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1 Prof. César Augusto Alves da Silva DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO ASPECTOS AFETIVOS E EMOCIONAIS

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Prof. César Augusto Alves da Silva

DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO

ASPECTOS AFETIVOS E EMOCIONAIS

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• Pensar e sentir são ações indissociáveis• O conhecimento dos sentimentos e das emoções

requer ações cognitivas, da mesma forma quetais ações cognitivas pressupõem a presença deaspectos afetivos

• Se os aspectos afetivos e cognitivos dapersonalidade não constituem universos opostos,não há nada que justifique prosseguirmos com aidéia de que existem saberes essencialmente ouprioritariamente vinculados à racionalidade ou àsensibilidade.

• No trabalho educativo cotidiano não existeuma aprendizagem meramente cognitiva ouracional, pois os alunos e as alunas nãodeixam os aspectos afetivos que compõemsua personalidade do lado de fora do processode desenvolvimento do seu raciocínio quandoestão interagindo com os objetos deconhecimento, ou não deixam "latentes" seussentimentos, afetos e relações interpessoaisenquanto pensam.

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• A indissociação entre pensar e sentir nosobriga a integrar nas explicações sobre oraciocínio humano as vertentes racional eemotiva dos conceitos e fatos construídos

• Conhecimento e emoção fazem parte dacultura, são produtos dela e a produzem.

• O desenvolvimento do raciocínio, por sua vez,depende da cultura.

• A Razão, um tipo de pensamento formalizado einstitucionalizado como cultura (portanto marcada civilização ocidental desde temposimemoriais) e que possui como característicaprincipal a quantificação do mundo, é a principalresponsável pela separação entre razão eemoção, sentir e pensar

• Vários foram os pensadores e filósofos que,desde a Grécia Antiga, postularam uma supostadicotomia entre razão e emoção.

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• Platão definiu como virtude a liberação e trocade todas as paixões, prazeres e valoresindividuais pelo pensamento, considerado,por ele, um valor universal e ligado àimutabilidade das formas eternas

• Descartes criou a tão conhecida e famosaafirmação na história da filosofia - "Penso,logo existo"

• Com tais afirmações, todos os dois filósofos,(em épocas distintas, mas seguindo a mesmalinha, o mesmo formato dado pela Razão)sugeriam a possibilidade de separação entrerazão e emoção ou, o que seria maisadequado, assumiram implicitamente umahierarquia entre tais instâncias do raciocíniohumano, em que o pensamento tem valor deexcelência.

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• Immanuel Kant, na obra Fundamentação dametafísica dos costumes (1786), nos advertiusobre a impossibilidade do encontro entrerazão e felicidade, quando afirmou que"quanto mais uma razão cultivada se consagraao gozo da vida e da felicidade, tanto mais ohomem se afasta do verdadeirocontentamento".

• Kant, afirmou também, nessa mesma obra,que “se Deus tivesse feito o homem para serfeliz não o teria dotado de razão”. Esse filósofoconsiderava, ainda, as paixões como"enfermidades da alma". Tais reflexõesdenotam, também, como Kant estabeleciauma hierarquia entre a razão e as emoções.

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• Essas premissas da filosofia permanecemvivas até os dias atuais, muitas vezestraduzidas sob metáforas que ouvimosfrequentemente na vida cotidiana, tais como:

• "não aja com o coração“;

• "coloque a cabeça para funcionar“;

• "seja mais racional“;

• Nessa perspectiva, parece-nos que para umapessoa tomar decisões corretas é necessárioque ela se livre ou se desvincule dos própriossentimentos e emoções.

• Fica a impressão de que, em nome de umaresolução sensata, deve-se desprezar,controlar ou anular a dimensão afetiva.

• É um “imperativo da frieza” o postulado daRazão

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• Por influência evidente da filosofia, de ondesurgiram, durante muitas décadas as teoriaspsicológicas estudaram separadamente osprocessos cognitivos e afetivos.

• Seja por dificuldade em estudá-los de formaintegrada, seja por crença dos psicólogos ecientistas que se debruçaram sobre a temática,tal separação parece ter nos conduzido a umavisão parcial e distorcida da realidade, comreflexos nas investigações científicas e no modeloeducacional ainda vigente

• Os cientistas comportamentais, por um lado, aocentrarem seus estudos apenas noscomportamentos externos dos sujeitos - e,portanto, relegando a um segundo planoexperiências mais subjetivas, como a dasemoções, e algumas concepções cognitivistas quebuscam compreender o raciocínio humanoapenas em sua dimensão semântica ou por meiode formalizações puramente lógicas, sãoexemplos desse modelo.

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• Por outro lado, e de forma também distorcida,podemos entender algumas teorias queprivilegiam os aspectos afetivos e/ouinconscientes nas explicações dospensamentos humanos, dedicando um papelsecundário aos aspectos cognitivos.

• Um primeiro autor que podemos citar como tendoquestionado as teorias que tratavam a afetividade e acognição como aspectos funcionais separados foi obiólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980).

• Em um trabalho publicado a partir de um curso queministrou na Universidade de Sorbonne (Paris) no anoacadêmico de 1953-54, “As relações entre ainteligência e a afetividade no desenvolvimento dacriança", o autor nos advertiu sobre o fato de que,apesar de diferentes em sua natureza, a afetividade e acognição são inseparáveis, indissociadas em todas asações simbólicas e sensório-motoras.

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• Ele postulou que toda ação e pensamentocomportam um aspecto cognitivo,representado pelas estruturas mentais, e umaspecto afetivo, representado por umaenergética, que é a afetividade.

• De acordo com Piaget, não existem estadosafetivos sem elementos cognitivos, assimcomo não existem comportamentospuramente cognitivos.

• Quando discute os papéis da assimilação e daacomodação cognitiva, Piaget afirma que essesprocessos da adaptação também possuem umlado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo é ointeresse em assimilar o objeto ao self (o aspectocognitivo é a compreensão); enquanto naacomodação a afetividade está presente nointeresse pelo objeto novo (o aspecto cognitivoestá no ajuste dos esquemas de pensamento aofenômeno).

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• O papel da afetividade para Piaget é funcional nainteligência.

• Ela é a fonte de energia de que a cognição seutiliza para seu funcionamento.

• Na obra a que nos referimos acima (A relaçãoentre inteligência e afetividade...), ele explicaesse processo por meio de uma metáfora,afirmando que “a afetividade seria como agasolina, que ativa o motor de um carro mas nãomodifica sua estrutura”

• Na relação do sujeito com os objetos, com aspessoas e consigo mesmo, existe uma energiaque direciona seu interesse para uma situaçãoou outra, e a essa energética correspondeuma ação cognitiva que organiza ofuncionamento mental.

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• Nessa linha de raciocínio, diz Piaget, “é ointeresse e, assim, a afetividade que fazemcom que uma criança decida seriar objetos equais objetos seriar” (ibidem.,p.10).

• Complementando, todos os objetos deconhecimento são simultaneamentecognitivos e afetivos, e as pessoas, ao mesmotempo que são objeto de conhecimento, sãotambém de afeto

• No transcorrer de seu trabalho, Piagetincorpora um outro tema na relação entre aafetividade e a cognição, que são os valores.

• Ele considera os valores como pertencentes àdimensão geral da afetividade no ser humanoe afirma que eles surgem a partir de umatroca afetiva que o sujeito realiza com oexterior, com objetos ou pessoas

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• Eles surgem da projeção dos sentimentos sobreos objetos que, posteriormente, com as trocasinterpessoais e a intelectualização dossentimentos, vão sendo cognitivamenteorganizados, gerando o sistema de valores decada sujeito

• Os valores se originam, assim, do sistema deregulações energéticas que se estabelece entre osujeito e o mundo externo (desde o nascimento),a partir de suas relações com os objetos, com aspessoas e consigo mesmo

• O psicólogo Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934)também tematizou as relações entre afeto e cognição,postulando que as emoções integram-se aofuncionamento mental geral, tendo uma participaçãoativa em sua configuração.

• Reconhecendo as bases orgânicas sobre as quais asemoções humanas se desenvolvem, Vygotsky buscouno desenvolvimento da linguagem - sistema simbólicobásico de todos os grupos humanos -, os elementosfundamentais para compreender as origens dopsiquismo

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• Produto e expressão da cultura, a linguagemconfigura-se, na teoria de Vygotsky, como umlugar de constituição e expressão dos modosde vida culturalmente elaborados

• A linguagem forneceria, pois, os conceitos e asformas de organização do real. Em suma, "ummodo de compreender o mundo, secompreender diante e a partir dele e de serelacionar com ele

• Vygotsky explicita claramente sua abordagemunificadora entre as dimensões cognitiva e afetiva dofuncionamento psicológico. Afirma ele que (1996):

• "A forma de pensar, que junto com o sistema deconceito nos foi imposta pelo meio que nos rodeia,inclui também nossos sentimentos. Não sentimossimplesmente: o sentimento é percebido por nós sob aforma de ciúme, cólera, ultraje, ofensa. Se dizemos quedesprezamos alguém, o fato de nomear os sentimentosfaz com que estes variem, já que mantêm uma certarelação com nossos pensamentos."

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• Marta Kohl de Oliveira (1992), numaexplanação acerca da afetividade na teoria deVygotsky, salienta que o autor soviéticodistinguia, no significado da palavra, doiscomponentes: o "significado" propriamentedito (referente ao sistema de relaçõesobjetivas que se forma no processo dedesenvolvimento da palavra) e o "sentido"(referente ao significado da palavra para cadapessoa)

• Neste último, relacionado às experiênciasafetivas individuais, é que residem asvivências afetivas. Em tal sentido, a autoraafirma que "no próprio significado da palavra,tão central para Vygotsky, encontra-se umaconcretização de sua perspectiva integradorados aspectos cognitivos e afetivos dofuncionamento psicológico humano".

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• Henri Wallon (1879-1962), filósofo, médico epsicólogo francês, reconhecendo na vida orgânicaas raízes da emoção, nos trouxe, também,contribuições significativas acerca da temática.

• Wallon se debruçou sobre a dimensão afetiva,criticando vorazmente as teorias que concebemas emoções ou como reações incoerentes etumultuadas, cujo efeito sobre a atividademotora e intelectual é perturbador, ou comoreações positivas, cujo poder sobre as ações éativador, energético.

• Criticando tais concepções, pautadas, a seu ver,numa lógica mecanicista e linear, Wallon rompecom uma visão valorativa das emoções, buscandocompreendê-las a partir da apreensão de suasfunções, e atribuindo-lhes um papel central naevolução da consciência de si.

• Em suas postulações concebe as emoções comoum fenômeno psíquico e social, além deorgânico.

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• Assim como Piaget e Vygotsky, Wallon mostra-nos, emseus escritos, compartilhar da idéia de que emoção erazão estão, intrinsecamente, conectadas (1986):

• "A comoção do medo ou da cólera diminui quando osujeito se esforça para definir-lhe as causas. Umsofrimento físico, que procuramos traduzir emimagens, perde algo de sua agudez orgânica. Osofrimento moral, que conseguimos relatar a nósmesmos, cessa de ser lancinante e intolerável. Fazerum poema ou um romance de sua dor era, paraGoethe, um meio de furtar-se a ela."

• Na perspectiva genética de Henri Wallon,inteligência e afetividade estão integradas: aevolução da afetividade depende das construçõesrealizadas no plano da inteligência, assim como aevolução da inteligência depende dasconstruções afetivas.

• No entanto, o autor admite que, ao longo dodesenvolvimento humano, existem fases em quepredominam o afetivo e fases em quepredominam a inteligência.

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• Após um período inicial em que se destacam asnecessidades orgânicas da criança, Wallonidentifica um outro período - aproximadamente apartir dos seis meses -, em que a sensibilidadesocial começa a se configurar

• Esta etapa vai sendo superada à medida que osprocessos de diferenciação - entre si e o outro -,vão se tornando cada vez mais elaborados.

• Assim, considera o psiquismo como uma sínteseentre o orgânico e o social. Para tal, as emoçõesvão se subordinando cada vez mais às funçõesmentais. Em suma, a afetividade reflui para darespaço à atividade cognitiva

• Heloisa Dantas (1990), estudiosa da obra deWallon, faz uma colocação que parece ilustrar arelação entre emoção e razão, posta pelo autor:"A razão nasce da emoção e vive da sua morte."Ou, como afirmou Galvão (1995): "é uma relaçãode filiação e, ao mesmo tempo, de oposição."

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• A preocupação em superar as tradicionaisdicotomias entre razão e emoções e entre asdimensões cognitiva e afetiva dofuncionamento psíquico humano pode seridentificada também em estudos maisrecentes, no campo da neurologia.

• O neurologista Antônio R. Damásio, em suaobra “O erro de Descartes (1996)”, postula aexistência de uma forte interação entre arazão e as emoções, defendendo a ideia deque os sentimentos e as emoções são umapercepção direta de nossos estados corporaise constituem um elo essencial entre o corpo ea consciência

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• Damásio identificou, no acompanhamento depacientes com lesões cerebrais -especialmente pré-frontais -, característicascomuns. Dentre elas, uma significativaredução das atividades emocionais.

• Isso o levou a estabelecer relações entre áreascerebrais, raciocínio e tomada de decisões eemoções

• Diz ele:• "Parece existir um conjunto de sistemas no

cérebro humano consistentemente dedicados aoprocesso de pensamento orientado para umdeterminado fim, ao qual chamamos raciocínio, eà seleção de uma resposta, a que chamamostomada de decisão, com uma ênfase especial nodomínio pessoal e social. Esse mesmo conjuntode sistemas está também envolvido nas emoçõese nos sentimentos e dedica-se em parte aoprocessamento dos sinais do corpo."

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• Para Damásio, a emoção e o sentimentoassentam-se em dois processos básicos, quefuncionam em paralelo: "o primeiro, aimagem de um determinado estado do corpojustaposto ao conjunto de imagensdesencadeadoras e avaliativas que ocausaram; e o segundo, um determinadoestilo e nível de eficácia do processo cognitivoque acompanha os acontecimentos descritosno primeiro

• Estabelecendo uma intrínseca relação entre ossentimentos e os modos cognitivos, postulaainda que "a essência da tristeza ou dafelicidade é a percepção combinada dedeterminados estados corporais e depensamentos que estejam justapostos,complementados por uma alteração no estiloe na eficiência do processo de pensamento."

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• Segundo Damásio, o erro de Descartes consiste na:

" separação abissal entre o corpo e a mente,entre a substância corporal, infinitamentedivisível, com volume, com dimensões e com umfuncionamento mecânico, de um lado, e asubstância mental, indivisível, sem volume, semdimensões e intangível, de outro.

• A sugestão de que o raciocínio, o juízo moral eo sofrimento adveniente da dor física ouagitação emocional poderiam existirindependentemente do corpo.Especificamente: a separação das operaçõesmais refinadas da mente, para um lado, e daestrutura ou funcionamento do organismobiológico para o outro."

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• "emoções bem direcionadas e bem situadas parecem constituir um sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode operar a contento“, diz Damásio.

• Como ele mesmo apontou, talvez a famosafrase filosófica - Penso, logo existo- devesseser substituída pela anti cartesiana - Existo esinto, logo penso.

• Outro autor, ligado ao campo da neurologia, eque também compartilha da premissa de queos processos cognitivos e os processosafetivos são indissociáveis é Joseph LeDoux

• Para entendê-lo, vamos nos reportar aosistema da amígdala. Este ministra a memóriaemocional inconsciente, enquanto ohipocampo proporciona a memória conscientede uma experiência emocional.

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• Sendo assim, LeDoux postula que os sentimentose os pensamentos conscientes são parecidos eque ambos são gerados por processosinconscientes, e que a influência das emoçõessobre a razão é maior do que a da razão sobre asemoções. Para ele, ambas as memórias "se unemem nossa experiência consciente de um modotão imediato e rigoroso que não podemosanalisá-la minuciosamente mediante aintrospeção"

• O psicoterapeuta americano Greenberg(1993;1996) também nos adverte sobre aintrínseca relação entre cognição e emoçãoquando se refere aos chamados esquemasemocionais: "...não baseiam-se unicamente naemoção, implicam uma síntese complexa deafeto, cognição, motivação e ação, queproporciona a cada pessoa um sentido integradodele ou dela mesma e do mundo, assim comotambém um significado subjetivamente sentido“.

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• Para Greenberg, enquanto a emoção nos sinalizaa respeito do que está nos afetando e estabelecea meta para que possamos alcançá-la, a cogniçãonos ajuda a dar sentido à nossa experiência,assim como a razão nos ajuda a imaginar omelhor modo de alcançarmos a meta.

• Como Damásio e LeDoux, Greenberg parececompartilhar da tese de que o afetivo estabeleceos problemas para que o cognitivo os resolva.

• É impossível não fazermos referência, ainda, àperspectiva de Howard Gardner e de suaequipe da Universidade de Harvard, muito emvoga nos dias atuais, que, partindo dopressuposto de que o ser humano desenvolvediferentes funções intelectuais, apregoa aideia das "inteligências múltiplas",contrapondo-a à da inteligência como umafunção única.

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• Estes estudiosos pressupõe a substituição dapercepção simplista do ser humano, por umavisão de que as pessoas são dotadas de ampladiversidade de competências e linguagens.Gardner postula que a inteligência é umaatitude que se expressa por meio de sistemassimbólicos diferentes, e isso supõe uma clararuptura com a ideia de inteligência comoentidade única e abstrata.

• Dentro dessa linha, salientamos,especialmente, o grande impacto e sucessoobtido pelo trabalho de Daniel Goleman,intitulado Inteligência emocional.

Trata-se de um estudo importante para amudança dos paradigmas científicos queprocuram ressignificar o papel das emoções noraciocínio humano.

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• Um autor que também aponta, em seu recentetrabalho, para a conexão entre os aspectos afetivos ecognitivos é o holandês Nico Fridja (Fridja et al. 2000).Ele o faz postulando, especificamente, a forteinfluência que as emoções exercem sob as crenças.

• Salienta que, enquanto o pensamento racional não ésuficiente para a ação, as emoções induzem as pessoasa atuarem de uma determinada maneira.

• Em suma, os sentimentos estão apoiados pelascrenças, e as crenças pelos sentimentos.

• Entre todos esses enfoques que questionam adicotomia historicamente posta entre razão eemoções e entre cognição e afetividade,podemos incluir a Teoria dos ModelosOrganizadores do Pensamento (Moreno,Sastre, Bovet, Leal, 1998), segundo a qual osujeito elabora e organiza sínteses complexasde significados a partir de processos afetivos ecognitivos.

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• Os modelos organizadores são conjuntos derepresentações mentais que as pessoas realizamem situações específicas e que as levam acompreender a realidade e a elaborar seus juízose suas ações. Construídos não somente a partirda lógica subjacente às estruturas depensamento, os modelos organizadores dopensamento comportam os desejos,sentimentos, afetos, representações sociais evalores de quem os constrói.

• Tal referencial teórico procura, pois, demonstrarcomo os aspectos cognitivos e afetivos searticulam de maneira dialética no funcionamentopsíquico

• Fundamentando-nos na Teoria dos ModelosOrganizadores do Pensamento e em seuspressupostos podemos adentrar o estudo acercada correlação entre os aspectos afetivos ecognitivos subjacentes ao funcionamentopsíquico

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• Os resultados dessa investigação parecem nosdizer que, quando estamos felizes, preparamosnossas "cabeças" para analisarmos ecompreendermos as necessidades e problemasdos demais, elaborando estratégias de ação maissolidárias e generosas.

• Os mesmos resultados nos indicam também queos estados emocionais influenciam nossospensamentos e ações tanto quanto nossascapacidades cognitivas.

• Assim, ao sermos solicitados a resolverproblemas, a forma como organizamos nossoraciocínio parece depender tanto dos aspectoscognitivos quanto dos aspectos afetivospresentes durante o funcionamento psíquico,sem que um seja mais importante que ooutro.