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CADERNO Nº. 12 - SÉRIE ESTADOS E REGIÕES DA RBMA A RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA EM PERNAMBUCO Caderno nº 12 A RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA EM PERNAMBUCO - Situação atual, ações e perspectivas - São 3 as principais funções da Reserva da Biosfera da Mata Atlânti- ca Proteção da Biodiversidade Desenvolvimento Sustentável Conhecimento Científico realização: CONSELHO NACIONAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA Rua do Horto 931 - Instituto Florestal São Paulo-SP - CEP: 02377-000 Fax: (011) 204-8067 e-mail: [email protected] Maria Lucia Ferreira da Costa Lima Programa MaB "O Homem e a Biosfera" SÉRIE ESTADOS E REGIÕES DA RBMA

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CADERNO Nº. 12 - SÉRIE ESTADOS E REGIÕES DA RBMA A RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICAEM PERNAMBUCO

Caderno nº 12

A RESERVA DA BIOSFERA DAMATA ATLÂNTICAEM PERNAMBUCO

- Situação atual, ações e perspectivas -

São 3 as principais funções da Reserva da Biosfera da Mata Atlânti-ca

Proteção da BiodiversidadeDesenvolvimento Sustentável

Conhecimento Científico

realização:

CONSELHO NACIONAL DA RESERVADA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA

Rua do Horto 931 - Instituto FlorestalSão Paulo-SP - CEP: 02377-000

Fax: (011) 204-8067e-mail: [email protected]

Maria Lucia Ferreira da Costa LimaPrograma MaB

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SÉRIE 1 - CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASCad. 01 - A Questão FundiáriaCad. 18 - SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SÉRIE 2 - GESTÃO DA RBMACad. 02 - A Reserva da Biosfera da Mata AtlânticaCad. 05 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado de São PauloCad. 06 - Avaliação da Reserva da Biosfera da Mata AtlânticaCad. 09 - Comitês Estaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

SÉRIE 3 - RECUPERAÇÃOCad. 03 - Recuperação de Áreas Degradadas da Mata AtlânticaCad. 14 - Recuperação de Áreas Florestais Degradadas Utilizando a Sucessão e as

Interações planta-animalCad. 16 - Barra de Mamanguape

SÉRIE 4 - POLÍTICAS PÚBLICASCad. 04 - Plano de Ação para a Mata AtlânticaCad. 13 - Diretrizes para a Pollítica de Conservação e Desenvolvimento Sustentável

da Mata AtlânticaCad. 15 - MATA ATLÂNTICA - Ciência, conservação e políticas - Workshop científico

sobre a Mata AtlânticaCad. 21 - Estratégias e Instrumentos para a Conservação, Recuperação e Desenvol

vimento Sustentável da Mata AtlânticaCad. 23 - Certificação Florestal

SÉRIE 5 - ESTADOS E REGIÕES DA RBMACad. 08 - A Mata Atlântica do Sul da BahiaCad. 11 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Rio Grande do SulCad. 12 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em PernambucoCad. 22 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro

SÉRIE 6 - DOCUMENTOS HISTÓRICOSCad. 07 - Carta de São Vicente - 1560Cad. 10 - Viagem à Terra Brasil

SÉRIE 7 - CIÊNCIA E PESQUISACad. 17 - BioprospecçãoCad. 20 - Árvores Gigantescas da Terra e as Maiores Assinaladas no Brasil

SÉRIE 8 - MaB-UNESCOCad. 19 - Reservas da Biosfera na América Latina

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Caderno nº. 12

Maria Lúcia Ferreira da Costa Lima

A RESERVA DA BIOSFERA DAMATA ATLÂNTICAEM PERNAMBUCO

- Situação atual, ações e perspectivas -

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Ao Professor e ecólogo JoãoVasconcelos Sobrinho, incan-sável defensor e estudioso daconservação da natureza, emespecial dos ecossistemas flo-restais de Pernambuco.

Este caderno foi redigido com o apoio de informações e a colabora-ção de: Catarina Cabral, Doralice Cristina Lundgren, GianninaCysneiros, Ricardo A. Pessoa Braga, Roberta Costa Rodrigues -Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH/ Secretariade Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA - PE, Mariadas Dores Mello - Sociedade Nordestina de Ecologia - SNE, Osval-do Carneiro Lira - Sociedade Nordestina de Ecologia - SNE, e Uni-versidade Federal de Pernambuco/UFPE.

Tem por objetivo contar um pouco sobre os esforços de instituiçõese da comunidade pernambucana que investiram na idéia da Reser-va da Biosfera da Mata Atlântica como uma nova forma de relaçãocom a natureza e entre os seres humanos, visando promover umdesenvolvimento adaptado aos limites e potencialidades ambientais.

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SUMÁRIO

PÁG.

APRESENTAÇÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

1. A RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA - RBMA 09

2. CONTEXTO HISTÓRICO: DIANTE DE UM PASSADO DEDESTRUIÇÃO E USUFRUTO, QUE PRESENTE E FUTUROQUEREMOS? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 12

3. A MATA ATLÂNTICA E SUA RESERVA DA BIOSFERA NOESTADO DE PERNAMBUCO: A LUTA PARA SALVAR UMPATRIMÔNIO AMEAÇADO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 14

4. LOCALIZAÇÃO DA RESERVA DA BIOSFERA EMPERNAMBUCO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 16

5. GESTÃO DA RESERVA DA BIOSFERA EM PERNAMBUCO:DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 19

5.1. Sistema de Gestão ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 195.2. Zoneamento da Reserva ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 205.3. Áreas Piloto ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24

5.3.1. Área Piloto de Itamaracá, Itapissuma e Igarassu 265.3.2. Área Piloto de Brejo dos Cavalos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29

6. PROGRAMAS E PROJETOS CORRELATOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 316.1. Projeto de Execução Descentraliza - PED ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 316.2. Projeto Pirapama - Planejamento e Gerenciamentoambiental da Bacia do Rio Pirapama ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 326.3. Gerenciamento Costeiro de Pernambuco - GERCO ○ ○ 336.4. Programa de Desenvolvimento do Turismo -PRODETUR/NE ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 346.5. Programa de Desenvolvimento Sustentável da Zona daMata - PROMATA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 356.6. Universidade e a Mata Atlântica ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 36

Série Cadernos daReserva da Biosfera da Mata Atlântica

Editor: José Pedro de Oliveira Costa

Conselho Editorial: José Pedro de Oliveira Costa, Clayton Ferreira Lino, João LucílioAlbuquerque

Caderno nº 12A RESERVA DA BIOSFERA DA MATAATLÂNTICA EM PERNAMBUCOSituação atual, ações e perspectivas

É uma publicação doConselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,com o patrocínio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e doInstituto Florestal.

Impressão: Gráfica do Instituto Florestal.

Projeto Gráfico eEditoração: Elaine Regina dos Santos

Revisão: João Lucílio R. Albuquerque, Maria Lúcia Costa Lima e Ricardo Braga

São PauloVerão 1998

Autoriza-se a reprodução total ou parcialdeste documento desde que citada a fonte.

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6.7. Projeto Peixe-Boi Marinho ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 376.8. Iniciativa Privada e a Mata Atlântica - Refúgio EcológicoCharles Darwin

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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7. PROPOSTAS DE AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA ARESERVA DABIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA EMPERNAMBUCO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39

8. LITERATURA CONSULTADA

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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APRESENTAÇÃO

Desde 1992 existe um esforço em Pernambuco para a viabilizaçãoda Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Primeiro com o levanta-mento dos remanescentes, realizado pela Sociedade Nordestinade Ecologia e Governo de Pernambuco. Em seguida, com a formu-lação da proposta da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica para onosso Estado, e depois com a conquista deste reconhecimento pelaUNESCO, já em 1993. Este foi o primeiro grande estágio de umprocesso. A partir de Pernambuco, foram anexados à Reserva osoutros estados do Nordeste.

Em 1994/95 foram definidas prioridades para implantação de Áre-as Piloto, elegendo-se o Complexo Litorâneo de Itapissuma,Itamaracá e Igarassu e o Brejo de Altitude de Serra dos Cavalos.Nesse período foram formulados projetos e negociados recursos.

A terceira e importante fase é a que estamos vivendo. De 1996para cá, as idéias foram se tornando realidade, através de progra-mas e projetos como o PROBIO – Programa de Biodiversidade, oProjetos Demonstrativos/A, o Projeto de Execução Descentraliza-da - e de apoios específicos. Hoje podemos dizer que as duas áre-as piloto estão sendo viabilizadas.

Nesse contexto, outros importantes passos acabam de ser dados, comoa criação do Comitê Estadual da RBMA em Pernambuco - através doDecreto 20.860/98, da implantação do próprio Comitê, da inaugura-ção do primeiro Posto Avançado no Município de Itapissuma, assimcomo da elaboração deste Caderno. Estas ações são corroboradaspor uma política de Conservação de Áreas Protegidas em Pernambuco,em consolidação pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente -CPRH.

Desta forma, assim como em 1992, a viabilização da Reserva daBiosfera em Pernambuco continua calçada na participação

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1. A RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA

Reserva da Biosfera é um instrumento de conservação que privile-gia o uso sustentável dos recursos naturais nas áreas assim prote-gidas. Cada Reserva da Biosfera é uma coleção representativa dosecossistemas característicos da região onde se estabelece. Terres-tre ou marinha, busca otimizar a convivência homem-natureza emprojetos que se norteiam pela preservação dos ambientes significa-tivos e pela convivência com áreas que lhe são vizinhas. A Reservabusca atuar como um centro de monitoramento, pesquisas,gerenciamento de ecossistemas e educação ambiental, bem comoum centro de formação e desenvolvimento profissional dos técni-cos e comunidades vizinhas em sua proteção e manejo. Privilegi-ando o uso sustentável dos recursos naturais, buscam ao mesmotempo garantir a conservação de sua biodiversidade, a melhoriadas condições de vida da população, e a valorização da culturalocal. Criadas pela Organização das Nações Unidas para a Educa-ção, Ciência e Cultura - UNESCO, as Reservas da Biosfera, espa-lhadas hoje por cerca de 110 países, têm sua sustentação no Pro-grama MaB - Homem e Biosfera, desenvolvido junto ao Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, com a UniãoInternacional para a Conservação da Natureza - UICN, e outrasagências internacionais de desenvolvimento e conservação.

Neste contexto, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - RBMA,foi reconhecida em sua integridade pela UNESCO, em 1993, sen-do a RBMA a primeira no Brasil. Dela fazem parte quatorze estadosbrasileiros, do Ceará ao Rio Grande do Sul, representando um gran-de esforço de proteção conjunta de governos estaduais, organiza-ções não-governamentais, comunidade científica e moradores daReserva. A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica incentiva o de-senvolvimento de pesquisas orientadas à solução de problemasvinculados à conservação dos ecossistemas do Domínio Atlântico,ao mesmo tempo em que busca promover a participação das popu-lações locais no aproveitamento e na ordenação do uso do solo.Procura também fomentar o planejamento regional e o desenvolvi-mento rural integrado das áreas que abarca. A RBMA permite tam-

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multiinstitucional, onde ONG’s, setores privados e Governo Estadu-al têm responsabilidades compartilhadas. Porém, assim como an-tes, o apoio e a presença do Conselho Nacional da RBMA e doGoverno Federal permanecem indispensáveis.

Ricardo Augusto Pessoa BragaUniversidade Federal de Pernambuco - UFPE

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bém reforçar aconservação in situ (no próprio ecossistema) de recursos genéti-cos. É ainda instrumento importante de proteção de mananciaisque abastecem larga parcela da população brasileira. Para cercade 80 milhões de habitantes que vivem em seu domínio, ela contri-bui para regular o fluxo dos mananciais hídricos, possuindo um gran-de papel na proteção e fertilidade dos solos, no controle da erosãoe das inundações, protegendo escarpas e encostas (Corrêa, 1995).

Esse domínio engloba um variado conjunto de ecossistemas (Flo-resta Ombrófila Densa; Florestas Estacionais; Floresta OmbrófilaAberta e Mista; Matas Serranas do Nordeste; Vegetação deRestingas; Manguezais; Praias; Vegetação de Dunas e Ilhas Oceâ-nicas e Costeiras), apresentando um alto grau de endemismo e umrico patrimônio natural e histórico-cultural que deram fundamento àprópria identidade nacional.

O Sistema de Gestão da RBMA possui um Conselho Nacional comoórgão máximo, responsável pela definição de políticas, diretrizes emetodologias relativas ao gerenciamento da Reserva. Como umcomponente articulado, o Conselho tem a participação paritária derepresentantes de organizações governamentais (municípios, es-tados e governo federal), e não governamentais (ongs, centros depesquisa e comunidades locais) de todas as regiões que compõema Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Esta integração buscaalternativas ao desenvolvimento da comunidade local e um melhorrelacionamento entre os seres humanos e o meio ambiente.

No âmbito dos estados os Comitês Estaduais são as instâncias degestão da RBMA, subordinados ao Conselho Nacional. Através de-les é que se desenvolvem as ações de implantação da Reservanos estados.

As áreas piloto são selecionadas em cada estado, visando o de-senvolvimento de projetos-modelo, que se bem sucedidos deverãoser implantados em outras regiões da Reserva, e os Postos Avan-

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çados, funcionam como centro de divulgação e informação das idéiase ações desenvolvidas na Reserva.Esse sistema de gestão é complementado por ampla legislação,em âmbito federal e estadual, entre as quais destacam-se o CódigoFlorestal (Lei nº 4771/65); a Lei n° 65197/67, de Proteção à Fauna;a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, n° 6938/81; a Lei n°7661/88 que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro;a Constituição Federal de 1988, que designa, em seu artigo 5º, aMata Atlântica como Patrimônio Nacional; as Constituições Estadu-ais e mais especificamente o Decreto Federal n° 750/93, que dis-põe sobre a preservação e a utilização da Mata Atlântica.

No que se refere ao Estado de Pernambuco, além da Constituiçãode 1988 dispor sobre o tema, conta também com as Leis Estaduaisn° 9960/ 86, n° 9931/86 e n° 9989/87, que dispõem respectiva-mente sobre a proteção dos mananciais, as áreas estuarinas e asreservas ecológicas remanescentes de Mata Atlântica. Mais recen-temente, foram sancionadas as seguintes Leis e Decretos Estadu-ais: da Política Florestal (nº11206/95); das Reservas Particularesdo Patrimônio Natural (n°19815/97) e a que institui a Política e oPlano Estadual de Recursos Hídricos (n° 11426/97), além do De-creto n° 19635/97, que cria a Área de Proteção Ambiental deGuadalupe. Contudo, apesar de sua significação, todo esse apara-to legal não tem sido suficiente para deter o processo de destruiçãodeste bioma e promover a sua conservação, nem mesmo para quea questão seja tratada com a prioridade necessária.

Almeja-se fazer com que a implantação da RBMA se dê pelo traba-lho solidário dos governos com o movimento ambientalista, a co-munidade científica e as populações locais e/ou tradicionais, enti-dades de classes e a iniciativa privada, passando sem dúvida eprincipalmente, pela participação do cidadão e dos proprietários deterra da região da Mata Atlântica. Espera-se também contar com oapoio fundamental das autoridades municipais, estaduais e fede-rais, e com a colaboração técnica e financeira de organizações demeio ambiente, conservação, pesquisa e desenvolvimento regio-nais, nacionais e internacionais.

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brasil (Caesalpinia echinata) que praticamente desapareceu do seuambiente natural, além de outras madeiras valiosas. Assim, a extraçãodo pau-brasil pode ser considerada como uma das primeirasatividades responsáveis por alterações ecológicas de vulto, queafetaram as formações silvestres atlânticas. Um quarto tipo deatividade antrópica destruidora foram as derrubadas destinadas aodesenvolvimento da pecuária bovina extensiva. Também devem serconsideradas atividades múltiplas, tais como as derrubadas visandoa construção de estradas, barragens, vilas, cidades, mineração, etc.Vale salientar, como de grande expressão, as derrubadas para ocu-pação com plantações agrícolas, como canaviais, cafezais,mandiocais, etc. Sobre esse assunto, Gilberto Freyre descreveu emseu livro Nordeste , o que foi a devastação das matas nordestinaspelos colonizadores, e mais precisamente em Pernambuco, para abrirespaço à monocultura canavieira (op.cit. Coimbra-Filho & Câmara,1996:36). A substituição da Mata Atlântica pela cultura da cana apartir do período colonial, representa a principal causa do processode degradação desse bioma, agravando-se com o pro-álcool, em1974. A destruição dos ecossistemas silvestres nordestinos consti-tui, portanto, um processo multiforme e contínuo de origem antrópica,com indiscutível realimentação, que descaracterizou a fisionomia ori-ginal da região.

O que restou da floresta continua a ser devastada e consumidapara usos diversos, além do intenso e desordenado processo deocupação de sua área de ocorrência. Assim, as áreas remanescen-tes encontram-se isoladas e sob constante risco de destruição.

Dados de Gonzaga de Campos (1912) indicam para o Nordeste umpercentual de 36,8% de sua área cobertas com matas no início doséculo e, para o Estado de Pernambuco, um percentual de 34,14%no período citado. Já o último levantamento da Mata Atlântica dePernambuco realizado em 1993 (Braga et al, 1993), indica umpercentual de aproximadamente 4,6% em relação à área original,incluindo as áreas remanescentes dos ecossistemas associados(manguezais, restingas e brejos de altitude) e apenas 1,5% de rema-nescentes em relação à área do Estado.

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2. CONTEXTO HISTÓRICO: DIANTE DE UM PASSADO DEDESTRUIÇÃO E USUFRUTO, QUE PRESENTE E FUTUROQUEREMOS?

Não é possível falar sobre a Mata Atlântica no Estado dePernambuco sem inserí-la no processo histórico de exploração edevastação desse ecossistema em nível regional e mesmo nacio-nal. Sua história se confunde com o próprio descobrimento do paíse o processo de colonização. Antes do seu intenso processo dedestruição, a Floresta Atlântica cobria largas áreas ao longo da costabrasileira, do Nordeste ao Sul do país, avançando para o interiorem extensões variáveis, possuindo uma grande diversidade de so-los, relevos e climas, tendo como elemento comum a exposiçãoaos ventos úmidos que sopram do oceano. Apesar da enorme ca-rência de dados específicos e comprobatórios do processo de de-vastação, é fartamente conhecido que a densa e diversificada flo-resta encontrada pelos colonizadores tem, ao longo dos séculos,sido intensamente explorada e/ou substituída, sendo consideradaatualmente como um dos ecossistemas mais ameaçadas do mun-do (Corrêa, 1995).

No decorrer do processo de ocupação das terras pelo colonizador por-tuguês, diversos tipos de atividades destruidoras se destacaram naeliminação das matas no Nordeste, e particularmente, em Pernambuco.Uma delas, nos primeiros tempos da colonização, foi a destruição de-liberada das florestas visando facilitar a defesa dos colonos contra osataques constantes de indígenas, conforme citam Coimbra-Filho &Câmara (1996). Também as queimadas deliberadas no curso dasfreqüentes lutas dos colonizadores contra indígenas, entre tribos ri-vais, e no decorrer da expulsão de invasores, representaram um ter-ceiro tipo de atividade devastadora. Na maioria das vezes, recomen-dava-se a remoção das matas como estratégia militar.

Outra significativa atividade destruidora foi a da extração do pau-

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to de remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas associadoscomo Reserva da Biosfera pela UNESCO. O Estado de Pernambuco,juntamente com os demais estados do Nordeste, teve sua propostade reconhecimento aprovada pela UNESCO na Fase IV, em 1993,abrangendo grande parte dos remanescentes da Mata Atlântica doEstado.A inclusão de Pernambuco no Programa da Reserva da Biosferadecorreu da coordenação em nível regional pela Sociedade Nor-destina de Ecologia e em nível estadual pela então Secretaria dePlanejamento, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, procurandocongregar durante o ano de 1992 as contribuições de pesquisado-res e técnicos de uma variada gama de instituições, iniciando como mapeamento dos remanescentes florestais e das unidades deconservação, com a definição do seu zoneamento na escala 1:250.000, e culminando com a formalização do seu interesse juntoao Governo Federal. Coube ao Ministério das Relações Exterioresencaminhar o pleito à UNESCO. De lá até o momento atual, foraminiciadas atividades de pesquisa e implementação nas duas áreaspiloto definidas para o Estado, tendo sido também criado, maisrecentemente, o Comitê Estadual da RBMA, os quais serão apre-sentados no corpo do presente Caderno.

De acordo com os últimos levantamentos realizados, o Estado dePernambuco não possui mais que 4,6% da sua cobertura da MataAtlântica original, com o tamanho médio de 128 hectares por mata(SNE, 1994). Apesar do reconhecimento pelas autoridades, cientistase pelo senso comum de que a floresta atlântica caminha a passosrápidos para a sua extinção, os esforços ainda são ainda muito tímidose os recursos humanos e financeiros pouco expressivos para abarcaro problema, não convergindo assim para o superação desta tendên-cia.

Tendo em vista o reduzido tamanho de seus remanescentes e suaimportância em termos de endemismos e de fisionomias diversas daMata Atlântica, tornam-se urgentes o estudo desse problema, bem comoações emergenciais, sendo indispensáveis medidas de conservação emanejo, de modo a retardar ou reverter o empobrecimento gradativo em

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A topografia suave-ondulada e a concentração dessas áreas próxi-mas ao litoral e às cidades, facilitaram a ocupação dos espaços pelohomem. A devastação não poupou nem mesmo algumas áreas desig-nadas por Lei Estadual como Reservas Ecológicas. Conforme estu-do realizado pela Fundação de Desenvolvimento da Região Metro-politana do Recife (FIDEM, 1993), em menos de 10 anos, mais de26% do conjunto das reservas ecológicas da Região Metropolitanado Recife pesquisadas, sofreram algum processo de degradação,substituídas, via de regra, pela cana de açúcar. Em algumas destasreservas a degradação assume caráter ainda mais preocupante, porestarem localizadas em área de proteção de mananciais. Vale sali-entar, que apenas duas delas encontram-se efetivamente implanta-das e possuem um órgão responsável por sua proteção e adminis-tração.

Mesmo assim, Coimbra-Filho & Câmara (1996:65) afirmam que: “ape-sar da intensa devastação, a biodiversidade nordestina atual é aindaapreciável, existindo grande número de formas, inclusive muitosendemismos, que constituem uma das características do bioma MataAtlântica”. Conforme os autores, estes espaços representam amos-tras naturais de extremo valor, pois poderão servir como modelo parafuturos programas de restauração ambiental da região.

3. A MATA ATLÂNTICA E SUA RESERVA DA BIOSFERA NOESTADO DE PERNAMBUCO: A LUTA PARA SALVAR UMPATRIMÔNIO AMEAÇADO

Com o objetivo de proteger e melhor conhecer o que restou dessesignificativo patrimônio natural e cultural, os estados brasileiros quepossuem remanescentes da Mata Atlântica criaram, a partir de 1988,o Consórcio Mata Atlântica, com o objetivo de trocar experiências esomar esforços na otimização dos trabalhos de proteção desse do-mínio. Assim, o Consórcio concebeu um projeto integrado a ser de-senvolvido em quatro fases, buscando o reconhecimento do conjun-

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De norte a sul, estende-se de 7° 15’ 45’’ lat. Sul a 9 ° 28’ 18’’ lat. Sul ,apresentando largura que varia de 80 Km próximo ao paralelo de Goianaà 45 Km no do Recife, 110 Km no paralelo de Barreiros e 155 Km noparalelo de Bom Conselho (Andrade - Lima, 1970). Nesta área situa-se, de forma praticamente contínua, a maior porção da Mata Atlânticae ecossistemas associados remanescentes no Estado, compreenden-do a floresta ombrófila densa ( mata úmida ), a floresta semidecidual(mata seca), os manguezais, restingas, dunas, praias e arrecifes.

De modo descontínuo, encontram-se alguns dos remanescentesde ecossistemas associados, a saber, os brejos de altitude ou ma-tas serranas do agreste e sertão, à oeste do Estado, e ilhas conti-nentais (Ilha de Itamaracá e de Santo Aleixo) e oceânicas (Arquipé-lago de Fernando de Noronha, conforme Mapa).

Na Tabela 1 são apresentados os municípios abrangidos pela Re-serva da Biosfera da Mata Atlântica de Pernambuco, divididos entreaqueles que abrigam em seus territórios áreas protegidas instituídaspor legislação específica municipal , estadual e federal, e os que nãoabrigando unidades de conservação, integram a zona tampão e de

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diversidade biológica e o seu desaparecimento. Desses estudos e me-didas poderão advir subsídios concretos para se tentar um controle prag-mático e objetivo deste preocupante problema ambiental, cuja soluçãoindica, como prioritários, vastos projetos de recuperação, sem os quaisnão se conseguirá evitar a desertificação regional acelerada ( Câmara,1991; Coimbra- Filho & Câmara, 1996). Assim, considerando-se a pre-cária situação das matas nordestinas, assume particular importância apreservação e a recuperação dos remanescentes florestais sob aforma de áreas naturais protegidas (unidades de conservação).

Vale salientar ainda, a importância da Mata Atlântica na proteçãodos recursos hídricos, do relevo, do solo e da qualidade ambientale paisagística, além do indiscutível valor dessas áreas para a pes-quisa e o ensino, o ecoturismo, o lazer e para a educação ambiental.Brade (op. cit. Coimbra- Filho & Câmara, 1996:08) já comentavaem 1940, assim como o Professor Vasconcelos Sobrinho, durantesua jornada em defesa da conservação da natureza, sobre a influ-ência benéfica das matas nordestinas na regularização da umida-de e do fluxo hídrico nas cabeceiras dos corpos d’água, recomen-dando às autoridades a preservação desses ecossistemas vitais.

Dentro deste contexto, é nossa expectativa que a conservação erecuperação dos remanescentes florestais do Estado dePernambuco, juntamente com a melhoria da qualidade de vida da-queles que vivem no seu entorno, venha a merecer atenção espe-cial, particularmente daqueles que detêm em suas terras, boa partedesses remanescentes.

4. LOCALIZAÇÃO DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATAATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Pernambuco abarcauma grande parte dos municípios do litoral, alcançando praticamenteos limites com os Estados de Alagoas, ao sul, e da Paraíba, aonorte (estuário do Rio Goiana), adentrando pela região da zona damata (mata norte e sul).

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(*) Municípios que possuem Áreas protegidas estaduais(**) Municípios que possuem Áreas protegidas federais(***) Municípios que possuem Áreas protegidas municipais

5. GESTÃO DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂN-TICA EM PERNAMBUCO

5.1 Sistema de Gestão

Os Comitês Estaduais, o Plano de Ação Nacional, o Zoneamentoda Reserva e o Planos de Gestão das Áreas Piloto, funcionam comoinstrumentos de gestão em nível estadual, juntamente com as reco-mendações de Seminários Nacionais e Regionais que são realiza-dos periodicamente.

Devido à grande extensão territorial e à elevada diversidade biológi-ca e pluralidade cultural envolvidas, é fundamental que as ações deimplementação da Reserva da Biosfera sejam desenvolvidas de for-ma participativa e descentralizada. Para tanto a RBMA vem priorizandoo estabelecimento de seus Comitês Estaduais. Esses comitês esta-duais devem estar dirigidos para as três funções principais da Reser-va : conservação, desenvolvimento sustentável e conhecimento ci-entífico. Eles representam o Conselho Nacional da RBMA e coorde-nam os trabalhos de implantação da Reserva nos estados, permitin-do uma maior integração entre os órgãos governamentais e a socie-dade civil. É através deles que deve ser assegurada a participaçãona elaboração dos Planos Estaduais de Ação, na seleção de novasáreas piloto, bem como na análise das propostas de criação de Pos-tos Avançados da RBMA, que devem funcionar como pontos difusoresem cada Estado, entre outras funções.

Os comitês representam a instância de apoio e articulação entre oConselho Nacional, os órgãos governamentais (Federais, Estadu-ais e Municipais), as organizações não-governamentais

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transição ou de recuperação da Reserva da Biosfera.

TABELA 1 - Municípios que integram a RBMA no Estado dePernambuco

Municípios comÁreas ProtegidasAbreu e Lima *Arquipélago de Fernando deNoronha (Distrito Estadual) **/*Barreiros**/*Cabo*Caruaru***Escada*Floresta**Goiana*Igarassu*Inajá**Ipojuca*Itamaracá*Itapissuma*Jaboatão dos Guararapes*Lagoa do Ouro**Moreno*Olinda*Paulista*Recife***/*Rio Formoso**São José da Coroa Grande **São Lourenço da Mata*Serinhaém*Tacaratu**Tamandaré**/*Vitória de Santo Antão*

Municípios sem Áreas ProtegidasÁgua PretaBelo JardimBezerrosBom ConselhoBonitoBrejo da Madre de DeusCamaragibeCamocim de São FélixCatendeGaranhunsIbimirimNazaré da MataPalmaresPau FerroPesqueiraQuipapáSanharóSão Vicente FerrerTaquaritinga do NorteTimbaúbaTriunfoVicência

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O Zoneamento da Reserva da Biosfera do Estado de Pernambucofoi realizado em 1992, em cartas topográficas na escala de 1:250.000, possuindo as seguintes características:

- Zonas Núcleo: Nas zonas núcleo que são obrigatoriamente pro-tegidas por legislação específica, os limites coincidem com Unida-des de Conservação existentes, abrangendo um total de 40 Reser-vas Ecológicas estaduais; somados à porções de 13 ZonasEstuarinas; além de porções da Área de Proteção Ambiental deGuadalupe, de 2 áreas protegidas por Lei Municipal, e de 6 Unidadesde Conservação Federais, das quais 5 são de uso indireto. (Tabela2).

- Zonas de Amortecimento ou Tampão : nas zonas de amorteci-mento, os limites coincidem com as áreas selecionadas junto àsáreas de proteção de mananciais e outras áreas fundamentais àformação de corredores ecológicos, integrando-as às zonas núcleoe às zonas de transição. Nelas, as atividades econômicas e o usodo solo devem garantir a integridade das zonas núcleo.

- Zonas de Transição: nas zonas de transição, os limites criamuma “zona envoltória”, que engloba as zonas núcleo e de amorteci-mento. Constitui, com as zonas tampão, campo de influência e in-centivo ao desenvolvimento sustentável e à atividades de pesquisaque serão úteis ao entorno da Reserva.

(ambientalistas e sociais), os moradores locais (especialmente ascomunidades tradicionais), a comunidade científica (Universidades,centros de pesquisa) e empresários conservacionistas, visandoimplementar a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em cada es-tado.

O planejamento e a administração da Reserva da Biosfera da MataAtlântica no Estado de Pernambuco se dão conforme os estatutosdoSistema de Gestão da RBMA em escala nacional (Corrêa, 1995),composto pelas seguintes instâncias: Conselho Nacional; GruposTemáticos; “Bureau”; Comitês Estaduais e Áreas Piloto. São tam-bém embasados no Plano de Ação Nacional (Câmara, 1996) e porsuas diretrizes, buscando a articulação do conjunto de instituiçõesgovernamentais e não governamentais, centros de pesquisa e ex-tensão, e comunidades locais, além do importante intercâmbio en-tre os estados que compõe a Reserva, de forma a garantir sua im-plantação através da compatibilização da conservação ambientalcom o desenvolvimento regional.

O Comitê da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Estado dePernambuco foi criado pelo Decreto nº 20.860/98, sendo compos-to paritariamente por organizações governamentais e não gover-namentais. O Comitê Estadual foi implantado recentemente, dandoposse aos seus membros no mês de outubro deste ano.

Como estratégia de planejamento e manejo, tendo em vista a áreade abrangência e a carência de recursos humanos e especialmen-te financeiros, foram selecionadas duas Áreas Piloto no Estado dePernambuco no IV Seminário Nacional – Região Nordeste realiza-do em Olinda - PE em novembro de 1994, para que nelas sejamconcentrados os esforços de implantação e implementação deprojetos, devendo servir de modelo como áreas experimentais parao restante da Reserva (SNE, 1994).

5.2 Zoneamento da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - PE

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TABELA 2Unidades de Conservação - Zona Núcleo da RBMA - PEÁreas Protegidas Estaduais – Reservas Ecológicas

DENOMINAÇÃO DIPLOMA LEGALAmparo Lei Est. nº 9989/87Bom Jardim Lei Est. nº 9989/87Caetés Lei Est. nº 9989/87Camaçari Lei Est. nº 9989/87Camucim Lei Est. nº 9989/87Caraúna Lei Est. nº 9989/87Contra Açude Lei Est. nº 9989/87Cotovelo Lei Est. nº 9989/87Curado Lei Est. nº 9989/87Dois Irmãos Lei Est. nº 9989/87Dois Unidos Lei Est. nº 9989/87Duas Lagoas Lei Est. nº 9989/87Engenho Macaxeira Lei Est. nº 9989/87Engenho Moreninho Lei Est. nº 9989/87Engenho Salgadinho Lei Est. nº 9989/87Engenho São João Lei Est. nº 9989/87Engenho Tapacurá Lei Est. nº 9989/87Engenho Uchoa Lei Est. nº 9989/87Jaguarana Lei Est. nº 9989/87Jaguaribe Lei Est. nº 9989/87Janga Lei Est. nº 9989/87Jangadinha Lei Est. nº 9989/87Jardim Botânico Lei Est. nº 9989/87

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Lanço dos Cações Lei Est. nº 9989/87Manassú Lei Est. nº 9989/87Miritiba Lei Est. nº 9989/87Mussaíba Lei Est. nº 9989/87Outeiro do Pedro Lei Est. nº 9989/87Passarinho Lei Est. nº 9989/87Quizanga Lei Est. nº 9989/87Santa Cruz Lei Est. nº 9989/87São João da Várzea Lei Est. nº 9989/87São Bento Lei Est. nº 9989/87Serra do Cotovelo Lei Est. nº 9989/87Serra do Cumaru Lei Est. nº 9989/87Sistema Gurjaú Lei Est. nº 9989/87Tapacurá Lei Est. nº 9989/87Toró Lei Est. nº 9989/87Urucu Lei Est. nº 9989/87Usina São José Lei Est. nº 9989/87

TABELA 3Zonas Estuarinas Protegidas por Lei Estadual e Áreas deProteção Ambiental Estaduais

DENOMINAÇÃO DIPLOMA LEGALBeberibe Lei Est. nº 9931/86Capibaribe Lei Est. nº 9931/86Canal de Santa Cruz Lei Est. nº 9931/86Carro Quebrado Lei Est. nº 9931/86Zona de Vida Silvestre – Área de Dec. Est.nº 13553/89Proteção AmbientalFernando de NoronhaGoiana e Megaó Lei Est. nº 9931/86Zona de Vida Silvestre – Área de Dec. Est. n º 19635/97Proteção Ambietal GuadalupeItapessoca Lei Est. nº 9931/86Jaboatão e Pirapama Lei Est. nº 9931/86

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Eng. Uchoa

5. 3. ÁREAS PILOTO

O Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlânticadecidiu trabalhar com a estratégia de Áreas Piloto para buscar re-sultados de curto prazo e efeito demonstrativo (CNRBMA, 1996).Assim, tendo em vista a grande extensão do território da RBMA, asua implantação tem ocorrido, através de ações regionais, sendoselecionadas áreas em cada estado para o desenvolvimento deprojetos-modelo de forma a proporcionar o aprendizado e a de-monstração na prática dos conceitos e funções da Reserva daBiosfera. As áreas piloto definidas para o Estado de Pernambucoaté o momento são as seguintes : Complexo de Itapissuma,Itamaracá e Igarassu, no Litoral Norte do Estado, e Brejo dos Cava-los, situada no município de Caruaru (mata serrana que inclui oParque Municipal Vasconcelos Sobrinho), na região do Agreste. Aseguir são apresentadas algumas diretrizes para o desenvolvimen-to de projetos nestas áreas piloto:

• possibilitar o desenvolvimento integrado e simultâneo dos váriosobjetivos da Reserva;• servir de base para projetos de caráter demonstrativo, comaplicabilidade para outras áreas;• interagir com prefeituras, comunidade local, centros de pesquisa,ONGs e com a iniciativa privada, buscando uma gestão participativa;• contemplar ações que promovam a conservação ambiental, o de-senvolvimento sustentável, a educação ambiental e o conhecimen-to científico e tecnológico;• apoiar o desenvolvimento de estratégias e novas metodologiaspara a implantação de Unidades de Conservação;• estabelecer mecanismos de conexão entre os fragmentos rema-nescentes que assegurem o fluxo gênico e os processos evolutivos;• buscar alternativas econômicas sustentáveis, como por exemplo,o ecoturismo e o manejo de espécies nativas;

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Jaguaribe Lei Est. nº 9931/86Paratibe Lei Est. nº 9931/86Rio Formoso Lei Est. nº 9931/86Sirinhaém e Maracaípe Lei Est. nº 9931/86Timbó Lei Est. nº 9931/86Una Lei Est. nº 9931/86

TABELA 4Áreas Protegidas Federais

DENOMINAÇÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL DIPLOMA LEGALZona de Vida IBAMA/CEPENE DEC.FED. de 23 deSilvestre-Área de outubro de 1997Proteção AmbientalCosta dos Corais*Estação Ecológica UFRPE PORTARIA Nº 051/75

de TapacuráPARNAMAR IBAMA DEC.FED. Nº 96693/88F. de NoronhaREBIO de Pedra IBAMA DEC.FED. Nº 98.942/89Talhada*REBIO de Saltinho IBAMA DEC.FED. Nº 88.744/83REBIO de Serra IBAMA DEC.FED. 87.519/82Negra

* Incluem áreas dos Estados de Pernambuco e Alagoas

TABELA 5Áreas Protegidas Municipais

DENOMINAÇÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL DIPLOMA LEGALParque Ecológico Prefeitura de Caruaru DEC. MUN.Nº2796/83VasconcelosSobrinhoZona de Vida Prefeitura do Recife DEC.FED.Nº17548/96Silvestre – Área deProteção Ambiemtal

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Atlântica do Nordeste” - Conservation International/ Biodiversitas/SNE, 1994 ( considerada de alta importância biológica);• Seminário Regional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica -Conselho Nacional da RBMA/SNE, 1993 (uma das duas áreas de-finidas como prioritárias para o desenvolvimento de projetos pilotoem Pernambuco).

A área estuarina do Canal de Santa Cruz é um braço de mar quesepara a Ilha de Itamaracá do continente, nos municípios deItapissuma e Itamaracá. Ao longo de seu percurso deságuam váriosrios, dosquais destacam-se o Catuama e Carrapicho, ao Norte,Botafogo e Arataca, na porção Noroeste, e Igarassu e Maniquara,ao Sul. A zona litorânea é formada por vegetação típica das praias,restingas e mangues, estes ocupando vastas áreas em toda a ex-tensão do Canal. Dentre as principais espécies da fauna e floraassociadas ao manguezal, encontram-se os socós, o martim-pes-cador grande, as garças, as saracura-três-potes, o martim-pesca-dor pequeno, além das várias espécies de crustáceos, moluscos epeixes e as espécies vegetais Rhizophora mangle, Conocarpuserectus, Laguncularia racemosa e Avicennia germinans. Pesquisasrealizadas pelo Departamento de Oceanografia da UniversidadeFederal de Pernambuco apontam para o potencial piscícola da área,não só no que diz respeito à sua produtividade primária mas tam-bém das excelentes condições que a mesma apresenta para a pis-cicultura. O que evidencia isso é o percentual da população localenvolvida com a atividade da pesca, extrativismo e suacomercialização: entre 70 e 80%. No entanto, apesar de bastanterepresentativa do ponto de vista sócio-econômico e cultural para aregião, a produção pesqueira vem apresentando uma reduçãogradativa, além de serem feitas referências sobre o processo dedesaparecimento de espécies de peixes, atribuídas à sobrepesca ea pesca predatória.

Esta área piloto engloba sete Reservas Ecológicas Estaduais com re-manescentes de Mata Atlântica, três zonas estuarinas protegidas porLei Estadual específica ( N º 9931/86), e ainda as áreas privadas pro-

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• promover a integração com outras áreas protegidas e com pro-gramas e projetos correlatos;• apoiar à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural -RPPNs nas zonas de amortecimento e de transição;• realizar cursos, seminários e atividades de educação ambiental;• promover a recuperação de áreas degradadas e o enriquecimen-to de maciços florestais;• introduzir novas matrizes, conforme indicação de pesquisa cientí-fica, visando reduzir a erosão genética.

Nos itens que se seguem serão apresentados as características eatividades em desenvolvimento nas áreas piloto definidas para oEstado de Pernambuco.

5. 3.1 Área Piloto de Itamaracá, Itapissuma e Igarassu

Abrange a área da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Esta-do de Pernambuco situada no litoral norte, a qual abriga patrimônionatural responsável pela manutenção do complexo estuarino doCanal de Santa Cruz, e dos rios Jaguaribe e Timbó. Limita-se aonorte com a bacia hidrográfica do Rio Goiana, ao sul com a baciado Rio Timbó, e a leste com o Oceano Atlântico.

A escolha deste complexo como área piloto se deve à sua impor-tância ecológica e histórica, englobando ecossistemas de florestaombrófila densa, manguezal, restinga e cerrado (encrave) e impor-tantes monumentos históricos, sendo considerada como uma dasáreas prioritárias para a preservação da biodiversidade e implanta-ção de projetos de conservação, por vários documentos gerados apartir da investigação técnico-científica e de avaliação de oportuni-dades, em eventos como:

• Workshop “Prioridades de Conservação da Zona Costeira do Nor-deste” - WWF/SNE (4ª mais importante, entre 27 áreas considera-das prioritárias);• Workshop “Prioridades de Conservação da Biodiversidade da Mata

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tórico-cultural, e promovendo o desenvolvimento da região e amelhoria da qualidade de vida da população local; c) estabelecercritérios e estratégias para o ordenamento e gerenciamentoambiental nos municípios de Itamaracá, Itapissuma e Igarassu.

A seguir são apresentadas as principais ações em andamento doProjeto Implantação da Reserva da Biosfera da Mata Atlânticana Área Piloto de Itamaracá, Itapissuma e Igarassu :

• Gestão Participativa - que inclui as atividades de Fiscalização;Diagnóstico Sócio-Ambiental e Mapeamento das PotencialidadesdeRestrições e Uso; e Consolidação das Unidades de Conservação;• Gestão dos Recursos Naturais Terrestres - com as atividadesde Recuperação de Áreas Degradadas; Cultivo e Beneficiamentode Plantas Medicinais; Produção de Mudas; e Desenvolvimento daApicultura;• Gestão dos Recursos Naturais Aquáticos - conta com asatividades de Beneficiamento do Pescado; Cultivo de Peixe e Ca-marão; Cultivo de peixe e camarão em viveiro recuperado; Cons-trução da Unidade de Beneficiamento e Comercialização do Pes-cado; e, Cursos de Capacitação ;• Educação Ambiental - abrangendo as atividades de Capacitaçãopara a Comunidade e Produção de Vídeos, Cartilhas e Folders;• Turismo Ecológico e Cultural - as tarefas incluem a Implantaçãode Infra-estrutura e Equipamentos Turísticos; Implantação de Tri-lhas Interpretativas; Produção de Material Informativo para o Turis-mo; e Capacitação de Monitores.

Mais recentemente, foi criado e implantado um Posto Avançado daRBMA (aprovado na Reunião anual do Conselho Nacional) nestaárea piloto, sob a responsabilidade da Sociedade Nordestina deEcologia, com apoio da Companhia Pernambucana do Meio Ambi-ente - CPRH.

5. 3.2 Área Piloto de Brejo dos Cavalos

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tegidas, correspondentes ao Refúgio Ecológico Charles Darwin e aoParque Ecológico Petribom, ambos localizados no município deIgarassu. Apresenta espécies raras e ameaçadas de extinção como opeixe-boi marinho e aves migratórias, assim como a presença de trêsbases de pesquisa do IBAMA (Centro Peixe-Boi Marinho), UFRPE (Basede Pesquisas de Aves Migratórias) e UFPE ( Base de Piscicultura doDepto. de Oceanografia), além da base e sementeira do Projeto Vi-vendo a Mata Atlântica da SNE. O diagnóstico socioambiental para aárea piloto, realizado recentemente com recursos do PED, apresentauma lista com 97 espécies de aves, sendo porém salientado no estu-do, que a riqueza de espécies foi subestimada, devido ao pouco tem-po para a realização dos trabalhos de campo e à escassez de levan-tamentos sobre o assunto para os municípios.

Esta microrregião apresenta ainda um belíssimo acervo histórico ecultural, que se manifesta no conjunto arquitetônico, na paisagemregional, nas festas populares, no folclore, no artesanato e nagastronomia. Os sítios históricos, caracterizam os processos de evo-lução cultural que contribuíram para a construção da história dessesmunicípios e da própria história nacional. Com fortes marcas históri-cas do período da colonização portuguesa e da invasão holandesas,e com seu patrimônio natural e belezas cênicas, estes municípiossão um pólo turístico permanente, com uma pressão crescente so-bre os recursos naturais e os serviços públicos. A região tem a pes-ca, a agricultura e o turismo como principais fontes de renda.

Tendo em vista a gama de potencialidades e de problemassocioambientais, essa área de abrangência foi selecionada paraimplementação de um dos cinco Projetos de Execução Descentra-lizada - PED, criado a partir do Programa Nacional do Meio Ambi-ente do Ministério do Meio Ambiente, sob a coordenação da Prefei-tura de Itapissuma e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e MeioAmbiente do Estado de Pernambuco, contando ainda com a parti-cipação de 11 entidades co-executoras e de apoio técnico. Esteprojeto tem como principais objetivos: a) viabilizar em escala pilotoa RBMA em Pernambuco; b) desenvolver ações integradas quepossibilitem a conservação dos ecossistemas e do patrimônio his-

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ainda àquele tipo vegetacional como uma “Floresta estacional sub-caducifólia tropical plúvio-nebular (matas serranas).

As atividades em curso na área fazem parte do projeto “Recupera-ção e Manejo dos Ecossistemas Naturais de Brejos de Altitudede Pernambuco e Paraíba”, financiado com recursos do Ministériodo Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal -MMA através do PROBIO, o Banco Mundial e o Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Envolve pes-quisadores da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE(Deptos. de Botânica, Engenharia Civil, Geografia e Zoologia), Uni-versidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE (Depto. de Ciên-cias Florestais) e da Universidade Federal da Paraíba - UFPB -(Depto. de Sistemática e Ecologia) e a Sociedade Nordestina deEcologia - SNE. Os trabalhos referentes a esse projeto foram inici-ados em maio de 1997 e terão a duração aproximada de 36 meses.

O projeto em curso apresenta os seguintes objetivos :

• identificar e detalhar o mapeamento dos remanescentes de bre-jos de altitude;• mapear os recursos hídricos;• inventariar a flora e a fauna;• estudar a ecologia das espécies potencialmente econômicas ;• selecionar espécies para cultivo e propagação;• caracterizar aspectos geo-sócio-econômicos das comunidadesenvolvidas;• diagnosticar problemas e propor soluções para o uso adequadodo solo;• publicar e divulgar informações pertinentes ao projeto;• desenvolver um programa amplo de educação ambientaldirecionado para a população do entorno dos brejos;• promover cursos para a comunidade no sentido de envolvê-la coma preservação e as alternativas de utilização e uso racional da área;• propor um Plano de Conservação para os Brejos;• realizar o zoneamento ambiental do município de Caruaru;

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Abrange 5.200 ha da Reserva da Biosfera situada na Serra dosCavalos, no município de Caruaru, a qual abriga a mata serrana ou“brejo de altitude”, o Parque Ecológico João Vasconcelos Sobrinho,fontes de água mineral e mananciais. O Brejo de Serra dos Cava-los faz parte do complexo cristalino da Borborema, detendo umpatrimônio natural, paisagístico e cultural de grande valor e abri-gando uma representativa biodiversidade.

O Parque Ecológico João Vasconcelos Sobrinho está situado nomunicípio de Caruaru, microrregião do Vale do Ipojuca, Estado dePernambuco. Segundo carta da SUDENE, folha SC. 24-X-B-111,está localizado entre as coordenadas 08º18' e 08º30' de latitude sule 36º00'e 36º10' de longitude oeste de Greenwich. A maior parte daárea do Parque é composta por remanescentes da vegetação primiti-va de porte florestal. Com relação a rede hidrográfica, a área estáintegrada na bacia hidrográfica do Rio Ipojuca, sendo o único rio quecortando o Agreste e a Mata, tem sua origem no Sertão. Os recursoshídricos superficiais são representados por três grandes açudes, quesomam um total de 26,9 ha, importantes fontes de abastecimento deágua potável para Caruaru e municípios próximos. Existem inúmeroscórregos que nascem em quase todos os pontos da área e que hojesão utilizados na irrigação de pequenos e médios produtores agrícolas(CPRH, 1994).

Nas áreas de Brejo de Altitude, a presença abundante de água,em relação as áreas circundantes, é o elemento que comanda asdemais condições do quadro natural das mesmas. A elevada altitu-de das matas serranas faz com que se forme um microclima, comregime de chuvas próprio, o que garante a manutenção da florestaúmida. O RADAMBRASIL (1983), classificou as manchas úmidasdo agreste e sertão como Floresta Ombrófila Densa Montana, poisestão compreendidos em áreas que apresentam cotas entre 800 e1000 m, constituindo numa disjunção da Floresta Ombrófila Densada costa atlântica. Andrade-Lima (1960 b) referência para áreascom condições peculiares como as encontradas no Brejo da Serrados Cavalos, o desenvolvimento do tipo “Floresta estacionalperenifólia de altitude e posição”. O mesmo autor (1966) refere-se

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• elaborar um Plano de Manejo para o Parque Municipal, de acordocom os princípios e diretrizes da Reserva da Biosfera da Mata Atlân-tica.

6. PROGRAMAS E PROJETOS CORRELATOS

6.1 Projetos de Execução Descentralizada - PEDCom apoio financeiro do Banco Mundial (70%), através do Progra-ma Nacional de Meio Ambiente, do Governo do Estado (10%), dasprefeituras e demais entidades co-executoras (20%), o Estado dePernambuco contou em 1998 com recursos para o desenvolvimen-to de cinco projetos envolvendo ações de conservação ambiental edesenvolvimento sustentável, dos quais, quatro deles envolvemmunicípios ou parte deles que encontram-se no domínio da MataAtlântica, sendo um desses projetos referente à implantação de umaárea piloto da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (conformeítem 5.3.1). São eles :• Implantação da RBMA na Área Piloto de Itapissuma e Itamaracá;• Desenvolvimento do Ecoturismo no Arquipélago de Fernando deNoronha;• Desenvolvimento de Sistemas Florestais Sustentáveis nos Muni-cípios de Bonito, Camocim de São Félix, Camaragibe e Gravatá .

Em âmbito geral, os Projetos de Execução Descentralizada estimulama adoção de estratégias de fortalecimento da gestão ambiental, atra-vés de ações descentralizadas, visando solucionar problemasambientais nas diversas regiões brasileiras. A viabilização do PED sedá através da atuação compartilhada entre instituições, ONGs e osgovernos federal, estadual e municipal. O PED estimula também asatividades geradoras de renda e emprego, contribuindo para o desen-volvimento econômico local, em equilíbrio com a conservação ambiental.

6.2 Projeto Pirapama - Planejamento e Gerenciamento Ambientalda Bacia do Rio Pirapama

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O Projeto Pirapama é um projeto de cooperação técnica entre oGoverno Brasileiro e o Governo Britânico, através da CompanhiaPernambucana do Meio Ambiente - CPRH e do Departament forInternational Development - DFID, respectivamente. Conta com aparticipação de diversas instituições públicas do Estado dePernambuco e Prefeituras que englobam a Bacia Hidrográfica doRio Pirapama, procurando também o envolvimento de ONGs, as-sociações de agricultores, proprietários de terra e indústrias, estan-do a coordenação a cargo da CPRH. Sua área de abrangência é abacia do Rio Pirapama até o estuário do Rio Jaboatão, estandosituado na zona da mata sul de Pernambuco, ou seja, dentro dodomínio da Mata Atlântica. Particularmente, a área e as ações doProjeto abrangem onze reservas ecológicas, zonas núcleo da RBMA.O mesmo conta com recursos na ordem de um milhão, duzentas etrinta mil libras esterlinas (1.230.000, 000 ) e tem um prazo de trêsanos de execução.

O projeto tem como principais objetivos o controle da poluiçãoambiental e a elaboração do plano de gerenciamento ambientalpara o desenvolvimento sustentável da Bacia do Rio Pirapama.

Entre as atividades previstas constam: o diagnóstico ambiental in-tegrado da Bacia; a definição de um modelo de planejamentoambiental e a elaboração de um plano de gerenciamento para odesenvolvimento sustentável da bacia hidrográfica. No que se refe-re especificamente às áreas remanescentes de Mata Atlântica, oprojeto pretende desenvolver as seguintes ações: a) identificaçãode áreas de sensibilidade ecológica; b) avaliação da situação doshábitats naturais; c) definição de propostas para proteção das áre-as de remanescentes de mata e das áreas já protegidas por LeiEstadual.

6.3 Gerenciamento Costeiro de Pernambuco - GERCO

O Gerenciamento Costeiro de Pernambuco, faz parte do Plano Na-cional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, criado no ano de 1988

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órgãos setoriais e prefeituras, as seguintes atividades:

• Centro Turístico Guadalupe - O projeto previsto para o Centroabrange uma superfície total de 8.805 ha do litoral sul do Estado,envolvendo as praias de Guaiamum, Gamela, Guadalupe, Caneirose Tamandaré;• Plano de Revitalização do Bairro do Recife;• Projeto Centro Cultural e de Exposições de Pernambuco;• Desenvolvimento Institucional - Objetiva dotar os órgãos execu-tores de recursos humanos com maior capacitação, tendo em vistaprincipalmente desenvolver e assegurar a aplicação de normas deproteção ao meio ambiente.

Dentre os produtos deste componente do programa, vale salientara aquisição, de equipamentos de geoprocessamento para Unidadede Cartografia e de uma Unidade Móvel de Educação Ambientalque atualmente está atuando na Área de Proteção Ambiental deGuadalupe pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente.

6.5 Programa de Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata- PROMATA

O PROMATA faz parte de um conjunto de ações prioritárias doGoverno do Estado de Pernambuco. Constitui-se em um programaestruturador para a região tendo como objetivo apoiar o desenvolvi-mento sustentável, visando a melhoria das condições de vida dapopulação da Zona da Mata. O Programa contará com recursosestaduais e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, tendoum período de execução previsto para cinco anos.

Dentre os subprogramas, destacam-se os seguintes projetos maisvinculados ao tema: Ampliação e Melhoria de Sistemas de Abaste-cimento d’água; Implantação de Sistemas de Esgotamento Sanitá-rio; Estudos de Coleta, Transporte e Disposição de Lixo;Monitoramento e Controle Ambiental; Recuperação, Conservação

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através da Lei Federal Nº 7661, o qual tem por objetivo geral planejare gerenciar de forma integrada e participativa as atividades sócio-econômicas da zona costeira, visando o desenvolvimento susten-tável e a melhoria da qualidade de vida das populações locais.O GERCO/PE tem como atribuições : a) operacionalizar, no âmbitoestadual, o PNGC; b) estruturar e consolidar o Sistema Estadual deInformação do Gerenciamento Costeiro; c) promover a GestãoAmbiental da Zona Costeira, através da articulação intersetorial einterinstitucional; d) promover o ordenamento do uso e ocupaçãodo solo na Zona Costeira através do Zoneamento Ambiental; e)elaborar o Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira -RQA-ZC; f) desenvolver estudos e pesquisas relativas à proteção,recuperação e uso racional dos recursos naturais da Zona Costei-ra; g) fornecer diretrizes para implantação de empreendimentos; eh) analisar licenciar empreendimentos e atividades que objetivemo uso e ocupação do solo na Zona Costeira.

Entre os resultados obtidos pode-se destacar a implantação preli-minar do Sistema de Informação Geográfica do Gerenciamento Cos-teiro - SIGERCO, a elaboração do diagnóstico preliminar e do Pla-no de Gestão Integrada do litoral Sul de Pernambuco, e apoio naimplantação e gestão da APA de Guadalupe.

6.4 Programa de Desenvolvimento do Turismo - PRODETUR/PE

Através do Programa de Desenvolvimento do Turismo, os estadosdo Nordeste contemplados visam aproveitar o potencial turístico daregião, com ações que incluem projetos de infra-estrutura, preser-vação do meio ambiente e do patrimônio histórico, além do desen-volvimento institucional. Este programa conta com o financiamentodo Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco do Nor-deste.

No Estado de Pernambuco o PRODETUR é coordenado pela Se-cretaria de Planejamento, que vem desenvolvendo em parceria, coma Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH e outros

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ço de 1997. O trabalho orçado em R$ 200 mil reais, foi financiadopelo Darwin Initiative for the Survival of Species, órgão do Ministé-rio do Meio Ambiente do Reino Unido. O levantamento apontou pelomenos cinco novas espécies de plantas, dentre as 957 espécies e433 gêneros diferentes classificadas: Acritopappus sp; Mandevillasp; Eugenia sp; Bunchosia pernambucana; e Byrsonima pedunculata(Jornal do Comércio, Maio de 1998).

O levantamento florístico dos brejos de altitude de Pernambuco re-velou a ocorrência de plantas típicas da Floresta Amazônica e daMata Atlântica do Sudeste. Isso reforça a principal tese sobre a ori-gem dos brejos, que os considera como resquícios de um tempo emque as florestas úmidas da região costeira e do norte do país, expan-diram para o interior a partir de condições climáticas favoráveis. Ochecklist indicou a presença de 41 espécies de plantas comuns àFloresta Amazônica. Já a semelhança com a Mata Atlântica do Su-deste foi maior; depois de comparar as 957 espécies encontradasnos brejos de Pernambuco com as listadas para Macaé de Cima, noRio de Janeiro, os pesquisadores encontraram 46 plantas comunsàs duas florestas.

6.7 Projeto Peixe-Boi Marinho

Projeto mantido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis - IBAMA, tendo como objetivo prin-cipal a reprodução e o repovoamento das áreas no litoral onde eracomum a ocorrência do mamífero Trichechus manatus. No caso doBrasil, a sua ocorrência natural é o litoral nordestino, onde é possí-vel encontrar atualmente uma população de apenas 500 peixes-bois nativos.

No Estado de Pernambuco, tem sua base localizada no Município deItamaracá (um dos municípios abrangidos pela área piloto), onde de-senvolve as atividades de criação e reprodução dos animais em ca-tiveiro, reabilitação de indivíduos recém-nascidos, reintrodução aoambiente natural, educação ambiental e pesquisa. Aberto para

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e Uso dos Recursos Naturais; e Educação Ambiental.

No caso específico do Projeto de Recuperação, Conservação e Usodos Recursos Naturais, este visa apoiar e incentivar a recomposi-ção dos recursos florestais, com prioridade para os remanescentesda Mata Atlântica, contemplando ainda o reflorestamento com finssociais, de modo a introduzir na Zona da Mata a prática do manejosustentável, buscando também apoiar o desenvolvimento do turis-mo ecológico e rural.

Projeto Vivendo a Mata Atlântica - SNE

A Sociedade Nordestina de Ecologia vem desenvolvendo este pro-jeto junto ao Município de Itapissuma (Área Piloto da RBMA - PE)com recursos do Projeto Demonstrativo Tipo A - PD/A, coordenadopelo Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Comduração prevista de 36 meses, conta com as seguintes atividades:Produção de mudas nativas e implantação de viveiro florestal; Re-cuperação de áreas degradadas; Reflorestamento e arborizaçãourbana; e , Educação ambiental e divulgação. Atualmente a SNEconta com outros parceiros e geração de recursos próprios, quegarantem a sustentabilidade e manutenção do projeto.

6.6 Universidades e a Mata Atlântica

Pesquisadores da área de Botânica do Departamento de Biologiada Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, juntamentecom um pesquisador do Royal Botanic Kew Garden , e bolsistas doCNPq, realizaram um levantamento das plantas vasculares de noveremanescentes de brejos de altitude (domínio da Mata Atlântica) noEstado de Pernambuco. A coleta de material — 7200 fragmentosde plantas — começou em junho de 1994, estendendo-se até mar-

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situ). Entre as espécies estudadas, destacam-se o mico-leão-de-cara-dourada e o sagui negro do Pará.

Por seu desempenho em defesa da Mata Atlântica, o Refúgio járecebeu várias homenagens e prêmios. Entre eles, em 1996, rece-beu o Prêmio Vasconcelos Sobrinho, concedido pela CPRH, porrelevantes serviços prestados ao meio ambiente do Estado dePernambuco.

7. PROPOSTAS DE AÇÕES PARA A RBMA EM PERNAMBUCO

Tendo em vista o reduzido tamanho dos remanescentes da MataAtlântica e seus ecossistemas associados no Estado dePernambuco, bem como sua importância em termos de endemismose de fisionomias diversas da Mata Atlântica, tornam-se urgentes aimplementação de uma política e o desencadeamento de estratégi-as e ações emergenciais, sendo indispensáveis o incentivo à pes-quisa e às medidas de conservação e manejo.

A lista apresentada a seguir, em parte baseada nas diretrizes e reco-mendações contidas no Plano de Ação para a Mata Atlântica (Câ-mara, 1991) e nos anais do Workshop Mata Atlântica (Atibaia, 1993),espera poder contribuir com sugestões de ações emergenciais e decurto, médio e longo prazos, que nos parecem de grande importân-cia para enfrentar o desafio da conservação da Mata Atlântica e suaReserva da Biosfera no Estado de Pernambuco, necessitando paratanto do envolvimento crescente de amplos setores da sociedade.

• Mapeamento urgente da Reserva da Biosfera da Mata Atlânticano Estado em escala adequada, com revisão periódica;• Fiscalização efetiva : fortalecimento dos organismos e/ou setores

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visitação pública recebe cerca de 70 mil pessoas por ano (RevistaGalileu, nov.1998). O projeto recebeu o Prêmio Muriqui, para institui-ções, do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlân-tica em 1994.

6.8 Iniciativa Privada e a Mata Atlântica - Refúgio EcológicoCharles Darwin

O Refúgio Ecológico Charles Darwin é uma instituição particularinstalada numa área de 60 ha de Mata Atlântica situada no Municí-pio de Igarassu, litoral norte de Pernambuco (localizado dentro daárea piloto de Itapissuma, Itamaracá e Igarassu). Criado há cercade quarenta anos, somente no final da década de 80 teve início asistematização de suas atividades como Centro de Pesquisas.Entre as atividades desenvolvidas no Refúgio, destacam-se: Pre-servação e Conservação Florestal; Pesquisa Científica e EducaçãoAmbiental (de 1990 até o momento, o refúgio recebeu cerca denove mil alunos de 1º e 2º graus). Nos últimos anos, o Refúgio criouum programa especial de turismo ecológico, visando atender gru-pos particulares interessados em conhecer a fauna e a flora daregião. Além destas atividades, foi organizada uma sementeira, apartir de pesquisas realizadas na área de botânica. Estão sendoreproduzidas quarenta espécies de plantas originárias da Mata Atlân-tica do Estado de Pernambuco, como por exemplo: visgueiro, ipê-branco, imbira vermelha, aticum, ingá, guabiraba, bulandi,tamanqueira, etc. No que se refere as pesquisas, os trabalhos (maisde 50 trabalhos em nível de graduação, mestrado e doutorado)envolvem as áreas de sistemática e catalogação de espécies ani-mais, vegetais e fungos, comportamento social, hábitos alimenta-res, reprodução, criação em cativeiro, reintegração de animais sil-vestres em ambiente natural e educação ambiental.

Vale salientar também como uma das atividades do Refúgio, oCriadouro Muriqui de Primatas, que vem a ser um centro de pes-quisas registrado pelo IBAMA, desenvolvendo vários estudos so-bre primatas, em viveiros especiais (ex situ) e na própria mata (in

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de fiscalização ambiental e particularmente florestal;• Definição de plano e estratégias de fiscalização integrada nasáreas de maior pressão;• Estabelecimento de canais de comunicação, sensibilização, in-centivos e/ou parcerias com proprietários de terras (especificamen-te donos de engenho e usinas de açúcar) contendo áreas rema-nescentes de mata atlântica no Estado;• Diagnóstico, avaliação do grau de representatividade biológica eimplantação das Unidades de Conservação já instituídas por Lei;• Realização de estudos objetivando a definição de novas unida-des de conservação em áreas significativas do Estado;• Revisão de categorias das áreas protegidas criadas como reser-vas ecológicas, reclassificando-as dentro do que rege a Lei Esta-dual de Política Florestal e do novo projeto de Lei do Sistema Naci-onal de UCs; Revisão e/ou regulamentação da Lei nº 9989/87;• Incentivo à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural;• Implementação de medidas urgentes para áreas com alta densidadede fragmentos, objetivando a reconstituição de contínuos florestais;• Desenvolvimento de programa e estratégias de comunicação esensibilização para o público em geral, particularmente políticos, osgovernos federal, estadual e municipal, e o setor privado, visando umaação conjunta para a preservação do que resta da Mata Atlântica lo-cal;• Desenvolvimento de programa de comunicação e educaçãoambiental, visando o envolvimento da sociedade, universidades, es-colas, organizações não governamentais e comunidades locais navalorização, proteção e gestão da Reserva da Biosfera da Mata Atlân-tica e suas Unidades de Conservação, com ênfase para as áreaspiloto;• Busca de um envolvimento mais amplo das comunidades de mo-radores e científica, dando ênfase na continuidade das ações epropostas nas áreas piloto e através de amplos debates sobre aRBMA;• Estabelecimento de projetos-modelo de restauração, em áreascom fragmentos florestais próximos, usando espécies pioneiras quepermitam a regeneração natural ( Ex.: Matas de Itamaracá );• Incentivo e implementação de programas de pesquisa, com ênfa-

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se na execução de inventários de flora e fauna;• Estabelecimento de intercâmbio e cooperação técnico-científicacom universidades e instituições de pesquisa, visando criar progra-mas voltados à Reserva da Biosfera da Mata Atlântica;• Implementação de pesquisas visando a utilização sustentável dosrecursos naturais, incorporando, sempre que possível, os proces-sos utilizados pelas comunidades tradicionais;• Monitoramento da RBMA e dos remanescentes da Mata Atlântica,utilizando, inclusive, técnicas de sensoriamento remoto;• Desenvolvimento de programas de formação de quadros,contratação de pessoal e capacitação no setor da conservação danatureza e em particular da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica;• Levantamento de dados relacionados ao acervo histórico e cultu-ral das áreas e populações da RBMA;• Instalação e funcionamento de postos avançados da Reserva daBiosfera da Mata Atlântica, como pólos integradores de ação edispersores de informação.8. LITERATURA CONSULTADA

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atéria "Vasconcelos S

obrinho: um am

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Diá

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ernambuco. C

aderno Viver. 1988)

Nascido em

Moreno, em

Pernam

buco passou parte desua infância e juventude em

Paudalho. F

requentou aantiga E

scola Superior de A

gricultura, hoje incorporadaà U

niversidade Federal R

ural de Pernam

buco - UF

RP

E,

da qual foi diretor e reitor.

Form

ado em E

ngenharia Agronôm

ica, Vasconcelos S

o-brinho fez da profissão um

verdadeiro sacerdócio, trans-form

ando-se em um

dos maiores estudiosos e autorida-

des da Am

éria Latina em m

atéria de meio am

biente.

Suas idéias em

favor da preservação ecológica, formu-

ladas através de pronunciamentos contundentes, tive-

ram repercussão internacional, inclusive, alguns, leva-

dos à debate em conferência realizada pela O

NU

em1977, quando da reunião das N

ações Unidas sobre

desertificação, em N

airobi (África). G

rande especialistaem

desertos, criou uma nova ciência que denom

inouD

esertologia.

Durante m

ais de 50 anos, Vasconcelos dedicou-se ao

exercício do magistério na U

niversidade Rural, da qual

foi um dos seus fundadores. U

m dos fatos m

ais notá-veis de sua vida de professor foi a introdução da discipli-na "E

cologia Conservacionista", a prim

eira no gênero aser m

inistrada no Brasil.

Criou e dirigiu por 14 anos o Jardim

Zoobotânico de D

oisIrm

ãos, em R

ecife, além de ocupar diversos cargos com

oo de diretor dos Instituto de P

esquisa Agronôm

ica - IPA

e do Serviço F

lorestal do Ministério da A

gricultura do Rio

de Janeiro; mem

bro do Conselho de P

roteção ao Índio eP

residente do Conselho N

acional de Fiscalização das

Expedições C

ientíficas e Artísticas do B

rasil. Realizou

dezenas de conferências no Brasil e no exterior, entre as

quais na ON

U, além

de ter escrito vários livros.

Suas idéias influenciaram

não só os estudos e práticasde defesa do m

eio ambiente m

as também

resultaramem

ações como a criação da E

stação Ecológica do

Tapacurá, a primeira estação do gênero no B

rasil, cons-tituindo um

importante centro de estudos ecológicos. F

oigrande incentivador do P

arque Ecológico da S

erra dosC

avalos, que hoje leva seu nome, um

a das áreas esco-lhidas com

o piloto da RB

MA

, que tem com

o objetivo odesenvolvim

ento dos estudos ecológicos da região, prin-cipalm

ente, dos ecossistemas de brejo do A

greste Se-

tentrional.