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1 GEOGRAFIA Direitos Trabalhistas no Campo Brasileiro Trabalhador rural da Usina Santa Cruz cortando a cana de açúcar Créditos: Catarina Walter 2ºB Catarina Walter Isabel Isak João Paulo Conti Rafael Pluciennik Professora Orientadora Marli de Barros

Direitos Trabalhistas no Campo Brasileirosite.veracruz.edu.br/.../Direitos-Trabalhistas-no-Campo-Brasileiro.pdf · as propostas da nova reforma trabalhista prejudicará ainda mais

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GEOGRAFIA

Direitos Trabalhistas no

Campo Brasileiro

Trabalhador rural da Usina Santa Cruz cortando a cana de açúcar

Créditos: Catarina Walter

2ºB

Catarina Walter

Isabel Isak

João Paulo Conti

Rafael Pluciennik

Professora Orientadora

Marli de Barros

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São Paulo, junho de 2017

Uma vez que os direitos trabalhistas atualmente não são cumpridos no campo,

as propostas da nova reforma trabalhista prejudicará ainda mais o trabalhador

rural.

Introdução:

I.I Conquista dos direitos trabalhistas no Brasil

A partir da industrialização que ocorreu no século XVIII, na Europa e

posteriormente em vários outros países, a forma de trabalho assalariado foi tornando-

se hegemônica, pois representava a situação de uma classe social que precisa vender

sua força de trabalho para os donos dos meios de produção. Porém, esses

trabalhadores começaram a sofrer constantes explorações desumanas por parte de

seus superiores. Com o intuito de mudar essa situação, trabalhadores de todo o

mundo lutaram e reivindicam por seus direitos.

No Brasil não foi diferente. De fato a industrialização no nosso país fora mais

tardia e a classe trabalhadora assalariada só começou a se estruturar no século XIX,

porém quando estruturada já começou a lutar pelos seus direitos. Em 1917, tivemos

pela primeira vez uma grande greve geral organizada pelos sindicatos dos

trabalhadores, sendo até hoje uma das maiores greves da história do Brasil. As

reivindicações seguiram acontecendo em nosso país.

Em 1939 foi criada a Justiça do Trabalho, sendo ela uma parte do poder

judiciário que lida com as questões do trabalho.

Pouco depois, no dia 1º de maio de 1943, foi sancionada pelo então presidente

Getúlio Vargas, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalhistas). Com a CLT passou-se

a exigir a garantia de direitos como férias, salário mínimo, licença maternidade, hora

extra, fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS), além de assegurar que as

mulheres não trabalhem em locais insalubres durante a gravidez. A CLT também

passou a exigir o uso da carteira assinada, que passou a ser um documento

fundamental para qualquer trabalhador. Nela estão registradas o local de identificação

profissional e diversas informações sobre o contrato de trabalho, bem como o tempo

de serviço para fins previdenciários. Atualmente, a CLT conta com mais de 497

alterações.

Outra grande conquista para a classe trabalhadora foi a Constituição Cidadã

de 1988. Essa assegurou direitos como: jornada de trabalho de oito horas por dia e 44

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Trabalhador da Usina Santa Cruz cortando a cana Créditos: Catarina Walter

horas semanais, o décimo terceiro salário, o direito ao aviso prévio, a licença-

maternidade de 120 dias, a licença-paternidade, o direito de greve etc.

I.II Condições do trabalho no Brasil e no campo brasileiro e a luta por direitos

A forma como as relações de trabalho se davam mudaram bastante por meio

das lutas e do desenvolvimento do capitalismo, Porém, ainda hoje o trabalhador

muitas vezes é explorado pelo patrão e tem seus direitos reduzidos ou negados. A luta

por direitos trabalhistas dentro de um sistema capitalista parece nunca ter fim e acaba

que os trabalhadores nem sempre têm seus direitos assegurados

Segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Brasil,

155,3 mil pessoas ainda vivem em condições análogas à escravidão (dados de 2014).

Atualmente, afora a garantia de direitos, 13,5 milhões de pessoas estão

desempregadas.

Além disso, quando olhamos para a situação do campo no Brasil, vemos uma

situação de maior complexidade e com muito mais dificuldades para acesso aos

direitos trabalhistas, educação e informação. Segundo dados do Índice de Escravidão

Global, elaborado por Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas à

Organização Internacional do Trabalho (OIT), 200 mil trabalhadores atualmente no

Brasil vivem em condições análogas à escravidão, sendo que grande parte deles se

concentra no meio rural.

O governo federal brasileiro assumiu a existência do trabalho escravo contemporâneo perante o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995. Assim, o Brasil se tornou uma das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente a ocorrência do problema

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em seu território. De 1995 até 2016, mais de 52 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas a de escravidão.

Além disso, o agronegócio é responsável por cerca de 22,15% do PIB e é

controlado por poucas multinacionais que trabalham com vastos latifúndios de

monocultura. Ou seja, ou trabalhador rural precisa ser contratado por essas empresas

ou tentar conseguir autonomia através de uma terra própria para produzir ou deixar o

meio rural para buscar trabalho na cidade. Porém, tentar a autonomia no campo é

muito difícil pois, muita vezes, os agricultores familiares são pressionados pelas

grandes empresas agrícolas e acabam por fim ainda produzindo para as mesmas.

Dessa forma, esses agricultores continuam subordinados a condições impostas por

essas grandes empresas.

Surge aí um novo problema: na maioria das vezes em que o trabalhador tenta

conseguir autonomia ou direitos, ele entra diretamente em conflito com o agronegócio

e muitas vezes sofre muito. Quando consegue deixar o trabalho abusivo de lado, esse

trabalhador está sem terras e sem nenhuma renda, lhe restando poucas alternativas

sobre o que fazer: ou voltar a trabalhar com poucos direitos ou seguir lutando por um

pedaço de terra.

Essa luta por direitos e terras no campo vem sendo travada há muito tempo e

independentemente da tática escolhida pelo trabalhador ou grupo de trabalhadores ela

acaba por gerar muito sofrimento na vida de várias pessoas.

Uma das ações mais comuns de tentar conquistar um pedaço de terra é a

reunião de um grupo de pessoas, podendo ser tanto através de um movimento social

ou com o apoio de um sindicato. Nessa ação, as pessoas ocupam um determinado

terreno e pedem a desapropriação desta para que seja criado um assentamento onde

esses trabalhadores possam trabalhar.

Entretanto, o agronegócio como já foi dito, é muito poderoso, juntas, as dez

maiores companhias do setor faturaram mais de US$ 56 bilhões no ano de 2015.

Segundo uma pesquisa realizada pelo EXAME, dentre as maiores empresas do

agronegócio temos em primeiro lugar a Bunge Alimentos, representando 54% das

vendas do setor. Em segundo lugar aparece a Cargil, com vendas de 8,406 bilhões

de dólares. Em terceiro lugar aparece a fabricante de cigarro Souza Cruz, com vendas

de 7,082 bilhões.

Cada vez mais temos informações de empresas desse setor da economia que

têm relações próximas com os representantes do Estado. O exemplo mais recente é o

do escândalo da JBS no Brasil: pagamento de quantias milionárias a políticos para

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benefício da empresa ou a Monsanto, que conseguiu, dentre outras coisas, a liberação

dos transgênicos sem que pesquisas a longo prazo constatassem que seus produtos

não fariam mal à saúde e ao ambiente.

Já entre os representantes do Estado muitos defendem abertamente os

“gigantes” do agronegócio. Só na câmara dos deputados, aparecem 207 ruralistas.

Com isso, o conflito não é verdadeiramente mediado pelo governo e os órgãos

governamentais, como o INCRA por exemplo, parecem dar cada vez menos voz aos

pequenos produtores e aos sem terras. Um exemplo disso foi a transferência da

Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário para a Casa

Civil, feita pelo presidente em exercício Michel Temer, resultando no enfraquecimento

do órgão que deveria auxiliar os trabalhadores rurais mais necessitados.

As conquistas da classe trabalhadora no Brasil são muito importantes porém,

como mostrado, os direitos conquistados muitas vezes não são cumpridos.

Atualmente estão sendo discutidos no governo federal uma série de projetos que

reduziriam ainda mais os direitos do trabalhador, tais como: lei da terceirização,

Reforma da Previdência Social, Reforma Trabalhista (modificação da CLT) e uma

mudança das Leis do Trabalho Rural. Esses projetos estão sendo debatidos dentro do

Congresso Nacional, porém, uma coisa que poucos levam em conta é que a aplicação

de reformas como essas, que afetam principalmente os trabalhadores do meio rural

devem ser discutidas não apenas no Congresso, mas também com toda a sociedade.

Todavia, como pode-se perceber através de entrevistas realizadas com os moradores

e trabalhadores do município de Araraquara, grande parte deles mal conhece as

mudanças propostas pelas reformas trabalhistas. Ou seja, sem um verdadeiro debate

com a sociedade, as propostas se tornam unilaterais, sem ser levado em conta o

verdadeiro lado que os trabalhadores teriam em relação às mudanças.

Como dados que mostram que essas reformas foram preparadas e redigidas

pela classe empresarial temos o fato de que 292 emendas da reforma foram escritas

por Lobistas de associações que reúnem grandes doadores de campanha. Entre as

entidades que entregaram as emendas prontas tem a CNT (Confederação Nacional do

Transporte), NTS&Logísticas (associação nacional de transporte de cargas e

logísticas), CNF ( Confederação Nacional das Instituições Financeiras) e CNI

(Confederação Nacional da Indústria).

I.II A Pesquisa

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Dentro desse contexto, nós tentamos compreender se os trabalhadores rurais

conseguem ter seus direitos assegurados e se as reformas propostas pelo governo

provisório de Michel Temer são positivas ou negativas para o trabalhador do campo.

Além disso, buscamos entender qual seria a melhor alternativa para garantir que os

trabalhadores possam ter seus direitos assegurados e os de suas famílias também.

Para obter os dados necessários para essa discussão, consultamos diversas

fontes através da internet, como órgãos governamentais, sindicatos, textos e artigos

de relevância sobre o tema. Também foi realizada uma pesquisa de campo na região

de Araraquara, localizada no estado de São Paulo, onde entrevistamos trabalhadores

rurais, desde os contratados por grande empresas até os trabalhadores acampados.

Assim como tivemos a oportunidade de conversar com representantes da FERAESP

(Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), com o

Professor Reginaldo Anselmo Teixeira, assentado no assentamento Bela Vista e por

fim uma palestra com o Professor Francisco Alves, da UFSCAR – Universidade

Federal de São Carlos.

É importante deixar claro que o número de entrevistados por nós é apenas

uma pequena amostra de uma parte do campo brasileiro e não pode ser considerada

como regra geral, já que o Brasil é um país enorme com diversas culturas e regiões

em situações muito divergentes daquelas encontradas no Estado de São Paulo.

Com os dados somados e analisados tornou-se possível a escrita do texto que

se segue.

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II. Desenvolvimento

II.I Lei da Terceirização

Com a mudança da lei da terceirização aprovada por Michel Temer e pelo

Congresso Nacional, a terceirização de empregados foi facilitada. O projeto já

aprovado trouxe como mudanças as seguintes propostas:

● As empresas passam a poder terceirizar funcionários para qualquer atividade,

inclusive as atividades principais da empresa. Por exemplo, com essa lei uma

escola passa a poder terceirizar inclusive o trabalho dos professores.

● O trabalhador terceirizado recebe seus direitos trabalhistas da empresa que o

terceiriza. Já a empresa que contrata o serviço terceirizado não precisa pagar

esses direitos. O trabalhador só pode exigir o pagamento dos mesmos

diretamente para a empresa que contratou o serviço terceirizado no caso de

ocorrer o esgotamento de bens da empresa de terceirização pela qual ele é

funcionário

● Uma empresa de terceirização passa a poder subcontratar outras empresas

(chamada quarteirização) para realizar serviços de contratação, remuneração e

direção de trabalho.

● O trabalho temporário passa a ter tempo limite de nove meses, sendo na

realidade seis meses prorrogáveis por mais três.

II.II Mudanças das Leis Trabalhistas

O projeto de reforma trabalhista, já aprovado na Câmara dos Deputados, que

agora está nas mãos do Senado Federal apresenta uma série de modificações nas

leis trabalhistas vigentes. A seguir temos os principais pontos:

Acordos Coletivos: prevê que empregados e patrões possam discutir e

chegar em acordos coletivos para a empresa independentemente do que é previsto

pela lei. O projeto regulamenta que ocorram eleições bienais para representantes dos

trabalhadores da empresa no caso de esta possuir mais de 200 contratados. Os

assuntos que poderão ser discutidos diretamente são:

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1. Parcelamento de férias anuais - Se houver acordo entre empregado e patrão,

as férias podem ser divididas em até três vezes.

2. Pacto sobre cumprimento da jornada de trabalho - caso aprovada a

reforma, a jornada diária pode chegar até a 12 horas, e o limite semanal pode chegar

a 48 horas, (hoje a jornada diária pode chegar a oito horas com 44 horas semanais.)

incluídas quatro horas extras.

3. Horas trabalhadas e transporte até o trabalho - Nas leis que temos hoje o

trabalhador pode contar o tempo gasto para chegar ao trabalho como tempo da

jornada diária, quando não há transporte público, e a empresa fornece transporte

alternativo. Já com a nova proposta esse tempo não poderá mais ser incluído na

jornada de trabalho.

4. intervalo com no mínimo 30 minutos - Hoje, o trabalhador que trabalha pelo

menos seis horas por dia tem direito a uma hora de intervalo para descansar e se

alimentar. Se o empregado usar apenas metade desse tempo a empresa deverá ser

condenada por um valor equivalente ao de 1 hora e meia de trabalho com adicional de

50% refletindo nas férias, 13º e FGTS do trabalhador. Com a reforma, no caso de o

trabalhador não utilizar-se de todo o seu tempo de descanso disponível, esse tempo

sobrado é apenas anulado, sem gerar benefícios para o empregado. Para todos esses

casos vale lembrar que as decisões de como serão aplicadas essas regras partirá de

uma discussão direta entre patrão e empregado sem intermédio da lei.

Outro tópico de grande relevância se dá nas questões de ações trabalhistas

contra a empresa. A lei hoje determina que no caso de um trabalhador decidir entrar

com uma ação contra a empresa não tem que lidar com os custos, o poder público

deve cobrir esses gastos.

Se aprovada a reforma, o trabalhador só poderá receber esse benefício se ele

comprovar insuficiência de recursos. Além disso, os custos de processos se faltar em

um julgamento serão pagos pelo trabalhador, a menos que este justifique a falta em

um prazo de oito dias. Hoje o trabalhador pode faltar em até três audiências.

A Contribuição sindical, também sofre alterações com a reforma e passa a

ser facultativa. Atualmente, o trabalhador tem a obrigação de contribuir com o valor

equivalente ao de um dia de trabalho para o fundo sindical independente de ele ser ou

não sindicalizado. O novo projeto prevê que esta contribuição seja opcional para o

trabalhador.

A questão do trabalhador sem registro também passa por essa reforma, a

proposta é aumentar a multa por empregado não registrado, de um salário mínimo

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para R$3.000,00. Nos casos de microempresa e empresa de pequeno porte, a multa

será de R$800,00.

O texto da reforma regulariza uma nova forma de trabalho, chamada jornada

intermitente, que permite que um trabalhador possa ser contratado para trabalhar

apenas alguns dias da semana ou apenas algumas horas por dia, o tempo deve ser

negociado com o patrão.

Nesse formato, a empresa tem como obrigação de informar o funcionário que

precisará de seus serviços com pelo menos cinco dias de antecedência. Durante o

período que o empregado não estiver trabalhando esse tempo não será considerado

tempo à disposição do patrão e sendo assim o empregado pode prestar serviços em

outros lugares.

No aspecto de rescisão contratual a proposta é que a rescisão de contrato

seja feita dentro da empresa, sem necessidade de aprovação sindical, na presença

dos advogados do patrão e do trabalhador. O trabalhador ainda pode solicitar apoio do

sindicato.

Já nos casos de demissão, com a mudança cria-se uma forma de demissão

chamada de demissão em comum acordo, através dela a multa do FGTS seria

reduzida na metade e a obrigação de aviso prévio seria reduzido para 15 dias. Ainda,

o trabalhador poderia acessar 80% do FGTS, porém perderia o direito a seguro

desemprego.

A reforma trabalhista ainda apresenta outros tópicos importantes como a

questão do home office, sucessão empresarial e a possibilidade de mulheres grávidas

trabalharem em locais insalubres, porém como o foco é o trabalhador rural deixaremos

esses tópicos de lado para focar nos que mais afetam essa parte da classe

trabalhadora.

II.III Reforma da previdência

A reforma previdenciária (PEC 287/2016) proposta por Michel Temer pretende

modificar diversas questões de direito previdenciário, direitos estes previstos no art. 6º

da Constituição Federal de 1988 entre os Direitos e Garantias Fundamentais. Dentre

todas as mudanças propostas nessa reforma, a que mais entra em conflito com o meio

de vida atual dos trabalhadores do campo é a que altera a idade mínima e tempo de

contribuição.

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A reforma estabelece, para o direito à aposentadoria, a idade mínima de 65

anos para homens e 62 anos para mulheres, com no mínimo 25 anos de contribuição

para ambos.

Atualmente para quem se aposenta por idade, a idade mínima de contribuição

é de 15 anos. É preciso ter pelo menos 60 anos de idade, no caso das mulheres, e 65

anos, no caso dos homens.

II.IV Mudanças das Leis do Trabalhador Rural

Esse é mais um dos projetos que afetam a classe trabalhadora que estão sendo

debatidos no congresso, porém esse texto afeta exclusivamente o trabalhador rural. O

projeto criado pelo deputado Nilson Leitão ( PSDB-MT) talvez seja um dos mais

assustadores e perversos projetos criados recentemente no país. Esse projeto traz

diversos aspectos já presentes na reforma trabalhista e trazendo como destaque:

● Remuneração de qualquer espécie- O trabalhador rural passa a poder ser

remunerado com qualquer tipo de pagamento, não obrigatoriamente dinheiro,

sendo assim pode ser pago somente com moradia e alimento, por exemplo.

● Jornada de trabalho - A jornada diária é aumentada para 12 horas e o

repouso semanal poderá ser substituído por um período de trabalho contínuo

de até 18 dias com folga só depois disso.

● Venda integral das férias - O trabalhador que mora no local de trabalho

poderá vender integralmente suas férias.

● Saúde - Empresas não terão mais obrigação de possuir equipamentos de

primeiros socorros no trabalho; torna exclusivo do Ministério da Agricultura as

regras sobre o uso de agrotóxicos, deixando os Ministérios da Saúde e do

Trabalho de lado. Além disso acaba com a obrigação de descontaminar os

equipamentos de segurança e permite a manipulação de agrotóxicos por

maiores de 60 anos.

● Horas extra por “motivos de força maior” - Isso quer dizer que em casos

onde o trabalho for interrompido por um motivo inesperado, como uma

máquina quebrada por exemplo, o trabalhador poderá ser obrigado a trabalhar

até quatro horas a mais para compensar o tempo perdido com o imprevisto.

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Essa horas deverão ser devolvidas ao funcionário como folga ou dinheiro em

um prazo de um ano.

II.V Discussão

É possível perceber que atualmente os trabalhadores rurais não têm seus

direitos garantidos. Vários trabalhadores entrevistados disseram que ao menos

conheceram pessoas que já sofreram com a falta de direitos, principalmente quando

se trata dos trabalhadores de funções consideradas mais humildes, tal como o

cortador de cana, por exemplo.

Além disso, o trabalho no campo é muito desgastante e tem uma série de

implicações que o trabalhador urbano em sua maioria não tem. Dessa forma, os

trabalhadores do meio rural não podem ser analisados de forma igual a todas as

outras partes da classe trabalhadora, por isso as reformas que citamos acima não

podem ser aplicadas da mesma maneira para toda a classe trabalhadora, é preciso

que sejam analisadas as diferentes formas de trabalho. Entendemos esses projetos

como negativos para classe trabalhadora em geral, mas principalmente para o

trabalhador rural.

Como já dito, os direitos trabalhistas não são cumpridos na maioria das

empresas do agronegócio. Aparecido, Secretário de formação da FERAESP, que já

trabalhou durante muitos anos no corte de cana, relatou que as leis trabalhistas

atualmente não chegam no campo. Como exemplo disso ele citou o caso de Minas

Gerais, onde 80% dos trabalhadores não contam com a carteira assinada. Pode-se

entender que com condições tão precárias, as alternativas de escolha por parte do

trabalhador são poucas: ou o trabalhador se submete a exploração com medo de ficar

desempregado e não ter condições de sobreviver, ou parte para a luta através de

movimentos sociais, sindicatos ou acampamentos. Porém, em virtude do agronegócio

ser um setor muito poderoso na economia do Brasil, representando 22,15% do PIB

nacional, ele tem a capacidade de silenciar esses movimentos, sendo diversas vezes

essa ação contra os trabalhadores bastante agressiva, resultando diversas vezes em

morte. Como exemplo disso temos a D. Ivone, que nos contou como as grandes

fazendas que estão ao seu redor fazem uma grande pressão sobre os acampados

para que o acampamento deixe de existir. Uma das formas que essa pressão é

exercida é o despejo de agrotóxicos sobre o acampamento quando os aviões passam

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Casa construída no acampamento da D. Ivone

Créditos: Catarina Walter

jogando os químicos nas grandes fazendas, o que acaba impedindo que a produção

do acampamento seja orgânica como eles gostariam.

Se o trabalhador toma a decisão de ir para a luta por direitos ele não

encontrará uma vida fácil. No caso dos acampados, pudemos ver de perto essa

complicação. Os acampamentos são locais onde não se conta com infraestrutura

básica como água encanada e coleta de esgotos. Os acampados acabam adaptando

o local às suas necessidades. No caso do acampamento Cachoeirinha, Dona Ivone

nos contou que não possuem acesso a saneamento básico, água encanada,

eletricidade, dentre outras coisas. Não apenas isso, por o terreno que ela está

acampando há 21 anos ainda não ter sido legalizado, ela não pode conseguir nada

que venha do governo, muito

menos das grandes empresas.

Desse modo, por mais que ela

tente, ela não vai conseguir ter

acesso a nenhum dos itens citados

anteriormente.

Pode-se entender que os

trabalhadores rurais ficam em uma condição que combater as explorações é muito

complicado uma vez que não possuem uma terra própria para produzir como

alternativa para não se submeter a condições de exploração.

Os direitos conquistados que existem hoje não são cumpridos e as reformas

passam a soar como uma regularização do descumprimento das leis atuais. A ONG

Repórter Brasil aborda em uma de suas matérias o descumprimento dessas leis

trabalhistas:

Dois dos maiores grupos do setor sucroalcooleiro atuantes no Brasil foram autuados, no último mês, por violações de direitos trabalhistas no Rio Grande do Norte. Entre os dias 7 e 16 de novembro, uma força-tarefa do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) inspecionou a usina Biosev, […], tendo lavrado 35 autos de infração, e a usina Vale Verde, do Grupo […], lavrando 17 autos de infração. A força-tarefa também fiscalizou a fazenda Estreito, que fornece cana para a usina Biosev, lavrando 21 autos de infração.

O congresso que temos atualmente não representa verdadeiramente o Brasil.

Isso fica muito claro quando percebemos que nele estão mais presentes

representantes do grande capital do que representantes da população trabalhadora.

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Reformas que afetam tão diretamente a classe trabalhadora, especialmente a do

campo não podem ser decididas pelos gigantes do agronegócio sem um verdadeiro

debate com a população.

No aspecto do debate com a população surge um problema para ser legítima a

aprovação desses projetos ao menos no âmbito rural, isso pois os trabalhadores rurais

estão afastados dos grandes centros tendo um menor acesso a informações e,

quando chegam informações ela é geralmente trazida através da grande mídia que

além de ser muito parcial, impede uma boa análise por parte da população sobre o

que realmente significam as notícias. Como exemplo disso aparece a propaganda feita

pela Secretaria de Comunicação da Presidência que relata que sem a reforma da

previdência o país irá quebrar. Não apenas isso, a propaganda compara grandes

ações feitas por antigos governos com a atual, levando grande parte da população a

acreditar que a reforma da previdência seria de fato uma grande conquista e um novo

avanço para a população brasileira.

Essa falta de acesso à informação ficou muito clara com as entrevistas feitas

com os trabalhadores rurais de Araraquara. Na maioria das vezes quando

questionados sobre as reformas diziam não ter conhecimento ou sabiam muito pouco

do que se tratava. Medino Vieira, morador do assentamento Bela Vista do Chibarro,

quando perguntado sobre as reformas disse que não conhecia as propostas e que os

meios de acesso à informação eram poucos, quando havia eram notícias na televisão,

porém depois ressaltou que os trabalhadores rurais precisam trabalhar muito e não

tinham tempo para ver as notícias.

Além disso, hoje em dia, nas zonas rurais no Brasil o índice de analfabetismo é

de 21,2%, o dobro da média nacional e apenas 9% dos que cursam o ensino médio

vivem na zona rural. Além disso, a forma como as informações são divulgadas pela

grande mídia, escondendo fatos e com grade parcialidade, somado ao baixo acesso a

veículos alternativos na zona rural, o debate fica debilitado. Não há grande

investimentos para que haja uma educação de qualidade, o que resulta em uma

população com poucas alternativas sobre o que fazer como profissão durante a vida,

mas também gera uma falta de conhecimento sobre seus próprios direitos, isso acaba

gerando maior facilidade para o não cumprimento dos direitos trabalhistas de forma

correta e portanto uma facilidade para perpetuação da exploração. Enquanto os

trabalhadores forem incapazes de reconhecer seus próprios direitos não deve-se

enfraquece-los através de, por exemplo, uma permissão de discussão entre patrão e

empregado, deixamos muitas vezes de lado parte do que a lei determina, além de

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reduzir ainda mais o poder do sindicato dentro da relação. E mais do que isso, não é

possível mexer nos direitos dos trabalhadores sem que estes possam compreender

que eles estão sendo afetados e portanto tem direito a participar do debate para

entender até onde as reformas podem ir.

FIGURA 1 - Distribuição dos alunos por nível de ensino e situação de domicílio

Já em um aspecto mais prático as reformas também são negativas para o

trabalhador. Entende-se que o trabalho pressupõe uma relação de subordinação, o

empregado deve trabalhar conforme o determinado pelo patrão. Se o empregado tem

más condições de vida, ele se submete a qualquer forma de trabalho para conseguir

condições mínimas de sobrevivência. Dessa forma, a relação de patrão e empregado

tem muito mais chances de se tornar uma relação de exploração mais abusiva do que

já é pressuposto pelo sistema capitalista. Isso pois, dentro da lógica de produção o

trabalhador não recebe integralmente o preço verdadeiro do produto, parte do valor da

mercadoria torna-se lucro acumulado do patrão. Se esses direitos mínimos não forem

garantidos, além da exploração já constitucionalizada pelo sistema, outras formas de

exploração serão mais facilmente realizadas. Ampliando a liberdade de discussão

direta entre empregado e patrão sem intermédio sindical ou da lei, como preveem as

reformas, o trabalhador estará vulnerável a esse tipo de exploração. Dona Sueli,

entrevistada por nós no assentamento Bela vista do Chibarro, já aposentada, diz que

a situação como trabalhadora rural sempre foi complicada, pois os direitos eram

muitas vezes negados, por exemplo, uma vez trabalhou em um lugar no qual os

equipamentos de segurança eram muito precários e por mais que pedissem melhores

equipamentos de segurança o chefe não se movimentava. Sueli acredita que se a

reforma for aprovada essas injustiças serão regularizadas e dessa forma os patrões

mais uma vez seriam beneficiados.

A flexibilização da terceirização é mais um dos aspectos que reduz os direitos

e piora as condições de trabalho para toda a classe trabalhadora, como colocou o

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professor Francisco Alves, da UFSCAR. A terceirização permite a contratação de um

empregado através de uma indireta, sendo ela um contrato entre a empresa e um

intermediário (empresa de terceirização). Sendo assim, o trabalhador que

efetivamente trabalhará na empresa fica com seus direitos reduzidos já que o

intermediário é quem deveria teoricamente prover seus direitos. Porém, este

intermediário não está presente no dia a dia do trabalho e, além disso, o trabalhador

recebe ainda menos uma vez que parte do que seria recebido fica para o

intermediário.

Já olhando para a reforma das leis do trabalhador rural logo em um primeiro

momento pode-se questionar a legitimidade de um Congresso com muitos

representantes do agronegócio para decidir os direitos do trabalhador rural. Essa

reforma, se aprovada, irá prejudicar muito o trabalhador rural e colocará esse

trabalhador em condições muito mais vulneráveis de ser explorado e se submeter a

péssimas condições de trabalho. Nessa reforma especificamente, o aspecto que mais

assusta é a questão do pagamento por qualquer espécie, que pressupõe inclusive que

o patrão possa pagar o trabalhador com apenas moradia e alimento, o que, se ocorrer

efetivamente, coloca o empregado em uma situação de total dependência do patrão,

pois fica incapacitado de, por exemplo, manter economias para poder sair da empresa

e além disso, se o empregado for demitido nessas condições de trabalho ele passa a

não ter nada. Essa forma de trabalho pode ser inclusive comparada a condição de um

escravo no período colonial.

Ainda é importante lembrar que as condições de trabalho no campo, são muito

desgastantes já que além do excesso de esforço para colher e plantar; o trabalhador

trabalha a céu aberto, isso significa que eles trabalham debaixo do sol não importa a

temperatura, o frio e a chuva, dessa forma o corpo do trabalhador é muito agredido e

fica sujeito a doenças, isso sem contar aqueles que podem se ferir gravemente no

maquinário ou pegar doenças mais severas por intoxicação com agrotóxicos quando

falta equipamento adequado.

Para essa classe trabalhadora é sem dúvida de grande importância que

existam políticas que auxiliem os trabalhadores com mais cuidado, porém justamente

o oposto está sendo feito com as reformas, as válidas para toda a classe trabalhadora

enfraquecem essa classe em todo o país não só no âmbito rural, entretanto, devido às

condições muito mais complexas de relações de trabalho no campo essa parte da

classe trabalhadora fica ainda mais fragilizada e inerte às imposições dos donos do

capital, que regulam a economia e a política do Brasil.

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Para todos os entrevistados em Araraquara quando a pergunta era se os

trabalhadores tinham condições de trabalhar até depois dos 60 anos e se chegavam a

essa idade e resposta era negativa.

Aparecido, representante da FERAESP, e antigo trabalhador do corte de cana,

falou sobre a reforma da Previdência. Ressaltou o excesso de esforço que o

trabalhador rural, como cortador de cana por exemplo, sofre. O trabalhador do campo

é incapaz de trabalhar até os 65 anos. Diversos trabalhadores entrevistados por nós

citaram essa dificuldade e disseram que quando atingem por volta de 40 anos já estão

muito debilitados e muitas vezes são demitidos. Além disso, esses mesmos

trabalhadores disseram que as empresas evitam contratar mais velhos por conta da

menor produtividade que estes têm já que já estão fisicamente debilitados. Ademais, o

trabalho no campo não é sempre fixo, o que dificulta manter uma contribuição regular

para o INSS, isso acontece, pois muitas vezes as empresas contratam os

trabalhadores por safras. Isso prova mais uma vez que a relação de trabalho no

campo não pode ser analisada como igual a urbana e portanto essas reformas

prejudicam muito o trabalhador do campo que, entre outras coisas, ou morrerá por

causa do trabalho ou trabalhará até morrer.

Os defensores das reformas usam da ideia de crise econômica e da

Previdência para justificar esses projetos. Alegando que vivemos uma severa crise

econômica, o que justificaria alguns sacrifícios para solucionar o problema, alegam

que precisamos trabalhar mais. Como exemplo disso temos a fala do atual presidente

Michel Temer: “não pense em crise, trabalhe”.

Apontam que estamos com muitos desempregados (cerca de 14 milhões) e

portanto devemos tomar medidas para que estes trabalhem, uma delas seria a

terceirização. Além disso citam o fato de haver uma grande dívida nas contas

públicas, principalmente na Previdência Social cujo o número do déficit gira em torno

de 151,9 bilhões de reais. Como solução para as dívidas e para as crises eles

propõem as reformas já citadas acima no texto, alegando que com “um pouco de

esforço” e trabalho a crise passará e as condições de vida irão melhorar.

Essas ideias não são inesperadas vindo de um grupo de pessoas poderosas

que são donas dos meios de produção e do grande capital, ou pelo menos são amigas

destes. De fato existe um grande déficit na previdência social, porém é ocultado para a

população, principalmente os com menor acesso a informação, que a dívida de

grandes corporações para o INSS é de cerca de 426 bilhões, cerca de três vezes

maior do que o déficit anual, além disso sabemos que com relação à previdência

17

social, sabemos que políticos, militares (e familiares de militares), juízes e

representantes do ministério público hoje recebem diversos privilégios na

aposentadoria. O questionamento gerado por essa informação é: por que não

cobramos a dívida das grandes corporações e reduzimos os privilégios dessas classes

já privilegiadas ao invés de mais uma vez jogar o problema nas costas dos

desprivilegiados? A resposta está no jogo de interesses dos poderosos que dentro do

sistema econômico vigente buscam inacessivelmente o lucro e para isso precisam

passar por cima dos mais humildes para se manter no poder, e, como já estão no

poder criam constantemente novas formas de se manter no poder. Essas reformas

atuam como uma delas.

Olhando para a questão do desemprego, a política de terceirização não

aumenta o número de contratados, é uma ideia falaciosa. O que de fato ocorre com a

flexibilização para terceirizar funcionários, não é um aumento na taxa de empregados

e sim o mesmo número de empregados, porém com um gasto menor dos patrões com

salários e direitos trabalhistas.

Pode-se perceber que com a aprovação das reformas propostas, o estado

estaria privilegiando ainda mais os donos do grande capital, pois reduz a capacidade

de reivindicação dos trabalhadores, enfraquecendo os sindicatos e os órgãos

governamentais. Observamos esse enfraquecimento dos direitos dos trabalhadores

além das reformas durante o governo Temer, um exemplo é Secretaria Especial da

Reforma Agrária e do Trabalhador Rural, que passou a ser subordinada à Casa Civil.

Com isso, o trabalhador torna-se ainda mais impotente em relação às grandes

corporações, que por sua vez estaria sendo fortemente privilegiadas pelas leis

propostas nas reformas como a flexibilização das leis trabalhistas e a regularização de

produções precárias sem equipamentos adequados ou justas condições trabalhistas,

18

Cortador de Cana da Usina de Santa Cruz Créditos: Catarina Walter

dificultando que uma terra seja considerada passiva de desapropriação.

I.III Considerações finais

Analisando a situação do trabalhador rural no Brasil, percebe-se uma grande

injustiça, o campo brasileiro é um cenário onde ainda hoje há muito trabalho em

condições análogas ao escravo, maiores índices de trabalhadores sem carteira

assinada, pouco acesso à educação e informação e condições de trabalho muito

desgastantes e precárias e os direitos trabalhistas não são garantidos, muitas vezes

não são garantidos nem mesmo os direitos humanos.

Dessa forma projetos de lei como estes que vêm sendo debatidos no

Congresso Nacional e que enfraquecem toda a classe trabalhadora acabam

ameaçando de forma muito perigosa os trabalhadores rurais, pois aqueles que têm

condições mínimas garantidas poderão perder direitos e aqueles que não tem os

direitos garantidos terão a falta de direitos regulamentada. Além disso, as reformas

enfraquecem o poder de reivindicação dos trabalhadores, enfraquecendo os sindicatos

e deixando boa parte dos trabalhadores à deriva do poder de decisão do patrão, já

que com o aumento da liberdade do patrão discutir diretamente com o empregado

independente do que a lei determina, os patrões passarão a ter muita facilidade de

impor o que querem, já que as condições de vida de muitos dos contratados são

precárias a ponto de eles se submeterem a péssimas condições de trabalho abusivo

para sobreviver.

19

Entende-se como única alternativa para garantir os direitos a todos os

trabalhadores um processo de reforma agrária, que mesmo dentro de um projeto

capitalista melhoraria as condições de vida e direitos, já que haveria a alternativa de

produzir em seu próprio terreno, reduziria grandes monopólios e aumentaria a

concorrência, o que também seria favorável ao trabalhador contratado que teria mais

opções de onde trabalhar e possivelmente as empresas garantiriam um pouco melhor

os direitos trabalhistas, pois as empresas temeriam que os concorrentes tivessem

mais facilidade para contratar podendo derrubar a empresa que não cumpre direitos.

Porém, é claro que acreditar que mesmo com essa reforma agrária, a

exploração sobre os trabalhadores continuaria ocorrendo, não haveria verdadeira

igualdade, na realidade, dentro do sistema capitalista a exploração é inevitável e a

produção depende dela para seguir funcionando, mantida a lógica capitalista as crises

seguirão ocorrendo ela são inevitáveis nesse sistema e como solução sempre seria

jogado o peso nas costas do trabalhador mantendo os que já são poderosos no poder.

Assim, podemos entender que os direitos dos trabalhadores e de todas as pessoas só

serão verdadeiramente garantidos com a abolição da propriedade privada, a produção

passar a ser feita para o bem comum de todos e não para gerar lucro para uma

pessoa e o poder colocado nas mão da classe trabalhadora, só assim será possível

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haver real igualdade e os direitos verdadeiramente assegurados com o fim da

exploração.

Enquanto o trabalhador for explorado devemos lutar para conseguir a proteção

dele e não fazer o contrário e favorecer a classe dominante, por isso as reformas

como estão sendo propostas não devem ser aprovadas. É claro que podem ser feitas

reformas trabalhistas e talvez haja efetivamente a necessidade de algumas reformas,

porém estas, da forma como estão sendo feitas e por quem estão sendo feitas não

solucionarão nem o problema da crise e muito menos o das condições de trabalho e

direitos mínimos necessários para a sobrevivência.

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