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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO DA EMPRESA CoopVital Daniela Santana Angelo ORIENTADOR: Prof. Mario Luiz Niterói 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL file1 universidade candido mendes / avm pÓs-graduaÇÃo lato sensu qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso da empresa coopvital

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO DE

CASO DA EMPRESA CoopVital

Daniela Santana Angelo

ORIENTADOR: Prof. Mario Luiz

Niterói 2017

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EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Gestão Empresarial Por: Daniela Santana Angelo

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO DE

CASO DA EMPRESA CoopVital

Niterói 2017

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me deu energia para

concluir esse projeto.

E aos meus pais que sempre estiveram ao meu

lado me incentivando.

4

DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais que me incentivaram à

chegar até essa etapa de minha vida.

5

RESUMO

O presente trabalho busca explorar os conceitos e aplicações da

Qualidade de Vida no Trabalho, já que é notável que a administração

contemporânea necessita se preocupar e se adequar ás novas variáveis da

gestão de pessoas, e que apesar do avanço tecnologico e da mecanização dos

sistemas de produção, o capital humano continua sendo indispensável e

merecendo atenção especial em um mundo de intensa competitividade e ritmo

acelerado.

É importante que haja meios para medir e avaliar as condições de

trabalho e estabelecer métodos que satisfaçam as necessidades do

trabalhador ao desenvolver suas tarefas dentro da organização,tendo como

base o fato de que as pessoas são mais produtivas quando estão envolvidas e

satisfeitas com o próprio trabalho.

Diante disto, o trabalho irá explorar os fatores de satisfação e

insatisfação presentes no trabalho de auxiliares e assistentes administrativos

da empresa CoopVital.

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METODOLOGIA

As metodologias utilizadas neste projeto foram: A pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental e estudo de caso.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Sexo dos respondentes 23

Gráfico 2: Tempo de atuação na empresa 24

Gráfico 3:Compensação justa e adequada 25

Gráfico 4: Condições de trabalho 27

Gráfico 5: Oportunidades para uso e desenvolvimento de capacidades 28

Gráfico 6: Oportunidades de crescimento e segurança 31

Gráfico 7: Integração social na organização – oferta de oportunidades 33

Gráfico 8: Integração social na organização – relacionamento interpessoal34

Gráfico 9: Integração social na organização – Companheirismo 34

Gráfico 10 Constitucionalismo na organização 36

Gráfico 11: Trabalho e espaço total de vida 37

Gráfico 12: A relevância social do trabalho 39

Gráfico 13: A relevância do trabalho – imagem da empresa 40

Gráfico 14: A relevância do trabalho – imagem dos serviços 40

8

Lista de Abreviatura

Qualidade de Vida no Trabalho QVT

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

O TRABALHO E A QUALIDADE DE VIDA 11

CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: CONCEITOS E PERSPECTIVAS 16

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO 22

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 43

ÍNDICE 44

10

INTRODUÇÃO

Qualidade de Vida no Trabalho é definida como uma experiência de

humanização do trabalho, por meio da qual uma organização, para alcançar

ganhos de produtividade e excelência empresarial, procura satisfazer seus

membros criando condições de trabalho que ofereçam: cargos produtivos e

satisfatórios; atividades significativas e desafiadoras; sistemas de

recompensas; informações compartilhadas; feedback constante; possibilidades

de participação nas decisões e na solução de problemas; e oportunidades de

realização pessoal e profissional.

A partir desta definição, a qualidade de vida no trabalho vem oferecer

uma nova visão sobre o ambiente ocupacional, do qual se busca uma nova

filosofia de trabalho, fundamentada no desenvolvimento e na integração de

cargos com maior significado e inseridos em uma empresa mais humana e

saudável. Sobre esse ambiente na organização, as preocupações recaem nos

fatores potenciais de satisfação e de insatisfação resultantes das

características da tarefa.

Mediante o acima exposto, o presente trabalho propõe-se a apresentar,

inicialmente, os objetivos geral e específicos que irão direcioná-lo, a pergunta

de pesquisa que representa a principal questão a ser esclarecida e todas as

técnicas e ferramentas metodológicas que serão utilizadas para realização

desta pesquisa.

Na sequência, teremos a revisão bibliográfica, item no qual serão

registrados os pontos de vista de diversos autores sobre o assunto de interesse

e que permitirá obter a exata dimensão da complexidade do tema aqui

abordado.

Logo após, teremos a caracterização da empresa de interesse, o que

vai permitir ao leitor entender como a questão qualidade de vida se manifesta e

é entendida pelo autor deste trabalho na empresa objeto de estudo.

Por fim, será demonstrada a conclusão do trabalho, que se propõe a

responder a pergunta de pesquisa apresentada anteriormente baseando-se em

uma comparação entre o referencial teórico e a realidade prática da empresa

aqui analisada.

11

CAPÍTULO I

O TRABALHO E A QUALIDADE DE VIDA

Até metade do século XX, as pessoas trabalhavam para “ganhar a vida”,

hoje é o trabalho que ganha a vida de grande parte das pessoas. É

inquestionável, mas correto afirmar que, nos dias atuais a maioria das pessoas

é consumida pelo trabalho, tornando-o uma finalidade na vida humana.

Percebe-se, portanto, que o trabalho ganha a atenção das pessoas como

prioridade, essencialidade e assume o controle da vida humana.

Ao longo do tempo, o trabalho ganhou importância crescente na vida

das pessoas, ocupando um espaço cada vez maior, passando a ser

determinante para sua sobrevivência e qualidade de vida. Atualmente, a

atividade laboral ganha representatividade até no convívio social dos

indivíduos, no sentido de que a empresa onde trabalha passa a fazer parte de

sua representação.

A qualidade de vida no trabalho é um tema que tem sido tratado como

um leque amplo. Os conceitos de QVT vão desde cuidados médicos

determinados pela legislação de saúde e segurança até tarefas voluntárias de

empregadores e empregados nas áreas motivação, lazer, entre outras. Grande

parte desses caminhos leva à discussão das condições de vida e bem-estar

humano.

De acordo com Limongi-França (1997, p.80).

A atividade profissional na atualidade torna-se muito importante na vida

das pessoas, tendo em vista que a grande maioria delas trabalha e dedica o

“Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto de ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para realização de diagnóstico,campanhas,criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa.”

12

maior tempo de suas vidas às atividades laborais nas empresas. O trabalho

detém um valor significativo na sociedade atual, onde as pessoas são inseridas

neste mercado cada vez mais jovens, podendo-se comprovar que a empresa

em que trabalha passa a ser uma referência em suas vidas até para sua

identificação.

Assim, a relevância do trabalho na sociedade atual e na vida das

pessoas individualmente é indiscutível, tendo em vista que, além das questões

relacionadas com a sobrevivência, traz para o ser humano o sentimento de

utilidade, de contribuição para com a sociedade.

Sob o enfoque dado por (Lacombe 2005 p.37) para o trabalho, verifica-

se que:

1.1 Concepção evolutiva

O século XX foi marcado por inúmeras contribuições de pesquisadores

para o estudo sobre a satisfação do indivíduo no trabalho. Destacam-se: Helton

Mayo, cujas pesquisas são de grande relevância para o estudo do

comportamento humano, da motivação para obtenção de metas

organizacionais e da Qualidade de Vida do Trabalhador e Abraham H. Maslow,

que abordou aspectos relevantes em relação ao comportamento humano,

definindo a hierarquia das necessidades compostas de cinco necessidades

fundamentais: fisiológicas, segurança, amor, estima e auto-realização.

Vale mencionar ainda, as pesquisas de Frederick Herzberg que

detectaram que os engenheiros e contadores entrevistados associavam a

insatisfação com o trabalho ao ambiente e a satisfação ao conteúdo. Dessa

forma, os fatores higiênicos capazes de produzir insatisfação baseiam-se na

política e administração da empresa, nas relações interpessoais com

supervisores, na supervisão, nas condições de trabalho, nos salários, no status

“Só o verdadeiro trabalho produtivo pode gerar riqueza, o próprio capital é, em última instância, resultado da remuneração do trabalho já conquistado, que em vez de consumida é reinvestida novamente para aumentar a quantidade ou a eficiência da produção e a maximização dos lucros desejados por a organização.”

13

de segurança. Os fatores motivadores que geram a satisfação abrangem a

realização, o reconhecimento, a responsabilidade e o desenvolvimento.

(RODRIGUES, 2002)

A figura abaixo apresenta uma comparação das teorias de Maslow e

Herzberg:

Figura 1: Necessidades de Maslow e a Teoria da Higiene de Herzberg.

Fonte: http://www.tiespecialistas.com.br/2010/11/efeito-da-motivacao-e-teorias-

motivacionais/

Considerada uma referência, a teoria de Maslow, explica que as

necessidades fisiológicas baseiam-se na sobrevivência do indivíduo:

alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança são

embasadas na busca pela proteção contra a ameaça ou privação do indivíduo.

As necessidades sociais são constituídas pelas necessidades de associação,

de participação, de aceitação, de amizade, de afeto e amor. A necessidade

estima constitui a autoconfiança, a necessidade de auto-aprovação e

aprovação social, de respeito, de status, prestígio, independência e autonomia.

No ápice da pirâmide identificamos a necessidade de auto-realização.

De acordo com McGregor, são as necessidades de cada indivíduo realizar o

seu próprio potencial, de estar em contínuo auto-desenvolvimento, de ser

criador no sentido mais alto do termo. A teoria da hierarquia das necessidades

14

de maslow pressupõe ainda que somente quando um nível inferior das

necessidades é completamente satisfeito, o nível diretamente superior passa a

determinar o comportamento, ou seja, a necessidade já satisfeita deixa de ser

motivadora.

Maslow (apud KOONTZ 1987, p. 140) concluía que: "quando um

conjunto de necessidades era satisfeito, este tipo de necessidade deixava de

ser um motivador".

O pesquisador Douglas McGregor, autor da teoria “X”, descreveu que

o compromisso com os objetivos depende das recompensas à sua

consecução, e que o ser humano não só aceita as responsabilidades, como

passa a procurá-las. A essência dessa teoria busca a interação entre os

objetivos organizacionais e individuais. As diversas dimensões destacadas por

McGregor são consideradas em programas de QVT.

1.1.1 Aspectos históricos da Qualidade de Vida no Trabalho

O homem desde sempre vive de seu trabalho, essa relação trabalho,

organização e indivíduo têm que ser saudável, respeitosa, prazerosa e

compromissada, as pessoas, para assumirem este entrelaçamento, precisam

estar com saúde, felizes e com qualidade de vida.

Segundo McGregor (1999, p.49), a humanização no ambiente de

trabalho e a sustentabilidade são temas em evidência em todo o mundo na

atualidade. A qualidade de vida no trabalho, desde a década de 50 é foco de

vários estudos, considerando-se um assunto de importância fundamental para

as empresas, antes até do que as concepções inovadoras de gestão. Analisa-

se a QVT como uma estratégia a ser desenvolvida num contexto altamente

competitivo, no qual as empresas que se adequarem mais rapidamente

asseguram maior produtividade e rentabilidade.

As empresas descobrem gradativamente que as pessoas que atuam em

seu interior representam um patrimônio grandioso e decisivo para sua

sobrevivência. Daí a importância que deve ser atribuída ao bem estar desses

funcionários no ambiente de trabalho, como forma de alcançar benefícios para

15

todos, especialmente para a organização, através de maior produtividade e

desempenho.

Com surgimento da preocupação com a pessoa humana e com a

influência do ambiente em seu desempenho. O funcionário passou a ser foco

de atenção nesse sentido, pois seu rendimento tende a melhorar num ambiente

saudável, onde há respeito por seus limites.

A Teoria Comportamental, tendo como autores mais importantes

Maslow, Herberg e Mcgregor, tomou como base para o seu desenvolvimento a

Escola das Relações humanas.

Segundo MCGREGOR (1999, p.126)

“A abordagem comportamental – também denominada behaviorista (em função do behaviorismo na psicologia) –marca a mais forte ênfase nas ciências do comportamento na teoria administrativa e a busca de soluções democráticas pela sociologia – e mais especificamente pela sociologia organizacional – a abordagem comportamental recebe forte influência das ciências comportamentais – e, mais especificamente da psicologia comportamental.”

16

CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: CONCEITOS E PERSPECTIVAS

Na atualidade, a QVT representa um assunto da mais alta importância e

ocupa cada vez mais espaço nas discussões a respeito de como conciliar a

competitividade aos padrões inovadores de conhecimento, assim como à

qualificação profissional e aos novos estilos de vida.

O reconhecimento das empresas da necessidade de proporcionar ao

trabalhador bem estar e satisfação no trabalho significa a humanização deste

ambiente e uma evolução importantíssima nas relações trabalhistas do mundo

globalizado. Neste sentido, Chiavenato (2010, p.487) acrescenta o seguinte

argumento a respeito da necessidade de que as empresas promovam a boa

qualidade de vida do trabalhador.

A satisfação do funcionário pode ser obtida e melhorada através das

iniciativas propostas pela QVT, com significativas vantagens também para as

organizações, tendo em vista que o colaborador satisfeito produz mais e com

melhor qualidade.

Para Dejours (1994, p.29),

2.1 Estresse e organização – influência na QVT

O estresse significa uma reação do corpo humano, que pode ocorrer no

nível físico ou psicológico, causada por situações que extrapolam a capacidade

“O trabalhador não chega ao seu local de trabalho como uma máquina nova. Ele possui uma história pessoal que se caracteriza por certa qualidade de aspirações de seus desejos, de suas motivações, de suas necessidades psicológicas, que integram sua história passada. Isso confere a cada individuo características únicas e pessoais.”

“Para bem atender ao cliente externo, as organizações não deve esquecer o cliente interno. Isto significa que, para satisfazer o cliente externo, as organizações precisam antes satisfazer seus colaboradores responsáveis pelo produto ou serviço oferecido.”

17

e habilidade de enfrentamento do indivíduo. Esta reação significa a adaptação

da pessoa a uma situação nova, gerada pelo estímulo desafiador.

O estresse se destaca entre os males provocados pelas mudanças

verificadas no estilo de vida da maioria das pessoas, que contribuem para que

fiquem mais expostas a doenças ou saúde debilitada.

Infere-se que o estresse surge a partir de situações em que o indivíduo

não está acostumado ou não goste de vivenciar. Em relação ao trabalho, tais

situações estariam relacionadas com as pressões ou transtornos causados

pelo excesso de trabalho ou pelo abuso de poder de superiores hierárquicos

ou, ainda, pela má convivência com colegas de trabalho.

Chiavenato (1999, p. 147) destaca três fontes potenciais de estresse,

que são:

1. Fatores ambientais, como: incerteza econômica, política e tecnológica;

2. Fatores organizacionais: exigências da tarefa, do papel e interpessoais;

estrutura e liderança organizacional; ruído ambiental; segurança e tranquilidade

no trabalho; insatisfação pessoal e o estágio de vida da organização;

3. Fatores individuais: problemas pessoais, familiares, conjugais, legais e

econômicos, além da personalidade do indivíduo.

Diante disso, verifica-se que o estresse causado pelas pressões do

ambiente de trabalho tem potencial para desencadear problemas sérios na

saúde do trabalhador, envolvendo vários setores de sua vida, como o ambiente

de trabalho e a família.

2.1.1 Quando o trabalho gera o estresse

Existe uma nova realidade na sociedade contemporânea: o aumento da

expectativa de vida, o maior tempo no trabalho, a consciência do direito à

saúde, os novos hábitos e estilos de vida e a responsabilidade social. Eles são

exigências de natureza psicossocial e atingem pessoas e instituições, sendo

que os resultados, a curto prazo, podem ser observados através da

manifestação do estresse (LIMONGE-FRANÇA, 2010).

18

O ser humano vive muitas horas do seu dia envolvido com o seu

trabalho, entretanto, o que se discute é a medida essencial do trabalho na sua

vida. Assim como ele é fundamental, ele também pode gerar transtornos

psicológicos ou mentais. O adoecimento no trabalho não está ligado à

dedicação e ao empenho, mas às condições, à organização e à relação com o

trabalho. Problemas relacionados a esses fatos podem elevar a carga mental,

mesmo que o volume de trabalho e o número de horas sejam coerentes com

aqueles recomendados pelas autoridades médicas (SORATTO e PINTO,

2000).

A carga mental faz parte de um trabalho fragmentado, alienado, que não

produz prazer para o trabalhador. É aquele em que o indivíduo não consegue

perceber a sua importância ou o seu lugar nesse trabalho. Não é possível

pensar em carga mental sem levar em consideração como o trabalho está

organizado, dividido e, além disso, entender qual o lugar que cada trabalhador

ocupa no conjunto do processo que resulta num produto final (SORATTO e

PINTO, 2000).

Atualmente, as pessoas vivem de forma a suprir enormes exigências de

atualização, sendo que a implantação de novas tecnologias deveria,

supostamente, diminuir o trabalho e consequentemente, ter-se-ia mais tempo

livre. No caso dos professores, a tecnologia deveria também diminuir as suas

horas de trabalho, eles teriam basicamente que exercer a sua função docente

e, em suas horas de repouso, poderiam encontrar atividades nas quais fariam

valer a sua soberania individual (BRAND, 2009).

No entanto, sobressai-se um desequilíbrio que ocorre entre as

exigências do trabalho e as expectativas pessoais, consoante Zanelli (2010),

conduzindo o trabalhador ao desgaste emocional e físico, sendo que a falta de

motivação pessoal, associada às condições organizacionais, pode provocar a

redução da realização profissional e o estresse.

O termo designado estresse tem origem na física, que o utiliza para

explicar o nível de deformidade que uma estrutura pode suportar quando

submetido a um grande esforço, entretanto, também é adotado em diversas

áreas do conhecimento, com enorme variação em sua denominação

(LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2005).

19

Na perspectiva psicológica, o estudo do estresse, pautado em

alterações da cognição e da afetividade e das reações fisiológicas

desenvolvidas no processo, envolve uma organização complexa de variáveis.

Em virtude dessa compreensão, o que pode ser chamado de produtividade

para a organização, pode ser sentido como excesso de demandas ou pressões

no trabalho para o trabalhador. Dessa forma, o grande desafio para as pessoas

está em como equilibrar as necessidades, as perspectivas e os recursos do

trabalhador com as demandas da organização (ARANTES E VIEIRA, 2002).

Ressalve-se, nesse sentido, que a grande demanda emocional despendida no

trabalho pode ocasionar o esgotamento na capacidade do profissional de se

comprometer e altera a forma como ele responde as necessidades de quem

recebe os seus serviços (MASLACH et al., 2001).

Embora o estresse tenha conceitos diferentes na perspectiva biológica e

psicológica, ambas as definições permitem referir que, na base do estresse, há

sempre certa exigência que demanda do indivíduo um grande esforço para

responder, de forma adequada, as novas situações ou adaptar-se a elas.

Entretanto, nem sempre essa exigência é negativa, há situações positivas que

também desencadeiam o estresse, pois representam modificações no estilo de

vida do sujeito e isso exige a sua adaptação (JESUS, 2007).

Além disso, Dejours (1994) expõe que o sofrimento no trabalho estende-

se além do espaço laboral, na medida em que o sofrimento não se aplica

apenas aos processos desenvolvidos no interior da organização. O sofrimento

é acrescido de processos que se efetivam fora da empresa, no espaço

doméstico e na economia familiar do trabalhador.

2.2 A importânca da qualidade de vida no trabalho (QVT)

Segundo Levering (1986), um bom lugar para se trabalhar possibilita,

entre outras coisas, que as pessoas tenham além do trabalho, outros

compromissos em sua vida, como família, amigos, entre outras atividades. A

importância da Qualidade de Vida no Trabalho é mais do que mera política de

20

redução de custos, pois a mesma possibilita o bom convívio do indivíduo com a

organização em que trabalha. Ter um bom ambiente e benefícios que

satisfaçam seus anseios pode garantir um clima de confiança entre a instituição

e o colaborador. Desta forma, podemos ressaltar a importância dos programas

com estes objetivos e sua eficácia está condicionada com a maneira que a

política de QVT é conduzida junto dos colaboradores.

As razões que justificam a implantação de um programa de qualidade

de vida, no local de trabalho, atendem, simultaneamente tanto aos interesses

do colaborador, como do empregador, principalmente, quando atentamos, que

é no ambiente de trabalho que passamos a maior parte de nossa vida, ou por

meio dele, que realizamos grande parte de nossas aspirações. Silva e Marchi

(1997).

De acordo Chiavenato (2010), existem alguns fatores que compõem a

Qualidade de Vida no Trabalho, como: a satisfação com o trabalho executado,

as possibilidades de futuro na organização, o reconhecimento pelos resultados

alcançados, o salário percebido, os benefícios auferidos, o relacionamento

humano dentro da equipe e da organização, o ambiente psicológico e físico de

trabalho, a liberdade de atuar e responsabilidade de tomar decisões, as

possibilidades de estar engajados e de participar ativamente das ações.

2.3 Expectativa da empresa feliz

A expectativa pessoal dos profissionais é que, se as empresas esperam

qualidade nos produtos e serviços por elas oferecidos, ações de QVT devem

ser incorporadas definitivamente no cotidiano das empresas. Outra expectativa

dos profissionais é de que as empresas, ao conceberem um programa de

qualidade, percebam que o mesmo não será implantado com sucesso se não

houver um efetivo envolvimento e participação dos funcionários atuando com

satisfação e motivação para a realização de suas atividades. Isso é qualidade

de vida no trabalho, que, conseqüentemente, resulta em maior probabilidade

21

de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar, embora sejam esferas

diferentes e nelas se desempenhem papéis diferentes.

O que mais desejamos na vida é felicidade, busca antiga do homem.

Porém, para ser feliz, é necessário ter saúde, satisfação consigo próprio e com

seu trabalho, e tudo isso compreende qualidade de vida. É interessante

avaliarmos o conceito de empresa feliz apresentada por Matos (1996), cujos

valores são muito próximos aos indicadores de QVT: aquela que oferece as

condições motivacionais à plenitude da realização humana, ou seja, um clima

estimulador à participação e à criatividade, canais abertos de comunicação e

expressão, exercício regular da delegação de autoridade e do trabalho em

equipe, incentivos ao desenvolvimento da capacidade de liderança,

reconhecimento ao esforço empreendedor e à obtenção de resultados. Isto é, a

empresa feliz é a empresa bem administrada.

22

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO

3.1 Área e descrição específica da empresa objeto de estudo

A empresa a estudada é uma cooperativa operadora de saúde

suplementar localizada na cidade de Niterói, onde setor a ser analisado será o

de atendimento administrativo. As funções básicas neste setor são:

atendimento ao público, auxílio/ suporte no processo de atendimento, auxiliar /

cooperar no atendimento telefônico prestando informações sobre os serviços

da empresa, levantamento / identificação / esclarecimento de dúvidas dos

clientes, recebimento e direcionamento de clientes, realizar / analisar / atualizar

cadastros de clientes, relacionamento interpessoal através do contato com

clientes internos e externos.

3.1.1 Missão

Promover saúde e qualidade de vida, buscando a satisfação dos clientes,

cooperados, colaboradores e demais parceiros, com sustentabilidade.

3.1.2 Visão

Ser reconhecida como a melhor operadora de saúde da região.

3.1.3 Valores

Ética, transparência, trabalho em equipe, competência e responsabilidade

socioambiental.

23

3.2 Apresentação e análise dos resultados

A amostra utilizada foi referente aos questionários aplicados pelo

Recursos Humanos junto ao exame periódico dos funcionários. Para este

estudo foram ouvidos 30 funcionários da empresa CoopVital. Inicialmente

buscou-se elaborar o perfil dos sujeitos da pesquisa. Neste sentindo, quanto ao

sexo, observou-se que 63,3 são do sexo feminino e 36,7 são do sexo

masculino.

Gráfico 1: Sexo dos respondentes

Feminino

Masculino

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

Segundo os dados contidos no gráfico 1, há uma predominância do sexo

Feminino no contexto pesquisado.

Os dados relativos ao tempo de atuação indicam que existem

colaboradores com bastante tempo na empresa, sendo que os mais antigos

possuem 9 anos de trabalho. Para facilitar a análise, agrupou-se em três

categorias o tempo de empresa dos respondentes.

24

Gráfico 2: Tempo de atuação na empresa

Menos de 1 ano

De 1 a 5 anos

Mais de 6 anos

Elaboração própria.

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados contidos no gráfico 2 revelam que 53,4% dos participantes da

pesquisa estão há menos de um ano na empresa, 26,4% possuem de 1 a 5

anos de serviço e 20,2% estão há mais de 6 anos na empresa pesquisada.

Sobre a satisfação, foi observado que os funcionários com menos de um

ano de trabalho se mostraram mais satisfeitos com seu trabalho.

3.2.1 Compensação justa e adequada

Considera-se que a remuneração adequada se refere àquela que se

apresenta como necessária para que os colaboradores consigam atender suas

necessidades pessoais, correspondentes aos padrões culturais, sociais e

econômicos do meio social onde estão inseridos, contribuindo para o equilíbrio

entre equidade interna e externa.

Neste contexto, foram realizadas as perguntas que seguem

correspondentes a esta categoria:

Q1 – Você considera justo o sistema de remuneração da empresa?

Q2 – Seu salário é condizente com o de seus colegas que exercem a mesma

função que você?

Q3 – Seu salário é equivalente ao de profissionais de outras empresas que

desenvolvem o mesmo trabalho que você?

25

Q4 – Em sua opinião, a empresa trata de forma igual e impessoal a todos os

funcionários?

Gráfico 3: Compensação justa e adequada

0 50 100

Q1

Q2

Q3

Q4

Sim

Não

Elaboração prórpia.

Fonte: Dados da pesquisa.

Na pergunta Q1, 46,6% dos respondentes consideraram justo o sistema

de remuneração, enquanto 53,4% que o sistema em vigor na empresa não é o

mais adequado. Observa-se que a maioria dos colaboradores participantes da

pesquisa mostra-se insatisfeita com a remuneração paga pela empresa

pesquisada, aspecto que pode refletir negativamente na qualidade de vida e no

desempenho do funcionário.

No tocante à pergunta Q2, 50% responderam que sim e 50%

responderam que não, quanto a haver compatibilidade entre os salários de

colaboradores que realizam o mesmo trabalho. Diante disso, percebe-se um

alto índice de insatisfação dos funcionários nesse sentido, sugerindo a

existência de critérios diferenciados para a compensação financeira a

trabalhadores que realizam as mesmas tarefas, o que se configura em injustiça

e prejudica seriamente o ambiente de trabalho e o desempenho daqueles que

são prejudicados.

Segundo os dados contidos no gráfico 4, para responder à pergunta Q3,

50% dos entrevistados informaram que há compatibilidade entre seus salários

e o de profissionais de outras empresas que exercem atividade equivalente e

50% responderam que não concordam com a afirmação. Percebe-se a

existência do mesmo percentual de insatisfação verificado nas respostas à

26

pergunta Q2, podendo- se inferir que grande parcela dos colaboradores da

empresa pesquisada realmente se sentem injustiçados nas questões salariais,

inclusive na comparação com os salários do mercado.

Com referência à equidade interna, as respostas à pergunta Q4 indicam

que

46,6% dos sujeitos se consideram igual e impessoalmente tratados pela

empresa, enquanto 53,4% entendem que o tratamento não é igual e impessoal.

Observa-se que este é um dado preocupante para os recursos humanos da

empresa, tendo em vista que a maioria dos colaboradores demonstra

insatisfação com o tratamento recebido, permitindo inferir que existe tratamento

diferenciado e preferências por determinados colaboradores, o que gera

insatisfação, desmotivação e mal estar no ambiente de trabalho, refletindo na

Qualidade de Vida no Trabalho.

3.2.2 Condições de trabalho

A empresa deve oferecer aos colaboradores um ambiente saudável e

seguro para a execução de seu trabalho, assim como elaborar carga horária

justa, além de estrutura física adequada e evidenciar a preocupação constante

com o bem estar dos colaboradores. Para a categoria “condições de trabalho”

foram realizados os seguintes questionamentos:

Q5 – Você está satisfeito com sua jornada de trabalho?

Q6 – A carga de trabalho que executa é compatível com a sua capacidade

física?

Q7 – O ambiente físico em que desenvolve suas atividades é seguro e

saudável?

27

Gráfico 4: Condições de trabalho

.

0 50 100

Q5

Q6

Q7

Sim

Não

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

Segundo os dados apresentados no gráfico 4, em relação à pergunta Q5

23,3% afirmaram que não estão satisfeitos com a jornada de trabalho diária,

enquanto 76,7% responderam que sim, estão satisfeitos quanto a este quesito.

Registra-se um alto índice de satisfação dos colaboradores em relação à

jornada de trabalho estabelecida pela empresa, tornando-se importante

ressaltar que este aspecto é um dos mais importantes para que o trabalhador

atinja bons níveis de QVT, pois considera os limites da pessoa para a

realização das tarefas.

Para o questionamento Q6, obteve-se que 10% dos respondentes acham

que a carga de trabalho que executam não é compatível com a sua capacidade

física, enquanto 90% consideram devidamente compatível. De forma coerente

com as informações obtidas no questionamento anterior, percebe-se um grau

de satisfação muito alto dos funcionários em relação à carga de trabalho que

desenvolvem diariamente. Este aspecto é relevante porque evidencia a postura

da empresa quanto aos limites dos colaboradores e, consequentemente, com a

QVT.

Em relação à pergunta Q7, o gráfico 4 mostra que 26,7% não

consideram o ambiente físico da empresa como seguro e saudável, ao mesmo

tempo 73,6% responderam que sim quanto a este questionamento. Observa-se

que a grande maioria dos respondentes demonstra satisfação quanto ao

28

ambiente físico da organização, colocando em destaque a preocupação da

empresa quanto a oferecer condições de trabalho adequadas e seguras para

os funcionários.

3.2.3 Oportunidades para uso e desenvolvimento de capacidades

Vislumbra-se a possibilidade dos colaboradores utilizarem seus

conhecimentos e aptidões no ambiente de trabalho. Ela propõe a motivação

das pessoas a atuar efetivamente para o desenvolvimento organizacional,

buscando valorizar sua auto-estima e sua realização como trabalhador e ser

humano.

As questões enfocadas nesta categoria foram:

Q8 – A empresa incentiva a tomada de iniciativa (autonomia) para resolver os

problemas inerentes ao seu posto de trabalho?

Q9 – Você julga o seu trabalho importante para a vida de outras pessoas?

Q10 – Você se identifica com a tarefa que desenvolve na empresa?

Q11 - A empresa estimula a aquisição de outras habilidades além daquelas

que já fazem parte da sua função?

Q12 - A empresa oferece informações necessárias para executar seu trabalho

adequadamente?

Gráfico 5 Oportunidades para uso e desenvolvimento de capacidades

.

0 50 100

Q8

Q9

Q10

Q11

Q12

Sim

Não

Elaboração prórpia

Fonte: Dados da pesquisa.

29

Segundo as informações apresentadas no gráfico 5, relativamente à

pergunta Q8, 53,4% responderam sim, concordando que a empresa incentiva a

tomada de iniciativa para resolver os problemas inerentes ao posto de trabalho,

enquanto 46,60% responderam não, discordando da afirmação. Observa-se

que a maioria dos colaboradores participantes da pesquisa reconhece que a

CoopVital incentiva a tomada de iniciativa dos funcionários, dando-lhe

autonomia para resolver os problemas relativos ao seu posto de trabalho. Este

aspecto contribui para que estes apliquem no cotidiano seus conhecimentos e

aptidões profissionais. O fato de

46,6% responderem negativamente à questão sinaliza para o fato de que a

empresa deve reforçar a prática de conceder autonomia aos colaboradores,

inclusive como forma de estimular o seu desenvolvimento profissional e a

satisfação no ambiente de trabalho.

A pergunta Q9 obteve resposta “sim” por parte de todos os

respondentes, revelando que estes têm consciência da importância de seu

trabalho para a comunidade, pois contribui para o seu funcionamento e

desenvolvimento.

No questionamento Q10 observou-se que 86,6% dos sujeitos da

pesquisa se identificam com a tarefa que desenvolvem na empresa. 13,4%

responderam “não” para a referida pergunta. A partir destes dados, pode-se

considerar que a organização em estudo leva em conta as aptidões de seus

funcionários no momento de designar suas atribuições. Dessa forma, além de

valorizar os recursos humanos, a empresa contribui para cada colaborador

obtenha o melhor desempenho possível, pois é sabido que a qualidade do

trabalho será muito maior se houver afinidade entre a tarefa a ser desenvolvida

e as aptidões da pessoa que a executa.

Quanto à pergunta Q11, segundo o gráfico 5, 43,3% dos funcionários

responderam “sim” e 56,7% responderam “não”. Percebe-se que, embora a

maioria discorde quanto ao aspecto de a empresa estimular a aquisição de

outras habilidades além daquelas que já fazem parte do dia-a-dia do

colaborador, o percentual de 43,3% de concordância sugere que a prática

existe na empresa, talvez não na quantidade ou intensidade necessárias, mas

atingindo uma parcela significativa de funcionários, requerendo práticas mais

30

abrangentes por parte da direção da empresa para ampliar o grau de

satisfação quanto a este aspecto.

A pergunta Q12 referiu-se ao fornecimento de informações pela empresa

necessárias para a execução do trabalho adequadamente. A esse respeito, em

conformidade com o gráfico 5, do total de entrevistados, 86,6% responderam

positivamente e 13,4% negativamente. Levando-se em conta o alto percentual

de concordância, percebe-se que o fluxo de informações na empresa ocorre de

forma a contribuir para o bom andamento dos serviços e para o melhor

desempenho de cada colaborador.

3.2.4 Oportunidades de crescimento e segurança

Esta categoria tem por objetivo avaliar as oportunidades que a

organização oferece para o desenvolvimento de seus colaboradores e para a

estabilidade no emprego. Leva em conta também o significado de uma carreira

em que o trabalhado tenha sua capacidade valorizada e reconhecida, como

forma de obter o desenvolvimento pessoal e profissional, além da segurança

advinda da permanência no emprego.

As questões consideradas foram as seguintes:

Q13 – A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional,

considerando o desempenho apresentado pelo funcionário?

Q14 – A empresa dá oportunidade de aplicar todos os seus conhecimentos no

ambiente organizacional?

Q15 – Você se sente seguro em seu emprego, considerando o tratamento

dispensado pela empresa?

31

Gráfico 6 – Oportunidades de crescimento e segurança

.

0 50 100

Q13

Q14

Q15

Sim

Não

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

Considerando as informações contidas no gráfico 6, as respostas dadas

para a pergunta Q13 mostram que 56,7% consideram que a empresa oferece

oportunidades de crescimento profissional, de acordo com o desempenho

apresentado pelo colaborador e 43,3% discordam da afirmação. Observa-se

que mais da metade dos colaboradores da empresa CoopVital demonstram

satisfação quanto às oportunidades de crescimento profissional na empresa.

Trata-se de um aspecto altamente positivo para o trabalhador e para sua QVT.

Entretanto, considera-se alto o índice de discordância apresentado (43,35),

permitindo supor que os critérios adotados pela organização nesse sentido não

abrangem todos os seus funcionários, requerendo ações claras da direção da

empresa no sentido de corrigir o desvio observado.

Para a pergunta Q14, em relação às oportunidades que a empresa dá

para a aplicação de todos os conhecimentos no ambiente organizacional,

66,6% dos respondentes afirmaram que “sim” e 33,4% responderam que “não”.

Diante das respostas obtidas, percebe-se que é notória a prática da empresa

no sentido de dar oportunidade aos funcionários para aplicarem todos os seus

conhecimentos na empresa, sendo importante ressaltar que este procedimento

contribui para a valorização e satisfação do funcionário no ambiente de

trabalho, com reflexos positivos na QVT.

Em relação à segurança no emprego, questionada por meio da pergunta

Q15, obteve-se que 60% responderam que se sentem seguros e 40%

32

responderam que não se sentem seguros. Percebe-se um alto índice de

insegurança por parte dos funcionários da empresa pesquisada, permitindo

supor que as políticas de recursos humanos praticadas não passam a devida

segurança para uma significativa parcela (40%) dessas pessoas. Ressalta-se

que a segurança para o colaborador é proveniente de um conjunto de fatores

que não se limita apenas às condições de trabalho ou às oportunidades

oferecidas, mas também ao tratamento global que dado a este em seu

cotidiano de trabalho.

3.2.5 Integração social na organização

Esta categoria objetiva medir o grau de integração social e o clima

existente na organização. Os níveis satisfatórios de integração social podem

ser atingidos por meio de um bom relacionamento interpessoal na

organização, sentimento de comunidade, ausência de preconceitos, apoio e

respeito mútuo entre seus integrantes. Para avaliação do presente critério

foram utilizadas as seguintes questões para esta categoria:

Q16 – Existe igualdade de oferta de oportunidade aos funcionários por parte da

empresa?

Q17 – Como você considera seu relacionamento com seus colegas de

trabalho?

Q18 – Como você classifica o nível de companheirismo entre os colegas de

trabalho dentro e fora da organização?

Segundo o gráfico 7, para a pergunta Q16, que trata da igualdade na

oferta de oportunidades aos funcionários da CoopVital, observa-se que 26,7%

concordam com os critérios adotados pela empresa neste aspecto, enquanto

73,3% manifestam discordância.

33

Gráfico 7 : Integração social na organização – Igualdade de oportunidades

0

20

40

60

80

100

120

Q16

Não

Sim

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

Esse indicador referente a equidade de oportunidades trata-se de um

fator importante a ser observado, tendo em vista que o índice de discordância

apresentado é muito alto, em função da importância que se reveste a

igualdade em qualquer contexto social e principalmente no âmbito do trabalho.

A prática da justiça na oferta de oportunidades profissionais torna-se

extremamente importante porque contribui para melhorar o desempenho dos

que são justamente reconhecidos, inexistindo tensões e revoltas, promovendo

um ambiente de trabalho saudável e melhorando a imagem da empresa

perante a sociedade. Diante das respostas obtidas, considera-se que as

práticas da empresa pesquisada devem ser revistas nesse sentido.

De acordo com os dados contidos no gráfico 8, para a pergunta Q17, que

questionou como os funcionários da CoopVital consideram seu relacionamento

com os colegas de trabalho, obteve-se que 3,3% afirmaram que é péssimo,

3,3% ruim, 23,3% razoável, 38,7% consideram bom e 33,7% afirmam ser

ótimo.

34

Gráfico 8: Integração social na organização – relacionamento interpessoal

0

10

20

30

40

50

60

70

Ruim Razoável Bom Ótimo

Elaboração própria.

Fonte: Dados da pesquisa.

A natureza das relações interpessoais é fundamental para medir o grau

de identidade do trabalhador com a empresa e seu nível de satisfação

quanto à qualidade de vida. Na empresa pesquisada, observa-se que o

relacionamento entre os colaboradores é muito positivo, sendo este um fator

importantíssimo para a QVT.

Ainda nesse contexto tem-se o gráfico 8 que segue:

Gráfico 9: Integração social na organização – companheirismo

0

10

20

30

40

50

60

70

Ruim Razoável Bom Ótimo

Elaboração própria.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação ao nível de companheirismo entre os colegas de trabalho,

questionado através da pergunta Q18, obtiveram-se as seguintes

respostas: 3,3% dos sujeitos da pesquisa responderam que é ruim, 20%

considera razoável, 60% acham que é bom e 16,7% afirmam ser ótimo. Neste

caso, reafirma-se o comentário da questão anterior, no sentido de que o

35

companheirismo faz parte do relacionamento interpessoal, podendo ser

considerado bom na organização pesquisada, favorecendo os níveis de QVT.

3.2.6 Constitucionalismo na organização

A presente categoria visa avaliar o grau com que a organização respeita

os direitos do empregado. Existe a necessidade de princípios que tornem

claros os direitos e deveres dos trabalhadores, conduzindo suas ações e

permitindo que se previnam contra atitudes arbitrárias por parte dos gestores.

Para a coleta de dados relativa a esta categoria foram utilizadas as questões a

seguir:

Q19 – A empresa reconhece e cumpre os direitos trabalhistas dos

funcionários?

Q20 – A empresa assegura a privacidade do trabalhador dentro e fora da

organização?

Q21 – A empresa permite ao funcionário se expressar livremente,

manifestando seu pensamento sobre os assuntos inerentes ao ambiente de

trabalho?

Q22 – Você julga seu trabalho monótono e rotineiro?

36

Gráfico 10: Constitucionalismo na organização

0

20

40

60

80

100

Q19 Q20 Q21 Q22

Sim

Não

Elaboração própria.

Fonte: Dados da pesquisa.

O gráfico 10 mostra, em relação à pergunta Q19, que a totalidade

dos respondentes considera que a empresa reconhece e cumpre os legais

em relação a seus funcionários e isto desperta a confiança e transmite

segurança aos mesmos direitos trabalhistas dos funcionários. Trata-se de

um fator relevante para a QVT, pois reflete a preocupação da empresa em

cumprir todas as determinações

Quanto à pergunta Q20, o gráfico10 mostra que 86,6% responderam

“sim” e 13,4% responderam “não” para o questionamento que trata da

privacidade do trabalhador dentro e fora da organização. Neste contexto,

observa -se que o percentual de concordância é significativo, revelando a

convicção dos colaboradores da CoopVital quanto ao respeito que esta

demonstra por sua privacidade dentro e fora da empresa. Esta constatação

contribui para o bem estar do funcionário e para sua lealdade à organização,

refletindo positivamente na QVT.

A pergunta Q21 questionou os respondentes se a empresa permite ao

funcionário se expressar livremente, manifestando seu pensamento sobre

os assuntos inerentes ao ambiente de trabalho. O gráfico 10 mostra que

43,3% responderam sim e 56,7% afirmaram que não. No contexto da

CoopVital percebe-se que a maioria dos colaboradores afirma não ter liberdade

para se manifestar sobre os assuntos do trabalho, revelando um dado

preocupante, pois, no âmbito organizacional, a falta de liberdade de

manifestação de opinião gera revolta no funcionário, interferindo em seu

37

desempenho e bem estar, sugerindo a existência de procedimentos arbitrários

e autoritários no ambiente de trabalho, o que prejudica seriamente a QVT em

qualquer organização.

O gráfico 10 mostra que as respostas dadas para a pergunta Q22

informam que 40% dos sujeitos da pesquisa consideram seu trabalho

rotineiro e monótono, enquanto 60% acham que não. Quanto aos 40%

que consideram o trabalho monótono, entende-se que este fato é

decorrente da natureza da tarefa que o colaborador desempenha, uma

tarefa repetitiva e não há como ser diferente e, por isso, não interfere na QVT

do funcionário.

3.2.7 Trabalho e espaço total de vida

A respeito desta categoria, entende-se que o trabalho não deve

ocupar todo o espaço da vida de uma pessoa e, para tanto, o equilíbrio entre

ambas as partes em que uma não prejudique a outra. Para o estudo desta

categoria foi estabelecida a questão a seguir descrita:

Q23 – Diante dos horários estabelecidos e demais exigências do trabalho, é

possível manter o equilíbrio com a sua vida pessoal?

Gráfico 11: Trabalho e espaço total de vida

.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Q23

Sim

Não

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados apresentados no gráfico 11 revelam que 76,7% dos

respondentes afirmam que é possível manter o equilíbrio entre a vida pessoal e

38

as responsabilidades do trabalho, enquanto 23,3% responderam que não é

possível atingir esse equilíbrio. Observa-se que o percentual correspondente

aos que responderam afirmativamente é bastante significativo e pode

representar o reflexo das ações da empresa no sentido de respeitar os

limites dos colaboradores.

3.2.8 A relevância social do trabalho

Esta categoria tem como objetivo avaliar a percepção dos

trabalhadores quanto à responsabilidade social da organização,

relacionamento com os empregados, ética e qualidade de seus produtos e

serviços. Assim, com intuito de avaliar a presente categoria foram

elaboradas quatro questões de estudo cada uma delas referente a um

indicador distinto, conforme se observa a seguir:

Q24 – Você sente orgulho perante a sociedade por trabalhar na organização?

Q25 – A empresa investe em responsabilidade social apoiando iniciativas

de projetos comunitários?

Q26 – Como você avalia a imagem da empresa perante os funcionários?

Q27 – Como você avalia a imagem dos serviços oferecidos pela empresa

perante a sociedade?

O gráfico 12 apresenta os dados relativos às questões Q24 e Q25. Para

a pergunta Q24 observa-se que 90% dos respondentes afirmar sentir

orgulho por trabalhar na empresa CoopVital, enquanto que uma minoria de

10% responderam que não.

39

Gráfico 12: A relevância social do trabalho

0

20

40

60

80

100

Q24 Q25

Sim

Não

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

O fato de que quase a totalidade dos funcionários sentirem orgulho por

trabalhar na empresa deve ser destacado, tendo em vista ser um

aspecto que revela a satisfação do colaborador com o seu trabalho e com a

organização que o emprega.

Para a pergunta Q25, que trata da responsabilidade social da

empresa, observou-se que 83,3% dos respondentes possuem conhecimento

de iniciativas de apoio a projetos sociais desenvolvidos pela empresa, contra

16,7% que negaram a existência ou conhecimento de qualquer iniciativa.

Pelas respostas, observa-se que os colaboradores reconhecem a atuação

da empresa quanto à responsabilidade social e o apoio a projetos

comunitários. Este aspecto revela a preocupação da organização em dar sua

contribuição para a preservação do meio ambiente, assim como para a

realização de benefícios para a população.

O gráfico 13 apresenta dados relativos à imagem da empresa

perante seus colaboradores. Na pergunta Q26, tem-se um percentual de

26,7% de respondentes que afirmaram ser razoável a imagem da

empresa, 56,7% a consideram boa e 16,6% classificam como ótima.

40

Gráfico 13: A relevância social do trabalho – imagem da empresa

0

10

20

30

40

50

60

Razoável Bom Ótimo

Q26

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se que, para a maioria dos sujeitos da pesquisa, a imagem

da empresa é positiva, mostrando que há uma aceitação geral por parte

dos funcionários em relação à organização. Este aspecto favorece a

implementação de planos e projetos pela empresa.

Já com relação a imagem dos serviços, avaliada pela pergunta Q27

descrita no gráfico 14, obteve-se os seguintes resultados: 6,7%

consideram razoável a imagem dos serviços oferecidos pela empresa

perante a sociedade, 16,7% acham que é boa e 76,6% classificam como

ótima.

Gráfico 14: A relevância social do trabalho – imagem dos serviços

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Razoável Bom Ótimo

Q27

Elaboração própria

Fonte: Dados da pesquisa.

41

Assim, na visão dos colaboradores da organização pesquisada, a

mesma atua no mercado com seriedade e responsabilidade, por meio da

oferta de serviços de boa qualidade. A constatação permite ressaltar também

que a CoopVital conta a com a adesão de seu quadro de pessoal em relação à

postura que a mesma apresenta para a sociedade.

42

CONCLUSÃO

A qualidade de vida no trabalho adquire uma importância crescente no

contexto da gestão de pessoas nas empresas, constituindo-se em um fator

relevante para a melhoria da produtividade, da competitividade e da

modernização da gestão de pessoas. A melhoria das condições de trabalho

representa um dos principais objetivos da QVT e pode contribuir para que a

empresa pesquisada atinja seus objetivos.

A pesquisa realizada na empresa CoopVital, localizada em Niterói/RJ,

permitiu constatar que a maioria dos colaboradores participantes da

pesquisa mostram-se insatisfeitos com o sistema de remuneração adotado

pela empresa, aspecto que pode refletir negativamente na qualidade de

vida e no desempenho do funcionário.

Por tanto, após a análise dos dados, é possível afirmar que os níveis

de qualidade de vida no trabalho na empresa pesquisada são bem aceitos

pelos colaboradores, havendo necessidade de melhorias no sentido de

adequar o sistema de remuneração.

43

BIBLIOGRAFIA

CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas

organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

DEJOURS, C. A. Loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho.

São Paulo: Cortez, 1996.

LACOMBE, Francisco José Massel. Recursos humanos: princípios e

tendências/ Francisco Lacombe. São Paulo : Saraiva, 2005.

LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Qualidade de Vida no Trabalho: conceitos,

abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista brasileira

de Medicina Psicossomática. Rio de Janeiro, vol. 1, 1997.

LIMONGI-FRANÇA, A. C.; ARELLANO, E. B. Qualidade de vida no trabalho. In:

FLEURY, M. T. L. (org). As pessoas na organização. São Paulo: Editora Gente,

2002.

MATOS, Francisco G. Empresa feliz. São Paulo: Makron Books, 1996

McGREGOR, D. O Lado Humano da Empresa. São Paulo: Martins Fontes,

1999.

RODRIGUES, Marcus Vinicius. Qualidade de vida no trabalho: evolução e

análise

no nível gerencial. 12.ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 LISTA DE GRÁFICOS 07 LISTA DE ABREVIATURA 08 SUMÁRIO 09 INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

O trabalho e a qualidade de vida 11

1.1 Concepção evolutiva 12

1.1.1 Aspectos históricos da Qualidade de Vida no Trabalho 14

CAPÍTULO II

Qualidade de vida no trabalho: conceitos e perspectivas 16

2.1 Estresse e organização – influência na QVT 16

2.1.1 Quando o trabalho gera o estresse 17

2.2 A importânca da qualidade de vida no trabalho (QVT) 19

2.3 Expectativa da empresa feliz 20

CAPÍTULO III

Estudo de caso 22

3.1 Área e descrição específica da empresa objeto de estudo 22 3.1.1 Missão 22

3.1.2 Visão 22

3.1.3 Valores 22

3.2 Apresentação e análise dos resultados 23

45

3.2.1 Compensação justa e adequada 24

3.2.2 Condições de trabalho 26

3.2.3 Oportunidades para uso e desenvolvimento de capacidades 28

3.2.4 Oportunidades de crescimento e segurança 30

3.2.5 Integração social na organização 32

3.2.6 Constitucionalismo na organização 35

3.2.7 Trabalho e espaço total de vida 37

3.2.8 A relevância social do trabalho 38

CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 43