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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Processo nº ............. GILDA ALBUQUERQUE, já devidamente qualificada, por seu advogado, com escritório na Rua ... , nos autos da AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE, que tramita pelo rito ... , movida por ADILSON COSTA, vem, perante V. Exª, em CONTESTAÇÃO expor e requerer o que se segue: DAS PRELIMINARES DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO Trata-se de ação que envolve o interesse de menor, razão pela qual a presente demanda deveria ter sido proposta em seu domicílio, qual seja, Campo Grande, nos termos do que estabelece o art. 98 do CPC. Assim, constata- se que este juízo é incompetente para julgar esta lide, na forma do art. 94 §7º, CODJERJ, que estabelece que a competência das Varas Regionais, seguindo o critério funcional-territorial, é de natureza absoluta. Desta feita,

Contestação Em aNegatória Paternidade

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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA DA FAMLIA DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Processo n .............

GILDA ALBUQUERQUE, j devidamente qualificada, por seu advogado, com escritrio na Rua ... , nos autos da AO NEGATRIA DE PATERNIDADE, que tramita pelo rito ... , movida por ADILSON COSTA, vem, perante V. Ex, em

CONTESTAO

expor e requerer o que se segue:

DAS PRELIMINARESDA INCOMPETNCIA ABSOLUTA DO JUZO

Trata-se de ao que envolve o interesse de menor, razo pela qual a presente demanda deveria ter sido proposta em seu domiclio, qual seja, Campo Grande, nos termos do que estabelece o art. 98 do CPC. Assim, constata-se que este juzo incompetente para julgar esta lide, na forma do art. 94 7, CODJERJ, que estabelece que a competncia das Varas Regionais, seguindo o critrio funcional-territorial, de natureza absoluta. Desta feita, os autos devem ser remetidos a uma das Varas de Famlia Regionais de Campo Grande da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

Constata-se que o autor ingressou com ao negatria de paternidade em face da Sr Gilda, me do menor Joo.

Ora, claro como a luz solar que o menor Joo que deveria figurar no plo passivo desta ao, sendo devidamente representado por sua genitora.

Desta forma, com fulcro nos arts. 267, VI c/c 301, X do CPC, o processo dever ser extinto sem resoluo do mrito, em razo da ilegitimidade passiva.

DO MRITO

DOS FATOS

Como narrado na pea exordial, o Autor e a R mantiveram relacionamento amoroso, motivo pelo qual acreditava-se que o menor, filho da R, fosse, tambm, filho do Autor.

Diga-se que a R acreditava que o menor fosse fruto do envolvimento do casal, contudo, por pairarem dvidas acerca da paternidade, a R sugeriu ao Autor que realizasse um exame de DNA, sugesto essa rechaada por ele.

Assim, a despeito do receio da R, o Autor registrou o menor como seu filho espontaneamente, como ratificado na petio inicial.

Apenas aps verificar a inexistncia de semelhana fsica entre o menor e ele, que o Autor tomou a iniciativa de realizar o exame de DNA, onde restou confirmada a inexistncia de vnculo biolgico entre ambos.

Desta feita, pretende o Autor valer-se do Judicirio para a declarao negativa de paternidade.DOS FUNDAMENTOS

Inicialmente, incumbe anotar que o registro voluntrio dos filhos ato irrevogvel, conforme estabelece o art. 1 da Lei 8560/92, assim como os arts. 1609 e 1610 do Cdigo Civil.

Assim, somente vcio de consentimento ou descumprimento de formalidade essencial poderia justificar a nulidade do registro, hipteses essas evidentemente no aplicveis ao caso vertente, haja vista o Autor ter registrado espontaneamente o menor como seu filho, muito embora tivesse a R alertado-o das dvidas acerca da paternidade e, inclusive, ter sugerido a realizao de um exame de DNA.

As ementas dos seguintes julgados respaldam o argumento esposado:NEGATRIA DE PATERNIDADE. RECONHECIMENTO VOLUNTRIO. ATO IRRETRATVEL. AUSNCIA DE VCIO DE CONSENTIMENTO OU FALSIDADE DO REGISTRO. Recurso desprovido (Tribunal de Justia de So Paulo - Apelao Com Reviso 4895514600 - rgo julgador: 3 Cmara de Direito Privado - Relator(a): Adilson de Andrade Data da publicao: 13/05/2009)ANULAO. REGISTRO PBLICO. NASCIMENTO. VCIOS DE CONSENTIMENTO. AUSNCIA. EXAME DE DNA. PROVA EXTRAJUDICIAL. INSUFICINCIA. A ausncia de prova inequvoca do erro, dolo, coao, simulao ou fraude impede a anulao de registro pblico de nascimento, promovido voluntariamente pelo pai, no elidindo a presuno de veracidade desse ato jurdico o exame de DNA extrajudicial negando sua paternidade biolgica. Recurso conhecido, mas desprovido (Tribunal de Justia de Minas Gerais Apelao Cvel n 1.0114.05.052734-9/001 - COMARCA DE IBIRIT - Relatora: Exm. Sr. Des. Albergaria Costa Data da Publicao:15/05/2007)

Saliente-se que a alegao do Autor no sentido de que efetuou o registro porque no queria criar problemas na famlia, pelo fato da R ser sua prima, enteada de seu tio, sinaliza que optou espontaneamente pelo registro e pela no realizao do exame de DNA, embora nutrisse desconfianas acerca da paternidade.

Desta feita, in casu, sequer pode ser alegada a ocorrncia de vcio de vontade. E, considerando que o prprio Autor reconheceu voluntariamente a paternidade do menor, incontroverso que a referida declarao torna-se irrevogvel.

No tocante existncia de relao socioafetiva entre o menor e o Autor, importa anotar que tal relao ratificada por este em sua exordial. Tal vnculo, segundo o melhor entendimento, justifica a manuteno da paternidade registral, em razo da prevalncia da paternidade socioafetiva ou desbiologizada em detrimento da verdade biolgica.

E assim o porque o rompimento do vnculo estabelecido entre pai e filho causaria prejuzo pessoa em condio peculiar de desenvolvimento, com ofensa ao direito fundamental da criana dignidade, ao respeito e convivncia familiar (art. 227, "caput" da Carta Magna).

Nesse esteio, importa destacar as seguintes ementas:

Direito civil. Famlia. Criana e Adolescente. Embargos de declarao no recurso especial. Ao negatria de paternidade c.c. declaratria de nulidade de registro civil. Interesse maior da criana. Ausncia de vcio de consentimento. Improcedncia do pedido.

- As questes suscitadas pelo embargante no constituem pontos omissos tampouco erros do julgado, mas mero inconformismo com os fundamentos adotados pelo acrdo embargado.

- O que se percebe, que busca o embargante, de forma insistente, desvincular-se de dever assumido sem vcios e cujo desenlace causaria prejuzo pessoa em condio peculiar de desenvolvimento, por ele voluntariamente reconhecida como filha, em relao qual sabia no haver vnculo biolgico.- Em suas ponderaes, pretende to-somente rediscutir a admissibilidade recursal, sem concretizar alegaes que se amoldem s particularidade de que devem se revestir as peas dos embargos declaratrios.

Embargos de declarao rejeitados. (destaque nosso)(Superior Tribunal de Justia Terceira Turma - EDcl no REsp 1003628 / DF Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI - Data da publicao: DJe 17/02/2009)

EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES. AO NEGATRIA DE PATERNIDADE. 1)VCIO DE CONSENTIMENTO. No demonstrada a alegada coao no registro de nascimento onde o autor reconheceu o ru como seu filho, improcede a ao negatria de paternidade. 2)RECUSA DO RU/FILHO AO EXAME DE DNA. A recusa do ru/filho em se submeter ao exame de DNA no pode ser considerada em seu desfavor, se o nus da prova do fato constitutivo do direito de anular o registro de nascimento era do autor. 3)FILIAO SOCIOAFETIVA. A paternidade socioafetiva que se estabeleceu entre os litigantes nos primeiros anos de vida do ru/filho, impede a procedncia da negatria, sob pena de afronta ao princpio constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana (art. 1, III, CF), tambm consagrado no Cdigo Civil em vigor, atravs do direito da personalidade (art. 11 e s.). Embargos infringentes acolhidos, por maioria. (Embargos Infringentes N 70028152833, Quarto Grupo de Cmaras Cveis, Tribunal de Justia do RS, Relator: Jos Atades Siqueira Trindade, Julgado em 17/04/2009) (destaque nosso)

Por derradeiro, pedimos vnia para transcrever trecho do voto da ilustre Desembargadora Vanessa Verdolim Hudson Andrade, proferido quando do julgamento da apelao cvel n 1.0303.04.911187-3/001 (TJ-MG):H que se pensar na dignidade humana da criana que recebeu o seu nome espontaneamente, devendo ser preservados os seus interesses, pois no deu causa ao reconhecimento, que partiu do prprio apelado, embora tivesse ele dvida na poca quanto paternidade.

H que se pensar na dignidade da criana, hoje com sete anos, que cresceu acreditando ser filha do declarante e assim tratada por ele e sua famlia. A dignidade que confere pessoa humana a sua autoridade moral, o sentimento de honra, a respeitabilidade. Em ltima anlise, confere o respeito a si mesmo e o amor-prprio. O espezinhamento da dignidade, por outro lado, em fase de crescimento, pode acarretar conseqncias graves para a criana, com reflexos em seu amadurecimento, em sua conduta social e at ao seu auto respeito. Hoje o aspecto social se volta para a criao e estrutura da criana como esperana nica de que o homem amanh ser melhor. Os seus interesse prevalecem sobre os da famlia e sobre os interesses particulares dos pais.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a V. Ex:

1) O acolhimento da preliminar de incompetncia absoluta, com a conseqente remessa dos autos ao juzo competente de uma das Varas de Famlia Regionais de Campo Grande da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro;

2) Seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva, extinguindo-se o processo sem resoluo do mrito;

3) Ultrapassadas as preliminares acima argidas e caso no seja este o entendimento de V. Ex, requer seja julgado improcedente o pedido autoral;

4) A condenao do Autor ao nus da sucumbncia.

DAS PROVAS

Requer a produo de todas as provas admitidas em direito, especialmente as de carter documental, testemunhal e depoimento pessoal do Autor.

Pede deferimento,

Rio de Janeiro, ... de ........ de 2009.

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Nome do advogado OAB/RJ n ....