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Dissertação Avaliação de Imoveis
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7
DENISE MARQUES
AVALIAES EM IMVEIS URBANOS:
APLICABILIDADE EM AES JUDICIAIS
JOINVILLE SC
2007
8
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC
CENTRO DE CINCIAS TECNOLGICAS CCT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DEC
DENISE MARQUES
AVALIAES DE IMVEIS URBANOS:
APLICABILIDADE EM AES JUDICIAIS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado disciplina Trabalho de Graduao, como requisito para obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador(a): Mestre Lgia Vieira Maia Siqueira
JOINVILLE SC
2007
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DENISE MARQUES
AVALIAES DE IMVEIS URBANOS:
APLICABILIDADE EM AES JUDICIAIS
Trabalho de Concluso de Curso aprovado como requisito parcial para obteno do grau de
Bacharel em Engenharia Civil.
Banca Examinadora:
Orientador(a):
Professora Mestre Lgia Vieira Maia Siqueira UDESC
Membro:
Professor Mestre Kurt Morriesen Jnior UDESC
Membro:
Professor Especialista Roberto Busch UDESC
Joinville - SC, 20 de dezembro de 2007.
10
Aos meus amados pais, pelo concebimento de minha vida, pela forma modesta que me criaram e pela rica educao que recebi, pela incontestvel confiana a mim atribuda e por estarem sempre compartilhando e incentivando meus sonhos.
11
AGRADECIMENTOS
Agradeo da mesma forma queles que j invoquei e dediquei o presente trabalho,
pela compreenso e amor que sempre me ofertaram.
Aos meus queridos irmos e namorado, que compartilharam minhas alegrias e
decepes, que desculparam a falta de ateno e conviveram com a ansiedade e a
insegurana do futuro. Tenho certeza que chegar at aqui teria sido mais difcil sem o
respeito e o apoio dedicados a mim.
O presente trabalho se tornaria mais difcil sem a generosidade e compreenso de
meus colegas da Empresa CALC PERCIA, AUDITORIA E CONSULTORIA, que
disponibilizaram os dados que possibilitaram este estudo.
Professora Lgia Vieira Maia Siqueira, que mesmo na correria de seu dia-a-dia,
aceitou o convite de me orientar na elaborao deste trabalho.
Impossvel esquecer dos companheiros fejianos, que juntos dia aps dia
compartilharam comigo momentos de descobertas, desafios e dedicao. Agradeo ao
companheirismo durante todos esses anos, pois fez tudo parecer mais leve, fcil, divertido
e prazeroso.
Em especial, agradeo a Deus, que me concede sade, pacincia e f para seguir
meu caminho em paz e feliz.
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Aquele que dvida e no investiga, torna-se no s infeliz, mas tambm injusto. PASCAL
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RESUMO
Este trabalho rene conceitos bsicos em Avaliaes de Imveis Urbanos em relao ao campo das percias judiciais. Sua elaborao visou o fornecimento de elementos fundamentais aos que iniciam ou se interessam pelas atividades de avaliaes imobilirias. Sendo assim, para realizao deste trabalho, foram traduzidos de forma clara e objetiva os principais conceitos e diretrizes contidas na recente Norma Brasileira de Avaliaes de Imveis Urbanos, NBR 14653-2/2005. Apresenta-se tambm algumas fontes de informao complementar e uma breve introduo a Inferncia Estatstica, que representa uma poderosa ferramenta para obteno do valor do imvel. Com o propsito de atingir seu objetivo, alm da abordagem terica, o presente trabalho contm anlises de casos referentes a algumas aes judiciais, sendo elas: Ao Revisionria de Aluguel e Ao de Indenizao por Desapropriao. Os citados casos so reais e por intermdio destes, torna-se possvel o conhecimento da extrema importncia de uma criteriosa pesquisa de mercado e das etapas seguidas pelo perito para a efetuao das avaliaes de bens imveis.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliao Imobiliria. Percias Judiciais. Pesquisa de Mercado.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 3.1.1 Planta de localizao do imvel avaliando. ......................................................54
Figura 3.1.2 Planta baixa do imvel avaliando. ....................................................................57
Figura 3.1.3 Vista da Avenida Paran, prximo ao imvel objeto do presente estudo. ........58
Figura 3.1.4 Vista da fachada frontal do imvel. ..................................................................58
Figura 3.1.5 Vista dos caixas eletrnicos 24 horas, localizados no interior do imvel.........59
Figura 3.1.6 Vista do depsito de arquivos: observar as caractersticas construtivas e de acabamento. ..............................................................................................................................59
Figura 3.1.7 Vista da administrao interna da agncia. .......................................................60
Figura 3.1.8 Vista geral do imvel avaliando. Observar: ao fundo o local de abastecimento do caixa 24 horas e a entrada principal; esquerda os caixas de atendimento ao cliente; direita e ao centro o local destinado formao de filas de espera..........................................60
Figura 3.1.9 Vista do salo de atendimentos diversos e gerncia. Observar as caractersticas construtivas e de acabamento do local. ....................................................................................61
Figura 3.1.10 Vista da cozinha de uso restrito aos funcionrios. ..........................................61
Figura 3.1.11 Vista do lavado, observar suas caractersticas construtivas e de acabamento.62
15
Figura 3.1.12 Vista frontal do Imvel 01: Banco do Brasil, Avenida Paran n. 180...........63
Figura 3.1.13 Vista frontal do Imvel 02: Futuras instalaes das Lojas Salfer, Avenida Paran n. 180. ..........................................................................................................................64
Figura 3.1.14 Vista frontal do Imvel 03: Divl Presentes, Avenida Paran n. 245............64
Figura 3.1.15 Vista frontal do Imvel 04: Cia das Frutas, Avenida Paran n. 245..............65
Figura 3.1.16 Vista frontal do Imvel 05: Farmcia de Manipulao Ana Paula, Avenida Paran n. 241. ..........................................................................................................................65
Figura 3.1.17 Vista frontal do Imvel 06: Banco Bradesco, Avenida Paran n. 280. .........66
Figura 3.1.18 Vista frontal do Imvel 07: Lojas Koerich, Avenida Paran. .........................66
Figura 3.1.19 Vista frontal do Imvel 08: Papelaria Nova Jerusalm, Avenida Paran. ......67
Figura 3.1.20 Vista frontal do Imvel 09: Tabelionato Martinelli, Avenida Paran n. 308.67
Figura 3.1.21 Vista frontal do Imvel 10: Farmcia Barra Velha, Avenida Paran n. 308. 68
Figura 3.1.22 Vista frontal do Imvel 11: Talitnia Bordados, Avenida Paran. .................68
Figura 3.2.23 Localizao do imvel avaliando....................................................................77
Figura 3.2.24 Planta de localizao do imvel avaliando. ....................................................78
Figura 3.2.25 Mapa de Zoneamento da Regio do Imvel Avaliando..................................80
Figura 3.2.26 rea primitiva antes da desapropriao em 1976. ..........................................82
Figura 3.2.27 reas remanescentes aps a desapropriao feita pela Municipalidade para realizao das obras de infra-estrutura. ....................................................................................84
16
Figura 3.2.28 Vista da Rua Monsenhor Gercino e Servido Manoel Martins, no local em estudo. [F05].............................................................................................................................85
Figura 3.2.29 - Vista da rea remanescente I e a ocupada pelo leito da Rua Monsenhor Gercino. [F07] ..........................................................................................................................85
Figura 3.2.30 Vista da rea ocupada pelo leito da Rua Monsenhor Gercino. [F09] .............86
Figura 3.2.31 Vista da rea ocupada pela Rua Monsenhor Gercino (rea ocupada I) e rea remanescente I. [F08] ...............................................................................................................86
Figura 3.2.32 Vista frontal da rea remanescente I observada pela Rua Monsenhor Gercino. [F10] .........................................................................................................................................87
Figura 3.2.33 Vista da Servido Manoel Martins. Observar as reas remanescentes. [F03] 87
Figura 3.2.34 Vista da projeo da divisa esquerda da rea remanescente.[F04] .................88
Figura 3.2.35 Vista da projeo da divisa direita da rea remanescente.[F01] .....................88
Figura 3.2.36 Vista da rea remanescente II. [F02]...............................................................89
Grfico 3.1.1 valores estimados X valores observados: Uma melhor adequao dos pontos reta significa um melhor ajuste do modelo...............................................................................71
Grfico 3.2.2 valores estimados X valores observados: Uma melhor adequao dos pontos reta significa um melhor ajuste do modelo...............................................................................94
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.4.1- Grau de preciso da estimativa do valor no caso de utilizao de modelos de regresso linear. ........................................................................................................................34
Tabela 2.4.2 - Grau de fundamentao da estimativa do valor no caso de utilizao de modelos de regresso linear......................................................................................................35
Tabela 3.1.3 Elementos obtidos na pesquisa de mercado......................................................70
Tabela 3.1.4 Relao entre os valores observados e os estimados atravs da equao de regresso. ..................................................................................................................................70
Tabela 3.2.5 Elementos obtidos na pesquisa de mercado......................................................92
Tabela 3.2.6 Relao entre os valores observados e os estimados atravs da equao de regresso. ..................................................................................................................................93
18
SUMRIO
1 INTRODUO ...................................................................................................................21
2. REVISO BIBLIOGRFICA ..........................................................................................24
2.1 A ENGENHARIA DE AVALIAES .........................................................................24
2.2 AVALIAES DE BENS IMVEIS EM PERCIAS JUDICIAIS..............................26 2.2.1 Normas Tcnicas .....................................................................................................27 2.2.2 Classificao dos Bens Imveis ..............................................................................27 2.2.3 Conceitos Principais de Valor em Avaliaes Imobilirias ....................................29
2.3 ATIVIDADES INICIAIS EM AVALIAES PERICIAIS .........................................31
2.3.1 Documentao .........................................................................................................32 2.3.2 Vistoria do Imvel ...................................................................................................32
2.4 AVALIAO DOS IMVEIS SUB-JDICE..............................................................34
2.4.1 Grau de Fundamentao e Preciso.........................................................................34 2.4.2 Mtodos de Avaliao .............................................................................................36 2.4.3 Pesquisa de Mercado ...............................................................................................38 2.4.3.1 Fontes de Informao ...........................................................................................44 2.4.4 Homogeneizao de Valores ...................................................................................45
2.5 INFERNCIA ESTATSTICA NAS AVALIAES...................................................46
2.5.1 Identificao e Seleo das Variveis .....................................................................47
2.6 INTRODUO S ACES JUDICIAIS DOS CASOS APRESENTADOS ..............48 2.6.1 Ao Renovatria de Locao.................................................................................48 2.6.2 Ao de Indenizao por Desapropriao ...............................................................50
3. ESTUDO DE CASO ...........................................................................................................52
19
3.1 CASO 1: AO RENOVATRIA DE LOCAO.....................................................52 3.1.1 Observaes Preliminares .......................................................................................52 3.1.2 mbito da Percia ....................................................................................................53 3.1.3 Vistoria ....................................................................................................................53 3.1.3.1 Vistoria do Local ..................................................................................................54 3.1.3.2 Vistoria do Imvel ................................................................................................55 3.1.4 Documentao Fotogrfica......................................................................................58 3.1.5 Critrios de Avaliao: ............................................................................................62 3.1.5.1 Pesquisa de Mercado e Estatstica Inferncial......................................................63 3.1.6 Avaliao.................................................................................................................71 3.1.7 Respostas aos Quesitos............................................................................................72 3.1.8 Consideraes Finais ...............................................................................................73
3.2 CASO 2: AO DE INDENIZAO POR DESPROPRIAO INDIRETA............74
3.2.1 Observaes Preliminares .......................................................................................74 3.2.2 mbito da Percia ....................................................................................................75 3.2.3 Vistoria ....................................................................................................................76 3.2.3.1 Vistoria do Local ..................................................................................................76 3.2.3.2 Zoneamento do Local ...........................................................................................78 3.2.3.3 Vistoria do Imvel ................................................................................................81 3.2.3.4 Vistoria das Benfeitorias ......................................................................................83 3.2.4 Documentao Fotogrfica......................................................................................83 3.2.5 Exame da rea Remanescente ................................................................................89 3.2.6 Critrios de Avaliao .............................................................................................90 3.2.6.1. Pesquisa de Mercado e Estatstica Inferncial.....................................................91 3.2.7 Avaliao.................................................................................................................94 3.2.8 Respostas aos quesitos.............................................................................................96 3.2.8.1 Propostos Pelo Ministrio Pblico .......................................................................96 3.2.8.2 Propostos Pelos Autores .......................................................................................97 3.2.9 Consideraes Finais ...............................................................................................99
4.CONCLUSO....................................................................................................................101
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...............................................................................103
APNDICES .........................................................................................................................105
APNDICE A RELATRIO DE PESQUISA DE MERCADO E ESTATSTICA INFERENCIAL: CASO 1 ..................................................................................................106
APNDICE B RELATRIO DE PESQUISA DE MERCADO E ESTATSTICA INFERENCIAL: CASO 2 ..................................................................................................107
20
ANEXOS ...............................................................................................................................148
ANEXO A GLOSSRIO DE TERMINOLOGIA BSICA APLICVEL ENGENHARIA DE AVALIAES E PERCIAS DO IBAPE........................................149
ANEXO B NORMA BRASILEIRA DE AVALIAES DE BENS: PROCEDIMENTOS GERAIS: 14.653-2/ 2005.................................................................166
ANEXO C NORMA BRASILEIRA DE AVALIAES DE IMVEIS URBANOS: 14.653-2/ 2005....................................................................................................................170
21
1 INTRODUO
A primeira idia que uma pessoa tem, face necessidade de conhecer o valor de sua
residncia ou o valor locatcio de um determinado imvel, a de procurar um corretor de
imveis. Mas, embora esses profissionais sejam mais intimamente ligados ao setor, no
podero ir muito alm do que indicar preos mdios de mercado e efetuar comparaes entre
o imvel avaliando e outros recentemente transacionados. De acordo com a Lei n. 5.194 de
24 de dezembro de 1966, o exerccio de avaliar imveis urbanos atribuio exclusiva de
Engenheiros Civis, Arquitetos e Engenheiros Agrnomos.
Diversas explicaes poderiam ser encontradas para justificar a abordagem deste tema,
mas apenas uma julga-se mais importante a ser esclarecida. o fato de existir uma enorme
carncia por ensinamentos bsicos sobre o assunto no Curso de Engenharia Civil, pois como
j foi mencionado, os Engenheiros e Arquitetos so os nicos profissionais habilitados e
autorizados a exercer tal atividade.
Pode parecer simples, mas a avaliao de imveis compreende uma tcnica muito
complexa e na qual a participao e a experincia do Engenheiro Avaliador so de
fundamental importncia. A engenharia de avaliaes est presente em diversas situaes
cotidianas e possui dezenas de campos de aplicao. Sua atividade requer do engenheiro um
amplo conhecimento de assuntos relacionados ao seu currculo acadmico. Por exemplo,
exclusivamente tratando-se de avaliaes de imveis urbanos, o engenheiro dever aplicar
22
seus conhecimentos que vo desde desenho bsico, topografia, estatstica e matemtica
financeira, at mesmo construo civil de um modo geral, entre vrias outras reas em que
devido complexidade de cada caso, o engenheiro civil se v na necessidade de estudar,
pesquisar e aplicar suas informaes, adquirindo com o tempo e a experincia sua percia no
assunto.
A bibliografia a referente ao assunto ainda escassa, logo, torna-se cada vez mais
necessria a apresentao do tema. Desta maneira, neste presente trabalho sero expostos
alguns conceitos bsicos, e tambm determinadas diretrizes a serem obedecidas conforme a
Norma Brasileira de Avaliaes de Imveis Urbanos, NBR 14653-2, lanada no ano de 2005.
Alm da reviso bibliogrfica contendo os conceitos j mencionados e as etapas que devem
existir em uma avaliao, sero apresentados casos reais de avaliaes de imveis urbanos no
campo das percias judiciais. Estes casos visam uma melhor compreenso do assunto
abordado.
Em cada caso foi realizada uma breve apresentao do problema, com esclarecimentos
de alguns conceitos tcnicos referentes s aes judiciais. Posteriormente foi elaborada a
descrio do processo avaliatrio propriamente dito, que se constitui: do motivo pelo qual se
deseja avaliar; da finalidade do perito na avaliao; da efetuao da vistoria e todos os
aspectos a serem analisados; da documentao visual do imvel, ou seja, croquis, fotos,
mapas, etc.; da pesquisa de mercado; do critrio utilizado na avaliao; da avaliao e
concluso.
Para o clculo do valor de cada imvel, foi utilizada a inferncia estatstica, esta, no
entanto, alm de ser nos tempos atuais a ferramenta mais usual na obteno dos valores, no
ser estudada, j que o objetivo principal do trabalho apresentar a importncia e as etapas de
uma avaliao imobiliria. Os clculos estatsticos dispensam cada vez mais do engenheiro o
trabalho braal e mecnico exigido pela matemtica, pois hoje em dia so utilizados softwares
23
capazes de calcular em segundos complexas frmulas geradas por eles. Assim, o profissional
dedica-se melhor as pesquisas de mercado e analisa com maiores critrios os valores obtidos,
para que desta forma seja possvel gerar uma avaliao fiel e precisa, e consequentemente o
engenheiro exercer esta atividade, que lhe de direito, da maneira mais correta possvel.
24
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 A ENGENHARIA DE AVALIAES
A Engenharia de Avaliaes segundo Nr Filho (1995) a cincia que estuda todo o
processo de apurao de valores de propriedades e outros bens especficos. Entre os diversos
conceitos para a Engenharia de Avaliaes pode-se destacar a definio de Moreira (2001,
p.23) que diz: A Engenharia de Avaliaes no uma cincia exata, mas sim a arte de
estimar os valores de propriedades especficas em que o conhecimento profissional de
engenharia e o bom julgamento so condies essenciais.
Tem-se conhecimento que a engenharia de avaliaes vem sendo desenvolvida desde
o final do sculo retrasado a partir de 1890, quando engenheiros, proprietrios, autarquias e o
poder judicirio comearam a observar a importncia do trabalho formal de avaliaes.
Nos primrdios do sculo XX a atividade de avaliar era realizada, na grande maioria
dos casos, por negociantes ou por contadores desprovidos de conhecimento especfico.
Porm, com a expanso industrial, foi necessrio aprimorar as tcnicas de avaliar, sendo
facultado ao engenheiro a misso de exercer, aperfeioar e divulgar as tcnicas avaliatrias.
Assim, solicitaes de avaliao de imveis, bem como estimativa de valores
locatcios, feitas comumente por administradores, proprietrios, corretores, inquilinos, etc.,
25
devem ser realizados por profissionais habilitados, especificamente engenheiros civis,
agrnomos e arquitetos.
O profissional encontra na rea de avaliao de imveis urbanos um amplo campo de
servios a serem prestados. Nr Filho (1995) destaca as diversas reas em que o engenheiro
avaliador poder exercer suas atividades:
a) reavaliao de ativos imobilirios;
b) avaliao de imveis urbanos e rurais, que visam abertura de capital, garantia
bancria, compra e venda, financiamentos e estudos patrimoniais;
c) determinao de valor locatcio;
d) consultoria imobiliria e anlise de mercado para organizao e administrao
de empresas;
e) lanamentos fiscais municipais formulando valores da planta genrica de
valores, originando em impostos, taxas e tarifas.
O engenheiro que escolher por atuar na rea de avaliaes tende a encontrar, alm das
aes judiciais, encargos ligados a inmeros campos de trabalho, exemplo:
a) departamentos de avaliao: normalmente criados em empresas
concessionrias de servios pblicos, rgos federais e municipais, empresas
imobilirias e industriais, bancos, consultorias e outras entidades financeiras;
b) empresas de avaliaes: podem ser de pequeno, mdio e grande porte, que
atuam exclusivamente na rea de avaliaes. Segundo Moreira (2001, p.26):
O mercado para os seus servios especializados cresce permanentemente devido ao nmero crescente de transaes e s necessidades das empresas de corrigir seus dados contbeis de valor e de depreciao, sem os quais a determinao dos custos, dos preos de venda, do lucro real e a preparao de balanos impossvel.
26
2.2 AVALIAES DE BENS IMVEIS EM PERCIAS JUDICIAIS
O Juiz considerado sem conhecimentos especficos aos assuntos tcnicos contidos
em determinadas aes judiciais, sendo assim nomeia o profissional capacitado para
esclarecer dvidas e quesitos levantados no decorrer da ao. O engenheiro avaliador o
perito do juzo, ou seja, o homem de confiana nomeado pelo magistrado.
Perito uma palavra oriunda do latim peritus, formado do verbo perior, que significa
experimentar, saber por experincia, de onde se explica a funo do perito, sujeito ativo da
percia, que exerce sua atividade no sentido de elucidar fatos em que versado. (MAIA
NETO, 1992, p.131).
Em aes judiciais o engenheiro pode ser contratado para atuar como assistente
tcnico de qualquer uma das partes (autor ou ru) envolvidas no processo. Em ambas as
atuaes o profissional comumente chamado a utilizar seus conhecimentos tcnicos em
aes de: execuo; desapropriao; revisional de aluguel; renovao de contrato de locao;
indenizao de propriedades; entre vrias outras.
Maia Neto (1992, p.19) afirma:
Embora tenhamos procurado sintetizar em algumas poucas ocasies o campo de atuao em percias judiciais, esta a talvez a rea onde exista maior necessidade da atuao do profissional, dada a grande ocorrncia de solicitao e, principalmente, pela importncia do parecer quando da deciso judicial.
Neste campo o engenheiro ter constante relacionamento com advogados e juzes,
sendo, portanto essencial que este profissional, alm de bom conhecimento tcnico, tenha
apreciao para leitura de processos, pois so neles que esto expostas todas as peas da ao
proposta.
27
2.2.1 Normas Tcnicas
As normas criadas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas possuem em todo
o seu contexto orientaes e estudos, tornando-se de extrema importncia para a produo de
inmeros produtos e bens de consumo. (MENDONA et.al.,1998 p.16). As normas tcnicas
referentes rea de Engenharia de Avaliaes no poderiam ser excees, pois elas
simbolizam para o engenheiro avaliador a base de estudo e de referncia para qualquer
processo avaliatrio.
Mendona et.al. (1998) relaciona as normas registradas na rea da Engenharia de
Avaliaes, partindo do surgimento da primeira Norma Brasileira para Avaliaes de Imveis
Urbanos (NBR- 5676, 1977), que apesar de nos dias de hoje no estar atual, muitos autores
ainda tomam ela como base para seus estudos avaliatrios.
Todos os casos aqui apresentados esto baseados e obedecem aos preceitos exigidos
pela Norma de Avaliaes de Imveis Urbanos, NBR 14.653-02, lanada em 2005 e
elaborada pelo Instituto Brasileiro de Avaliaes e Percias de Engenharia IBAPE.
2.2.2 Classificao dos Bens Imveis
Em uma avaliao imobiliria, o perito poder ser nomeado para avaliar imveis de
diversas caractersticas. Os imveis avaliados so identificados com sendo rurais e urbanos.
As propriedades rurais podem ser definidas com aquelas terras no-urbanas, de uso
agropecurio ou florestal, com todas as suas benfeitorias, aguadas e recursos naturais.
(MOREIRA, 2001 p.243). Para a avaliao de propriedades rurais o avaliador dever possuir
no s conhecimentos gerais da Engenharia de Avaliaes, mas tambm noes bsicas sobre
agropecuria e Engenharia Florestal ou ento ser auxiliado pelos conhecimentos de uma
Engenheiro Agrnomo.
28
Os estudos de casos apresentados, referem-se apenas s Avaliaes de Imveis
Urbanos, que so definidos como:
a) terrenos: uma extenso de terra capaz de produzir renda pelo seu uso
adequado (NSSER, 2007 p.4). O aproveitamento de terrenos urbanos, na
maioria dos casos, dado por construo para fins habitacionais, comerciais ou
industriais.
De acordo com suas caractersticas os terrenos classificam-se em:
- lotes: poro do terreno originado atravs do parcelamento do solo urbano com
frente para vias pblicas ou particulares, em condies de ser aproveitada de
imediato pra fins urbanos (NSSER, 2007 p.4).
- lote industrial: definido por Fiker (1995, p.22) como: lotes situados em zonas de
destinao industrial, legal e econmica com caractersticas compatveis para esta
finalidade.
- uso especial: so terrenos com outras finalidades, pode-se citar como exemplo as
faixas de servido.
- gleba urbanizvel: so terrenos com capacidade de receber obras de infra-
estrutura urbana, visando o seu aproveitamento eficiente, atravs de loteamento,
desmembramento ou implantao de empreendimento (NSSER, 2007 p.4).
b) benfeitorias: benfeitorias o resultado de uma obra ou servio realizado num
imvel e que no poder ser retirada sem destruio, fratura ou dano.
(MENDONA et.al., 1998, p.177).
Em concordncia com Nsser (2007), as benfeitorias podem ser:
29
- necessrias: so indispensveis para conservar o imvel ou evitar a sua
deteriorizao;
- teis: as que aumentam ou facilitam o uso do imvel, embora sejam
dispensveis. Geralmente este tipo de benfeitoria aumenta o valor do bem;
- volupturias: ela visam o deleite ou recreio, sem interferir o uso normal do
imvel, pode-se citar como exemplo, as piscinas em algumas residncias.
2.2.3 Conceitos Principais de Valor em Avaliaes Imobilirias
Conforme Maia Neto (1992), todas as pessoas tem noo exata do que significa valor,
embora poucos sejam capazes de conceitu-lo com exatido, principalmente se houver
necessidade de distingui-lo de preo.
H muitas definies de valor, uma vez que a palavra valor tem muitos sentidos e
diversos elementos modificadores. Resumidamente pode-se dizer que valor est intimamente
ligado idia de utilidade, ou seja, s tem valor aquilo que til. Jos Junior (2000) compara
valor com a lei da oferta e da procura, pois quanto maior a necessidade ou desejo de possuir
um bem, maior ser a procura e, portanto, maior o valor.
As palavras custo e valor tm significados distintos. Moraes (2001, p. 12) diz que:
Preo a quantidade paga pelo comprador ou vendedor e custo o preo pago
acrescentado s despesas em que incorre o comprador na aquisio da propriedade., ou seja,
um imvel no necessariamente vale o quanto ele custou.
A seguir esto relacionados alguns conceitos de valor no campo das avaliaes
patrimoniais:
30
a) valor de mercado:
Jos Jnior (2000, p.4) esclarece de forma simples e prtica o conceito:
Frequentemente, o valor de mercado de um bem, referido como sendo o preo pelo qual um vendedor desejoso o venderia e um comprador igualmente desejoso adquiria, sendo que nenhum deles estaria sujeito a presses anormais.
Preo de mercado difere de valor de mercado. Segundo Jos Junior (2000) preo de
mercado trata-se de um fato concreto, enquanto valor e permanece sendo uma avaliao at
ser comprovado, ou seja, at tornar-se preo. Preo nada mais que o valor da troca expresso
em dinheiro.
b) valor patrimonial:
Definido na NBR 14.653-02 (2005, p.4) como sendo:
Soma do valor do terreno, benfeitorias e eventuais equipamentos de um imvel. Para que o mesmo represente o valor de mercado deve ser apurado e aplicado o fator de comercializao com base em informaes de mercado levantadas pelo avaliador ou em pesquisas de carter regional, previamente pblica.
Atravs da definio, cabe a colocao da definio de fator de comercializao.
Segundo Maia Neto (1992), fator de comercializao a razo entre o valor de mercado e o
custo de reproduo de um imvel semelhante.
c) valor de risco:
o termo utilizado geralmente em seguradoras para obter o valor segurado de um
imvel.
A NBR 14.653-02 (2005, p.4) define como sendo:
O valor representado pelo valor das benfeitorias, instalaes, acabamentos construtivos, equipamentos, enfim o que estiver contido na contratao ou na aplice de seguro, observando rigorosamente a depreciao dos bens avaliando.
31
d) valor econmico ou rentbil:
Conforme definido pela NBR 14.653-02 (2005), valor econmico ou rentbil o
valor baseado no fluxo de caixa da propriedade avaliada, observando o valor atual de suas
receitas lquidas provveis e futuras e nas tendncias dos negcios.
e) valor de reposio:
Refere-se quele valor de propriedade determinado na base do que ela custaria para
ser substituda por outra igualmente satisfatria. (MOREIRA, 2001 p.30).
2.3 ATIVIDADES INICIAIS EM AVALIAES PERICIAIS
Conforme recomendado na NBR 14.653-02 (2005), o engenheiro de avaliaes
quando designado para avaliar determinado imvel dever esclarecer alguns aspectos
essenciais referentes :
a) definio de seu objetivo na avaliao, ou seja, se dever obter o valor venal
ou locatcio de um imvel;
b) identificao do imvel que ser objeto da avaliao;
c) necessidades de verificar as medidas do imvel;
d) finalidade pelo qual o imvel precisa ser avaliado: compra, venda locao,
desapropriao, doao, alienao, permuta, garantia, fins contbeis, etc.;
e) fundamentao e preciso que se pretende atingir;
f) prazo limite para apresentar o laudo.
32
2.3.1 Documentao
Cabe ao engenheiro de avaliaes solicitar o fornecimento dos documentos
disponveis referentes ao bem avaliando, visando caracterizar perfeitamente o objetivo da
avaliao, com exame de projetos, levantamentos, croquis, memoriais descritivos, escrituras e
outros documentos e informaes.
Mendona et.al. (1998,p.180) recomenda: deve-se proceder a observao de todos os
aspectos legais do imvel, como por exemplo: rea, testada, profundidade. Dessa forma, de
acordo com a NBR 14.653-02 (2005), torna-se possvel a comparao com as legislaes
municipais, estaduais e federais, bem como passveis ambientais e outras restries que
possam influenciar significativamente no valor do imvel.
2.3.2 Vistoria do Imvel
A vistoria do bem imvel uma etapa indispensvel no processo avaliatrio. atravs
da vistoria que se observam as caractersticas fsicas do imvel e outros fatores importantes
que interferem na formao dos resultados.
A NBR 14.653-02 (2005) exige que o imvel seja vistoriado internamente e
externamente. Nos casos em que o engenheiro avaliador no tenha acesso ao imvel, o motivo
dever estar claramente descrito no laudo avaliatrio.
A realizao da vistoria deve se proceder com maior ateno e de melhor maneira
possvel, permitindo assim, amplo conhecimento do imvel e do contexto imobilirio que se
situa.
Conforme Mendona et.al.(1998) dever ser feita a observao de todos os aspectos do
imvel, tais como:
a) dimenses: rea, testada e profundidade;
33
b) formato e topografia;
c) consistncia do solo;
d) situao na quadra;
e) confrontaes;
f) infra-estrutura urbana;
g) classificao do zoneamento segundo a Lei de Uso e Ocupao do Solo;
h) utilizao atual.
Alm de uma criteriosa observao das caractersticas do imvel, dever tambm ser
feita a observao dos aspectos da regio. Mendona et.al.(1998) relaciona tais aspectos:
a) condies topogrficas e ambientais;
b) natureza do solo, ocupao atual e tendncias;
c) infra-estrutura urbana: meios fios, passeios e pavimentao;
d) sistema virio;
e) redes de gs;
f) energia eltrica e iluminao pblica;
g) servios de telefonia e saneamento;
h) transporte coletivo;
i) equipamentos urbanos;
j) bancos;
k) tipo de ocupao local dos bairros circunvizinhos.
Fiker (1993) enfatiza que as benfeitorias existentes devero ser muito bem
caracterizadas, com destaque aos aspectos funcionais, ambientais e os seguintes aspectos
fsicos:
a) descrio e quantificao dos cmodos;
b) caractersticas construtivas e padro de acabamento;
34
c) rea construda;
d) vida til;
e) idade aparente e estado de conservao.
de extrema importncia a apresentao de croquis, documentao fotogrfica e
outros meios que permitam a compreenso do que se avalia, at mesmo por pessoas que no
possuem conhecimento prprio do imvel que est sendo avaliado.
2.4 AVALIAO DOS IMVEIS SUB-JDICE
2.4.1 Grau de Fundamentao e Preciso
O grau de fundamentao e preciso da avaliao est condicionado ao empenho
desenvolvido pelo Engenheiro de Avaliaes e s informaes que podem ser obtidas no
mercado.
Em funo da qualidade e nmero de dados de conforto que puderam ser obtidos, o
valor avaliatrio dos casos apresentados, est enquadrado no grau II de preciso e grau II de
fundamentao, conforme preconiza a NBR 14.653-2 Avaliaes de Bens Imveis
Urbanos.
Tabela 2.4.1 - Grau de preciso da estimativa do valor no caso de utilizao de modelos de regresso linear.
1.1.1.1 1.1.1.2 1.1.1.3 1.1.1.4
1.1.1.5 DESCRIO 1.1.1.6 1.1.1.7 GRAU 1.1.1.8
1.1.1.9 1.1.1.10 III 1.1.1.11 II 1.1.1.12 I
1.1.1.13 Amplitude do intervalo de confiana de 80% em torno do valor central da estimativa
1.1.1.14 30% 1.1.1.15 30% - 50%
1.1.1.16 >50%
35
Fonte NBR 14.653-2 Tabela 2.4.2 - Grau de fundamentao da estimativa do valor na utilizao de modelos de regresso linear.
Grau Item Descrio III II I
1 Caracterizao do imvel avaliando
Completa quanto a todas as variveis analisadas
Completa quanto s variveis utilizadas no modelo
Adoo de situao paradigma
2 Coleta de dados de mercado
Caractersticas conferidas pelo autor do laudo
Caractersticas conferidas por profissional credenciado pelo autor do laudo
Podem ser utilizadas caractersticas fornecidas por terceiros
3 Quantidade mnima de dados de mercado, efetivamente utilizados.
6 (k+1), onde k o nmero de variveis independentes
4 (k+1), onde k o nmero de variveis independentes
3 (k+1), onde k o nmero de variveis independentes
4 Identificao dos dados de mercado
Apresentao de informaes relativas a todos os dados e variveis analisados na modelagem, com foto
Apresentao de informaes relativas aos dados e variveis efetivamente utilizados no modelo
Apresentao de informaes relativas aos dados e variveis efetivamente utilizados no modelo
5 Extrapolao No admitida
Admitida para apenas uma varivel, desde que: a) as medidas das caractersticas do imvel avaliando no sejam superiores a 100% do limite amostral superior, nem inferiores metade do limite amostral inferior. b) o valor estimado no ultrapasse 10% do valor calculado no limite da fronteira amostral, para a referida varivel
Admitida, desde que: a) as medidas das caractersticas do imvel avaliando no sejam superiores a 100% do limite amostral superior, nem inferiores metade do limite amostral inferior. b) o valor estimado no ultrapasse 10% do valor calculado no limite da fronteira amostral, para as referidas variveis, simultaneamente.
6
Nvel de significncia somatrio do valor das duas caudas) mximo para a rejeio da hiptese nula de cada regressor (teste bicaudal)
10% 20% 30%
7
Nvel de significncia mximo admitido nos demais testes estatsticos realizados
1% 5% 10%
36
Fonte NBR 14.653-2 O grau de preciso depende exclusivamente das caractersticas encontradas no
mercado e das amostras coletadas atravs da pesquisa e, sendo assim, no poder ser pr-
fixado.
Segundo a NBR 14.653-2, no caso de informaes insuficientes para a utilizao dos
mtodos j citados neste trabalho, o clculo de avaliao no deve ser classificado quanto
fundamentao e preciso e deve ser considerado parecer tcnico.
2.4.2 Mtodos de Avaliao
Os mtodos utilizados para avaliao de imveis urbanos classificam-se em diretos e
indiretos, e em alguns casos podero ser os dois mtodos conjugados.
De acordo com Nr Filho (1995), o mtodo direto aquele que define os valores de
forma imediata atravs da comparao direta com dados de elementos semelhantes. O mtodo
indireto define o valor atravs de processos de clculo com emprego de sub-mtodos
auxiliares.
Os mtodos diretos classificam-se em:
a) mtodo comparativo de dados do mercado:
Maia Neto (1992) apresenta o mtodo como sendo aquele em que o valor do imvel
obtido por comparao direta de dados de mercado relativo a outros imveis de caractersticas
(intrnsecas e extrnsecas) semelhantes, admitindo-se como condio fundamental a existncia
de um conjunto de dados que possam ser adotados como amostra do mercado imobilirio.
b) mtodo comparativo de custo de reproduo das benfeitorias:
Em concordncia com Mendona et.al. (1998), o mtodo apropria o valor de
37
benfeitorias atravs da reproduo dos custos de seus componentes, atravs de oramento
sumrio ou detalhado, ao qual deve ser somado o valor calculado do terreno e do custo de
comercializao quando houver.
Maia Neto (1992) afirma que este mtodo nada mais que o complemento ao
comparativo no caso de terrenos com benfeitorias, onde o terreno calculado pelo mtodo
anterior e as benfeitorias pela adoo desta metodologia.
Os mtodos indiretos, no entanto, so classificados pelo:
a) mtodo da renda:
aquele que apropria o valor do imvel ou de suas partes constitutivas com base na
capitalizao presente da sua renda lquida, real ou prevista (MENDONA et.al., 1998,
p.178)
De acordo com Maia Neto (1992), esta metodologia adotada na hiptese em que se
tenha o valor locativo real ou um processo avaliatrio que reflita a renda prevista, a partir do
que, utilizando-se perodo de capitalizao e taxa de descontos expressamente justificados,
chega-se ao valor venal do imvel.
b) mtodo involutivo:
Aquele em que o valor do imvel obtido atravs da anlise de viabilidade de um empreendimento imobilirio hipottico adequado ao local onde situa-se o terreno e compatvel com as condies de mercado. Encontra utilizao em locais onde torna-se muito difcil a obteno de um conjunto de dados amostrais confiveis, como nas regies centrais das grandes cidades, ou bairros densamente povoados, o que torna escassa ou quase inexistente a ocorrncia de transaes imobilirias. (MAIA NETO, 1992 p.75)
c) mtodo residual:
aquele que define o valor do terreno por diferena entre o valor do imvel e suas
38
benfeitorias, ou o valor destas subtraindo o valor do terreno, devendo ser considerado,
tambm, quando for o caso, o fator de comercializao. (MENDONA et.al., 1998, p.178)
Este mtodo, segundo Maia Neto (1992), pode ser utilizado para obteno de dados
relativos a valores de terrenos em locais onde exista uma ocorrncia elevada de transaes
envolvendo imveis constitudos de terrenos com benfeitorias.
Seja qual for a metodologia a ser empregada, a base de todas as avaliaes a
comparao, embora no parea no mtodo indireto a comparao tambm necessria. Para
exemplificar esta afirmao, basta imaginar em um processo avaliatrio a necessidade de
comparao entre rendimentos produzidos por um bem imvel ou produzido por um
empreendimento semelhante ao qual esta sendo avaliado.
Os estudos de caso a serem apresentados, iro enfocar preferencialmente a avaliao
de imveis urbanos pelo mtodo comparativo de dados do mercado, sendo que este o
mtodo usado com maior freqncia, no entanto pode ser feito por qualquer dos demais
mtodos anteriormente citados, desde que observados os requisitos mnimos de
adequabilidade situao local e aos preceitos da NBR 14.653-02 (2005).
2.4.3 Pesquisa de Mercado
A pesquisa o mais importante em uma avaliao, sendo a primeira dificuldade que o
avaliador encontra; uma vez que ele ter de obter o mximo de informaes correlatas para
apoio a seu trabalho.
A pesquisa de mercado, principalmente a coleta de dados, deve ser ampla, pois
depende dela o nvel de rigor almejado. Nela deve conter informaes sobre os imveis de
referncia bastante detalhadas e seguras, com indicao clara de todos os dados obtidos. A
39
preciso do valor calculado se torna maior na medida em que os imveis de referncia sejam
mais semelhantes e prximos ao avaliado.
De acordo com Mendona et. al.(1998), os pontos mais importantes a serem
analisados nesta etapa so:
a) os dados obtidos devem ser oriundos de uma mesma regio scio-econmica;
b) as fontes de informaes devem ser seguras e identificadas;
c) especificao completa do imvel de referncia, incluindo a localizao exata,
as caractersticas construtivas e outros fatores que forem julgados importantes;
d) a natureza da fonte, ou seja, oferta ou transao;
e) poca em que foi realizada a pesquisa e condies de pagamento.
Nsser Junior (2007) seleciona em seu material os atributos de maior importncia e os
mais utilizados para a anlise e posterior tratamento aos imveis da amostra. So eles:
a) terrenos urbanos:
- rea total;
- frente(s) efetiva(s) para logradouro(s) pblicos;
- profundidade;
- localizao na malha urbana;
- usos mais comuns na regio;
- tipo de uso incentivado pelas posturas municipais;
- distncias a plos importantes - valorizam ou desvalorizam;
- rea passvel de construo (de acordo com as posturas municipais);
- topografia;
- condies particulares do solo;
- padro das construes vizinhas;
40
- padro da infra-estrutura urbana da regio;
- poca da informao;
- vista privilegiada ou prejudicial valorizante ou desvalorizante;
- valor unitrio de terreno pesquisado com relao rea total.
b) lojas:
- reas da unidade;
- frente(s) efetivas(s) para logradouro(s) pblico(s);
- p-direito;
- relao frente-fundo;
- padro da construo;
- existncia de instalaes especiais;
- nmero de garagens;
- localizao na malha urbana qualidade do ponto comercial;
- padro das construes vizinhas;
- usos mais comuns na regio;
- distncia a plos importantes;
- valor unitrio de loja pesquisada, com relao rea privativa ou, em alguns
casos especiais plenamente justificveis, a rea equivalente.
c) salas e andares corridos:
- reas da unidade;
- padro da construo;
- idade da construo;
- nmero de instalaes sanitrias;
41
- existncia de cobertura, terraos e assemelhados;
- existncia de instalaes especiais;
- nmero de garagens;
- localizao na malha urbana;
- nmero de pavimentos do prdio;
- nmero de unidades por andar;
- posio da unidade no prdio;
- padro das construes vizinhas;
- distncia a plos importantes;
- padro da infra-estrutura urbana da regio;
- poca da informao;
- vista privilegiada ou prejudicial;
- valor unitrio da sala ou andar corrido.
d) galpes:
- reas da unidade-construda, descoberta, de manobra, til e total de terreno;
- frente(s) efetivas(s) para logradouro(s) pblico(s);
- p-direito;
- padro de construo;
- existncia de instalaes especiais
- localizao na malha urbana-qualidade dos acessos ao local;
- padro da infra-estrutura da regio;
- distncia a plos importantes;
- valor unitrio de galpo pesquisado, em relao rea construda ou a rea total
de terreno.
42
e) casas:
- rea total do terreno;
- frente(s) efetivas(s) para logradouro(s) pblico(s);
- profundidade do terreno;
- rea total de construo;
- padro da construo;
- nmero de sutes;
- idade da construo;
- relao entre a rea construda e a rea do terreno;
- existncia de instalaes especiais;
- nmero de garagens;
- localizao na malha urbana;
- padro das construes vizinhas;
- distncias a plos importantes;
- rea passvel de construo (de acordo com as posturas municipais) em terrenos
que comportem verticalizao;
- topografia;
- condies particulares do solo;
- padro da infra-estrutura urbana da regio;
- vista privilegiada ou prejudicial;
- valor unitrio de casa pesquisado.
f) apartamentos:
- reas da unidade;
43
- padro da construo;
- idade da construo;
- nmero de quartos;
- nmero de quartos com banho privativo;
- nmero de instalaes sanitrias;
- existncia de cobertura;
- existncia de instalaes especiais;
- acessibilidade;
- nmero de garagens;
- localizao na malha urbana;
- nmero de pavimentos do prdio;
- nmero de unidade por andar;
- posio da unidade no prdio;
- padro das construes vizinhas;
- padro da infra-estrutura urbana da regio;
- distncias a plos importantes;
- vista privilegiada ou prejudicial;
- valor unitrio de apartamento pesquisado com relao rea privativa.
g) glebas urbanizveis:
- rea total;
- reas reservadas;
- frente(s) efetivas(s) para logradouro(s) pblico(s);
- localizao na malha urbana;
- distncias a plos importantes;
44
- rea passvel de construo (de acordo com as posturas municipais) em terrenos
que
- condies particulares do solo;
- topografia;
- padro dos bairros vizinhos;
- padro da infra-estrutura urbana da regio;
- vista privilegiada ou prejudicial;
- valor unitrio de terreno pesquisado com relao rea til ou total da gleba;
- valor unitrio de lotes de bairros prximos (influenciantes).
2.4.3.1 Fontes de Informao
Para se obter os dados necessrios para a montagem da pesquisa de mercado
(amostragem dos elementos) necessrio que as informaes obtidas sejam seguras. As
fontes frequentemente consultadas so: jornais; informativos imobilirios; corretores e
proprietrios; banco de dados imobilirios prprios, e por qualquer outro meio que permita
acesso s informaes.
de fundamental importncia que a vistoria seja estendida tambm aos imveis da
amostra, no sentido de buscar todos os elementos que possam servir de comparao com o
avaliado. Quanto vistoria dos imveis comparativos, Amaral Neto e DAvila Neto (1999)
comentam que a mesma no necessita ser to aprofundada, como foi feita para o avaliando, no
entanto, o profissional deve efetuar um exame externo mais cuidadoso, buscando o mximo
de informaes possveis
45
2.4.4 Homogeneizao de Valores
A homogeneizao de valores tem por objetivo, tornar comparveis os dados na
pesquisa. Nsser (2007) enfatiza que este o terceiro e mais trabalhoso passo que o avaliador
ter que dar para fazer sua avaliao.
Para a realizarmos este procedimento, que resultar na determinao dos valores unitrios homogeneizados, necessrio utilizao de coeficientes, que expressem em termos matemticos as diferenas de atributos entre elementos pesquisados e o elemento avaliando, que so designados fatores de homogeneizao. (MAIA NETO, 1992 p.76)
A homogeneizao compreende diversos fatores, entre eles destacam-se:
a) fator de oferta ou fonte;
b) fator de reduo do preo a vista;
c) fator de atualizao;
d) fator de localizao ou transposio;
e) fator de melhoramentos pblicos;
f) fator de frente ou testada;
g) fator de profundidade;
h) fator de topografia;
i) fator de esquina ou frentes mltiplas;
j) fator de aproveitamento ou zoneamento;
k) fator de superfcie;
l) fator de padro de acabamento;
m) fator de idade e conservao;
n) fator de arquitetura;
o) fator de reas (avaliao de lojas).
A homogeneizao poder ser realizada atravs de Tratamento por Fatores e/ou por
46
Tratamento Inferncial.
Os estudos de caso que sero posteriormente analisados neste trabalho tm seus dados
homogeneizados pelo Tratamento Inferncial, em face de esta situao deixa-se de apresentar
detalhes e conceitos referentes ao Tratamento por Fatores, a fim de obter compreenso clara e
objetiva dos casos a serem estudados.
2.5 INFERNCIA ESTATSTICA NAS AVALIAES
A palavra estatstica definida por Moreira (2001), como os fatos numricos ou dados
coletados sobre um assunto especfico.
A anlise estatstica faz uso de tabelas, representaes grficas, smbolos, equaes algbricas e frmulas, como maneira de descrever certas caractersticas dos dados, medi-los em termos quantitativos e analisar as relaes entre variveis contidas nos elementos coletados (MOREIRA, 2001, p.175).
Os autores Amaral Neto e DAvila Neto (1999, p.1) descrevem de forma simples o
conceito que difere Estatstica Descritiva em relao a Estatstica Inferncial.
De posse de uma amostra representativa da populao, passamos a trat-las como dados, dando origem a diversas relaes estatsticas, como por exemplo, mdia aritmtica, mediana, moda, varincia, desvio padro, etc.. Essas relaes estatsticas possibilitam descrever sob diversos ngulos, o conjunto de dados representados pela referida amostra. Por essa razo, o estudo dessas relaes pertence ao campo da estatstica descritiva. Quando o interesse est voltado para a populao da qual se originou a amostra, estudando as caractersticas da mesma com o objetivo de transferir, de generalizar suas concluses para a populao, ou seja, a parte da estatstica que se interessa pelas transferncias de concluses das amostras para a populao, chama-se estatstica Inferncial.
Em conseqncia a evoluo tecnolgica das ltimas dcadas, torna-se fundamental a
47
existncia de novas tcnicas para o estudo de modelos matemticos melhor elaborados. O uso
de softwares est cada vez mais incorporado neste cotidiano.
A inferncia estatstica difere basicamente na eliminao dos fatores de homogeneizao, que so coeficientes empricos, embora de utilizao generalizada e com aceitao ampla, substituindo-os por variveis que iro compor curvas de regresso atravs de equaes matemticas. (MAIA NETO, 1992 p.119).
A inferncia estatstica uma ferramenta de trabalho que, quando bem empregada,
possibilita estudo detalhado do comportamento das variveis que esto influenciando na
formao dos valores dos elementos amostrais. A principal desvantagem que quando mal
empregada, sem qualquer embasamento tcnico, muitas vezes sem a correta observao da
coerncia, os resultados podem ser desastrosos, obtendo-se assim modelos falhos com a
produo de resultados muito distantes da realidade.
2.5.1 Identificao e Seleo das Variveis
De posse a todas as informaes necessrias coletadas atravs da pesquisa de mercado,
o profissional avaliador utilizar toda sua experincia e sensibilidade, com o objetivo de
extrair as variveis mais importantes na variao do valor do imvel, ou seja, identificar
aqueles atributos j citados, que possam se transformar em variveis explicativas a serem
utilizadas na inferncia. Amaral Neto e DAvila Neto (1999), lembram que muitas vezes
ainda, o engenheiro identificar variveis que no so significativas no momento da pesquisa,
mas que so de extrema importncia para o caso em anlise.
A partir dessa anlise preparatria pode ser realizado o trabalho de avaliao
propriamente dito, com a escolha do modelo de regresso, desenvolvimento dos clculos,
realizao dos testes e interpretao dos resultados.
48
2.6 INTRODUO S ACES JUDICIAIS DOS CASOS APRESENTADOS
Em resumo do que foi exposto nas sees anteriores, sempre que o juiz no for
suficientemente apto para realizar a verificao dos fatos, sejam pela ausncia de
conhecimentos tcnicos ou pela impossibilidade de colher os dados necessrios, o trabalho
ser realizado por pessoas entendidas na matria, atravs da percia.
A anlise do caso exige conhecimentos tcnicos ou cientficos, provenientes da
formao acadmica e profissional do perito, que fazem com que as questes sejam
plenamente justificadas. Assim fundamental que os fatos sejam analisados com
profundidade, no pairando quaisquer dvidas sobre as concluses obtidas, por exemplo, ao
arbitrar-se um determinado valor de aluguel, explicar claramente como se chegou a este valor
e tantos outros casos que poderiam ser aqui colocados.
Foram escolhidos para serem objetos de estudo do presente trabalho, alguns casos que
retratam perfeitamente os procedimentos periciais em avaliaes de imveis urbanos, bem
como os critrios de avaliao adequados.
Dentre algumas aes, devidamente citadas no Captulo 1 - seo 1.2.1, as
selecionadas para serem aqui estudadas so:
a) ao renovatria de locao;
b) ao de indenizao por desapropriao.
2.6.1 Ao Renovatria de Locao
A Lei n 8.245, de 18/10/91, mais conhecida como Lei do Inquilino, refere-se s
locaes de imveis urbanos e os procedimentos pertinentes a elas.
Em concordncia com Moreira (2001), para que o locatrio e/ ou locador de um
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imvel obtenha os benefcios contidos na citada Lei, os contratos de locao devem preencher
os seguintes requisitos do Art. 51:
a) o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
b) o prazo mnimo de contrato a renovar, ou a soma dos prazos ininterruptos dos
contratos escritos, seja de cinco anos;
c) o locatrio esteja explorando seu comrcio, no mesmo ramo, pelo prazo
mnimo e ininterrupto de trs anos.
Conforme a Lei n. 8.245, se o locatrio do imvel for pessoa jurdica e quiser renovar
o contrato com o locador, o mesmo dever manifestar-se interessado num prazo de quatro
anos contados a partir da data do contrato. Caso este prazo seja extrapolado,
consequentemente a partir da data de vencimento do contrato de locao, o locador ter total
direito sobre este imvel.
Sendo assim, faltando 12 meses para o encerramento do contrato de locao, o
locatrio interessado em permanecer com suas atividades comerciais no local, poder iniciar
uma Ao Renovatria de Locao. Depois de cumpridas todas as exigncias legais do
processo, o juiz ir nomear o perito, que dever sempre ser um avaliador e tanto o requerente
quanto o requerido do processo, se quiserem, indicaro seus assistentes tcnicos.
O imvel sob renovao de contrato ser vistoriado, posteriormente o perito e os
assistentes tcnicos fazem o levantamento das caractersticas fsicas daquele imvel e
procuram nas vizinhanas, nos jornais, nas imobilirias locais ou em outras fontes de
informao, imveis semelhantes ao avaliando que possam dar suporte a uma avaliao
criteriosa do aluguel a vigorar no novo perodo de cinco anos.
Atravs dos dados obtidos pela pesquisa, o perito estar em condies de elaborar o
laudo avaliatrio, determinando o novo valor locatcio do imvel pelos mtodos usuais mais
aconselhveis ao caso.
50
Em Aes Renovatrias de Aluguel, os mtodos mais usados so o comparativo e o da
rentabilidade.
O mtodo mais usado o comparativo, no qual o perito homogeneza valores
locatcios das vizinhanas, e estabelece o valor locatcio unitrio mdio e aplica esse valor
rea do imvel sob renovao de contrato, obtendo o novo valor locatcio.
Pelo mtodo da rentabilidade, o levantamento dos dados da pesquisa a ser feito no o
de valores locatcios, mas de elementos que caracterizem o valor venal, que so basicamente o
valor venal de outros imveis da regio. Uma vez definido o valor de venda do imvel em
questo, o perito dever escolher uma taxa de rentabilidade adequada, a qual, multiplicada ao
valor venal determinado, ir mostrar o valor locatcio do novo contrato.
Alguns julgadores manifestam certa preferncia por um mtodo ou por outro, mas, a nosso ver, cabe ao perito a escolha do mtodo que ele, pela sua experincia, entenda ser o de melhor aplicao no caso especifico que ele tenha em mos; pode ser que ele no encontre nas vizinhanas do imvel sob renovao, boas indicaes de aluguis; ento, ter que optar pelo mtodo da rentabilidade; por outro lado, pode ser que ele encontre boas referncias de aluguis nas vizinhanas e poucas ou nenhumas referncias de terrenos ou de imveis vendidos que lhe permitam aplicar o mtodo da rentabilidade. O ideal seria o perito obter elementos que permitissem aplicar os dois mtodos e, tirando a mdia, chegar ao valor final. (MOREIRA, 2001, p.400)
2.6.2 Ao de Indenizao por Desapropriao
Jos Junior apud (Moreira, 2001, p.285) conceitua que:
Desapropriao o ato de direito pblico pelo qual a administrao, fundamentada na necessidade pblica, na utilidade pblica ou no interesse social, obriga o proprietrio a transferir a propriedade de um bem ao Estado ou a particularidades mediante prvia e justa indenizao.
As desapropriaes podem envolver a tomada total ou parcial de terrenos, bem como
das respectivas benfeitorias.
A avaliao de um imvel no caso de desapropriao total, efetuado como se o
51
proprietrio interessado em vender seu imvel, solicitasse ao perito que avalie o imvel a fim
de saber qual o maior valor que poderia pedir ao vend-lo.
Nas desapropriaes parciais, as avaliaes so mais complexas devido s reas
remanescentes, pois estas exigem uma cuidadosa anlise.
As reas remanescentes tanto podem trazer prejuzo quanto lucro para o proprietrio.
Para melhor compreender, basta imaginar uma situao em que uma nova rua seja implantada
e que sua passagem esteja nos fundos ou ao lado de um terreno que antes de sua implantao
possua apenas uma frente, tornando-se dessa forma um terreno de esquina, evidentemente o
proprietrio do imvel obteve lucratividade com esta desapropriao. Diferentemente se a tal
rua fosse ampliada lateralmente, cortando a frente de um terreno em aclive, dificultando desta
forma a acessibilidade do imvel, e consequentemente desvalorizando completamente o
mesmo.
Nas desapropriaes parciais, na grande maioria dos casos, o mtodo mais adequado e
mais usado para a determinao do valor da indenizao a ser paga pelo expropriante o
mtodo comparativo antes e depois, que nada mais , do que a avaliao do imvel antes da
desapropriao, ou seja, com suas caractersticas originais e a avaliao do imvel aps a
desapropriao. A diferena entre as duas avaliaes ir traduzir o prejuzo obtido pelo
proprietrio, ou seja, o valor que dever ser ressarcido pelo poder expropriante.
O critrio de avaliao utilizado antes da desapropriao poder ser diferente do
critrio utilizado aps a desapropriao, lembrando que este mtodo o mais adequado,
embora no seja vivel em todos os casos. Exemplo disto o caso da desapropriao de uma
pequena rea comparada com o restante do imvel, ou seja, uma faixa de terra em relao a
uma gleba de centenas de hectares, certamente no ser interessante avaliar todo o imvel,
devido sua grande dimenso e a dificuldade de adquirir elementos comparativos, neste caso,
usa-se outro mtodo.
52
3. ESTUDO DE CASO
3.1 CASO 1: AO RENOVATRIA DE LOCAO
3.1.1 Observaes Preliminares
O estudo de caso apresentado trata-se da Ao Renovatria de Aluguel ou Locao,
requerida por uma Empresa S.A. contra outra Empresa Ltda., que neste estudo sero
identificadas, respectivamente, como sendo a Autora e o Ru do processo sob n.
000.00.000000-1, em curso perante a nica Vara Cvel da Comarca de Barra Velha SC.
O referido processo foi expedido Comarca do local para a realizao de Percia
Tcnica visando avaliar o valor locatcio do imvel localizado no Municpio e Comarca de
Barra Velha - SC, com rea total de 232,63 m, localizado na Avenida Paran n. 00,
matriculado no Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Barra Velha sob o n. 0.000.
A Autora do processo indicou para assisti-la tecnicamente um profissional habilitado
para tal funo e apresentou seus quesitos, para que sejam respondidos pela percia. O Ru,
por sua vez, apresentou seu assistente tcnico, mas deixou de formular os quesitos.
As questes propostas pela Autora, para que sejam respondidas pela percia so:
a) qual o valor de mercado do imvel locado?
53
b) o imvel locado possui rea que possa ser utilizada como estacionamento?
c) as infiltraes que ocorrem no imvel influenciam no valor de locao?
3.1.2 mbito da Percia
Aps a anlise das informaes do processo e dos quesitos apresentados pela Autora,
entende-se que o perito tem as seguintes finalidades precpuas:
a) vistoriar o imvel objeto da presente lide, verificando:
- a exata localizao, caractersticas da regio, caractersticas fsicas e peculiares
do mesmo;
- as benfeitorias existentes sobre o imvel, quanto s reas construdas,
caractersticas construtivas e de acabamento, bem como, sua destinao.
b) efetuar pesquisas, diagnsticos de mercado, e clculos estatsticos para
determinao do valor locatcio do imvel.
3.1.3 Vistoria
O levantamento pericial de campo ocorreu no dia 09 de abril do ano de 2.007,
oportunidade na qual foi vistoriado o imvel sub-jdice e efetuado o levantamento dos dados
fsicos, que levaram a identificao do imvel e a expresso grfica das plantas.
Estavam presentes e acompanharam a diligncia inicial, as seguintes pessoas:
a) representando a Autora:
- Sr. A Gerente administrativo da agncia local da Empresa S.A.
b) representando o Ru:
- Dr. B Procurador;
54
- Sr. C Assistente Tcnico.
3.1.3.1 Vistoria do Local
O imvel sub-jdice est localizado na Avenida Paran n. 00 no bairro centro no
municpio de Barra velha SC.
O local apresenta uso predominante comercial caracterizada por farmcias, papelarias,
bancos, comrcio em geral, prestadores de servios, dentre outros estabelecimentos.
A reproduo a seguir ilustra a exata localizao do imvel em questo:
MORRO DO CRISTO
BR
101
DAVID ESPINDOLA
AV. CELSO RAMOS
IPIRANGACARLOS MAIAGUATEMALA
AV. BEIRA MA
RAV. SA
NTA CAT
ARINA
AV. PARAN
AV. PAR
AN
BERN
ARDO
AGUIA
R
DOS P
ROFES
SORE
S
BERNARDO AGUIAR
PEDRO G. R. COELHOPEDRO
FREIT
AS
CENTRO
LAGOA DE BARRA VELHA
H. PIM
ENTEL
RIO DE
JANE
IRO
BR
101
BR 101
IMVEL
Figura 3.1.1 Planta de localizao do imvel avaliando. Fonte: Arquivo pessoal.
55
A regio em estudo servida por todos os tipos de melhoramentos pblicos oferecidos
pela Municipalidade, a saber: rede de gua potvel, iluminao pblica, rede telefnica, luz
domiciliar, pavimentao asfltica, coleta de lixo, dentre outros.
3.1.3.2 Vistoria do Imvel
a) terreno:
O terreno onde est situado o imvel locado pela Autora apresenta topografia
devidamente regularizada para receber a edificao erigida, ocupado em toda sua extenso
pela mesma, apresenta o formato regular e as seguintes dimenses:
- frente ............................................................................................. 10,60 metros;
- lateral direita de quem de frente observa o imvel ....................... 21,95 metros;
- lateral esquerda de quem de frente observa o imvel ................... 21,95 metros;
- fundos ........................................................................................... 10,60 metros;
- rea total ..................................................................... 232,63 metros quadrados.
b) benfeitorias:
Sobre o terreno anteriormente descrito encontra-se erigida uma edificao constituda
por pavimento nico, ocupando todo terreno, com rea total de 232,63 metros quadrados, p
direito com 3,50 metros. A rea est subdividida em 18 (dezoito) ambientes, conforme
caractersticas construtivas e de acabamento descritas a seguir:
- piso: em material cermico;
- forro: em PVC;
- paredes: externamente em alvenaria e divises internas em compensado naval
com altura de 2,10 metros;
56
- revestimento: as paredes em alvenaria so revestidas com argamassa de cimento
areia e cal, pintura a ltex e barradas a tinta leo, sendo que, nos lavabos e
cozinha, o revestimento cermico do piso ao teto;
- esquadrias: janelas e portas externas so em ferro, alumnio e vidro. As portas
internas junto aos lavabos e cozinha so em madeira laminada e nas divisrias em
compensado naval as esquadrias seguem o mesmo padro do material.
Foram observados os seguintes usos nos ambientes vistoriados:
- entrada principal;
- caixas eletrnicos 24 horas;
- abastecimento de caixa 24 horas;
- atendimentos diversos e gerncia;
- filas de espera;
- caixas;
- atendimento interno (3 ambientes);
- administrao;
- circulao (2 ambientes);
- contabilidade;
- depsito de arquivos;
- central telefnica;
- cozinha;
- lavabos (2 unidades).
Devido falta de mapas e documentos que explicitassem a forma e a dimenso real do
imvel, foram realizadas durante a vistoria as medies necessrias em cada ambiente para
que fosse possvel a confeco da planta baixa a ser apresentada posteriormente.
57
W C M a s c u lin o
W C F e m in in oC o z in h a
b ) C irc u la o
a) C
ircul
ao
A te n d im e n to s D iv e rs o s e G e r n c ia
E n tra d a
C a ix a s E le tr n ic o s
Cai
xa A
a ) A te n d im e n to In te rn o
A d m in is tra o
A rq u iv o
Cai
xa B
Cai
xa CF ila s d e
E s p e raC a ix a s
P o rta G ira t ria
0 1
0 2
A b a s te c im e n to 2 4 h o ra s
0 3
0 4
0 5 0 6
0 7
b ) A te n d im e n to In te rn o
0 7
c ) A te n d im e n to In te rn o
0 8
0 7
Cai
xa D
Cai
xa E
C o n ta b ilid a d e
09
1 1C e n tra l
T e le f n ic a
1 0
1 41 2 1 3
0 9
1 4
re a to ta l d o im v e l: 2 3 2 ,6 3 m 2
P a re d e s e m a lv e n a riae s p e s s u ra : 1 5 c m
P a re d e s e m c o m p e n s a d o s n a v a ise s p e s s u ra : 4 c m
E s q u a d ria s e m v id ro e a lu m n io
Figura 3.1.2 Planta baixa do imvel avaliando. Fonte:Arquivo pessoal.
58
3.1.4 Documentao Fotogrfica
Por ocasio das diligncias foram colhidas fotografias elucidativas diversas, as quais
se encontram ilustradas a seguir.
Figura 3.1.3 Vista da Avenida Paran, prximo ao imvel objeto do presente estudo. Fonte: Arquivo pessoal
Figura 3.1.4 Vista da fachada frontal do imvel. Fonte:Arquivo pessoal.
59
Figura 3.1.5 Vista dos caixas eletrnicos 24 horas, localizados no interior do imvel. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1. 6 Vista do depsito de arquivos: observar as caractersticas construtivas e de acabamento. Fonte: Arquivo pessoal.
60
Figura 3.1.7 Vista da administrao interna da agncia. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.8 Vista geral do imvel avaliando. Observar: ao fundo o local de abastecimento do caixa 24 horas e a entrada principal; esquerda os caixas de atendimento ao cliente; direita e ao centro o local destinado formao de filas de espera.
Fonte: Arquivo pessoal.
61
Figura 3.1.9 Vista do salo de atendimentos diversos e gerncia. Observar as caractersticas construtivas e de acabamento do local. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.10 Vista da cozinha de uso restrito aos funcionrios. Fonte: Arquivo pessoal.
62
Figura 3.1.11 Vista do lavado, observar suas caractersticas construtivas e de acabamento. Fonte: Arquivo pessoal.
3.1.5 Critrios de Avaliao:
O valor avaliatrio do presente caso, em funo da qualidade e nmero de dados de
conforto que puderam ser obtidos, est enquadrado no grau II de preciso e grau II de
fundamentao, conforme preconiza a NBR 14.653-2 Avaliaes de Bens Imveis
Urbanos.
Os mtodos bsicos para determinao do valor locatcio de um imvel consistem em:
a) mtodo Comparativo Direito: onde o valor locatcio do imvel ser
determinado atravs de comparao direta com outros imveis colocados a
locao e similares na regio central da cidade de Barra Velha, guardando-se
as diferenas existentes entre eles;
b) mtodos Indiretos - Mtodo da Renda: onde a base de clculo ser o valor de
venda do imvel e conceitua o aluguel como a expectativa de rendimento do
63
capital empregado, ou seja, o valor do aluguel uma frao direta do valor do
imvel.
No presente caso, adotar-se- o Mtodo Comparativo Direto para a determinao do
valor locatcio, que se constituiu na metodologia preferencial, conforme preconiza a NBR
14653.1.
3.1.5.1 Pesquisa de Mercado e Estatstica Inferncial
Foi realizada pesquisa de mercado, sendo coletados elementos de ofertas situados na
mesma regio geoeconmica do imvel avaliando, sendo que, a influncia destes elementos
na formao do valor, foi obtida por Inferncia Estatstica.
Os elementos a seguir apresentados foram coletados in loco.
Figura 3.1.12 Vista frontal do Imvel 01: Banco do Brasil, Avenida Paran n. 180. Fonte: Arquivo pessoal.
64
Figura 3.1.13 Vista frontal do Imvel 02: Futuras instalaes das Lojas Salfer, Avenida Paran n. 180. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.14 Vista frontal do Imvel 03: Divl Presentes, Avenida Paran n. 245. Fonte: Arquivo pessoal.
65
Figura 3.1.15 Vista frontal do Imvel 04: Cia das Frutas, Avenida Paran n. 245. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.16 Vista frontal do Imvel 05: Farmcia de Manipulao Ana Paula, Avenida Paran n. 241. Fonte: Arquivo pessoal.
66
Figura 3.1.17 Vista frontal do Imvel 06: Banco Bradesco, Avenida Paran n. 280. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.18 Vista frontal do Imvel 07: Lojas Koerich, Avenida Paran. Fonte: Arquivo pessoal.
67
Figura 3.1.19 Vista frontal do Imvel 08: Papelaria Nova Jerusalm, Avenida Paran. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.20 Vista frontal do Imvel 09: Tabelionato Martinelli, Avenida Paran n. 308. Fonte: Arquivo pessoal.
68
Figura 3.1.21 Vista frontal do Imvel 10: Farmcia Barra Velha, Avenida Paran n. 308. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3.1.22 Vista frontal do Imvel 11: Talitnia Bordados, Avenida Paran. Fonte: Arquivo pessoal.
O clculo estatstico Inferncial e anlises exigidas para atender os preceitos da NBR
14.653-2 foram realizados com o auxlio do software INFER Verso 3.2 elaborado pela
69
empresa ria Sistemas de Informtica Ltda. O citado software auxilia na obteno do modelo
de melhor ajuste, clculo dos coeficientes de correlao e determinao, intervalos de
confiana, significncias, verificao de normalidade de resduos, de homocedasticidade, de
multicolinearidade, de outliers e anlise de varincias.
Com o objetivo de melhor visualizao, todas as verificaes, dados dos elementos
analisados e clculos estatsticos encontram-se no Apndice A Relatrio de Pesquisa de
Mercado e Estatstica Inferncial Caso 1.
Em posse dos elementos de pesquisa, foi feita uma anlise dos mesmos e testes de
vrios modelos no sentido de identificar as variveis dependentes e independentes. Aps
anlises e combinaes de variveis, foram obtidos os modelos de melhor ajuste para o
imvel avaliando.
No presente caso, observou-se a partir dos elementos pesquisados, que o Valor
Unitrio Locao (varivel dependente) do imvel avaliando, funo dos seguintes valores
conhecidos (variveis independentes):
Estado de Conservao: Varivel qualitativa, com tratamento dicotmico que
identifica os diferentes estados de manuteno e conservao dos imveis pesquisados,
segundo os padres aparentes:
- timo;
- bom;
- regular.
Aps vrias tentativas utilizando todas as variveis de cada vez ou em conjunto,
observou-se que outras variveis independentes foram analisadas: rea locada, testadas,
natureza e esquina. No entanto, no mostraram significncia no modelo pesquisado. Com o
uso destas variveis, alguns elementos se dispersam e fogem da estimativa obtida com o
modelo de regresso gerado.
70
Tabela 3.1.3 Elementos obtidos na pesquisa de mercado.
N Am.
Localizao Natureza
Testada Est. conserv timo
Est. conserv.
Bom
rea Locada
1 Rua Paran n 180 - Banco do Brasil locado 19,00 [ ]no [x]sim 390,00 2 Rua Paran - Lojas Salfer locado 25,00 [x]sim [ ]no 700,00 3 Rua Paran n 245 - Divl Presentes locado 7,00 [ ]no [ ]no 120,00 4 Rua Paran n 245 - Cia das Frutas locado 12,00 [ ]no [ ]no 120,00 5 Rua Paran n 241 Farmcia Ana Paula locado 10,80 [ ]no [x]sim 170,00 6 Rua Paran - Banco Bradesco locado 10,50 [ ]no [x]sim 280,00 7 Rua Paran - Lojas Koerich locado 13,00 [x]sim [ ]no 400,00 8 Rua Paran - Papelaria Nova Jeruzalm locado 15,70 [ ]no [ ]no 50,00 9 Rua Paran n 308 - Tabelionato Martinelli locado 8,50 [x]sim [ ]no 150,00 10 Rua Paran n 308 - Farmcia locado 5,50 [x]sim [ ]no 80,00 11 Rua Paran - Talitnia Bordados locado 8,00 [ ]no [ ]no 50,00
N
Am. Valor
Locao Esquina Valor da
Oferta Informante
1 8,46 [x]sim 3.300,00 Sr. Kath - Fone 3456-0235 - Locador 2 10,00 [x]sim 7.000,00 Sr. Kath - Fone 3456-0235 - Locador 3 8,33 [ ]no 1.000,00 Sr. Kath - Fone 3456-0235 - Locador 4 8,33 [ ]no 1.000,00 Sr. Kath - Fone 3456-0235 - Locador 5 8,82 [ ]no 1.500,00 Sra. Patrcia - Gerente - No local 6 9,64 [ ]no 2.700,00 Sr. Tito - Fone 3456-0419 - So Paulo Inc. e Adm. de Imveis Ltda 7 10,00 [ ]no 4.000,00 Sr. Erivelto Maia - Fone 3456-0153 - Locador 8 7,60 [ ]no 380,00 Sra. Nair - Gerente - No local 9 8,67 [ ]no 1.300,00 Sra. Sandra - Gerente - No local 10 10,00 [ ]no 800,00 Sr. Renato - Fone 3456-0633 - Gerente - No local 11 7,60 [ ]no 380,00 Sr. Erivelto Maia - Fone 3456-0153 - Locador
Fonte: Infer verso 3.2
Ante as premissas anteriormente expostas, obteve-se por inferncia estatstica, a partir
da Pesquisa de Mercado, constante do Apndice A do presente trabalho, o seguinte modelo de
regresso:
[Valor Locao] = 1/ (1,5862x10- 5,0364x10- x [Est. Cons. timo])- 3,3331x10- x [Est. Cons. Bom])/
Tabela 3.1.4 Relao entre os valores observados e os estimados atravs da equao de regresso.
N Am. Valor observado Valor estimado Diferena Variao % 1 8,46 8,93 0,47 5,6010 % 2 10,00 9,61 -0,39 -3,8899 % 3 8,33 7,94 -0,39 -4,6826 % 4 8,33 7,94 -0,39 -4,6826 % 5 8,82 8,93 0,11 1,2908 % 6 9,64 8,93 -0,71 -7,3253 % 7 10,00 9,61 -0,39 -3,8899 % 8 7,60 7,94 0,34 4,4729 % 9 8,67 9,61 0,94 10,8537 %
10 10,00 9,61 -0,39 -3,8899 % 11 7,60 7,94 0,34 4,4729 %
Fonte: Infer verso 3.2
71
Grfico 3.1.1 valores estimados X valores observados: Uma melhor adequao dos pontos reta significa um melhor ajuste do modelo. Fonte: Infer verso 3.2
3.1.6 Avaliao
Atravs dos critrios fixados na seo 3.1.5 - Critrios de Avaliao o valor foi
obtido por inferncia estatstica, a partir da pesquisa de mercado e do modelo de regresso
referido na seo anterior. Aplicando-se equao de regresso, os dados relativos ao imvel
avaliando, obter-se- o valor para a locao procurada, conforme segue:
a) variveis independentes:
- estado de conservao timo: no = 0;
- estado de conservao bom: sim = 1.
b) Substituindo no modelo de regresso, tem-se:
- [Valor unitrio estimado] = R$ 8,93 / m2.
72
c) O intervalo de confiana de 80% para o modelo anteriormente proposto o
seguinte:
- [Valor unitrio mnimo] = R$ 8,49 / m2;
- [Valor unitrio mximo] = R$ 9,45 / m2.
d) Considerando-se que o valor total dado pela expresso:
- [Valor da Locao] = [rea C. Total] x [Valor unitrio].
e) [rea] = 232,67 m2, tem-se:
- [Valor Estimado para Locao] = R$ 2.077,74;
- [Valor Mnimo para Locao] = R$ 1.975,37;
- [Valor Mximo para Locao] = R$ 2.198,73.
f) Diante dos fatos at aqui expostos, conforme descries apresentadas na
vistoria e avaliao, levando-se em considerao as prescries da NBR 14.653-2,
da Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT -, conclui-se que o valor
locatcio de mercado estimado para o imvel sub-jdice, corresponde a:
- Valor Locatcio = R$ 2.080,00 / ms;
(DOIS MIL E OITENTA REAIS)
VLIDO PARA ABRIL DE 2007
3.1.7 Respostas aos Quesitos
a) qual o valor de mercado do imvel locado?
- resposta: O valor locatcio de mercado para o imvel em questo corresponde a
R$ 2.080,00 (dois mil e oitenta reais) mensais, vlidos para abril de 2007;
73
b) o imvel locado possui rea que possa ser utilizada como estacionamento?
- resposta: No. Como exposto na seo 3.1.3 Vistoria, a edificao ocupa a
extenso do terreno;
c) as infiltraes que ocorrem no imvel influenciam no valor de locao?
- resposta: Os fatores que influenciam no valor da locao encontram-se descritos
na seo 3.1.5 Critrios de Avaliao. Atravs de anlises, observou-se que o
estado de conservao o fator principal, que influencia o valor final do imvel.
Sendo assim, as infiltraes aparentes, que caracterizam seu estado de
conservao, influenciaram no valor do imvel sub-jdice.
3.1.8 Consideraes Finais
Alguns resultados finais de avaliao so surpreendentes. No caso exposto a
caracterstica do imvel foi a varivel que definiu seu valor. A idia que se tem antes de
iniciar a pesquisa, ou at mesmo de iniciar o processo de obteno do valor locatcio, que o
nmero de frentes do imvel, a dimenso da testada e a rea sero as variveis que interferiro
diretamente no valor. No entanto, conforme aqui apresentado, observou-se o que
normalmente ocorre nas avaliaes, ou seja, variveis que previamente se definem como
fundamentais, mostram-se na realidade do mercado em que se situam, pouca ou nenhuma
significncia no valor final obtido.
Sendo assim, para o mercado em estudo, o valor determinado atravs da avaliao est
adequado a realidade imobiliria da regio.
74
3.2 CASO 2: AO DE INDENIZAO POR DESPROPRIAO INDIRETA
3.2.1 Observaes Preliminares
O presente estudo refere-se Ao de Indenizao Por Desapropriao Indireta,
requerida pelos Autores do processo sob n. 000.00.000000-2 contra o Municpio de Joinville,
em curso perante a uma determinada Vara Cvel da Comarca de Joinville SC.
Os Autores declaram que o Poder Pblico Municipal de forma arbitrria, apossou-se
de parte do imvel avaliando para abertura da Rua Manoel Martins Jnior e alargamento da
Rua Monsenhor Gercino. Alegam que a ilegalidade da conduta do Ru reside no fato de que,
o apossamento se deu sem a desapropriao exigvel, e de conseqncia, sem o prvio e justo
pagamento em dinheiro, conforme determinado constitucionalmente, devendo referida
indenizao corresponder rea total do imvel objeto da presente estudo. Alm disto, a
mesma constata que a Prefeitura Municipal permaneceu cobrando o IPTU sobre a totalidade
do referido imvel.
O Municpio Ru apresenta sua contestao, alegando em sntese que desde o
momento da ocupao de parte do imvel, tentou pagar a devida indenizao aos seus
proprietrios, somente no chegando a termo porque houve divergncias de valores por parte
do proprietrio e da Municipalidade.
O Ministrio Pblico formulou suas propostas a serem respondidas pela percia. Os
Autores formularam quesitos e por no dispor de recursos financeiros, deixaram de indicar o
Assistente Tcnico.
Os quesitos formulados, para que sejam respondidos pela percia so:
a) Ministrio Pblico:
- a metragem remanescente permite edificaes e/ou permitida por lei para
75
tanto?
- foi instituda alguma servido no local? De que tipo e finalidade?
- existia alguma edificao sobre o terreno e qual a destinao anterior e a atual?
- as ruas e/ou alargamentos permitem o acesso a qual (is) bairro de Joinville?
b) Autores:
- qual o valor mdio atual do metro quadrado na regio onde o imvel se localiza?
- qual a metragem remanescente do imvel, aps a desapropriao efetivada pelo
Municpio? Tal metragem compe rea nica?
- em dita rea remanescente possvel construo de edificao para fins
residenciais? Quais as condies da referida rea para utilizao urbanstica?
- caso seja permitida pela legislao municipal a edificao sobre a rea
remanescente, houve reduo de seu valor comercial em virtude da diminuio
de seu tamanho? Se sim, seria possvel expressar o percentual de perda de seu
valor comercial?
3.2.2 mbito da Percia
Aps anlise das informaes e dos quesitos apresentados, entendese que o perito
tem as seguintes finalidades precpuas:
a) vistoriar o imvel objeto da presente ao, identificando as caractersticas
intrnsecas do mesmo;
b) efetuar uma pesquisa de mercado visando determinar o real valor da rea
desapropriada;
76
c) analisar se a ocupao resultou em desvalorizao e/ou inaproveitamento do
remanescente.
3.2.3 Vistoria
Os levantamentos periciais iniciaram-se no dia 17/04/2.007 s 8:00 hrs (oito horas),
estando as partes devidamente intimadas , conforme termo do artigo 431-A do Cdigo Penal
Civil - CPC.
Acompanhou as diligncias iniciais e os levantamentos fsicos realizados no local:
a) representando os Autores: Sr. A Autor;
b) representando a Municipalidade: no compareceu nenhum representante no
local para acompanhar o incio dos trabalhos.
3.2.3.1 Vistoria do Local