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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS E SISTEMAS DE GESTÃO DE CUSTOS: PROPOSTA DE UM MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS PARA ESTRUTURAS CONTEMPORÂNEAS CURITIBA 2000

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS E

SISTEMAS DE GESTÃO DE CUSTOS:

PROPOSTA DE UM MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO

DE CUSTOS PARA ESTRUTURAS CONTEMPORÂNEAS

CURITIBA

2000

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CLEONICE BASTOS POMPERMAYER

ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS E

SISTEMAS DE GESTÃO DE CUSTOS:

PROPOSTA DE UM MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO

DE CUSTOS PARA ESTRUTURAS CONTEMPORÂNEAS

Dissertação apresentada para a obtenção de grau de Mestre em Tecnologia: Ênfase em Inovação Tecnológica, do Programa de Mestrado em Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Iarozinski Neto

CURITIBA

2000

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AGRADECIMENTOS

À força constante, vinda de Deus; ao meu orientador, Prof. Dr. Alfredo Iarozinski Neto; à minha amiga, Geciâne Porto Silveira, maior incentivadora deste trabalho; ao meu marido, Antonio Carlos Pompermayer, pela participação e suporte na elaboração deste; aos meus filhos, Débora, Adriane e Danilo, pela compreensão da minha ausência no lar; à Maria Cristina Ferreira, revisora deste trabalho; à Maria Laura Zocolotti e Ana Rita Barzick Nogueira pela editoração; à Edith Dias pelo apoio nas pesquisas; à Faculdade Católica de Administração e Economia - FAE.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS......................................................................................................... iv

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... v

RESUMO.............................................................................................................................. vi

ABSTRACT .......................................................................................................................... vii

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1 BASE CONCEITUAL ..................................................................................................... 7

1.1 CONCEITOS DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS........................................ 7

1.2 VARIÁVEIS CONSTITUINTES DAS ESTRUTURAS ................................................ 9

1.2.1 Complexidade.............................................................................................................. 9

1.2.2 Formalização ............................................................................................................... 11

1.2.3 Centralização............................................................................................................... 12

1.3 FATORES CONDICIONANTES DAS ESTRUTURAS............................................... 13

1.3.1 Fator Tamanho ............................................................................................................ 13

1.3.2 Fator Ambiente............................................................................................................ 15

1.3.3 Fator Tecnologia.......................................................................................................... 18

1.3.4 Fator Estratégia............................................................................................................ 21

1.3.5 Fator Interdependência Departamental ......................................................................... 23

1.4 BASES PARA A ESTRUTURAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES ................................... 24

1.4.1 Estrutura Organizacional Piramidal................................................................................ 25

1.4.2 Taylor e a Supervisão Funcional................................................................................... 25

1.4.3 Fayol e a Teoria Clássica da Organização..................................................................... 26

1.4.4 Departamentalização.................................................................................................... 30

1.5 CONCEITOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA....................................................... 33

1.5.1 Conceitos de Tecnologia .............................................................................................. 33

1.5.2 Conceitos de Inovação................................................................................................. 35

1.5.3 Barreiras Organizacionais à Inovação ........................................................................... 38

2 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS ......................................................................... 41

2.1 ESTRUTURA LINEAR................................................................................................. 41

2.2 ESTRUTURA FUNCIONAL........................................................................................ 43

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iv

2.3 ESTRUTURA LINHA-STAFF...................................................................................... 45

2.4 ESTRUTURA MATRICIAL.......................................................................................... 47

2.5 ESTRUTURA POR EQUIPES ...................................................................................... 49

2.6 ESTRUTURA EM REDE............................................................................................... 51

2.7 ESTRUTURA DIVISIONAL......................................................................................... 53

2.8 ESTRUTURA POR PROJETOS ................................................................................... 54

2.9 ESTRUTURA CELULAR.............................................................................................. 54

2.10 TENDÊNCIAS PARA O FUTURO DAS ORGANIZAÇÕES...................................... 59

3 GESTÃO DE CUSTOS.................................................................................................... 61

3.1 CRITÉRIOS DE APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS ...................................................... 62

3.1.1 Custeio por Absorção.................................................................................................. 63

3.1.2 Custeio Direto.............................................................................................................. 64

3.2 MÉTODOS DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS.......................................................... 66

3.2.1 Método de Acumulação por Ordem de Produção ........................................................ 66

3.2.2 Método de Acumulação por Processo.......................................................................... 68

3.2.3 Método de Acumulação por Unidades de Esforço de Produção (UEP)......................... 68

3.2.4 Método de Custeio Baseado em Atividades (ABC)...................................................... 71

3.3 MÉTODO DE CONTROLE DE CUSTOS ................................................................... 78

3.3.1 Método do Custo-Padrão............................................................................................ 78

3.4 MÉTODOS DE REDUÇÃO DE CUSTOS ................................................................... 82

3.4.1 Método do Custo-Alvo................................................................................................ 84

3.4.2 Método do Custo Kaizen ............................................................................................ 89

4 PROPOSTA DE MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS PARA

ESTRUTURAS CONTEMPORÂNEAS ........................................................................ 95

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

CONTEMPORÂNEAS................................................................................................. 95

4.1.1 Estruturas Organizacionais Mecanicistas e Orgânicas .................................................... 95

4.1.2 Adequação entre as Estruturas Organizacionais e as Estratégias Competitivas................ 97

4.1.3 Adequação entre as Estruturas e as Condições Ambientais ........................................... 98

4.2 MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS............................................... 100

4.3 IMPLANTAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS........... 112

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 119

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LISTA DE QUADROS

1 VARIÁVEIS MACROAMBIENTAIS ..................................................................................... 17

2 TECNOLOGIAS E SISTEMAS DE PRODUÇÃO .................................................................. 19

3 CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS NAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO ......................... 20

4 REQUISITOS DECORRENTES DAS ESTRATÉGIAS GENÉRICAS....................................... 23

5 CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES

TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO............................................................................... 32

6 PROCEDIMENTOS PARA DEFINIÇÃO DE ELEMENTOS PADRÕES................................... 81

7 CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE CUSTEIO ........................................................... 94

8 CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS DAS ESTRUTURAS MECANICISTAS E

ORGÂNICAS SEGUNDO VARIÁVEIS CONSTITUINTES ...................................................... 96

9 AGRUPAMENTO DAS NECESSIDADES GERENCIAIS SEGUNDO OS OBJETIVOS

DO SISTEMA DE GESTÃO DE CUSTOS ........................................................................... 106

10 DADOS INTERNOS E EXTERNOS, SEGUNDO PROCESSOS DO SISTEMA DE

CUSTOS.......................................................................................................................... 108

11 DADOS INTERNOS E EXTERNOS, SEGUNDO SUBSISTEMAS DO SISTEMA DE

CUSTOS.......................................................................................................................... 109

12 INFORMAÇÕES GERENCIAIS DO SISTEMA DE CUSTOS, SEGUNDO OBJETIVOS............ 110

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LISTA DE FIGURAS

1 DIFERENÇAS ENTRE ORGANIZAÇÕES MECANICISTAS E ORGANIZAÇÕES

ORGÂNICAS.................................................................................................................... 9

2 FORMA DE INTERDEPENDÊNCIA DEPARTAMENTAL....................................................... 24

3 SUPERVISÃO FUNCIONAL .............................................................................................. 26

4 FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS ......................................................................................... 27

5 INTERAÇÃO FORA DA VIA HIERÁRQUICA........................................................................ 29

6 CADEIA DE COMANDO DEPARTAMENTALIZADO............................................................. 30

7 ESTRUTURA LINEAR....................................................................................................... 42

8 ESTRUTURA FUNCIONAL ................................................................................................ 44

9 ESTRUTURA LINHA-STAFF .............................................................................................. 46

10 ESTRUTURA MATRICIAL.................................................................................................. 48

11 ESTRUTURA POR EQUIPES ............................................................................................ 50

12 ESTRUTURA EM REDE.................................................................................................... 52

13 ESTRUTURA DIVISIONAL................................................................................................. 53

14 ORGANIZAÇÃO CELULAR................................................................................................ 57

15 CONTABILIDADE DE CUSTOS COMO PROCESSADOR DE INFORMAÇÕES...................... 62

16 OS PILARES DA EXCELÊNCIA EMPRESARIAL................................................................. 73

17 EVOLUÇÃO RECENTE DO PERFIL DOS CUSTOS ............................................................ 74

18 PROCESSO DE NEGÓCIO............................................................................................... 77

19 MÉTODO ABC................................................................................................................. 78

20 EFEITOS DO CUSTO-ALVO E DO CUSTO KAIZEN NA CURVA DE CUSTO E

TENDÊNCIAS DE PREÇOS DE VENDA ............................................................................ 83

21 COMPARAÇÃO DOS CUSTOS DO PRODUTO COM VALORES-ALVO................................ 91

22 RELACIONAMENTO ENTRE TIPOS DE ESTRUTURAS E ESTRATÉGIAS............................ 97

23 FASES DO SISTEMA DE GESTÃO DE CUSTOS ............................................................... 102

24 FLUXO REPRESENTATIVO DO MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE

CUSTOS PARA UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL CONTEMPORÂNEA ....................... 111

25 FLUXO REPRESENTATIVO DO MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS

PARA UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL CONTEMPORÂNEA ..................................... 115

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RESUMO

O ambiente competitivo em que estão inseridas as organizações, as mudanças nos sistemas de produção e a introdução da tecnologia da informação conduzem a organização a alternativas diferenciadas, que respondam de forma rápida aos apelos e necessidades do ambiente externo, em busca de aumentos de produtividade e redução de custos na gestão de seus negócios. Para ser bem sucedida nesse contexto, a organização deve implantar em seu ambiente operacional um sistema de gestão de custos compatível com as suas necessidades gerenciais de controle dos elementos que compõem seus produtos, de análise de margens, de apoio às tomadas de decisões, de otimização de recursos e de melhoria contínua. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo geral analisar a adequação dos sistemas de custos para estruturas organizacionais contemporâneas. Para tanto, desenvolve-se uma base conceitual sobre as estruturas, apresentando as variáveis constituintes – complexidade, formalização e centralização –, assim como os fatores que condicionam as escolhas de estruturas adequadas – tamanho, ambiente e escolhas estratégicas. Expõem-se também os tipos usuais de estruturas organizacionais destacando-se as suas características, vantagens, desvantagens e aplicação de cada uma das possíveis formas básicas do desenho dessas estruturas. Na seqüência, é apresentada a teoria da gestão de custos, abordando os princípios e métodos de custeios, assim como uma análise desses métodos com vistas a apontar os métodos que possuem características adequadas para atender as necessidades de uma estrutura organizacional contemporânea. No trabalho desenvolve-se também uma proposta de modelo conceitual de gestão de custos embasado nas necessidades gerenciais de uma estrutura organizacional contemporânea, apresentando em sua parte final algumas considerações acerca das dificuldades para o desenvolvimento e implantação do sistema de gestão de custos.

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ABSTRACT

Changes in production systems and the introduction of information technology, means that organizations need to seek different alternatives that respond quickly to the needs of the external environment. They need to constantly look for ways to increase productivity and reduce costs. To be succesful in the context of a changing business environment, an organization needs to implant in their opportional environment a system of cost administration compatible with the necessities of their operational structures in therms of production, analysis of margins, decisions making abilities, optimization of resources, and the increase of quality. This work has as its general objective the analization of cost systems used by organizations today. To reach this objective there was developed basic concepts about structures, including varitions of complexities, formulations and factors which condition the selection of structures with regard to size, environment, and straticgic decisions. In this work is also found the types of organizational structures, their characteristics, advantages, disadvantages, and how each type can be applied to the basic framework of an organization. The theory of the management of costs is discussed and the principles and methods of costings are outlined. Finally this article looks at a model of the management of costs based on the necessities of managers in modern organization structures and the difficulties of implanting and developing cost management systems.

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1

INTRODUÇÃO

O atual ambiente econômico, fortemente caracterizado pelo processo de

globalização, exige cada vez mais das organizações uma resposta no sentido de atender

às demandas de um mercado competitivo, no qual o acirramento da concorrência, as

alterações dos métodos de produção e os avanços tecnológicos provocam a instabilidade

do sistema econômico e a necessidade de flexibilidade e inovações.

A despeito da forma dos sistemas econômicos adotados pela sociedade, as

organizações são as principais tomadoras de decisões com relação às prioridades e

realidades da sociedade moderna. A grande maioria das realizações humanas só ocorre

porque as pessoas, em grupo, envolvem-se em projetos comuns. A sociedade

desenvolve-se graças à criação de organizações que fornecem os bens e serviços de

que ela precisa. Vivemos, portanto, numa sociedade organizacional: desde o momento

em que nascemos até o final de nossas vidas, somos rodeados pelas organizações

(HALL, 1984, p.2).

Segundo GIBSON et al. (1981, p.24) "as organizações se caracterizam por

um comportamento voltado para determinada meta ou para um objetivo. Isto é,

perseguem metas e objetivos que podem ser alcançados de modo eficaz e eficiente

pela ação conjunta de indivíduos".

Para LAWRENCE e LORSCH, citados por MEDEIROS FILHO (1992, p.16),

"uma organização é a coordenação de diferentes atividades de contribuidores

individuais para realizar transações planejadas com o meio ambiente".

As modificações nos nichos de mercado, nos padrões de produção, nos

programas de gestão, na estrutura de remuneração e na qualidade de produtos e

serviços têm importante efeito nas relações sociais. As organizações encontram-se no

cerne dessas relações, uma vez que têm a função de propiciar e viabilizar a interface

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entre o mercado produtor e o mercado consumidor; estabelece-se, portanto, uma

relação recíproca entre as organizações e o seu meio ambiente. Um afeta o outro, na

medida em que interagem, tornando as organizações agentes de inovação e mudança,

embora tenham que se restringir às influências ambientais, não podendo provocar

mudanças na sociedade em função apenas de sua vontade.

O impacto das variáveis ambientais sobre as organizações tem sido objeto de

análise dos estudos e teorias administrativas contemporâneas. Atualmente os dirigentes

não poderão gerenciar e tomar decisões sem uma avaliação precisa e profunda de

alguns fatores que, cada vez mais, definem o grau de competitividade e sucesso das

organizações, tais como: a clientela, a concorrência e os ambientes econômico,

tecnológico, social, político, jurídico e físico.

Para PERROW (1972, p.141), "o ambiente constitui sempre uma ameaça e um

recurso. Às vezes é claramente um dos dois, e outras vezes o que poderia ter constituído

uma ameaça, transforma-se em um recurso, a um certo preço, naturalmente".

Segundo MAXIMIANO (1997, p.249), no passado os estudos e análises para

tomadas de decisões contemplavam muito pouco a importância da influência do

ambiente, argumentando: "O mundo era mais simples, aparentemente ilimitado e com

recursos inesgotáveis. Havia menor número de problemas e variáveis que a

administração devia considerar."

O mundo contemporâneo, entretanto, apresenta características completamente

diversas da realidade anterior. Os recursos apresentam-se cada vez mais limitados, o

número de variáveis envolvidas nos problemas é cada vez maior e o aumento do grau de

incertezas e imprevisibilidade torna cada vez mais complexas as funções administrativas

de planejar, coordenar e executar.

As exigências decorrentes das profundas mudanças no cenário mundial,

ditadas pela substituição de uma economia industrial por uma economia do

conhecimento, se refletem em mudanças substanciais nas atividades econômicas e nos

processos de gestão.

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A instalação de um novo ambiente competitivo, as mudanças nos sistemas de

produção e a introdução da tecnologia da informação exercem uma pressão na direção

de uma organização diferenciada, que responda de forma rápida aos apelos e

necessidades do ambiente externo, em busca de aumentos de produtividade e redução

de custos na gestão de seus negócios.

Para que as organizações atinjam esse estágio, é fundamental a adequação e

reformulação de suas estratégias competitivas, a definição de seus objetivos, a

reavaliação de seus processos internos e a adaptação de sua estrutura organizacional.

Os tipos de estruturas adotados pelas organizações, portanto, deverão ser

configurados com base em quatro fatores: o tamanho da empresa, a tecnologia

adotada, o ambiente em que está inserida e a escolha da estratégia competitiva.

Para ser bem sucedida nesse contexto, as organizações devem implantar em seu

ambiente interno tecnologias de gestão capazes de auxiliar efetivamente o gerenciamento

de novos processos e a avaliação de custos e benefícios das ações gerenciais.

Dentre as tecnologias de gestão que podem ser adotadas pela empresa, uma

das principais é o sistema de gestão de custos, por sua capacidade de fornecer

informações de grande utilidade no auxílio à tomada de decisões e no planejamento e

controle dos recursos de produção, constituindo instrumento gerencial fundamental na

busca da sustentação competitiva da organização, que pode ser traduzida, na

atualidade, por aspectos que envolvem "(...) a sobrevivência, o crescimento e o

desenvolvimento da organização". (SAKURAI, 1997, p.27).

Torna-se, então, necessário um entendimento acerca dos conceitos teóricos

sobre custos, a visão desses sob a ótica de um sistema gerencial de informações, o

conhecimento dos métodos de custeio disponíveis e suas possíveis respostas às

necessidades gerenciais da organização, sempre levando em conta o tipo de estrutura

organizacional vigente, uma vez que esta constituirá uma das mais importantes bases

de adequação para o bom funcionamento do sistema de gestão de custos, de modo que

seja compatível com as necessidades gerenciais de:

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a) controle dos elementos que compõem seus produtos;

b) avaliação de resultados;

c) análise de margens de contribuição;

d) tomadas de decisões sobre mudanças de processos;

e) análise dos benefícios da utilização de tecnologias avançadas de produção;

f) redução de custos;

g) apoio ao planejamento estratégico.

A busca de um sistema de custos que atenda a essas necessidades deverá ser

empreendida mediante a utilização de duas abordagens.

Inicialmente, deve-se proceder à avaliação e compatibilização dos fatores

determinantes da estrutura, que constituem também fatores fundamentais na definição

de um modelo de gestão de custos apropriado aos objetivos e metas estabelecidos para

cada organização.

A outra abordagem a ser considerada se refere ao conhecimento e à

compreensão dos sistemas e métodos de gestão de custos disponíveis, que darão

embasamento para fundamentar o desenho do sistema especificamente adequado para

cada organização. A não observância desse aspecto poderá levar as organizações a

escolhas impróprias e inoperantes no momento da implantação do sistema e/ou da

obtenção das informações gerenciais pertinentes.

Tomando o contexto descrito como pano de fundo, o presente estudo

concentra sua abordagem na análise da adequação dos sistemas de gestão de custos,

apresentados pela teoria de custos, para utilização nas estruturas organizacionais

contemporâneas. Nesse sentido, a pergunta que norteia este trabalho é a seguinte: As

teorias dos sistemas de gestão de custos existentes na atualidade apresentam condições

de atender satisfatoriamente às necessidades gerenciais, no campo dos custos, de

estruturas organizacionais inseridas no novo ambiente competitivo? Para respondê-la,

definiu-se como objetivo geral deste trabalho a análise da adequação dos sistemas de

gestão de custos para estruturas organizacionais contemporâneas.

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5

Os objetivos específicos que se pretende atingir são os seguintes:

a) analisar os tipos de estruturas organizacionais e a sua adequação ao

momento atual;

b) caracterizar os sistemas de gestão de custos existentes;

c) selecionar os métodos de custeio mais apropriados às estruturas

contemporâneas;

d) apresentar um modelo conceitual de gestão de custos para uma estrutura

organizacional contemporânea.

Para a consecução desses objetivos, a metodologia adotada no presente

trabalho concentra-se no método dedutivo de uma pesquisa exploratória através de um

levantamento teórico documental sobre os dois focos de estudo, as estruturas

organizacionais e os sistemas de gestão de custos, seguido de análise das variáveis

principais que os constituem, buscando-se a fundamentação para o desenvolvimento

de uma proposta de modelo conceitual de aplicação

No primeiro capítulo, apresenta-se uma base conceitual sobre as estruturas

organizacionais, focalizando cada uma das variáveis constituintes das estruturas, tais

como a complexidade, a formalização e a centralização, bem como os fatores que

condicionam as escolhas de estruturas adequadas: tamanho, ambiente, tecnologia,

estratégia e interdependência departamental. Ainda neste capítulo, apresenta-se uma

síntese das bases teóricas usualmente empregadas no desenho das estruturas

organizacionais, recorrendo a Taylor e Fayol. Complementando o capítulo, expõem-

se conceitos de tecnologia e inovação, bem como as barreiras à atividade inovativa

nas organizações.

No segundo capítulo são apresentados os tipos usuais de estruturas

organizacionais, expondo as características, vantagens, desvantagens e aplicações de

cada uma das possíveis formas básicas de desenho das organizações.

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6

O terceiro capítulo trata da gestão de custos, abordando os critérios de

apropriação dos custos, os métodos de acumulação e de controle de custos, bem como

os métodos de redução de custos.

No quarto capítulo apresenta-se uma proposta de modelo conceitual de gestão

de custos adequado às necessidades gerenciais das estruturas organizacionais

contemporâneas. Para tanto, parte-se de uma análise das características organizacionais

das estruturas mecanicistas e orgânicas; aborda-se, na seqüência, a aderência entre as

estruturas organizacionais e as estratégias empresariais e a adequação entre as referidas

estruturas e as condições dos ambientes dos negócios. Antes de expor o modelo

proposto, aborda-se a visão gerencial de custos, acentuando a importância do sistema de

custos como parte de um estratégico sistema de informações gerenciais.

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1 BASE CONCEITUAL

1.1 CONCEITOS DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

Os estudos cujas abordagens tratam das estruturas organizacionais, critérios

de escolha entre os diversos tipos e seus modelos de funcionamento são relativamente

recentes, embora se possa constatar a existência de algum modo de estrutura desde o

surgimento da sociedade humana.

Segundo SIMERAY (1970, p.XV), "é preciso esperar o nascimento das

grandes empresas industriais do século XIX, com suas exigências de rentabilidade,

para que se comece a examinar seriamente a importância das estruturas sobre a

eficácia de seu funcionamento. Dois homens iriam unir seus nomes à ciência das

estruturas, se bem que de maneiras diferentes: Frederick W. Taylor e Henri Fayol".

Em sentido genérico a finalidade de uma organização é atingir os objetivos

para os quais foi criada. A eficiência na utilização dos meios, tais como edifícios,

equipamentos, materiais, tecnologia e recursos humanos, exige um arranjo estrutural

da organização que permeie as relações entre as pessoas que a constituem. A forma

mais racional como a empresa desenha e define seu arranjo institucional de atuação

interna compreenderá sua estrutura organizacional.

Segundo SBRAGIA (1980, p.148), "a estrutura organizacional, como um

aspecto inerente ao esforço gerencial, trata do arranjo estrutural da organização,

intencionando projetar um complexo conjunto de inter-relações que permita a

realização efetiva do trabalho".

Para VASCONCELOS e HEMSLEY (1997, p.3), a estrutura de uma

organização pode ser definida como o "resultado de processo através do qual a

autoridade é distribuída, as atividades, desde os níveis mais baixos até a Alta

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Administração, são especificadas, e um sistema de comunicação é delineado,

permitindo que as pessoas realizem as atividades e exerçam a autoridade que lhes

compete para o alcance dos objetivos organizacionais".

Na visão de BLAU e SCOTT, citados por PORTO (1998, p.56), estrutura

organizacional é definida como

as distribuições, em diversos sentidos, das pessoas, entre posições sociais que influenciam as relações de papel entre as pessoas. A estrutura contribui para a concretização de três funções básicas: 1.ª) a realização dos produtos organizacionais; 2.ª) o alcance das metas organizacionais; 3.ª) a minimização ou, pelo menos, a regulamentação da influência das variações individuais sobre

a organização (...).

Em outras palavras, estruturar é agrupar recursos humanos e materiais em

unidades e definir autoridade, atividades e processos de comunicação para essas

unidades, integrando-as de forma a permitir o alcance dos objetivos da organização de

forma eficiente e eficaz.

HALL (1984, p.38), afirma que

A estrutura organizacional atende a três funções básicas. Em primeiro lugar, as estruturas tencionam realizar produtos organizacionais e atingir metas organizacionais. Em segundo lugar, as estruturas se destinam a minimizar ou pelo menos regulamentar a influência das variações individuais sobre a organização. Impõem-se estruturas para assegurar que os indivíduos se conformem às exigências das organizações e não o inverso. Em terceiro lugar, as estruturas são contextos em que o poder é exercido (as estruturas também estabelecem ou determinam quais posições têm poder sobre quais outras), onde as decisões são tomadas (o fluxo de informação que entra numa decisão é basicamente determinado pela estrutura) e onde são executadas as atividades das organizações.

Dependendo do modo como as organizações procuram organizar seu

recursos para cumprir as metas assumidas, pode-se caracterizar sua estrutura como

mecanicista ou orgânica.

Uma estrutura mecanicista enfatiza a comunicação e o controle vertical,

baseado na hierarquia, com tarefas rigidamente definidas, em que a tomada de decisão é

centralizada e os membros da organização são submetidos a grande volume de

regulamentos. Essas são as estruturas normalmente entendidas como tradicionais.

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Em uma estrutura orgânica, diferentemente, há maior comunicação

horizontal, com redefinições freqüentes das tarefas. A decisão é descentralizada,

aumentando a participação dos trabalhadores, ao mesmo tempo que os regulamentos são

atenuados. Por suas características, tendem a ser mais propícias à inovação (figura 1).

FIGURA 1 - DIFERENÇAS ENTRE ORGANIZAÇÕES MECANICISTAS E ORGANIZAÇÕES ORGÂNICAS

Organização Mecanicista Organização Orgânica

Tradicional Rígida Contemporânea Flexível

A estrutura horizontal é dominante.

1. Tarefas compartilhadas 2. Hierarquia relaxada, autoridade por conhecimento,

poucas regras 3. Comunicação horizontal, pessoal 4. Muitas equipes, forças-tarefa e integradores 5. Tomada de decisão descentralizada e informal A estrutura vertical é dominante. 1. Tarefas especializadas 2. Estrita hierarquia de autoridade, muitas

regras

3. Comunicação vertical e sistemas de relatórios

4. Poucas equipes, forças-tarefa ou integradas

Abordagem da Estrutura Dominante

5. Tomada de decisão centralizada

FONTE: DAFT, 1999, p.218

1.2 VARIÁVEIS CONSTITUINTES DAS ESTRUTURAS

Para a análise dos tipos possíveis de estruturas, torna-se necessário

selecionar um conjunto de variáveis que possa contemplar a multiplicidade de aspectos

envolvidos. Para HALL (1984, p.39), pode-se considerar "a complexidade, a

formalização e a centralização como as características estruturais cruciais".

1.2.1 Complexidade

HAGE, citado por HALL (1984, p.56), define a complexidade como a

especialização numa organização, medida pelo número de especialistas ocupacionais e

pela extensão do treinamento exigido para cada uma delas. Quanto maior o número de

ocupações e quanto mais longo o período de treinamento, mais complexa é a organização.

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A complexidade apresenta-se de três maneiras, em continuum: a

diferenciação horizontal, a diferenciação vertical e a dispersão espacial.

A diferenciação horizontal, segundo BLAU e SCHOENHERR (citados em

HALL, 1984, p.57), é o número de posições diferentes e de subunidades diferentes na

organização, o que pressupõe a divisão das tarefas desempenhadas por uma organização

entre seus membros. Há dois critérios para a divisão das tarefas: o primeiro seleciona

especialistas para realizar diversas tarefas mais complexas, abrangentes e não rotineiras;

pressupõe capacitação profissional diferenciada, cumprimento das responsabilidades e uso

da autoridade para obter êxito na função. Já o segundo critério dispensa os especialistas na

medida em que subdivide detalhadamente as tarefas, cabendo a cada trabalhador poucas

tarefas rotineiras e uniformes.

HALL, HAAS e JOHNSON (citados por HALL, 1984, p.57) consideram que o

número de divisões dentro de uma organização e o número de especialidades dentro de

cada divisão indicam o grau de complexidade.

A diferenciação vertical trata da divisão da organização por camadas ou

estratos. Considera-se a diferenciação vertical ou hierárquica menos complexa que a

diferenciação horizontal. HALL (1984, p.57-58) sintetiza a posição de vários autores

sobre a forma de medir a estratificação de uma organização: Meyer usa a proliferação

de níveis de supervisão; Pugh, Hickson, Hinings e Turner contam o número de

posições entre o executivo principal e os empregados que trabalham na produção;

Hall, Hass e Johnson consideram o número de níveis da divisão com mais níveis na

organização e o número médio de níveis da organização como um todo (razão entre o

número total de níveis de todas as divisões e o número de divisões da organização).

A dispersão espacial pode ser entendida como uma forma de diferenciação

horizontal ou vertical. HALL (1984, p.58) afirma que "as atividades e o pessoal podem

dispersar-se no espaço, conforme suas funções horizontais ou verticais, pela separação dos

centros de poder e das tarefas". A dispersão espacial se torna um elemento separado no

conceito de complexidade já que uma organização pode desempenhar as mesmas funções

com a mesma divisão de trabalho e a mesma hierarquia em múltiplos locais. Assim, a

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complexidade aumenta com a dispersão de atividades, mesmo que em todas as unidades

separadas a diferenciação horizontal e vertical seja idêntica. Segundo HALL, HAAS e

JOHNSON, citados por HALL (1984, p.59), podem indicar a dispersão espacial: o grau em

que as instalações físicas estão espacialmente dispersas; a localização (distância da matriz

organizacional) das instalações espacialmente dispersas; o grau em que o pessoal está

espacialmente disperso; a localização do pessoal espacialmente disperso. Todos esses

indicadores estão altamente correlacionados entre si.

1.2.2 Formalização

Considera-se formalização as normas e procedimentos adotados pelas

organizações na execução das atividades exigidas na realização dos trabalhos inerentes

ao alcance de seus objetivos.

Parte da essência da formalização foi explicada pelos estudiosos do tema

burocracia, que enfatizam a necessidade de definição de normas e procedimentos pelas

organizações para lidar com as contingências e questões cotidianas.

A extensão das normas e procedimentos varia de organização para

organização, podendo ser desde altamente restritiva até extremamente vaga. A

extensão poderá atingir o limite superior do continuum da formalização, com

aplicações de sanções e penalidades quando esta não for respeitada. O extremo inferior

ocorrerá com a inexistência de qualquer regra ou procedimento previstos com

antecedência. Poderão ocorrer também normas informais estabelecidas pelo ambiente

e que sugerem que seu cumprimento por parte do quadro funcional é fundamental para

o bom desempenho da organização.

HALL, HASS e JOHNSON, citados em PORTO (1998, p.58), desdobram a

formalização nos seguintes itens:

- Desempenho de papéis: a) o grau em que as posições na organização são concretamente definidas; e b) a presença ou ausência de descrição de cargo por escrito.

- Relações de autoridade: a) o grau em que a estrutura de autoridade é formalizado (definição clara de hierarquia de autoridade); e b) a extensão em que a estrutura de autoridade é formalizada por escrito.

- Comunicações: a) a ênfase em comunicações escritas; e b) o grau de ênfase do processo de comunicação na passagem através dos canais.

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- Normas e sanções: a) a quantidade de regras e políticas escritas; b) o grau em que as penalidades para violações às regras estão claramente estipuladas; e c) a extensão em que as penalidades por violações às regras são codificadas por escrito.

- Procedimentos: a) o grau de formalização de programas de orientação para novos membros (socialização sistemática para todos os novos entrantes); e b) o grau de formalização de programas de treinamento em serviços para novos membros (socialização sistemática e continuada dos novos membros).

1.2.3 Centralização

A centralização é a variável que considera como o poder é exercido nas

organizações, sendo uma forma de visualizar-se as estruturas.

Tomando-se por base os estudos de HAGE, citado por HALL (1984, p.81),

pode-se aceitar como regra que "quanto maior o nível de participação de um número

maior de grupos numa organização, menor a centralização".

Uma abordagem alternativa para avaliar a centralização existente em uma

organização é a autoridade para a tomada de decisão. Para VAN de VEN e FERRY,

citados por HALL (1984, p.81), "quando a maioria das decisões é tomada

hierarquicamente, uma unidade organizacional é considerada centralizada". Os

mesmos autores observam que, em organizações altamente profissionalizadas, as

decisões que se reportam às áreas de competências específicas são delegadas para os

profissionais envolvidos, enquanto aquelas que se desvinculam de tais competências

tendem a ser centralizadas. De forma geral, quando grande parte das decisões acaba

ocorrendo no topo da organização, esta será considerada centralizada.

De modo semelhante ao visto no aspecto formalização, também não é neutro

o conceito de centralização. Em uma organização altamente centralizada, não há

confiança suficiente no pessoal para que este tome decisões ou se auto-avalie; já em

organizações de menor centralização, por seu turno, existe confiança para permitir que

as atividades sejam desempenhadas com maior autonomia. (HALL, 1984, p.82).

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1.3 FATORES CONDICIONANTES DAS ESTRUTURAS

As escolhas entre os diversos tipos de estruturas organizacionais são

fortemente influenciadas por alguns fatores cuja existência, portanto, merece aqui

ser enfocada.

HALL (1984, p.39-53) faz menção a quatro fatores: tamanho, tecnologia,

ambiente e escolha estratégica.

DAFT (1999, p.217-225) aponta como fatores de contingência: metas

estratégicas; o ambiente; dimensão e ciclo de vida; tecnologia de produção e de

serviços; e interdependência departamental.

Já em TACHINAZAWA e SCAICO (1997, p.192-198) são citados como

condicionantes: fator porte e tamanho; fator humano; fator ambiente externo; objetivos

e estratégias; fator tecnologia; e fator recursos das tecnologias da informação.

Esses fatores são melhor explicitados a seguir, e, embora apresentados um de

cada vez, para compreensão de suas características, nenhum deles deve ser isoladamente

tomado como suficiente para definir a estrutura da organização. Na verdade, tais fatores

interagem entre si e dessa interação resulta o condicionamento das estruturas.

1.3.1 Fator Tamanho

Segundo DAFT (1999, p.220),

(...) um considerável conjunto de descobertas em pesquisas tem mostrado que as grandes organizações são estruturadas diferentemente das pequenas. Pequenas organizações são informais e têm poucas divisões de trabalho, poucas regras e regulamentos, orçamentos específicos, sistemas de desempenhos, pequenas equipes de profissionais e auxiliares. Grandes organizações (...) necessariamente têm uma extensa divisão de trabalho, grandes equipes de profissionais, numerosas regras e regulamentos e sistemas internos para controle, premiação e inovação.

Para esse autor, as organizações evoluem de pequeno para grande porte

seguindo uma trajetória que passa por quatro estágios, denominados por ele de ciclo de

vida da organização.

Assim, o estágio de nascimento ocorre quando a organização está iniciando

suas atividades, com pequeno número de pessoas envolvidas na realização de todas as

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tarefas, que são muito superpostas. Nesse estágio, a organização é informal, as

decisões são centralizadas na figura do proprietário, não dispõe de regulamentos nem

de equipes de profissionais e sistemas internos de gestão.

A organização passa ao estágio de juventude quando obtém sucesso no

mercado. Cresce rapidamente, contrata mais empregados, mas o número de

profissionais e pessoal administrativo é reduzido. Cria departamentos, em uma

incipiente divisão do trabalho. Ainda que algumas decisões sejam tomadas por

elementos de confiança do proprietário, o controle permanece centralizado. Embora se

mantenha a informalidade, algumas regras começam a surgir.

Quando se torna próspera e cresce significativamente, a empresa chega ao

estágio de meia-idade, com o surgimento de uma ampla divisão do trabalho.

Regulamentos definem responsabilidades e atribuições dos empregados. Contratam-se

equipes de profissionais e auxiliares especializados, para dar o suporte necessário às

atividades produtivas, ao mesmo tempo em que são implantados sistemas de gestão.

Há descentralização de responsabilidades para departamentos funcionais, mas pode-se

perder a flexibilidade e a capacidade de inovar.

Finalmente, a organização chega ao estágio de maturidade, tornando-se

grande e hierarquicamente rígida. Nesse estágio, a tomada de decisão é centralizada, e

as regras e sistemas de gestão se tornam fortemente formalizados. A divisão de

trabalho é minuciosa, mas se estabelece a ameaça da estagnação. Para superá-la, e

recuperar a flexibilidade e a capacidade de inovação, a organização precisa contornar a

rigidez imposta pela hierarquia, reorganizando-se internamente.

Para medir o tamanho, DAFT (1999, p.220) aponta o número de

empregados da organização. Entretanto, HALL (1984, p.39) afirma que "a questão do

tamanho é muito mais complexa." Fazendo referência a estudo de KIMBERLY,

HALL (1984, p.39-40) mostra a fragilidade desse enfoque, já que há organizações

que procuram manter o número de empregados no nível mais baixo possível, como

forma de reduzir custos, e enumera quatro componentes do fator tamanho: o primeiro

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componente é a capacidade física da organização (suas instalações produtivas); o

segundo é o pessoal disponível na organização; o terceiro componente envolve os

insumos e produtos organizacionais (insumos utilizados, número de clientes, volume

de vendas); o quarto componente trata dos recursos disponíveis para uma

organização sob a forma de riqueza.

1.3.2 Fator Ambiente

As organizações podem ser consideradas como sistemas abertos, ou seja, estão

em constante interação com o ambiente externo a elas, sendo por ele influenciadas.

Para TACHINAZAWA e SCAICO (1997, p.192), "o processo de relacionamento

entre a empresa e seu ambiente externo (...) constitui um dos principais condicionantes da

estrutura organizacional".

RANSON, HININGS e GREENWOOD, citados por HALL (1984, p.49),

"sugerem que as características ambientais são restrições às organizações, afetando-

lhes a escala de operações e o modo de produção técnica".

Ao considerar o ambiente, os autores estão se referindo à infra-estrutura

sócio-econômica em que as organizações se encontram inseridas.

Para ALBRECHT (1994, p.69-74), o ambiente pode ser dividido conceitualmente

em oito subambientes genéricos:

a) clientela: engloba tanto as realidades demográficas como as

psicossociais dos clientes, que podem ser indivíduos ou empresas,

governos ou grupos de pessoas;

b) concorrência: analisa o comportamento atual e potencial das

organizações que competem nos mesmos mercados;

c) ambiente econômico: trata da análise da dinâmica dos mercados, custos,

preços, moeda, situação da economia nacional e do comércio

internacional, enfim, de todos os fatores de ordem econômica que podem

afetar as atitudes dos participantes de seu mercado;

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d) ambiente tecnológico: aborda os desenvolvimentos tecnológicos, as

tecnologias disponíveis e as tendências associadas a suas aplicações;

e) ambiente social : trata dos padrões culturais, valores, tendências, estilos,

preferências, que referenciam o comportamento das pessoas;

f) ambiente político: focaliza a intervenção governamental, tributação,

regulamentação de atividades industriais e de práticas comerciais, mas

também analisa a ação de grupos de influência, como associações de

classe, organizações não-governamentais, sindicatos, partidos políticos;

g) ambiente jurídico: estuda os vários campos de regulamentação legal,

como legislação sobre: patentes e propriedade intelectual,

responsabilidade por danos ambientais, defesa do consumidor, relações

trabalhistas, relações comerciais;

h) ambiente físico: compreende as vizinhanças da organização, que

influem em seu funcionamento. Analisa, então, o ecossistema, a

disponibilidade de recursos naturais e matérias-primas, a concentração

populacional e a disponibilidade de pessoas com a capacitação desejada,

a infra-estrutura de transportes, de comunicação, de energia.

CERTO e PETER (1993, p.43-49) distinguem três níveis no ambiente

organizacional: o ambiente geral , mais externo à organização, composto de cinco

componentes: econômico, social, político, legal e tecnológico; o ambiente

operacional , que, embora seja parte do ambiente externo à organização, interage mais

intensamente com ela, formado pelos componentes clientes, concorrência, mão-de-

obra, fornecedores, relacionamento internacional; e, finalmente, o ambiente interno,

que é o nível de ambiente da organização que está dentro dela, e trata de sua

administração, compreendendo aspectos organizacionais, como a estrutura, de recursos

humanos, financeiros, de produção e de marketing.

Essa visão é bastante semelhante à proposta por VASCONCELLOS FILHO

(1983, p.94), que subdivide o ambiente total da organização em macroambiente,

ambiente operacional e ambiente interno, sendo que a principal diferença está no

maior detalhamento do macroambiente.

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Por outro lado, ao agrupar as variáveis macroambientais, os enfoques de

VASCONCELLOS FILHO (1983, p.97-100) e RASMUSSEN (1990, p.78-81) são

praticamente idênticos (quadro 1).

QUADRO 1 - VARIÁVEIS MACROAMBIENTAIS

VASCONCELLOS FILHO RASMUSSEN

Variáveis econômicas Variáveis macroeconômicas

Variáveis sociais Variáveis sociais

Variáveis culturais Variáveis culturais

Variáveis demográficas Variáveis demográficas

Variáveis políticas Variáveis políticas e estrutura de poder

Variáveis tecnológicas Variáveis tecnológicas

Variáveis legais Variáveis legais

Variáveis ecológicas Variáveis ecológicas

FONTES: VASCONCELLOS FILHO, 1983, p.97-100; RASMUSSEN, 1990, p.78-81

Na abordagem de PINA (1994, p.27), "o ambiente é dividido em duas

grandes partes: o macroambiente, constituído pelo econômico, político e

sociocultural; e o setorial , constituído por mercado, concorrentes e regulamentação

governamental". Dessa forma, a organização deve empreender dois tipos de análises

relacionadas ao ambiente: a macroanálise, que inclui a avaliação conjuntural e a

projeção de cenários, e o posicionamento setorial, que avalia a organização no

contexto de seu setor de atuação.

RASMUSSEN (1990, p.76) afirma que "as reais ameaças e oportunidades de

uma empresa sempre estão no comportamento do macroambiente operacional da

organização", ressaltando a necessidade de empreender um esforço sistemático de

análise ambiental, tendo em vista que nas novas circunstâncias econômicas

internacionais o macroambiente deixou de ser previsível e passou a um estágio de

elevada turbulência e incerteza.

Ao analisar o relacionamento entre incerteza ambiental e estrutura

organizacional, DAFT (1999, p.219) afirma que, quando o ambiente externo é mais

estável, a organização deve ser estruturada enfatizando o controle vertical, por ser

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pequena a necessidade de mudança. Por outro lado, ao se defrontar com uma alta

incerteza ambiental, a organização deve priorizar a descentralização e a flexibilidade,

tornando a estrutura mais orgânica.

Quando as alterações ambientais acontecem de forma gradual, os ajustes das

ações gerenciais são mais fáceis, e a organização se adapta quase que naturalmente às

novas condições do ambiente em que opera. Todavia, quando, como neste final de

século, o ambiente se modifica abruptamente, a instabilidade ambiental deve ser

acompanhada sistematicamente, e os ajustes na organização precisam ser mais ágeis.

1.3.3 Fator Tecnologia

A tecnologia empregada pela organização inclui o conhecimento, as

ferramentas, as técnicas e as atividades desempenhadas para transformar os insumos da

organização em resultados; neste sentido, compreende seus equipamentos, as

habilidades dos empregados e os procedimentos estabelecidos para os trabalhos (DAFT,

1999, p.222). Trata-se, conforme TACHINAZAWA e SCAICO (1997, p.193), do

know-how aplicado tanto a máquinas e equipamentos, produtos, processos produtivos como à forma de gestão da empresa. O fator tecnológico pode ser considerado como um conjunto de conhecimentos que são utilizados para operacionalizar as atividades na empresa para que seus objetivos sejam alcançados." Portanto, pode-se compreender a tecnologia, em um conceito amplo, como "o conjunto de conhecimentos necessários para se conceber, produzir e distribuir bens e serviços de forma competitiva. (KRUGLIANSKAS, 1996, p.13).

A pesquisa considerada mais importante a respeito do relacionamento entre

tecnologias de produção e estrutura das organizações foi conduzida por Joan

Woodward e publicada em 1965. Citada por DAFT (1999, p.222), WOODWARD

afirma que "tecnologias diferentes impõem tipos diferentes de demandas aos

indivíduos e organizações, e essas demandas têm que ser atendidas através de uma

estrutura apropriada".

Ao estudar o fluxo de trabalho de cem empresas, WOODWARD (1977, p.48)

identificou nove diferentes sistemas de produção, classificados em três tipos básicos de

tecnologia, além de dois sistemas combinados, como se vê a seguir:

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QUADRO 2 - TECNOLOGIAS E SISTEMAS DE PRODUÇÃO

TECNOLOGIA SISTEMA DE PRODUÇÃO

a) Produção em unidades e em pequenos lotes

i) Produção unitária a pedido de clientes

ii) Produção de protótipos iii) Fabricação de grandes equipamentos em estágios iv) Produção de pequenos lotes sob encomenda b) Produção em grandes lotes e em massa v) Produção em grandes lotes vi) Produção de grandes lotes em linha de montagem vii) Produção em massa c) Produção por processamento viii) Produção intermitente de químicos em fábricas

de múltiplos propósitos ix) Produção de fluxo contínuo de líquidos, gases e

substâncias cristalinas d) Sistemas combinados x) Produção de grandes lotes de peças

padronizadas, montadas de maneiras diferentes, subseqüentemente

xi) Produção por processamento de substâncias

cristalinas, preparadas subseqüentemente para venda por métodos de produção padronizados

FONTE: WOODWARD, 1977, p.48

Na produção de pequenos lotes, a empresa busca a produção de produtos

projetados de acordo com as especificações dos clientes, o que lhe impõe

características de exclusividade. Com grande participação do fator humano na

produção, o fluxo de trabalho desta tecnologia recorre a trabalhadores especializados.

A tecnologia de produção em massa, por outro lado, gera um grande

volume de produtos padronizados, que deverão ser aceitos por todos os clientes. Nesse

caso, há maior participação de máquinas no processo produtivo, realizando o maior

esforço físico, com a participação complementar do fator humano.

Já na produção em processo contínuo, por sua vez, todo o fluxo de trabalho

é mecanizado, sendo, portanto, o tipo de tecnologia de produção mais complexo, é a

participação do fator humano limitada ao controle e manutenção do fluxo produtivo,

mas sem participação direta no mesmo.

Conforme DAFT (1999, p.222), o que diferencia as três tecnologias

sintetizadas é a complexidade técnica, que significa "o grau em que as máquinas

estão envolvidas no processo de produção para a exclusão de pessoas. Com uma

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tecnologia complexa, os empregados não são quase necessários, exceto para

monitorar as máquinas".

No quadro 3 apresenta-se uma síntese das características estruturais

associadas a cada tipo de tecnologia de produção, com base nas pesquisas de

WOODWARD (1977, p.44-75).

QUADRO 3 - CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS NAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS

Pequenos Lotes Produção em Massa Processo Contínuo

a) Complexidade Baixa Média Alta

b) Formalização Baixa Alta Baixa

c) Centralização Baixa Alta Baixa

d) Níveis hierárquicos 3 4 6

e) Número de trabalhadores 9:1 4:1 1:1

f) Estrutura Orgânica Mecanicista Orgânica

g) Padrão de comunicação Verbal Escrita Verbal

FONTE: Elaboração do autor

Um tipo mais recente de tecnologia de produção, posterior à tipologia

proposta por Woodward, é a chamada produção flexível. Mencionada por DAFT

(1999, p.223), em comparação com as anteriores, pode ser considerada como a

tecnologia de mais elevada complexidade técnica. A produção flexível incorpora os

atuais avanços tecnológicos, como o uso de robôs e de computadores no processo

produtivo, na integração de componentes, no design do produto, na análise de

engenharia. Com os recursos da produção flexível, tornou-se possível executar a

produção em pequenos lotes e em massa, ao mesmo tempo, na mesma fábrica.

Ainda segundo DAFT (1999, p.223), "a estrutura associada à nova tecnologia

tende a ter poucas regras, descentralização, um pequeno percentual de administradores

por trabalhadores, comunicação lateral pessoal e uma equipe orientada para uma

abordagem orgânica".

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Ressaltando a forte influência, nos anos recentes, da evolução das

tecnologias de informação, TACHINAZAWA e SCAICO (1997, p.195) afirmam que seu

reflexo maior é "a possibilidade de redução dos níveis intermediários da pirâmide

organizacional, pois essas tecnologias encontram o caminho da informação pelo

contato direto entre os níveis estratégico e operacional." Outro aspecto importante,

derivado da evolução das tecnologias de informação, é a possibilidade que a

organização passa a ter de atuar em uma maior dispersão espacial, o que também

acarreta novas possibilidades estruturais, como a formação de redes.

1.3.4 Fator Estratégia

As escolhas estratégicas feitas no âmbito da organização definem os rumos a

serem seguidos pelos seus diversos componentes. Assim, a estrutura deve ser

adequada ao alcance dos objetivos estrategicamente estabelecidos para a organização,

ou seja, a estrutura deve constituir um elemento aglutinador dos esforços da

organização para a consecução de seus objetivos estratégicos.

PORTER (1986, p.49-60) estabelece três abordagens estratégicas genéricas às

quais as organizações podem recorrer para tentar se posicionar com sucesso em um

ambiente competitivo: a liderança no custo total, a diferenciação e o enfoque.

Qualquer uma dessas estratégias, ao ser implementada, exige o comprometimento total

da organização. Suas características básicas são:

a) liderança no custo total : busca elaborar produtos aceitáveis pelo

mercado, ao custo mais baixo possível, alcançando assim uma vantagem

significativa entre seus competidores. Ao adotar essa estratégia, todo o

esforço da organização converge para a redução de custos, tanto de

produção quanto de áreas de apoio, como assistência, pesquisa e

desenvolvimento, publicidade e vendas. A atenção da administração se

volta para rígidos controles de gestão;

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b) diferenciação: o núcleo dessa estratégia é diferenciar o produto ou

serviço da organização diante dos demais ofertados no mercado. A

diferenciação pretendida pode ser alcançada de vários modos: imagem

da marca, tecnologia, serviços incorporados, rede de atendimento, entre

outros. O esforço organizacional, nesta estratégia, será na busca da

diferenciação que permita alcançar a lealdade do consumidor, o que lhe

possibilitará obter retorno sem a necessidade de perseguir estritamente a

redução de custos;

c) enfoque: trata-se da estratégia de escolher, dentro do mercado, um

segmento específico no qual a empresa deverá predominar; poderá ser

um grupo de clientes-alvo, um tipo de produto, uma região geográfica.

Todo o empenho da organização deverá se concentrar em atingir com

vantagem o segmento especificado. Essa estratégia, ao se ater a uma

parcela do mercado, acaba por obter uma característica de diferenciação

para este público em particular; da mesma forma, por se voltar

completamente a um segmento específico, pode vir a obter posição de

liderança em custo dentro desse segmento, embora não a alcance em

relação à totalidade do mercado.

Segundo PORTER (1986, p.54), para implementar com sucesso qualquer uma

das estratégias genéricas sintetizadas, são necessários diferentes recursos e

habilidades, bem como "arranjos organizacionais diferentes, procedimentos de

controle e sistemas criativos". Algumas das necessidades decorrentes das escolhas das

estratégias sugeridas são apresentadas no quadro 4.

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QUADRO 4 - REQUISITOS DECORRENTES DAS ESTRATÉGIAS GENÉRICAS

ESTRATÉGIA GENÉRICA

RECURSOS E HABILIDADES EM GERAL REQUERIDOS

REQUISITOS ORGANIZACIONAIS COMUNS

Liderança no Custo Total

Investimento de capital sustentado e acesso ao capital Boa capacidade de engenharia de processo Supervisão intensa da mão-de-obra Produtos projetados para facilitar a fabricação Sistema de distribuição com baixo custo

Controle de custo rígido Relatórios e controles freqüentes e detalhados Organização e responsabilidades estruturadas Incentivos baseados em metas estritamente quantitativas

Diferenciação Grande habilidade de marketing Engenharia do produto Tino criativo Grande capacidade em pesquisa básica Reputação da empresa como líder em qualidade ou tecnologia Longa tradição na indústria ou combinação ímpar de habilidades trazidas de outros negócios Forte cooperação dos canais

Forte coordenação entre funções em P&D, desenvolvimento do produto e marketing Avaliação e incentivos subjetivos em vez de medidas quantitativas Ambiente ameno para atrair mão-de-obra altamente qualificada, cientistas ou pessoas criativas

Enfoque Combinação das políticas acima dirigidas para a meta estratégica em particular

Combinação das políticas acima dirigidas para a meta estratégica em particular

FONTE: PORTER, 1986, p.54-55

1.3.5 Fator Interdependência Departamental

DAFT (1999, p.224) acrescenta um último fator que contingencia a estrutura

organizacional, a partir da extensão nos diversos setores da organização que dependem

uns dos outros para o desempenho de suas tarefas.

Se o nível de interdependência for baixo, isto significa que os departamentos

atuam de forma independente, com pouca necessidade de interagir entre si. Por outro

lado, um alto nível de interdependência indica que os setores estarão em contínua

interação, devendo trocar recursos e informações continuamente.

Com base no exposto, podem ser identificados três tipos de interdependência,

representadas na figura 2:

a) interdependência conjunta: significa que os departamentos são

relativamente independentes, e o trabalho não flui entre eles. A interação

é baixa e, portanto, a coordenação é relativamente simples, e regras e

procedimentos padronizados tratam de assegurar desempenho similar em

todas as unidades;

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b) interdependência seqüencial : caso em que os produtos de um

departamento se tornam insumos para outro, que trabalha

posteriormente, o que requer esforço de planejamento e programação do

fluxo de trabalho, aumentando o grau de coordenação necessário;

c) interdependência recíproca: é o mais alto nível de interdependência,

pois caracteriza uma influência recíproca entre os departamentos, sendo

o produto do primeiro setor insumo para o segundo, no qual é trabalhado

e devolvido para nova atividade no primeiro. A coordenação de

atividades se torna mais difícil, exigindo maior flexibilidade e

integração, além de fluxo contínuo de informações entre os setores.

FIGURA 2 - FORMA DE INTERDEPENDÊNCIA DEPARTAMENTAL

CONJUNTA SEQÜENCIAL RECÍPROCA

CLIENTES CLIENTE CLIENTE

FONTE: DAFT, 1999, p.224

1.4 BASES PARA A ESTRUTURAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

Neste tópico descrevem-se sucintamente as formas básicas de organização

que deram origem às estruturas organizacionais modernamente utilizadas, partindo das

formulações historicamente tradicionais para aquelas propostas por autores clássicos

da administração de empresas, como é o caso de Taylor e Fayol, a partir dos quais se

passou a discutir com maior profundidade a necessidade de organizar adequadamente

as atividades humanas em qualquer tipo de empreendimento.

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1.4.1 Estrutura Organizacional Piramidal

A organização de empreendimentos com a forma de uma pirâmide,

concentrando todo poder e decisão no vértice da mesma, com uma hierarquia rígida, é

a mais antiga maneira de estruturar as atividades, encontrando-se referências a respeito

até mesmo na Bíblia (CHIAVENATO, 1998, p.45).

Nessa forma estrutural, ocorre delegação de autoridade e de

responsabilidades de menor peso nos níveis de direção intermediários entre o alto

comando e os executores das tarefas, ficando bastante claro a quem se subordina cada

pessoa integrante da organização.

A autoridade e a responsabilidade crescem à medida que a posição

hierárquica se eleva em direção ao vértice da pirâmide, no qual se concentra e do qual

emana, em última instância, todo o poder e toda a decisão organizacional.

1.4.2 Taylor e a Supervisão Funcional

Em seus trabalhos visando ao uso de métodos científicos no campo da

administração de empresas industriais, desenvolvidos a partir do último quarto do

século XIX, Taylor demonstrou as grandes vantagens produtivas da divisão do trabalho

e da especialização, quando comparado aos tradicionais sistemas em que esses

princípios não eram empregados.

Além de implementar tais princípios na execução das tarefas diretamente

produtivas, Taylor estendeu-os também aos níveis encarregados do planejamento das

atividades dos operários, dando lugar ao surgimento dos encarregados especializados

(TAYLOR, 1970, p.112-114).

Dessa forma, os operários passaram a receber instruções detalhadas sobre

suas tarefas, preparadas e transmitidas por especialistas em cada função, capazes de

executá-las do melhor modo se necessário para a orientação do subordinado.

A supervisão funcional implanta um esquema de autoridade relativa,

limitada à função específica, alterando o esquema de subordinação: cada subordinado

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pode ter mais de um superior, de acordo com as funções envolvidas na execução de

cada tarefa (figura 3).

FIGURA 3 - SUPERVISÃO FUNCIONAL

FONTE: CHIAVENATO, 1999, p.75

Embora criticada por defensores da unidade de comando, essa concepção se

mostra útil em função da crescente complexidade das organizações empresariais, o que

acarreta extremas dificuldades para o domínio de todas as funções inerentes à operação

da produção por apenas um encarregado.

1.4.3 Fayol e a Teoria Clássica da Organização

A concepção de estrutura apresentada por Fayol sofre grande influência das

formas mais antigas de organização do tipo piramidal.

Em sua obra, FAYOL (1990, p.23-26) apresenta uma divisão das operações

da empresa de acordo com as funções essenciais que precisam ser desempenhadas em

qualquer organização, seja simples ou complexa, grande ou pequena (figura 4). Assim,

assinala o autor a existência de seis funções:

a) Função Técnica: compreende as operações de produção;

b) Função Comercial: engloba as operações de compra e venda;

Supervisor de

produção

Supervisor de

manutenção

Supervisor de

qualidade

Operário A

Operário B

Operário C

Operário D

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c) Função Financeira: trata da gestão dos recursos financeiros;

d) Função de Segurança: cuida da preservação dos bens e das pessoas;

e) Função de Contabilidade: reúne as operações de acompanhamento da

situação econômica da empresa;

f) Função Administrativa: busca a integração das demais funções,

harmonizando seus atos; envolve operações de previsão, organização,

comando, coordenação e controle.

FIGURA 4 - FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

FONTE: CHIAVENATO, 1999, p.102

Ao esmiuçar as condições necessárias para o bom desempenho das funções

administrativas, foco principal de seu trabalho, Fayol lista 14 itens, que ele chama de

princípios, tendo o cuidado de alertar que usa esse termo "afastando, entretanto, de sua

significação toda idéia de rigidez. Não existe nada rígido nem absoluto em matéria

administrativa; tudo nela é questão de medida. (...) Tais princípios serão, pois,

maleáveis... ". (FAYOL, 1990, p.43-44).

Dentre os princípios apontados pelo autor, são relevantes para a questão da

estrutura organizacional os seguintes:

a) a divisão do trabalho: tem por finalidade produzir mais e melhor, com

o mesmo esforço, o que se consegue mediante a especialização das

funções. "O operário que faz todos os dias a mesma peça e o chefe que

Funções Administrativas

Funções Técnicas

Funções Comerciais

Funções Financeiras

Funções de Segurança

Funções Contábeis

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trata constantemente dos mesmos negócios adquirem mais habilidade,

mais segurança e mais precisão e, conseqüentemente, aumentam de

rendimento. Cada mudança de ocupação ou de tarefas implica um

esforço de adaptação que diminui a produção" (FAYOL, 1990, p.44);

b) a unidade de comando: segundo FAYOL (1990, p.47), "para a execução

de um ato qualquer, um agente deve receber ordens somente de um chefe."

Para o autor, deve ser evitada qualquer situação que possa implicar

dualidade de mando, o que produziria maus resultados. Com essa

concepção, Fayol se opõe à supervisão funcional defendida por Taylor.

c) a unidade de direção: "um só chefe e um só programa para um conjunto

de operações que visam ao mesmo objetivo" (FAYOL, 1990, p.49).

Trata da coordenação dos esforços em direção a um objetivo planejado;

d) a centralização: derivado da ordem natural de que "em todo organismo,

animal ou social, as sensações convergem para o cérebro ou direção e do

cérebro ou direção partem as ordens que movimentam todas as partes do

organismo" (FAYOL, 1990, p.56), esse princípio confere ao chefe a

autoridade integral. Entretanto, embora Fayol o proponha em termos

gerais, o próprio autor reconhece que esse princípio pode ser "adotado ou

abandonado à vontade dos dirigentes e das circunstâncias; do caráter do

chefe, de seu valor, do valor dos subordinados e também das condições

da empresa depende a parte de iniciativa que convém deixar aos

intermediários. O grau de centralização deve variar segundo cada caso".

(FAYOL, 1990, p.56). Assim, o autor deixa certa margem para que se

amplie ou restrinja a iniciativa a cargo dos subordinados, de modo a

utilizar da melhor forma o seu potencial;

e) a hierarquia: é constituída pela série de chefes que vai da autoridade

superior para os escalões inferiores da organização. Essa série define

uma seqüência a ser percorrida pelas comunicações no interior da

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empresa, tanto aquelas originadas da autoridade superior como as que

lhe são dirigidas. Embora proponha esse princípio, de modo a preservar a

segurança das comunicações e a unidade de comando, Fayol considera

que o caminho imposto pela hierarquia "não é sempre o mais rápido; às

vezes, é desastrosamente longo (...)" (FAYOL, 1990, p.57). Em certos

casos, então, é preciso conciliar o respeito à hierarquia estabelecida com

a urgência necessária. Assim, se dois membros da organização

subordinados a chefes diferentes precisarem interagir, no interesse do

serviço, Fayol propõe a quebra da rigidez hierárquica, mediante o

estabelecimento de uma ponte na comunicação entre os envolvidos,

bastando, para validar a iniciativa, que seus chefes imediatos fossem

reportados e aprovassem a seqüência da operação. Esse procedimento

agiliza as tarefas, evitando a prolongada espera por comunicações e

definições que percorreriam toda a escala hierárquica. Conforme

FAYOL (1990, p.59), "é erro afastar-se da via hierárquica sem

necessidade, mas é erro muito maior segui-lo quando daí resulta prejuízo

para a empresa" (figura 5).

FIGURA 5 - INTERAÇÃO FORA DA VIA HIERÁRQUICA

A

B L

C M

D N

E ---------------------------------- O

F P

G Q

FONTE: FAYOL, 1990, p.57

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1.4.4 Departamentalização

A estrutura organizacional baseada nos princípios explicitados por Fayol

"caracteriza-se por uma cadeia de comando, ou seja, por uma linha de autoridade que

interliga as posições da organização e especifica quem se subordina a quem"

(CHIAVENATO, 1998, p.151), e pode ser visualizada na figura 6.

FIGURA 6 - CADEIA DE COMANDO DEPARTAMENTALIZADO

FONTE: CHIAVENATO, 1998, p.151

Essa estrutura adota a divisão do trabalho, então, sob dois prismas. O primeiro,

verticalmente, segundo os níveis hierárquicos de autoridade e responsabilidade; o

segundo, horizontalmente, de acordo com os diferentes tipos de atividades

desenvolvidas, caracterizando a departamentalização por atividades específicas.

DAFT (1999, p.193) aponta as três características que distinguem a autoridade:

a) a autoridade está na posição hierárquica e não nas pessoas;

b) a autoridade é aceita pelos subordinados;

c) a autoridade flui de cima para baixo, verticalmente.

Para a formulação da departamentalização, tida como fundamental para o

sucesso desse tipo de estrutura, Gulick (citado por CHIAVENATO, 1998, p.154)

A

B C

D

E

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propõe o emprego do conceito de homogeneidade, que consiste em reunir na mesma

unidade todos os que estiverem executando o mesmo trabalho, pelo mesmo processo,

para a mesma clientela e no mesmo lugar. Dessa forma, se houver variações em

qualquer um desses fatores, pode-se selecionar qual deles será tomado como

fundamento para a departamentalização, que será efetivada por função, por processo,

por produto, por projeto, por clientela ou por localização geográfica.

O quadro 5 sintetiza as características, vantagens e desvantagens de cada tipo

de departamentalização.

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QUADRO 5 - CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO

TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Funcional Agrupamento por atividades ou funções principais. Divisão do trabalho interno por especialidade. Auto-orientação. Introversão.

Maior utilização de pessoas especializadas e recursos. Adequada para atividade continuada, rotineira e estabilizada a longo prazo.

Pequena cooperação interdepartamental. Contra-indicada para circunstâncias ambientais imprevisíveis e mutáveis.

Produtos ou Serviços Agrupamento por resultados quanto a produtos ou serviços. Divisão do trabalho por linhas de produtos/serviços. Ênfase nos produtos e serviços. Orientação para resultados.

Define responsabilidade por produtos ou serviços, facilitando a avaliação dos resultados. Melhor coordenação interdepartamental. Maior flexibilidade. Facilita inovação. Ideal para circunstâncias mutáveis.

Enfraquecimento da especialização. Alto custo operacional pela duplicação das especialidades. Contra-indicada para circunstâncias estáveis e rotineiras. Enfatiza coordenação em detrimento da especialização.

Geográfica ou Territorial Agrupamento conforme localização geográfica ou territorial. Ênfase na cobertura geográfica. Orientação para o mercado. Extroversão.

Maior ajustamento às condições locais ou regionais. Fixa responsabilidade por local ou região, facilitando a avaliação. Ideal para firmas de varejo.

Enfraquece a coordenação (seja o planejamento, execução ou controle) da organização como um todo. Enfraquecimento da especialização.

Clientela Agrupamento conforme o tipo ou tamanho do cliente ou comprador. Ênfase no cliente. Orientação extrovertida mais voltada para o cliente do que para si mesma.

Predispõe a organização para satisfazer as demandas dos clientes. Ideal quando o negócio depende do tipo ou tamanho do cliente. Fixa responsabilidade por clientes.

Torna secundárias as outras atividades da organização (como produção ou finanças). Sacrifica os demais objetivos da organização (como produtividade, lucratividade, eficiência, etc.).

Processo Agrupamento por fases do processo, do produto ou da operação. Ênfase na tecnologia utilizada. Enfoque introversivo.

Melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos. Utilização econômica da tecnologia. Vantagens econômicas do processo. Ideal quando a tecnologia e os produtos são estáveis e permanentes.

Contra-indicada quando a tecnologia sofre mudanças e desenvolvimento tecnológico. Falta de flexibilidade e adaptação a mudanças.

Projetos Agrupamento em função de saídas ou resultados quanto a um ou mais projetos. Requer estrutura organizacional flexível e adaptável às circunstâncias do projeto. Requer coordenação entre órgãos para cada projeto.

Ideal quando a concentração de recursos é grande e provisória e quando o produto é de grande porte. Orientada para resultados concretos. Alta concentração de recursos e investimentos, com datas e prazos de execução. Adaptação ao desenvolvimento técnico. Ideal para produtos altamente complexos.

Concentra pessoas e recursos em cada projeto provisoriamente. Quando termina um projeto, ocorre indefinição quanto a outros. Descontinuidade e paralisação. Imprevisibilidade quanto a futuros novos projetos. Angústia dos especialistas quanto ao seu futuro.

FONTE: CHIAVENATO, 1998, p.566-567

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1.5 CONCEITOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

1.5.1 Conceitos de Tecnologia

O conceito de tecnologia tem sido enunciado de diversas formas na literatura

especializada. Em alguns estudos, o conceito é mais abrangente, como para LONGO,

citado por KRUGLIANSKAS (1996, p.13), segundo o qual tecnologia "é o conjunto

organizado de todos os conhecimentos – científicos ou empíricos – empregados na

produção e comercialização de bens e serviços". Em outros estudos, o conceito assume

uma forma restritiva, limitada ao setor de produção da empresa, como aquele expresso

por BLAUNER, também referido por KRUGLIANSKAS (1996, p.13): "tecnologia se

refere ao conjunto de objetos físicos e operações técnicas (tanto máquina, quanto

manuais) empregadas na transformação dos produtos de uma indústria". Na mesma

linha, pode-se tomar o enunciado de SILVA, citado por MARCOVITCH (1980, p.16):

"tecnologia é o conhecimento específico, detalhado e exato de processos e produtos,

obtido através do estudo sistemático e da experimentação, e através da aplicação do

conhecimento e da metodologia científica aos problemas de produção." Ao propor seu

próprio conceito, KRUGLIANSKAS (1996, p.13) faz clara opção por um enfoque

amplo, abrangendo a empresa em sua totalidade: "tecnologia é o conjunto de

conhecimentos necessários para se conceber, produzir e distribuir bens e serviços de

forma competitiva". Essa visão parece ser a mais indicada, na atualidade, por juntar

duas características importantes:

a) Aceitar, desde logo, que a tecnologia abarca todas as áreas da empresa. Engloba, portanto, tecnologias de projeto, de manufatura, de manutenção, de segurança, de administração, de marketing, de produção, etc. (...). Esta concepção alargada implica não só estender-se o conceito de tecnologia para conhecimentos que se vinculam a todos os segmentos da empresa, como também envolve, nas diferentes áreas da empresa, as suas diversas dimensões, tais como o "hardware", o "software" e o "humanware".

b) De acordo com a conceituação de tecnologia proposta, não devem ser encarados como "tecnologia" os conhecimentos possuídos por uma empresa que não contribuam para que esta possa atuar de forma competitiva. (...) Nesta perspectiva, resulta que um conhecimento, o qual eventualmente foi tecnologia num determinado momento da história da empresa, poderá deixar de sê-lo em momento posterior, para passar a ser, tão-somente, cultura geral para a referida empresa. (KRUGLIANSKAS, 1996, p.13-14).

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É possível estabelecer algumas classificações entre diferentes tecnologias,

tornando mais claras as suas funções na empresa. Assim, pode-se denominar de

tecnologia central (core technology) o "conjunto de conhecimentos mais essenciais e

diferenciados que a empresa tem que possuir para ser competitiva em seu ramo".

(KRUGLIANSKAS, 1996, p.15). Além das tecnologias centrais, para operar

competitivamente a empresa necessita dominar algumas outras, que são chamadas de

tecnologias paralelas . Vistas em conjunto, ambas passam a constituir o que se pode

intitular de tecnologias correlatas , ou seja, "tecnologias que se complementam e

formam um todo organizado que permite a concepção, a produção e a comercialização

de bens e/ou serviços de uma empresa". (KRUGLIANSKAS, 1996, p.15).

Outra classificação que pode se tornar interessante para certas análises é

aquela que deriva da forma como a tecnologia se encontra disponível para a

organização, e que pode ser encontrada em KRUGLIANSKAS (1996, p.15-16). Caso

esteja disponível por meio de documentação (impressa ou em base eletrônica),

constituirá a chamada tecnologia explícita, a qual não exprime, geralmente, a

totalidade do conhecimento necessário para seu domínio mais profundo. Uma

categoria diferente é a da chamada tecnologia implícita, que está incorporada ao ser

humano, ou seja, trata-se de um conhecimento acessado somente por meio das pessoas

que o detêm. Outra classe é a que se refere à tecnologia embutida, aquela que está

incorporada a um produto e à qual se pode ter acesso mediante técnicas como a da

engenharia reversa.

Em termos gerais, o valor de um produto tem relação direta com o volume de

tecnologia implícita a ele adicionado (e, portanto, embutido), pois isso define seu

conteúdo tecnológico. E, por outro lado, o registro documental da tecnologia implícita,

em patentes, desenhos, instruções, relatórios, etc., caracteriza a tecnologia explícita,

que pode ser comercializada via licenciamentos e aquisições de direitos. Deve -se

atentar para o fato de que uma parte do conhecimento não se transforma em tecnologia

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explícita, mas permanece retida nas pessoas e, portanto, a transferência de tecnologia

mediante aquisição de tecnologia explícita pode não assegurar o completo domínio

dessa tecnologia.

Ao conceito de domínio da tecnologia KRUGLIANSKAS (1996, p.16) se

refere como "o nível de capacidade da empresa para utilizar o conhecimento, para

adaptá- lo às novas situações que surgem e para aperfeiçoá-lo a fim de manter a

competitividade da empresa". Aqui pode-se distinguir entre know-how (saber o que

deve ser feito para alcançar certo resultado) e know-why (conhecer a relação de causa e

efeito envolvida em certos procedimentos), embora o domínio da tecnologia implique

uma combinação adequada de ambos.

1.5.2 Conceitos de Inovação

Uma das formas de conceituar inovação é a expressa por CRAWFORD (1994,

p.27): "(...) novas idéias em tecnologia, organização e administração (...) traduzidas

pelos empreendedores em negócios mais eficazes (...)".

Já SENDIN et al. (1996, p.707), citando TWISS, afirmam que "inovação

tecnológica pode ser definida como sendo a conversão do conhecimento científico em

algo que satisfaça uma necessidade do consumidor".

Na concepção de UTTERBACK, citado por BARROS et al. (1996, p.264), a

inovação tecnológica é "um processo que envolve a criação, o desenvolvimento, o uso

e a difusão de um novo produto ou idéia".

Ainda em BARROS et al. (1996, p.265), pode-se tomar conhecimento da visão

de HILL, segundo o qual "o processo de inovação tecnológica envolve a criação, o

projeto, a produção, o primeiro uso e a difusão de um novo produto, processo ou sistema

tecnológico". Para esse autor, então, o que define a inovação é o seu primeiro uso

comercial. Sendo assim, a ação inovadora ocorre apenas na primeira empresa a realizar

determinada mudança tecnológica, enquanto as demais, que a adotarem posteriormente,

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não serão consideradas inovadoras. Se visto pelo impacto provocado pela mudança na

economia como um todo, este argumento pode ser considerado válido; entretanto,

tomando por base o efeito da mudança sobre a empresa em si, pode haver inovação pelo

uso de algum conhecimento já empregado anteriormente em outra empresa.

Ao empreender sua análise sobre o desenvolvimento econômico,

Schumpeter assentou as bases para a compreensão da importância das inovações nesse

processo. Em seu trabalho, SCHUMPETER (1982, p.48) apontou cinco possíveis

casos de inovação:

1) Introdução de um novo bem – ou seja, um bem com que os consumidores ainda não estiverem familiarizados – ou de uma nova qualidade de um bem. 2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria. 3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer esse mercado tenha existido antes ou não. 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser criada. 5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio (por exemplo, pela trustificação) ou a fragmentação de uma posição de monopólio.

Cumpre apresentar aqui uma diferenciação fundamental entre invenção e

inovação. Para KRUGLIANSKAS (1996, p.17),

a invenção, sob a perspectiva de seu criador, pode ser entendida como a criação de algo novo, inusitado. (...) Enquanto a invenção envolve a formulação de uma proposta inédita, a inovação constitui um processo. A inovação é o processo de tornar uma invenção rentável para a empresa. Este processo, segundo Marquis & Myers (1969), pode ser conceituado da seguinte forma: a inovação tecnológica é uma atividade complexa, que se inicia com a concepção de uma nova idéia, passa pela solução de um problema e vai até a real utilização de um novo item de valor econômico ou social.

O processo de inovação pode tomar contornos distintos e resultar, assim, em

inovações que podem ser categorizadas como:

a) inovações complexas: aquelas que resultam de processos longos e

complexos, nos quais se investem muitos recursos por um longo período.

Decorrem, portanto, de uma ação formalmente planejada;

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b) inovações radicais: são baseadas em descobertas tecnológicas com

potencial para alterar os paradigmas vigentes, causando, portanto,

mudanças drásticas e, em geral, sendo acompanhadas por investimentos

significativos em equipamentos. Assim, elevam as empresas a um novo

patamar tecnológico, mais avançado que o anterior;

c) inovações incrementais: surgem em conseqüência de pequenas

mudanças que podem levar a melhorias nos produtos, diversificação de

seu uso, alterações nos insumos utilizados ou redução de custos.

Embora com menos visibilidade que as outras duas, as inovações

tecnológicas incrementais podem ser de grande valia para a manutenção da capacidade

competitiva da empresa, pois tratam, normalmente, de pequenas melhorias nos

processos empregados ou nos produtos elaborados de maneira que torne a organização

mais eficiente que as que se encontram no mesmo patamar tecnológico.

Tendo como base para julgamento a origem da iniciativa inovadora, pode-se

agrupar as inovações como sendo demand-pull, ou seja, aquelas estimuladas por "fatores

mercadológicos de demanda insatisfeita e de concorrência" (PAULINYI, 1980, p.28) ou

technology push, aquelas decorrentes de esforço de desenvolvimento tecnológico.

Por outro lado, torna-se relevante, por vezes, destacar a fonte das inovações

implementadas em uma organização. Nesse sentido, DAMANPOUR e

GOPALAKRISHNAN (1998, p.5) relacionam as três fontes principais da inovação: as

fontes imitativa, aquisitiva e incubativa. A fonte imitativa deriva da disposição da

organização para copiar inovações já introduzidas por outra, quer do seu ramo específico

de atividade ou não. A fonte aquisitiva reflete a disposição da organização para adquirir

inovações desenvolvidas externamente, por meio de patentes, licenças, fusões, etc. A

fonte incubativa, por sua vez, mostra a disposição da organização para desenvolver suas

próprias inovações, mediante investimentos em pesquisa e desenvolvimento interno.

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1.5.3 Barreiras Organizacionais à Inovação

Em um estudo que analisa as diferenças de produtividade entre organizações

de pesquisa e entre pesquisadores individuais, GOODWIN (1980, p.260-273) listou

uma série de barreiras que tendem a obstar o alcance de resultados na atividade de

inovação, agrupando-as em três diferentes segmentos: as barreiras de insumos, as

barreiras internas e as barreiras de produção.

1.5.3.1 Barreiras de insumos

As barreiras à inovação denominadas de barreiras de insumos tratam do

estágio inicial do processo de inovação. Assim, GOODWIN (1980, p.263) considera

que "a inovação geralmente começa com um problema". Então, há a necessidade de

que alguém reconheça a existência de um problema para que o processo se inicie.

Como a maioria das pessoas não identifica a existência de um problema, aceitando de

forma passiva as condições adversas a que estão submetidas, pode-se apontar um

primeiro tipo de barreira de insumo: a barreira de reconhecimento.

Além de um fato ser reconhecido como problema, porém, é necessário que

este problema desperte a atenção de alguma pessoa com a capacidade de solucioná-lo.

Essa capacidade inclui "o talento e treinamento adequados, as informações, a

oportunidade, os recursos e a motivação necessários". (GOODWIN, 1980, p.263).

Nesse sentido, podem surgir outros dois tipos de barreiras de insumo: a barreira de

relatório, quando a pessoa que reconheceu o problema não o transmite aos outros, e a

barreira de comunicação, quando o relato feito não consegue chegar a alguém capaz de

desenvolver a solução inovadora.

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1.5.3.2 Barreiras internas

Caso todas as barreiras de insumos possam ser superadas, pode-se deparar com

outro grupo importante de obstáculos, localizados internamente, na mente do solucionador

em potencial; são as chamadas barreiras internas. Estas podem ser separadas em dois

grupos distintos: as barreiras à concepção de idéias e as barreiras à ação.

Dentre as barreiras à concepção de idéias, podem ser identificados sete

tipos de obstáculos:

a) barreira de reconhecimento: o solucionador em potencial pode não

reconhecer a existência do problema ou considerá-lo sem importância;

b) barreira de interesse: embora reconhecendo a existência de um problema,

o solucionador em potencial pode não se interessar em resolvê -lo;

c) barreira de conhecimento: quando o solucionador em potencial não reúne

o conhecimento técnico necessário para resolvê -lo;

d) barreira de interpretação: pode ocorrer alguma dificuldade em interpretar

corretamente os fatos por parte do solucionador em potencial;

e) barreira de capacidade de conceituação: o número de idéias que o

solucionador em potencial consegue dominar é limitado, o que pode

dificultar o surgimento da idéia apropriada;

f) barreira de associação: desde que o inovador em potencial domine os

conceitos necessários, ainda precisa associá-los da forma correta para

chegar à inovação;

g) barreira de tempo: pode ser que o solucionador em potencial não

disponha do tempo necessário para se dedicar ao problema em questão.

Assim que a idéia inovadora seja concebida, pode surgir outro grupo de

barreiras internas, as barreiras à ação:

a) barreira de tempo: embora tenha tempo para conceber a solução, o inovador

em potencial não dispõe do tempo necessário para implementá-la;

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b) barreira de energia: o solucionador em potencial pode, em conseqüência

de outras tarefas em andamento, não dispor da energia suficiente para

empreender a nova idéia;

c) barreira de articulação: como, em termos gerais, as inovações exigem um

trabalho conjunto, o inovador em potencial precisa conseguir convencer

eventuais parceiros da importância de sua idéia.

1.5.3.3 Barreiras de produção

Mesmo superando todos os tipos de barreiras de insumo e internas, a

inovação ainda terá que superar outro grupo de obstáculos até ser implementada. São

as chamadas barreiras de produção, que se desdobram em:

a) barreiras de aprovação: em geral, as novas idéias exigem a aprovação

de pessoas, dentro das organizações, em posições de decisão, para ser

implementadas;

b) barreira de ordem financeira: por vezes, este é o maior obstáculo a ser

superado, qual seja, dispor do dinheiro necessário à implementação da

idéia inovadora;

c) barreira de instalações: é preciso, ainda, ter acesso aos equipamentos e

instrumentos exigidos para a materialização da inovação;

d) barreira de aceitação por parte do cliente: trata-se do teste decisivo da

inovação no mercado, pois a superação de todas as barreiras anteriormente

listadas não pode garantir, com segurança, que o interesse dos eventuais

compradores será despertado.

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2 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

Com base nos aspectos abordados anteriormente, neste capítulo descrevem-

se os tipos de estruturas usualmente utilizados pelas organizações. Essa descrição

abordará, de forma geral, as principais características, vantagens e desvantagens de

cada um dos tipos de estruturas, bem como o seu possível campo de aplicação.

2.1 ESTRUTURA LINEAR

A organização estruturada sob a forma linear (figura 7) constitui a mais

antiga e simples possível. Em sua essência, apresenta as seguintes características:

a) autoridade linear: em decorrência do princípio da unidade de comando,

a organização linear apresenta a característica básica da autoridade

baseada na hierarquia, na qual cada subordinado tem apenas um superior

e somente a ele se reporta;

b) linhas formais de comunicação: as comunicações ascendentes ou

descendentes entre os órgãos ou cargos faz-se somente em obediência às

linhas formalizadas no organograma da empresa, e são, portanto,

limitadas a relações formais expressas pelo mesmo;

c) centralização das decisões: a autoridade para as decisões está

concentrada no topo da hierarquia, sendo daí repassada à organização

por meio dos diversos níveis hierárquicos existentes, seguindo os canais

formais de comunicação;

d) forma piramidal: como o poder de decisão e a autoridade estão

centralizados sempre em um nível hierárquico superior e o número de cargos

ou órgãos diminui ao se subir na hierarquia, esta forma de organização

apresenta um aspecto de pirâmide, que pode ser mais alta ou mais achatada,

dependendo da quantidade de níveis hierárquicos estabelecida.

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FIGURA 7 - ESTRUTURA LINEAR

A B C

D E

FONTE: OLIVEIRA, 1998, p.33

A estrutura linear apresenta como principais vantagens:

a) simplicidade: como cada subordinado se relaciona formalmente apenas

com o seu superior, as relações são mínimas e de simples compreensão;

b) clareza de responsabilidades: com a nítida delimitação da jurisdição de

cada um dos cargos ou órgãos, as atribuições são claramente definidas;

c) facilidade de implementação: com poucas relações formais, estrutura

simples e delimitação clara de responsabilidades, há pouca dificuldade

em implantar essa estrutura;

d) estabilidade: em virtude da centralização das decisões e da disciplina

hierárquica, há grande estabilidade no funcionamento da organização.

Esse tipo de estrutura apresenta, porém, algumas limitações que se

contrapõem às vantagens enunciadas:

a) inflexibilidade: a estrutura linear tem elevado grau de dificuldade para

conviver em ambientes em que a organização se exponha a novas

situações e à necessidade de inovações, por sua resistência à mudança;

b) rigidez: a unidade de comando pode levar a um ambiente de disciplina

rígida, dificultando a cooperação e a iniciativa dos subordinados;

c) ênfase na chefia: ao monopolizar informações e decisões, o chefe se

torna imprescindível para o funcionamento da organização, que sofre

com sua ausência ou falta de habilitação;

d) ausência de especialização: ao ser responsabilizado por todos os assuntos

de sua área, o chefe dificilmente pode se especializar em algo. Seu tempo

está comprometido com toda uma variedade de aspectos e informações;

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e) lentidão: as comunicações fluem com morosidade através das linhas

formalmente estabelecidas e, pelo grande número de intermediários,

tornam-se vulneráveis a distorções.

Para CHIAVENATO (1998, p.493), a estrutura linear pode ser utilizada nos

seguintes casos: a) quando a organização for pequena e não requerer executivos especialistas em tarefas altamente

técnicas; b) quando a organização estiver nos estágios iniciais de sua história e do seu desenvolvimento; c) quando as tarefas desenvolvidas pela organização forem padronizadas, rotineiras e com raras

alterações (...); d) quando a organização tiver vida curta e a rapidez na execução do trabalho se tornar mais

importante do que a qualidade do trabalho; e) quando a organização julgar mais interessante investir em consultoria externa ou obter serviços

externos do que estabelecer órgãos internos de assessoria.

2.2 ESTRUTURA FUNCIONAL

As principais características da estrutura funcional são (figura 8):

a) autoridade funcional: a autoridade se exerce pelo conhecimento

especializado. Cada subordinado pode se reportar a muitos superiores,

cada qual tratando de assuntos de sua especialidade. Isto contraria o

preceito de unidade de comando;

b) comunicações diretas: as comunicações entre os órgãos são efetuadas

diretamente, sem a intermediação de órgãos hierarquicamente superiores,

aumentando a velocidade de interação;

c) descentralização das decisões: o poder de decisão provém da

especialidade e não da posição na hierarquia. Assim, as decisões são

descentralizadas pela estrutura, ficando ao encargo dos órgãos mais

capacitados, em cada situação específica;

d) ênfase na especialização: esse tipo de organização separa as funções,

em todos os níveis, de acordo com as especialidades envolvidas, sendo

delimitadas as responsabilidades de acordo com esta especialização.

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FIGURA 8 - ESTRUTURA FUNCIONAL

PRESIDENTE

DIRETORIA DE

MARKETING DIRETORIA

FINANCEIRA DIRETORIA DAS

REGIONAIS

REGIONAL

NORTE

SETOR DE VENDAS

SETOR DE CAIXA

FONTE: OLIVEIRA, 1998, p.93

As organizações estruturadas funcionalmente apresentam tanto vantagens

quanto desvantagens. Como vantagens podem ser citadas:

a) especialização: permite a cada órgão concentrar-se na sua função

principal, desonerado de todas as tarefas acessórias, melhorando sua

eficiência. Nota-se grande separação entre atividades de planejamento e

de execução;

b) supervisão técnica: para cada questão tratada a decisão pode ser tomada

com o auxílio do especialista naquele campo específico;

c) rapidez de comunicações: possibilita o contato imediato entre os órgãos

envolvidos em uma operação, criando canais diretos de comunicações e

eliminando os intermediários formais e seus entraves.

Em termos de desvantagens, alguns aspectos merecem ser apontados:

a) diluição do comando: a inexistência da autoridade linear amplia

consideravelmente a dificuldade dos órgãos superiores em controlar os

órgãos inferiores;

b) subordinação múltipla: há dificuldade de delimitar responsabilidades,

quando o subordinado não tiver extrema clareza sobre a quem recorrer

em cada assunto, principalmente em casos de superposição de funções;

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c) perda de visão de conjunto: a ênfase nas especialidades pode afastar da

organização a visão de conjunto, privilegiando visões parciais e incompletas;

d) tensão organizacional: ao concentrar-se apenas em seus próprios

assuntos, tentando impor seus pontos de vista aos demais, os diversos

grupos de especialistas podem se colocar em conflito uns contra os

outros, criando um clima de concorrência prejudicial à organização.

A adoção do tipo de estrutura funcional pode ser recomendada, entre outras

correntes literárias, sob dois enfoques.

CHIAVENATO (1998, p.500) aponta apenas duas situações em que a

estrutura do tipo funcional é indicada:

a) quando a organização, por ser pequena, tiver uma equipe de especialistas bem entrosada, que se reporta a um dirigente eficaz e é orientada para objetivos comuns muito bem-definidos e colocados;

b) quando em determinadas circunstâncias, e tão-somente, a organização delegar, durante um curto período, autoridade funcional a algum órgão especializado sobre os demais órgãos, a fim de introduzir alguma rotina ou procedimento ou a fim de avaliar e controlar alguma atividade.

Por sua vez, HAMPTON (1981, p.171) considera que a estrutura funcional

é indicada nos casos em que a estratégia empresarial requer a elaboração de

produtos de qualidade superior, em um ambiente estável; se o ambiente for instável

e houver a necessidade de forte cooperação interdepartamental esse tipo de

estrutura é contra-indicado.

2.3 ESTRUTURA LINHA-STAFF

Bastante difundida, a estrutura do tipo linha-staff combina elementos das

estruturas linear e funcional, numa tentativa de aumentar suas vantagens isoladas e

reduzir suas desvantagens.

Nesse tipo de estrutura, existem órgãos de linha e de assessoria relacionando-

se entre si. Os órgãos de linha se referem aos objetivos básicos da organização e

exercem autoridade na forma tradicional na estrutura linear. Já os órgãos de assessoria,

por sua vez, ligam-se indiretamente aos objetivos básicos da organização através dos

setores de linha, e sua autoridade é apenas funcional (figura 9).

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FIGURA 9 - ESTRUTURA LINHA-STAFF

PRESIDÊNCIA

aconselha

ASSESSORIA DE PLANEJAMENTO

DIRETORIA

INDUSTRIAL DIRETORIA

COMERCIAL DIRETORIA

ADM. FINANC.

Assessoria de Organização e

Métodos

FONTE: OLIVEIRA, 1998, p.149

As principais características desse tipo de estrutura são:

a) fusão das estruturas linear e funcional: coexistem os dois tipos de

estrutura, combinando alguns de seus princípios. Mantém-se a unidade

de comando, típica da estrutura linear, mas introduz-se a autoridade

funcional dos órgãos de staff, em suas especialidades, sobre os demais;

b) conciliação entre comunicações formais e diretas: a rede de

comunicações desse tipo de estrutura se vale das linhas formais entre

superiores e subordinados e também das linhas diretas entre órgãos de

assessoria e de execução;

c) separação entre órgãos operacionais e de apoio: na definição dos

papéis na organização, os órgãos com responsabilidade de linha

assumem as tarefas executivas, enquanto as áreas de apoio ficam a cargo

de órgãos de staff;

d) hierarquia com especialização: há um claro predomínio dos aspectos

inerentes à estrutura linear, como a cadeia hierárquica, mas sem abrir

mão da especialização. Desse modo, convivem a autoridade hierárquica

e a autoridade de staff, derivada do conhecimento.

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Esse tipo de estrutura decorre da atividade conjunta de órgãos de linha e de

staff, permitindo a manutenção da autoridade única e adicionando-lhe a vantajosa

possibilidade de ação especializada e inovadora, através de órgãos de assessoria.

Por outro lado, é comum nesse tipo de estrutura o surgimento de conflitos entre

profissionais de dois tipos de órgãos internos. Como as características de tais

profissionais diferem bastante, há dificuldade de manter o equilíbrio necessário entre

os dois tipos de órgãos, de forma que um não se fortaleça em demasia, em detrimento

do outro.

A estrutura do tipo linha-staff é o tipo predominantemente aplicado pelas

organizações, dos mais diversos setores de atividade, praticamente inexistindo

restrições à sua adoção.

2.4 ESTRUTURA MATRICIAL

A estrutura matricial é, na realidade, uma estrutura híbrida, que combina dois

tipos de departamentalização na mesma estrutura organizacional. Trata-se de combinar

uma estrutura com departamentos funcionais com outra cujo critério para

departamentalizar seja por produtos ou projetos.

Com esse procedimento, surge o conceito de dupla subordinação (figura 10),

pois cada área passa a estar sob o comando simultâneo dos superiores funcionais e dos

coordenadores de projetos.

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FIGURA 10 – ESTRUTURA MATRICIAL

GERENTE GERAL

Gerente

Departamento Funcional A

Gerente Departamento Funcional B

Gerente Departamento Funcional C

Gerente

Departamento Produto A

Coordenação Departamento Produto A (coordena pessoal cedido pelos Departamentos A, B e C)

Gerente

Departamento Produto B

Coordenação Departamento Produto B (coordena pessoal cedido pelos Departamentos A, B e C)

Gerente

Departamento Produto C

Coordenação Departamento Produto C (coordena pessoal cedido pelos Departamentos A, B e C)

FONTE: CHIAVENATO, 1998, p.677-679

A estrutura matricial enfatiza, na verdade, a interdependência entre os

departamentos que compõem a organização, no lugar de estabelecer fronteiras rígidas

entre eles. Permite a superação das deficiências das estruturas departamentalizadas por

funções ou por produtos (ou projetos). A estrutura departamentalizada por função

enfatiza a especialização, propiciando alta qualidade técnica em questões específicas,

mas traz uma dificuldade de visualização dos objetivos maiores do negócio; a estrutura

departamentalizada por produtos focaliza o negócio, em sua essência, deixando a

desejar quanto à especialização de funções, que podem ser exercidas sem a

profundidade requerida e, até mesmo, em duplicidade entre as divisões. A estruturação

da organização na forma matricial permite sobrepor os gerentes de produtos (ou

projetos) aos gerentes funcionais. Assim, os coordenadores de projetos administram,

com olhos voltados para os interesses do negócio da organização, os recursos cedidos

pelas áreas funcionais da empresa.

Trata-se de uma forma de estrutura mais flexível às mudanças ambientais e

permeável às inovações do que as anteriormente descritas.

Como entraves ao sucesso e gerenciamento da estrutura matricial, pode-se citar:

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a) possibilidade de conflitos, devido à duplicidade de comando entre

chefias de projetos e chefias funcionais;

b) necessidade de alteração profunda na cultura organizacional;

c) estrangulamento das decisões, que passam a envolver diversos setores

da organização.

Essa forma de estrutura organizacional mostra-se indicada para conviver

com a crescente complexidade interna das organizações, à medida que seu tamanho se

expande. Para TOMASKO, citado por MACHADO e SILVEIRA (1998, p.40), a

estrutura matricial deve ser empregada quando da ocorrência simultânea das três

seguintes condições: "(1) em duas ou mais atividades críticas da empresa, há

necessidade de uma tomada de decisão altamente coordenada; (2) o trabalho a ser feito

é extremamente complexo e deve ser executado em meio a condições de grandes

incertezas; e (3) vários recursos vitalmente necessários para executar o trabalho são

extremamente escassos".

2.5 ESTRUTURA POR EQUIPES

Para DAFT (1999, p.356), uma equipe "é uma unidade com duas ou mais pessoas

que interagem e coordenam seu trabalho para conseguir atingir uma meta específica." Não

se trata, portanto, de um grupo de pessoas, apenas, mas de um tipo especial de grupo,

compartilhando uma missão e com sentido de responsabilidade coletiva.

Nesse tipo de estrutura, dois tipos de equipes podem ser identificados: a

equipe funcional-cruzada (cross-functional) e a equipe permanente.

Uma equipe funcional-cruzada é composta por pessoas de diversos

departamentos funcionais, que se reúnem para buscar a solução de problemas comuns.

Não há a formação de um órgão estrutural formal para o trabalho em equipe, cujos

membros continuam a se vincular aos seus respectivos departamentos.

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As equipes permanentes, por sua vez, são organizadas como se fossem

departamentos formais na organização. Trata-se de uma abordagem muito semelhante

a qualquer outro tipo de estrutura departamentalizada, com a diferença de que as

equipes são, geralmente, menores, e cada membro dela atua segundo sua própria

especialidade (figura 11). FIGURA 11 - ESTRUTURA POR EQUIPES

Presidente

Controle de

Projeto Finanças Engenharia Produção Marketing

Equipe Funcional Cruzada

Equipe Permanente

FONTE: DAFT, 1999, p.358

A estrutura organizacional por equipes apresenta algumas vantagens:

a) maior integração entre os diversos departamentos da organização, já

que os membros da equipe, ao interagir entre si, passam a conhecer

melhor os aspectos de outros departamentos envolvidos;

b) mais facilidade em adaptar-se a solicitações do ambiente, com respostas

mais rápidas a mudanças;

c) redução dos níveis gerenciais e, assim, dos custos administrativos;

d ) ambiente de motivação entre os participantes, dada sua maior

participação em projetos estimuladores;

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e) manutenção das vantagens da divisão funcional , principalmente a

especialização profissional.

Por outro lado, o uso de estruturas organizacionais por equipes pode

acarretar algumas restrições, como a equipe funcional-cruzada, que pode trazer aos

seus membros solicitações diferentes daquelas feitas por seus superiores

departamentais, criando situações de conflito; a elevação do tempo dedicado a

reuniões e atividades de coordenação; e a possibilidade de a equipe tomar decisões que

atendam mais às suas próprias necessidades do que aos objetivos da organização.

A estrutura organizacional por equipes pode ser de grande utilidade para

organizações que tenham a necessidade de desenvolver projetos complexos ou

adaptar-se com presteza a mudanças ambientais em seu segmento de atuação.

2.6 ESTRUTURA EM REDE

Estruturar a organização para funcionar em rede significa desagregar as

funções da organização, transferindo-as para outras organizações que passam a atuar

interligadas, sob a coordenação de um escritório central (figura 12). A organização

central retém para si apenas o aspecto essencial do negócio, passando a administrar a

rede de relacionamentos formada a partir da transferência para terceiros de todas as

atividades que outras empresas puderem realizar com maior eficiência e a menores

custos. Como as funções tipicamente internas à organização passam a ser executadas

fora de seus domínios, torna-se difícil delimitar, nos moldes tradicionais, onde começa

e onde termina a organização.

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FIGURA 12 - ESTRUTURA EM REDE

Companhia de Produção (Coréia)

Companhia de Design (Itália)

Companhia Central

Companhia de Distribuição

(Estados Unidos)

Companhia de Propaganda

(Estados Unidos Companhia de

Produção (Brasil)

FONTE: CHIAVENATO, 1998, p.688

Convenientemente, a estrutura em rede permite maior adaptação das

organizações às exigências do mercado globalizado, como:

a) o aproveitamento de vantagens oriundas do mundo todo, mesmo para

organizações de pequeno porte, proporcionado pela facilidade de

conexão por meio eletrônico;

b) alta flexibilidade para se adaptar e redefinir, de modo a aproveitar

convenientemente as novas oportunidades do mercado;

c) redução de custos administrativos, por ser uma forma de organização

extremamente enxuta.

As maiores desvantagens desta abordagem são:

a) ausência de controle direto das operações que precisam ser executadas

em conjunto;

b) aumento da incerteza e do potencial de falhas, pois as tarefas, em sua

maioria, são desempenhadas longe da administração do negócio;

c) fragilização da lealdade interna na organização, pois os subordinados

passam a sentir que poderão ser substituídos por meio da terceirização de

atividades, a qualquer momento que isto se torne adequado para a empresa.

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Essa forma de estruturar a organização encontra vasto campo de aplicação

em organizações que devem competir em um mercado globalizado, por meio de

operações internacionais.

2.7 ESTRUTURA DIVISIONAL

A estruturação da organização em divisões é, na verdade, uma tentativa de

contornar as desvantagens decorrentes da crescente expansão e diversificação dos

negócios de uma empresa. Nesse tipo de estrutura, "atividades díspares, mas

vinculadas a um objetivo final específico, são agrupadas em uma mesma unidade

organizacional (...)" (CURY, 1988, p.189), que, descentralizada, passa a atuar como se

fosse uma empresa diferente.

A caracterização das divisões pode ser feita a partir de critérios de

departamentalização, como os já tratados anteriormente. Assim, a organização pode ter

divisões baseadas em produtos ou serviços, área geográfica, clientela, processo produtivo.

FIGURA 13 - ESTRUTURA DIVISIONAL

DIVISÃO POR

PRODUTO

Divisão do

Produto 1 Divisão do

Produto 2

Recursos Humanos

Produção

Contabilidade

Recursos Humanos

Produção

Contabilidade

FONTE: DAFT, 1999, p.196

As principais vantagens e desvantagens da estruturação da organização

em divisões decorrem da maior autonomia de funcionamento, e já foram

sintetizadas anteriormente, no item 1.4.4, quando foram abordados os critérios

usuais de departamentalização.

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Essa forma de estruturação pode ser útil para organizações cujo processo de

expansão introduza a necessidade de atuar em múltiplos segmentos produtivos ou em

territórios diferenciados, casos em que a fragmentação da estrutura previamente

existente pode aumentar a sua eficácia gerencial.

2.8 ESTRUTURA POR PROJETOS

A característica fundamental da estrutura organizacional por projetos é o

seu caráter temporário. Terá duração pelo tempo necessário à execução do projeto,

aqui entendido como "um grupo de atividades que têm, cada uma e no seu conjunto,

uma duração estimável e finita (...)" (CURY, 1988, p.197), e que se destinam à

produção de um resultado preestabelecido. A cada projeto concluído, então, a

estrutura deverá ser redefinida.

As vantagens e desvantagens mais marcantes da estrutura organizacional por

projetos são aquelas que resultam do uso de projetos como critério de

departamentalização, conforme apresentado no item 1.4.4.

A estrutura por projetos tem aplicação quando a organização se depara

com atividades que concentram elevado volume de recursos, com prazos definidos

de execução.

2.9 ESTRUTURA CELULAR

O tipo de estrutura a seguir descrito, aqui denominado celular, pode ser

encontrado na literatura com várias denominações, embora mantendo suas

características essenciais. Assim, enquanto PAIVA (1999, p.101-131) descreve um

modelo organizacional celular, RIBEIRO (1993, p.27-28) faz referência a trabalho de

Landier, que propõe a existência de uma empresa policelular.

Embora com particularidades próprias, decorrentes da visão de cada autor,

trata-se de variações em torno do mesmo tema, ou seja, da necessidade de uma forma

diferente de estruturar a organização, apropriada à crescente complexidade, tanto de

suas atividades quanto de seu relacionamento com o ambiente externo.

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Por retratar avanços relativamente recentes no campo organizacional e,

portanto, com menor difusão do que as demais formas de estrutura antes tratadas,

optou-se aqui por apresentar as contribuições de diversos autores, propiciando uma

maior compreensão de suas nuances.

Para VASCONCELLOS e HEMSLEY (1997, p.25), trata-se de uma forma de

organização com alta flexibilidade, em que o delineamento da estrutura praticamente

inexiste, e a informalidade é muito elevada.

RIBEIRO (1993, p.27-28) faz menção ao trabalho de LANDIER, listando as

características da empresa policelular:

O pequeno grupo de trabalho é considerado por ele como o ponto fundamental da empresa policelular, destacando as seguintes características: - Um animador no grupo dá sua consistência e o representa no exterior; - As relações interpessoais são intensas; - Cada membro do grupo é reconhecido por suas qualidades e seus defeitos; de certa forma a

identidade pessoal é construída através do pertencimento ao grupo; - O grupo funciona de forma auto-regulada e cada um de seus membros dispõe de capacidade de

iniciativa; - Um mesmo indivíduo pode pertencer a mais de um grupo; - Algumas células são estáveis no temp o, outras têm duração muito efêmera; - A eficácia da organização está ligada à riqueza das comunicações internas das células e entre as

células; - O "tecido" celular é organizado na forma de uma "rede" com muitos caminhos possíveis entre

uma célula e outra; - Cada célula, de certa forma, se assemelha a uma microempresa, mas há uma vinculação visceral

com o projeto da empresa global; - Não há funções definidas no interior da célula, os papéis são assumidos de acordo com a

capacidade de cada um; - A célula ineficaz não tem condições de sobrevivência; - Há uma célula central que assegura a unidade ao projeto da empresa e controla a eficácia das

demais células; - O crescimento da empresa é orientado pelas condições externas; - Quando uma célula cresce muito ela tende a se dividir em células menores; - Quando uma célula vai mal ela não põe em risco o conjunto; - As condições de geração de inovação são aumentadas.

Em PAIVA (1999, p.101-131) se encontra a descrição do modelo celular.

Para o autor, alguns atributos caracterizam esse tipo de organização:

a) reconhecimento pelo valor gerado: "(...) o funcionário pode ocupar

diversas posições em células distintas, de acordo com suas habilidades e

competências" (1999, p.103). Dessa forma, os limites impostos pelos cargos

formais e pelos departamentos podem ser rompidos, aumentando a

possibilidade de participação do indivíduo nas questões organizacionais;

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b) autodesenvolvimento: "considerando-se que o conhecimento adquirido

é, antes de mais nada, um ativo intelectual pertencente ao profissional,

que leva consigo a qualquer empresa em que atue, nada mais lógico que

esse profissional, amparado pela empresa, invista em seu

desenvolvimento" (PAIVA, 1999, p.104). Assim, nesse tipo de situação

caberá à organização definir com clareza o perfil profissional desejado e

criar mecanismos de incentivo para que o empregado possa realizar seu

autodesenvolvimento;

c) responsabilidades pelos fins com autonomia sobre os meios: o

empregado age livremente sobre os processos, escolhendo o melhor

meio de alcançar os objetivos estabelecidos. Trata-se, portanto, de

avaliar os resultados efetivos de cada profissional, e não de impor

padrões de desempenho das atividades necessárias a alcançá-los;

d) compromisso com o resultado: todos os indivíduos podem participar de

todos os processos da organização, tanto nas fases de planejamento como

de execução, de acordo com suas habilidades e competências, podendo,

portanto, engajar-se na realização dos compromissos assumidos;

e) decisões compartilhadas: o modelo celular considera como melhor a

decisão tomada em consenso, que traduzir-se-á em compromisso

assumido pelos indivíduos. Coloca-se, assim, em oposição a posturas

que descartam certos profissionais no processo de decisão para,

posteriormente, exigir deles o cumprimento do que foi decidido;

f) participação dos resultados, sentimento de propriedade e

participação acionária: trata-se de enfrentar o questionamento sobre

a forma mais adequada de repartir as riquezas geradas pelo trabalho,

criando o envolvimento dos funcionários na obtenção de melhores

resultados para o negócio;

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g) autoridade pelo conhecimento: nesse tipo de organização, a autoridade

passa a ser conseqüência natural do conhecimento transmitido ao grupo

para a obtenção dos resultados pretendidos, e não mais apenas da

posição hierárquica ocupada.

PAIVA (1999, p.111) acrescenta dois aspectos básicos para a compreensão

do conceito da organização celular:

a) as células empresariais devem ter íntima relação com os processos da organização e; b) existem duas empresas coexistindo: a empresa da rotina e a empresa dos projetos que

modificam a rotina. Dentro desta visão, a empresa da rotina estará encarregada do funcionamento do negócio, em si, executando as premissas do planejamento estratégico, enquanto a empresa dos projetos terá a incumbência de tornar a organização mais competitiva, também em acordo com as premissas do planejamento estratégico. Assim, a empresa dos projetos desenvolve atividades destinadas a modificar a empresa da rotina, no futuro. Pode-se entender a empresa dos projetos como um aspecto virtual da organização, consumindo recursos do seu núcleo real (a empresa da rotina). Isto pode ser visualizado na figura 14 a seguir. Importante ressaltar a inexistência de hierarquia entre as células: "trata-se de um SISTEMA CELULAR e como todo e qualquer SISTEMA não existem hierarquias. O que existe em verdade, são VASOS COMUNICANTES (...) (PAIVA, 1999, p.113), transmitindo informações às células que, ao recebê-las, reagirão de modo a gerar o resultado esperado.

FIGURA 14 - ORGANIZAÇÃO CELULAR

FONTE: PAIVA, 1999, p.113

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Uma célula pode ser classificada de várias formas. Quanto à periodicidade

de existência, pode-se ter células permanentes, as quais estarão em funcionamento

permanente, células periódicas , que alternarão períodos de funcionamento com outros

de inatividade, e células eventuais, que serão montadas para tarefas específicas,

desfazendo-se ao término da missão (um projeto, por exemplo). Quanto à visibilidade,

pode haver células reais, cuja atividade é fisicamente percebida (em uma sala, por

exemplo), ou células virtuais, em que seus participantes estão separados, embora

atuando no mesmo processo, e cuja atuação pode ser facilitada significativamente pelo

uso de tecnologias de comunicação, como a Internet e videoconferência, entre outras.

Uma célula abrigará vários componentes: o líder da célula, responsável pela

condução das atividades da célula, que poderá não existir se a célula operar de forma

autogerida; participantes internos à organização, com suas competências e habilidades,

"responsáveis por analisar, decidir e operacionalizar as decisões tomadas" (PAIVA, 1999,

p.114); participantes externos à organização, agregando habilidades não disponíveis

internamente. Os membros de uma célula poderão ser considerados como participantes

permanentes, caso estejam sempre envolvidos nas questões inerentes à célula, quando esta

estiver em operação, ou participantes eventuais, que serão chamados a participar apenas

quando suas habilidades específicas forem necessárias.

As principais utilidades que a estrutura celular pode oferecer às organizações

que optam pela sua adoção são a flexibilidade às mudanças e a ênfase no conhecimento e

no pleno desenvolvimento do potencial das pessoas envolvidas com a organização.

Como barreira a transpor para se implementar esse tipo de estrutura, destaca-

se o aspecto da cultura organizacional, pois a proposta é de uma ruptura com as formas

usualmente empregadas pelas organizações. Ao exigir maior envolvimento e

participação dos empregados, a estrutura celular passa a precisar de um perfil de

funcionário diferente do disponível atualmente.

Para VASCONCELLOS e HEMSLEY (1997, p.25), "sua existência só é viável

em organizações pequenas com clima humano favorável".

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Já PAIVA (1999, p.126-130) entende que a estrutura celular pode ser adotada

por organizações de diferentes setores de atividade, sem mencionar qualquer restrição

quanto ao seu porte. Sua ressalva refere-se à dificuldade de implantação desse tipo de

estrutura em empresas públicas, tendo em vista a dificuldade para romper padrões

tradicionais de remuneração em tais organizações, o que certamente impediria a

implementação de qualquer forma de reconhecimento (e remuneração) baseado no

valor gerado pelo funcionário.

2.10 TENDÊNCIAS PARA O FUTURO DAS ORGANIZAÇÕES

Ao analisar a evolução das formas organizacionais ao longo do presente

século, GERSTEIN e SHAW (1994, p.241-250) procuram apontar algumas tendências

para um novo paradigma organizacional. As principais dessas tendências estão

reproduzidas a seguir:

As organizações existirão em redes de fornecedores, concorrentes e cliente que cooperarão mutuamente para sobreviver num mercado cada vez mais competitivo. (...) As organizações farão acordos com todos os elos da cadeia de valor (...). A necessidade de acordos estimulará competidores tradicionais a colaborar (...). Os limites organizacionais se tornarão imprecisos (...) com o aparecimento de novas formas de colaboração interorganizacional. (...) Os sistemas de trabalho voltados para o alto desempenho (..) passarão a ser a norma (...). Esses (...) caracterizam-se pelos processos comerciais e fluxos de trabalho simplificados, ferramentas tecnológicas avançadas (sistemas especialistas, ferramentas baseadas no conhecimento, documentos inteligentes), e projetos de sistemas humanos inovativos (equipes de trabalho autônomas, projetos de atribuições enriquecidas, hierarquias horizontais). A implantação de sistemas de trabalho de alto desempenho resultará em organizações consideravelmente mais produtivas e inovadoras. (...) Em lugar de uma estrutura formal rígida, a organização será mais orgânica, adaptando-se as condições mutáveis e à carga de trabalho corrente. A maioria do trabalho produtivo será realizada por pequenas equipes assistidas pelo apoio tecnológico. Muitas equipes terão membros de tempo integral e outros de tempo parcial, que vivem e trabalham distantes da sede da equipe, mas amplos sistemas de comunicação tornarão isso totalmente viável. As comunicações eletrônicas generalizadas permitirão a reformulação das organizações de acordo com as exigências do trabalho. (...) Devido à redução das responsabilidades tradicionais de supervisão, as organizações tenderão a ser horizontais, com poucos escalões intermediários. (...) Na organização mais difusa, o principal meio de controle será uma cultura forte (...). As formas organizacionais serão fluidas e transitórias. (...) Com a pressão constante em favor da inovação e da relativa autonomia de iniciar a mudança, as organizações serão melhor compreendidas em termos ‘ecológicos’ do que em termos ‘mecânicos’. As características que distinguirão melhor uma organização eficiente de outra menos eficiente será a sua capacidade de inovar e aprender. (...) a resposta organizacional ‘certa’ não durará muito tempo, porque as modificações nas condições ambientais forçarão uma mudança constante. (...) Haverá uma ênfase geral no desenvolvimento de pessoas que compreendam tanto as questões estratégicas mais amplas como as tarefas específicas em todas as áreas da organização. (GERSTEIN e SHAW, 1994, p.242-246).

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Deve-se aqui ressaltar, porém, que embora alguns sinais indicativos das

mudanças já tenham começado a aparecer, impulsionados pela crescente pressão

competitiva, não se pode afirmar com mais precisão o tempo que levará para que um

novo paradigma se imponha, em definitivo, ao anteriormente vigente.

Em seu estudo sobre as configurações organizacionais, Mintzberg aponta a

forma que ele chama de Adhocracia, mais indicada para capacitar a organização para a

inovação. Trata-se, segundo MINTZBERG (1995, p.250) de uma configuração que

"seja capaz de fundir peritos tirados de diferentes especialidades em equipes de

projetos ad hoc operando suavemente".

As características essenciais da Adhocracia, segundo MINTZBERG (1995,

p.251) são:

(...) uma estrutura grandemente orgânica, com pouca formalização de comportamento; grande especialização horizontal do trabalho baseada no treinamento formal; tendência para agrupar os especialistas em unidades funcionais com finalidades de administração interna, mas desdobrando-se em pequenas equipes de projeto baseadas no mercado para levar a efeito seu trabalho; apoio nos instrumentos de interligação para encorajar o ajustamento mútuo, sendo estes a chave para os mecanismos de coordenação, dentro e entre essas equipes; e descentralização seletiva dentro e para essas equipes, as quais são localizadas em diversos pontos da organização e envolvem várias combinações de gerentes de linha e peritos de assessoria e de operação.

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3 GESTÃO DE CUSTOS

Até a Revolução Industrial, as organizações estabeleciam seus controles

monetários, físicos e avaliação de resultados sob a luz da contabilidade financeira. A

partir de então, com a crescente complexidade da produção, intensificou-se a

necessidade de avaliação de estoques na atividade industrial, contemplando estoques

de matérias-primas, estoques de produtos em processamento, de produtos acabados e

de produtos vendidos em determinado período. Conforme SANTOS (1987, p.17), "(...)

no ano de 1840, Francisco Villa publicou importante obra intitulada La contabilitá

applicata alle amnistrazione privata e pubbliche, que abriu perspectivas técnicas ao

desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de Custo". Em paralelo, acentuou-se a

necessidade de determinação dos resultados obtidos pelas organizações em função do

esforço de fabricação e venda de seus produtos.

A técnica de gestão que se propõe ao atendimento dessas necessidades

denomina-se Contabilidade de Custos, entendida como "parte integrante da

Contabilidade, esta considerada como uma ciência. É muito difícil dissociarmos uma

da outra. A Contabilidade de Custos é um instrumento disponível poderoso porque

utiliza, em seu desenvolvimento os princípios, os critérios e os procedimentos

fundamentais da ciência contábil." (LEONE, 1997, p.27).

Para HORNGREN (1978, p.21-22), a Contabilidade de Custos procura atender a

três objetivos distintos. O primeiro, a geração de relatórios úteis para o planejamento e

controle de operações rotineiras; o segundo, a emissão de relatórios que apoiem a tomada

de decisões não-rotineiras e a formulação de planos e políticas de ação; o terceiro, o

custeio de produtos para a avaliação de estoques e a determinação de lucros. Fica claro,

assim, o aspecto gerencial da Contabilidade de Custos.

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A Contabilidade de Custos se caracteriza por apresentar funções semelhantes

a um centro processador de informações destinado aos diferentes níveis gerenciais da

organização (figura 15).

FIGURA 15 - CONTABILIDADE DE CUSTOS COMO PROCESSADOR DE INFORMAÇÕES

Feedback

FONTE: LEONE, 1989, p.17

As fontes dos dados monetários e físicos (internos e externos) serão os

chamados subsistemas de apoio, tais como: de materiais, de recursos humanos, de

contabilidade, de patrimônio, de planejamento, de produção, de marketing. O centro

processador (a Contabilidade de Custos) acumula, organiza, analisa e interpreta esses

dados, mediante a utilização de um sistema de custos, concebido e estabelecido com a

capacidade de produzir informações adequadas às necessidades gerenciais da organização

no tocante à determinação de resultado, à avaliação de patrimônio, ao controle das

operações, ao planejamento de produção, à tomada de decisões e à gestão de recursos.

A definição das necessidades gerenciais apresentadas pelos diferentes

níveis hierárquicos e os principais usuários das informações servirá de base para a

escolha, seleção e combinação dos critérios e métodos de custeio a serem utilizados

no sistema de custos.

3.1 CRITÉRIOS DE APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS

Os critérios de apropriação dos custos tratam das diferentes formas de

distribuir os custos da organização aos produtos e serviços resultantes da sua atividade.

Dados

Informações

Contabilidade de

custos

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A atribuição de valores monetários aos elementos que compõem o custo e a

determinação da intensidade de sua participação no custo dos produtos são afetadas

pelos critérios de apropriação adotados.

Dois critérios básicos são, comumente, mencionados na literatura: o custeio

por absorção e o custeio direto.

3.1.1 Custeio por Absorção

Encontrado na literatura da área também com outras denominações, como

custeio pleno ou custeio convencional (CHEVITARESE, 1983, p.137), custeio

tradicional (LEONE, 1995, p.30-361) ou ainda custeio integral ou custeio global

(BEULKE e BERTÓ, 1982, p.21), o custeio por absorção é o único legalmente aceito,

no Brasil e em vários países, para a avaliação de estoques para fins de elaboração de

Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultados.

Esse critério considera como "componentes do custo industrial todos os

elementos direta ou indiretamente ligados à produção" (CHEVITARESE, 1983, p.137).

Nos termos de LEONE (1995, p.361), "a expressão custos por absorção é usada para

identificar qualquer sistema de acumulação onde os custos fixos são aplicados à

produção e incluídos nos estoques".

Assim, o custo de cada unidade produzida é composto pelos custos variáveis

da produção, acrescidos de uma parcela referente aos custos fixos atribuídos ao setor

ou ao período em que ocorre a produção. Ao proceder dessa forma, o critério de

custeio por absorção aceita a idéia de que o custo unitário do produto é afetado pela

quantidade produzida: mesmo que o custo variável não se altere, os custos fixos por

unidade produzida decrescem à medida que a quantidade produzida se eleva. Visto por

outro ângulo, pode-se dizer que a ocorrência de capacidade ociosa de produção

aumenta o custo unitário do produto.

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Para contornar a questão descrita, e evitar a flutuação do custo unitário do

produto em função do grau de utilização da capacidade instalada, pode-se optar pelo

arbitramento da parcela de custo fixo apropriável ao produto, e levando, ao final do

exercício, à conta de resultados da empresa a parcela considerada não-apropriável.

Assim procedendo, estar-se-á empregando uma variante desse critério, denominada

custeio por absorção parcial.

Fica claro, entretanto, que, quer considerando o critério de custeio por

absorção em seu enfoque total, quer tomando-o em sua variante parcial, sempre

haverá a necessidade de efetuar rateios dos custos fixos, seja entre diversos

departamentos ou entre vários produtos, incorporando ao custo assim apurado certa

dose de subjetividade.

3.1.2 Custeio Direto

Outras denominações são atribuídas, na literatura, ao se referir ao critério do

custeio direto: custeio marginal por CHEVITARESE (1983, p.140), e BEULKE e

BERTÓ (1982, p.22); custeio variável, por ZUCCHI (1992, p.114), LEONE (1997,

p.324) e CHEVITARESE (1983, p.140); e custeio por não-absorção, por

CHEVITARESE (1983, p.140).

O procedimento básico desse critério está claramente descrito por LEONE

(1997, p.326): "somente os custos e despesas variáveis (em relação a alguma base que

represente o esforço produtivo ou de vendas) devem ser debitados ao custo dos

produtos. As despesas e os custos considerados fixos (quando comparados com a

variação da base selecionada) deverão ser debitados contra o lucro do período".

Desse modo, os custos fixos são considerados como não tendo origem na

atividade produtiva em si, mas sim como elementos alheios à produção, cuja existência

permanece até mesmo em períodos de ausência de atividades.

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Por esse critério, então, apenas entrarão na composição do custo "(...) aqueles

componentes reclamados exclusivamente quando e enquanto a empresa estiver em

atividade, isso é, os custos variáveis" (CHEVITARESE, 1983, p.140). Naturalmente,

isso resulta em valores de custos e estoques mais baixos que aqueles obtidos pelo

critério do custeio por absorção.

O emprego do critério de custeio direto elimina o inconveniente de se

utilizarem bases de rateio subjetivas para apropriar custos fixos aos produtos,

considerando-os, apenas, como custos do exercício.

A principal vantagem apresentada pelo critério de custeio direto é a

identificação imediata do conceito de margem de contribuição, que corresponde à "(...)

diferença entre a receita de vendas e o custo variável de produção" (LEONE, 1997,

p.336). A margem de contribuição tanto pode ser encarada no total quanto em termos

unitários, e deixa claro quanto sobra da receita, após deduzidos os custos variáveis de

fabricação, para a cobertura dos custos fixos da empresa e para a formação de lucro.

O conceito de margem de contribuição é particularmente útil para a tomada

de decisões gerenciais. Em SANTOS (1987, p.40-41), pode ser encontrada uma síntese

das decisões que podem ser facilitadas mediante o uso da margem de contribuição:

a) (...) decidir que produtos devem merecer maior esforço de venda ou ser colocados em planos secundários ou simplesmente tolerados pelos benefícios de vendas que puderem trazer a outros produtos.

b) (...) auxiliar os administradores a decidirem se um segmento produtivo deve ser abandonado ou não. (...).

c) (...) avaliar alternativas que se criam com respeito a reduções de preços, descontos especiais, campanhas publicitárias especiais e uso de prêmios para aumentar o volume de vendas. (...).

d) Quando se chega à conclusão quanto aos lucros desejados, pode-se avaliar prontamente seu realismo pelo cálculo do número de unidades a vender para conseguir os lucros desejados. (...).

e) (...) decidir sobre como utilizar determinado grupo de recursos (exemplo: máquinas ou insumos) de maneira mais lucrativa. (...).

f) Em última análise, os preços máximos são estabelecidos pela demanda do consumidor, os preços mínimos a curto prazo pelos custos variáveis de produzir e vender. (...) a margem de contribuição ajuda os gerentes a entenderem a relação entre custos, volume, preços e lucros e, portanto, leva a decisões mais sábias sobre preços.

Por meio do conceito de margem de contribuição, além do já exposto, pode-

se chegar à determinação do ponto de nivelamento da organização, ou seja, do volume

mínimo de produção e vendas para que não incorra em prejuízos.

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3.2 MÉTODOS DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS

Com o objetivo de produzir informações que possam contribuir para o

atendimento de diversas necessidades gerenciais, tais como planejamento e controle de

custos, avaliação de estoques, determinação de resultados, a contabilidade de custos

recorre a diferentes métodos de acumulação de custos, que serão tratados na seqüência

deste trabalho.

A definição e escolha do método mais adequado dependerá das

características do produto, da tecnologia de produção empregada e, até mesmo, da

conveniência da empresa. Existe, também, a alternativa de se implementar uma

combinação dos métodos, gerando um sistema híbrido que possa atender às

necessidades gerenciais mais abrangentes de controle e planejamento.

Como bem observa LEONE (1997, p.186), "os sistemas de custos podem

tomar várias formas, dependendo da informação que desejam produzir". Essa

variedade de formas é decorrente das várias possibilidades de combinações entre os

métodos de custeio e os critérios de apropriação de custos (custeio por absorção ou

custeio direto) que podem ser implementadas na organização.

3.2.1 Método de Acumulação por Ordem de Produção

O método de acumulação de custos genericamente nomeado como Método

de Acumulação por Ordem de Produção foi concebido com a intenção de permitir à

administração o conhecimento de todos os custos decorrentes da execução de uma

tarefa, um serviço ou uma produção em especial. Na verdade, por meio da ordem de

produção são registrados todos os custos incorridos para a realização daquela produção

em especial, em separado dos demais custos que a empresa possa ter. Esses custos

acumulados podem ser diretamente ligados à produção ou se caracterizarem como

despesas indiretas, desde que identificadas claramente com a produção em foco.

Esse método é particularmente útil para organizações em cuja atividade sejam

gerados produtos diferenciados, elaborados em lotes grandes ou pequenos. Também

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aquelas que operam sob encomenda, atendendo a especificações distintas de fabricação,

ou que têm suas atividades desenvolvidas por projetos, poderão recorrer a esse método

de acumulação. Como observam BACKER e JACOBSEN (1984, p.144), tal método é

usado também quando o tempo exigido para a fabricação da unidade do produto é

bastante longo e quando o preço de venda depende muito do custo da produção (...)". Já

LAWRENCE (1966, p.229) destaca que esse método "adapta-se particularmente bem a

indústrias do tipo de montagem, em que se fabricam porções ou lotes das diversas partes

componentes por meio das mesmas máquinas em tempos diferentes.

Para essas organizações, é importante o conhecimento do custo de cada lote

diferente produzido, ou de cada projeto especial executado, ou de cada encomenda

atendida, já que a natureza de cada produção executada difere das demais.

Algumas características distinguem o método de acumulação de custos por

ordem de produção.

A primeira delas como já visto anteriormente, se refere ao fato de o

método identificar com precisão a elaboração de lotes de produtos diferentes no

processo produtivo.

Outra característica é a de que o custo de fabricação só será conhecido ao

final da fabricação do produto ou lote. Enquanto a produção está se desenvolvendo,

torna-se necessário um minucioso controle das atividades, de forma que associe

imediatamente cada consumo de recurso com o código da ordem de produção

correspondente. Assim, o método exige um esforço burocrático considerável, pois

precisa de um grau adequado de organização e disciplina para fornecer resultados

suficientemente precisos.

Finalmente, o método de acumulação de custos por ordem de produção

permite um melhor conhecimento do resultado obtido com cada produto, além de

oferecer a possibilidade de formação de uma base de informações de custos confiável

para a elaboração de futuros orçamentos.

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3.2.2 Método de Acumulação por Processo

Para MATZ et al. (1987, p.337), "usa-se um sistema de custo por processo

quando se fabricam produtos sob condições de processamento contínuo ou de acordo

com métodos de produção em massa". Ao listar as condições em que se indica a

utilização desse método, LEONE (1997, p.215) menciona as seguintes situações:

a) um único produto que é feito de forma contínua e em grande quantidade; b) produção em massa para o estoque; c) produtos não diferenciados, padronizados na forma, constituição e em sua fabricação; d) a produção é dividida em processos, departamentos ou seções independentes umas das outras; e) quando há facilidade em se determinar os custos e as despesas por processo; f) quando é possível se levantarem os dados quantitativos de cada processo, mesmo no caso em que se fabriquem, ao mesmo tempo, vários produtos e que esses quantitativos possam se relacionar com os custos e despesas respectivos.

Nesses casos, normalmente, não é possível identificar com clareza a qual

produto se refere um certo consumo de recursos. Assim, o custo de cada produto será

calculado, ao final de certo período, dividindo-se o custo total acumulado no período

pelo número de unidades produzido nesse tempo. Trata-se, portanto, de um custo

médio unitário. HORNGREN (1978, p.800), ao comparar os métodos de acumulação

por ordem de produção e por processo, faz questão de salientar que,

independentemente do método escolhido, o custo unitário resultará da extração de uma

média, mas que há uma distinção básica a considerar: a amplitude do denominador,

que é pequena no método por ordem de produção e grande no método por processo.

Nesse método, os custos são agrupados durante um período de tempo,

segundo os processos de produção, departamentos ou centros de custos pelos quais o

produto em elaboração passa. Depois de assim agregados, os custos se deslocam ao

longo do processo de produção, à medida que as unidades em produção se transferem

de um centro de custo a outro subseqüente, até o final do processo.

3.2.3 Método de Acumulação por Unidades de Esforço de Produção (UEP)

O método de custeio por Unidade de Esforço de Produção (UEP ou UP) tem

seu conceito fundamental no pressuposto de que os controles de gestão produtiva das

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organizações possam ser medidos por meio de um unificador e que, por meio de uma

única unidade, toda e qualquer produção possa ser medida, por mais diversificada que

seja (ALLORA e GANTZEL, 1996, p.47).

A literatura referente a esse método aponta que, há muitos anos, estudos e

tentativas vêm sendo elaborados para encontrar uma unidade de medida capaz de

medir e custear produtos oriundos de produções diversificadas, especialmente nas

indústrias de transformação.

A unidade de esforço de produção (UEP) foi desenvolvida e aperfeiçoada a

partir dos princípios e conceitos teóricos do Método Perrin (homenagem ao seu

criador, Georges Perrin), elaborado durante a Segunda Guerra Mundial. Tal método

representou um grande avanço no estabelecimento de uma unidade de produção,

denominada GP, cujo embasamento teórico está assentado sobre a equivalência de

máquinas, e não de produtos, e cujo valor é obtido através das etapas do processo de

produção de cada produto.

O princípio básico do Método de Perrin é o Princípio das Constantes Ocultas,

definido pelo autor como "qualquer que sejam os preços unitários, os esforços de

produção desenvolvidos pelas diversas operações elementares de trabalho de uma fábrica

são interligados entre si, por relações constantes no tempo". (ALLORA, 1985, p.66).

No Brasil, o prof. Franz Allora desenvolveu e aplicou essa técnica, introduzindo

um novo conceito, mediante a utilização da noção do esforço de produção.

Para ALLORA (1985, p.65), "esta nova noção representa, para uma máquina

funcionando, o esforço da própria máquina, o esforço dos capitais, o esforço da

energia aplicada, e outros direta e indiretamente".

As características essenciais dos procedimentos do método UEP, segundo

ALLORA (1985, p.66), são:

a) em um determinado momento, todos os esforços de produção são

medidos em valores monetários, e são calculadas as relações entre eles.

Logo após, os valores monetários são abandonados, e o método passa a

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operar apenas sobre as relações, que passam a receber a denominação de

Unidades de Esforço de Produção - UEP;

b) o procedimento anterior é realizado para cada posto de trabalho, o que

permite a acumulação das quantidades de UEP dos diversos produtos em

função de sua passagem, durante o processo produtivo, pelos vários

postos de trabalho;

c) a soma das UEP acumuladas em todos os produtos mede a produção

total da empresa;

d) a qualquer momento, o valor monetário da UEP pode ser avaliado,

permitindo a quantificação do custo de cada produto, tanto em UEP

quanto em valor monetário;

e) as relações expressas pelas UEP se mantêm inalteradas por longo tempo,

exigindo poucas revisões periódicas.

Essa última característica é contestada por De ROCCHI, citado por LEONE

(1997, p.233), com o argumento de que "basta observar qualquer organização moderna

e em fase de desenvolvimento ou expansão onde, diariamente, estão-se modificando

processos, alterando composições de matérias-primas, e desenhos de produtos e que

essa dinâmica fatalmente conduzirá a profundas modificações nas estruturas de

custos". Assim, como afirma LEONE (1997, p.233), também as relações traduzidas

pelas UEP sofrerão significativas modificações.

LEONE (1997, p.231-234) apresenta ainda uma série de questionamentos a

respeito da validade científica e da aplicabilidade do método das Unidades de

Esforço de Produção.

Segundo esse autor, não há qualquer referência, tanto à unidade GP quanto às

UEP, na literatura referente a custos proveniente dos Estados Unidos ou mesmo da

França, embora reconheça a existência de muitas dissertações desenvolvidas nas

instituições em que o Prof. Franz Allora atuou, e faça menção ao uso das UEP na área

de fabricação da empresa O Boticário.

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71

Por outro lado, ALLORA e GANTZEL (1996, p.51) informam que o método

das UEP já é matéria curricular em diversas universidades brasileiras, estando

implantado em mais de 60 organizações.

No que concerne à sua aplicação, LEONE (1997, p.234) reconhece que a técnica

das UEP é muito interessante, desde que se possa superar alguns problemas, como a

dificuldade de determinação de suas premissas básicas e a inconstância das relações

medidas pelas UEP. O mesmo autor reconhece, ainda, que o método tem muita lógica e é

de fácil entendimento, mas ressalva que sua implantação sempre será difícil e trabalhosa, e

que sua aplicação é mais indicada para empresas industriais que operam em regime de

produção contínua. Além disso, o método não se mostra apropriado para atividades

comerciais e administrativas e não apresenta o grau de flexibilidade necessário para

compor um sistema de custos que precisa se amoldar a condições operacionais,

tecnológicas e organizacionais em constante mutação.

3.2.4 Método de Custeio Baseado em Atividades (ABC)

As mudanças e os novos desafios ambientais enfrentados pelas empresas têm

exigido enorme esforço de atualização no âmbito da contabilidade de custos no que diz

respeito aos métodos de custeio.

O método ABC é uma dessas atualizações que reúne características e

fundamentação suficiente para marcar uma nova fase na história dos métodos

utilizados para a gestão dos custos das organizações empresariais.

Não há consenso sobre a época precisa em que surgiu o método de custeio

ABC. Em LEONE (1997, p.252-254) pode ser encontrado um apanhado dessa

controvérsia, com várias menções significativas, como:

a) um método semelhante ao ABC foi implantado na General Eletric, a

partir de 1963, com a finalidade específica de controlar e administrar o

crescimento de seus custos indiretos;

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b) em livro datado de 1964, Schillinglaw afirma que todos os custos têm

um direcionador, por ele intitulado "fator governante";

c) outro autor, De Rocchi, estabelece ligações dos fundamentos do ABC com

as técnicas PERT e CPM, do final dos anos de 1960, e com as bases dos

Mapas de Localização de Custos, empregados desde a década de 1920.

Mais adiante, LEONE (1997, p.431) se refere a artigo de Koehler, que afirma

que "o conceito (ABC) não é recente, tendo sido utilizado pela Caterpillar já em 1940",

e ainda faz referência a livro de Longoan e Schiff, de 1955, que denominavam esse

método de custo funcional.

De todo modo, o mesmo LEONE (1997, p.254) menciona que o primeiro

trabalho publicado em que o método ABC foi formalmente tratado foi o livro de

Staubus, intitulado Activity costing and input-output accounting, editado em 1971.

Nessa época, entretanto, não houve uma repercussão imediata, talvez em função

de algumas limitações tecnológicas na área da informática, que ainda não havia

desenvolvido plena capacitação para cumprir integralmente seu papel fundamental como

ferramenta de apoio para a coleta e o processamento dos dados requeridos pelo ABC.

A difusão do método de custeio ABC inicia-se, portanto, efetivamente a partir

da década de 1980, em um ambiente permeado pela insatisfação com os métodos

denominados "tradicionais", ao mesmo tempo que a adoção de tecnologias de informática

aplicada às áreas administrativas das organizações ganhavam impulsos significativos.

Paralelamente a esse contexto interno às organizações, é preciso reconhecer

que as alterações importantes que se processaram no ambiente econômico a partir dos

anos de 1970 provocaram os estímulos necessários para o surgimento e a divulgação

de novos métodos de custeio.

Entre essas alterações, é importante destacar o rápido crescimento da

competição global, em grande parte motivado pela revolução dos métodos de

produção, com a substituição da produção em massa pela produção flexível, e também

a difusão dos princípios de aperfeiçoamento contínuo e de eliminação de desperdícios,

bases da filosofia de excelência empresarial, representada na figura 16.

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FIGURA 16 - OS PILARES DA EXCELÊNCIA EMPRESARIAL

FILOSOFIA DE EXCELÊNCIA EMPRESARIAL

FA

ÇA

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CO

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S C

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AS

CONTÍNUO APERFEIÇOAMENTO + ELIMINAÇÃO DE DESPERDÍCIOS

FONTE: NAKAGAWA, 1991. p.24. Adaptada de HUGE, Ernest C. The spirit of manufacturing excellence. Boston : Dow Jones Irwin, 1998

Nesse novo ambiente há grande pressão pela busca de uma vantagem

competitiva, realçando a necessidade do uso de uma tecnologia de mensuração e

gestão de custos capaz de fornecer respostas confiáveis às seguintes questões,

propostas por BRIMSON (1996, p.20):

1. Quais são os custos e lucros influenciáveis (e claramente identificados) para as principais linhas de produtos e clientes?

2. Quais são os padrões de comportamento de custo de cada atividade incluindo sua capacidade, e qual a variação de volume permitida sem alteração de custos?

3. Quanto representa o desperdício (não agrega valor) no custo, e quais são as melhores práticas para uma atividade?

4. Como variam os custos indiretos em função das mudanças do negócio? Quais custos são evitados se o volume decresce?

5. Como a estrutura atual de custos, a utilização da capacidade e a tendência do desempenho não financeiro se comparam com aquelas dos concorrentes?

6. Como menores custos podem ser planejados nos produtos novos e nos existentes?

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O autor enfatiza que um sistema de informações gerenciais capaz de

responder a essas perguntas críticas deverá atender às necessidades de avaliação de

desempenho e o custo das atividades desenvolvidas nos processos organizacionais.

Fundamentalmente, o método de custeio ABC parte da premissa de que as

diversas atividades desenvolvidas pela empresa geram custos e que os diversos

produtos consomem (utilizam) essas atividades. Assim, na operacionalização desse

método define-se a relação entre atividades e produtos por meio da utilização do

conceito de cost drivers (direcionadores de custos), sendo os custos alocados aos

produtos via direcionadores específicos.

Essa proposta conceitual do método de custeio por atividades tem sua

origem, dentre outros fatores, no crescimento da participação dos custos indiretos de

fabricação na composição dos custos totais, nas últimas décadas, como ilustra a figura

17, adaptada de CHING (1995, p.16).

FIGURA 17 - EVOLUÇÃO RECENTE DO PERFIL DOS CUSTOS

custo

tempo

FONTE: CHING, 1995, p.16

Custos Diretos

Tecnologia

Mão-de-obra

Custos Indiretos

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Como pode ser observado na figura 17, a posição de destaque outrora

ocupada pelos custos de mão-de-obra diminui, crescendo em importância os custos

indiretos de fabricação.

Segundo SHANK e GOVINDARAJAN (1995, p.222),

Hoje, o custo da mão-de-obra não é apenas muito menos importante, é também visto cada vez menos como um custo que varia quando o volume de produção varia. A mão-de-obra é agora parte da equipe em um grande e crescente número de empresas. Mas um número cada vez maior de empresas está se debatendo com os CIF. O custo indireto é agora a parte dominante do custo, e as empresas estão buscando desesperadamente formas para compreender por que seu crescimento mina tanto seus esforços para gerar lucros adequados.

Tal alteração, como não poderia deixar de ser, realçou a importância da adoção,

pelas organizações, de sistemas de gestão modelados com métodos de apropriação dos

custos indiretos mais eficazes do que aqueles oferecidos pelos métodos tradicionais.

Os métodos tradicionais foram concebidos para épocas anteriores, quando a

mão-de-obra direta e os materiais eram os elementos de produção dominantes, a

tecnologia era estável, e os custos indiretos de fabricação eram compartilhados por um

processo produtivo geralmente rígido, com a geração de uma gama limitada de produtos.

Nesse ambiente, era possível aos métodos tradicionais apropriar os custos

indiretos de fabricação aos produtos basicamente pelo uso de medidas de volume

de produção, como horas-máquina, horas de mão-de-obra direta ou custo do

material empregado.

Segundo BRIMSON (1996, p.24),

Os sistemas tradicionais de custeio informam um custo de produto razoavelmente correto quando a atividade indireta é consumida em relação ao volume de produção. Por exemplo, os encargos sociais dos empregados diretos são relacionados à mão-de-obra direta e os custos de energia são relacionados às horas de máquina. No entanto, o custo dos produtos torna-se distorcido quando as atividades indiretas, não relacionadas com o volume de produção, aumentam significativamente. Atividades de empresa, como engenharia e assistência técnica, não são relacionadas ao volume atual de produção.

A abordagem dos sistemas de custeio tradicionais consiste numa visão vertical

de alocação dos custos, acompanhando a estrutura funcional da organização. A alocação

dos custos e despesas, tais como salários, viagens, materiais, se processa nos centros de

custos, departamentos. A empresa é dividida em unidades especializadas, com rígida

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definição de responsabilidade. Os gerentes de cada área funcional estimam seus custos

para atingir os objetivos estabelecidos e são controlados por sistemas contábeis e de fluxo

de caixa. As avaliações de desempenhos e de resultados baseiam-se em confrontos entre o

orçado e o realizado, e pelo alcance dos objetivos preestabelecidos.

Dentro dessa visão, ainda, estabelece-se a dicotomia sobre o entendimento

dos objetivos organizacionais, e o inter-relacionamento de atividades entre os vários

departamentos é ignorado.

Esses procedimentos darão margem a decisões como: redução geral no

orçamento, congelamento de salários e treinamentos, redução de investimentos. Essas

decisões conflitam com a filosofia de excelência empresarial e com um planejamento

de médio e longo prazos, uma vez que apresentam resultados operacionais sem uma

avaliação de suas causas.

Contrastando com essa abordagem tradicional, o método de custeio por

atividade (ABC) fundamenta-se numa visão horizontal dos processos do negócio. A

organização é analisada pelos seus processos e subprocessos, cada um deles

constituído por um grupo de atividades.

Nas palavras de COGAN (1997, p.27), "um processo é constituído de uma

série de atividades que agregam valor, gerando um determinado produto final (bem ou

serviço) que se pretende deverá atender às necessidades dos clientes internos ou

externos. Isso pode acontecer num grande processo interdepartamental e/ou num

processo intradepartamental". A figura 18, a seguir, procura demonstrar essa visão.

Essa abordagem se mostra compatível com a moderna concepção da

organização, que enfatiza mais os processos de negócios do que os departamentos

funcionais, como explicitado nas Estruturas Matriciais e Celulares.

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FIGURA 18 - PROCESSO DE NEGÓCIO

PROCESSO DE NEGÓCIO

Entrada Saída FONTE: COGAN, 1997, p.43

O custeio dos produtos é elaborado em duas etapas distintas. Na primeira,

são identificadas e analisadas as atividades que têm seus custos determinados; na

segunda etapa, os custos das atividades são alocados aos produtos.

No método de custeio ABC, atividade é tudo aquilo que é executado em uma

empresa consumindo recursos para a concretização de um processo.

Segundo NAKAGAWA (1991, p.38), "o desempenho destas atividades é que

desencadeia o consumo de recursos e que, portanto, merece ser observado e analisado

cuidadosamente. Com o objetivo de discriminar as atividades que adicionam valor e as

que não adicionam nenhum valor aos produtos".

As atividades serão custeadas pelo rastreamento dos recursos absorvidos em

sua execução ou elaboração – como materiais, mão-de-obra, seguro, consumo de

energia elétrica – e definidos os direcionadores de custos, que são os fatores ou

medidas de consumo que fazem com que as atividades sejam realizadas.

Segundo COOPER, citado por COGAN (1997, p.30),

para a seleção de um direcionador de custos, três fatores são levados em conta:

• A facilidade na obtenção dos dados necessários para o direcionador de custos escolhido (custo de medição).

• A correlação entre o consumo da atividade e o consumo real (grau de correlação). • A influência que um determinado direcionador terá no comportamento das pessoas (efeito

comportamental).

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Os direcionadores auxiliarão e conduzirão os valores dos recursos

consumidos para as atividades, concretizando-se, dessa forma, o cálculo do custo de

cada atividade.

O custo da atividade, uma vez calculado, deverá ser rastreado ao objeto de

custeio, que poderá ser representado por um produto, por um serviço ou mesmo por

um processo. A figura 19 procura retratar esses procedimentos.

FIGURA 19 - MÉTODO ABC

RECURSOS DIRECIONADOR

DE CUSTOS

CENTRO DE ATIVIDADES

DIRECIONADOR

DE CUSTOS PRODUTOS

1 2

1

3 4

2

5 6 3 7

n

n

FONTE: COGAN, 1997. p.37

3.3 MÉTODO DE CONTROLE DE CUSTOS

3.3.1 Método do Custo-Padrão

O método do Custo-Padrão tem como objetivo proporcionar um instrumento

de controle à gestão dos custos das organizações.

Nesse sentido, é fundamental enfatizar-se o significado do termo controle.

Segundo PEREZ Jr. et al. (1995, p.50), "controle significa tomar conhecimento de

determinada realidade, compará-la com o que deveria ser em termos ideais, identificar

oportunamente os desvios e adotar providências no sentido de corrigir esses desvios".

P2

Pn

P1

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O controle de custos ocorrerá quando for possível a identificação dos custos

em departamentos, processos e elementos de custos e, posteriormente, for elaborada

uma análise e comparação entre as duas situações, ou seja, entre como deveria ser e o

que ocorreu efetivamente.

Na gestão dos custos, uma das formas mais eficazes para o controle é a

determinação de custos-padrão.

O conceito de custo-padrão aparece na literatura especializada sob diversas

acepções, porém é necessário observar com cuidado algumas diferenças fundamentais,

até mesmo porque essas diferenças nortearão as bases da implantação desse método e

influenciarão profundamente as análises e avaliações resultantes do custo-padrão.

O conceito de custo-padrão pode ser construído sobre a concepção de um

custo de produção de um bem ou serviço, pressupondo o uso dos melhores materiais,

nível zero de ociosidade de mão-de-obra, o uso de 100% da capacidade disponível e

uma manutenção real compatível com a manutenção programada; esse custo-padrão é

denominado de custo-padrão ideal.

Esse conceito encontra-se superado, uma vez que no transcorrer da

produção e na elaboração dos processos é muito comum a interferência de variáveis

exógenas, não consideradas convenientemente no estabelecimento do custo-padrão

ideal ou científico. O custo-padrão ideal poderá ser estabelecido como objetivo de

longo prazo para a organização e não como meta de curto e médio prazos

(MARTINS, 1996, p.333).

Em contraposição, o conceito de custo-padrão corrente apresenta maior

validade e praticidade mais ampla em seu uso. Nesse conceito, o custo-padrão é

estabelecido com base nas condições reais de operacionalização da organização,

considerando-se os fatores que esta coloca à disposição da produção, como máquinas,

especialização de mão-de-obra, necessidade de manutenção, entre outros.

O custo-padrão corrente deverá ser uma meta difícil de alcançar, mas não

impossível de ser obtida nas condições habituais da organização. Promoverá, assim,

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um elo entre os aspectos teóricos e práticos da produção, dentro de uma abordagem

madura do que poderá ser atingido efetivamente. Assim, poderá ser utilizado para

análises e avaliações de curto prazo, proporcionando apoio a decisões imediatas

(MARTINS, 1996, p.333).

Deve-se ressaltar que o conceito de custo-padrão corrente difere

substancialmente do conceito de custo estimado. Este último apenas configura-se

como um custo que será normalmente atingido pela organização, numa suposição de

que a média do passado é uma boa estimativa, com pequenos ajustes, para o futuro.

Por seu lado, o custo-padrão corrente exige o alcance de certos níveis de eficiência no

desempenho das atividades produtivas, sendo, portanto, mais completo que uma

simples estimativa com base no passado.

Tendo claramente definido o conceito de custo-padrão a ser utilizado, a

organização encontrará nesse método um dos melhores instrumentos para o controle

de seus custos.

Os principais resultados obtidos poderão ser evidenciados em áreas tais

como: auxílio à eliminação de falhas nos processos produtivos, melhoramento dos

controles de consumo de materiais, estabelecimento de instrumentos de avaliação de

desempenho, confiabilidade nos dados utilizados na apuração do custo real, agilidade

na obtenção de informações de custos.

O custo-padrão é determinado a partir de medidas técnicas e práticas de uso e

consumo dos fatores de produção, materiais, mão-de-obra e outros custos indiretos

definidos com base nos processos. Em seguida, esses padrões são associados a uma

unidade monetária, também considerada padrão. Assim, o custo-padrão pode ser obtido

por meio da multiplicação dos padrões de consumo pelo respectivo padrão monetário.

Os procedimentos para a definição dos elementos padrões poderá ser melhor

visualizado no quadro 6.

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QUADRO 6 - PROCEDIMENTOS PARA DEFINIÇÃO DE ELEMENTOS PADRÕES

PADRÃO A SER DETERMINADO PROCEDIMENTO OU CRITÉRIO UTILIZADO

Padrão físico de consumo das matérias-primas e demais materiais

Pesagens e/ou medições, levando em consideração também as perdas e quebras normais no processo produtivo.

Padrão de valor das matérias-primas e demais materiais

Custos correntes de reposição ou os custos incorridos nas últimas compras.

Padrão técnico da utilização da mão-de-obra Quantificados por cronometragem de tempo das operações produtivas, de acordo com amostragens estatísticas. Deve ser levado em consideração o desempenho normal de um operário, em condições normais de produção, incluindo as perdas normais de tempo para trocas de ferramentas, substituição de matérias-primas, deslocamentos periódicos do setor, etc.

Padrão de taxas horárias da mão-de-obra Calculado considerando o custo com salários, encargos sociais e outros benefícios.

Padrão monetário dos custos indiretos de fabricação A taxa unitária decorre da divisão do total dos custos indiretos conhecidos pelo fator escolhido para apropriação aos produtos.

FONTE: PEREZ Jr. et al., 1999, p.159

A determinação dos padrões e definição dos procedimentos e critérios

apresentados envolverá a participação das diversas áreas da organização. As áreas de

contabilidade de custos e de engenharia de produção serão, certamente, as principais

responsáveis nessa atribuição.

À primeira caberá, junto com a controladoria, a determinação dos padrões

monetários, como preços de matérias-primas e de outros materiais, taxas salariais,

valores de aluguéis e depreciações, de consumo de energia e de telefone, etc.

A segunda será responsável pela obtenção de padrões técnicos e

quantitativos, como: consumos de materiais, quantidade de horas de mão-de-obra

direta, quantidade de horas-máquina, número de preparações de máquina, entre outros.

Após a determinação do custo-padrão, este atuará como um parâmetro de

comparação com o custo real gerado para cada elemento de custo (materiais, mão-de-

obra e custos indiretos de fabricação). Essas comparações abrirão as possibilidades de

análises de variações, desdobradas em variações de preços e de quantidades, que

servirão de bases para a efetivação de correções e ajustes futuros, quando necessário.

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A utilização do método do custo-padrão, segundo KAPLAN e COOPER

(1998, p.41), teve sua origem com as inovações introduzidas pelo movimento da

Administração Científica, servindo de base para os sistemas de controle durante o

transcorrer do século XX. Sua implantação, no entanto, deverá atender às necessidades

gerenciais de controles preestabelecidos e um prévio reconhecimento de que este

deverá estar acoplado a outros métodos e critérios, também previamente definidos. Ou

seja, o método do custo-padrão não responderá, de forma isolada, a uma gestão de

custos eficiente. Deverá, portanto, ser especificamente projetado para promover a

eficiência e a otimização dos recursos, de maneira que aumente a qualidade e a

viabilidade econômica dos produtos e serviços ofertados pela organização.

3.4 MÉTODOS DE REDUÇÃO DE CUSTOS

Nos anos recentes, tem crescido a competição entre as organizações, como

conseqüência tanto da intensificação dos avanços tecnológicos como da própria

integração entre as várias economias nacionais, característica do movimento da

globalização.

Envolvidas nessa competição, as organizações acabam se vendo às voltas

com um objetivo comum: produzir e ofertar aos consumidores produtos com a

qualidade necessária a preços aceitáveis.

O recurso a freqüentes inovações tecnológicas nos produtos é uma forma de

obter um posicionamento competitivo diante da concorrência; por vezes, este

expediente possibilita a penetração no mercado com preços superiores aos produtos

rivais. Entretanto, algumas características atuais do mercado fazem com que os

consumidores rejeitem produtos com preços mais elevados, mesmo acompanhados de

argumentos que apontam para acréscimos de funções ou melhoria das já existentes. Na

verdade, tem havido uma redução nas diferenças de qualidade percebidas pelo

consumidor ao comparar produtos de diversos produtores, o que o torna mais sensível

à variável preço ao fazer suas opções de compra.

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83

Com a forte pressão do mercado por redução de preços, a preservação da

saúde financeira da organização passa a depender do sucesso que ela possa ter em

reduzir adequadamente os seus custos, única forma restante para a manutenção de sua

margem de lucratividade em nível satisfatório.

Assim, torna-se fundamental a implantação de algum método racional de

gestão de custos orientado para a capacitação da organização para a competição,

através da busca sistemática de reduções nos custos de seus produtos.

Nesse contexto, apresentam-se a seguir dois métodos originários da indústria

automobilística japonesa, mas cuja possibilidade de utilização ultrapassa qualquer fronteira

nacional ou entre ramos de atividade: o custo-alvo (ou custo-meta) e o custo kaizen.

Uma ilustração encontrada em MONDEN (1999, p.23) mostra que, na

verdade, esses dois métodos de redução de custos são complementares, úteis cada qual

em um momento específico (figura 20).

FIGURA 20 - EFEITOS DO CUSTO-ALVO E DO CUSTO KAIZEN NA CURVA DE CUSTO E TENDÊNCIAS DE

PREÇOS DE VENDA

Preço de venda

Preços Custos-alvo incluídos no planejamento e para o modelo geração "t"

Custos

Redução de custos devido ao custo-alvo

Redução de custos

devido ao custo

Custos-alvo embutidos no planejamento para o modelo geração "t + 1"

Custos-alvo estabelecidos pelo custo kaizen

Ciclo de vida do modelo geração "t"

Ciclo de vida do modelo

geração "t + 1"

Tempo

FONTE: MONDEN, 1999, p.23

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A figura 20 mostra uma sucessão de duas gerações de um produto, com a

configuração de suas respectivas curvas de custos em forma de "U". Esta forma

expressa o comportamento decrescente dos custos, a partir do início de produção de

um produto, em decorrência da melhor utilização de recursos produtivos, até um certo

ponto a partir do qual qualquer redução só pode ser obtida através do lançamento de

um novo produto (ou de uma nova geração do produto).

Pode-se dizer que o custo-alvo está voltado a cortes de custos durante o

planejamento e desenvolvimento do produto, enquanto o custo kaizen se refere às

reduções de custos conseguidas durante o período de produção do produto.

3.4.1 Método do Custo-Alvo

Segundo MONDEN (1999, p.27), o custo-alvo

incorpora a administração do lucro em toda empresa durante a etapa de desenvolvimento do produto. Especificamente, esses esforços em toda empresa incluem (1) planejar produtos que tenham a qualidade de agradar ao consumidor, (2) determinar os custos-alvo (inclusive custos de investimento alvo) para que o novo produto gere o lucro-alvo necessário a médio ou longo prazos, dadas as condições de mercado correntes, e (3) promover maneiras de fazer com que o projeto do produto atinja os custos-alvo, ao mesmo tempo em que satisfaça as necessidades do consumidor por qualidade e pronta-entrega.

Para SAKURAI (1997, p.49), o custo-alvo "é um método abrangente de

gerenciamento estratégico de custos que envolve a redução de custos durante todo o ciclo

de sua ocorrência. Para atingir esse objetivo, o custo-meta faz da integração das funções

de produção e de marketing com a engenharia a razão principal de sua existência".

De forma mais específica, esse mesmo autor conceitua o custo-meta como

"um processo estratégico de gerenciamento de custos para reduzir os custos totais, nos

estágios de planejamento e de desenho do produto. (...) esse processo de redução de

custos é aplicado nos estágios iniciais da produção. O resultado é o incentivo à

inovação". (SAKURAI, 1997, p.52).

Em um breve relato, SAKURAI (199, p.49-52) sintetiza a evolução histórica

do custo-alvo, a partir de suas primeiras utilizações no Japão, no início da década de

60, até meados dos anos 90.

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85

No referido relato são mencionadas as primeiras incursões, efetuadas pela

Toyota (1963) e pela Nissan (1966). Entretanto, essa era uma época em que

predominava a produção em massa de produtos padronizados, e o foco principal do

gerenciamento dos custos se voltava ao processo de fabricação, relegando a um plano

bastante inferior as atividades de planejamento e desenho.

Após a crise do petróleo, em 1973, é que o custo-alvo teve sua grande

disseminação entre as empresas japonesas. Com a elevação do padrão econômico dos

consumidores, estes diversificaram suas preferências, induzindo as empresas a alterar

sua atividade produtiva. Passaram elas a fabricar grande variedade de produtos com

características distintas, em lotes de pequena dimensão, tarefa que se tornou possível

graças à disseminação dos computadores, robôs industriais e máquinas de comando

numérico. Em conseqüência, o ciclo de vida dos produtos sofreu forte redução, o que

acabou por dar destaque ao gerenciamento dos custos nos estágios de pré-produção,

pois é neles que a estrutura dos custos da futura produção é determinada, além do fato

de que o tempo de produção, durante o qual os custos podem ser reduzidos, passou a

ser menor, dificultando ganhos significativos durante o estágio de produção. "(...) os

esforços de redução de custos nos estágios de planejamento e de desenho tornaram-se

cruciais para a sobrevivência das empresas nos tempos atuais de grande concorrência,

porque cerca de 90% dos custos são determinados no estágio de planejamento".

(SAKURAI, 1997, p.51).

A partir do final a década de 80, o custo-alvo passou a ser um instrumento de

gerenciamento estratégico de custos, fortemente ligado à estratégia das organizações,

associado ao seu planejamento de lucros.

Nesse sentido, SAKURAI (1997, p.55), embora afirme ser a redução do custo

o objetivo principal do custo-meta, aponta para a existência, na verdade, de dois

objetivos: reduzir os custos totais e planejar estrategicamente lucros, integrando

informações de marketing, engenharia e produção.

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Uma característica essencial do custo-alvo é estar voltado para o mercado, ou

seja, ele incorpora informações externas, provenientes do mercado para definir metas

de custos, enquanto outros métodos, como o custo-padrão, por exemplo, são centrados

internamente, focalizando a produção em si.

Dessa forma, o custo-alvo deixa de ser apenas uma técnica de interesse

restrito à área da contabilidade gerencial, para constituir uma parte componente do

próprio planejamento estratégico da empresa. Portanto, passa a estar integrado à

estratégia empresarial e à análise do ambiente externo, principalmente os aspectos

inerentes ao mercado.

Da maior importância, também, é outra característica mencionada por

SAKURAI (1997, p.57), que afirma: "o custo-meta depende da colaboração entre

departamentos, e reforça essa colaboração", já que assume a função de instrumento de

coordenação de informações de mercado, de engenharia e de produção.

O mesmo autor realça uma última característica fundamental, esta ligada à

forma de produção empregada pela organização. Para ele, o custo-alvo não é

totalmente adequado à produção em massa, mas tem maior eficácia quando aplicado

na produção de grande variedade de produtos e baixo volume de produção.

(SAKURAI, 1997, p.58).

Em MONDEN (1999, p.28-35), pode-se encontrar uma divisão do custo-alvo

em 14 etapas (algumas delas podem ser executadas simultaneamente), empregadas

pela indústria automotiva, a seguir sintetizadas:

Etapa 1 - Planejamento do Ciclo de Vida para um Novo Produto Específico

Elabora planos para o período de desenvolvimento do produto, bem como

para o período de produção em escala total, incluindo estimativas de custos de pessoal

para o projeto, desenvolvimento de protótipo, equipamento necessário e de materiais,

culminando com um plano de lucro provisório para o ciclo de vida do produto.

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Etapa 2 - Planejamento de Lucro de Médio e Longo Prazos e Plano Geral de

Novos Produtos

São formulados planos de lucro para três e/ou cinco anos, coordenando planos

específicos (por exemplo, de desenvolvimento de novos produtos, de vendas, de

investimentos, de pessoal) em um plano corporativo. Ao mesmo tempo, desenvolve-se um

plano de ciclo de vida para cada novo produto que se pretende lançar.

Etapa 3 - Merchandising

Realiza pesquisas de mercado, buscando identificar as necessidades do

usuário, as tendências dos competidores e questões relacionadas com a qualidade.

Etapa 4 - Conceituação de Produto e Proposta de Desenvolvimento

A partir das informações da etapa anterior, determina-se os conceitos básicos

para os novos produtos, contemplando os propósitos do produto, o potencial do

mercado, a imagem de estilo de vida, as principais funções. Trata-se, portanto, de um

enfoque mais específico em torno do produto em si.

Etapa 5 - Plano Detalhado de Desenvolvimento e Diretriz de Desenvolvimento

Inclui uma decomposição detalhada da proposta de desenvolvimento,

especificando os elementos estruturais do produto.

Etapa 6 - Determinação do Preço de Venda

A partir de estudos dos preços de venda de produtos competidores, de suas

funções e desempenho, estabelece-se um preço de venda-alvo para o novo produto.

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Etapa 7 - Estabelecimento do Custo-Alvo para o Produto

Trata da fixação do custo-alvo para o produto, através da fórmula:

Custo-alvo = Preço de vendas-alvo – Lucro de vendas-alvo

Durante o processo, o custo-alvo é decomposto em custos sujeitos a

atividades de redução de custo e custos não-sujeitos a atividades e redução de custo.

Etapa 8 - Proposta de Investimentos na Planta

Determina o volume de investimentos na planta produtiva.

Etapa 9 - Dividir Custo-Alvo em Elementos Funcionais e de Custo

Nesta etapa o custo-alvo do produto é decomposto pelos seus elementos

funcionais.

Etapa 10 - Classificar Custos-Alvo em Elementos de Componentes

Aqui, cada elemento funcional é separado em componentes específicos, cada

qual com seu custo-alvo.

Etapa 11 - O Projeto do Produto e as Atividades de Construção de Custo

Refere-se ao trabalho de elaboração dos projetos de componentes do

produto, visando à satisfação de dois requisitos: o grau de qualidade desejado e o

custo-alvo programado. Nesse sentido, todos na organização devem trabalhar em

sintonia para o alcance desses requisitos.

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Etapa 12 - Estimativas de Custo na Etapa de Projeto

As estimativas de custo na fase de projeto podem ser efetuadas de acordo

com tabelas de custos baseadas nos custos-alvo especificados para o produto, as

funções e os componentes. Pode contemplar uma subdivisão, como:

Custos de manufatura = Custos diretos de

matérias-primas + Custos de processamento +

Custos diretos de operação (inclui

desenvolvimento)

Etapa 13 - Plano de Transferência para a Produção

Prepara as condições para a conciliação dos lucros-alvo com os custos-alvo

na fase de produção. Aqui são estabelecidos os parâmetros finais de preços de venda,

preços de componentes, taxa de consumo de materiais, horas-homem e outros fatores

relativos aos custos do novo produto.

Etapa 14 - Avaliação de Desempenho do Planejamento de Custo

Avalia os resultados do custo-alvo ao se iniciarem as atividades de manufatura.

Um maior detalhamento acerca dessas etapas do custo-alvo pode ser

encontrado no trabalho do mesmo autor (MONDEN, 1999, p.46-142).

3.4.2 Método do Custo Kaizen

O método do custo kaizen tem como principal objetivo, segundo MONDEN

(1999, p.221), "(...) a constante busca de reduções de custo em todas as etapas da

manufatura para ajudar a eliminar qualquer diferença entre os lucros-alvo (...) e os

lucros estimados".

Nesse sentido, conforme SAKURAI (1997, p.52) e MONDEN (1999, p.221), o

custo kaizen pode envolver dois tipos de atividades de redução de custos. O primeiro se

refere a atividades direcionadas à redução dos custos de cada modelo de produto; o

segundo, a atividades direcionadas à redução de custos por departamento, a cada período.

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3.4.2.1 Custo kaizen para produtos específicos

Na primeira situação, ou seja, quando se tratar de buscar a redução de custos

para produtos específicos, o custo kaizen pode se destinar a:

a) compensar os resultados que não atingiram as metas do custo-alvo: é

feita uma avaliação dos custos de um novo produto, após o início de sua

produção plena e, caso algumas metas de custo-alvo estabelecidas não

estejam sendo atingidas, são determinados planos de melhorias para

compensar a diferença encontrada. Essa diferença constitui a chamada

redução-alvo, a ser obtida por meio de atividades de análise de valor

implementadas pela equipe de projeto (comissão de custo kaizen);

b) recuperar a lucratividade para modelos não lucrativos: no caso de

algum produto deixar de ser lucrativo em função de alguma alteração no

ambiente externo da empresa, tal como uma elevação inesperada nos

custos de matérias-primas ou uma flutuação cambial desfavorável, uma

comissão de custo kaizen executará um projeto para reduzir os custos do

produto, estabelecendo alvos de redução de custos que permitam o

alcance do alvo de lucro pré-fixado;

c) reduzir custos de componentes específicos: são formadas comissões de

custo kaizen para planejar e implementar a redução de custos para peças

ou submontagens específicas que compõem o produto (um motor, por

exemplo), resultando em uma redução indireta do custo do produto.

De todo modo, o que se pretende sempre é a identificação clara das causas

que afetam a lucratividade do produto para, a seguir, realizar melhorias que eliminem

a ocorrência dessas causas.

Assim, MONDEN (1999, p.245-247) propõe, para produtos específicos, a

implementação do custo kaizen em quatro etapas:

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Etapa 1 - Analisar os Produtos

Trata-se de ordenar os produtos existentes em função de sua lucratividade,

buscando analisar primeiro os que trazem maior prejuízo à organização.

Etapa 2 - Comparar os Custos do Produto com Valores-Alvo

Para os produtos de maior prejuízo, elaborar gráficos de série temporal para as

tendências de receitas de vendas, volume de vendas e lucro e para os elementos de custos

de cada produto, comparando-os aos valores estabelecidos pelo custo-alvo (figura 21).

FIGURA 21 - COMPARAÇÃO DOS CUSTOS DO PRODUTO COM VALORES-ALVO

Produto Preço de vendas

Preço de vendas Preço de vendas

Vendas Custos de Administ.

Custos de Administ. Custos de Administ. Volume

Custos de processamento

Custos de processamento

Custos de processamento

Lucro

Custos diretos de materiais

Custos diretos de materiais

Custos diretos de materiais

Custo em 1990 Custos em 1992 Custo-alvo

Ano

FONTE: MONDEN, 1999, p.246

Etapa 3 - Busca das Causas e das Soluções

Procura identificar as verdadeiras causas da baixa lucratividade do produto, bem

como o planejamento de melhorias que eliminem a ocorrência das causas selecionadas.

Etapa 4 - Planejar e Supervisionar os Alvos de Melhoria

Nesta etapa, a atividade do custo kaizen se desdobra em três focos:

a) estabelecer alvos de melhoria e delegar tarefas aos departamentos

responsáveis pelas melhorias pretendidas;

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b) esclarecer os departamentos responsáveis sobre os itens de melhorias e a

programação estabelecida;

c) verificar se os alvos de melhoria estabelecidos são atingidos.

3.4.2.2 Custo kaizen para cada departamento, por período

Em termos de procedimentos, segundo MONDEN (1999, p.222), "um sistema

de custo kaizen:

• Estabelece novos alvos de redução de custos todo mês; tais alvos são projetados para eliminar diferenças entre lucros-alvo (lucros orçados) e lucros estimados.

• Conduz atividades kaizen (melhorias contínuas) durante todo o ano comercial para atingir reduções de custo-alvo.

• Conduz análises de diferenças entre custos-alvo e custos reais. • Faz investigações e toma medidas corretivas quando as reduções de custo-alvo não são atingidas.

Para dar conta dos procedimentos mencionados, o mesmo autor (1999,

p.222) indica a existência de três etapas:

Etapa 1 - Preparação do Orçamento e Determinação das Quantidades de Redução

de Custo-Alvo

Essa etapa contempla a formulação do plano de lucro de curto prazo e da

estratégia para eliminar a diferença entre lucro-alvo e lucro estimado. Além disso, trata

da determinação do valor da redução de custos para a organização, sintetizado em um

‘Plano de Racionalização da Fábrica". Esse plano de racionalização da fábrica será,

então, decomposto por departamento, seções, subseções ou mesmo por equipes de

trabalho (unidades funcionais).

Etapa 2 - Atividades Kaizen Relativas à Fábrica

Trata-se de implementar, em nível de chão de fábrica, atividades de melhoria

contínua destinadas a eliminar todo e qualquer tipo de perdas ou desperdícios. Assim,

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são focados recursos como mão-de-obra, materiais, dinheiro, espaço, tempo e

informação, e identificados possíveis usos ineficientes dos mesmos.

Em MONDEN (1999, p.232-233) encontram-se quatro níveis de perda que

podem ser tratadas pelo kaizen:

• Perda primária: trata-se de custos desnecessários de mão-de-obra,

depreciação e financeiros decorrentes de excesso de funcionários, de

equipamento ou de estoque;

• Perda secundária: causada por superprodução quantitativa (excesso de

produção) ou por superprodução por antecipação (trabalhar com muita

antecedência;

• Perda terciária: geradas por estoque em excesso, que acarreta grande

custo financeiro;

• Perda quaternária: derivada de excesso de transporte, estoque excessivo

de almoxarifado, custos excessivos de administração, almoxarifado e

manutenção com excesso de qualidade.

Todas essas perdas acabam gerando maiores custos de depreciação dos

equipamentos e maiores custos indiretos de mão-de-obra.

Etapa 3 - Medida e Análise de Diferenças entre Custo-Alvo e Custos Reais

Nessa etapa se procede à quantificação e à análise das variações entre as

reduções de custos obtidas no período (no mês ou acumulado até o mês, por exemplo)

e os alvos de reduções estabelecidos para o mesmo período, para cada componente

significativo de custo, como: mão-de-obra direta, mão-de-obra indireta, materiais,

energia, transporte.

Cabe-se ressaltar que, para MONDEN (1999, p.239), alguns aspectos da

análise de variância para o custo kaizen ainda não estão completamente desenvolvidos,

o que não invalida a busca de uma forma de avaliar as diferenças entre o custo orçado

e o custo realizado em termos de redução de custos.

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O quadro 7, extraído de SOUZA e CLEMENTE (1998, p.152), resume as

principais características dos sistemas de custeios mais utilizados.

QUADRO 7 - CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE CUSTEIO

SISTEMAS CARACTERÍSTICAS

Absorção • Origem no chão de fábrica. • Orientado para o controle da produção. • Produção como elemento gerador de riqueza. • Todos os custos são passíveis de ser imputados aos produtos. • Lucro unitário como parâmetro de análise. • Projetado para monitorar a produção em termos de volume, tempo e custo.

Direto • Origem gerencial. • Orientado para as funções financeiras e de marketing. • Vendas como elemento gerador de riqueza. • Só os custos variáveis são imputados aos produtos. • Os Custos fixos pertencem à estrutura. • Margem de contribuição unitária como parâmetro de análise. • Ênfase na análise da relação custo-volume-lucro.

UP • Orientado para a produção. • Mensuração da produtividade para empresas multiprodutoras. • Relação constante entre os potenciais produtivos das seções homogêneas. • Padrão Potencial para a mensuração do desempenho. • Unidade abstrata (UP) para estabelecer equivalência entre custos de produtos. • Lucro unitário como medida de desempenho.

ABC • Orientado para o processo. • Aplicável à toda a cadeia de valor. • As atividades consomem recursos e os produtos consomem atividades. • Identifica as atividades que agregam valor aos produtos. • Rateia os custos indiretos com critérios multidimensionais. • Identifica responsabilidade pelas atividades que mais consomem recursos.

Meta • Orientado para o processo. • Aplicável à toda a cadeia de valor. • Instrumento gerencial balizado pelo preço de mercado. • Compatível com o processo contínuo de redução de custos por análise de valor.

FONTE: SOUZA e CLEMENTE, 1998, p.152

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4 PROPOSTA DE MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS

PARA ESTRUTURAS CONTEMPORÂNEAS

Para atender aos propósitos do presente trabalho, este capítulo apresenta

uma proposta de modelo conceitual de gestão de custos para estruturas

organizacionais contemporâneas. Para tanto, foi organizado em duas partes distintas,

que se complementam.

A primeira parte (seção 4.1), utilizando a fundamentação teórica anteriormente

apresentada, desenvolve-se em três abordagens distintas que permitem a compreensão das

possíveis características fundamentais das estruturas organizacionais contemporâneas.

Assim, procura-se caracterizar as estruturas organizacionais mecanicistas e orgânicas,

explorar a adequação entre as estruturas organizacionais e as estratégias empresariais, bem

como entre as estruturas organizacionais e as condições gerais do ambiente de negócios.

A segunda parte (seção 4.2) apresenta uma proposta de modelo conceitual

de gestão de custos que contempla em sua concepção as necessidades gerenciais de

uma estrutura organizacional contemporânea, atuando em um ambiente instável e

altamente competitivo.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS CONTEMPORÂNEAS

4.1.1 Estruturas Organizacionais Mecanicistas e Orgânicas

Os vários tipos de estruturas organizacionais descritos no segundo capítulo

podem ser distribuídos, segundo algumas características fundamentais, em um

continuum que vai desde as estruturas mais tradicionais (mecanicistas) até as estruturas

mais inovativas (orgânicas).

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Para tanto, pode-se tomar por base as variáveis constituintes das estruturas

organizacionais, ou seja, a complexidade, a formalização e a centralização.

O quadro 8, adaptado de PORTO (1998, p.59), procura apresentar, então, as

características organizacionais predominantes nas estruturas mecanicistas e orgânicas.

QUADRO 8 - CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS DAS ESTRUTURAS MECANICISTAS E ORGÂNICAS SEGUNDO VARIÁVEIS CONSTITUINTES

CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS VARIÁVEIS CONSTITUINTES Estrutura Mecanicista Estrutura Orgânica

Complexidade

• Diferenciação horizontal

• Diferenciação vertical

• Diferenciação espacial

• Elevada

• Tarefas mais subdivididas e rotineiras

• Maior número de níveis hierárquicos

• Autonomia reduzida

• Baixa qualificação técnica

• Não há diferença quanto a este quesito

• Reduzida

• Tarefas amplas e não-rotineiras

• Menor número de níveis

hierárquicos

• Autonomia ampliada

• Maior qualificação técnica

• Não há diferença quanto a este quesito

Formalização • Descrição de cargos e tarefas rígida

• Comunicação vertical, seguindo a estrutura

• Controle direto por meio de supervisão

• Elevado número de normas e regulamentos

• Baixa participação na definição de procedimentos

• Descrição de cargos e tarefas flexível

• Comunicação multidirecional, com uso de tecnologias de

informação

• Controle indireto por meio de

resultados

• Reduzido número de normas e

regulamentos

• Elevada participação na

definição de procedimentos.

Centralização • Elevada, com autoridade formal

• Decisões concentradas na cúpula

• Baixa, com autoridade técnica

• Decisões descentralizadas

FONTE: PORTO, 1998, p.59

Pelas características listadas, pode-se alocar no extremo mais mecanicista do

continuum a estrutura do tipo linear, e no outro extremo, como mais tipicamente

orgânica, a estrutura celular.

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4.1.2 Adequação entre as Estruturas Organizacionais e as Estratégias Competitivas

Tomando-se por base as duas estratégias genéricas fundamentais definidas

por PORTER, e já tratadas no item 1.3.4, ou seja, a liderança em custo e a

diferenciação, e lembrando que cada uma tem seus próprios requisitos em termos

organizacionais para que possa ser implementada adequadamente, torna-se necessário

estabelecer uma forma de avaliar o grau de adequação existente entre as estruturas

organizacionais e as estratégias propostas.

Nesse sentido, pode ser útil a análise da figura 22, adaptada de DAFT

(1999, p.219), que procura demonstrar o relacionamento entre tipos de estruturas e

estratégias genéricas.

FIGURA 22 - RELACIONAMENTO ENTRE TIPOS DE ESTRUTURAS E ESTRATÉGIAS

MECANICISTA ESTRUTURA ORGÂNICA

DIFERENCIAÇÃO

METAS ESTRATÉGICAS

LIDERANÇA NO CUSTO TOTAL

(ESTÁVEL AMBIENTE INSTÁVEL)

FONTE: DAFT, 1999, p.219

Como pode ser observado, as estruturas mecanicistas possuem os atributos

necessários para a implementação de estratégias voltadas à busca da liderança em

custo, cuja preocupação fundamental é a eficiência interna, enquanto as formas

estruturais mais orgânicas, facilitadoras do processo inovativo, são mais adequadas

para as estratégias de diferenciação, que exigem maior flexibilidade.

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4.1.3 Adequação entre as Estruturas e as Condições Ambientais

Ao analisar o relacionamento entre as organizações e os ambientes em que

estão inseridas, DAMANPOUR e GOPALAKRISHNAN (1998, p.11) afirmam que "as

organizações, como sistemas abertos, buscam um estado de equilíbrio com seus

ambientes; portanto, elas mudam suas estratégias, estruturas e processos em resposta a

e em coordenação com as mudanças no ambiente externo. Esta adaptação organização-

ambiente é vista (...) como uma condição necessária para a eficácia organizacional".

Esses autores adotam dois componentes representativos do dinamismo

ambiental como os mais representativos das mudanças ambientais: o grau de

estabilidade e o grau de previsibilidade. Assim procedendo, conseguem isolar quatro

possíveis condições ambientais às quais podem estar expostas as organizações:

a) um ambiente estável e previsível;

b) um ambiente estável, mas imprevisível;

c) um ambiente instável, mas previsível;

d) um ambiente instável e imprevisível.

No ambiente estável e previsível, as mudanças ocorrem lentamente, e o

padrão de mudança é previsível. A organização não sente muita necessidade de adotar

inovações, e a previsibilidade do ambiente lhe permite planejar a adoção de inovações,

mantendo esse processo ordenado. As inovações são, principalmente, incrementais, e o

foco da organização é a sua eficiência operacional, o que dá ênfase maior a inovações

técnicas do que a inovações administrativas. Em geral, as organizações submetidas a

essa condição ambiental usam a imitação como fonte para suas inovações. A estrutura

organizacional característica desse ambiente é a mecanicista.

No ambiente estável e imprevisível, as mudanças se desenvolvem

lentamente, mas o padrão de mudanças é imprevisível, o que dificulta o planejamento

das inovações. A imprevisibilidade do ambiente exige que a organização tenha a

capacidade de adotar inovações com rapidez, para manter sua posição competitiva,

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quando se fizer necessário. Haverá predomínio de inovações técnicas, e seu caráter

será incremental. Entretanto, se necessário, a organização também poderá adotar

inovações radicais, devendo, portanto, estar habilitada a assimilar esse tipo de

inovação. Para inovar, a organização submetida a esse tipo de condição ambiental

recorrerá a fontes imitativas e aquisitivas. A imprevisibilidade ambiental exige que a

organização estabeleça um foco externo, voltado ao mercado, para se adequar

prontamente às possíveis alterações. Essa imprevisibilidade, por outro lado, exige um

padrão de reação às mudanças muito rápido e integrado, possível de se obter com uma

estrutura mecanicista, que permita a concentração de informações.

O ambiente instável e previsível apresenta uma freqüência de mudança

mais elevada, mas seu padrão é previsível, tornando possível o planejamento da

inovação. As inovações serão tanto incrementais como radicais e ocorrerão tanto na

área técnica, melhorando produtos e processos, quanto na área administrativa, em

busca de estruturas flexíveis, que possam estimular a organização a elevar sua

criatividade, de maneira que se torne apta a responder adequada e continuamente aos

estímulos das mudanças ambientais. A organização submetida a essas condições

ambientais poderá utilizar fontes incubativas para as inovações. A estrutura deverá

assumir forma mais orgânica, orientada para a flexibilidade.

O ambiente instável e imprevisível é um ambiente que muda com muita

freqüência e de forma irregular, exigindo da organização constantes inovações,

incrementais e radicais, para acompanhar e diferenciar-se de seus competidores.

Haverá ênfase especial para as inovações radicais, com o recurso a fontes aquisitivas e

incubativas. Na verdade, a organização aqui busca uma estratégia de inovação,

encorajando seus membros a assumir riscos, atuando em equipes multifuncionais, com

alto comprometimento com a inovação. A estrutura será essencialmente orgânica,

ressaltando o caráter empreendedor e criativo dos membros da organização, que

deverá se tornar apta a encontrar novos desafios, assumindo uma posição de liderança

em seu setor de atividades.

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100

Diante do exposto, torna-se possível evidenciar algumas tendências de

estruturas organizacionais mais adequadas para o contexto econômico atual, que

apresenta forte predominância de instabilidade e necessidade constante de aumento do

grau de competitividade.

As estruturas orgânicas demonstram uma busca de flexibilidade interna,

mediante a redução da diferenciação horizontal, dos níveis hierárquicos, da

formalização e da centralização.

Outra dessas tendências se refere às estratégias genéricas de

competitividade (de liderança em custos e de diferenciação), observando-se que a

estrutura orgânica é a que mais favorece a flexibilidade e incentiva a inovação,

exigências do novo ambiente competitivo.

Quanto à adequação entre as estruturas e as condições ambientais, vistas

sob a luz do grau de estabilidade e de previsibilidade, pode-se afirmar que as

estruturas organizacionais orgânicas apresentarão características mais flexíveis,

maior facilidade de implementar mudanças, adaptação mais rápida às exigências

externas, além de um ambiente interno mais favorável à adoção de inovações,

sejam elas incrementais ou radicais.

4.2 MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS

O desenvolvimento do modelo conceitual de gestão de custos aqui proposto

baseia-se nas etapas fundamentais que constituem um modelo genérico de gestão de

custos. Nessas etapas são evidenciadas as adequações de um modelo conceitual de

gestão de custos que contemplem, de forma genérica, as especificidades de uma

estrutura organizacional contemporânea.

Tomando-se as características genéricas de uma estrutura organizacional

contemporânea e considerando-se que um sistema de gestão de custos em uma

organização, pela sua aplicabilidade e resultados esperados, assim como os recursos

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materiais e humanos envolvidos representam mais que um programa, dada a sua

necessidade de continuidade, torna-se fundamental a observância e o desenvolvimento

das seguintes etapas:

Etapa 1 - Sensibilização Conceitual e Desenvolvimento de uma Visão Gerencial

No nível das questões conceituais, é muito comum a dicotomia entre o

conceito real de custos, fundamentado no uso dos recursos (materiais, mão-de-obra,

equipamentos e tecnologia) e na exigência que esses recursos fazem pela sua

remuneração na forma de salários, manutenção, impostos, retorno, que se traduzem em

custos, e o habitual conceito utilizado para os custos sob a visão apenas monetária de

sua representação.

Normalmente, a visão monetária dos custos leva as organizações a adotarem

ações no sentido de controles e reduções, muitas vezes de forma indiscriminada, sem

uma análise mais adequada sobre quais os recursos ou benefícios atingidos na forma

de produtos ou serviços, não permitindo também a prática de técnicas de otimização

dos recursos. Por otimização de recursos entenda-se, aqui, o esforço para produzir

mais, com mais qualidade e menor desperdício.

A aceitação por parte da organização de que os custos têm sua origem no uso

dos recursos que são colocados à disposição da produção, ou seja, com o objetivo de

atingir a produção planejada, evidencia a necessidade de informações gerenciais

destinadas ao confronto entre o planejado e o real, ao auxílio de decisões estratégicas a

respeito dos produtos e serviços, à avaliação de desempenho e à melhoria contínua, uma

vez que esses custos estarão presentes sempre que haja atividade econômica e produção.

Outro aspecto conceitual que também pode ser considerado relevante é o

entendimento e a internalização, por parte dos membros da organização, de uma visão

de custos da ótica de um sistema de informações gerenciais estratégico. Nos termos de

ABREU (1999, p.32), sistemas de informações estratégicos

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são aqueles que mudam os objetivos, produtos, serviços ou relações ambientais de uma empresa. Os sistemas que têm este efeito sobre uma organização literalmente mudam a maneira pela qual a empresa faz negócios. Neste nível, a tecnologia da informação leva a organização a novos padrões de comportamento, ao invés de simplesmente dar suporte e sustentação a estrutura existente, aos produtos existentes e/ou aos procedimentos de negócios existentes.

Essa visão introduzirá na organização a possibilidade de um novo

entendimento acerca dos custos, que poderá resultar na interpretação diferenciada e

fundamental entre dados e informações de custos, na promoção da integração entre as

diversas áreas operacionais dentro da empresa e no reconhecimento de que um sistema

de custos vai além de uma simples planilha eletrônica devendo, sim, refletir

informações capazes de apoiar a tomada de decisões estratégicas da organização.

Na figura 23, extraída de LEONE (1989, p.212), podem ser visualizadas as

três fases de um sistema de gestão de custos em uma organização.

FIGURA 23 - FASES DO SISTEMA DE GESTÃO DE CUSTOS

COLETA DE DADOS CENTRO

PROCESSADOR DE INFORMAÇÕES

INFORMAÇÕES

Seleção dos Dados Planejamento Treinamento Organização

Acumulação Organização

Análise Interpretação

Relatórios Gerenciais

Apoio da Administração

Sistemas de custos: Critérios básicos Procedimentos Registros

Em conjunto com os usuários

FONTE: LEONE, 1989, p.212

Fase I - Coleta de Dados

O trabalho de coleta e seleção de dados internos e externos, quantitativos e

monetários dar-se-á em processos constituídos pelas áreas funcionais e seus inter-

relacionamentos e pelos subsistemas de apoio representados pelos instrumentos de

controle da empresa, tais como: etapas de produção, sistemas de controle de materiais,

controle de patrimônio e planejamento de produção, marketing, logística.

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A atuação desses processos e subsistemas implicará planejamento, treinamento,

organização e integração entre esses setores, o que promoverá uma postura participativa e

o entendimento sobre a importância da gestão de custos para a organização.

Fase II - Processamento dos Dados

Nessa fase, o centro processador de informações receberá os dados e

executará as operações de acumulação, organização, análise e interpretação dos dados,

transformando-os em informações compatíveis com as saídas esperadas, definidas na

arquitetura dos sistemas de custos, modelados especialmente para a organização.

Fase III - Informações

As informações geradas pelo sistema de custos constituem importante

elemento do sistema de informações gerenciais, pois representam os resultados de um

trabalho de processamento alicerçado num modelo de sistema exaustivamente

desenhado e elaborado para atender às necessidades gerenciais específicas da

organização, levando em conta seus objetivos e metas, seus parâmetros e prioridades.

Essas informações deverão se originar de contatos iniciais com os usuários do sistema

(gerentes de produção, de finanças, de recursos humanos, de vendas, de marketing, de

contabilidade, de engenharia, de projetos, de desenvolvimento de produtos), para que o

sistema de custos produza relatórios gerenciais confiáveis, eficientes e úteis para as

diversas áreas funcionais e processos da organização.

Etapa 2 - Definição das Necessidades Gerenciais

Essa etapa do modelo conceitual deverá ser entendida como elemento

norteador para a definição dos objetivos e métodos de custeio a serem adotados na

arquitetura do modelo de gestão de custos.

As necessidades gerenciais a serem elencadas deverão corresponder aos

objetivos, metas e diretrizes estratégicas da organização.

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Para uma estrutura organizacional contemporânea, as necessidades

gerenciais podem ser apresentadas conforme segue:

- planejamento de lucros;

- redução de custos totais nos estágios de planejamento e projetos de

produtos e serviços;

- determinação do custo-alvo;

- redução de custos nas etapas de manufatura;

- redução de custos de cada modelo de produto;

- redução de custos por departamento a cada período;

- apuração dos custos de cada produto;

- identificação das linhas e produtos que mais influenciam os lucros;

- identificação de padrões de comportamento de custos;

- avaliação de desperdícios e sua representação nos custos dos processos;

- custeamento das atividades desenvolvidas;

- acompanhamento do comportamento dos custos indiretos;

- comparação entre a estrutura atual de custos e a capacidade instalada;

- avaliação de desempenho e melhoria contínua.

Essas necessidades deverão ser atendidas pelas informações geradas pelo

sistema de gestão de custos por meio de relatórios definidos entre o responsável pela

definição do modelo e o usuário. A prioridade pela busca das informações dependerá

do nível da organização no que se refere aos estágios de integração dos diversos

subsistemas de apoio.

Etapa 3 - Definição dos Objetivos do Sistema de Gestão de Custos

A definição desses objetivos deverá ser elaborada levando-se em

consideração dois aspectos importantes. Primeiramente, tomando-se os objetivos

genéricos que um sistema de custos deve proporcionar a uma organização. Esses

objetivos consistem basicamente em:

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a) apuração dos custos dos produtos;

b) avaliação de resultados;

c) apropriação dos elementos de custos – materiais, mão-de-obra e custos

indiretos – aos produtos e serviços;

d) apoio às tomadas de decisões gerenciais que envolvem análises da

representação de cada produto e/ou linha de produtos na obtenção de

retorno e lucro para a organização;

e) controle e redução de custos, visando à maximização de resultado.

Em segundo lugar, tendo esses objetivos genéricos como pano de fundo, é

possível determinar objetivos mais específicos, embasados no conhecimento dos

produtos, dos processos de produção, dos mercados de atuação da organização e,

fundamentalmente, do tipo de estrutura organizacional vigente, uma vez que a

operacionalização do sistema deverá se adequar a ela.

Para uma estrutura organizacional contemporânea, os seguintes objetivos

poderão ser definidos:

a) determinação do custo-alvo dos produtos e serviços: visa a uma

sustentação competitiva, através de um planejamento de lucros que

permita à organização uma análise prospectiva de seus custos e

benefícios, assim como a definição de políticas de preços adequadas no

mercado concorrencial;

b) custeio de produtos e serviços sob o conceito de gestão de processos:

proporciona à organização o conhecimento do custo real, dadas as suas

condições de atuação no que se refere aos seus recursos tecnológicos,

materiais e humanos;

c) redução de custos e melhoria contínua: considerando que a origem dos

custos se dá na absorção dos recursos produtivos, geralmente escassos e

com exigência de um retorno capaz de assegurar futuros investimentos

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produtivos (tanto no sentido do crescimento como no da preservação da

continuidade e da própria sobrevivência da organização), torna-se

fundamental o estabelecimento de métodos de redução de custos que

proporcionem a otimização dos recursos, a avaliação de desempenho e a

implementação de melhorias contínuas.

O quadro 9 representa a compatibilização dos objetivos a serem atingidos

pelo sistema de gestão de custos às necessidades gerenciais definidas na etapa 2.

QUADRO 9 - AGRUPAMENTO DAS NECESSIDADES GERENCIAIS SEGUNDO OS OBJETIVOS DO SISTEMA

DE GESTÃO DE CUSTOS

OBJETIVOS DO SISTEMA DE GESTÃO DE CUSTOS

NECESSIDADES GERENCIAIS

• Determinação do custo-alvo dos produtos e

serviços

• Determinação do custo-alvo • Planejamento do lucro • Redução de custos totais nos estágios de planejamento

dos produtos e serviços • Custeio dos produtos e serviços sob o

conceito de gestão de processos

• Apuração dos custos de cada produto e serviço • Identificação das linhas e produtos que mais influenciam o

lucro • Avaliação de desperdícios e sua representação nos custos

dos processos • Identificação de padrões de comportamento de custos • Custeamento das atividades desenvolvidas • Acompanhamento do comportamento dos custos indiretos • Análise das atividades que agregam e não agregam valor • Avaliação de desempenho

• Redução de custos e melhoria contínua

• Redução de custos nas etapas de manufatura • Redução de custos de cada modelo do produto • Redução de custos por departamento, a cada período • Avaliação de desempenho e melhoria contínua nos

processos

FONTE: Elaboração do autor

Etapa 4 - Definição dos Métodos de Custeio

Uma vez definidos os objetivos gerais do sistema de gestão de custos,

alicerçados nas necessidades gerenciais da organização, torna-se possível selecionar os

métodos de custeio que apresentam, pelas suas características de aplicação e

procedimentos, maior conveniência de serem adotados pelo sistema de gestão de custos.

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No modelo conceitual proposto, os métodos de custeio mais recomendados

para o atendimento das necessidades de uma estrutura organizacional contemporânea

são o método do custo-alvo, o método de custeio por atividade e o método kaizen de

redução de custos.

A opção por esses métodos, em detrimento dos demais abordados neste

trabalho e na literatura especializada, é decorrência de vários aspectos. Inicialmente,

pela própria concepção dos métodos no que se refere a uma preocupação de focalizar a

gestão dos custos sob o prisma da organização como um sistema aberto, considerando

suas interfaces com o ambiente externo.

Além disso, esses métodos de custeio trazem, também, novos conceitos em

relação ao controle dos custos, enfatizando a importância da otimização dos recursos

da organização, em contraposição à prática de controle indiscriminado.

Outro aspecto muito importante é a busca de melhoria dos resultados com a

participação e interação das diversas áreas da organização, com responsabilidades bem

definidas e com o estabelecimento de avaliação de desempenho.

Pelos seus princípios e sua abordagem sobre o uso dos recursos, os métodos

de custo-alvo, custeio por atividades e custo kaizen, integrados em um sistema de

gestão dos custos, contribuirão, ademais, para o reconhecimento das necessidades de

implementação de inovações nos processos da organização.

Etapa 5 - Definição das Entradas e Saídas do Sistema de Gestão de Custos

Um sistema de gestão de custos pode ser considerado como um centro

processador, no qual os dados constituir-se-ão nas entradas e as informações nas saídas

do sistema.

As fontes dos dados usuais para um sistema de gestão de custos são os

processos envolvidos nas atividades-fim da organização e as funções de apoio geral às

demais áreas da organização, as quais podem ser denominadas de subsistemas de apoio.

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A seguir, serão apresentadas as possíveis fontes de dados, assim como os

exemplos de dados internos, externos e as informações gerenciais que atendam aos

objetivos do sistema de gestão de custos para uma estrutura organizacional

contemporânea, conforme apresentados no quadro 9.

Os processos definidos neste trabalho como fonte de dados são: vendas,

marketing, desenvolvimento do produto e produção. Os exemplos de dados advindos

desses processos podem ser visualizados no quadro 10.

QUADRO 10 - DADOS INTERNOS E EXTERNOS, SEGUNDO PROCESSOS DO SISTEMA DE CUSTOS

VENDAS/MARKETING DESENVOLVIMENTO PRODUTO PRODUÇÃO

• Necessidades dos clientes • Previsão de vendas • Tendência do preços • Mercado concorrente • Potencial de mercado • Volume transporte • Eficiência na rede de

distribuição • Preço de venda-alvo • Lucro de venda-alvo • Mapas de receita

• Elementos funcionais do produto • Projetos de componentes • Análise de valor • Volume de um investimento da planta

produtiva • Projeto de protótipos • Estimativa de recursos necessários à

etapa de projeto • Estimativas de investimentos

• Processos • Atividades • Consumo de materiais • Horas trabalhadas • Horas de manutenção • Horas de máquinas • Consumo de energia • Quantidades produzidas • Medidas de consumo de

recursos • Consumo de água • Horas-homem • Horas supervisão • Fluxograma das atividades • Set-up • Horas de processamento • Percentuais de perdas

FONTE: Elaboração do autor

Como subsistemas de apoio foram consideradas as funções de Controle de

Materiais, Contabilidade e Finanças, Recursos Humanos, Compras, Logística e

Administração Geral. O quadro 11 apresenta os possíveis dados originados nesses

subsistemas.

Buscando-se uma compatibilização entre os objetivos estabelecidos no

modelo conceitual de gestão de custos proposto, o quadro 12 lista as informações

gerenciais que poderão ser geradas visando atender às necessidades de uma estrutura

organizacional contemporânea.

Na figura 24 pode ser visualizado um fluxo representativo do modelo conceitual

de gestão de custos proposto para uma estrutura organizacional contemporânea.

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QUADRO 11 - DADOS INTERNOS E EXTERNOS, SEGUNDO SUBSISTEMAS DO SISTEMA DE CUSTOS

MATERIAIS CONTAB./FINANÇAS RECURSOS HUMANOS COMPRAS PLANEJAMENTO LOGÍSTICA ADMINISTRAÇÃO GERAL

• Tipos de materiais

• Consumos

• Estoques

• Impostos

• Armazenagem

• Transporte

• Despesas indiretas

• Comissões

• Despesas viagens

• Manutenção

• Flutuação Cambial

• Retorno de investimentos

• Evolução salários

• Taxa salarial

• N.° de funcionários

• Lotação dos funcionários

• Benefícios sociais

• Nível de qualificação de mão-de-obra

• Percentual de encargos

• Rotatividade

• Preços dos componentes

• Inovação dos componentes

• Fornecedores

• Prazos de entrega

• Metas futuras

• Estimativa de produção

• Programas de expansão

• Programas de investimento

• Programas de otimização

• Evolução dos investimentos

• Recursos disponíveis

• Nível de utilização de recursos

• Programa de utilização de recursos

• Alternativas de recursos

• Consumo de recursos

• N.° de funcionários

• Turnos de trabalho

• Evolução do patrimônio

FONTE: Elaboração do autor

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QUADRO 12 - INFORMAÇÕES GERENCIAIS DO SISTEMA DE CUSTOS, SEGUNDO OBJETIVOS

DETERMINAÇÃO DO CUSTO-ALVO

CUSTEIO DOS PRODUTOS REDUÇÃO DE CUSTOS

• Custo-alvo de cada elemento

• Estimativa de custos na etapa de projeto

• Conciliação dos lucros-alvo com o custo-alvo nas fases de produção

• Identificação das linhas de produtos que influenciam a obtenção de lucro

• Análise dos custos de distribuição

• Análise dos custos de fretes

• Análise do custeamento de redes de distribuição

• Custo-alvo para o produto

• Custos reais das etapas de desenvolvimento de produtos e serviços

• Custos das atividades

• Análise dos componentes de custos das atividades

• Evolução dos direcionadores

• Custos dos produtos

• Análise das proporções do consumo das atividades pelos produtos

• Custo total das atividades

• Distribuição dos custos indiretos

• Análise das atividades que agregam e não agregam valor

• Composição dos custos

• Custos de cada departamento

• Análise e evolução dos custos

• Análises de desempenho

• Avaliação do uso dos recursos

• Análise de valor

• Lucratividade

• Alvo de lucro pré-fixado

• Tendências de receitas

FONTE: Elaboração do autor

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FIGURA 24 - FLUXO REPRESENTATIVO DO MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS PARA UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL CONTEMPORÂNEA

FONTES DE DADOS

PROCESSOS DIRETOS

• Vendas • Marketing • Desenvolvimento produto • Produção

SUBSISTEMAS

• Materiais • Contab./Finanças • Recursos Humanos • Compras • Planejamento • Administração Geral

DADOS INTERNOS E EXTERNOS

SISTEMA DE GESTÃO DE CUSTOS

MÉTODOS RECOMENDADOS

• Custeio Alvo • Custeio ABC • Custeio Kaizen

(Apropriação, Acumulação, Interpretação e Análise)

INFORMAÇÕES

OBJETIVOS ESTABELECIDOS

• Determinação de custo-alvo • Custeio para gestão de processos • Redução de custos e melhoria contínua

NECESSIDADES GERENCIAIS

• Planejamento de lucros • Redução de custos totais nos estágios de planejamento de desenho dos produtos e serviços • Determinação do custo-alvo • Redução de custos nas etapas de manufatura • Redução de custos de cada modelo de produto • Redução de custos por departamento • Apuração dos custos de cada produto • Identificação das linhas e produtos que mais influenciam os lucros • Identificação de padrões de comportamentos de custos • Avaliação de desperdícios e sua representação nos custos dos processos • Custos das atividades • Comportamento dos custos indiretos • Comparação entre a estrutura atual de custos e a capacidade instalada • Avaliação de desempenho e melhoria contínua

FONTE: Elaboração do autor

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112

4.3 IMPLANTAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE CUSTOS

O conhecimento do tipo de estrutura vigente numa organização representa

um dos elementos fundamentais no desenvolvimento para a implantação do modelo de

gestão de custos, uma vez que este terá na adequação à estrutura organizacional as

bases primordiais de funcionamento operacional.

A seguir são apresentadas algumas considerações sobre as etapas no

desenvolvimento da arquitetura do modelo de gestão conceitual proposto, e em

seguida sobre os métodos de custeio recomendados no referido modelo.

Desenvolvimento da Arquitetura do Modelo Conceitual

• A sensibilização junto ao corpo de funcionários sobre a importância da

implantação de um sistema de gestão de custos para a organização

contribuirá, sobremaneira, para as quedas das barreiras e resistência na

fase de coleta de dados.

• A definição das necessidades e dos objetivos a serem alcançados pelo

sistema deverá ser empreendida com a participação de todas as áreas

operacionais e administrativas, com vistas a minimizar informações e

relatórios desnecessários.

• Uma avaliação dos subsistemas de apoio em relação à organização destes,

assim como o grau de eficiência da interação e interfaces entre os mesmos

definirá a capacidade do sistema em operar com maior ou menor

integração e rapidez na obtenção de dados e informações.

Métodos de Custeio Recomendados para o Modelo Conceitual de Custos

Os métodos de custeios – custo-alvo, custeio ABC (Activity Based Costing) e o

método Kaizen de redução de custos – recomendados para o modelo conceitual, pelos

seus princípios e novos conceitos, introduzirão na organização uma nova abordagem

acerca dos custos, exigirão mudanças comportamentais e proporcionarão maior

transparência no uso dos recursos produtivos e os benefícios gerados para a organização.

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Segundo COOPER, SLAGMULDER (2000, p.86-94), no custeio-alvo o

custo passa a ser um elemento do processo de desenvolvimento do produto. A

eficiência do custeio-alvo exige um processo altamente disciplinado, uma adequação

do custo do produto ao nível alvo, sem sacrificar a funcionalidade do produto, e que a

organização defina um preço de venda específico.

O método de custeio ABC, para ser bem sucedido em relação ao

custeamento das atividades, pressupõe uma análise do processo do negócio da

organização. Essa análise deverá ser decomposta em processos e subprocessos das

funções internas da organização, em que será possível a observação dos gargalos e as

ineficiências causadas pelas atividades que agregam e não agregam valor.

A implementação do método de ABC deverá ocorrer, prioritariamente, nos

processos que absorvem valores elevados de custos indiretos.

O método Kaizen de redução de custos ultrapassa princípios e conceitos

geralmente utilizados no processamento dos custos, uma vez que introduz na

organização a filosofia de avaliações constantes, com o objetivo de redução e

otimização dos custos.

FIGURA 25 - FLUXO REPRESENTATIVO DO MODELO CONCEITUAL DE GESTÃO DE

CUSTOS PARA UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL CONTEMPORÂNEA

Sensibilização

Necessidades Gerenciais

Dados:•Vendas

•Desenvolvimento produto•Produção•Materiais

•Contabilidade•Recursos Humanos

•Compras•Planejamento

•Administração Geral

Objetivos do Sistema•Determinação do custo-alvo

•Custeio para Gestão de Processos•Redução dos Custos

Métodos•Custeio-alvo•Custeio ABC

•Custeio Kaizen

•Desenvolvimentodo sistema

•Implantação

InformaçõesGerenciais

FONTE: Elaboração do autor

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto mais intensa a competição a que estiverem submetidas as

organizações, mais importante será dispor de instrumentos integrados de gestão que

permitam o desenvolvimento de produtos e serviços com vistas a oferecer a seus

clientes a qualidade e a funcionalidade por eles desejada, mas que ao mesmo tempo

possibilitem os lucros pretendidos pela organização.

Para ser bem sucedida nesse aspecto, a organização deverá introduzir em seu

ambiente operacional um sistema de gestão de custos que contemple os objetivos de

otimização de recursos, auxilie nas tomadas de decisões e proporcione à organização

um diferencial competitivo.

A busca de um sistema de gestão de custos que corresponda a essas

expectativas deverá ser empreendida mediante uma prévia análise de algumas

considerações e o conhecimento das dificuldades com as quais a organização poderá se

defrontar nesse percurso.

Um diagnóstico do tipo de estrutura adotado pela organização constitui o

primeiro elemento-base na arquitetura do modelo de gestão de custos, uma vez que a

adequação dos sistema de custos à estrutura é fundamental para o sucesso do sistema.

O momento atual de grande instabilidade e imprevisibilidade, decorrente das

mudanças econômicas, tecnológicas e sociais, tem exigido uma revisão e

reestruturação nos arranjos organizacionais. Esses novos arranjos organizacionais dão

lugar ao que se pode denominar de estruturas organizacionais contemporâneas.

A caracterização de uma estrutura organizacional contemporânea passa

obrigatoriamente pela compreensão de suas variáveis constituintes (complexidade,

formalização e centralização) e de como a estrutura se posiciona em relação aos

fatores que a condiciona, tais como: tamanho, ambiente, tecnologia e escolha

estratégica, que apontam na direção de uma estrutura mecanicista mais rígida ou de

uma estrutura orgânica mais flexível.

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As alterações nos paradigmas de produção, ditadas por uma nova ordem

econômica global, têm provocado nas organizações uma busca no sentido de

substituírem processos produtivos e administrativos por novas técnicas e métodos,

através da adoção de tecnologias de gestão. Essa necessidade define uma nova

concepção da divisão do trabalho, afetando as relações das variáveis constituintes com

a redução de níveis hierárquicos, diminuição da formalização e centralização. Essa

tendência evidencia que uma estrutura mais flexível apresentar-se-á mais favorável

diante dos desafios das mudanças.

As mudanças tecnológicas, notadamente no campo da microeletrônica,

biotecnologia e informática, interferem de forma direta nos processos alternativos de

produção em massa ou lotes programáveis. Esses processos exigem, cada vez mais, a

adoção de inovações dos meios de produção e recursos produtivos para que a

organização atinja a produtividade e a flexibilidade necessárias à função de produção.

Para se adaptar a essa condição, o ambiente interno da organização deve

estar aberto às inovações, pois, quanto mais flexível a estrutura, maiores serão as

possibilidades de adequação ao novo ambiente tecnológico.

O mercado consumidor segmentado, em que o cliente tem à sua disposição

opções de produtos diferenciados a preços acessíveis, impõe às organizações a escolha de

estratégias de atuação. As estratégias genéricas de competitividade, de liderança de custos

e de diferenciação são determinantes na definição da estrutura organizacional. Geralmente

a estrutura mecanicista apresenta-se mais favorável à estratégia de liderança em custos,

enquanto a estrutura orgânica favorecerá a estratégia de diferenciação.

A adequação entre as estruturas e o ambiente imposta pela instabilidade e a

imprevisibilidade aponta, também, na direção de que as estruturas organizacionais

mais flexíveis denotam maior capacidade de absorver mudanças, respondem mais

rapidamente às exigências externas, além de apresentarem um ambiente mais

favorável às inovações, sejam elas incrementais ou radicais.

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A partir dessas considerações, pode-se caracterizar uma estrutura

organizacional contemporânea como um arranjo organizacional que apresenta como

forma de atuação: flexibilidade, ambiente interno favorável às inovações, níveis

hierárquicos reduzidos, rapidez na absorção das mudanças e divisão do trabalho que

propicia a formação de equipes.

O reconhecimento dessas características numa estrutura organizacional é o

primeiro passo no delineamento do modelo de gestão de custos, seguido das definições

das necessidades gerenciais, que deverão ser atendidas pelas informações gerenciais

advindas através da combinação dos métodos e princípios de custos introduzidos no

sistema para esse fim.

Considerando-se as duas correntes existentes atualmente, sob as quais são

discutidos os métodos de custeio, uma delas é representada pelos sistemas de custeio

tradicionais, com o objetivo de avaliação de resultados e estoques, e a outra, por

sistemas de custeio de gestão estratégica de custos, que têm suas bases nas exigências

impostas às organizações pelo novo ambiente globalizado.

Os princípios e métodos de custeio recomendados para uma estrutura

organizacional contemporânea são o método de custeio-alvo, o método de custeio por

atividade e o método Kaizen de redução de custos.

Embora cada um desses métodos apresente suas especificidades em termos

de procedimentos, limitações, vantagens e desvantagens, a combinação adequada

entre eles proporcionará ao sistema de gestão de custos proposto as informações

desejadas, na medida em que ocorrerá uma interface operacional entre eles. É

importante enfatizar, ainda, que esse métodos estão inseridos na corrente de gestão

estratégica de custos.

A gestão estratégica de custos focaliza os custos na organização sob a ótica

de buscas das respostas, de como esses custos ocorrem, seguidos de ações que reflitam

a otimização dos recursos e uma melhora contínua, tendo como função também o

apoio nas definições de escolhas estratégicas, de reestruturação de processos

produtivos, fatores essenciais para uma sustentação competitiva.

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117

O desenvolvimento e implantação de um sistema de gestão de custos requer

ainda abordagem técnica específica, sensibilização das relações humanas e adequação

da tecnologia de processamento de dados empregada pela organização.

Esses requisitos podem ser explicitados por alguns aspectos fundamentais na

implantação do sistema, tais como: apoio total da alta direção da organização, análise

dos custos e benefícios das informações geradas pelo sistema, conscientização de que

este não gera informações por si só (precisa ser alimentado) e de que deve ser

constantemente revisto e atualizado.

O sistema de gestão de custos, por sua natureza, não pode prescindir de um

patamar mínimo de organização dos subsistemas de apoio. Portanto, estes deverão ser

articulados em torno dos dados fornecidos ao sistema de custos, de forma

sistematizada e organizada.

Os aspectos comportamentais geralmente representam barreiras à entrada do

sistema de custos na organização. Muitas vezes isso ocorre pela falta de divulgação

apropriada dos objetivos gerais de sua implantação; em outras ocasiões, pelo fato de os

membros da organização envolvidos com o sistema necessitarem de uma introdução a

esse novos conceitos, de forma que absorvam as novas condutas requeridas.

A tecnologia de informática já utilizada pela organização também poderá

oferecer alguma resistência, em função de adequações e reformulações que se mostram

necessárias com a introdução do sistema.

Em face dessas situações, é fundamental que tanto a direção da organização

quanto a equipe responsável pela implantação do sistema de gestão de custos estejam

atentas e assumam uma postura pró-ativa até que a organização absorva

convenientemente a nova tecnologia de gestão.

A intensidade com que tais dificuldades se manifestam não é uniforme,

apresentando diferenças em função de variáveis como o porte da empresa, a qualificação

de seu quadro gerencial, o estágio de maturidade da organização, entre outras.

Além das considerações anteriormente expostas, é importante acrescentar

algumas limitações e restrições encontradas e detectadas no desenvolvimento deste

trabalho.

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A primeira limitação se refere à bibliografia acerca dos dois temas centrais

abordados na pesquisa – estruturas organizacionais e gestão de custos –, uma vez que

as fontes apresentam o enfoque mais descritivo do que analítico.

As variáveis tamanho e tecnologia não foram consideradas na caracterização

das estruturas contemporâneas em virtude da necessidade de realizar pesquisa de

campo, de modo que permitisse uma análise mais consistente a respeito da correlação

existente entre as variáveis na escolha do sistema de gestão de custos.

Outro aspecto a ser observado e que cabe uma reflexão diz respeito ao

ambiente da prática operacional das organizações, uma vez que em função desta

ocorrerá, na maioria das situações, certa dificuldade de adequação total de um modelo

histórico de gestão de custos.

Em razão dessas limitações e restrições, entende-se que este trabalho

constitui o passo inicial a esse estudo. Portanto, é importante que outras pesquisas

dêem continuidade à abordagem aqui realizada, de forma a proporcionar uma

contribuição na gestão das organizações contemporâneas.

Algumas abordagens de pesquisa parecem-nos oportunas, tais como modelos

de sistemas de gestão de custos utilizados por estruturas contemporâneas; setores que

mais apresentam tendência de estruturas organizacionais contemporâneas; fatores

condicionantes das estruturas que mais influenciam a escolha do sistema de gestão de

custos; aplicação do modelo conceitual proposto neste trabalho.

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