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JORNAL DO NOVEMBRO 2004 ANO XIX Nº 642 SEG 8 TER 9 QUA 10 QUI 11 SEX 12 SÁB 13 DOM 14 sintufrj.org.br [email protected] PL no Congresso Fasubra intensifica trabalho no Congresso para acelerar a aprovação do projeto de lei antes do fim do ano. Página 2 Contra o preconceito Militante do movimento negro diz que ações afirmativas põem democracia racial à prova. Veja, ainda, a programação organizada pelo SINDICATO para marcar o dia da Consciência Negra. Página 2 e Última Página Reforma sindical só em 2005 Agenda apertada no Congresso Nacional, 2º turno das eleições municipais, necessidade de articulação política empurram votação da reforma para o próximo ano. Página 9 Nesc sem dinheiro Página 11 Edione deixa Letras Edione Trindade de Azevedo não é mais a diretora da Faculdade de Letras. Pediu aposentadoria. A congregação da unidade indicou na sexta-feira a professora Maria Cecília Magalhães para substituí-la interinamente. Indicação será submetida ao reitor. Página 2 Superexploração no HU Cerca de 180 trabalhadores da cooperativa CoopJovemMaré – que serve ao Hospital Universitário com trabalho de limpeza – foram demitidos sumariamente na quinta-feira. Eles trabalhavam em regime de exploração absoluta, num esquema em que direitos mínimos são ignorados. Páginas 6, 7 e 8 PAISAGEM INCOMUM. Trabalhadores da cooperativa que presta serviço de limpeza ao Hospital Universitário ocupa- ram a ante-sala do salão do Conselho Universitário. Foram denunciar às autoridades da UFRJ a demissão em massa e as condições de trabalho a que são submetidos

Edione Trindade de Azevedo não é mais a diretora da da unidade … · 2019. 7. 21. · JORNAL DO NOVEMBRO 2004 ANO XIX Nº 642 SEG 8 TER 9 QUA 10 QUI 11 SEX 12 SÁB 13 DOM 14 sintufrj.org.br

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JORNAL DO

NOVEMBRO 2004 ANO XIX Nº 642 SEG 8 TER 9 QUA 10 QUI 11 SEX 12 SÁB 13 DOM 14 sintufrj.org.br [email protected]

PL no CongressoFasubra intensifica trabalho no Congresso para acelerar a aprovação do projeto de lei antes do fim do ano. Página 2

Contra o preconceitoMilitante do movimento negro diz que ações afirmativas põem democracia racial à prova. Veja, ainda, a programação organizada pelo SINDICATO para

marcar o dia da Consciência Negra. Página 2 e Última Página

Reforma sindical só em 2005Agenda apertada no Congresso Nacional, 2º turno das eleições municipais, necessidade de articulação política empurram votação da reforma para o

próximo ano. Página 9

Nesc sem dinheiroPágina 11

Edione deixa LetrasEdione Trindade de Azevedo não é mais a diretora da

Faculdade de Letras. Pediu aposentadoria. A congregaçãoda unidade indicou na sexta-feira a professora Maria CecíliaMagalhães para substituí-la interinamente. Indicação serásubmetida ao reitor. Página 2

Superexploração

no HUCerca de 180

trabalhadores da

cooperativa

CoopJovemMaré – que

serve ao Hospital

Universitário com

trabalho de limpeza –

foram demitidos

sumariamente na

quinta-feira. Eles

trabalhavam em regime

de exploração absoluta,

num esquema em que

direitos mínimos são

ignorados. Páginas 6, 7 e 8

PAISAGEM INCOMUM. Trabalhadores da cooperativa que

presta serviço de limpeza ao Hospital Universitário ocupa-

ram a ante-sala do salão do Conselho Universitário. Foram

denunciar às autoridades da UFRJ a demissão em massa

e as condições de trabalho a que são submetidos

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JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Antonio Gutemberg Alves do Traco, Neuza Luzia e Gerusa Rodrigues / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana deAngelis, Lili Amaral e Regina Rocha. Estagiárias: Leticia Baumann e Elisa Monteiro / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto / Diagramação: Luís Fernando Coutoe Caio Souto / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Niko/ Revisão: Roberto Azul / Assistente de produção: Jamil Malafaia / Secretária: Kátia Barbieri/ Tiragem:11 mil exemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aos cuidadosda Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels: 2560-8615/2590-7209 ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJ

Cx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

Doispontos

Igualdade racialSINTUFRJ realiza

evento que

marca o Dia

Nacional da

Consciência

Negra

O SINTUFRJ, através do GT Anti-Racismo, convida todos a participa-rem da discussão sobre a implan-tação de políticas de ações afir-mativas. Com o objetivo de di-fundir o tema com a serieda-de que merece – pois o Brasilprecisa corrigir a imensa desi-gualdade social existente entre negros e não-negros –, o SINDICATO apresenta a progra-mação do evento “Ações Afirmativas”, dia 18de novembro, das 10h às 19h, no auditório doCentro de Tecnologia, com que vai marcar apassagem do Dia Nacional da ConsciênciaNegra (20 de novembro). A luta do Quilombodos Palmares, que imor-talizou o líder negroZumbi, hoje traduz aluta de todo o movi-mento negro por repa-rações.

A partir das10h – Exposições diversas – Agendas, bijuterias, objetos dedecoração, bolsas, roupas, quadros.13 às 13h30 – Mesa de AberturaSINTUFRJ, Secretaria de Combate ao Racismo da CUT, Fasubra,Reitoria, Conei, Adufrj.13h30 às 14h – Exibição de um curta sobre a luta do Movimento NegroBrasileiro14 às 16h30 – Debate: Ações Afirmativas: Promoção de Políticas deIgualdade RacialCONVIDADOS:Profº Hélio Santos – Universidade São MarcosHaroldo Antônio da Silva – Movimento Negro UnificadoIsabel Cristina Baltazar – Diretora da CUT/RJToninho Alves – Direção Nacional da Fasubra16h30 – Desfile de trajes típicos da África17h – Apresentação do Jongo da Dona Su e crianças do Ação eCidadania18h – Apresentação do Grupo de Cultura Popular “pé de chinelo”19h – Encerramento e entrega da premiação do Torneio Zumbi dosPalmares

FUTEBOL DOS SERVIDORES

Torneio Horácio Macedo

JOGOCLA x Vila Residencial

Coppe x 2AVila Residencial x CLA

2A x Coppe

DIA18/1119/1126/113/12

HORA16h16h16h16h

LOCALCampo da PrefeituraCampo da PrefeituraCampo da PrefeituraCampo da Prefeitura

jogo de idajogo de ida

jogo de voltajogo de volta

tabela com os jogos das semifinais

CLACOPPE

PREFEITURANCECLA

COPPEPV

NCECLA

COPPEHU

REITORIACLA

COPPECTZÃO

CCSPREFEITURA

Jogos realizados

5x07x02x11x24x13x22x21x01x01x04x20x93x0

11x20x31x22x1

HUREITORIA

PVVILA

CTZÃOCCSHU

REITORIAPREFEITURA

VILACTZÃO

CCSPV

NCEPREFEITURA

VILAHU

Democracia e BarbárieNo jornal do SINTUFRJ de número 639 da semana de 18 a 24 de outubro de 2004 em

sua página 5, o SINTUFRJ convoca uma reunião de funcionários da Escola de Música cujapauta seria a insatisfação de alguns com a representação dos funcionários junto àcongregação. A surpreendente proposta de eleição de novos representantes, sem aten-tar que os representantes atuais estão eleitos para dois anos de mandato (mais de umano já cumprido) conforme praxe e também ainda conforme o Estatuto do SINTUFRJ, éfato grave.

Vale lembrar que esse mandato só foi questionado depois que um membro dadiretoria do SINTUFRJ foi colocado à disposição da PR4 pela Diretoria da Unidade, e que,em nenhum momento esta representação se negou a interceder a favor do referidocolega, ficando ainda mais evidente o total absurdo do questionamento de mandato dosrepresentantes, que não têm poder para dispor nem de deixar de dispor de ninguém.

Causa espécie que um órgão que tem como objetivo a representação sindical dosfuncionários venha envolver-se em questões funcionais particulares de membro dasua diretoria. Mais grave ainda em seu número 640 (de 25 a 31 de outubro) na folha 6, oórgão de comunicação do SINTUFRJ lança-se com inverdades contra o representanteque assina esta carta e que jamais alegou dificuldade em divergir de ninguém (fatonotório na unidade), mesmo que tenha amizade pessoal e sem foi eleito após a partici-pação na campanha vitoriosa da atual Diretoria, eleita com voto paritário.

Vale lembrar que o SINTUFRJ, com tal atitude, volta-se contra a representação queconquistou a presença de técnicos músicos nas bancas dos últimos concursos para acontratação de colegas, fato inédito na Escola de Música. Representação que votoualgumas vezes contra propostas da diretoria, caracterizando independência, mas ja-mais deixou de apoiar as questões de interesse e relevo para a Unidade, mantendoassiduidade integral.

Impressiona a intervenção do SINTUFRJ na discussão interna de funcionários,defendendo uns poucos que perderam privilégios concedidos na gestão anterior, proce-dimentos retirados pela atual Direção por estar em desacordo com a política de gestãoda Reitoria e do Governo Federal.

Acompanha-se também de companheiros (bem poucos) que confessadamente fura-ram nossa última Greve apesar de terem se comprometido a participar. É simplesmentetriste que neste quadrante da história estejamos a assistir a isso, uma pequena políticade barganha às custas do bom senso mais comezinho.

Que alguns colegas tenham suas diferenças e divergências e queiram manifestar,é inteiramente legítimo, que outros menos experientes se deixem levar e queiram arenúncia de seus colegas, mesmo não sendo elegante, é compreensível.

Entretanto, usando o sindicato, quer caçar na marra o mandato legítimo dos repre-sentantes eleitos, sem a apresentação de qualquer fato justificável é GOLPE, atentacontra o estado de direito democrático que tanto lutamos para construir, e joga sobre nósuma sombra de casuismo ditatoriais. Eduardo Camenietzki – Músico

CARTAS

Programação

NOTA DA DIRETORIA - A direção do SINTUFRJ foi chamadapelos funcionários da Escola de Música depois de 4 (quatro) funcioná-rios serem colocados à disposição, entre eles um dirigente do SINDI-CATO. A decisão de novas eleições para representação dos técnicos-administrativos na congregação se deu em outra reunião do conjuntode funcionários, sem a presença da direção da entidade. Por fim, adiretoria do SINDICATO esclarece que a eleição para representaçãodos técnicos-administravos nas congregações não se dá sob as regrasdo Estatuto do SINDICATO. Se assim fosse, teríamos uma representa-ção paritária.

Cartas só serão publicadas com o máximo de 500 caracteres e com identificação.

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O projeto de lei que cria acarreira dos trabalhadoresdas universidades e escolastécnicas federais (PL 4.177/04) foi encaminhado para aComissão de Trabalho, Ad-ministração e Serviço Públi-co da Câmara dos Deputados.O relator do PL nesta comis-são é o deputado TarcísioZimmerman (PT-RS). Comojá antecipamos, a tramitaçãodesse projeto é em regime deprioridade, e o deputado – emreunião com a Comissão Na-cional de Acompanhamentoda Tramitação do PL, dia 3 denovembro – se comprome-teu a fazer o máximo possí-vel para que o projeto trami-te rapidamente na comissão.

A alternativa encontradapara que o projeto não fosseprejudicado pelo trancamen-to da pauta do Congresso – hámais de três meses que não se

PLANO CARREIRA

rios), segue para a mesa dire-tora, que fará a publicação doprojeto no Diário da Câmara.Não havendo recursos, o pro-jeto segue para o Senado.

A comissão de acompa-nhamento está adiantando

com os integrantesdas demais comis-sões para que até ofim de novembro oprocesso se concre-tize na Câmara. E in-dependente da apro-vação, a Fasubratambém está se an-tecipando para a suaregulamen. A comis-são antecipou, inclu-sive, que já existe

uma indicaçãopara o relator daComissão de Fi-

nanças, que seria odeputado Paulo Ru-

bens Santiago (PT-PE).

Edione Trindade de Aze-vedo não é mais a diretora daFaculdade de Letras. Pressio-nada pelos recentes aconte-cimentos na faculdade, a pro-fessora acelerou seu proces-so de aposentadoria, que saiuno dia 3 de novembro. A con-gregação da Faculdade indi-cou a professora Maria Cecí-lia Magalhães Mollica paraassumir interinamente o pos-to. O nome será submetidoao Reitor.

A mais recente confusãona Faculdade aconteceu du-rante o processo eleitoralpara o Centro Acadêmico daunidade. A chapa que concor-ria à reeleição (Chapa 1) ten-tou impedir que a chapa ven-cedora (Chapa 4) tomasseposse, o que acirrou os âni-mos entre os estudantes.Apoiados pela maioria dosalunos, a chapa vencedoratomou posse do Centro Aca-

FACULDADE DE LETRAS

Esforço concentradoFasubra intensifica trabalho no Congresso para acelerar aprovação do projeto de lei antes do fim do ano

Diretora joga a toalha

E na Comissão de Constitui-ção e Justiça a proposta seriao nome da deputada FátimaBezerra (PT-RN), a mesma re-latora da Comissão de Edu-cação e que se comprometeua fazer todos os esforços paraa aprovação do projeto nesteano.

Já no Senado a Fasubraprocura articular com os par-lamentares a criação de umacomissão especial no próprioplenário para avaliação doprojeto e votação. Isso elimi-na o trâmite nas quatro comis-sões que o PL deveria passarno Senado. Integrantes daComissão de Acompanha-mento acreditam que, se nãohouver nenhuma loucura porparte de algum parlamentar, afim de criar problemas para atramitação do projeto, ele pos-sa ser aprovado ainda até ofinal deste ano.

dêmico no grito. Durantetodo o processo eleitoral, osestudantes da Chapa 4 de-nunciaram que estavam so-frendo ameaças e até agres-sões. Alguns alunos chega-ram a fazer Boletim de Ocor-rência na 37ª Delegacia dePolícia.

As denúncias dos alunoslevaram o reitor a divulgar ummemorando durante o Consu-ni do dia 14 de outubro deter-minando a instauração de sin-dicância para apurar os fatos.No documento, Aloísio Teixei-ra pediu esclarecimentos deEdione sobre “as cenas de vio-lência pública” ocorridas na fa-culdade e sobre as denúnciasde que a diretora estaria en-volvida no caso.

Além dessas acusações, osalunos denunciaram possí-veis irregularidades nas con-tas da faculdade e a disposi-ção de cobrar explicações

vota matéria relevante por con-ta da obstrução do PFL e doPSDB - foi a mais acertada. Acomissão está trabalhandodobrado para a aprovaçãoda carreira ainda esta é aavaliação da Comissão deAcompanhamento consti-tuída pela Fasubra. A vo-tação na Comissão de Edu-cação – por unanimidadee em tempo recorde - foiuma grande vitória domovimento, facilitando oandamento do projeto edemonstra a possibilida-de de que todo o processocaminhe para um desfecho fa-vorável até dezembro.

INDICAÇÕES - O proje-to da carreira nãoestá preso àvotação nop l e n á r i oda Câma-ra. Sendo

GOTA D'ÁGUA. Eleições tumultuadas na Letras degastou ainda mais Edione

aprovado nas comissões deTrabalho, Administração eServiço Público; Finanças eTributação e Constituição e

Justiça (através de consen-so e sem recursos contrá-

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UNIVERSIDADE

Cerca de R$ 11 milhões dadívida da UFRJ com o INSS –ou seja, quase um terço dopassivo de R$ 32 milhões –referem-se ao que deixou deser descontado de janeiro de1995 a fevereiro de 2003 sópara os NES – cargos de natu-reza especial, em que se in-cluem 268 pessoas, a maio-ria lotada nas unidades hos-pitalares. Desde 1995, elesrecebem através de folha depagamento, pelo sistema SIA-PE (Sistema Integrado de Ad-ministração de Recursos Hu-manos do Ministério do Pla-nejamento), mas o ministé-rio não prevê uma rotina nafolha para desconto de seuINSS. Para saldar esta dívida,o reitor Aloísio Teixeira re-solveu apelar por ajuda dogoverno, com apoio do MEC.

O recurso através do quala UFRJ pede a revisão do to-tal da dívida de R$ 32 mi-lhões para com o INSS, aindaestá em análise. Segundo cál-culos da equipe da SG-6, estadívida pode ser reduzida àmetade. Ela foi gerada pelafalta de recolhimento da pre-vidência de trabalhadoresautônomos, contratos indivi-duais, médicos residentes,professores substitutos e ou-tros – entre 1995 e 2003. AUFRJ depende disso para tor-nar a primeira parcela “pagá-vel” dentro de suas posses, ecom isso liberar a certidãonegativa de débito. Só com acertidão, há dois meses sus-pensa, a universidade podeprosseguir com os convêniosque possibilitam os recursosnecessários para sua manu-tenção no dia-a-dia.

O SINTUFRJ, com a Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), fezdiversas gestões junto ao go-verno para regularizar o vín-culo deste contingente. A PR-4 enviou o processo com osnomes e dados de cada umdos trabalhadores e decisõesjudiciais favoráveis, buscan-

A dívida do INSSUFRJ não descontou para os NES entre janeiro de 1995 e fevereiro de 2003

do a regularização funcional.Mas o processo ainda trami-ta no Ministério do Planeja-mento.

O Planejamento, que nãopretendia a formalização dovínculo, resiste em criar a ro-tina para o desconto previ-denciário na folha. Mas oINSS não quer saber, e cobracom juros a dívida de quase10 anos. O impasse esdrúxu-lo, além de pôr a UFRJ nasituação vexatória de se verpublicamente atrás de di-nheiro para recuperar suacertidão, prejudica os traba-lhadores que sequer podemcontar com a certeza de umfuturo amparado pela apo-sentadoria.

A farmacêutica RosângelaDonato, 38 anos trabalha naMedicina Nuclear, com con-trato de natureza especial –,explica que, depois que pas-sou a integrar o Siape – em1995 –, alguns meses depoisa contribuição previdenciáriafoi suspensa: “O problema éa questão da aposentadoria.Se não está arrecadando, nãosei se está averbando o tem-

Uma vez que foi constatada pela auditoriado INSS que parte dos problemas diz respeitoao recolhimento da previdÍncia dos NES, auniversidade decidiu pedir recursos para re-gularizar essa situaÁ„o, independentementeda polÍmica em relaÁ„o ‡ quest„o do vÌnculo.

Segundo a PR-4, a universidade n„o re-colheu o desconto previdenci�rio dos NESporque n„o existe essa rotina de desconto noSiape. Nos contracheques de todos os servi-dores vÍm todas as rubricas, como venci-mento, vantagem pessoal, decis„o judicial,auxÌlio-alimentaÁ„o e transporte e descontoscomo o IR, previdÍncia, etc. Nos dos NES iston„o existe. ⁄ preciso criar uma rotina de des-conto e informar que corresponde ao recolhi-mento da previdÍncia. Mas o MinistÈrio doPlanejamento n„o prevÍ o recolhimento. Os

CORRE«�O: A despesa com pessoal ñ registrada como R$ 750 mil na ediÁ„o n� 640 do Jornal do SINTUFRJ ñ È, anualmente, em torno de R$ 750 milhıes.

po. A gente não sabe o quefazer. O que vai ser?”

Damaris Souza, 27, foicontratada para trabalharcomo técnica em laboratório.E também teve desconto parao INSS até março de 1995.Depois os contrachequesvieram sem o desconto. “Te-nho quinze anos de casa. Masvai acabar levando mais tem-po para a gente se aposentar.São 9 anos sem recolher. Al-guém tem que ser responsa-bilizado. Os trabalhadoresprecisam de um esclareci-mento. Por que não arreca-dar, já que é um direito e umdever?”

NES recebem atravÈs de uma matriz especi-al em que n„o est� previsto o desconto previ-denci�rio.

ìA PR-4 est� construindo uma propostade rotina para evitar que esta situaÁ„o serepita a partir de 2005î, explica o superinten-dente Roberto Gambine, acrescentando que auniversidade tem o maior interesse em resol-ver a situaÁ„o, motivo pelo qual o reitor foi aBrasÌlia, na tentativa de obter recursos.

Independente da decis„o do Planejamen-to ñ se vai caracterizar ou n„o o grupo nesteperÌodo como estatut�rios ñ È a UFRJ quemvai ter que desembolsar o desconto da previ-dÍncia e os juros de todos esses anos. Ouseja, o Planejamento n„o reconhece o vÌnculodos NES e n„o prevÍ o pagamento do INSS; oINSS diz que a UFRJ n„o pode deixar de

recolher e cobra multa e juros pela falta derecolhimento. O ideal seria que, ao fazer orecolhimento, fosse considerado esse perÌo-do como tempo de serviÁo p­blico, definindode uma vez a situaÁ„o, h� tanto tempo pen-dente, destes trabalhadores. O SINDICATOest� envolvido na soluÁ„o deste problema.

PR-4 elabora proposta

PARALISIA. Importações,

convênios, serviços e tudo o

mais que depende da

certidão negativa de débito

(CND) do INSS estão

suspenso desde de junho.

Se o assunto não for

resolvido, vários setores da

UFRJ vão parar de funcionar

Foto: Niko Júnior

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ACESSO À UNIVERSIDADE

Instituto também defende a meta de que em 2010

30% dos estudantes sejam atendidos por cursos noturnos

Estas decisões estão conti-das no documento sobre ex-pansão do ensino superior nasuniversidades públicas e deações afirmativas, que a con-gregação do ICB aprovou porunanimidade na reunião reali-zada no dia 19 de outubro. Odocumento sugere que as pro-postas façam parte de um pac-to acadêmico e político com osgovernos federal, estadual emunicipal para que sejam efe-tivadas. O diretor do instituto,Adalberto Vieira, acrescentouque a congregação não consi-dera como condição prévia àsmelhorias de infra-estrutura esegurança para que as ações de

congregação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)anunciou seu apoio à reserva de 20% das vagas da UFRJ paraos alunos das escolas estaduais, municipais e federais. Essa é aproposta de cotas sociais que a Reitoria defende. E já no próximovestibular, o instituto quer que a universidade aumente empelo menos 20% sua oferta de vagas, mas que elas sejamdestinadas aos candidatos oriundos da rede pública. Comotambém defende o aumento progressivo do número de vagasnos cursos noturnos, pondo como meta que, até o ano de 2010,30% dos estudantes da UFRJ estejam estudando à noite.

expansão de ensino na UFRJsejam iniciadas.

– Entendo que o início des-ta caminhada é que vai legiti-mar a luta pela melhoria dascondições de trabalho e per-manência na universidade detodos os integrantes do seucorpo social –, afirmou.

FORMAÇÃO DE PROFES-SORES - O documento da con-gregação propõe ainda outrasmedidas. Entre elas, que todaa UFRJ participe de programasde formação permanente deprofessores do ensino funda-mental e médio, como um re-forço às ações de responsabi-lidade dos cursos de licencia-

A

A UNIVERSIDADE PÚBLICA É DE TODOS. A congregação do ICB, sintonizada com a história, quer garantir vagas na UFRJ para estudantes pobres

Foto: Niko Júnior

ICB apóia cotas sociaisICB apóia cotas sociais

Resoluções da congregação- Apoiar a criação dos três novos cursos propostos no âmbito do CCS

(Terapia Ocupacional, Saúde Coletiva e Ciências Biológicas/Biofísica),enfatizando o compromisso de participação nestes cursos;

- Defender o envolvimento da UFRJ como um todo em programasde formação permanente de professores de ensino fundamental emédio, reforçando as ações de responsabilidade dos cursos de licenci-atura;

- Propor o início imediato da revisão dos mecanismos de acesso àuniversidade para avaliar o desempenho dos candidatos ao longo desua vida escolar pregressa, considerando no desempenho escolar nãoapenas o resultado de provas, mas também as circunstâncias do entor-no familiar e social;

- Propor que essas medidas façam parte de um pacto acadêmico epolítico com o governo federal, e também com os governos estadual emunicipal, para que através de ações de sua competência as propostascitadas possam ser implementadas.

tura; o início imediato da revi-são dos mecanismos de aces-so à universidade para avaliaro desempenho dos candida-tos ao longo de sua vida esco-lar pregressa, considerando nodesempenho escolar não ape-nas o resultado de provas, mastambém as circunstâncias doentorno familiar e social. O ins-tituto também decidiu que iráapoiar a criação dos três no-vos cursos propostos no âm-bito do Centro de Ciências daSaúde: Terapia Ocupacional,Saúde Coletiva e de CiênciasBiológicas e Biofísica, compro-metendo-se até mesmo a par-ticipar.

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BARBÁRIE NA UFRJ

Uma carta, seguida de umfrio comunicado a viva voz deum encarregado da CoopJo-vemMaré, foi mais do que osuficiente para transtornar, naquinta-feira passada, a vidados cerca de 180 trabalhado-res encarregados há váriosanos da limpeza do HospitalUniversitário Clementino Fra-ga Filho. Eles chegaram demanhã para trabalhar e fica-ram sabendo que a partir des-ta segunda-feira, dia 7, nãoprecisavam mais voltar; a em-presa Nova Rio assumiria oserviço. Ao procurarem a NovaRio para oferecer sua mão-de-obra, outra decepção. Um fun-cionário da terceirizada infor-mou que nenhum deles seriaaproveitado no contrato pororientação da direção do hos-pital. Sem saberem o por queda demissão e os motivos darejeição, foram em comissãofalar com o diretor da Divisãode Recursos Humanos do HU,Maurício Shimer. Recebidoscom indiferença ficaram sa-bendo que a Vigilância Sani-tária numa inspeção na uni-dade apontou irregularidadesno serviço. Estavam traba-lhando sem condições ade-quadas às tarefas que faziam.Não usavam uniformes, lu-vas, sapatos. E, ao invés de oHU punir a falsa cooperativa,que continua contratada paraoutras atividades, optou porpunir os trabalhadores. Mes-mo o trabalho deles sendomotivo de elogios públicos,como mostrava um papel fi-xado no centro cirúrgico.

Este triste episódio envol-vendo humildes chefes de fa-mília expôs uma situação deexploração de mão-de-obrae de desrespeito à dignidadehumana que jamais poderiater a UFRJ como cenário. Fa-xineiros tratados como nadapelo diretor de Recursos Hu-

HU abriga superexploraçãoQuase 200 trabalhadores de cooperativa são demitidos sumariamente sem direitos reconhecidos

manos e por toda a direçãodo hospital são vítimas deum falso cooperativismo. ACoopJovemMaré presta ser-viços ao HU que fechou osolhos – neste caso até aderiuaos métodos — para o trata-mento aviltante dispensadoa esses trabalhadores. Elesbatem cartão, trabalhammais de 12 horas por dia, in-clusive nos fins de semana eferiados, mas chegam a ga-nhar menos de um salário mí-nimo por mês. Não têm di-reito a férias, 13º e, quandoadoecem, são descontadospelas faltas ou substituídos.

Intervenção positiva

O SINTUFRJ não tem po-deres jurídicos para repre-sentar os trabalhadores ter-ceirizados que prestavam ser-viços à UFRJ. Mas como ig-norar e ficar de braços cruza-dos diante de uma situação

como essa? Ao ser informadasobre o que estava aconte-cendo no HU, a direção doSINDICATO tomou a decisãode ir defender o direito dostrabalhadores.

Acionada, a reitora emexercício, Sylvia Vargas, depronto se colocou a postospara receber os trabalhado-res levados até a Reitoria pelasindicalista. Com o pró-rei-tor de Pessoal, Luis AfonsoMariz, o superintendente doSG-6, Milton Flores e o chefede gabinete, João Eduardo,ela assumiu a situação.

"Vocês não têm culpa seestão trabalhando sem uni-forme. Se não foram bemorientados para agirem co-mo a Vigilância Sanitária exi-ge, frisou a reitora. “O im-portante neste momento éconsiderar que vocês estãoincorporados à estrutura dohospital e devem permane-

cer lá”, afirmou. “Peço desculpas”, disse

Sylvia Vargas, “em nome detodos nós da Reitoria pelo queestá acontecendo a vocês.Tentei falar com o diretor dohospital, Amâncio Paulino,que está em Brasília, mas elenão retornou a ligação.” Se-gundo Vargas, essa situaçãopassou a existir na UFRJ de-pois que foi proibido o usodo dinheiro do SUS para pa-gar as pessoas. E isso era feitono HU através da FundaçãoJosé Bonifácio.

Reitoria tem a solução

As autoridades da UFRJapresentaram a solução cor-reta para o problema, levan-do em conta inclusive o apro-veitamento dos trabalhadoresque já conhecem a rotina dalimpeza no HU. Sylvia Vargasanunciou que a Nova Rio te-ria que aproveitar o máximo

AÇÃO. Sindicato assumiu posição na defesa dos trabalhadores e organizou reunião dos demitidos na Reitoria

Foto: Niko Júnior

possível dos profissionais dacooperativa e que o HU volta-ria a praticar a qualificaçãodeles. Anunciou também queseria providenciado o cadas-tramento de todos eles paraque a Reitoria pudesse alocarem outras frentes de trabalho,através das empresas com asquais tem contrato, os que so-brassem.

Ao ficar sabendo que ostrabalhadores estavam reuni-dos com a Reitoria, o chefe deDivisão de Pessoal do HU li-gou para a vice-reitora anun-ciando uma reunião dos de-mitidos com representantesda empresa Nova Rio. No te-lefonema, o funcionário doHospital Universitário mos-trou disposição para resolvero problema, diante do envol-vimento da Reitoria no la-mentável episódio. Mas o queaconteceu na sexta-feira foimuito diferente.

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BARBÁRIE NA UFRJ

Na manhã de sexta-feira,o que se viu, foi um espetá-culo de indiferença em rela-ção ao drama dos trabalha-dores. A direção do HU des-conheceu completamente oque havia sido acertado navéspera com a reitora emexercício. Ao contrário: o co-ordenador de Serviços Geraisdo HU, José Caetano, chegoua fazer crítica ao desempe-nho profissional dos coope-rativados. E reafirmou que aNova Rio não vai reaprovei-tar os funcionários demiti-dos. “O HU não pode dividircom a empresa a responsa-bilidade pela realização doserviço para o qual ela foicontratada. Como também ohospital não pode discutir asituação desses trabalhado-res isolada de contrato”, afir-mou, friamente. Acrescentouque a Vigilância Sanitária vaivoltar ao HU nos dias 13 e 15,mantendo a lógica de respon-sabilizar trabalhadores des-protegidos pela irresponsa-bilidade de um arremedo decooperativa.

Teatro

Às 10h30 teve início a con-versa dos demitidos com opessoal da Nova Rio. SergioWanderlei, que se apresen-tou como assistente da dire-toria da empresa, foi logo avi-sando: “Temos oito mil fun-cionários, somos a númeroum no ramo de limpeza hos-pitalar, mas vocês poderãoser aproveitados em outrossetores, somente os que apre-sentarem qualificação.”

Ao mesmo tempo, a psi-cóloga Nelice FigueiredoBouças orientava e recolhiaas folhas preenchidas comdados pessoais de todos ospresentes. Durante cinco dias,a partir desta terça-feira, 9, a

Direção do HU mantém posição

Nova Rio começa a receberas pessoas em sua sede, noBairro de Triagem, para “ini-ciarem o processo de cadas-tramento e aproveitamento”,informou Wanderlei.

Para todos aqueles traba-lhadores que acordaram naquinta-feira empregados eque antes da parada para oalmoço estavam demitidos, esem ao menos saberemquando vão receber o paga-mento do mês e dos dias játrabalhados, a Nova Rio é aúnica esperança de não pas-sarem o Natal sem empregoe dinheiro.

Na verdade essas pessoassão vítimas da cumplicidadesem escrúpulos da direção doHospital Universitário deuma universidade do porteda UFRJ.

Sem emprego e sem dinheiro, os demiti-dos do HU exigiram do presidente da Coop-JovemMaré, Amaro Domingues, data para opagamento de seus salários e da devoluçãodos R$ 100,00 que cada um pagou de inte-gralização de cotas. Domingues tentou detodas as formas desconversar e não respon-der aos questionamentos, mas os ânimos seacirraram e ele teve que se explicar. O funcio-nário do HU, José Caetano, veio em seu so-corro, informando que receberiam tudo: mêsde outubro, cuja folha fechou no dia 15, e orestante dos dias trabalhados, até sexta-feirapassada, no dia 30 deste mês.

Mas não deu para Caetano resolver aoutra questão, até porque Domingues ha-via dito aos cooperativados que com o di-nheiro cobrado de taxa comprou materialde limpeza para o HU. E o funcionário dohospital teve que desmentir o presidente.Mas não faltou cara-de-pau a Dominguespara tentar confundir os mais cem traba-lhadores. “Eu nunca disse isso; falei queusei o dinheiro para comprar material paraa cooperativa.” A indignação foi geral e cres-ceu ainda mais quando Domingues alegouque a cooperativa estava no vermelho eque por isso não devolveria nada. E disse

mais: “Como cooperados, vocês têm obri-gação de contribuir financeiramente parasanear a cooperativa.”

Segundo os cooperados, Domingues eoutro diretor da CoopJovemMaré presta-ram contas sobre as ações e finanças. Comotambém não divulgam as datas de assem-bléias obrigatórias. Nenhum dos coopera-dos jamais viu uma cópia do contrato dacooperativa com a direção do HU, o que éum direito de todos. Os trabalhadores de-nunciaram ainda que são descontados parao INSS, mas a cooperativa não repassa acontribuição ao instituto.

O papel do HU

Em vez de fechar contrato com falsascooperativas de trabalho, como a Jovem-Maré, a direção do HU deveria denunciar aexistência delas ao Ministério Público, tãologo fosse procurada por seus representan-tes. Envolver o nome da UFRJ num esque-ma desses é ter muita certeza de impunida-de. Segundo José Caetano Ribeiro, o contra-to do hospital com cooperativa tem pelomenos 7 anos e envolve 180 trabalhadores.Ele não soube informar o valor do contrato.Restaram 145 cooperados na copa e na co-zinha.

Sem emprego e sem dinheiroDRAMA. Cooperativado exibe

comunicado de demissão;

trabalhadores chegam para

reunião na Reitoria

Fotos: Niko Júnior

Empresa monta teatro, funcionários preenchem ficha, mas contratação é possibilidade remota

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BARBÁRIE NA UFRJ

A exemplo de Sylvia Var-gas, que pediu desculpas, emnome da Reitoria, aos coope-rativados, o pró-reitor de pes-soal, Luiz Antonio Mariz foienfático:“O primeiro senti-mento diante disso tudo é devergonha”. Ele lembrou queas cooperativas nasceram deum movimento social, mas amaioria, assim como a JovemMaré, nada tem a ver com co-operativismo. E citou comoexemplo de cooperativa ver-dadeira a Arco Íris, nascidada Incubadora da UFRJ. ParaMariz, os traalhadores são ví-timas da sua cooperativa. Edefendeu que eles sejam con-tratados pela Nova Rio oupela cooperativa que prestaserviços à Reitoria.

Para o superintendente deServiços Gerais da UFRJ, Mil-

Sylvia se desculpa e

pró-reitor se diz envergonhado

Sem disfarÁar o orgulho que sentia por durante quatro anos ter sido o respons�vel pela lixeira central doHU, CÈlio Cruz de Oliveira explicou que ele e muitos outros trabalhadores da limpeza foram treinados e

fizeram cursos ministrados por funcion�rios do prÛprio hospital, de como lidar com pacientes e profissio-nais de sa­de. Mas disse que haviam parado de fazer a qualificaÁ„o. ìFui atÈ elogiado pela Sa­de P­blica.Outros tambÈm s„o elogiados pelo seu trabalho. A gente procura se ajudar, ensinando uns aos outros o que

sabeî, disse.

Dona Rute Ferreira Rosa, conhecida pelos colegas como ìfaz-tudo no HUî, representa uma outra categoriado cooperativismo de exploraÁ„o. Ela integra o grupo dos reservas e, apesar de fazer o mesmo trabalho que osoutros, chamados de ìefetivosî, ganha menos ainda que eles, mesmo trabalhando nos s�bados e domingos.Como ela, h� muitos nas mesmas circunst�ncias.

Ana L­cia da Silva Ferreira, respons�vel nos ­ltimos trÍs anos pela limpeza do 8� andar, onde fica ocentro cir­rgico do HU, acrescentou: ìSomos uma m„o-de-obra bruta, mas o hospital precisa da gente e nÛsdele. Trabalhamos com sapato furado, a maioria com a roupa que vem de casa, porque n„o tem uniforme, etiramos lixo de dois, trÍs andares. A cooperativa e ninguÈm nunca reuniram o grupo para explicar nada. Se

fazemos alguma coisa errada n„o È porque queremos, mas porque n„o sabemos que estamos fazendo erra-do.î

Como são tantas as irre-gularidades cometidas pelaCoopJovemMaré, o SINTU-FRJ pôr à disposição dos tra-balhadores o DepartamentoJurídico da entidade para ocaso de os prejudicados deci-direm entrar na Justiça, indi-vidualmente, contra a falsa co-operativa. A direção sindicaltambém firmou compromis-so com eles de acompanhar odesenrolar dos fatos, até se-rem efetivadas as propostasda Reitoria. Entre os demiti-dos há cinco mulheres grávi-das, uma delas, a Rosaura, quedeve ter o bebê até dezembro,foi internada na MaternidadePraça XV depois de saber queestava desempregada. Ela eraresponsável pela limpeza doambulatório.

Dirigentes da UFRJ revelam perplexidade e indignação com a situação dos cooperativados

ton Flores, o melhor é quetodos os cerca de180 faxinei-ros fiquem no HU. Defendeua volta dos cursos de qualifi-cação profissional e tambémo cadastramento para que,em última hipótese, pelo me-nos sejam mantidos na UFRJtrabalhando em outras uni-dades. “É uma vergonha paraa universidade, que deveriadar exemplo à sociedade, tyr-tque dentro dela uma situa-ção como essa”, concluiu Mil-ton Flores diante de todo odrama humano exposto nonobre salão do ConselhoUniversitário.

SINTUFRJ

está atentoO que eles dizem

Fotos: Niko Júnior

COM OS DEMITIDOS.Sylvia e Mariz, na reunião

no salão do Consuni

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Reforma sindicalfica para 2005

Especialista diz que reforma sindical não será votada este ano

Com o objetivo de discutir a ne-cessidade de uma imprensa demo-crática, definir uma política de comu-nicação da CUT e lutar por uma in-formação comprometida com os in-teresses dos trabalhadores, a CUT doRio de Janeiro realizou, no último fimde semana, o IV Seminário Estadualde Comunicação. A abertura ocorreu

CUT do Rio discute comunicaçãodia 5, sexta-feira, com uma feira coma produção da comunicação sindicale um debate que teve como tema “Acentralidade da comunicação na açãosindical”. Os debatedores foram An-tônio Carlos Spis, secretário de Co-municação da CUT Nacional, PauloSérgio Farias, secretário de Imprensada CUT do Rio, e Vito Giannotti, do

Núcleo Piratininga de Comunicação(NPC), especialista em comunicaçãosindical.

Para Spis, a imprensa sindical temo comprometimento ideológico quenão existe na imprensa burguesa. Porisso, a necessidade e a iniciativa daconstrução de uma rede de comuni-cação cutista, que é de extrema im-

portância para o rompimento da he-gemonia da informação que é con-trolada pelos grandes grupos de co-municação. O secretário de Impren-sa da CUT do Rio, Paulo Sérgio Fa-rias, afirma que a CUT tem que teruma atitude pluralista na definiçãode uma política de comunicação semamarras a grupos de pensamento.

uma proposta, adequando o textoelaborado no FNT aos servidores.Além das normas para negociaçãocoletiva, a Câmara vai definir a regu-lamentação do direito de greve noserviço público, a forma de organiza-ção sindical e a de solução de confli-tos no trabalho para os servidorespúblicos.

Entenda o caso

A base da proposta da reformasindical saiu das sugestões consen-suadas no Fórum Nacional do Tra-balho (FNT), instância que congregatrabalhadores, governo e empresá-rios, e obteve muitas críticas no meiosindical. Foram dez meses de discus-são. O relatório do FNT foi finalizadono meio deste ano com divergênciasentre empresários e trabalhadores.

A reforma sindical é a primeiraparte das mudanças na vida dos tra-balhadores – pois trata das relaçõesde trabalho. Na seqüência de refor-mas pretendidas pelo governo Lulaestá a reforma trabalhista.

Esta agenda de reformas apresen-ta sérios riscos à organização e aosdireitos dos trabalhadores. Com isso,abriria o espaço para a flexibilizaçãodos direitos trabalhistas, que no fun-do é o objetivo dos empresários. Nomovimento sindical há visões diver-gentes sobre o assunto que só vãoser resolvidas no ano que vem.

Agenda apertada noCongresso Nacional, 2º

turno das eleições munici-pais, necessidade de articu-

lação política, efetivação emprojeto de lei, proximidade do

fim do ano, uma série de fatores estácontribuindo para que a reforma sin-dical, uma das prioridades do gover-no para este ano, não se concretize.Segundo Marcos Verlaine, assessorparlamentar do Departamento Inter-sindical de Assessoria Parlamentar(DIAP) que vem acompanhando

todo o processo de discussão dareforma no Fórum Nacional do

Trabalho (FNT) desde o início,tudo ainda está no âmbito da

proposição. “Acho difícil ogoverno tratar ainda este

ano desta questão que étão polêmica. Ele preci-

sa se articular politi-camente. E não

vai colocar noC o n g r e s s ouma pauta

em que possasair derrotado. Nossa previsão

é que a reforma sindical fiquepara o ano que vem”, avalia.

O especialista ainda vai maisalém na sua previsão: se o governonão provocar a discussão da reformalogo no início de 2005, ela corre orisco de ficar para 2006. “Não pode-

mos esquecer que 2005 é ano pré-eleitoral. E a agenda do governo podeficar comprometida, ainda mais queo governo não irá querer comprarbriga com o movimento sindical.”

O anteprojeto de lei é bastante ex-tenso. São 237 artigos, que reúnemtodos os temas tratados no âmbitodo FNT. Segundo Verlaine, a PEC dareforma sindical que altera os artigos8º, 11 e 37 da Constituição já está for-matada e pronta para discussão.

“O anteprojeto de lei é a amálga-ma (combinação) dessa PEC”, expli-ca. A proposta tem dois artigos e, entreum artigo e outro, trata da organiza-ção sindical – plurissindicalismo emsubstituição à unicidade –, contribui-ção negocial, negociação coletiva edireito de greve. Tanto o anteprojetode lei, que deve ser transformado emprojeto de lei, quanto a PEC ainda nãochegaram ao Ministério do Trabalho,revela Verlaine. Do ministério as duasmatérias serão encaminhadas à CasaCivil, e ainda podem sofrer alteração.Somente após o crivo da Casa Civil edo presidente Lula é que o projetoserá encaminhado ao Congresso Na-cional.

SERVIDORES – A proposta de re-forma sindical para o serviço públicocomeçou a ser discutida no FNT noinício de setembro. Existe uma Câ-mara Setorial do Serviço Público quetem até novembro para apresentar

REFORMAS

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A reforma do ensi-no superior proposta pelogoverno federal – mais umado pacote de reformas pre-tendidas pelo presidente Lula- tem sido realizada à reveliada comunidade universitáriae da sociedade. Para protes-tar e iniciar uma forte ofensi-va para barrar as ações do go-verno, movimentos sindicaise organizações estudantis fa-rão uma grande marcha aBrasília, dia 25 de novembro.

Como preparação para amarcha serão realizados emtodo o país debates sobre oprojeto do governo e mani-festações contra a reformauniversitária e em defesa doensino gratuito e de qualida-de. Nessa quinta-feira, 11, DiaNacional de Luta em Defesada Escola Pública e contra aMercantilização da Educação,o SINTUFRJ promove seminá-rio sobre a proposta de refor-ma universitária do governo,às 9h, no salão Muniz Aragão,no Fórum de Ciência e Cultu-ra, campus da Praia Vermelha.

FASUBRA DEFENDE UNI-VERSIDADE CIDADÃ - As or-ganizações sindicais não têmuma posição unificada sobrecomo combater a proposta dereforma. Entretanto, todosconcordam que ela é preju-dicial ao ensino público egratuito.

A exemplo do ProjetoUniversidade para Todos, jáeditado em forma de medidaprovisória, que dará um sub-sídio superior a R$ 2 bilhõespor ano aos empresários e,estudo da entidade dos rei-tores das universidades fede-rais afirma que com apenasR$ 1 bilhão seria possível ge-neralizar o ensino noturnonas instituições federais deensino superior (Ifes), crian-do aproximadamente 400 milvagas. Com o total de verbaspúblicas que está sendo pre-visto para as instituições pri-vadas seria possível ter maisde um milhão de novas va-gas nas Ifes.

O governo federal vemdesenvolvendo este tipo deiniciativa e apresentando do-cumentos com o objetivode fazer sua reforma. A Fasu-bra aprovou um posiciona-mento de sermos contra essa

AGENDA BRASIL

Movimentosfazem marchacontra reformauniversitária

SINDICATO promove

seminárioO SINTUFRJ, a partir de proposta do Grupo de Trabalho

de Educação da Coordenação de Educação, Cultura e For-mação Sindical, estará promovendo no dia 11 de novem-bro, quinta-feira, o seminário sobre a Reforma Universitá-ria. Portanto, é de fundamental importância que os técni-cos-administrativos da UFRJ participem dessa discussão eda mobilização que está sendo organizada em todo o país.

Inicialmente, discutiremos o porquê da reforma, se elaé necessária ou não. A segunda mesa, tratará da AvaliaçãoInstitucional com a Lei do Sinaes (Sistema Nacional deAvaliação do Educação Superior) e da proposta de umprograma de avaliação dos técnicos-administrativos pre-visto na Lei da Carreira. E, por fim, vamos analisar aspropostas do governo e dos movimentos. Em todas asmesas, a diversidade de idéias presentes no nosso movi-mento estará representada, garantindo a democracia e atransparência no debate. O seminário é aberto. Neste diafeche seu setor, chame os professores, deixe a sala de aula,o laboratório e escreva: estou discutindo o futuro da uni-versidade pública! Não deixe de participar!

reforma encaminhada pelogoverno federal e que sejapromovido um debate am-plo, participativo e democrá-tico que possibilite, efetiva-mente, a disputa de projetosda classe trabalhadora.

A Fasubra irá apresentaro Projeto Universidade Cida-dã para os Trabalhadores emforma de lei, para disputar noCongresso Nacional nossaproposta para a universida-de pública.

Programação9h – Abertura9h15-12h15 – Por que Reformar?Celso Sá Carvalho – FasubraProf. Giuseppe Cocco – Escola de Serviço Social/UFRJJosé Carlos Pereira – Representante dos Técnicos-administrativos no Consuni/UFRJ

13h30-15h30 – Avaliação InstitucionalLéia de Souza Oliveira – Conaes/GT-Educação Fasubra

Prof. Sara Granneman – AdufrjRepresentante do Diretório Central dos Estudantes/UFRJ

15h30-16h – Intervalo

16h-18h – A Proposta do Governo e a dos MovimentosNelson Maculan – Secretário de Ensino Superior/MECAna Maria Ribeiro – SINTUFRJ/GT-Educação FasubraAgnaldo Fernandes – SINTUFRJ/Executiva Nacional da CUTRepresentante da Associação dos Pós-Graduandos/UFRJ

Eixos da

marcha Revogação dos vetos ao

Plano Nacional deEducação

7% do PIB para aEducação

Educação Pública:direito de todos, dever doEstado

Verbas públicas só paraa escola pública

Contra amercantilização daeducação: não à inclusãoda educação nos acordosda OMC

Contra o ProUni Pela mudança da atual

política econômica

REFORMAS. O futuro da universidade pública em jogo

Foto: Niko Júnior

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UNIVERSIDADE

Sem receber verbas demanutenção desde agosto, oNúcleo de Estudos de SaúdeColetiva (Nesc) está enfren-tando dificuldades para man-ter seus trabalhos. “Estamosgastando os últimos recursosde projetos de pesquisas, quepodemos usar, para fazer amanutenção do Nesc”, afir-mou a diretora do Núcleo,Letícia Legay.

Nesc no desesperoSuperintendente

diz que todas as

unidades estão

sem receber

vebas: “Acabou

o dinheiro”

O Nesc recebia da Reito-ria uma verba mensal de 5mil reais. Em junho deste ano,de acordo com a diretora, adecania do CCS solicitou quesuas unidades repassassemmil reais para o Centro paramanutenção de emergênciado prédio. Os 4 mil reais quesobraram, entretanto, deixa-ram de ser repassados para oNesc há dois meses.

Segundo o superinten-dente do SG-6, Milton Flores,todas as unidades da UFRJestão sem receber verbas,pois “acabou o dinheiro decusteio da universidade”. Po-rém, o superintendente afir-mou que a Reitoria está ten-tando conseguir mais dinhei-ro para o próximo mês. Deacordo com Milton Flores, oorçamento da UFRJ deste anofoi muito pequeno e nãodava para cobrir todos osgastos da universidade.

“O que está acontecendoé uma incoerência do gover-no federal. O governo dá di-nheiro público para as facul-dades particulares, inclusive

para aquelas em que a quali-dade é discutível, mas diz quenão tem dinheiro para repas-sar para as universidades pú-blicas, e ainda exige que es-sas instituições adotem astais ações afirmativas, comocotas sociais, e abram novasvagas para alunos”, afirmoua diretora do Nesc.

Ela prevê que se o gover-no continuar a reduzir as ver-bas para as universidadespúblicas como vem fazendovai acirrar a disputa entre asunidades para conseguiremverbas de instituições que fi-nanciam projetos de pesqui-sa como CNPq, Capes, Faperje da iniciativa privada.

“Se não vamos ter mais di-nheiro da universidade, oque as unidades farão parase manterem? Porque as uni-dades que têm poucos proje-tos de pesquisa não terão deonde tirar dinheiro. É isso quechamam de autonomia uni-versitária? Privatizar, passara vender serviços para podersobreviver?”, indaga LetíciaLegay.

LETÍCIA. Preocupada com a

falta de dinheiro, diretora do

Nesc afirma que os últimos

recursos estão sendo gastos

Depois do acidente pro-vocado por um vazamento deágua que rompeu parte doteto do subsolo da bibliotecahá quatro meses e do furtoocorrido no acervo de obrasraras do Museu Nacional, aadministração da bibliotecado CCS adotou uma políticade segurança mais rígida tan-to para garantir melhorescondições de trabalho aosfuncionários quanto protegerseu acervo.

Na seqüência do acidenteno subsolo, a DVST produziuum laudo que apontou pro-blemas na iluminação, refri-geração e na segurança con-tra incêndios. “Quando esti-vemos lá, vimos que os ex-

Biblioteca do CCS melhora segurança

tintores estavam todos comos lacres violados ou fora devalidade. Caso acontecessealgum acidente de incêndio,os funcionários ficariam to-talmente desprotegidos”, re-lata Huascar da Costa, coor-denador de Políticas Sociaisdo SINTUFRJ. Também foiapontado o fato de que nãoestavam sendo usados equi-pamentos de segurança, co-mo máscaras e luvas, no ma-nuseio de livros antigos.

Quatro meses depois, to-dos os extintores foram tro-cados e está previsto um trei-namento especial com todosos funcionários para queaprendam a utilizar correta-mente os aparelhos em caso

de incêndio. Além disso, o es-toque de luvas e máscarasestá de acordo com as neces-sidades de funcionários eusuários da biblioteca. Noentanto, os problemas com ailuminação e refrigeraçãopersistem. Segundo o chefedos bibliotecários, Marco Tú-lio Azevedo, esses são proble-mas de manutenção, que di-zem respeito à troca de lâm-padas queimadas e ao con-certo do ar-condicionado.“Precisamos fazer escolhas.Entre trocar uma lâmpadaqueimada aqui em cima, on-de os alunos fazem pesquisa,ou trocar uma lâmpada dosubsolo, onde o acesso é res-trito a funcionários que des-

cem para buscar um materiale sobem rapidamente, opta-mos por trocar a lâmpada da-qui de cima. É uma questãode prioridades.” O conserto

do buraco aberto no teto dosubsolo também aguarda ver-bas para ser resolvido, comoinformou o diretor da biblio-teca, Marco Túlio.

REFORMA. Extintores novos foram instalados

Medidas protegem trabalhadores e garantem preservação do acervo de obras raras

Fotos: Niko Júnior

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ÚLTIMA PÁGINA

De acordo com Haroldo,a discussão sobre o racismoganha amplitude muito sin-gular neste momento, provo-cando um ambiente em queas forças influentes da socie-dade são obrigadas a se pro-nunciar. “A lenda da demo-cracia racial no Brasil semprediluiu o debate sobre o racis-mo no país e impediu, no cur-so da história, que os negrose a sociedade tivessem cons-ciência clara da existência noracismo no país”, observaHaroldo. “A política de açõesafirmativas, desenvolvidahoje com mais intensidade,

O que é o

MNUO Movimento Negro

Unificado (MNU) é umadas mais tradicionais or-ganizações de luta contrao preconceito no Brasil.Existe desde 1978, está or-ganizado em 13 estados,com direções nacional, es-taduais e municipais. Nasua estrutura cabem, ain-da, vários grupos de tra-balho que fazem aborda-gens temáticas sobre a si-tuação do negro do país. Aorganização produz even-tos, seminários, debatespara propagar a luta con-tra o preconceito na socie-dade. Internamente, formaos seus quadros com ca-dernos de formação. Ha-roldo Antônio da Silva jáexerceu mandatos de di-reção dentro dessa estru-tura. O empenho do MNUfoi fundamental paratransformar 20 de Novem-bro no Dia Nacional daConsciência Negra.

As elites mostram

Quando o movimentonegro começa a disputar es-paços que as elites brancasconsideram como de uso ex-clusivo para o exercício dosseus privilégios, elas, as eli-tes, mostram as suas garras.Essa situação está se dese-nhando agora, quando, atra-vés da política de ações afir-mativas, os negros têm al-cançado conquistas e dadovisibilidade à mobilização dasociedade pela implantaçãode cotas raciais nas universi-dades públicas. A opinião édo ex-dirigente do Movi-mento Negro Unificado(MNU) e militante da lutacontra o racismo há 25 anos,Haroldo Antônio da Silva, en-trevistado nesta segundamatéria da série elaboradapelo Jornal do SINTUFRJpara marcar o mês em que sereverencia a memória deZumbi dos Palmares (verprogramação na página 2).

mercado de trabalho”. Harol-do observa: “Nos bancos,nos shoppings, nas lojas po-demos conferir o número ín-fimo de negros. Temos quelutar pelo critério da propor-cionalidade para ampliar apresença de negros no coti-diano das atividades dopaís.”

BALELA STALINISTA -Uma questão polêmica sem-pre tensionou a relação en-tre setores da esquerda e omovimento negro. Aquelessetores entendem que o ne-gro é oprimido no país porque é pobre e não por ser

negro. Portanto, a questãocentral é a luta social comocaminho de libertação dosoprimidos. Haroldo é durona sua argumentação. “Esteargumento é balela stalinis-ta (referência a Stalin, polê-mico governante russo quegovernou a União Soviéticacom mão-de-ferro). Este tipode abordagem reduz o pro-blema. Nós, do MNU, enten-demos que a questão racialé concomitante à questão so-cial e ninguém pode desco-nhecer a situação histórica desubmissão que atingiu osafro-descendentes no país.”

O papel do

EstadoHaroldo Antônio da Silva –

reproduzindo o pensamentoque prevalece nas organizaçõesdo movimento negro - entendeque o Estado brasileiro tem res-ponsabilidade na história daopressão racial. Portanto, umadas bandeiras do movimentoexige a indenização, pelo Esta-do brasileiro, de todos os afro-descententes. Outra reivindica-ção é a implementação de umconjunto de políticas públicasafirmativas que assegure aonegro espaço na sociedade.

“A escravidão foi uma polí-tica de Estado, deliberada. Se-qüestravam negros nos seuspaíses de origem para servir demão-de-obra para a economia.Portanto, o Estado tem respon-sabilidade.” Haroldo faz umacomparação entre a situaçãodos negros brasileiros e os ne-gros americanos. “Nos EstadosUnidos, o desdobramento daluta de emancipação permitiuaos negros a posse da terra, umelemento econômico que abriua possibilidade de criação deuma elite de negros. Aqui, de-pois da Lei Áurea, foi oferecidoaos negros a rua, a miséria. Ne-nhuma chance foi dada.”

Militante do

movimento

negro diz que

ações

afirmativas

colocam

democracia

racial à prova

as garrasonde se reivindica a partici-pação proporcional dos ne-gros na vida política, econô-mica e social, estabelecemarcos impossíveis de se al-cançar em outras épocas”,raciocina. Segundo Haroldo,um engenheiro de 44 anos,é necessário que essa polí-tica (a de ações afirmativas),se dissemine pelo mercadode trabalho. “Na universida-de pública, onde apenas 2%da população é negra, temosconseguido instalar o deba-te, com resultados já concre-tos. Agora é preciso avançarmais nesta discussão para o

HAROLDO."O movimento

negro exige

reparação do

Estado brasileiro"

Foto: Niko Júnior