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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O MEDIADOR DE CONFLITOS E A REAVALIAÇÃO DOS SEUS PARADIGMAS EMOCIONAIS. UMA POSTURA NECESSÁRIA? Por: Andréa Sampaio Brum de Castro Orientador Prof. Willian Rocha Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · autocompositivas. O exemplo da arbitragem é uma alternativa que consiste em procedimento extrajudicial, caracterizado pelo informalismo

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MEDIADOR DE CONFLITOS E A REAVALIAÇÃO DOS SEUS

PARADIGMAS EMOCIONAIS.

UMA POSTURA NECESSÁRIA?

Por: Andréa Sampaio Brum de Castro

Orientador

Prof. Willian Rocha

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MEDIADOR DE CONFLITOS E A REAVALIAÇÃO DOS SEUS

PARADIGMAS EMOCIONAIS.

UMA POSTURA NECESSÁRIA?

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Mediação de Conflito com

Ênfase em Família.

Por: Andréa Sampaio Brum de Castro

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AGRADECIMENTOS

A Deus, minha maior inspiração e

Amigo.

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DEDICATÓRIA

Para minha querida mãe, Dona Idalina.

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RESUMO

Com o intuito de possibilitar maior celeridade e qualidade nos desfechos

processuais o Poder Judiciário tem instituído os Meios Alternativos de

Resolução de Conflitos em todo o país.

Dentre esses Meios, a Mediação de conflitos aponta como possibilidade

real de acesso mais justo e célere e resolutivo à Justiça. Nesse contexto, nasce

uma nova profissão que a de Mediador de conflitos, que mesmo não

regulamentada, e até o momento de caráter voluntário, desempenha papel

fundamentalmente técnico na condução dos acordos entre os mediados, onde

imperam a imparcialidade, a neutralidade e a perspicácia da escuta. Como

esses profissionais mantêm tal conduta? Apresentaremos ao final a opinião de

cinco profissionais que atuam como mediadores acerca da sua percepção

sobre essas questões.

Palavras-chave: Justiça, Mediação, Mediador de conflitos

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METODOLOGIA

O método utilizado para a realização desse estudo teve como base a

leitura de livros, artigos, revistas, leis, teses, monografias, acessos a sites

especializados em mediação e afins. Também foi realizada entrevista, com

aplicação de questionários, que foram respondidos via e-mail, por cinco

mediadores atuantes nos centros de mediação da cidade do Rio de Janeiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Mediação como acesso à Justiça

1.1 A Justiça e alguns limites 10

1.2 Meios alternativos de resolução de conflitos 12

1.3 Mediação, a sua relevância e seus principais modelos 14

CAPÍTULO II - Mediação e a sua legislação – Uma breve reflexão

2.1 A mediação e as possibilidades de regulamentação 18

2.2. Resolução nº 125: Mediação como política pública 20

CAPÍTULO lII - O mediador de conflitos

3.1 O mediador e sua importância na Mediação 24

3.2 Resultado da Pesquisa: Percepções de alguns Mediadores

sobre sua atuação. 27

CONCLUSÃO 36 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 38 ANEXOS 40 ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

Foi durante um debate sobre violência, em um programa de rádio

matutino, que o jornalista e escritor Antonio Carlos Cony comentou um fato,

que nos remete no mínimo a uma reflexão. Responsável pela coordenação de

um concurso de contos para iniciantes, ele relatou que dos 28 inscritos, 25

trabalhos versavam sobre situações conflituosas de naturezas diversas.

Evidentemente que os conflitos existem desde que o mundo é mundo, é

parte integrante da vida do homem e devem ser considerados como

oportunidades de mudança. Contudo, no Brasil, o advento da democracia, o

avanço tecnológico, o crescimento da população, as dificuldades impostas

pelas precárias condições de vida de muitas populações, as transformações no

conceito de família, entre tantos outros fatores têm gerado o aumento

significativo por acesso á Justiça para o atendimento de variadas demandas.

Diante do excessivo número de casos que abarrotam o arcaico Sistema

Judiciário Brasileiro, buscam-se então novas formas de se resolver os conflitos.

Ao longo deste trabalho, procuramos esboçar o esforço do Poder Judiciário em

desafogar os tribunais e possibilitar uma Justiça de melhor qualidade ao

implantar os Meios Alternativos de Resolução de Conflitos, que incluem a

Conciliação, Arbitragem e a Mediação.

Ressaltamos que dessa tríade, o nosso foco recai sobre a Mediação:

seus objetivos, principais modelos, vantagens, a importância de delegar ás

partes o protagonismo na construção de suas decisões entre outros aspectos.

Para a efetivação da proposta o Poder Judiciário estabelece por meio

da Resolução 125 as diretrizes que norteiam aplicabilidade dos Meios

Alternativos de Resolução de Conflitos em todo o Território Nacional. Nesse

item, compartilhamos determinadas críticas com alguns autores, que tem como

objetivo de oportunizar reflexões para, quem sabe uma possibilidade de

mudança.

Contudo, dentro da mediação, o objetivo maior desse estudo está

pautado sobre a figura do profissional que atua como Mediador de Conflitos.

Profissão nova, ainda não regulamentada, mas de futuro promissor. A

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abordagem acerca desse personagem enigmático, pois o sucesso de uma

mediação só é possível, em função da competência profissional do mediador.

Isso porque, na Mediação Técnica, utilizada no Tribunal de Justiça do Rio de

Janeiro o Mediador não exerce uma função de aconselhamento ou coisa

parecida, mas tem a função única de facilitar a comunicação. Total neutralidade

e imparcialidade, habilidade de escuta e de captar os reais interesses e

necessidades das partes através de suas falas: esses são os ingredientes que

fazem um bom mediador.

Ninguém nasce mediador, mas para ser um, é preciso permitir que

certas habilidades sejam construídas. Como atuar em meio a conflitos,

sentimentos e permanecer imparcial, neutro. Esses são aspectos que nos

trazem alguns questionamentos, e que procuramos, ainda que de forma breve,

conhecer através de entrevista realizada com cinco profissionais de mediação.

Seus posicionamentos e percepções acerca da sua atuação e o legado que o

convívio com a mediação proporciona.

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CAPÍTULO I

MEDIAÇÃO COMO ACESSO À JUSTICA

1.1 A Justiça e alguns limites

Após o longo período de cerceamento de direitos vivido pelo povo

brasileiro, o movimento de redemocratização foi materializado pela

promulgação da Constituição Federal de 1988, que dentre outros direitos,

elenca que

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

nos termos seguintes:

Artigo LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

O Brasil apresenta um sistema de acesso à Justiça com a possibilidade

de ingresso pelos canais da Defensoria Pública, estruturada na maioria dos

Estados, seja através da disciplina legislativa das ações coletivas com ampla

rede de legitimados, e ainda por meio dos Juizados Especiais, capilarizado nas

diversas unidades da Federação.

A Defensoria Pública, instituída na Constituição Federal de 1988,

configura-se como opção de acesso à Justiça para a população mais pobre,

que não possui meios de pagar um advogado sem comprometer o seu sustento

e de sua família.

A exemplo de SOUZA (2009), abordamos o conceito de acesso à

Justiça não somente no seu aspecto formal do ingresso em juízo, do direito de

peticionar, mas numa visão mais ampla da efetividade do direito.

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Trata-se da necessidade de que a apreciação das questões seja feita de

maneira ágil e justa, oportunizando ambas as partes apresentação das suas

alegações e provas. E mais ainda, alcançar uma decisão justa.

Quando o resultado de uma solução reclamada chega tarde demais, ou

se caracteriza por uma decisão injusta ou insatisfatória para resolver o litígio, o

sentimento é de que pouco valeu o direito de ingressar com a ação.

A fim de ilustrar em números, a litigiosidade brasileira, no ano de 2010,

ingressaram 24,2 milhões de processos nas três esferas da Justiça (17,7 mi-

lhões na Justiça Estadual, 3,1 milhões na Justiça Federal e 3,1 milhões na

Justiça Trabalhista), assim como, ao final do mesmo ano, existiam 59,1 milhões

de processos pendentes1. Dentre os motivos que contribuem para a

morosidade da Justiça, encontram-se nas questões relativas à legislação

processual, o formalismo, as escassez orçamentárias, carência de servidores,

entre outros.

Segundo Castelar Pinheiro (2003 pág. 4), fatores internos do próprio

meio jurídico prejudicam a boa prestação do serviço

(...) no que se refere ao caso brasileiro, é consensual que as

do Judiciário decorrem de causas profundamente arraigadas

(...) os problemas decorrentes dessa matriz histórica são

acentuados pela instabilidade do arcabouço jurídico do país,

pelo arcaísmo e excessivo formalismo dos códigos de

processo e pela má formação de boa parte da magistratura e

de todos os que, mais amplamente, se poderia designar como

“operadores do direito” (...) a lentidão e o caráter pesadamente

burocrático e formalista do seu funcionamento teriam hoje, a

permanência praticamente de um traço cultural com baixa

probabilidade de mudança com base somente em fatores

endógenos.

Os números comprovam o abarrotamento do Sistema Judiciário

Brasileiro, que tem a responsabilidade de transformar essa realidade.

Oportunizando acesso ágil e justo aos que buscam a resolução dos seus

problemas.

1 CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Justiça em Números: Relatório Interativo. 20--? Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/relatorio_interativo/>. Acesso em: 23 de abril 2013

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Sem perder de vista que a sociedade vive um movimento de

transformações, cotidianas, de comportamento, de novos rearranjos familiares,

de comunicação, entre tantas outras. Nesse sentido, novas demandas também

são criadas e endereçadas ao repleto, Poder Judiciário.

1.2 Meios alternativos de resolução de conflitos

Diante da necessidade de trazer não só maior celeridade como também

qualidade às questões direcionadas ao Judiciário, a utilização dos meios

alternativos de resolução de conflitos ganham cada vez mais espaço no

cenário de diversos países sul americano e europeu, como também no brasil.

Os Meios Alternativos de Resolução de Conflitos (MASCs), ou ainda de

Meio Extrajudicial de Resolução de Conflito (MESCs), podem ser

exemplificadas pela: arbitragem, conciliação e a mediação. O que esses meios

apresentam em comum, é a participação das partes na construção do

resultado, ainda que de diferentes formas, e por isso são chamadas de práticas

autocompositivas.

O exemplo da arbitragem é uma alternativa que consiste em

procedimento extrajudicial, caracterizado pelo informalismo e o sigilo, onde as

partes podem escolher um árbitro de sua confiança, um terceiro, imparcial, com

comprovado conhecimento técnico na área do litígio.

Para Moore (1998, pag. 23) “as pessoas escolhem a arbitragem devido a

sua natureza privada e também porque ela é mais flexível, menos dispendiosa

e mais rápida do que um procedimento judicial”

Apesar de possibilitar a aproximação das partes, a arbitragem apresenta

a semelhança de um acordo judicial, pois a sentença, de caráter obrigatório,

resulta na vitória de uma das partes. Como a decisão cabe a um terceiro, o

resultado é imprevisível, e às vezes, não satisfatória para ambas as partes.

A decisão proferida pelo arbitro não precisa ser homologada pelo Poder

Judiciário, uma vez que desde a promulgação da Lei 9307/96, o resultado da

arbitragem tem a mesmo efeito de uma sentença judicial definitiva.

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A alternativa da conciliação pode acontecer de forma judicial ou

extrajudicial. A primeira acontece em audiência preliminar que está prevista na

legislação dos juizados especiais, onde o comparecimento das partes é

obrigatório e a tentativa de conciliação poderá ser promovida por juiz ou

conciliador2.

A conciliação extrajudicial utiliza da participação de terceiros, imparciais,

com a função prioritária construir um acordo consensual e satisfatório para as

partes. Os conciliadores têm a autonomia para opinar, e até mesmo manifestar

as suas propostas às partes, com base nos seus conhecimentos profissionais.

De acordo com o sitio eletrônico do Tribunal de justiça do Paraná (2011),

o conceito de conciliação e apontado como:

Um processo extrajudicial de Resolução Alternativa de Disputa

em que as partes confiam a uma terceira pessoa (neutra), o

conciliador, a função de aproximá-las e orientá-las na

construção de um acordo. O conciliador é uma pessoa da

sociedade que atua de forma voluntária e após treinamento

específico, como facilitador do acordo entre os envolvidos,

criando um contexto propício ao entendimento mútuo à

aproximação de interesses e à harmonização das relações.

Ainda como alternativa de resolução de conflitos destacamos a

mediação. Diferentemente da arbitragem e da conciliação, o processo de

construção do acordo entre as partes se concretiza com base no protagonismo

das partes que são as únicas responsáveis pela construção dos seus acordos,

e por conseguintes também pelo cumprimento dos mesmos.

Nos processos de mediação, o mediador não deve emitir qualquer tipo

de opinião ou influenciar nos desfechos das questões. Ele cria oportunidades,

através de técnicas apropriadas, para o restabelecimento da comunicação

entre as partes.

Conforme sintetiza Almeida (2009, pag. 95), ‘enquanto na mediação os

envolvidos sentam-se à mesa para trabalhar arduamente para o atendimento

das demandas de todos, na conciliação as partes se sentam à mesa em busca,

exclusivamente, do atendimento de suas demandas pessoais. ’

2 Artigos 7º, 21 e 22 da Lei 9.099/95

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Assim, credita-se aos Meios Alternativos de Resolução de Conflitos, em

especial a mediação, uma porta de saída para o congestionado judiciário

brasileiro.

1.3 Mediação, a sua relevância e seus principais modelos

Como já visto anteriormente, os meios alternativos de resolução de

conflitos aparecem como uma possibilidade de aliviar o abarrotado sistema

judiciário. Dentre as vantagens da mediação podemos apontar a celeridade na

resolução de determinados casos como também a qualidade do resultado, uma

vez que são as próprias partes as autoras do acordo e que dessa maneira gera

um desfecho onde todos ganham.

Na opinião de Padilha (1999), a mediação ocupa uma posição de grande

destaque no sistema de resolução de conflitos uma vez que,

Para cumprir com o objetivo de agilizar a justiça, a mediação

deveria ser o primeiro serviço prestado ou disponível ás

pessoas que, não conseguindo chegar a um consenso por si

mesmas, buscam a ajuda de um terceiro. A meu ver, não

deveria ser uma alternativa de resolução de conflitos, mas a

forma natural, dentro de uma cultura, a primeira opção. Caso

não fosse possível resolver o conflito com a ajuda de um

terceiro imparcial, o mediador, cuja função é facilitar a

comunicação, favorecer o dialogo na busca de um acordo

amigável, então sim, se buscaria uma alternativa adversarial

em que o poder decisório fosse delegado ao terceiro3

Para além da resolução do problema, a mediação tem um escopo

voltado tanto para o restabelecimento da comunicação interrompida pelo

conflito, assim como o fortalecimento das relações.

Mas, em que casos se aplicam a mediação? De acordo com Sales

(2004), a mediação pode ter como objeto conflitos que abordem acerca de

questões familiares, separação ou divórcio, alimentos, revisão de pensão,

guarda de filhos, conflitos entre pais e adolescentes, conflitos entre irmãos.

3 PADILHA, Rosemary Damaso. A mediação no cenário jurídico. Palestra proferida no Conselho Regional de Psicologia – CRP Curitiba, 1999 em http://amanapaz.com.br/artigos.html acesso em

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Os acordos realizados extrajudicialmente, para ter validade jurídica,

devem ser encaminhados ao Judiciário para apreciação do Juiz para

homologação.

Além destes a mediação ainda contempla conflitos escolares, de

vizinhança, questões cíveis, comerciais, ambientais, questões empresariais

entre outros.

Com base na natureza das relações das partes envolvidas num conflito

é que se busca o caminho para a intervenção da mediação. É importante

distinguir se a relação é o que se pode chamar de descartável, como por

exemplo, uma transação comercial insatisfatória, uma ação indenizatória ou

uma relação continuada (aquela que continua existindo independente da

vontade das partes após a solução do conflito como a convivência entre casais

que possuem filhos, vizinhos, familiares etc.

Nesse sentido, Vasconcelos (2008) aponta que existem diferentes

modelos de mediação, que podem ser focados no acordo ou na relação. Para

se trabalhar com mediação, existem três modelos ou escolas básicos que

orientam a sua aplicação. A escola de Harvard, o modelo transformativo e

modelo circular narrativo

O modelo tradicional linear de Harvard é mais utilizado quando a

mediação prioriza o problema concreto e busca um acordo. Enfoca-se o

restabelecimento da comunicação, embora não tenha por principal objetivo a

transformação das relações. O processo de mediação é trabalhado sobre

quatro elementos:

• Separar as pessoas do problema: quando as partes chegam

para a mediação, normalmente não conseguem fazer isso.

Influenciadas por diversos sentimentos, o tom adversarial

compromete uma visão diferente. Elas precisam combater contra

o problema, e não uns contra as outras.

• Concentrar-se nos interesses e não nas posições: a posição é

o que as pessoas querem que aconteça, diante de um conflito. É

a sua 1ª alternativa para a solução, só que todos os lados

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apresentam soluções incompatíveis. É fundamental que o

mediador, através de perguntas (por quê? e para que?),

identifique os reais interesses das partes. Interesses que se

ocultam por trás dos pedidos (posições). O mediador positiva as

falas, legitima os sentimentos a fim de proporcionar condições

para que eles criem alternativas com base nas suas próprias

falas.

• Criação de benefícios mútuos: todos precisam sair ganhando.

Uma vez identificados os interesses o mediador precisa estar

atento à construção de acordos onde todos os lados sejam

beneficiados

• Insistir em critérios objetivos: os acordos devem ter como base

padrões que independem da vontade de cada um, mas em

argumentos lógicos e cabíveis

O modelo circular narrativo, desenvolvido por Sara Cobb, que se

inspirou na teoria de sistemas, também agrega aspectos do modelo da escola

de Harvard, assim como da teoria da observação e da comunicação.

O modelo de Cobb, não trabalha com enfoque voltado para acordo,

como da escola de Harvard. Para ela, esse passa a ser uma possível

conseqüência do processo.

Nesse modelo, Segundo Vasconcelos (2008; pag. 81) “a mediação é

concebida como um processo conversacional, que se dá na comunicação.”

Cada pessoa apresenta uma versão da sua história, da sua verdade. Versões

naturalmente diferentes, que precisam ser respeitadas, ouvidas. O modelo

circular narrativo valoriza essas narrações que ao longo da mediação são

reescritas com o objetivo da construção de uma historia comum.

Para Marines Suares (2005), o mediador tem como tarefa:

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• Desestabilizar as histórias

• Possibilitar que se construam novas histórias

A desestabilização pode ser promovida por meio de perguntas

desestabilizantes e/ou modificadoras com intuito de que os mediados possam:

refletir sobre o conteúdo da disputa, sobre a relação, que eles possam produzir

novos questionamentos e ainda assumam o protagonismo do processo.

E importante ressaltar que uma situação de conflito fragiliza o indivíduo.

O método circular narrativo procura potencializar o que já existe de positivo em

cada um, a prática da superação já vivenciada em outros momentos, e que

pode ser reiterada em outros contextos da vida. Nesse sentido, quando bem

conduzida, a mediação pode produzir o empoderamento do indivíduo, que por

sua vez, poderá reconstruir o seu pensamento e emoções acerca do conflito,

da outra parte em questão, até mesmo ser capazes de formularem um acordo.

O modelo transformativo foi elaborado por Robert A. Barush Bush,

teórico da negociação e Joseph F. Folger, teórico da comunicação. Assim

como o modelo circular narrativo, trabalha com o enfoque na transformação

das relações e tem o acordo como uma possibilidade.

A escola transformativa considera o conflito na sua integralidade, de

forma sistêmica, englobando os aspectos emocional, afetivo, financeiro,

psicológico e legal. As técnicas e procedimentos realizados por esse modelo de

mediação (escuta, perguntas reflexivas, contextualização, legitimação de

sentimentos), estão voltados para o empoderamento das partes, assim como o

reconhecimento pessoal e a revalorização do outro, por meio da empatia.

Independente do modelo com que se trabalha, seja em qualquer tipo de

mediação, um objetivo é único: promover a autonomia das pessoas. Ressaltar

a capacidade de ser protagonistas da suas próprias decisões.

Para SOUZA (2009), à medida que as pessoas são educadas de forma

democrática a encontrarem a melhor maneira de, elas mesmas, resolverem o

que lhes afligem, as mesmas se percebem capazes de fazerem isso em outros

litígios de sua vida prática.

Independentemente do modelo ou escola a ser utilizada na mediação,

todo processo deve ser pautado sobre os pilares da autonomia dos mediados,

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da voluntariedade das partes (até mesmo de desistência em qualquer momento

do processo), da imparcialidade do mediador sobre os mediados, da

credibilidade no processo e principalmente nos resultados, da competência

profissional do mediador, além da boa fé, respeito, celeridade.

Apesar de a mediação ser uma pratica utilizada com bons resultados, a

mesma ainda carece de uma legislação específica. Assunto do próximo

capítulo.

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CAPÍTULO II

MEDIAÇÃO E A SUA LEGISLAÇÃO – UMA BREVE REFLEXÃO

2.1 A mediação e as tentativas de regulamentação

Apesar das incontáveis vantagens apresentadas pela utilização da

mediação, seus efeitos transformativos, o baixo custo, a celeridade, a

possibilidade de formação cidadã, entre tantos outros predicativos, a atividade,

no Brasil, ainda não conta com regulamentação.

Contudo, no tocante às tentativas para tal, apontamos o Projeto de Lei

nº 4827, de 1998 (BRASIL, 2007) de autoria da Deputada Federal Zulaiê Cobra

“que institucionaliza e disciplina a Mediação como Método de Prevenção e

Solução Consensual de Conflitos”. Nos sete artigos que compõe o referido

Projeto tratam: definição do que é a mediação (1º art.), quem pode ser

mediador (2º art.), mediação judicial ou extrajudicial (art. 3º), mediação

endoprocessual (art. 4º), acordo como titulo executivo judicial (art.5), audiência

de tentativa de Conciliação (art. 6ª), e a publicação da Lei. Objetivando

disciplinar a mediação de conflitos, o projeto trazia sete artigos,

institucionalizando a mediação dentro e fora do Judiciário.

Outra proposta foi projeto a do Instituto Brasileiro de Direito Processual

de Ada Pellegrini Grinover, que “institui e disciplina a Mediação paraprocessual

como mecanismo complementar de solução de conflitos no Processo Civil.” Por

essa proposta, os mediadores deveriam ser advogados, com pelo menos dois

anos de experiência.

Mas o que temos atualmente como possibilidade de se transformar em

Lei, em tramitação no Congresso é o Substitutivo de autoria de Senador Pedro

Simon (PMDB / RS) que institui a mediação como método de prevenção e

solução consensual de conflitos na esfera civil.

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Em linhas gerais, o texto do documento fala em mediação prévia e

acidental. A primeira ocorre antes do processo (preprocessual), já segunda,

logo após da entrada da petição inicial em juízo.

Outra iniciativa que merece ser ressaltada é a de autoria do Deputado

Federal Sérgio Barradas (PT/BA), que apresentou à Câmara, em 2007, dois

Projetos de Lei: o 505/2007 e o 507/2007, sugestionado pelo Instituto Brasileiro

do direito de Família, que modificam o artigo 1571 do Código Civil, para a

inscrição da mediação familiar como recomendação na regulação dos efeitos

da separação e divórcio possibilitando que a entrada explicita da mediação no

Código Civil, permita uma reflexão diferente sobre as funções da Justiça, que

deve garantir uma resposta seja institucional ou não”. SASSIER (apud Ferreira,

2011, pag. 12).

Concretamente o que temos hoje, no concernente à aplicabilidade da

mediação no âmbito do Poder Judiciário é a Resolução nº 125 de 2010.

2.2 Resolução nº 125: A Mediação como política pública

Desde o ano de 2004, o Poder Judiciário conta com um auxílio do

Conselho Nacional de Justiça – CNJ4, órgão responsável por desenvolver

ações e programas, com objetivo de garantir o controle administrativo,

processual, a transparência e o bom funcionamento do judiciário.

Como relevante marco legal para a mediação no Brasil, no tocante ao

Poder Judiciário, sinalizamos a Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional

de Justiça, que institui a Política Pública Nacional de tratamento adequado aos

conflitos, através da utilização de meios consensuais de tratamento de litígios,

como a mediação e a conciliação, assegurando à sociedade o direito de

resolver seus conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade.

Segundo Morais e Spengler (2008, pag. 113), “desenvolvem-se novas

políticas sociais referentes ao papel jurisdicional do Estado frente a essa

explosão de litigiosidade decorrente da complexidade socioeconômica

moderna”.

4 Órgão gestor da Política Publica de tratamento adequado aos conflitos. O Conselho Nacional de Justiça foi criado por meio de Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Constituição Federal, no artigo 103B.

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A expansão da possibilidade de resolução de conflitos ganha contornos

mais palpáveis com a criação dos Núcleos Permanentes de Métodos

Consensuais de resolução de conflitos. Isso porque a Resolução 1255 prevê a

criação desses órgãos a nível nacional. O Conselho Nacional de Justiça

desenvolve as diretrizes e as orientações gerais para todo o território brasileiro.

A cargo dos Tribunais, fica a criação dos Núcleos Permanentes, assim como o

desenvolvimento da Política, o que é extremamente salutar, uma vez que cada

Tribunal, nas mais diversas regiões, apresenta diferentes realidades. Nesse

sentido enfatiza Nogueira (2011, pag. 255)

Para planejar é preciso conhecer a realidade de cada Tribunal,

Mapeando todas as práticas implantadas no Estado ou

Região, analisando a forma como é distribuído, segundo a

organização judiciária local, o tipo de atividade que vêm

desenvolvendo, quais as parcerias já firmadas e que vêm se

mostrando produtivas e afinadas com os escopos do Poder

Judiciário, os melhores resultados colhidos e as práticas

adotadas que conduziram a eles. Possivelmente está será a

primeira missão dos Núcleos: esmiuçar aas formas e locais de

implantação das práticas autocompositivas.

Para explicitar como os processos chegam para a mediação, o artigo 10º

da Resolução 125 prevê a existência de um Setor de Solução de Conflitos Pré-

Processual, em cada Centro de Mediação, para recepcionar casos que versem

sobre direitos disponíveis em matéria cível, família, previdenciária e da

competência dos Juizados Especiais. Nesse setor, haverá um servidor

devidamente treinado que encaminhará o caso para algum método de solução

de conflitos adequado. Havendo possibilidade de acordo, há a extinção do

processo, com a homologação do juiz e a apreciação do representante do

Ministério Público. Para entrar com uma reclamação na fase pré-processual

não é necessário advogado e nem há custos. (NEUMAN,2013)

Sobre o Setor de Solução de Conflitos Processual receberá processos já

distribuídos e já despachados pelos magistrados, que indicarão o método de

solução de conflitos a ser seguido. O processo deverá retornar sempre ao

5 Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça, Artigo 7ª

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órgão de origem após a sessão, para a extinção do processo em caso de

acordo, ou para o prosseguimento dos trâmites tradicionais. (NEUMAN,2013)

A mediação tem como um dos seus objetivos, promover a

transformação do enfoque adversarial, tão presente nos litígios judiciais.

Nesse sentido, Morais e Spengler (2012) abordam alguns pontos a ser

considerados quando a Resolução ao mesmo tempo em que enfatiza

importância capital a disseminação da cultura de pacificação, também prevê o

uso dos mecanismos consensuais apenas na esfera judicial. Ora, a incoerência

se materializa, ao compreendermos que os próprios operadores do Direito

sempre foram educados e orientados para o litígio e não para o consenso.

Essa não é a cultura da mediação. Segundo SOUZA (2009, pag. 79)

Para que a atividade se expanda e produza os frutos que a

população brasileira, tão carente de justiça, necessita,será

preciso, ainda, que seja revisto o currículo mínimo de cursos

jurídico, incluindo essas temáticas como conteúdo obrigatório,

a nível teórico e prático. Naturalmente depende também de

nós, sobretudo dos professores de Direito e operadores

jurídicos, procurar nos inteirar desse novo assunto e contribuir

para a realização dos seus objetivos, já que é nosso dever

contribuir – seja implementando, seja criticando e

aperfeiçoando a proposta – com a realização de mecanismos

mais eficazes de acesso à resolução de conflitos.

Ainda de acordo com Morais e Spengler (2012), o que a Resolução

oferece como Cursos de Capacitação e Aperfeiçoamento6 são pouco

eficientes. Ressaltam ainda a falta de profissionais habilitados para ministrar as

aulas dos cursos; pouca disponibilidade de conciliadores/mediadores

capacitados; a escassez de locais adequados para a efetiva realização de

estágio supervisionado. Além do que, a carga horária não corresponde à

exigência de profissionalismo e capacitação.

Um ponto nevrálgico, no que concerne a mediação é o caráter voluntário

dos profissionais que atuam como mediadores e conciliadores no âmbito do

judiciário.

6 Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça, Artigos 3º e 4º

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E, em relação a esse assunto, partilhamos da crítica de Bonfim (2010),

que designa essas práticas como uma manifestação da “cultura do

voluntariado”. Expressão gestada no Brasil a partir da década de 19907, num

contexto de desemprego, pauperização, flexibilização das relações trabalhistas,

a queda de renda do trabalhador, o aumento do trabalho informal entre outros

fatores.

A atuação do voluntariado representa uma forma de “resgatar valores

numa sociedade onde o individualismo alcançou sua forma mais perversa:

incentivar a solidariedade e ao mesmo tempo a competição acirrada por uma

vaga no mercado de trabalho” (Bonfim, 2010:44)

Na verdade o que é a obrigação do Estado passa a ser naturalizado

como responsabilidade da sociedade civil, e o que é pior, com a anuência dela.

“Muito mal tratada”. É a expressão utilizada, com muita propriedade, por

Wust e Rigon (2013, pag. 43) para sintetizar a importância que a Resolução

125 destinou à questão da remuneração dos profissionais da conciliação e da

mediação.

A maioria dos tribunais mantém seus Núcleos Permanentes com

funcionários atuando na condição de voluntários, mas segundo Wust e Rigon,

existe a possibilidade de tribunais estabelecerem mecanismos de remuneração

relacionados à produção de audiências e homologação de acordos. O que

deve ser visto com cuidado, pois segundo LUCHIARI (Apud Wust e Rigon,

2013 pag. 43) “forçar as partes para que entabulem um acordo, viola

frontalmente o princípio da autonomia de vontade, o qual fundamenta os

métodos consensuais de solução de conflitos.”

A iniciativa proposta pela Resolução 125 é indubitavelmente um ganho

para toda a sociedade, mas que, diante do já exposto, precisa ter alguns

pontos repensados, a nosso ver, principalmente acerca da importância do

mediador, assunto a ser abordado no próximo capítulo.

7 A década de 90 foi, marcadamente, o período da implantação do projeto neoliberal no Brasil. O que se iniciou sob o governo Collor, após o seu impeachment, ganhou ainda maior força com a eleição, em 1994, de Fernando Henrique Cardoso. Segundo Teixeira (1998, p. 225), a ideologia neoliberal consistiu no “processo de abertura da economia ao mercado internacional, via redução das barreiras alfandegárias. O programa de privatização e de desmonte do Estado faz parte da agenda Collor, como pré-condição para o combate da inflação. Além disso, é no seu governo que é lançado o programa de reestruturação produtiva, segundo o qual as empresas deveriam procurar em processo de gestão pela qualidade, único caminho capaz de torná-las mais competitivas para entrarem no chamado mundo desenvolvido”.

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CAPÍTULO III

O MEDIADOR DE CONFLITOS

3.1 O papel do mediador nos processos de mediação

Dentre os muitos aspectos da mediação de conflitos, um dos que mais

chama a atenção é a função do mediador. Para a definição da palavra

mediador, o dicionário Michaelis, traz: “que ou aquele que intervém”. E é

exatamente essa a ideia que a temos ao ouvir o termo.

Isso, se tratarmos da mediação informal ou intuitiva, pois de acordo com

O Manual de Mediação Judicial, a mediação técnica, abordagem essa utilizada

nos Centros de Mediação de Conflitos nos Tribunais de Justiça de todo Brasil,

atribui ao Mediador um papel de total imparcialidade, neutralidade e isenção de

opiniões.

Nesse contexto, o Mediador passa a trabalhar com ferramentas que

unicamente facilitem a comunicação das partes para que os próprios mediados

possam encontrar caminhos para construir para os seus conflitos.

Para Tal, segundo Sales (2007,p 79) o mediador deve apresentar-se

como

Terceiro imparcial que auxilia o diálogo entre as partes com o

intuito de transformar o impasse apresentado, diminuindo a

hostilidade, possibilitando o encontro de uma solução satisfatória

pelas próprias partes para o conflito. O mediador auxilia na

comunicação, na identificação de interesses comuns, deixando

livres as partes para explicarem seus anseios,

descontentamentos e angústias, convidando-as para a reflexão

sobre os problemas, as razões por ambas apresentadas, sobre

as consequências de seus atos e os possíveis caminhos de

resolução das controvérsias.

Dentre muitas outras definições, no entendimento de Calmon (2008, p.

123-124), para mediar, o profissional precisa entender que

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[...] o papel do mediador é o de um facilitador, educador ou co-

municador, que ajuda a clarificar questões, identificar e manejar

sentimentos, gerar opções e, assim se espera, chegar a um

acordo sem a necessidade de uma batalha adversarial nos tri-

bunais. [...] É papel do mediador ser facilitador, criador de canais

de comunicação, tradutor e transmissor de informações,

reformulador, diferenciador de posição e interesses, criador de

opções e agente da realidade.

Destacam-se as formas adequadas de comunicação com os envolvidos

no litígio, dentre as quais a empatia. Para Zimerman (2002, p. 105),

[...] a capacidade de empatia [...] resulta diretamente da possi-

bilidade de uma pessoa poder se identificar, isto é, de se pôr no

lugar do outro, e de sentir junto com ele, e não por ele. A textura

da palavra empatia (em + patia) sugere claramente essa condi-

ção de poder sintonizar, de entrar dentro (em) do sofrimento

(pathos) do outro. Empatia guarda, pois, uma significação pro-

funda, e não deve ser confundida com simpatia, que se refere a

uma atitude de superficialidade e que visa, sobretudo, a agradar

e ser agradado, ou, mais fundamente, a de não decepcionar.

(grifos no original)

Ao mediador não cabe a função de sugerir, julgar, decidir, corrigir, emitir

emoções, mas sim a de facilitar a comunicação entre as partes envolvidas no

conflito. Segundo Cruz e Kovinski (2009 p 221) apontam que

O mediador não decide ou julga a questão posta. Ao contrário, o

que busca fazer é empoderar os envolvidos para que eles

cheguem às soluções consentâneas como forma de perceber o

conflito

Essas além de outras atribuições do mediador devem ser plenamente

conhecidas pelas partes envolvidas, o que pode ser possível através de uma

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das técnicas utilizadas logo no início da primeira sessão, que é o discurso de

abertura.

Na verdade, o discurso de abertura oportuniza ao mediador um

momento de acolhimento das partes, da apresentação do profissional com os

mediandos, do processo, dos objetivos entre outros aspectos. Esse momento é

de suma importância, pois é quando se estabelecem as regras de como as

sessões devem se desenvolver.

Para Moore (1998), é responsabilidade de o mediador imprimir um tom

positivo logo no início da sua intervenção verbal com o discurso de abertura,

que em geral apresenta cerca de onze elementos:

• Apresentação do mediador e, se for o caso, das partes

• Elogio à disposição das partes para cooperar e buscar uma

solução para os seus problemas e tratar das questões de

relacionamento

• Definição da mediação e do papel do mediador

• Declaração de imparcialidade e neutralidade

• Descrição dos procedimentos da mediação

• Explicação do conceito da reunião privada

• Definição dos parâmetros da confidencialidade

• Descrição do funcionamento, horário e duração dos encontros

• Sugestão para as diretrizes comportamentais

• Respostas às questões colocadas pelas partes

• Compromisso conjunto para começar a mediação

A mediação se caracteriza por ser um processo dinâmico, singular. Mas

independente da natureza do conflito o mediador deve procurar valorizar as

diferentes percepções, pois o que todos trazem são as suas verdades, que

precisam ser ouvidas, salvo de qualquer juízo de valor.

Contudo, ressaltamos que não cabe ao mediador uma busca pela

verdade, mas sim a construção da comunicação mesmo diante das diferenças,

que estas sim, precisam ser respeitadas

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Para Cezar-Ferreira (2012, p 159) aponta a importância da participação

das partes no processo ao frisar que:

O mediador deve estabelecer um plano de trabalho,

começando por identificar junto com os mediados identificando

as áreas de concordância, passando, a seguir, para a

identificação das áreas conflitivas, partindo das menos

contundentes para as de maior atrito. Isso permite que vá

havendo um aquecimento no trabalho, que os mediados

percebam a sua capacidade de acordar, o que os prepara para

enfrentar momentos mais delicados e difíceis.

Para conhecer os conflitos e identificar as necessidades e interesses dos

envolvidos, o mediador utiliza além da escuta ativa a técnica das perguntas.

Essas precisam ser elaboradas de forma teleológica, ou seja, elas devem gerar

respostas que promovam a clareza necessária para o entendimento da

questão, e nunca aparentar tom tendencioso.

Dentre as principais características para a atuação do mediador de

conflitos apontam-se a neutralidade, a imparcialidade, a escuta. Essas são

habilidades que precisam ser alcançadas por todos que pretendem

desempenhar a função de mediador, além, é claro, da formação exigida.

E quem já trabalha com mediação, essas aquisições se dão de que

maneira? Existe algum desafio na incorporação desses requisitos? Eles se

incorporam no dia a dia? Essas são algumas indagações que foram suscitadas

em relação á atuação dos mediadores, e que inspiraram uma breve pesquisa,

que pretendemos abordar no próximo item.

3.2 Resultados da Pesquisa: breves percepções de alguns

Mediadores sobre sua atuação.

Quando se fala acerca dos predicativos de um mediador de conflitos, a

lista pode até assustar. Além das já anteriormente citadas, William Sinkin

(citado por CALMON, 2008) elenca algumas características, que acredita

serem fundamentais ao mediador, quais sejam: a paciência de Jó, a inocência

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de um buldogue, o gênio de um irlandês, a resistência física de um

maratonista, a capacidade de fugir do mundo de um aficionado de futebol, a

malícia de Maquiavel, a habilidade de um bom psiquiatra, a pele de um

rinoceronte e a sabedoria de Salomão (CALMON, 2008, apud Klunk; Silveira;

Wrasse, 2013 p 106).

Para desempenhar bem seu papel, o mediador há de se apresentar com

neutralidade, capacitação, flexibilidade, inteligência, paciência, empatia,

sensibilidade, imaginação, energia, persuasão, capacidade para se distanciar

de ataques, objetividade, honestidade e perseverança, além de ser digno de

confiança e ter senso de humor. (CALMON, 2008, p. 121)

Nessa perspectiva, surgiram alguns questionamentos sobre dos

profissionais que atuam nos Centros de Mediação do Tribunal de Justiça do

Estado do Rio de Janeiro. Foi, então, realizada um breve pesquisa de caráter

qualitativo, com a participação de cinco mediadores, que responderam, via e-

mail, a um questionário semi-estruturado contendo perguntas relacionadas a

incorporação das habilidades tão caras ao mediador na sua vida profissional e

pessoal.

Apresentaremos uma síntese do que nos foi refletido como realidade por

esses profissionais que atuam nos Centros de Mediação da cidade do Rio de

Janeiro. Para ilustrarmos as falas mais relevantes utilizaremos ao longo desse

capítulo as identificações “A”, “B”, “C”, “D” e “E”. Ressaltamos que três são do

sexo masculino e dois, femininos.

O oficio da mediação (nos Centros de mediação) é uma atividade

recente, exercida por profissionais advindos de diferentes áreas. Dos

entrevistados apontamos dois mediadores graduados em Psicologia, um

Bacharel em Direito, um em Licenciatura e Bacharelado em Física, um em

Filosofia e Direito.

Desse micro universo, é unânime a constatação dos benefícios que a

experiência da profissão de origem agrega à mediação.

“Considero que contribui muito positivamente, pois diversos

princípios que me orientam a partir dessa formação guardam fortes

semelhanças com algumas bases da mediação. (“ A” Psicólogo – 5 anos

de mediação)

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“Na mediação há muita presença de psicólogos, assistentes sociais

e Bacharéis em Direito, e ter um estilo de visão diferente complementa e

leva a um melhor foco na identificação das necessidades e interesses”.

(“D” Bacharel em Física – 3 anos de mediação)

Apesar do Substitutivo PL 94/2002, que tramita no Senado Federal

mencionar no seu artigo 11º que os mediadores deverão ser apenas

advogados com no mínimo, três anos de experiência, e devem estar

devidamente cadastrados no Registro de Mediadores, as falas dos

profissionais corroboram o posicionamento de alguns estudiosos, como

Caetano (2002, pag. 113), ao defender a relevância do conhecimento de

diferentes áreas para a mediação, ao afirmar que

“Há uma complexidade de ciências que importam ao

estudo e prática da Mediação [...] são necessários

conhecimento de psicologia. O mediador tem de entender e

administrar os conflitos subjetivos, as emoções, interesses das

partes, etc. Na área de Direito da Família, os conhecimentos

de psicologia e terapia são de tal ordem que os psicólogos e

terapeutas com vivência na área, e os advogados com grande

experiência, deveriam ser designados para mediadores nos

conflitos familiares. Não se devem olvidar os aspectos da

sociologia. O mediador tem por dever conhecer o meio

ambiente em que vivem e trabalham seus mediados, isto é sua

realidade socioeconômica para a perfeita compreensão e

extensão do conflito. Há de se conhecer a teoria das decisões,

fazendo uso da equidade, em como ter boas noções ou

mesmo formação em Direito por sua indissolubilidade com os

fatos da vida em sociedade.”

Um dos pontos trazidos pela pesquisa é a abordagem em relação à

neutralidade e a imparcialidade que os profissionais precisam cultivar dia a dia

para o bom desempenho do seu trabalho com a mediação. O foco da questão

é se o profissional encontra dificuldade para alcançar ou mesmo manter esses

requisitos.

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“Com certeza, Porém é importante saber qual é o ponto que ‘nos

toca’, pois permite com consciência nos mantermos imparciais e neutros.

( “D” Bacharel em Física – três anos de mediação)

“Claro, enfrento sempre, mas ai vem a importância das técnicas

aprendidas no curso, e a necessidade de supervisão lembrando-as, junto

com a racionalidade para ouvir sem julgamentos, que possibilita mediar.

(“B” graduado em Filosofia e Bacharel em Direito – um ano e quatro

meses de mediação)

“O ponto que nos toca” recebe a conotação de um freio que permite ao

mediador reencontrar o seu chão, lembrar do seu papel. Para Cezar-Ferreira

(2012), a eqüidistância necessária ao mediador não pode ser abalada pelos

seus valores pessoais, seus conceitos, crenças e visão de mundo. A mediação

acolhe as diferenças, oportunizando a flexibilização das posições defendidas

pelas partes e assim a construção de acordo satisfatório para ambos.

Nesse sentido, Cezar-Ferreira (2012, p 163), também aponta que

[...] mediadores não podem prescindir de

autoconhecimento, e isso significa reconhecer a construção de

sua história pessoal, familiar e social, seus conflitos e

preconceitos, seus limites e limitações, pois é disso que deriva

sua possibilidade de aceitar as pessoas como elas são, de

respeitar seus motivos e motivações e de acatar suas

decisões.

Algumas inscrições bíblicas já sinalizam, há muitos séculos, a

importância da escuta. Ser pronto para ouvir e tardio para falar; As palavras

valem prata, mas o silêncio, ouro. Contudo, a predisposição para essa prática

tem se tornado cada vez mais rara em meio à sociedade moderna. A escassez

de tempo para cumprir as muitas tarefas, os problemas pessoais e familiares, o

avanço tecnológico, o aumento da violência, entre outros fatores contribuem

para o afastamento das pessoas.

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Apesar do crescente e relevante surgimento das modernas formas de

comunicação, como a proliferação das redes sociais, nada substitui o ouvir, o

velho olho-no-olho, a atenção, a consideração de ser ouvido. Nesse contexto,

eis a importância capital do saber ouvir para a mediação. Mais difícil do que

simplesmente ouvir pode ser a dificuldade da escuta ativa, da capacidade de

reconhecer os reais interesses e necessidade embutidos, disfarçados nas falas

das partes envolvidas nos conflitos.

Assim, a escuta se caracteriza como uma das habilidades fundamentais

para o mediador. Com os profissionais envolvidos nesse estudo procuramos

conhecer se a capacidade de ouvir já era parte do seu cotidiano ou se o

contato com a mediação exigiu uma reeducação com essa finalidade.

“Sempre procurei se um bom ouvinte, porém a aplicação da escuta

ativa é aprimorada com o passar do tempo, com o aumento da

experiência do mediador. O período de atuação como observador (modelo

do TJRJ) é importante, pois podemos comparar necessidades e

sentimentos que identificamos com os identificados pelos mediadores

principais. A atuação sempre com mediadores em dupla ajuda bastante,

pois o conhecimento se complementa na identificação do que os

participantes querem transmitir na sua fala.” ( “D” Bacharel em Física – 3

anos de mediação)

“Saber ouvir, focar no interesse e aprender a desconstruir o

conflito.” (“B” graduado em Filosofia e Bacharel em Direito – um ano e

quatro meses de mediação)

“Sempre fui uma boa ouvinte. Penso que essa é uma grande

contribuição da minha formação e do que sempre desenvolvi

profissionalmente. E na vida pessoal também.” (“E” Psicóloga – 10 meses

de mediação)

Para ilustrar a importância da escuta ativa, dos cinco mediadores

pesquisados quatro responderam como sendo essa uma das características

mais importantes para um mediador.

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“Saber ouvir, focar no interesse e aprender a desconstruir o

conflito.” (“B” graduado em Filosofia e Bacharel em Direito – um ano e

quatro meses de mediação

“Ouvir e entender o que as partes estão tentando passar e

transmitir o que estão sentindo” (“C” – Bacharel em Direito – um ano e

sete meses de mediação)

“Primeiro acreditar na eficácia da mediação e em seguida ter uma

escuta ativa que permita identificar as reais necessidades e interesses

das partes para com isto conseguirem normalizar a mediação fazendo co

que cheguem à compreensão de que é possível ser feliz atendendo a

necessidade do outro (ganha-ganha).” ( “D” Bacharel em Física – três

anos de mediação)

“Além da escuta ativa, fazer perguntas REALMENTE significativas e

reflexivas que promovam a autonomia das partes.” (“E” Psicóloga – 10

meses de mediação)

Ainda sobre as características do mediador, no entendimento de Warat

(2004) existem duas correntes de mediadores: uma de orientação acordista,

que aborda o conflito como um problema a ser resolvido nos termos do acordo.

E outra que chama de transformadora, que atribui ao conflito uma oportunidade

para o oferecimento às partes a possibilidade de melhora na qualidade de vida,

para encontrar-se consigo mesmo e para a melhora na satisfação dos vínculos.

De acordo com os resultados obtidos nesse breve estudo, podemos

afirmar que a segunda opção, que aponta para transformação, representa uma

tendência maior dos profissionais entrevistados, quando respondem acerca

suas preferências por algum tipo especifico de mediação.

“Mediações que envolvam mais questões objetivas, com baixo

envolvimento emocional, não me estimulam”. (“ A” Psicólogo – 5 anos de

mediação)

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“Pessoalmente acho mais fácil de lidar com casos materiais, mas a

beleza do resgate do diálogo, após x anos sem se falarem, numa ação de

família, também me ensina muito”. (“B” graduado em Filosofia e Bacharel

em Direito – um ano e quatro meses de mediação)

As palavras expressam determinadas representações que imprimem

marcas distintas. Mediador de Conflitos. Uma expressão que pode representar

no imaginário um significado ligado a um comportamento que necessita de

constante reflexão. Entendendo que o mediador é antes de tudo, um ser

humano normal dotado de todos os defeitos e inconstâncias, nesse imaginário,

ele carrega a conotação de alguém que age sempre sob a escolta da

prudência.

Inegavelmente a experiência com as técnicas e ferramentas da

mediação produz resultados que não podem ser relevadas a um mero segundo

plano. Então, buscamos conhecer desses profissionais o que a mediação

fomentou de legado na vida de cada um deles.

“Gosto de refletir que o objetivo maior no desenvolvimento das

habilidades de um mediador é que elas passem a correr em suas veias, a

fazerem parte dele, a se transformar em atitudes que pautarão sua vida

em todos os setores. Esse é o sentido da mudança de paradigma. Não

valeria a pena se fosse diferente o respeito pelas pessoas, em sua

diversidade, pode mudar o mundo. Talvez isso nunca se complete, mas

essa busca é fundamental. (“A”- Psicólogo – cinco anos de mediação)

“Há anos vinha trabalhando minha agressividade natural, rigidez

em conceitos e verdades pessoais, por isso o curso me deu oportunidade

de pensar e desconstruir muitas situações de vida familiar, agora penso

em continuar estudando e praticando, pois sinceramente creio na

possibilidade da mediação ser a Justiça, sem códigos, com um única

regra imposta: respeito pelo outro, não faça o que não gostaria de

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receber.” (“B” graduado em Filosofia e Bacharel em Direito – um ano e

quatro meses de mediação)

“Algumas situações eu coloco a frente às técnicas de mediação

para resolver questões de litígio, e sempre o faço, pois a Mediação nos

traz um senso de solucionar o conflito e não piorar.” (“C” – Bacharel em

Direito – um ano e sete meses de mediação)

“Ouvir ainda melhor as pessoas identificando o que o outro

realmente quer me dizer através das suas palavras, que pode não

aparecer diretamente nas palavras. Identificar quais são as minhas reais

necessidades frente ao mundo em que vivemos e a minha realidade. (“D”-

Bacharel em Física – três anos de mediação)

“Passei a perceber claramente quando passo a fomentar um

conflito. Inicialmente, eu só via isso após o episódio. Agora, penso duas

vezes em algumas situações. Mas, não creio que isso possa chegar a

100%” (“E” Psicóloga – 10 meses de mediação)

Sem perder de vista que a cultura da mediação tem o como um dos seus

escopos a pacificação social, nada mais coerente que essa pacificação passe

em primeiro plano pelos responsáveis pela disseminação dessa cultura. E

ainda que, atualmente, esse seja um trabalho de formiguinha, deve-se

reconhecer que elas, unidas, realizam feitos extraordinários.

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CONCLUSÃO

Ao pensar em ingressar com uma ação na Justiça, logo se imagina o

tempo que esse processo pode levar. O Poder Judiciário também tem pensado.

E como uma possibilidade de minimizar tanto o tempo quanto com o objetivo

de agregar qualidade a determinados litígios, a Mediação é apontada como um

caminho viável para tal.

Afinal essa é uma opção se caracteriza pela voluntariedade das partes

envolvidas; só faz mediação quem aceita sentar, conversar, ouvir e criar

conjuntamente novas maneiras de solucionar seus conflitos. Dentre as muitas

vantagens é que as pessoas têm a possibilidade de fecharem acordos

satisfatórios e possíveis de serem cumpridos, uma vez que eles mesmas quem

os constroem, além de primar pela melhora do relacionamento.

Tratando-se do viés econômico, a Mediação é um processo muito

menos dispendioso para o Poder Público, uma vez que é celere. No Tribunal

de Justiça do Rio de Janeiro para ser mediador, além das qualificações

exigidas no curso especifico, também há de se ter muita vontade, em virtude do

caráter voluntário da atividade de mediador.

Indubitavelmente que uma boa parte da responsabilidade do sucesso

nos processos de mediação recai sobre o mediador. Um gestor de conflitos

deve possuir habilidades que não são muito comuns, na maioria das pessoas,

como ser imparcial, neutro diante das partes envolvidas nos conflitos. E ainda

ter uma capacidade técnica bastante desenvolvida para ouvir e interpretar o

que cada mediado verdadeiramente precisa através das suas falas. Parece

pouco?

Nossa intenção de conhecer, ainda que minimamente, como alguns

profissionais da mediação trabalham e incorporam essas habilidades nos levou

a desenvolver uma pesquisa, através de um questionário respondido por cinco

mediadores de Centros de Mediação de Conflitos da Cidade do Rio de Janeiro.

Esse material nos conduz ao entendimento de que os esses

profissionais, na sua maioria, trazem na sua bagagem profissional um legado

de atitudes que são incrementadas nos cursos de formação de mediadores.

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De acordo com as hipóteses levantadas no início desse estudo,

podemos afirmar que o contato com as técnicas necessárias a mediação,

principalmente a escuta, passa a ser muito mais valorizada em todos os

setores da vida.

Ainda apontamos que como mostrado no terceiro capítulo, faz-se

indispensável ao mediador a desconstrução de posicionamentos em relação a

valores e julgamentos pessoais.

Pode ser incoerente o fato de conhecer, mesmo conviver com algumas

técnicas da mediação e não praticá-las. Mas, no tocante aos profissionais

envolvidos na pesquisa em questão, essa não é a sua realidade.

As falas explicitam que praticamente todos trazem a necessidade de

aproximação, até mesmo por considerarem essa uma forma de aprimoramento

profissional, que proporciona resultados benéficos para as suas vidas.

Para Warat (2004), enquanto o juiz ou o árbitro ocupam um lugar de

poder, o mediador , ao contrário, ocupa um lugar de amor.

Assim, o profissional de mediação é aquele que, dentre muitos outros

atributos, dispõe da técnica a serviço da emoção. E da sua própria emoção.

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ANEXOS

Email enviado a todos os profissionais convidados a participarem da presente pesquisa

Conforme contato telefônico, encaminho questões para o meu trabalho

de conclusão de pós-graduação em Mediação de Conflitos. Envio o roteiro no

corpo do email e também por anexo.

O seguinte roteiro, procura contemplar minimamente alguns aspectos a

serem discutidos na monografia de conclusão de curso de Pós-graduação em

Mediação de conflitos com ênfase em família, cursado na universidade

Candido Mendes, Instituo “A Vez do Mestre”. O trabalho não pretende de forma

alguma encontrar respostas definitivas ou mesmo “verdades”. Caso considere

conveniente qualquer observação pertinente ao assunto, sinta-se muito à

vontade para fazê-lo.

O seguinte roteiro, procura contemplar minimamente alguns aspectos a

serem discutidos na monografia de conclusão de curso de Pós-graduação em

Mediação de conflitos com ênfase em família, cursado na universidade

Candido Mendes, Instituo “A Vez do Mestre”. O título do trabalho: O Mediador

de Conflitos e a Reavaliação de Seus Paradigmas Emocionais. Uma Postura

Necessária? O mesmo, não pretende de forma alguma encontrar respostas

definitivas ou mesmo “verdades”. Caso considere conveniente qualquer

observação pertinente ao assunto, sinta-se muito à vontade para fazê-lo

Desde já, agradeço a sua participação.

Andréa Brum.

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QUESTÕES

1- QUAL A SUA FORMAÇÃO?

2- HÁ QUANTO TEMPO ATUA COMO MEDIADOR?

3- A SUA FORMAÇÃO CONTRIBUI (POSITIVA OU NEGATIVAMENTE) DE

ALGUMA FORMA PARA A SUA ATUAÇÃO COMO MEDIADOR?

4- DENTRE OS PRINCIPAIS ATRIBUTOS DE UM MEDIADOR É A SUA

CAPACIDADE DE SE MANTER NEUTRO E IMPARCIAL DIANTE DOS

CONFLITOS MEDIADOS. VOCÊ ENFRENTA OU JÁ ENFRENTOU

DIFICULDADES NESSE SENTIDO?

5- EXISTE ALGUM TIPO DE MEDIAÇÃO QUE VOCÊ PARTICULARMENTE

NÃO GOSTA DE ATUAR?

6- A ESCUTA É UMA FERRAMENTA IMPRESCINDÍVEL AO PROCESSO DE

MEDIAÇÃO. VOCÊ SEMPRE FOI UM BOM OUVINTE?

7- QUAL A CARACTERÍSTICA MAIS IMPORTANTE EM UM MEDIADOR?

8- DE TUDO QUE SE APRENDE E SE APREENDE NO TOCANTE À

MEDIAÇÃO, HOUVE A INCORPORAÇÃO DE ALGUM NOVO HÁBITO OU

ATITUDE NA SUA VIDA PESSOAL?

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I MEDIAÇÃO COMO ACESSO À JUSTIÇA 1.1 A JUSTIÇA E ALGUNS LIMITES 10 1.2 MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 12 1.3 MEDIAÇÃO, A SUA RELEVANCIA E SUAS PRINCIPAIS ESCOLAS 14 CAPÍTULO II MEDIAÇÃO E A SUA LEGISLAÇÃO 2.1 A MEDIAÇÃO E AS TENTATIVAS DE REGULAMENTAÇÃO 19 2.2 RESOLUÇÃO Nº 125: A MEDIAÇÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA 20 CAPÍTULO III O MEDIADOR DE CONFLITOS 3.1 O PAPEL DO MEDIADOR NOS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO 24 3.2 RESULTADOS DA PESQUISA: BREVES REFLEXÕES DE ALGUNS MEDIDORES SOBRE A SUA ATUAÇÃO 27 CONCLUSÃO 35 BIBLIOGRAFIA 37 ANEXOS 40 ÍNDICE 42