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DESIGN DE SISTEMAS INFORMACIONAIS E MOBILIÁRIO URBANO INTEGRADOS INFORMATIONAL DESIGN SYSTEMS AND URBAN FURNITURE INTEGRATED Cardoso, Eduardo; Me; Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [email protected] Scherer, Fabiano de Vargas; Me; Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [email protected] Resumo O presente artigo apresenta a disciplina de Projeto Integrado I: Design de Sistemas Informacionais e Mobiliário Urbano dos Cursos de Graduação em Design Visual e Design de Produto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Neste trabalho expõem-se os objetivos da disciplina, metodologia e relações vivência acadêmica com o exercício prático de design, através do design gráfico ambiental e sua integração de áreas de conhecimento como projeto de sinalização, comunicação visual, mobiliário e elementos urbanos, assim como suas demandas técnicas, formais, conceituais, econômicas e sócio-culturais na busca por propostas de design global. Palavras Chave: Design, Projeto Integrado, Sinalização, Mobiliário Urbano. Abstract The present article presents the discipline of Integrated Project I: informational design systems and urban furniture of the degree course in Visual Design and Product Design of the Federal University of Rio Grande do Sul. This work sets out the objectives of the discipline, methodology and academic relations experience with the practice of design, through environmental graphic design with the integration of knowledge areas as signage, visual communication, furniture and urban elements, like their technical demands, formal, conceptual, economic and socio-cultural proposals in the search for global design. Keywords: design, integrated project, signage, urban furniture.

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DESIGN DE SISTEMAS INFORMACIONAIS E MOBILIÁRIO URBANO INTEGRADOS INFORMATIONAL DESIGN SYSTEMS AND URBAN FURNITURE INTEGRATED Cardoso, Eduardo; Me; Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [email protected] Scherer, Fabiano de Vargas; Me; Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [email protected] Resumo O presente artigo apresenta a disciplina de Projeto Integrado I: Design de Sistemas Informacionais e Mobiliário Urbano dos Cursos de Graduação em Design Visual e Design de Produto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Neste trabalho expõem-se os objetivos da disciplina, metodologia e relações vivência acadêmica com o exercício prático de design, através do design gráfico ambiental e sua integração de áreas de conhecimento como projeto de sinalização, comunicação visual, mobiliário e elementos urbanos, assim como suas demandas técnicas, formais, conceituais, econômicas e sócio-culturais na busca por propostas de design global. Palavras Chave: Design, Projeto Integrado, Sinalização, Mobiliário Urbano. Abstract The present article presents the discipline of Integrated Project I: informational design systems and urban furniture of the degree course in Visual Design and Product Design of the Federal University of Rio Grande do Sul. This work sets out the objectives of the discipline, methodology and academic relations experience with the practice of design, through environmental graphic design with the integration of knowledge areas as signage, visual communication, furniture and urban elements, like their technical demands, formal, conceptual, economic and socio-cultural proposals in the search for global design. Keywords: design, integrated project, signage, urban furniture.

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1. Introdução

A disciplina de Projeto Integrado I visa alcançar propostas de design global, ao estabelecer uma sinergia entre a criação do objeto/produto, elementos de comunicação para a interatividade do usuário com o produto e a criação de peças para a comunicação de uso(s) e marketing. Prevê a resolução de problemas formais, funcionais, conceituais e metodológicos e sua adequação técnica, tecnológica, econômica e sócio-cultural para a elaboração de projetos, de forma integrada. Procura também desenvolver o pensamento crítico analítico através de reflexões teórico-críticas das soluções propostas alimentadas por seminários temáticos que visam enfatizar aspectos diretamente relacionados com a prática do profissional em design.

Ela está situada no 5º semestre da grade curricular dos cursos de Design da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e procura como o próprio nome já diz integrar Design Visual e Design de Produto. Com o propósito de situá-la na grade curricular faz-se a seguinte observação: antecedem a disciplina as cadeiras de Pratica Integrada de Criação I e II, que trabalham com os fundamentos de design; as disciplinas de Projeto Visual I e II e de Projeto de Produto I e II. Fundamenta e prepara para as disciplinas de Projeto Visual III e IV e Projeto de Produto III e IV, além de Projeto Integrado II, que novamente une os dois cursos trabalhando aspectos relativos ao design gráfico ambiental – ponto-de-venda e exposições/eventos.

Os projetos, tanto de sistemas informacionais quanto de mobiliário e elementos urbanos, devem produzir, através da criação de um design global, uma relação positiva do usuário com o meio contribuindo para ambos. A partir deste conceito, a disciplina de Projeto Integrado I foi desenvolvida e organizada para oferecer conhecimento teórico e prático através de seminários e visitas técnicas que forneçam aos alunos base para crítica e desenvolvimento de projetos amparados por metodologia e repertório técnico, formal e funcional sobre o assunto, enfatizando a prática profissional e as responsabilidades do designer. 1.2 Objetivos

A disciplina tem como objetivos: Capacitar o aluno para o projeto de design global, compreendendo o design ambiental e

o design de sistemas informacionais, em suas diversas escalas. Analisar o universo do mobiliário urbano e da comunicação visual urbana e suas

relações de percepção e usabilidade. Habilitar tecnicamente, formalmente, funcionalmente, conceitualmente e

metodologicamente, o aluno, para a realização de projetos de sinalização, mobiliário e elementos urbanos.

2. Conceitos Gerais

Segundo Bormio et al (2005), a necessidade de comunicação surge no momento que o homem passa a viver em sociedade, juntamente com o estabelecimento de regras e parâmetros que fizessem as pessoas se compreenderem. Para tanto, foram sendo criados e desenvolvidos métodos destinados a essa comunicação. Nesse contexto a percepção é de extrema importancia.

“A percepção é, portanto, o ponto de partida de toda atividade humana. É a percepção, por exemplo, que nos fornece toda informação necessária, para nossa

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orientação em um ambiente, sendo a visão o sistema de percepção mais desenvolvido. Por isso é importante conhecer os elementos do ambiente que podem causar os estímulos sensoriais – perceber e receber as informações – e provocar respostas à nível do corpo, traduzidas no comportamento.”

(ELY, apud MORAES, 2004) O design de sistemas informacionais, ou simplesmente, design de sinalização, pertence

ao grupo do chamado de design gráfico ambiental. Em sua definição, não cabe limitar o design gráfico ambiental em uma única área de conhecimento. Enveolve a intersecção entre design gráfico, design de produto, arquitetura, urbanismo e comunicação com o intuito de informar, orientar, identificar e ambientar.

“Encontrar o caminho não é um dom ou uma capacidade inata que qualquer um tem ou não tem. É uma condição para a própria vida. (...) Viver com nossas respectivas formas de navegar (wayfinding) é uma premissa básica para a nossa liberdade e a nossa autoconfiança. Sabendo onde estou, a minha localização, é condição prévia para saber onde eu tenho que ir, onde quer que seja.” (AICHER apud UEBELE, 2007, pág. 7)

Assim, segundo a ADG (2000), o design de sinalização procura otimizar, por vezes, até

viabilizar, a utilização e o funcionamento de espaços, sejam eles abertos ou construídos. Este tipo de projeto costuma ser implantado, dentre outros, em espaços abertos, como por exemplo em praças e parques e estacionamentos; Também em edificações com certo nível de complexidade como shopping centers, supermercados, escolas e universidades, terminais de transporte (aeroportos, rodoviárias, etc.), hospitais e clínicas, museus e espaços culturais, bancos, lojas, restaurantes, etc.; Ainda, em regulamentações ou eventos de grande abrangência como tráfego (de automóveis, de pedestres, etc.) e olimpíadas, copas do mundo (de futebol, de ginástica, de tênis, etc.), feiras mundiais (Word Fairs), etc.

Já o projeto de mobiliário urbano, segundo Mourthé (1998), sempre esteve presente em nossas cidades como complementação do espaço urbano e sejam eles de serviço, de lazer ou de comércio, são produtos de uso público que ajudam a compor o espaço. E dessa maneira, deve ser pensados de forma conjunta com os demais elementos, assim como a sinalização (SERRA, 1996). 2.1 Funções da sinalização

A sinalização não deve dar lugar a interpretações diferentes. Sua função é comunicar

uma mensagem pelo caminho direto, o mais efetivo. Desta maneira na comunicação gráfica a aplicação de signos e símbolos tornou-se de suma importância. Símbolos universalmente entendidos foram desenvolvidos para diversas finalidades, tais como por exemplo, as regulamentações de tráfego.

Neste contexto, as funções da sinalização podem ser classificadas em identificar, direcionar e advertir (Follis e Hammer, 1979). Porém Bastos (2004) salienta que além destas tres funções, a sinalização ainda trabalha com as questões de advertir, ambientar e particularizar a informação.

É importante também, quando trabalha-se com sinalização, ater-se ao significado atribuído, a mensagem transmitida e a atmosfera criada, ou seja, deve participar da construção da mensagem ambiental do espaço ou do prédio em que está inserido. Destaca-se que é sempre necessário manter diálogo com o espaço e/ou a arquitetura da edificação onde será implantado o projeto (esse diálogo pode ter vários sentidos, distinguir-se ou aproximar-se,

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ressaltar ou apagar, nunca ignorando). Coloca-se também que geralmente é um trabalho de parceria, um projeto de sinalização ocorre em um espaço já constituído, ou em vias de concretização, ou seja, o arquiteto já pensou na circulação e na distribuição da área - concepção do espaço, cabendo ao designer facilitar a orientação e a comunicação dentro dele. 2.2 Componentes de um sistema de sinalização

Um sistema de sinalização pode ser composto pelo conteúdo, pela forma e pelos materiais e as técnicas. O conteúdo representa a demanda, o problema e a solução com que o designer tem que trabalhar. A forma representa a maneira com que o conteúdo vai ser apresentado ao usuário. Ela pode ser representada através de tipos e figuras, além da cor. Os materiais e as técnicas são os meios de materializar o conteúdo e a forma (Figura 1).

O conteúdo consiste na informação propriamente dita. E ja que diferentes espaços e diferentes situações requerem diferentes elementos de sinalização, o conteúdo a ser apresentado pode ser classificado, segundo Gibson (2009), em: sistemas de identificação, sistemas direcionais, sistemas de orientação e sistemas regulatórios (Figura 2).

Já, segundo Bormio (2005), pode-se dividir a sinalização da seguinte maneira: - Sinalização Direcional: indicando espaços, escadas, saídas e outras dependências que

envolvam a segurança; - Sinalização Locacional: indica o exato local onde se encontra e sua função (ex.:

sanitátios, auditórios, etc); - Sinalização Informativa/de Conscientização: para dar mensagens de natureza geral,

não prescritas nos itens antes descritos (ex.: informações históricas, horário de funcionamento, categoria de vegetação, etc);

- Sinalização de Perigo/Emergência; - Sinalização de Restrição/Precaução/Instrução de Segurança; Ainda segundo o mesmo autor, um bom sistema de sinalização ainda deve possuir as

seguintes qualidades: 1. Máxima visibilidade; 2. Agir com oportunidade (máxima facilidade de interpretação); 3. Obedecer a uma padronização, isto é, familiarizar o trabalho com as indicações que

se pretende estabelecer (a padronização envolve: caracteres gráficos empregados, cores, dimensões, localização e disposição);

4. Não deve ser dispersiva (não haja acúmulo de sinais, não deve haver misturas de avisos);

5. Não deve ser agressiva, isto é, não criar outro risco.

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Figura 1: Padrão de Projeto desenvolvido na disciplina na área do Parque Farroupilha – Porto Alegre RS.

Fonte: Aluno Gustavo Bouyrie (2008).

Figura 2: Trabalho desenvolvido na disciplina na área do Parque Farroupilha – Porto Alegre RS.

Fonte: Aluna Carolina Poll (2008).

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A forma é então representada pelos tipos e pelas figuras, que ainda podem ser subdivididas, além de imagens, em pictogramas, grafismos e mapas.

A escolha do tipo ou da fonte, ou ainda da família tipográfica a ser usada, deve levar em consideração aspectos técnicos como a legibilidade e estéticos como a adequação ao ambiente e a mensagem ser passada. Neste ponto, é importante abordar os conceitos de legibilidade e facilidade de leitura, que não são a mesma coisa, como pode parecer em um primeiro momento, embora uma influencie a outra (JURY, 2007). Legibilidade diz respeito ao grau de nitidez que permite distinguir caracteres individuais uns dos outros ou ao tamanho e ao contraste destes em relação ao seu suporte. Facilidade de leitura diz respeito a composição e a diagramação desses caracteres.

Os pictogramas são extremamente úteis e devem ter alto poder de concisão e entendimento universal, embora possa e deva estar contextualizado ao ambiente (Figuras 3 e 4). Os pictogramas são representações pictóricas1 que apresentam fatos complexos não através de palavras ou sons, mas através de significados visuais (KAPITZKI in ABDULLAH, 2007). Devem ter uma interpretação aberta, clara e completa como um sistema. Os grafismos podem ser representados pelas setas, com função de direcionar, e por outros elementos usados com função de diagramar e ambientar a informação nos seus suportes. E, por sua vez, os mapas descrevem a organização de um espaço e as relações entre os elementos de um lugar e seus caminhos (podem ser divididos em categorias, cada uma com suas próprias necessidades: espaços urbanos, espaços públicos, espaços internos e complexos de comércio).

E no que diz respeito a cor, segundo Uebele (2007), ela entra no processo de projeto emprestando seu significado e simbolismo através da criação ou reforço de uma identidade e como elemento chave na localização e percepção da informação.

Figura 3: Pictogramas desenvolvidos na disciplina na área do Parque Germânia – Porto Alegre RS.

Fonte: Alunos Stefan Fernandes e Caroline Führ (2009).

Figura 4: Pictogramas desenvolvidos na disciplina na área do Parque Moinhos de Vento – Porto Alegre RS.

Fonte: Alunos Eric Pautz e Grazielle Portella (2009).

1 Diferentemente de iconograma que é uma ilustração representativa, com ênfase em pontos em comum entre significado e significante; do diagrama, que é uma representação funcional, mais que pictórica; e do ideograma, que é a representação de um conceito, independente de qualquer relação formal com o objeto representado.

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Os materiais podem ser abordados, de uma maneira geral, segundo a classificação de Gibson (2009): os básicos (metal, vidro, madeira e pedra, e todas as suas subclassificações), os sintéticos (plásticos flexíveis, plásticos duros e materiais compostos) e os sustentáveis (ocertificados e reciclados). E as técnicas, por sua vez, consistem no trabalho com os materiais e podem ser divididas em gráficas (gravação e impressão), de geração de formas (corte e fabricação), de montagem (fixação e sustentação) e de acabamento (Figura 5).

Figura 5: Detalhamento do Projeto de Sinalização e Mobiliário Urbano desenvolvido na disciplina na área

do Parque Farroupilha – Porto Alegre RS. Fonte: Aluno Gustavo Bouyrie (2008).

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3. Metodologia A disciplina é desenvolvida por meio de aulas teórico-práticas e assessoramentos durante todo o processo de pesquisa, lançamento, desenvolvimento e detalhamento das propostas, apresentações das mesmas e reflexões críticas das soluções encontradas.

As aulas teóricas estão embasadas na seguinte seqüência: Fundamentos do Design Gráfico Ambiental; Fundamentos da Percepção Visual; Introdução ao Design Ambiental: Signos, Símbolos e Sinais; Forma e Conteúdo;

Metodologia; Materiais e Técnicas; Estudos de Caso; Introdução a Acessibilidade e Desenho Universal.

Inicialmente trabalha-se os conceitos relativos a percepção visual ambiental, ou seja, as

formas de percepção, de captação, por parte do sujeito, das informações que importam para uma dada ação, e das maneiras com que o ser humano tem sua atenção tomada e os mecanismos da memória para internalização da informação. Coloca-se ainda questões relativas a ergonomia, a interação entre o usuário e o sistema integrado de sinalização e mobiliário, mais precisamente dentro dos campos da ergonomia cognitiva, que, segundo Gomes Filho (2003) e Guimarães (2004), estudam a atividade mental, da ergonomia visual, que corresponde aos conceitos fundamentais da visão, e da ergonomia informacional, que trata dos sistemas e de subsistemas visuais, de componentes e produtos de desenho gráficos. Esta etapa é finalizada por um trabalho aonde os alunos vão a campo, colocar em prática os conceitos apreendidos através do levantamento perceptivo de uma determinada parcela urbana. O levantamento consiste de duas etapas: uma em campo e outra em sala de aula, onde foram organizados os elementos percebidos, utilizando diversas linguagens, gráficas e verbais.

Na seqüência, trabalharam-se as questões teóricas relativas aos elementos que compõe o conteúdo de um sistema de sinalização. Depois, questões relativas a forma, tanto da estrutura, do suporte físico da informação, quanto da composição (layout) da informação no suporte; e o conteúdo, ou seja, o uso de cores, famílias tipográficas e figuras (pictogramas, símbolos, mapas, etc.).

A respeito da metodologia de projeto, retrabalham-se os passos já conhecidos, vistos em disciplina específica, com ênfase na criação e seleção de idéias.

E ainda têm-se as questões relativas a materiais e técnicas, com o contato físico com diferentes materiais, tais como madeiras, metais, vidros e acrílicos, adesivos e papéis; e com visitas a reconhecidas empresas, proporcionando o conhecimento in loco de diferentes técnicas de execução dos projetos, assim como o contato com o mercado da área de sinalização e mobiliário. E encerra através do estudo de casos, aonde são destacados exemplos de diferentes projetos enfatizando as particularidades no que se refere a implantação, composição e aplicação de materiais, assim como, nos tipos de projetos.

Já as aulas práticas de atelier estão organizadas na seguinte seqüência: Análise de um sistema de sinalização existente através de visita e registro fotográfico; Apresentação individual do trabalho acima citado e discussão em grupo; Projeto integrado de um sistema informacional e mobiliário, que é desdobrado em:

o Análise de projetos de mobiliário e sinalização – Análise de Similares; o Análise da área para projeto de mobiliário e sinalização (pesquisa histórica e

com usuários através de questionários elaborados em aula);

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o Lançamento do conceito e proposta de projeto de mobiliário e sinalização (família de sinalização e de elementos de mobiliário – Figura 6);

o Protótipos virtuais, simulações em fotos e protótipos físicos (Figura 7); o Projeto final de mobiliário e sinalização expressos através do manual de

projeto; o Detalhamento completo da proposta para devida exeqüibilidade, também

apresentado no manual de projeto; o Execução final e revisão do manual completo para orçamento e execução do

projeto.

Figura 6: Família dos elementos de sinalização desenvolvida na disciplina na área do Prédio da Escola de Engenharia Nova - UFRGS - RS. Fonte: Alunos Gabriel Altenhofen e Raquel Quintana Martins (2009).

Figura 7: Modelos virtuais dos elementos de sinalização desenvolvidos na disciplina na área do Prédio da Escola de Engenharia Nova - UFRGS - RS. Fonte: Alunos Gabriel Altenhofen e Raquel Quintana Martins

(2009).

Nesta etapa, os alunos inicialmente realizam um trabalho de levantamento de um sistema de sinalização e mobiliário. O trabalho consiste na descrição e análise de projetos de sistemas informacionais integrados, escolhidos pelos alunos segundo critérios dados pelos objetivos da disciplina, buscando ampliar o repertório do aluno sobre a variedade de sistemas

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informacionais e dos elementos que os constituem. Deve contemplar uma descrição segundo suas demandas, suas necessidades, as formas dos elementos de sinalização (com dimensões / escalas), seus conteúdos; os fluxos e visuais; elementos significativos e simbólicos; e outros aspectos julgados interessantes para o entendimento da proposta. Como resultado, espera-se o conhecimento e a compreensão dos projetos, seus elementos formadores e seu significado.

Na etapa final da disciplina os alunos desenvolvem o projeto de sinalização e elementos de mobiliário integrados, de acordo com a metodologia ilustrada na Figura 8 e descrita a seguir. Para tanto, normalmente, são selecionados três espaços diversificados, proporcionando diferentes vivencias: área aberta pública, área mista (aberta e fechada) pública ou privada e área fechada pública ou privada (edificação).

Coleta de dados

Tempo

Des

envo

lvim

ento

Detalhamento

Desenvolvi-mento do Projeto

Validação da Proposta

Concepção

Geração eSeleção de Alternativas

Figura 8: Metodologia para o desenvolvimento do projeto integrado de sinalização e mobiliário.

Mais especificamente, esta etapa consiste no levantamento destas três áreas, através de

uma pesquisa sobre o local escolhido revelando aspectos históricos, estéticos, simbólicos e funcionais que servirão na elaboração do projeto de sinalização. Esta etapa deve contemplar o levantamento de campo e dados dos usuários (pesquisa junto ao público alvo), o programa de necessidades e o estudo da legislação e das Normas Técnicas de Regulamentação (ABNT, Prefeitura Municipal, Corpo de Bombeiros, etc.). Consiste ainda na pesquisa de referenciais de projetos de sinalização e mobiliário urbano, tanto no que diz respeito à forma e composição quanto a materiais e técnicas. Ou seja, trata-se dos estudos de similares – cases, e revisão bibliográfica. E por fim, resulta na conceituação que será empregada no projeto de sinalização e mobiliário na etapa seguinte. Este conceito a ser adotado no projeto, trata-se:

Conceito da proposta - propriamente dito; Objetivos gerais e específicos; Justificativa – argumentação da proposta; No item sinalização: pesquisa e seleção de cores, materiais (substrato e aplicações

- impressões), tipografia, pictogramas (criação e/ou estilização famílias), grafismos e/ou imagens, setas, formas e tipos de elementos e formas de aplicação dos mesmos (placa, banner, toten, adesivo, etc.);

No item mobiliário: pesquisa e seleção de tipos de elementos (bancos, lixeiras, postes, etc.), formas, materiais e cores.

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Posteriormente os alunos passam ao desenvolvimento propriamente dito do projeto. Isto se dá em três etapas: na primeira deverão ser mostrados o conceito da proposta, a apresentação da família de sinalização e mobiliário e locação em planta-baixa dos elementos; Na segunda, a apresentação do sistema, sinalização e comunicação visual (Figura 9), mobiliário e elementos externos, da planilha gráfica (figura 10), e da aplicação do sistema e validação da proposta através da simulação em foto ou modelo digital; Na terceira, o detalhamento de no mínimo um tipo de cada elemento do sistema com suas especificações técnico-construtivas, materiais, dimensões e modelo digital 3D e a confecção, através do manual de sinalização (Figura 11) e de um mock-up ou protótipo (Figura 12).

Figura 9: Família dos elementos de sinalização desenvolvida na disciplina para o Memorial do Rio Grande do

Sul – Porto Alegre RS. Fonte: Aluno Miguel Martins (2009).

Figura 10: Modelo de planilha Gráfica (parcial) para Estação Rodoviária Municipal - Porto Alegre RS. Fonte: Alunos Guilherme Haupenthal e Marilia Klein (2009).

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Figura 11: Manual de Sinalização para o Prédio Novo da Escola de Engenharia – UFRGS desenvolvido pelos

alunos Moises Hansen e Bruna Schuch (2009).

Figura 12: Protótipos em escala reduzida dos elementos de sinalização desenvolvidos na disciplina nas áreas do Parque Moinhos de Vento, Orla do Guaíba e Rodoviária Municipal de Porto Alegre, desenvolvidos

respectivamente pelos alunos Marcela Fonseca e Antônio Cobaleda (2009), Aline Bon Chiossi e Camila Rokembach (2010), Maria Carolina Lima e Vanessa L. Drehmer (2009).

3.1 Critérios de Avaliação A metodologia de avaliação da disciplina está baseada em assessoramentos regulares e etapas intermediárias de apresentação dos trabalhos em desenvolvimento, o que possibilita uma avaliação em processo contínuo e sistemático, em que será considerado, além do desempenho dos alunos na realização das atividades programadas, do atendimento aos condicionantes e às metas específicas a serem atingidas e qualidade das propostas apresentadas. A avaliação também leva em conta o interesse, a participação e a assiduidade dos alunos.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema sinalização é muito abrangente, e torna-se ainda mais complexo quando pensado em conjunto com o mobiliário. Neste contexto destaca-se a importância da atividade conjunta dos cursos de Design de Produto e Design Visual da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Pode-se dizer que um adequado sistema de sinalização é indispensável quer seja para orientar, organizar e/ou facilitar o uso de um ambiente quanto para prevenir maiores transtornos e acidentes. A configuração adequada do sistema atua positivamente na percepção humana, de forma a atingir resultados com alto grau de satisfação por parte do usuário. Da mesma forma, a integração com o projeto de mobiliário apresenta-se oportuno e desejável para que a ambiência do espaço seja completa.

Destaca-se ainda, conforme os trabalhos apresentados, a qualidade técnica, formal e funcional dos resultados alcançados ao longo do desenvolvimento dos projetos. Além da diversidade de soluções encontradas, como o exemplo dos dois sistemas de pictogramas apresentados (Figuras 3 e 4), onde para uma mesma função (parques) são propostas duas linguagens gráficas completamente distintas. A primeira delas mais funcional e a segunda mais conceitual, conforme as diretrizes do respectivo projeto. Como resultado final dos trabalhos desenvolvidos na disciplina, tem-se o pleno entendimento por parte dos alunos da necessidade da integração entre as diversas áreas de conhecimento em design. Também, da importância da criação de conhecimento teórico-prático e repertório para o desenvolvimento e crítica de projetos de sistemas informacionais e elementos de mobiliário, sua abrangência e inter-relação.

Os resultados tem-se mostrado bastante positivos tanto em âmbito acadêmico – onde alguns trabalhos estão recebendo reconhecimento como, por exemplo, o do Parque Farroupilha em Porto Alegre - RS da aluna Carolina Poll (Figura 2), premiado na categoria estudante sinalização no 2° Premio Bornancini promovido pela APDesign/RS; quanto no âmbito profissional – onde alguns trabalhos estão sendo aprofundados para implantação, com acompanhamento de um profissional, como, por exemplo, o do Prédio Novo da Escola de Engenharia /UFRGS dos alunos Gabriel Altenhofen e Raquel Quintana Martins (Figura 6 e 7). 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDULLAH, Rayan; HUBNER, Roger. Pictograms, Icons & Signs. London: Thames & Hudson, 2007. ADG ASSOCIAÇÃO DOS DESIGNERS GRÁFICOS (Brasil). ABC da ADG: glossário de termos e verbetes utilizados em design gráfico. São Paulo: ADG, 2000. BASTOS, Roberto Severo. Sinalização: a Comunicação Visual a serviço da identidade e dos ambientes. In: MAGALHÃES, Eliane [et al.] (orgs.). Pensando Design. Porto Alegre: UniRitter Ed., 2004. BORMIO, M.F., PLÁCIDO, J.C.S., PACCOLA, S.A.O. O papel da ergonomia da informação (sinalização) no ambiente de trabalho. São Paulo. In: XIII SIMPEP, 2005. FOLLIS, John; HAMMER, Dave. Architectural Signing and Graphics. New York: Whitney Library of Design, 1979. GIBSON, David. The Wayfing Handbook. New York: Princeton Architectural Press, 2009. GOMES FILHO, João. Ergonomia do Objeto – Sistema Técnico de Leitura Ergonômica. São Paulo; Escrituras, 2003.

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GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo (ed.). Ergonomia Cognitiva. Porto Alegre: FEENG/UFRGS, 2004 MORAES, A. Ergodesign do Ambiente construído e Habitado: Ambientes Urbano, Ambiente Público, Ambiente Laboral. Rio de Janeiro: Ed. iUsEr, 2004. MOURTHÉ, Claudia. Mobiliário Urbano. Rio de Janeiro: 2AB, 1998. SERRA, Josep M. Elementos Urbanos – mobiliário y microarquitectura. Barcelona: Gustavo Gili, 1996. UEBELE, Andreas. Signage System & Information Graphics. London: Thames & Hudson, 2007.