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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A MÚSICA E O CÉREBRO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: UM ESTUDO À LUZ DA NEUROCIÊNCIA Gledison Moret Cruz ORIENTADOR: Prof. Marta Relvas Rio de Janeiro 2018 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · Bear, Connors e Paradiso (2008) afirmam que foi em 1970 que a sociedade de neurociências, uma associação norte-americana de neurocientistas

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A MÚSICA E O CÉREBRO NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM: UM ESTUDO À LUZ DA NEUROCIÊNCIA

Gledison Moret Cruz

ORIENTADOR: Prof. Marta Relvas

Rio de Janeiro 2018

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica. Por: Gledison Moret Cruz

A MÚSICA E O CÉREBRO NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM: UM ESTUDO À LUZ DA NEUROCIÊNCIA

Rio de Janeiro 2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre

ao meu lado. Aos meus familiares por sempre me

apoiarem. À professora Marta Relvas pela

orientação.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos pais

Lenilza Moret Cruz (In memorium) e Gilberto da

Silva Cruz.

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RESUMO

A música é uma arte presente em diferentes contextos. Ela pode

tanto ser utilizada tanto como forma de entretenimento quanto em um

comercial com o intuito de compor o contexto do ambiente em que as

personagens se encontram ou até mesmo para que o espectador se lembre de

determinada informação. Ela também é uma ferramenta muito utilizada em

propagandas políticas, por exemplo. Este trabalho monográfico, no entanto,

tem como objetivo investigar os benefícios da utilização da música, mais

especificamente da paródia, como estratégia em sala de aula. Pretende-se

mostrar, através deste estudo, que a Neurociência e a Música, articuladas à

Educação, podem contribuir bastante no processo de ensino aprendizagem, já

que a primeira nos ajuda a entender que o ato de aprender é também um

processo biológico, e a segunda contribui para a melhora da atenção, memória

e afetividade, temas também discutidos pela Neurociência.

Palavras-Chave: Neurociência; Educação; Música; Paródia; Língua Inglesa.

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METODOLOGIA

Neste trabalho, será feito um levantamento de cunho bibliográfico

para dar base ao estudo. Para tal, serão utilizadas as ideias de alguns autores

que falem de questões relacionadas à Neurociência e Educação, além da

integração da Neurociência com Música. Além disso, serão também utilizados

alguns autores que abordem os benefícios do uso da música em sala de aula.

Dentre outros autores, este trabalho monográfico será feito à luz de Roberto

Lent, Marta Relvas e Mauro Musztag.

Depois de fazer o levantamento teórico, será realizada uma

descrição da minha experiência com duas turmas do sexto ano do Ensino

Fundamental II, ao utilizar a paródia “Baile do There to Be” (de minha autoria),

criada com base no funk “Baile de Favela”. Para mostrar a visão dos alunos em

relação a essa abordagem, será realizada uma pequena pesquisa com quatro

perguntas em sala de aula, na qual eles terão a oportunidade de dizer o que

acharam sobre o tal recurso.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Neurociência: Evolução e relevância para a Educação 10

CAPÍTULO II

O cérebro humano 17

CAPÍTULO III

Articulações entre Música e Neurociência 24

CAPÍTULO IV

A paródia como recurso no processo de aprendizagem: um relato sobre o uso

do “Baile do There to Be” 31

CONCLUSÃO 41

REFERÊNCIAS 42

APÊNDICES 45

ÍNDICE 47

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico tem o intuito de discutir como a música

pode auxiliar no processo de aprendizagem sob uma perspectiva

neurocientífica. Acredita-se que esta pesquisa é importante pelo fato de olhar a

música de forma mais abrangente, pois além de ela ser uma arte que alcança

pessoas de todas as idades, raças e classes sociais como forma de

entretenimento, ela é também um elemento transformador, que estimula

diversas partes do cérebro humano, evoca com veemência fortes emoções e

tem uma forte influência na memória.

Para tal, faz-se necessário demonstrar alguns aspectos importantes

da Neurociência, além de mostrar a relação dela com a Educação; discutir

sobre a relação existente entre Neurociência e Música e determinar a relação

da música com a afetividade e a memória.

No primeiro capítulo desta monografia, são apresentados alguns

aspectos importantes da História da Neurociência, que deixa de ser foco

somente da medicina e passa a ter importância para outras áreas do

conhecimento, inclusive para a Educação. Apesar, de como dito, a

Neurociência ter envolvimento com outras áreas, este capítulo fala também,

mais especificamente, da relação entre Neurociência e Educação, chamada

por alguns autores de Neuroeducação.

No capítulo de número dois, fala-se um pouco sobre o cérebro

humano, determinando-o como sendo parte do Encéfalo, que, junto com a

medula espinal, forma o Sistema Nervoso Central. Além disso, são

apresentadas algumas informações acerca do neurônio, célula nervosa através

da qual ocorre a transmissão sináptica elétrica e química.

No terceiro capítulo, discute-se a definição de música bem como os

benefícios que tal arte pode trazer para o cérebro humano. Além disso, fala-se

sobre as áreas do cérebro estimuladas através dela. É discutido também o

poder influenciador que a música tem na memória humana, além de servir

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como recurso lúdico que possibilita a relação de afetividade entre professor e

aluno.

No último capítulo deste trabalho monográfico, relata-se a

experiência do uso da paródia como recurso em uma aula de Língua Inglesa.

Além de falar sobre o There to be, tema da paródia escolhida, e de descrever

como a aula foi realizada, são apresentados os resultados de uma pesquisa

feita em sala com os alunos de duas turmas do sexto ano.

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CAPÍTULO I

NEUROCIÊNCIA: EVOLUÇÃO E RELEVÂNCIA PARA A

EDUCAÇÃO

A Neurociência é, de acordo com RELVAS (2015:22), “uma ciência

que trata do desenvolvimento químico, estrutural e funcional, patológico do

sistema nervoso”. Não podemos esquecer, no entanto, que tal ciência é, como

defendido por Bear, Connors e Paradiso (2008), uma ciência interdisciplinar.

Isso também fica claro através do pensamento de RELVAS (2012:34) ao

afirmar que a Neurociência

É um campo de estudo entre Anatomia, Biologia, Farmacologia, Fisiologia, Genética, Patologia, Neurologia, Psicologia, Psiquiatria, Química, Radiologia e os vislumbrados estudos inerentes à educação humana no ensino e na aprendizagem.

O nosso sistema nervoso tem duas subdivisões importantes: o

sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico. O primeiro contém um

número muito grande de neurônios e está localizado dentro de nossa caixa

craniana e da nossa medula espinal. Já o segundo contém uma proporção

menor de neurônios apesar de apresentar uma grande rede de fibras que se

espalha por quase todo o nosso organismo (LENT, 2002).

Pesquisadores conseguem descobrir cada vez mais novas

informações referentes aos estudos neurocientíficos à medida que ocorrem os

avanços tecnológicos, pois têm a possibilidade de utilizar alguns recursos de

neuroimagem para entender melhor o que acontece no nosso encéfalo.

Entretanto, pode-se afirmar, ao ler um pouco sobre a história da Neurociência,

que nem sempre foi assim.

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1.1. Revisitando a história da Neurociência

Apesar de a Neurociência ser considerada uma ciência nova, a

curiosidade sobre o funcionamento do encéfalo é antiga. Bear, Connors e

Paradiso (2008) afirmam que foi em 1970 que a sociedade de neurociências,

uma associação norte-americana de neurocientistas profissionais, foi fundada.

Não obstante, há, de acordo com eles, achados que comprovam que até

mesmo nossos ancestrais pré-históricos já sabiam da importância do nosso

encéfalo. Eles já tinham noção de que esse órgão é essencial para a nossa

vida. Um bom exemplo disso é o fato de haver evidências de que há sete mil

anos os homens praticavam a trepanação com o intuito de curar uns aos

outros. Algumas cicatrizações pós-operatórias indicam que esse procedimento

era realizado em pessoas ainda vivas e não em algum tipo de ritual pós-morte.

Não está claro o que os cirurgiões dessas épocas esperavam conseguir, embora se tenha especulado que esse procedimento poderia ser utilizado para tratar cefaleias ou transtornos mentais, talvez oferecendo aos maus espíritos uma rota de escape. (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008:5)

Acredita-se que no Antigo Egito já se sabia sobre alguns sintomas

provenientes de determinadas lesões encefálicas. Entretanto, era o coração

considerado como sendo uma sede para o espírito, além de um repositório

para memórias. Por conta de tal fato, ao ocorrer a morte de um ser humano, os

egípcios costumavam conservar o corpo de seus ente queridos. O encéfalo,

todavia, era retirado pelas narinas e jogado fora.

Ainda de acordo com os autores supracitados, os eruditos gregos do

século IV a.C acreditavam que o encéfalo era o órgão das sensações. O mais

influente deles, Hipócrates, pai da medicina ocidental, dizia que além de estar

envolvido com aspectos relacionados às sensações, o nosso encéfalo era sede

do nosso intelecto. Aristóteles, por outro lado, era uma das pessoas que ainda

não concordava com tal pensamento. Ele insistia na teoria de que, na verdade,

o coração era o centro onde residia o nosso intelecto. A função do encéfalo, de

acordo com ele, era somente fazer o resfriamento do sangue que superaquecia

à medida que o coração fervilhava.

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Relvas (2012) também cita alguns outros pesquisadores que

contribuíram com diferentes ideias acerca de assuntos referentes à

neurociência. No século do Cristianismo, o médico Galeno considerou a

existência de três ventrículos que faziam parte da função mental: o primeiro

ventrículo tinha como responsabilidade receber informações do ambiente e

tinha correlação com as sensações; o segundo era incumbido de processar

informações em imaginação e pensamento; o terceiro era encarregado pelo

armazenamento de memórias. Santo Agostinho, Leonardo da Vinci e Thomas

Willis também acreditavam na existência dos três ventrículos. Eles divergiam,

no entanto, sobre a função que cada um possuía. Esse período da divisão do

cérebro em ventrículos ficou conhecido como doutrina ventricular.

Renè Descartes, um matemático e filósofo francês, passou a

defender a “teoria mecânica dos fluidos”. Contudo, ele acreditava que essa

teoria explicava somente o comportamento humano que é semelhante ao de

outros animais. As capacidades mentais características dos seres humanos,

entretanto, existiam fora do encéfalo, ou seja, na mente. (BEAR; CONNORS;

PARADISO, 2008)

Ele acreditava que fluidos ou espíritos animais circulavam pelo cérebro. Através dos tubos nervosos, os fluidos levariam, por exemplo, a imagem visual até o local do cérebro em que entrariam em contato com a res cogitans

1, imaterial [...] Para Descartes, a

glândula pineal faria o corpo executar ordens mandando os espíritos animais para os músculos pelos “tubos” nervosos. (RELVAS, 2012:37)

Em 1809, Franz Joseph Gall, um jovem austríaco, estudante de

medicina, propôs a ideia de que o formato do crânio das pessoas poderia

revelar a personalidade que elas possuíam. Para tentar provar tal pensamento,

“Gall e seus seguidores coletaram e mediram cuidadosamente o crânio de

centenas de pessoas, representando uma grande variedade de tipos de

personalidades, desde os muito talentosos até criminosos psicopatas”. (BEAR;

CONNORS; PARADISO, 2008). Essa “ciência” passou a ser chamada de

Frenologia. Entretanto, ela não chegou a ser levada a sério pela comunidade

científica.

1 Do latim “coisa pensante”, alma.

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Apesar das diferentes ideias apresentadas até o momento, Relvas

(2012:38) afirma que “Na verdade a grande revolução das descobertas do

cérebro surgiu quando Paul Broca (1824-1880) disse que a linguagem tinha

uma localização precisa [...] no córtex frontal esquerdo”. Broca chegou a essa

conclusão por conta de um paciente com uma lesão em tal região do cérebro.

O paciente compreendia a linguagem, porém não conseguia falar. Carl

Wernicke, por outro lado, relatou algo parecido que havia acontecido com um

paciente dele: a pessoa falava de forma que não fazia sentido e também não

compreendia a linguagem escrita ou falada. Esse paciente tinha uma lesão no

hemisfério esquerdo, mais precisamente onde os lobos parietal e temporal se

encontram. Até hoje, as áreas citadas por esses dois estudiosos são

reconhecidas como área de Broca e área de Wernicke.

Outra importante descoberta foi realizada por Cajal. De acordo com

ele, o neurônio é uma unidade independente que realiza transmissão de

informações elétricas em uma única direção. Essa ideia deu um importante

conhecimento para estudos avançados do cérebro de da mente humana.

Pode-se observar, através das informações descritas até o

momento, que estudar o encéfalo pode ser um grande desafio. Portanto, nos

dias de hoje, para facilitar os estudos neurocientíficos, há uma subdivisão de

áreas nas quais os pesquisadores podem se especializar. Elas são

subdivididas nos níveis molecular, celular, de sistemas, comportamental e

cognitivo. (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008).

1.2. Neurociência e Educação

A Neurociência está ganhando cada vez mais espaço em diversas

áreas do conhecimento. Ela não é mais vista como fonte de interesse somente

pela medicina. Pode-se dizer, por exemplo, que, atualmente, a curiosidade de

estudar a relação existente entre Neurociência e Educação aumentou bastante.

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O crescente interesse educacional no conhecimento do cérebro reflete a convicção de cientistas e educadores [sic] respeito da possibilidade de que a neurociência possa contribuir com a educação, principalmente nos aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem. (OLIVEIRA, 2014:15)

A aproximação dessas duas áreas de conhecimento é muito

importante, pois, como dito por Oliveira (2011), a Neurociência se constitui

como ciência do cérebro e a Educação está preocupada com o ensino e a

aprendizagem. Ambas começam, portanto, a trabalhar de forma conjunta, pois

o cérebro tem uma significância muito grande no processo de aprendizagem de

uma pessoa.

Levando, por conseguinte, em consideração que “o cérebro é

instrumento da aprendizagem” (RELVAS, 2015:34), os professores e outros

profissionais envolvidos com a Educação precisam entender pelo menos um

pouco do funcionamento desses cérebros que chegam às escolas ou a outros

espaços em que a aprendizagem é oferecida, pois quanto melhor se entende

sobre esse complexo órgão, melhor ele pode ser educado (CHEDID, 2007).

É fundamental que o conhecimento sobre o cérebro seja levado em

consideração em se tratando do processo de aprendizagem, afinal

Educadores - professores e pais - assim como psicólogos, neurologistas ou psiquiatras são, de certa maneira, aqueles que mais trabalham com o cérebro. Mais do que intervir quando ele não funciona bem, os educadores contribuem para a organização do sistema nervoso do aprendiz e, portanto, dos comportamentos que ele apresentará durante a vida. E essa é uma tarefa de grande responsabilidade! Portanto, é curioso não conhecerem o funcionamento cerebral. (OLIVEIRA, 2011:64)

Ao parar um momento para refletir, percebe-se que, muitas vezes,

os alunos passam mais tempo em sala de aula do que na própria casa e já que

os professores são um dos profissionais que mais trabalham com o cérebro,

como dito acima, pode-se dizer que eles são grandes agentes de

transformação dos aprendizes, afinal “aprender envolve o pensamento, as

emoções, as vias neurais, os neurotransmissores, enfim, todo o ser humano”

(OLIVEIRA, 2014:20).

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A transformação supracitada não é uma metáfora utilizada com a

finalidade de fazer o texto ficar mais bonito. Ela de fato ocorre, pois a

aprendizagem acontece através de um fenômeno chamado neuroplasticidade,

também conhecido como plasticidade cerebral. Antigamente, acreditava-se que

esse mecanismo funcionava somente para promover o desenvolvimento do

cérebro ou em casos de lesão cerebral. Não obstante, o pensamento sobre o

que é tal plasticidade se expandiu.

Hoje, a Neuroplasticidade “é entendida como o conjunto de recursos

do cérebro para reorganizar seus padrões e suas características de conexão

sináptica” (OLIVEIRA, 2014:17). Na verdade, é possível afirmar que “a

aprendizagem é uma plasticidade” (RELVAS, 2012:120, grifo nosso), pois “a

cada nova experiência do indivíduo [...] redes de neurônios são rearranjadas,

outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de respostas

ao ambiente tornam-se possíveis” (RELVAS, 2012:121).

Ao ler as informações dadas acima, pode-se concluir que, ao

aprender, o cérebro é, literalmente, modificado. Isso fica ainda mais evidente

quando MORA, 2004 apud CARVALHO, 2010 afirma o seguinte:

A aprendizagem, possibilidade pela plasticidade cerebral modifica química, anatômica e fisiologicamente o cérebro, porque exige alterações nas redes neuronais, cada vez que as situações vivenciadas no ambiente inibem ou estimulam o surgimento de novas sinapses mediante a liberação de neurotransmissores (p.539).

Seria muito interessante que todos os professores estivessem

atualizados em relação às descobertas feitas pelo que hoje chamam de

Neuroeducação, pois há discussões muito significativas que podem ajudar os

profissionais da educação em suas práticas pedagógicas.

A Neurociência traz para a sala de aula [por exemplo] o conhecimento sobre memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos mentalmente, o “como” o conhecimento é incorporado em representações dispositivas, as imagens que formam o pensamento, o próprio desenvolvimento infantil e diferenças básicas nos processos cerebrais da infância, e tudo isto se torna subsídio interessante e imprescindível para nossa compreensão e ação psicopedagógica. (CHEDID, 2007:299)

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Não obstante, é importante salientar que a Neurociência não vem

como uma receita de bolo que irá ajudar a solucionar todos os problemas, até

porque, ao estudar tal ciência, pode-se chegar à conclusão que antes já se

imaginava: cada ser é único, cada cérebro aprende de uma forma diferenciada.

(WILLIAMS 2004, apud CARVALHO 2010). Todavia, como defendido por

Chedid (2007), a Neurociência ensina o professor a ter um olhar diferenciado, o

que pode ajuda-lo a adaptar algumas estratégias para que ele chegue ao seu

objetivo. Essa ciência e o desvendar desses cérebros dentro da sala de aula

podem contribuir muito para uma educação mais justa e menos excludente

(RELVAS, 2012).

A verdade é que os alunos precisam ser, verdadeiramente,

enxergados. É preciso tentar compreender a melhor forma de ensiná-los. Tal

tarefa não é fácil, principalmente levando em consideração a quantidade de

alunos que há em sala de aula na atualidade. Não obstante, é essencial

almejar a mudança que necessária na educação brasileira. Desistir de tentar

dar uma educação de qualidade para os alunos não pode ser uma opção.

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CAPÍTULO II

O CÉREBRO HUMANO

O cérebro humano é um complexo órgão, que faz parte do encéfalo,

estrutura pertencente ao sistema nervoso central. Para entender um pouco

melhor sobre tais estruturas, é necessário lembrar o que foi dito no início deste

trabalho monográfico. O sistema nervoso é dividido em SNC (Sistema Nervoso

Central) e SNP (Sistema Nervoso Periférico). Isso pode ser observado na

figura a seguir.

Figura 1 Subdivisão anatômica básica do sistema nervoso Fonte: BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008:8

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Ao observar a imagem acima, é possível perceber que as estruturas

que fazem parte do Sistema Nervoso Central são o Encéfalo e a medula

espinhal. O Encéfalo, por sua vez, também possui uma subdivisão. De acordo

com Lent (2002), ele engloba o cérebro (Telencéfalo e Diencéfalo), o cerebelo

e o tronco encefálico (Mesencéfalo, ponte e bulbo).

O cérebro humano é dividido em dois hemisférios cerebrais,

conectados através de uma estrutura chamada de corpo caloso, que são

descritos, através de um olhar mais geral, como tendo algumas funções

diferenciadas. Relvas (2009) afirma que o hemisfério esquerdo controla a parte

direita do corpo, enquanto o hemisfério direito controla o lado esquerdo.

Em se tratando das funções exercidas por tais hemisférios, costuma-

se dizer, assim como a autora supracitada explica, que o hemisfério esquerdo é

responsável pela função verbal, simbólica, analítica, abstrata, temporal,

racional e lógica. O hemisfério direito, por outro lado, é responsável pela função

não verbal, concreta, sintética, analógica, não temporal e intuitiva.

Apesar de às vezes os autores falarem de forma mais geral citando

os hemisférios cerebrais, o cérebro, fonte de principal interesse deste capítulo,

também pode ser subdividido em partes chamadas de lobos.

2.1. Os lobos cerebrais e suas respectivas funções

O nosso cérebro, ou seja, a união do telencéfalo e do diencéfalo,

pode ser dividido em quatro lobos conhecidos como frontal, parietal, temporal e

occipital. Tal subdivisão está representada na figura a seguir.

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Figura 2 Os grandes lobos da superfície cortical

Fonte: COCENZA, 2014:29

Cada lobo supracitado possui algumas especialidades. As

informações a seguir serão dadas com base no que diz Relvas (2010).

O lobo frontal está relacionado com funções que representam

aspectos do comportamento humano. Tal lobo, de acordo com a autora, é

responsável, dentre outras coisas, pela fala, função motora e psicomotora,

escrita, memória imediata, planejamento, julgamento social, controle emocional

e motivação.

O lobo temporal é incumbido de realizar a captação e a

decodificação de estímulos auditivos, além de ter relação com a atividade

motora visceral (olfação e gustação) e com alguns aspectos de

comportamentos instintivos.

O lobo parietal tem como responsabilidade interpretar e integrar

informações visuais e somatossensitivas primário (em especial o tato). Está

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relacionado, portanto, ao registro tátil, ao reconhecimento tátil de formas e

objetos, à leitura etc.

O lobo occipital está basicamente ligado com questões de ordem

visual, isto é, ele é responsável pela estimulação e percepção visuais, pela

sequencialização, rotação e perseguição visuais, além de estar relacionado, de

forma conjunta com outras áreas do cérebro, com a decodificação visual.

Além das estruturas vistas acima, que geralmente são definidas

como lobos, há uma estrutura chamada de sistema límbico, que às vezes

também é visto como um lobo. O lobo límbico está localizado ao redor da

junção do hemisfério cerebral e tronco encefálico e “está envolvido com

aspectos de comportamento emocional e sexual e com o processamento da

memória” (RELVAS, 2009:43)

Entender um pouco sobre as diferentes estruturas cerebrais citadas

acima é importante. Todavia, saber um pouco sobre o neurônio e suas

propriedades também se faz necessário.

2.2. Neurônio: unidade funcional básica do encéfalo

O neurônio é considerado, como defendido por Lent (2002), uma

unidade morfofuncional do sistema nervoso, que trabalha de forma conjunta e

não isolada. Pode-se dizer ainda que

Neurônios são células especializadas. Eles são feitos para receber certas conexões específicas, executar funções apropriadas e passar suas decisões de um evento particular a outros neurônios que estão relacionados com aquele evento (RELVAS, 2009:26)

Lent (2002:14) detalha ainda um pouco mais sobre o que está

supracitado e diz que

A célula nervosa produz e veicula diminutos sinais elétricos que são verdadeiros bits de informação, capazes de codificar tudo o que percebemos a partir do mundo exterior e do interior do organismo, os

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comandos que damos aos efetuadores do nosso corpo (como os músculos e as glândulas), e tudo o que sentimos e pensamos a partir de nossa atividade mental.

Conjuntos de neurônios formam o que pode ser chamado de circuito

ou rede neural. Ao analisar encéfalos de homens entre 50 e 70 anos, foi

constatado que há, aproximadamente, 85 bilhões de neurônios, a maior parte

deles encontrados no cerebelo (Lent, 2002)

Relvas (2009) afirma que existem diferentes tipos de neurônios com

diferentes funções dependendo de onde estão localizados e da estrutura

morfológica deles. Entretanto, é possível dizer que eles são constituídos pelos

mesmos componentes básicos.

De acordo com Coutinho e Diniz (2017), O neurônio é constituído

por uma parte chamada de corpo celular (também chamada de soma por

alguns autores) e por prolongamentos capazes de receber e transmitir

informações chamados de dendritos e axônios.

Relvas (2009), ao dar mais algumas informações sobre as estruturas

mencionadas acima, diz que o corpo celular tem por incumbência produzir

proteínas para os dendritos, axônios e terminais sinápticos. Os dendritos, por

sua vez, são estruturas que se ramificam como galhos de árvores e recebem

sinais de outras células nervosas. Já os axônios são unidades de condução do

neurônio. Eles são capazes de enviar sinais elétricos a distâncias longas e

curtas (0,1mm até 2 m).

Os axônios, ainda de acordo com Relvas (2009), podem ou não ser

envolvidos por uma estrutura chamada de bainha de mielina, que funciona

como um isolamento elétrico, fazendo com que a condução de impulsos

nervosos ocorra de forma mais rápida.

O neurônio é representado, portanto, da seguinte forma:

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Figura 3 Representação do neurônio

Fonte: COUTINHO E DINIZ, 2017:9

Apesar de a figura acima representar o neurônio com diferentes

cores, Coutinho e Diniz (2017) afirmam, que na verdade, as cores costumam

ser utilizadas pelos autores para explicar a morfologia neuronal de forma mais

didática. Todavia, a soma ou corpo celular do neurônio possui um aspecto

cinzento, enquanto o axônio possui um aspecto esbranquiçado. É o neurônio

responsável pelo que os autores costumam chamar de substâncias brancas e

cinzentas.

Ao falar sobre neurônio, não se pode deixar de mencionar a sinapse.

Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são denominados sinopses, ou, mais precisamente, sinapses interneuronais. (MACHADO, 2004:22)

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Dependendo da forma de funcionamento, ainda de acordo com

Machado (2004), a sinapse pode ser caracterizada como elétrica ou química.

No primeiro caso, de acordo com Relvas (2009), íons e pequenas moléculas

passam pelos terminais pré e pós-sinapticos, fazendo com que alterações

elétricas de uma célula sejam passadas para a próxima. No segundo caso,

Machado (2004) afirma que a comunicação que ocorre entre duas células

nervosas é feita através da liberação de substâncias químicas chamadas de

neurotransmissores.

É importante lembrar que há conexões sendo feitas a todo o

momento. “Um neurônio pode receber ou enviar entre 1.000 a 100.000

conexões sinápticas em relação a outros neurônios, dependendo de seu tipo e

localização no sistema nervoso” (RELVAS, 2009:40). Na verdade, o número e

a qualidade de tais sinapses podem variar de acordo com algumas

especificidades, dentre elas, novas experiências e aprendizagem. Isso nos

mostra, como diz a autora citada acima, que o Sistema Nervoso tem uma

grande capacidade plástica, como já descrito também no primeiro capítulo

desta monografia.

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CAPÍTULO III

ARTICULAÇÕES ENTRE MÚSICA E NEUROCIÊNCIA

A música é uma arte capaz de alcançar todas as pessoas, não

importa a idade, a estatura, o sexo ou a religião. Todos, de alguma forma, têm

contato com essa linguagem, que, de acordo com Priolli (2005:6), “é a arte dos

sons, combinados de acordo com as variações da altura, proporcionados

segundo a sua duração e ordenados sob as leis da estética”. Med (1996:11) diz

ainda que “MÚSICA é a arte de combinar os sons simultânea e

sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção, dentro do tempo”.

Há outro autor que, ao falar sobre a definição de música, lembra de

citá-la como recurso para a aprendizagem:

A música [...] “é uma linguagem comum a todos os seres humanos e assume diversos papéis na sociedade, como função de prazer estético, expressão musical, diversão, socialização e comunicação”. Na escola, [...] “a música é linguagem da arte, [...] é uma possibilidade de estratégia de ensino, ou seja, uma ferramenta para auxiliar a aprendizagem de outras disciplinas”. (ROMANNELLI, 2009 apud SILVA, 2010:12)

Na verdade, de acordo com o próprio autor, a música tem ligação

com diversas áreas do conhecimento. Isso facilita abordagens interdisciplinares

que podem beneficiar o processo educacional como um todo ou até mesmo o

ensino de música em sala de aula.

Nas duas primeiras citações selecionadas na introdução deste

capítulo, pode ser observado que o som tem um papel essencial em relação à

música, afinal

SOM é a sensação produzida no ouvido pelas vibrações de corpos elásticos. Uma vibração põe em movimento o ar na forma de ondas sonoras que se propagam em todas as direções simultaneamente. Estas atingem a membrana do tímpano fazendo-a vibrar. Transformadas em impulsos nervosos, as vibrações são transmitidas ao cérebro que as identifica como tipos diferentes de sons. Consequentemente, o som só é decodificado através do cérebro. (MED, 1996:11, grifos do autor)

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A linguagem musical, cujos elementos principais são ritmo, harmonia

e melodia, é reconhecida como fonte de diversos benefícios. Em uma

reportagem de 2013, por exemplo, a pediatra Ana Escobar e a musicoterapeuta

Marly Chagas afirmam que ela serve para induzir ao movimento, melhorar a

comunicação, criar vínculos, amenizar a dor, acalmar, fortalecer a memória e

promover o autoconhecimento.

Pode-se dizer que, com tantos benefícios além dos citados acima, a

música torna-se ainda mais importante quando utilizada como recurso para a

aprendizagem, afinal, ela estimula diferentes áreas do cérebro humano.

3.1. Música e cérebro

A música, como dito anteriormente, é capaz de estimular diferentes

áreas cerebrais, pois o seu processamento envolve algumas áreas

relacionadas à percepção de alturas, timbres, ritmos, à decodificação métrica,

melódico-hamônica, à gestualidade implícita e modulação do sistema de prazer

e recompensa que acompanham nossas reações psíquicas e corporais à

música (MIRANDA, 2013).

Falando de uma forma geral, costuma-se dizer que a música está

relacionada com a ativação do hemisfério direito do cérebro, já que este é

reconhecido como o hemisfério ligado à criatividade e à arte. Não obstante, a

verdade é que a música participa ativamente nos dois hemisférios cerebrais.

Há uma especialização hemisférica para a música no sentido do predomínio do lado direito para a discriminação da direção das alturas (contorno melódico), do conteúdo emocional da música e dos timbres (nas áreas temporais e frontais) enquanto o ritmo e duração e a métrica, a discriminação da tonalidade se dá predominantemente no lado esquerdo do cérebro. O hemisfério cerebral esquerdo também analisa os parâmetros de ritmo e altura interagindo diretamente com as áreas da linguagem, que identificam a sintaxe musical. (MUSZTAG, sd:68)

De forma mais específica, através de uma imagem, Levitin (2010)

apud Miranda (2013) cita alguns dos locais do cérebro estimulados pela música

como exemplo. Tais áreas serão descritas a seguir de com base nesse autor.

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O córtex motor é ativado no momento em que ocorre o movimento

através da batida do pé, da dança ou do ato de tocar um instrumento musical.

Levando em consideração tal linha de raciocínio, seria sensato dizer que a

mesma área é acionada em sala de aula, quando os alunos e os professores

marcam o ritmo através de palmas também.

O córtex somatosensorial também é ativado como uma reação tátil

ao tocar um instrumento e ao dançar.

O córtex auditivo é acionado com o intuito de perceber e analisar os

sons e os seus diferentes tons.

O córtex pré-frontal está relacionado à criação de expectativas, bem

como a violação ou a satisfação das mesmas.

O córtex visual é ativado ao fazer a leitura de uma música, além de

ser ativado ao observar quem está executando a música ou até mesmo o que o

próprio corpo faz para executar determinado ritmo.

O núcleo accumbens e amígdala cerebral estão relacionados às

reações emocionais à música.

O cerebelo também é responsável por movimentos decorrentes da

execução de uma música, além de também ter relação com a resposta

emocional, assim como o núcleo accumbens e a amígdala.

O hipocampo está relacionado à memória para a música e também

com experiências e contextos musicais.

Além de estimular as áreas citadas acima, a música tem uma grande

influencia na memória e na afetividade.

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3.2. Música, memória e afetividade

O termo memória não pode ser confundido com a famosa

“decoreba”, pois, na verdade, sem memória não há aprendizagem.

“A memória é a base de todo o saber e, também, de toda a existência humana, desde o nascimento. Todo o cérebro funciona por meio da memória; comemos, andamos e falamos porque nos lembramos de como fazê-lo. A memória determina nossa individualidade como pessoas e como povos”. (RELVAS, 2009:56)

É, portanto, interessante entender que memória é “a aquisição, a

formação, a conservação e a evocação de informação. A aquisição é chamada

também de aprendizagem: só se “grava” aquilo que se aprende” (IZQUIERDO,

2014:11, grifo do autor). É válido citar que o autor utilizou as aspas na palavra

gravar justamente para que não se confunda com a questão do decorar por

decorar.

Relvas (2009) chama a atenção do leitor para o fato de a palavra

memória ter origem etimológica latina, cujo significado é reter ou readquirir

ideias, imagens expressões e conhecimento. É exatamente por isso que “a

memória é considerada uma das funções mais importantes do cérebro, [pois]

está ligada ao aprendizado e à capacidade de repetir acertos e evitar erros”

(RELVAS, 2009:56).

A memória está relacionada às conexões neuronais (fenômeno

abordado no tópico 2.2 deste trabalho monográfico). Ainda de acordo com

Relvas (2009), quanto maior o número de conexões realizadas, mais memória

é obtida. Na verdade, ao seguir o pensamento de Izquierdo (2014), seria mais

correto dizer memórias, afinal

As memórias dos humanos e dos animais provêm das experiências. Por isso, é mais sensato falar em “memórias”, e não em “Memória”, já que há tantas memórias quanto experiências possíveis. É evidente que a memória de ter colocado os dedos na tomada não é igual à da primeira namorada, à da casa da infância, à de saber andar de bicicleta, à do perfume fugaz de uma flor (IZQUIERDO, 2014:32)

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Em relação à localização da memória no cérebro humano, pode-se

afirmar, de acordo com a ideia defendida por Relvas (2009), que, na verdade,

não há um local específico no qual ela é armazenada, pois ela é um fenômeno

biológico e psicológico, ou seja, ela envolve uma aliança de sistemas cerebrais

que funcionam de forma conjunta.

É importante também citar a influência das emoções na memória:

As memórias são feitas por células nervosas (neurônios), se armazenam em redes de neurônios e são evocadas pelas mesmas redes neuronais ou por outras. São moduladas pelas emoções, pelo nível de consciência e pelos estados de ânimo. Todos sabem como é fácil aprender ou evocar algo quando estamos alertas e de bom ânimo; e como fica difícil aprender qualquer coisa, ou até lembrar o nome de uma pessoa ou de uma canção quando estamos cansados, deprimidos ou muito estressados. (IZQUIERDO, 2014:29)

Relvas (2009) afirma que as memórias podem ser divididas em

ultrarrápida, de curto prazo ou curta duração e de longo prazo ou longa

duração. A primeira, de acordo com a autora, tem a capacidade de reter

informações por, no máximo, alguns minutos. A segunda é utilizada para

guardar informações que serão usadas dentro de pouco tempo. No entanto,

elas não forma “arquivos”. Após utilizar as informações necessárias, os dados

são esquecidos. Já o terceiro tipo tem a capacidade de armazenar informações

durante um grande período de tempo.

Ao falar sobre a relação entre memória e música, Jancke (2008)

menciona que as emoções têm um papel essencial na formação da primeira.

Levando, portanto, em consideração que a música evoca, com facilidade,

grandes emoções, essa arte tem uma influência muito grande na questão da

memória humana. Rocha e Boggio (2013) dizem, por exemplo, que existem

pacientes com demência que se esquecem de muitas coisas que aconteceram

em suas vidas, mas que podem entoar canções ouvidas na infância de cor.

Este estudo defende a ideia de que, assim como dito por Rocha e

Boggio (2013), a música tem um grande poder mnemônico. Utilizar, portanto,

uma paródia, por exemplo, em sala de aula, pode fazer com que os alunos

lembrem-se das informações estudadas com mais facilidade. Além disso, o

caráter lúdico trazido pela música quando bem trabalhada, pode criar um

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ambiente de aprendizagem mais interessante, fator que pode motivar os alunos

a aprenderem se divertindo.

Falar de música é falar também de afetividade, fator muito

importante no processo de aprendizagem, afinal, ela é “fundamental na relação

educativa por criar um clima propício à construção dos conhecimentos pelas

pessoas em formação” (RIBEIRO, 2010:404). A música tem, como já dito, o

poder de criar esse ambiente propício à aprendizagem.

É válido mencionar que

Toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo vincular. Pensando, especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que se tece entre alunos, professores, conteúdo escolar, livros, escrita, entre outros, não acontece puramente no campo cognitivo. Existe uma base afetiva permeando essas relações (TASSONI, 2000 apud LIMA, 2013:19)

Há uma linha de estudo que defende a ideia de que a aprendizagem

ocorre pela via afetiva. Por essa razão, Saint-Laurent e Giasson e Royer (1990)

apud Ribeiro (2010), afirmam que o professor não pode ignorar a relação

existente entre afetividade e educação. Um bom exemplo disso é o fato de

Os estudantes [apreciarem] mais as disciplinas ministradas por professores com os quais se relacionam melhor, pois a conduta desses profissionais influencia a motivação, a participação e a dedicação aos estudos. Motivar um estudante, então, não é uma questão de técnica, mas depende da relação que se estabelece com esse sujeito (RIBEIRO, 2010:404).

Com base em tal pensamento, é correto dizer que o processo de

ensino precisa deixar de ser visto como algo mecânico, pois “o aluno não é um

depósito de conhecimentos memorizado [sic] como um fichário e, sim, um ser

capaz de pensar, refletir, discutir, ter opiniões, participar e decidir o que quer e

o que não quer” (LIMA, 2013: 21).

Ao entender, portanto, “a afetividade como um vínculo que se

estabelece entre as pessoas, a relação afetiva constitui-se como um aspecto

facilitador do processo de educação do aluno da educação infantil”. (LIMA,

2013:20).

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Apesar de a autora supracitada focar na educação infantil, este

trabalho monográfico defende a ideia de que, na realidade, a afetividade torna-

se facilitadora no processo de educação do aluno de qualquer faixa etária.

O que pode ser observado neste capítulo é que a música é uma

ferramenta extremamente poderosa. Ela não só entretém, mas também

estimula várias áreas do cérebro humano, mexe com as emoções e com a

memória e tem uma série de benefícios também citados anteriormente.

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CAPÍTULO IV

A PARÓDIA COMO RECURSO NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM: UM RELATO SOBRE O USO DO

“BAILE DO THERE TO BE”

A paródia é, muitas vezes, utilizada por humoristas como fonte de

entretenimento ou até mesmo para introduzir uma crítica sobre um dado tema.

Às vezes é utilizada também como fonte de marketing em comerciais e

campanhas políticas. Entretanto, é importante dizer que tal ferramenta também

pode ser utilizada como recurso de aprendizagem, levando em consideração o

seu caráter lúdico e a ajuda que ela oferece para lembrar um determinado

conteúdo. Através da paródia, o aluno aprende se divertindo.

Nos dias 11 e 12 de junho de 2018, esse recurso foi utilizado com

turmas do sexto ano (601 e 602) em uma aula de Língua Inglesa, dentro de um

colégio particular localizado em Cosmos, bairro pertencente à Zona Oeste do

município do Rio de Janeiro. A paródia fala sobre as regras de um uso de um

tópico gramatical – o there to be.

4.1. O there to be

De acordo com o livro Discovering English, de Maria Melo, utilizado

com o sexto ano do Ensino Fundamental II, o There to be pode significar haver

ou existir. O verbo haver pode ser utilizado nos diversos tempos verbais

existentes. Não obstante, no sexto ano, os alunos aprendem a utilizá-lo no

presente e no passado simples.

No presente simples, de acordo com Murphy (2007), nós utilizamos

o there is para o singular e o there are para o plural. A seguir, serão mostrados

alguns exemplos desses usos e suas respectivas traduções.

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There is a sofa in your living room.

Há um sofá na sua sala de estar.

There are two boys in the classroom.

Há dois alunos na sala de aula.

Além de aprenderem a estrutura acima (there to be no presente

simples), os alunos também são ensinados a manipular as frases nas formas

negativa e interrogativa. Para colocar tais frases na negativa, basta acrescentar

o not após o verbo to be. Isso pode ser observado através das explicações de

Murphy (2007). Os exemplos acima ficariam, portanto, da seguinte forma:

There is not a sofa in your living room.

Não há um sofá na sua sala de estar.

There are not two boys in the classroom.

Não há dois garotos na sala de aula.

Em se tratando da forma negativa, ela também pode ser realizada

da maneira contracta, ou seja, is not transforma-se em isn’t, enquanto are not

transforma-se em aren’t. As frases acima poderiam, então, sem alteração no

significado, ser escritas assim:

There isn’t a sofa in your living room.

There aren’t two boys in the classroom.

Para formar interrogativa, basta deslocar o verbo to be para início da

frase e acrescentar o ponto de interrogação no final, como mostrado abaixo:

Is there a sofa in your living room?

Are there two boys in the classrroom?

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O passado simples do there to be ocorre de maneira semelhante ao

presente simples. A diferença, como demonstrado por Melo (2014), é que no

passado simples utiliza-se o there was para singular e o there were para o

plural. Seguem, portanto, alguns exemplos:

There was a boy here yesterday.

Havia um garoto aqui ontem.

There were three people at the restaurant last Saturday.

Havia três pessoas no restaurante no sábado passado.

Na negativa e na interrogativa, as frases acima ficariam como

demonstrado:

There was not a boy here yesterday.

There wasn’t a boy here yesterday (forma contracta).

Was there a boy here yesterday?

There were not three people at the restaurant last Saturday.

There weren’t three people at the restaurant last Saturday (forma

contracta).

Were there three people at the restaurant last Saturday?

4.2. A aula

Como já introduzido no início deste capítulo, a aula foi ministrada

para duas turmas do sexto ano (601 e 602) nos dias 11 e 12 de junho de 2018.

Na turma 601, havia 25 alunos. Na turma 602, havia 16.

A aula foi dividida em quatro momentos. No primeiro momento, o

professor Gledison apresentou o assunto de forma expositiva, utilizando o

quadro branco e marcadores como recursos para exemplificar os diferentes

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usos do there to be. Após a explicação do conteúdo, foi dado um tempo para

que os alunos copiassem as informações expostas no quadro.

No segundo momento, foi realizada uma atividade para que os

alunos colocassem em prática e fixassem melhor o que tinham visto

anteriormente. O professor pegava algum objeto disponível em sala de aula e o

colocava sobre a mesa, por exemplo, e perguntava “What is there on the

table?” (o que há sobre a mesa?). Perguntas como essa eram feitas de forma

que os alunos as vissem como desafios, o que os mantinha motivados a

responderem. Algumas vezes as respostas eram dadas em grupos, outras

vezes individualmente. Tudo era feito, no entanto, de forma voluntária.

Ninguém era obrigado a falar, a menos que quisesse.

Após a atividade supracitada, houve o momento em que os alunos

foram convidados a cantarem a paródia “Baile do There to be”2, criada pelo

professor Gledison Moret, com base no “Baile de Favela”. Tal música foi

escolhida devido ao fato de muitos alunos envolvidos gostarem de funk. Na

verdade, os alunos tiveram não só a oportunidade de cantá-la, mas alguns

deles fizeram o ritmo batendo nas carteiras e outros fizeram uma espécie de

beatbox. Aqueles que desejavam, podiam dançar junto com o professor. Além

de criar um ambiente divertido para a aprendizagem do there to be, foi

trabalhado também a questão do ritmo, da coordenação, algumas conexões de

pronúncia para que as frases se encaixassem na métrica musical, entre outras

coisas. Pode-se afirmar, portanto, que, nesse momento, extrapolou-se o ensino

de um único conteúdo.

No final da aula, foi pedido aos alunos que eles respondessem uma

pequena pesquisa3 relacionada às atividades que aconteceram. Todos os

alunos presentes naqueles dias se dispuseram sem nenhuma objeção. Pelo

contrário, eles estavam empolgados pelo fato de poderem falar sobre o que

havia acontecido.

2 A paródia encontra-se no apêndice deste trabalho monográfico

3 O modelo da pesquisa encontra-se no apêndice deste trabalho monográfico

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4.3. Pesquisa e resultados

A pesquisa realizada é constituída de quatro perguntas; duas delas,

cujas respostas deveriam ser discursivas e outras duas, cujas respostas foram

pré-definidas e os alunos tinham de marcar a opção que achavam melhor. No

dia 11 de junho de 2018, a pesquisa foi realizada com dezesseis alunos da

turma 602. No dia 12 de junho de 2018, a mesma pesquisa foi realizada com

25 alunos da turma 601. Em ambas as ocasiões, os alunos foram orientados a

não colocarem seus nomes na pesquisa com o intuito de fazê-los se sentirem a

vontade para expressarem opiniões da forma que achassem melhor. Em vez

do nome, após o preenchimento da pesquisa, foi acrescentado ao campo

participante números de 1 a 15 para a turma 602 e números de 1 a 25 para a

turma 601. Sendo assim, quando necessário, será mencionado o número do

participante e da turma no decorrer deste tópico.

A primeira pergunta realizada foi a seguinte: O que você achou da

aula de hoje? Dos dezesseis alunos da turma 602, quatorze responderam de

forma positiva, elogiando a forma como a aula foi conduzida. Um não

respondeu e um classificou a aula como ruim. A razão pela qual o participante

de número 2 achou a aula ruim será discutida mais a frente, com base nas

respostas das outras questões.

Dentre as respostas positivas, pode ser notada certa empolgação do

participante número 12 ao dizer que a aula foi “muuuuuuuito [sic] legal, a

melhor de todas”.

O participante de número 13 elogia a aula e ainda diz que esse tipo

de abordagem pode ajudá-lo: “Muito legal! Me ajuda a estudar e lembrar da

matéria [sic]”.

Os outros participantes também elogiaram a aula, com frases que

variavam de “muito legal, super legal e criativa”, entre outras coisas. O

participante de número 16, entretanto, disse que achou a aula diferente e o

participante de número 11 argumentou um pouco mais dizendo o seguinte:

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“achei otima [sic], foi bem divertido teve um momento bem diferente foi bem

legal”.

Já na turma 601, todos os alunos responderam a pergunta de forma

positiva. Muitos, assim como na 602, disseram que a aula foi legal e divertida.

Há, no entanto, algumas variações nas respostas. O participante de número 2,

por exemplo, disse o seguinte: “legal, bem louco e impolgante [sic]”.

Dois dos alunos, através de suas respostas, externaram que

gostariam que aulas como essa acontecessem mais vezes. O participante de

número 5 disse o seguinte: “super legal, na minha opinião deveria ter mais

aulas assim”. Semelhantemente, o participante de número 22 afirmou: “muito

legal quero mais vezes”.

Alguns alunos mostraram, assim como o participante de número 12

da 602, uma certa empolgação ao darem as suas respostas. O participante de

número 14, por exemplo, disse que foi “a melhor aula de inglês [sic] na escola”.

O participante de número 15 também contribuiu com uma opinião semelhante.

Ele disse que aquela foi a “melhor aula”. Pode-se dizer que o participante de

número 7 também estava bastante empolgado, afinal, ele até escreveu em

caixa alta: “SUPER LEGAL MELHOR DIA NA ESCOLA”.

Algumas respostas também evidenciam a importância da relação do

professor com os alunos no que diz respeito ao quesito afetividade. O

participante de número 10 diz o seguinte: “Eu achei boa aprendi, e tirei duvidas

[sic], e ela também foi bastante ingraçada [sic] graças ao profesor [sic]”. O

participante de número 11 também menciona o professor em sua resposta:

“Muito legal, eu gostei muito de cantar a Parodia [sic] e o professor é muito

legal”. Além dos depoimentos mostrados acima, há um participante da turma

602, que deixou um recado carinhoso para o professor em um espaço em

branco da folha, que não pertencia a nenhum campo de resposta: “Te amo

Gledison você é muito legal” (participante de número 6).

Apesar de todas as respostas da 601 serem positivas, há uma delas

que evidencia um pensamento proveniente do ensino conteudista. O

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participante de número 23 disse que a aula foi “Muito legal e criativa pois da

[sic] para gravar inglês [sic]”. A palavra gravar utilizada nesse depoimento,

mesmo que não tenha sido utilizada com o intuito de passar essa mensagem,

mostra resquícios de uma educação bancária, em que o professor é

responsável por transmitir conhecimentos e o aluno é aquele que grava o que é

passado.

Há um participante, que ao contribuir com sua resposta, menciona,

especificamente, o uso da paródia: “Eu gostei bastante, acho que as paródias

são um ótimo método de lembram [sic] da matéria na hora da prova”

(participante de número 12). Apesar de, nesse depoimento, ficar claro que o

aluno acha interessante o uso da paródia como recurso em sala de aula, fica

evidente também a preocupação em relação à prova.

A segunda pergunta realizada nessa pesquisa foi a seguinte: Você

gostou do uso da paródia em sala de aula? Os alunos tinham a possibilidade

de marcar três opções como resposta: sim, não ou talvez. Na turma 602,

quinze dos dezesseis alunos marcaram sim como resposta. Apenas o

participante de número 2 marcou não como resposta.

Na turma 601, vinte e quatro dos vinte e cinco alunos marcaram sim

como resposta, enquanto um deles marcou talvez. De uma forma geral,

juntando as duas turmas, há trinta e nove alunos que marcaram sim como

resposta, um que marcou não e um que marcou talvez. Pode-se dizer, então,

que a aula foi vista, de uma forma quase unânime, como uma boa aula.

A terceira pergunta contida na pesquisa dizia: Você acha que a

paródia pode ajuda-lo (a) a lembrar do conteúdo? As respostas foram

esquematizadas da mesma forma que aconteceu na pergunta de número 2, ou

seja, os alunos tinham a opção de marcar sim, não ou talvez como resposta.

Na turma 602, treze dos dezesseis alunos marcaram sim como

resposta e três marcaram talvez. O participante de número 13, cuja resposta foi

sim, não se contentou e escreveu a palavra muito ao lado da opção marcada.

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Na turma 601, dezoito dos vinte e cinco alunos marcaram sim como

resposta, enquanto sete marcaram talvez. O que pode ser observado, de uma

forma geral, é que os alunos veem sim a paródia como mecanismo que pode

ajuda-los a lembrar daquilo que foi discutido em aula. Até mesmo o participante

de número 2, da 602, que havia dado somente respostas negativas para as

perguntas anteriores, marcou o talvez como opção. Pode-se dizer, portanto,

que a eficácia do uso da paródia é reconhecida pelos alunos.

Diferentemente da segunda e da terceira, as respostas para a quarta

pergunta, assim como aconteceu com a primeira, podiam ser dadas de forma

livre, ou seja, as respostas eram discursivas. Foi perguntado aos alunos o

seguinte: Você gostaria de ter mais aulas como a de hoje? Por quê?

Na turma 602, quinze dos dezesseis alunos responderam de forma

positiva. Somente o participante de número 2 respondeu de forma negativa. A

resposta dele, no entanto, justificou o porquê de ele não ter conseguido se

envolver na aula e aproveitar a proposta utilizada naquele dia. Ele disse não

gostar da aula argumentando da seguinte maneira: “Não, por que [sic] não é

como me sinto por 6,9”. Na semana anterior, os alunos tinham recebido as

notas das provas que haviam feito. Esse depoimento evidencia como esse

sistema de avaliação por notas pode desmotivar um aluno, afinal, o participante

de número em questão não conseguiu curtir a aula como os demais devido ao

fato de ter tirado uma nota considerada, no colégio em que a atividade foi

realizada, como abaixo da média.

Há algumas respostas que mostram a importância do aprender

brincando, se divertindo. O participante de número 4 afirmou gostar da aula

dando a seguinte justificativa: “sim. Pois aprendemos nos divertindo, isso faz

com que gravamos [sic] a matéria mais fácil”. O participante de número 5

seguiu a mesma linha de pensamento dizendo: “sim, porque nos [sic] (os

alunos) aprendemos brincando”. O participante de número 8 disse que “é mais

divertido”. Ao responder a pergunta, o participante de número 9 disse o

seguinte: “com certeza! Uma forma diferente e divertida de se aprender”. Além

de reafirmar a questão da diversão, o participante de número 11 também

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salienta a questão de eles terem tido a oportunidade de participar da aula:

“Sim. Porque e [sic] bem legal divertido e muitas pessoas participaram e ajuda

a firmar a matéria”. O participante de número 3 também enfatiza a questão do

aprender brincando: “Sim! Gostei muito de brincar e estudar ao mesmo tempo”.

Ao dar o seu depoimento, o participante de número 10 externou a

facilidade que teve para aprender: “Sim, porque assim é bem mais facil [sic] de

aprender”. Já o participante de número 16 falou sobre seu interesse na aula:

“Sim. Pois me fez ficar interessado na aula”.

O depoimento do participante de número 15 mostra, assim como em

respostas das questões anteriores, que a relação do professor com a turma e a

forma como ele conduz as atividades podem facilitar o processo de troca de

informações: “Concerteza [sic], foi maravilhosa, principalmente o profesor [sic]

cantando e dançando”.

Na turma 601, todos os participantes responderam de forma positiva.

Alguns alunos falaram coisas que dão a entender que esse tipo de abordagem,

ou seja, o uso da paródia, pode ajudá-los a manter informações com mais

facilidade na memória. Ao mesmo tempo, os depoimentos demonstram a

preocupação com prova e notas. Há certo temor nesse quesito.

O participante de número 4 disse que gostou da aula “porque foi

bem animada e a paródia ajuda muito, porque é a matéria que vai cair na

prova”. Semelhantemente, o participante de número 12 disse que “é mais fácil

de lembrar a matéria”. O participante de número 22 disse o seguinte: “é muito

legal e me ajuda a gravar as regras”. Já o participante de número 23 disse que

gostou “pra tirar uma nota boa na prova”.

Da mesma forma que aconteceu na turma 602, os alunos da turma

601 enfatizaram o gostar da aula devido à natureza divertida que ela teve. Isso

fica evidente através dos seguintes depoimentos:

“Sim, porque assim a aula fica divertida e não chata” (Participante de

número 1).

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“Sim, porque foi divertido” (participante de número 2).

“Sim, porque eu gosto de diversão” (participante de número 5).

“Sim, porque é bem divertida” (participante de número 6)

“Sim, é mais divertida e melhor para aprender” (Participante de

número 7).

“Sim, porque a aula de hoje foi divertida” (participante de número 9).

“Sim, porque foi muito divertido” (participante de número 13).

“Sim. Pois esta aula e [sic] muito boa pois eu posso me divertir e

estudar assim a aula e [sic] mais pratica [sic]” (participante de número 17).

Há um aluno que, de certa forma, expressa ter gostado muito da

aula: “Sim. Porque desse jeito, eu posso ficar com mais vontade de ir pra

escola” (participante de número 20). Tal depoimento é muito importante, pois é

exatamente esse sentimento que deve ser despertado no alunado. As aulas

precisam ser mais atrativas de maneira que os alunos se sintam motivados em

sala de aula.

Em se tratando, mais especificamente da paródia, há um

participante que diz o seguinte: “Sim, porque a parodia [sic] foi muito legal,

queria mais parodias [sic]” (participante de número 11).

De uma forma geral, não só na pergunta de número quatro, mas

também nas três anteriores, as duas turmas responderam de forma positiva.

Pode-se dizer, ao analisar os depoimentos citados, que a aula manteve os

alunos interessados e motivados. Ela também teve um caráter de diversão

muito grande e a paródia, também de acordo com a grande maioria, pode

ajudá-los a lembrar das informações obtidas de forma mais prazerosa.

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CONCLUSÃO

Através desta pesquisa, é possível notar que o estudo da

Neurociência em prol da Educação vem crescendo. Além disso, inclusive com

bases neurocientíficas, fica claro que a música pode trazer diversos benefícios

para o cérebro humano e que ela pode ser utilizada como recurso para chamar

a atenção dos alunos em sala de aula.

Como dito na parte teórica, a Neurociência não é uma receita de

bolo, capaz de colocar todos os alunos dentro de uma forma, mas serve para

entender um pouco sobre o processo de aprendizagem do cérebro. Ao

entender, portanto, que tal processo e a emoção estão interligados, pode-se

dizer que a música, grande evocadora de emoções, pode sim ser utilizada

como um poderoso recurso no processo de ensino-aprendizagem.

A pesquisa realizada com os alunos demonstra que eles também

acreditam que a música, no caso a paródia utilizada, pode auxiliá-los a evocar

as informações obtidas quando necessário. Fica claro também que eles

sentem-se mais dispostos a aprender ao participarem de uma aula que foge do

modelo tradicional, bancário de ensino.

O que chama mais atenção, não obstante, nos depoimentos dos

alunos, é o fato do brincar, do se divertir, como papéis motivadores no

processo de aprendizagem. Na pesquisa, esse foi o elemento mais citado,

como demonstrado nos resultados. Diante disto, faz-se necessário, cada vez

mais, trabalhar o aprender e o brincar de forma conjunta.

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APÊNDICE A

BAILE DO THERE TO BE Hoje nós vamos aprender algo diferente Hoje nós vamos aprender algo diferente O there is / there are vamos aprender Pra ser curto e claro eles são o verbo haver O there is é usado no singular O there are é usado no plural Pra exemplificar duas frases vou criar Uma no singular e outra no plural “vamo lá” There is a book on the table There are two books on the table E na negativa o not vai entrar Depois do to be não esqueçam de usar There is not a book on the table There are not two books on the table E pra perguntar a posição eu vou mudar O verbo to be agora a frase vai iniciar Is there a book on the table? Are there two books on the table? É isso “aew” galera espero que entendam E que o there to be nunca saia da cabeça

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APÊNDICE B

Modelo da pesquisa realizada em sala de aula

Data: ___/___/___ Turma: ________ Participante:

1- O que você achou da aula de hoje?

2- Você gostou do uso da paródia em sala de aula?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

3- Você acha que a paródia pode ajuda-lo (a) a lembrar do conteúdo?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

4- Você gostaria de ter mais aulas como a de hoje? Por quê?

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Neurociência: evolução e relevância para a Educação 10

1.1. Revisitando a história da Neurociência 11

1.2. Neurociência e Educação 13

CAPÍTULO II

O cérebro humano 17

2.1. Os lobos cerebrais e suas respectivas funções 18

2.2. Neurônio: unidade funcional básica do encéfalo 20

CAPÍTULO III

Articulações entre música e neurociência 24

3.1. Música e cérebro 25

3.2. Música, memória e afetividade 27

CAPÍTULO IV

A paródia como recurso no processo de aprendizagem: um relato sobre o uso do “Baile do There to be” 31

4.1. O there to be 31

4.2. A aula 33

4.2. Pesquisa e resultados 35

CONCLUSÃO 41 REFERÊNCIAS 42 APÊNDICES 45

ÍNDICE 47