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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA CAMPUS DE VIDEIRA MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA AURO LUIZ SCHWAB RESÍDUOS SÓLIDOS DA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL EXTRAÍDOS DO HIDRAPULPER: ESTUDO DE CASO DA CELULOSE IRANI S.A. VIDEIRA SC 2016

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA AURO … · celulose e papel de outros países, é sua base florestal altamente produtiva e integrada, escala e idade tecnológica

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Page 1: MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA AURO … · celulose e papel de outros países, é sua base florestal altamente produtiva e integrada, escala e idade tecnológica

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE VIDEIRA

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA

AURO LUIZ SCHWAB

RESÍDUOS SÓLIDOS DA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL EXTRAÍDOS DO

HIDRAPULPER: ESTUDO DE CASO DA CELULOSE IRANI S.A.

VIDEIRA – SC

2016

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AURO LUIZ SCHWAB

RESÍDUOS SÓLIDOS DA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL EXTRAÍDOS DO

HIDRAPULPER: ESTUDO DE CASO DA CELULOSE IRANI S.A.

Dissertação apresentada como requisito à obtenção do grau de Mestre do Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Ciência e Biotecnologia: Área de concentração Caracterização e tratamento de águas, efluentes e resíduos.

Mestrando: Auro Luiz Schwab

Orientador: Prof. Dr. Augusto Fischer

Co-orientador: Prof. Dr. Jean Carlo S.S. Menezes

VIDEIRA – SC

2016

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Ficha Catalográfica

Vanessa Pereira – CRB 14/1446

S399r Schwab, Auro Luiz

Resíduos sólidos da indústria de celulose e papel extraídos do hidrapulper: estudo de caso da Celulose Irani S.A. / Auro Luiz Schwab – 2016.

71f. : ils.,figs.

Orientador: Prof. Dr. Augusto Fischer.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Biotecnologia) – Programa de Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Ciência e Biotecnologia, Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus Videira – UNOESC, 2016.

1. Resíduo Industrial. 2. Hidrapulper. 3. Reaproveitamento de Resíduos. I. Título. II. Autor. III Orientador.

CDD: 628.44

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AURO LUIZ SCHWAB

RESÍDUOS SÓLIDOS DA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL EXTRAÍDOS DO

HIDRAPULPER: ESTUDO DE CASO DA CELULOSE IRANI S.A.

Dissertação apresentada como requisito à obtenção do grau de Mestre do Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Ciência e Biotecnologia: Área de concentração Caracterização e tratamento de águas, efluentes e resíduos.

Aprovada em: ____/____/2016

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Augusto Fischer Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Jean Carlo S.S. Menezes Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Gelinski Júnior Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

___________________________________________________________________ Prof. Dra Maria Rita Chaves Nogueira Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

___________________________________________________________________ Prof. Dra Jane Mary Lafayette Neves Gelinski Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

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À Marlene, minha esposa, às minhas filhas,

Camila, Nayara e Isabela, pelas horas

ausentes, dedicação, estímulo, compreensão,

carinho e paciência.

Ao meu pai, Donato, e minha mãe, Helena, que

no fruto do amor me conceberam a vida (In

Memorian).

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Bem-aventurados os puros de coração,

porque verão a Deus.

(Matheus 5:8)

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Dr. Augusto Fischer, pela sua dedicação, sabedoria, orientação

e paciência nesta jornada como meu orientador.

À professora Dra. Jane Gelinski, docente do mestrado, pelo seu ensinamento

e contribuições durante o curso.

Ao professor Idovino Baldissera, que foi a luz em meu caminho para que me

tornasse mestre.

À Irani Celulose, por ter concedido e confiado ter feito minha pesquisa da

dissertação em sua planta fabril.

Agradeço a todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para

que eu atingisse meu objetivo.

Em especial a toda minha família, pelo amor dedica doe seu apoio nesta

jornada para que eu chegasse ao meu objetivo.

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RESUMO

Este estudo ocorre una Celulose Irani, em Vargem Bonita, Santa Catarina. A

pesquisa teve como objetivo analisar os resíduos gerados pelo desagregador de

aparas de papel conhecido como hidrapulper. A metodologia usada foi o estudo de

caso único, descritivo, exploratório e qualitativo. Para a obtenção de dados foram

elaborados questionários semiestruturados com questões predefinidas.

Posteriormente, foram coletados rejeitos gerados no hidrapulper e realizou-se ensaio

laboratorial de umidade e classificação. Nesta etapa efetuou-se a análise da

quantidade de umidade por tipo de resíduo e, em seguida, foi feita a classificação de

cada resíduo gerado. Por último, os dados foram refinados em planilhas eletrônicas

para análise. Ficou evidente que de todos os resíduos sólidos gerados dentro desta

unidade, o hidrapulper é responsável por 70% dos rejeitos encaminhados ao aterro

industrial. Mensalmente são geradas 1.400 toneladas de rejeitos pelo hidrapulper,

como metais, plásticos, borracha, madeira, cola, pano, areia, terra e fibras de

celulose. De todos estes resíduos o plástico e as fibras de celulose representam

96% do total gerado. O reaproveitamento ou reciclagem destes resíduos podem

causar uma diminuição acima de 1.300 toneladas de rejeitos enviados para descarte

final, gerando uma economia tanto na parte financeira quanto ambiental, além de

gerar receita com a comercialização dos resíduos reciclados e não reaproveitados

dentro da sua unidade. A busca de novas formas para diminuir e reaproveitar a

geração de resíduos deixou de ser vista como despesa para ser investimento e um

diferencial competitivo de mercado.

Palavras-chave: Resíduo Industrial. Hidrapulper. Reaproveitamento de resíduos.

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ABSTRACT

This study was at Celulose Irani in Vargem Bonita Santa Catarina. The research

aimed to analyze the residues generated by deaggregator of scrap of paper known

as hidrapulper. The methodology used was the study of a single case, descriptive,

exploratory and qualitative. To obtain data, semi-structured questionnaire eswere

made. Subsequently were collected waste generated in hidrapulper and held

moisture and classification laboratory test. In this step, it was performed moisture

quantity analysis by type of waste, and then it was taken characterization of each

waste generated. Finally the data were typed into electronic spreadsheets for

analysis. It became evident that, of all solid waste generated within this unit,

hidrapulper accounts for 70% of waste sent to industry landfill. Every month it is

generated 1,400 tons of waste by hidrapulper as metals, plastics, rubber, wood, glue,

cloth, sand, dust and cellulose fibers. Of all this waste, plastic and cellulose fibers

account for 96% of total generation. The reuse or recycling of this waste can provide

reduction of more than 1,300 tons of waste sent for final disposal, generating savings

of both economic and environmental, and generate revenue from the sale of recycled

and not reused within its unit. The search for new ways to reduce and reuse waste

generation ceased to be regarded as an expense and it has become an investment

and a market competitive advantage.

Keywords: Industrial Waste. Hidrapulper. Reuse of waste.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Balança comercial do setor de celulose e papel ....................... 18

Quadro 1 – Rotação e rendimento espécies de celulose fibra..................... 19

Quadro 2 – Rotação e rendimento espécies de celulose fibra longa ........... 19

Quadro 3 – Maiores produtores mundiais de papel e celulose

(mil toneladas) .......................................................................... 19

Quadro 4 – Maiores produtores mundiais de celulose ................................. 20

Gráfico 2 – Países que mais reciclam aparas no mundo ............................ 22

Fluxograma 1 – Reciclagem de papel ................................................................ 24

Quadro 5– Classificação dos resíduos sólidos ........................................... 25

Quadro 6– Tipos de reciclagem de plásticos .............................................. 31

Quadro 7– Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes ............ 32

Quadro 8– Normas ISO 14000 ................................................................... 34

Gráfico 3 – Evolução do consumo nacional de aparas ............................... 43

Gráfico 4 – Percentual de cada resíduo gerado no hidrapulper .................. 45

Fotografia 1 – Resíduos gerados no hidrapulper ............................................. 45

Gráfico 2 – Resíduos gerados no hidrapulper contendo umidade ............... 50

Fotografia 2 – Variedade de polímeros para reciclagem ................................. 51

Gráfico 3 – Resíduo de polímeros úmido e seco ......................................... 52

Fotografia 3 – Equipamento triturador e produto final triturado ........................ 53

Fotografia 4 – Produtos da empresa 1, telhas, estacas e goivos..................... 54

Fotografia 5 – Produtos da empresa 2, mesas, piso e mourões ...................... 54

Fotografia 6 – Empresa 3, decks, banco e floreira ........................................... 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Geração de resíduos (ton) .............................................................. 46

Tabela 2 – Geração e consumo de aparas da federação, em toneladas .......... 48

Tabela 3 – Classificação dos resíduos do hidrapulper em uma amostra

de 10 kg .......................................................................................... 49

Tabela 4 – Tipo de aproveitamento ou não dos resíduos e sua disposição

final .................................................................................................. 59

Tabela 5 – Custo anual por tipo de resíduo do hidrapulper .............................. 60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Bracelpa Associação Brasileira de Celulose e Papel

Cempre Compromisso Empresarial para Reciclagem

Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente

EIA Estudo de Impacto Ambiental

ISO International Organization for Standardization

MMA Ministério do Meio Ambiente

PET Politereftalato de Etileno

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos

PP Polipropileno Polietileno

PVC Policloreto de Vinila

RIMA Relatório Impacto Meio Ambiente

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 14

1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................. 14

1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................. 15

1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 17

2.1 A INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL ...................................................... 17

2.2 A PRODUÇÃO DE PAPEL RECICLADO ...................................................... 20

2.3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS. .......................................................................... 24

2.3.1 Resíduos Sólidos Industriais .................................................................... 25

2.4 A GERAÇÃO DE RESÍDUOS NA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL .... 27

2.5 RESÍDUOS PLÁSTICOS .............................................................................. 29

2.6 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ......................................................... 31

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 37

3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA..................................................................... 37

3.2 MÉTODOS DA PESQUISA ........................................................................... 39

3.3 TÉCNICA E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................. 40

3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 41

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................. 42

4.1 A CELULOSE IRANI ..................................................................................... 42

4.2 EXTRAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO HIDRAPULPER ..................... 44

4.3 CARACTERIZAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO HIDRAPULPER ..... 47

4.3.1 Tipos de resíduos reaproveitados ............................................................ 50

4.3.2 Tipos de resíduos não reaproveitados ..................................................... 56

4.3.3 Tipos de resíduos sem reaproveitamento ................................................ 57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 61

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 63

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o parque fabril de celulose e papel brasileiro é considerado um

dos mais avançados do planeta. Os fatores que diferenciam o Brasil na produção de

celulose e papel de outros países, é sua base florestal altamente produtiva e

integrada, escala e idade tecnológica das plantas industriais e equipes qualificadas

em pesquisa e desenvolvimento florestal. Estimam-se investimentos na ordem de R$

16 bilhões entre os anos de 2015 a 2018 para o setor (BNDES, 2014).

A produção brasileira de celulose e papel ocupa lugar de destaque no cenário

mundial. Dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA),

referentes ao ano de 2013, demonstram que as exportações chegaram a U$ 6,7

bilhões. A produção de celulose foi de 15.129 milhões de toneladas e a de papel de

10.444 milhões de toneladas, ocupando respectivamente o 4º e 9º lugar mundial.

Existem 220 fábricas espalhadas por 18 estados do país e 2,2 milhões de hectares

de florestas plantadas como matéria-prima (BRACELPA, 2014).

Junto com o crescimento do setor vem ageração de resíduos industriais, o

que se tornou um sério problema a ser enfrentado pelas indústrias. Estimativas

informam que para cada 100 toneladas de celulose são geradas 48% toneladas de

resíduos (REMADE, 2003).

Por gerar impactos ambientais significativos na exploração de recursos

naturais, consumo de água, emissões atmosféricas e geração de resíduos, este

setor vem buscando mitigar as exterioridades no meio ambiente diminuir estes

choques com o meio ambiente, fazendo o reuso dos resíduos gerados para

produção de bens e serviços dentro da própria planta de produção. Os resíduos que

não podem ser reutilizados dentro da fábrica, mas podem ser reciclados, são

enviados a empresas especializadas neste serviço. Os restantes dos resíduos que

não há como aproveitar e são considerados rejeitos são descartados aterro

industrial.

As fábricas que usam aparas para produzir celulose utilizam um equipamento

denominado tambor desagregador de pasta de papel, ou hidrapulper, que tem por

finalidade a produção de celulose. O hidrapulper, ao finalizar o processo de retirada da

celulose das aparas, gera uma quantidade de resíduos, os quais, por ter baixa

viabilidade econômica para a indústria, são descartados como rejeito no aterro

industrial. Esta forma de descarte não se mostra a melhor opção tanto financeira quanto

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ambientalmente. O correto é fazer o reaproveitamento dos resíduos para a produção de

bens e serviços, evitando jogar no aterro. Além de ter um econômico significativo gera

um passivo ambiental para a empresa que tem a responsabilidade pelos rejeitos.

A Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos

(PNRS), descreve que os resíduos industriais são aqueles gerados nos processos

produtivos e instalações industriais. A disseminação de uma Política de Minimização

de resíduos e de valorização dos 3Rs (Reutilização, Reuso e Reciclagem) descrito

no Art.19 Inciso X da PNRS, coloca a importância de reduzir a geração de resíduos,

reutilizar e reciclar. A PNRS estabelece como meta de destinação final

ambientalmente adequada, de 50% até 2015 e de 100% até 2019, dos resíduos

industriais gerados, observando ainda a premissa da redução, reutilização e

reciclagem dos resíduos (BRASIL, 2010).

Diante deste problema, deve-se analisar a geração dos resíduos industriais

interligando a gestão ambiental com o desenvolvimento industrial e uma linha de

produção sustentável.

O aterro industrial é o destino mais comum para este tipo de resíduo, mesmo

sendo considerada uma técnica de disposição adequada, gera impactos ambientais,

custo elevado para a empresa e demanda de grandes áreas para disposição das

indústrias que possuam o seu próprio aterro industrial.

A finalidade foi estudar destino final ambientalmente mais sustentável para o

resíduo gerado no hidrapulper, reaproveitando dentro da indústria para a geração de

bens e serviços, considerando a viabilidade financeira, ambiental e tecnológica.

1.1OBJETIVOS

Foram analisadas alternativas ambientalmente corretas e sustentáveis para o

reuso dos resíduos gerados pelo hidrapulper na unidade da Irani Celulose SA.

1.1.1Objetivo geral

Analisar alternativas de reuso dos resíduos produzidos no hidrapulper de uma

indústria de celulose e papel.

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1.1.2Objetivos específicos

a) Levantar os volumes de resíduos extraídos pelo hidrapulper;

b) Classificar os resíduos extraídos pelo hidrapulper;

c) Avaliar alternativas de reuso e reaproveitamento dos resíduos industriais

extraídos pelo hidrapulper;

d) Avaliar efeitos ambientais e econômicos do reuso e reaproveitamento dos

resíduos.

1.2 JUSTIFICATIVA

Com o crescimento dos habitantes do planeta houve igualmente o

crescimento da sociedade urbanizada e industrializada, e, como consequência, uma

maior geração de resíduos. Em razão do crescimento da geração de resíduos, a

reciclagem se tornou papel importante na área ambiental, econômica ou da

sustentabilidade (HARE, 2005).

A geração de resíduos pelas indústrias de origem florestal, segundo Posonski

(2005), é um de seus aspectos mais importantes no que diz respeito às questões

ambientais inerentes às suas atividades, pois a manutenção de depósitos de

resíduos, ou sua incineração, não são práticas recomendáveis ambientalmente em

virtude dos impactos gerados.

Um dos objetivos da reciclagem de materiais é diminuir a contaminação

ambiental oriunda de resíduos gerados pelo ser humano. A transformação ou a

reciclagem de papel em novos produtos e serviços a ser comercializado evita o

descarte em aterros industriais e sanitários.

Um complicador da produção de resíduos é o uso indiscriminado de materiais

descartáveis. O problema ambiental causado pelo descarte destes resíduos exige

soluções rápidas, tendo em vista a quantidade de resíduos descartados de forma

inadequada e que poderiam de alguma forma, ser reciclado ou reaproveitado

economicamente.

Na gestão de resíduos a reciclagem e o reaproveitamento são componentes

necessários para que possam gerar benefícios econômicos, ambientais de

valorização de matéria-prima, diminuindo o descarte em aterros.

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16

O hidrapulper, equipamento que desagrega papel e aparas para transformar

novamente em fibra de celulose, é um grande gerador de resíduos. Isto ocorre

quando os fardos de papel colocados no hidrapulper estão contaminados com

impurezas, como plásticos, grampos, areia, tinta, etc. Ao final do processo estes

resíduos são descartados no aterro industrial.

A PNRS tem por objetivo evitar e prevenir a geração de resíduos sólidos. Esta

lei tem a premissa do poluidor pagador, norma de direito ambiental que consiste em

obrigar o poluidor a arcar com os custos dos resíduos gerados. Quanto mais

resíduos gerar e enviar para o aterro sanitário ou industrial maior seu custo.

A importância deste estudo consiste em encontrar aplicações de utilização

para os resíduos plásticos gerados no hidrapulper, evitando o envio para o aterro

industrial. O foco é transformar estes resíduos plásticos em matéria-prima para

transformação em produtos, como: madeira plástica, estacas plásticas, telhas

ecológicas e mourões plásticos.

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17

2REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção são apresentados os estudos que abordam a geração de

resíduos pós-consumo com o foco nos rejeitos de polímeros misturados junto com

as aparas destinadas à produção de celulose.

O Brasil recupera em média 45,5% das aparas de papel e papelão

(BRACELPA, 2014).As indústrias buscam uma maneira adequada para fazer a

recuperação ou reutilização de parte destes resíduos gerados, transformando o

problema em um benefício econômico e ambiental. A reciclagem é uma solução

para a diminuição dos resíduos sólidos gerados dentro da planta da indústria de

celulose e papel, sendo que no interior da fábrica o hidrapulper é um dos maiores

geradores de resíduos, os quais são descartados nos aterros sanitários ou

industriais.

2.1 A INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL

O setor de celulose e papel no Brasil é relevante no desenvolvimento

econômico do país. Existem 220 empresas em atividade espalhadas por 18 estados

brasileiros com 2,2 milhões de hectares de florestas plantadas para uso deste setor.

(BRACELPA, 2014). A indústria de celulose e papel emprega 128 mil pessoas

(BRACELPA, 2012) e possui uma cadeia produtiva complexa que inclui

reflorestamento, produção, corte e transporte de madeira, fabricação de celulose e

papel, transformação de papel em produtos, reciclagem do papel usado e fabricação

gráfica.

A região sudeste detém 60% da produção nacional. Essa concentração

ocorre em virtude das características do próprio setor, que exige altos investimentos

em imobilizados com grandes extensões de área para a produção da matéria-prima

e equipamentos específicos. A composição florestal é de 75% de eucaliptos e 25%

de pinus (RIBEIRO, 2010).

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Gráfico 1– Balança comercial do setor de celulose e papel de 2003 a 2013 (US$ milhões)

Fonte: Bracelpa (2014).

De acordo com Bracelpa (2012) estimativa do setor indica que ao final de

2017, ocorrerá o fim do ciclo de crescimento das florestas plantadas no ano de 2010.

Neste sentido existe uma previsão que a produção de celulose chegará a 20 milhões

de toneladas anuais no país. Por outro lado, a produção de papel poderá atingir 12,5

milhões de toneladas por ano e a área de florestas plantadas crescerá 25%.Para a

mesma fonte o setor deverá investir, aproximadamente, U$ 20 bilhões em sua base

florestal até o ano de 2020.

O Brasil se destaca na produção de celulose em virtude do rendimento de

suas plantações de eucalipto e pinus. Com fortes investimentos em pesquisa,

genética e biotecnologia colocou o setor como um dos mais avançados do mundo. O

clima e o solo contribuem ainda mais para que a matéria-prima seja de boa

qualidade. Conforme Remade (2003), o setor alcançou uma produção média de 44

metros cúbicos anuais por hectare para o eucalipto e 38 metros cúbicos anuais por

hectare para o pinus. No reflorestamento de eucalipto a diferença para a África do

Sul chega a 120% e para o Chile em 76%. No caso do pinus a diferença para o Chile

e Estados Unidos chega a 72% (BRACELPA, 2014).

Nos quadros1 e 2 compara-se a rotação e rendimento do eucalipto e pinus do

Brasil com outros países.

2700 2900 3100

40004500

5800

5000

6900 71006800

7100

500 700 900 1050 12001700 1700 1900 2100 1900 1800

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Balança Comercial do Setor de Celulose e PapelUS$ Milhões

exportação importação

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19

Quadro 1– Rotação e rendimento das espécies de celulose fibra

Espécies Países Rotação (anos) Rendimento m3/ha/ano

Eucalipto Brasil 5 - 6 44

Eucalipto África do Sul 8-10 20

Eucalipto Chile 10-12 25

Eucalipto Portugal 12-15 12

Eucalipto Espanha 12-15 10

Fonte:Bracelpa (2014). Quadro2 – Rotação e rendimento espécies de celulose fibra longa

Espécies Países Rotação (anos) Rendimento m3/ha/ano

Pinus spp Brasil 15 38

Pinus radiata Chile 25 22

Pinus radiata Estados Unidos 25 22

Pinus elliottii / taeda Nova Zelândia 25 10

Pinus de Oregon Canadá (costa) 45 7

Piceaabies Suécia 70-80 4

Piceaabies Finlândia 70-80 4

Picea glauca Canadá (interior) 55 3

Picea mariana Canadá (leste) 90 2

Fonte:Bracelpa (2014).

A indústria de celulose e papel brasileira tem como especialidade a produção

de celulose sulfato branqueada de fibra curta. O método Kraft é um tipo de processo

químico de branqueamento de celulose amplamente adotado no Brasil em relação a

outros métodos, como o semiquímico, o químico-termo-mecânico, o termomecânico

e o mecânico (SOUZA; OLIVEIRA, 2001).

Segundo dados da Bracelpa (2012), a produção mundial de papel teve um

incremento de aproximadamente 35% nos últimos dez anos. O Brasil, que é o quarto

maior produtor mundial de celulose e nono produtor mundial de papel, teve uma

média anual de crescimento de 7,1% na celulose e 5,4% na produção de papel entre

os anos de 1970 a 2012.

Os países com as maiores produções mundiais de celulose são Estados

Unidos, Canadá e China. Atualmente, a produção mundial gira em torno de 200

milhões de toneladas. Em relação à produção de papel a China está em primeiro

lugar, seguida pelos Estados Unidos e Japão.

Quadro3 – Maiores produtores mundiais de papel e celulose (mil toneladas)

País Mil toneladas País Mil toneladas

China 102.500 Coreia do Sul 11.333

Estados Unidos 74.375 Canadá 10.751

Japão 26.083 Finlândia 10.694

Alemanha 22.630 Brasil 10.260

Suécia 11.417 Indonésia 10.247

Fonte: Bracelpa (2014).

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Quadro 4 – Maiores produtores mundiais de celulose

País Mil toneladas País Mil toneladas

Estados Unidos 50.531 Finlândia 10.237

China 18.198 Japão 8.642

Canadá 17.073 Rússia 7.519

Brasil 13.977 Indonésia 6.710

Suécia 11.672 Chile 5.155

Fonte: Bracelpa (2014).

O Brasil tem uma participação na produção de celulose de aproximadamente

7% do total mundial. Ao comparar o seu território e fatores favoráveis ao

crescimento de espécies florestais, o Brasil, com uma área de 8.547.906 km2 de

área superficial, produz pouco mais que países, como Finlândia e Suécia, cujas

áreas ocupadas restringem-se a 338.145 e 449.964 km², respectivamente

(RIBEIRO, 2010).

2.2 A PRODUÇÃO DE PAPEL RECICLADO

Com a expansão das florestas plantadas em meados dos anos1970 houve

um grande crescimentoda indústria de celulose e papel. Consequentemente ocorreu

um avanço no consumo eo mercado viu surgir um novo ramo de negócio, que foi a

reciclagem (BRACELPA, 2011).

Fazer o reaproveitamento ou reciclagem do papel para um novo produto

significa utilizar como fonte primária papéis, cartões, cartolinas e papelões. As

aparas são originadas de restos da produção dentro do processo de fabricação ou

por restos de pós-consumo que são recolhidos e enviados às empresas recicladoras

(D’ALMEIDA; NEVES, 2010).

O maior índice ficou com os papéis ondulados e Kraft: 78,4% de taxa de

recuperação (CEMPRE, 2015a).

As aparas podem ser divididas em quatro grandes grupos: aparas de papel

marrom (ondulados e Kraft), aparas de papel branco com pasta de alto rendimento

(jornal e revista), aparas de papel branco sem pasta mecânica (offset e couché) e

aparas de papel-cartão. As aparas de papelão ondulado respondem por cerca de

70% do total comercializado no país (CEMPRE, 2015a).

Segundo Mano, Pacheco e Boneli (2005) produção de papel por meio de

aparas recicladas não deixa papel branco em virtude do processo químico pelo qual

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é feito o reaproveitamento das fibras. Para que isso ocorra são necessários muitos

procedimentos. Ao final do processo o papel apresenta cor amarelada de qualidade

inferior. Esse tipo de papel desfibrilado pode ser aproveitado como fonte de matéria-

prima celulósica para a fabricação de celulose regenerada, a qual é introduzida no

processo, fazendo com que o papel reciclado tenha maior vida útil.

A reciclagem de papel é uma atividade que ocorreu por fatores

socioeconômicos. Por não haver espaço e matéria-prima em abundância para a

produção de celulose, percebeu-sena apara uma fonte de matéria-prima acessível,

pois havia a possibilidade de fabricar produtos que eram extremamente

competitivos. O baixo custo da apara ajudou este mercado a se desenvolver

rapidamente. Hoje, contudo, com a preocupação ambiental, a reciclagem ganhou

reconhecimento mundial, porém seu principal atrativo ainda é o valor econômico

(D’ALMEIDA; NEVES, 2010).

Assim, os fatores que impulsionam a reciclagem de papel são: o econômico, a

conservação das florestas, a diminuição da poluição e, consequentemente, a

redução e reaproveitamento de resíduos destinados a aterros (D’ALMEIDA; NEVES,

2010).

Por outro lado a logística reversa pode ter sucesso considerando, alguns

fatores primordiais no processo, como: a qualidade do papel, impurezas, situação da

economia, todavia, a logística reversa de difícil controle dado à oscilação no

mercado de aparas. De acordo com D´Almeida e Neves (2010) Neste tipo de

atividade o mercado é muito incerto, o preço da apara pode sofrer diversas

desvalorizações e valorizações em um curto espaço de tempo.

A produção de papel a partir de matéria-prima reciclada, como as aparas de

papel e papelão, resulta da conscientização sobre os problemas que afetam o meio

ambientee diminui o impacto ambiental negativo, tendo em vista que a produção de

celulose virgem é considerada de grande impacto ambiental (CEMPRE, 2013).

Segundo a CEMPRE (2013), o custo da produção da matéria-prima da

celulose virgem é de R$ 687,00 por tonelada, enquanto a tonelada da matéria

reciclada é de R$ 357,00. Além da diferença de R$ 331,00, a produção de papel

reciclado contribui para a diminuição dos resíduos descartados nos aterros.

Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002) apuram que os gastos com proteção

ambiental começam a ser vistos pelas empresas líderes, não primordialmente como

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custos, mas como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem

competitiva.

O maior volume de papel é consumido na produção de caixas de papelão

ondulado, utilizadas nas embalagens para transporte de mercadorias comercializadas

em supermercados, lojas de departamento e estabelecimentos fabris. O Gráfico 2

mostra os países que mais recuperam aparas de papel no mundo.

Gráfico 2 – Países que mais reciclam aparas no mundo no ano de 2010.

Fonte: Bracelpa (2014).

A indústria de embalagens do Brasil recicla menos de 50% da produção

nacional. O papel de escritório chega a 37% de reciclagem, o restante é queimado

ou jogado de forma inadequada. Por outro lado, cerca de 60% do papel ondulado é

reciclado no Brasil (CEMPRE, 2015).

Para Mano et al. (2005) as aparas mais utilizadas para a reciclagem são as

de papel ondulado, aparas mistas (sobras de escritório), sobras de impressão,

jornais e sacos de cimento.

É relevante demonstrar que os papéis não podem ser reciclados de forma

contínua, sem que haja perda de qualidade. Após cada processo, existe a

diminuição de parte das suas propriedades e somente podem ser reciclado para uso

distinto e um pouco menos nobre do que o original.A reciclagem das aparas é feita

até suas fibras não possuírem mais o tamanho ideal, o que já não produz mais

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

Brasil

Argentina

México

Finlândia

Indonénsia

Itália

EUA

Espanha

Reino Unido

Japão

Alemanha

Coréia do Sul

45,50%

45,80%

48,80%

48,90%

53,40%

62,80%

63,60%

73,80%

78,70%

79,30%

84,80%

91,60%

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celulose de qualidade. Em boa parte da produção de papel através de aparas é

adicionado celulose virgem de fibras longas para se obter a qualidade desejada.

Entre os problemas da reciclagem estão as características da mistura de

aparas de várias qualidades e classificações. É necessário fazer a limpeza antes da

entrada no processo produtivo em virtude das impurezas ou misturas de materiais

diferentes, impossibilitando a separação do papel no processo industrial. Os maiores

desafios da reciclagem de aparas estão no elevado número de fontes e tipos de

papel, em razão de a coleta seletiva ser muito variada, o valor econômico elevado

envolvido no descarte do resíduo produzido em aparas (CAMPREGHER, 2005).

Fluxograma 1 – Reciclagem de papel

Fonte: adaptado de Ambiente Brasil (2010).

As impurezas dos materiais proibitivos devem ser descartadas, para que as

fibras celulósicas possam ser reaproveitadas sem prejuízo na qualidade do papel a

ser obtido. Normalmente, na reciclagem, são utilizados processos mecânicos de

Papel Separação das

aparas Lixo

Pasta de celulose com fibras

secundárias

Produtos químicos /

alvejantes / tintas

Artefatos de polpa moldada: bandeja

de ovos, frutas etc

Alvejamento /

remoção de tintas

Batimento para separação das

fibras

Limpeza e separação das

fibras. (peneiras

Mistura com água

Adição ou não de fibras virgens

Refinamento

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tratamento, em muitos casos a remoção de tintas que estão nas aparas (VIEIRA

NETO, 2009).

2.3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Resíduo é tudo aquilo que para o ser humano não é mais aproveitado e vai

para descarte. A maior parte dos resíduos é gerada pelo comércio, residências e

indústria. Com o crescimento da população mundial a geração dos resíduos cresceu

consideravelmente, tornando-se um motivo de preocupação mundial. De acordo com

a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2004), por meio da NBR

10.004:2004, os resíduos nos estados sólidos e semissólidos resultam de atividades

de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta classificação os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades inviabilizam seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso

soluções técnicas e economicamente inviáveis ante a melhor tecnologia disponível.

De acordo com a referida norma, os resíduos são classificados em perigosos

e em não perigosos, que são classificados, respectivamente, em resíduos de classe

I e resíduos de classe II. Os resíduos da classe II são ainda divididos em dois

grupos: Classe IIA, para os resíduos considerados nãoinertes; e Classe IIB para os

resíduos inertes. O Quadro 5apresentaesta classificação.

Quadro 5–Classificação dos resíduos sólidos

Fonte: ABNT (2004).

A PNRS define como resíduo sólido o material ou substância, objeto ou bem

descartado resultante de atividades humanas em sociedade, necessitando de

destinação, apresentando-se nos estados sólidos ou semissólido, bem como gases

(contidos em recipientes) e líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu

lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos receptores. A política orienta a

Resíduos Sólidos

Perigosos Não Perigosos

Classe I Classe II

Classe II A

Não inertes

Classe II B

Inertes

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minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como a reduzir os

impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental (BRASIL, 2010).

Dentro da PNRS é exigido que os geradores de resíduos tenham um Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Este plano deve conter as

informações da sua atividade, etapas do gerenciamento, ações corretivas e

preventivas, etc. No aspecto técnico a geração de resíduos deve considerar as

variáveis ambientais, tecnológicas, sociais, culturais, econômicas, de saúde pública,

desenvolvimento sustentável como sendo alguns dos objetivos (BRASIL, 2010).

O objetivo do Decreto 7.404, de 2010, refere-se à gestão de gerenciamento

dos resíduos sólidos, o qual determina prioridade para não geração, redução,

reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada dos rejeitos. O Decreto obriga às pessoas jurídicas que

fazem uso de produtos perigosos a ter cadastro Nacional de Operador de Resíduos

Perigosos (BRASIL, 2010).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2002), por intermédio da

Resolução n.313, elaborou o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais

para obter informações referentes à geração, características, armazenamento,

transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação, disposição final dos

resíduos gerados pelas indústrias em cada estado do país e que no final faça uma

análise em nível nacional. As empresas são obrigadas a registrar mensalmente os

dados e enviados ao órgão estadual do meio ambiente e este fica obrigado de enviar

ao CONAMA (BRASIL, 2010).

Indústrias potencialmente poluidoras ou outros que armazenem substâncias

capazes de causar poluição hídrica devem ficar localizados a uma distância mínima

de duzentos metros dos corpos hídricos ou cursos d’água (BRASIL, 1980).

2.3.1 Resíduos Sólidos Industriais

A produção de resíduos tornou-se um dos maiores desafios para as

organizações. O avanço populacional e o constante desenvolvimento das indústrias

fazem este setor buscar soluções adequadas para o descarte dos resíduos. A

atividade industrial gera impactos ambientais e faz com a indústria adote uma

postura positiva em relação à sustentabilidade do planeta.

O setor industrial tende a aumentar sua produção, o que, por consequência,

tende a movimentar outros setores, como: agrário, mineral, urbano. Este foi o

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responsável por implantar o modelo “usar e descartar”, que nos leva áera dos

descartáveis, produzindo quantidades impensáveis de resíduos há pouco mais de

um século (ALVAREZ, 2007).

Um motivo que contribui para essa problemática é o aumento da população

no planeta,a qual se multiplica em ritmo acelerado. Isso implica o crescimento

automático da industrialização, uma vez que maiores quantidades de alimento e de

bens de consumo serão necessários para atender essa nova e crescente demanda,

e, inevitavelmente, existirá um considerável volume de resíduos. As áreas

disponíveis para aterrar os resíduos tornaram-se escassas; assim, a sujeira

acumulada no ambiente aumentou a poluição do solo, do ar e das águas; piorou as

condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente, nas regiões

menos desenvolvidas (RODRIGUEZ, 1999).

A verificação da geração dos resíduos sólidos industriais no Brasil mostra

uma tendência de aumento na identificação das quantidades de resíduos industriais

gerados, tendência esta detectada por um controle mais rígido por parte dos órgãos

ambientais e pela implantação de sistemas de gestão ambiental por parte de

empresas. Há necessidade de medidas urgentes de utilização de novas tecnologias

que melhorem o gerenciamento dos resíduos gerados por este setor no país,

eliminando ou diminuindo os passivos ambientais, os riscos à saúde pública no que

se refere à contaminação do solo e dos corpos d’ água.

Segundo Leite (2003) grande parte dos produtos que são consumidos e

depois descartados podem passar pelo processo de reciclagem, sendo

reaproveitados por meio da reintegração ao processo produtivo.

Um dos maiores agravos ambientais e mais relevantes diz respeito à geração

de resíduos que sobram dos processos de produção das indústrias. Grande parte

destes resíduos sólidos é descartada em aterros sanitários e industriais, uma

solução temporária longe de ser a ideal. Os aterros nada mais são que soluções

paliativas,onde os resíduos são armazenados em áreas previamente

impermeabilizadas e protegidas para impedir que os líquidos e/ou gases resultantes

de sua composição contaminem o ambiente.

Para muitos especialistas esta solução não é sustentável, com o passar do

tempo o risco de contaminação aumenta, uma vez que boa parte destes rejeitos não

se decompõe.

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As formas de as indústrias confeccionarem seus produtos tiveram uma

mudança acentuada em suas características do resíduo, não apenas aqueles

produzidos em âmbito doméstico, mas de forma geral, que era quase

exclusivamente orgânico e agora contém componentes inorgânicos de difícil

degradação natural. Esta modificação trouxe uma nova forma de desenvolvimento

de tecnologias complexas e custo elevado para a gestão desses resíduos, na

tentativa de se evitar a poluição do solo, do ar, dos recursos hídricos, da flora e da

fauna em geral (ALVARES, 2007).

A destruição em definitivo dos resíduos seria o melhor argumento a favor das

tecnologias térmicas. Como vantagem competitiva não é suficiente para que

processos em fornos de cimento e incineradores desafiem de forma mais incisiva o

principal concorrente, os aterros, ainda hegemônicos no Brasil, para onde cerca de

80% dos resíduos industriais são destinados. A indagação não é técnica, mas

econômica, haja vista que o aterro tem baixo custo comparado com os fornos ou

incineradores.

A produção excessiva de resíduos deve-se ao uso indiscriminado de

embalagens descartáveis. O que deve se procurar são soluções rápidas para que

haja uma destinação final adequada para este tipo de resíduo gerado. Deve-se dar

prioridade à reciclagem ou reaproveitamento para que possa gerar benefícios

econômicos, ambientais e de valorização da matéria-prima dos materiais e

diminuição de envio de resíduo para o aterro.

Segundo Guimarães (2011) reciclável não é o mesmo que reciclado. Grande

quantidade de materiais não é reciclada por diversos fatores: a grande distância

entre a indústria recicladora e o fornecedor torna o custo alto para a reciclagem; a

falta de empresas especializadas em fazer a coleta seletiva e preparar bom material

para a indústria reciclar, são fatores que comprometem o índice para aumentar a

quantidade de material reciclado e o aumento de resíduos descartados.

2.4A GERAÇÃO DE RESÍDUOS NA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL

A responsabilidade social da empresa deveria voltar-se para a eliminação

e/ou redução dos efeitos negativos do processo de produção e preservação dos

recursos naturais, principalmente os não renováveis, por meio da adoção de

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tecnologias eficientes, concomitantemente ao atendimento dos aspectos

econômicos (RIBEIRO, 2010).

Conforme dados da BRACELPA (2011) o Brasil se tornou importante produtor

mundial de papel e vem aumentando a cada ano. Isso tem feito o país uma

referência mundial entre os grandes produtores de papel e celulose. Destaque para

a produção do papel ondulado ou conhecido popularmente como papelão.

Estima-se que uma indústria de celulose e papel de grande porte chegue a

gerar em torno de 5.000 metros cúbicos de resíduos sólidos por mês. É um setor

que produz uma quantidade significativa de resíduos e com o aumento dos custos

de disposição e as dificuldades de armazenamento, o reaproveitamento deles torna-

se uma crescente preocupação (BONI et al., 2004; COLLATTO; BERGMANN, 2009).

Os resíduos decorrentes das indústrias de papel e celulose são: a casca da

madeira, a lama de cal, o lodo da estação de tratamento de esgoto, o lodo biológico,

a cinza de caldeira resultante da queima de biomassa, o resíduo celulósico, o dregs

e o grits. Os dois últimos resíduos resultam do processo de recuperação de insumos

químicos no processo de fabricação do papel. Os resíduos de polímeros, metais e

areia são provenientes do processo do desagregador de celulose (NOLASCO et al.,

2000).

Os resíduos industriais são atualmente um problema a ser enfrentado em

curto prazo por parte das empresas, tendo em vista que muitas delas dão prioridade

ao processo produtivo e aos insumos para a fabricação de seu produto, deixando

em segundo plano as perdas que ocorrem durante o processo. Os resíduos gerados

geralmente são retirados por empresas terceirizadas que encaminham para aterros.

Muitas empresas são relapsas quanto à diminuição, reuso reaproveitamento e

reciclagem dos resíduos produzidos dentro de suas plantas.

Segundo Lora (2002) o tratamento de resíduos sólidos industriais é o

processo que altera a característica do resíduo, afim de que ele se torne menos

impactante ou até mesmo sem nenhum impacto para o meio ambiente.

Em 2011 o Brasil teve um consumo aparente de papel de aproximadamente

9,6 milhões de toneladas, deste total foram reciclados 4,4 milhões de toneladas de

aparas, resíduo de papel (BRACELPA, 2011).

Um dos agravantes das indústrias de reciclagem de aparas é a geração de

resíduos sólidos, sua composição é uma mistura de matérias diversas, como: papel,

plásticos misturados, madeiras e metais. Entre esses materiais, os plásticos misturados

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apresentam maior dificuldade de reciclagem, uma vez que apresentam diversos tipos

de polímeros (PP, PVC, PET, etc.), dificultando sua separação. Esse resíduo tem sido

encaminhado a aterros sanitários legalizados (WASSERMANN, 2006).

O hidrapulper dentro de uma indústria de papel é o que mais gera resíduos

que são encaminhados para o aterro, isto ocorre em virtude de este tipo de resíduo

ser de difícil recuperação.

2.5 RESÍDUOS PLÁSTICOS

Os polímeros são considerados um dos maiores poluidores do meio

ambiente, isto ocorre em virtude de sua lenta e demorada degradação. O plástico

em relação a seu descarte pode ser classificado em pós-consumo e pós-industrial.

Os polímeros provenientes do pós-industrial são aqueles decorrentes dos descartes

ocorridos na produção e transformação. Os resíduos gerados no pós-consumo são

aqueles gerados pelos consumidores, sendo a maior parte de embalagens

(COSTA,2000).

A reciclabilidade dos polímeros plásticos é fator preponderante para a

diminuição do descarte destes resíduos em aterros sanitários ou industriais. Esta

opção é a melhor forma de recolocar estes resíduos no ciclo de produção

novamente, transformando em novos produtos, diminuindo o impacto ambiental pelo

descarte destes rejeitos.

A grande parte dos produtos é vendida em embalagens e outros bens não

duráveis, a qual em menos de um ano será descartada transformando-se em

resíduo. Ainda do ponto de vista da reciclagem, estes polímeros são fonte

importante para obtenção de matéria-prima para transformação de novos produtos

(AL-SALEM; LETTIERI; BAEYENS, 2010).

Com o alto custo de manter um aterro industrial ou pagar para depositar estes

resíduos, as organizações têm procurado desenvolver novas alternativas para fazer

reuso deste material, mesmo sendo classificados como classe II, produtos não

perigosos. Mesmo assim este resíduo em sua maioria leva anos para se decompor

no meio ambiente. Outro fator de preocupação permanente das empresas é o

passivo ambiental, mesmo pagando para depositar em aterros terceirizados, a

responsabilidade de algum problema ambiental pode recair em quem depositou os

resíduos.

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Em razão da diversidade de polímeros existentes e do grande volume

descartado, o gerenciamento dos resíduos plásticos é bastante complexo e a

destinação escolhida dependerá de diversos fatores, como do tipo de polímero ou do

produto descartado, entre outros (HOPEWELL; DVORAK; KOSIOR, 2009).

O processo de reciclagem o qual é mais aplicado é o da reciclagem

mecânica, tendo como característica principal que somente pode ser feito em

produtos que tenham apenas um tipo de resina, ou seja, quanto mais misturado e

contaminado for o resíduo, mais difícil será reciclá-lo mecanicamente. A separação

do material plástico previamente à coleta faz-se essencial (AL-SALEM; LETTIERI;

BAEYENS, 2010).

Quanto mais misturado os polímeros, maior seu grau de separação e

reaproveitamento para transformação de novos produtos. Isto ocorre na maior parte,

porque não existe separação adequada, gerando uma mistura de plásticos que torna

difícil sua transformação final. O Quadro6 demonstra os principais processos de

reciclagem de plásticos.

Quadro 6– Tipos de reciclagem de plásticos

Classificação Definição

Mecânica Transforma resíduos plásticos industriais e pós-consumo em grânulos, que são posteriormente utilizados na fabricação de sacos de lixo, solados, pisos, entre outros.

Energética Incineração de resíduos plásticos, com reaproveitamento da energia gerada sem danos ao meio ambiente.

Química Quebra das moléculas de plásticos em monômeros, óleos e gases que são aproveitados com matéria-prima nas indústrias petroquímica, utilizando o processo de pirólese e hidrólise etc.

Primária Recuperação dos resíduos na fonte geradora, indústria ou empresa transformadora. Os resíduos são transformados por processos convencionais, produzindo materiais com propriedades e características semelhantes ao produto original. O produto final desta reciclagem, em grânulos, é novamente processado gerando novos produtos manufaturados.

Secundária Recuperação dos resíduos plásticos oriundos do lixo, usinas de compostagem, coleta seletiva e outros. Este tipo de reciclagem refere-se principalmente aos termoplásticos, onde representam 80% do total de plásticos, devido àsua facilidade para remoldagem e reutilização. No caso dos plásticos termorrígidos, são utilizados, mas comumente como carga, após a moagem em novas formulações.

Terciária Recuperação dos resíduos plásticos pela conversão destes em matérias-primas, como monômeros e oligômeros, utilizadas para formar novamente resina virgens ou outras substâncias, como gases e óleos. Este processo ocorre por pirólise, conversão catalítica, entre outros.

Quartenária Destruição dos resíduos plásticos, por combustão, com a finalidade de obter energia química.

Fonte: Wassermann (2006).

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Para Zanin (2004), a maior dificuldade na reciclagem dos plásticos está na

grande mistura de variedades e sua contaminação por outros rejeitos. Isso afeta a

qualidade das propriedades dos polímeros reciclados.

2.6 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL

A indústria de celulose e papel é considerada uma atividade que causa alto

impacto ambiental desde a fase agrícola até a fase industrial. Na fase agrícola

ocorre a troca de florestas nativas por uma floresta homogênea, principalmente com

o plantio de pínus e eucalipto. Ocorre alteração na flora e fauna, haja vista que o

setor de celulose e papel ocupa grandes áreas para o plantio de sua matéria-prima.

Atualmente há no Brasil 2,2 milhões de hectares de reflorestamento para fins

industriais (BRACELPA, 2014).

Atualmente, por lei, é obrigatório para a instalação, modificação ou ampliação

de um empreendimento, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) perante o Relatório do

Impacto do Meio Ambiente (RIMA). O art. 9º, inciso IV, da Lei n. 6.938/81,

estabelece como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente o

licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, e o

art. 10 prevê que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades que utilizam recursos ambientais considerados

efetivos e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de

causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão

estadual competente, integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente

(SISNAMA).O quadro 7apresenta os potenciais impactos ambientais e sua medidas

atenuantes

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Quadro 7 –Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes

Impactos Ambientais Potenciais Medidas Atenuantes

Poluição do solo, contaminação hídrica pelo descarte das águas residuárias.

Adotar sistemas de circuito fechado interno para reutilização das águas passíveis de reaproveitamento, de forma a reduzir o volume de efluentes para tratamento. Não deve ser lançada nenhuma água residuária, sem o tratamento necessário para sua depuração, nos rios ou em locais onde possa ocorrer infiltração. Os efluentes hídricos podem ser tratados por meio de sistema de tratamento primário (decantação, sedimentação) e secundário (lagoas de oxidação, lagoas aeradas, lodos ativados, etc.). Equilibrar a carga de lançamento sobre as instalações de tratamento, de forma a garantir sua eficiência. Monitorar os efluentes após tratamento e antes da descarga em corpo hídrico receptor, de forma a comprovar a eficiência do tratamento. Para lançamento de efluentes líquidos nos corpos hídricos receptores devem ser observados os padrões para emissão de efluentes constantes da resolução do Conama.

Poluição atmosférica provocada pela emissão de poluentes como dióxidos de enxofre, compostos reduzidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, material particulado e compostos orgânicos tóxicos (p.ex.: cloro e sulfetos de hidrogênio).

Controlar as emissões mediante operação adequada da caldeira e/ou forno de recuperação do licor. Remover os compostos reduzidos de enxofre por meio do uso de lavador de gases com solução alcalina e posterior recombustão dos gases de escape. Adotar sistemas de filtros como ciclones, lavadores de gases, precipitadores eletrostáticos ou outros, para a remoção das partículas.

Poluição do solo ou águas superficiais, subterrâneas provocadas pela disposição inadequada e lixiviação de resíduos sólidos.

Reduzir e separar os resíduos na fonte. Os depósitos de materiais que possam ser lixiviados pelas águas da chuva devem ser cobertos e possuir sistema de drenagem de forma e evitar a contaminação das águas pluviais. Os resíduos sólidos que não possam ser recuperados e reaproveitados devem ser tratados adequadamente antes da disposição final. Para escolha do tratamento adequado deve ser observada a classificação do resíduo, de acordo com a norma da ABNT – NBR 10004. De acordo com a natureza do resíduo, as possibilidades de tratamento incluem: incineração, disposição em aterro industrial controlado (classe um), inertização e solidificação química, encapsulamento, queima em fornos de produção de cimento, etc. Não havendo possibilidade de tratamento na área da indústria, o resíduo pode ser tratado em outra planta que disponha de instalações adequadas para tratamento, neste caso, deve-se ter cuidado especial com o transporte.

No caso de o resíduo não ser tratado imediatamente após sua geração, deve-se prever, na área da indústria, locais adequados para seu armazenamento.

Poluição sonora provocada pela emissão de ruídos do processamento da matéria-prima, das máquinas transportadoras, trituradoras e processadoras, bem como da saída de vapor das caldeiras e funcionamento dos motores.

Realizar o corte da madeira somente durante o dia. Instalar os equipamentos ruidosos em recintos apropriados, utilizando materiais de absorção acústica e eliminar o vapor das caldeiras somente com uso de dispositivos silenciadores.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2015).

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A globalização dos mercados e a preocupação com o meio ambiente impôs

às indústrias de celulose e papel algumas barreiras para suas exportações, entre

elas os compradores exigiram dos seus fornecedores a posse de certificações que a

indústria está minimizando os impactos ambientais causados pela sua produção

(EPELBAUM, 2006).

Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser definido como a parte do

sistema da gestão de uma organização que irá desenvolver e programar sua política

ambiental, como também gerenciar seus aspectos ambientais. Conforme Almeida et

al. (2001), as questões ambientais dentro de uma organização começaram a

influenciar os resultados econômicos no momento em que a legislação imputou o

princípio de poluidor pagador. As empresas investiram em melhorias para a

diminuição da geração de resíduos, onde há menor impacto ambiental e econômico

para a organização.

Para Almeida et al. (2001)a economia do meio ambiente concentra-se

excessivamente na análise dos custos da despoluição e na alocação destes, de

acordo com o princípio do poluidor pagador. À medida que a responsabilidade

ambiental se traduz por um custo adicional, o custo da poluição passa a ser

internalizado no custo do produto final, e a competitividade da empresa passa a ser

afetada. Em decorrência, no plano macroeconômico há uma arbitragem entre um

maior crescimento selvagem ou um menor crescimento em harmonia com a

natureza. Uma situação pode ocorrer, mas o bom senso e a recente experiência de

algumas empresas nos conduzem a ultrapassar essa visão unilateral do meio

ambiente como um custo e passar a considerá-lo como uma nova oportunidade de

negócios. O desafio é gerenciar mediante soluções triplamente vitoriosas: nos

planos econômicos, ambientais e sociais.

Para Aquino, Almeida e Abreu (2008) o sistema de gestão refere-se como

sendo um composto de elementos inter-relacionados que tem por objetivo

implementar na empresa uma série de alterações estratégicas, como os processos

produtivos, políticos, análise na produção, normas gerais e no comportamento

interno e externo da organização. A implantação de sistemas de gestão ambiental

tem por objetivo implantar um processo estruturado de maneira sistemática para

alcançar os objetivos determinados estabelecidos pela política ambiental.

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Para atender às questões relacionadas ao meio ambiente, as organizações

vêm buscando a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e sua certificação

pela ISO 14000 (SEIFFERT et al., 2007). Segundo Nascimento et al.(2002), a ISO

14000 estabelece diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro das

organizações.Estas normas foram elaboradas pela International Organization for

Standardization, em1991. No início elas visavam ao manejo ambiental que tinha por

objetivo analisar como a organização fazia para minimizar os efeitos nocivos ao

ambiente causados pelas suas atividades. O composto estrutural de normas da ISO

14000 é apresentado no Quadro 8.

Quadro 8 – Normas ISO 14000

ISO14001 / ISO14004: Tratam de Sistemas de Gestão. Contêm a descrição de SGAs, objetivos e metas, políticas, etc.

ISO14021 / ISO14022 ISO14024 São normas relativas à Rotulagem Ambiental.

ISO14031 Trata da Avaliação de Desempenho Ambiental.

ISO14040 / ISO14041 Referem-se à Avaliação do Ciclo de Vida.

Fonte: Nascimento et al. (2002).

O comitê técnico do meio ambiente da ISO teve início em 1994, quando a

ABNT criou o Grupo de Apoio à Normatização Ambiental para participar deste

processo na ISO e implantar nas organizações em território nacional. Uma das

principais razões para a implantação da ISO 14000 pelas indústrias é o aumento da

competitividade no mercado internacional. As empresas com este certificado têm

mais chances de conquistar mercados onde as questões ambientais são

consideradas fundamentais para tomada de decisão comercial. Também, torna

evidente que a organização está comprometida com a melhoria contínua de seu

desempenho ambiental (NASCIMENTO et al., 2002).

O conceito de organização sustentável é agregar o bem-estar econômico,

igualdade social e a defesa do meio ambiente, sempre olhando para o longo prazo.

Esta visão cria um paradigma referente à produção, enfatizando a sustentabilidade

dos processos e produtos, trazendo uma melhor qualidade para a sociedade que o

homem vive e para o meio ambiente.

O crescimento econômico e tecnológico descomedido causou reflexos para a

sociedade e para o meio ambiente, o que ocasionou em transformações sociais,

econômicas e ambientais que modificaram o modo de vida, os padrões de trabalho

da maneira de convívio das organizações com o meio. Nessa forma, as

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modificações ambientais têm cumprido níveis superiores à quantidade renovável dos

recursos existentes, ocorrendo um desequilíbrio do sistema de complicada reversão

(ABREU; CAMPOS; AGUILAR, 2008).

Vogt Et.al. (1998) interpretam que a responsabilidade social é o dever da

organização em amparar a sociedade a chegar aos seus objetivos. Significa uma

maneira que a empresa tem para demonstrar que não está ali apenas para explorar

recursos econômicos e humanos, mas também para contribuir com o

desenvolvimento social. É uma espécie de prestação de contas.

Segundo Almeida (2007) o gerenciamento adequado necessita de uma

atitude que evite danos em relação ao meio ambiente, envolvendo a conservação, o

manejo e o uso correto dos recursos naturais e a produção de bens e serviços,

utilizando uma menor quantidade de insumos e poluindo o menos possível.

As causas ambientais são sistêmicas com extensões globais resultantes da

expansão industrial, do aumento tecnológico, do consumo e das alterações nos

estilos de vida, existindo uma exigência de novas soluções decorrentes da

transformação da atual proposta de vida da sociedade e de soluções, que percebam

o meio ambiente de forma integrada e sistêmica (NUNES; BAASCH, 2000).

Para Soares et al. (2005) essas ações de natureza preventiva destinam-se a

melhorar a utilização dos recursos da natureza.As empresas, como produtoras de

bens e serviços, são incentivadas a trabalhar sob a coerência da sustentabilidade,

por meio do equilíbrio econômico, ambiental e social. Nesse aumento da

complexidade dos sistemas, aparelhados pelo homem e do conceito de

sustentabilidade, acima de uma relação à questão socioambiental, faz aparecer

cada vez mais a visão sistêmica, na qual as organizações não podem ser

compreendidas de forma isolada, mas pelo inter-relacionamento por variáveis

internas e externas, que afetam o seu comportamento (PUENTES, 2004).

Segundo Vogt et al. (1998) o empenho das organizações com o problema

ambiental segue o processo da globalização das relações econômicas, construindo

uma ética global, pois a imagem de empresa poluidora transcende as fronteiras

nacionais e acaba prejudicando sua imagem regional e global. A responsabilidade

socioambiental está ligada diretamente à imagem da empresa.

O relevante a ser observado se refere à prevenção das empresas para com

os impactos potenciais, fazendo atuação preventiva de seus planos, metas e

estratégias nas comunidades em que atuam e na sociedade em geral. Isto

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dependerá do envolvimento das organizações com uma pauta de ação na

localidade, incentivando o relacionamento dos negócios com o desenvolvimento

sustentável no plano internacional (ETHOS, 2012).

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37

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção apresentam-se os procedimentos metodológicos aplicados ao

desenvolvimento deste estudo, descrevendo as fases do desenvolvimento, a origem

dos dados, forma de coleta do material e análise.

Para Yin (2005) a utilização do método do estudo de caso pode envolver

situações de analise de um único caso como de casos múltiplos. A presente

pesquisa optou por analisar um único caso como diretriz para sua pesquisa.

Segundo Gil (2010) trata-se de procedimento racional e sistemático que tem

como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa

desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do

problema até a apresentação.

As diretrizes metodológicas são utilizadas para orientar a preparação e o

desenvolvimento da analise. Na fase inicial deve-se delimitar a pesquisa, no sentido

de destacar o projeto a ser realizado. Em seguida é descrita a abordagem que foi

adotada, ou seja, uma pesquisa qualitativa ou quantitativa. Outro fator determinante

é a formulação da técnica e instrumentos de coleta de dados para o

desenvolvimento da pesquisa.

Quanto à apresentação e distinção entre questionários e formulários, nos

questionários o próprio respondente realiza as marcações. Nos formulários, a

resposta é fornecida oralmente ao pesquisador e este faz as marcações. Os

questionários são úteis quando se quer abranger regiões mais amplas e atingir um

grande número de respondentes (VERGARA, 2009).

3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa é caracterizada como um estudo de caso, em razão de analisar

uma condição empírica da realidade, tem como objetivo buscar soluções para a

geração de resíduos produzidos pelo hidrapulper, e buscar por meio dos rejeitos

gerados um fim mais nobre, diminuindo a quantidade do seu descarte final.

A pesquisa foi feita na empresa celulose Irani, situada na cidade de Irani no

meio oeste de Santa Catarina, a qual tem sua produção baseada em papel de

celulose virgem com a celulose reciclada.

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Para se chegar ao objetivo, foi realizada pesquisa de natureza exploratória, a

qual buscou levantar dados na Irani Celulose, a respeito da quantidade de resíduos

gerados pelas máquinas de hidrapulper. Diante do problema gerado pelos resíduos

para a indústria, levantaram-se algumas questões: Existe a possibilidade de

reaproveitamento dos resíduos? Qual à proporção que poderá ser reaproveitada

destes resíduos? Quais tipos de materiais gerados nos resíduos são

predominantes? Existirá algum tipo de benefício para a empresa fazendo o

reaproveitamento destes materiais?

Creswell (2010) define a abordagem qualitativa como sendo “um meio para

explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um

problema social ou humano.” Os principais procedimentos qualitativos, segundo

Creswell (2010) focam em amostragem intencional, coleta de dados abertos, análise

de textos ou de imagens e interpretação pessoal dos achados.

No estudo qualitativo a origem natural é determinada por dados e o estudioso

é o mecanismo crucial, tendo como base o conhecimento condicionado à

experiência humana (GODOY, 1995).

Os pesquisadores que exploram os métodos qualitativos e buscam explicar o

porquê das coisas precisam evidenciar em sua pesquisa o que deve ser feito, mas

não quantificam os valores e as substituições simbólicas, tampouco obedecem à

prova de fatos e se valem de diversas abordagens para buscar seu objetivo. Na

pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas

pesquisas.

A exploração qualitativa serve para discutir o assunto proposto, por considerar

a mais propícia para uma análise de valores, atitudes, percepções e motivações do

objeto de estudo, com a responsabilidade de analisar e compreender a melhor forma

do estudo (GONÇALVES; MEIRELES, 2002).

O estudo exploratório tem como meta proporcionar maior conhecimento com

o problema, com o objetivo de torná-lo mais claro ou construir hipóteses. A grande

maioria dessas pesquisas envolve: levantamento bibliográfico entrevista com

pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de

exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2010).

A pesquisa descritiva “expõe características de determinada população ou de

determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e

definir sua natureza. Não tem compromisso em explicar os fenômenos que

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descreve, embora sirva de base para tal explicação” (VERGARA, 2009) de maneira,

que os pesquisadores neste tipo de investigação têm preocupação prática, como

acontece com a pesquisa exploratória (GIL, 2010).

3.2 MÉTODOS DA PESQUISA

Para esta pesquisa, foi usado o método estudo de caso único, descritivo,

exploratório e qualitativo. Primeiramente foi feita uma revisão literária buscando

obter maiores dados e informações sobre os resíduos gerados no hidrapulper. Por

ser um assunto ainda pouco explorado nos meios acadêmicos, consultaram-se

artigos, dissertações e teses para embasar o desenvolvimento deste trabalho.

No estudo de caso optou-se pelo método de triangulação. Segundo Minayo

(2010), a triangulação permite que o pesquisador possa lançar mão de três técnicas

ou mais com vistas a ampliar o universo informacional em torno de seu objeto de

pesquisa, utilizando-se, para isso, por exemplo, do grupo focal, entrevista, aplicação

de questionário, dentre outros. Numa terceira dimensão, tem-se o emprego da

triangulação para análise das informações coletadas. Nesse sentido, a técnica prevê

dois momentos distintos que se articulam dialeticamente, favorecendo uma

percepção de totalidade acerca do objeto de estudo e a unidade entre os aspectos

teóricos e empíricos, sendo essa articulação a responsável por imprimir o caráter de

cientificidade ao estudo

O estudo de caso deverá ter a preocupação de perceber o que o caso sugere

a respeito do todo e não a pesquisa apenas daquele caso.

Conforme Gil (2010) o estudo de caso é profundo e exaustivo de um ou

poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento;

tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.

Segundo Yin (2001) o estudo de caso é uma investigação empírica que

investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida

real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são

claramente evidentes.

Diante das posições a serem analisadas a origem e significado do estudo de

caso, decidiu-se estudar uma unidade, bem delimitada e contextualizada, com a

precaução de não analisar o caso em si, mas o que o estudo vai apresentar como

um todo.

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40

Segundo Gil (2010) o estudo de caso não aceita um roteiro rígido para a sua

delimitação, porém é possível definir quatro fases que mostram o processo dos

passos a serem seguidos: a) delimitação da unidade-caso; b) coleta de dados; c)

seleção, análise e interpretação dos dados; d) elaboração do relatório.

3.3 TÉCNICA E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foi utilizado nesta pesquisa o questionário semiestruturado. Neste tipo de

instrumento o entrevistador tem um conjunto de questões predefinidas, mas mantêm

liberdade para colocar outras cujo interesse surja no decorrer da entrevista.

Gil (2010) explica que o entrevistador permite ao entrevistado falar livremente

sobre o assunto, mas, quando este se desvia do tema original, esforça-se para a sua

retomada. Percebe-se que, nesta técnica, o pesquisador não pode se utilizar de

outros entrevistadores para realizar a entrevista mesmo porque se faz necessário

um bom conhecimento do assunto.

Para avaliação, foi elaborada uma análise laboratorial de classificação de

resíduos sólidos gerados no hidrapulper. Isto foi realizada com base na norma NBR

10.004/2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) objetiva

classificar os resíduos quanto à sua periculosidade, considerando os riscos ao meio

ambiente.

Segundo Triviños (1987) a entrevista semiestruturada é a que parte de certos

questionamentos básicos, apoiados no referencial teórico e hipóteses, que

provocam novos questionamentos no transcorrer da entrevista e influenciam a

elaboração do conteúdo da pesquisa.

A pesquisa foi realizada dentro da Irani Celulose, sendo obtidos os dados por

intermédio de um questionário semiestruturado junto aos gestores da empresa.

Posteriormente, foram coletadas amostras de resíduos para análise e confecção de

um fluxograma para verificar os tipos de resíduos gerados pelo hidrapulper.

Creswell (2010) afirma que: algumas formas de coleta de dados, como

entrevistas e observações podem ser consideradas qualitativas ou quantitativas,

dependendo da forma utilizada (abertas ou fechadas) como opção de respostas em

uma entrevista ou em uma lista de checagem para uma observação. Espera-se que

a pesquisa realizada obtenha os resultados esperados, com a escolha dos modelos

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de levantamento dos dados, assim como o aprofundamento necessário na busca

destes dados para facilitar as análises posteriores deste estudo.

3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS

Para Gil (2010) a análise e interpretação dos dados é a fase posterior à coleta

e argumenta que tem como objetivo organizar e sumarizar os dados, de forma que

possibilite apresentar as respostas ao problema proposto no estudo

Para a obtenção dos dados foram realizados três ensaios para determinar o

teor de umidade. No primeiro coletou-se uma amostra de 1 kg e permaneceram24

horas na estufa. O segundo foi após sete dias. O 3º ensaio de teor de umidade foi

realizado individualmente para cada resíduo.

Após análise do teor de umidade foi feita a classificação de cada resíduo

existente na amostra coletada, indicando a origem do resíduo, descrição do

processo de segregação e descrição do critério adotado na escolha de parâmetros

analisados, quando for o caso, incluindo os laudos de análises laboratoriais. e

posteriormente, os dados obtidos foram tabulados por meio de planilha eletrônica

que resultaram na elaboração de tabelas.

Em seguida foi realizada a análise e interpretação dos dados para

averiguação das relações existentes entre as variáveis para responder às questões

e aos objetivos apresentado no estudo, mediante a identificação, análise e avaliação

dos processos.

A interpretação tem como objetivo aprofundar as respostas, ligando-as a

outros conhecimentos já obtidos. O desenvolvimento da pesquisa depende da coleta

de dados para que possam construir resultados que tenham a possibilidade de obter

relações ligando correntes teóricas e associações com o estudo de pesquisa.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para atender os objetivos da pesquisa, foi feita a classificação dos resíduos

sólidos do hidrapulper, na qual se obteve dados para a confecção de um relatório

demonstrando os tipos de materiais gerados neste processo. Por meio das

entrevistas buscaram-se obter informações sobre o volume dos resíduos gerados no

processo, a quantidade de reuso, custo operacional do aterro industrial e volume

final descartado.

4.1 A CELULOSE IRANI

A Indústria Celulose Irani está situada na cidade de Vargem Bonita, no estado

de Santa Catarina, atua no mercado há mais de 70 anos e sua produção é baseada

na produção de celulose e papéis kraft, chapas e embalagens de papelão

ondulado.Na unidade fabril de Vargem Bonita sua produção é de

aproximadamente17 mil toneladas por mês (CELULOSE IRANI, 2014).

A unidade de Vargem Bonita usa dois tipos de celulose para a confecção de

seus produtos. A primeira provém da extração de madeira de reflorestamento, sendo

chamada de celulose virgem. A segunda é celulose reciclada oriunda do uso de

aparas para a produção de celulose.

A reciclagem do papel é conseguida por meio do reaproveitamento das fibras

de celulose existentes nos papéis usados. O papel pode ser fabricado

exclusivamente com fibras secundárias, ou ter a incorporação de pasta para papel.

As fibras podem ser recicladas cinco a sete vezes. A degradação das fibras

implica na adição de celulose virgem para manter sua qualidade.

A produção da Celulose Irani é baseada no reuso de aparas de papel

ondulado e kraft em quase sua totalidade. Isto ocorre em virtude de as

características do tipo das fibras recicladas possuírem as mesmas características.

A fábrica possui cinco máquinas de hidrapulper, com capacidade de produzir

oito mil toneladas por mês de celulose reciclada (CELULOSE IRANI, 2014).

A indústria brasileira que usa as aparas como matéria-prima para a fabricação

de papel vem crescendo a cada ano. Dados do setor demonstram que o mercado

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consome aproximadamente 78% das aparas recicladas. 22% não são utilizadas, em

virtude de estarem contaminadas (BRACELPA, 2014).

Atualmente mais de 50% das aparas da Celulose Irani vem de outros estados,

isto acontece em razão deque o estado produz menos de 22% do que as indústrias

consomem de aparas (BRACELPA, 2014).

Gráfico 3– Evolução do consumo nacional de aparas no Brasil. (millões/ton.)

Fonte: adaptado da Bracelpa (2014).

Os tipos de aparas que a Irani Celulose usa na produção de papel reciclado

são do tipo marrom (papel ondulado e Kraft), isto ocorre porque na hora de reciclar

as fibras ficam semelhantes às usadas quando foram produzidas pela primeira vez,

fazendo com que o produto final apresente um padrão de boa qualidade.

Para que as indústrias consigam ter matéria-prima de boa qualidade para a

produção de papel reciclado, é necessário que haja uma coleta seletiva dos rejeitos,

passando por um processo de separação dos resíduos descartados por empresas e

pessoas, separando os rejeitos orgânicos dos demais.

As empresas de reciclagem de aparas têm gerado resíduos sólidos, composto

de uma mistura de matérias diversas, como: papel, plásticos misturados, madeiras e

metais. Dentre esses materiais, os plásticos misturados apresentam maior

dificuldade de reciclagem porque apresentam diversos tipos de polímeros (PP, PVC,

PET, etc.), dificultando sua separação. Esse resíduo tem sido encaminhado a

aterros sanitários legalizados (WASSERMANN, 2006).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

36423828 3914 4029

4347 4445 44814818

Mil t

on

ela

das

Evolução do consumo nacional de aparas

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A manipulação de material cuja matéria-prima cause grande impacto na

diversidade do meio ambiente e estabilidade está com os dias contados caso não

ocorram mudanças técnicas e/ou intervenção tecnológica na reciclagem e logística

reversa deste tipo de embalagem (RIBEIRO; ROSISFILHO, 2008).

A Irani Celulose instituiu um departamento com o objetivo de buscar soluções

para reutilização ou diminuição dos resíduos que causam aumento de custo e

tenham impacto ambiental.

A perspectiva da empresa em diminuir este volume de aproximadamente 1 mil

toneladas/mês, enviada para o aterro industrial é que até o ano de 2020 ocorra uma

redução de 40 a 50% de resíduos enviados para descarte final (CELULOSE IRANI,

2014).

A Celulose Irani entende o que hoje é custo pode se transformar em receita,

sendo um fator competitivo neste mercado bastante acirrado.

4.2 EXTRAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO HIDRAPULPER

A primeira etapa no processo para fabricação de papel com a utilização de

aparas é a chegada dos fardos na indústria. Estes fardos são armazenados em

locais em galpões específicos para este tipo de resíduo e, posteriormente, enviados

para o hidrapulper, um tipo de liquidificador gigante, onde as aparas são misturadas

com água para produzir a pasta de celulose. A Fotografia 1 mostra os rejeitos

oriundos do processamento das aparas sendo constatado.

Fotografia 1– Resíduos gerados no hidrapulper

Fonte: Celulose Irani (2014).

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O maior problema na produção de papel por meio das aparas é a grande

quantidade de resíduos gerados neste processo, isto ocorre porque as aparas vêm

contaminadas com muitos outros tipos de rejeitos que, ao final do processo, são

descartados em seu aterro industrial, gerando custos econômicos e ambientais.

Os fardos de papel descartado são misturados à água dentro do hidrapulper,

formando uma espécie de pasta de celulose. Em seguida, essa pasta passa por uma

peneira para que sejam retiradas impurezas, como pedaços de papel não

desejáveis, fitas adesivas, plástico, arames e outros metais.

O Gráfico 4 mostra em porcentagem o que cada resíduo representa após o

processo da desagregação das fibras de celulose feito pelo hidrapulper. Nesse caso,

os resíduos possuem alta quantidade de umidade.

Gráfico 4–Classificação percentual de cada resíduo gerado no hidrapulper em 2015

Fonte: o autor.

Na etapa seguinte os depuradores retiram o resíduo mais fino como areia e

terra, deixando somente as fibras para a produção de papel. Ao final do processo o

volume produzido de rejeitos representa quase 10% das aparas que são

processadas no hidrapulper, sendo que os rejeitos maiores ficam entrelaçados,

dificultando sua separação.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%56,40%

32,60%

2,60% 4,30%0,80% 0,30% 0,80% 2,20%

Resíduos do hidrapulper

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46

Entre os anos de 2011 e 2015, a unidade de Vargem Bonita produziu em

média 184 mil toneladas de resíduos, deste montante aproximadamente 18 mil

toneladas foram descartadas no aterro industrial, conforme demonstrado na tabela

1.

Tabela 1 –Geração de resíduos (ton)

Ano Total da fábrica Aterro % Res. hidrapulper %

2011 185.742,12 17.887,81 9,63% 13.196,01 73,77% 2012 182.838,23 16.645,27 9,10% 10.964,56 65,87% 2013 187.274,79 17.717,07 9,46% 12.191,22 68,81% 2014 2015

184.267,10 201.084,92

20.355,87 20.114,52

11,05% 10,00%

15.476,95 14.323,54

76,03% 71,21%

Fonte: Celulose Irani (2015).

Os rejeitos gerados no hidrapulper representam entre 65,87% a 76% dos

resíduos enviados para o aterro industrial, sendo que os plásticos representam em

média 56% dos resíduos (CELULOSE IRANI, 2014).

Os polímeros por ter a maior geração de resíduos no hidrapulper são alvo

constante de preocupação da Celulose Irani. O problema gerado pelos rejeitos levou

a Celulose Irani a desenvolver um projeto inovador, o qual procura fazer o reuso

dos resíduos de polímeros enviados para descarte.

A matéria plástica descartada no aterro industrial gera um grande problema

para os aterros, já que além de demorar anos para se decompor ocupa boa parte do

aterro industrial. Ao jogar outros descartes em cima dos resíduos plásticos sua

compactação não é igual a dos outros materiais, criando uma bolsa de ar

aumentando o espaço ocupado com menor quantidade de material.

Os rejeitos gerados no hidrapulper são dispostos em aterros sanitários ou

industriais Classe II A, não inertes. O aterro sanitário é uma forma de disposição de

resíduos sólidos no solo, dentro de critérios e normas operacionais específicas,

proporcionando o confinamento seguro dos resíduos, evitando danos ou riscos à

saúde pública e minimizando os impactos ambientais (BRASIL, 2010).

A NBR 10.004 define os resíduos descartados em aterro classe II como

aqueles que apresentam características de biodegradabilidade, combustibilidade ou

solubilidade em água, mas não apresentam periculosidade. Ainda, o aterro sanitário

Máquina de reciclagem de polímeros plásticos está em fase de patenteamento.

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47

ou industrial deve ter área com capacidade compatível com o volume gerado e um

tipo de solo de condições favoráveis a esse tipo de disposição.

Para o descarte dos resíduos sólidos gerados no processo da fábrica enviado

para seu aterro industrial, é necessário que a empresa esteja adequada com as

normas do governo municipal, estadual e federal.

Existem outros tipos de resíduos que fazem parte do processo e não podem

ser descartados neste tipo de aterro. Nesse caso, a forma correta para destinar seus

resíduos é fazer um contrato com uma empresa qualificada para a terceirização da

solução.

Para isso, é imprescindível a verificação da conformidade das licenças e

documentações, a empresa também deve fazer visitas às empresas, conhecer seus

processos, credibilidade e qualidade no segmento que atuam levantar possíveis

autuações. Tudo isso para que você esteja certo de que sua escolha será a mais

correta e evitar possíveis transtornos que possam surgir.

4.3 CARACTERIZAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO HIDRAPULPER

O estado de Santa Catarina é o segundo maior consumidor de aparas no

Brasil, perdendo apenas para o estado de São Paulo (BRACELPA, 2014).

Pelo lado de vista econômico é fator importante para seu desenvolvimento.

Visto do lado da geração de resíduos é preocupante, pois uma grande quantidade

de aparas vem de outros estados, deixando um passivo ambiental nos aterros

sanitários e industriais do estado.

Ribeiro (2010) observa que o conceito de desenvolvimento sustentável pelo

meio empresarial pode se não retornar, pelo menos diminuir a degradação do meio

ambiente. No ponto de vista do desenvolvimento sustentável, a diminuição de

agressões ambientais passa a ser considerada como meio de redução de custos e

consequente melhoria do fluxo de rendimentos para a empresa.

A indústria de celulose e papel é considerada uma das mais poluidoras do

meio ambiente. Atualmente, é feito reuso de boa parte dos resíduos gerados em sua

própria cadeia de produção, mesmo assim, grandes quantidades de rejeitos são

encaminhadas para o aterro. O aumento dos custos de disposição e as dificuldades

de armazenamento, o reaproveitamento dos mesmos torna-se uma crescente

preocupação (COLLATTO; BERGMANN, 2009).

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48

A Tabela 2 demonstra o consumo de aparas por estado, destacando que os

estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais são os que mais

utilizam aparas para produção de papel. Santa Catarina gera aproximadamente

21,80% das aparas consumidas pelas suas indústrias, o restante vem de fora.

Tabela 2 – Geração e consumo de aparas por UF em 2013 (mil/ton.)

Estado Geradas Reaproveitadas

São Paulo 1.562,46 1.559,00 Rio de Janeiro 516,95 189,40 Minas Gerais 432,61 422,00 Rio Grande do Sul 312,97 131,30 Paraná 275,64 518,00 Santa Catarina 207,59 950,70 Distrito Federal 199,64 0 Bahia 112,86 159,20 Goiás 107,03 71,60

Fonte: Bracelpa (2014).

A Celulose Irani recicla em média 164.000 mil toneladas de aparas por ano.

Do total produzido de todos os tipos de papel em sua unidade, 70% tinham fibra

reciclada e apenas 30% do papel foram produzidos com fibras virgens (CELULOSE

IRANI, 2014).

Além de aparas compradas de terceiros, a Celulose Irani faz reuso de todo

tipo de material de apara da sua produção. Este resíduo gerado dentro da fábrica

tem o índice de contaminação pequeno, em virtude que são sobras de aparas que

deram defeito na produção e para reaproveitar as fibras são encaminhados

diretamente para as máquinas de hidrapulper.

Em 2013, foram reciclados 9,82% de todo o papel vendido por esta unidade.

Esta prática é usada somente dentro das unidades da Celulose Irani para garantir a

rastreabilidade do produto (CELULOSE IRANI, 2014).

Para classificação dos resíduos gerados neste processo, foi coletado na

Celulose Irani três amostras dos resíduos produzidos no desagregador de celulose e

levado ao laboratório para fazer a classificação. O material colhido foi na máquina

número 5.

A análise da classificação dos resíduos sólidos constatou a presença de

polímeros, metais, panos, areia, fibra, cola, borracha, poliéster, madeira. O que mais

impacta nestas amostras são os polímeros, que compõem acima dos 35,3% do

volume.

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49

Também foram feitos três ensaios para descobrir o teor de umidade. No

primeiro colocou-se 1 kg e permaneceu por vinte e quatro horas na estufa

mostrando percentual de 67% de umidade. O segundo, após sete dias houve o

manuseio para classificação e o volume mostrou 46,2% de umidade. O terceiro e

último foi ensaio individual, com exceção da fibra, que mostrou 92% e da estopa

com 94%, os demais materiais apresentaram umidade inferior a 5%.

A Tabela 3 apresenta a classificação dos resíduos do hidrapulper, para uma

amostra de 10 kg.

Tabela 3 – Classificação dos resíduos do hidrapulper em uma amostra de 10 kg

Fonte: oautor.

O índice de concentração de polímeros plásticos nos resíduos gerados no

hidrapulper causa grande preocupação para empresa, tendo em vista que seu

descarte no aterro é um passivo ambiental significativo, pois alguns tipos de

polímeros demoram mais de 200 anos para se decompor no meio ambiente.

Conforme descrito no teste de classificação de resíduos, fica clara a

quantidade de plásticos que contaminam as aparas. Nesta classificação os

polímeros representaram 65,51% do total de resíduos após a retirada da umidade.

Este índice não é maior, porque parte das aparas processadas no hidrapulper são

provenientes da própria unidade de Vargem Bonita, onde sua contaminação por

outros rejeitos é muito pequena.

Tipos de materiais encontrados Peso da amostra (em gr) %

PEBD (fita adesiva) 1.203,00 12,0% PEBD (fita de amarração tipo barbante) 1.150,00 11,5% Fibra de celulose 1.178,00 11,8% PEBD (embalagens tipo filme) 938,70 9,4% Metal (arame, grampos, alumínio, fitas aço) 230,40 2,3% Pano (estopa,tira de roupa) 206,30 2,1% PEBD (embalagem alumizada) 25,60 0,3% PEAD (frasco de cola, tampa de refrigerante e lacre) 79,80 0,8% PP (lona plástica, revestimento) 49,30 0,5% PP (embalagens descartáveis, tipo copo) 37,20 0,4% PE (isopor) 22,60 0,2% Madeira 48,70 0,5% Poliéster 18,30 0,2% Borracha (luvas e amarração) 23,80 0,2% Cola tipo branco 76,80 0,8% Areia / terra 90,50 0,9%

Peso da amostra após secagem 5.379 53,9% Peso perdido (umidade) 4.621 46,1% TOTAL 10.000 100,0%

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Na classificação dos resíduos gerados pelo hidrapulper é bom ressaltar que a

empresa tem fornecedores cadastrados, os quais buscam diminuir a quantidade de

resíduos que contaminam as aparas enviadas à empresa. Se fossem buscar de

vários fornecedores sem uma prévia seleção o índice de resíduos dentro das aparas

seria bem maior do que os atuais.

A média mensal de resíduos que vão para o aterro industrial é de 1.400

toneladas mês, sendo que o hidrapulper é responsável por 70% destes resíduos

descartados. Para diminuir esta quantidade de rejeitos encaminhados ao aterro, a

Celulose Irani implantou em 2012 uma planta-piloto com o objetivo de analisar quais

resíduos podem ser reaproveitados oriundos do hidrapulper. Este equipamento

serve para fazer a lavação dos resíduos com o objetivo de facilitar a separação e

reutilização. Ao final deste processo os resíduos estão limpos. Em seguida, ocorre a

classificação e o reaproveitamento ou não dos resíduos.

O Gráfico 5 mostra o volume em percentual de resíduos por tipo gerado no

hidrapulper. Fica destacado que o maior volume gerado é de polímeros plásticos e

fibras de celulose.

Praticamente todos os rejeitos gerados no processamento do hidrapulper

podem ter uma destinação final mais nobre, sendo na produção de bens ou serviços.

Existem dois fatores que interferem no reaproveitamento, o primeiro é a separação

daqueles resíduos que têm uma porcentagem muita pequena. O custo de separação

se torna alto e inviabiliza a separação. Outro fator é de rejeitos, já que o valor

econômico é muito baixo e seu descarte gera menos custo do que separar.

É necessário manter o fluxo de resíduos separados por tipo e natureza com

vista a facilitar o tratamento específico. Parte destes resíduos pode ser reciclada,

transformada em matéria-prima para voltar ao ciclo de produção. Outra parte será

reutilizada, é o caso das fibras, que não precisam ser recicladas para fazer novos

bens ou serviços.

4.3.1 Tipos de resíduos reaproveitados

Os polímeros por representarem a maior quantidade de resíduos gerados no

hidrapulper são o foco principal da Celulose Irani em fazer sua reciclagem. O

maquinário implantado em 2012 busca retirar o máximo destes resíduos plásticos

para que possam ser reutilizados na produção de novos bens.O maior problema

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enfrentado para fabricação de novos produtos é a variedade de plásticos

misturados.

A reciclagem química é o método de tratamento dos rejeitos pós-consumo por

intermédio de processos termoquímicos, de transformação química ou biológica

(HORVAT; FLORA, 1999). Esta técnica fornece novas substâncias químicas que

podem ser reutilizadas em sua cadeia produtiva, e o formato de processo utilizado

dependerá do material a ser reciclado.

A Fotografia2 mostra a variedade dos polímeros processados na máquina de

lavação de resíduos.

Fotografia2– Diversidade de polímeros plásticos para reciclagem

Fonte: Celulose Irani (2014).

A partir do ano de 2012 a 2014 existe um levantamento referente à

quantidade de polímeros que são extraídos do hidrapulper, o qual foi uma análise do

volume de toneladas processadas úmida e seca. O resultado apresentou que no ano

de 2012 das 252,31 toneladas de plásticos úmidos que foram processadas na

planta-piloto, após a sua secagem apenas 54% foram reaproveitados. Em 2013, do

total de 249,96 toneladas o percentual caiu para 49% e no ano de 2014 foram

processadas 120,88 com aproveitamento de 89%. Esta evolução ocorreu em virtude

do aprimoramento da planta-piloto instalada em Vargem Bonita.

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Com este processo a Celulose Irani espera reduzir pelo menos 60% dos

resíduos gerados do hidrapulper que são encaminhados ao aterro industrial, o que

aumentaria significativamente a vida útil dele.

O Gráfico 6demonstra a evolução do reaproveitamento dos polímeros que

passaram pela planta-piloto e podem ser reciclados.

Gráfico 5–Reaproveitamento de resíduo de polímeros úmido e seco, de 2012 a 2014. (ton.)

Fonte: oautor.

Atualmente, grandes indústrias buscam soluções para a diminuição do

descarte final de seus resíduos. O custo por tonelada do envio para o aterro custa

em torno de R$180,00. Como o resíduo do hidrapulper contém grande quantidade

de umidade, algumas empresas investem em uma prensa mecânica hidráulicas que

pode reduzir em 37% o volume e diminuiria 5,8L de água, reduzindo em 55% o seu

peso (KLEIMPAUL, 2014).

Diante desta situação, o que era um problema começou a ser rentável para as

organizações, pois na procura por soluções para seus rejeitos muitas organizações

descobriram oportunidades e começaram a ganhar dinheiro com o reaproveitamento

dos resíduos.

As Irani Celulose, após fazer a lavação dos polímeros plásticos, enviam para

outro equipamento onde serão triturados, com objetivo de facilitar o manuseio e

0

50

100

150

200

250

300

20122013

2014

252,31249,964

120,881

136,29

123,283

108,289

Tonela

das

Comparativo dos polímeros úmidos e secos

ùmido

Seco

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transporte. O triturador possui 6 facas fixas e 6 rotativas para que haja uma

trituração homogênea.

Fotografia 3– Equipamento triturador e produto final triturado

Fonte: Celulose Irani (2014).

O mercado se movimenta para a aplicação da lei e para o aproveitamento de

novas oportunidades de negócio que devem surgir para dar vazão ao maior volume

de resíduos separados (CEMPRE, 2015b).

A reutilização dos polímeros para fabricação de novos produtos abrange um

grande potencial para este nicho de mercado, isto porque o seu custo como matéria

para confecção dos produtos é mais baixo que resinas, o que o torna diferencial de

competitividade no mercado, podendo ter um custo menor de produção e aumentar

sua margem de lucro.

A Celulose Irani optou em produzir somente matéria-prima dos plásticos

reciclados, sendo que a fabricação de novos produtos ficou de responsabilidade de

empresas terceirizadas. O objetivo principal é dar uma destinação final mais nobre

do resíduo plástico gerado em sua unidade.

Cada empresa terceirizada trabalha com a produção de bens de forma

diferente da outra empresa, o que cria mais opções para que seja analisada onde a

matéria-prima gerada pela Celulose Irani pode gerar o melhor resultado do reuso

para aquele tipo de polímero.

A empresa um produziu a partir dos polímeros de resíduos da

indústria,produtos, como telhas, estacas e goivos,conforme Fotografia 4.

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Fotografia4 – Produtos da empresa 1, telhas, estacas e goivos

Fonte: Celulose Irani (2014)

A empresa 2produziumesas, mourões e pisos, cujos produtos possuem alta

resistência (Fotografia 5).

Fotografia5– Produtos da empresa 2, mesas, piso e mourões

Fonte:Celulose Irani (2014).

A empresa3 produziu floreiras, bancos e madeira tipo deck (Fotografia6).

Fotografia6– Empresa 3, decks, banco e floreira

Fonte: Celulose Irani (2014).

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55

Como é um projeto piloto, as empresas estão procurando desenvolver melhor

seus produtos e fazer análises referentes à quantidade de material que necessitarão

para que haja uma produção contínua com o material reaproveitado do hidrapulper.

A quantidade de material retirada da planta-piloto ainda não consegue

produzir insumos o suficiente para uma linha de produção. A busca pelo

aprimoramento da planta-piloto deverá demorar até o final de 2017, onde se estima

chegar a uma produção que atenda à demanda de seus clientes (CELULOSE IRANI,

2014).

Atualmente a produção de polímeros reciclados chega a 90 toneladas por

mês, o que representa apenas 10% do que pode ser reciclado. Para que isso ocorra,

a planta-piloto deve receber investimentos para um novo equipamento, com

capacidade de reciclar os 100% dos rejeitos produzidos pelo hidrapulper.

A perda ou desperdício de fibras de celulose ou material contendo fibras,

além de haver o desperdício de uma matéria-prima de elevado valor econômico, há

um aumento de custos, já que além da perda de fibras, teremos um aumento de

resíduo final descartado no aterro. Gerar resíduos sólidos fibrosos em fábricas de

celulose se torna um custo alto, que pode ser revertido com o reuso das fibras de

celulose.

No processo na produção de papel por meio de aparas, existe uma perda de

quantidade de fibras de celulose que ficam entrelaçadas nos rejeitos gerados pelo

hidrapulper. Estas fibras são descartadas no aterro industrial. No processo de

lavação dos polímeros reciclados, a Celulose Irani conseguiu recuperar em média

2,8 toneladas de fibras por mês. Estas fibras retornam diretamente para a linha de

produção de papel.

Para que esta fibra volte ao processo de produção de papel, ela passa pelo

acerto fino da máquina de papel e acerto do tamanho da fibra, a fim de que o

produto não tenha perda de qualidade. No ano de 2014 a Celulose Irani conseguiu

reduzir seu custo em R$ 80.000,00, com reaproveitamento de fibras.

Na amostra retirada do hidrapulper ainda úmida o percentual de fibra de

celulose representa 28,6% de todo o volume dos rejeitos enviados para o aterro.

Das 1.400 toneladas de rejeitos por mês as fibras representam 400 toneladas. A

perspectiva da Celulose Irani é que chegue a um reaproveitamento de 70% deste

total.

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A quantidade de metais retirados no processo do hidrapulper chega a um

percentual de 2,3% sem umidade, o que corresponde a 32,2 toneladas por mês. Na

classificação foram encontrados arames de aço, fios, alumínio, clips e grampos. Os

metais são separados e vendidos para siderúrgicas para fazer seu

reaproveitamento, esta remoção é feita semanalmente, junto com outros resíduos

gerados em seu parque fabril.

Mesmo com ajuda de peneiras para separar os metais ainda existe uma

pequena quantidade que passa, em sua maioria, grampos de tamanhos pequenos e,

pelo grau de dificuldade de retirá-los, são descartados no aterro.

Os metais retirados do hidrapulper em sua maioria têm valor de venda baixo,

o retorno financeiro aparece na diminuição do envio destes metais para o aterro. Em

um ano o não envio dos metais representa 386 metros cúbicos a menos no aterro

industrial.

4.3.2 Tipos de resíduos não reaproveitados

A quantidade dos outros resíduos gerados é proporcionalmente muito

pequena comparada com os polímeros, fibras de celulose e metais. Mesmo com

percentuais pequenos, o volume gerado de rejeitos é bastante significativo se

considerar que são descartadas 1.400 toneladas todo mês dos resíduos do

hidrapulper.

Dentre os rejeitos não reaproveitados estão os panos e estopas, que

representam 4,3% do total de rejeitos. Na tabela de classificação dos resíduos, após

sua secagem este percentual caiu para 2,10% do total descartado, o que

corresponde a 29,4 toneladas mensais enviadas para o aterro. Os têxteis são fonte

de calor e seu poder calorífico é de 3.480 Kcal/kg (BRASIL, 2014).

Em 2013, a participação de energias renováveis na matriz energética

brasileira foi de 41%, mantendo-se entre as mais elevadas do mundo, enquanto que

no restante do mundo, em 2011, foi de apenas 13% (BRASIL, 2014).

Estes resíduos podem ser fonte de energia para a Celulose Irani, mas a empresa

relata que as duas maiores dificuldades para incinerar os tecidos são a alta umidade

contida e a contaminação por produtos químicos, o que pode gerar poluentes em sua

queima. A empresa por opção prefere descartar em aterro industrial, até achar uma

maneira de poder reutilizar sem ter um custo elevado.

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Outro resíduo não aproveitado como forma de energia á a madeira, que tem

2.520 kcal/kg de poder calorífico. Os rejeitos de madeiras destinados ao aterro

representam 0,8% ou 11,2 toneladas por mês. A maioria da madeira é de pequenos

pedaços do estrado de madeira ou palete que ficam entrelaçadas com as aparas.

Estas ao serem jogadas no hidrapulper sofrem uma maior fragmentação, dificultando

a separação para seu reuso como fonte de energia.

Segundo Brand (2010) variáveis como teor de umidade e poder calorífico

permitem avaliar a eficiência de biomassa como combustível. Apesar de a madeira

possuir alta capacidade de conter a umidade, mesmo assim ela é uma boa fonte de

energia. A empresa já tem um projeto para utilizar a madeira como fonte de energia.

Ela busca uma forma para baixar custo a fim de reduzir a elevada umidade na

madeira para melhorar o poder energético.

A produção de biomassa da Celulose Irani é farta em virtude do

reaproveitamento de cascas e restos de madeira durante a produção da celulose.

Também existe o reaproveitamento do licor negro como fonte de energia. Estes

resíduos comparados com as sobras dos resíduos de madeira do hidrapulper têm

um custo muito inferior e resultado melhor. No atual momento a empresa acha

inviável investir no reuso deste tipo de resíduo como energia.

A borracha gerada durante a produção de aparas representa um total de 0,2%

de todos os resíduos produzidos. Na classificação apenas dois tipos de matérias

com borracha foram encontrados, pedaços de luvas e de borracha de amarração. A

Irani Celulose não trabalha com produção de energia com a queima da borracha.

Apesar do poder calorífico ser alto, a quantidade de rejeitos gerados é pequeno para

se fazer investimento em uma máquina de queima deste rejeito.

Isto ocorre porque o outro setor da fábrica que gera resíduos de borracha já

tem compradores específicos em virtude de o tipo de borracha ter valor agregado e

compradores interessados, é o inverso do que acontece com os rejeitos de borracha

gerados no hidrapulper que são encaminhados para o aterro.

4.3.3 Tipos de resíduos sem reaproveitamento

Entre os resíduos sem reaproveitamento estão a terra e areia que ficam

misturados entre as aparas. Estes rejeitos ficam acumulados entre os outros rejeitos

e são de difícil separação. A Irani Celulose relata que não foi feito nenhum tipo de

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análise de reaproveitamento, por ser um rejeito sem valor econômico significativo. O

seu descarte no aterro pode não ser o mais correto, mas é menos prejudicial que os

demais rejeitos, pois na hora que é feita a compactação do aterro, a terra e a areia

ajudam a melhorar este trabalho.

Dos rejeitos sem reaproveitamento, a terra e a areia são os que ao final do

processo são o que menos causam danos ambientais e melhoram o desempenho

final do aterro. A empresa relata que a contaminação destes rejeitos por óleo, cola

entre outros é muito baixa, não havendo necessidade de descontaminar, pois estão

dentro das especificações ambientais da NBR 10004(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

A cola branca que aparece na classificação dos resíduos, por se tratar de um

produto de alta solubilidade, existe a dificuldade de fazer reuso. No processo do

hidrapulper para retirar a celulose das aparas é utilizada grande quantidade de água,

fazendo os rejeitos de cola branca se dispersar entre os demais rejeitos. Ao ser

retirada a água do pulper a cola volta a ter aderência e fixa nos demais rejeitos.

Apesar de gerar em torno de 11 toneladas destes rejeitos por mês, neste

momento a empresa descarta fazer algum tipo de investimento para

reaproveitamento em razão do alto custo e baixo retorno, sendo que boa parte dos

rejeitos da cola estão colados a pequenos rejeitos de outros materiais, tornando

mais difícil sua separação e reaproveitamento.

4.4 GANHO ECONÔMICO E AMBIENTAL

A reciclagem gera benefícios ambientais, sociais e econômicos, mas para a

sua implementação e manutenção os custos, se comparados entre a coleta normal e

a seletiva, simplesmente pelo valor e não olhando os benefícios proporcionados pela

reciclagem, pode se presumir que a reciclagem é inviável.

O reaproveitamento de resíduos, na visão de Motta (2006), reintroduzindo na

estrutura produtiva parte dos materiais já processados, evita tanto os custos

ambientais da disposição do lixo como também os custos de uso dos recursos

exauríveis; para tal incorporem-se em maiores custos de coleta, triagem e transporte

dos rejeitos. Ao mesmo tempo em que os custos evitados se tornam melhorias para

toda a sociedade, o aumento dos custos resultantes destes benefícios incide

diretamente na organização. A pesquisa do reconhecimento econômico dos

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resíduos foi analisada em cada fase do processo: ações de prevenção e diminuição

na geração; redução de despesas pela racionalização na coleta e transporte;

economia ambiental pelo incremento no reuso, reciclagem e compostagem.

A Tabela 4mostra os materiais que reaproveitados, não reaproveitados e sem

aproveitamento durante os anos de 2011 até 2015.

Tabela 4– Tipo de aproveitamento ou não dos resíduos e sua disposição final

Aproveitamento Tipo de resíduo % do total de gerado Disposição final

Reaproveitado Reaproveitado Reaproveitado Não reaproveitado Não reaproveitado Não reaproveitado Sem reaproveitamento Sem reaproveitamento

Plástico Fibras de celulose

Metais Pano

Madeira Borracha

Cola tipo branca Areia e terra

56,25 32,6 2,6 4,3 0,80 0,30 0,95 2,20

Reciclagem / Aterro Produção / Aterro

Siderúrgicas Aterro industrial Aterro industrial Aterro industrial Aterro industrial Aterro industrial.

Fonte: oautor.

A Irani Celulose por intermédio de investimentos atingiria seu objetivo de fazer

a reciclagem ou reuso dos resíduos não reaproveitados e reaproveitados em

100%,diminuindo em 96,85% do total de rejeitos enviados para seu aterro industrial.

O impacto positivo em ganhos financeiros será um grande diferencial em sua

competitividade. Atualmente, o custo por tonelada enviada para o aterro é de R$

22,26.

Ao analisar o custo por tipo de resíduo descartado no aterro, fica evidente o

quanto está sendo desperdiçado em valores, pois estes resíduos podem de alguma

forma ser reusados, o que diminuiria seus custos. Já os resíduos reciclados podem

ser vendidos no mercado, o que aumentaria a rentabilidade da empresa.

Segundo Andrade et al. (2002), os gastos com proteção ambiental começam

a ser vistos pelas empresas líderes, não primordialmente como custos, mas como

investimento no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva. Além do alto

custo para depositar os rejeitos, ainda tem o passivo ambiental, caso a empresa não

mantenha um sistema de monitoramento eficiente. Caso ocorra alguma falha e

cause um acidente ambiental, a empresa é obrigada a pagar todos os prejuízos

ocorridos ao meio ambiente. Após o ciclo de vida finalizado, o aterro é de empresa.

A Tabela 5 mostra o valor gasto por tipo de resíduo enviado ao aterro da Irani

Celulose. Os dados obtidos são referentes ao ano de 2015. O total de resíduos

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enviados para o aterro foi de 20.114,52 toneladas, sendo que o hidrapulper gerou

14.323,54 toneladas de resíduos.

Tabela 5– Custo anual por tipo de resíduo do hidrapulper em 2015.

Tipo de resíduo Custo por ton.

(em R$) % por tipo de

resíduo Total em ton./ano

Custo total em R$

Plástico Fibra de celulose Metais Pano / estopas Madeira Borracha Cola tipo branca Areia / terra Total

R$22,26 R$22,26 R$22,26 R$22,26 R$22,26 R$22,26 R$22,26 R$22,26

56,25 32,60 2,60 4,30 0,80 0,30 0,95 2,20

8.056,99 4.669,48 372,41 615,91 114,59 42,97 136,07 315,12

179.348,60 103.942,62

8.289,85 13.710,16

2.550,77 956,51

3.028,92 7.014,57

318.842,00

Fonte: o autor.

O custo total dos resíduos do hidrapulper no ano de 2015 foi de R$

318.842,00. A partir do momento que entrar em funcionamento o equipamento de

reciclagem dos resíduos plásticos e o reaproveitamento das fibras de celulose, a

empresa diminuirá seus custos em R$283.291,22 reais ou 88,85% de redução. A

empresa informou que seu aterro tem vida útil até final do ano de 2018, e com o

processo de reciclagem dos polímeros poderá se prolongar até 2023.

Com a perspectiva de reciclar 100% dos resíduos plásticos do processo do

pulper, a empresa adotou uma estratégia dos rejeitos plásticos descartados em seu

aterro. Tudo o que for enterrado de polímeros está sendo mapeado e colocado no

mesmo setor. O objetivo é assim que o equipamento estiver em pleno

funcionamento, eles possam desenterrar e reutilizar este material para reciclagem,

dessa forma o aterro ganha mais tempo de vida útil.

A Celulose Irani relatou que não existe ainda um preço referente ao tipo de

polímeros produzidos com esta forma de reciclagem, primeiro pela variedade

misturada, o que dificulta na hora de derreter e produzir algum produto. No mercado

não existe um parâmetro de produto similar para que possa se balizar a formação de

preço. Diante desta incógnita, ela deixou para um futuro próximo buscar a formação

de preço deste tipo de insumo, tendo em vista que já existem ganhos reais com a

diminuição do envio do rejeito ao aterro.

A Celulose Irani tem um projeto de montar uma unidade de reciclagem de

resíduos do hidrapulper próxima à sua unidade de Vargem Bonita. O objetivo é,

além de reciclar seus resíduos, também reciclar resíduos do hidrapulper de outras

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indústrias da região. Há uma empresa interessada em montar ao lado da unidade de

reciclagem uma indústria para desenvolver e produzir novos tipos de produtos por

meio dos insumos da reciclagem.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa demonstrou a transformação dos resíduos sólidos gerados pelo

hidrapulper em matéria-prima para produção de novos bens, gerando assim uma

nova cadeia de valor para a empresa.

Os resultados obtidos demonstram a importância deste processo

evidenciando concluir que é possível fazer a reciclagem e reuso dos resíduos

gerados do processamento de aparas de papel. As analises comprovam a

importância em buscar soluções que melhorem o meio ambiente contribua para uma

sociedade melhor e agregue valor econômico para a organização.

A pesquisa na Celulose Irani constatou que o processo de reciclagem dos

resíduos de polímeros plásticos e o reuso das fibras de celulose podem diminuir em

mais de 80% dos rejeitos enviados para seu aterro industrial e gerar uma economia

que passam dos R$250.000,00 anuais. Estes valores devem aumentar a partir do

momento em que os polímeros plásticos reciclados forem comercializados. Isto

possibilita à empresa estender por mais quatro anos a vida útil do seu aterro com a

reciclagem dos resíduos gerados pelo hidrapulper.

A busca de soluções para reuso ou reciclagem de seus resíduos dentro das

organizações deve ser entendida não como um custo, mais sim como investimento,

pois a transformação de problemas em soluções em boa parte dos casos traz um

retorno positivo para a organização, podendo transformar em um diferencial

competitivo de mercado.

Para a realização de estudos futuros sugere-se, a partir deste, a investigação

considerar um universo maior com estudos de casos múltiplos, pois este trabalho foi

baseado em caso único. Além disso, também se sugere uma analise mais completa

da composição química dos polímeros de plásticos reciclados pela empresa objeto

deste estudo, para identificação de outras formas de reutilização. E, ainda,

desenvolver estudos mais detalhados da possibilidade de reciclagem ou

reaproveitamento dos demais rejeitos que não estão sendo reciclados ou

reutilizados no momento.

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