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0 Natalia Araujo Sosa TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I CONSUMO DE MODA DIRIGIDO À MULHER DA CLASSE C: A COMUNICAÇÃO ONLINE DAS LOJAS RENNER E RIACHUELO Santa Maria, RS 2015

CONSUMO DE MODA DIRIGIDO À MULHER DA CLASSE C: A ... · Segundo o autor, na moda tradicional, quando uma marca apresenta sua coleção para o mercado da moda, nem todos os modelos

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Natalia Araujo Sosa

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I

CONSUMO DE MODA DIRIGIDO À MULHER DA CLASSE C:

A COMUNICAÇÃO ONLINE DAS LOJAS RENNER E RIACHUELO

Santa Maria, RS

2015

1

Natalia Araujo Sosa

CONSUMO DE MODA DIRIGIDO À MULHER DA CLASSE C:

A COMUNICAÇÃO ONLINE DAS LOJAS RENNER E RIACHUELO

Trabalho Final Graduação apresentado ao

Curso de Publicidade e Propaganda, Área de

Ciências Sociais, do Centro Universitário

Franciscano – Unifra, como pré-requisito para

aprovação da disciplina Trabalho Final de

Graduação II.

Orientadora: Profa. Mestre Pauline Neutzling Fraga

Santa Maria, RS

2015

2

Natalia Araujo Sosa

CONSUMO DE MODA DIRIGIDO À MULHER DA CLASSE C:

A COMUNICAÇÃO ONLINE DAS LOJAS RENNER E RIACHUELO

Trabalho final de graduação II apresentado ao curso de Publicidade e Propaganda, Área de

Ciências Sociais, do Centro Universitário Franciscano, como requisito para obtenção do grau

de Bacharel em Publicidade e Propaganda.

_____________________________________________

Prof. Me. Pauline Neutzling Fraga (Centro Universitário Franciscano)

______________________________________________

______________________________________________

Aprovado em

__________________

3

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de entender as características de comunicação nas

redes sociais das Lojas Renner e Riachuelo dirigidas à mulher da classe C. Para que isso fosse

possível, o estudo se desenvolveu através da análise comparativa e técnica descritiva dos

conteúdos coletados nas redes sociais Facebook, Instagram, e site Youtube, no qual se

comparou as estratégias de comunicação empreendidas por ambas as lojas, voltadas à

consumidora da classe C. O estudo revelou como as marcas se comunicam com as

consumidoras, as características persuasivas das lojas no meio online e como elas representam

a mulher na narrativa publicitária, de acordo ao comportamento, ocupação e preferências da

consumidora da classe média brasileira.

Palavras-chave: publicidade; comportamento do consumidor; consumo feminino; classe

média; fast fashion.

4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução da identidade visual Renner....................................................................26

Figura 2: Ayrton Senna patrocinado pela marca Pool ...........................................................27

Figura 3: Evolução do slogan e da marca Riachuelo..............................................................29

Figura 4: Post Facebook Renner blazer…………………………...……………….....…......32

Figura 5: Post Facebook Renner mangas flare……………………….........………….….....32

Figura 6: Post Facebook Renner bolsa bucket........................................................................33

Figura 7: Post Facebook Renner Bolsa prataria.....................................................................33

Figura 8: Post Instagram Renner calça social.........................................................................34

Figura 9: Post Instagram Renner roupa de alfaitaria..............................................................34

Figura 10: Post Instagram Renner Mix de estampas..............................................................35

Figura 11: Post Instagram Renner Preto e Branco.................................................................35

Figura 12: Post Facebook Riachuelo tecidos e estampas.......................................................36

Figura 13: Post Facebook Riachuelo Preto e Branco.............................................................36

Figura 14: Post Riachuelo Patrocínio The X Factor...............................................................37

Figura 15: Post Instagram Riachuelo alfaitaria......................................................................37

Figura 16: Post Instagram Riachuelo colete e top..................................................................38

Figura 17: Post Instagram Riachuelo Look dia de chuva.......................................................38

Figura 18: Post Instagram Riachuelo Blazer..........................................................................39

Figura 19: Audiovisual Youtube site Renner..........................................................................39

Figura 20: Audiovisual Youtube Renner Coleção Primavera.................................................40

Figura 21: Audiovisual Youtube Riachuelo coleção Marrocos...............................................40

Figura 22: Audiovisual Youtube Riachuelo Coleção Marrocos Vlog Camila Coelho ...........41

Figura 23: Frame Audiovisual Renner....................................................................................43

Figura 24: Blog Estilo Renner.................................................................................................44

Figura 25: Frame Audiovisual Riachuelo...............................................................................47

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. .......................6

2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: A NOVA CLASSE C E A MULHER

COMO CONSUMIDORA..................................................................................................... 11

3 A EVOLUÇÃO DA MODA E O CONCEITO DE FAST FASHION.............................17

4 O MARKETING NA INTERNET.....................................................................................21

5 METODOLOGIA ................................................................................ ................................23

5.1 Renner.................................................................................................................................24

5.2 Riachuelo............................................................................................................................26

5.3 Categorias de análise...........................................................................................................30

5.4 Corpus de análise................................................................................................................31

6 ANÁLISE..............................................................................................................................42

6.1 Renner.................................................................................................................................42

6.2 Riachuelo............................................................................................................................46

6.3 Tabela de síntese analítica...................................................................................................50

7 CONSIDERACÕES FINAIS..............................................................................................52

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ ..............................56

6

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a classe média brasileira tem crescido notavelmente graças às

mudanças políticas e econômicas registradas no país. A classe C gastou mais de R$1,17

trilhão em 2013 e movimentou 58% do crédito no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Serasa

Experian e pelo Instituto Data Popular (2013), publicado pelo site Secovi, chamada Faces da

Classe Média, considerou como classe C as famílias que tinham como renda mensal per

capita entre R$320 e R$1120, revelando também que, em 2013, a classe média era composta

por 108 milhões de pessoas (54% da população).

Em vista desse crescimento da classe média, as empresas vêm elaborando estratégias

de marketing para conquistar e fidelizar as consumidoras brasileiras, pois com a

democratização da informação elas adquirem cada vez mais conhecimentos sobre o mundo da

moda, basta acessar a internet, seja pelo computador, celular ou smartphone que a

consumidora tem acesso a todas essas informações, tornando-se, consequentemente, mais

crítica sobre o assunto. Com isso, as lojas de varejo de moda se vêm obrigadas a produzir

coleções cada vez mais fashionistas (termo designado à aquilo que segue tendências da moda,

seja pessoa ou produto), visto que a consumidora deseja ficar próxima ao universo da moda,

vestindo peças que tenham referências e tendências atualizadas.

Pensando neste perfil da consumidora com o desejo de consumir moda a preços

acessíveis e sem que precise esperar pelas liquidações de lojas, foi implementado no Brasil o

modelo de comercialização chamado fast fashion. Segundo Cietta (2010), em entrevista ao

Portal IG (20151), não existe um conceito definido desse modo de comercialização, pois o

que determina o modelo de negócio é o Target. O modelo surgiu quando

as empresas perceberam que os consumidores aprenderam a esperar pelas

liquidações, e tiveram de buscar um novo modelo de varejo. O fast fashion envolve

o consumidor no design do produto, na medida em que é produzido aquilo que o

consumidor deseja (CIETTA in IG, 2015).

Segundo o autor, na moda tradicional, quando uma marca apresenta sua coleção para o

mercado da moda, nem todos os modelos serão produzidos, apenas aqueles que realmente o

público irá consumir, ou seja, aqueles que de alguma maneira alcancem uma maior procura.

Já na fast fashion, a coleção é produzida a partir do produto, na qual só se fabricam as peças

que tenham aceitação comercial mais ampla. Um estudo da consultoria IPC Marketing,

1 Disponível em: <http://moda.ig.com.br/modanomundo/voce-sabe-o-que-e-fast-fashion/n1237795692971.html>.

Acesso em: 12 mar. 2015.

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estimava que a classe C corresponderia a 26% do potencial de consumo urbano do país em

2014, devido ao endividamento da classe média com o crédito e com a inflação, pois essa

população viu a oportunidade de consumir mais; entretanto, com as tarifas e juros cobrados

pelos bancos ela se viu obrigada a cortar gastos. Apesar disso, segundo Ilo de Souza, analista

do instituto Nielsen, em entrevista para o site Gazeta do Povo (2014)2, a classe C ainda é o

principal grupo consumidor no país e anseia por consumir. Inclusive, em estudo da mesma

empresa3, chamado o Estudo do Mercado Brasileiro, revelou que os consumidores

conquistaram um novo padrão de consumo, tendo acesso a produtos mais diferenciados.

Entretanto, segundo Souza, com a desaceleração da economia brasileira (inflação e

endividamento dos consumidores), eles se veem obrigados a economizar em alguns

segmentos, tais como o de entretenimento. Porém, o consumidor ainda quer manter o nível de

consumo que já havia conquistado; por isto, visitam com menos frequência os pontos de

venda e planejam mais as suas compras, tendendo a comprarem mais produtos a cada visita à

loja. Neste sentido, cabe às empresas conquistarem essas consumidoras e fidelizá-las, não só

pela facilidade de crédito e preço, mas também – e talvez principalmente-, pela comunicação

acertada entre empresa e consumidoras.

Por isso, as empresas de varejo de moda precisam de mais estratégias para fidelizar o

seu público: as Lojas Renner, por exemplo, têm investido muito em comunicação, seja em

mídias tradicionais como a TV, ou em mídias digitais como as redes sociais, e-mails, sites e

blogs. Por outro lado, sua concorrente, Riachuelo, tem crescido fortemente na mídia, suas

novas estratégias foram patrocinar blogueiras de moda, produzir coleções assinadas por

estilistas famosos a preço acessível, além de ter presença em mídias digitais. Pensando nisso,

surgiu o interesse em entender ambas as marcas e como estas se utilizam de estratégias para

se aproximar da consumidora através do estudo comportamental do mesma, visto que os

posicionamentos das duas lojas são bem diferentes para um público da mesma classe

socioeconômica. Por isso surge a necessidade de entender quais são as características de

comunicação nas redes sociais das Lojas Renner e Riachuelo dirigidas à mulher da classe C.

Para entender o problema de pesquisa que foi entender quais são as estratégias de

comunicação das Lojas Renner e Riachuelo dirigidas às mulheres da classe C, o objetivo geral

foi comparar a comunicação empreendida pela Renner e Riachuelo nas redes sociais voltadas

à consumidora da classe C. Neste sentido, foram estipulados como objetivos específicos que

2 Disponível em: < http://www.gazetadopovo.com.br/economia/classe-c-deixa-de-ser-o-motor-do-consumo-

ec02msnnnutd7vvhkplht5zda>. Acesso em: 9 abril 2015. 3 Disponível em: <http://www.nielsen.com/br/pt/press-room/2015/Economia-desacelera-e-consumidor-

brasileiro-muda-seu-comportamento-de-consumo.html>. Acesso em: 9 mai. 2015.

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foram: identificar quais são as redes sociais utilizadas pelas duas empresas; identificar as

principais características da comunicação de cada uma das lojas nessas redes sociais;

comparar as características da comunicação de cada loja nas redes sociais voltada à mulher de

classe C .

A moda pode ser considerada uma necessidade social, pois ela acompanhou e evoluiu

historicamente junto à sociedade; mudou o comportamento dos indivíduos que buscavam,

desde antigamente, status, prestígio, aceitação social e identificação com classes sociais mais

nobres, o que fez surgir novos modos de produção e comercialização de produtos.

Atualmente, percebe-se inúmeras mudanças no consumo da classe média como consequência

da situação socioeconômica e política do país. Neste novo cenário, é preciso pesquisar e

entender esses novos consumidores para que as marcas saibam se comunicar de maneira

eficaz com seu público-alvo. Hoje, o consumidor da classe média brasileira está numa fase

complicada, pois após um momento de bastante consumo, muitos estão endividados com o

sistema de créditos. Ao mesmo tempo desejam consumir produtos da atualidade, uma vez que

o acesso a informação está mais democratizado, pois segundo Vaz (2012), as pessoas ficam

mais influenciadas pelo que vêm em redes sociais, sites e blogs.

Nos últimos anos vários estudos foram feitos sobre esse público na área da

comunicação, como o comportamento da classe C no varejo de moda, estratégias persuasivas

de revistas e novelas para a classe C, entre outros. Isso se deve ao grande potencial que a

classe média representa no país, visto que mais da metade da população encontra-se

classificada nesta faixa socioeconômica. O presente estudo foca nesse público, apresentando

uma comparação de lojas concorrentes frente à mudança de comportamento dos mesmos.

Além da importância do estudo para a comunicação, a autora tem interesse em estudar esse

tema para poder entender como essas empresas conseguem se comunicar com um público tão

vasto e “mutante” como está atualmente.

Este trabalho é relevante para o campo acadêmico, pois é importante para a academia e

para o mercado manterem-se atualizados sobre comportamento do consumidor,

principalmente porque a metade da população brasileira está mudando seu comportamento

devido à atual situação econômica do país. O capítulo 2, intitulado Comportamento do

consumidor: A Nova da classe C e a mulher como consumidora, trata sobre a evolução dessa

classe social devido a mudanças sociopolíticas. Essa classe aumentou seu poder de consumo

nos últimos anos, porém o país está enfrentando atualmente uma forte crise política e

econômica, junto com o fortalecimento da economia norte-americana que valorizou muito a

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sua moeda em comparação a moeda brasileira. Com isso, os consumidores se viram obrigados

a economizar e a cortar gastos.

O capítulo trata também sobre a pesquisa “Faces da Classe Média” (2014) publicada

no site Secovi, que caracteriza a classe C em vários grupos: promissores, jovens que

trabalham desde cedo; os batalhadores, que tem em média 40 anos e a maioria são mulheres;

Os experientes, têm idade média de 65 anos, são conservadores e controlados em relação às

despesas; os empreendedores têm idade média de 43 anos, são determinados e possuem muita

vontade de crescer, são bons administradores e consomem com cautela.

O capítulo também trata sobre o comportamento do consumidor e a importância de

saber conhecer o público da empresa para poder elaborar uma comunicação eficiente,

abordando os diferentes fatores que influenciam o consumidor, que segundo Kotler e Keller

(2012), são fatores culturais, sociais, psicológicos, idade e sexo. Além disso, aborda-se o tema

sobre as etapas de processamento de informação na mente do consumidor, no qual são

captados os estímulos e logo são armazenados; Segundo Solomon (2002) esses estímulos são

emoções, cores, beleza, sensualidade, animais, etc.

Outra questão importante neste capítulo e a mulher como consumidora; segundo a

pesquisa feita pela empresa Marisa (2013) a participação da mulher no mercado de trabalho

cresceu notavelmente nos últimos anos; com isso, seu poder de compra também cresceu. O

comportamento nas estruturas familiares mudou, sendo muitas vezes a mulher a matriarca da

família e a decisora de compras do grupo familiar. Isso as torna cada vez mais independente

financeiramente e essa evolução das mulheres na sociedade tem representado um aumento do

mercado potencial do setor de varejo de roupas femininas. Por isso os profissionais de

marketing precisam conhecer essa nova consumidora, pois os motivos que as influencia na

hora de comprar é diferente dos fatores persuasivos direcionados aos homens.

No capítulo 3 aborda-se a evolução da moda e o conceito de fast fashion. Segundo

Lipovetsky (2009), a moda surgiu como uma necessidade social de aproximar-se daqueles que

eram considerados superiores. Os burgueses desejavam consumir o estilo de vida dos nobres,

entretanto estes sentiam a necessidade de distinguir-se da nova classe rica. Esse

comportamento gerou um ciclo no qual as vestimentas eram remodeladas a cada temporada,

gerando assim a moda. Segundo Delgado (2011) e Contino (2009), fast fashion surgiu com a

necessidade de produzir roupas de maneira rápida e contínua, trocando coleções

semanalmente em resposta a rapidez e o acesso democrático de informação, junto com o

desejo das classes mais baixas de vestirem roupas parecidas em design e qualidade com as

roupas de grifes famosas. A partir disso, as fast fashions se utilizam de estratégias de

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marketing para atrair os consumidores e que os mesmos possam ter acesso à moda de uma

maneira mais democrática.

No capítulo 4, trata-se do tema o marketing e a internet, no qual as pessoas utilizam a

internet para receber informações sobre produtos e serviços que podem ajudar na toma de

decisões sobre qual produto consumir. Pensando nisso, as empresas devem estar presentes no

meio online para que consigam persuadir da melhor forma os consumidores.

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2. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: A NOVA CLASSE C E A MULHER

COMO CONSUMIDORA

Conhecer o comportamento do consumidor é muito importante para as empresas, pois

é a partir disso que serão elaborados os produtos em vista de atender as suas necessidades,

como também definir o modo de como se comunicar com eles. Segundo Solomon (2002) os

profissionais de marketing se dedicam a definir segmentos de clientes e a entendê-los e,

muitos dos profissionais, perceberam que um fator para o sucesso é construir relacionamento

entre marcas e clientes que possam durar toda a vida. Isso pode explicar o porquê do sucesso

das fast fashion, pois a produção do vestuário se baseia no desejo do consumidor da marca;

como foi comentado anteriormente, é ele quem decide o que “sai da arara”.

O consumidor é influenciado por inúmeros fatores culturais, sociais, e psicológicos.

Assim como existem diferenças entre homens, mulheres e crianças – ou qualquer outra faixa

etária – o consumidor também é influenciado por diferentes aspectos do consumo. Segundo

Kotler e Keller (2012), a cultura é o fator que mais influência no consumo, pois ela delimita

valores aos indivíduos que crescem com crenças que determinarão seu estilo de vida; a

subcultura, composta por religião, grupos raciais, nacionalidades ou regiões geográficas,

também influencia, pois fornece identificação e socialização mais específica aos seus

membros; assim como a classe social também influencia, pois seus membros possuem

valores, interesses e comportamento similares. Os grupos sociais, como a família e amigos,

também influenciam o consumo. Segundo Kotler e Keller (2012), e é o que mais influência no

processo de compra. Para os autores, as decisões e escolhas do consumidor também são

influenciadas por características pessoais, como idade e estágio do ciclo de vida, ocupação,

estilo de vida, personalidade, etc.

Vive-se em um mundo onde o consumidor é confrontado por milhões de informações,

mensagens publicitárias ou produtos e todas geram uma percepção do indivíduo, em que ele

absorve essas informações e as interpreta. Essas percepções se dão muitas vezes a partir de

sensações, no qual os indivíduos são expostos a uma sinfonia de cores, sons, aromas, etc.

Alguma dessas sensações ocorrem naturalmente e outras provêm de pessoas; cada indivíduo

presta atenção em alguns estímulos e elimina outros e é a partir disso que o profissional de

comunicação deve saber emitir a mensagem correta para o consumidor a fim de que ele

absorva a mensagem e a perceba de maneira que a empresa deseja.

Solomon (2002) afirma que as pessoas passam por etapas de processamento de

informações nas quais são captados os estímulos e logo são armazenados na memória. Porém,

12

somente um pequeno número dos estímulos gerados no ambiente é notado, e desse pequeno

número apenas alguns recebem a atenção do indivíduo. Os estímulos à consciência podem

não ser processados objetivamente, pois a interpretação de um estímulo é influenciada por

concepções, necessidades e experiências únicas. Para o autor, sensações vindas de ambientes

externos podem gerar experiências sensoriais internas, como lembranças de um determinado

momento. Essas sensações são uma parte importante do consumo hedônico, isto é, aspectos

multissensoriais, fantasiosos e emocionais que partem das interações dos consumidores com o

produto. Para Solomon (2002, p. 53), “a qualidade sensorial de um produto pode

desempenhar um importante papel ao fazê-lo se sobressair em relação aos concorrentes,

especialmente quando a marca cria uma associação única com a sensação.”

Um dos sistemas sensoriais mais eficientes na comunicação é a visão, pois muitos

significados são comunicados pelo canal visual através da cor, tamanho e estilo de produto, a

cor pode até influenciar diretamente as emoções do indivíduo. Além da mente do receptor, é

importante entender as características do próprio estímulo para poder determinar o que pode

ou não ser notado pelo receptor. Segundo Solomon (2002), a cor é uma maneira poderosa de

chamar a atenção para um produto ou dar uma identidade distinta à marca e a posição, ou seja,

estímulos que estão em lugares com mais probabilidades de serem vistos têm mais chances de

serem notados.

Para Barbosa (2014), a publicidade não vende somente o produto, mas tudo o que

supostamente está associado a ele, como sentimentos e sonhos. Por outro lado, segundo a

autora, o desejo de consumir pode ser resumido à recompensa em nível cerebral, ou seja, é

como um sistema de recompensas que basicamente motiva o indivíduo a consumir, sendo

parte do seu inconsciente. Isso acontece quando uma pessoa desperta algum tipo de

expectativa e isso aciona o sistema de recompensa do cérebro,

As expectativas são extremamente pessoais, variando de pessoa para pessoa de

acordo com seus sonhos, desejos e vontades. Há desejos comuns entre os indivíduos,

como querer ter filhos, uma família, um companheiro ou companheira, saúde, paz

casa própria, estabilidade financeira, entre outros. E é justamente por meio desses

sonhos que as empresas de marketing montam suas estratégias de atuação

(BARBOSA, 2014, p. 126).

O marketing utiliza algumas estratégias específicas para atingir os indivíduos como

consumidores – muitas delas bem evidentes, entre as quais pode-se citar as conexões com a

infância, animais, a sensualidade, a beleza, o poder, a superstição, os sonhos.

13

O marketing que antes era feito por meio de rádio, jornais, folhetos, cartazes,

comerciais de televisão e anúncios em revistas, hoje conta com uma nova rede de

comunicação: a internet, que inclui o uso de e-mails, blogs, sites e grupos sociais

para divulgação, além da nova moda de usar produtos de marca como acessórios

cenográficos de filmes, seriados e novelas (BARBOSA, 2014, p. 127).

Muitas empresas investem atualmente na internet, que é um novo meio de

comunicação no qual o consumidor passa bastante tempo conectado. Segundo Miranda, em

entrevista ao Meio e Mensagem (2015), a oportunidade num ambiente com desaceleração da

economia é sensibilizar o consumidor para que ele escolha uma marca entre várias opções

disponíveis. Para isso, precisa ser muito mais assertivo no investimento que faz, o que traz um

desafio enorme ao profissional de marketing. Porém não se deve deixar de investir, pois em

um momento de incerteza, o consumidor quer se sentir seguro, escolher marcas que deem a

ele confiança e estejam presentes. Atualmente o cenário digital está muito presente no

cotidiano das pessoas, o que traz uma oportunidade às empresas. Estar presente online

aproxima mais a empresa com o consumidor, fazendo com que este tenha mais lembrança de

marca e desperte mais atenção e desejo de compra de um determinado produto ou serviço,

visto que, através do conteúdo veiculado, pode-se gerar mais interesse do público para com a

empresa.

Antes de estudar as lojas de fast fashion direcionadas à classe média é preciso entender

quem são as pessoas integrantes da classe C. Nos últimos anos, o Brasil passou por uma

mudança histórica, pois graças às transformações sociais, políticas e econômicas, muitas

pessoas emergiram da classe D para a classe C, correspondendo quase a 54% da população. A

pesquisa “Faces da Classe Média” (2014) publicada no site Secovi, considerara a classe C as

famílias que tinham como renda mensal per capita (por pessoa da família) entre R$ 320,00 a

R$1120,00. A pesquisa analisou a classe média sob a óptica da família e do trabalho, com a

visão de mundo e a relação com o consumo dessa classe, e concluiu que a classe média é

composta por quatro fases, ou quatro grupos: os promissores, os batalhadores, os experientes,

e os empreendedores.

O grupo que corresponde aos promissores correspondem a 19% da classe média,

caracterizam-se por ser responsáveis por 20% da renda da classe média, têm idade média de

22,2 anos, 59% deles possuem ensino médio completo, 57% possuem carteira assinada e 43%

vivem no sudeste do país. A maioria trabalha desde cedo e compreende isso como uma

obrigação e uma responsabilidade; geralmente estudaram mais que seus pais, são

extremadamente conectados, já que 72% deles acessam a internet. Valorizam o consumo,

desde que haja cautela, são mais inexperientes na relação com o crédito e estão mais

14

propensos a consumir educação, móveis e eletrodomésticos, moda e beleza, tecnologia,

veículos e entretenimento.

Os batalhadores correspondem aos 39% das pessoas pertencentes à classe média

brasileira, têm a idade média de 40 anos, 48% deles possuem ensino fundamental completo,

49% possuem carteira assinada, 57% são mulheres, e são responsáveis por 33% da renda da

classe média. Suas conquistas vieram por meio de muito trabalho e esforço; com a

estabilidade, eles têm a expectativa de menos privação e de uma vida melhor para seus filhos.

Eles consideram o crédito uma oportunidade para conseguir comprar seus bens, controlam

melhor as despesas depois de experiências negativas no passado, são mais propensos a

consumir turismo nacional, móveis e eletrodomésticos, imóveis, eletroeletrônicos, veículos e

seguros.

Os experientes correspondem a 26% das pessoas da classe C, 4 em cada 10 são

autônomos e viúvos, a idade média é de 65 anos, 58% são mulheres, 59% possuem ensino

fundamental completo e são responsáveis por 23% da renda da classe média. Apesar da

aposentadoria, muitos ainda se mantêm no trabalho, possuem uma visão mais conservadora

do mundo. Os experientes são extremadamente controlados em relação às despesas, mas

planejam desfrutar da aposentadoria, lutam para manter o padrão de consumo no futuro; são

mais propensos a consumir móveis e eletrodomésticos, serviços de saúde, turismo nacional e

eletroeletrônicos.

Os empreendedores correspondem a 16% das pessoas da classe média. Eles têm idade

média de 43 anos, 19% possuem ensino superior completo, 78% são homens e 49% vivem no

sudeste. São responsáveis por 24% da renda da classe média, são determinados e possuem

muita vontade de crescer; são conectados às novidades, pois 60% deles acessam a internet.

São bons administradores de suas finanças e consomem maior cautela, apesar da renda mais

alta, pois eles já se endividaram no passado. Estão propensos a consumir educação

profissional, tecnologia, entretenimento, eletroeletrônicos, veículos e turismo internacional.

O que se reflete conhecendo mais detalhadamente este grupo de consumidores é que

as empresas poderão se destacar no mercado e irão atingir o seu público-alvo se elas

reconhecerem seus valores individuais e oferecerem soluções adequadas aos seus hábitos,

gostos e comportamentos. Analisando cada um desses perfis, nota-se que o foco das Lojas

Renner e da Riachuelo são os consumidores promissores e empreendedores da classe C

brasileira. São as pessoas que mais evoluíram em seu comportamento e no seu estilo de vida

da classe média, são também os mais jovens de todos os grupos e normalmente tendem a estar

mais “antenados” na moda e nas novidades.

15

Os jovens são geralmente mais preocupados com a moda e geralmente gastam uma

percentagem significativa de sua renda em vestuário. De acordo com diversas

pesquisas sobre o poder de consumo dos jovens, os gastos com vestuário estão entre

os três maiores gastos mensais em todas as classes sociais analisadas dessa faixa da

população (MARISA, 2013).

Outro estudo mencionado pela empresa é que, segundo o Data Popular, publicado no

site da Loja Marisa, 5,1% da renda da classe C é destinada para o consumo de vestuário. E,

no gasto total em vestuário no Brasil, a classe C corresponde por 48,3%.

Segundo a pesquisa, atualmente, a participação da mulher no mercado de trabalho

cresceu notavelmente. Segundo Marisa (2013), “mais de 70% das mulheres inseridas no

mercado de trabalho estão empregadas no setor de serviços, em comparação com 42% entre

os homens”. Com isso o comportamento nas estruturas familiares mudou com o tempo, pois

antigamente o homem desempenhava maior poder social na família, hoje esse papel está

sendo desempenhado na maioria das vezes pelas mulheres, que têm a decisão de compra e

consumo da família. “A evolução do papel da mulher na sociedade, bem como sua maior

participação no mercado de trabalho e na economia brasileira, tem representado um aumento

do mercado potencial do setor de varejo de roupas femininas.” MARISA (2013).

Segundo Johnson e Learned (2005), muitas mulheres que trabalham fora de casa

contribuem com metade da renda familiar, o que as torna cada vez mais independentes

financeiramente. Segundo os autores, a maioria dessas mulheres serão as únicas responsáveis

por suas finanças em algum momento da vida adulta. Kotler e Keller (2012) afirmam que,

dentro de uma família, a esposa atua cada vez mais como agente de compras da família, como

alimentação e vestuário. Essas mulheres, segundo os autores, respondem de forma diferente

dos homens às mensagens de marketing, pois elas valorizam conexões e relacionamentos com

a família e os amigos; já os homens, valorizam as competições e priorizam a ação.

Para Popcorn e Marigold (2000), as mulheres influenciam a maioria das compras e

conseguem absorver mais informações sobre um determinado produto comparado aos

homens. Além disso, as mulheres não criam laços com as marcas que fazem marketing de

maneira muito agressiva; segundo as autoras, ninguém consegue intimidar uma mulher para

que a mesma compre algum produto caso ela não o queira ou não precise.

A presença das mulheres em posições de autoridade é um fenômeno bem recente. A

evolução de uma nova classe gerencial de mulheres tem forçado os profissionais de

marketing a mudar suas tradicionais suposições sobre as mulheres quando se

dirigem a esse mercado em crescimento (SOLOMON, 2002, p.123).

16

Esse fenômeno é consequência do avanço social que a mulher teve nos últimos anos,

pois ela deixou de trabalhar somente em casa cuidando da família para trabalhar fora e

conseguir o sustento de sua vida, deixando-a independente, segura e economicamente estável.

Em vista disso, o comportamento das mulheres e suas percepções de vida mudaram; se

antigamente se tratava a mulher com papeis mais tradicionais como a mantenedora do lar,

frágil e inocente, hoje a mídia trata as mulheres como pessoas poderosas, decididas e

confiantes. Isso se reflete também no consumo de moda das mulheres, desde a forma de como

elas se vestem e sua postura diante da sociedade como também a maneira que ela é

representada na publicidade.

17

3. A EVOLUÇÃO DA MODA E O CONCEITO DE FAST FASHION

Segundo Lipovetsky (2009) “a moda está no comando de nossas sociedades; a sedução

e o efêmero tornam-se, em menos de meio século, os princípios organizacionais da vida

coletiva moderna. Segundo o autor (2009, p.43) “a moda é um sistema original de regulação e

de pressão social: suas mudanças apresentam um caráter constrangedor, são acompanhados do

dever de adoção e de assimilação, impõem-se mais ou menos obrigatoriamente a um meio

social determinado”.

Segundo o autor, a propagação da moda deve-se ao desejo dos indivíduos de

aproximar-se daqueles que são considerados superiores, que possuem prestígio e posição

social; a moda, então, consegue propagar-se na imitação dos comportamentos que propagou-

se de cima para baixo, do superior ao inferior. Porém, a expansão social da moda não atingiu,

primeiramente, as classes subalternas, pois durante séculos, o vestuário respeitou globalmente

as hierarquias das condições, pois cada estado usava trajes próprios. Essa tradição

impossibilitava as classes plebeias de se vestir como os nobres, de vestir os mesmos tecidos,

joias e acessórios.

A moda permaneceu assim por muito tempo, como um consumo luxuoso e de

prestígio, no qual era exclusivo às classes nobres. Porém, a partir do século XIII e XIV,

começou a constituir-se uma nova classe rica: os burgueses; esses novos-ricos, que viviam do

comércio, tinham padrão de vida ostentoso, se vestiam como os nobres e se cobriam de joias e

tecidos luxuosos, no qual rivalizava com a elegância da nobreza de sangue.

Ainda que o traje burguês jamais tenha igualado o brilho, a audácia, a ostentação

aristocrática, ainda que se difunda com atraso, quando o uso começa a desaparecer

na corte, ocorre que um movimento lento e limitado de democratização da moda, de

mistura das condições do vestuário (LIPOVETSKY, 2009, p.45).

Segundo o autor, a instabilidade da moda se baseia nas transformações sociais que se

produziram no decorrer da segunda Idade Média; com a ascensão econômica da burguesia,

surgiu o desejo de reconhecimento social e ao mesmo tempo a crescente tendência de

imitação da nobreza. Para Lipovetsky (2009), a nobreza, para manter distância social dos

burgueses, se via obrigada a inovar e modificar sua aparência; porém, graças a prosperidade e

audácia da burguesia, estes conseguiam alcançar prestigiosas roupas usadas pela nobreza, com

isso impunha-se novamente a mudança para reinscrever o afastamento social; desse duplo

movimento de imitação e distinção social nasce a reinvenção da moda.

18

Mas, segundo o autor, é na segunda metade do século XIX que nasce a moda no

sentido moderno, o qual se caracteriza por articular-se em duas indústrias novas: a alta costura

de um lado, e a confecção industrial por outro. A moda dessa época era destinada somente aos

ricos que podiam bancar produtos e roupas luxuosas que transmitiam status e prestígio social,

enquanto que as confecções tradicionais fabricavam roupas de pouca qualidade e design,

destinada às classes mais pobres.

Segundo o autor, se a cultura de massa está interessada na moda, é também porque

gira em torno das celebridades; antigamente chamadas de estrelas e ídolos, essas figuras de

charme com sucesso prodigioso, impulsionam adorações e paixões extremas até hoje. As

estrelas despertaram comportamentos de miméticos na população. Além da beleza, a estrela

conquista seu público pela personalidade, pelo tipo de homem ou de mulher que consegue

impor na mídia

Segundo autor, entre os dois eixos – alta costura e confecção tradicional - nunca

deixou de existir organizações intermediárias de pequenas e médias costuras, visto que na

França, muitas mulheres continuaram recorrendo às costureiras ou realizavam elas próprias

seus vestidos, a partir de “moldes” que eram vendidos em magazines ou eram distribuídos

pelas revistas de moda. Além disso, nos países fortemente industrializados, como os Estados

Unidos, não se limitaram a uma produção de baixo preço, mas sim se diversificaram a oferta e

fabricaram-se artigos de diferentes qualidades.

Mas, segundo Lipovetsky (2008), a verdadeira revolução da moda é a que transformou

a lógica da produção industrial: o que é chamado prêt-à-porter. Foi criado em 1949 por J.C

Weill, na França, e sua expressão é tirada do ready-to-wear (pronto para usar), criado uma

década antes nos Estados Unidos. Diferente da confecção tradicional, o prêt-à-porter tem

como objetivo produzir industrialmente roupas acessíveis a todos, como também produzir

“moda” inspirada nas últimas tendências do momento; ao passo que a roupa de confecção

apresentava, muitas vezes, um corte defeituoso, falta de acabamento e qualidade o prêt-à-

porter uniu a indústria e a moda, colocando a novidade, o estilo, a estética acessível a todos.

Para Bourdieu, apud Featherstone (2007), “O gosto classifica, e classifica o

classificador”. Para Featherstone, as preferências de consumo e de estilo de vida envolvem

julgamentos discriminadores que caracterizam o julgamento do indivíduo e ao mesmo tempo

torna passível deste mesmo indivíduo ser classificado pelos outros. Preferências de consumo e

estilos de vida são associados a determinadas classes sociais tornando possível distinguir os

indivíduos por seu estilo de vida. Para o autor, o objeto ou mercadoria ganha prestígio por

meio do valor de troca, especialmente no caso de sociedades aristocratas que se viram

19

obrigadas a dividir seus estilo de vida com os novos-ricos. Nota-se então, que a sociedade

pode ser classificada de acordo com seu modo de consumir, seus gostos e eu estilo de vida;

classes mais baixas buscam o mesmo prestígio e o mesmo estilo de vida que as classes mais

altas, nota-se esse comportamento desde o surgimento do capitalismo, até os dias atuais. Por

isso a moda se propagou na história e fez com que novos modos de produção surgissem, para

assim, bens e mercadorias fossem acessíveis a todos.

Em 1990 surgiu na Europa o conceito de fast fashion, como uma expressão utilizada

pela mídia para identificar a alteração cada vez mais veloz da moda que algumas empresas

acabaram aderindo, como a Zara e a H&M.

O fast fashion é o chamado circuito curto ou Quick Response System que nasce no

Sentier, um bairro de Paris, com pequenos comerciantes do setor têxtil que começam

sua produção tardiamente após a certeza de algumas tendências para não errar e

perder vendas (EMER, apud DELGADO, 2008, p. 6).

Na indústria da moda, os novos produtos geralmente são apresentados e organizados

em coleções distribuídas ao longo do ano de acordo com as estações. Deste modo, as lojas

têm de duas a quatro coleções anuais.

Nos últimos anos, entretanto, vem se estabelecendo nova dinâmica a partir de certas

empresas do setor, que passaram a ter até vinte lançamentos por estação. Estas

empresas adotaram o chamado sistema fast fashion (CONTINO, 2009, p. 6)

Com isso, podemos concluir o que é defendido por Cheskin (1964) de que todas as

indústrias se reforçam em imitar o método dos grandes costureiros e essa é a chave do

comércio moderno. E isso é aplicável desde o começo da moda até os dias de hoje.

As lojas Renner e a Riachuelo se caracterizam por serem lojas de departamento

especializadas em moda, são denominadas “Fast Fashion”, que significa “moda rápida”,

Segundo a Revista Revide4 as Fast Fashion “são marcas que possuem uma política de

produção rápida e contínua de suas peças, trocando as coleções semanalmente, ou até

diariamente, levando ao consumidor as últimas tendências da moda em tempo recorde e com

preços acessíveis.”

As primeiras empresas a criarem o modo fast fashion foram as lojas H&M, Zara e Top

Shop. No Brasil algumas empresas varejistas da moda criam parcerias com renomados

estilistas nacionais e ultimamente internacionais como Isabela Capeto, Oskar Metsavant,

Maria Bonita Extra e até parcerias com a Versace, como foi a nova coleção de verão da

4 Disponível em: < http://www.revide.com.br/moda/o-conceito-de-fast-fashion/>. Acesso em 25 maio 2015.

20

Riachuelo. As marcas aproveitam o que o consumidor tem de melhor, não através do poder

aquisitivo mas sim através do conhecimento de mercado e do estilo que cada um tem.” Essas

coleções são produzidas a partir do desejo dos consumidores, diferente das coleções “Prêt-à-

porter”, que significa prontas para levar, são roupas mais baratas que as roupas de grife,

porém a diferença é que a coleção inteira é produzida uma vez só para toda a temporada.

Para conquistar um público diversificado, as redes de fast fashion também investem

em coleções semi-exclusivas, além das linhas básicas que são voltadas para o consumo de

massa. Esses produtos diferenciados, são direcionados ao consumidor que se preocupa com a

marca e a inovação estética da roupa e são fabricados em larga escala a partir da demanda do

mercado. Delgado (2011) também afirma que a distribuição desses produtos é pulverizada

para o mundo todo, dando a impressão de que há uma produção pequena por modelo, ou a

sensação de uma semi-exclusividade. Segundo Contino (2009), ao diminuir a quantidade de

produtos do mesmo modelo, a variedade deles é aumentada, dessa forma o consumidor pode

comprar mais produtos num menor espaço de tempo, aumentando as possibilidades de venda

de um determinado produto e diminuindo a chance de que o mesmo tenha que entrar em

liquidação, aumentando assim a margem de lucro da empresa sobre o total das vendas.

Segundo Contino (2009), diversos mecanismos são utilizados pelas empresas para

estimular o consumidor a aderir ao novo comportamento, como a troca acelerada das vitrines

e da decoração dos pontos de venda, como também os altos investimentos em marketing.

Uma estratégia comum às populares lojas de departamentos é a de vender coleções de

estilistas ou marcas de produtos de luxo que são produzidas especialmente para

comercialização nessas lojas, porém com preços mais baixos que nas grifes originais. Outras

vezes associam-se nomes de celebridades às coleções com o objetivo de atrair mais

consumidores. Essas estratégias, hoje, estão sendo utilizadas também no meio online: uso de

celebridades da internet, compartilhamento de conteúdo sobre tendências de moda nas redes

sociais, etc., são algumas das estratégias utilizadas nesse novo meio de comunicação. Por isso

é importante estudar esse novo meio para estar cada vez mais próximo das consumidoras de

moda.

21

4. O MARKETING NA INTERNET

A internet é um grande meio de comunicação das pessoas e das empresas, visto que

sua expansão nos últimos anos cresceu notavelmente; é nela que as pessoas se relacionam,

acessam informações, se entretêm e também consomem bens e serviços. Segundo Vaz (2011,

p.46), “A internet é uma rede de pessoas, não de computadores, e deve ser olhada como tal. É

preciso entender o ser humano para entender a internet”. Por isso é importante que as

empresas saibam qual é o comportamento do seu público-alvo nesse meio virtual, para assim

conseguir se comunicar melhor com os mesmos.

Atualmente vive-se uma era onde a moeda mais valiosa é a informação, e graças a

internet a informação está mais democrática e acessível a todos como nunca antes. Segundo o

autor, a informatização elevou seu nível do fluxo e organização e isso se vê hoje na integração

da cadeia de suprimentos no qual os níveis de estoque diminuíram, aumentando a margem de

lucro dos varejistas. Ao mesmo tempo que a moeda se estabilizava e o consumo no país

crescia, os sistemas que melhoraram o fluxo de informação por meio da cadeia de

suprimentos que transformaram o mercado de orientação para o produto para orientação para

a demanda. Isto é, os custos da produção que eram mais focados na produção de bens,

passaram a focar mais na prestação de serviços como mídia, entretenimento, educação, saúde

e serviços financeiros, no qual a maioria deles dependem exclusivamente da informação e do

conhecimento.

Vivemos a era da informação e da verdade. Nada mais pode ser escondido ou

acobertado com a facilidade com a qual até então se fazia. A informação permeou

todos os grandes acontecimentos dos últimos séculos, tornando-se cada vez mais

importante e presente (VAZ, 2011 p.47).

Segundo Vaz (2011), o ciclo de compra de produtos e serviços pela internet se baseia

primeiro em que o indivíduo percebe uma necessidade a ser preenchida ou um desejo para ser

realizado, ele busca na internet uma solução. Encontra uma determinada empresa e acessa seu

site; então a pessoa analisa as informações obtidas sobre o produto ou serviço e são essas

informações que fazem o consumidor comprar a ideia de que o produto ou serviço é adequado

a ele. Visto que, segundo o autor, quanto mais o consumidor sabe sobre o produto, maiores

são as chances do mesmo ser um provável comprador.

Segundo Vaz (2011, p. 54), “o comportamento do consumidor ao adquirir algo é muito

parecido em várias instâncias e boa parte dele é decidido pelas informações que ele consegue

obter antes da compra de fato.” Isto é, o consumidor procura informações sobre o produto ou

22

serviço e compara com as informações dos concorrentes e então decide qual é o melhor para

ele.

A internet, além de gerar valor para os consumidores, é uma mídia principal e não de

apoio. Hoje é importante ter integração nas campanhas publicitárias; quem anuncia na TV em

revistas, precisa estar presente na internet, um meio que cresce notavelmente a cada ano e tem

grandes perspectivas. Claro que anunciar na internet é diferente dos meios tradicionais, além

de ter formatos de anúncios diferentes, o público da internet e muito mais crítico do que os

que não acessam a rede, e segundo Vaz (2011), isso se deve a que os mesmos são mais jovens

e têm melhor formação acadêmica.

Conquistar esse público tem exigido verdadeiros malabarismos das empresas e,

certamente, utilizar a internet de maneira sinérgica com a imprensa e a grande e

tradicional mídia deve fazer parte dessa estratégia, (...) a internet em muito pouco

tempo será mídia principal, e preparar-se para isso desde já é imperativo para a

sobrevivência de empresas e veículos (VAZ, 2011 p. 78).

Atualmente, vender se baseia em que o consumidor construa a marca da empresa e a

necessidade do produto na sua própria mente. E para isso, é preciso que a empresa tenha um

certo grau de comunicação para que o consumidor perceba que está ganhando mais valor do

que o preço pelo qual está pagando e faça a compra. Existem também, no universo da internet

os influenciadores de compra, e estes são os próprios consumidores do produto, pois qualquer

opinião sobre o mesmo fica guardado na internet durante anos em sua memória e essas

opiniões na internet tem efeito cumulativo. Por isso que as empresas devem trabalhar mais as

suas marcas de forma gradual e contínua na internet.

23

5. METODOLOGIA

As Lojas Renner e Riachuelo são duas empresas do ramo vestuário dirigidas à mulher

da classe média e têm, frente as situações socioeconômicas atuais, ganhado grande espaço na

mídia, inclusive nas mídias digitais, que é um espaço relativamente novo para anúncios

publicitários. Por isso, é interessante comparar a comunicação de ambas lojas, que são

concorrentes, e entender como elas se comunicam com a classe média brasileira.

Este trabalho é de natureza qualitativa, no qual o ambiente natural é a fonte direta para

coleta de dados, interpretação de fenômenos e atribuição de significados. No caso desta

pesquisa, o ambiente natural em questão são os sites e redes sociais os quais apresentam a

comunicação publicitária das lojas Renner e Riachuelo, que justamente por apresentarem

conteúdo de cunho comercial, estão propositalmente publicamente acessíveis a qualquer

consumidor das marcas. A respeito da natureza investigativa,

A expressão pesquisa qualitativa assume diferentes significados no campo das

ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que

visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de

significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do

mundo social, trata-se de reduzir a distância entre o indicador e indicado, entre teoria

e dados, entre contexto e ação. (...) Em certa medida, os métodos qualitativos se

assemelham a procedimentos de interpretação dos fenômenos que empregamos no

nosso dia a dia, que têm a mesma natureza dos dados que o pesquisador qualitativo

emprega em sua pesquisa. Tanto em um como em outro caso, trata-se de dados

simbólicos, situados em determinado contexto. Revelam parte da realidade ao

mesmo tempo que escondem outra parte (MAANEN apud NEVES, 1996, p. 1).

Este estudo apresenta como técnica de pesquisa a análise comparativa e descritiva, no

qual a partir dos conteúdos coletados, se analisou e comparou a forma como os mesmos

representam as mulheres da classe média, a linguagem que as marcas utilizam com as

consumidoras, quais estratégias comerciais elas utilizam no meio online e como se caracteriza

a estética utilizada por cada marca em suas peças publicitárias veiculadas na internet.

O método comparativo procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos

ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles. Sua ampla

utilização nas ciências sociais deve-se ao fato de possibilitar o estudo comparativo

de grandes grupamentos sociais, separados pelo espaço e tempo. Assim é que podem

ser realizados estudos comparando diferentes culturas ou sistemas políticos. Podem

também ser efetivadas pesquisas envolvendo padrões de comportamento familiar ou

religioso de épocas diferentes (GIL, 1991, p. 35).

Segundo Gil (1991, p. 45), as pesquisas descritivas têm como objetivo principal a

descrição das características de uma população ou fenômeno ou a implantação de relações

24

entre variáveis. Também são pesquisas descritivas aquelas que propõem descobrir associações

entre variáveis; o universo da pesquisa foram as comunicações presentes nas redes sociais e

site de compartilhamento de audiovisuais no mês de outubro de 2015 que as empresas Lojas

Renner e Riachuelo utilizaram para transmitir suas mensagens de natureza publicitária:

Facebook, Instagram e Youtube. Deste universo foram coletadas 18 amostras por

conveniência, de acordo a critérios subjetivos de semelhanças dos posts de cada marca, um

corpus que serviu como amostra representativa do universo total de comunicação de ambas as

lojas. Foi realizada uma análise comparativa da comunicação das empresas, com o conteúdo

estudando, a forma de redação e representação da mulher na mensagem publicitária e a

direção de arte utilizadas em cada empresa. Logo, foram comparadas semelhanças e

diferenças de comunicação de cada empresa com relação ao seu público-alvo.

5.1 Renner

Segundo o blog Mundo das Marcas (2012)5, a Renner surgiu em 1922, quando a loja

fazia parte do grupo A. J. Renner (indústria fabril instalada no bairro Navegantes, em Porto

Alegre/RS) inaugurou seu primeiro ponto-de-venda para a comercialização de artigos têxteis.

Em 1940 o mix de produtos foi ampliado e passou a funcionar como uma loja de

departamentos; porém, foi apenas em 1965 que a empresa surgiu oficialmente. Devido ao seu

crescimento e evolução, o grupo A. J. Renner decidiu tornar independentes as empresas que o

formavam, constituindo a companhia Lojas Renner S.A. Logo depois, em 1967, as Lojas

Renner se transformaram em uma empresa de capital aberto e em 1979 introduziu no Brasil,

de forma pioneira, o Cartão Renner, que possibilitou o pagamento parcelado das compras.

Em 1990, depois de muitos anos de ótimo desempenho, a empresa passou por uma

mudança na sua estrutura e começou a funcionar como formato de loja de departamentos

especializada em moda focada mais no público feminino; impulsionada pela bem sucedida

mudança e pela implantação da Filosofia de Encantamento (que tem como objetivo superar as

expectativas dos clientes ao invés de somente satisfazê-los), a marca expandiu seu mercado

para os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito

Federal, consolidando assim sua posição no mercado de varejo de moda com produtos de

qualidade e preços competitivos.

5 Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/09/lojas-renner-voc-tem-seu-estilo-

renner.html>. Acesso em: 28 maio 2015.

25

Assim, a marca ficou mais próxima aos seus principais concorrentes: Riachuelo e

C&A. No entanto, enquanto a C&A se especializou em moda jovem e os produtos da

Riachuelo eram pensados, nesse momento, para donas de casa e mães de família, o foco da

Renner foi a mulher moderna, atuante no mercado de trabalho. Nesta época, a Renner criou o

“Encantômetro”, um painel eletrônico localizado nas saídas das lojas e que tem por objetivo

monitorar a qualidade do atendimento oferecido aos consumidores, além de saber a percepção

e grau de encantamento dos clientes. Esse painel está presente até hoje em algumas lojas.

Em 1991, a J. C, Penney Brazil, Inc. adquiriu o controle acionário da empresa,

proporcionando a Renner alguns benefícios operacionais, como o acesso a fornecedores

internacionais, consultoria de especialistas na escolha de pontos comerciais, e adição de

procedimentos e controles internos diferenciados. Em 2002, foi implementado o conceito de

lifestyle nas coleções da loja, ou seja, as coleções passam a ser desenvolvidas conforme

diferentes estilos de vida e são compostas por marcas próprias da empresa, como a Just be,

Blue Steel, Rip Coast, Get Over, Request, que refletem um jeito de ser e de vestir, com base

no comportamento dos consumidores. As lojas também começam a expor os seus produtos de

forma mais coordenada, facilitando a escolha do consumidor e otimizando o tempo de

compras.

Em junho de 2005, a Renner integrou-se no Novo Mercado da Bovespa sendo a

primeira Companhia brasileira a ter seu capital pulverizado e aproximadamente 100% de suas

ações em circulação. Com isso, a empresa lançou novos serviços financeiros, como as vendas

financiadas em 0+8 parcelas fixas com encargos, os Empréstimos Pessoais (incluindo Saque

Rápido), os Títulos de Capitalização e os Seguros, comercializados por meio do Realize

Renner.

Em 2006, devido à abertura de capital na Bolsa, a empresa se expandiu, sendo

inauguradas 15 lojas ao longo do ano, totalizando 81 lojas. No ano de 2007, a rede chegou ao

Norte do Brasil, intensificou sua presença no nordeste com novas lojas em Sergipe e na

Paraíba e fortaleceu a marca na Bahia. Neste ano foram abertos 14 novos pontos-de-venda,

chegando ao somatório de 95 lojas. A crise de 2009 desencadeou um cenário desafiador, o

que foi uma oportunidade para a rede conquistar novos mercados em todo o país.

Atualmente, a Renner é a segunda maior rede de lojas de departamento de vestuário do

Brasil, formada por 102 lojas, das quais 95 instaladas em Shopping Centers e 7 em pontos

centrais de cidades, nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Nas

lojas podem ser encontradas peças de roupas e acessórios, setor de calçados e moda íntima e

26

os setores de beleza e perfumaria, os quais vendem produtos de marcas consagradas

internacionalmente.

A empresa pouco mudou sua identidade visual. A primeira logo da marca apresentava

o selo R que permanece até hoje, com letras vermelhas e escrito Lojas Renner em maiúscula.

Sua primeira mudança foi tirar o nome Lojas da marca e inverter as cores, adquirindo um

visual sugerindo 3 dimensões, tornando a identidade visual da empresa mais moderna e

dinâmica. Atualmente, sua identidade visual é um retângulo vermelho com o selo R e o nome

Renner dentro, porém, não é mais em 3 dimensões.

Figura 1: Evolução da identidade visual Renner

Fonte: elaborada pela autora6.

5.2 Riachuelo

Segundo o site da marca e o blog O Mundo das Marcas, a loja Riachuelo surgiu em

1947 como uma rede de pequenas lojas de rua, as quais vendiam tecidos a preços acessíveis.

Em 1979 o Grupo Guararapes (fundado em 1956, em Recife) comprou a rede de varejo e

iniciou um processo de reestruturação e mudança estratégica de posicionamento, passando a

vender roupas prontas para o consumidor final, com boa qualidade a preços baixos, de forma

a satisfazer o consumidor e agregar valor à marca.

Com o passar dos anos, as lojas de varejo do grupo passaram a incorporar espaços

comerciais mais amplos e em 1993 o foco da rede passou a ser a “moda mais democrática”,

investindo em tendências nacionais e internacionais, preservando os preços acessíveis, sempre

melhorando a qualidade e a oferta de produtos. A partir da década de 90 a Riachuelo passou a

6 Disponível em: < http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/09/lojas-renner-voc-tem-seu-estilo-

renner.html> e < http://www.lojasrenner.com.br/> Acesso em 11 nov. 2015.

27

desenvolver marcas próprias, cada uma com identidade visual própria e voltada a público-alvo

específico. Exemplo disto foi marca Pool, destinada aos jovens, que alcançou o patamar de

ícone de moda nos anos 80, chegando até mesmo a patrocinar o piloto Ayrton Senna no início

de sua carreira, quando participava da Fórmula 3 e Kart. Com as novas estratégias

implementadas, a Riachuelo triplicou o seu faturamento de 1993 a 2003.

Figura 2: Ayrton Senna patrocinado pela marca Pool

Fonte: Site Grande Prêmio Uol7

Com o transcorrer da sua história, o Grupo Guararapes investiu gradativamente em

pesquisa, criação, desenvolvimento e processo de distribuição com o objetivo de criar um

modelo integrado para aperfeiçoar o tempo de produção e entrega dos produtos na rede de

lojas. Atualmente, conta com três centros de distribuição de produtos: um em Guarulhos (SP),

outro em Extremoz (RN) e o outro em Manaus. Segundo o site da marca8, além das reformas

e melhorias de sua infraestrutura, em 2004 a empresa mudou a sua estratégia de marketing,

reduzindo o investimento em mídia convencional e focando no processo de verticalização,

comercializando produtos com preços mais baixos, porém com qualidade superior.

Em 2012, a rede lançou a linha de produtos femininos plus size, reforçando seu

posicionamento de moda democrática no país. Em 2013, inaugurou a primeira unidade da loja

7 Disponível em: < http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/2012/11/senna-e-pool/> Acesso em 11 nov

2015. 8 Disponível em: <http://www.riachuelo.com.br/a-riachuelo/empresa>. Acesso em 24 maio 2015.

28

conceito Riachuelo Mulher, na rua Oscar Freire em São Paulo, onde se localizam as lojas de

marcas mais sofisticadas, internacionais, como Versace, Marc Jacobs e Dior. A loja é voltada

ao público feminino e tem como diferencial um ambiente confortável, aconchegante

composto por cores, móveis e decoração semelhantes a um closet feminino. O objetivo foi

alcançar o público que frequenta essa região, oferecendo apenas as peças premium da marca

confeccionadas com a parceria de grandes estilistas. Segundo o Portal Terra (2015), “a

varejista, que conta com 178 lojas próprias espalhadas pelo país, está avaliada em R$ 1,56

bilhão e ocupa o 33º lugar – em 100 posições – no ranking de 2013 da Brand Finance Brasil,

que lista as empresas mais valiosas do país”.

Atualmente, a rede de lojas possui 11 marcas, além de edições especiais, com coleções

assinadas por celebridades. O foco refere-se ao segmento da classe média, com lojas

ambientadas e divididas em seis setores: moda feminina, masculina, infantil, acessórios, moda

casa e decoração. Além disso, a marca possui o Cartão Riachuelo, que soma mais de 22

milhões de associados, constituindo-se como uma maneira fácil de disponibilizar crédito aos

seus clientes. Além do cartão de crédito, a empresa disponibiliza também o cartão presente,

no valor de R$15 a R$1000.

A marca Riachuelo se destaca pela agilidade na produção, distribuição e divulgação de

novas coleções, garantindo a divulgação de novas tendências de moda simultaneamente em

todo o país. A empresa investe em muitas pesquisas sobre moda, por isso, se auto intitula uma

“Fast Fashion”. Também já patrocinou o maior evento de moda da América Latina, o São

Paulo Fashion Week, além de organizar dois grandes concursos nacionais, o Riachuelo Mega

Modelo, para as aspirantes às passarelas, e o Prêmio Riachuelo de Novos Talentos, para

incentivar novos estilistas.

Com o objetivo de se tornar uma empresa mais atualizada e fashion, a Riachuelo

passou a lançar coleções estreladas por celebridades e personalidades associadas ao universo

da moda. Em 2009, lançou a linha Ivete Sangalo by Riachuelo, com 50 modelos de roupas

diferentes; em 2012 fez parceria com a marca Daslu, lançando 104 modelos; também fez

coleções assinadas com estilistas famosos, incluindo Oskar Metsavaht, Cris Barros, Pedro

Lourenço, Thais Gusmão, André Lima, Huis Clos, Maria Garcia, Martha Medeiros, Juliana

Jabour, Zapälla e Lorenzo Merlino, e por último Versace para Riachuelo em 2014, e Lala

Rudge para Riachuelo em 2015.

Para a modernização da marca e seu posicionamento mais fashion, a Riachuelo

precisou mudar também sua identidade visual, passando a ter uma imagem mais moderna. Em

2008 o logotipo da marca passou a ser escrito por letras minúsculas, cores com tons mais

29

suaves, porém continuava a ter como símbolo a letra R estilizada. Já em 2014, a marca mudou

novamente a sua identidade visual, abreviando seu logotipo, mudando a fonte e as cores da

marca para o preto e branco.

Figura 3: Evolução do slogan e da marca Riachuelo.

Fonte: Blog Cria Plano / Disponível em: <http://criaplano.blogspot.com.br/2014/03/de-riachuelo-rchlo.html >.

Acesso em: 8 Abril 2015.

Segundo o blog Cria Plano (2014)9, a marca reformulou suas lojas, suas peças e seu

modo de vender, com foco no comércio da moda como forma de experiência para os seus

consumidores. Em sua identidade visual, destaca-se o objetivo de simplificar cada vez mais o

logotipo e seguir uma tendência atual de design e publicidade. A nova identidade, criada em

2013 pelo designer Ricardo Vansteen, surgiu para acompanhar o plano de expansão da marca,

apresentando um conceito de sofisticação, o que reflete as novas possibilidades de consumo

para o seu público, uma moda cada vez mais conceitual. Os slogans da marca também

mudaram, porém seguem a mesma ideia de democratização da moda; apesar da diferença

entre eles, os slogans apresentam de forma adequada a proposta da loja que é a moda atual

acessível a todas as pessoas.

O primeiro slogan da marca foi Passar na Riachuelo faz toda a diferença, mas para

aproximar a marca da ideia de democratização, a loja mudou para o slogan Riachuelo faz seu

estilo. Em 2008 a marca mudou novamente, com a frase Você não sabia que podia tanto, e,

em 2009, Riachuelo: moda que vale a pena. Em 2011 seu slogan era Essa é a moda e em

2013 mudou para Patrocinadora oficial da moda. Em 2015 apresentou o slogan O abraço da

moda.

9 Disponível em: <http://criaplano.blogspot.com.br/2014/03/de-riachuelo-rchlo.html>. Acesso em 29 maio 2015.

30

O site da marca também mudou, apresentando mais conteúdo e mais interatividade

para o público, como a criação de perfis pessoais para colecionar e divulgar referências,

disponibilizando até mesmo uma plataforma que orienta o vestuário do consumidor a partir do

tempo da região em que ele está no momento. Atualmente, a marca segue empreendendo

parcerias com estilistas famosos e personalidades da moda para assinar novas coleções.

Portanto, é notável que a Riachuelo está repleta de mudanças e trouxe inovações para o setor

de fast fashion no Brasil, conseguindo propor um novo modo de comercializar marcas de

grifes com preços acessíveis à classe média.

5.3 Categorias de análise

Neste capítulo foram apresentadas as categorias criadas pela investigação para se

analisar as características da comunicação da Renner e Riachuelo nas redes sociais. Foram

criadas cinco categorias, cada uma delas relacionada a alguns dos objetivos específicos, a fim

de que se pudesse responder adequadamente à questão norteadora de pesquisa:

a) representação da mulher na narrativa publicitária. Por esta categoria se analisou de que

forma ambas as empresas representam a mulher em suas campanhas publicitárias veiculadas

nas redes sociais, ou seja, como as empresas representam, por exemplo, a estética visual, a

personalidade e ou características físicas e comportamento da mulher consumidora da loja.

Visto que uma das estratégias de persuasão que a publicidade utiliza é através da identificação

com o consumidor, ou seja, quando a mulher se sente identificada com a mensagem passada

de acordo com seus valores, princípios e preferências.

b) apelo comercial. A partir desta categoria pretendeu-se identificar quais as estratégias

comerciais que ambas empresas utilizaram nas redes sociais para captar a atenção das

consumidoras, como por exemplo, apresentação dos preços dos produtos, descontos, formas

de vendas, etc., pois muitas estratégias comerciais geram consumo impulsivo na internet,

como por exemplo, descontos em compras de sites. É uma estratégia de persuasão muito

eficiente para a classe média que busca produtos com preços acessíveis.

c) canais de comunicação. Categoria que pretendeu identificar de quais redes sociais as

marcas Renner e Riachuelo se apropriam para comunicarem-se com suas consumidoras,

observando-se quais são as redes sociais mais utilizadas pelas marcas e que tipos de conteúdo

são veiculados, seus formatos e linguagem, dado que atualmente existem inúmeras redes

31

sociais na internet. Para a coleta de dados foi preciso selecionar as mais usadas pelas marcas e

como elas geram conteúdo a partir dessas plataformas de redes sociais,

d) emprego de modelos e celebridades. Por meio desta categoria, objetivou-se comparar o uso

de modelos nas campanhas publicitárias, ou seja, como são as modelos representadas nas

narrativas como mulheres consumidoras das lojas. Esta categoria buscou identificar a

presença de celebridades nos comerciais, dado que a presença de pessoas famosas, desde

antigamente, influencia o consumo no mundo da moda;

e) estética das campanhas veiculadas nas redes sociais. Por fim, por meio desta categoria se

pretendeu caracterizar os elementos de direção de arte (tais como fotografias, cores, presença

de modelos, etc.) e redação (conteúdo verbal postado pelas marcas anunciantes) utilizadas por

ambas empresas, uma vez que essas características reforçam a imagem que a empresa quer

passar ao público alvo.

Elaborada a metodologia e as categorias de análise, elaborou-se a coleta de conteúdo

das redes sociais e site de compartilhamento de audiovisual de ambas as lojas. Logo, realizou-

se a análise dessas postagens de acordo com as categorias estabelecidas. As análises foram

separadas por empresa – Renner e Riachuelo – para assim poder fazer a comparação das

mesmas e a partir disso gerar uma conclusão da pesquisa.

5.4 Corpus de análise

A coleta do corpus de análise foi feita através da escolha das últimas postagens realizadas

pelas marcas Renner e Riachuelo direcionadas às mulheres no período estipulado para

observação e coleta de material, realizada no mês de outubro, após o lançamento das coleções

para a estação da primavera. Foram escolhidos posts que possuíam conteúdo similar, além das

campanhas audiovisuais das coleções da estação veiculadas no Youtube e conteúdo veiculado

exclusivamente para meio online.

32

Figura 4: Post Facebook Renner blazer

Fonte: Fanpage Renner (2015)10

Figura 5: Post Facebook Renner mangas flare.

Fonte: Fanpage Renner (2015)11

10 Disponível em: <https://www.facebook.com/LojasRenner/photos/pb.160150784042061.-

2207520000.1446926788./962933323763799/?type=3&theater> Acesso em 22 out. 2015. 11 Disponível em: < https://www.facebook.com/LojasRenner/photos/pb.160150784042061.-

2207520000.1446926790./960197100704088/?type=3&theater> Acesso em 22.out. 2015.

33

Figura 6: Post Facebook Renner bolsa bucket

Fonte: Fanpage Renner (2015)12

Figura 7: Post Facebook Renner Bolsa prataria

Fonte: Fanpage Renner (2015)13

12 Disponível em: <https://www.facebook.com/LojasRenner/photos/pb.160150784042061.-

2207520000.1446926788./962937203763411/?type=3&theater> Acesso em: 22 out. 2015.

13 Disponível em: <https://www.facebook.com/LojasRenner/photos/pb.160150784042061.-

2207520000.1446926788./962937203763411/?type=3&theater> Acesso em 22 out. 2015.

34

Figura 8: Post Instagram Renner calça social

Fonte: Perfil Instagram Renner (2015)14

Figura 9: Post Instagram Renner roupa de alfaiataria

Fonte: Perfil Instagram Renner (2015)15

14 Disponível em: < https://instagram.com/p/8MLYZfTYbO/?taken-by=lojasrenner> Acesso em: 22 out. 2015. 15 Disponível em: < https://instagram.com/p/8JjFlqzYZM/?taken-by=lojasrenner> Acesso em: 22 out. 2015.

35

Figura 10: Post Instagram Renner Mix de estampas

Fonte: Perfil Instagram Renner (2015)16

Figura 11: Post Instagram Renner Preto e Branco

Fonte: Perfil Instagram Renner (2015)17

16 Disponível em: < https://instagram.com/p/71AKb6TYdT/?taken-by=lojasrenner> Acesso em: 22 out. 2015.

17 Disponível em: < https://instagram.com/p/8RmFGcTYSB/?taken-by=lojasrenner> Acesso em: 22 out. 2015.

36

Figura 12: Post Facebook Riachuelo tecidos e estampas

Fonte: Fanpage Riachuelo (2015)18

Figura 13: Post Facebook Riachuelo Preto e Branco

Fonte: Fanpage Riachuelo (2015)19

18 Disponível em: < https://www.facebook.com/Lojas.Riachuelo/photos/pb.163317467414.-

2207520000.1446929529./10153472755147415/?type=3&theater> Acesso em: 22 out. 2015.

37

Figura 14: Post Riachuelo Patrocínio The X Factor

Fonte: Fanpage Riachuelo (2015)20

Figura 15: Post Instagram Riachuelo alfaiataria

Fonte: Fanpage Riachuelo (2015)21

19 Disponível em: < https://www.facebook.com/Lojas.Riachuelo/photos/pb.163317467414.-

2207520000.1446929531./10153458561322415/?type=3&theater> Acesso em: 22 out. 2015. 20 Disponível em: < https://www.facebook.com/Lojas.Riachuelo/photos/pb.163317467414.-

2207520000.1446929531./10153468232967415/?type=3&theater> Acesso em 22 out. 2015.

38

Figura 16: Post Instagram Riachuelo colete e top

Fonte: Perfil Instagram Riachuelo (2015)22

Figura 17: Post Instagram Riachuelo Look dia de chuva

Fonte Perfil Instagram Riachuelo (2015)23

21 Disponível em: < https://instagram.com/p/8Owr3fNoiW/> Acesso em 22 out. 2015. 22 Disponível em: < https://instagram.com/p/8LiNbGtoo5/> Acesso em 22 out. 2015. 23 Disponível em: < https://instagram.com/p/8B9UVptotH/?taken-by=riachuelo> Acesso em: 22 out. 2015

39

Figura 18: Post Instagram Riachuelo Blazer

Fonte: Perfil Instagram Riachuelo (2015)24

Figura 19: Audiovisual Youtube site Renner

Fonte: Canal Youtube Renner (2015).25

24 Disponível em: < https://instagram.com/p/7qtMeqtoin/> Acesso em: 22 out. 2015

40

Figura 20: Audiovisual Youtube Renner Coleção Primavera

Fonte: Canal Youtube Renner (2015)26

Figura 21: Audiovisual Youtube Riachuelo coleção Marrocos

Fonte: Canal Youtube Riachuelo (2015)27

25 Disponível em:

<https://www.facebook.com/LojasRenner/videos/vb.160150784042061/940826472641151/?type=2&theater>

Acesso em: 07 out 2015. 26 Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=huBzv1-h0d8&feature=youtu.be> Acesso em: 07 out.

2015. 27 Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=LvR6Y3VwVaQ> Acesso em: 07 out. 2015.

41

Figura 22: Audiovisual Youtube Riachuelo Coleção Marrocos Vlog Camila Coelho

Fonte: Canal Youtube Riachuelo (2015)28

28 Disponível em: <

https://www.youtube.com/watch?v=icg_niQ8GSg&feature=iv&src_vid=QC2TmpWteyA&annotation_id=annot

ation_3313960295> Acesso em 07 out. 2015.

42

6. ANÁLISE

As análises presentes nesta pesquisa se dividiram em duas, a análise do conteúdo da

Renner, veiculado no Facebook, Instagram e Youtube, com ordem estabelecida pelas

categorias de análise explicadas na metodologia da pesquisa e a análise do conteúdo da

Riachuelo, também veiculado no Facebook, Instagram e Youtube e com a mesma ordem

estabelecida pelas categorias de análise de acordo com todas as subcategorias explicadas na

metodologia. Logo, foi elaborada uma tabela de síntese analítica, com o objetivo de retomar

os principais pontos analisados na comunicação de ambas as lojas e poder compará-las para a

realização das considerações finais.

7.1 Renner

A representação da mulher consumidora na narrativa publicitária das lojas Renner é de

uma mulher jovem adulta, independente, sofisticada e elegante. Seu estilo se compara ao de

uma pessoa de classe econômica alta, pois a maioria das imagens utilizadas nas redes sociais

são imagens de mulheres em ambientes sofisticados e modernos como nas Figuras 10, 5 e 11

onde nota-se um ambiente minimalista e urbano. Nota-se que a representação dessas mulheres

nas imagens sugerem mulheres clássicas na forma de se vestir, optando por vestimentas em

alfaiataria, por exemplo na Figura 4, no qual a modelo está com blazer e calça social e nas

Figuras 5, 10 e 9 as modelos estão com saia social.

A ideia de que a Renner tem todos os estilos para todas as mulheres é mais expressivo

nos audiovisuais da rede social Youtube, no qual se mostra no audiovisual da figura 20 várias

mulheres com estilos e atividades diferentes, como por exemplo, um passeio no parque com

os amigos, uma festa noturna, a procura da casa própria e uma reunião de trabalho; no qual

cada uma delas veste um estilo de roupa diferente, como uma roupa social para o trabalho,

uma roupa de festa para a balada e uma roupa informal para o passeio no parque. Cada roupa

possui uma estampa, cor e forma diferente, visto que essas mulheres estão em uma situação

diferente. Nota-se também o foco da Renner em mulheres adultas e independentes, pois em

nenhuma publicação analisada tem a presença de uma mulher jovem, estudante, adolescente,

etc. Existem vários tipos de mulheres, porém todas estão na mesma faixa de idade, entre 25 a

30 anos.

O emprego de modelos nas campanhas da Renner são sempre mulheres jovens adultas

que aparentam ter entre 25 e 30 anos. Porém essas mulheres não tem muita semelhança com a

maioria das consumidoras brasileiras da classe média, pois essas modelos representam o

43

mundo da moda, no qual as modelos sempre são altas, magras, a maioria é caucasiana, tem

cabelos lisos e seguem o padrão de beleza da moda. Nos audiovisuais das campanhas da

Renner pode-se ver várias mulheres com diferentes tons de pele, porém todas são magras e

altas. Não há variedade de biotipos físicos nessas campanhas, ao contrário do Brasil que é um

país miscigenado e há muita diversidade racial.

As mulheres representadas no audiovisual da coleção Primavera da Renner são

mulheres que já têm objetivos de vida, como por exemplo a casa própria e a promoção no

trabalho, que são retratados no audiovisual, além disso as mulheres representadas nas

fotografias veiculadas nas redes sociais Facebook e Instagram da Renner são mulheres que

aparentam estar no ambiente de trabalho e vestem, na maioria das vezes, roupas de alfaiataria

que, geralmente, são peças de roupas mais formais, escolhidas por mulheres mais velhas. No

audiovisual da Renner, representado pela figura 23, mostra-se diferentes mulheres, em

diferentes situações, como passeios no parque, uma festa noturna, a negociação da casa

própria e uma reunião no trabalho; para cada uma destas mulheres, nessas situações diferentes

há um tipo de roupa para se vestir. As mulheres representadas no Facebook e no Instagram da

Renner aparentam estar de passeio ou a trabalho e vestem roupas modernas, visto que, apesar

de terem cortes tradicionais e tecidos de alfaiataria, as peças possuem cores vivas ou estão

combinadas com estampas modernas como na Figura 10 e 11, seguindo tendências da moda

atual como o branco e preto e cortes assimétricos.

Figura 23: Frame Audiovisual Renner

Fonte: Frames capturados do audiovisual veiculado no canal do Youtube Renner29

Uma das estratégias comerciais que a Renner utiliza em suas redes sociais para captar

a atenção das consumidoras é oportunizar que elas acessem o blog que é redirecionado via as

postagens do Facebook para que conheçam mais sobre cada um dos produtos da marca.

Afinal, se uma das características da comunicação verbal na internet é a objetividade, visto

que as pessoas não tendem a ler textos muitos longos nas redes sociais, (por isso) muitas

vezes, a marca redireciona o leitor para o blog em seu site caso este se sinta mais interessado

em saber sobre determinada tendência da moda ou combinações de roupas. Nesse blog

também há a opção para redirecionar o leitor para o e-commerce do site.

29 Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=huBzv1-h0d8&feature=youtu.be> Acesso em: 07 out.

44

Outra estratégia muito usada pela Renner é o acesso direto ao site na descrição das

imagens veiculadas no Facebook, nas quais as consumidoras podem comprar online a roupa

que está sendo veiculada na rede social. No Instagram a marca coloca um código de

referência da roupa, que é visualizável na imagem veiculada, visto que o Instagram não aceita

links nas descrições de imagens. Com isso a consumidora pode procurar esse código no site

de e-commerce da marca e comprá-la online. Também há um audiovisual no Youtube

representado na figura 19, no qual a modelo fala em apenas 30 segundos que pode visitar a

loja e comprar pois não sabe esperar pelas novidades de produtos disponíveis, com isso ela

diz para acessar o site da loja e comprar online.

As redes sociais mais usadas, como canais de comunicação, pela Renner são

Facebook, Instagram e Youtube. No Facebook a linguagem utilizada pela empresa é bem

direta com o consumidor, sem apelos emocionais, e faz o uso de redirecionamento para outras

plataformas como o blog Estilo Renner e o site de e-commerce da empresa, visto que os

textos utilizados nas imagens do Facebook não podem ser muito longos, pois isso faz o leitor

perder o interesse no post. Para que a informação sobre o produto da loja seja passada de

forma mais completa para as consumidoras, é preciso redirecionar essa informação para

outras plataformas. O assunto que a marca mais disponibiliza no Facebook são as tendências

de moda de cada estação, reforçando a ideia de fast fashion da empresa.

Figura 24: Blog Estilo Renner

Fonte: Site Renner30

30 Disponível em: < http://www.estilorenner.com.br/category/tendencia/tendencia-feminino/> Acesso em: 08

nov. 2015.

45

No Instagram a linguagem utilizada nas postagens segue a mesma linha do

Facebook, porém a empresa não pode fazer uso de redirecionamento para o site e o blog, por

isso ela faz uso das hashtags da plataforma de rede social para que a imagem seja vista por

mais pessoas; além disso, a Renner também veicula o tema de tendências de moda das

estações no Instagram e nessa rede social se utiliza muito esse tema, como as blogueiras de

moda que veiculam seus looks para influenciar outras mulheres a usarem a mesmo tipo de

roupa.

No Youtube, a maioria dos audiovisuais disponibilizados pela Renner são os mesmos

veiculados na televisão aberta. Ela também disponibiliza outros audiovisuais como o de

redirecionamento para o e-commerce representado pela Figura 19, que é um audiovisual

exclusivamente para a internet e tem caráter comercial. Há também outros audiovisuais como

entrevistas sobre as coleções. Entretanto, a linguagem utilizada no Youtube é diferente das

usadas no Facebook e Instagram. Por ser uma plataforma de audiovisual, a empresa pode

fazer uso de mais informações sobre os produtos de forma visual do que as informações

postadas no Facebook e Instagram, as quais devem ser resumidas. Os audiovisuais que

também são veiculados na TV tem forte apelo emocional e fazem uso de storytelling, ou seja,

é um comercial que conta uma história, faz uso de personagens e de um enredo, ao mesmo

tempo que oferece discretamente a marca e ou produtos.

A estética das publicações realizadas no Instagram e no Facebook da Renner é um

estética minimalista, no qual as modelos são fotografadas em ambientes monocromáticos e na

maioria das vezes o tom cinza predomina no fundo das imagens. O ambiente em que são

fotografadas as coleções são ambientes modernos, urbanos e refletem um vida independente

financeiramente. Quando as fotografias são feitas em estúdio fotográfico, o fundo do mesmo

também é na cor cinza. Acredita-se que essa estética minimalista sirva para dar foco apenas

no vestuário da modelo, no qual, tende a ser minimalistas também, com roupas lisas, e tons

sóbrios com algumas cores fortes de complemento. Essa estética também reflete um mulher

adulta, madura e que se preocupa com seu vestuário e procura pela simplicidade com toque de

elegância e modernidade.

Nos audiovisuais veiculados no Youtube, as campanhas realizadas pela Renner

mostram várias personalidades. Através do uso do storytelling, a marca se utiliza de uma

história com vários personagens e vários objetivos de vida, no qual se reflete em sua

vestimenta e seu comportamento. São vários cenários utilizados e o enfoque é a história

contada e não o produto explicitamente, essa ferramenta é muito utilizada para a persuasão

através da emoção implícita na campanha. O audiovisual reflete o período de vida que as

46

mulheres adultas e independentes estão passando, e tenta através dessa estratégia gerar

identificação do público com a marca, gerando assim lembrança de marca.

7.2 Riachuelo

A representação da mulher consumidora na narrativa publicitária da Riachuelo é de

uma mulher bem mais jovem que a representada pela Renner. Mostram-se diferentes

mulheres, em diferentes situações e para cada uma delas há um tipo de roupa para se vestir.

Essas mulheres representadas no Facebook e no Instagram aparentam estar de passeio em

diferentes lugares, vestem roupas de acordo ao ambiente e atividade, alguns estilos mais

despojados como na figura 16, no qual a modelo veste um colete jeans e outros estilos mais

clássicos, porém combinados com peças de vestuário bem mais modernos como nas Figuras

13 e 18, no qual se evidenciam vestimentas em alfaiataria como blazers e saias sociais.

Na narrativa da Riachuelo não se mostra vários estilos para vários tipos de mulheres,

mas sim vários estilos para uma única mulher, pois na narrativa do audiovisual representado

pela Figura 21, duas mulheres jovens aparecem com diferentes estilos de roupas enquanto

passeiam pela cidade marroquina. Essas modelos têm aparência de mulheres jovens, na faixa

dos 20 a 25 anos de idade e suas roupas se caracterizam por ter curto comprimento, estilo

informal (shorts, camisetas tecidos leves e estampados), usam vários acessórios como

pulseiras, colares e brincos grandes. Já no audiovisual de making off da campanha, a

blogueira Camila Coelho apresenta suas escolhas de roupas da marca Riachuelo enquanto

apresenta pontos turísticos de Marrocos que serviram de locação para a produção da

campanha; a blogueira dá nome a cada escolha de vestimenta (look seventies para o vestido

longo e estampado, look mediterrâneo chic para o vestido branco, look Light Marrocos para o

macacão com estampa étnica, look marinho revisitado para a saia azul e blusa laranja, look

girlie urbano para o vestido xadrez, look oriente express para o short, regata e kimono). Além

da descrição das escolhas da blogueira, a mesma sugere ocasiões casuais e informais para se

usar as vestimentas, como por exemplo, passeios, viagens e para o uso cotidiano.

Através do audiovisual da Figura 22 e imagens veiculadas nas redes sociais Facebook

e Instagram, como nas Figuras 14, 16, 17, 18 e 19 a Riachuelo utiliza modelos famosas

(blogueiras de moda, atrizes e apresentadoras, por exemplo) como referências de estilo para

ser copiado por todas as mulheres. Mostram-se suas diferentes escolhas de estilo para cada

situação e esse estilo não está focado nas diferentes personalidades de cada pessoa e sim na

situação externa a ela, tais como dias de chuva, um passeio em Nova York, Como por

47

exemplo na Figura 17, onde a blogueira de moda Renata Uchoa mostra sua roupa em um dia

de chuva em Londres, ou a roupa que a blogueira Fabiana Justus está usando em Nova York,

enquanto participa do evento de moda New York Fashion Week representado na Figura 18.

Os audiovisuais veiculados no site Youtube não correspondem ao perfil de grande

parte das brasileiras, O da coleção Marrocos, por exemplo, representado pela Figura 22

mostra duas mulheres em paisagens e pontos turísticos de Rabat, capital de Marrocos, são

modelos de passarela de moda e demonstram o posicionamento da marca Riachuelo “O

abraço da Moda”. Ou seja, não há uma representação da mulher brasileira que consome os

produtos da loja e sim o uso de mulheres com padrão de beleza da indústria da moda, para que

as consumidoras sintam vontade e se sintam influenciadas a consumir devido ao apelo estético

similar ao de grandes grifes.

Figura 25: Frame Audiovisual Riachuelo

Fonte: Frames capturados do audiovisual veiculado no canal do Youtube Riachuelo31

As estratégias comerciais que a Riachuelo utiliza em suas redes sociais para captar a

atenção das consumidoras é colocar o preço nas postagens no qual as modelos estão usando as

roupas da marca, porém essa estratégia somente é usada com as fotografias de catálogo

veiculadas nas redes sociais com modelos que não são celebridades, visto que a marca

publica algumas imagens de celebridades vestindo apenas uma peça de roupa da Riachuelo e

a utiliza como estratégia de persuasão, não sendo necessário usar estratégias de preço na

postagem

A linguagem representada no Facebook da Riachuelo é similar a das Lojas Renner

pelo seu caráter direto, percebida por meio de textos curtos, objetivos, o uso do tema de

tendências de moda e combinações de roupas. Porém não há redirecionamento para o site da

31 Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=LvR6Y3VwVaQ> Acesso em: 07 out. 2015.

48

marca. Outras diferença é que a Riachuelo usa fotografias de blogueiras de moda que usam

uma peça de roupa da Riachuelo combinadas a outras próprias. Além de marcar essas

blogueiras, usuárias da mesma rede social para que as pessoas tenham acesso ao conteúdo que

essas blogueiras postam nessas plataformas; essa estratégia serve para influenciar as pessoas a

consumir seus produtos devido a que, segundo Lipovetsky (2011), as pessoas são

influenciadas por pessoas famosas que elas admiram e tentam se sentir próximas às mesmas

tentando se parecer a elas.

No Youtube, a Riachuelo, além de postar os audiovisuais veiculados na televisão em

30 segundos, a marca posta vários conteúdos extras direcionados exclusivamente para a

internet. Exemplo disso é a Figura 22, no qual é a versão completa da campanha (no formato

de 1 minuto) veiculada na televisão (de 30 segundos). Esse audiovisual tem uma linguagem

com foco em aspectos estéticos visuais, no qual apresenta a coleção verão inspirada na cultura

marroquina. As roupas, os lugares e a trilha sonora tem referências à cultura árabe e essa

característica é também reflexo de que a marca sempre está trazendo produtos e referências

externas ao Brasil.

Enquanto que no Facebook e no Instagram a Riachuelo mostra pessoas famosas

viajando pelo mundo e usando as roupas da marca Riachuelo, no Youtube é veiculado uma

campanha exclusiva feita em outro país, com cores e texturas referentes a essa cultura. Essa

estratégia instiga o receptor através de sua estética e singularidade, pois trazem uma

campanha com posicionamento totalmente diferente da Renner, que focou em vários estilos,

enquanto que a Riachuelo focou em um estilo de roupas inspirado na cultura árabe e que

também pode ser reflexo de sua busca por elitização enquanto marca que se inspira em

grandes grifes para persuadir um público jovem da classe média que deseja estar dentro do

universo da moda.

A Figura 22 é uma reportagem sobre a produção da campanha apresentada pela

blogueira de moda Camila Coelho, uma das celebridades patrocinada pela Riachuelo. Esse

audiovisual tem bastante conteúdo sobre as coleções, sobre os lugares que foi realizada a

produção da campanha, e as escolhas e opiniões da blogueira famosa Camila Coelho, no qual

vestia também as roupas da marca Riachuelo. Por isso, esse conteúdo veiculado é bastante

persuasivo pelo caráter de entretenimento que o mesmo tem e pela presença de uma das

celebridades da internet que mais influenciam as mulheres consumidoras de moda, ou seja, é

uma formadora de opinião. É um audiovisual longo, com bastante informação e que talvez

compense as poucas informações descritas no Facebook e no Instagram da marca Riachuelo,

49

pois as pessoas tendem a buscar mais informações para decidir qual produto é melhor de

consumir.

A Riachuelo utiliza modelos magras e altas, com padrões estéticos que regem o mundo

da moda contemporâneo. Nas campanhas da Riachuelo, pode-se observar mais modelos de

passarela do que as utilizadas pela Renner, devido ao forte posicionamento da Riachuelo em

trazer o mundo da moda mais acessível a todos; esse padrão utilizado são de mulheres

extremadamente altas e magras e não representam a classe média brasileira que são, na

maioria, mulheres baixas, de quadris largos e não são magras. Além disso o padrão estético

utilizado na campanha da Coleção Marrocos também não é o da cultura árabe, o que destoa no

audiovisual, já que as modelos estão no meio de outra cultura, vestindo-se com algumas

referências da mesma.

A marca também utiliza celebridades em suas campanhas como estratégia de

persuasão, a maioria delas são atrizes de novelas, ou no caso da Coleção Marrocos, blogueiras

de moda. Em meados dos anos XX a Riachuelo utilizava atrizes e cantoras brasileiras para as

campanhas de sua marca. Porém, hoje com a internet, surgiram as blogueiras de moda que são

formadoras de opinião na internet, no qual falam sobre moda e suas tendências (desde roupas,

maquiagens, cabelos, até culinária e viagens). Essas pessoas tem um poder aquisitivo alto e

seus padrões físicos refletem uma classe social elitizada, que no Brasil, por sua bagagem

histórica são, na maioria das vezes, pessoas caucasianas.

Desde o surgimento da moda no século XV, os grandes estilistas utilizam pessoas

célebres para influenciar o consumo de seus produtos. Isso se reflete nas grandes grifes que

utilizam modelos internacionais e essa estratégia é utilizada também por marcas mais

populares, porém as celebridades utilizadas nas campanhas devem ser referência de estilo para

o público que se deve atingir. Com as blogueiras de moda, o público a ser atingido são

mulheres jovens, que têm tempo, disponibilidade e interesse em ler e acompanhar blogs que

falam sobre o assunto da moda.

50

6.3 Tabela de Síntese analítica

Quadro 1 - Resumo das análises

Categorias de análise/

Características das representações

femininas na publicidade

Renner Riachuelo

Representação da mulher na narrativa

publicitária Mulher sofisticada e elegante.

Independente, trabalha e

veste roupas formais e na

moda. Mulher básica, mas

está na moda. Há vários perfis

de mulheres. Todas têm

objetivos de vida.

Mulheres bem mais jovens

vestem roupas modernas.

estilos mais despojados.

Vários estilos para um

único perfil de mulher.

Representações de

modelos da passarela da

moda.

Uso de mulheres com

padrão de beleza da

indústria da moda.

Apelo comercial

Comprar online, acessar

blog, código dos produtos

para o e-commerce.

Preço nas postagens,

Imagens de celebridades

Canais de comunicação Facebook, link de acesso para

blog com matéria completa.

Instagram, Youtube, blog

Estilo Renner, Site.

Facebook, Instagram e

Youtube.

Emprego de modelos e celebridades

Modelo magra, alta, olhos

claros e cabelos loiros e lisos.

Modelo alta, magra, morena,

cabelos ondulados

Estética sofisticada,

predominância de cores cinzas

que combinam com o figurino.

Foto ao ar livre, na cidade,

predominância de tons de

Modelos magras e altas,

com padrões estéticos

norte-americanos que

regem o mundo da moda.

Modelos de passarela.

Celebridades.

51

cinza

Estética das campanhas veiculadas nas

redes sociais Minimalista.

Fotos de catálogo.

Ambientes sofisticados.

Close para detalhes de roupas.

Cores sóbrias, fundo

desfocado.

Audiovisual com storytelling,

filtro suave. Vários ambientes.

Planos mais abertos

Similar às de blogueiras de

moda.

Street style.

Fotografias de estúdio.

Audiovisuais carregados de

cores e texturas, intercala

planos abertos e fechados,

52

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a atual situação socioeconômica do país e o aumento do poder aquisitivo e poder

de consumo da classe média brasileira nos últimos anos, as lojas de varejo estão crescendo

fortemente no mercado, visto que com a inflação as pessoas buscam consumir e pagar um

valor menor para se sentirem inclusas na sociedade e na moda. As mulheres conquistaram sua

independência e são um importante público, são pessoas influenciadoras no consumo de

produtos da família. Em vista disso, as lojas de varejo de moda como as Lojas Renner e a

Riachuelo devem se posicionar no mercado para chamar a atenção do público-alvo; com isso

as marcas utilizam várias estratégias e meios de comunicação para persuadir seu público, uma

delas é a internet que vem ganhando cada vez mais espaço no bolo de mídia e é um espaço

onde seu público-alvo passa bastante tempo do seu dia a dia, sendo também um meio de

comunicação mais barato que os meios tradicionais de comunicação.

Entretanto, acredita-se que não há uma fórmula para se anunciar e gerar conteúdo na

internet, pois esse novo meio muda drasticamente em poucos anos e com ele, o

comportamento do consumidor na internet também muda. Entretanto, existem algumas

características de comunicação que são utilizadas nesse meio, pois tanto a Renner e Riachuelo

usam várias estratégias de comunicação para interagir com as consumidoras na internet. Uma

das técnicas usadas é a de gerar informação para persuadir o consumidor, porém essas

informações ficam reféns das redes sociais no qual as legendas de imagens devem ser curtas e

diretas, caso contrário não chamará a atenção dos usuários. Pensando nisso, a Renner utiliza

uma linguagem de hiperlink, no qual emprega outras plataformas para completar a informação

postada nas redes sociais, como o blog da marca e o site de e-commerce. Porém essa

linguagem pode ser arriscada em termos de argumentação e persuasão, visto que uma

mensagem para ser persuasiva deve ter começo, meio e fim; o que não acontece nas

publicações realizadas pela Renner, salvo os audiovisuais no Youtube, que por terem formato

de audiovisual, contém mais informações estruturadas e que podem gerar persuasão através

das imagens e locução.

Outra estratégia utilizada por ambas marcas são os vários canais de comunicação

utilizados na internet. Acredita-se que quanto mais canais de comunicação a marca tiver, terá

mais chances de persuadir o público, porém esses canais devem ser independentes, ou seja,

seus conteúdos não devem depender de outro para gerar uma conclusão da mensagem. Além

dos posts da Renner não serem autônomos e dependerem de outras plataformas para

persuadir, as suas mensagens não possuem o apelo emocional que a marca utiliza em suas

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campanhas audiovisuais veiculadas na televisão e no Youtube e também não utiliza a técnica

de storytelling dos VT’s os quais contam uma história para gerar interesse na mensagem. Isso

enfraquece a unidade de campanha das Lojas Renner, visto que a mesma somente aposta em

imagens de catálogos e temas sobre tendências de moda no Facebook e Instagram.

A imagem que a Renner tenta passar é que a mesma tem todos os estilos para todas as

mulheres, entretanto a marca somente utiliza modelos com padrão de beleza utilizado pela

sociedade, como mulheres altas, magras e caucasianas e essas modelos não condizem com o

posicionamento da marca, visto que o Brasil é um país miscigenado, onde há pessoas com

biotipos físicos diferentes e metade da população possui traços afrodescendentes. Atualmente

as mulheres querem se ver representadas na mídia e isso não acontece nos comerciais das

Lojas Renner e da Riachuelo.

Segundo a Pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV 32 (2013)

realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão mostrou que para 65% dos

entrevistados entre homens e mulheres, o padrão de beleza nas propagandas é muito distante

da realidade da população brasileira, 60% dos entrevistados consideram que as mulheres

ficam frustradas quando não conseguem ter o corpo e a beleza das mulheres mostradas nos

comerciais. Em vista disso, acredita-se que para a Renner fortalecer mais seu posicionamento

e gerar mais identificação com o público, a mesma deveria utilizar vários padrões de beleza

para representar suas consumidoras e gerar identificação nas redes sociais.

Outras estratégias utilizadas pelas Lojas Renner, mas que representam a mulher de

forma positiva, é o de mostrar a mulher como uma pessoa independente, mostrar uma mulher

moderna e com objetivos de vida em seus audiovisuais. Ao utilizar a técnica de storytelling a

marca apela ao emocional das consumidoras que se identificam pela história contada, mas não

pela representação da mulher através das modelos escolhidas para a publicidade.

A Riachuelo vem mudando seu posicionamento e sua identidade visual nos últimos

anos. Apostando em um público jovem, a marca vem utilizando coleções específicas com

celebridades e estilistas consagrados, visto que é uma maneira bastante persuasiva de vender

um produto. Além das estratégias utilizadas na produção do produto a marca aposta em

celebridades da internet para levar a mensagem ao consumidor, visto que essas celebridades

(blogueiras de moda) falam diretamente com o público-alvo e estes se sentem identificados

com as mesmas. O uso de celebridades é mais persuasivo, visto que há mais chances de tornar

algo interessante para o público, pois usa uma pessoa que gera interesse com o emissor dessa

32 Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/maioria-dos-brasileiros-acha-que-

publicidade-trata-a-mulher-como-objeto-sexual-1821.html> Acesso em: 22 out 2015.

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mensagem. As celebridades também humanizam as marcas, e estas têm mais chances de

serem aceitas pelo público, visto que é são pessoas que estão representando a marca e estão

aconselhando as consumidoras a usarem os produtos dessa loja. O novo posicionamento da

Riachuelo, além de ser focado em consumidoras mais jovens, opta por coleções limitadas com

pessoas famosas e estilistas consagrados que fazem seus produtos se elevarem verticalmente.

A comunicação online da Riachuelo, muitas vezes, tem caráter elitista; ela usa certas

características de grifes para elevar seu produto como celebridades, estilistas de marcas de

luxo e até estética conceitual nos audiovisuais das campanhas, no qual também usa modelos

muito magras e altas. Esse método pode ser perigoso, visto que pode-se afastar do público-

alvo da marca que são mulheres da classe média. Entretanto essa estratégia, defendida por

Lipovetsky (2011) como persuasiva, é um método para que esse público-alvo deseje os

produtos da marca por ser algo mais elitizado e ao mesmo tempo mais acessível

economicamente, em razão de que muitas vezes a marca coloca preços nas postagens como

estratégia promocional.

A comunicação das redes sociais como Facebook e Instagram da empresa foca muito

nas blogueiras de moda na internet, e em certo ponto esquece de gerar conteúdo exclusivo da

marca, visto que essa linguagem já usada pelas blogueiras está se tornando muito comum e

nada criativo na hora de se comunicar com os consumidores nas redes sociais. Eles podem

sim gerar um interesse pela pessoa que está na imagem, humaniza a marca e a deixa mais

próxima das consumidoras.

Por outro lado, os audiovisuais veiculados no Youtube da marca têm alto nível de

persuasão, pois utilizam vários formatos (comercial, making off, entrevistas, etc.), com

bastante conteúdo e informação que pode gerar interesse do público alvo e poderia ser

utilizados nas outras redes sociais também, pois assim geraria unificação das campanhas e

traria também mais informação para as outras redes sociais.

Acredita-se também que a Riachuelo deveria usar modelos com biotipos diferentes

para se aproximar mais da brasileira, assim como a Renner também deveria usar essa

estratégia. As marcas se distanciam muito das consumidoras ao escolher mulheres tão

diferentes do público alvo, pois isso gera distanciamento do público e muitas vezes esse

padrão de beleza escolhido pelas marcas não é o padrão de beleza que o público-alvo acredita

ser bonito.

As marcas Renner e Riachuelo possuem muitas características em comum, como a

linguagem, o texto direto e com poucas informações. Por outro lado, cada uma delas segue

um posicionamento diferente e a partir disso usam estratégias diferentes para persuadir as

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consumidoras. Por um lado a Renner utiliza storytelling para se comunicar com mulheres

independentes, modernas e com objetivos de vida claros que se sintam identificadas com a

história contada nos audiovisuais; já a Riachuelo utiliza uma linguagem jovem e

extremamente fashionista, comparando-se a grandes marcas para persuadir um público que

deseja vestir roupas a nível de grandes grifes, porém com preço acessível. Ambas as lojas

usam essas estratégias nas redes sociais e no Youtube, podendo gerar persuasão ou

identificação e estimular o consumo online do público-alvo.

Nota-se que ambas lojas são do mesmo segmento, porém com características e

posicionamentos bem diferentes. Entretanto as mesmas estão um pouco longe de poder usar

as redes sociais de maneira persuasiva, visto que seus métodos ainda são fracos em termos de

persuasão e informação, pois segundo Vaz (2012), quanto mais informação uma empesa

disponibilizar aos usuários da internet, maiores serão as chances dos mesmos se tornarem

possíveis consumidores. Pode-se dizer que ambas tem nível de comunicação intermediário

com as consumidoras.

Este trabalho contribuiu para área da Comunicação Social como um estudo das

características de comunicação utilizadas na internet de acordo a um comportamento social e

comercial, contribuiu também para a área da Publicidade como forma de estudo de como as

marcas estão se posicionando na internet, e como elas se comunicam com os consumidores de

acordo ao comportamento dos mesmos, o que eles buscam nas marcas e como persuadir os

mesmos diante de inúmeros produtos similares disponíveis no mercado, ou seja, as estratégias

que as marcas utilizam para se aproximar dos consumidores na internet. Esta área ainda é

nova e acredita-se que as empresas ainda não conseguiram utilizá-las de forma eficiente e

independente de outros meios de comunicação tradicionais como a televisão. Visto que ainda

dependem de outros meios para conseguir passar uma informação completa e persuasiva.

Este trabalho também auxiliou para a área acadêmica, visto que com a internet, novas

linguagens e formatos de comunicar surgiram, é uma área nova no qual os acadêmicos devem

conhecer e estudar, pois acredita-se que a internet pode se transformar em um forte meio de

comunicação no futuro, para isso, as marcas e os publicitários devem dominar esse meio e

saber como se comunicar nele.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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