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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009€¦ · Intervenção na escola realizado no Colégio Agrícola durante o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2009-2011. Tem por objetivo

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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OBJETOS DE APRENDIZAGEM,SUSTENTABILIDADE E O ENSINO DA

GEOGRAFIA.

Autora:Maria da Graça Padoan Miranda1

Orientador:Luis Lopes Diniz Filho 2

Resumo:

O Artigo consiste na sistematização descritiva do processo de Implementação do Projeto de Intervenção na escola realizado no Colégio Agrícola durante o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2009-2011. Tem por objetivo geral apresentar os resultados da pesquisa realizada e das atividades que foram desenvolvidas junto ao corpo docente do Colégio aplicando os saberes referentes aos Objetos de Aprendizagem no Ensino da geografia buscando desenvolver a Educação Ambiental. Descreve de forma resumida a Fundamentação Teórica que resultou da pesquisa bibliográfica e compôs o Material Didático que foi entregue aos professores como forma de subsidiar teórica e metodologicamente as discussões e o desenvolvimento das atividades. Versa sobre sustentabilidade, Tecnologia da Informação e da Comunicação, Ensino da geografia e dos objetos da aprendizagem que estão ao alcance dos professores a partir dessa experiência. Descreve a metodologia da proposta, apresenta os depoimentos dos professores sobre a experiência realizada. Caracteriza o ambiente pedagógico. Revela novas contribuições.

Palavras-chave – Educação Ambiental na Geografia; Sustentabilidade;

Tecnologia da Informação e da Comunicação, Objetos de Aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO.

Resultante da Política de Formação Continuada dos Profissionais da Rede

Pública de Ensino representada pelo PDE a implementação de um projeto de

intervenção pedagógica nas escolas representa sem dúvidas, uma

oportunidade de múltiplas e ricas experiências tanto para o professor PDE

cursista como para os profissionais das escolas nas quais a proposta de

intervenção se realiza.

A experiência vivida no chão da escola retorna de maneira efetiva e eficaz

como Práxis. São os saberes tácitos e a experiência empírica colocadas em

suas interfaces. Criador e criaturas, dialéticamente imbricadas os saberes

tácitos e teóricos emergem neste Artigo como o resultado final de uma parceria

que se desenvolveu envolvendo muitos atores e quem mais se beneficia

1 Professora da Rede Pública de Ensino . Graduada em Geografia pela FAFI de Cornélio Procópio. Pós-graduada em Educação pelas Faculdades Espíritas.2 Graduação,Mestrado e Doutorado em Geografia pela Universidade de São Paulo.

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dessas parcerias é a sociedade na sua mais ampla dimensão. Isso porque o

trabalho descrito revela construção de conhecimento e formação de hábitos

ambientais a partir de uma atividade que pretende comungar os saberes

tecnológicos contemporâneos em beneficio dos compromissos ambientais

futuros envolvendo as gerações mais novas na perspectiva de construção do

cidadão do mundo.

Este artigo se constitui em uma síntese descritiva da experiência vivida pelos

educadores do CEEP”Lysímaco Ferreira da Costa” ao longo da implementação

da proposta de intervenção pedagógica na escola. Essa proposta corresponde

a uma das etapas previstas no programa de desenvolvimento educacional –

PDE versão 2009-2011 e foi desenvolvida tendo como sujeitos participantes os

professores da escola e os alunos formandos do Técnico em Agropecuária..

Nota-se que a aplicação das teorias e metodologias pesquisadas ao longo das

demais etapas foi essencial para subsidiar todo o projeto de implementação.

Por esta razão apresenta-se os fundamentos teóricos e a descrição das

práticas que se sucederam a partir dos referenciais pesquisados.

A pesquisa bibliográfica se constituiu em uma busca de informações sobre o

perfil dos alunos que estão hoje freqüentando o Colégio Agrícola. A atual

conjuntura política, econômica e social e o papel da educação ambiental neste

contexto. Também se procurou conhecer o papel e a interconexão entre os

avanços tecnológicos, o mundo globalizado e o meio ambiente e diante das

demandas educativas do ponto de vista da formação das gerações futuras

revelar o papel social da disciplina de geografia no currículo escolar.

Ao problematizar essa interconexão observou-se que a escola pública tem

como papel social históricamente consolidado possibilitar aos alunos o acesso

aos saberes socialmente produzidos que no seu conjunto representam o

progresso da humanidade. Também no âmbito das representações sociais

representa o caminho de acesso para a inserção no mercado de trabalho e

para a ascensão social. Para a sustentabilidade do planeta a escola significa o

meio mais importante para que promover a formação do sujeito ecológico.

Diante dessas demandas educativas cada disciplina do currículo deve

cumprir o seu papel assumindo seu compromisso com todos os segmentos

envolvidos no processo educativo.

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Isso significa que a disciplina de geografia pelas especificidades de seu

objeto de estudos assume um papel central na promoção de atividades

educativas que possibilitem envolver o acesso aos saberes provenientes dos

avanços tecnológicos e o seu uso de forma sustentada pelo conjunto da

sociedade assim como discutir o impacto das práticas do homem na sua

interferência no meio.

Ocorre porém, que essas demandas impõem aos profissionais da

educação uma série de desafios que devem ser vencidos com a urgência que

as especificidades educativas suscitam.

Essas dificuldades estão vinculadas ao processo de formação dos

professores tanto no campo computacional quanto no campo da educação

ambiental.

Segundo análises apresentadas nos PCNs., os professores das diversas

disciplinas apresentam resistência para a utilização dos recursos e ferramentas

computacionais por diferentes motivos. Entre eles citam-se a falta de acesso

aos equipamentos, falta de informação sobre as possibilidades dos

equipamentos disponibilizados; desconhecimento sobre as possibilidades de se

viabilizar o potencial das ferramentas nas especificidades dos conteúdos

escolares das disciplinas.

Outro aspecto que dificulta o uso das tecnologias é a insegurança em relação a

apreensão dos mecanismos de funcionamento das ferramentas como os

softwares educativos.

Diante dessa conjuntura um dos problemas colocados aos professores

se constitui em conhecer quais as possibilidades e quais os limites da equipe

docente em implementar objetos de aprendizagem dentro da perspectiva das

novas tecnologias aos alunos do colégio agrícola de forma significativa para a

formação do sujeito ecológico.

Outro problema colocado pela proposta aos professores referiu-se aos

impactos das práticas cotidianas do colégio agrícola sob a ótica ambiental.

A proposta visou propiciar aos professores e alunos uma proposta educativa

com o aporte das novas tecnologias da informação e da comunicação na

formação do sujeito ecológico a partir da análise das práticas educativas

desenvolvidas no âmbito dos colégios agrícolas especificamente junto ao curso

de Técnico em Agropecuária.

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1.1.Sustentabilidade, Tecnologia e Educação.

As categorias: sustentabilidade, tecnologia e educação estão presentes no

cotidiano da sociedade atual e são estruturais do próprio processo de

desenvolvimento.

Há muito tempo o homem vem percebendo a necessidade de associar ao seu

processo de desenvolvimento, a sustentabilidade, o que significa um processo

educativo permanente.

Como se constata na enciclopédia virtual wikipedia3 a sustentabilidade é um

conceito sistêmico que envolve de forma estrutural aspectos econômicos,

sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

A sustentabilidade pretende constituir-se em um meio de configurar a

civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus

membros e as suas economias possam atender às suas necessidades e

expressar o seu maior potencial no presente sem dissociar a necessidade de

preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de

forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

Entende-se que a sustentabilidade contempla diferentes níveis de organização

que incluem desde a vizinhança local até o planeta inteiro.

Explicam autores como Loureiro4 que para que um empreendimento humano

se caracterize pela sustentabilidade, deve estar comprometido com três fatores

fundamentais:

• ecologicamente correto;• economicamente viável;• socialmente justo; e• culturalmente aceito.

Significa dizer que a sustentabilidade é propiciar o melhor para as pessoas e

para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. Segundo o

Relatório de Brundtland (1987), sustentabilidade é: "suprir as necessidades da

geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as

suas".

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade. em 23.07.2010. 4 LOUREIRO. C.F. Trajetórias e fundamentos da educação ambiental. Cortez. SP. 3ª Ed. 2009.

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“Sustentável” provém da palavra latina “sustinere”, e significa “manter vivo”, “defender”. Este conceito, de interpretação dinâmica, teve várias versões ao longo dos anos, sendo o âmbito econômico, o que enquadrou a definição no ano de 1972, “restituir os recursos consumidos pelas organizações”. Na Cimeira da Terra (Earth Summit), no Rio de Janeiro, em 1992, contextualizou a sustentabilidade como um efeito sobre o futuro, por ações praticadas no presente, ou seja “as consequências da economia têm efeito sobre futuras gerações”. Em 2002, em Joanesburgo, durante a Cimeira da Terra, foram-lhe conferidas três dimensões, que se mantém como a abordagem atual. Uma dimensão econômica, uma social e outra ecológica, em que a econômica representa a abordagem central, seguindo-se concentricamente, a abordagem social e mais externamente, a ecológica, sendo esta a dimensão agregadora. A sustentabilidade adquiriu, assim, uma visão mais ampla do mundo, congregando duas grandes ideias: a sustentabilidade fraca e a sustentabilidade forte. A primeira representa a definição de sustentabilidade, defendida em 1972, em que a única preocupação é a de devolver o que se consumiu. A segunda, adapta o consumo às exigências mais amplas, relacionando-o com a manutenção dos recursos naturais, tendo efeitos de externalidades, do ponto de vista econômico, sobre o capital humano, financeiro, ambiental.5

Conceitualmente, no âmbito da economia, desenvolvimento econômico

sustentável é aquele em que a renda real cresce pelo crescimento dos fatores

produtivos reais da economia e não em termos nominais.

A realidade das estatísticas tem revelado que apenas 10% de tudo o que é

extraído do planeta pela indústria (em peso) se torna produto útil e que todo o

restante é resíduo. Estes dados demonstram a urgência de que todos os

segmentos adotem uma Gestão Sustentável que crie uma cultura coletiva do

consumo sustentável, é urgente minimizar a utilização de recursos naturais e

materiais tóxicos. Roesler6 propõe que:

Ao se decidir por buscar novas possibilidades de comportamento em relação ao ambiente é preciso conceber que esta busca requisita um processo de educação que entre se reconheça que o ambiente por suas características é dotado de capacidade de produzir valores de uso naturais que dão inicio a processos ecológicos, é preciso conceber a capacidade tecnológica vista como organização do conhecimento para um processo sustentável de produção cultural que surge da criatividade, da inovação e organização social.

Por entender que o processo de degradação do meio ambiente resulta

em grande parte da desinformação da população sobre as alternativas de

utilização e a capacidade de recuperação dos recursos naturais, a CNI defende

5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade EM 26.06.2010 6 Roesler. R.B. Limites de Mensuralidade dos indicadores ambientais no processo de conhecimeno e de gestão ambiental. Cortez. São Paulo. 2007. p.105

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também a implementação de programas de educação ambiental com o objetivo

de disseminar práticas ambientalmente saudáveis.

Cabral adverte para a importância de se buscar uma nova cultura sobre

a questão ambiental na medida em que em sua concepção, não existe nada

que tenha futuro se não for ecologicamente correto, socialmente justo, e

economicamente viável. O desenvolvimento sustentável não representa uma

opção arbitraria mas uma obrigação para todos os cidadãos. O

Desenvolvimento Sustentável não é ambientalismo nem apenas ambiente, mas

sim um processo de equilíbrio entre os objetos econômicos, financeiros,

ambientais e sociais.

Como se percebe, a sustentabilidade é um termo usado para definir

ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos

seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a

sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico

e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma

inteligente para que eles se mantenham no futuro.

Como descreve o Governo Federal, o Brasil se urbaniza cada vez mais e

é justamente nos centros urbanos onde se tem a maior produção de resíduos

seja pelo processo de industrialização seja pela própria dinâmica da vida

urbana.

Nosso País é um país cada vez mais urbano. Nossas cidades cresceram em número e tamanho de maneira avassaladora nas últimas décadas, com efeito, a taxa de urbanização brasileira evoluiu de 30,5% em 1970 para 81,2% em 2000., com atualmente, 29,9% dos brasileiros vivendo em regiões metropolitanas. As cidades são sistemas abertos que dependem de forma profunda de recursos externos e colocam o poder público diante de grandes desafios associados à auto-suficiência em consumo, disposição de resíduos sólidos e líquidos, disponibilidade de moradia adequada e transportes públicos eficientes. A situação ambiental das cidades brasileiras é agravada pelo fato de o processo de urbanização ser extremamente rápido e desigual, levando as populações de baixa renda a ocupar áreas periféricas, em geral, desprovidas de infra-estrutura, ou a se instalar em áreas de ambientalmente frágeis, como mananciais de água, encostas e estuários

Os analistas do Anuário Análise Gestão Ambiental 2007 advertem que

“ou as cidades acabam com o lixo ou o lixo acaba com as cidades”.

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Na verdade o lixo representa uma questão inerente ás concentrações

humanas, quanto mais desenvolvida uma comunidade social mais lixo cada um

de seus membros irá produzir.

Embora a consciência da questão da sustentabilidade esteja presente

nas políticas das diferentes instâncias da sociedade civil organizada o que se

percebe é que a realidade social revela que uma sociedade forjada pelo

capitalismo traz na sua formação as marcas da contradição. Isso significa que

convivem numa relação dialética classes sociais que vivem em significativos

graus de desigualdades.

Essas preocupações verbalizadas pelo Governo central revelam que são

justamente as comunidades mais ricas que produzem maior degradação do

ambiente porém, socializam apenas o ônus de seu processo de produção e de

consumo. Globalizam os prejuízos sociais e não socializam a produção do

progresso.

Mas, no seu conjunto todas as organizações sociais em maior ou menor

proporção produzem a degradação do ambiente pela produção de lixo

industrial, orgânico, sólidos, líquidos, gasoso. Tornam vítimas dessa

degradação todos os seres vivos do planeta. A globalização da economia vem

associada à globalização da destruição do planeta com as mesmas

características da desigualdade produzida pelo modelo econômico de base

capitalista.

É nesta perspectiva que se percebe a importância da atitude sustentável

no âmbito das Organizações Educativas.

A sustentabilidade é uma palavra consideravelmente recente, relativamente ao

sistema educacional, e tem vindo a alcançar significados muito diversificados

na sociedade e cultura atual.

Observa-se que a questão ambiental tem sido tratada como um

conteúdo educacional transversal e sob um caráter multidisciplinar. Não é

comum, porém, uma sistematização de práticas que possam resultar em

formação de hábitos. Há o compromisso com a conscientização, com a

sensibilização, no entanto, não se constata o estabelecimento de práticas

permanentemente comprometidas com a questão ambiental.

A educação como se percebe representa uma área do fazer humano

presente em todas as fases de desenvolvimento, o homem aprende com a vida

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e portanto, aprende diuturnamente mesmo que esse processo de

aprendizagem não faça parte de uma ação sistêmica, formal.

No que se refere à educação formal a escola representa a instituição social que

tem por finalidade promover o processo de ensino comprometido com a

formação do sujeito no campo dos saberes científicos, dos saberes tácitos

vinculados ao processo produtivo e da sociabilidade a partir da qual o sujeito se

relaciona com os demais e a natureza.

Isso arremete a uma ação pensada e não apenas a um comportamento

aprendido pela convivência, como explica Carvalho7 é a ideia de ação

compreendida como ação política que caracteriza a condição humana. Sob

essa perspectiva, o conceito de ação opõe-se à noção de comportamento.

O sujeito da ação política é aquele capaz de identificar problemas e participar dos destinos e decisões que afetam seu campo de existência individual e coletivo. A palavra política é entendida em seu sentido mais amplo, como vive e interferir em um mundo coletivo. (...) a capacidade de ação política é a expressão mais acabada da condição humana. (...) os seres humanos definem-se por esse conviver entre seus pares, influindo no destino do mundo que têm em comum. A capacidade de agir em meio à diversidade de ideias e posições é a base da convivência democrática, da participação, da liberdade e da possibilidade de fazer historia e criar novas formas de ser e conviver.

Diante disso, propõe a autora que é possível pensar uma prática

educativa ambiental como sendo aquela que juntamente com outras práticas

sociais está ativamente comprometida com o fazer histórico-social, produz

saberes, valores, atitudes e sensibilidades e por excelência, é constitutiva da

esfera pública e da política na qual exerce a ação com as suas possibilidades

emancipadoras do existir humano.

Para isso é, adverte a autora, importante que se tenha em mente que há

uma diferença significativa entre agir e comportar-se uma vez que a ação se

promove sempre como expressão de um sujeito no mundo isto é, um sujeito

que se constitui socialmente e não se reduz a uma interioridade privada, uma

existência individual isolada da vida em comum.

O comportamento por sua vez, arremete à visão que supõe um sujeito

atomizado, apartado e com isso privado da esfera das relações históricas e

sociais coletivas.

7CARVALHO. I. C.M, Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 4ªed. Cortez. 2008. p.187.

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O sujeito que se comporta tem como ideal de vida em sociedade uma

felicidade adaptativa na medida em que vive em uma sociedade tirânica que o

ameaça com a exclusão e o não reconhecimento, se ele fugir às normas.

O sujeito que age é aquele concebido como estrutural de uma ordem social

que mesmo que determine seu comportamento de possibilidade de ação

também é passível de mudanças e transformações pelas quais vale a pena

lutar. Tornar-se sujeito da ação corresponde um ideal que no processo

educativo vale tanto para o educador quanto para o aluno, tal como descreve

Brandão8

Ao professor guiado por seu desejo, cabe o esforço imenso de organizar, articular, tornar lógico seu campo de conhecimento e transmiti-lo a seus alunos. A cada aluno cabe desarticular, retalhar, ingerir e digerir aqueles elementos transmitidos pelo professor que se engancharam em seu desejo, que fazem sentido para ele, que, pela via de transmissão única e aberta entre ele e o professor – a via da transferência – encontram eco nas profundezas de sua existência de sujeito do inconsciente. Se o professor aceitar essa canibalização feita sobre ele e seu saber (sem contudo renunciar as próprias certezas, já que é nelas que se encontra o seu desejo), então estará contribuindo para a relação de aprendizagem autêntica. Pela via da transferência o aluno passará por ele, usa-lo-á, por assim dizer, saindo dali com um saber do qual tomou verdadeiramente posse e constituirá a base e o fundamento para futuros conhecimento e saberes.

Segundo Maia9 é possível ao ser humano, assimilar em média: 10% do

que lê, 20% do que escuta, 30% do que vê; 50% do que vê e escuta; 70% do

que ouve e logo discute e 90% do que ouve e logo realiza.

Isso significa que para que seja desenvolvida uma Aprendizagem Significativa,

o aprendiz não deve ser passivo no processo ensino-aprendizagem e mais que

isso, deve integrar diferentes maneiras de aprender para que essa informação

nova possa fazer parte de sua estrutura cognitiva, interagindo com os pares.

A partir desse pensamento o professor fará as suas escolhas, definirá

suas práticas, adotará seus métodos, priorizará seus conteúdos pelo critério do

significado desses na vida cotidiana de seus alunos e dos desafios que

vislumbra para as gerações futuras e os objetos de aprendizagem mais

apropriados a cada realidade de aluno, a cada conteúdo, a cada compromisso.

8 BRANDÃO. C.r. Pensar a Prática. SP. LOYOLA. 1984. P. 139.9 MAIA. L.S. Objetos de Aprendizagem. http://www.slideshare.net/ivanderson/objetos-de-aprendizagem. em 03.07.2010.

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Segundo Mendes10 citado no manual da TV Multimídia da Secretaria de Estado

da Educação

Objetos de aprendizagem são recursos digitais construídos por meio de linguagens de programação (HTML, JAVA) e ou ferramentas de autoria (editores de textos, imagens e de recursos multimídia) que permitem a construção de jogos, textos, áudio, vídeo, gráficos, imagens, etc. como subsídios para o processo de aprendizagem. Os objetos podem ser usados e reusados em diferentes contextos educacionais.

As principais características que definem um objeto de aprendizagem citados

neste documento são:

Reusabilidade: reutilizável em diversos ambiente de aprendizagem;

Adaptabilidade: pode ser adaptado para qualquer ambiente de ensino nas

diferentes práticas educativas;

Granularidade: blocos de informações que podem ser reagrupados formando

um novo bloco;

Acessibilidade: de fácil acesso via internet, o que permite a usabilidade em

diferentes locais;

Interoperabilidade: é possível operá-lo em distintos hardwares, sistemas

operacionais, navegadores, além do intercambio entre vários sistemas.

Escolher os objetos de aprendizagem que serão trabalhados em sala de aula é

necessáriamente uma função do professor, pois, é ele quem define qual o

recorte e qual o conteúdo que será apresentado aos alunos.

Em artigo publicado pelo MEC11 as autoras Prata e Nascimento observam que

as escolhas do professor está diretamente relacionada às suas concepções de

vida.

1.2. Objetos de Aprendizagem e softwares educativos: e suas possibilidades

como ferramenta de ensino.

Cada vez mais se percebe a presença do computador como recurso para o

desenvolvimento de atividades educativas na sala de aula. Não há duvidas de

10 Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. TV Multimídia. Seed. PR. Curitiba – PR. p.13.11Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Objetos de aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico/Organização: Carmem LúciaPrata, Anna Christina Aun de Azevedo Nascimento. – Brasília : MEC, SEED, 2007. p. 8

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que se for utilizado com criterioso planejamento visando os conteúdos

educacionais essa ferramenta é necessária tanto como recurso didático como

meio de possibilitar aos alunos o acesso às novas tecnologias que movem toda

a vida cotidiana em sociedade.

Borba e Penteado (2001), ao discutirem a presença da informática nos domínios da atividade humana e em particular nas atividades escolares, argumentam que uma questão central da entrada das novas mídias na escola está relacionada com o professor. Realizam a seguinte observação: “para que o professor em todos os níveis aprenda a conviver com as incertezas trazidas pela mídia que tem características quantitativas e qualitativas novas em relação à memória, um amplo trabalho de reflexão coletiva tem que ser desenvolvido”.Rodrigues (2006), em sua pesquisa de caráter qualitativo, discutiu o processo coletivo de produção de objetos de aprendizagem desenvolvido na universidade e na escola. Nesse trabalho, delineou-se um esquema sobre a produção social de saberes docentes. Nesse estudo, percebemos que a formulação das perguntas é uma questão central no processo de produção de objetos de aprendizagem, pois ela possibilita o estabelecimento do diálogo entre os alunos e o professor em torno da aprendizagem de determinado conteúdo escolar específico.

Adverte Klein12 que apenas o fato de se promover a instalação de

computadores na sala de aula para democratizar o acesso à informação e

garantir novos métodos de ensino não caracteriza um avanço na estrutura

educacional.

Na prática percebe-se que esta estratégia não é suficiente. Para o autor é

necessário também, capacitar o professor, para que seja capaz de decidir

quando, como e para que utilizar a informática em suas atividades.

Uma das maneiras eficientes para a construção do ensino é a utilização de softwares educativos, de autoria ou de desenvolvimento do próprio professor. Este adicional ao ensino vem contemplar o que Martins (1999) descreve, pois “um dos grandes desafios da escola hoje é a conquista de um interesse natural dos alunos em relação aos conteúdos apresentados” (p.12). Desta forma, a utilização de softwares educativos é capaz de atender esta necessidade. Sabe-se que com o crescimento da informática e o domínio da Internet, como recurso auxiliar na aquisição de informações, ensino a distância e atividades realizadas a distância, são recursos que sendo utilizados de forma adequada tornam-se instrumentos capazes de favorecer reflexões aos alunos, criando interações com determinados conteúdos de uma ou mais disciplinas. (...) Principalmente cabe salientar que a tecnologia é entendida como mais um dos recursos a serem integrados ao projeto pedagógico da escola, como mediadores do processo educativo.

Nesse sentido percebe-se que é preciso escolher criteriosamente as

ferramentas de acordo com suas especificidades e adequação aos conteúdos

escolares a serem trabalhados.

12 KLEIN . C. A Arte de Ensinar Utilizando Softwares Educativos Centro Universitário Feevale . RS. 2009. p09

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Conforme se constatou o conceito de objetos de aprendizagem é ainda recente e não há uma definição de consenso no meio educativo. Em seu artigo publicado pelo MEC13 Laércio Nobre de Macedo e José Aires de Castro Filho descrevem que:

Os Objetos de Aprendizagem podem ser compreendidos como “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino” (WILEY, 2000, p. 3). Os estudos sobre OA são recentes, de forma que não há um consenso universalmente aceito sobre sua definição. Os OA podem ser criados em qualquer mídia ou formato, podendo ser simples como uma animação ou uma apresentação de slides ou complexos como uma simulação. Os Objetos de Aprendizagem utilizam-se de imagens, animações e applets, documentos VRML (realidade virtual), arquivos de texto ou hipertexto, dentre outros. Não há um limite de tamanho para um Objeto de Aprendizagem, porém existe o consenso de que ele deve ter um propósito educacional definido, um elemento que estimule a reflexão do estudante e que sua aplicação não se restrinja a um único contexto.

Os softwares educativos correspondem a uma das possibilidades que a

escola pode implementar em suas práticas. Klein14 apresenta uma proposta de

critérios que devem ser levados em consideração quando da escolha de um

software ou da elaboração por professores e alunos.

Nessa perspectiva os diferentes objetos de aprendizagem são

facilitadores dessa interação como explica o autor. Objetos Virtuais de

Aprendizagem podem ser compreendidos como qualquer recurso digital que

possa ser reutilizado para o suporte ao ensino ou ainda, são como recursos

digitais que podem ser reutilizados e combinados com outros objetos para

formar um ambiente de aprendizado rico e flexível. Há diversos fatores que

favorecem o uso dos OVA na área educacional como: flexibilidade, a facilidade

para atualização, a customização, interoperabilidade, o aumento do valor de

um conhecimento e a facilidade de indexação e procura.

Softwares educativos são programas utilizados em contextos educativos,

mesmo que não tenha sido produzido com essa finalidade. Classificam-se em

Softwares educativos e Softwares aplicativos. Os Objetos de Aprendizagem

diferem dos softwares educativos, porque ao invés de se constituírem em um

ambiente completamente aberto de exploração, são projetados para permitirem

a investigação de conceitos específicos.

13 Op.cit.p.1714 Ibd. p.9

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Existem também diferentes e ricas demonstrações de como aliar a

educação ambiental e a construção de softwares educativos. Exemplos podem

ser constatados nos endereços eletrônicos abaixo:

http://www.akatu.org.br/interatividades/galeria-de-videos/o-que-e-

sustentabilidade/

http://www.youtube.com/watch?v=ML71aObeRbg&feature=player_embedde

http://www.youtube.com/watch?v=TG76XGoeKl4&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=QA0b_KDyd2Y&feature=related

Leite15 corrobora com a ideia de que compete aos profissionais da

educação selecionar segundo critérios pedagógicos as ferramentas mais

adequadas ao seu processo de ensino assim como, estimular o

desenvolvimento de novos softwares pelos próprios alunos.

Nessa perspectiva a autora observa que a escolha deve ser criteriosa e a

avaliação tanto do conteúdo como da forma deve ser minuciosa.

A disciplina de Geografia ao longo de sua história como área do

conhecimento da grade curricular da educação básica passou por diferentes

enfoques, adotou diferentes paradigmas, desenvolveu diferentes formas de

abordagem de caráter didático pedagógico.

Atualmente se constata nos PCNs16 (Parâmetros Curriculares Nacionais) que a Geografia é colocada como a ciência que tem como tarefa buscar “um ensino para a conquista da cidadania brasileira”. Como explicitam os parâmetros17:

O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais este campo do conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais históricamente pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade: o conhecimento geográfico.

Para a promoção desse estudo na forma como está proposto nos PCNs., as

práticas pedagógicas devem estar planejadas de tal forma que propicie aos

15 Leite. M.Softwares educativos e objetos de aprendizagem: Um olhar sobre a análise combinatóriahttp://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cd_egem/fscommand/CC/CC_46.pdf. p.716 Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : história, geografia/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília :MEC/SEF, 1997.p.26.17 Ibd. p. 06

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alunos aproximações com o contexto atual como condição básica para a

compreensão da realidade e a possibilidade de interferência para a sua

transformação. É o que se constata no texto dos PCNs.18

Abordagens atuais da Geografia têm buscado práticas pedagógicas que permitam apresentar aos alunos os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno em diferentes momentos da escolaridade, de modo que os alunos possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito. Espera-se que, dessa forma, eles desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade-natureza. Essas práticas envolvem procedimentos de problematização, observação, registro, descrição, documentação, representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que compõem a paisagem e o espaço geográfico, na busca e formulação de hipóteses e explicações das relações, permanências e transformações que aí se encontram em interação.

Essa interação com a realidade revela questões que preocupam o

conjunto da sociedade e que somente poderão trazer soluções e

sustentabilidade se forem tratadas coletivamente tal como se percebe no texto

oficial.

Os problemas socioambientais e econômicos — como a degradação dos ecossistemas, o crescimento das disparidades na distribuição da riqueza entre países e grupos sociais, por exemplo — podem ser abordados a fim de promover um estudo mais amplo de questões sociais, econômicas, políticas e ambientais relevantes na atualidade. O próprio processo de globalização pelo qual o mundo de hoje passa demanda uma compreensão maior das relações de interdependência que existem entre os lugares, bem como das noções de espacialidade e territorialidade intrínsecas a esse processo. Tal abordagem visa favorecer também a compreensão, por parte do aluno, de que ele próprio é parte integrante do ambiente e também agente ativo e passivo das transformações das paisagens terrestres. Contribui para a formação de uma consciência conservacionista e ambiental, na qual se pensa sobre o ambiente não somente em seus aspectos naturais, mas também culturais, econômicos e políticos.Para tanto, as noções de sociedade, cultura, trabalho e natureza são fundamentais e podem ser abordadas através de temas nos quais as dinâmicas e determinações existentes entre a sociedade e a natureza sejam estudadas de forma conjunta. Porém, para além de uma abordagem descritiva da manifestação das forças materiais, é possível também nos terceiro e quarto ciclos propor estudos que envolvam o simbólico e as representações subjetivas, pois a força do imaginário social participa significativamente na construção do espaço geográfico e da paisagem.

No processo educativo a Geografia trabalha com imagens, recorre a diferentes

linguagens na busca de informações e como forma de expressar suas

interpretações, hipóteses e conceitos. Pede uma cartografia conceitual,

apoiada numa fusão de múltiplos tempos e numa linguagem específica, que

faça da localização e da espacialização uma referência da leitura das

paisagens e seus movimentos.

18 Op.cit.p.9

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Significa dizer que os recursos informacionais no ensino da geografia

constituem sem recurso didático e conteúdo educacional.

Consequentemente, a educação ambiental a partir da disciplina da geografia

assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a educação e a

responsabilização dos indivíduos tornam-se objetivos essenciais para promover

o desenvolvimento sustentável.

Na especificidade de seu objeto a educação ambiental é condição

necessária para modificar um quadro de crescente degradação sócio-ambiental

e o educador terá uma função de mediador nessa construção de referenciais

ambientais e deverá saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento

de uma prática social centrada no conceito da natureza.

Pensando assim, o ambiente virtual criado para a aprendizagem, deverá

contemplar esses objetivos, servindo de ferramenta de transformação na

medida em que, através do ambiente desenvolvido e da interação do usuário, é

possível promover um encontro entre uma real necessidade de educação

ambiental sem deixar de lado os novos avanços em termos de tecnologia.

Carvalho19 revela que após a Conferência Intergovernamental sobre

Educação Ambiental realizada em Tbilisi (EUA), em 1977, desencadeou-se a

partir dos diferentes segmentos das organizações sociais um processo em

nível global para criar condições que formem uma nova consciência sobre o

valor da natureza e para orientar a produção de conhecimento baseada nos

métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade.

Observa-se que na prática esse campo educativo tem se desenvolvido,

e isso tem possibilitado a realização de experiências concretas de educação

ambiental de forma criativa e inovadora por diversos segmentos da população

e em diversos níveis de formação. Não somente as escolas têm desenvolvido

projetos educativos de caráter ambiental, as empresas, as indústrias, os

hospitais, revelam em suas políticas de gestão o cuidado com a

sustentabilidade do desenvolvimento.

Diante dessa demanda a educação ambiental é uma área interdisciplinar

na qual participam história, geografia, biologia, física, química, ciências sociais,

entre outras. Por esse motivo, pensar no uso das TICS (Tecnologias da

19 CARVALHO. I. C.M, Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 4ªed. Cortez. 2008.

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Informação e Comunicação) nessa área leva necessáriamente a pensar na

utilização de ambientes visualmente ricos e com possibilidades de simulação,

ou seja, dinâmicos.

Para a disciplina de Geografia vincular em suas práticas educativas

tecnologia e educação ambiental parece se constituir em uma condição

primordial na medida em que seu objeto de estudo tem na Geo a sua Gênese.

Alem da possibilidade de construir com os alunos os objetos de

aprendizagem utilizando a linguagem computacional é possível também a

utilização das ferramentas já disponíveis como por exemplo a versão 5.0 do

Google Earth. Com o Google Earth o aluno viaja de forma 3D para qualquer

lugar da Terra e pode ver imagens de satélite, mapas, terrenos, construções,

galáxias, cânions e oceanos. Acesse: http://earth.google.com.br.

Como demonstra a Secretaria de Estado da Educação20 existem muitos

depositórios de Objetos de Aprendizagem. No portal dia-a-dia educação

WWW.diaadia.pr.gov.br/tvmultimidia estão disponibilizados conteúdos pré-

selecionados por especialistas de todas as disciplinas do currículo.

O Philcarto é um Software livre, foi desenvolvido pelo geógrafo francês Philippe

Waniez. No Brasil, é bastante utilizado pelo Prof. Dr. Hervé Théry (USP) no

desenvolvendo de importantes pesquisas na área de Geografia Regional. O

mesmo pode ser acessado em http://philgeo.club.fr/Index.html.

No endereço http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo10/artigos/4lMeri.pdf é possível

perceber a construção de um objeto de aprendizagem apartir de conteúdos da

geografia intitulado “Objetos de aprendizagem da área de Geografia: relatos da

experiência de desenvolvimento do Capitão Tormenta e Paco em movimentos

da terra, rede geográfica, fusos horários e estações do ano.

O trabalho com mapas digitais pode ser desenvolvido a partir da utilização da

WebQuest proposta para ensino de cartografia temática com orientações

detalhadas sobre a construção de mapas digitais. Essa metodologia pode ser

utilizada em disciplina de cursos de geografia, cartografia ou na formação de

outros profissionais que trabalham com mapas em suas pesquisas. Utiliza o

software Microsoft Excel® para a construção da base de dados, o Adobe

Illustrator® para a base cartográfica e o software Philcarto para a elaboração

dos mapas temáticos. A partir de uma tabela de dados coletados em campo é

20 Op.cit.p.15

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possível construir vários mapas da cidade. O desafio será encontrar o método

cartográfico mais adequado para a construção de mapas úteis.

http://www2.uel.br/revistas/geografia/v15n2/7.pdf.

Obladen21 observa ainda os impactos ambientais ocasionados pelo lixo que

além de conter grande quantidade de resíduos de natureza biológica como por

exemplo as toneladas de fezes humanas que trazem vetores biológicos

responsáveis por infecção eventualmente transmitidas ao homem o lixo

também se constitui em local ideal para alguns animais que no lixo encontram

alimento, água, e abrigo tornando-se assim veiculadores ou reservatórios de

doenças.

Segundo o autor a partir do lixo a contaminação pode ocorrer pelo contato

direto com os microvetores como bactérias, fungos, vírus, vermes; ou pelo

contato indireto como o ar, água, solo, artigos críticos e semicríticos; ou por

vetores mecânicos como moscas,baratas, roedores, suínos e mosquitos.

Para a geografia no entanto o estudo destas questões está imbricado na

especificidade de seu objeto que se constitui das interações entre a sociedade

e a natureza.

Muitos outros conteúdos podem ser abordados sob a perspectiva da ação

pensada humana, da relação direta dos avanços tecnológicos com o ensino da

geografia visando uma educação ambiental.

2. Metodologia da Pesquisa

Primeiramente foi realizada a pesquisa bibliográfica que foi sistematizada em

um material didático. A leitura e discussão desse material foi o primeiro passo

para que os professores pudessem conhecer o assunto com maior aporte

teórico. Antes de se iniciar os estudos, foram feitas discussões sobre as

práticas desenvolvidas utilizando as ferramentas de aprendizagem.

Os professores foram unânimes em dizer da importância dos diferentes

recursos, não somente os derivados da microeletrônica e das redes sociais de

comunicação pela via da Internet.

21 OBLADEN. N. L. Curso de Resíduos Sólidos Urbanos no Caminho da Sustentabilidade Ecológica. PRIMER. CURITIBA. 2004

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Revelaram que utilizam em suas aulas o laboratório de informática, a TV

multimídia e outros recursos como jornais, rádio, cd, DVD.

Após a leitura e discussão do material didático, foram feitas análises sobre o

ensino da geografia, o aporte das tecnologias no processo de ensino de forma

autônoma.

Ficou explicito que os professores não se vêem autônomos diante das

especificidades das ferramentas informacionais, seu sistema operacional, na

verdade, usufruem com maior autonomia os softwares. Nesse sentido

confirmam as análises de Kuenzer (2002) que observa que é preciso conhecer

com maior propriedade o sistema de funcionamento das mídias para se ter

realmente autonomia sobre elas.

Foi efetuado um levantamento de dados sobre as atividades do Colégio

Agrícola nas suas atividades cotidianas que impactam o ambiente de seu

entorno. Nesse trabalho foram envolvidos os alunos na medida em que são

estes os maiores responsáveis pela impactação no meio ambiente, isso porque

interagem com o ambiente nas suas práticas educativas produzindo produtos

agrícolas, estudando a relação do homem com o meio ambiente de forma mais

invasiva.

Nesse sentido o material didático fundamentou as análises com base na teoria

sobre a educação ambiental e as tecnologias no mundo contemporâneo.

Após esse trabalho efetivado junto a professores e funcionários e alunos a

proposta seguiu seu rumo e iniciou-se as atividades para a elaboração de um

material midiático visando a sustentabilidade nas práticas cotidianas do Colégio

Agrícola a partir da intervenção investigativa dos alunos sistematizada pela

disciplina de geografia.

Para essa atividade foram formados grupos de trabalho integrados por

professores, servidores, alunos por segmento Solo, Água e Mudanças

climáticas.

Nas atividades específicas de plantio, de manutenção, de hotelaria,

convivência homem-natureza cada grupo procurou avaliar como as

relações operam e quais os impactos que cada uma dessas atividades

representam para a questão do solo, da água, e os impactos nas

mudanças climáticas.

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Para finalizar as atividades promoveu-se um debate a partir dôo qual

se propôs a elaboração de uma agenda positiva para que as

atividades do colégio possam atender às propostas de

sustentabilidade.

Considerações Finais.

Ao concluir as atividades do plano de implementação na escola e

finalizá-lo com a descrição neste artigo, ficou explicito que o trabalho

apenas começou. A agenda proposta será implementada de forma

permanente na escola. E novos projetos de sustentabilidade a partir

do ensino da geografia continuarão a ser desenvolvidos. a elaboração

do folder a partir dos softwares de animação está em fase de

conclusão.

2. REFERÊNCIAS:

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discurso da democracia e dos direito humanos. Que paradigmas, que

crise? Rio de Janeiro: Contraponto, 1999.

CARVALHO. I. C.M, Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico.

4ªed. Cortez. 2008.

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