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Espiral 18

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espiralNº 18 - Janeiro / Março de 2005

boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO

Apresentamos agora a segunda parte da homilia deHans Küng proferida na missa festiva por ocasião dassuas bodas de ouro sacerdotais, na qual ele aborda asseguintes questões, que desde cedo o preocuparam:

1. Pode-se ser padre só a prazo?Em princípio sim. Este serviço não é necessariamen-te vitalício. “Fui com certeza ordenado para toda avida e posso em qualquer tempo exercer as minhasplenas competências sacerdotais. Mas só durante anoe meio estive à frente duma comunidade, donde saípara a universidade. Mas poderia em qualquer altu-ra regressar ao trabalho pastoral, pensava eu, casonão me desse bem na universidade”.

2. Pode-se ser padre apenas como segunda profis-

HOMILIA JUBILAR (2)são?Certamente. Este serviço não é obrigatoriamente deprimeira profissão. “Tornei-me professor universitá-rio e sempre vi aí uma tarefa não só científica, mastambém humana, pastoral. Aconteceu que a minhamissa na igreja matriz de Tübingen, que assegurei fi-elmente todos os domingos durante largos anos, comboa assistência, foi cancelada por um párocofundamentalista que a considerou simplesmente des-necessária. Desde então só esporadicamente pudepregar e só ocasionalmente pude celebrar a eucaris-tia com uma comunidade. Todavia, Deus abriu-meoutras portas para eu poder anunciar o mistério deCristo em todas as línguas e países possíveis, oral-mente e através da palavra escrita”.

(continua na pág. 2)

Sumário:

Razões para gritar ou para cantar?!... 3

Breves... | Fundo de partilha | Novos sócios 4

Renovação | Novos corpos gerentes 5

Ao nosso confrade Salomão 6

Eucaristia – Sínodo Internacional 7

In Memoriam... Dr. Abílio A. Pereira 8

PÁSCOA 2005!

Que esta Páscoa da Ressurreiçãodo Senhor de 2005seja para todosmais umaoportunidade decrescimentoespiritual erevigoramento nanossa caminhadaem direcção ao Paie à eternidade.

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3. Pode-se ser sacerdote também como homem domundo?“Sim, este serviço não tem de criar necessariamenteuma classe social: muitos símbolos e privilégios declasse, uma determinada indumentária, determinadostrejeitos que nos segregaram do povo, já os abando-námos. O padre de hoje gosta de ser cristão entre oscristãos, homem entre os homens. Aliás eu mesmo ti-nha de me movimentar em meios extremamente dife-rentes e nunca quis intrometer-me como ‘pároco’, nemmesmo na minha própria família”.

4. Pode-se ser padre sem autorização para ensinar?“Sim, este serviço não tem necessariamente de seracadémico e, como tal, também não precisaimpreterivelmente de ser aprovado pela igreja. Natu-ralmente foi para mim muito significativo que o mai-or papa do século passado, o inesquecível João XXIII,me tenha nomeado em 1962 como perito do concílio– o único reconhecimento do meu trabalho vindo daparte da autoridade eclesiástica”.Depois recorda como o papa Paulo VI o protegeuquando ele criticou a encíclica do celibato, a encíclicada pílula e, finalmente, a reclamada infalibilidade. Foino tempo do papa polaco que, pela calada da noite,lhe foi negada a autorização para ensinar – justamen-te nas bodas de prata da sua ordenação. “Mas conti-nuei a ser padre com plenos poderes e, nos vinte ecinco anos seguintes, fiz a experiência de que tam-bém sem a permissão de conduzir romana se podemuito bem andar pelo mundo”.

5. Só o celibatário é que pode ser padre?“Não. Nesta questão Jesus dá plena liberdade: ‘quempuder compreender, compreenda’ (Mt 19,12) e não:também quem não puder compreender, tem de com-preender!”. Recordou então que, com excepção de Paulo, os após-tolos eram e continuaram a ser casados, que este sis-tema perdurou durante mais de mil anos para padres ebispos – com excepção dos monges, que foi só noséculo XII que o papa Gregório VII impôs o celibatocomo lei geral para bispos e padres e aplicou todos osmeios do autoritarismo clerical para fazer cumprir essalei. Confessa então: “Como, há cinquenta anos, nin-guém punha a hipótese duma possível revogação dalei do celibato, eu aguentei, tal como milhares dou-tros candidatos à ordenação. Não posso negar queeu não poderia ter realizado tanto em livros, viagense cursos convidados no estrangeiro, se tivesse de cui-

dar duma família e da educação dos filhos. Mas tam-bém não posso negar que, sem as mulheres que meajudaram no governo da casa, na ciência, na vida emgeral, eu não teria conseguido cumprir todas as mi-nhas diferentes tarefas”. E logo a seguir: “Estou con-vencido de que, a manter-se a lei do celibato, tam-bém na Alemanha a igreja terá um destino igual aoda igreja da Irlanda, onde antes havia, por cada pa-dre necessário para a pastoral, mais um ou dois pa-dres excedentes, que eram exportados para todo omundo de língua inglesa. Em 1990 ainda se regista-ram 193 ordenações, mas, em 2004, apenas oito. Tam-bém na Alemanha o clero celibatário está a desapa-recer”.

6. Só o homem é que pode ser padre?Este serviço não tem de ser exclusivamente masculi-no, uma associação de varões. Sabemos que, tambémnesta questão, Roma tem uma opinião diferente. Mas,no grupo dos discípulos de Jesus, as discípulas de-sempenhavam um papel importante. Segundo o evan-gelho de Lucas, eram elas que tinham a seu cargo amanutenção da pequena comunidade. Não era possí-vel imaginar as comunidades do apóstolo Paulo semmulheres em posições de chefia. Não é por acaso quePaulo se lhes refere com grande consideração (Rom16.6). Não há dúvida de que, nos séculos seguintes,as mulheres foram sendo sistematicamente reprimi-das. Mas agora, na era da igualdade democrática,elas já têm conseguido, em muitas igrejas cristãs, aadmissão a todos os ofícios eclesiásticos. A igrejacatólica romana, como sempre atrasada, irá ter deseguir também. Pois em Cristo, como diz Paulo aosGálatas (3,28), “não há servo nem senhor, homemnem mulher”.

E assim, meus caros irmãos e amigos, penso ter ditoo suficiente para dar conta de como, nestes cinquen-ta anos, entendi e entendo o meu sacerdócio. A todosquantos aqui se reuniram rogo de todo o coração quese associem ao meu agradecimento a Deus por estaenorme graça. Vamos todos pedir ao Senhor que sedigne manter-me aberta a porta ainda mais algumtempo para anunciar o mistério de Cristo. Nunca perdia esperança de poder verificar que na nossa Igrejavolta a acontecer uma inflexão para melhor. Tambémpor essa razão gostaria muito que pudéssemos estarjuntos mais alguns anos. E mantenhamos a fidelida-de à nossa Igreja também em tempos difíceis. Amen.[O texto completo pode ler-se em Kirche In, 12/2004, pp. 29-31]

João Simão

(continuação da pág. 1)

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Creio que sempre assim foiatravés da História: Uns gritam de-sesperados ao verem as nações adesfazerem-se em guerras e a so-ciedade a apodrecer sem moral;mas outros cantam extasiados como brilho das gotas de orvalho, ador-mecidas na folhagem fresca das ár-vores, em manhãs de Primavera!...Duas situações, ambas verdadeirase, muitas vezes, paradoxalmentesucessivas!

A que propósito vem isto?Olha, amigo leitor: Impressionou-me certa passagem em que Jesusse queixava: «A seara é grande,mas os trabalhadores são pou-cos...» (Lc 10,2). Já o sabíamos.Sempre assim foi! A seara para se-mear a Palavra de Deus é do tama-nho do mundo, e o comodismo nãogera trabalhadores!...A semente asemear é a Palavra de Deus, nãoapenas voz a falar aos homens, masa Pessoa de Deus em Cristo-Ho-mem, porque a Palavra de Deus éPessoa em Cristo, como deve serPessoa nos seus discípulos! SerPessoa é Viver e dar Vida. E aqui éque falhamos. Nem somos, comodevíamos, agricultores da seara doSenhor, nem somos semeadorescom Ele, apesar de sempre nos terquerido tornar parceiros na cultu-ra do mundo e do seu Reino.

Mas o que me impressiona é opedido que Jesus fez logo a seguir:«Rogai ao dono da seara que man-de trabalhadores para a sua sea-ra» (Lc10,2; Mt 9,37). Este pedi-do tem sido interpretado apenas

como convite à oração pelas voca-ções sacerdotais, como se só os sa-cerdotes fossem trabalhadores daseara do Senhor!... É pena que setenha visto a questão apenas de umlado, o que torna vesga a conclu-são, porque tem levado as pessoasa caírem noutro erro, talvez piorque o primeiro, isto é, a ideia deque Deus só faz surgir vocaçõesconsagradas quando «sacudido»com pedidos!

Não pensemos que a oração éessencialmente pedir! Pedir é sen-tir-se distante e até diminuído.Deus não nos quer assim. A ora-ção é diálogo-presença com Deus.A oração é convívio de amor comEle! Deus sabe muito bem do queos homens precisam. Há necessi-dade de falarmos a Deus das nos-sas necessidades para nos abrirmosà sua graça. Paulo Guerra escreveuno seu livro «Celebrar a Festa» que«a nossa oração não move o cora-ção de Deus para dar, mas dispõeo nosso para receber».

Deus é Pessoa em Cristo-Pes-soa, sempre disposta a dar-se. Onosso diálogo com Deus é de Pes-soa a pessoa. E este diálogo é maispara sentirmos que só seremos tudocom Deus que é tudo, como con-fessou S. Paulo: «Tudo posson’Aquele que me conforta».

E daqui é que podem surgir asvocações sacerdotais, que precisamtodavia de um ambiente familiar esocial que favoreça o seu desenvol-vimento. Mas eu creio que Jesusse referia a todos os trabalhadores

da seara do Senhor, sejam ou nãosacerdotes. Quando Ele enviou 72discípulos a pregar a sua mensa-gem, nenhum era sacerdote! Nemsequer Jesus pertenceu à casta sa-cerdotal do seu tempo! De resto,parece-me que a falta de vocaçõessacerdotais, longe de ser uma ca-lamidade, tem sido uma bênção deDeus. O Espírito Santo sabe o quefaz. Não te escandalizes, amigo!Repara:

A Igreja, a partir de certa épo-ca da sua história, começou a serexcessivamente clericalizada. Eisso foi mau porque os cristãos tor-naram-se apenas assistentes mar-ginalizados e inactivos. Os sacer-dotes faziam tudo!... A actual faltade sacerdotes fez com que os cris-tãos fossem novamente chamadospara o ministério pastoral, missãode que nunca deviam ter sido afas-tados. Para se avaliar esta bênçãode Deus basta comparar as nossascomunidades de hoje com as de há30 ou 40 anos atrás!...«O EspíritoSanto sopra onde quer e quandoquer»! O que é preciso é não Oimpedir na sua missão de recriar edinamizar sempre novas vivênciascristãs! Ele fará surgir vocaçõessacerdotais quando e quantas fo-rem necessárias, assim como no-vos ministérios!...

É ou não é verdade que não te-mos razões para gritar, mas simpara cantar em acção de graças?!...

Manuel Paiva

RAZÕES PARA GRITAR OU PARA CANTAR?!...

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Novos Sócios da FATERNITAS

Admitidos na Reunião de Direcção de 12 de Março de 2005

Nº 099 -ROGÉRIO MORAIS TEIXEIRA e ALCINA ROSA MOREIRA TEIXEIRA

Nº 100 -LUÍS GONZAGA MAGALHÃES BARBOSA e MARIA DA GLÓRIA LEAL DA

SILVA

Nº 101 -MANUEL VIANA PEREIRA e MARIA DOLORES VARANDA MACHADO

VIANA PEREIRA

Nº 102 -EMÍLIO ARMANDO PEREIRA DA FONSECA

Nº 103 -CRISTÓVÃO MANUEL PEREIRA NEVES e MARGARIDA ISABEL REIS

COSTA

Verificou-se um aumentosubstancial da necessidade deutilizar o Fundo de Partilha, quepassou de 270,00 euros para1.730,00 euros, tendo sidoutilizados 1.500,00• para ajudas

diversas no ano de 2004. Parece--nos urgente garantir um aumentocalculado do Fundo de Partilha.

in Relatório da Direcção(Ano de 2004)

FUNDO DE PARTILHA

b r e v e s . . . · a mãe da Margarida (Rio Tinto),esposa do Osório, em plena “via-sacra”;

· o Manuel Sousa Gonçalves (Vilado Conde) continua limitado porproblemas cardíacos.

A todos tenhamos presentes nasnossas preces.

· FALECIMENTO:Soubemos, há pouco, do passamentodo pai do Fernando Ribeiro das Ne-ves (Palhaça).Paz para ele e consolação aos seus.· CASAMENTO:Aqui ao lado, a carta que recebemosdo Vincent e da Cidália (Abrantes),referente ao seu casamento que terálugar em breve.Parabéns!

· EM PROVAÇÃO:A doença vai-nos acompanhando.Neste tempo quaresmal, de cami-nhada para a Páscoa, faz-nos certa-mente sentir mais unidos aos quesofrem e a Jesus Cristo, que por nósSe ofereceu em sacrifício ao Pai.Vemos, com verdade, completar-seem nós “o que falta à paixão deCristo” .Acompanhamos, assim:

· o Lúcio Salvador (Cuba) e aesposa, cujos pais estão doentese muito dependentes do casal;

· o Francisco Santos (Vairão - Vilado Conde), cuja visão tem vindoa deteriorar-se, com reflexosfortes na sua estabilidade emo-

cional;

· o Silva Pinto (Fontes - Santa Martade Penaguião), cerineu daMaria(zinha), sua esposa, que sofrede Alzheimer;

· também o Luís Gouveia(Ermesinde), que aguarda umaintervenção cirúrgica aliviadorados seus padecimentos;

· a Maria José Monteiro (Lisboa),que vai, graças a Deus, melho-rando;

· o Abílio Rebelo (Lisboa), que seencontra doente, assim como aMaria de S. José;

· o Henrique Santos (de Évora),operado à vesícula, e emrecuperação;

Olá amigos,como estais?Esperamos que bem.A nossa vida avança a umritmo lento, mas avança, oque é muito bom.Escrevemos estas breveslinhas só para partilharconvosco um facto quenos dá muita alegria.Depois de muitas “doresde cabeça”, burocraciasinfinitas, o processo parao casamento civil está achegar ao fim e pudemos,ontem à tarde, finalmentemarcar a data. No dia 2de Abril às 15h casaremoscivilmente. Nesse dia oSamuelito faz 3 anos epor isso o dia torna-seainda mais especial.Neste dia em especialcontamos com a vossaoração.Um grande beijinho e umabraço para todos vocêsdo Vincent, Cidália eSamuel.

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O que se não renova, morre.

Dado o nosso natural deixarcorrer o que está bem, é aceitávelnão se nos afigurar que, quem jáestá há bastantes anos naDirecção da Fraternitas, sintanecessidade de sair, de dar lugara outros, e possa “repousar” umpouco. Descansamos em quemtem cumprido bem o seu papel.(E muitas graças temos de dar aDeus — e ao próprio — peloserviço exemplar, dedicado egeneroso que o João Simão, comopresidente da direcção, temprestado ao longo de diversosmandatos!).

Mas já não é possívelcontinuar a pedir ao João Simãoe, concomitantemente, à MariaFernanda, o sacrifício de se

Pelas 14.30 horas do dia 24,domingo, reunir-se-á a Assem-bleia Geral para a discussão dosassuntos estatutários e tambémpara proceder à eleição dostitulares dos corpos gerentes danossa Associação — Mesa daAssembleia Geral, Direcção eConselho Fiscal — para ummandato de três anos, uma vezque os actuais titulares cessamfunções.

O momento das eleiçõesdesafia todos os associados asentirem-se responsáveis pela

Renovaçãomanter como presidente dadirecção por mais um mandato(veja-se o texto do João Simãoabaixo).

Importa, por isso, que entre ossócios, haja movimentações,possam surgir listas de candidaturaà direcção do nosso Movimento. Éque, no meu entender, se tornaimportante poder escolher entreprojectos e equipas alternativas, enão apenas entre uma lista e o“nada” ou o vazio (este, natural-mente, impossível).

É certo que todos estamosmuito ocupados, que todos temosafazeres. Embora uns maisocupados que outros. Mas, não énosso o Movimento? Não nosrevemos nele? Não somos, por ele,responsáveis por uma evangeli-

zação, sinal do Amor de Deus aoshomens? Reconheço também quenão é tarefa fácil formar umaequipa, até porque nem semprenos conhecemos todos uns aosoutros muito bem, porque nemsempre todos estamos nosencontros gerais. Mas, mesmoassim, é necessário fazermos umesforço que, certamente, serápositivo para todos nós.

Lanço aqui este alerta para quenão cheguemos a Fátima, àAssembleia Geral do próximo dia24 de Abril, e só aí, nos cor-redores e na pressa a que o tempoobriga, nos demos conta de que épreciso fazer algo. Para bem doMovimento e A.M.D.G. “admajorem Dei gloriam”.

Alberto Osório

associação que integram, não sóelegendo quem se candidata, mas,sobretudo, manifestando disponibi-lidade para integrar listas noslugares para que cada um se sintamais apto.

Após oito anos como presidenteda Direcção, julgo ser meu devernão me voltar a candidatar.

Alcançada a fase em que aFraternitas já ganhou rosto, viveue meditou sobre si mesma e sobreas realidades envolventes, nóspróprios aclarámos ideias relativa-mente ao nosso enquadramento

eclesial, podemos dizer que secumpriu uma etapa carac-terizadora, eventualmente basepara novos desenvolvimentos. É,pois, a altura certa para passar otestemunho. Tenho a certeza deque, tal como nas estafetasaqueles que recebem otestemunho correm mais do queos anteriores, também naFraternitas os próximos diri-gentes chegarão bem maisadiante. Com a colaboração detodos, naturalmente.

Novos corpos Gerentes

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licenciatura na Universidade deLisboa e profissionalizou-se comoprofessor. Tinha desejo sincero deser homem bom. A esposa era umaboa ajuda.

Manteve-se sempre unido aosantigos colegas na associação dosantigos seminaristas e membros daSociedade Missionária e com o

motivo de saudade verdadeira e deenorme louvor Àquele que é o Se-nhor da Vida.Do nosso Abílio teremos sempreaquela recordação de quem amoua Igreja de Cristo e a quis servircom toda a alma e de todo o cora-ção. Particularmente nas Conferên-cias Vicentinas onde foi um profun-do entusiasta.

Sei que todos os elogios são, nes-ta circunstância, suspeitos mas

Deus sabe da justeza destas linhasque aqui vos ofereço. Não para suaglória mas para maior glória dequem nele e por ele se revelou paranós.Resta-nos ser dignos do seu teste-munho, honrar-mos a sua memó-ria e, junto de Deus, suplicarmosque o associe ao Reino dos vivos,na sua presença. Lá, certamente,continuará a trabalhar por esta co-munidade que tanto espera dos seusmembros e nunca os considera delaafastados.Em nome de todos, obrigado “Dou-tor Abílio”!

Pe. José Luís Borga

“Quão agradável e bomÉ nós vivermos unidos!”Esta vida é mar de escolhos:Escolhos são os perdidos...

Meus irmãos, no conviver,Nasce e mora e cresce a paz.Oh! Que linda sementeiraDo que se leva e se traz!

Em abrindo a minha mão,Ora dou, ora recebo:É sorte bem abonadaNas quatro folhas do trevo!

Obrigado, dizes tu;Obrigado, digo eu!Na regra do bem-fazer,Quem algum dia perdeu?

“Bom provérbio, bom ditado,Aquele de Salomão...”Boa a lição da humildade,Verdadeira, sem senão!

Quando o cego se sentiuNa sua fé tão ceguinho,Na fé de Cristo embarcou,Em se metendo ao caminho...

Nos vales da escuridão,Há sempre um raio d’esp’rança;E na constância da luta,“Quem porfia sempre alcança”!

António da EiraAver-o-Mar, 16-XI-2002

AO NOSSO CONFRADE SALOMÃO

mesmo desejo entrou na Frater-nitas. Nas minhas actividades desuperior da Sociedade Missionáriacruzei-me com ele muitas vezesmas nunca tive grande tempo parapassar com ele devido às minhas

múltiplas andanças. Espero queDeus nos dê aos dois um cantinhosossegado do outro lado do mundo.

Chililabombwe, Zâmbia, 29/1/2005

Pe. Manuel Castro Afonso

DR. ABÍLIO ANTUNES PEREIRA(continuação da pág. 8 - col. 2)

¹(continuação da pág. 8 - col. 1)

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O Movimento Internacional«Nós Somos Igreja» — Portugal,procedeu à recolha de assinaturaspara entrega aos bispos portugue-ses da carta que a seguir se publicana íntegra:

«Em Outubro de 2005 realiza--se um Sínodo Internacional sobrea Eucaristia. Até Outubro próximoos Bispos de todas as Dioceses domundo deverão enviar para a SantaSé os seus pareceres preparatóriossobre as questões que poderão vira ser consideradas. Esses contribu-tos serão reunidos num único rela-tório, que deverá estar elaboradoem final de 2004.

Um grupo de católicos/as por-tugueses, à semelhança de outros,em várias zonas do mundo, consi-dera que os leigos deverão contri-buir para a reflexão em curso. Porisso foi elaborada esta carta, pornós subscrita e que será enviada aosBispos portugueses, na pessoa doPresidente da ConferênciaEpiscopal, o Cardeal Patriarca,José Policarpo.

Estamos cientes de que amaioria dos católicos no mundointeiro não tem acesso à celebraçãoda Eucaristia de uma forma regulare frequente, sobretudo porque afalta de padres é hoje crescente epreocupante. Nenhum dos docu-

mentos preparatórios para o Sínodoindica que metade das paróquiasnão tem hoje um sacerdote paracelebrar a Eucaristia. O Vaticanomais se tem debruçado sobre ocumprimento das minúcias ritua-listas da celebração, do que sobreo sentido da Presença de Cristoentre a comunidade reunida, se-gundo a palavra do Evangelho.

Senhor Bispo,

Católico/a, pela fé queme foi concedida, eu creiono Sagrado Mistério daEucaristia. Estou preocu-pado/a porque a Eucaristiaé negada a milhões decatólicos, devido à faltade padres no mundo intei-ro. Reflectindo sobre asquestões fundamentais doSínodo Internacional de2005, com todo o respeito,vos pedimos considerem asrespostas às seguintesquestões:

1. Quantos padres exis-t i rão nas nossasdioceses dentro dedez anos?

2. Quantas paróquias se-rão extintas, agrupa-das ou fundidas, nospróximos dez anos?

Peço, através de vós, aoSínodo Internacional sobrea Eucaristia:

Que encontre soluçõespara a falta de pa-

dres, para que todosos católicos do mundopossam regularmenteparticipar na Euca-ristia, pelo menosuma vez por semana.

Que tenha por modelo aVerdadeira Presençade Cristo no Pão e noVinho consagrados.

Que reconheça a Eucaris-tia como mais impor-tante para a Igrejado que o celibatoobrigatório.

Que reconheça que asmulheres são Corpo deCristo, assim como oshomens.

Para assegurar a nossavida sacramental, pedimos:

Que o celibato deixede ser obrigatóriopara os padres dio-cesanos.

Que os padres casadossejam aceites devolta à actividadeministerial.

Que os ministériosordenados sejamadministrados aosmilhares de mulhe-res qualificadas,que actualmenteestão ao serviço daIgreja no mundo.

Peço a inspiração doEspírito Santo para asnossas dioceses e para ostrabalhos do Sínodo.

Lisboa, 24 de Setembro de 2004

EUCARISTIAS í n o d o I n t e r n a c i o n a l

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espirale-mail: [email protected]

boletim daassociação fraternitas movimento

Responsável: Alberto Osório de Castro

Nº 18 - Janº/Marº de 2005

“ Não há duas oportunidades para uma primei-ra impressão”.

Esta frase veio-me à memória pela necessidade devos oferecer umas linhas para o jor-nal a propósito do nosso Abílio (aquina paróquia “Doutor Abílio”!). Tudoisto se deve ao facto de ele ter sido,provavelmente, a primeira pessoaque me foi apresentada como mem-bro activo e empenhado na comuni-dade que, com a minha chegada, iriadar origem à nova paróquia de Nos-sa Senhora de Fátima. Nele encon-trei logo alguém que manifestou,fácil e espontaneamente, além deuma enorme alegria pela minha che-

gada, sempre oportuna e portadora de apoio e entusi-asmo para quem chega e procura amparo, uma per-manente esperança em tudo o que de novo Deus nostraz por Sua Graça, nos tempos futuros.

Logo me foi esclarecido como era a sua situação eclesial e, muito mais importante, o seu lugar

na comunidade.Com o tempo foi-se apurando aquela primeira agra-dável impressão pessoal.Um espírito delicado e acolhedor; uma vontade per-manente de servir e edificar a comunidade; uma pre-sença que marcava e era significativa para os que bus-cavam na sua palavra uma luz e uma voz para o cami-nho a fazer.

Como seu pároco sempre encontrei alguém atento e com vontade de ser apoio para as minhas tare-

fas, um reconhecimento das minhas orientações e, so-bretudo, uma persistente delicadeza e compreensão.Nunca uma palavra de derrota. Nunca uma críticamenos edificante, tanto para comigo como para qual-quer outro membro da comunidade. Nunca aquelasdesculpas próprias de quem quer sobretudo livrar-se

de alguma responsabilidade.Por todas estas razões a sua partidaé, para toda a nossa comunidade,

Fui colega dele nos 14 anos de Seminário naSociedade Missionária Portuguesa no Convento

de Cristo em Tomar, em Cernache do Bonjardim, eem Cucujães. Fizemos o último ano de Teologiaprática e Pastoral em Tomar e fomosordenados sacerdotes os dois em 31 deJulho de 1960, em Cucujães, pelosaudoso arcebispo de Cízico, D.Manuel Ferreira da Silva. O Abíliopartiu para Moçambique, diocese deNampula, e eu fiquei a trabalhar nosseminários em Portugal com saúdeprecária, o que levou a que me fizessemsuperior-geral por duas vezes. O Abíliotrabalhou pastoralmente bem emMoçambique durante uns cinco anos.Desde o início do seminário que serevelou com fé pessoal profunda e piedade sincera, emuito metódico no trabalho a tender para opiedosismo e rigorismo com ele próprio.

Veio de Moçambique com o sistema nervosodeteriorado revelando acentuada carência

afectiva. Voltou a Moçambique mas regressou embreve a Portugal. Pediu a redução ao estado laical.Foi-lhe concedida sem grande demora. Acompanheio processo na direcção da Sociedade Missionária.Casou numa amizade que vinha de alguns anos. Nessaaltura eu estava no Seminário de Tomar e, no tempodisponível, a pedido do pároco de Tomar e doEntroncamento, com a equipa nacional do MundoMelhor dirigimos um trabalho de animação espirituale pastoral na região. Na primeira reunião noEntroncamento o Abílio esteve presente com a esposae passou a ser um bom colaborador pastoral daparóquia. Não escondia o passado e tinha orgulho doque fizera de bom. Trabalhador metódico, ao mesmotempo que leccionava no Entroncamento, fez a

In Memoriam...

DR. ABÍLIO ANTUNES PEREIRA

(continua na pág. 6)

(continua na pág. 6)