Especifica Literatura Primeiro Semestre Pronto(3)

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LISTA 1 TEXTO I Depois da independncia, se no antes, comeamos a balbuciar a nossa literatura, pagamos, como era natural, o tributo imitao, depois entramos a sentir em ns a alma brasileira, e a vaz-la nos escritos, com a linguagem que aprendemos de nossos pais. Prosseguimos na modesta senda, quando em Portugal principiou a cruzada contra a nossa embrionria e frgil literatura, a ponto de negar-se-lhe at uma individualidade prpria. No era generoso, e no era justo. Basta que a escola dos escritores portugueses, comeando pelo prncipe dos seus prosadores, Alexandre Herculano, no se associou ingrata propaganda. Ainda assim, no reagimos, e nem pensamos em retaliar. No Brasil tambm se cultiva a crtica; e desde remotas eras Aristarco mostrou que no h superioridade inacessvel censura. Todavia respeitvamos os representantes ilustres da literatura me. Enquanto em Portugal, sem darem-se ao trabalho sequer de ler-nos, acusavam-nos de abastardar a lngua, e enxovalhar a gramtica; ns, ao contrrio, apreciando as melhores obras portuguesas, aprendamos na diversidade dos costumes e da ndole a formar essa literatura brasileira, cuja independncia mais se pronuncia de ano em ano. infantil; ser incorreta; mas nossa; americana. ALENCAR, Jos de. O nosso cancioneiro. Apud COUTINHO, A. Caminhos do pensamento crtico. Rio de Janeiro /Braslia: Pallas/INL, 1980 p. 188-9 1 Questo: Ao se referir literatura portuguesa, no texto I, Alencar emprega o vocbulo "me". Por outro lado, referindo-se nossa literatura, ele utiliza o verbo "balbuciar" e o adjetivo "embrionria". Transcreva integralmente o perodo em que Alencar emprega um adjetivo de sentido relacionado a "balbuciar" e "embrionria", para qualificar a literatura brasileira. 2 Questo: Transcreva, do texto I, uma locuo verbal em que o auxiliar exprime um processo considerado em sua fase inicial, semelhante a : "comeamos a balbuciar". (linha 1) TEXTO II ORGULHO Olha este cu ! E a transparncia deste ar ! Olha este sol que um cacique de brasas com seu escudo polido e seu cocar de raios ! Ouve esta msica de asas vibrando sobre este esplendor de passifloras ... Olha esta serra colossal, o arrojo desta cachoeira dando um salto mortal ... Estes frutos que encerram sis e auroras na sua polpa. Estas madeiras cujo cerne tem a cor das fogueiras, e as maravilhas destas flores fluviais to grandes como ilhas ... Esta fauna esquisita e bizarra,

estes insetos que so poetas como a cigarra, que so arquitetos como o cupim ... Onde voc j viu terra to linda assim ? Fecho os olhos imerso no esplendor que esta ptria imensa encerra e porque minha terra a mais bela da terra eu me sinto o maior Poeta do universo ! PICCHIA, Menotti del. Poesias. So Paulo: Martins/Secretaria da Cultura, Cincia e Tecnologia, 1978. p.137 3 Questo: (2,0 pontos)

Transcreva, apenas, os segmentos da primeira estrofe do poema em que h um recurso metafrico para representar a imagem do sol.4 Questo: (2,0 pontos) Reescreva o verso "Onde voc j viu terra to linda assim?", empregando o mesmo mecanismo lingstico de comparao usado nos versos de Gonalves Dias, abaixo transcritos: Nosso cu tem mais estrelas, Nossas vrzeas tm mais flores,

Nossos

bosques

tm

mais

vida,

5 Questo: (2,0 pontos) O verbo "olhar" na primeira estrofe est empregado na forma imperativa, segunda pessoa. "Olha este cu ! Olha este sol " Flexione as formas verbais, empregando-as na terceira pessoa do singular. LISTA 2 1a Questo: Toda noite d vontade de dizer: Esse o verdadeiro Brasil. Mas talvez seja mesmo ocioso procurar o pas numa s pessoa e num s lugar. Ele esse e aquele, no esse ou aquele. O que tem de melhor a variedade. Ele especial por ser diverso, singular porque plural. VENTURA, Zuenir. Jornal do Brasil, Caderno B, 27/06/98. p. 10. Leia o fragmento de Mrio de Andrade: Fale fala brasileira Que voc enxerga bonito Tanta luz nessa capoeira tal e qual numa gupiara. Misturo tudo num saco, Mas gacho maranhense Que pra no Mato Grosso, Bate este angu de caroo Ver sopa de caruru ANDRADE, Mrio de. Poesias completas. So Paulo: Martins, 1955. p. 333-4. vocabulrio capoeira - Terreno em que o mato foi roado e/ou queimado para cultivo da terra ou para outro fim. gupiara - Depsito sedimentoso diamantfero nas cristas dos morros; gorgulho. ver Como.

caruru - Planta cujas folhas, verdes, so saborosas e nutritivas, e por isso muito usadas na culinria. Agora, formule at trs frases completas, estabelecendo a relao entre as duas ltimas frases do texto de Zuenir Ventura e o fragmento de Mrio de Andrade. 2a Questo: Em portugus, a relao de causalidade pode ser expressa pela conexo de duas oraes em que uma apresenta a causa que acarreta a conseqncia contida na outra. Esta relao pode ser explicitada atravs de diversas formas estruturais. Transcreva do trecho abaixo a frase que apresenta uma relao de causalidade, expressa por duas formas estruturais diferentes. Toda noite d vontade de dizer: Esse o verdadeiro Brasil. Mas talvez seja mesmo ocioso procurar o pas numa s pessoa e num s lugar. Ele esse e aquele, no esse ou aquele. O que tem de melhor a variedade. Ele especial por ser diverso, singular porque plural. VENTURA, Zuenir. Jornal do Brasil, Caderno B, 27/6/98. p.10. 3a Questo: No trecho abaixo, h relaes de comparao que esto lingisticamente marcadas por formas diferentes. Transcreva os termos correspondentes de apenas uma destas relaes de comparao. A lngua a nacionalidade do pensamento como a ptria a nacionalidade do povo. Da mesma forma que instituies justas e racionais revelam um povo grande e livre, uma lngua pura, nobre e rica anuncia a raa inteligente e ilustrada. ALENCAR, Jos de. Ps-Escrito. Diva. Rio de Janeiro, Aguilar, 1965, V. Ip. 399,400, 01. 4a Questo: Houve vrios modernismos, enfeixados sob a mesma denominao geral e digladiando-se em escolas e manifestos. Houve o modernismo oswaldiano, condensado na teoria antropofgica, mas houve um modernismo folclrico, um modernismo social e nacionalista e um modernismo por assim dizer coloquial, que visava a depor - e conseguiu - o beletrismo da literatura praticada at ento. Folha de S.Paulo, Caderno MAIS ! , 28/06/98. p. 6-7. Diga a que tipo de modernismo (folclrico, social ou nacionalista) se filia o texto abaixo. Justifique sua resposta, em at trs frases completas. ........................................................................................... ....................................... Nesta hora de sol puro eu ouo o Brasil. Todas as tuas conversas, ptria morena, correm pelo ar... a conversa dos fazendeiros nos cafezais, a conversa dos mineiros nas galerias de ouro, a conversa dos operrios nos fornos de ao a conversa dos garimpeiros, peneirando as bateias,

a conversa dos coronis nas varandas das roas... Mas o que eu ouo, antes de tudo, nesta hora de sol puro palmas paradas pedras polidas claridades brilhos fascas cintilaes o canto dos teus beros, Brasil, de todos esses teus beros, onde dorme, com a boca escorrendo leite, moreno, confiante, o homem de amanh! CARVALHO, Ronald de. Toda a Amrica. Rio de Janeiro: Pimenta de Melo & Cia., 1926. 5a Questo: Compare as opinies expressas nos textos abaixo e escreva um pargrafo de aproximadamente cinco linhas, estabelecendo relao entre a lngua e a nacionalidade. I- A lngua a nacionalidade do pensamento como a ptria a nacionalidade do povo. Da mesma forma que instituies justas e racionais revelam um povo grande e livre, uma lngua pura, nobre e rica, anuncia a raa inteligente e ilustrada. ALENCAR, Jos de. Ps-Escrito. Diva. Rio de Janeiro, Aguilar, 1965, V. I, p. 399,400, 01. II- LNGUA VIDA. Faz parte de toda a gama de nossos comportamentos sociais, como comer, morar, vestir-se , etc. No uma realidade parte, algo que se esquece to logo se saia da sala de aula, das provas, dos concursos. LUFT, Celso Pedro. Lngua & liberdade. Porto Alegre: L&PM, 1985. p.74.

III- O Movimento de 1922 no nos deu - nem nos podia dar- uma lngua brasileira, ele incitou os nossos escritores a concederem primazia absoluta aos temas essencialmente brasileiros [...] e a preferirem sempre palavras e construes vivas do portugus do Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionrios e nos compndios gramaticais. CUNHA, Celso. Lngua portuguesa e realidade brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1970. LISTA 3 TEXTO I Rio de Janeiro Fios nervos riscos fascas. As cores nascem e morrem Com impudor violento Onde meu vermelho ? Virou cinza. Passou a boa ! Peo a palavra ! 5 Meus amigos todos esto satisfeitos Com a vida dos outros. Ftil nas sorveterias. 10

Pedante nas livrarias... Nas praias nu nu nu nu nu nu . Tu tu tu tu tu no meu corao. Mas tantos assassinatos, meu Deus. E tantos adultrios tambm. E tantos tantssimos contos-do-vigrio ... 15 (Este povo quer me passar a perna .) Meu corao vai molemente dentro do txi. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.11. Questo 01 Responda, com uma frase completa, a cada uma das perguntas abaixo:

b) c)

Como se chama o recurso literrio empregado nos termos sublinhados no item anterior? Em que consiste este recurso?

3a Questo: Reescreva as duas frases de acordo com a orientao entre parnteses: Construmos nossa cidade. (voz passiva) b) Explique, agora, com uma frase completa, o sentido do trecho: Construmos nossa cidade. Somos construdos por ela. (linhas 6-7) TEXTO III Qual ser o futuro das cidades? As megacidades vo mudar de endereo no prximo milnio. Na periferia da globalizao, as metrpoles subdesenvolvidas concentraro no apenas populao, mas tambm misria. Crescendo num ritmo veloz, dificilmente conseguiro dar a tantas pessoas habitao, transportes e saneamento bsico adequados. Mas no sero as nicas a enfrentar esses problemas. Mesmo metrpoles do topo da hierarquia global, como Nova York, j sofrem com congestionamentos, poluio e violncia. Independentemente de tamanho ou localizao, as cidades vo enfrentar ao menos um desafio comum: o aumento da tenso urbana provocado pela crescente desigualdade entre seus moradores. No h mgica tecnolgica vista capaz de resolver as dificuldades. Os urbanistas apontam o planejamento como antdoto para o caos. Os governos precisam apostar em parcerias com a iniciativa privada e a sociedade civil. Ser necessrio coordenar aes locais e iniciativas conjuntas entre cidades de uma mesma regio. 4a Questo: A coeso referencial pode ser realizada por meio de formas cujo lexema (radical) fornea instruo de sentido que represente uma interpretao de partes antecedentes do texto. Exemplo: Imagina-se que, no futuro, haver aumento das tenses urbanas. Essa hiptese tem preocupado os cientistas sociais. Transcreva, do texto III, apenas a expresso que, na coeso referencial, exerce papel semelhante do trecho sublinhado no exemplo acima. 5a Questo: Reescreva o seguinte fragmento do texto III, transformando a orao reduzida em outra iniciada por conectivo, conservando o mesmo valor sinttico da orao e fazendo apenas as alteraes necessrias: Ser necessrio coordenar aes locais e iniciativas conjuntas entre cidades de uma mesma regio. (linhas 11-12)

a) Qual o sentido, dentro do contexto, da expressosublinhada nos versos Meus amigos todos esto satisfeitos / Com a vida dos outros. (v. 6 e 7)? b) A que estilo de poca pertence o texto I ? Justifique sua resposta. TEXTO II Uma cidade uma cidade uma cidade. Ela feita imagem e semelhana de nosso sangue mais secreto. Uma cidade no um diamante transparente. Ela espelha, palmo a palmo, o mundo dos homens, suas contradies, abuses, virtudes e desterros. Milmetro por milmetro. A mo do homem em toda parte. No asfalto. No basalto domado. Na pedreira. Nos calades. Na rua, onde os veculos veiculam nosso exaspero e desespero. Uma cidade nos revela. Nos denuncia naquilo que escondemos. Grande construo, empreitada de porte enorme, regougo de martelos e martrios. Construmos nossa cidade. Somos construdos por ela. Os elos e cordames nos enlaam, nos sufocam. Boiamos e nadamos dia e noite, levados numa escuma onde borbulhas se abrem, como furnculos maduros. Onde est a sada, ou a entrada ? PELLEGRINO, Hlio. A burrice do demnio. Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p.82. Vocabulrio: 1 abuso: engano, iluso, erro; superstio, crendice. 2 - basalto: rocha vulcnica. 3 regougo: voz da raposa ou qualquer som que a imite; ronco. Questo 02 a) Transcreva, do texto II, apenas a frase em que se utiliza recurso literrio semelhante ao empregado nos termos sublinhados dos seguintes versos do texto I: E tantos adultrios tambm. (v. 13) E tantos tantssimos contos-do-vigrio... (v. 14) Responda, com uma frase completa, a cada pergunta abaixo.

a) Que idias esto sendo contrapostas no fragmento acima? LISTA 4 b) Transcreva do fragmento acima apenas a locuo que introduz a contraposio das idias.

E eis que a utopia volta cena.Mas no temos por que surpreender-nos com isso. Os que decretaram o fim das utopias ignoraram os autores que viram na conscincia utpica uma dimenso permanente da condio humana e os que compreenderam a utopia no sentido sociolgico, como expresso de grupos e estratos marginalizados, sempre presentes em qualquer sociedade.

3a Questo:O segundo grupo inclui autores como Karl Mannheim, que viu na utopia uma reflexo voltada para a superao da sociedade existente, em contraste com a ideologia, que tenta legitimar essa sociedade. (linhas 1416). Transcreva do perodo acima apenas um exemplo de termo com a mesma funo sinttica do termo sublinhado. Mos Dadas No serei o poeta de um mundo caduco. Tambm no cantarei o mundo futuro. Estou preso vida e olho meus companheiros. Esto taciturnos mas nutrem grandes esperanas. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente to grande, no nos afastemos. No nos afastemos muito, vamos de mos dadas. No serei o cantor de uma mulher, de uma histria, no direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, no distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, no fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo a minha matria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.68

Entre os pensadores do primeiro grupo est Freud, que descobriu a fora e a materialidade do desejo, sua capacidade ilimitada de construir mundos imaginrios para anular privaes reais. Entre eles, tambm, figura Ernst Bloch, que, sintetizando Freud e Marx, disse que a utopia um sonhar para a frente, a concretizao do princpio esperana, graas ao qual a humanidade marcha no longo caminho que leva redeno. A lista inclui, finalmente, Jrgen Habermas e Karl-Otto Apel, para os quais cada ato lingstico remete necessariamente utopia da comunicao perfeita, ordem das coisas na qual os homens se relacionam entre si de modo igualitrio e noviolento, ou seja, utopia da comunidade argumentativa ideal. O segundo grupo inclui autores como Karl Mannheim, que viu na utopia uma reflexo voltada para a superao da sociedade existente, em contraste com a ideologia, que tenta legitimar essa sociedade. A utopia, nesse sentido, a anteviso de uma sociedade mais justa, formulada por minorias e classes sociais descontentes com o status quo.ROUANET, Srgio Paulo. A morte e o renascimento das utopias. In: Folha de S. Paulo, Caderno MAIS!, So Paulo, 25/06/2000, p. 15

Questo 04 Justifique, com frases completas, o ttulo do poema Mos Dadas. Questo 05 Leia o fragmento abaixo:

UTOPIA [Do lat. mod. utopia < gr. o o, 'no', + gr. tpos, 'lugar', + gr. -a, (v. -ia1).] S. f. 1. Pas imaginrio, criao de Thomas Morus (14801535), escritor ingls, onde um governo, organizado da melhor maneira, proporciona timas condies de vida a um povo equilibrado e feliz. 2. P. ext. Descrio ou representao de qualquer lugar ou situao ideais onde vigorem normas e/ou instituies polticas altamente aperfeioadas. 3. P. ext. Projeto irrealizvel; quimera; fantasia. (Aurlio eletrnico, verso 3.0)

Toda noite tem auroras, Raios toda a escurido. Moos, creiamos, no tarda A aurora da redeno.Castro Alves. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976. p. 212

1a Questo:No 2 pargrafo, h duas concepes de utopia. Quais so?o

a) O fragmento de Castro Alves e o poema de CarlosDrummond de Andrade apresentam verbos no modo imperativo:

2a Questo:Responda s questes sobre o seguinte trecho: O segundo grupo inclui autores como Karl Mannheim, que viu na utopia uma reflexo voltada para a superao da sociedade existente, em contraste com a ideologia, que tenta legitimar essa sociedade. (linhas 14-16)

Moos, creiamos, no tarda (v.3) No nos afastemos muito, vamos de mos dadas. (v.7)Justifique o emprego do imperativo, correlacionando as semelhanas temticas entre os versos destacados.

b) Explique, com frases completas, que caractersticasda poesia socialmente engajada do Romantismo esto presentes no texto de Castro Alves e no de Carlos Drummond de Andrade. LISTA 5 No h dvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve principalmente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua regio; mas no estabeleamos doutrinas to absolutas que a empobream. O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, certo sentimento ntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu pas, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espao. TEXTO I Tomar liberdades com a lngua uma atividade to mal vista pelos guardies da sua virtude como seria tomar liberdades com suas filhas, e to prazerosa. Que o povo peque contra a linguagem aceitvel, para a moral gramatical, j que ele vive na promiscuidade mesmo. Mas pessoas educadas, que conhecem as regras, dedicarem-se ao neologismo exibicionista, introduo de pronomes em lugares imprprios e ao uso de academicismos para fins antinaturais visto como devassido imperdovel. De escritores profissionais, principalmente, espera-se que mantenham-se corretos e castos a qualquer custo. Mas vivemos com relao gramtica como viviam os jesutas com relao gramtica, esforando-nos para cumprir nossa misso que no deixa de ser uma catequese, mesmo que s se d o exemplo de como botar uma palavra depois da outra e viver disso com alguma dignidade sem sucumbir s tentaes nossa volta. Tambm no conseguimos. O ambiente nos domina, a libertinagem nos chama, e afinal, por que s a gramtica deve ser respeitvel neste pas, se nada mais ?Lus Fernando Verssimo. Pecadores.

para realizar sua coerncia. Considerando aspectos de coeso e coerncia, justifique o emprego do que sublinhado nos seguintes fragmentos, identificando a classe de palavra a que cada um pertence e qual a relao que estabelecem entre as oraes. a) Que o povo peque contra a linguagem aceitvel ( Texto I, linha 2) b) (...) esforando-nos para cumprir nossa misso que no deixa de ser uma catequese ( Texto I, linhas 7-8)

3a Questo:Transcreva do texto I uma orao em que se perceba, predominantemente, atravs da mudana de pessoa do discurso, que o cronista se inclui no comentrio, como se compartilhasse da opinio de todo um grupo, com o qual ele se identifica.

4a Questo:Nesse fragmento de Castro Alves, h um verso que apresenta uma caracterstica prpria de um uso, tradicionalmente considerado pecar contra a gramtica. Reescreva esse verso segundo o padro escrito culto da lngua, consagrado em nossas gramticas.

5a Questo:Explique a estilizao da escrita das formas do infinitivo, no ltimo verso do poema Relicrio de Oswald de Andrade. HISTRIA DE UM CRIME Fazem hoje muitos anos Que de uma escura senzala Na estreita e lodosa sala Arquejava ua mulher. RELICRIO No baile da Corte Foi o Conde dEu quem disse Pra Dona Benvinda Que farinha de Suru Pinga de Parati Fumo de Baependi com beb pit e ca LISTA 6 TEXTO III LNGUA PORTUGUESA ltima flor do Lcio, inculta e bela, s, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela ... Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu vio agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi: meu filho!

TEXTO II NO BANQUETE Do alto dos seus bordados, o general falou: Meio sculo, senhores, a servio da Ptria. Falaram depois o doutor e o magnata. Outros mais falaram no banquete da vida nacional. S o roceiro mido no falou nada. Porque no sabia nada, Porque estava ausente, perrengado, indiferente, curvado sobre o cabo da enxada, com o Brasil s costas.Leo Lynce. A poesia de Gois. Questo 01

Observa-se, nos textos I e II, quanto abordagem do tema, uma relao do uso da linguagem com os diversos nveis socioculturais brasileiros. Justifique esta afirmativa em, aproximadamente, cinco linhas. Questo 02 Um texto um tecido e sua costura se faz atravs de mecanismos lingsticos de coeso, que contribuem

E em que Cames chorou, no exlio amargo, O gnio sem ventura e o amor sem brilho!Olavo Bilac. Poesias.

VocabulrioLcio: Regio da Itlia Central no litoral do mar Tirreno. inculta: Singela, tosca / rude, agreste. ganga: Resduo, em geral no aproveitvel, de uma jazida filoniana, o qual pode, no entanto, em certos casos, conter substncias economicamente teis. tuba: 1. Entre os romanos, trombeta de metal, formada por um simples tubo reto, comprido e estreito. 2. Designao comum aos baixos da famlia dos saxornes, especialmente o saxorne contrabaixo(...) clangor: Som rijo e estridente como o de certos instrumentos metlicos de sopro, como, p. ex., a trompa e a trombeta. trom: Som de trovo. silvo: Qualquer som agudo e relativamente prolongado produzido pela passagem do ar comprimido entre membranas que vibram; apito. procela: Tempestade martima. arrolo: Canto para adormecer crianas.1a

levanta e abaixa sem d, sem considerao; basta olhar a cara de um lenheiro para se ver que ele no tem delicadeza nem tato: no precisa. Jos J. Veiga. A hora dos ruminantes.TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO O texto a seguir est publicado em obra dedicada "aos milhares de famlias de brasileiros sem terra". Levantados do cho Como ento? Desgarrados da terra? Como assim? Levantados do cho? Como embaixo dos ps uma terra Como gua escorrendo da mo? Como em sonho correr numa estrada? Deslizando no mesmo lugar? Como em sonho perder a passada E no oco da Terra tombar? Como ento? Desgarrados da terra? Como assim? Levantados do cho? Ou na planta dos ps uma terra Como gua na palma da mo? Habitar uma lama sem fundo? Como em cama de p se deitar? Num balano de rede sem rede Ver o mundo de pernas pro ar? Como assim? Levitante colono? Pasto areo? Celeste curral? Um rebanho nas nuvens? Mas como? Boi alado? Alazo sideral? Que esquisita lavoura! Mas como? Um arado no espao? Ser? Chover que laranja? Que pomo? Gomo? Sumo? Granizo? Man? (HOLLANDA, Chico Buarque de. ln: SALGADO, Sebastio. TERRA. S P: Companhia das Letras, 1997. p. 111.) Ateno - vocabulrio: pomo (penltimo verso) - fruto man (ltimo verso) - alimento divino, alimento cado do cu Questo 04 No texto, o eu-lrico constri progressivamente sua viso da realidade: nas estrofes 1, 2, 3, tenta decifrar o significado da imagem "levantados do cho"; nas estrofes 4, 5, 6, vai reforando sua opinio crtica sobre a realidade. Releia: "Um rebanho nas nuvens? Mas como?" (verso 19) "Um arado no espao? Ser?" (verso 22) Nos versos acima, a conjuno adversativa "mas" e o futuro do presente do indicativo so utilizados para enfatizar esse posicionamento crtico. Explique por qu. TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO FAVELRIO NACIONAL 1- Prosopopia Quem sou eu para te cantar, favela, que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta e a noite inteira de sbado e nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: baixou a mim, na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida.

Questo:

Na potica parnasiana se costuma destacar que Ela promove o culto da forma em geral. Destaque do poema Lngua Portuguesa de Olavo Bilac, justificando, dois exemplos desse culto da forma, prprio da potica parnasiana.

2a Questo:Transcreva da primeira estrofe do poema acima dois adjetivos que, em linguagem figurada, constituem exemplo de anttese.

3a Questo:Mesmo quando no procuraram subverter a gramtica, os modernistas promoveram uma valorizao diferente do lxico, paralela renovao dos assuntos. O seu desejo principal foi o de serem atuais, exprimir a vida diria, dar estado de literatura aos fatos da civilizao moderna. [Os modernistas] tomaram por temas as coisas quotidianas, descrevendo-as com palavras de todo dia, combatendo a literatura discursiva e pomposa, o estilo retrico e sonoro com que seus antecessores abordavam as coisas mais simples.Antnio Cndido e Aderaldo Castelo. Presena da Literatura Brasileira III. Modernismo.

O fragmento acima destaca algumas dentre muitas das caractersticas do Modernismo. Aponte duas caractersticas distintas desse momento literrio identificadas uma em cada um dos textos seguintes. COTA ZERO Stop. A vida parou ou foi o automvel? Carlos Drummond de Andrade E ele, Manuel? Mole como madeira no ferro? s vezes querendo fingir dureza, inventando ns que a ferramenta no respeita, passa por cima e iguala? As mos do carpinteiro, o corpo, a alma do carpinteiro no podem ser mais brutos do que a madeira. Em madeira no se trabalha batendo com fora, com raiva; s lenheiro faz isso, mas lenheiro quase igual ao machado que ele

Decoro teus nomes. Eles jorraram na enxurrada entre detritos da grande chuva de janeiro 1966 em noites e dias e pesadelos consecutivos. ................................................................................ Tua dignidade teu isolamento por cima da gente. No sei subir teus caminhos de rato, de cobra e baseado, tuas perambeiras, templos de Mamalapunam em suspenso carioca. Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, medo s de te sentir, encravada favela, erisipela, mal-do-monte na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e tranar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas favela, ciao que este nosso papo est ficando to desagradvel Vs que perdi o tom e a empfia do comeo? (ANDRADE, Carlos Drummond de. "Corpo". So Paulo, Record, 1984, p.109-12.) Questo 05 "Somos desiguais/ e queremos ser/ sempre desiguais/ E queremos ser/ bonzinhos benvolos/ comedidamente/ sociologicamente/ mui bem comportados" (versos 28 a 35) a) Pleonasmo a figura de linguagem atravs da qual a redundncia de termos de sentido equivalente confere expresso mais vigor ou clareza. Transcreva integralmente apenas um verso do fragmento acima em que um pleonasmo expressa crtica irnica, e explique, em frase completa, por que se trata de ironia. b) A estilstica nos aponta meios diferentes de expressas o mesmo contedo, expandindo ou reduzindo o texto. Empregando a conjuno aditiva e, reescreva os versos "comedidamente/ sociologicamente", fazendo apenas as alteraes necessrias para eliminar a repetio do sufixomente, sem modificar o sentido original do verso. Explique, em uma frase completa, a diferena estilstica entre os versos originais e sua resposta.

(Coleo Super Prestgio). Com base na leitura desses fragmentos, explicite a figura de linguagem predominante nas estrofes e explique sua funo na esttica simbolista. Questo 02 A expresso destacada na afirmao abaixo exemplifica uma figura de linguagem. Agora que a velhice comea, preciso aprender com o vinho a melhorar envelhecendo e, sobretudo, a escapar do perigo terrvel de, envelhecendo, virar vinagre. (D. Hlder Cmara, Arcebispo emrito de Recife/Olinda, falecido em 1999) Nomeie a figura e esclarea o sentido da expresso no contexto em que foi empregada. Questo 03 Matte a vontade. Matte Leo. Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o ch Matte Leo. Observe as construes abaixo, feitas a partir do enunciado em questo: Matte vontade. Mate a vontade. Mate vontade. a) Complete cada uma das construes acima com palavras ou expresses que explicitem as leituras possveis relacionadas propaganda. b) Retome a propaganda e explique o seu funcionamento, explicitando as relaes morfolgicas, sintticas e semnticas envolvidas. Questo 04 Em 7 de agosto de 2006, foi publicada, no jornal Correio Popular de Campinas, a seguinte carta: Li reportagem no jornal e me surpreendi, pois moro prximo ao local de infestao de carrapatos estrela no Jardim Eulina, e sei que existem muitas capivaras, mesmo dentro da rea militar. Surpreendi-me ainda ao saber que vo esperar o laudo daqui a 15 dias para saber por que ou do que as pessoas morreram. Gente, sade pblica coisa sria! No seria o caso de remanejar esses bichos imediatamente, como preveno, uma vez que esto em zona urbana? (Carrapatos, M., M.). a) Na carta acima, a que se refere a expresso esses bichos? Justifique. b) A compreenso da carta pode ser dificultada porque h nela vrios implcitos. Aponte duas passagens do texto em que isso ocorre e explique. c) Que palavra da carta justifica a referncia a sade pblica? Questo 05 Explique, com suas palavras, as diferenas que possam existir entre os gneros literrios, a saber: a) lrico b) pico c) dramtico

LISTA 7Questo 01 Leia os fragmentos do poema Violes que choram..., de Cruz e Sousa. [..] Vozes veladas, veludosas vozes, Volpias dos violes, vozes veladas, Vagam nos velhos vrtices velozes Dos ventos, vivas, vs, vulcanizadas. [...] Velhinhas quedas e velhinhos quedos, Cegas, cegos, velhinhas e velhinhos, Sepulcros vivos de senis segredos, Eternamente a caminhar sozinhos; [...] SOUSA, Cruz e. Broquis, Faris e ltimos sonetos. 2. ed. reformulada. So Paulo: Ediouro, 2002. p. 78 e 81.

LISTA 8Questo 01 Leia as estrofes do poema O prato azul-pombinho, de Cora Coralina. Minha bisav que Deus a tenha em glria sempre contava e recontava em sentidas recordaes de outros tempos a estria de saudade daquele prato azul-pombinho. Era uma estria minuciosa. Comprida, detalhada. Sentimental. Puxada em suspiros saudosistas E ais presentes. E terminava, invariavelmente, depois do caso esmiuado: Nem gosto de lembrar disso...

que a estria se prendia Aos tempos idos em que vivia Minha bisav Que fizera deles seu presente e seu futuro. [...] CORALINA, Cora. Melhores Poemas de Cora Coralina. Seleo de Darci F. Denfrio. So Paulo: Global, 2004. p. 47. De acordo com a leitura dos fragmentos, explicite: a) A lembrana a que o eu potico faz aluso. b) Como so construdos os traos picos e lricos.

Questo 02 Bom-Crioulo esmurrara desapiedadamente um segundaclasse, porque este ousara, sem o seu consentimento, maltratar o grumete, Aleixo, um belo marinheiro de olhos azuis, muito querido por todos e de quem diziam-se coisas. CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. So Paulo: Martim Claret, 2005. p. 22. As aspas so sinais que podem servir a vrios objetivos na lngua portuguesa. Explique o seu uso nas expresses destacadas acima. Questo 03 EMPREENDEDORISMO GERA RENDA E TOMA LUGAR DE FILANTROPIA Aes de estmulo gerao de renda visam fim da relao paternalista entre companhias e comunidades carentes. Pequenos negcios, como cooperativas de reciclagem, criam oportunidades de sustento para excludos do mercado de trabalho formal. A proposta de ensinar a pescar, em vez de dar o peixe est se consolidando nas carteiras de investimento privado de companhias brasileiras devido ao amadurecimento da ao social no pas. Que outros termos do texto correspondem, respectivamente, s expresses ensinar a pescar e dar o peixe? Leia as duas charges abaixo. As questes 1 e 2 referem-se a elas.

Questo 04 As charges abordam situaes caractersticas da realidade brasileira. Relacionando as duas, em que sentido a segunda justifica a resposta dada pelo personagem da primeira? Questo 05 No contexto da primeira charge, qual o sentido da expresso Se liga, mano!? Questo 06 Uma coisa manifestar sua preferncia no editorial, a outra editorializar o noticirio. KOTSCHO, Ricardo. O Popular. Goinia, 25 set 2006. Magazine. O gnero editorial, por expressar o ponto de vista de um jornal ou de uma revista, no se prende a critrios de objetividade. A notcia, por sua vez, por pretender ser fiel aos fatos relatados, em tese, deve ser imparcial. Tendo em vista estes comentrios, explique o uso da expresso editorializar o noticirio, na frase do jornalista Kotscho.

LISTA 9TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO (Unesp) O URAGUAI (Canto IV)

fragmento Este lugar delicioso, e triste, Cansada de viver, linha escolhido Para morrer a msera Lindia. L reclinada, como que dormia, Na branda relva, e nas mimosas flores, Tinha a face na mo, e a mo no tronco De um fnebre cipreste, que espalhava Melanclica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoo, e braos, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim sobressaltados, E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a cham-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o monstro, E fuja, e apresse no fugir a morte. BASLIO DA GAMA, Jos. O URAGUAI. Rio de Janeiro: Public. da Academia Brasileira, 1941, pp. 78-9. CARAMURU (Canto VI, Estrofe XLII) Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Plida a cor, o aspecto moribundo, Com mo j sem vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo. Mas na onda do mar, que irado freme, Tornando a aparecer desde o profundo: "Ah Diogo cruel!" disse com mgoa, E, sem mais vista ser, sorveu-se n'gua. SANTA RITA DURO, Fr. Jos de. CARAMURU. So Paulo: Edies Cultura, 1945, p. 149. Assuntos Abordados: Arcadismo Questo 01 Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a fragmentos marcantes dos poemas picos "O Uraguai" (1769), de Baslio da Gama, e "Caramuru" (1781), de Santa Rita Duro, poetas neoclssicos brasileiros. No primeiro, a ndia Lindia, infeliz com a morte do marido Cacambo, deixa-se picar por uma serpente, e falece. No segundo, enfoca-se a ndia Moema que, ao ver partir seu amado Diogo lvares, segue a embarcao a nado e se deixa morrer afogada. Releia os textos e, a seguir: a) aponte o componente nacionalista de ambos os poemas que prenuncia uma das linhas temticas mais caractersticas do Romantismo brasileiro; b) cite dois escritores romnticos brasileiros que se utilizaram dessa linha temtica. TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO As questes seguintes tomam por base um soneto do poeta neoclssico portugus Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage, 1765-1805) e dilogos de uma seqncia do filme Bye Bye Brasil (1979), escrito e dirigido pelo cineasta brasileiro Carlos Diegues. CONVITE A MARLIA J se afastou de ns o Inverno agreste Envolto nos seus midos vapores; A frtil primavera, a me das flores O prado ameno de boninas veste: Varrendo os ares o sutil nordeste Os torna azuis; as aves de mil cores Adejam entre Zfiros e Amores, E toma o fresco Tejo a cor celeste: Vem, Marlia, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas rvores o abrigo: Deixa louvar da corte a v grandeza:

Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeies da Natureza! (BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmo, 1968, p. 142.) BYE BYE BRASIL Mulher Nordestina: - Meu santo, minha famlia foi embora, meu santo. Filho, nora, neto..., fiquei s com o meu velho que morreu na semana passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde que eles foram, meu santo? Lord Cigano: - E eu sei l? Como que eu v saber? Quer dizer.. eu sei... eu... Eu t vendo. Eu estou vendo a sua famlia, eles esto a muitas lguas daqui. Mulher Nordestina: - Vivos? Lord Cigano: - , vivos, se acostumando ao lugar novo. Mulher Nordestina: - A gente se acostuma com tudo... Onde que eles esto agora, meu santo? Lord Cigano: - Ah, pera a, deixa eu ver! Eu t vendo: eles esto num vale muito verde onde chove muito, as rvores so muito compridas e os rios so grandes feito o mar. Tem tanta riqueza l, Que.. ningum precisa trabalhar. Os velhos no morrem nunca e os jovens no perdem sua fora. uma terra to verde... Altamira! (in: filme BYE BYE BRASIL (1979). Produzido por Lucy Barreto. Escrito e dirigido por Carlos Diegues.) Assuntos Abordados: Intertextualidade Questo 02 Os escritores clssicos gregos e latinos produziram certas frmulas de expresso que, retomadas ao longo dos tempos, chegaram at nossa modernidade. Uma dessas frmulas a chamada tpica do lugar ameno, ou seja, a evocao literria de um recanto ideal, delicado, geralmente buclico, cuja paz e tranqilidade servem de palco ao idlio dos amantes e ao sossego da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno felicidade perdida. Tomando por base este comentrio, releia os textos em pauta e, a seguir, a) aponte, na seqncia de Bye Bye Brasil, dois elementos da paisagem descrita por Lord Cigano que caracterizam Altamira como um lugar ameno; b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em que se estabelece relao opositiva com a tpica do lugar ameno. TEXTO PARA AS PRXIMAS 2 QUESTES. (Ufscar) Onde estou? Este stio desconheo: Quem fez diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contempl-lo tmido esmoreo. Uma fonte aqui houve; eu no me esqueo De estar a ela um dia reclinado. Ali em vale um monte est mudado: Quanto pode dos anos o progresso! rvores aqui vi to florescentes, Que faziam perptua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a regio esta no era: Mas que venho a estranhar, se esto presentes

Meus males, com que tudo degenera! (Cludio Manuel da Costa. Sonetos (VlI). In: RAMOS, Pricles Eugnio da Silva (Intr., sel. e notas): POESIA DO OUTRO ANTOLOGIA. So Paulo: Melhoramentos, 1964, p.47.) Assuntos Abordados: Linguagem Potica Questo 03 A crtica literria brasileira tem ressaltado que o terceiro verso do poema aquele que concentra o tema central. Essa mesma crtica, por outro lado, anotou com propriedade a importncia do dcimo segundo verso: este verso exprime uma mudana de atitude, que se corrige nos versos finais graas descoberta, feita pelo eu poemtico, da verdadeira causa do fenmeno descrito em todo o poema. Responda: a) Qual o tema que o terceiro verso concentra? Transcreva outros dois versos que o repercutem. b) A que causas o eu poemtico atribui o fenmeno observado na natureza? Assuntos Abordados: Linguagem Literria Questo 04 O estilo neoclssico, fundamento do Arcadismo brasileiro, de que fez parte Cludio Manuel da Costa, caracteriza-se pela utilizao das formas clssicas convencionais, pelo enquadramento temtico em paisagem buclica pintada como lugar aprazvel, pela delegao da fala potica a um pastor culto e artista, pelo gosto das circunstncias comuns, pelo vocabulrio de fcil entendimento e por vrios outros elementos que buscam adequar a sensibilidade, a razo, a natureza e a beleza. Dadas estas informaes, a) indique qual a forma convencional clssica em que se enquadra o poema. b) transcreva a estrofe do poema em que a expresso da natureza aprazvel, situada no passado, domina sobre a expresso do sentimento da personagem poemtica. TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO (Unesp) ALTIA Cludio Manuel da Costa Aquele pastor amante, Que nas midas ribeiras Deste cristalino rio Guiava as brancas ovelhas; Aquele, que muitas vezes Afinando a doce avena, Parou as ligeiras guas, Moveu as brbaras penhas; Sobre uma rocha sentado Caladamente se queixa: Que para formar as vozes, Teme, que o ar as perceba. (in POEMAS de Cludio Manuel da Costa. So Paulo: Cultrix, 1966, p. 156.) Assuntos Abordados: Caractersticas rcades Questo 05 Neste fragmento do romance ALTIA, de Cludio Manuel da Costa, acumulam-se caractersticas peculiares do Arcadismo. Releia o texto que lhe apresentamos e, a seguir: a) Aponte duas dessas caractersticas. b) Justifique sua resposta com, pelo menos, duas citaes do texto.

Assuntos Abordados: Indianismo Questo 01 O indianismo tem uma tradio relativamente longa na Literatura Brasileira. a) Antes de Alencar quem trouxe o ndio para a literatura? Cite pelo menos um autor ou uma obra. b) Esse filo indianista chegou at o Modernismo e repercutiu em vrios autores: indique um autor e uma obra em que se deu essa repercusso. Assuntos Abordados: Intertextualidade Questo 02 Nos dois poemas a seguir, Toms Antnio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia de vida". Leia-os com ateno: LIRA 14 (Parte I) Minha bela Marlia, tudo passa; a sorte deste mundo mal segura; se vem depois dos males a ventura, vem depois dos prazeres a desgraa. .................................................................... Que havemos de esperar, Marlia bela? que vo passando os florescentes dias? As glrias, que vm tarde, j vm frias; e pode enfim mudar-se a nossa estrela. Ah! no, minha Marlia, Aproveite-se o tempo, antes que faa o estrago de roubar ao corpo as foras e ao semblante a graa. (TOMS ANTNIO GONZAGA," Marlia de Dirceu") Quando, Ldia, vier o nosso outono Com o inverno que h nele, reservemos Um pensamento, no para a futura Primavera, que de outrem, Nem para o estio, de quem somos mortos, Seno para o que fica do que passa O amarelo atual que as folhas vivem E as torna diferentes. (RICARDO REIS, "Odes") a) Em que consiste a "filosofia de vida" que a passagem do tempo sugere ao eu lrico do poema de Toms Antnio Gonzaga? b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo s estaes do ano. Que sentido dado, em seu poema, ao outono? c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o faam de maneira diferente. Em que consiste essa diferena? TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO (Unesp) Primeiro texto: Auto-retrato Juca Chaves Simptico, romntico, solteiro, autodidata, poeta, socialista. Da classe 38, reservista, de outubro, 22, Rio de Janeiro. Com a bossa de qualquer bom brasileiro, possuo o sangue quente de um artista, Sou milionrio em senso de humorista, mas juro que estou duro e sem dinheiro. H quem me julgue um poeta irreverente, mentira, reao da burguesia, que no vive, vegeta falsamente, num mundo de doente hipocrisia.

AULA 10

Mas o meu mundo belo e diferente: vivo do amor ou vivo de poesia... E assim eu viverei eternamente, se no morrer por outra Ana Maria. (1962, disco RGE) in HISTRIA DA MSICA POPULAR BRASILEIRA, fascculo nmero 41, So Paulo, Abril Cultural, 1971. Segundo texto: Retrato Prprio (Soneto LXXXI) Bocage Magro, de olhos azuis, caro moreno, bem servido de ps, meo na altura, triste de facha, o mesmo de figura, nariz alto no meio, e no pequeno: Incapaz de assistir num s terreno, mais propenso ao furor do que ternura bebendo em nveas mos por taa escura de zelos infernais letal veneno: Devoto incensador de mil deidades (digo, de moas mil) num s momento, e somente no altar amando os frades: Eis Bocage, em quem luz algum talento; saram dele mesmo estas verdades num dia em que se achou mais pachorrento. in Obras de Bocage, Porto, Lello & Irmo, 1968, p. 497. Os dois textos pertencem a artistas bastante afastados entre si, no tempo. Trata-se de Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage - 1765-1805), poeta neoclssico portugus, e Juca Chaves (Jurandyr Chaves - 1938), compositor, intrprete e showman brasileiro. Ambos lricos e sentimentalistas, muitas vezes so speros em crticas e stiras sociais. Lendo-se os poemas (o de Juca letra de uma de suas canes), verificamos que apresentam pontos em comum, embora sejam inconfundveis pelo estilo e atitudes. Assuntos Abordados: Interpretao Textual Questo 03 Observando o que cada poeta diz de si prprio na primeira quadra, verificamos que um deles privilegia um tipo de caractersticas pessoais, enquanto o outro varia a natureza das caractersticas que enumera. Com base nesta observao, releia atentamente ambas as estrofes e, a seguir, comente as caractersticas pessoais enfatizadas por Juca Chaves e Bocage. TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO - Ol! esto apreciando a lua? Realmente, est deliciosa; est uma noite para namorados... . Sim, deliciosa... H muito que no vejo uma noite assim... Olhem s para baixo, os bicos de gs... Deliciosa! para namorados... Os namorados gostam sempre da lua. No meu tempo, em Icara... Era Siqueira, o terrvel major. Rubio no sabia que dissesse; Sofia, passados os primeiros instantes, readquiriu a posse de si mesma; respondeu que, em verdade, a noite era linda; depois contou que Rubio teimava em dizer que as noites do Rio no podiam comparar-se s de Barbacena, e, a propsito disso, referira uma anedota de um padre Mendes... No era Mendes? - Mendes, sim, o padre Mendes, murmurou Rubio. O major mal podia conter o assombro. Tinha visto as duas mos presas, a cabea do Rubio meia inclinada, o movimento rpido de ambos, quando ele entrou no jardim; e sai-lhe de tudo isto um padre Mendes... Olhou para Sofia; viu-a risonha, tranqila, impenetrvel. Nenhum medo, nenhum acanhamento; falava com tal simplicidade, que o major pensou ter visto mal. Mas Rubio estragou tudo. Vexado, calado no

fez mais que tirar o relgio para ver as horas, lev-lo ao ouvido, como se lhe parecesse que no andava, depois limplo com o leno, devagar, devagar, sem olhar para um nem para outro... - Bem, conversem, vou ver as amigas, que no podem estar ss. Os homens j acabaram o maldito voltarete? - J, respondeu o major olhando curiosamente para Sofia. J, e at perguntaram por este senhor; por isso que eu vim ver se o achava no jardim. Mas estavam aqui h muito tempo? - Agora mesmo, disse Sofia. Depois, batendo carinhosamente no ombro do major, passou do jardim casa no entrou pela porta da sala de visitas, mas por outra que dava para a de jantar; de maneira que, quando chegou quela pelo interior, era como se acabasse de dar ordens para o ch Rubio, voltando a si, ainda no achou que dizer, e contudo urgia dizer alguma coisa. Boa idia era a anedota do padre Mendes; o pior que no havia padre nem anedota e ele era incapaz de inventar nada. Pareceu-lhe bastante isto: - O padre! o Mendes! Muito engraado o padre Mendes! - Conheci-o, disse o major sorrindo. O padre Mendes? Conhecido; morreu cnego. Esteve algum tempo em Minas? - Creio que esteve, murmurou o outro espantado. - Era filho aqui de Saquarema; era um que no tinha este olho, continuou o major levando o dedo ao olho esquerdo. Conheci-o muito, se que o mesmo; pode ser que seja outro. - Pode ser. - Morreu cnego. Era homem de bons costumes, mas amigo de ver moas bonitas, como se mira um painel de mestre; e que maior mestre que Deus? dizia ele. Esta D. Sofia, por exemplo, nunca ele a viu na rua que me no dissesse: Hoje vi aquela bonita senhora do Palha... Morreu cnego, era filho de Saquarema,.. E, na verdade, tinha bom gosto... Realmente, a mulher do nosso Palha um primor, bela de cara e de figura; eu ainda a acho mais bem feita que bonita... Que lhe parece? - Parece que sim... - E boa pessoa, excelente dona de casa, continuou o major acendendo um charuto. (Machado de Assis, "Quincas Borba", cap. XLII) Assunto Abordado: Realismo Questo 04 Major Siqueira, Rubio e Sofia participam desta cena do romance Quincas Borba, de Machado de Assis. a) Por que o major diz, no primeiro pargrafo, que est uma noite para namorados? b) Diante das palavras do major, qual foi a primeira reao de Sofia? TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO Soneto de Fernando Pessoa / lvaro de Campos Quando olho para mim no me percebo. Tenho tanto a mania de sentir Que me extravio s vezes ao sair Das prprias sensaes que eu recebo. O ar que respiro, este licor que bebo, Pertencem ao meu modo de existir, E eu nunca sei como hei de concluir As sensaes que a meu pesar concebo. Nem nunca, propriamente reparei, Se na verdade sinto o que sinto. Eu Serei tal qual pareo em mim? Serei Tal qual me julgo verdadeiramente? Mesmo ante as sensaes sou um pouco ateu, Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

(Fernando Pessoa, Obra potica, Rio de Janeiro, Cia. J. Aguilar Ed., 1974, p. 301) Assunto Abordado: Termos Essenciais da Orao Questo 05 "O ar que respiro, este licor que bebo, pertencem ao meu modo de existir." composto o sujeito do verbo PERTENCEM. a) Qual esse sujeito composto? b) Qual a classificao das oraes que acompanham cada membro desse sujeito? Assunto Abordado: Realismo Questo 06 (Fuvest) "Lusa espreguiou-se. Que seca ter de se ir vestir! Desejaria estar numa banheira de mrmore cor-de-rosa, em gua tpida, perfumada e adormecer! Ou numa rede de seda, com as janelinhas cerradas, embalar-se, ouvindo msica!(...) Tornou a espreguiar-se. E saltando na ponta do p descalo, foi buscar ao aparador por detrs de uma compota um livro um pouco enxovalhado, veio estender-se na "voltaire", quase deitada, e, com o gesto acariciador e amoroso dos dedos sobre a orelha, comeou a ler, toda interessada. Era a "Dama das Camlias". Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na Baixa, ao ms. Nesse excerto, o narrador de "O primo Baslio" apresenta duas caractersticas da educao da personagem Lusa que sero objeto de crtica ao longo do romance. a) Quais so essas caractersticas? b) Explique de que modo elas contribuem para o destino da personagem.

lentejava a onda perene de um sorriso, que orvalhava-lhe o semblante de luz e graa. Ainda bem! J me habituaste a s achar bonito aquilo que vejo atravs do teu mimoso sorriso. Agora que eu comeo a gozar desta linda manh. Trocamos ainda algumas palavras. De repente Lcia atirou-se a mim. Com uma arrebatada veemncia esmagou na minha boca os lbios trgidos, como se os prurisse fome de beijos que a devorava. Mas desprendeu-se logo dos meus braos, e fugiu veloz, ardendo em rubor, sorvendo num soluo o seu ltimo beijo. Fugiu, e ao passar fechou a porta que comunicava com o interior. Contrariado por este obstculo, consolei a minha impacincia com o sabor da esperana que se insinuara no meu corao. A fria amorosa dos primeiros tempos, recalcada por uma fora misteriosa, despertava. Outra vez a febre voluptuosa nos arrebataria para abrir-nos a manso do prazer e dos mgicos deleites. (ALENCAR, Jos. Romances ilustrados de Jos de Alencar. Rio de Janeiro: J. Olympio, Braslia: INL, 1977.)Questo 1

LISTA 11Era um domingo. O novo ano tinha comeado. A bonana que sucedera s grandes chuvas trouxera um dos sorrisos de primavera, como costumam desabrochar no Rio de Janeiro dentre as fortes trovoadas do estio. As rvores cobriam-se da nova folhagem de um verde tenro; o campo aveludava a macia pelcia da relva, e as frutas dos cajueiros se douravam aos raios do sol. Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporaes das guas, refrescava a atmosfera. Os lbios aspiravam com delcias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulmes fatigados de uma respirao rida e miasmtica. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza fluminense, da qual as belezas de todos os climas so convivas. Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lcia; o meu pensamento porm abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amiga. Havia oito dias que Lcia no andava boa. A fresca e vivace expanso de sade desaparecera sob uma langue morbidez que a desfalecia; o seu sorriso, sempre anglico, tinha uns laivos melanclicos, que me penavam. s vezes a surpreendia fitando em mim um olhar ardente e longo; ento ela voltava o rosto de confusa, enrubescendo. Tudo isto me inquietava; atribuindo a sua mudana a algum pesar oculto, a tinha interrogado, suplicando-lhe que me confiasse as mgoas que a afligiam. No digas isto, Paulo! respondia com um tom de queixa. Posso ter pesares junto de ti? uma ligeira indisposio; h de passar. De bem longe avistei Lcia que me esperava e me fez um aceno de impacincia; apressei o passo para alcanar o porto do jardim. Ela estendeu-me as mos ambas risonha e atraindo-me, reclinou-se sobre o meu peito com um gracioso abandono. Sentamo-nos nos degraus da pequena escada de pedra, e informei-me de sua sade. J estou boa. No vs? Realmente as rosas de suas faces viavam; era cintilante o brilho que desferia a sua pupila negra. Pelos lbios midos

No texto de Jos de Alencar, os elementos literrios que estruturam a narrativa ajustam-se com perfeio esttica do Romantismo. Observe o fragmento abaixo: Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporaes das guas, refrescava a atmosfera. Os lbios aspiravam com delcias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulmes fatigados de uma respirao rida e miasmtica. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza fluminense, da qual as belezas de todos os climas so convivas. Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lcia; o meu pensamento porm abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amiga. (l. 6 - 12) Identifique dois desses elementos literrios e explique como cada um deles se relaciona aos princpios estticos do Romantismo.Questo 2

No texto de Jos de Alencar, o narrador usa o recurso do flashback, ou seja, a insero de um evento ocorrido antes do episdio narrado. Identifique o incio e o final do trecho em que ocorre o flashback e indique dois aspectos ou expresses que permitem identific-lo. Jardim da infncia Qualquer vegetal, pssaro, inseto ou tremor de vento e onda me tocam mais que o mais acrlico artefato e platinado ao da sala. H dois minutos um bem-te-vi pousou nas grades do terrao, beliscou algo amarelo e livre se foi marrom para o telhado. Ah, minhas mesas, mveis, cama. Eu no amaria sequer esses livros se no soubesse da matria orgnica condensada em suas pginas. Periquitos se coam e piam na gaiola fazendo amor sobre os poleiros entre olhagens que me folham. Estou comprando esses fascculos com tudo sobre plantas. Tanto mais eu vivo mais quero saber de ardsias e bocrnias, pepernias e gloxnias. No sei como puderam nascer sem mim, em outras terras, as edelweiss, blue bonnets, tulipas e cerejeiras. Como pude respirar todo esse tempo sem a diferena entre hibiscos e gardnias,

confundindo tumbrgias com hipocampos, dama-da-noite com dama das camlias, eu, desmemoriado cavaleiro da rosa, sem brincos de princesa, trombetas e espadas de So Jorge, mal sabendo que era na casa de Tia Antonieta que nasciam as violetas africanas.(SANTANNA, Affonso Romano de. Que pas este? e outros poemas. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1980.)

Questo 02Considere as seguintes expresses extradas do texto III: aquele meio quilo de maldade. (l. 6) a maldita assombrao. (l. 16 - 17) Elas revelam sentimentos de certos personagens e repetem alguma informao dada em outra parte do texto. Correlacione cada expresso ao respectivo personagem e indique o elemento do texto a que cada uma se refere.

Vila dos confins No h bicho mais velhaco do que urubu roceiro, morador em zona de criao, mal-acostumado pelo daninho vcio de comer umbigo de bezerro recm-parido. L est o peste, de planto. Refestelado1 que s ele, no galho alto do p de angico esquecido no meio do pasto. Passa homem, passa mulher e menino, passa boi, cavaleiro passa. A gente dobra o corpo, deita mo em pedra. O urubu raciocina: mede o mal-inclinado do passante, calcula o tamanho e o peso da pedra, adivinha at aonde pode chegar aquele meio quilo de maldade. Pensa, pensa e repensa ligeiro, e continua pousado do mesmssimo jeito. A cabo-verde ala vo, zunindo, e vai bater no tronco do p de angico, dois metros abaixo do alvo: beleza de tinido faz a pedrada, que o pau seco, rijo, ocado pelo fogo por isso mesmo sonoroso tambm. H tipos que respondem com fedorento arroto de desprezo. Outros, porm, mal abrem o bico em um bocejo de pouco caso e repegam no cochilo: soneca matreira, que esto mas de olho fechado de mentira, tomando nota de tudo quanto acontece de importante pela redondeza. A gente grita, xinga, sapateia, se desespera e berra os mais feios palavres. Que o qu! Urubu nem cheirou nem fedeu. E continua quentando sol, vigiando a vaca chegadinha no amojo2 que, mais hora menos hora, solta a cria ainda boba do susto no rapado jaragu3 do pastinho-debezerro. O fazendeiro busca em casa a fogo-central e volta ao pasto, disposto a acabar com a maldita assombrao. Do alto do pau, o urubu pombeia4 a providncia. E, quando o enjerizado aponta na porteira do curral, longe ainda, mas de espingarda na mo, o urubu galeia5 as juntas das pernas engomadas de piche, estica as asas de picum, e demuda de pouso. Comigo no, violo! De pau-defogo no no, Seu Bastio! Vai-se embora o negro-preto, voando barulhento que nem mquina de trem de ferro subindo ladeira custosa, fluquefluque, fluque-fluque. Bicho excomungado!(PALMRIO, Mrio. Vila dos confins. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1976.)

Questo 03A prosa de fico modernista desdobrou-se em vrias correntes. O texto III, do romancista mineiro Mrio Palmrio, representa um desses desdobramentos. Identifique duas caractersticas marcantes da linguagem do texto e cite um exemplo para cada uma delas.

Questo 04O emprego das palavras com finalidade artstico-expressiva envolve recursos variados, dois dos quais esto exemplificados nas formas sublinhadas nas seguintes passagens dos textos II e III, respectivamente: entre olhagens que me folham. (l. 15) subindo ladeira custosa, fluque-fluque, (l. 21 - 22) Nomeie o recurso lingstico empregado em cada passagem e descreva o valor estilstico de cada um.

AULA 12 Meus oito anos Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infncia querida Que os anos no trazem mais!( Casimiro de Abreu )

Vocabulrio: 1refestelado acomodado despreocupadamente 2amojo disponibilidade de leite para a amamentao 3jaragu espcie de capim 4pombeia observa, espreita 5galeia sacode, balana O tema da infncia est muito presente na trajetria lrica brasileira desde o sculo XIX. O poeta Casimiro de Abreu a retratou pela tica do Romantismo em um texto famoso e representativo: Meus Oito Anos Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida Da minha infncia querida Que os anos no trazem mais!(ABREU, Casimiro. Obras de Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1955.)

TEXTO I Nasci no campo, e ao desprender-me das faixas infantis, ao saltar do bero, vi quase ao mesmo tempo o cu e o mar, os campos e as matas. No foi na cidade, onde se morre abafado, no; foi ao ar livre, e, infante ainda, senti a brisa da praia brincar com meus cabelos e o vento da montanha trazer-me de longe o perfume das florestas. Que deliciosa vida aquela! Como eu corria por aqueles prados! Que colheita que fazia de flores! Que destemido caador de borboletas! Ah! meus oito anos! Quem me dera tornar a t-los!... Mas... nada, no queria, no; aos oito anos ia eu para a escola, e confesso francamente que a palmatria no me deixou grandes saudades.( ABREU, Casimiro de. Obras completas. Rio de Janeiro: Edies de Ouro, 1965. p. 203.)

O texto I apresenta um tema relevante no Romantismo: a infncia. A abordagem desse tema integralmente feita de acordo com o padro romntico na literatura brasileira? Justifique a resposta, com suas palavras. Questo 02 Associado ao tema da infncia, o texto de Casimiro de Abreu aborda ainda outro tema significativo na literatura romntica: a relao entre o homem e a natureza . Ao tratar desse tema, o texto segue o padro literrio romntico? Justifique a resposta, com suas palavras.

Questo 01No texto II, porm, apresenta-se uma outra imagem da infncia. Transcreva os versos do poema de Affonso Romano de SantAnna que remontam infncia e explique a diferena na abordagem do tema pelos dois poetas.

TEXTO II meus sete anos Papai vinha de tarde Da faina de labutar Eu esperava na calada Papai era gerente Do Banco Popular Eu aprendia com ele Os nomes dos negcios Juros hipotecas Prazo amortizao Papai era gerente Do Banco Popular Mas descontava cheques No guich do corao( ANDRADE, Oswald de. Obras completas VII. 5 ed.. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1971. p. 162.)

que podem pisar em cobra e seus olhos que podem pegar tracoma e afastai de todo perigo e de toda maldade os meninos do Brasil, os louros e os escurinhos, todos os milhes de meninos deste grande e pobre e abandonado menino triste que o nosso Brasil, Glorioso So Cosme, Glorioso So Damio! Setembro, 1957( BRAGA, Rubem. 200 Crnicas escolhidas. 10 ed.. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 212.)* SAM - Servio de Assistncia ao Menor - equivalente FUNABEM

Questo 04

Questo 03 Na literatura brasileira, a idade de oito anos tomada como referncia a uma infncia harmoniosa. No poema de Oswald de Andrade, essa referncia est considerada no ttulo e recebe um tratamento que revela um trao caracterstico do Modernismo brasileiro. Identifique esse trao, justificando sua resposta. TEXTO III So Cosme e So Damio Escrevo no dia dos meninos. Se eu fosse escolher santos, escolheria sem dvida nenhuma So Cosme e So Damio, que morreram decapitados j homens feitos, mas sempre so representados como dois meninos, dois gmeos de ar bobinho, na cermica ingnua dos santeiros do povo. So Cosme e So Damio passaram o dia de hoje visitando os meninos que esto com febre e dor no corpo e na cabea por causa da asitica, e deram muitos doces e balas aos meninos sos. E diante deles sentimos vontade de ser bons meninos e tambm de ser meninos bons. E rezar uma orao. So Cosme e So Damio, protegei os meninos do Brasil, todos os meninos e meninas do Brasil. Protegei os meninos ricos, pois toda a riqueza no impede que eles possam ficar doentes ou tristes, ou viver coisas tristes, ou ouvir ou ver coisas ruins. Protegei os meninos dos casais que se separam e sofrem com isso, e protegei os meninos dos casais que no se separam e se dizem coisas amargas e fazem coisas que os meninos vem, ouvem, sentem. Protegei os filhos dos homens bbados e estpidos, e tambm os meninos das mes histricas e ruins. Protegei o menino mimado a quem os mimos podem fazer mal e protegei os rfos, os filhos sem pai, e os enjeitados. Protegei o menino que estuda e o menino que trabalha, e protegei o menino que apenas moleque de rua e s sabe pedir esmolas e furtar. Protegei, So Cosme e So Damio! protegei os meninos protegidos pelos asilos e orfanatos, e que aprendem a rezar e obedecer e andar na fila e ser humildes, e os meninos protegidos pelo SAM*, ah! So Cosme e So Damio, protegei muito os pobres meninos protegidos! E protegei sobretudo os meninos pobres dos morros e dos mocambos, os tristes meninos da cidade e os meninos amarelos e barrigudinhos da roa, protegei suas canelinhas finas, suas cabecinhas sujas, seus ps

No texto, observa-se uma ntida mudana de atitude do emissor: nos dois pargrafos iniciais, ele fala sobre So Cosme e So Damio; a partir do terceiro pargrafo, ele se dirige a So Cosme e So Damio. No terceiro pargrafo, alm do uso das aspas, identifique dois recursos gramaticais que expressam essa mudana de atitude do emissor. Questo 05 Protegei os meninos ricos, pois toda a riqueza no impede que eles possam ficar doentes ou tristes Protegei os filhos dos homens bbados e estpidos, e tambm os meninos das mes histricas ou ruins. Protegei o menino que estuda e o menino que trabalha, e protegei o menino que apenas moleque de rua No texto, utilizada repetidamente a funo sinttica presente nos termos destacados acima. a) Indique que funo sinttica essa. b) Explique qual a finalidade do emprego to freqente dessa funo sinttica no texto. AULA 13 TEXTO IV O impossvel carinho Escuta, eu no quero contar-te o meu desejo Quero apenas contar-te a minha ternura Ah se em troca de tanta felicidade que me ds Eu te pudesse repor Eu soubesse repor No corao despedaado As mais puras alegrias da tua infncia! ( BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 9 ed.. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1982. p. 118.) Questo 01 O poema de Bandeira constri-se com base na relao entre o eu-lrico e seu interlocutor. A existncia desse interlocutor evidenciada em vocbulos que pertencem a duas diferentes classes gramaticais. a) Identifique essas duas classes gramaticais. b) Diga que trao gramatical comum aos vocbulos indica a presena do interlocutor. TEXTO V O circo o menino a vida A moa do arame equilibrando a sombrinha era de uma beleza instantnea e fulgurante! A moa do arame ia deslizando e despindo-se. Lentamente. S para judiar. E eu com os olhos cada vez mais arregalados

at parecerem dois pires. Meu tio dizia: Bobo! No sabes que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo? ( Naqueles voluptuosos tempos no havia mais nem biquinis... ) Sim! Mas toda a deliciante angstia dos meus olhos virgens segredava-me sempre: Quem sabe?... Eu tinha oito anos e sabia esperar. Agora no sei esperar mais nada Desta nem da outra vida, No entanto o menino ( que no sei como insiste em no morrer em mim ) ainda e sempre apesar de tudo apesar de todas as desesperanas, o menino s vezes segreda-me baixinho Titio, quem sabe?... Ah, meu Deus, essas crianas! ( QUINTANA, Mrio. Nova antologia potica. 6 ed.. So Paulo: Globo, 1997. p. 86/87.) Questo 02 Releia os versos 9 a 17. A expresso Naqueles voluptuosos tempos (verso 13) marca uma posio do eu-lrico em relao ao passado. Considerando essa posio do eu-lrico em relao ao passado, explique o emprego dos parnteses no verso 13. Questo 03 ... Mas toda a deliciante angstia dos meus olhos virgens segredava-me sempre: Quem sabe?... ( versos 14 a 17 ) o menino s vezes segreda-me baixinho Titio, quem sabe?... ( versos 27 a 30 ) Observando o emprego dos tempos verbais nos vocbulos sublinhados acima, explique o que a infncia na concepo do poema. Questo 04 Os textos I, III, IV e V usam a interjeio e o ponto de exclamao para marcar a afetividade, a emoo do emissor. Observando o ltimo pargrafo do texto de Rubem Braga (texto III), identifique trs outros recursos gramaticais utilizados para expressar a afetividade do emissor. LISTA 14 TEXTO I .................................................................... Afinal meu pai desesperou de instruirme, revelou tristeza por haver gerado um maluco e deixou-me. Respirei, meti-me na

soletrao, guiado por Mocinha. [....] Certamente meu pai usara um horrvel embuste naquela maldita manh, inculcando-me a excelncia do papel impresso. Eu no lia direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os conceitos sisudos: A preguia a chave da pobreza Quem no ouve conselhos raras vezes acerta Fala pouco e bem: ter-te-o por algum. Esse Terteo para mim era um homem, e no pude saber que fazia ele na pgina final da carta. As outras folhas se desprendiam, restavam-me as linhas em negrita, resumo da cincia anunciada por meu pai. - Mocinha, quem o Terteo? ............................................ (RAMOS, Graciliano. Infncia. 33 ed. Rio de Janeiro, So Paulo: Record, 1998. p.99) TEXTO II pronominais D-me um cigarro Diz a gramtica Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nao Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me d um cigarro (ANDRADE, Oswald de. Poesias Reunidas. 5 ed. So Paulo: Civilizao Brasileira, 1971. p.125.) TEXTO III ..........................................................

O que voc chama de acintoso e proposital, ponho a mo na conscincia e sei que no . Apenas um novo hbito adquirido e que no mais nem acintoso nem proposital. Manu, eu escrevi o Compndio em menos de ms e sem abandonar minhas ocupaes. Saa o que saa e no corrigi nada. Meus pronomes e brasileirismos, que esto muito diminudos estes em nmero e por isso mais repetidos, saem hoje como gua que brota sem nenhuma preocupao mais. A no ser a preocupao de escrever desacintosamente. Simplesmente porque j no h mais razo pra forar a nota. Agora corrigir um pronome colocado errado por inconscincia s pra ficar mais de estilo portugus isso no fao no. E no fao porque d.a que ficava errado e forado, d.a que eu no seguia mais a orientao que queria e continuo querendo seguir e sigo mesmo. ......................................................(ANDRADE, Mrio de. Cartas a Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Simes, 1958. p. 220)

Questo 01 Os textos I, II e III abordam, direta ou indiretamente, um aspecto gramatical que costuma ocupar grande espao nas aulas de portugus. a) Que aspecto gramatical esse? b) O que motivou a pergunta final feita pelo personagem do Texto I? Questo 02

Oswald de Andrade e Mrio de Andrade (Textos II e III) foram autores decisivos na formulao dos rumos estticos e ideolgicos do modernismo brasileiro. Considerando que, para os modernistas, a questo da lngua fazia parte de um projeto cultural mais amplo, qual a posio dos dois autores em relao norma gramatical? TEXTO IV ........................................................ Minhas opinies em matria de gramtica tm-me valido a reputao de inovador, quando no a pecha de escritor incorreto e descuidado. Entretanto, poucos daro mais, se no tanta importncia forma do que eu; pois entendo que o estilo tambm uma arte plstica, por ventura muito superior a qualquer das outras destinadas revelao do belo. Como se explica, portanto, essa contradio? [....] Que a tendncia, no para a formao de uma nova lngua, mas para a transformao profunda do idioma de Portugal, existe no Brasil, fato incontestvel. [...] A revoluo irresistvel e fatal., como a que transformou o persa em grego e cltico, o etrusco em latim, e o romano em francs, italiano, etc.; h de ser larga e profunda, como a imensidade dos mares que separa os dois mundos a que pertencemos. Quando povos de uma raa habitam a mesma regio, a independncia poltica s por si forma sua individualidade. Mas se esses povos vivem em continentes distintos, sob climas diferentes, no se rompem unicamente os vnculos polticos, opera-se, tambm, a separao nas idias, nos sentimentos, nos costumes, e, portanto, na lngua, que a expresso desses fatos morais e sociais. .......................................................(ALENCAR, Jos de. Ps-Escrito 2 edio de Iracema. Obra Completa.. Rio de Janeiro: Jos Aguilar, 1958. pp.312/314)

Descansam o dia inteiro. O cu, de manh tarde, Faz pinturas de ba. O Po de Acar sonhou Que um carro saiu da Urca Transportando com amor Meninas muito dengosas, Umas, nuinhas da silva, Outras, vestidas de tanga, E mais outras, de maillot. Chega um ndio na piroga, Tira uma gaita do cinto, Desfia um lundu to bom Que uma ndia sai da onda, Suspende o corpo no mar. Nasce ali mesmo um garoto Do corpo moreno dela, No dia seguinte mesmo O indiozinho j est De arco e flecha na mo Olhando pro fim do mar. De repente uma fragata Brotou do cho da baa, Sai um velho de tamancos, Fica em p no portal, D um grito: Bof, viles! Descobrimos um riacho E a fruta aqui bem boa. No mesmo instante o garoto Lhe respondeu: Sai, azar! Despede uma flecha no velho Cheiinho de barbas brancas, Pensa que Do Sebastio, D um tremor no seu corpo E zarpou para Lisboa. MENDES, Murilo. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar.1994. pp.143-144) Questo 01 Muitos foram os escritores modernistas que procuraram, em suas obras, .recontar. a histria de nosso pas. a) No poema de Murilo Mendes, qual o verso que introduz a .cena. do primeiro contato entre os descobridores e os habitantes originrios das terras brasileiras? b) Do modo como apresentada, a relao colonizador versus colonizado est de acordo com o que nos contam os livros de histria? Justifique. Questo 02 Murilo Mendes procura trazer para seu poema diversas marcas de brasilidade. a) Qual o verso em que dois recursos lingsticos, prprios da linguagem coloquial, formam uma s unidade de sentido? b) Reescreva o verso de modo mais formal, sem alterao do sentido. Questo 03 Para mostrar uma sucesso de fatos, o poeta utiliza um tipo de combinao de oraes que predominante em todo o poema. a) Como se chama esse tipo de combinao? b) Transcreva trs versos consecutivos que exemplifiquem tal procedimento.

Questo 03 A que contradio faz referncia Jos de Alencar no segundo pargrafo de seu texto? Questo 04 Considerando as posies de Jos de Alencar com relao aos padres lingsticos do Brasil e de Portugal, responda: o autor se ope aos pontos de vista de Oswald (Texto II) e Mrio de Andrade (Texto III)? Justifique. Questo 05 Para Jos de Alencar, o meio influencia na definio de diferenas lingsticas e culturais? Justifique. Questo 06 As transformaes da lngua portuguesa falada no Brasil seriam, na opinio de Jos de Alencar, um fato indito na histria das culturas? Justifique, retirando do texto a passagem que melhor ilustra o posicionamento do autor. LISTA 15 TEXTO V 1500 A imaginao do senhor Flutua sobre a baa. As pitangas e os cajus

TEXTO 6 ................................................ - Que frio! . gorjeou Henriqueta, muito coquete em seu redingote de golas de pelego, que graciosamente envergara por cima da camisola cor-de-rosa, - Fecha, fecha, Boduzinho, que este frio me mata! Que estavas a fazer l fora com este frio, queres constipar-te e matarme de cuidados? - J falas como uma portuguesa, admirvel como tens talento para essas coisas! . disse Bonifcio Odulfo, encantado. . E ests linda como uma princesa! Minha princesinha portuguesa! - Mas nunca falei l muito brasileira. - Isto verdade, sempre tiveste uma maneira de falar muito distinta, foi uma das primeiras coisas que primeiro me atraiu em ti. E teu pai, o velho baro, fala exatamente como um portugus. - Disto ele sempre fez questo. Costuma dizer que, pela voz, sempre sabero que ele nunca andou no meio dos pretos e que se formou em Coimbra. .............................................................(RIBEIRO, Joo Ubaldo. Viva o povo brasileiro. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1984. p.469)

Interroguei-o uma vez: como tivera a idia de gritar aquilo? Ento voc no ningum?. Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha l de dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: No ningum, no senhora, o padeiro. Assim ficara sabendo que no era ningum... Ele me contou isso sem mgoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. (In: Ai de ti, Copacabana. 4a ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964, pp. 44,45) Questo 02

a) Que sentido assume o pronome indefinido ningum no texto acima? b) Quando esse pronome indefinido usado na funo sinttica de sujeito, a dupla negao pode ou no ocorrer. Justifique essa afirmativa, exemplificando-a. TEXTO 3: Camels Manuel Bandeira Abenoado seja o camel dos brinquedos de tosto: O que vende balezinhos de cor O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam boxe A perereca verde que de repente d um pulo que engraado E as canetinhas-tinteiro que jamais escrevero coisa alguma Alegria das caladas. Uns falam pelos cotovelos: - O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedao de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o menino pensar: Papai est malu... Outros, coitados, tm a lngua atada. Todos, porm, sabem mexer nos cordis com o tino ingnuo de demiurgos de inutilidades. E ensinam no tumulto das ruas os mitos hericos da meninice... E do aos homens que passam preocupados ou tristes uma lio de infncia. (In: Libertinagem. Seleta em prosa e verso. (Org. Emanuel de Moraes), Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1971, p.131). TEXTO 4: Desabrigo (fragmento)Antnio Fraga

Questo 04 Toda lngua apresenta variao regional e social, no se podendo afirmar que uma variante seja superior a outra. Transcreva a passagem do dilogo em que melhor se observa um julgamento de valor que contraria essa afirmao e revela preconceitos sociais e culturais. LISTA 16

TEXTO 1: escapulrio Oswald de Andrade No Po de Acar De Cada Dia Dai-nos Senhor A Poesia De Cada Dia(In: Poesias reunidas. 5a ed. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1971, p. 75) Nota: escapulrio: objeto de devoo formado por dois quadrados de pano bento, com oraes ou uma relquia, que os devotos trazem ao pescoo. Questo 01 A crtica literria considera que a poesia de Oswald de Andrade apresenta duas vertentes: uma destrutiva e uma construtiva. Explique de que modo esses dois traos aparecem na intertextualidade realizada por Oswald no poema. TEXTO 2: O Padeiro (fragmento) Rubem Braga Tomo meu caf com po dormido, que no to ruim assim. E enquanto tomo caf vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o po porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para no incomodar os moradores, avisava gritando: - No ningum, o padeiro!

Foi a que um camel aproveitando o ajuntamento comeou a dizer - Os senhores vendo eu aqui me exibir pensaro que sou um mgico arruinado que no podendo trabalhar no palco vem aqui fazer uns truques pra depois correr o chapu pedindo uns nqueis Mas no sou nada disso Sou um representante da afamada fbrica de perfumes mercrio que no manda distribuir prospectos no bota anncio no rdio nem nos jornais nem mesmo anncios luminosos Esta casa meus senhores prefere contratar um tcnico propagandista que saia por a distribuindo gratuitamente os seus produtos Entre os maravilhosos preparados da fbrica de perfumes mercrio encontra-se esta loo a afamada loo mercrio que elimina a caspa e a calvcie mas no d cabo da cabea do fregus Se os senhores fossem adquirir este produto nas farmcias ou drogarias lhes cobrariam dez ou quinze mil ris Eu estou autorizado a distribu-lo gratuitamente s pessoas que adquirirem o reputado sabonete minerva pelo qual cobro apenas dois mil ris para cobrir as despesas da publicidade... Um aqui para o cavalheiro... outro para a senhorita... (Desabrigo. Rio de Janeiro: SecretariaMunicipal de Cultura, Turismo e Esportes DGDIC, 1990, pp. 28-29) Questo 03

No texto 4, h um desvio de sintaxe em relao norma culta escrita, referente regncia verbal. a) Transcreva o trecho que exibe o desvio. b) Reescreva-o de modo a ajust-lo norma culta escrita. TEXTO 5: A favela que eu vi (fragmento) Benjamim Costallat O maior perigo que eu encontrei na Favela foi o risco, a cada passo, de despencar-me de l de cima pela pedreira ou pelo morro abaixo. E dizer que h uma populao inteira que todos os dias desce e sobe a Favela, mulheres que fazem o terrvel trajeto com latas cheias de gua na cabea, e bbedos, alegres de cachaa, as pernas bambas, ziguezagueando, por cima dos precipcios, sem sofrer um arranho!... Os pequeninos casebres feitos de latas de querosene tambm suspendem-se no ar, por cima de verdadeiros abismos, num milagre de equilbrio, mas tambm no caem. Deus protege a Favela!... E a Favela merece a proteo divina porque ela alegre na sua misria. Aquela gente, que no tem nada, d uma profunda lio de alegria queles que tm tudo. (In: Mistrios do Rio. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, DGDIC, 1990, p. 34) TEXTO 6: Cidade de Deus (fragmento) Rubem Fonseca O nome dele Joo Romeiro, mas conhecido como Zinho na Cidade de Deus, uma favela em Jacarepagu, onde comanda o trfico de drogas. Ela Soraia Gonalves, uma mulher dcil e calada. Soraia soube que Zinho era traficante dois meses depois de estarem morando juntos num condomnio de classe mdia alta na Barra da Tijuca. Voc se importa? , Zinho perguntou, e ela respondeu que havia tido na vida dela um homem metido a direito que no passava de um canalha. No condomnio Zinho conhecido como vendedor de uma firma de importao. Quando chega uma partida grande de droga na favela, Zinho some durante alguns dias. Para justificar sua ausncia Soraia diz, para as vizinhas que encontra no playground ou na piscina, que o marido est viajando pela firma. A polcia anda atrs dele, mas sabe apenas o seu apelido, e que ele branco. Zinho nunca foi preso.

No poema de Manuel Bandeira (Texto 3), aparecem traos caractersticos de sua potica. Desenvolva essa afirmativa, explicitando esses traos, nos nveis da forma e do contedo. Questo 04 Identifique dois recursos predominantes na caracterizao dos ncleos do complemento do verbo vender, que se encontra no segundo verso do poema de Bandeira: um de natureza morfolgica e um de natureza sinttica. Diga quais so esses recursos. Questo 05 Como esses elementos identificados no item anterior se convertem em recursos expressivos? Questo 06 a) No texto 4, o camel afirma que a loo mercrio gratuita. Comente essa afirmao. b) Alm de se apresentar como um representante da afamada fbrica de perfumes mercrio, como o camel, indiretamente, se autodenomina? Questo 07

(In: Histrias de amor. So Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.11)LISTA 17

Meu corao vai molemente dentro do txi. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.11. Questo 04 Responda, com uma frase completa, a cada uma das perguntas abaixo: a) Qual o sentido, dentro do contexto, da expresso sublinhada nos versos Meus amigos todos esto satisfeitos / Com a vida dos outros. (v. 6 e 7)? b) A que estilo de poca pertence o texto I ? Justifique sua resposta. TEXTO Uma cidade uma cidade uma cidade. Ela feita imagem e semelhana de nosso sangue mais secreto. Uma cidade no um diamante transparente. Ela espelha, palmo a palmo, o mundo dos homens, suas contradies, abuses, virtudes e desterros. Milmetro por milmetro. A mo do homem em toda parte. No asfalto. No basalto domado. Na pedreira. Nos calades. Na rua, onde os veculos veiculam nosso exaspero e desespero. Uma cidade nos revela. Nos denuncia naquilo que escondemos. Grande construo, empreitada de porte enorme, regougo de martelos e martrios. Construmos nossa cidade. Somos construdos por ela. Os elos e cordames nos enlaam, nos sufocam. Boiamos e nadamos dia e noite, levados numa escuma onde borbulhas se abrem, como furnculos maduros. Onde est a sada, ou a entrada ? PELLEGRINO, Hlio. A burrice do demnio. Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p.82. Questo 05 Transcreva, do texto II, apenas a frase em que se utiliza recurso literrio semelhante ao empregado nos termos sublinhados dos seguintes versos do texto I: E tantos adultrios tambm. (v. 13) E tantos tantssimos contos-do-vigrio... (v. 14)

Questo 01 De que modo o ponto de vista do narrador influencia o modo de ver os personagens e os espaos nos textos 5 e 6? TEXTO 7Esa e Jac (fragmento) Machado de Assis - Que estranhos? No vou viver com ningum. Viverei com o Catete, o Largo do Machado, a Praia de Botafogo e a do Flamengo, no falo das pessoas que l moram, mas das ruas, das casas, dos chafarizes e das lojas.(In: Obra Completa. vol. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 987) Questo 02

Vimos que, no texto 2, Rubem Braga fez uso expressivo do indefinido ningum. Diga com que sentido o mesmo termo usado por Machado de Assis no texto acima, relacionando tal significado com um posicionamento marcante na obra do autor. Questo 03 Algumas tendncias literrias da segunda metade do sculo XIX mostravam, entre outras coisas: - narrativas que apagavam o narrador atrs de uma objetividade; - narrativas que abordavam os fatos sociais reduzindo-os a fatores biolgicos, tomando como modelo os padres definidos pelas cincias naturais. Como os romances e contos de Machado de Assis se apresentam em relao a esses dois aspectos?TEXTO Rio de Janeiro Fios nervos riscos fascas. As cores nascem e morrem Com impudor violento Onde meu vermelho? Virou cinza. Passou a boa! Peo a palavra ! Meus amigos todos esto satisfeitos Com a vida dos outros. Ftil nas sorveterias. Pedante nas livrarias... Nas praias nu nu nu nu nu nu . Tu tu tu tu tu no meu corao. Mas tantos assassinatos, meu Deus. E tantos adultrios tambm. E tantos tantssimos contos-do-vigrio ... (Este povo quer me passar a perna .)

LISTA 18Questo 01 Responda, com uma frase completa, a cada pergunta abaixo. a) Como se chama o recurso literrio empregado nos termos sublinhados no item anterior? b) Em que consiste este recurso? TEXTO ................................................................... E eis que a utopia volta cena. Mas no temos por que surpreender-nos com isso. Os que decretaram o fim das utopias ignoraram os autores que viram na conscincia utpica uma dimenso permanente da condio humana e os que compreenderam a utopia no sentido sociolgico, como expresso de grupos e estratos marginalizados, sempre presentes em qualquer sociedade. Entre os pensadores do primeiro grupo est Freud, que descobriu a fora e a materialidade do desejo, sua capacidade ilimitada de construir mundos imaginrios para anular privaes reais. Entre eles, tambm, figura Ernst Bloch, que, sintetizando Freud e Marx, disse que a utopia um sonhar para a frente, a concretizao do princpio esperana, graas ao qual a humanidade marcha no longo caminho que leva redeno. A lista inclui, finalmente, Jrgen Habermas e Karl-Otto Apel, para os quais cada ato lingstico remete necessariamente utopia da comunicao perfeita, ordem das coisas na qual os homens se relacionam entre si de modo igualitrio e noviolento, ou seja, utopia da comunidade argumentativa ideal. O segundo grupo inclui autores como Karl Mannheim, que viu na utopia uma reflexo voltada para a superao da sociedade existente, em contraste com a ideologia, que tenta legitimar essa sociedade. A utopia, nesse sentido, a anteviso de uma sociedade mais justa, formulada por minorias e classes sociais descontentes com o status quo. ROUANET, Srgio Paulo. A morte e o renascimento das utopias. In: Folha de S. Paulo, Caderno MAIS!, So Paulo, 25/06/2000, p. 15 UTOPIA [Do lat. mod. utopia < gr. o o, 'no', + gr. tpos, 'lugar', + gr. -a, (v. -ia1).] S. f. 1 Pas imaginrio, criao de Thomas Morus (1480-1535), escritor ingls, onde um governo, organizado da melhor maneira, proporciona timas condies de vida a um povo equilibrado e feliz. 2. P. ext. Descrio ou representao de qualquer lugar ou situao ideais onde vigorem normas e/ou instituies polticas altamente aperfeioadas. 3. P. ext. Projeto irrealizvel; quimera; fantasia. (Aurlio eletrnico, verso 3.0)

Leo Lynce. A poesia de Gois Questo 02 No 2o pargrafo, h duas concepes de utopia. Quais so? TEXTO Mos Dadas No serei o poeta de um mundo caduco. Tambm no cantarei o mundo futuro. Estou preso vida e olho meus companheiros. Esto taciturnos mas nutrem grandes esperanas. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente to grande, no nos afastemos. No nos afastemos muito, vamos de mos dadas. No serei o cantor de uma mulher, de uma histria, no direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, no distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, no fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo a minha matria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.68 Questo 3 Justifique, com frases completas, o ttulo do poema Mos Dadas. Leia o fragmento abaixo: Toda noite tem auroras, Raios toda a escurido. Moos, creiamos, no tarda A aurora da redeno. Castro Alves. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976. p. 212 Questo 4 a) O fragmento de Castro Alves e o poema de Carlos Drummond de Andrade apresentam verbos no modo imperativo: Moos, creiamos, no tarda (v.3) No nos afastemos muito, vamos de mos dadas. (v.7) Justifique o emprego do imperativo, correlacionando as semelhanas temticas entre os versos destacados. b) Explique, com frases completas, que caractersticas da poesia socialmente engajada do Romantismo esto presentes no texto de Castro Alves e no de Carlos Drummond de Andrade. TEXTO Tomar liberdades com a lngua uma atividade to mal vista pelos guardies da sua virtude como seria tomar liberdades com suas filhas, e to prazerosa. Que o povo peque contra a linguagem aceitvel, para a moral gramatical, j que ele vive na promiscuidade mesmo. Mas pessoas educadas, que conhecem as regras, dedicarem-se ao neologismo exibicionista, introduo de pronomes em lugares imprprios e ao uso de academicismos para fins antinaturais visto como devassido imperdovel. De escritores profissionais, principalmente, espera-se que mantenham-se corretos e castos a qualquer custo. Mas vivemos com relao gramtica como viviam os jesutas com relao gramtica, esforando-nos para cumprir nossa misso que no deixa de ser uma catequese, mesmo que s se d o exemplo de como botar uma palavra depois da outra e viver disso com alguma dignidade sem sucumbir s tentaes nossa volta. Tambm no conseguimos. O ambiente nos domina, a libertinagem nos chama, e afinal, por que s a gramtica deve ser respeitvel neste pas, se nada mais ? Lus Fernando Verssimo. Pecadores. TEXTO NO BANQUETE Do alto dos seus bordados, o general falou: Meio sculo, senhores, a servio da Ptria. Falaram depois o doutor e o magnata. Outros mais falaram no banquete da vida nacional. S o roceiro mido no falou nada. Porque no sabia nada, Porque estava ausente, perrengado, indiferente, curvado sobre o cabo da enxada, com o Brasil s costas. Questo 5 Observa-se, nos textos I e II, quanto abordagem do tema, uma relao do uso da linguagem com os diversos nveis socioculturais brasileiros. Justifique esta afirmativa em, aproximadamente, cinco linhas. Questo 6 Um texto um tecido e sua costura se faz atravs de mecanismos lingsticos de coeso, que contribuem para realizar sua coerncia. Considerando aspectos de coeso e coerncia, justifique o emprego do que sublinhado nos seguintes fragmentos, identificando a classe de palavra a que cada um pertence e qual a relao que estabelecem entre as oraes. a) Que o povo peque contra a linguagem aceitvel ( Texto I, linha 2) Classe: conjuno (subordinativa integrante). b) (...) esforando-nos para cumprir nossa misso que no deixa de ser uma catequese ( Texto I, linhas 7-8) Questo 7 Transcreva do texto I uma orao em que se perceba, predominantemente, atravs da mudana de pessoa do discurso, que o cronista se inclui no comentrio, como se compartilhasse da opinio de todo um grupo, com o qual ele se identifica. TEXTO HISTRIA DE UM CRIME Fazem hoje muitos anos Que de uma escura senzala Na estreita e lodosa sala Arquejava ua mulher. Castro Alves. Os escravos. Questo 8 Nesse fragmento de Castro Alves, h um verso que apresent