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Celulose e Papel Estudo

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  • Mercado Perspectivas Perfis de Empresas

    Indstria de Celulose e Papel

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Valor Econmico S.a.

    Conselho Editorialantonio Manuel teixeira Mendes, Celso Pinto, Joo roberto Marinho, lus Frias, luiz Eduardo Vasconcelos, Merval Pereira, nicolino spina, otvio Frias Filho

    Conselho de administraoantonio Manuel teixeira Mendes, Joo roberto Marinho, lus Frias, luiz Eduardo Vasconcelos

    Diretor-presidentenicolino spina ([email protected])

    Diretora de Publicidadeselma souto ([email protected])

    Diretor de Circulao e MarketingEduardo Guterman ([email protected])

    Diretora de redaoVera Brandimarte ([email protected])

    Diretora-adjunta de redaoClaudia safatle ([email protected])

    Diretora de Projetos Editoriaisrosvita saueressig laux ([email protected])

    Diretor-adjunto de Projetos EditoriaisCarlos races ([email protected])

    Editores-executivosJos roberto Campos ([email protected])Pedro Cafardo ([email protected])

    Secretria de redaoClia de Gouva Franco ([email protected])

    Coordenao Geralonildo Cantalice

    Consultor EditorialMatas M. Molina

    Coordenadores do Estudoonildo CantaliceFlvio tayra

    reviso regina Caetano

    Comercial e VendasGerente: Mrcia lopes ([email protected])

    arte e ProduoGrecco Comunicao

    av. Jaguar, 1485 1 andar CEP 05346-000 so Paulo sP telefone: (xx) 11 3767-1000 Endereo eletrnico: www.valoronline.com.br

    Copyright Valor Econmico s.a. todos os direitos reservados. Proibida a reproduo do contedo em qualquer meio de comunicao, eletrnico ou impresso, sem autorizao escrita do Valor Econmico s.a.Comentrios e sugestes: escreva para [email protected] Fechamento desta anlise: Junho de 2010

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Indstria de Celulose e Papel

    1 Introduo

    2 Perspectivas

    3 Investimentos

    4 Celulose

    5 Papel

    6 Embalagens

    7 Papis de impresso

    8 sanitrios (tissue)

    9 Papel-carto

    10 Papel de imprensa

    11 aparas e reciclagem

    12 Mercado externo

    13 tecnologia e produtividade

    14 Florestas plantadas

    15 Perfis de empresas

    52

    60

    64

    47

    44

    41

    39

    36

    34

    31

    22

    16

    13

    8

    71

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    ndice

    apresentao ...........................................06Introduo .................................................08 desempenho recente ...........................10 Cenrio internacional ..........................10 demanda chinesa alavanca retomada ...............................10 Preos ..........................................................11Perspectivas .............................................. 13 a celulose de eucalipto avana no mundo .................................. 13 racionalizao da oferta .................. 13 aumenta a demanda de papel .......14 Valorizao das aes das companhias ..................................... 15Investimentos ..........................................16 desembolsos do BndEs ...................16 Investimentos das empresas ....16 Fibria ................................................... 17 suzano Papel e Celulose ........... 17 Investimento em biotecnologia .............................18 Klabin ..................................................18 International Paper .....................18 Grupo orsa ....................................... 19 Portucel.............................................. 19 Grupo Bignardi ............................... 19 sIG Combibloc ............................... 19 Eldorado Celulose ........................ 20 Carta Fabril ..................................... 20 aPP estuda montar fbrica no Brasil ........................... 20 CMPC avalia ampliao em Guaba.........................................21 Ibema..................................................21Celulose ........................................................ 22 Produtos ................................................... 22 desempenho ............................................23 Produo ...........................................23 Faturamento ....................................24 Empresas do segmento .....................24 Capacidade e produo regional .................................................... 26 so Paulo ......................................... 26 Bahia ...................................................27 Esprito santo ................................ 28 Paran ............................................... 28 Minas Gerais................................... 28 santa Catarina .............................. 29 rio Grande do sul ........................ 29 Par..................................................... 20 Mato Grosso do sul .................... 30Papel ................................................................ 31 Evoluo da produo ........................ 31 Produo regional ................................. 31

    Empresas do segmento .................... 34 Embalagens ........................................... 34 Embalagens de papel..................35 lanamentos de produtos .......35 Papis de impresso ........................36 Impresso e escrita: movimentao de mercado .....37 Sanitrios (tissue) ............................39 o mercado ........................................41 Papel-carto ..........................................41 Impacto na oferta ....................... 42 aumento de preos .....................43 Papel de imprensa ............................ 44 legislao prejudica papel de imprensa ....................... 46 alteraes no comportamento do leitor ........ 46aparas e reciclagem ............................47 Consumo de aparas .............................47 as recicladoras ...................................... 49 Poltica nacional de resduos slidos ................................... 50Mercado externo ................................... 52 China: o maior importador .............. 52 Balana comercial .............................53 Evoluo histrica ........................53 Principais destinos .......................55 Cenrio global ......................................55 os maiores produtores mundiais ........................................... 56 o Brasil consolida-se entre os lderes ........................ 56 Produo e consumo de papel .............................................57Tecnologia e produtividade ............60 Produtividade .........................................60 alternativa ao pnus e eucalipto ............................................... 62 sistemas agrossilvipastoris ............ 62 servios e equipamentos ................. 62 Perspectivas .............................................63 Eua preparam teste de eucalipto transgnico ..........................63Florestas plantadas ............................. 64 reas plantadas .................................... 64 Motivos para expanso ..................... 65 diviso regional..................................... 66 Fomento florestal ................................. 66 Certificao florestal ......................... 68 Fundos florestais .................................. 69PErFIS DE EMPrESaS ...................... 71Cenibra ..........................................................72 Breve histrico .......................................72 Estrutura industrial ..............................72

    Certificaes ............................................72 distribuio e logstica .......................72 Florestas plantadas .............................73 Principais fornecedores .....................73 desempenho ............................................73 Impactos da crise .................................74 Investimentos .........................................74 Perspectivas .............................................74Copapa ...........................................................77 Parque industrial ...................................77 linha de produtos .................................77 Certificaes ............................................77 distribuio e logstica .......................77 Principais fornecedores .....................78 Principais clientes .................................78 desempenho ............................................78 Investimentos .........................................78 Perspectivas .............................................78Fibria ...............................................................79 Breve histrico .......................................79 Estrutura ..................................................80 Composio acionria ...............80 Parque industrial ..........................80 linha de produtos .......................80 Certificaes ...........................................80 distribuio e logstica ...................... 82 sistemas de transporte ............ 82 Florestas plantadas ............................ 82 Base florestal ................................. 82 Fomento florestal ........................ 82 localizao das operaes florestais ....................83 Parcerias com pequenos e mdios produtores ...................83 sequestro de carbono ................83 Gesto da gua .............................84 desempenho ...........................................84 Vendas ...............................................84 Produo ..........................................84 receita operacional lquida ................................................84 EBItda e lucro lquido .............84 resultados de 2010 ...................84 Investimentos ........................................ 85Grupo Bignardi .........................................87 Breve histrico .......................................87 Grupo Bignardi .......................................87 Parque industrial ...................................87 Certificaes ............................................87 Principais marcas ..................................87 distribuio e logstica ......................88 Canais de distribuio .......................88 Principais clientes ................................88 Principais fornecedores ....................88

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    desempenho ...........................................88 Produo e vendas ......................88 Faturamento ................................... 89 Investimentos ........................................ 89Grupo orsa .................................................90 Breve histrico ......................................90 Empresas do grupo .............................90 Jari Celulose, Papel e Embalagens ................................90 orsa Florestal .................................91 ouro Verde amaznia ................91 Fundao orsa ...............................91 Fatores competitivos ...........................91 distribuio e logstica ...................... 92 Principais fornecedores .................... 92 Florestas plantadas ............................ 92 operaes florestais ................... 92 Fomento florestal ........................ 92 sequestro de carbono ................93 Faturamento ............................................93 Investimentos ........................................ 94 Certificaes e prmios .................... 94Irani ............................................................... 96 Breve perfil do grupo ......................... 96 Estrutura .................................................. 96 Parque industrial .......................... 96 Composio acionria ............... 96 linhas de produtos ..................... 96 Certificaes ............................................97 logstica ....................................................97 Florestas plantadas .............................97 rea plantada .................................97 sequestro de carbono ................97 Principais fornecedores .................... 98 desempenho ........................................... 98 1 trimestre de 2010 ................. 99 Impactos da crise ................................ 99 Investimentos ........................................ 99 Perspectivas ..........................................100Klabin ........................................................... 101 Composio acionria ..................... 101 Estrutura ................................................ 101 Parque industrial ........................ 101 segmentos de atuao ...........102 linha de produtos .....................102 Florestas plantadas ..........................102 rea plantada ..............................102 Produo de madeira ..............102 Fomento florestal ...................... 103 Certificaes florestais ........... 103 Projetos de sequestro de carbono ....................................104 desempenho .........................................104 Principais indicadores .............104

    Exportaes ..................................104 Contornando a crise financeira ................................................104 Principais estratgias ......................105 Investimentos ......................................106 Perspectivas .......................................... 107lwarcel Celulose ..................................108 Breve histrico ....................................108 Grupo lwart .........................................108 Composio acionria .....................108 Estrutura ................................................109 Parque industrial ........................109 linhas de produtos ...................109 distribuio e logstica ....................109 sistemas de transporte ..................109 Florestas plantadas .......................... 110 rea plantada .............................. 110 Produo de madeira .............. 110 Fomento florestal ...................... 110 Certificaes ................................ 110 sequestro de carbono ............. 110 Principais fornecedores ................... 111 desempenho .......................................... 111 Produo ......................................... 111 Exportaes ................................... 111 Impactos da crise mundial ............................................112 Principais estratgias .......................112 Perspectivas ...........................................112 Investimentos .......................................112Norske Skog Pisa ..................................113 Breve histrico .....................................113 Grupo norske skog ............................113 Parque industrial .................................113 Certificaes ..........................................114 distribuio e logstica .....................114 Principais fornecedores ...................114 Principais clientes ...............................114 desempenho ..........................................114 Investimentos .......................................114Papirus .........................................................116 Parque industrial .................................116 linha de produtos ...............................116 Certificaes ..........................................116 Principais clientes ...............................116 desempenho ..........................................117 Investimentos .......................................117 Principais estratgias .......................117rigesa .......................................................... 118 Grupo MeadWestvaco ..................... 118 Certificaes ......................................... 118 distribuio e logstica .................... 118 Florestas plantadas ...........................119 Programa de fomento ..............119

    Principais fornecedores ...................119Santher ......................................................120 Composio acionria .....................120 Parque industrial ................................120 linhas de produtos e marcas .................................................120 Participao de mercado ..........................................120 distribuio ............................................121 Principais fornecedores ...................121 desempenho ..........................................121 Principais indicadores ..............121 Exportaes ...................................121 Enfrentando a crise .......................... 122 Investimentos ...................................... 122 Perspectivas .......................................... 122Schweitzer-Mauduit ......................... 123 Breve perfil da empresa no mundo ............................................... 123 Estrutura ................................................ 123 Parque industrial ........................ 123 segmentos de atuao ........... 123 Certificaes ......................................... 123 distribuio e logstica .................... 123 Principais fornecedores .................. 124 desempenho ......................................... 124 Enfrentando a crise .......................... 124 Investimentos ...................................... 124 Principais estratgias ...................... 125 Perspectivas .......................................... 125Suzano ........................................................ 126 Breve histrico .................................... 126 Grupo suzano ...................................... 126 Estrutura ................................................ 126 Parque industrial ........................ 126 Capacidade de produo ....... 126 linhas de produto e principais marcas ................... 127 distribuio e logstica .................... 127 Certificaes ......................................... 127 Florestas plantadas ..........................128 rea plantada ..............................128 Parceria florestal .......................128 sequestro de carbono .............128 Principais fornecedores ..................129 desempenho .........................................129 Produo ........................................129 Indicadores financeiros ..........129 Impactos da crise financeira .......129 Investimentos ......................................130 Perspectivas ..........................................130Fontes de informao .......................131ndice de grficos e tabelas ........ 134ndice das empresas citadas ...... 136

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    apresentao

    O setor de celulose e papel iniciou o ano de 2009 receoso em relao

    aos possveis impactos da crise econmica global em seu desempenho. Os

    problemas financeiros enfrentados pela ento Aracruz no fim de 2008 e a

    perspectiva de reduo da demanda e dos preos internacionais faziam com

    que as projees para o setor fossem pouco otimistas. Mas o que se verificou

    durante 2009 foi uma recuperao muito mais rpida do que o esperado e os

    preos, que haviam cado a princpio, iniciaram o seu processo de retomada e

    nos primeiros meses de 2010 j voltavam ao seu patamar pr-crise de 2008.

    As empresas do setor de celulose e papel saram muito bem da crise e hoje

    esto ainda mais competitivas. E o Brasil atrai cada vez mais investimentos

    para o setor, pois a produtividade florestal alcanada no Pas, refletida nos

    custos dos produtos, muito superior mdia dos demais principais pases

    produtores de pasta celulsica.

    Tendo tal cenrio sob pano de fundo, o Valor Anlise Setorial Indstria

    de Celulose e Papel aborda a estrutura e o mercado, a balana comercial,

    as perspectivas, os investimentos, o panorama internacional e os perfis das

    principais fabricantes com operao no Pas.

    O estudo est estruturado em duas grandes partes. A primeira traz a

    apresentao

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    situao do setor, o cenrio recente e os seus dados gerais. A segunda, os

    perfis das empresas que nele atuam.

    Na primeira parte, h dados e informaes sobre a conjuntura atual: as

    transformaes ocorridas no mercado, as perspectivas e os investimentos e,

    fundamentalmente, o comportamento do mercado na conjuntura de crise

    global vivida em 2008/2009.

    O trabalho analisa o desempenho recente do setor no Brasil, com base

    em dados quantitativos e qualitativos sobre produo e balana comercial,

    novos empreendimentos, caracterizao dos agentes e informaes sobre

    evoluo do mercado nos diferentes segmentos do setor.

    A segunda parte deste estudo traz os perfis das principais empresas

    que atuam no setor de celulose e papel no Brasil. Mostra informaes como

    breve histrico, estrutura, linhas de produtos, desempenho operacional e

    financeiro, investimentos, principais estratgias, reas de florestas plantadas

    e certificaes, entre outras.

    As informaes para a confeco deste trabalho foram obtidas a partir de

    extensa pesquisa bibliogrfica em publicaes e sites nacionais e internacionais

    e por meio de entrevistas junto s principais fontes do mercado.

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Introduo

    Considerado um dos mais importantes da eco-nomia, o setor de papel e celulose caracteriza-se por ser altamente segmentado pelo uso final de seus produtos. Os destaques so: papis de im-primir ou escrever, papis de embalagens, papel de imprensa, papis para fins sanitrios, cartes e cartolinas e outros papis, como os para usos especiais por exemplo, papel-carbono, cigarro, desenho e papis trmicos etc.

    O setor de papel e celulose tem como carac-terstica a verticalizao das etapas de produo, isto , a fabricao de papel realizada principal-mente por empresas integradas que, alm do re-florestamento, so responsveis pela produo de 80% da celulose consumida em territrio nacional. As companhias no integradas consomem apenas cerca de 20% da produo nacional de celulose destinada ao mercado para a fabricao de papel.

    A pasta celulsica, o produto base do setor, uma commodity e seus preos so estabeleci-dos primordialmente no mercado internacional. Dessa forma, o cmbio e as flutuaes do cenrio global acabam exercendo grande impacto nos re-sultados das empresas do setor, notadamente as integradas, que trabalham desde a produo flo-restal at o produto de papel final.

    Com tal configurao, os mercados de produtos florestais, celulose e papel so tipicamente cclicos. Oscilaes nos estoques (movimentao do estoque entre os produtores e os compradores em vista de ex-pectativas de preo distintas) tambm so frequent-emente importantes na determinao dos preos. Uma vez que a capacidade de produo se ajusta lentamente s mudanas na demanda, estas tambm contribuem para a natureza cclica da indstria.

    O eucalipto, ao lado do pnus, a principal ma-tria-prima dessa indstria no Brasil, que empre-ga 114 mil pessoas diretamente e gera milhares de empregos indiretos ao longo de sua extensa cadeia produtiva. Est presente com unidades fabris e plantaes em 450 municpios de 16 es-tados, nas cinco regies brasileiras. Segundo a As-sociao Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), o setor conta com a atuao de 220 empresas. So 2,7 milhes de hectares de florestas certificadas e 2,8 milhes de florestas nativas preservadas, con-forme pode ser observado no Quadro 1.

    A partir do eucalipto e do pnus, US$ 5 bilhes em celulose e papel brasileiros foram exportados em 2009, gerando um saldo de divisas para o Pas de US$ 3,7 bilhes no ano. O Brasil recicla anual-mente 3,4 milhes de toneladas, o que representa 45% do consumo aparente de papel.

    Desempenho recenteEm perspectiva histrica, o crescimento da

    produo do setor muito expressivo e, desde 1970, a sua taxa de expanso mdia anual de 7,5% para a celulose e de 5,7% para o papel. Desde 1990, a produo de celulose cresceu trs vezes, ao passo que a do papel dobrou no mesmo perodo. A evoluo da produo no perodo pode ser ob-servada no Grfico 1.

    Apesar da crise econmica global, em 2009 a produo de celulose cresceu 6,3% em relao ao ano anterior, atingindo 13,5 milhes de tonela-das. A de papel, por sua vez, apresentou pequeno recuo, de -0,4% no ano.

    No incio de 2010, o cenrio j era de recupe-rao. A produo de celulose brasileira totalizou

    Introduo

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    4,615 milhes de toneladas no perodo de janeiro a abril de 2010, o que significou alta de 11,5% em relao ao mesmo perodo do ano anterior, segun-do dados da Bracelpa.

    Do total produzido em 2010, 3,938 milhes de toneladas corresponderam celulose de fibra curta, no Brasil fabricadas a partir do eucalipto. O nmero significou aumento de 12,1% ante os quatro primeiros meses de 2009 e representou 84% da produo do perodo. A de celulose de fi-bra longa aumentou 10,7% no mesmo perodo.

    As exportaes de celulose todas de fibra cur-ta foram de 673 mil toneladas em abril de 2010. No acumulado do ano, a alta foi de 9,8%, atingin-do 2,8 milhes de toneladas. As vendas domsti-cas chegaram a 503 mil toneladas no primeiro quadrimestre de 2010, apresentando incremento de 26,4% sobre igual perodo do ano anterior. As

    importaes tambm aumentaram (41,3%), alca-nando 130 mil toneladas. Com isso, o consumo interno aparente de celulose chegou a 1,915 mil-ho de toneladas, expanso de 15,3%.

    A produo de papel no Brasil subiu 8,8% e al-canou 3,24 milhes de toneladas no acumulado dos quatro primeiros meses de 2010, em relao ao mesmo perodo do ano anterior. Praticamente a metade do total fabricado, 1,6 milho de tonela-das, correspondeu a papel para embalagens (alta de 7,7% na comparao anual).

    Os papis de imprimir e escrever tiveram produo de 219 mil toneladas em abril de 2010, 3,8% superior ante o mesmo ms do ano anterior. No acumulado de 2010, a alta foi de 7,5%, chegan-do a 879 mil toneladas.

    As vendas domsticas, por sua vez, apre-sentaram crescimento de 11,1% no primeiro

    Principais dados do setor de celulose e papel - 2008

    Fonte: Bracelpa.

    220 empresas em 450 municpios, localizados em 17 estados e nas 5 regies. 2,0 milhes de hectares de rea plantada para fins industriais. 2,8 milhes de hectares de florestas preservadas. 2,7 milhes de hectares de rea florestal total certificada. Exportaes 2009: us$ 5,0 bilhes. saldo comercial 2009: us$ 3,7 bilhes - 14,4% do saldo da balana comercial do Brasil. Impostos pagos: r$ 2,2 bilhes. Investimentos: us$ 12 bilhes nos ltimos 10 anos. Emprego: 114 mil empregos diretos (indstria 67 mil, florestas 47 mil) e 500 mil empregos indiretos.

    Q1

    Evoluo da produo brasileira de celulose e papelEm milhes de toneladas

    1970 1980 1990 2006 2007 2008 2009

    Fonte:Bracelpa.

    0,8

    G1Celulose Papel

    0

    1,5

    3,0

    4,5

    6,0

    7,5

    10,5

    12,0

    13,5

    15,0

    13,5

    9,4

    1,1

    3,4

    3,1

    9,0

    4,7

    4,4

    11,2

    8,7

    12,0

    9,0

    12,7

    9,4

  • 10 Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    quadrimestre de 2010, somando 1,665 milho de toneladas, ante 1,499 milho no mesmo perodo do ano anterior. O maior incremento das vendas internas foi em papel-carto, que oscilou 39,8% no perodo, seguido pelo papel de imprensa, que evoluiu 33,3%.

    As exportaes de papel, com expanso de 1,3% em 2009, mostraram evoluo mais consis-tente no primeiro quadrimestre de 2010, com vol-ume enviado de 737 mil toneladas, um aumento de 20,2% sobre igual perodo do ano anterior. As exportaes de papel de imprimir e escrever foram as que apresentaram maior crescimento (34,2%), seguidas pelas de papel-carto (23,9%).

    Os dados da Bracelpa apontaram que, no primeiro quadrimestre de 2010, as importaes tambm apresentaram expressivo crescimento em termos relativos, tendo atingido 55,8%, com entra-das de 458 mil toneladas, ante 294 mil toneladas no mesmo perodo de 2009. Os papis de imprimir e escrever tiveram importao em volume 87,2% superior de 2009 e os de embalagem, 66,7%. Com tais dados, o consumo interno aparente alcanou 2,969 milhes de toneladas, aumento de 11,4% em relao aos quatro primeiros meses de 2009.

    Cenrio internacionalAs perdas bilionrias decorrentes de opera-

    es com derivativos sofridas pela ento Aracruz Celulose (que junto com a VCP Celulose formaram a Fibria), no ltimo trimestre de 2008, prenuncia-vam um ano extremamente complicado para a economia em geral, e para o setor de papel e ce-lulose, em especfico. Mas, no decorrer do ano, a previso ao menos no na medida inicialmente preconizada mostrou-se precipitada.

    Com isso, em 2009, a demanda internacional pelos produtos da indstria de papel e celulose foi marcada por uma recuperao que a princpio parecia impossvel. A recuperao, porm, foi heterognea: enquanto o consumo de celulose avanou ao longo dos meses, mesmo diante do cenrio adverso, a demanda por derivados de pa-pel seguiu arrefecida.

    A demanda por celulose de mercado atingiu o volume total de 40,9 milhes de toneladas, com um crescimento de 1,8% em relao a 2008. Por outro lado, a produo global foi de 39,2 milhes de toneladas, de acordo com a PPPC (Pulp and Pa-per Products Council), sendo 5,9% menor em rela-o ao volume do ano anterior.

    Demanda chinesa alavanca retomadaEm relao aos mercados consumidores, ob-

    serva-se uma mudana no comportamento da de-manda, com os pases emergentes elevando ainda mais seu peso no contexto global. O consumo da Europa e dos Estados Unidos dever apresentar re-cuperao mais lenta, devido retrao econmica nessas regies. Por outro lado, a China e os pases da Amrica Latina devero repetir em 2010 a deman-da firme de 2009. Tal contexto dever sofrer algu-ma alterao apenas a partir do segundo semestre de 2011, considerando, nesse caso, um crescimento acima de 3% das economias desenvolvidas.

    Com a melhora da atividade econmica global, existe a expectativa de que o fluxo comercial como um todo volte a um ritmo de incremento consis-tente. O receio, entretanto, de que os resqucios da crise econmica possam provocar disputas co-merciais entres os pases mais prejudicados, prin-cipalmente os das regies mais desenvolvidas.

    Estima-se que em 2009 a China tenha pro-duzido 10 milhes de toneladas a mais de papel e papelo com relao ao ano anterior, a maior parte direcionada crescente demanda interna, mas tambm impulsionada pelas exportaes. De acordo com a consultoria RISI, o consumo mun-dial de papel tissue tem se beneficiado de forte ex-panso em diversos mercados emergentes.

    A China o mercado com desenvolvimento mais relevante, a caminho de se tornar o maior player tan-to em termos de produo quanto em consumo. No primeiro quadrimestre de 2010, assumiu o primeiro lugar nas vendas da celulose brasileira, com 34% dos embarques. O percentual o dobro da participao que o pas asitico tinha nas exportaes do produto at 2009, quando sua demanda deu um salto de 135%, para 1,5 milho de toneladas.

    Segundo a Bracelpa, os chineses comearam a aumentar suas compras no comeo de 2009, quando o preo internacional caiu em razo da crise mundial e assumiu natureza estrutural no segundo semestre e quando o pas anunciou a in-stalao das trs maiores mquinas de papel do mundo, uma das quais com capacidade para fab-ricar 1 milho de toneladas por ano.

    Em 2009, o Brasil respondeu por 50% das im-portaes de celulose da China, que anualmente produz 90 milhes de toneladas de papel e quer se tornar um dos lderes mundiais do setor.

    A produo brasileira atende a crescente ex-igncia chinesa de usar processos industriais

  • Valor anlise setorial 11IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    sustentveis, em resposta presso internacional, uma vez que a China joga na atmosfera 12 bilhes de toneladas de dixido de carbono por ano.

    PreosDiante da estreita relao entre a oferta e a de-

    manda ocorrida em 2009, as empresas iniciaram, no primeiro trimestre de 2010, intensas negocia-es para reajustarem os seus preos. Estima-se, para 2010, produo de 42,5 milhes de toneladas e consumo mundial de 41,7 milhes de toneladas.

    A forte demanda da China desencadeou uma sequncia de aumentos de preo, elevando o preo lista Europa de US$ 475/t em abril para US$ 700/t em dezembro. Os fundamentos positivos do setor justificaram mais incrementos de preos.

    Em maro de 2010, os preos mdios da tonelada de celulose de fibra longa (NBSK) nos Estados Uni-dos e na Europa voltaram aos patamares de meados de 2008, ou seja, anteriores crise financeira do se-gundo semestre de 2008 e do primeiro trimestre de 2009. Em curto prazo, esses preos tendem a se elevar ainda mais. Aps alta de US$ 30 em fevereiro e de mais US$ 30 em maro, os produtores norte-america-nos anunciaram aumentos entre US$ 40 e US$ 50 por tonelada de NBSK em abril, segundo dados levanta-dos pela consultoria Foex, apresentados no Grfico 2.

    De acordo com anlise do professor Carlos Bacha (Cepea/Esalq/USP), entre as causas para os aumentos dos preos internacionais da celulose destacam-se: a escassez do produto no mercado internacional, causada pela retomada do crescimento econmico; o fechamento de fbricas no Hemisfrio Norte

    durante a crise financeira; os problemas com o in-verno no Hemisfrio Norte (que dificultaram o corte e o transporte da madeira); e o terremoto que afetou a produo chilena no comeo de maro de 2010. Es-ses fatores teriam reduzido a oferta global diante da demanda crescente oriunda dos pases emergentes.

    Na mesma linha de anlise, as altas de preos da NBSK tambm influenciaram o mercado da ce-lulose de fibra curta (BHKP), apesar de os preos dessa ltima em diferentes mercados ainda no terem atingido os picos registrados antes da crise financeira, como mostra o Grfico 3.

    As cotaes em dlares no mercado domstico de celulose acompanham as altas internacionais, mas no nas mesmas dimenses. Em maro de 2010, ocorreram aumentos dos preos em reais de alguns tipos de papis do Brasil e das aparas mar-rons, de jornal e de cartolina.

    A anlise do professor Bacha mostra que na Eu-ropa existe uma clara dissociao entre a evoluo dos preos das celuloses e a dos papis. No primei-ro trimestre de 2010, os preos em dlares e em euros das celuloses de fibra longa (NBSK) e curta (BHKP) subiram, enquanto os preos nessas moe-das dos papis de imprimir e escrever caram.

    Segundo a anlise, isso se deveu fraca de-manda por esses papis em relao capacidade produtiva existente, apesar do ligeiro incremento da demanda ocorrida em maro. J os preos dos papis de embalagem da linha marrom (kraft-liner, testliner e miolo) esto aumentando como resultado do crescimento econmico dos pases emergentes, em especial China, ndia e Brasil.

    Introduo

    Evoluo dos preos da fibra longaEm us$/toneladas

    abr.03 out.03 abr.04 out.04 abr.05 out.05 abr.06 out.06 abr.07 out.07 abr.08

    Fonte:Foex.

    G2EstadosUnidos Europa

    300

    350

    400

    450

    500

    550

    600

    650

    700

    750

    800

    850

    900

    950917,56

    683,54

    out.08 abr.09 out.09 abr.10

  • 1 Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Evoluo dos preos da fibra curtaEm us$/toneladas

    fev.0

    8

    mar

    .08

    abr.0

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    set.0

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    9

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    09

    Fonte:Foex.

    G3EstadosUnidos Europa

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    500

    550

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    650

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    750

    800

    850

    900

    827,35

    616,35

    out.0

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    dez.0

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    9

    nov.0

    9

    dez.0

    9

    jan.

    10

    fev.1

    0

    mar

    .10

    abr.1

    0

    Introduo

  • Valor anlise setorial 1IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Segundo dados da consultoria Hawkins Wright, a demanda global por celulose bran-queada de mercado cresceu em mdia 3,2% ao ano no perodo entre 1998 e 2008, chegando a 45,7 milhes de toneladas em 2008. A demanda por celulose branqueada de fibra curta aumentou em mdia 4,8% ao ano no mesmo perodo, repre-sentando 52% do mercado total de celulose. A de-manda mundial por celulose de eucalipto prin-cipal produto brasileiro apresentou incremento superior, com mdia de 8% ao ano para o mesmo perodo, e representou, em 2008, 29% do mercado global de celulose branqueada. Em 1998, essa par-ticipao era de apenas 18%.

    a celulose de eucalipto avana no mundo

    Na produo mundial de celulose de fibra curta, a celulose de eucalipto vem aumentando sua representatividade nos ltimos anos. Era de 46,5% (10,8 milhes de toneladas) em 2006, 52,3% (12,6 milhes de toneladas) em 2007 e 55,0% (14,8 milhes de toneladas) em 2008. Em 2008, a capa-cidade total de produo de celulose de mercado da Amrica Latina foi de 14 milhes de toneladas, equivalentes a 27,4% da capacidade mundial de celulose branqueada de mercado.

    Em 2008, segundo dados da PPPC (Pulp and Paper Products Council), o crescimento da de-manda por celulose de eucalipto foi de 11,8%, com destaque para China (+40,6%), Europa Ocidental (+9,8%) e Amrica do Norte (+7,3%). Estima-se expanso da demanda global por celulose de eu-calipto a uma taxa mdia de 3,7% ao ano entre 2008 e 2013, ao passo que a procura por celulose

    em geral (incluindo celulose de eucalipto) deva permanecer estvel durante o mesmo perodo, e que haja reduo na demanda por fibra longa e por fibra curta de outras origens.

    A Tabela 1 apresenta a demanda mundial de ce-lulose de 2008 e as projees para os anos de 2009 a 2013, segundo o estudo da Hawkins Wright.

    racionalizao da ofertaO mercado de celulose est passando por um

    movimento de racionalizao de oferta. Os produ-tores de alto custo em diversos pases do mundo esto realizando paradas temporrias ou fecha-mento de algumas de suas unidades que possuem baixa competitividade.

    Entre 2005 e 2009, a diminuio de capacidade produtiva global totalizou 8,1 milhes de tonela-das de celulose, segundo as consultorias Hawkins Wright e Terrachoice. Os fechamentos de unidades ocorreram devido aos altos custos de produo, somados deteriorao dos preos de celulose no mercado mundial ocorrida entre o fim de 2008 e os primeiros meses de 2009. A Tabela 2 mostra a diminuio de capacidade ocorrida de 2005 at o primeiro semestre de 2009, por regio do mundo.

    Segundo dados apurados pela Hawkins Wright em dezembro de 2008, o custo de produo de celulose no Brasil, em dlares por tonelada, fica atrs apenas do obtido na Indonsia, figurando entre os menores do mundo, enquanto o Canad, maior produtor de celulose de mercado, com uma capacidade instalada superior a 11,4 milhes de toneladas, possui custo mdio mais alto, de US$ 600 por tonelada de fibra longa e de US$ 545 por tonelada de fibra curta.

    Perspectivas

    Perspectivas

  • 1 Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Por outro lado, em razo do desenvolvimento da produo de eucaliptos, as empresas brasilei-ras passaram a integrar a seleta lista das mais competitivas do mundo. Quando divulgou para os analistas do mercado os resultados do primeiro trimestre de 2009, a ento VCP (atual Fibria) indi-cou que o custo de produo de uma tonelada de celulose, medido pelo critrio de cash cost, estava ao redor R$ 520 ou US$ 223 pelo cmbio mdio estimado para o perodo. Nos pases europeus ou da Amrica do Norte, o custo em vrias indstrias superior a US$ 500 por tonelada.

    Devido queda dos preos ocorrida em 2009, cresceu no perodo a adoo de medidas prote-cionistas tomadas pelos pases mais sensveis crise. As empresas de celulose ou integradas de produo de papel dos Estados Unidos passaram a obter um crdito fiscal graas adio de diesel ou outros combustveis poluentes ao licor preto, um subproduto do processo de celulose, que

    usado tradicionalmente desde os anos 30 para gerar energia.

    As empresas utilizaram um artif cio da lei prevista para estimular o uso de combustveis renovveis, mas passaram a misturar combustveis fsseis aos combustveis considerados limpos. Calcula-se que os subsdios giraram entre US$ 3 bilhes e US$ 6 bilhes em 2009.

    aumenta a demanda de papelO mercado mundial de papel e de papel-

    carto expandiu-se a uma taxa mdia anual de 2,7% entre 2004 e 2008. O mercado de cada um dos grupos de produtos de papel aumentou de acordo com taxas distintas. O segmento de papel para impresso e escrita cresceu a uma taxa de 2,2% ao ano nesse perodo.

    De acordo com um estudo publicado em 2008 pela consultoria Pyry, estima-se incremento mundial na demanda global por todos os tipos de

    Indicadores/Ano 2008 Previso %p.a. % 2009 2010 2011 2012 2013 200813 2008/09

    Estimativa de evoluo da demanda mundial de celulose branqueadaEm milhes de toneladas

    Fonte: Hawkins Wright, maro de 2009. Nota: a fibra curta asitica inclui as espcies accia e eucalipto produzidas na China e Indonsia, assim como outros tipos de fibras curtas da Indonsia. 53% de fibra curta do norte canadense e o restante produzido na sia e rssia. a fibra curta do sul totalmente produzida nos Eua.

    TotalBKPfibralonga 21,3 19,9 19,8 20,1 20,1 20,1 -1,1 -6,6Btula 1,3 0,9 0,8 0,8 0,8 0,8 -9,7 -26,4Eucalipto 13,2 12,9 13,7 14,4 15,1 15,9 3,7 -2,1Fibra curta da sia 3,3 3,4 3,5 3,5 3,7 3,8 2,6 2,3Fibra curta mista do norte 4,0 3,6 3,6 3,5 3,4 3,2 -4,3 -10,7Fibra curta mista do sul 1,8 1,6 1,5 1,5 1,5 1,4 -5,4 -10,2TotalBKPfibracurta 23,6 22,5 23,1 23,6 24,4 25,0 1,1 -4,9Sulfito 0,8 0,6 0,6 0,5 0,5 0,5 -7,6 -17,3Totalcelulosebranqueada 45,7 43,0 43,5 44,3 45,0 45,7 0,0 -5,9

    T1

    Ano AmricadoNorte Europa AmricaLatina sia Total

    Diminuio da capacidade produtiva globalEm mil toneladas

    Fonte: Hawkins Wright e terrachoice, abril de 2009.

    2005 -320 -70 -3902006 -1.270 -70 -1.3402008 -1.700 -830 -2.5301s09 -1.546 -1.253 -229 -809 -3.837Total -4.836 -2.223 -229 -809 -8.097

    T2

  • Valor anlise setorial 1IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Em comparao ao mercado de celulose, o de papel apresenta um nmero maior de produtores e consumidores e muito maior diferenciao por produto. Apesar de o preo do papel ser cclico e estar historicamente atrelado ao preo da ce-lulose, com uma ligeira diferena temporal, ele , em geral, considerado menos voltil do que o preo da celulose.

    Valorizao das aes das companhiasNas Bolsas de Valores, as aes das compan-

    hias de celulose comeam a serem valorizadas. Assim como j ocorreu na minerao, os anal-istas passaram a ter as melhores expectativas com relao ao reajuste do minrio de ferro, o que acabou se concretizando. No caso de papel e celulose, os sucessivos aumentos de preos dos produtos levaram todos a olhar com mais aten-o as aes do setor. Para alguns analistas, esse pode ser apenas o comeo de um longo ciclo de valorizao da commodity.

    Na viso dos analistas do setor, a celulose est na mesma situao do minrio, com demanda cada vez mais forte e oferta limitada, especial-mente depois do terremoto do Chile. O Chile um importante player e responde por 10% da produo mundial de celulose de mercado. Mas esse no foi o nico fator, a demanda por celulose j vinha crescendo de forma acelerada, puxada principal-mente pela China, o que acabou por reduzir os es-toques j no primeiro trimestre do ano.

    Entre as empresas de papel e celulose listadas na Bovespa, as aes da Suzano vm ganhando destaque, pois a companhia tem duas grandes plantas que ainda entraro em funcionamento, podendo atender uma boa fatia dessa demanda em crescimento. A Fibria ainda carrega um pesa-do endividamento, mas j saldou a sua dvida com derivativos.

    Perspectivas

    papel e papel-carto, de 2,1% ao ano entre 2008 e 2020. No mesmo estudo, foi apontado que as regies e pases considerados emergentes, como Amrica Latina, China, Leste Europeu e a maioria dos pases em desenvolvimento da sia, que hoje representam cerca de 40% da demanda mundial de papel e carto, passaro a representar 53% em 2020, um aumento mdio de 4,4% a.a. Tal incre-mento dever se dar devido aos seguintes fatores:

    Expanso do PIB; Crescimento populacional; e Elevao do consumo per capita. Nesse sentido, com o desenvolvimento

    econmico brasileiro verificado nos ltimos anos e com a perspectiva de taxa de 7% em 2010, a ex-pectativa que o mercado interno passe a ganhar ainda mais relevncia no planejamento dos inves-timentos do setor, dado que o consumo per capita de papel ainda nfimo em relao ao verificado em pases como Estados Unidos e Alemanha; ness-es pases, o consumo per capita de papel pelo me-nos seis vezes superior ao brasileiro (veja mais det-alhes no tpico Cenrio Global mais adiante).

    Nas regies e pases considerados maduros, como Japo, Oeste Europeu e Amrica do Norte, o aumento do consumo de papel e carto j vem ocorrendo em um ritmo mais lento e dever ser de apenas 1,3% a.a. entre 2008 e 2020, devido aos seguintes fatores:

    Queda nas taxas de crescimento da populao; Avano nas formas e facilitao de acesso s

    mdias eletrnicas e TV a cabo; e Reduo de gramaturas dos papis.A Pyry ainda estima que a demanda mundial

    atingir 505 milhes de toneladas em 2020, con-tra 400,2 milhes em 2008. Nesse perodo, a taxa de crescimento da demanda por papis de impri-mir e escrever e por papis sanitrios dever ser de 1,5% e 3,1% ao ano, respectivamente.

  • 1 Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A reativao da atividade econmica inter-nacional, tendo na dianteira a China, vem se co-locando como o principal determinante para a retomada dos investimentos no setor de papel e celulose no Brasil. com vistas ao atendimento desse mercado de 90 milhes de toneladas de pa-pel anual, e em franca expanso, que as empresas do setor se mobilizam.

    Segundo levantamento da Bracelpa, os investi-mentos das companhias para o perodo 2010-2017 somam R$ 42 bilhes. Com as novas unidades, a capacidade de produo deve superar 20 milhes de toneladas anuais.

    Tambm para esse mesmo perodo, a pre-viso que a produo de papel aumente de 9,3 milhes para 12,5 milhes de toneladas, enquanto a rea de florestas plantadas dever crescer 25%, concomitantemente.

    Com tal nvel de investimentos, o Brasil deve comear a galgar posio entre os trs maiores do setor, em disputa direta com canadenses e chineses os lderes so os Estados Unidos. O Brasil poder tirar do papel desde projetos suspensos por conta da retrao mundial at novos investimentos, a serem feitos pela Fibria ou pela chilena CMPC, que assumiu a fbrica de Guaba (RS) da Fibria, entre outros projetos. Os projetos anunciados permitiro ao setor dobrar a produo de celulose at 2017 e incrementar a de papel em 35% nesse perodo.

    Desembolsos do BNDESO Banco Nacional de Desenvolvimento

    Econmico e Social (BNDES), por intermdio do BNDESPar, hoje um dos principais players do mercado de celulose, sendo o principal parceiro

    do Grupo Votorantim no controle da Fibria. Cria-da em setembro de 2009, a partir da unio da Ara-cruz com a Votorantim Celulose e Papel (VCP), a Fibria tem como acionistas o BNDESpar (34,9%) e o Grupo Votorantim (29,3%).

    Nos ltimos anos, o BNDES vem aumentando os desembolsos para o setor, como mostra o Grfico 4. A curva sofreu um abrupto aumento em 2001 (total de R$ 1,4 bilho), em comparao com o ano anterior (R$ 322 milhes). No primeiro ano do governo Lula, os investimentos nessa indstria se reduziram para R$ 430 milhes, mas, desde ento, vm crescendo (com exceo em 2008, quando caiu para R$ 860 milhes). Em 2009, os desembolsos do BNDES so-maram R$ 3,3 bilhes, em um ano em que o banco realizou desembolsos totais de R$ 137,3 bilhes.

    Investimentos das empresas

    Com expectativas de preos em alta e oferta in-ferior demanda at 2013, a produo de celulose desperta o interesse de novos investidores e de no-vos investimentos para ampliar a capacidade de produo das atuais companhias.

    A Bracelpa estima que o Brasil deve-se tornar o terceiro maior produtor mundial de celulose entre 2015 e 2017, superado apenas pelos Estados Unidos e pelo Canad. A expectativa que possa atingir algo entre 20 milhes e 22 milhes de tone-ladas de celulose por ano. Tal previso alicerada nos investimentos planejados pelas empresas do setor. Veja nas prximas pginas algumas das principais movimentaes e projetos.

    Investimentos

    Investimentos

  • Valor anlise setorial 1IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    FibriaAps atravessar um turbulento ano de 2009,

    a Fibria vai retomar a construo de seus proje-tos de produo de celulose. Em 2009, a empresa concluiu o acordo de venda da fbrica de Guaba, no Rio Grande do Sul, para a chilena CMPC por US$ 1,43 bilho. A Fibria, maior produtora mun-dial de celulose de mercado, usar o dinheiro para abater parte da dvida.

    Tambm devero ser retomados os plantios de eucaliptos que faltam para a duplicao da Vera-cel joint venture entre a Fibria e a sueco-finlan-desa Stora Enso no sul da Bahia. A construo da fbrica, conhecida como Veracel 2, com capacid-ade de produo de at 1,5 milho de toneladas por ano, poder comear em 2011, prevendo sua operao em 2013, afirmou Carlos Aguiar, presi-dente da Fibria, em entrevista ao Valor Econmico. Como se trata de um empreendimento compar-tilhado com a Stora Enso, o investimento exigir menos capital.

    A fbrica de Guaba era o projeto mais avana-do da Fibria. Mas foi suspenso no fim de 2008 em razo das dvidas contradas com derivativos pela Aracruz. O projeto era aumentar a capacidade de 450 mil para 1,8 milho de toneladas de celulose a partir de 2011. A empresa deve comear em 2011 novos plantios, com 70% de florestas prprias e 30% para parceiros.

    Alm da Veracel 2, a Fibria poder pr em p outras duas fbricas at 2020. Uma delas deve ser em parceria com a Veracel e uma segunda unidade em Trs Lagoas (MS). A empresa tomar a deciso

    sobre a realizao desses investimentos durante o ano de 2010. Os valores devem ser de US$ 2,5 bilhes para cada uma das fbricas e a empresa j conta com 60% do capital por meio de financia-mentos do BNDES e de agncias internacionais e com 40% de capital prprio.

    Suzano Papel e CeluloseA Suzano planeja construir duas novas fbri-

    cas, no Maranho e no Piau. No total, os aportes nos dois projetos, que adicionaro capacidade instalada de pelo menos 2,6 milhes de tonela-das por ano da matria-prima, giram em torno de R$ 8 bilhes.

    Segundo a empresa, o ponto de partida para esse novo ciclo de crescimento a garantia de constituio da base florestal prpria e de forneci-mento de madeira por terceiros. Assim, a Suzano j comeou a constituir sua prpria base florestal, que envolve a compra de terras, processo de docu-mentao e regularizao, licenciamento ambien-tal, produo de mudas, plantio e manuteno.

    A Suzano j detm 75% de sua necessidade de terras para abastecer a nova fbrica do Maranho e os outros 25% sero adquiridos nos prximos dois anos. No Piau, as aquisies de 2008 e 2009, somadas s terras j detidas pela Suzano no Ma-ranho e que sero destinadas a essa unidade, j asseguram o incio da operao em 2014.

    Em 2009, a Suzano firmou com a Vale um con-junto de contratos que contempla a aquisio de ativos florestais localizados no sudoeste do es-tado do Maranho (a base florestal adquirida

    Desembolsos do sistema BNDES para o setor de celulose e papelEm r$ milhes

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    Fonte:BndEs.

    1.140

    G4

    0

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    2.500

    3.000

    3.5003.300

    860

    322430

    1.273

    1.052

    1.278

    2.322

    1.900

  • 1 Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    composta por 84,7 mil hectares de terras, sendo 34,5 mil hectares j plantados com eucaliptos) e de madeira proveniente de plantios de eucalipto do Programa Vale Florestar, em implantao no estado do Par desde 2007, durante o perodo de 2014 a 2028.

    Foram plantados na rea do Piau 11,5 mil hectares de eucalipto e na do Maranho, outros 2,5 mil, o que representa 21 milhes de mudas. Em 2010, esse esforo dever ser intensificado com novas aquisies de terras e o plantio de 14,5 mil hectares no Maranho e 38 mil hectares no Piau, o que vai resultar em 70 milhes de mudas. Para sustentar esse plantio, a Suzano conta com viveiros prprios no Maranho, comprados da Vale, com capacidade para 12 milhes de mudas anuais. No Piau, ser instalado um novo viveiro com capacidade para produzir at 30 milhes de mudas. Todas essas realizaes devero demandar investimentos de R$ 361,1 milhes.

    Investimento em biotecnologiaA empresa apresentou, em maio de 2010, uma

    oferta de US$ 82 milhes pela companhia britni-ca de melhoramento gentico e biotecnologia FuturaGene. O conselho de administrao da em-presa-alvo aprovou a proposta e recomendou aos acionistas a adeso ao negcio, que ainda tem de ser aprovado em assembleia. Listada na Bolsa de Valores de Londres, a FuturaGene desenvolve no-vas tecnologias para as reas de cultura florestal eucalipto, lamo, algodo e milho e biocom-bustveis, entre outras, e tem operaes nos Esta-dos Unidos, Israel e China.

    A oferta da Suzano abrange a totalidade dos papis da empresa, da qual detm, indiretamente, 7,125% do capital desde 2001. Outros acionistas relevantes da companhia so o presidente do con-selho, Mark Pritchard, com uma fatia de 6%, e o International Institute of BioScience Research and Development, uma corporao de Delaware, com 7,57%. Aps a notcia da oferta da Suzano, as aes da FuturaGene, que no registra lucro anual desde 2000, subiram 32,7% no prego londrino, aproxi-mando-se do valor da proposta.

    Para a Suzano, o negcio dever trazer sinergias na rea de pesquisa e desenvolvimento florestal. As tecnologias da FuturaGene que esto em fase mais adiantada compreendem tcnicas para incremento da produtividade florestal voltada produo sus-tentvel de madeira para o processo industrial.

    KlabinEm seu principal projeto, a empresa dever in-

    vestir R$ 1,5 bilho na construo de uma nova f-brica de celulose na regio Sul do Brasil, provavel-mente no Paran, com capacidade de produo de 1,5 milho de toneladas.

    A companhia iniciou em 2010 o plantio de flo-restas no Pas em parceria com um fundo de inves-timentos europeu, inaugurando um novo modelo para sua operao florestal. A busca por investi-dores, que deve render novos contratos em 2010, tem por objetivo ampliar a rea plantada sem de-sembolso prprio significativo, em linha com a poltica de preservao de caixa adotada pela com-panhia com o agravamento da crise financeira.

    A nova fbrica de celulose, que ser instalada em municpio do Paran ainda a ser definido, no deve entrar em operao antes de 2015 ou 2016 e tem por finalidade, inicialmente, alimentar uma futura linha de papel-carto, hoje principal produ-to da Klabin, tanto em volume quanto em receita.

    O mais recente grande investimento da em-presa foi feito justamente nesse segmento e colo-cou a fbrica de papel de Monte Alegre (PR) entre as dez maiores do mundo. A companhia aplicou R$ 2,2 bilhes. O projeto ampliou a capacidade de produo de papis e de cartes, de 700 mil para 1,1 milho de toneladas anuais.

    International PaperA empresa prev concentrar os investimentos

    em plantio e manuteno e melhorias de suas f-bricas em Luiz Antnio e em Mogi Guau, cidades do estado de So Paulo.

    Os investimentos da International Paper no Brasil em 2009 somaram US$ 87 milhes, ficando abaixo dos US$ 187 milhes de 2008, quando os desembolsos foram puxados por obras da fbrica de papel em Trs Lagoas, em Mato Grosso do Sul.

    A maior fabricante de papel dos Estados Uni-dos tem um plano de instalar uma segunda m-quina de produo de papel de imprimir e escrev-er em Trs Lagoas. O investimento estimado em mais de US$ 300 milhes para adicionar mais 200 mil toneladas de papel. A ideia inicial comear a produo em 2012.

    A deciso ser tomada ainda em 2010 caso a empresa opte por aproveitar as condies acerta-das com a Fibria (a empresa resultante da fuso entre Votorantim Celulose e Papel e Aracruz) no fornecimento da matria-prima de celulose.

  • Valor anlise setorial 1IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Grupo orsaO Grupo Orsa investiu em 2009 cerca de R$ 170

    milhes, com destaque para as seguintes reas: am-pliao e modernizao da produo (R$ 79 mil-hes); florestas plantadas (R$ 75 milhes); aes de sustentabilidade (R$ 11 milhes); e lanamentos de novos produtos, novas tecnologias e inovaes e propaganda e marketing (R$ 1 milho).

    Para 2010, esto previstos investimentos de R$ 220 milhes, com a seguinte distribuio dos recursos: ampliao e modernizao da produo (R$ 122 milhes); florestas plantadas (R$ 87 milhes); aes de sustentabilidade (R$ 11 milhes); e lanamentos de novos produtos, novas tecnologias e inovaes e propaganda e marketing (R$ 1 milho).

    As principais fontes de financiamento dos in-vestimentos da empresa so as linhas de longo prazo de bancos de fomento, incluindo BNDES, Banco da Amaznia S.A. (BASA) e Superintendn-cia do Desenvolvimento da Amaznia (Sudam), alm de leasing para equipamentos importados.

    PortucelEm outubro de 2009, o grupo portugus Por-

    tucel constituiu uma empresa em Mato Grosso do Sul, denominada Portucel Florestal Brasil Gesto de Participaes, com o objetivo de responder pe-los investimentos que venham a ser feitos no Pas.

    No Brasil, o grupo Portucel Soporcel poder investir mais de US$ 2 bilhes para erguer uma fbrica com capacidade de 1,3 milho de tone-ladas por ano. O local cogitado ficaria entre os municpios de Bataguassu, Santa Rita do Pardo e Anaurilndia. Mas o grupo tambm trabalha com a hiptese de construir uma nova instalao no Uruguai. Para determinar as condies para um eventual investimento no Uruguai, a Portucel de-cidiu promover um estudo detalhado, realizado por uma empresa de consultoria internacional.

    Em 2009, a empresa portuguesa investiu um total de 421,5 milhes de euros, dos quais 70% numa nova fbrica de papel em Setbal, ao sul de Lisboa, e 25% em aproveitamentos energticos.

    Grupo BignardiO Grupo Bignardi anunciou, no fim de 2009, in-

    vestimentos de R$ 45 milhes para dobrar a capaci-dade de produo de papis em 2010, para 72 mil toneladas anuais. O grupo fabricante de papis de imprimir e escrever e de cadernos escolares.

    Com o aporte, o grupo modernizar uma de suas linhas de produo, que passar a fazer reves-timento especial para os papis de imprimir, ade-quando-os velocidade de impresso. As peas da nova linha sero fornecidas pela Voith Paper, pela Companhia Federal de Fundio (CFF) e pela Com-panhia Brasileira de Tecnologia Industrial (CBTI).

    O investimento ser feito na fbrica da marca GB Millennium, localizada em Jundia, no interior de So Paulo. O grupo quer aumentar o foco dessa fbrica em papis reciclados, que h trs anos rep-resentavam 40% da produo e hoje j tm fatia de 80%. A companhia obtm a matria-prima (aparas de papel) da Primus Comrcio de Papis, que tra-balha com cooperativas de catadores e empresas que tm sobras industriais.

    O Grupo Bignardi reutiliza as embalagens dos produtos que compra e recebe fibras do reaproveitamento das embalagens Tetra Pak. Com essa matria-prima, produz bobinas e papel em resma para as grficas, alm de folhas no tamanho A4 utilizadas por clientes como Banco Bradesco e ABN Amro Real (controlado pelo Grupo Santand-er). A companhia, que exporta apenas 2% a 3% da produo de papel, tem aproximadamente 300 grandes clientes.

    O grupo dever investir 3,5 milhes de euros (cerca de R$ 9 milhes) em 2010 na fbrica de Caieiras, em So Paulo, que fabrica e exporta cad-ernos da marca Jandaia. Da produo de cadernos, 20% dos papis vm da GB Millennium e 80%, da Suzano e da Fibria.

    Com os investimentos, o grupo espera crescer 30% em 2010 em relao a 2009, para faturamento de R$ 490 milhes.

    SIG CombiblocA empresa alem SIG Combibloc, do segmento

    de embalagens cartonadas, anunciou, em junho de 2010, a construo de sua primeira fbrica na Amrica Latina. A unidade dever ser instalada no municpio de Campo Largo, na regio metropoli-tana de Curitiba (PR), e ter capacidade para pro-duzir 1 bilho de embalagens por ano.

    Os investimentos da empresa na construo da nova unidade devero somar 90 milhes de euros at 2016 e so suficientes para expanso da capa-cidade de produo, que pode chegar a 2 bilhes de embalagens por ano. As obras j comearam em maio de 2010 e a unidade deve iniciar as ativi-dades em meados de 2011.

    Investimentos

  • 0 Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A construo da fbrica no Brasil faz parte da estratgia da companhia de crescer em mercados emergentes, que apresentam maior potencial de expanso. A maior disponibilidade de renda e a ampliao do acesso a bens de consumo so os atrativos do Brasil na viso da empresa, que estima que a demanda por leite longa vida em embala-gens cartonadas asspticas apresentar expanso de 1,5 bilho de litros at 2012 no Brasil, o que representa cerca de 30% do crescimento absoluto do mercado mundial.

    J a demanda por outras bebidas, como sucos e bebidas base de soja, deve aumentar em 500 milhes de litros no mesmo perodo ou 40% do crescimento das embalagens cartonadas asspti-cas. Para a empresa alem, aps a China, o Brasil possui o maior potencial de consumo de produtos em embalagens cartonadas, o equivalente a 10 bil-hes de embalagens por ano.

    Em um primeiro momento, a companhia con-tinuar comprando papel-carto, utilizado na fabricao desse tipo de embalagem, da Escand-invia, mas admite a possibilidade de optar por fornecedores locais com o passar do tempo, como Klabin e Suzano Papel e Celulose.

    Eldorado CeluloseA Eldorado um projeto da Florestal Investi-

    mentos Florestais e da Eldorado Celulose, de pro-priedade da J&F e MCL Empreendimentos, dono da JBS, a maior empresa em processamento de protena animal do mundo.

    O projeto da Eldorado teve sua pedra funda-mental lanada em junho de 2010. Com incio de operao previsto para 2013, a unidade dever produzir 1,5 milho de toneladas anuais de ce-lulose. O projeto inicial da Eldorado, que futura-mente poder ser listada na BM&FBovespa, dever receber investimentos de R$ 4,8 bilhes, dos quais cerca de R$ 3 bilhes em emprstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), conforme almejam os scios. Fornece-dores de equipamentos, que tradicionalmente participam do projeto financeiro, devem entrar com mais R$ 1 bilho em financiamentos.

    Em 2009, a Florestal constituiu um fundo de investimento, o Florestal Brasil, por meio do qual os fundos de penso Funcef e Petros aplicaram R$ 550 milhes e ficaram com 49% do capital da empresa. Atualmente, a Eldorado conta com 40 mil hectares de florestas plantadas na regio de

    Trs Lagoas (MS), mesmo municpio em que a Fib-ria instalou sua mais nova fbrica de celulose.

    A partir de 2010, a Florestal plantar cerca de 30 mil hectares de eucalipto por ano, que vo su-prir a unidade fabril da Eldorado. O projeto da El-dorado entrar em operao no mesmo momen-to em que concorrentes, como Suzano e Fibria, planejam dar a partida em novas linhas.

    Carta FabrilO grupo fluminense Carta Fabril, fabricante

    de papel para higiene pessoal, vai investir R$ 276 milhes na construo de sua terceira fbrica, no municpio de Aracruz, no norte do Esprito Santo. O empreendimento dever comear a produzir em 2011, com a gerao de 360 empregos diretos e outros 2 mil indiretos.

    Parte dos investimentos para a nova fbrica ser oriunda de recursos prprios da empresa. Ela tam-bm pretende recorrer ao Banco Nacional de De-senvolvimento Econmico e Social (BNDES) para obter financiamento. Uma terceira fonte de recur-sos seria a antecipao de recebveis de exportao. O projeto para a nova unidade da companhia prev 50% da produo para o mercado externo.

    Tradicionalmente, os produtos da Carta Fa-bril sempre foram voltados para as classes C e D. Agora, com a nova fbrica, a empresa estuda criar uma marca com foco para as classes A e B. Essa unidade ser a primeira do grupo a produzir pa-pel higinico a partir de celulose virgem. As duas outras fbricas, uma no Rio de Janeira e outra em Gois, utilizam papel reciclado.

    aPP estuda montar fbrica no BrasilA Asia Pulp & Paper (APP), maior compradora

    individual no mundo da celulose brasileira e ter-ceira maior produtora global de papis, est anal-isando alternativas para a fabricao da matria-prima no Pas.

    A ideia ainda em gestao pode ter diversas variantes, como construir uma unidade prpria, tornar-se parceira de uma produtora nacional, associar-se a uma fabricante estrangeira e em-preender no Pas ou ainda iniciar a compra de terras com vistas instalao de uma unidade fa-bril no longo prazo. Segundo informou ao Valor Econmico, em maio de 2010, o representante da APP no Brasil, Geraldo Ferreira, a empresa est interessada em investir, com foco em celulose, e o momento de estudo de viabilidade.

  • Valor anlise setorial 1IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A APP no possui nenhuma fbrica no Brasil e importa todo papel que vendido no mercado lo-cal. A necessidade de ampliar a produo prpria de matria-prima justificada pela escala que a APP ex-ibe no segmento de papis, de mais de 10 milhes de toneladas por ano somente de imprimir e escrever, e pela recente disparada dos preos da celulose.

    Atualmente, a APP fabrica uma parte da ce-lulose que utiliza em suas linhas so 20 fbri-cas ao todo e compra no mercado 2 milhes de toneladas anuais da matria-prima. Um quarto desse volume tem origem brasileira. Em 2010, o grupo Sinar Mas, que controla a APP, anunciou a aquisio de trs fbricas de celulose, duas na Frana e uma no Canad, e se prepara para colocar em operao, na ilha de Hainan, a maior mquina de papel cuch do mundo, com capacidade para 1 milho de toneladas por ano.

    CMPC avalia ampliao em GuabaQuando adquiriu a Celulose Riograndense

    junto Fibria, em 2009, a chilena CMPC aceitou uma clusula que a obrigaria pagar uma multa de US$ 250 milhes se antecipasse a expanso da sua fbrica, em Guaba (na regio metropolitana de Porto Alegre), antes de 2015.

    Com os recentes aumentos de preos da celu-lose ocorridos em 2010, a empresa j admite estu-dos de viabilidade de projetos que possivelmente a obriguem ao pagamento da multa contratual. A empresa calcula qual seria o valor mnimo que justificaria antecipar a expanso.

    Elaborado originalmente pela Aracruz, o pro-jeto de ampliao prev o aumento da capacidade da fbrica de Guaba, de 450 mil para 1,8 milho de toneladas por ano, e j dispe das licenas am-bientais necessrias. A meta inicial era concluir as obras, que chegaram a ser oradas em US$ 3 bil-hes, em agosto de 2010, mas o processo foi con-gelado devido crise financeira mundial. Ainda assim, o plano foi decisivo para o negcio com os chilenos. A aquisio do ativo est necessaria-mente associada expanso, que praticamente vai dobrar a capacidade de produo da CMPC.

    O grupo, que fatura US$ 3 bilhes por ano, de-cidiu investir no Brasil porque a disponibilidade de reas para plantio de florestas no Chile supor-taria um aumento de apenas 500 mil toneladas na produo anual de celulose. No Rio Grande do Sul, a Celulose Riograndense j tem 125 mil hect-ares plantados e dispe de outros 20 mil hectares para plantio em 2010 e 2011. Desse total, entre 20% e 30% correspondem a reas arrendadas ou de produtores parceiros.

    Apenas em 2010, os investimentos na implan-tao de 13 mil hectares e na recuperao de out-ros 19 mil vo alcanar os US$ 250 milhes, finan-ciados preferencialmente com a gerao de caixa da prpria controlada no Brasil. Ainda em 2010 sero feitas obras virias no entorno da fbrica para facilitar o acesso s novas instalaes.

    IbemaA paranaense Ibema, que se destaca na

    produo de papel-carto, havia suspendido projetos em 2009, mas j anunciou os seus pla-nos de retomada, com investimentos de R$ 35 milhes. A empresa avalia aumentar a capaci-dade de produo de papel-carto em cerca de 10 mil toneladas anuais e, possivelmente, ex-port-las. Para isso, a Voith Paper ir reformar a mquina de papel 3 da Ibema, localizada na planta de Turvo (PR), elevando sua capacidade produtiva para 120 mil toneladas anuais. A m-quina de papel 3 dever entrar em operao no incio de 2011.

    A Ibema tambm planeja colocar em opera-o a mquina de papel 1, atualmente desativada. Tambm localizada na unidade de Turvo, a mqui-na dever entrar novamente em funcionamento no fim de 2010 ou comeo de 2011. O objetivo fabricar 24 mil toneladas/ano de papis de impri-mir e escrever especiais. Atualmente, a empresa fabrica 10 mil toneladas anuais de papel de impri-mir e escrever na mquina de papel 1, localizada na planta da Ibema, tambm no Paran.

    A companhia ainda tem planos de investir nas reas de energia, logstica e de florestas.

    Investimentos

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A celulose de madeira a matria-prima prin-cipal usada na fabricao de papel e papelo. A adequao de um tipo especfico de celulose para determinado fim especfico depende do tipo de madeira usado para produzir a celulose, bem como do processo utilizado para transformar a madeira em celulose.

    O processo de fabricao de celulose consiste basicamente na transformao da madeira em material fibroso, que denominado pasta, polpa ou celulose industrial. O objetivo da fabricao da celulose separar as fibras umas das outras. Posteriormente, so novamente misturadas na mquina de papel, sob a forma de folhas, cujas propriedades e peso especfico so determinados para cada tipo de uso final.

    As propriedades das folhas dependem muito da morfologia das fibras e do tipo e da extenso de transformao pela qual passam durante a elabo-rao da pasta de celulose, especialmente durante o refino e antes de sua moldagem em folhas pro-priamente ditas.

    ProdutosComo visto, as pastas destinadas fabricao

    de papel so resultantes do processamento indus-trial de fibras vegetais. No Brasil, 96% das fibras utilizadas so de origem arbrea, os 4% restantes so de bagao de cana, sisal e bambu.

    Existem basicamente dois tipos de processos para industrializao das fibras:

    O processo qumico, que d origem celulose e representa 95% do total produzido no Brasil; e

    O processo mecnico, que resulta em pas-tas de alto rendimento (PAR), cuja produo

    chega a apenas 5% do total, por ser intensivo em energia eltrica.

    A celulose pode ser de fibra curta, que originria do eucalipto e representa 80% da produo brasileira, ou de fibra longa, prove-niente do pnus, que hoje responde por 15% da produo nacional.

    A fibra curta tem maior capacidade absor-vente, destina-se a produtos menos rgidos como papel para impresso e para escrever. O Brasil o maior produtor mundial de celulose de fibra curta, pois o seu clima favorece o plantio de euc-alipto, ao passo que nos demais pases produtores a fabricao de celuloses de fibra longa maior, pois o clima favorece mais as florestas de pnus.

    A fibra longa, mais resistente, utilizada na fabricao de papel kraft, utilizado nas embala-gens de papelo ondulado. As pastas mecnicas (PARs) so usadas na produo de papel de jornal e podem ser misturadas com fibra longa para dar maior resistncia.

    Um quarto produto, fabricado em muito menor escala, a celulose solvel, que no tem as mesmas utilizaes da celulose comum fi-bras txteis (viscose), celofane, filtros de cigarro e para salsichas.

    A nica produtora de celulose solvel da Amrica Latina a Bahia Specialty Cellulose (ex-Bahia Pulp). O mercado de celulose para finali-dade qumica o insumo utilizado na indstria de alimentos, farmacutica e cosmtica, entre out-ros extremamente competitivo e est concen-trado nas mos de poucos produtores com escala mundial, cujos principais clientes esto na Europa e Estados Unidos.

    Celulose

    Celulose

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A Bahia Specialty Cellulose pertence ao Grupo Sateri Internacional, com sede em Xangai, e pode faturar at US$ 500 milhes em 2010. A empresa foi formada em 2003 a partir da compra da Bacell, ento pertencente Klabin, e da Copener Florest-al. Incluindo as aquisies, os investimentos do grupo no Pas chegam ao total de US$ 1,1 bilho.

    Segundo dados da Bracelpa, a fibra curta ori-unda do eucalipto o principal produto do seg-mento, tendo respondido em 2008 por 84% da produo nacional de celulose. Destes, a maior parte foi direcionada ao mercado externo, geran-do exportaes de 65% da produo, ao passo que o restante foi direcionado ao mercado interno. A fibra longa, obtida a partir do pnus, representou 12% da produo e foi totalmente direcionada ao mercado interno, assim como as pastas de alto rendimento (PAR), que representaram 4% da produo. Veja mais detalhes no Fluxograma 1.

    DesempenhoProduo

    A produo brasileira de celulose alcanou 13,5 milhes de toneladas em 2009, crescimento de 6,3% em relao a 2008, segundo dados da As-sociao Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). As exportaes da fibra, no mesmo perodo, reg-istraram aumento de 16,9%. Esses resultados in-dicam que, apesar dos efeitos da crise financeira

    internacional, os produtos brasileiros desse setor mostraram-se competitivos em relao a seus principais concorrentes internacionais. Veja mais detalhes no Grfico 5.

    No entanto, mesmo com o aumento da de-manda, a receita das exportaes acumulou uma queda de 15,4% em comparao com os dados de 2008. Naquele ano, as receitas foram de US$ 3,91 bilhes e, em 2009, se viram reduzidas para US$ 3,31 bilhes.

    Entre 1999 e 2009, a produo brasileira de ce-lulose quase dobrou. Em 1999, foram fabricados 7,2 milhes de toneladas e em 2005 foi superada a barreira dos 10 milhes de toneladas. Nesses anos todos, apenas em 2001 foi registrada uma peque-na queda, de -0,7% (da ordem de 50 mil tonela-das), conforme mostra o Grfico 6.

    Em 1999, a produo de fibra longa era de 1,405 milho de toneladas, enquanto a de fibra curta somava 5,359 milhes. De 1999 a 2009, a fabricao de fibra longa cresceu 12,2%; j a de fi-bra curta aumentou 115,5% no perodo. A de pas-tas de alto rendimento se manteve bastante estv-el: em 1999 eram fabricadas 444,3 mil toneladas e, em 2009, eram 428 mil toneladas. Seu pico de produo foi em 2007, quando atingiu 521,4 mil toneladas. A evoluo da produo, a partir dos diferentes tipos de produto da indstria de celu-lose, pode ser observada na Tabela 3.

    a cadeia produtiva da celuloseF1

    Fonte:Bracelpa.

    65%Exportao

    35%Mercadointerno

    100%Mercadointerno

    100%Mercadointerno

    18%Importao

    4%Pastasdealtorendimento

    Celulose 12%FibralongaPnus

    84%FibracurtaEucalipto

    16%Pnus

    84%Eucalipto

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    FaturamentoO ltimo dado de faturamento disponibilizado

    pela Bracelpa (at o fechamento desta Anlise) era referente ao ano de 2008. Naquele ano, o fatura-mento dos segmentos de celulose e de pastas de alto rendimento (PAR) somou R$ 8,8 bilhes, dos quais a celulose respondeu por R$ 8,679 bilhes (crescimento de 18,4% em relao ao ano anterior) e as pastas, por apenas R$ 114,8 milhes, recuo de 2% nesse perodo. Veja mais detalhes na Tabela 4.

    Empresas do segmentoSegundo dados da Bracelpa referentes ao ano

    de 2008, naquele ano a liderana do mercado

    brasileiro era da Aracruz Celulose. No entanto, em outubro de 2008 a Aracruz alcanou perdas de R$ 1,95 bilho com operaes de derivativos, valor que equivalia ao dobro do lucro alcanado pela empresa no ano anterior (R$ 1,045 bilho).

    Em 2009, imersa em uma sria crise financeira, a empresa se fundiu VCP ento terceira do rank-ing , formando a Fibria. Com dados de 2008, jun-tas, as empresas detinham 36,3% da produo na-cional, conforme pode ser observado no Grfico 7.

    A Fibria foi criada oficialmente em setem-bro de 2009, aps a VCP formalizar acordo com as famlias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga para comprar 28% do capital da Aracruz.

    7.209 7.463 7.4128.021

    9.0699.620

    10.35211.180

    11.99712.697

    13.496

    3.500

    5.000

    6.500

    8.000

    9.500

    11.000

    12.500

    14.000

    Fonte:Bracelpa.

    Evoluo anual da produo brasileira de celuloseEm mil toneladas

    2001 2002 2003 2004 20051999 2000

    G5

    2006 2007 2008 2009

    1.214

    1.097

    1.232

    1.0711.085

    998 1.0161.047

    1.105 1.083

    1.156

    1.217 1.226 1.210

    1.121

    1.234

    600

    700

    800

    900

    1.000

    1.100

    1.200

    1.300

    Fonte:Bracelpa.

    Evoluo mensal da produo brasileira de celuloseEm mil toneladas

    Jan

    G620102009

    Fev Mar abr Mai Jun Jul ago set out nov dez

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A nova empresa, lder mundial na produo de celulose de eucalipto com capacidade superior a 6 milhes de toneladas anuais, passou a ser co-mandada por Carlos Aguiar, antigo presidente da Aracruz. O conselho de administrao ficou sob a presidncia de Jos Luciano Penido, at ento presidente da VCP.

    Em um primeiro momento, o controle da empresa est nas mos do BNDESPar, que detm 34,9% de participao na Fibria. Essa participao, porm, dever ser reduzida ao longo dos prximos anos, conforme anunciado pelo Grupo Votoran-tim, que possui 29,3% de participao. A Fibria tem 35,8% de suas aes negociadas no mercado. O BNDESPar j era acionista da VCP e da Aracruz.

    A condio estabelecida para o BNDES entrar na operao era que a nova empresa entrasse

    para o Novo Mercado da Bovespa segmento reservado para empresas comprometidas com prticas diferenciadas de tratamento do acioni-sta minoritrio.

    Em 2008, a Aracruz e a VCP produziram jun-tas o equivalente a 4,6 milhes de toneladas de celulose, mais do que o dobro da segunda coloca-da, Suzano Papel e Celulose, que tinha fabricado 2,12 milhes de toneladas e respondia por 16,7% do total nacional. A Klabin, com 1,5 milho de toneladas, detinha 11,8%. Na quarta posio no ranking brasileiro, a Cenibra produziu 1,158 mil-ho de toneladas (9,1% do total). A lista das cinco maiores completada pela International Paper (participao de 6,4%). Juntas, as cinco maiores empresas respondem por 80,3% da produo na-cional de celulose.

    Ano Qumicaesemiqumica Pastas Total Variao Fibralonga Fibracurta Total dealto anual% Branq. Nobranq. Soma Branq. Nobranq. Soma rendimento

    Evoluo histrica da produo brasileira de pastasEm toneladas

    Fonte: Bracelpa.

    1989 203.151 1.022.860 1.226.011 2.369.582 348.286 2.717.868 3.943.879 426.421 4.370.300 4,31990 216.703 957.753 1.174.456 2.377.540 362.692 2.740.232 3.914.688 436.455 4.351.143 -0,41991 224.820 987.644 1.212.464 2.794.642 339.414 3.134.056 4.346.520 431.596 4.778.116 9,81992 239.486 1.022.833 1.262.319 3.246.655 361.593 3.608.248 4.870.567 431.777 5.302.344 11,01993 301.090 1.056.322 1.357.412 3.351.528 301.248 3.652.776 5.010.188 460.742 5.470.930 3,21994 289.032 1.074.205 1.363.237 3.729.049 283.985 4.013.034 5.376.271 452.599 5.828.870 6,51995 261.849 1.149.656 1.411.505 3.760.118 271.319 4.031.437 5.442.942 492.965 5.935.907 1,81996 221.520 1.123.827 1.345.347 4.098.038 292.793 4.390.831 5.736.178 465.257 6.201.435 4,51997 122.410 1.159.668 1.282.078 4.332.950 289.097 4.622.047 5.904.125 427.037 6.331.162 2,11998 95.278 1.151.502 1.246.780 4.739.250 245.363 4.984.613 6.231.393 455.513 6.686.906 5,61999 87.465 1.317.833 1.405.298 5.091.948 267.577 5.359.525 6.764.823 444.309 7.209.132 7,82000 72.328 1.349.877 1.422.205 5.295.451 243.814 5.539.265 6.961.470 501.796 7.463.266 3,52001 70.985 1.367.510 1.438.495 5.292.351 212.620 5.504.971 6.943.466 468.561 7.412.027 -0,72002 88.208 1.420.520 1.508.728 5.751.391 265.578 6.016.969 7.525.697 495.398 8.021.095 8,22003 85.555 1.426.311 1.511.866 6.812.205 286.134 7.098.339 8.610.205 459.042 9.069.247 13,12004 96.787 1.440.799 1.537.586 7.311.794 300.632 7.612.426 9.150.012 470.131 9.620.143 6,12005 86.627 1.449.701 1.536.328 8.011.474 304.660 8.316.134 9.852.462 499.651 10.352.113 7,62006 89.038 1.333.154 1.422.192 8.909.152 351.189 9.260.341 10.682.533 497.440 11.179.973 8,02007 85.784 1.389.058 1.474.842 9.555.025 446.419 10.001.444 11.476.286 521.378 11.997.664 7,32008 106.193 1.470.164 1.576.357 10.045.780 566.807 10.612.587 12.188.944 507.602 12.696.546 5,8Var.%2008/2007 23,79 5,84 6,88 5,14 26,97 6,11 6,21 -2,64 5,83 Var.% mdia2008/1989 -3,36 1,93 1,33 7,90 2,60 7,43 6,12 0,92 5,77

    T3

    Celulose

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    Capacidade e produo regional

    Segundo dados da Bracelpa relativos a 2008, aproximadamente 30% da produo de celulose do Pas se concentra em So Paulo; 18%, na Bahia; e 16,6%, no Esprito Santo, conforme pode ser ob-servado no Grfico 8.

    So PauloO estado de So Paulo responde por 30% da

    capacidade produtiva brasileira. As empresas localizadas no estado contam com uma grande vantagem competitiva que a proximidade do maior centro consumidor do Pas e do porto de Santos, o que facilita as exportaes. Atual-mente, o grande obstculo que as companhias encontram para realizar novos investimentos

    Indicador/Ano 2007 2008 Var.%

    Faturamento anual por estadoEm r$ mil

    Fonte: Bracelpa.

    Pastasdealtorendimento-PAR 117.168 114.822 -2,0Minas Gerais 32.816 32.339 -1,5Paran 11.676 6.571 -43,7santa Catarina 6.890 6.837 -0,8so Paulo 65.786 69.075 5,0Celulosequmicaesemiqumica 7.332.207 8.679.114 18,4Bahia 998.751 1.528.086 53,0Esprito santo 2.274.517 2.453.458 7,9Minas Gerais 1.237.689 1.242.522 0,4Par 404.517 439.538 8,7Paran 63.446 60.116 -5,2rio Grande do sul 69.306 920.020 1.227,5santa Catarina 41.504 2.127 -94,9so Paulo 2.242.477 2.033.247 -9,3

    T4

    24,47

    Fonte:Bracelpa.

    ranking da produo de celulose 2008Em %

    KlabinVCP - Votorantim

    suzanoaracruz

    - 3 6 9 15

    16,7011,82

    9,12

    2712

    G7

    11,79

    6,384,33

    3,071,761,75

    1,371,030,890,860,760,65

    0,490,47

    CenibraInternational Paper

    VeracelJari Celulose

    rigesalwarcel

    norske skog PisaMelhoramentos

    Iguauorsa

    Celulose Iranistora Enso arapoti

    nobrecelPrimo tedesco

    18 21 24

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    em So Paulo a alta do preo das terras para a plantao de eucaliptos.

    Em 2008, So Paulo respondeu por 33,8% da produo nacional de fibras curtas, com 3,590 milhes de toneladas, sendo o principal produtor do Pas. Em fibra longa, fabricou 112,3 mil tonela-das e representou 7,1% do total, colocando-se na terceira posio nacional. Obteve a mesma colo-cao na produo de pastas de alto rendimento, com 76,7 mil toneladas (15,1% do total).

    No estado, a empresa com maior capacidade nominal instalada a Fibria (nas instalaes que eram da VCP): 1,45 milho de toneladas, apenas de fibra curta. A companhia conta com uma uni-dade de celulose de mercado em Jacare, outra de papis especiais em Piracicaba, alm de deter uma participao de 50% na Conpacel, no mu-nicpio de Americana.

    A segunda maior capacidade instalada em So Paulo da Suzano, com 1,142 milho de tonela-das e unidades de produo nos municpios de Embu, Suzano e Limeira. A empresa seguida pela International Paper, com 850 mil toneladas. Esta possui 72 mil hectares de florestas renovveis de eucalipto, destinadas produo de celulose e pa-pel. Essas extenses territoriais esto distribudas por Mogi Guau, Brotas e Luiz Antnio.

    No estado, a International Paper conta com duas fbricas de papel e celulose, em Mogi Guau e Luiz Antnio, e outra de papel em Trs Lagoas, em Mato Grosso do Sul. Juntas, as trs unidades fabris produzem linhas de papis cortados

    destinados aos mercados interno e externo, alm da linha Chambril para converso e impresso.

    Em So Paulo, a Klabin possui uma unidade florestal, localizada no municpio de Angatuba, com rea de 5 mil hectares de florestas plantadas de pnus e eucalipto e 3 mil hectares de mata na-tiva preservada.

    A Diviso Florestal da Lwarcel tem como principal misso o abastecimento de matria-prima para a fabricao de celulose na unidade industrial de Lenis Paulista. Para isso, conta com florestas localizadas em 26 municpios da regio, onde conduz processo de manejo florestal em plantios que perfazem 44.734 mil hectares, em terras prprias, arrendadas e tam-bm em regime de fomento.

    O Grupo Orsa conta com unidades florestais no estado de So Paulo, nos municpios de Franco da Rocha, Nova Campina, Paulnia e Suzano.

    BahiaNo extremo sul da Bahia, segundo estado com

    maior capacidade de produo de celulose do Pas (18%), est a fbrica da Veracel, localizada no mu-nicpio de Eunpolis, com 211,6 mil hectares, dos quais 90,8 mil so de plantio de eucalipto.

    Em 2010, ao completar cinco anos de ativi-dades, a Veracel Celulose atingiu a marca de produo acumulada de 5 milhes de toneladas de celulose. A capacidade instalada nominal, se-gundo dados da Bracelpa de 2008, de 1,1 milho de toneladas.

    Celulose

    29,8

    Fonte:Bracelpa.

    Capacidade de produo de celulose por estado 2008Em %

    Paran

    Esprito santo

    Bahia

    so Paulo

    0 5 10 15 25

    18,0

    16,6

    11,3

    3020

    G8

    35

    9,6

    7,7

    3,8

    3,1

    Minas Gerais

    santa Catarina

    rio Grande do sul

    Par

  • Valor anlise setorial IndstrIa dE CElulosE E PaPEl

    A Veracel Celulose um projeto integrado de produo de celulose branqueada a partir da fibra curta de eucalipto. Suas atividades so desenvolvi-das no extremo sul da Bahia e so compostas pelo plantio de eucalipto, pela fabricao de celulose e pela logstica de escoamento do produto.

    A Bahia Specialty Cellulose (antiga Bahia Pulp S.A., pertencente ao Grupo Sateri International) possui uma unidade industrial no Complexo In-dustrial de Camaari, a uma distncia mdia de 100 quilmetros das reas de plantio de eucalipto. Tais plantios esto distribudos em 21 municpios do litoral norte do estado.

    No estado, a Suzano Papel e Celulose conta com uma unidade fabril no municpio de Mucuri. a companhia com maior capacidade nominal instalada, com 1,208 milho de toneladas. A uni-dade de Mucuri da Suzano Papel e Celulose surgiu a partir da Bahia Sul Celulose, empresa constituda em 1987 como uma joint venture entre a Compan-hia Suzano e a Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale), cuja participao foi adquirida pelo Grupo Suzano em 2001.

    Esprito SantoO Esprito Santo o terceiro maior estado

    produtor de celulose no Brasil, mas detm a maior operao individual do Pas, com capacidade in-stalada de 2,33 milhes de toneladas. Trata-se das instalaes da Fibria (ex-Aracruz Celulose). Localizada em Barra do Riacho, no municpio de Aracruz, fica a apenas 1,5 quilmetro do terminal porturio privativo (Portocel) e a 70 quilmetros de Vitria.

    A fbrica ocupa uma rea de 2 mil metros quadrados. Na verdade, so trs fbricas. As outras duas geram produtos bsicos para o processo de branqueamento da pasta de celulose: uma produz clorato de sdio e a outra, cloro-soda.

    A unidade foi inaugurada em 1978, com capa-cidade de 450 mil toneladas/ano, dividida em duas linhas de produo. Em 1991, entrou em opera-o a Fbrica B, que tambm possui duas linhas, produzindo 550 mil toneladas/ano, elevando a capacidade nominal da Aracruz para 1 milho de toneladas/ano.

    Em 1997, a Aracruz realizou um grande pro-jeto de modernizao das Fbricas A e B, elevando a capacidade total do complexo para 1,3 milho de toneladas/ano (550 mil t/ano na Fbrica A e 750 mil t/ano na Fbrica B). Em Agosto de 2002, foi in-

    augurada a Fbrica C, com 700 mil toneladas por ano de capacidade anual, elevando a produo total da Aracruz naquele ano para 2 milhes de toneladas por ano.

    ParanSegundo dados da Bracelpa, o Paran re-

    sponde por 11,3% da capacidade de produo na-cional. No estado, a Klabin possui instalaes no municpio de Tibagi, onde construiu a primeira fbrica integrada de papel. A unidade conta com uma base florestal capaz de fornecer matria-prima necessria para a produo de celulose e papel. A rea florestal da unidade Monte Alegre abrange 145 mil hectares de florestas plantadas de pnus e eucalipto e 123 mil hectares de mata nativa preservada.

    A Iguau Celulose, com capacidade nominal instalada de 123 mil toneladas anuais, uma em-presa do Grupo Imaribo. Nas suas quatro unidades industriais, localizadas nos estados do Paran e Santa Catarin