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Artigo que analisa a especialização regional produtiva de papel e celulose na região do Vale do Paraíba - SP. Organizando dados sobre a produção de eucalipto ao longo de 20 anos e também das modificações que a implantação dessa cultura trouxe para a região, como a queda acentuada da produção de alimentos.
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Densidade técnica e especialização regional produtiva: as dinâmicas de produção de papel e celulose na região nordeste do estado de São Paulo
Bruna Garcia Eskinazi
Graduanda do Curso de Geografia (IGCE) UNESP – Campus Rio Claro [email protected] José Gilberto de Souza
Prof. Dr. do Departamento de Geografia (IGCE) UNESP – Campus de Rio Claro [email protected]
As análises espaciais produzidas nos últimos anos passaram a incorporar conceitos que
expressam não apenas uma dimensão de objetos e sua fixação e existência sobre o
território, mas também, vincular a estes conceitos dimensões que resultam no
entendimento das relações sociais e produtivas e suas transformações no âmbito do
trabalho e da reprodução social. O conceito de densidade técnica, por exemplo, carrega
esta capacidade explicativa ao envolver os objetos e processos produtivos e por sua
capacidade de engendrar e transformar relações sociais de produção. Para Milton Santos
e Maria Laura Silveira, os acréscimos de ciência, tecnologia e informação ao território,
que constituem o meio técnico-científico informacional, “são, ao mesmo tempo, produto
e condição para o desenvolvimento de um trabalho material e de um trabalho
intelectual, este tornado indispensável, já que antecede a produção” (2001, p.101). No
capitalismo este trabalho intelectual é que cria instrumentos específicos e sistemas
técnicos sofisticados para tornar a produção e a circulação ainda mais eficazes na lógica
da acumulação.
Neste contexto, no caso da produção de papel e celulose em Jacareí, suas técnicas e
dinâmicas de desenvolvimento, causam transformações na matriz produtiva regional,
decorrentes da especialização produtiva primária. O território vai se especializando para
melhor atender as demandas de algumas empresas, tanto com a criação de tecnologias,
quanto com a construção de sistemas de engenharia. Processos que se articulam às
estruturas públicas de Estado, com força capaz de induzir seu comportamento na lógica
de seus interesses privados. E também, aprofundam processos de vulnerabilidade
territorial (ARROYO, 2001; CASTILLO, 2007).
As empresas, então, escolhem lugares onde conseguem maior produtividade, não só
pelos recursos naturais, mas principalmente pelos objetos técnicos, que buscam a
exatidão funcional, modificando a dinâmica anterior dos lugares onde são instalados,
impondo racionalidades e temporalidades globais. A desorganização dos lugares pela
ordem hegemônica das grandes empresas se dá, pois seus objetivos são voltados para o
lucro num mercado global altamente competitivo. Constituindo, assim:
A especialização regional produtiva, isto é, a reunião de fatores produtivos e de condições particulares (serviços, armazenamento, terminais, comércio, centros de pesquisa e informação) numa determinada porção do território gera condições para o aumento da produção e da produtividade, elevando, portanto, a competitividade de alguns lugares e regiões para um determinado tipo de produção (CASTILLO, 2007, p. 37).
Este processo, sendo uma manifestação da divisão territorial do trabalho (SANTOS &
SILVEIRA, 2001), nos países periféricos volta-se principalmente para a produção de
commodities, criando extensas monoculturas modernas que compõem a “agricultura
científica globalizada” (CASTILLO, 2007) ou a “agricultura de precisão”, baseada no
crescimento do uso de maquinários, tratores, colheitadeiras, pulverizadores; insumos
químicos, fertilizantes, herbicidas, inseticidas; produtos da biotecnologia, sementes
melhoradas (SANTOS & SILVEIRA, 2001; RAMOS, 2001).
Um processo determinado pelo aumento do consumo intermediário, isto é:
O valor de todos os insumos que entram no processo de produção (excetuando, a força de trabalho), ou seja: as despesas com sementes, defensivos, fertilizantes, rações e medicamentos para animais, aluguel de máquinas, embalagens e outros itens que possam ser considerados matérias-primas ou insumos produtivos, em verdade todos estes processos revelam mais que a modernização, a alteração no padrão tecnológico da produção o grau de dependência e as transformações nas relações sociais de produção, da especialização e divisão do trabalho e o assalariamento (SOUZA, 2001: 21).
No entanto, a especialização regional produtiva, amplamente incentivada pelo Estado1
causa vulnerabilidades, pois:
[...] quanto mais especializado produtivamente estiver um lugar, uma região ou país, mais vulnerável ele pode tornar-se no quadro das relações internacionais. Isso acontece, sobretudo, quando se trata de bens pouco diferenciados, com baixo valor agregado, tipicamente o caso das matérias-primas (ARROYO, 2001, p. 54).
Essas vulnerabilidades, que fogem do controle e da previsão dos produtores, por
estarem vinculadas a decisões externas dos mercados internacionais (CASTILLO,
FREDERICO, 2010), também se estendem à soberania alimentar, ao privilegiar a
exportação de commodities em detrimento da produção de alimentos para abastecimento
do mercado interno (OLIVEIRA, 2003). A consolidação de especializações regionais
produtivas no modelo de produção do agronegócio resulta numa profunda
transformação dos ritmos de trabalho, já que, a monocultura possui necessidades muito
1
A partir da década de 1960 que se consolida o circuito espacial produtivo de papel e celulose com o incentivo ao reflorestamento programado no Novo Código Florestal e com a criação do plano de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento e duas importantes instituições de pesquisa, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), em 1967, e o Instituto de Pesquisas Florestais (IPEF), na ESALQ em parceria com algumas empresas do setor em 1968 (GONTIJO, 2001). Na década seguinte, estimula-se a entrada de empresas estrangeiras, que, por sua vez, sofrem nos seus países de origem, pressão dos movimentos ambientalistas. E o circuito passa, nos anos 90, por um processo de concentração de capital, com muitas fusões e aquisições (JOLY, 2007).
variáveis durante o ano de força de trabalho, forçando concomitantemente a
expropriação e a contratação de trabalho temporário. Dessa forma, alguns camponeses
se proletarizam ou nas cidades, ou no campo nas épocas de maior demanda de mão-de-
obra, fragilizando outras relações de trabalho, como a parceria. E outros se capitalizam,
mas de forma subordinada, participando dos programas de fomento, nos quais a
empresa fornece as mudas, a assistência técnica, os insumos, não decidindo, portanto, o
que e como produzir, ou arrendando suas terras para a monocultura.
Um exemplo dessa relação de subordinação é a empresa Fibria2, em seu contrato com
seus fornecedores, que impõe as seguintes cláusulas para a produção:
• Mudas de eucaliptos produzidas com tecnologia de última geração. • Acompanhamento profissional que orienta o manejo da floresta. • Planejamento da propriedade por meio da elaboração de planta (mapa)
da área, com demarcação de estradas, talhões e Áreas de Preservação Permanente (APPs).
• Qualificação de profissionais e produtores rurais. • Desenvolvimento dos conceitos de Certificação Florestal. • Garantia de compra da madeira (FIBRIA, 2012).
Alves (2007) analisando as relações de subordinação, forjadas sobretudo pelo acesso ao
crédito mediado pela empresa, destaca que uma das desvantagens apontadas pelos
produtores que participam dos programas de fomento é a eliminação de outras culturas,
impulsionando ainda mais a perda de diversidade de culturas.
Esses programas de fomento também evidenciam um fenômeno que tem se acentuado
com o desenvolvimento das inovações tecnológicas no atual período histórico: “a
dicotomia existente entre aqueles que detêm o saber, isto é, a capacidade de induzir a
inovação tecnológica, e aqueles que somente usam os novos sistemas técnicos e
executam as funções de realização da produção propriamente dita” (NASCIMENTO Jr,
2010, p. 565).
Os trabalhos levantados sobre especialização produtiva de papel e celulose em
diferentes regiões brasileiras (PIRES DO RIO, 2000; JOLY, 2007; KUDLAVICZ,
2011; SUERTEGARAY, 2011; ALMEIDA, 2010; FERREIRA, 2002) são unânimes em
apontar perda de postos de trabalho no campo, êxodo rural, diminuição da diversidade
produtiva e elevação da concentração de terra.
Assim, para analisar as transformações na matriz produtiva regional desencadeadas pela
produção de papel e celulose da Fibria S/A em Jacareí, adotou-se como recorte espacial
o Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Pindamonhangaba, que compreende
2 Empresa resultante da fusão entre a Votorantim Papel e Celulose (VCP) e da Aracruz Celulose, em 2009. Produz na unidade de Jacareí mais de 1 milhão de toneladas de celulose branqueada por ano. (FIBRIA, 2012).
21 municípios, dos quais 13 possuem produção de eucalipto. Observando os dados nos
gráficos abaixo sobre uso da terra podemos perceber que, apesar da queda na área total
(considerando como área total a soma entre as áreas produtivas e as áreas de vegetação
preservadas) dessa região entre 1990 e 2011, de 545 mil ha para 462 mil ha (passando
por uma máxima de 636 mil ha em 1994), a área de produção de eucalipto cresceu
consideravelmente, passando de 48 mil ha a 85 mil ha neste intervalo de 21 anos,
chegando a ocupar mais de 93 mil ha em 2008. Passando, a consumir 8,9% da área total
em 1990 para 18,4% em 2011. Pode-se inferir que a declinação negativa nos anos de
2009 e 2010 se deu pela crise pela qual passou a empresa Aracruz Celulose3 (tendo
como consequência o adiamento da compra desta empresa pela VCP de 2008 para
2009) e decorrente instabilidade nesse circuito produtivo.
Elaboração: Bruna Garcia Eskinazi; Fonte: IEA/CATI
Essa porcentagem aumenta ao considerarmos apenas a área total agrícola, excluindo a
área de cobertura de mata natural. Em 1990, por exemplo, o plantio de eucalipto
representava 13% da área total agrícola e atinge 41,5% em 2011. Ultrapassando o limite
de 30% que a Organização Mundial da Saúde estabelece como área máxima que um
monocultivo industrial pode ocupar na área agricultável de um município, indicador
estipulado para haver a garantia da segurança alimentar (DE LA TORRE, 2011).
Pode-se notar também, a partir do gráfico abaixo, que as áreas de produção de milho,
arroz e legumes e verduras reduzem a metade no período e a de feijão para menos de
um quinto do que era em 1990. Mas, a área de pastagem teve queda mais acentuada,
perdendo mais de 180 mil hectares nessas duas décadas, representando em 1990 mais de
75% da área produtiva e 48% em 2011. Percebe-se, portanto, que com o aumento das
áreas destinadas a monocultura de eucalipto, houve uma redução na diversidade
produtiva da região.
3 Em 2008 a empresa Aracruz perde US$ 2,13 bilhões em operações com derivativos financeiros, pela desvalorização do dólar (FOLHA, 2008).
Elaboração: Bruna Garcia Eskinazi; Fonte: IEA/CATI
Destaca-se que esta lógica de produção exerce pressão sobre a demanda de terra, no
jogo das relações de mercado promove inflexão positiva nos preços. Souza, ao analisar
esta lógica de demanda por terras pelos setores oligopolizados, no caso setor
sucroalcooleiro, afirma que:
Este quadro de valorização da terra pelo setor agropecuário (capitalismo agro-industrial e financeiro) responde pela trajetória positiva dos preços, mas, sobretudo pelo processo de espacialização do setor sucroalcooleiro, como lógica de crescimento e acumulação, bem como sua efetiva territorialização. Ainda que de forma diferenciada no estado de São Paulo (EDRs), essa espacialização já se apresenta como elemento explicativo do fator de correlação entre padrão de homogeneidade nas formas de uso e produção capitalistas e a inflexão positiva do preço da terra (2008: 97).
O gráfico abaixo apresenta os valores médios da terra para reflorestamento4 nos EDR de
Pindamonhangaba, Bauru, Botucatu e Itapeva5. Pode-se perceber que na região em que
se localiza a planta da Fibria S/A, os preços de terra são relativamente baixos (somente 4 Valores corrigidos com base no índice IGP-M (FGV) com referência em maio de 2012. 5 Regiões produtoras de eucalipto e de pinus no estado de São Paulo.
acima de Itapeva) e que apresentam grande inflexão positiva após 2003, ano em que a
empresa ampliou sua capacidade produtiva de celulose (FIBRIA, 2012). E também certa
inflexão negativa após a crise de 2008, voltando a crescer significativamente em 2010.
Elaboração: Bruna Garcia Eskinazi; Fonte: IEA/CATI
Além da densidade técnica na produção, os baixos custos de produção de matéria-prima,
para a consolidação de uma região competitiva – isto é, uma região caracterizada por
uma especialização produtiva comandada por lógicas externas de qualidade e de custos,
capaz de atrair investimentos públicos e privados, se inserindo assim no mercado
globalizado, voltando-se mais para as demandas externas de produção do que para as
demandas internas (CASTILLO, FREDERICO, 2010) – é necessária a garantia da
fluidez, entendida como a capacidade dos territórios de permitir uma aceleração
crescente dos fluxos (ARROYO, 2001).
Considerando a circulação uma etapa imprescindível da produção, já que o “produto
está realmente acabado quando está no mercado” (MARX apud HARVEY, 2005) e que
com uma redução nos custos de circulação teremos um produto final mais barato e,
portanto, mais competitivo no mercado, além do efeito de aceleração do tempo do giro
do capital, ampliando assim a realização da mais-valia (HARVEY, 2005) é preciso o
investimento em objetos que permitam a realização dos fluxos, como portos, aeroportos,
rodovias, ferrovias (ARROYO, 2001).
Ainda segundo Arroyo (2003), os portos brasileiros passaram por transformações, novas
instalações e equipamentos, sobretudo a “conteinerização”, que, além de facilitar e
agilizar os processos, reduzindo gastos, seu alto índice de mecanização elimina muitos
dos antigos postos de trabalho. Paralelas às mudanças técnicas, as normas também se
adaptam para melhor atender às demandas das grandes corporações. Os terminais
privativos, a partir de 1993, são liberados de muitas tarifas e recebem permissão para
operar com cargas de terceiros, tornando-se concorrentes dos terminais públicos que,
por sua vez, passam a possibilitar o arrendamento de algumas de suas áreas. A Fibria
mantém no porto de Santos dois terminais exclusivos pelos quais exporta a celulose
produzida nas unidades de Jacareí – SP e de Três Lagoas – MS (FIBRIA, 2012).
As estradas de ferro – que no Brasil servem majoritariamente as exportações – também
tem grande importância para a logística das empresas do circuito produtivo de papel e
celulose. A Fibria transporta, pela ferrovia Novoeste, de Três Lagoas a Jacareí, a pasta
de celulose para dali, por um ramal ferroviário, levá-la ao seu terminal exclusivo em
Santos (FIBRIA, 2012).
Assim, os sistemas de engenharia públicos – dos quais, grande parte privatizados nas
últimas duas décadas – passam a atender as demandas das grandes empresas,
estabelecendo um território corporativo, no qual algumas poucas empresas passam a
comandar a dinâmica territorial e a vida econômica e social. Configura-se, desta forma,
um espaço nacional da economia internacional, já que a regulação, apesar de nacional, é
guiada em função de interesses externos (SANTOS & SILVEIRA, 2001).
Além da criação de infraestruturas, o poder público investe diretamente no circuito
espacial produtivo de papel e celulose: o BNDES – que já possuía R$2 bilhões em ações
da Aracruz – financiou em 2009 R$2,4 bilhões para possibilitar a fusão entre a VCP e a
Aracruz (BARROS, 2009). Entre os anos de 2008 e 2011 o total dos repasses do
BNDES para a VCP (inclusive através da Votorantim Industrial) e para Fibria foi de
R$1,78 bilhões (BNDES, 2012).
No entanto, esse tipo de transformação na organização dos territórios não se dá isenta de
resistência da população. No Espírito Santo, uma grande mobilização popular,
articulada através da Rede Contra o Deserto Verde, conseguiu, juntamente com o poder
público, limitar o plantio de eucalipto no estado (JOLY, 2007). Na região do Vale do
Paraíba articulações similares estão ocorrendo, o Movimento em Defesa dos Pequenos
Agricultores (MDPA) de São Luiz do Paraitinga – SP ajuizou uma Ação Civil Pública
para limitar o monocultivo de eucalipto em seu município, desencadeando na
determinação judicial de “suspensão de todo e qualquer plantio de eucalipto na região
até a feitura pelas empresas VCP e Suzano de Estudos de Impacto Ambiental –
EIA/RIMA, devidamente guarnecidos com audiências públicas junto às populações
locais” (DE LA TORRE, 2011: 14).
Segundo o defensor público que moveu esta ação junto ao movimento (DE LA TORRE,
2011), há inúmeras irregularidades de normas ambientais relacionadas à produção de
eucalipto na região: plantio em Áreas de Proteção Permanentes (APP), como topo de
morro, nascentes, margem de rios, contaminação da água pelos insumos químicos, além
do desequilíbrio hídrico que esta produção gera por demandar imenso volume de água,
secando corpos hídricos, atingindo, assim, os pequenos agricultores e, muitas vezes, ao
impedi-los de produzir, impulsionando o êxodo rural.
Pode-se relacionar a falta exigência do poder público no cumprimento das normas
ambientais que exigem EIA/RIMA para atividades de exploração de madeiras acima de
100 ha (Resolução CONAMA 1/86 – 2º artigo – XIV) ao conceito de floresta utilizado
pela FAO: “terras que se estendem por mais de 0,5 hectare dotadas de árvores com
altura superior a 5m e uma cobertura de dossel superior a 10% ou de árvores capazes de
alcançar essa altura in situ” (SBF apud VILELA, 2011) que desconsidera qualquer
noção de biodiversidade, presença de diversos estratos verticais, funções ambientais
(como balanço térmico e hídrico) e interação das diversas formas de vida (VILELA,
2011). Assim, o discurso das empresas de papel e celulose de que a “floresta plantada”
“propicia a proteção e a conservação da biodiversidade” (FIBRIA, 2011: 6) tem sido
equivocadamente aceito pelo poder público e por grande parte da opinião pública
nacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que o conceito de densidade técnica permite compreender que o conjunto
de objetos e processos instalados no território reúne capacidade de engendrar e
transformar relações sociais produtivas. Consolida processos de produção e circulação
de determinadas empresas e conforma especializações regionais produtivas que
modificam profundamente a organização destes territórios. No caso das agroindústrias
e, em particular da produção de papel e celulose, essa especialização implica em
transformações na matriz produtiva primária, na lógica do valor e nos processos de
produção. Destaca-se ainda sua determinação na redução da diversidade produtiva –
sobretudo aquelas vinculadas à exploração familiar (arroz, feijão, milho e legumes e
verduras), apresentada nos dados do EDR de Pindamonhangaba.
No entanto, as lógicas e demandas produtivas externas que reorganizam os territórios
para melhor atenderem os interesses das empresas hegemônicas não o fazem sem apoio
do Estado, que as financia, cria infraestruturas (indispensáveis para garantir a fluidez),
investe em pesquisa que sustentam dinâmicas de crescimento econômico, fazendo com
que imperem processos de vulnerabilidade territorial.
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