados especificas, na direcção e organização do treino e da competição. Deste modo o modelo de treino apropriado às crianças e jovens não é o modelo de treino dos adultos mesmo que em forma reduzida.

• 3º que o desenvolvimento – crescimento e maturação – é um processo individualizado. Ou seja, cada indivíduo tem características, distintas de todos os restantes, e desenvolve-se em ritmos próprios. A idade cronológica não fornece senão elementos insuficientes e pouco seguros sobre o processo de maturação anatómica, fisiológica e psíquica do indivíduo em desenvolvimento.

Competição, Rendimento e Stress em Relação à Criança

- Competir implica a procura de um determinado objectivo e significa rivalizar, “lutar” e tentar conseguir um feito ou proeza.

- Os benefícios do desporto são adulterados quando a sua prática visa prestigio social ou quando seus rumos são alterados pelas interferências políticas, económicas e culturais.

- A competição torna-se negativa quando a orientação está única e exclusivamente voltada para o resultado final. Neste enfoque o desporto está acima da criança, sendo a mesma visto como um atleta em potencial e um simples objecto do treino.


- O rendimento é uma característica da industrialização, mas também um dos traços essenciais do homem.

- Torna-se necessário distinguir entre o rendimento externamente exigido (obrigação) e pessoalmente decidido (auto-motivação).

- O que se tem observado é que o rendimento é medido através de um modelo ideal de desempenho pré-estabelecido pelo treinador e pelo sucesso na competição.


-Os referenciais desportivos não devem residir mais no campeão, no talentoso, no fora de série ou no medalhado, mas sim, sobretudo, em cada indivíduo.

-O desporto do futuro será o desporto dos cidadãos, à medida de cada um (sexo, forma física, motivações), da promoção da saúde, da defesa do meio ambiente, da solidariedade social, da expressão através do movimento, da libertação do corpo, de aventura, do prazer de jogar, mas também do gosto de competir.


- O stress resulta do desequilíbrio entre o nível de aptidão e as exigências feitas.

-O stress não é algo que se deva evitar, podendo ser benéfico ou prejudicial de acordo com a aptidão do organismo em absorver e reagir ao estímulo.

- As necessidades e os interesses das crianças devem ser respeitados, oferecendo-lhes actividades que as motivam, minimizando as possíveis pressões que as mesmas poderão sofrer.

- Muitas vezes as pressões começam em casa, quando os pais que não tiveram sucesso desportivo na infância, desejam de ver o seu filho como um desportista de eleição para atenuar a sua frustração.


-O desporto de alto rendimento dos adultos, tem recorrido a profissionais a nível multidisciplinar, possibilitando-lhes elevados graus de desempenho com o menor risco de afastamento por motivos psicológicos ou lesivos.

- É óbvio que toda esta preocupação em possibilitar certas condições aos atletas nem sempre se deve a uma preocupação com o ser humano, mas sim com os resultados que serão possíveis de ser alcançados nas competições.


As crianças estão em grande desvantagem relativamente aos adultos desportivamente:

• não estão preparadas emocionalmente e fisicamente para suportar altas cargas de treino;

• é inexistente o acompanhamento de pessoas capacitadas que poderiam evitar ou amenizar as consequências desta precocidade desportiva.

Os Prejuízos de uma Especialização Precoce

A questão da especialização desportiva é complexa porque envolve além dos aspectos biológicos e ambientais, aspectos socioculturais.

“Nenhuma medalha vale a saúde de uma criança”

• PERSONNE (1987)


Riscos de tipo físico

Em vários testes foram detectados problemas ósseos, articulares, musculares e cardíacos, dependendo da especialidade desportiva;

Personne (1987) comprovou que um praticante de ginástica olímpica pode realizar ao longo de uma temporada mais de 8.000 saltos.


Riscos de tipo psicológico

Nas crianças que realizam competições foram encontrados níveis muito altos de ansiedade, stress e frustração.

De qualquer forma o facto mais preocupante psicologicamente, é o que alguns autores chamam de “infância não vivida”, por culpa da alta dedicação aos treinos (para se conseguir chegar ao patamar de elite);


Kunz (1994) detectou que treinos tão intensos podem provocar uma formação escolar deficiente, e pior, a criança desportista participa

menos das brincadeiras e jogos do mundo infantil, actividades essas que são indispensáveis ao pleno desenvolvimento de sua

personalidade.


Riscos de tipo motor

O treino desportivo precoce procura o rendimento num aspecto concreto da execução motora, no modelo competitivo, ignorando geralmente os outros objectivos educacionais que o desporto pode oferecer.

Podendo inclusive impossibilitar a prática futura de um desporto diferente daquele que praticou durante a infância (VARGAS NETO, 1995).


Riscos de tipo desportivo

Muitas vezes os treinadores estão a especializar a criança para uma prática desportiva para a qual ela não tem as mínimas condições específicas exigidas.

A conquista de importantes títulos ou marcas durante a infância não é garantia de sucessos desportivos quando este mesmo atleta se torna adulto.


Concluindo

É nosso dever Homem, saber o indispensável para haja um aproveitamento correcto das capacidades das crianças.

Para o professor toda a orientação do processo de formação juvenil é primordial e deve ser assumido com responsabilidade.

Já que a actividade física e desportiva é essencial para o desenvolvimento da criança.


As aulas de educação física são momentos e espaços privilegiados para iniciar a prática desportiva adaptadas ao desenvolvimento das mesmas.

Como profissionais e de acordo com a nossa formação teórico-prática temos de levar em conta a integração os valores sociais e a saúde dos leccionados.

Isto para maximizarmos da melhor maneira o potencial da criança.

Obrigado pela atenção!

Trabalho realizado por:André Queirós nº 26956

Luís Pereira nº 21442

Jorge Rodrigues nº 26620

Pedro Martins nº 25498

Rui Pires nº 26627

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