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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Por: Valneide Lúcia da Nóbrega Orientadora Prof.ª Simone Ferreira Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Freire; Boniteza de um sonho, de Moacir Gadotti. Já na segunda, mostra o afeto, a sua importância como modificador de comportamento

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE

NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Por: Valneide Lúcia da Nóbrega

Orientadora

Prof.ª Simone Ferreira

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE

NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Valneide Lúcia da Nóbrega.

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"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria

saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas

nos auxiliam muito". Chico Xavier

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, quero expressar minha gratidão a minha família por

todos os momentos que fraquejei e fui amparada por ela. Em especial, a minha

irmã Jandira, pois foi a minha primeira professora e também por ter me

incentivado a estudar.

À Orientadora Simone Ferreira, pela bondade e dedicação. Aos

professores do curso, aos colegas de turma pelo apoio e pela boa convivência.

Às companheiras, amigas de longas datas, Benedita e Esmeralda, pela

compreensão e pela amizade.

Aos autores dos livros usados na pesquisa, pelo trabalho inspirador.

Usarei as palavras de Eurípedes Barsanulfo, um dos grandes

educadores que já passaram pelo nosso planeta para agradecer a Deus:

O Universo é obra inteligentíssima; obra que transcende a mais genial inteligência humana; e, como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que a do universo é superior a toda inteligência; é a inteligência das inteligências; a causa das causas; a lei das leis; o princípio dos princípios; a razão das razões; a consciência das consciências; é Deus! Deus! Nome mil vezes santo, que Newton jamais pronunciava sem se descobrir!

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DEDICATÓRIA

A minha filha Yanna, pois procuro palavras além do eu te amo para

dizer, mas não consigo então eu vou deixar Mia Couto falar por mim.

Para Ti Foi para ti / que desfolhei a chuva / para ti soltei o perfume da terra / toquei no nada / e para ti foi tudo / Para ti criei todas as palavras /e todas me faltaram / no minuto em que talhei / o sabor do sempre / Para ti dei voz / às minhas mãos / abri os gomos do tempo / assaltei o mundo / e pensei que tudo estava em nós / nesse doce engano /de tudo sermos donos /sem nada termos... (Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas").

A Afonso, meu marido, pelo companheirismo e carinho que me dedica.

Dedicando-o também por ser ele o produto da escola que exclui e desestimula

as pessoas das classes populares. Usarei trechos da música de Gonzaguinha

para expressar tudo o que desejo.

É a gente quer valer o nosso amor / a gente quer valer nosso suor / a gente quer valer o nosso humor /a gente quer do bom e do melhor / a gente quer carinho e atenção / a gente quer calor no coração (...) a gente quer é ter muita saúde/ a gente quer viver a liberdade / a gente quer viver felicidade É a gente quer viver pleno direito / a gente quer é ter todo respeito / a gente quer viver numa nação / a gente quer é ser um cidadão.

Gonzaguinha (Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior)

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a influência da afetividade

no processo de ensino e de aprendizagem, ressaltando a contribuição do afeto

para melhorar a relação entre educador e educando, além disso, reforça a

importância da formação do educando como um ser integral. O tema foi

escolhido por se perceber a necessidade de pensar e questionar formas de

sensibilizar e despertar os sentimentos, partindo do pressuposto que o afeto

facilita a aprendizagem, constrói pontes, auxilia na escolha dos melhores

caminhos para a convivência tanto do educador quanto do educando no

ambiente escolar e no meio em que estão inseridos. Esta pesquisa se propôs

em descrever a dimensão que a educação com afetividade exerce no universo

pedagógico, no meio familiar e também na sociedade, mostrando que a escola

vem ao longo dos tempos excluindo através do seu desamor e assim

marginalizando socialmente os indivíduos da classe popular. Diante disso,

percebeu-se que tendo o afeto como fio condutor da aprendizagem, é mais fácil

para o educando se libertar, ou seja, tornar-se autônomo e, consequentemente,

elevar a sua autoestima, passando a ser um sujeito cooperador e fraterno,

exercendo prazerosamente o seu papel de cidadão. Reflete-se também sobre o

caos em que se encontram as escolas tanto do Rio de Janeiro, quanto do País,

sendo de vital importância as considerações apontadas por pensadores do

assunto. O caminho apontado para o fazer pedagógico é o amor, ele é a fonte

viva da vida e da educação, parafraseando Freire sem amor, a educação é um

puro resmungar pedagógico. Torna-se ainda necessário lembrar, que o

trabalho aborda a importância da afetividade no trabalho do psicopedagogo,

como também a contribuição que esses profissionais, trazem ao processo tanto

da aprendizagem quanto da ensinagem com a visibilidade de sempre que for

preciso fazer a intervenção.

Palavras Chaves: Educação, Afetividade, Ensino, Aprendizagem, Cognição.

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Metodologia

O trabalho foi delineado por uma pesquisa documental, qualitativa e

exploratória, a qual serviu para a reflexão do tema - Educação e Afetividade. O

ponto fundamental estudado na pesquisa foi à influência da afetividade no

ensino/aprendizagem, que para melhor compreensão e desenvolvimento do

assunto se usou os procedimentos metodológicos, analíticos e descritivos.

Através da leitura reflexiva e crítica se chegou a uma maior compreensão e,

automaticamente, ao aprofundamento do assunto, em que se constata que a

afetividade é a força motriz do ensino e da aprendizagem.

A pesquisa foi elaborada em três etapas. Na primeira, além de ter um

maior enfoque no aspecto da educação e no seu papel, teve como apoio as

seguintes obras: O que é educação, de Carlos Rodrigues Brandão; Inclusão

não rima com solidão e Pequeno dicionário das Utopias, de José Pacheco;

Educação Como Prática da Liberdade e Pedagogia da Autonomia, de Paulo

Freire; Boniteza de um sonho, de Moacir Gadotti.

Já na segunda, mostra o afeto, a sua importância como modificador de

comportamento e a sua contribuição para a educação. Das diversas obras

usadas no desenvolvimento desta etapa pode-se citar: A linguagem do afeto e

Como desenvolver conteúdos explorando as múltiplas inteligências, de Celso

Antunes; Pedagogia da Sensibilidade, de Marcus de Mario, Fundamentos

Biológicos da Educação, de Marta Pires Relvas; Aprender o Amor, de Carlos

Rodrigues Brandão; Afetividade e Inteligência, de Cláudio J. P. Saltini; Entre a

ciência e a sapiência, de Rubem Alves; Vivendo, amando e aprendendo, de

Leo Buscaglia.

E na terceira etapa, a psicopedagogia e o afeto nas intervenções em

dificuldades de aprendizagem foram abordados a partir das obras: A pedagogia

no Brasil, de Nádia Bossa; A inteligência Aprisionada, de Alicia Fernández;

Psicopedagogia Institucional, de Olivia Porto.

É necessário frisar, que diante de todas as obras citadas, ainda convém

lembrar: reportagens de Jornal, Televisiva e matérias da Internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................... 9

CAPÍTULO I - A Educação pela Educação................................................. 11

CAPÍTULO II – O Afeto na educação.......................................................... 17

CAPÍTULO III - A Psicopedagogia.............................................................. 29

CONCLUSÃO................................................................................................ 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 39

ÍNDICE............................................................................................................ 42

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INTRODUÇÃO

É imprescindível perceber que a escolha deste tema se dá pela

importância do afeto no âmbito educacional, uma vez que o quadro de fracasso

escolar é alarmante no país. A partir disso, é fácil compreender que a

afetividade exerce função fundamental para a construção de uma

aprendizagem mais significativa, pois ao romper as barreiras da relação

ensino/aprendizagem e educador/educando, rompe-se consequentemente o

quadro de fracasso escolar, pois a autoestima do educando melhora e assim o

processo educativo acontece de uma forma harmoniosa e prazerosa.

Este trabalho tem como objetivo repensar, definir e citar a influência e a

contribuição que os aspectos afetivos exercem, no processo de

ensino/aprendizagem. No primeiro momento, falar de afetividade não é uma

tarefa fácil, posto que alguns tratem o assunto como algo banal e

desnecessário, além disso, ainda há um grande número de pessoas que

abordam a questão da relação afetiva de forma preconceituosa por

desconhecerem a complexidade que envolve a educação dos sentimentos. No

entanto, há quem perceba que a afetividade é um tema que precisa ser

explorado, principalmente, na área da educação.

Atualmente, observa-se que a falta de afetividade na sociedade

contemporânea, é um dos maiores problemas no meio social podendo assim

ocasionar, dificuldades na adaptação da criança ao ambiente escolar. Convém

ressaltar que essa sociedade está em constante mudança e cada vez mais

interconectada, através das redes sócias da Internet gerando assim

comportamentos perturbadores e antissociais, prejudicando com isso o diálogo.

Com esses avanços tecnológicos será necessário reavaliar, como a Educação

está lidando com essas relações; de um lado grandes avanços tecnológicos e

por outro, pessoas que ainda não estão aptas a viver em um mundo

globalizado. Afinal, “precisávamos de uma Pedagogia de Comunicação, com

que vencesse o desamor acrítico do antidiálogo” (FREIRE, 1982, pg. 108).

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Nessa perspectiva, a afetividade é a força motriz que desperta no

indivíduo, o desejo de usar a sua liberdade, de forma a torná-lo consciente para

agir e compreender melhor os paradigmas que envolvem o processo da

apropriação dos conhecimentos necessários para a formação do ser integral e,

além disso, participa de uma educação preparatória para o exercício da

cidadania.

É notório que o processo educativo, vem provocando grandes reflexões

e há muito tempo vem se buscando a escola ideal, José Pacheco em seu livro,

Pequeno Dicionário das Utopias (2009) da Educação diz:

“Procuramos, no mais ínfimo pormenor da relação educativa, formar o cidadão participativo e sensível, o cidadão fraterno e tolerante. Para substituir a cultura do individualismo egoísta pela cultura da solidariedade, é necessário vivê-la na escola, todos os dias, em todas as horas, com o quanto baste de carinho e firmeza. E isso se poderá chamar... autoridade”.

Para melhor compreensão do assunto, o tema será desenvolvido em

três etapas: Na primeira etapa, será abordado o aspecto da educação e o seu

papel como também o ensino/aprendizagem. Já na segunda etapa, mostra o

afeto, a sua importância e a sua contribuição para a educação; no terceiro, será

enfocado o papel do psicopedagogo na interferência das dificuldades de

aprendizagem. Essas etapas foram construídas a partir de pesquisa

bibliográfica de alguns autores e estudiosos como: Paulo Freire, Rubem Alves,

Marta Relvas, José Pacheco, Celso Antunes, Leo Buscaglia, Marcus de Mário,

Eugênio Cunha, Carlos R. Brandão.

Diante disso, é importante destacar que o afeto se aprende e o afeto se

ensina. Essa aprendizagem se inicia na família, pois é neste ambiente que a

criança nos primeiros anos de vida já começa a partilhar experiências,

estabelecendo relações e criando elos de afetividade com outras pessoas. Faz-

se necessário a partir daí trabalhar a sensibilidade e valores morais no

alunado, desde a sua entrada na escola, com especial atenção para o primeiro

seguimento do Ensino Fundamental, favorecendo com isso a formação ético

moral de uma Educação Integral.

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CAPÍTULO I

EDUCAÇÃO PELA EDUCAÇÃO

“Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja e na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela para aprender, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida à educação”. (BRANDÃO, 1994: 7)

Para se falar de educação é preciso inicialmente questionar qual a

escola que vai melhor atender a criança e o jovem na sua formação,

fornecendo-lhes subsídios para que sejam autônomos e capazes de

interferirem no meio em que vivem, e consequentemente contribuírem para o

bem-estar da coletividade a que pertençam. Diante disso, faz-se necessário

uma reflexão maior sobre como a instituição de ensino interfere no cotidiano de

cada indivíduo e na sua formação profissional.

Além dessa perspectiva, é bom analisar o que Paulo Freire quis dizer

em: “não há educação fora das sociedades humanas e não há homem no

vazio”. Precisa-se entender que em todas as épocas, em qualquer região do

País ou do Planeta Terra, os homens são todos iguais, na sua constituição

física, na sua estrutura psicológica e na sua consciência, no entanto essa

condição de igualdade caracteriza-o como integrante da sociedade humana,

portanto se afirma que a Educação é Universal, mas que cada um lê o mundo

conforme seus valores, sua cultura e seus grupos de afinidades, entendendo-

se que cada ser é único e precisa ser visto individualmente.

Vale frisar ainda que para abranger uma Educação Integral, continuada

e significativa tem-se que ter um olhar diferenciado para cada criança. E que as

crianças, atualmente, esperam da escola algo mais que transmissão de

conhecimento. Saltini afirma que gostaria:

“(...) de fazer com que a educação fosse uma via para a doação do homem a si mesmo, um trabalho de amor, dando ao

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próprio homem aquilo que lhe pertence, ou seja, a capacidade de inventar, criar, fazendo coisas novas, criticando o que já existe, buscando novos caminhos e aprendendo a descobrir por ele mesmo, sentado comodamente no banco de sua própria segurança, confiando na sua espontaneidade e tendo a coragem de ser, de ser livre e responsável”. (SALTINI, 2008: 29)

Tal pensamento enfatiza a educação lutando pela própria educação

como fez Paulo Freire, mostrando o exemplo de decência a favor de uma

sociedade mais justa, contra a descriminação de qualquer espécie. Como

também destaca a posição de um educador humanista que vê o indivíduo

como um todo, um ser dotado de corpo e mente que está inserido em uma

sociedade, desempenhando determinada função, logo não há como pensar em

um educador humanista sem pensar no processo de educação coerente ao

educando. E isso torna o indivíduo capaz de intervir no meio em que vive, livre

para decidir de forma consciente a maneira como atuar no mundo.

Não há como pensar uma aula em que o aluno esteja fora do contexto.

Não há como ensinar sujeito oracional, por exemplo, sem ensinar o educando a

ser o sujeito da sua própria vida. Essa visão de educação está pautada na

afetividade, que é a força que desperta no indivíduo o desejo de usar a sua

liberdade, de forma a torná-lo consciente para agir e compreender melhor os

paradigmas que envolvem o processo da apropriação dos conhecimentos

necessários para a formação do ser integral, ou seja, participar de uma

educação preparatória para o exercício da cidadania.

Para que tudo isso aconteça, é necessária a mudança dos paradigmas.

Moacir Gadotti, em seu livro A boniteza de um sonho, entre outros dizeres

afirma:

A educação do futuro deverá se aproximar mais dos “aspectos éticos, coletivos, comunicativos, comportamentais, emocionais... todos eles necessários para se alcançar uma educação democrática dos futuros cidadãos”. Isso implica em novos saberes, entre eles, saber planejar, saber organizar o currículo, saber pesquisar, estabelecer estratégias para formar grupos, para resolver problemas, relacionar-se com a comunidade, exercer atividades sócio-antropológicas, etc. (2002: 14)

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Reeducar o olhar e todos os sentidos é o grande desafio da educação

contemporânea. A escola de hoje fracassou, quando apenas serviu de

mantenedora de ideologias nocivas ao ser humano e ao planeta Terra.

Redimensionar essas ideologias é fundamental para se criar a educação que

se precisa, alguns intelectuais como Paulo Freire, Moacir Gadotti, Leonardo

Boff, Carlos R. Brandão, Edgar Morin e Rubem Alves alertam para a

necessidade de reconstrução de um paradigma filosófico que irá criar novos

valores e saberes mais justos para o ser e para o mundo, para que isso seja

possível é necessário educar os seres para que eles consigam pensar

globalmente; sentir e ter sentido para as coisas importantes da vida; identificar-

se com a sua condição humana; compreender a noção de coletividade e de

solidariedade.

1.1. O papel da Educação.

O sistema educacional no Brasil se encontra numa fase muito

complicada. A educação não cumpre seu papel, pois não sociabiliza como

deveria, não promove desenvolvimento humano suficiente como também o

crescimento Intelectual e moral da criança e do jovem. Este sistema

burocratizado e burocratizante engessa professores e, consequentemente, não

consegue potencializar a capacidade de criar, de intervir, de decidir de cada

aluno. Não faz cidadãos e perpetua uma massa de excluídos que de geração

em geração permanece à margem da sociedade.

De acordo com essa realidade concreta, de como o processo educativo

se vincula a nossa sociedade, verifica-se que a educação popular continua

sendo marginalizada e rotulada. As escolas das classes populares deixam

alunos e professores desmotivados, esses espaços passam a ser depósitos de

alunos, que ficam boa parte de suas vidas lá sem aprender e não são capazes

de questionar, pois a escola que deveria fazer refletir, apenas reproduz a

alienação.

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Percebe-se então que a educação das classes menos favorecidas, as

quais dependem do Poder Público, fica “órfã”, pois não é do interesse de todos

formarem indivíduos capazes de agir de forma consciente. Essas escolas

falseiam a realidade com métodos e avaliações que tentam provar algo

insustentável. Os governos apresentam um aumento do índice de escolaridade

dessas classes populares, mas o que temos na verdade é uma grande massa

de analfabetos diplomados.

A Mídia por sua vez oculta ou mostra de forma superficial esses

problemas, dando assim pouca visibilidade ao processo educativo. Tal fato

corrobora para a falta de interesse dos políticos em investirem de forma

significativa para uma melhora do quadro educacional como um todo. Tal fato

provoca prejuízos e abusos de todos os níveis, sejam físicos ou psicológicos, o

que acaba distorcendo a verdadeira função da educação, uma vez que não há

o incentivo de uma práxis educativa libertadora.

Por mais que esse panorama seja pessimista ou mesmo alarmante para

alguns teóricos da educação, há quem acredite na mudança e o que é ainda

melhor, há quem já esteja promovendo a mudança como é o caso de José

Pacheco um dos idealizadores da Escola da Ponte. A inquietação desse

educador fez com que desse o primeiro passo para uma mudança efetiva,

observem o que ele disse:

“Conta-se que, até que fosse descoberto um cisne negro na Austrália, a verdade que se tinha era a de que todo cisne era branco. Bastou a existência de um único cisne negro para pôr por terra a concepção de que todos eram brancos. Nesta perspectiva, podemos dizer que a Escola da Ponte é uma espécie de cisne negro da Pedagogia, pois quebra a ideia, tantas vezes correntes entre os professores, de que ‘todas as escolas são iguais’, de que ‘sempre foi assim’, de que ‘é assim mesmo’. A sua existência afirma a possibilidade ou, mais ainda, a efetividade de uma outra configuração da prática escolar em geral, e da avaliação, em particular” (PACHECO, 2012:12)

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1.2– Ensino/Aprendizagem.

Ao longo dos tempos, vem se delineando como as pessoas aprendem,

também vem se mostrando como é que se agrupam se é pela condição social,

econômica, cultural ou pelos costumes. Observa-se, então, que esses grupos

vão se organizando e consequentemente exercendo funções na busca de uma

convivência conveniente e, assim, automaticamente assimilam regras de

condutas, que irão usá-las na práxis e para que sejam ouvidos e atendidos nas

suas necessidades, formam grupos de pressão para que as mudanças

aconteçam, tanto para si como para a sociedade a que estão vinculados.

É necessário ressaltar que segundo Piaget a promoção do

desenvolvimento do indivíduo só acontece depois da maturidade biológica e

ainda afirma que os fatores internos preponderam sobre os fatores externos,

ficando, assim, a aprendizagem dependendo do desenvolvimento do indivíduo,

ou seja, quanto mais desenvolvido for a criança mais ela aprende. Já para

Vygostky o desenvolvimento humano depende do ambiente social onde o

indivíduo convive, e, assim, a aprendizagem acontece através da influenciação

simultaneamente com o desenvolvimento.

Para que a criança assimile os novos conhecimentos de forma

significativa e com isso modifique suas estruturas internas, tem-se que

necessariamente passar pelo sentir, pelo saborear e depois pelo querer. A

partir daí começa realmente um ato de aprendizagem, ou seja, a criança passa

a reter esse novo conhecimento, para quando for preciso, reproduzi-lo como

verdade, atuando criticamente no mundo. Além disso, deve-se levar em conta

que não se pode dissociar o processo ensino/aprendizagem da vida e do meio

em que se vive, seja ele urbano ou rural, pois a aprendizagem pode acontecer

em vários lugares e sempre de forma interpessoal.

Esse processo de aprendizagem não é privilégio da escola, é,

sobretudo, um ideal que está diretamente ligado à criação da humanidade,

portanto ligado à própria vida. Vale lembrar que o comportamento e a maneira

de solucionar problemas estão intrinsecamente ligados à capacidade de

aprender e à relação que cada indivíduo tem com o conhecimento. Dessa

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forma, é importante a compreensão do processo de aprendizagem e do

desenvolvimento humano não só no aspecto biológico, mas também na

observação dos seus estímulos, que os impulsionam naturalmente para cima

ou para baixo.

À medida que o educador percebe que a afetividade é o caminho para

compartilhar o seu conhecimento e as suas experiências e percebe também

que precisa estar atento a sua condição de aprendente, enquanto facilitador

deste processo de ensino e aprendizagem, nesse momento, necessariamente,

acontece a remoção dos obstáculos criados entre as partes envolvidas. Desse

modo, acaba com o isolamento que existe entre educador e educando. O ser

amoroso acredita no que faz e aceita o desafio de sensibilizar-se e sensibilizar,

estimulando e despertando no educando através da ação reflexiva educativa,

as suas qualidades morais.

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CAPÍTULO II

O AFETO NA EDUCAÇÃO

“Cada vez mais sentimos a necessidade do afeto, da virtude, do amor nas expressões de vida do homem, a lhe responder aos anseios e encaminhá-lo à sua totalidade”. (Marcus de Mario; 2012)

É preciso, inicialmente, observar que o homem assim como todos os

seres vivos obedece a uma Lei Natural de Progresso, implícito nessa lei está a

evolução do ser que começa desde o seu nascimento. Portanto, a forma como

esse indivíduo progride depende de vários fatores, sendo o principal fator o

momento do acolhimento desse ser pela sua família que deve ser de respeito,

de cuidado e de amor. Se assim for, o afetivo favorece e fortalece seu

crescimento interior promovendo o desenvolvimento pessoal e com isso o

despertar de valores adormecidos, caso contrário, as frustrações e ansiedades

começam a aparecer podendo se tornar agressivo e não resistir às

adversidades da vida e ser levado a um processo de autodepreciação.

“No entanto, quem nos ensina a amar? Para começar, a sociedade em que vivemos, e isso certamente é variável. Os nossos pais nos ensinam a amar. São os nossos primeiros mestres, mas nem sempre são os melhores. Podemos esperar que os nossos pais sejam perfeitos. Os filhos sempre se criam esperando que os pais sejam perfeitos e depois ficam muito desapontados e desiludidos, e realmente zangados, quando descobrem que esses pobres seres humanos não são perfeitos”. (BUSCAGLIA; 2012:17)

Ainda há preconceito em admitir que o afeto seja o mecanismo para

chegar a melhor forma de compreender o caminho e para a aquisição do que

se quer. A educação dos sentimentos mostra propostas, que influenciam e

estimulam o indivíduo na mudança de atitude e assim transformar o seu

comportamento. Em vista do que foi mencionado, é preciso ressaltar que para

a educação destes se faz necessário educar-se, criar vínculos afetivos e se

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comprometer na conquista do educando, para a melhor condução do indivíduo

na construção da aprendizagem.

A educação deve atender as necessidades do educando e com essa

perspectiva, a escola deverá ser centrada em atender aos interesses destes e

assim praticar em sala de aula, sentimentos de amor ao próximo em suas

relações interpessoais. É de suma importância frisar que a escola, depende da

atuação de pessoas, e que as ações afetivas, ou de desamor, de cada um, no

seu dia a dia é o que determina como os conteúdos irão ser aplicados e

entendidos, ficando dessa forma subordinada a maneira como cada um

percebe e entende o que é amor, e que os resultados podem ser positivos ou

não, mas que para isso se pode aproveitar o momento e despertar tanto no

educando como no educador o desejo e o sonho de ter uma educação como

meio de libertação.

2.1 – A importância do afeto

Ao longo dos tempos, o discurso sobre a educação no Brasil é o mesmo:

democratizar o ensino, reformar escolas, reformular as organizações

pedagógicas, introduzir novas metodologias, aperfeiçoar professores, aumentar

os anos de escolaridade... E o que mudou efetivamente? Pode-se dizer que

quase nada, uma vez que a instituição escolar está a serviço de um sistema

(capitalismo), de um determinado governo. Dessa forma, a escola acaba

valorizando a cultura das classes dominantes, não só valorizando, como

também considerando legítima e única. Em contrapartida, a cultura popular é

excluída, por ser rotulada como subcultura ou mesmo como uma cultura

deficiente. Diante disso, é fácil compreender que alunos oriundos de classes

populares acabem fracassando, porque os professores não aceitam a cultura e

o conhecimento desses alunos, por fugir aos padrões vigentes e, assim

acabam marginalizados culturalmente, rotulados de fracassados, a diferença é

transformada em deficiência.

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Outro problema que deve ser refletido é a inserção do ensino religioso

nas escolas públicas no Brasil. Esse problema tem chamado a atenção de

vários educadores e da imprensa também. Um dos principais jornais do país

trás a seguinte notícia: “Estado laico, Educação nem tanto – FÉ IMPOSTA NA

SALA DE AULA”. E começa a matéria ironicamente dizendo que agora os

alunos, para passarem de ano, devem “rezar”. Alguns relatos valem ser

destacados, pois refletem a falta de afeto de alguns educadores. “A, de 13

anos... praticante do Candomblé, diz sofrer descriminação por parte de três

professoras (...) X, de 7 anos, é ogan e toca atabaque no terreiro de Umbanda,

mas tem vergonha de dizer isso na escola” (Jornal O Globo, 24/03/2013). Tais

fatos evidenciam que o foco do ensino religioso é o das classes dominantes,

que permanecem rejeitando as religiões trazidas pelos escravos. O que

demonstra como a Lei de nº 10.639/03, que obriga o ensino de história e

cultura africana nas escolas de ensino fundamental e médio no país, é

desrespeitada, já que os educandos veem suas crenças sendo hostilizadas por

pertencerem à cultura africana.

Transformar esse e outros tipos de terror pedagógico é o grande desafio

de um educador consciente da sua função. O antídoto mais eficaz para isso é a

afetividade como força geradora que faz crianças, jovens e adultos a

desvendarem suas verdades, a construírem uma nova realidade, em que a

submissão é deixada de lado, os rótulos são quebrados e a cidadania é

aprendida e vivenciada em toda a sua plenitude. O poder de transformar, de

readaptar, de inserir, de reformular, de unir, de integrar, de sociabilizar é do

amor, logo o fracasso escolar será facilmente combatido, quando esse

sentimento for aprendido e repassado por todos.

2.2 - O afeto como modificador de comportamento:

É de fundamental importância, que a criança desde o ventre da mãe já

receba amor, proteção e cuidados, pois começa aí o bom ou o mau

desenvolvimento do indivíduo, como também começa o seu desempenho nas

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atividades escolares e na sua vida. Diante disso, é fácil entender por que

alguns que estudam o assunto atribuem o fracasso escolar e os insucessos

nas atividades profissionais aos desajustes da família, aos pais ausentes, aos

pais envolvidos com drogas, que não cuidaram e nem deram afeto aos filhos.

Por causa do abandono e dos desajustes familiares, encontram-se no universo

escolar crianças carentes afetivamente, que em alguns casos apresentam

comportamentos agressivos e, na maioria das vezes, são estigmatizadas, logo

além da carência afetiva da família, essas crianças ficam carentes também do

afeto no âmbito da escola, pois não encontram o apoio necessário ao seu

desenvolvimento, podendo assim transformar uma carência em sérias

dificuldades de aprendizagem.

Acreditar na mudança do outro sabendo que é possível, é função da

educação. Através do conhecimento, da vivência afetiva no ambiente escolar, o

educando tem a possibilidade de se transformar e de suprir a sua carência;

mas esse ambiente escolar precisa ser acolhedor e propiciar ao educando uma

convivência que o motive a fazer descobertas, a ser criativo, a ter curiosidade

e, principalmente, a assimilar os conteúdos, mostrando-lhes a importância e o

significado que cada disciplina tem. Quando tudo isso acontecer,

automaticamente, esse indivíduo modificará o seu comportamento e se dará o

começo da sua transformação.

Atualmente, um projeto que vem delineando resultados significativos de

desenvolvimento e transformação humana através da arte é o projeto Nós do

Morro, fundado e idealizado por Guti Fraga no ano de 1986, no bairro do

Vidigal no Rio de Janeiro. Esse projeto possibilita a mudança de hábito, de

atitude e mesmo a ascensão social, uma vez que ele não só se preocupa com

as aulas de artes cênicas, preocupa-se também com a integração do homem

ao meio, ou seja, o aluno além de aprender atuar no palco, aprende também a

atuar na vida, nas suas relações, na comunidade e, consequentemente, na

sociedade como um todo. A coletividade e a integração social é o desejo

primordial para o sucesso.

Segundo o idealizador desse projeto, a criança que participa dessa

escola aprende a cidadania, pois vê a sua realidade sendo transformada desde

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o momento que o procura, pois é tratada de forma digna, com igualdade e isso

já começa a modificar atitudes e perspectivas. Fraga destaca que

“os jovens que nos procura [projeto] já vem de uma vida difícil, então quando você propõe essa igualdade no olhar, no aperto de mão, você já está mudando alguma coisa (...) É a minha a alma de artista que se manifesta em sala de aula. Quando eu faço solidariedade, é uma solidariedade de verdade. Ela é simples, não é de mídia. É um toque, um olhar, é estar próximo. Somar, dividir pão. E junto com disciplina, organização e responsabilidade, não canso de dizer: é o ‘com licença’, o ‘por favor’, o ‘muito obrigado’, o ‘não jogar papel no chão’. O que a filosofia do Nós do Morro propõe não é nada além da multiplicação de humanidades.” (Entrevista, WWW.conexaoprofessor.rj.gov.br/educacao-entrevista-00.asp?EditeCodigoDaPagina=3943 acessada no dia 08/05/2013)

É oportuna a citação do projeto Nós do Morro com seus princípios, os

quais fazem a diferença para demonstrar que é possível transformar

consciências, transformar comportamentos. O projeto deveria servir de modelo

para as escolas, pois oferecendo atividades diferentes e atrativas tanto para

crianças quanto para jovens, estes teriam a possibilidade de escolher e de

fazer reflexões sobre suas ações e juntos teriam a condição de caminharem

em prol de um mundo melhor. Vale lembrar que Vygotsky há muito tempo já

destacava a importância da interação social.

Por outro lado, é bom salientar que não há nem um bem que seja

individual e nem um mal que também seja individual, em uma sociedade tanto

o bem, quanto o mal é coletivo. Diante do exposto, a afetividade transforma o

indivíduo em um ser humano presente e atuante no mundo, daí advém a

preocupação com o bem estar de todos, para todos. Diz Paulo Freire:

“Presença que se pensa em si mesma, que se sabe presença, que intervém, que transforma, que fala do que faz, mas também do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe. E é no domínio da decisão, da avaliação, da liberdade, da ruptura, da opção, que se instaura a necessidade da ética e se impõe a responsabilidade. A ética se torna inevitável e sua transgressão possível é um desvalor, jamais uma virtude” (FREIRE; 1996:20)

Não se pode esquecer, de refletir a questão do limite, da disciplina,

principalmente quando se trata de crianças nas primeiras séries escolares, o

não como limite é afeto. Quando se ensina afeto, está incluído na

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aprendizagem que a criança precisa descobrir as regras da vida e o não

cumprimento desta ou daquela norma, causa sanção e que o indivíduo deverá

reajustar-se com a mesma e isso muita das vezes geram sofrimentos,

precisando para evitar a transgressão das normas, reforçar as qualidades, as

virtudes, o gosto pela vida, a alegria própria da criança, ensinando-as a

respeitar o outro nas suas individualidades e diferenças.

2.2.1 – Do Educador

O desempenho do educador é muito mais importante do que se pensa,

não depende unicamente do domínio de conteúdo. O educador deve buscar

elaborar boas estratégias que proporcionem um bom desempenho, deve ainda

tentar construir ambientes interativos em que o sujeito aprenda a aprender.

Nesse sentido, educar é algo bem complexo, uma vez que não depende

exclusivamente da capacidade de se conhecer um dado assunto, mas sim do

compromisso que se tenha para interagir com todos, tentando construir um

pensamento crítico para assim atuar nas atividades humanas e transformá-las,

adaptando-as ao bem estar coletivo.

Pode-se dizer que o educador cumpre o seu papel na ação pedagógica,

quando intermedeia a relação do educando com o saber e assim o seu

desenvolvimento afetivo e cognitivo o inclui e interage com o outro, sendo

sujeito de sua própria ação. É necessário assim refletir, que se as crianças

aprendem virtudes, aprendem valores, aprendem o afeto, e através dessas

aprendizagens, desenvolvem-se tanto intelectualmente quanto moralmente,

com essa experiência vivenciada todos os dias em sala de aula. A partir deste

processo que o educador desenvolve, ele modifica seus conceitos e se

reestrutura fazendo uma reflexão crítica, deixando para trás aquele educador

“velho” de pensamentos arrogantes de “sabe tudo” para começar ser um “novo”

educador, que não olha na direção do educando, mas se junta a ele para

olharem em uma mesma direção, exemplificado e vivenciado em sala de aula

afetivamente as propostas pedagógicas.

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Quando o educador começa a perceber que na prática pedagógica

existe algo que vai além do transmitir conhecimento, do cuidar da “disciplina”

da arrumação física do ambiente como também do que o indivíduo tem que

aprender, aí então o educador está começando a sensibilizar-se para entender

o ser que naquele momento encontra-se na condição de aprendente e que tem

vontades, sentimentos e um potencial interior a se desenvolver. É notório que

não se pode querer transformar o outro, pois é na troca, no respeito, no

comprometer-se, na conquista, que o processo de mudança acontece, as

mudanças devem ser feitas por cada um com a visibilidade do bem estar da

própria pessoa. Desse modo, percebe-se que quando se consegue amar o

próximo como a si mesmo, fica mais fácil o desafio para desenvolver a ação

pedagógica e consequentemente teremos uma sociedade harmônica e justa.

É ingênuo atribuir só ao afeto a mudança do educador, mas a

consciência política com afeto e equilíbrio é fundamental, no posicionamento e

na contribuição da melhor maneira de formar consciências e cidadãos mais

críticos e confiantes em si mesmo. Desse modo, com boa vontade, aceitando o

novo com a visão de melhorar a sua práxis, então, automaticamente a função

do educador cumpre o seu dever e o mesmo beneficia-se de uma convivência

prazerosa, provocando assim reações positivas de aprendizagem.

2.2.2 - Do Educando

A criança que se sente amada está mais disponível para aceitar as

normas e regras da sociedade, ficando mais disponível para conhecer o que

ainda não conhece, e diante disso aprende com maior eficácia.

“Ensinar exige querer bem aos educandos... A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não obviamente é que a minha afetividade interfira no cumprimento do meu dever de professor no exercício de minha autoridade.” (FREIRE; 1996: 159, 160)

Fazendo uma reflexão crítica das escolas do País, constata-se através

de estatísticas e da reportagem exibida pela Rede Globo (12/05/2013) no

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programa Fantástico, o alarmante número de violência tanto de educando,

quanto de educador, além das fortes imagens que ficariam bem difíceis de

descrevê-las, as estatísticas que por si só falam de como a violência nas

escolas vem aumentando nos últimos anos. O departamento que realizou a

pesquisa foi APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do

Estado de São Paulo. A pesquisa foi realizada em São Paulo e dos 100

professores ouvidos 44% já sofreram algum tipo de agressão dos quais 39%

sofreram agressão verbal, 10% assédio moral, 6% bullying, 5% agressão física,

5% furto, descriminação; além de tudo isso 29% dos professores já viram

alunos alcoolizados ou mesmo traficando drogas dentro da escola e 42% dos

professores já viram alunos sobre efeito de drogas. Os dados coletados

demonstram a gravidade do problema e alerta para a necessidade de urgentes

providências para controlá-lo e revolvê-lo, visto que neste caso todos ficam

prejudicados.

Destaca-se ainda na reflexão sobre violência a questão do bullying, que

é uma prática de violência sofrida e praticada por pessoas de diversas idades,

sendo maior o índice entre os adolescentes e no ambiente escolar. A agressão

pode ser física ou psicológica, várias formas de violência são usadas com a

intenção de constranger a pessoa agredida. Diante de tantas formas para

agredir, a que vem chamando mais atenção atualmente é o uso da tecnologia

da informação para praticar o cyberbullyng, criando páginas falsas, montando

informações com fotos para divulgar nos sites inclusive de relacionamentos.

Evidencia-se neste caso tanto a falta de afetividade quanto a falta de limites.

Outro fator indispensável, para refletir a respeito deste comportamento

na adolescência, é como este adolescente encontra-se, qual a sua história de

vida? Como estão suas estruturas neurais? Quais as etapas que não foram

cumpridas? O mundo de hoje exora por educação orientada por valores, por

uma educação que explore a riqueza interior que cada um tem dentro de si,

numa sociedade que vigora a desordem e a negligência, por isso não tem

espaço para acusações: a família diz que a escola deve educar a escola por

sua vez acusa a família de não cumprir o seu papel na socialização da criança.

No século XXI, a escola e a família precisam ter a percepção, a flexibilidade e a

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responsabilidade, além de buscar novos paradigmas, uma nova forma para

dialogar com todos os saberes, e assim acompanhar as mudanças que

acontecem na família e na escola.

Buscando o entendimento da causa dessas amargas consequências que

a educação vivencia atualmente, chega-se a conclusão que a falta de

afetividade que envolve o universo educacional deixa a criança vulnerável e

oscilante entre o certo e o errado, e com isso o sentimento de abandono acaba

por trazer revoltas e indignações que em alguns casos são externalizados de

forma violenta e agressiva, mas tudo isso pode ser mudado. O educando

modifica seu comportamento, quando é aceito com suas virtudes e com seus

defeitos, também quando é valorizado com a cultura e costume do grupo a que

pertença. O amor é um sentimento que motiva e que provoca mudança interior

que será refletida no cotidiano, influenciando o indivíduo a uma autoeducação. .

Afirma Brandão (2005) “O amor é aprendível e, portanto, pode ser ensinado”.

2.3 – A contribuição do Afeto no processo

ensino/aprendizagem

É notório que a conquista da afetividade dentro da sala de aula é

fundamental para a evolução de cada educando, uma vez que ele se torna um

indivíduo capaz de interagir conscientemente no mundo, conseguindo, assim,

superar os problemas. Vale ainda lembrar que a afetividade deve estar em

todas as etapas da vida e ajudar o indivíduo a começar a se estruturar entre

sentimentos e raciocínios, pois à proporção que se aprende a amar, adquire-se

a lucidez e a compreensão da vida.

Rubem Alves assevera que “toda experiência de aprendizagem se inicia

com uma experiência afetiva” o que se pode compreender que o afeto é a força

motriz motivadora simultaneamente dos processos de ensino e de

aprendizagem. Para que esse processo seja mais produtivo, o educador

deverá ser o mediador, priorizando a relação afetuosa e a capacidade daquele

que está na condição de aprendente, assim, ele consegue obter resultados

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mais positivos. Mais importante do que o conteúdo a ser ensinado, é a relação

de quem ensina com quem aprende. Dessa forma, vale destacar que o afeto

serve de elo, estabelecendo com isso uma relação amigável e um diálogo

honesto como meio de transmitir segurança e de despertar a curiosidade no

educando, para que dessa forma ele se motive a pensar criticamente -

aprender a aprender.

Diante de tantas dificuldades no ensino-aprendizagem, o desafio da

educação atualmente é o enfrentamento de um mundo em que a velocidade

das informações pode trazer em alguns momentos a fragmentação do

conhecimento, fazendo com que o pensamento fique de certa forma,

desconectado da realidade no âmbito escolar. Estudos já indicam uma nova

proposta para lidar com essa atual era da Internet, a Educação Moral,

ensinando a criança desde o seu nascimento tanto na área cognitiva, quanto

na área dos sentimentos, a formação do caráter, na educação dos sentimentos,

ensinando-lhes valores para que o educando sinta-se capaz de modificar a sua

ação, evitando cair nas armadilhas das informações, como também as que não

contribuem para a formação do homem de bem.

Pode-se constatar que os problemas de comportamentos sinalizados, ao

longo dos tempos no convívio escolar - droga, álcool, carência afetiva,

agressividade, bullying e outros - causam transtornos na convivência escolar,

que consequentemente provoca deficiência no ensino e na aprendizagem. Um

ambiente escolar desarmonizado por conflitos, os quais não são resolvidos

dentro da escola, adoece e todos os envolvidos ficam com vários sintomas:

inquietação, agitação, impaciência, medo, insegurança, vulnerabilidade. A partir

daí surgem a baixa autoestima, a perda de interesse pela escola, a sensação

de desânimo, as dificuldades na aprendizagem, na disciplina dentro de sala de

aula, sendo necessária, para tais problemas surgidos da consequência de

outros problemas, a intervenção psicopedagógica através de uma equipe

multidisciplinar, onde o afeto está incluído como auxílio destas relações e nas

dificuldades tanto do educador quanto do educando no processo do ensino e

da aprendizagem.

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Para entender melhor o que acontece no processamento da

aprendizagem em todos os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, Relvas

(2009) afirma: “é preciso que o educador perceba que, neurofisiologicamente,

os aprendentes estão com os órgãos dos sentidos estimulados e, por

conseguinte, existe um movimento de conexões nervosas que nunca estanca”.

Nesse contexto, os estudiosos da neurociência, chamam a atenção para a

capacidade que o cérebro tem por meio da conexão e das sinapses nervosas

de organizar e reorganizar as informações recebidas através dos estímulos

motores e sensitivos.

As mudanças de paradigmas trazidas por essa nova visão da mente humana interferem, portanto, no tema da educação e trazem novas linhas de procedimento para que a escola convencional acrescente às suas funções instrucionais socializadora e preparadora para o mundo do trabalho uma outra, voltada ao estímulo e educação cerebral e assim, progressivamente, possa ir se transformando em um centro estimulador de Inteligências. (ANTUNES, 2001,13)

Segundo Saltini (2008) a situação-problema é sempre um fator de

desequilíbrio maior ou menor, porém os instrumentos necessários à

reequilibração estão ali, no interior, prontos para serem novamente

reorganizados. É necessário lembrar que o afeto, na resolução das situações

em que o indivíduo se encontra em desequilíbrio, funciona como fonte de

informação na tomada de decisão em que prepondera o equilíbrio entre razão e

emoção.

Para entendermos esta articulação, é necessário compreender o ser. Nós somos uma entidade que um dia foi apenas uma célula e, depois ao longo da transformação e da evolução das espécies, chegou ao homo sapiens. Tudo faz crer que a evolução biológica por meio de organizações e adaptações constante chegou ao homem com tal complexidade fisiológica e orgânica que o tornou capaz de se autocompreender e perceber. A célula e o animal não têm a consciência de si mesmo, não se auto-observam, por isso não conseguem refletir sobre si mesmo. O homem ao contrário, consegue refletir graças à sua complexidade neurônica e estrutural evoluída. (SALTINI, 2008, 60)

É indiscutível que muitos autores como Paulo Freire, Rubem Alves,

Alicia Fernández, Claudio Saltini, Eugenio Cunha, Carlos Rodrigues Brandão,

Moacir Gadotti, entre outros vêm endossando que o afeto é indispensável na

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atividade de ensinar, chamando a atenção para as relações entre o ensino e

aprendizagem, como também pelo fato que essas relações são movidas pelo

desejo e pela paixão e que, portanto, é possível identificar e prever condições

afetivas favoráveis que facilitam a aprendizagem.

A aprendizagem é um processo gerado na inquietude e na engendra. A multiplicidade e a polivalência dos diversos sistemas que se conjugam na aprendizagem garantem esse estado ou inquietude permanente, pois não é possível que todas as ordens intervenientes alcancem um mesmo estado de equilíbrio ao mesmo tempo. (PAIN,citado por RELVA,2009,95)

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CAPÍTULO III A PSICOPEDAGOGIA

Para ser lúcido, o olhar tem que se libertar dos obstáculos que cerceiam a vista; para ser reflexo, ele tem que admitir a reversibilidade, de modo que o olhar que vê possa por sua vez ser visto. (ROUANET; apud Porto; 2009)

Este trabalho vem delineando um olhar diagnóstico, singular e relativo

de lucidez, analisando a reversibilidade dos problemas que a educação

provoca na sociedade, rotulando e marginalizando socialmente os indivíduos

que estão nela inseridos. Com o olhar crítico tem-se a percepção dos

problemas que evidencia a aprendizagem, como também faz refletir a

Psicopedagogia, com toda a complexidade que envolve a atuação do

psicopedagogo.

Para fazer uma reflexão a respeito do espaço que abrange a

Psicopedagogia, é necessário lembrar que a sua proposta é interdisciplinar e

que, para atuar com eficiência e eficácia, há necessidade de recorrer a outras

áreas do conhecimento como: a psicanálise, a epistemologia genética, a

linguística, a fonoaudiologia, a medicina e outras que corroboram para a melhor

compreensão dos problemas que envolvem as dificuldades no ensino e na

aprendizagem. Segundo Bossa (2011), seus domínios específicos são: o

sujeito do conhecimento, o agente de transmissão e as dimensões constitutivas

do mesmo; logo o sujeito-objeto da Psicopedagogia é o ser humano

contextualizado em situações de aprendizagem.

É essencial o diálogo entre os saberes, compreendendo-se a

complexidade que o processo de intervenção no ensino e na aprendizagem

exige. Para o fazer psicopedagógico faz-se necessário escutar criticamente,

investigar e avaliar os procedimentos até então utilizados na prática

pedagógica. É de suma importância ainda usar a ética na atuação, pois é um

processo que envolve uma larga quantidade de pessoas, onde cada uma tem

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um ponto de vista diferente e muitas das vezes há divergências na maneira

como cada um aborda o assunto. E para isso:

Trazer a ética para o espaço escolar significa enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e das possibilidades dos sujeitos e das circunstancias, de problematização das ações e relações e dos valores e das regras que os norteiam. (PORTO; 2009: 26)

Para que a atuação do Psicopedagogo seja bem sucedida, faz-se

necessário frisar a importância dos estímulos afetivos, os quais desempenham

papel fundamental produzindo interesse e motivação adequados tanto aos

profissionais quantos aos que precisam ser escutados. Os vínculos afetivos

também auxiliam na identificação e na resolução dos problemas que envolvem

o ensino e a aprendizagem. Desse modo, o posicionamento ético, afetivo de

bom relacionamento do grupo é o que vai favorecer o fornecimento de

subsídios e assim direcionar um trabalho de qualidade na efetivação de um

diagnóstico consistente e harmonioso.

A atuação do Psicopedagogo pode ser na instituição ou na clínica, desse

modo, a práxis pode ser preventiva ou curativa, tratando os sintomas

relacionados às dificuldades de aprendizagem. O psicopedagogo é o

profissional que atua mediando e fazendo a intervenção entre o indivíduo e sua

história. Nesse sentido, a Psicopedagogia veio auxiliar o problema da

educação, fazendo ponte entre as disciplinas e os conhecimentos relacionados

às dificuldades de aprendizagem, ou seja, parafraseando Buscaglia (2012: 118)

ajudando a construir pontes, as quais ajudaram a preencher vazios, a construir

caminhos sobre depressões e a transpor obstáculos.

Não se pode deixar de levar em conta que ajudar ao próximo a construir

suas pontes é ajudá-lo a preencher suas lacunas, corrigir suas rachaduras e

transpor seus obstáculos. Para que isso aconteça, é necessária a interação

com outras pessoas que tentaram buscar soluções possíveis para solucionar o

problema. Mas ainda assim se tem a necessidade e a urgência de que cada

profissional envolvido faça uma autorreflexão crítica, sobre si mesmo,

sedimentando as rachaduras existentes, promovendo o equilíbrio e assim

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construindo a sua primeira ponte, assumindo então o papel de observador e

facilitador do processo de intervenção, escolhendo o caminho viável a percorrer

para que então chegue ao melhor diagnóstico e a melhor hipótese.

Convém relembrar que a criança chega à escola trazendo uma bagagem

de afetividade e de conhecimentos, os quais foram transmitidos pela família e

pelo meio em que estão inseridas. Nadia Bossa enfatiza que esse

conhecimento trazido pela criança pode contribuir para o seu desenvolvimento

afetivo-intelectual de maneiras distintas, ou seja, se por um lado pode favorecer

o crescimento cognitivo, por outro pode inibir o processo de aprendizagem e

desenvolvimento afetivo-intelectual. Já segundo Alicia Fernández:

Como observamos que a modalidade de aprendizagem do sujeito na infância está entrelaçada com uma “modalidade de aprendizagem familiar”, trataremos de observar as características desse modo familiar de aproximar-se do não conhecido. (FERNÁNDEZ: 1991; 108)

Dentre tantos fatores inseridos, no contexto a ser estudado à luz da

Psicopedagogia é oportuno citar o exemplo de alguns educadores que usaram

a afetividade como fio condutor das atividades pedagógicas desenvolvidas por

eles. Um dos pioneiros da Pedagogia moderna e que já educava as crianças

através do amor, educando os sentimentos, desenvolvendo assim os sentidos

e a inteligência. Johann Heinrich Pestalozzi fazia também com que seu

educando percebesse por meio da observação, da comparação e da análise a

reposta do problema a que este educando se submetia. Ninguém mais do que

Pestalozzi em pleno século XIX, acreditou que a educação com amor era a

força que transformava o ser, foi um dos primeiro a pensar no ensino público e

também dizia que o lar era a primeira instituição de educação. Portanto, é

importante refletir sobre a atuação desse educador que através do método

intuitivo, trouxe uma nova visão de educação.

Ainda convém lembrar, de outro educador que em 1907 na sua práxis

conseguiu quebrar padrões existentes na sociedade da época, uma sociedade

castradora e tradicional. Fundou um colégio, onde as salas de aula eram

mistas, não tinha rigidez de horário, havia professores e alunos negros, e um

método de ensino moderno e avançado para a época, com muita afetividade

nas suas atividades. A avaliação era feita continuamente e a arte fazia parte da

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escola como também o debate com desafios. Além disso, todos - alunos, pais,

membros da sociedade - que quisessem podiam participar da escola. Essa

escola foi fundada na Cidade de Sacramento em Minas Gerais e o seu

fundador foi Eurípedes Barsanulfo, servindo de referência na atualidade para a

Escola da Ponte, através do seu idealizador José Pacheco.

Vale ressaltar que, para a educação avançar, promovendo o

desenvolvimento integral do indivíduo e assim impulsionando-o ao progresso, é

necessário promover a transformação dos paradigmas que levem em

consideração todas as transformações pelas quais a escola e o homem

passaram. Não há como falar em educação contemporânea sem se levar em

consideração que os jovens de hoje estão inseridos em outra estrutura familiar,

social, econômica, afetiva, cultural e tecnológica. Diante disso é válido reforçar

a necessidade de se examinar de forma reflexiva as causas reais que impedem

a melhoria do ensino-aprendizagem hoje. Não adianta encontrar os entraves e

obstáculos - transtornos, dificuldades, comportamentos equivocados,

indisciplina e violência – sem antes perceber o que gerou essa situação frente

ao paradigma usado no cotidiano da escola.

Nesse contexto, a Psicopedagogia atua fazendo diagnóstico, avaliando e

interferindo para transpor esses obstáculos. É uma ciência que se propõe a

despertar consciências, para assim apontar possíveis problemas no processo

que não foram visualizados anteriormente. Propõe também retirar a culpa

imposta por um sistema educacional, que ao invés de proporcionar ao

educador e ao educando uma proposta pedagógica que seja capaz de

solucionar problema, promover a inclusão social, respeitando as diferenças,

proporciona a reprodução e a acentuação da segregação social.

3.1 A afetividade nas intervenções em dificuldades de

aprendizagem.

A afetividade contribui não só para o ambiente escolar, mas para a

vivência do indivíduo no mundo. O amor pedagógico conduz uma

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aprendizagem significativa para o ser, provocando mudanças qualitativas,

dessa forma, é possível despertar no educando e no educador a

responsabilidade e o compromisso com a atuação de cada um na vida e no

meio a que pertençam. Diante de tal fato é importante destacar que o

Psicopedagogo não deverá recorrer só ao conhecimento científico e filosófico,

para fazer a sua intervenção, deverá também compreender e entender o outro,

criando laços afetivos, para que daí possa ajudar a esse indivíduo a

desenvolver-se adequadamente dentro do tempo necessário. Para

fundamentar essa reflexão é válido lembrar Freire, citado por Porto (2009; 60)

onde afirma que:

Para ser validada toda educação, toda ação educativa deve necessariamente ser precedida de uma reflexão sobre o homem e de uma análise do meio de vida concreto, do homem concreto a quem queremos educar, ou melhor: a quem queremos ajudar a que se eduque. Se vier a faltar tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco de adotar métodos educativos e maneiras de agir que reduzem o homem a condição de objeto, quando a sua vocação é a de ser sujeito e não objeto. (FREIRE)

O Psicopedagogo precisa manter um relacionamento amoroso e de

confiança para que possa tomar conhecimento do problema que está inserido

no contexto do processo de aprendizagem e interpretá-lo de forma a detectar o

agente causador e assim avaliá-lo.

A aprendizagem é um processo que intervêm a inteligência, o corpo, o desejo, o organismo, articulados em um determinado equilíbrio; mas a estrutura intelectual tende também a um equilíbrio para estruturar a realidade e sistematizá-la utilizando dois movimentos que Piaget definiu como invariantes: assimilação e acomodação. (...) A origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura individual. O sintoma se ancora em uma rede particular de vínculos familiares, que se entrecruzam com uma também particular estrutura individual. (FERNÁNDEZ, 1991,108,31)

É notório que dentre tantos fatores, que auxiliam o trabalho do

psicopedagogo na intervenção das dificuldades de aprendizagem, o afeto é o

que vai dar qualidade, confiabilidade e visibilidade, lembrando-se que são as

emoções que sensibilizam o indivíduo e o ajudam a interpretar, a compartilhar

e assim a interagir prazerosamente com o outro. Levando-se em consideração

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ainda que a maior parte do trabalho será realizado com crianças e a melhor

forma para desenvolver o atendimento a essas crianças é o lúdico, pois é

partilhando as brincadeiras e estimulando a espontaneidade que o profissional

vai observar e pontuar os possíveis problemas e causas dos transtornos. Assim

afirma Porto (2009) A aprendizagem deve começar pelos acontecimentos em

que os alunos estão envolvidos.

Diante disso, é imprescindível perceber que as crianças da atualidade,

nascidas na era da informação, são cada vez mais ativas e conectadas com os

meios que fornecem os conhecimentos através das “máquinas de

informações”. Essas crianças na maioria das vezes são confundidas com

hiperativas ou com crianças com déficit de atenção. A escola por sua vez não

reformulou seus currículos conteudistas e os vícios de uma ação pedagógica

tradicionalmente enfadonha, gerando dessa forma um problema ao se deparar

com um público diferente daquele que foi pensado na origem da sua proposta

pedagógica. A escola de hoje continua com métodos e pensamentos arcaicos

enquanto que os seus alunos estão cada vez mais assimilando as novas

tendências do mundo tecnológico, mundo esse rápido, imagístico e sem

fronteiras. A escola precisa se adequar ao novo padrão para reduzir os

conflitos que geralmente assinalam apenas um conflito de geração.

A coerência que permeia o papel do psicopedagogo deverá levar em

consideração toda a situação em que o sujeito está inserindo, tentando assim

amenizar as situações em que o meio cria os conflitos. É fundamental no

exercício da profissão está aberto a perceber os problemas do mundo pós-

moderno. Além de ser um profundo estudioso da área, deve sempre está

atualizado com as mudanças do mundo, entendo sempre que o homem é um

ser social e que vive em constante mudança, pois a mudança faz parte da

natureza planetária em que estamos inseridos.

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CONCLUSÃO

Hoje se fala muito do que falta para a Educação dar certo, fala-se muito

da falta de amor dos educadores, da família e de outros profissionais

envolvidos, mas como diz Sara Paín pouco se fala sobre onde ainda se tem o

amor ou mesmo como resgatá-lo para construir um caminho possível para a

cura. É fundamental entender que o psicopedagogo precisa deixar os clichês

de lado e analisar cada situação de forma equilibrada, entendendo que cada

indivíduo é um mundo regido por valores adquiridos ao longo de uma trajetória

que não pode ser deixada de lado.

Diante disso, vale ressaltar que durante toda a vida humana no planeta

Terra a evolução antropológica, sociológica e psicológica do ser é conhecida

através da história por meio da aprendizagem, portanto é fundamental destacar

que a evolução é condicionada ao entendimento do que cada um adquire das

leis que regem a vida. Esse entendimento proporciona ao homem

desenvolvimento intelectual e moral, além disso, fica evidente que buscar o

equilíbrio é uma condição fundamental para se atingir o amadurecimento

emocional e, consequentemente, o principal objetivo da educação que é o

desenvolvimento do homem integral.

A mascaração da realidade já não satisfaz mais, uma vez que o

intercâmbio do homem com a ciência desvela pouco a pouco a pequenez deste

frente à realidade do universo. Desse modo é importante racionalizar que as

utopias, os atos e as atitudes do ser são intrínsecos aos desejos, às

aspirações, aos sentimentos e às emoções que se vivenciam hoje, mas que

suas origens estão em crenças, preconceitos, valores éticos e modelos sociais

adquiridos no passado. Buscar novos horizontes para o homem

contemporâneo é imprescindível, ou seja, deve ser o objetivo da existência.

Para que tal fato se suceda, o homem deve voltar a sua casa interior, fazendo

uma reforma, retirando do mais íntimo a ignorância, as aflições e tudo o que se

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transforma em transtornos e dificuldades. O irreal será substituído pelo real, as

coisas efêmeras pelas permanentes e, finalmente, o ter pelo ser.

Diante de tudo isso, vale questionar para que servem as escolas. Tal

questionamento foi feito também pelo educador Lauro de Oliveira Lima (1995).

Nesse sentido poderia se pegar a fala de outro educador – José Pacheco –

como reflexão crítica a esse questionamento, uma vez que Pacheco conseguiu

através da Escola da Ponte e do Projeto Âncora de Cotia redimensionar a

práxis pedagógica. O educador poderia ter respondido que está escola não tem

uma grande serventia para o aluno, já que não é inclusiva como o mesmo

relata no livro Inclusão não rima com solidão.

(...) onde houver turmas de alunos enfileiradas em sala celas, não haverá inclusão; onde houver séries e aulas assentes na crença de ser possível ensinar a todos como se de um só se tratasse, não haverá inclusão. Direi que, enquanto o professor estiver sozinho, não haverá inclusão, insisto na necessidade da metamorfose do professor, que deve sair de si (necessidade de conhecer); sair da sala de aula (necessidade de reconhecer o outro); sair da escola (necessidade de compreender o mundo) (PACHECO, 2012: 12).

Já Saltini assevera que:

As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuroses por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de sofrimentos... Acompanhar, gestar e levar à luz pensamentos inicialmente intuitivos/simbólicos e posteriormente lógico é a missão básica da educação. (SALTINI: 2008; 16 e 17)

Nesse contexto a escola aparece como um valioso instrumento de

reprodução de ideologias que se pautam na exclusão do outro, na

marginalização da maior parte da sociedade e na imposição do pensamento

culto-elitista – que hoje está totalmente vinculado à cultura do consumo,

portanto “eu só existo se consumo”. Tal realidade massacra e oprime boa parte

da juventude do país, a única forma da escola servir à sociedade é transformá-

la, ou seja, é construir no ambiente escola uma nova vivência em que os

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conteúdos e as práticas educativas tenham uma finalidade objetiva e prática

para a vida.

Torna-se ainda necessário a valorização da história individual, social e

cultural do educando, cabendo aos pais e aos educadores construírem e

reconhecerem que a afetividade é de suma importância no desenvolvimento do

indivíduo. Pois não o ensinando o afeto, esse não saberá expressar seus

sentimentos através de atos, atitudes ou palavras - será um “analfabeto do

sentir”. Para que isso não aconteça, é necessário se criar relações afetivas

entre o educador e o educando. Uma relação que permita o desenvolvimento

do educando tanto no aspecto cognitivo quanto no aspecto emocional.

Compreendendo assim a importância da afetividade e tendo a certeza que a

aprendizagem é um processo contínuo e que não depende só da escola, mas

sim da sociedade. É nesta relação amorosa que o ser humano se concebe e se

sente como essencialmente humano, motivando-se para a vida.

Educar para conservar a sociedade ou educar para mudar a sociedade? (...) Daí nosso apelo (...) [final]: a própria máquina escolar, frente a sua catastrófica ineficácia, deve promover sua transformação que, neste momento, é uma mudança de paradigma, a partir dos resultados obtidos pela pesquisa psicológica e psicogenética, sociológica e microssociológica, biológica e neurológica e pelo uso dos formidáveis recursos de comunicação simbolizados pelos satélites e computadores. (LIMA: 1995, 225)

Segundo Morin (2003), citado por Cunha (2012), o “desenvolvimento da

compreensão pede a reforma das mentalidades. Esta deve ser a obra para a

educação do futuro”. Mas como reformar mentalidades para conseguir a

compreensão, ter um olhar crítico e capaz de estabelecer ligação entre os

saberes e o mundo real. Afinal, qual a escola do futuro? José Pacheco responde

a essa pergunta fazendo algumas reflexões.

(...) a expressão Educação 3.0 seja mais um slogan e que o futuro que ela augura seja mais uma réplica do passadoe Porque aquilo que ainda temos é, efetivamente, a escola do passado. Como poderemos falar de uma Educação 3.0, se as escolas continuam imersas na mesmice de um modelo de Educação 1.0? O drama é mesmo esse: os jovens do século XXI são ensinados por professores do século XX, com práticas do século XIX. E são evidentes os graves efeitos do

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predomínio de uma cultura assente no individualismo, na competição desenfreada, na ausência de trabalho em equipe. O poder público e as agências de financiamento subsidiam práticas desprovidas de fundamentação científica, um modelo responsável pela triste realidade de um Brasil, que, sendo a 6ª economia do mundo, está no 88º lugar no ranking mundial da educação. (http://www.futuroeventos.com.br/educar/noticias/entrevista-especial-educador-portugues-jose-pacheco-sobre-educacao-3-0/?fb_action_ids=249249481884720&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582, dia 17/06/13 às 17:09)

Apesar de todo pessimismo vislumbrado, ainda há quem aponte

caminhos possíveis para a mudança da educação e do país. Essas mudanças,

ainda que começadas timidamente, são evidentes e mostram que a esperança

resurge através de pessoas que se agrupam e se organizam formando os

conhecidos grupos de pressão que reivindicam os seus direitos e a mudança

da educação. Alguns grupos, como o Afroreggae, começaram com projetos

que mudaram a realidade de pequenas comunidades, outros construíram

escolas que mudaram a concepção do ensinar-aprender, do papel do

professor-aluno, e por fim outros se organizaram através das redes sociais e

saíram às ruas lutando e exigindo que tais mudanças sejam implantadas pelo

governo. Como disse Carlos Drummond de Andrade “Uma flor nasceu na rua

(...) Sua cor não se percebe. / Suas pétalas não se abrem. / Seu nome não

está nos livros. / É feia. Mas é realmente uma flor”.

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REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS

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__________. Se eu pudesse viver minha vida novamente... Campinas: Verus, 2006.

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__________. Como desenvolver conteúdos explorando as inteligências múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2001.

__________. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2001.

__________. A alfabetização moral em sala de aula e em casa, do nascimento aos doze anos. Petrópolis: Vozes, 2001.

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__________. O que é método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, 2005.

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BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, amando e aprendendo: Para compreender melhor a vida e o amor. Rio de Janeiro: Viva livros, 2012.

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CUNHA, Eugenio. Afeto e Aprendizagem: Relação de amorosidade e saber na prática pedagógica. 3ª Ed., Rio de Janeiro: Wak, 2012.

Fantástico. Quase metade dos professores de SP já sofreu agressão na rede pública. Rio de Janeiro: GLOBO; 12/05/2013.

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: Abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed, 1991.

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PORTO, Olivia. Psicopedagogia Institucional: Teorias, práticas e assessoramento psicopedagógico. Rio de Janeiro: Wak, 2009.

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WEBGRAFIA

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PACHECO, José. (23/05/2013). Educar Educador. http://www.futuroeventos.com.br/educar/noticias/entrevista-especial-educador-portugues-jose-pacheco-sobre-educacao-3-0/?fb_action_ids=249249481884720&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582. Entrevista concedida à jornalista Patrícia Melo.

Acesso em 17/06/13 às 17:09.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTO....................................................................................... 4

DEDICATÓRIA.............................................................................................. 5

RESUMO....................................................................................................... 6

METODOLOGIA............................................................................................ 7

SUMÁRIO...................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO............................................................................................... 9

CAPÍTULO I - A Educação pela Educação................................................. 11

1.1– A importância da Educação............................................................ 13

1.2– Ensino/Aprendizagem..................................................................... 15

CAPÍTULO II – O Afeto na educação......................................................... 17

2.1 – A importância do afeto................................................................... 18

2.2 - O afeto como modificador de comportamento:........................... 19

2.2.1 – do Educador...................................................................... 22

2.2.2 - do Educando...................................................................... 23

2.3 – A contribuição do Afeto no processo ensino/aprendizagem..... 25

CAPÍTULO III - A Psicopedagogia.............................................................. 29

3.1 A afetividade nas intervenções em dificuldades de aprendizagem...........................................................................................

32

CONCLUSÃO.............................................................................................

35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 39 WEBGRAFIA............................................................................................. 41