ESPAÇO DE FLUXOS - O FIM DAS CIDADES

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ UESC CURSO DE GRADUAO EM ADMINISTRAO DE EMPRESAS DISCIPLINA: TECNOLOGIA DA INFORMAO

ESPAO DE FLUXOS: O FIM DAS CIDADES? Rosilene Alves de Sousa1 Sara dos Santos Teles2

1. INTRODUO

O Brasil passou por profundas mudanas a partir da dcada de 1960, mais notadamente nos anos seguintes dcada de 1990. Um sem nmeros de avanos cientficos e tecnolgicos fomentou o estabelecimento de novos paradigmas. Os computadores, de estanques, passaram a interagir em redes, criando modernas formas de informao e comunicao e provocando mudanas indelveis nas relaes sociais, econmicas e culturais. Nessa realidade, a cidade contempornea tem sido alvo de alteraes no que se refere relao tempo-espao, tal que o cidado percebe e vivencia essa transformao. A velocidade de circulao de bens, mercadorias, capital, pessoas, informao, tecnologia, sons, imagens, smbolos e interao social caracterstica patente dessa nova era tecnolgica. essa reorganizao material das prticas sociais, Castells (2000) chama de espao de fluxos. Vrios conceitos tm sido desenvolvidos com o fito de entender a interao entre as cidades fsicas contemporneas e as redes digitais de comunicao de informao. Alguns autores vo cham-la de no-lugar, ciberespao, reino da informao, cidade informacional, cidade global, entre outros termos. Isso funciona como uma cibercidade ou cidade digital. Ambas as nomenclaturas so utilizadas para definir a forma espacial predominante entre as cidades contemporneas (SOUZA; JAMBEIRO, 2005), notadamente, a propagao eletrnica da informao atravs dos meios digitais de comunicao e informao, como a Internet. Este position paper busca analisar, do ponto de vista da nova sociedade cientficotecnolgica da informao e do conhecimento, as cidades digitais, atentando para a realidade virtual das cibercidades. Nesse sentido, questiona-se acerca do avano do espao de fluxos sobre as cidades fsicas. Seria o fim dessa forma de conceber o significado de cidade?1 2

Graduanda em Administrao de Empresas pela Universidade Estadual de Santa Cruz UESC. Graduanda em Administrao de Empresas pela Universidade Estadual de Santa Cruz UESC.

2. ERA DA INFORMAO E A EVANESCNCIA DAS CIDADES

As novas tecnologias de comunicao e informao se desenvolveram com enorme velocidade. Em um lapso temporal extremamente curto, de duas dcadas, observou-se um desenvolvimento vultoso no campo da ciberntica. Esse desenvolvimento no se deu sem propsitos, mas calcado na habilidade de armazenar, recuperar e processar a informao (SOUZA; JAMBEIRO, 2005, apud Castells, 1992). Diante desse contexto de virtualizao contnua, questiona-se se o fenmeno digital observado nas cidades contemporneas, com a informatizao de diversos atos do cotidiano, como o trabalho on-line, o comrcio eletrnico, a educao a distncia ou mesmo formas de entretenimento e diverses em rede, determinariam o fim das cidades fsicas. O espao de fluxo intrnseco s cidades virtuais, sendo que nesse espao que se v constituir os grandes centros de desenvolvimento econmico, cultural e social. Tudo passa a ser construdo e legitimado no ciberespao, acentuando a impresso de evanescncia das cidades fsicas. Castells (2002) disserta a respeito da efemeridade da beleza das cidades espanholas. Isso tem sido visto em todo local aonde a tecnologia j chegou. Em obras arquitetnicas restauradas cada vez mais so inclusos alm de novos materiais itens que no desenho original no existiam. Para quem inova, a tecnologia transforma e modifica sempre, a priori para o bem, para ser ou fazer melhor, porm, nem sempre essa idia original persiste por muito tempo. Usando como exemplo a cidade baiana de Itabuna, v-se o quanto foi transformada pelo comrcio, indstria e servios (Fig 1. e Fig. 2, anexo). O progresso modificou e ainda modifica constantemente o espao, fazendo com que atravs da interferncia do homem o meio se adapte a ele gerando beneficamente emprego, oportunidade e renda ou maleficamente poluio, segregao e marginalizao social. Os grandes centros no se modificam apenas fisicamente, seus freqentadores tambm mudam, e apesar de tantos locais para se consumir, trabalhar e freqentar, ainda existe uma classe que ocupa o entorno dessa sociedade urbana. uma parcela da populao que conhece o progresso tem acesso s tecnologias diversas, mas no consegue utiliza - l como meio para ascenso social. No exemplo itabunense vem-se grandes empresas ocupando o centro da cidade, lojas de nvel nacional como Casas Bahia, ou de nvel mundial como a agncia

bancria HSBC, ou ainda empresas nacionais, mas que j atuam em outros pases como uma franquia do Bobs. Com isso percebe-se o quanto se est prximo de cultura to distinta da regional, e gradualmente deixa-se de manter tradies e mescla-se o que prprio com o que importado. A globalizao tecnolgica no vem para separar, mas, pelo contrario, tenta demonstrar que tudo est perto e que possvel experimentar de tudo um pouco. V-se, ento, que embora parea invivel a coexistncia comensal entre o espao de fluxos e as cidades, estes fluxos devem fortalecer a cidade fsica, devido sua mobilidade crescente na Era da Informao e sua flexibilidade temporal (CASTELLS, 2002). Assim, o espao de fluxos impe-se como um dos atributos das cibercidades. Lvy (2000) acredita que a articulao entre o funcionamento urbano e as novas formas de inteligncia coletiva, as redes digitais de interao, a que apresenta maiores possibilidades para o desenvolvimento scio-urbano. Assim, nessa recente configurao de espao urbano, as tecnologias da informao so amplamente utilizadas para flexibilizar a noo de espao dos lugares, atravs de rede de informao. Essas redes so responsveis por romper as culturas que as sociedades possuam, baseadas unicamente em um local fsico geograficamente delimitado, transitando, assim , para uma cultura de rede e para um espao de fluxo (CASTELLS, 2002).

3. CONCLUSO

O espao de fluxo conecta, articula e transforma as cidades contemporneas, essencialmente compostas por redes, sejam elas intangveis, tais quais as redes sociais, econmicas ou polticas, fluxos de capital, fluxos de informao, fluxos de tecnologia, fluxos de interao organizacional, fluxos de imagens, sons e smbolos, ou tangveis, com as redes virias, ferrovirias, de gua e de luz. A Internet mostrou sociedade do sculo XX e s posteriores que possvel extrapolar os limites urbanos e at mesmo as barreiras de uma nao e de um continente. Verifica-se na cibercidade a virtualizao de muitos dos fluxos antigamente limitados cidade fsica, como a educao distncia, as compras on-line, o pagamento de contas via bankline, as reunies via-satlite, o datashow em substituio ao giz e ao quadro negro, as

redes de sociabilidade virtual que freqentemente substitui os encontros presenciais, entre tantos outros exemplos. Assim, as cidades e as cibercidades imbricam-se, servindo uma outra, convivendo concomitantemente, potencializando o fluxo que vem sendo considerado o mais importante insumo desta era: a informao.

4. REFERNCIAS

CASTELLS, Manuel. A era da informao: economia, sociedade e cultura. Volume I. A sociedade em rede. 6ed. So Paulo: Paz e Terra, 2002. LVY, Pierre. Cibercultura. So Paulo: Editora 34, 2000. SOUZA, Leandro; JAMBEIRO, Othon. Cidades informacionais: as cidades na era da informao. VI Cinform: UFBA, 2005. Disponvel em: http://www.cinform.ufba.br/vi_anais/docs/LeandroSouza.pdf. Acesso em: 20 nov. 2011.

ANEXO

Fig 1. Avenida Cinqentenrio, a principal via de Itabuna-BA, vista a partir da Praa Santo Antnio, 1941.

Fonte: Google imagens.

Fig 2. Avenida Cinqentenrio, 2008.

Fonte: Google imagens.