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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA E APOIO FAMILIAR Auricéa Oliveira da Silva Freire ORIENTADOR: Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2016-02-22 · UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA E

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA E APOIO FAMILIAR

Auricéa Oliveira da Silva Freire

ORIENTADOR: Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Terapia de Família. Por: Auricéa Oliveira da Silva Freire

DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA E APOIO FAMILIAR

Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela oportunidade de

estar neste plano, procurando evoluir cada vez

mais. A minha família, pelo apoio, carinho e

compreensão nos momentos mais difíceis nessa

caminhada. Em especial as minhas queridas

filhas, Thalícia e Letícia pelo carinho e motivação.

In memoriam, ao meu querido marido

companheiro e amigo que onde estiver,

continuará dando aquela força... saudades. Aos

meus pacientes, pelas ricas aprendizagens que

me possibilitam enquanto terapeuta e ser

humano. Aos colegas de turma, e em especial

aos colegas de trabalhos em grupo: Sandra

Ferrão, Carlos Belchor e Vania Reis, por trocas de

saberes, grandes aprendizados e cumplicidade de

nossa convivência. Aos professores e

funcionários da AVM.

A Professora Orientadora Fabiane Muniz,

pela orientação firme e segura.

A todos o meu muito obrigado!

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia as minhas filhas,

Thalícia e Letícia, por terem apoiado e incentivado

minhas escolhas com carinho.

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RESUMO

A adolescência é um momento da vida marcada por grandes

transformações biológicas, psicológicas e sociais. Em função disso, os

adolescentes são mais propensos a ocorrência de transtornos emocionais.

Entretanto, as funções básicas desempenhadas pela instituição familiar no

decorrer do processo de desenvolvimento psicológico de seus membros

permanecem as mesmas.

No entanto, as modificações que transformaram a adolescência em

um período dinâmico, é caracterizada pelo aumento das responsabilidades

sociais, familiares e profissionais, que quando associadas as acentuadas

mudanças biológicas e hormonais, podem causar modificações, e

consequentemente alterações emocionais, com notáveis casualidades de

descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia,

que indicam os primeiros quadros depressivos no jovem.

Frente a esta realidade, a adolescência e as relações familiares

nesta etapa do ciclo vital, tem sido foco de numerosos estudos. Este estudo

objetivou apresentar uma pesquisa através de um estudo bibliográfico sobre

depressão em adolescentes, bem como verificar a relação do apoio e suporte

familiar.

Palavras-chave: Depressão, adolescência, família.

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METODOLOGIA

Para desenvolver uma análise crítica que nos proporcione um

melhor embasamento da temática, trabalhei com a pesquisa bibliográfica, com

dados obtidos através de textos e fontes que me forneceram embasamento

teórico, analisando teorias que me apararam o tema em questão a partir das

leituras dos seguintes teóricos: NICHOLS (2007), CALLIGARIS (2002),

ABERASTURY (2002), ZAGUARY (2015).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Conceito de Depressão 10

1.1 O que é Depressão 11

1.2 Depressão a doença do século 16

CAPÍTULO II - Conceito de Adolescência 19

2.1 O que é Adolescência 20

2.2 Adolescência e seu Desenvolvimento 21

2.3 Depressão na Adolescência 24

CAPÍTULO III – Família 28

3.1 Família e Estrutura 28

3.2 Adolescência e a Família 33

3.3 Terapia familiar e Mediação de Conflito 37

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 45/47

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho, relata-se e verifica a prevalência de indicadores de

depressão nos adolescentes e o apoio familiar desta forma, pretende-se

contribuir para um melhor entendimento da depressão na adolescência.

A adolescência é a etapa da vida marcada por diversas mudanças,

tanto biológica como de ordem psicológica e social.

Contudo, a adolescência caracteriza-se, principalmente, pela

transformação. Talvez em nenhuma outra fase do ciclo da vida as mudanças

sejam tão radicais e abruptas. Essas diferentes modificações transformam a

adolescência em um período dinâmico, de mudanças, tornando os

adolescentes mais vulneráveis a instalação de diversos transtornos afetivos.

Nesta fase, é essencial a participação dos pais e da escola, que tem

um papel indispensável a desempenhar na construção da personalidade

desses indivíduos. É preciso que eles estejam atentos e alertas a gravidade

das manifestações emocionais e comportamentais apresentadas pelos jovens.

É caracterizada também, pelo aumento das responsabilidades

sociais, familiares e profissionais que, quando associadas as mudanças

biológicas e hormonais, podem causar inquietações, dúvidas e mudanças de

comportamento. Com todas essas modificações, destaca-se a importância de

se conhecer mais e melhor sobre as dificuldades vivenciadas nesta idade, que

muitas vezes são atravessadas por sintomas depressivos, de ansiedade,

sentimento de angústia dentre outros.

Assim, a abordagem do adolescente exige postura da família que é

um sistema ativo em constante transformação, que se altera com o passar do

tempo para assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus

membros. Não podemos nos esquecer de realidades significativas que

interagem com a família: a escola, o trabalho dos pais, o bairro, a vizinhança, a

religião e o grupo de amigos.

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O conhecimento das dinâmicas familiares é de fundamental

importância na avaliação, no tratamento e na prevenção dos problemas

apresentados pelo adolescente e sua família. Para isso, o terapeuta deve

observar como a família e o adolescente estão atravessando essa etapa da

vida.

A adolescência é um período de vida que merece atenção, pois esta

transição entre a infância e a idade adulta pode resultar ou não em problemas

futuros para o desenvolvimento de um determinado sujeito.

No entanto, grandes dificuldades que levam o adolescente e sua

família a procurar ajuda profissional, se enraízam em questões de fracasso

ambiental e familiar.

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CAPÍTULO I

CONCEITO DE DEPRESSÃO

Eu sou livre de tudo o que sei,

mas sou escravo de tudo o que ignoro.

Spinoza

A palavra depressão origina-se do latim e é composta de duas outras

palavras: baixar (premère) e pressionar, isto é, “deprimèrie” que, literalmente,

significa “pressionar para baixo” (COUTINHO, SALDANHA apud VIEIRA,

2008).

A depressão pode ser vista como um mal que enraíza no eu do

indivíduo, bloqueando suas vontades e dirigindo de forma negativa o curso de

seus pensamentos.

No entanto, a depressão é considerada muito mais profunda do que a

tristeza, podendo traduzir-se num estado de abatimento e infelicidade, pode ser

transitório ou permanente.

Depressão é um termo utilizado na psiquiatria para designar um

transtorno de humor, uma síndrome em que a principal queixa apresentada

pelos pacientes é humor depressivo e às vezes irritável, durante a maior parte

do dia, ou mesmo uma doença caracterizada por marcantes alterações afetivas

(BALLONE,2005).

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1.1- O que é a Depressão

O Termo “Depressão” é usado com freqüência, para melhor

definição dos nossos sentimentos emocionais. A depressão promove crises de

tristezas elevadas e profundas, levando o individuo a prostração, dependendo

do grau ou intensidade com que se manifesta.

Estudos mostram que o desencadeamento das crises depressivas

é devido a múltiplos fatores, variantes de pessoas para pessoas, dependendo

de maior ou menor tendência a doença em pauta.

Abreu (2006) refere que a depressão é atualmente considerada

um dos transtornos mentais mais freqüentes e o seu desencadeamento recebe

a influencia, dos seus fatores genéticos e principalmente dos fatores

socioeconômicos, como: ausência de perspectiva de futuro, abandono familiar

e falta de diálogo interpessoal e social, solidão, dentre outros. (ABREU, 2006,

p.49).

Algumas definições mais claras, para melhor compreensão do

que é depressão:

A tristeza é uma emoção presente na vida de qualquer criatura e

que, em determinadas situações, de conformidade com a sua intensidade e

duração, não necessitará uma abordagem profissional.

Denominamos a tristeza de emoção e não de sentimento, porque,

com seu conteúdo psíquico, sempre carrega aspectos viscerais, tornando-se

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facilmente identificável ao observador próximo. Ela se reflete na face, no olhar,

na postura corporal e até no modo de agir do indivíduo.

A tristeza é a emoção diante do fracasso, da perda e da

separação. É a constatação de uma falta, seja de um recurso físico ou moral,

de uma criatura ou de uma situação. Ela não pode ser evitada, mas não deve

ser cultivada, embora alguns a utilizem como instrumento de criatividade e

inspiração, como registrado na literatura e nas artes em geral.

Existe, portanto, uma tristeza necessária com a qual a criatura

precisa conviver por determinado tempo, retirando dessa vivência lições

preciosas para si. Exemplo é a tristeza diante da morte. Existe a dor da perda.

A criatura triste pode ter sua vida diária modificada e prejudicada,

mas isso será passageiro e geralmente não impedirá de realizar suas tarefas

fundamentais. A tristeza deixará de atuar com o desaparecimento do fator

causal ou com sua resolução psíquica, ou irá diluindo com o tempo, pelo

fortalecimento do indivíduo diante da ação motivadora ou pelo enfraquecimento

da importância desta.

A depressão deve ser alvo de atendimento especializado, seja reativa ou

fruto de uma tristeza estagnada, seja causada por outros fatores. Como

sintoma pode estar associado aos diversos quadros orgânicos e emocionais, e

ser causada por fatores exógenos, como no caso das intoxicações, por

diversas substâncias, ou na presença de situações estressantes, ou por fatores

endógenos como nas infecções, neoplasias, disfunções endócrinas,

deficiências nutricionais, etc.

É muito comum, também que a queixa principal seja a perda da

sensação de prazer (anedonia), ou redução do interesse por tudo em volta da

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pessoa (apatia). Geralmente, há o relato de um cansaço exagerado com

sensação de perda da energia.

Quando se busca um diagnóstico de depressão, deve-se

pesquisar:

- os sintomas psíquicos;

- os sintomas fisiológicos e

- as alterações comportamentais no campo psíquico, podem ser

encontradas as seguintes alterações:

• Apatia

• Mau humor

• Distúrbio do sono

• Distúrbio alimentar

• Desinteresse por atividades laborativas

• Sentimento de pesar

• Lentidão nas atividades físicas

• Lentidão nas atividades mentais

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• Isolamento

• Irritação

• Perda de apetite

• Perda ou ganho de peso

• Chorar frequentemente

• Vontade de morrer

• Inquietação

• Pensamento negativo

• Pessimismo

• Desesperança

• Dificuldade de chorar

• Boca seca

• Diminuição de desejo sexual

• Autopiedade

• Sentimento de culpa

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• Falta de estímulo

Quanto às causas da depressão, a medicina declara que a

provável explicação está no desequilíbrio da bioquímica cerebral,

principalmente, nos controladores dos estados de humor. Também foi

comprovado pela Ciência, que os antidepressivos, interagem de forma

satisfatória para a melhora do paciente.

No que diz respeito ao tratamento da depressão, existem dois

caminhos: o psicoterapêutico e o farmacológico. De acordo com Ilo (1998), o

tratamento farmacológico pode ser feito através de atindepressivo indicados

por médicos psiquiátrias, que apresentam resultados eficazes para o

tratamento. No entanto, além dos psicofarmácos a psicoterapia ou análise tem

apresentado resultados consideráveis, na redução dos sintomas depressivos e,

cada vez mais a literatura tem demonstrado que a combinação da psicoterapia

e da farmacologia produz resultados superiores a essas terapêuticas isoladas.

Corroborando esta idéia, Abreu citado por Vieira (2008), descreve

que em conjunto, é o que existe de mais eficaz, pois apenas a psicoterapia

pode não ser suficiente, por haver um desequilíbrio no funcionamento do corpo.

Por outro lado, apenas o medicamento não resolve, pela razão complementar:

a depressão se caracteriza por ser um distúrbio do humor, do afeto, tendo

repercussões em todo psiquismo, não existindo remédio milagroso, capaz de

trabalhar com essa esfera, que é alcançada na psicoterapia. (ABREU apud

VIEIRA, 2008, p.35)

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Os dois tipos de tratamento a psicoterapia e o farmacológico, são

fundamentais no tratamento a depressão e só assim o individuo poderá ter o

alívio tão esperado para seus sofrimentos e aflições.

1.2- Depressão a Doença do século

A depressão conhecida como “doença do século”, é considerada

uma doença mental catalogada na classificação Estatística Internacional de

Doenças e Problemas relacionados com saúde (CID) e no Manual de

Diagnósticos e Estatísticos das Perturbações mentais (DSM), recebendo

abordagens cientificas, como a médica e psicoterápicas.

Para Paganotto (2008), de acordo com os dados da OMS, desde

1950 a depressão é a doença psiquiátrica mais diagnosticada e está em quarto

lugar entre os maiores problemas de saúde do Ocidente. Para Dubovski &

Lubovski (2004), nos países industrializados, a incidência do transtorno

depressivo, mania, suicídio e transtornos psicóticos do humor tem aumentado.

Nos dias de hoje, a depressão é um dos problemas médicos mais

difundidos no mundo. Um estudo conjunto da Escola de Saúde Pública de

Harvard da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial- o

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Global Burden off Discase Study – revelou que ela ocupa o 4 º lugar entre as

causas de doenças degenerativas e de mortes prematuras. E as estatísticas

demonstram que ela se amplia a cada dia. Os autores do referido estudo

predizem que, em 2020, torna-se a 2ª doença em importância, ficando atrás

apenas dos males cardíacos .

Ao longo de pouco mais de cem anos, foram enormes os

progressos realizados nas áreas do conhecimento e do tratamento da

depressão.

Desde então, muitos foram os avanços, sobre tudo, no

entendimento dos fatores genéticos e biológicos, mais não se deixou de lado a

psicoterapia, análise e com a introdução, nos anos 60 da terapia cognitivo-

comportamental e da psicoterapia transpessoal, que continuam, até o dia de

hoje, como auxiliares importantes do tratamento uma vez que não se pode

deixar de considerar a influência dos fatores psicológicos.

A tecnologia recente, particularmente, a empregada nos

aparelhos, que utilizam câmeras de pósitrons, permitiu aos pesquisadores

avançarem bem mais, com a observação das imagens dos cérebros em

funcionamentos, possibilitando-lhes comparar as atividades cerebrais das

pessoas deprimidas como as das que não o são. Com esses e outros recursos

após vários anos de pesquisa chegou-se a conclusão de que a depressão tem

bases biológicas e é, frequentemente, influenciada por estresse psicológico ou

social.

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No seu desenvolvimento, há, portanto, uma interação complexa

de fatores genéticos, estressantes e modificadores de varias regiões do corpo

notadamente do cérebro. A perspectiva é que será a segunda causa de morte

e – ou morbilidade no ano de 2020, atrás apenas do grupo de doenças

cardíacas. Os impactos pessoais, sociais e econômicos causados pela

depressão são bastante significativos.

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CAPÍTULO II

CONCEITO DE ADOLESCÊNCIA

“Ao lidar com pessoas lembre-se de que

você não está lidando

com criaturas de lógica, mas com criaturas de emoção.”

(Dale Carnegie)

Adolescer é palavra latina que significa crescer, desenvolver-se,

tornar-se jovem. Os dicionários registram que a adolescência é o período da

vida humana entre a puberdade e a virilidade e que adolescer quer dizer

crescer durante o período da adolescência. Contudo, não seja possível fixar

limites exatos para sua duração, os dez e os vinte anos, aproximadamente, são

em geral admitidos como as idades iniciais e finais desta etapa do

desenvolvimento humano.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera adolescente o

indivíduo entre 10 e 20 anos.

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2.1– O que é a Adolescência

A adolescência abrange a puberdade que é entendida como a

primeira fase da adolescência. A fase da puberdade é universal, tem

características particulares que vai depender do ambiente sócio-cultural do

adolescente.

Na adolescência todo o processo de amadurecimento abrange os

componentes psicológicos e sociais característicos dessa fase da vida. Este

período vem sendo considerado como o momento importante do

desenvolvimento do adolescente, marcado pelas mudanças tanto da imagem do

corpo como pela estruturação da personalidade.

A mudança inicia-se na puberdade, que sofre ao sair da infância, a

transformação do corpo muito rápido, acelerado, em adulto.

A puberdade é constituída pelos seguintes componentes:

• Crescimento físico;

• Aceleração;

• Desaceleração, até a parada do crescimento (segundo estirão);

• Maturação sexual;

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• Desenvolvimento dos órgãos reprodutores e aparecimento dos

caracteres sexuais secundários;

• Mudanças na composição corporal;

• Desenvolvimento dos aparelhos respiratórios, cardiovasculares e

outros.

De acordo com Calligaris (2002), a adolescência pode se definir de

vários e diferentes critérios tais como:

Cronológico, divide a adolescência em pré adolescência (10-12 anos);

adolescência inicial (13-16 anos) e adolescência final (17-21 anos);

Desenvolvimento físico baseia-se no começo da puberdade e termina no

momento em que o desenvolvimento está quase concluído.

Sociológico, o adolescente deixa de ser encarado como uma

criança, mas ainda não desempenha funções dos adultos.

Psicológico, são as mudanças psicológicas, maturidade, conceitos,

o adolescente passa por uma reorganização de personalidade.

2.2- Adolescência e seu Desenvolvimento

A fase de desenvolvimento da adolescência é uma fase onde

ocorrem grandes transformações e descobertas sexuais, sociais, culturais, etc.

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Quanto ao desenvolvimento, sabe-se que é um período difícil,

onde o indivíduo se prepara para o exercício pleno de sua autonomia. Basta

lembrar as muitas expectativas que são depositada nessa etapa (corpo adulto,

capacidade reprodutiva, identidade sexual, responsabilidade, independência,

maturidade emocional, escolha profissional, que fica fácil compreender porque

a adolescência é uma fase de tantos conflitos.

De acordo com Pereira (2005), os adolescentes gostam:

• De discussão; de temas polêmicos de caráter social;

• Gostam também de leitura e filmes: aventuras, violência,

grandes descobertas e vidas de grandes homens.

• De criticar os adultos e os problemas sociais.

• De resolver os problemas do mundo, geralmente com

soluções muito radicais.

Os adolescentes não costumam gostar de:

• Do irmão mais novo;

• que fiquem pegando no pé;

• dar satisfações;

• chamar sua atenção em público;

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• ficar fora do grupo;

• injustiças;

• hipocrisias.

Alguns autores sublinham as transformações corporais da

adolescência, que são marcadas pelas alterações orgânicas que ocorrem no

corpo, e outros frisam as comportamentais, tais como uma suposta rebeldia, o

isolamento, um apego exagerado ao grupo, a adoção de novas formas de se

vestir, falar e se relacionar, além de episódios de tristeza ou euforia.

Segundo Erikson (1976), o período da adolescência é marcado

por diversos fatores, inclusive por uma tomada de consciência de um novo

espaço no mundo, a entrada em uma nova realidade, que produz conflitos e a

perda de referências. Nesta fase, o encontro dos iguais no mundo dos

diferentes é o que caracteriza a formação dos grupos de adolescentes, que se

tornarão lugar de livre expressão e de reestruturação da personalidade.

Erikson (1976), descreveu esse período, ainda, como “crise de

identidade”, que acarreta angústia, passividade ou revolta, dificuldade de

relacionamento, além de conflitos de valores. Portanto, a construção da

identidade é pessoal e social, uma vez que se dá de forma interativa, através

de trocas entre o indivíduo e o meio em que está inserido. A identidade não

deve ser vista como algo estático e imutável, como se fosse uma armadura

para a personalidade, mas como algo em constante desenvolvimento.

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2.3– Depressão na Adolescência

Com todas as modificações que transformam a adolescência em

um período dinâmico, essa fase é caracterizada pelo aumento das

responsabilidades sociais, familiares e profissionais, que quando associadas

às acentuadas mudanças biológicas e hormonais, podem causar inquietações,

dúvidas e mudanças de comportamento. Com todas estas modificações,

destaca-se a importância de se conhecer mais e melhor sobre as dificuldades

vivenciadas nesta idade, que muitas vezes são atravessadas por sintomas

depressivos, de ansiedade, sentimentos de angústia, solidão, dentre outros.

Assim, as pressões sociais, por exemplo, favorecem condições

propícias para estas variações e mudanças de humor no comportamento do

indivíduo. Dessa forma, os adolescentes se deparam com novas situações

confrontantes com as suas ideias. Aqueles que demonstram maior

sensibilidade nos seus sentimentos estão mais propensos a quadros de

alterações emocionais, com notáveis casualidades de descontentamento,

confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia, que indicam os

primeiros quadros depressivos no jovem, embora os sentimentos de tristeza e

melancolia não sejam evidentes.

De acordo com Aberastury e Knobel (1981), a adolescência

caracteriza-se, principalmente pela transformação. Talvez em nenhuma outra

fase do ciclo da vida as mudanças sejam tão radicais e abruptas. O

adolescente se descobre confuso e desordenado por não possuir autoridade

como os adultos, e também por não poder mais usufruir completamente dos

direitos da infância.

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A adolescência é, em virtude de sua natureza mesma, uma

interrupção no fluxo do crescimento tranquilo e a manutenção de um equilíbrio

constante, durante o processo adolesante, pode ser encarado como

anormalidade. (Anna Freud apud GALLANTINI, 1978, p.55).

O adolescente torna-se vítima das pressões sociais que o levam a

uma contradição entre o que é para sociedade e o que gostam de ser.

As relações sociais do adolescente tendem a ser grande fonte

para manifestações de conflito, principalmente a ansiedade. Ele começa a

perceber que ninguém entende os seus intuitos, e esta distonia impulsiona e

desperta sentimentos de incapacidade, sobrevindo a angustia e a melancolia,

por, indiretamente, se sentir só e confuso para tomar decisões sobre o futuro.

O jovem deprimido tende, a comunicar-se através de seus atos,

contendo-se no uso das palavras. Entretanto, na exploração dos resultados de

suas desavenças diante das inexperiências, recorrem as drogas, ao álcool, ao

sexo desvairado ou promíscuo, na tentativa de tranquilizar as suas próprias

aflições e reencontrar a paz extraviada.

Existem alguns fatores como a “Depressão Atípica”, em que os

adolescentes costumam “mascarar” o contexto real.

Sintomas como anorexia nervosa, bulimia nervosa, ou outros

distúrbios alimentares, também são fatores desencadeantes da depressão, em

contra tempo, podem se sentir extremamente cansados, sonolentos e

exaustos durante o dia, mesmo depois de várias horas de sono.

A depressão típica é a mais comum entre as depressões

encontradas. O adolescente deprimido apresenta baixa auto-estima.

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Sintomatologicamente, o adolescente tem como motivos

principais de episódios depressivos, inquietação e irritabilidade, dificuldade de

concentração, isolamento, perda do interesse ou prazer nas atividades em

exercício, desesperança, sentimento de culpa, pensamento de morte, insônia,

sonolência durante o dia, e alterações do apetite, que podem levá-lo a ganhar

ou a perder peso.

O suicídio é intensamente praticado pela imaturidade do jovem,

por não superar as dificuldades que ele próprio desencadeou, e sucumbe

perante as dores físicas e morais que o acomete.

Nos jovens com elevado grau de tendência suicida, a tensão que

os domina também é fator determinante para o seu desequilíbrio.

No que diz respeito aos sintomas depressivos para os

adolescentes, Bahls (2002) descreve a presença dos seguintes aspectos:

Irritabilidade e instabilidade, humor deprimido, perda da energia,

desmotivação e desinteresse; retardo psicomotor, sentimento de

desesperança e/ou culpa; alterações do sono; isolamento; dificuldade de

concentração, prejuízo no desempenho escolar; baixa auto estima; ideação e

comportamento suicida, problemas graves do comportamento, (BAHLS, 2002,

p.259).

O autor refere que dentre as principais comorbidades associadas

aos quadros depressivos na adolescência estão os transtornos de ansiedade,

o uso abusivo de substâncias, os transtornos alimentares, o transtorno de

déficit de atenção e os transtornos de conduta.

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Cabe salientar que os sintomas depressivos eram considerados,

anteriormente, como uma psicopatologia de rara ocorrência na adolescência.

No entanto, após a década de 1970, diversos autores apontam a existência de

transtornos depressivos em adolescentes e crianças.

A adolescência compreende um conjunto de transformações

biopsicossociais que se processam entre a infância e a idade adulta. Apesar

de haver uma tendência em caracterizar a adolescência como um momento de

dificuldades de ordem emocional, conflitos e alterações de humor, cada vez

mais tem sido enfatizado a necessidade de considerar que este também é um

momento de intensa exploração de descoberta de múltiplas oportunidades.

(Senna & Dessen, 2012).

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CAPÍTULO III

Família

A família é o fulcro da maior importância para o homem.

(Joanna de Ângelis)

A família é, antes de tudo, um laboratório de experiências, na

qual a felicidade e a dor se alternam. É considerada uma instituição

responsável por promover a educação dos filhos e influenciar o comportamento

dos mesmos, no meio social. O papel da família no desenvolvimento de cada

indivíduo é de fundamental importância.

3.1– Família e estrutura

A família tem suas próprias leis, que consubstanciam as regras de

bom comportamento dentro do impositivo do respeito ético, recíproco entre

seus membros, favorável a perfeita harmonia que deve vigir sob o mesmo teto

em que se agasalham os que se consorciam.

No entanto, a família tem passado por inúmeras transformações

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nas últimas décadas, passível de vários tipos de arranjos na atualidade. As

funções básicas desempenhadas pela instituição familiar no decorrer do

processo de desenvolvimento psicológico de seus membros permanecem as

mesmas.

A Família Pós moderna é uma família Igualitária com laços não

necessariamente duradouros. Diferentemente do passado, não se tem clareza

quanto aos papéis e comportamentos.

Os valores têm que ser construídos a cada dia dentro da família.

É necessário negociar as diferenças o tempo todo.

Por isso é natural que haja mais conflitos que antes. Pois, não

existem mais modelos normativos. Não se pode determinar normalidade.

Mas, apesar de todas as mudanças, uma questão continua

indiscutível como diz o autor OSÓRIO (1996):

“A família é a unidade básica do desenvolvimento emocional do

indivíduo.”

A ansiedade, a falta de comunicação, mau entendimento,

conflitos, gera no âmbito familiar perturbações e desequilíbrios que podem

ocasionar a um doente ou a uma doença.

Os conflitos entre o adolescente e a família são questões tão

antigas quanto à existência do homem. O jovem, busca sua independência,

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entra em conflito com os seus responsáveis que, por sua vez, não conseguem

lidar com isso de uma forma satisfatória e madura.

30

Geralmente na família tem um doente, no qual chamam de “bode

expiatório” que é a porta voz da ansiedade familiar/grupo , isso demonstra que

na verdade, a família está doente e que existem conflitos não resolvidos.

A família funciona na sua totalidade, obtendo equilíbrio através da

sua comunicação aberta.

A falta ou a falha de diálogo, dentro das famílias, pode levar ao

fracasso ou ao sucesso dela.

As transformações ocorridas na sociedade, na estrutura familiar e

na forma como os pais foram educados provocaram dificuldades referentes à

educação dos filhos, principalmente na adolescência.

Digamos então que a vida familiar é uma das primeiras

experiências significativas de vida do indivíduo.

O autor do livro As constelações familiares em sua Vida Diária,

HELLINGER (2013) diz assim:

Ao vir ao mundo no seio de uma família, não herdamos somente

um patrimônio genético, mas sistemas de crenças e esquemas de

comportamento. Nossa família é um campo de energia no interior do qual nós

evoluímos. Cada um, desde seu nascimento, ocupa um lugar único (pág 15).

Isso significa que os papéis que serão desenvolvidos ao decorrer

da vida, muitos são alicerçados na dinâmica familiar, como por exemplo :

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papel de pai, de mãe , entre outros. A família é uma matriz psicossocial para o

desenvolvimento de seus membros.

Pode-se dizer que é um evento previsível que apresenta grande

impacto na vida familiar e na adolescência, considerada como uma crise

importante no contexto familiar. Encarada como uma fase do ciclo de vida

familiar, a adolescência apresenta tarefas particulares, que envolvem todos os

membros da família.

Este período se constitui como uma fase de transição do indivíduo

da infância para a idade adulta, evoluindo de um estado de intensa

dependência para uma condição autonomia pessoal (Silva & Mattos, 2004). A

dinâmica familiar começa a mudar após o adolescente começar a ter vontade

própria e mais recursos pessoais para executá-la. Assuntos que antes

interessava passam a ser desinteressantes, quando ele se torna adolescente.

Em algum momento, alguns amigos continuam legais e outros se tornam

chatos, o que seus pais lhe dizem já não merece tanta atenção.

A estabilidade compreende a definição clara dos ideais usados

pela família, ou, em outras palavras, a determinação de um quadro de valores.

Incapazes, na infância e na adolescência, de um juízo perfeito

sobre o que é certo ou errado, o que lhes convém ou não, os filhos necessitam

que os pais lhe apontem o melhor caminho a seguir e que lhe perseverem.

As incertezas do porvir, tanto quanto as mudanças bruscas na

filosofia da vida, confundem-lhes o espírito e suscitam insegurança,

prejudicando seriamente seu equilíbrio emocional.

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A harmonia resulta da correlação de diversos valores a serem

cultivados pelos pais, como o amor, a autoridade, o bom entendimento,

confiança e seriedade recíprocas.

Este é o momento do desabrochar da sexualidade, a fase dos

descobrimentos, e uma maior compreensão da família permitirão que o

adolescente lide com tal fase de maneira menos conflituosa, diminuindo a

ansiedade e os distúrbios característicos desta fase.

Uma vez que, a família não é constituída pela simples soma de

seus membros, mais um sistema formado de relações interdependentes no

qual a modificação de um elemento induz a do restante, transformando todo o

sistema que passa de um estado para outro, ocasionando um aumento das

brigas e disputa entre pais e filhos durantes os anos de adolescências, uma

vez que a necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa,

aumenta a situação de conflitos entre as gerações.

O diálogo nessa etapa do desenvolvimento assume um papel

ainda mais importante, apesar de muitas vezes os adolescentes buscarem se

fechar em seu “mundo” próprio. Devido a essa tendência a reclusão e a busca

de refúgio, o diálogo com os membros da família, nessa etapa da vida, é

essencial, pois é justamente nesse período que eles mais necessitam da

orientação e da compreensão da família. A falta de diálogo no ambiente

familiar pode, portanto, acarretar ou, em certos casos acentuar algumas

dificuldades, principalmente em termos de relacionamento, podendo afetar até

mesmo o bem-estar e a saúde psíquica doas adolescentes.

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O adolescente segundo Aberastury (2002), desconfia dos pais e

do mundo em geral, rejeitando a realidade. As mudanças de humor são

repentinas, havendo crises de susceptibilidade afetiva e a soma de

gratificações e frustrações dos primeiros anos de vida vai determinar a

intensidade e a gravidade dos conflitos.

A convivência com o adolescente não é um processo uniforme

para todas as famílias, mesmo compartilhando de uma mesma cultura. Ela

costuma ser geralmente, um período de conflitos e turbulência para muitos, no

entanto há famílias que passam por esta fase sem manifestarem maiores

problemas e dificuldades de ajustamento.

A estrutura familiar é constituída por padrões de interação, que

por sua vez governam o funcionamento dos membros da própria família

delineando sua gama de comportamentos e facilitando sua interação.

(MINUCHIN; FISHMAN apud BAPTISTA et al., 2001).

3.2– Adolescência e Família

A organização familiar influencia o desenvolvimento dos seus

membros em todas as etapas do ciclo vital.

Assim, a família pode-ser descrita como o processo que

proporciona o desenvolvimento psicológico do indivíduo, como lugar em que

as pessoas se constituem enquanto sujeitos. Silva e Dessen (2001),

descrevem a família por um ciclo determinado tanto por estímulos biológicos

quanto pela interação psicológica, associados aos processos interativos que

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ocorrem no interior do sistema familiar. Nem sempre a família consegue

acompanhar as mudanças vividas por um de seus membros, na evolução da

infância para a adolescência.

Atualmente, além das preocupações gerais dos pais com a

questão de como lidar com a adolescência dos filhos, existem dois grandes

problemas que vem afligindo os adultos que possuem filhos adolescentes. São

eles: a iniciação sexual precoce e a ameaça da droga, os quais trazem consigo

também a preocupação crescente com a possibilidade de contaminação pelo

vírus HIV, uma vez que tem crescido assustadoramente o número de

adolescentes contaminados por este agente infeccioso.

A família nos dias de hoje ainda exerce um papel importante no

desenvolvimento de seus membros, principalmente no período da

adolescência, continua exercendo no processo de desenvolvimento. O

adolescente se desenvolve no contexto familiar e nele permanece por um

período que tem se expandido cada vez mais, pode-se dizer que, apesar das

transformações significativas vivenciadas pela família nas últimas décadas.

A questão da proteção que a família insiste em exercer sobre o

adolescente pode ser considerada uma das situações mais conflitantes no

relacionamento entre pais e filhos. Quando os adolescentes se sentem

autônomos, a proteção dos pais pode gerar revolta, invasão à privacidade,

limitação, restrição de escolhas, por se sentirem tratados ainda como crianças.

Por essas razões, tornar-se cada vez mais importante a família buscar uma

ajuda adequada, com a finalidade de trazer uma construção na forma mais

adequada de lidar com seus filhos adolescentes, auxiliando-os a fornecer

orientações mais precisas que sirvam de referência para o adolescente, frente

a situações que necessitam de reflexão e tomada de decisões.

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Assim, as famílias poderão reduzir suas angústias frente a

adolescência e estes, por sua vez podem ver os pais como o suporte

emocional singular ao qual podem recorrer diante das dificuldades de

ajustamentos que enfrentam. A falta de suporte por parte da família, podem

acentuar dificuldades e afetar o bem-estar e, consequentemente, a saúde

psíquica do adolescente.

As adaptações na organização familiar necessárias para manejar

as tarefas da adolescência são tão básicas que a própria família se transforma

de uma unidade que protege e nutri os filhos pequenos em uma unidade que é

um centro de preparação para a entrada da adolescência no mundo das

responsabilidades e dos compromissos adultos. Esta metamorfose familiar

envolve profundas mudanças nos padrões de relacionamento entre as

gerações, e, embora possa ser assinalada inicialmente pela maturidade física

do adolescente.

Em resultado, a maior função da família, foi transformada, da

função de unidade econômica em uma função de sistema de apoio emocional.

A transformação global que a família experiencia ao tentar

dominar as tarefas da adolescência. A maioria das famílias, depois de certo

grau de confusão e perturbação, é capaz de mudar as normas e os limites e

reorganizar-se, para permitir aos adolescentes maior autonomia e

independência. Entretanto, existem alguns problemas universais associados a

esta transição, que podem resultar de disfunção familiar e no desenvolvimento

de sintomas no adolescente ou em outros membros da família. Assim, como

os fatores que podem contribuir para a desorganização ou comportamento

sintomático da família, e as interações terapêuticas que poderiam ser efetivas

com essas famílias.

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Todas as transformações ameaçam apelos anteriores. A tarefa da

adolescência desencadeia sentimentos de perda e medos de abandono na

maioria das famílias. Na medida em que os adolescentes fortalecem suas

alianças fora, sua menor participação em casa é frequentemente

experienciada, por outros membros da família como uma perda. Na verdade, a

transição da infância para a adolescência assinala uma perda para a família, a

perda da criança. Os pais sentem um vazio quando os adolescentes passam a

ter maior independência, pois não são mais necessários da mesma maneira e

a natureza de seus cuidados precisa mudar.

Tentar controlar arbitrariamente os adolescentes pode levar a um

comportamento seriamente sintomático. Em resultados, os adolescentes

podem ficar paralisados quando sentem a urgência de crescer, mais ficam em

casa para satisfazer as necessidades dos pais. Os pais experienciam um

dilema.

Segundo Marturano (1998), o aumento desses conflitos

geralmente está acompanhado de uma diminuição da proximidade do convívio,

principalmente em relação ao tempo que adolescentes e pais passam juntos.

Contundo, um conflito bem negociado pode levar a um crescimento para os

filhos e para os pais.

A convivência com o adolescente não é um processo uniforme

para todas as famílias, mesmo compartilhando de uma mesma cultura. Ela

costuma ser, geralmente, um período de conflitos e turbulência para muitos, no

entanto há famílias que passam por esta fase sem manifestarem maiores

problemas e dificuldades de ajustamento.

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3.3 – Terapia Familiar e Mediação de Conflito

Conforme as famílias avançam para a adolescência dos filhos,

ocorrem mudanças que são capazes de resultar em disfunção familiar e no

desenvolvimento de sintomas no adolescente ou em outros membros da

família. As famílias podem vivenciar, bloqueios assim como os fatores que

podem contribuir para a desorganização ou o comportamento sintomático da

família.

Segundo Minuchin (1982), a família é encarada como um

organismo, um sistema aberto, composto de subsistemas, cada um dos quais

é envolvido por um limite semipermeável,que é, na verdade, um conjunto de

regras que governa quem está incluído dentro daquele subsistema e o modo

como eles interagem, com quem está fora deles.

A família é o principal sistema já que o acompanha desde o seu

nascimento. No caso do adolescente é na família que ele vai se percebendo e

construindo sua alto imagem.

Esse modelo de enfoque familiar amplia a visão de entender o

sofrimento do sujeito de forma contextualizada, uma vez que a família e o

adolescente sofrem influência de diversos sistemas.

O adolescente que cresce em uma família que impede seu

crescimento e independência se torna indefeso, diante do mundo

desconhecido e dependente dos adultos que o cerca, independente de suas

limitações emocionais. Crescer e tornar-se adulto implica a realização de

escolhas ativas sobre a compreensão de si mesmo e de seus

relacionamentos, de modo que seja possível estabelecer sua própria ordem,

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com base nos eventos do próprio sistema de relações (familiares, de

amizades), e não de seus pais.

O bom funcionamento familiar requer as fronteiras nítidas, ou

seja, permitir variações entre os sujeitos ou subsistemas que permite o

crescimento e a independência. As fronteiras rígidas são explicitamente

restritivas e permitem pouco contato entre os subsistemas externos, o que

resulta em distanciamento e isolamento. Também há aspecto positivo no

sentido da independência e não do controle.

Este tipo de funcionamento tende a levar a uma independência e

a ter problemas com outras pessoas da família.

A Terapia Familiar Estrutural não é um conjunto de técnicas, e

sim uma maneira de enxergar a família. O terapeuta parte da própria interação

humana, isto é, a partir da sua interação fora da terapia.

Para serem eficazes os movimentos do terapeuta não podem ser

pré-planejados e ensaiados. Por outro lado, a estratégia da terapia deve ser

totalmente planejada. Seguindo os seguintes passos:

• Unir e acomodar;

• Trabalhar coma interação;

• Diagnosticar;

• Destacar e modificar as interações;

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• Desequilibrar;

• Desafiar as suposições da família.

As três primeiras estratégias constituem a fase de abertura do

tratamento. Primeiramente o terapeuta da família deve desarmar as defesas

para acalmar a ansiedade, transmitindo aceitação e compreensão a cada

membro. Este passo constitui respeito não apenas aos sujeitos, mas a sua

estrutura e organização hierárquica. A segunda estratégia busca trabalhar com

a interação da família que será manifestada através da dinâmica que emergir

na terapia.

A Terapia Familiar Sistêmica, conta a história passada

relacionando com as transações e acontecimentos do presente e problema que

a família apresenta e a dinâmica que exibe, chamar atenção para as interações

e modificá-las, intervir na interação da família de forma libertá-la de seus

padrões de equilíbrio. Os sintomas que trazem muitas vezes, representam a

tentativa da família de resolver conflitos criados por sua incapacidade de

negociar as mudanças de relacionamento que devem acontecer durante a

adolescência.

O terapeuta utiliza a intensidade para fazer essas intervenções.

Minuchin (1982), frequentemente causava impacto dramático e vigoroso.

As tarefas são empregadas como forma de estruturar o trabalho e

explorar as transações família e o adolescente, através dela o terapeuta tem

uma melhor percepção da área que necessita ser abordada.

A prescrição de tarefas nas sessões terapêuticas, podem indicar

a forma de comunicação entre adolescente e sua família, demonstrando:

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arranjos no espaço, interações familiares, dramatizações de situações

vivenciais que provocam mudanças. A prescrição de tarefas pode ser utilizada

também fora do espaço terapêutico.

Ao prescrever tarefas para a família e o adolescente, o terapeuta

deve ser cuidadoso em seu planejamento, estabelecer objetivos, observar,

acompanhar e ficar atento aos resultados das tarefas com uma perspectiva de

mudança dos padrões internacionais. As diferentes respostas dão tanto ao

terapeuta como a família e adolescente o melhor direcionamento a seguir.

De acordo com Nichols (2007), outra forma de abordar a família e

o adolescente é através da utilização do sintoma do paciente identificado da

seguinte forma:

• Concentração do sintoma: ajuda a identificar de forma mais

rápida os padrões transacionais disfuncionais da família.

• Exageração do sintoma: terapeuta intensifica o sintoma visando

uma manobra reestruturadora do sistema familiar.

• Desacentuação do sintoma: deslocar o foco do sintoma

centralizado em um sujeito

• Transferência para o novo sintoma: movimentação temporária do

foco para o outro membro da família

• Reclassificação do sintoma e modificação do mesmo no afeto:

reconceituar os sintomas em termos interpessoais provocando

mudanças.

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• 41

Quando o adolescente apresenta algum problema, este não é

apenas responsabilidade este sujeito. O que parece ser problema de uma

única pessoa,vem para avisar que toda família está com dificuldade.

A Terapia Familiar Sistêmica é um dos recursos que tem

contribuído para aliviar a relação família e adolescente. O terapeuta deve

proporcionar um ambiente em que a família e o adolescente se sintam seguras,

confiantes, possam assumir o risco de se examinarem objetivamente e

claramente, bem como suas ações. Deve também mostrar-se seguro, podendo

estruturar suas perguntas sobre o que quer saber e o que o paciente pode lhe

responder.

O terapeuta deve ficar atento ao padrão de relação do

adolescente com ele mesmo e sua família, com as outras pessoas, com o

mundo, com a vida.

As maiorias dos pais recebem bem a oportunidade de falar

privadamente com o terapeuta a respeito de medo e suspeitas em relação ao

comportamento de seu adolescente. O objetivo terapêutico dessas sessões,

entretanto, é o de criar uma atmosfera mais segura em que eles se sintam

mais livres para serem mais objetivos, sobre seus papéis como pais,

explorarem as lutas que talvez enfrentem em outras áreas de sua vida. Na

maioria dos casos, para conseguir engajar os pais dessa maneira, o terapeuta

precisa primeiramente tratar das preocupações que eles trazem.

Sessões individuais com os adolescentes proporcionam uma

oportunidade para avaliar seu funcionamento fora do sistema familiar. Muitas

vezes eles apresentam o quadro muito diferente quando vistos sozinhos,

sentindo-se mais livre para explorar e expressar suas opiniões sobre o mundo.

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Perguntas referentes a valores e crenças sobre a vida, amor, sexo,

responsabilidade, educação, drogas, amigos, famílias e o futuro ajudam a

esclarecer seu conceito de eu, ou identidade. Entender a semelhança ou

diferença dessas ideias em relação as opiniões dos pais identifica áreas de

conflito que podem estar bloqueando o processo de diferenciação.

Os encontros com os adolescentes também oferecem um

contexto mais seguro, no qual eles podem revelar segredos e fantasmas que

os atormentam. Incesto, estupro, abortos, drogas, álcool, sexo e abuso físico,

são questões que as vezes estão sob a superfície ou profundamente

enterradas.

De acordo com Cerveny (2002), toda e qualquer família pode ser

percebida e analisada como um sistema. Seus padrões de relacionamentos

entre si e com o contexto mais amplo são únicos e complexos. No entanto, as

interações que ocorrem no núcleo familiar seguem algumas “leis”, formuladas

na Terapia Geral dos Sistemas, que representam os padrões interacionais que

garantem a unidade e estabilidade do sistema.

A principal tarefa do terapeuta é, portanto, auxiliar a família e o

adolescente a desconstruir sua própria narrativa a partir de uma percepção

diferenciada dos fatos que vivenciou. Com seus questionamentos,

esclarecimentos e pontuações, o terapeuta familiar enfatiza os recursos da

família e mostra indícios de relações que são muito positivas ou de quando as

relações consideradas como problema não eram problema. (Nichols, 2007).

Em resumo, a principal tarefa do terapeuta é, colaborar com a família e o

adolescente. Ao proporcionar novas conexões, o terapeuta pode ajudar as

famílias a negociarem as mudanças, e relacionamento que devem ocorrer

durante a adolescência e a verem o futuro como menos perigoso, de forma que

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o foco das conversações passe a ser a solução, a saúde e não o problema ou

a patologia.

Em famílias com adolescentes, a terapia e a mediação familiar

fazem contribuições importantes para a resolução de conflitos. Os dois

processos – terapia e mediação – oferecem oportunidades de transformação

estimulando a comunicação, a compreensão e a construção de novas

possibilidades para a resolução de conflitos.

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CONCLUSÃO

Através das reflexões sobre a influência do suporte familiar no

adolescente depressivo, percebe-se a necessidade de se entender mais sobre

o respectivo transtorno de humor, que através dos fundamentos estudados,

entendem-se os inúmeros fatores que contribuem para o seu surgimento, e

quão importante é a relação da família e o indivíduo depressivo, principalmente

no que tange a fase da adolescência, por ser essa constituída de

transformações e grandes incertezas do próprio indivíduo que está em

processo de construção de identidade.

É fundamental observar a importância que existe na relação entre

família e o adolescente depressivo, afinal, essa influência, tem grande

destaque para o adolescente neste processo.

Frente a esta realidade, a adolescência e as relações familiares,

nesta etapa do ciclo vital, tem sido o foco de numerosos estudos.

Por essas razões, torna-se imperativo investir em programas de

orientação para pais com a finalidade de prepará-los para poderem lhe dar de

forma mais adequada com seus filhos adolescentes, auxiliando-os a fornecer

orientações mais precisas que sirvam de referências para os adolescentes.

A relação familiar pode vir a influenciar a origem, a evolução e

recuperação do adolescente depressivo, sendo que não existe apenas um fator

isolado e sim um conjunto de fatores, aonde o suporte familiar é importante e

faz parte.

A partir dos dados analisados, concluímos que o diálogo dentro da

família é muito importante, pois contribui para um bom desenvolvimento

emocional e psíquico dos seus membros.

A família é o alicerce com ela aprendemos o que é ser ético.

“O grupo familiar é conquista nobre do processo antropológico-

sociológico no qual o ser humano cresce”. (Joanna de Ângelis)

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