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DIREITO PENAL 1 DIREITO PENAL PONTO 1: Crimes contra o Sistema Financeiro PONTO 2: Competência PONTO 3: Instituição Financeira PONTO 4: Gestão fraudulenta PONTO 5: Gestão Temerária PONTO 6: Apropriação PONTO 7: Contabilidade Paralela PONTO 8: Obtenção fraudulenta de financiamento PONTO 9: Evasão de Divisas PONTO 10: Prisão Preventiva 1. Crimes contra o Sistema Financeiro: O sistema financeiro baseia-se em duas premissas: I – Necessidade de instituições que nutram o mercado com o capital necessário ao desenvolvimento; II – Imprescindibilidade de instituições que guardem o capital fruto daquele; Isto é, o sistema financeiro baseia-se na: CONFIANÇA. Afigura-se evidente, portanto, que a ocorrência de fraudes geram uma insegurança, a qual em nada colabora com o desenvolvimento do país. A Constituição Federal, ao falar em Sistema Financeiro, ressalta a sua importância para o desenvolvimento. Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003). 2. Competência: Constituição Federal Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

DIREITO PENAL 1. Crimes contra o Sistema Financeiroaulas.verbojuridico3.com/R2012/Penal_Wolff_19KA_Sistema_Financeiro... · DIREITO PENAL 3 3.Instituição Financeira: Art. 1º Considera-se

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DIREITO PENAL

1

DIREITO PENAL

PONTO 1: Crimes contra o Sistema Financeiro PONTO 2: Competência PONTO 3: Instituição Financeira PONTO 4: Gestão fraudulenta PONTO 5: Gestão Temerária PONTO 6: Apropriação PONTO 7: Contabilidade Paralela PONTO 8: Obtenção fraudulenta de financiamento PONTO 9: Evasão de Divisas PONTO 10: Prisão Preventiva

1. Crimes contra o Sistema Financeiro:

O sistema financeiro baseia-se em duas premissas:

I – Necessidade de instituições que nutram o mercado com o capital necessário ao

desenvolvimento;

II – Imprescindibilidade de instituições que guardem o capital fruto daquele;

Isto é, o sistema financeiro baseia-se na: CONFIANÇA.

Afigura-se evidente, portanto, que a ocorrência de fraudes geram uma insegurança, a

qual em nada colabora com o desenvolvimento do país.

A Constituição Federal, ao falar em Sistema Financeiro, ressalta a sua importância para

o desenvolvimento.

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento

equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o

compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que

disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003).

2. Competência:

► Constituição Federal

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

DIREITO PENAL

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(...) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,

contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público

Federal, perante a Justiça Federal.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado

pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de

Valores Mobiliários - CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita

à disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela

hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA

CRIMINAL. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DE CRIMES CONTRA O

SISTEMA FINANCEIRO. INCISO VI DO ART. 109 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

firmou-se no sentido de que a competência para o julgamento dos crimes tipificados na Lei

7.492/1986 é da Justiça Federal. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido. (RE 592264

AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 24/08/2010, DJe-190

DIVULG 07-10-2010 PUBLIC 08-10-2010 EMENT VOL-02418-07 PP-01558)

► Especialização de Varas Federais

PENAL E PROCESSO PENAL. RESOLUÇÃO Nº 20/2003 DO TRF/4ª REGIÃO.

LEGALIDADE. INTENMPESTIVIDADE DO RECURSO DA ACUSAÇÃO.

NECESSIDADE DE RATIFICAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. ARTIGOS 4º DA LEI

Nº 7.492/86. SUJEITO ATIVO. TERCEIRO ESTRANHO À ADMINISTRAÇÃO DA

INSTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DO

ARTIGO 171 DO CÓDIGO PENAL. GESTÃO FRAUDULENTA E ESTELIONATO.

MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PRESCRIÇÃO. 1. A Resolução n.º

20/2003 do TRF da 4ª Região, que criou as varas especializadas para crimes contra o sistema

financeiro e lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores, foi autorizada

legalmente, nos termos do art. 3º da Lei n.º 9.664/98. Precedentes do STJ e STF. (…) (TRF4,

ACR 0046483- 77.2003.404.7100, Sétima Turma, Relator Néfi Cordeiro, D.E. 22/09/2011)

DIREITO PENAL

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3.Instituição Financeira:

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito

público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente

ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de

terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,

negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.

Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:

I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou

qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;

II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de

forma eventual.

● O conceito do artigo é para fins desta lei penal;

● O conceito é distinto daquele previsto na Lei 4.695/64, que fala em recursos próprios.

● A menção a recursos próprios foi vetada.

● O conceito de valores mobiliários está na Lei 6.385/76, no seu art. 2º.

● Exemplos: ações, debêntures e bônus de subscrição

● É no inciso II que se insere o “doleiro”, como bem salienta Baltazar (2010, p. 330).

(...) 1. Na corretagem de seguros, além da intermediação da relação entre as seguradoras e os

segurados, é contemplada a captação dos recursos financeiros envolvidos na atividade

securitária, o que dá azo à incidência da norma prevista no art. 1ª, parágrafo único, inc. I, da

Lei nº 7.492/86. (...). (TRF4, ENUL 2001.70.00.013395-0, Quarta Seção, Relator Néfi

Cordeiro, D.E. 03/02/2010)

(…) 13. Os fundos de pensão, como é o exemplo da PREVI, podem ser considerados

instituições financeiras por equiparação, por exercerem atividades de captação e administração

de recursos de terceiros, conforme previsão contida no art. 1°, parágrafo único, I, da Lei n°

7.492/86. Deve-se focar na espécie de atividade realizada pelo fundo de pensão, daí a

equiparação que é apresentada na própria lei. 14. Habeas corpus denegado. (HC 95515,

Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 30/09/2008, DJe-202

DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008 EMENT VOL-02338-04 PP-00758)

DIREITO PENAL

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► Autoria

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores

de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).

§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o

liqüidante ou o síndico.

§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou

partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a

trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 9.080, de

19.7.1995)

Segundo Baltazar (2010, p. 334- 377), este artigo:

● Não quer dizer que todos os crimes serão próprios;

●Tampouco que a responsabilidade penal aqui é objetiva.

4. Gestão Fraudulenta:

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

► Abertura do tipo? Inconstitucionalidade?

(...) 3. Inexiste vício de validade perante a Carta Federal do art. 4º da Lei nº 7.492/86,

porquanto tanto a "gestão fraudulenta" como a "gestão temerária" não causam divergências

quanto ao seu entendimento, nem são questionadas perante os princípios da legalidade e da

segurança jurídica. (...) (TRF4, ACR 2003.71.00.077682-2, Sétima Turma, Relator Tadaaqui

Hirose, D.E. 03/03/2010)

► Posicionamento:

● A "suposta abertura" será suprida pela descrição da fraude na denúncia, bem como pela

fundamentação do juiz na sentença;

●O termo "suposta abertura" justifica-se pelo fato de que o conceito de fraude não é assim tão

amplo, encontrado se presente no senso comum.

DIREITO PENAL

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● Contudo, talvez fosse melhor a lei descrever o que é fraude....

► Bem Jurídico Protegido:

● Sistema financeiro E

● A própria instituição financeira (crime de perigo)

Exige-se que o administrador cuide da higidez financeira da instituição financeira que, por sua

vez, se encontra inserida no Sistema Financeiro Nacional, daí a preocupação em coibir e

proibir a gestão fraudulenta, pois do contrário há sério risco de funcionamento de todo o

sistema financeiro. Assim, o bem jurídico protegido pela norma contida no art. 4º, da Lei n

7.492/86, é também a saúde financeira da instituição financeira. A repercussão da ruína de

uma instituição financeira, de maneira negativa em relação à s outras instituições,

caracteriza o crime de perigo. (...) (HC 95515, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda

Turma, julgado em 30/09/2008, DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24- 10-2008

EMENT VOL-02338-04 PP-00758)

► Crime próprio ou de mão própria - dois posicionamentos:

● Crime próprio (admite participação).

● Crime de mão própria (não admite participação). Há precedente do STF no sentido de que

seria crime de mão própria.

(…) CRIME FINANCEIRO - GESTÃO FRAUDULENTA - LEI Nº 7.492/86 - RELAÇÃO

PENAL SUBJETIVA - TERCEIRO ESTRANHO AO ESTABELECIMENTO

BANCÁRIO. A interpretação sistemática da Lei nº 7.492/86 afasta a possibilidade de haver

gestão fraudulenta por terceiro estranho à administração do estabelecimento bancário. (HC

93553, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2009, DJe-

167 DIVULG 03-09-2009 PUBLIC 04-09-2009 EMENT VOL-02372-02 PP-00422 LEXSTF

v. 31, n. 369, 2009, p. 400-414)

(...) 1. O crime do art. 4º, caput da Lei nº 7.492/1986 (gestão fraudulenta) é de mão própria e,

pois, somente pode ser cometido por quem tenha poder de direção, conforme, aliás, rol

expressamente previsto no art. 25. (...) (HC 101.381/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA

DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 13/10/2011)

DIREITO PENAL

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(…) 6. Comprovada a prática pelos réus de diversas irregularidades na condução da instituição

financeira, consubstanciadas, essencialmente, pelo desvio de créditos em proveito próprio e de

terceiros e pelas ilegais operações bancárias, deve ser mantida a condenação pela prática do

delito do artigo 4º, caput, da Lei nº 7.492/86. 7. Somente podem responder pelo delito de

gestão fraudulenta o controlador e os efetivos administradores da instituição financeira,

devendo os eventuais coautores responder pelos crimes conexos, se for o caso. Precedente do

STF. (...) (TRF4, ACR 2001.70.11.003397-3, Sétima Turma, Relator Néfi Cordeiro, D.E.

15/09/2011).

Mas também há em outro sentido:

(...) As condições de caráter pessoal, quando elementares do crime, comunicam-se aos co-

autores e partícipes do crime. Artigo 30 do Código Penal. Precedentes. Irrelevância do fato de

o paciente não ser gestor da instituição financeira envolvida. (…) (HC 89364, Relator(a): Min.

JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 23/10/2007, DJe-070 DIVULG 17-04-

2008 PUBLIC 18-04-2008 EMENT VOL-02315-03 PP-00674)

(…) 2. No esteio da jurisprudência desta Corte, amparada em precedentes do Supremo

Tribunal Federal, a conduta tipificada como gestão fraudulenta ou temerária admite a

participação, porquanto o artigo 30 do Código Penal autoriza a comunicabilidade das

circunstâncias de caráter pessoal quando elementares do tipo, sendo irrelevante, na hipótese

dos autos, o acusado não ostentar a condição de gestor da instituição financeira. (…) (TRF4,

ACR 2003.70.00.080872-9, Oitava Turma, Relator Artur César de Souza, D.E. 11/01/2011)

► Instituição Clandestina

Há quem entenda que o art. 4º dirige-se às instituições regulares.

(…) Nesse pé, o tipo do crime de “gestão fraudulenta de instituição financeira”, representando

o ato pelo qual o gestor, o diretor, o administrador da empresa atua contra os interesses do

patrimônio dos investidores e clientes, bem assim, contra o próprio sistema financeiro,

pressupõe a existência de empresa ou pessoa habilitada a atuar de forma legal, não se

aplicando, por certo, aos agentes clandestinos, pois estes estão compreendidos no tipo do art.

16 da Lei 7492/86. (...) (REsp 897.656/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS

MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2008, DJe 19/12/2008)

DIREITO PENAL

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(…) 1. Cuidando-se de instituição financeira operada sem autorização da autoridade

competente para a realização de operações de câmbio – conduta recriminada no artigo 16 da

LCSFN -, revela-se descabida a persecução criminal pelo delito do artigo 4º, caput, da Lei

7.492/86, que pressupõe a gestão de uma instituição financeira regular. Precedente da Oitava

Turma e do STJ. (…) (TRF4, ACR 5014287-31.2010.404.7000, Oitava Turma, Relator p/

Acórdão Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 16/02/2011)

Em que pese o posicionamento retro, recente posicionamento do STF sustenta a

possibilidade de prática do delito previsto no art. 4º por instituição clandestina, hipótese em

que haveria concurso formal com o referido art. 16.

O STF recentemente decidiu que os artigos 4º e 16 da Lei dos Crimes contra o Sistema

Financeiro "não se mostram incompatíveis quando imputáveis ao mesmo acusado", pois o

primeiro se preocupa com a "qualidade de gestão da instituição", ao passo que o segundo visa

"coibir atividade não autorizada". Portanto, os artigos podem ser praticados em concurso

formal. A gestão fraudulenta poderá ser praticada em instituição irregular, sob pena de se

privilegiar aquele que atua irregularmente (o STF cita obra do Baltazar, no ponto).

Eis o precedente:

HC 93368, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 09/08/2011, DJe-163

DIVULG 24-08-2011 PUBLIC 25-08-2011 EMENT VOL-02573-01 PP-00030.

► Gerente de Agência:

(...) 6. É sujeito ativo do delito de gestão fraudulenta (art. 4º da Lei nº 7.492/86) o gerente de

agência bancária que, no exercício de sua atividade, lesiona a saúde da instituição financeira e,

conseqüentemente, do sistema financeiro, não se exigindo qualquer participação na

administração superior da entidade, conforme entendimento da Quarta Seção desta Corte.

(TRF4, ACR 2001.70.01.011139-1, Sétima Turma, Relator Tadaaqui Hirose, D.E. 20/01/2010)

(...) 4. Esta Corte Superior de Justiça reconheceu a possibilidade de o gerente de uma agência

bancária ser sujeito ativo do crime do art. 4.º da Lei n.º 7.492/86, que se trata de crime

próprio, quando o Acusado tiver poderes reais de gestão. 5. No caso, o Tribunal a quo

entendeu comprovado que o Agravante, na qualidade de gerente-geral, concedia empréstimos

DIREITO PENAL

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mediante meios fraudulentos. Foi constatado que "geralmente as autorizações eram de

competência de um comitê, porém o denunciado Henrique acabou por destituir o comitê ali

na agência Cambé, assumindo para si a responsabilidade das operações, a tal ponto que

nenhuma das operações foi efetivada senão através de sua e somente sua autorização". (...)

(AgRg no REsp 1104007/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em

19/05/2011, DJe 07/06/2011)

(...) O descumprimento de normas internas da agência bancária, relativas à empréstimos e

financiamentos, não legitima a acusação de gerente pelo delito de gestão fraudulenta se os atos

não chegaram a compreender o núcleo contido no verbo "gerir", pelo qual se tem real

comprometimento da administração da instituição. (...) (REsp 897.864/PR, Rel. Ministra

MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe

29/11/2010)

● Doloso.

● Crime formal.

● De perigo, não exigindo a existência de dano concreto à instituição ou ao sistema financeiro.

● Imprescinde do uso de meio fraudulento (HC 95515, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE,

Segunda Turma, julgado em 30/09/2008, DJe-202 DIVULG 23-10- 2008 PUBLIC 24-10-

2008 EMENT VOL-02338-04 PP- 00758)

(…) 3. Inviabilidade de condenação por gestão fraudulenta e participação na evasão de divisas

pelos gerentes de banco denunciados, pois o órgão acusatório simplesmente presumiu que tais

aberturas de contas foram fraudulentas tão somente em razão da ausência de monitoramento

das elevadas quantias movimentadas pelos correntistas, deixando de indicar, inclusive, o

elemento essencial ao crime do artigo 4º da Lei nº 7.492/86, isto é, o emprego de

algum ardil ou até mesmo um conluio entre os gerentes, os aludidos laranjas e os

depositantes que justificasse alguma facilitação na abertura das contas utilizadas para

a prática do crime de evasão de divisas. (...) (TRF4, ACR 0039529-24.2003.404.7000,

Oitava Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 28/07/2011)

Para o STF, trata-se de crime acidentalmente habitual.

DIREITO PENAL

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(...) É possível que um único ato tenha relevância para consubstanciar o crime de gestão

fraudulenta de instituição financeira, embora sua reiteração não configure pluralidade de

delitos. Crime acidentalmente habitual. 4. Ordem denegada. (HC 89364, Relator(a): Min.

JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 23/10/2007, DJe-070 DIVULG 17-04-

2008 PUBLIC 18-04-2008 EMENT VOL-02315-03 PP-00674)

(...) 4. Esta Corte já decidiu que o crime de gestão fraudulenta, consoante a doutrina, pode ser

visto como crime habitual impróprio, em que uma só ação tem relevância para configurar o

tipo, ainda que a sua reiteração não configure pluralidade de crimes (HC 39.908/PR,

Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 03.04.2006).

(…) (HC 110.767/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA

TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 03/05/2010)

Em sentido contrário:

(...) 1. O crime do art. 4º, caput da Lei nº 7.492/1986 (gestão fraudulenta) é de mão própria e,

pois, somente pode ser cometido por quem tenha poder de direção, conforme, aliás, rol

expressamente previsto no art. 25. 2. Além disso exige para a sua consumação a

existência de habitualidade, ou seja, de uma sequência de atos, na direção da

instituição financeira, perpetrados com dolo, visando a obtenção de vantagem

indevida em prejuízo da pessoa jurídica. 3. A descrição de um só ato, isolado no tempo,

não legitima denúncia pelo delito de gestão fraudulenta, como ocorre na espécie, onde o ora

paciente está imbricado como mero partícipe, estranho aos quadros da instituição financeira,

por ter efetivado uma operação na bolsa de valores, em mesa de corretora. (...) (HC

101.381/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,

julgado em 27/09/2011, DJe 13/10/2011)

Seja qual for o entendimento, é incompatível com continuidade delitiva.

(...) O crime do art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86 exige habitualidade o que é incompatível com

a continuidade delitiva. (…) (TRF4, ACR 2000.70.07.001248-0, Oitava Turma, Relatora p/

acórdão Maria de Fátima Freitas Labarrère, D.E. 16/09/2009)

► Casuística:

Caso Mensalão

DIREITO PENAL

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(...) Verificada nos autos a presença de indícios de que os Dirigentes da Instituição Financeira

contrataram, com um Partido Político e com empresas pertencentes a grupo empresarial cujos

dirigentes são suspeitos da prática de crimes contra a administração pública, vultosas

operações de crédito, de nível de risco elevado, e por meio de diversos artifícios tentaram

camuflar o risco de tais operações e ludibriar as autoridades incumbidas de fiscalizar o setor,

subtraindo-lhes informações que as conduziriam à descoberta da prática de atividades ilícitas

(lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública, formação de quadrilha). (...) (Inq

2245, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 28/08/2007, DJe-

139 DIVULG 08-11-2007 PUBLIC 09-11- 2007 DJ 09-11-2007 PP-00038 EMENT VOL-

02298-01 PP-00001 RTJ VOL-00203-02 PP-00473)

► Absorção por outro delito

PENAL E PROCESSO PENAL. PRELIMINARES DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA

DO JUÍZO E DE CERCEAMENTO DE DEFESA REJEITADAS. PRINCÍPIO DA

INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL. INAPLICABILIDADE. ENQUADRAMENTO

TÍPICO. ARTIGO 4º, "CAPUT" E ARTIGO 22, PARÁGRAFO ÚNICO. PRINCÍPIO DA

CONSUNÇÃO. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. VIOLAÇÃO. EVASÃO DE DIVISAS

E LAVAGEM DE DINHEIRO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.

REDUÇÃO DAS PENAS. (…) 6. Esgotada a potencialidade lesiva dos fraudulentos

documentos e escrita contábil na remessa e manutenção de valores no estrangeiro, é de ser

reconhecida a absorção dos delitos de gestão fraudulenta (art. 4º da Lei nº 7.492/86) pelo

delito de realização de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492 /86). (...)

(TRF4, ACR 2005.70.00.034203-8, Sétima Turma, Relator p/ Acórdão Tadaaqui Hirose, D.E.

04/06/2010)

► Concurso formal:

(...) 3. É possível a configuração do delito de gestão fraudulenta em concurso formal com

delito distinto perpetrado mediante fraude. (...) (AgRg no REsp 510.779/MT, Rel. Ministro

CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA,

julgado em 23/02/2010, DJe 15/03/2010)

5. Gestão Temerária:

Parágrafo único. Se a gestão é temerária:

DIREITO PENAL

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Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Gestão temerária, para o Min. Sepúlveda Pertence, seria, “em bom vernáculo, gestão

arriscada”. (HC 90156, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em

13/03/2007, DJe-023 DIVULG 24-05-2007 PUBLIC 25-05-2007 DJ 25-05-2007 PP-00077

EMENT VOL- 02277-01 PP-00165)

(...) 7. Para a tipificação do delito de gestão temerária exige-se um fim do agente de gerar uma

situação global de perigo, evidenciada através de uma conduta abusiva, que ultrapassa os

limites da prudência, sendo certo que o veto presidencial ao artigo 24 da Lei dos Crimes

Contra o Sistema Financeiro Nacional, segundo interpretação do Pretório Excelso, não

representou o afastamento da forma culposa, apenas fulminou a mitigação da pena nele

prevista. (…) (TRF4, ACR 2003.70.00.080872-9, Oitava Turma, Relator Artur César de Souza,

D.E. 11/01/2011)

► Constitucionalidade:

(...) 1. Embora seja verdade que o delito previsto no parágrafo único do artigo 4º da Lei

7.492/86 padece de certa imprecisão, isso não significa que uma técnica tal seja

inconstitucional por ofensa ao paradigma da reserva legal, já que a utilização de elementos

normativos cuja complementação é mister do intérprete não traduz inconstitucionalidade,

tratando-se de técnica amplamente empregada pelo legislador, que não tem condições de

prever, em abstrato, toda e qualquer situação em que a conduta que tenciona incriminar

incorreria, relegando, pois, à criteriosa análise judicial, no caso concreto, a ponderação -

motivada, por óbvio - acerca de se enquadrar ou não ao modelo legal a ação submetida ao

crivo do judiciário. (...)

(...) 2. Se por um lado é viável afirmar que a previsão legal do delito de gestão temerária confira

maior margem interpretativa do que outros modelos de incriminação, não menos correto é,

por outro, que a existência de uma conjuntura nesses termos não traduz necessária ofensa aos

ditames magnos do ordenamento jurídico pátrio, na medida em que (i) no caso de gestão

temerária existem, sim, condutas que manifestamente podem ser assim tachadas – donde

evidenciado conteúdo mínimo a todos aferível de plano -, e (ii) eventuais celeumas quanto a

isso (notadamente dúvida quanto à efetiva subsunção do fato à norma) resolvem-se por outras

vias (atipicidade por força do in dubio pro reo ou mesmo erro de proibição), que não o puro e

DIREITO PENAL

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simples entendimento de que a norma contraria a Constituição, tal como levado a efeito na

sentença ora sob reexame. (…) (TRF4, ACR 2003.70.00.078676-0, Sétima Turma, Relator

Sebastião Ogê Muniz, D.E. 17/03/2011)

● Há jurisprudência afirmando ser crime próprio, bem como afirmando ser crime de mão

própria

(…) 2. Terceiros estranhos ao estabelecimento bancário não respondem pelo delito de gestão

temerária, devendo os eventuais coautores responder pelos crimes conexos, se for o caso.

Precedente do STF. (...) (TRF4, ACR 2000.70.00.023861-4, Sétima Turma, Relator Tadaaqui

Hirose, D.E. 03/03/2011)

A gestão temerária, como crime próprio, apenas poderá ser imputada a sujeito que não detém

as qualidades exigidas pelo tipo (gerência, administração, direção) se em associação com

outrem que as detenha. Sobre o auditor independente externo só podem recair as penas do

delito em questão se proceder em conluio com gestor da instituição financeira, fato não

apresentado, sequer em tese, pela acusação. (...) (HC 125.853/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO

NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 02/02/2010, DJe 01/03/2010)

(...) 4. O fato de não figurarem os pacientes entre os profissionais elencados no artigo 25 da

Lei 7.492/86, de modo algum afasta a necessidade de apurar sua participação em gestão

fraudulenta ou temerária de instituição financeira, pois há indícios de que podem ter

colaborado com gerentes de agências bancárias em tais práticas, o que tornaria aplicável, em

tese, os artigos 29 e 30 do CP, este último autorizador da comunicabilidade das circunstâncias

de caráter pessoal, quando elementares ao tipo. (...) (HC 200604000131716, ÉLCIO

PINHEIRO DE CASTRO, TRF4 - OITAVA TURMA, DJ 21/06/2006 PÁGINA: 453.

● Habitual

HC 87987, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em

09/05/2006, DJ 23-06-2006 PP-00054 EMENT VOL-02238-02 PP-00232 RTJ VOL-00202-

01 PP-00220 RB v. 18, n. 514, 2006, p. 32-33 RT v. 95, n. 852, 2006, p. 496-498

(...) 1. Embora exista controvérsia, com entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em

sentido contrário, a tese mais plausível é de que o crime do art. 4º, parágrafo único da Lei nº

7.492/1986 (gestão temerária) exige para a sua consumação a existência de habitualidade, ou

DIREITO PENAL

13

seja, de uma sequência de atos, na direção da instituição financeira, perpetrados com

desmedido arrojo. (…) (HC 97.357/GO, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS

MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 28/09/2010, DJe 18/10/2010)

(...) 3. É elementar do delito de gestão temerária a habitualidade, que se configura mediante um

conjuntos de atos praticados, em um razoável período de tempo, sendo insuficiente a análise

de atos isolados. Precedentes desta Turma. 4. Considerando a natureza permanente da gestão

temerária, onde se exige a habitualidade, a qual é incompatível com a continuidade delitiva,

conforme já decidiu esta Corte em julgados semelhantes, mostra-se desproporcional a

imposição de outra sanção ao réu que já foi condenado pelo crime de gestão temerária por

fatos praticados dentro do mesmo período. (...) (TRF4, ACR 2000.70.00.023861-4, Sétima

Turma, Relator Tadaaqui Hirose, D.E. 03/03/2011)

● Mera conduta

(HC 87440, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 08/08/2006, DJ

02-03-2007 PP-00038 EMENT VOL-02266-03 PP-00583 RT v. 96, n. 862, 2007, p. 506-510)

● Para Baltazar (2010, p. 356), haveria entendimento majoritário no sentido que este tipo é

doloso.

● Há precedente do STF em contrário.

DENÚNCIA - GESTÃO TEMERÁRIA - LEI Nº 7.492/86 - ELEMENTO SUBJETIVO

DO TIPO - ARTIGO 24 - VETO - ALCANCE. Atendendo a denúncia ao disposto no artigo

41 do Código de Processo Penal, ficando viabilizada a defesa, descabe glosá-la como inepta,

sendo que o veto ao artigo 24 da Lei nº 7.492/86 não implicou o afastamento da forma

culposa, apenas fulminou a mitigação da pena nele prevista. (HC 90156, Relator(a): Min.

MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 13/03/2007, DJe-023 DIVULG 24-05-

2007 PUBLIC 25-05-2007 DJ 25-05-2007 PP-00077 EMENT VOL- 02277-01 PP-00165)

Não me parece, contudo, que este precedente reflita o entendimento do STF,

porquanto simplesmente optou-se por não trancar a ação penal, não havendo consenso sobre

o elemento subjetivo, apesar do voto do relator, Min. Marco Aurélio.

DIREITO PENAL

14

Veja-se, neste sentido, o voto do Min. Sepúlveda:

Para o TRF4, é dolo eventual (…) 7. O dolo exigido pelo tipo previsto no artigo 4º,

parágrafo único, da Lei 7.492/86 é o eventual, configurando-se, portanto, quando o agente, de

forma impetuosa, administra a instituição, aumentando, consideravelmente, os riscos da

atividade e de eventuais prejuízos daí decorrentes, sendo irrelevante que o agente queira ou

não o resultado negativo, já que configurada a conduta delituosa com a mera aceitação quanto

a tal possibilidade. (…) (TRF4, ACR 2003.70.00.078676-0, Sétima Turma, Relator Sebastião

Ogê Muniz, D.E. 17/03/2011)

(...) O comportamento assaz arriscado - desvio de finalidade do dinheiro dos consorciados e

contemplação de consorciados ligados à administradora antes dos demais integrantes do grupo

- à frente da gestão de administradora de consórcios caracteriza-se mais como gestão

temerária, ainda mais quando os administradores recorreram à participação de pessoas

próximas ao grupo para suprimir os problemas de liquidez ocasionados pela inadimplência dos

consorciados, que eram admitidos neste programa de poupança coletiva e popular sem a

devida análise das condições sócio-econômicas. (...) (TRF4, ACR 2004.71.00.019743-7, Oitava

Turma, Relator p/ Acórdão Nivaldo Brunoni, D.E. 24/02/2010)

(...) 3. Ao contrário da gestão fraudulenta, na gestão temerária o agente atua abertamente, sem

a prudência devida, ou com demasiada confiança, assumindo riscos audaciosos. A concessão

de empréstimos sem as garantias necessárias e em desacordo com as normas administrativas

constitui, em tese,nos casos em que não há ardil nem qualquer expediente fraudulento, gestão

temerária. (…) (TRF4, ACR 2000.70.01.001118-5, Sétima Turma, Relator Victor Luiz dos

Santos Laus, D.E. 18/03/2010)

RECURSO EM HABEAS CORPUS. GESTÃO TEMERÁRIA. ART. 4º, PARÁGRAFO

ÚNICO, DA LEI Nº 7.492/86. FALTA DE JUSTA CAUSA. TRANCAMENTO DA AÇÃO

PENAL. IMPOSSIBILIDADE. PRESENÇA DE INDÍCIOS DA PRÁTICA DE FATO

TÍPICO. SATISFATÓRIA DESCRIÇÃO DA CONDUTA.

1. O trancamento da ação penal é medida de índole excepcional, cabível apenas nas hipóteses

em que desponte, de plano, a atipicidade da conduta, a inexistência de qualquer elemento

indiciário demonstrativo de autoria ou da materialidade do delito ou, ainda, causa excludente

de punibilidade. 2. No caso presente, a exordial acusatória narra satisfatoriamente a conduta

DIREITO PENAL

15

atribuída à ora recorrente (ocupante de cargo de gerência do BANESPA), que teria participado

de operação irregular de crédito, no valor de US$ 1.000.000,00 (um milhão de dólares) a

empresa que, sabidamente, enfrentava dificuldades em honrar tal contrato. (...) (RHC

16.790/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2009, DJe

01/02/2010)

(...) 6. In casu, restou caracterizado o delito de gestão temerária de instituição financeira (art.

4º, § único, da Lei nº 7.492/86), ante comprovação tanto da materialidade quanto da autoria

referente à aprovação de créditos sem a observância das normas regulamentares, uma vez que

concedidos sem a análise prévia quanto ao potencial de endividamento, capacidade de

pagamento, entre outros aspectos, das empresas beneficiárias, bem como pela concessão a

clientes com sérias restrições cadastrais e sem a exigência de formalização de garantias

suficientes, e até mesmo a clientes com elevado endividamento junto ao sistema bancário. (…)

(TRF4, ACR 2003.70.00.078676-0, Sétima Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E.

17/03/2011)

6. Apropriação:

Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro,

título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito

próprio ou alheio:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

● Crime doloso.

● Exige o animus rem sibi habendi na modalidade apropriar.

●Crime próprio.

●Consuma-se com a apropriação ou com o desvio (nesta caso, instantâneo).

► Exemplo:

Gerente de empresa de consórcios apropria-se do dinheiro dos investidores.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta

lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse,

sem autorização de quem de direito.

DIREITO PENAL

16

No parágrafo único, o crime também é próprio. Se alguém diverso falsifica uma

procuração para negociar indevidamente uma ação, temos estelionato. (BALTAZAR, 2010, p.

362)

(...) 1. Configura o delito do artigo 5º da Lei 7.492/86 a conduta do agente que, na condição

de gestor de uma carteira de títulos mobiliários, se apropria indevidamente dos valores

recebidos de seu cliente e lhes emprega para fins particulares. (...) (TRF4, ACR

2004.71.00.046187-6, Oitava Turma, Relator Luiz Fernando Wowk Penteado, D.E.

04/02/2011)

► Sonegação de Informação:

Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente,

relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a

falsamente:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

(BALTAZAR, 2010, p. 362-365)

● Crime próprio.

● Doloso.

● Mera conduta – não exige prejuízo.

Decorre da CONFIANÇA que deve pairar sobre o mercado financeiro.

PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

NACIONAL. LEI Nº 7.492/86. ARTIGO 6º. ATIPICIDADE DAS CONDUTAS.

ABSOLVIÇÃO. 1. Comprovadas a regularidade dos leilões efetuados, a conformidade do

deságio na venda das LFTSC com aquele praticado no mercado à época dos fatos em

operações de mesma natureza e a ciência dos órgãos de fiscalização quanto às operações em

questão, não há falar em dolo dos denunciados no sentido de induzir ou manter em erro

repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe

informação ou prestando-a falsamente, motivo pelo qual a conduta dos corréus não se

subsume ao tipo penal insculpido no artigo 6º da Lei 7.492/86, consubstanciando fato atípico.

2. Em hipóteses como a dos autos - onde o Direito Penal cumpre o papel de reforço à tutela

DIREITO PENAL

17

administrativa - tendo em vista que esse deve nortear-se pelo princípio da intervenção mínima,

que assegura sua subsidiariedade e fragmentariedade, não cabe ao operador do direito atribuir à

tutela penal rigidez maior que aquela exigida na esfera administrativa, sancionando o agente

por condutas administrativamente aceitas ou mesmo estimuladas, como é o caso dos autos. 3.

Constatado que a conduta dos réus é aceita na praxe administrativa, não sendo considerada

anormal ou contrária ao regulamento do Banco Central, distanciome da sentença prolatada por

entender não se tratar de hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, excludente da

culpabilidade, vez que impõe-se o reconhecimento da atipicidade da conduta perpetrada.

(TRF4, ACR 2000.72.00.009640-0, Sétima Turma, Relator Néfi Cordeiro, D.E. 08/09/2011)

LFTSC = Letras Financeiras do Estado de SC

7. Contabilidade Paralela:

Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela

legislação:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

No Projeto originário desta Lei, constava expressamente a finalidade de obter

vantagem indevida, supressão que Paulo José da Costa Júnior (2002, p. 103) considera

“lamentável”. Para tal doutrinador, contudo, o fim ilícito deve estar presente para

caracterização do delito.

(COSTA JÚNIOR, 2002, p. 104-105)

●Crime doloso.

●Habitual.

●Mera conduta (não admite a forma tentada).

► Crime Comum:

(...) 3. O delito de "caixa 2" definido no art. 11 da Lei nº 7.492/86 é comum pela simples razão

de que seu tipo objetivo não atribui, nem exige, nenhuma qualidade peculiar ao seu sujeito

ativo. Se as movimentações paralelas forem realizadas no âmbito interno de uma instituição

financeira, é evidente que, na fixação da autoria, será considerada a regra do art. 25. Isso não

torna o crime, no entanto, próprio. Quando a Lei nº 7.492/86 assim desejou o fez

DIREITO PENAL

18

expressamente. (TRF4, ACR 5005783-27.2010.404.7100, Oitava Turma, Relator p/ Acórdão

Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 22/08/2011)

► Art. 16:

Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante

declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários

ou de câmbio:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

● Crime comum.

● Doloso.

● Mera conduta.

● Habitual.

(…) 1. Em diversos processos criminais instaurados pela prática do crime do artigo 16

da LCSFN apreciados por este TRF (v.g. Oitava Turma: ACR nº 2003.70.00.045779-9, Rel.

Des. Federal Élcio Pinheiro de Castro, D.E. 15-01-2009; ACR nº 2004.04.01.044184-5, Rel.

Des. Federal Luiz Fernando Wowk Penteado, D.E. 31-05-2007 e ACR nº 2003.71.00.039514-

0/RS, Rel. Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 11-03-2010. Sétima Turma: ACR nº

2007.72.00.004190-8, Des. Federal Néfi Cordeiro, D.E. 03-07-2008; ACR nº

2004.04.01.044216-3, Rel. Des. Federal Tadaaqui Hirose, DJ de 29-03-2006 e ACR nº

2004.04.01.039512-4, Rel. Juiz Federal Convocado Sebastião Ogê Muniz, D.E. 03-12-2009),

verificou-se, ao contrário deste caso, uma nítida demonstração de funcionamento

habitual e difuso de empresa como se instituição financeira fosse, seja através de

inúmeras reclamações de clientes lesados em investimentos vantajosos demais, seja

através de transações de câmbio evidenciadas por controles rudimentares dos

operadores. Sendo assim, não é possível afirmar que a empresa dos acusados fazia uma oferta

pública reiterada de crédito, visto que a própria denúncia se limita a imputar um único contrato

de empréstimo firmado entre duas pessoas jurídicas de direito privado. Ressalva do Des.

Federal Victor Laus no que tange à desnecessidade, em tese, de habitualidade para a

configuração do art. 16 da LCSFN. (...) (TRF4, ACR 2004.71.00.037133-4, Oitava Turma,

Relatora Salise Monteiro Sanchotene, D.E. 01/02/2011)

DIREITO PENAL

19

(...) 2. Uma vez evidenciada a operação, de modo habitual, de instituição financeira mascarada

sob a forma de sociedade em conta de participação, porquanto constituída a pessoa jurídica

voltada à captação de poupança popular para aquisição de bens imóveis, através do sistema de

consórcio, sem autorização do Banco Central do Brasil, resta caracterizado o delito do artigo

16 da Lei 7.492/86. (...) (TRF4, ACR 2003.70.00.046816-5, Oitava Turma, Relator Artur César

de Souza, D.E. 11/01/2011)

► Casuística em concurso material

(...) 4. Documentos de abertura de conta, extratos e ordens de transferência, movimentação e

manutenção de conta junto à instituição bancária no exterior comprovam a materialidade dos

crimes dos arts. 16 e 22 da Lei 7.492/86. 5. A propriedade de empresa sediada no Brasil,

utilizada para a captação de capitais para posterior remessa para contas no exterior mediante o

sistema dólar-cabo, comprovam a autoria do crime descrito no art. 16 da Lei 7.492/86. (...)

(TRF4, ACR 0008925-12.2005.404.7000, Sétima Turma, Relator Tadaaqui Hirose, D.E.

12/05/2011)

8. Obtenção de financiamento mediante fraude:

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Baltazar (2010, p. 394) ressalta se tratar de uma forma especial de estelionato, a qual prevalece

em face ao princípio da especialidade.

É um crime comum, não estando restrito às pessoas elencadas no art. 25. Para Baltazar (2010,

p. 395), pode haver concurso de autores com alguém interno à instituição, ainda que o TRF 4

já tenha decidido que o gerente, neste caso, praticaria gestão fraudulenta, em uma exceção

dualista à teoria monista.

● Crime doloso.

● Crime material.

● Consuma-se com a obtenção do financiamento? SIM.

● Imprescinde de fraude.

DIREITO PENAL

20

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento

de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

► Financiamento x Empréstimo:

(...) 1. Na esteira de julgados da Terceira Seção desta Corte Superior o empréstimo fraudulento

realizado em instituição financeira não se subsume na conduta do tipo descrito no art. 19 da

Lei nº 7.492/86, que se refere exclusivamente a obtenção de financiamento, exigindo

destinação específica. Precedentes da 3ª Seção desta Corte. (...) (AgRg no REsp 510.779/MT,

Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP),

SEXTA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 15/03/2010)

(...) 1. Os fatos noticiados nos autos se amoldam ao tipo do artigo 171 do Código Penal

(estelionato) e não ao crime contra o Sistema Financeiro Nacional, previsto no artigo 19 da Lei

nº 7.492/86, tendo em vista que a obtenção de empréstimo consignado configura

operação financeira que não exige destinação específica, tampouco comprovação da

aplicação do recurso, diferente do que ocorre com o contrato de financiamento.

(...) (CC 114.239/SP, Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR

CONVOCADO DO TJ/CE), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/06/2011, DJe

03/08/2011)

Penal. Habeas corpus. Crime contra o sistema financeiro nacional. Obtenção de financiamento

mediante fraude. Capitulação legal. 1. A conduta de obtenção de financiamento de veículos

mediante fraude se amolda ao tipo penal previsto no artigo 19 da Lei nº 7.492/86. Precedentes

desta Corte e do STJ. Afastada, in casu, a tese de enquadramento no delito de estelionato, ao

fundamento de não ser elevado o valor do bem. 2. O sujeito ativo do referido delito pode ser

qualquer pessoa, e não somente as elencadas no artigo 25 da LSFN. (TRF4, HC 5009387-

19.2011.404.0000, Sétima Turma, Relator p/ Acórdão José Paulo Baltazar Junior, D.E.

19/10/2011)

►Leasing Financeiro:

PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. FRAUDE NA OBTENÇÃO

DE RECURSOS FINANCEIROS EM CONTRATO DE ARRENDAMENTO

MERCANTIL, NA MODALIDADE LEASING FINANCEIRO. FATO QUE SE

ENQUADRA NO TIPO PENAL DO ARTIGO 19 DA LEI Nº 7.492/86.

DIREITO PENAL

21

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ESPECIALIZADA. PRECEDENTE DA

SEXTA TURMA.

1. Segundo precedente da Sexta Turma desta Corte (REsp nº 706.871/RS), o fato de o

leasing financeiro não constituir financiamento não afasta, por si só, a configuração do

delito previsto no artigo 19 da Lei 7.492/86 e, portanto, a competência da Justiça

Federal para a sua apreciação.

2. Conflito conhecido para julgar competente o Juízo Federal da 2ª Vara Especializada em

Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e

Valores da Seção Judiciária de São Paulo, ora suscitante. (CC 113.434/SP, Rel. Ministra

MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2011,

DJe 16/06/2011)

Mas...

(...) 1. O contrato de arrendamento mercantil ("leasing") é espécie do gênero

financiamento e a fraude, nesse contrato, caracteriza o delito previsto no artigo 19 da

Lei nº 7.492/1986. (...) (CC 111.477/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Rel. p/

Acórdão Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP),

TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 11/04/2011)

► Insignificância:

De regra, NÃO!!!

(...) 1.Em se tratando de crime contra o Sistema Financeiro Nacional, quando a afetação ao

bem jurídico específico revela-se incapaz de produzir risco ou efetiva lesividade ao bem

jurídico, não há como reconhecer a existência de crime contra o SFN. 2. Hipótese em que o

investigado teria obtido financiamento de R$ 3.475,00 (três mil, quatrocentos e setenta e cinco

reais) para adquirir um televisor através do Crediário Caixa Fácil em um estabelecimento

comercial, utilizando-se de nome falso, configura, excepcionalmente, o crime de estelionato. 3.

Ressalva da maioria dos julgadores no sentido de que a solução adotada no presente

conflito não configura mudança de entendimento da Quarta Seção de que, em regra, a

obtenção, mediante fraude, de mútuo com finalidade especificada (financiamento)

configura o crime do artigo 19 da Lei nº 7.492/86. (TRF4 5003974-87.2010.404.7201,

Quarta Seção, Relator p/ Acórdão Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 21/03/2011)

DIREITO PENAL

22

► Art. 20:

Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de

financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para

repassálo:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

●Doloso.

● Comum.

● Formal.

● Elemento normativo do tipo (finalidade diversa).

● Comissivo.

Nesse sentido:

TRF4, ACR 1999.71.01.000734-9, Sétima Turma, Relator Tadaaqui Hirose, D.E. 24/02/2011

(...) 3. Ditos delitos tutelam a higidez do sistema financeiro em seu funcionamento harmônico

e equilibrado, em sua credibilidade diante da sociedade, e apenas reflexamente os interesses

individualizados. Embora secundariamente a cada delito corresponda um bem jurídico

específico (como são a política cambial, na evasão de divisas, as políticas públicas de subsídio e

incentivo a algumas atividades, no desvio de financiamento, e o próprio patrimônio das

instituições financeiras e dos investidores, nas gestões fraudulenta e temerária), não se pode

desvincular esse bem jurídico específico do interesse maior que é a proteção do SFN como um

todo. Quando a afetação ao bem jurídico específico revela-se incapaz de produzir risco ou

efetiva lesividade ao bem jurídico geral e primário, não há como reconhecer a existência de

crime contra o SFN. 4. Hipótese em que o órgão acusatório imputou ao réu o desvio de

finalidade de financiamento no valor de R$ 69.688,00 (sessenta e nove mil seiscentos e oitenta

e oito reais) obtido junto ao BNDES, o que legitima a competência da Justiça Federal para

examinar a acusação formulada pelo MPF, visto que tal conduta subsume-se ao tipo penal

do artigo 315 do CP. (...) (TRF4, ACR 0014044- 7.2008.404.7100, Oitava Turma, Relator

Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 19/04/2011)

► Casuística:

PENAL E PROCESSO PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

NACIONAL. LEI Nº 7.492/86, ARTIGO 20. APLICAÇÃO EM FINALIDADE DIVERSA

DA PREVISTA NO CONTRATO DE FINANCIAMENTO. PARTICIPAÇÃO DO

DIREITO PENAL

23

GERENTE DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA NO DESVIO DO CRÉDITO AGRÍCOLA

CONCEDIDO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. 1. Comprovada a

conduta descrita na denúncia em relação ao réu, por ter ele, na condição de gerente do Banco

do Brasil, possibilitado e colaborado para que o signatário do contrato de financiamento

firmado com a instituição bancária utilizasse os recursos em aplicação financeira (CDB/RDB e

conta poupança) e em depósito em conta de terceiros, ao invés de em custeio de atividade

agrícola, conforme pactuado. 2. Caracterizado o delito previsto no artigo 20 da Lei nº

7.492/86, e, uma vez inexistindo causas excludentes de culpabilidade ou antijuridicidade, deve

ser mantida a condenação do acusado às sanções cominadas ao referido delito. (TRF4, ACR

1998.72.04.004868-6, Sétima Turma, Relator Néfi Cordeiro, D.E. 03/03/2011)

9. Evasão de Divisas:

Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de

divisas do de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem

autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver

depósitos não declarados à repartição federal competente.

“O fundamento do controle cambial e, por consequência, da incriminação, é que as divisas

estrangeiras são necessárias para o pagamento de dívidas contraídas no exterior e para o

equilíbrio das reservas cambiais. Por isso, é privativo do BACEN o direito de guardar moedas

e divisas estrangeiras, bem como a administração exclusiva da operação de ingresso e saída

dessas do país” (BALTAZAR, 2010, p. 405)

Trata-se de crime comum, formal (possível a tentativa) e doloso, que, na verdade,

se concretiza de três formas distintas:

- Efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de evadir divisas;

- promover saída de moeda ou divisa para o exterior;

- Manter depósitos não declarados no exterior.

► Operação de câmbio não autorizada:

Sistema financeiro nacional (crime). Moeda ou divisa (saída para o exterior). Falta de

autorização legal (acusação). Depósitos e remessas regulares (caso).

DIREITO PENAL

24

1. Tratando-se, como de fato se trata, de depósitos e remessas de divisas para o exterior cuja

regularidade foi administrativamente reconhecida – tanto pelo Banco Central do Brasil quanto

pela Receita Federal –, não se pode ter como ofendido o sistema financeiro nacional.

2. Em caso tal, falta justa causa para o exercício da ação penal.

3. Ordem concedida para se extinguir a ação penal, estendendo-se os efeitos aos demais

denunciados. (HC 76.336/SP, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em

15/04/2010, DJe 14/06/2010)

► Manutenção de Depósito:

(...) 1. O crime de manutenção no Exterior de depósitos não declarados (art. 22, parág. único,

in fine da Lei 7.496/86) visa a tutelar a higidez do sistema financeiro e do sistema tributário,

resguardando reservas monetárias do País e ensejando o controle das riquezas dos súditos

nacionais pelas repartições federais competentes. Para a sua consumação, é necessário sejam

omitidos dados referentes a ativos financeiros mantidos no Exterior, independentemente de

sua origem lícita ou ilícita.

2. O princípio da proporcionalidade não autoriza que, corrigidas as irregularidades

administrativas e já fora de perigo quaisquer dos bens jurídicos protegidos pela norma penal,

perdure a reprovabilidade criminal do fato. (...) (REsp 1205870/SC, Rel. Ministro

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe

31/08/2011)

Mas...

EMENTA: PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. EVASÃO DE

DIVISAS. MANUTENÇÃO DE DEPÓSITOS NÃO DECLARADOS NO EXTERIOR.

NATUREZA JURÍDICA. DÚVIDA RAZOÁVEL QUANTO À ORIGEM DOS

RECURSOS. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. 1. Com a criminalização da manutenção no

exterior de "depósitos não declarados à repartição federal competente" (art. 22, parágrafo

único, parte final, da Lei n.º 7.492/1986), pretendeu-se tipificar o próprio resultado de uma

evasão fraudulenta de divisas, diante das dificuldades de identificar e provar o ato de evasão

em si. O crime de manutenção no exterior de "depósitos não-declarados" não tem natureza

fiscal ou tributária nem é meramente omissivo. 2. Provado que os depósitos não-declarados

não têm origem, sequer remota, no Brasil, o crime financeiro não se configura e sem prejuízo

de eventual crime tributário. No caso concreto, apesar da falta de prova cabal, demonstrou-se,

com provas, a plausibilidade da tese da Defesa, gerando dúvida razoável que favorece o

DIREITO PENAL

25

acusado. Absolvição mantida. (TRF4, ACR 0023608-83.2007.404.7000, Oitava Turma, Relator

Luiz Fernando Wowk Penteado, D.E. 06/09/2011)

Matéria polêmica – voto que desempatou utilizou a tese do erro de proibição.

► Entrada de Divisas:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.

EVASÃO DE DIVISAS. INGRESSO DE DIVISAS NO TERRITÓRIO NACIONAL.

ATIPICIDADE CONFIGURADA. Pacificou-se a jurisprudência das turmas criminais desta

Corte e dos Tribunais Superiores no sentido de que a entrada irregular de divisas no território

nacional não configura qualquer das três formas delitivas de evasão de divisas, tipificadas no

artigo 22, caput e parágrafo único, da Lei nº7.492/86. (TRF4, ACR 2007.72.00.008351-4,

Oitava Turma, Relator Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 10/06/2010)

(…) 1. A internalização clandestina de valores por empresário, com o auxílio de doleiro, em

território nacional não consiste em conduta tipificada pelo legislador criminal. Não caracteriza

o crime do art. 22 da Lei nº 7.492/86, porque o mesmo se consuma mediante a saída de

moeda ou divisa para o exterior, sendo vedada a interpretação analógica em desfavor do réu.

Tampouco perfectibiliza o ilícito capitulado no art. 21, § único, do mesmo diploma, uma vez

pressupor este o descumprimento de um dever que, a toda evidência, não recai sobre o cliente

das instituições financeiras, mas, sim, sobre o seu administrador, tratando-se de crime

classificado jurisprudencialmente como próprio. 2. Poderia, em tese, a "invasão de divisas" em

solo brasileiro legitimar, acaso tivesse descrito a denúncia, a persecutio criminis in judicio pelos

delitos de sonegação fiscal - desde que eventualmente havida a constituição definitiva do

crédito tributário - e/ou de movimentação paralela de recursos (art. 11 da LCSFN). (...)(TRF4,

ACR 5005783-27.2010.404.7100, Oitava Turma, Relator p/ Acórdão Paulo Afonso Brum Vaz,

D.E. 22/08/2011)

► Operação de câmbio não autorizada

- Casuística

- Contas CC5

(...) 1. O mero depósito em conta CC5 não basta para caracterizar a conduta típica, é

necessário que reste demonstrado a canalização de recursos para conta que autorize a

DIREITO PENAL

26

conversão para moeda estrangeira, no caso a conta do Tipo 3, aliado à prova de existência de

fraude ou subterfúgio destinado a burlar o controle estatal, o que restou comprovado nos

autos. 2. No caso, a fraude consistiu na utilização de contas de "laranjas" como intermediários

do repasse para contas de não-residentes, ou seja, como forma de dissimular a origem dos

recursos, em ofensa a orientação da Circular nº 2.677/96 vigente à época. 3. Restou

suficientemente comprovada a autoria delitiva, uma vez evidenciado que a fraude empregada

pelos réus tinha como objetivo alimentar as contas CC5, com a nítida intenção de ocultar a

procedência dos recursos, a caracterizar a evasão. 4. Extinção da punibilidade em face a

prescrição da pretensão punitiva. (TRF4, ACR 2003.70.00.033578-5, Sétima Turma, Relator

Tadaaqui Hirose, D.E. 22/04/2010)

► Promover saída de moeda ou divisa:

(...) 1. Não se irroga ao paciente - simples procurador do atleta a ser cedido – a participação em

nenhuma "operação de câmbio", nem o valor negocial do "passe" de um jogador de futebol

pode ser reduzido ao conceito de mercadoria e caracterizar ativo financeiro objeto de operação

de câmbio. 2. No tocante à figura delineada na parte final do parágrafo único do artigo 22 da

L. 7.492/88, é manifesto que não cabe subsumir à previsão típica de promover a "saída de

moeda ou divisa para o exterior" a conduta de quem, pelo contrário, nada fez sair do País, mas,

nele, tivesse deixado de internar moeda estrangeira ou o tivesse feito de modo irregular. 3. De

outro lado, no caput do art. 22, a incriminação só alcança quem "efetuar operação de câmbio

não autorizada": nela não se compreende a ação de quem, pelo contrário, haja eventualmente,

introduzido no País moeda estrangeira recebida no exterior, sem efetuar a operação de câmbio

devida para convertê-la em moeda nacional. (...) (HC 88087, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA

PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 17/10/2006, DJ 15-12-2006 PP-00095 EMENT

VOL-02260-04 PP-00778)

Aqui a conduta é comissiva!!

(...) 1. O crime de evasão de divisas, previsto no art. 22 da Lei n.º 7.492/86, pressupõe a

remessa de disponibilidades cambiais para o exterior. 2. A conduta relativa à exportação de

mercadorias sem a respectiva liquidação do contrato de câmbio, com o ingresso das

correspondentes divisas, não se enquadra no fato típico supramencionado. 3. Primeiro, o tipo

penal prevê como criminosa a conduta comissiva de "evadir". O Recorrente, por outro lado,

argúi omissão quanto ao não ingresso das divisas no país. Ocorre que o artigo não prevê,

literalmente, a forma omissiva de conduta, carecendo, portanto, de legalidade. 4. Ainda, a

DIREITO PENAL

27

pretensão recursal, de abarcar no conceito de "divisa" as mercadorias exportadas, implicaria

interpretação extensiva, que não pode ser utilizada em desfavor do Réu, em respeito ao

princípio da tipicidade. (...) (REsp 898.554/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA

TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 02/08/2010)

No mesmo sentido...

(...) 1. A conduta relativa à exportação de mercadorias sem a respectiva liquidação do contrato

de câmbio, com o ingresso das correspondentes divisas, não se enquadra no fato típico

descrito no artigo 22, parágrafo único da Lei 7.492/86. 2. Para comprovação da divergência

jurisprudencial, não basta a simples transcrição de ementas, devendo ser mencionadas e

expostas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. 3. Agravo

regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 997.329/RS, Rel. Ministra MARIA

THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 05/04/2011, DJe

25/04/2011)

► Manutenção de Depósito não Declarado:

AÇÃO PENAL. Pretensão punitiva. Prescrição. Não ocorrência. Crime permanente.

Depósito, no exterior, de valores não declarados à repartição competente. Art. 22, § único, 2ª

parte, da Lei federal nº 7.492/86. Cessação da permanência à data da omissão na declaração à

Receita. Incidência do art. 109, IV, cc. art. 111, III, do CP. HC denegado. Embargos

rejeitados. Nos crimes permanentes, como o de depósito, no exterior, de valores não

declarados à Receita Federal, a prescrição conta-se do dia em que cessou a permanência, o que,

no exemplo, ocorre à data da omissão na declaração de renda. (HC 87208 ED, Relator(a): Min.

CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 19/05/2009, DJe-148 DIVULG 06-08-2009

PUBLIC 07- 08-2009 EMENT VOL-02368-02 PP-00420)

(...) Quem envia, ilicitamente, valores ao exterior, sonegandopagamento de imposto sobre a

operação, incorre, em tese, em concurso material ou real de crimes, de modo que extinção da

punibilidade do delito de sonegação não descaracteriza nem apaga o de evasão de divisas. (HC

87208, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 23/09/2008, DJe-211

DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07- 11-2008 EMENT VOL-02340-02 PP-00348 RT v. 98, n.

881, 2009, p. 505-509)

► Atipicidade:

DIREITO PENAL

28

PENAL CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ART. 1º, VI, DA

LEI Nº 9.613/98. NORMA SUPLEMENTAR DO BACEN. DISPENSAVA DE

DECLARAÇÃO. CRIME ANTECEDENTE À LAVAGEM DE DINHEIRO.

ATIPICIDADE. Inexistentes provas da materialidade do crime de evasão de divisas,

consubstanciadas na manutenção de contas no exterior em 31/12/2002. A norma suplementar

prevista no art. 3º da Circular nº 3.181/03, do BACEN, dispensava de declaração os valores

equivalentes a R$ 300.000,00, em 31/12/2002, que é a hipótese dos autos, suprimindo a

ilicitude da conduta do réu, cujo valor, consoante a inicial acusatória, era substancialmente

inferior. Não configurada a materialidade da conduta apontada como crime antecedente,

atípica a conduta imputada como crime de lavagem de dinheiro. (TRF4, ACR

2003.72.00.008866-0, Oitava Turma, Relator Nivaldo Brunoni, D.E. 03/03/2010)

(...) 2. É atípica a manutenção de depósitos no exterior sem declaração à repartição federal

competente, capitulada na segunda parte do parágrafo único do art. 22 da Lei nº 7.492/86,

quando os valores mantidos em instituição financeira alienígena estiverem abaixo da quantia

que o Banco Central do Brasil dispensa a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (2001:

R$ 200.000,00, nos termos do art. 1º da Circular nº 3.110, de 15-04- 2002; 2002: R$

300.000,00, de acordo com o art. 3º da Circular nº 3.181, de 06-03-2003 e, desde 2003, US$

100.000,00, conforme as Circulares nºs 3.225, de 12-02-2004, 3.278, de 23-02-2005, 3.345, de

16-03-2007, 3.384, de 07-05-2008 e 3.342, de 03-03-2009). (...) (TRF4, HC 2009.04.00.025952-

7, Sétima Turma, Relator p/ Acórdão Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 30/09/2009)

► Evasão de Divisas e Competência:

(...) 1. Nos crimes de evasão de divisas, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro,

competente para processar e julgar o feito é o Juízo Federal do local onde se realizaram as

operações irregulares. Precedentes do STJ.

2. Entretanto, tendo as operações financeiras sido realizadas em instituição localizada em Foz

do Iguaçu/PR (conta CC5), a Terceira Seção desta Corte (CC- 49.960, CC-74.329 e CC-

85.997), diante das peculiaridades - número elevado de contas de depositantes domiciliados em

diversos Estados da Federação-, vem decidindo, em homenagem ao princípio da duração

razoável do processo, pela competência do Juízo Federal do domicílio do investigado. 3.

Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo da 6ª Vara Criminal

Especializada em Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional e em Lavagem de Valores da

DIREITO PENAL

29

Seção Judiciária do Estado de São Paulo, o suscitante. (CC 93.991/SP, Rel. Ministro JORGE

MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 17/06/2010)

► Concurso Aparente de Normas:

(…) 1. Tendo a denúncia suficientemente descrito os fatos e suas circunstâncias, possibilitando

o efetivo exercício da ampla defesa, sendo atendidos aos requisitos dos artigos 41 e 43 do CPP,

é rejeitada a preliminar de inépcia da inicia acusatória. 2. Esgotada na evasão de divisas a

potencialidade lesiva das fraudes na dissimulação do dinheiro que transitou pelas contas de

laranjas e contas CC5, e das informações falsas prestadas ao Bacen, é de ser reconhecida a

absorção do delito de gestão fraudulenta (art. 4º da Lei nº 7.492/86) pelo delito de evasão de

divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492 /86). (...) (TRF4, ACR 5013394-

40.2010.404.7000, Sétima Turma, Relator p/ Acórdão Néfi Cordeiro, D.E. 16/09/2011)

PROCESSO PENAL. EMBARGOS INFRINGENTES. CONSUNÇÃO. EVASÃO DE

DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO. INOCORRÊNCIA. 1. Há consunção quando as

ações desenvolvem-se dentro de única linha causal para o intento final (o fator final, conforme

Zaffaroni), nele esgotando seu potencial ofensivo. 2. Na ocultação de valores no exterior não

se pode falar em consunção do delito de evasão de divisas pelo de lavagem de dinheiro, pois

autônoma a ofensa ao equilíbrio financeiro, às reservas cambiais nacionais e à própria higidez

de todo o Sistema Financeiro Nacional - bens que são protegidos pela Lei nº 7.492/86 -, além

de evidente o intento de remessa e manutenção no estrangeiro de expressivos recursos

financeiros à margem da fiscalização e controle pelos órgãos oficiais. (TRF4, ENUL

2005.70.00.034212-9, Quarta Seção, Relator Néfi Cordeiro, D.E. 25/02/2011)

Mas...

PENAL. ART. 22 DA LEI Nº 7.492/86. CRIME-MEIO. ABSORÇÃO. CRIME DE

LAVAGEM DE DINHEIRO. CRIME ANTECEDENTE. BIS IN IDEM. NÃO

CONFIGURAÇÃO. 1. Apresentando-se o crime de evasão como uma das etapas para tornar

efetivo o delito de lavagem de dinheiro, ou seja, constituindo-se como crime meio para a

realização do segundo, tem-se por absorvido o ilícito do sistema financeiro nacional pelo crime

do art. 1º da Lei nº 9.613/98. (...)(TRF4, ACR 2000.71.00.037905-4, Oitava Turma, Relator

Luiz Fernando Wowk Penteado, D.E. 11/01/2011)

Conduta é dolosa!!

DIREITO PENAL

30

PENAL. PROCESSO PENAL. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

NACIONAL. FALTA DE PROVA SUFICIENTE PARA A CONDENAÇÃO.

MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. No crime de evasão de divisas, a falta

de prova de que os agentes bancários aderiram à vontade dos proprietários dos recursos

evadidos ou agiram com domínio dos fatos delituosos, afastando a comprovação do elemento

subjetivo do tipo, impõe a manutenção da sentença absolutória, por falta de prova suficiente

para a condenação (artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, na redação anterior à

Lei nº 11.690, de 2008). (TRF4, ACR 1998.70.02.011183-0, Sétima Turma, Relator Luiz Carlos

Canalli, D.E. 08/09/2011)

10. Prisão Preventiva:

Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo

Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de

crime previsto nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada

(VETADO).

(...) 1. A imposição da custódia preventiva se impõe, em face das circunstâncias do caso que,

pelas características delineadas, retratam, in concreto, a periculosidade do agente, a indicar a

necessidade de sua segregação para a garantia da ordem pública, em se considerando,

sobretudo, a existência de indicativos nos autos no sentido de que a atividade delituosa era

reiterada, evidenciando a perniciosidade da ação ao meio social. Precedentes. 2. Ressalte-se,

ademais, a magnitude do valor supostamente objeto da evasão de divisas, isto é, R$

35.407.000,71 (trinta e cinco milhões, quatrocentos e sete mil e setenta e um centavos), o que

revela a periculosidade da organização criminosa, impondo ao Poder Judiciário pronta atuação,

para a cessação do prejuízo público. 3. Há que se considerar, ainda, que transparece nítida sua

intenção de se furtar à persecução criminal do Estado, tendo em vista que não compareceu ao

ato de interrogatório e forneceu endereço inexistente, restando infrutíferas todas as tentativas

de localização. 4. Recurso provido, para cassar o acórdão recorrido e restabelecer a decisão de

primeiro grau. (REsp 886.711/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado

em 01/06/2010, DJe 28/06/2010)

DIREITO PENAL

31

Atualmente, é preciso que a imposição de cautelar não seja suficiente para resguardar

os riscos que justificam a preventiva. Ex: afastamento da direção da instituição financeira.

Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá

prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons

antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.

Mais uma vez, é imprescindível que a imposição de cautelar não seja suficiente para

sustar os riscos que justificam a preventiva. Ex: entrega de passaporte, apresentação semanal à

Vara Federal.