53
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA ELINE DA SILVA NUNES MATOS A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO AOS FAMILIARES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS TERESINA PI 2017

FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

0

FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – FAESPI

CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA

ELINE DA SILVA NUNES MATOS

A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO AOS FAMILIARES DE

PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

TERESINA – PI

2017

Page 2: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

1

ELINE DA SILVA NUNES MATOS

A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÒGICO AOS FAMILIARES DE

PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Aurelina M. de Oliveira.

TERESINA – PI

2017

Page 3: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

2

ELINE DA SILVA NUNES MATOS

A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÒGICO AOS FAMILIARES DE

PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: _____ / _____ / 2017.

BANCA DE EXAMINADORA

____________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Aurelina Machado de Oliveira Orientadora

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

____________________________________________________________

Prof.ª Esp. Cristiane Francisca Ferreira Matos 1ª Examinadora

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

____________________________________________________________

Prof.ª Me. Karine Cardozo Rodrigues Machado 2ª Examinadora

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

Page 4: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

3

Dedico este trabalho aos meus pais Raimundo Cardoso e Maria de Jesus, as minhas irmãs Jaqueline, Aline e Andréia, aos meus pequeninos João Lucas e Heitor e em especial ao meu afilhado amado Pedro Lucas.

Page 5: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado à força necessária para

superar os obstáculos e concluir o curso.

Agradeço a minha família por acreditar em mim e me tornarem fonte de suas

esperanças. Chego até aqui com a alegria da missão e o dever cumprido. Essa

vitória é nossa!

Ao meu esposo André Matos, pela compressão nos momentos de ausência,

ao qual tive que me dedicar inteiramente ao curso, pelo carinho e paciência que

sempre teve comigo.

Aos meus professores que foram a minha fonte de inspiração, em especial a

professora Cristiane Matos por nos mostrar que sempre somos mais capazes do que

imaginamos, procurando extrair o máximo de nós, a professora Karine por ser

sempre tão doce e compreensiva e a minha orientadora Maria Aurelina, por todos os

conhecimentos repassados e por me ajudar na conclusão deste trabalho. Obrigada

pelo incentivo!

Agradeço com todo amor, as minhas amigas e companheiras de vida: Déa,

Josi, Thas e Tia Adriana, por todos os nossos momentos compartilhados e pela

força que sempre me deram, sem vocês essa caminhada teria sido muito mais

pesada, com certeza.

E em especial, agradeço aos meus colegas de classe, por todas as

experiências compartilhadas, pela força e pelas lutas durante esses cinco anos de

curso. A todos o meu muito obrigada!

Page 6: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

5

Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente.

Não aceite verdade eterna. Experimente.

(B. F. Skinner)

Page 7: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

6

RESUMO

Revisão sistemática, cujo objetivo foi realizar um levantamento sobre as estratégias e/ou técnicas de intervenções utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em cuidados paliativos. Realizaram-se buscas eletrônicas por artigos científicos nos bancos de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da saúde (LILACS), Medical Literature Analysiand Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Library Online (SCIELO) e no Periódico Eletrônico em Psicologia (PEPSIC). Os descritores utilizados foram: cuidados paliativos, família, psicologia, cuidador familiar, e psicólogo, em publicações divulgadas entre 2000 e 2017. Foram utilizados somente artigos disponíveis em língua portuguesa e que contemplaram o tema do trabalho, sendo excluídos aqueles que não se enquadraram nos objetivos da pesquisa e cujo texto não estava completo. A seleção dos artigos se fez inicialmente através da leitura do título e do resumo. Assim foram validados aqueles artigos considerados adequados e excluídos os repetidos entre as diferentes bases de dados pesquisadas ou que não retratavam, especificamente o tema do estudo. A amostra final foi constituída por 15 artigos. Os resultados apresentados corresponderam a dados cientométricos, metodológicas e categorias temáticas. De forma geral, os artigos eram em português, predominaram artigos publicados no PEPSIC, onde a maioria das pesquisas se caracterizava como bibliográfica. As categorias temáticas mostram que a atuação do psicólogo com os familiares de pacientes terminais se dá na forma de acolhimento através de escuta, onde o psicólogo tem o papel de mediador entre paciente, família e equipe de saúde, desempenhando um importante papel de comunicação entre eles. Além de ajudar a aliviar o sofrimento desta família no que tange a aceitação da doença e o luto pelo qual ela vai ter que passar, justificando assim a relevância dessa pesquisa e considerando esse estudo de suma importância para pesquisas futuras.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Família. Psicologia. Cuidador Familiar. Psicólogo.

Page 8: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

7

ABSTRACT

Systematic review, whose objective was to carry out a survey on the strategies and / or techniques of interventions used by the psychologist with the families of patients in palliative care. Electronic searches were carried out for scientific articles in the databases: Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Medical Literature Analysiand Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Library Online (SCIELO) and the Electronic Periodical in Psychology (PEPSIC). The descriptors used were: palliative care, family, psychology, family caregiver, and psychologist, in publications published between 2000 and 2017. Only articles available in Portuguese language were used, which included the subject of the study, excluding those that did not fit objectives of the research and whose text was not complete. The selection of articles was done initially by reading the title and abstract. Thus, those articles considered appropriate and excluded were those validated between the different databases researched or that did not portray, specifically the theme of the study. The final sample consisted of 15 articles. The results presented corresponded to scientometric, methodological and thematic categories. In general, the articles were in Portuguese, articles published in Pepsic predominated, where most of the research was characterized as bibliographic. The thematic categories show that the performance of the psychologist with the relatives of terminal patients occurs in the form of reception through listening, where the psychologist has the role of mediator between patient, family and health team, playing an important role of communication between them. In addition to helping to alleviate the suffering of this family regarding the acceptance of the disease and the mourning it will have to go through, thus justifying the relevance of this research and considering this study of utmost importance for future research. Keywords: Palliative Care. Family. Psychology.

Page 9: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………… 9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA …………………………………………….. 11 2.1 FAMÍLIA ………………………………………………………………………... 11 2.1.1 Conceito de família e sua evolução ...................................................... 11 2.1.2 Família e adoecimento ........................................................................... 14 2.2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ....................................................... 16 2.2.1 Contexto histórico .................................................................................. 16 2.2.2 Humanização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) .......................... 18 2.3 CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................... 20 2.3.1 Considerações iniciais sobre cuidados paliativos .............................. 20 2.3.2 O papel do psicólogo na equipe multiprofissional em cuidados

Paliativos .................................................................................................

24 2.4 O PSICOLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR ..................................... 26 2.4.1 Áreas de atuação do psicólogo em hospital geral .............................. 26 2.4.2 Possibilidades de intervenção do psicólogo com familiares ............. 27

3 MÉTODO .................................................................................................. 30 3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ............................................. 30 3.2 BASES DE DADOS .................................................................................. 30 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS ...................................... 31 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS ..................................... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 33 4.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS .................................................................... 33 4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS ..................................................................... 38 4.2.1 As técnicas utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes

em cuidados paliativos ..........................................................................

38 4.2.2 Como o psicólogo atua com famílias de pacientes em cuidados

paliativos .................................................................................................

40 4.2.3 A atuação do psicólogo com os familiares no que tange a situação

de luto de pacientes em cuidados paliativos .......................................

42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 46

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 48

Page 10: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

9

1 INTRODUÇÃO

Entende-se como família a unidade social de proximidade ligada a pessoas

através do amor, podendo ou não ter laços legais de consanguinidade. Acreditando

que o paciente é um seguimento da família e que essa tem um papel de suma

importância na recuperação do paciente, é fundamental atender as necessidades

dos familiares, para que estes possam ajudar no que diz respeito às necessidades

do doente (SOUZA, 2010).

O paciente em cuidados paliativos passa por questões internas relacionadas

à doença e à morte. Argerami–Camon (2002) lembra que o paciente terminal vive

um momento do qual seu familiar também faz parte e essa participação irá interferir

na aceitação ou rejeição do paciente frente ao tratamento. Por isso, a família é tão

importante nesse contexto, necessitando também de apoio psicológico.

O objetivo do psicólogo hospitalar é trabalhar com o paciente, com a família

e com a própria equipe de saúde. No entanto, a família está do lado de fora da UTI,

mesmo assim, ela sofre com a internação do paciente, sente-se angustiada, perdida,

impotente e desorientada pela doença, permanece aflita esperando noticias do

paciente. A família, portanto, necessita ser tratada, uma vez que ela costuma

adoecer nesse processo. E em cuidados paliativos, mais do que tratar de uma

doença, trata-se da pessoa. (HENNEZEL, 2004).

Souza (2010) afirma que quando um familiar é hospitalizado instala-se uma

crise, podendo precipitar uma desestruturação familiar. É preciso conscientizar a

família da real situação do paciente e da importância do seu tratamento. O familiar

deve ser visto como paciente secundário, pois ele passa por diversos

questionamentos pessoais desde a aceitação da doença, o tratamento ou a

hospitalização em UTI do seu familiar.

Os familiares possuem necessidades específicas e com o desenvolver da

nova situação apresentam elevados níveis de estresse, distúrbios de humor e

ansiedade, que se inicia desde a internação do paciente e pode persistir até após a

morte de seu ente querido. Quando um componente do grupo familiar adoece,

ocorre uma desestruturação do desenho familiar, pois cada membro dessa família

terá que se reorganizar para atender a nova realidade dessa família. (SOARES,

2007).

Page 11: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

10

O objetivo da pesquisa foi realizar um levantamento sobre as estratégias

e/ou técnicas de intervenções utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes

em cuidados paliativos.

Acerca dos objetivos específicos procurou-se ao longo dessa pesquisa listar

as técnicas utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em cuidados

paliativos; verificar como o profissional de psicologia atua com famílias de pacientes

em cuidados paliativos, em relação ao processo de adoecimento dos seus

familiares; elencar aspectos relacionados à atuação do psicólogo com os familiares

no que tange a situação de luto de pacientes em cuidados paliativos; especificar os

dados cientométricos, e temáticos referentes às publicações encontradas.

Para obter-se o conhecimento necessário ao desenvolvimento do estudo foi

realizada uma revisão sistemática, que se refere ao processo de reunião, avaliação

crítica e sintética dos resultados de múltiplos estudos, (COSTA; ZOLTOWSKY,

2014), através de buscas em periódicos científicos selecionados por critérios de

inclusão e exclusão delimitados.

Dessa forma o presente estudo foi estruturado em capítulos, no qual o

primeiro tratou-se sobre família, suas modificações e o adoecimento familiar. O

segundo capítulo contemplou sobre cuidados paliativos com suas considerações

iniciais, o papel do psicólogo nesse contexto enfocando a relação paciente e família.

Adiante o terceiro capítulo abordou sobre a Unidade de Terapia Intensiva com seu

contexto histórico e a interação entre a família de pacientes em UTI e o psicólogo, o

quarto capítulo contempla o psicólogo no contexto hospitalar, trabalho geral do

psicólogo hospitalar e possibilidades de intervenção do psicólogo com familiares.

O quinto capítulo trata do método, ou seja, como se deu as buscas

relacionadas à pesquisa. O sexto se refere aos resultados e discussão acerca dos

artigos encontrados. Por fim, o último capítulo contempla as considerações

referentes à todo o trabalho.

Embora o foco do atendimento seja o paciente, é preciso também acolher os

familiares angustiados, pois para muitas famílias o fato de ter um ente querido em

UTI, remete a eminência da morte e associado a isto, o sentimento de medo e

angústia. Assim, para entender como os familiares se sentem frente ao adoecimento

e ao luto e quais estratégias de intervenções e técnicas são utilizadas pelo

psicólogo, fez-se necessário à realização desse estudo.

Page 12: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 FAMÍLIA 2.1.1 Conceito de família e sua evolução

A palavra família vem do latim fâmulus, cujo significado seria “escravo

doméstico”, ou seja, alguém que pertence ao senhor da casa. A denominação surgiu

na Roma Antiga e servia para fazer relação aos serviçais que trabalhavam na

agricultura perante regime de escravidão. A família greco-romana era formada

então, por seu senhor e seus fâmulus: esposa, filhos, servos livres e escravos

(PRADO, 1985).

Naquela época, o conceito de família referia-se a um grupo de pessoas que

se encontrava em permanente domínio do pai, que era caracterizado como pater

familiar, era visto como o “senhor e magistrado”, sendo completamente responsável

pelo grupo, pela casa, pela vida e morte de todos e pelos bens pertinentes a ele.

(PALMA, 2001).

A família na maior parte de sua história foi controlada e organizada na forma

patriarcal, ou seja, o pai mantinha todo o poder sobre a sua esposa, seus filhos,

seus netos e era o único responsável pelas finanças, todos da casa eram totalmente

submissos a ele. Com a morte do pai o poder era transferido ao primogênito ou a

outros homens pertencentes ao grupo familiar, nunca a esposa ou as filhas

assumiam a família, pois o poder era vedado à mulher. (PEREIRA, 2004).

Segundo Rodrigues (2004) a família vem a ser a pedra fundamental da

sociedade, pois ela é o pilar da organização social e por esse motivo tem uma

proteção especial do estado. Com o passar dos tempos esta sociedade familiar

sentiu necessidade de criar leis para se organizar e com isso surgiu o Direito de

Família, estabelecendo as relações familiares e tentando solucionar os conflitos

resultantes dela, sempre com o propósito de ajudar a manter a família na qual o

indivíduo possa existir como cidadão. (CORRÊA,1999).

O nosso código civil de 1916 prezava pelo casamento e tinha para si que

este era parte central do direito de família, pois o estado só viria a dar proteção às

famílias constituídas pelo casamento de vínculo indestrutível. As relações mantidas

fora do casamento seriam consideradas como adulterinas e os filhos gerados fora do

casamento seriam considerados ilegais, ou seja, seriam considerados ilegítimos. O

Page 13: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

12

filho adulterino somente poderia ser reconhecido se o pai assim quisesse e o fizesse

dentro do prazo. (RODRIGUES, 2004).

Ainda de acordo com Rodrigues (2004), com o passar dos anos a

Constituição Federal vigente aumentou a visão de família em relação aos

documentos anteriores, pois passou a reconhecer como entidade familiar tanto as

famílias constituídas pela união estável entre um homem e uma mulher, como as

constituídas fora do casamento, tendo também considerado como família, a família

monoparental, que é aquela constituída por um dos pais e seus filhos.

Ocorreram mudanças significativas na legislação brasileira e no direito da

família a partir da Constituição Federal de 1988, pois a mesma veio a reconhecer a

igualdade entre homens e mulheres, proibiu a descriminação entre os filhos

nascidos dentro do casamento, como os nascidos fora do mesmo, com isto anulou

vários artigos do código civil de 1916. Assim depois de todas estas mudanças veio o

novo código civil. Com todas essas mudanças o conceito de família tornou-se amplo

e difícil, uma vez que a família não se limita a uma instituição padrão como no

passado, aonde se tinha uma família clássica formada por pai, mãe e os filhos em

um casamento indestrutível. (GONÇALVES, 2008).

O objetivo da sociedade moderna é oferecer uma condição digna de vida, na

qual cada um possa realizar as diversas dimensões da sua personalidade,

abandonando as restrições impostas pela minoria, o pesar de autoridades externas

e ingressando na plenitude expressiva da própria subjetividade. (PETRINI;

CAVALCANTI, 2005).

A família ao longo do tempo foi se modificando. A família contemporânea

tem criado formas particulares de organização, não mais se limitando a família

nuclear composta por pai, mãe e os filhos, os casais se unem e se desunem por

diversas vezes, formam novas famílias onde passam a conviver ou não com os filhos

das relações passadas e das novas relações, não seguindo mais um padrão como

na família tradicional. (WAGNER, 2002).

Ainda de acordo com Wagner (2002) a família se organizava em torno da

figura do pai, fechada em sua intimidade e com um padrão de educação

determinado para os filhos. O homem tinha o poder econômico da família, enquanto

a mulher dedicava-se apenas aos afazeres domésticos. No entanto, tais

modificações na estrutura familiar têm gerado mudanças nos padrões de

Page 14: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

13

funcionamento entre os seus membros, levando a um processo de assimilação e de

construção de novos modos de relacionamento.

A família contemporânea caracteriza-se por uma grande variedade de forma

que documentam a inadequação dos diversos modelos da tradição. Os modelos de

comportamentos que regulamentavam as relações entre sexos e as relações de

parentescos foram abandonados, ainda que, em algumas regiões e nas classes

sociais menos escolarizadas, posam ser reconhecidas sobrevivências de valores e

de comportamentos passados. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).

As famílias monoparentais ou unilinear designam as unidades domésticas

em que as pessoas vivem sem cônjuge, com um ou mais filhos, ou seja, qualquer

pai ou mãe que conviva com um ou mais filhos, sem o cônjuge são consideradas

famílias monoparentais. (VITALE, 2002). Isso ocorre devido à viuvez, divórcio,

produção independente, adoção unilateral, entre outras.

Outro modelo de família se refere a quando um dos pais recasa, constituindo

assim uma nova família, são chamadas as famílias recasadas. Nesse caso muitos

recasamentos acabam ocorrendo de forma consensual, sem qualquer registro ou

procedimento legal. Féres-Carneiro (2003) afirma que muitos casais procuram

encontrar no recasamento a satisfação de expectativas anteriores ao primeiro

casamento, aumentando assim a expectativa de vidas das pessoas após o divórcio,

buscando relacionamentos mais felizes do que o anterior.

A forma como a família vem se modificando e se estruturando nos últimos

tempos, impossibilita identificá-la como um modelo único ou ideal, pois ela se

expressa em arranjos diversificados e peculiares. A composição pode variar em

uniões consensuais de parceiros separados ou divorciados; uniões de pessoas do

mesmo sexo; uniões de pessoas com filhos de outros casamentos; mães sozinhas

com os seus filhos; avós com os netos e uma infinidade de formas a serem

definidas. As novas configurações familiares estão cada vez mais presentes, porém

não podemos dizer que todas são socialmente aceitas (FERRES-CARNEIRO, 2003).

Para Scavone (2001), tais mudanças ocorridas nas últimas décadas

contribuíram não somente para uma nova configuração familiar, mas também para

uma mudança de papéis dentro de casa. Em 1943, segundo a Legislação Brasileira,

as mulheres casadas conseguiram o direito de trabalharem fora de casa sem a

autorização do marido. Neste contexto, a figura do pai, também se modificou,

Page 15: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

14

caracterizando-se atualmente como mais amoroso, afetivo e presente na vida dos

filhos, mas sem perder a autoridade.

O papel do pai ainda continua sendo muito importante na construção da

autonomia e da ousadia da criança. A diferença é que antes a autoridade paterna

era acompanhada de medo que as crianças sentiam frente a uma figura tão severa e

distante, no entanto hoje esse processo se dá de forma mais saudável, já que os

pais atuais não se fazem entender apenas no grito. (BURIESCO, 2011).

A perspectiva de realização pessoal pôs um fim à definição da mulher como

rainha do lar e abriu as portas das empresas ao trabalho feminino. Isto aumentou os

rendimentos domésticos e as possibilidades de consumo familiar e,

simultaneamente, reduziu a dedicação às tarefas domésticas e à educação dos

filhos. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).

O fato de a mulher estar mais introduzida no mercado de trabalho também

contribuiu para as novas organizações familiares, pois elas conseguem ter suas

vidas mais independentes, ajudando na criação dos seus filhos sem ter a

necessidade de serem casadas. A mulher atual busca o sucesso pessoal incluindo

em seus ideais de vida a realização profissional sem deixar de participar do sustento

da família. (WAGNER, 2002).

Apesar de todas as mudanças realizadas e de todos os arranjos familiares

existentes, a relação familiar continua sendo fonte de felicidade e de esperança.

Muito possivelmente não mais haverá um modelo de família dominante, ao qual se

reconheça um significado normativo, sempre haverá novas possibilidades e

escolhas inéditas. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).

A família apresenta um ciclo vital, ou seja, ela nasce, cresce, amadurece e

se reproduz em outras famílias, encerrando seu ciclo quando chegam à morte.

Quando um ente querido adoece pode ocasionar uma ruptura na dinâmica familiar, a

família sofre mudanças e tem que se adaptar a nova situação de acordo com a

necessidade de cada um, independente de como essa família esteja organizada.

2.1.2 Família e adoecimento

A descoberta de uma doença desencadeia sentimentos que pode variar, de

acordo com o grau de conhecimento que se tenha sobre essa doença, tanto na

pessoa doente como na sua família. Cada membro é importante e assume papéis

Page 16: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

15

diferentes dentro da família, os indivíduos podem formar subsistemas, ocasionado

pelo sexo, grau de importância e função, existindo diferentes níveis de poder.

(SILVA, 2000).

Em todas as culturas existe a distinção de papéis para gênero e idade dos

seus integrantes, desenhando de formas diversas, as diferentes formações

familiares. Cada família, no entanto, vai apresentar as suas particularidades, seus

valores e as características de seus membros. (FONSECA, 2005).

Na realidade, tanto homens quanto mulheres são responsáveis pela

qualidade de vida familiar, na modernidade, e mais do que uma definição ou uma

diferença rígida de papéis, o que marca os bons relacionamentos é a solidariedade e

a boa relação que existe entre eles. A estrutura familiar não necessita de uma

classificação para a execução de suas funções, mas ela deve ser democrática,

compreensiva e consensual. O respeito, o amor e a segurança necessários para a

satisfação e o crescimento humano são igualmente possíveis numa variedade de

arranjos familiares. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).

A família é um sistema, e como em todo sistema, na família existem regras,

estas funcionam a partir do comportamento, do modo de pensar, de perceber e

também de adoecer dos seus membros. Com o adoecimento surgem novas regras e

as novas condições desorganizam esse sistema. (YAMAMOTO, 2006).

Yamamoto (2006), afirma que quando se recebe a notícia do diagnóstico e

este se refere a uma doença crônica ou terminal, isso acaba envolvendo toda a

família, seja de forma direta ou indireta. Todos os membros passam a ter novos

papéis e adquirem novas funções e essas mudanças acabam mexendo na estrutura

psíquica das pessoas envolvidas que terminam por mudar em prol do outro.

Muitas vezes, o impacto da revelação do diagnóstico pode levar a um

choque, a família se sente paralisada diante de uma realidade dura e difícil de ser

aceita, podendo em alguns casos, desestruturar mais a família do que o próprio

paciente. Quanto mais emocionalmente significativo for esse sujeito para a família,

maior desestruturação familiar ocorrerá. (LUSTOSA, 2007).

Quando um ente querido adoece, toda a família passa por um processo de

adaptação, além da reorganização do arranjo familiar, a família se depara com mais

desafios, pois precisam escolher quem vai assistir o paciente durante a sua

permanência no hospital e essa escolha é sempre muito difícil. (SILVA, 2000).

Page 17: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

16

Tratando-se de um dos cônjuges, há ainda uma demanda maior, pois nesse

caso os filhos passam a ter responsabilidades, que na maioria das vezes, nunca

tiveram antes, como afazeres domésticos e questões financeiras (SILVA, 2002).

Nesse contexto não existe distinção entre o papel de homens e de mulheres, todos

se reúnem e se adequam às melhores condições possíveis para cada família.

No caso de internação nas Unidades de Terapia Intensiva, as UTI’s, as

visitas acontecem em horários determinados e limitados, pois não é possível a

permanência de um acompanhante no setor, devido a uma série de restrições que

se mantém nesse local. As famílias ficam privadas de cuidarem e darem atenção ao

seu doente e isso pode ocasionar uma possível crise na desestruturação emocional,

já que as famílias ficam impedidas estar o tempo todo próximas do doente

(LUSTOSA, 2007).

Como diz Simonetti (2011), na UTI tudo ocorre de forma intensa: o

tratamento, os riscos, as emoções, o trabalho e a esperança, logo é um lugar onde

se faz necessário criar canais de escoamento dessas intensidades, esses canais

são criados por meio da palavra falada. Assim, se faz necessário conhecer um

pouco mais sobre esse ambiente que apesar das condições favoráveis para o

doente, na maioria das vezes, a família vive situações que atuam como

desestabilizadoras para o equilíbrio psicológico. E por ser um dos ambientes que

geralmente é frequentado pelo paciente na condição de cuidados paliativos.

2.2 UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

2.2.1 Contexto histórico

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma estrutura hospitalar onde são

concentrados os recursos humanos e materiais necessários ao atendimento de

pacientes, cujo estado clínico exige cuidados constantes, especializados e

ininterruptos. Seu objetivo principal é restabelecer nesses doentes, o funcionamento

de um ou vários sistemas orgânicos, gravemente alterados, até que a patologia que

motivou a internação seja adequadamente compensada ou até os parâmetros

fisiológicos atingirem níveis aceitáveis. (DI BIAGI, 2002).

A necessidade do surgimento das UTI’s se deu no início do século XX,

quando inicialmente surgiram as “salas de recuperação”, para onde os pacientes

eram encaminhados após alguma neurocirurgia nos EUA. Aqui no Brasil sua

Page 18: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

17

implantação foi um pouco mais tarde, na década de 70, sendo o hospital Sírio

Libanês, no estado de São Paulo, o primeiro a implantar a UTI, com apenas 10 leitos

no início. (FARIA, 2015).

Com o avanço das novas técnicas de atendimento e tratamento aos

pacientes, que se encontrava em crise aguda, aqui no Brasil, houve necessidade de

criar um local, reservado e único, nos hospitais, destinados especialmente à

prestação de uma assistência constante, qualificada e humanizada, com vigilância

24 horas por dia, esse local foi denominado de UTI. (MOREIRA; CASTRO, 2006).

De acordo com Di Biagi (2002), o paciente que vai para a UTI precisa estar

dentro de alguns critérios como, por exemplo: baixa probabilidade de sobrevivência;

pacientes que podem se tornar gravemente enfermos a fim de prevenir graves

complicações ou preveni-las; pacientes que não sobreviveriam sem o tratamento

intensivo. No inicio as UTI’s eram reservadas a pacientes com infarto agudo, com o

passar do tempo também passaram a ser atendidos pacientes portadores de

insuficiência renal aguda, hemorragia digestiva alta, em estado de coma, estado de

choque e diversas outras situações igualmente graves. (OLIVEIRA, 2002).

As UTI’s se expandiram rapidamente, havendo necessidade de profissionais

qualificados e especializados, denominados de intensivistas, formando assim uma

equipe composta por diversos profissionais; médicos, enfermeiros, técnicos de

enfermagem, farmacêuticos, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, nutricionistas,

psicólogos e assistentes sociais. (MARTINS; NASCIMENTO, 2005).

Segundo Knobel (2006), a UTI deve ser muito bem definida, desde o

planejamento da área, sua localização, número de leitos, tipos de unidade, posto de

enfermagem, sala de utensílios limpos e sujos, banheiro de pacientes, copa de

pacientes, sala de serviços gerais, sala de procedimentos especiais,

armazenamento de equipamentos, laboratórios, sala de reuniões, áreas destinadas

a funcionários, conforto médico, secretária administrativa, recepção da UTI, sala de

espera dos visitantes, rota de transporte de pacientes, entre outros.

As UTI’s são equipadas com aparelhos de alta tecnologia, que são capazes

de reproduzir as funções vitais do paciente, nela estão instalados desde ventiladores

mecânicos que agrega vários modos de assistência respiratórios, até bombas de

perfusão com o controle mais exato da dosagem dos medicamentos e de seus

diluentes. A criação das UTI’s foi um marco na história da medicina, já que

possibilitou o atendimento apropriado aos pacientes em estado grave, garantindo-

Page 19: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

18

lhes melhores condições no tratamento e uma maior probabilidade de recuperação,

obtendo uma redução significativa no número de óbitos. (PEREIRA, 1999).

A admissão de um paciente na UTI geralmente necessita de uma rápida

intervenção, já que o paciente apresenta alto risco de instabilidade de um ou mais

sistemas fisiológicos, com possíveis riscos à saúde, cuja vida pode encontrar-se no

limite com a morte. (GUIMARÃES, 2008).

O cuidado com o paciente que se encontra na UTI é único. A terapia

intensiva é voltada diretamente a este paciente e tudo o que se pode fazer para

amenizar o seu sofrimento será realizado de forma cuidadosa visando o bem-estar e

melhores condições de vida para ele. (SEBASTIANI, 2010). Dessa forma se faz

necessário uma vigilância cuidadosa a fim de que essa assistência seja realizada de

forma humanizada, diminuindo assim o sofrimento do paciente e dos seus familiares

durante sua permanência nesse ambiente.

2.2.2 Humanização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Na UTI tudo é intenso, diariamente são usadas palavras como: viver, morrer,

risco, medo, dor e esperança. É um local onde não se tem distinção entre o dia e a

noite, o paciente não tem noção do tempo. A internação em UTI pode causar um

desequilíbrio emocional tanto para o paciente como principalmente para a família,

que vivencia uma situação não planejada, a qual não pode controlar.

(COMASSETTO, 2006).

A internação de um ente querido em UTI é uma experiência bastante difícil

para a família, pois se instala o medo, a dor, a preocupação e a insegurança em

relação ao estado do paciente, devido à instabilidade emocional que os invade

nessa situação, pois se encontram sensivelmente abalados. (SILVA, 2000).

A UTI é repleta de tecnologias que são utilizadas diariamente pelos

profissionais que ali atuam e tem como foco principal a manutenção da vida do

paciente. Cada vez mais novas formas técnicas e aparatos são utilizados no

tratamento dos pacientes que ali se encontram internados. No entanto, o paciente

que está internado necessita de outros elementos que também são essenciais para

a manutenção da vida, elementos como uma boa comunicação entre a equipe e os

familiares e a empatia deve ser levada em conta quanto se pensa em trabalho

Page 20: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

19

humanizado. São necessários que sejam eliminados os mitos da frieza e da

hostilidade que giram em torno das UTI’s. (COMASSETO, 2006).

Segundo Knobel (2006), humanizar é cuidar do paciente como um todo,

envolvendo também o contexto familiar e social do individuo, respeitando os seus

valores, esperanças, aspectos culturais e preocupações de cada um. Humanizar

também implica em estabelecer uma comunicação clara que ofereça segurança e

conforto aos familiares de pacientes internados na UTI.

A presença dos familiares e dos amigos diariamente na vida do paciente que

está internado na UTI é muito importante, pois a presença deles auxilia no desejo do

paciente se recuperar o mais breve possível. O apoio deles é indispensável nesse

momento difícil, principalmente porque a família é vista como aliada ao tratamento,

contribuindo para que o paciente se sinta protegido, seguro, amado e sendo

estimulado a lutar pela vida. (COMASSETTO, 2006).

É muito importante para o paciente, assim como para a sua família

compreender que a internação na UTI é uma etapa fundamental durante o processo

de adoecimento, devendo haver uma interação entre eles, pois a vivência de ambos

é caracterizada principalmente em ações diárias, em favor do bem-estar dos

envolvidos. A UTI é, sem dúvida, de suma importância para o avanço terapêutico, no

entanto impõe uma nova rotina ao paciente e seus familiares (COMASSETTO,

2006).

Quando a família entende a doença do paciente, o porquê dele estar na UTI,

à importância do cuidado para a melhora da doença e os agravos que podem

ocorrer, os familiares podem responder de forma positiva às mudanças causadas

pela internação, diminuindo os efeitos prejudiciais da doença, passando a colaborar

com o individuo doente, auxiliando-o nessa nova etapa. (PENA; DIOGO, 2005).

A humanização em UTI visa proporcionar melhorias na qualidade do serviço

e do atendimento prestado, oferecendo uma assistência de qualidade, onde o

paciente é atendido dentro das suas necessidades individuais.

Humanizar caracteriza-se em colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvida, entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com ciência e paciência as palavras e os silêncios. O relacionamento e o contato direto fazem crescer, e é neste momento de troca, que humanizo, porque assim posso me reconhecer e me identificar como gente, como ser humano. (OLIVEIRA, 2001, p. 104).

Page 21: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

20

Mezzomo (2001), afirma que um hospital humanizado é aquele onde a sua

estrutura física, tecnológica, humana e administrativa valoriza e respeita a pessoa,

colocando-se a serviço dela, garantindo-lhe um atendimento de alta qualidade, ou

seja, um dos maiores objetivos da humanização das UTI’s seja o de manter a

dignidade humana, respeitando os seus direitos e principalmente sua voz.

Em UTI os cuidados paliativos são imprescindíveis já que estes são

destinados a pacientes com diagnóstico de uma doença incurável e visa o alívio do

sofrimento. Os cuidados paliativos baseiam-se em conhecimentos inerentes às

diversas especialidades, ou seja, consiste na assistência promovida por uma equipe

multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, psiquiatras, nutricionistas,

fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos que objetivam a

prevenção e alivio do sofrimento do paciente em fase terminal e de seus familiares.

(FRANCO, 2008).

Na prática paliativa é importante a interatividade de todos os envolvidos no

processo, isto é, do paciente, de seus familiares e da equipe de saúde. Uma

abordagem ampla permite a inclusão dessa prática no sistema de saúde e na

sociedade.

2.3 CUIDADOS PALIATIVOS

2.3.1 Considerações iniciais sobre cuidados paliativos

A palavra paliativa é derivada do vocabulário latino pallium, que significa

manto, cobertor, expressando um propósito de proteção contra as intempéries do

caminho. Portanto, Cuidado Paliativo pode ser entendido como cuidado e proteção,

dentro de uma visão holística das várias dimensões do ser humano (FLORANI,

2008). Na fase final da vida, quando o processo de morte é irreversível, os Cuidados

Paliativos tornam-se imprescindíveis, pois demandam uma atenção específica e

contínua ao paciente e a sua família, ajudando-os a aliviar o sofrimento.

Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde- OMS, Cuidado

Paliativo é:

Uma assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação

Page 22: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

21

impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais (OMS, 2002, p. 25).

O cuidado paliativo não se baseia em protocolos, mas sim em princípios.

Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, baseando-se em conhecimentos inerentes

às diversas especialidades, possibilidade de intervenção clínica e terapêutica nas

diversas áreas de conhecimento da ciência médica e de conhecimentos específicos

(PESSINI, 2005).

Os princípios que regem a atuação da equipe multiprofissional de Cuidados

Paliativos são: promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis; afirmar a

vida e considerar a morte como um processo normal da vida; não acelerar nem adiar

a morte; integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;

oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente

quanto possível, até o momento da sua morte (BARBOSA; NETO, 2006).

Como também oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares

durante a doença do paciente e enfrentar o luto; abordagem multiprofissional para

focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento

no luto; melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença;

deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de

prolongamento da vida com a quimioterapia e a radioterapia e incluir todas as

investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínica

estressante. (BARBOSA; NETO, 2006).

São várias as doenças com caráter evolutivo que conduzem a um estado

terminal e que necessitam da prestação de cuidados paliativos. Quando essas

doenças estão, particularmente, adiantadas e em rápida progressão, assumem

grande complexidade e conduzem o paciente a uma debilitação progressiva, com o

surgimento de múltiplos sintomas e problemas. (PEREIRA, 2010).

É importante, por decorrente, considerar a pessoa gravemente doente tendo

em conta as múltiplas necessidades de que padece e que a afetam, bem como

considerando os problemas conflitos e desafios éticos que podem emergir.

Atendendo sobre o impacto que tem sobre a pessoa, destacam-se as necessidades

físicas e psicológicas – entendidas como o conjunto sintomas dos quais a pessoa

padece e o impacto emocional que esta situação de vida tem para ela, bem como o

sofrimento o psicológico que lhe está associado – as necessidades espirituais, em

Page 23: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

22

que adquire particular relevância a necessidade de redefinição do sentido da vida

face à eminência da morte. (PEREIRA, 2010).

A pessoa que vivencia o processo de doença grave, incurável e progressiva

passa por fases de adaptação da situação. A compreensão destas fases pode

facilitar a relação entre a pessoa doente, os seus entes queridos e os profissionais

de saúde, contribuindo para um melhor processo de cuidados. De um modo geral,

como aponta Kübler-Ross (2005), estas fases são:

1. Negação, em que a pessoa tenta desmentir, para si mesma, a realidade

da situação em que está vivendo. Durante esta fase, a pessoa tende a agir como se

nada de estranho estivesse se passando com ela, não admitindo a realidade da sua

situação, nem tão pouco aceitando qualquer tipo de conversa ou comentário sobre o

assunto. Esta fase de negação é na maioria das vezes, temporária, e funciona,

especialmente, como uma estratégia de defesa que a pessoa utiliza para evitar

enfrentar a situação. Esta necessidade de negação surge praticamente em todos os

doentes, sendo mais frequente em fases iniciais do desenvolvimento de uma doença

grave do que nos últimos tempos de vida.

2. Raiva ou ira, em que a pessoa se revolta devido à gravidade da sua

doença e do prognóstico que lhe está associado. Frequentemente, a pessoa acaba

por direcionar a ira que sente principalmente contra as pessoas que lhe estão mais

próximas, demonstrando hostilidade e agressividade diante dos seus entes queridos

e profissionais de saúde, fazendo com que estes sintam grande dificuldade em se

aproximar da pessoa doente.

3. Negociação, este estágio é o menos conhecido, no entanto muito útil para

a pessoa doente, pois neste caso, a pessoa tenta interceder junto das outras

pessoas e de Deus, fazendo promessas caso venha a melhorar. Esta fase no fundo

constitui uma tentativa de procrastinação da situação, sendo a maior parte das

tentativas de acordo feitas com Deus. A nível psicológico, esta fase pode estar

associada a sentimentos de culpa que a pessoa doente tem e é relevante que os

profissionais de saúde estejam atentos a algumas observações sutis que os doentes

fazem.

4. Depressão, fase em que a pessoa tende a se isolar e se afastar das

pessoas que estão mais próximas, evitando qualquer forma de contato. Geralmente

esta fase se inicia quando o doente tem consciência da sua real condição, é o

momento em que ele deixa de ser capaz de continuar a negar a realidade, às perdas

Page 24: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

23

iminentes e à perda da esperança. Esta fase é considerada necessária e benéfica

para que o doente consiga atingir a aceitação.

5. Aceitação, esta é a fase em que a pessoa passa a aceitar a morte com o

conformismo possível. Esta fase se caracteriza, na maioria das vezes, pela definição

de objetivos e metas para o tempo que lhe resta viver, bem como pela partilha de

desejos e vontades que gostaria de ver cumpridos após a sua morte, e pela

expressão de afetos e sentimentos. A aceitação é uma etapa muito importante para

o doente e ela depende da forma como as outras fases foram vividas, se foram bem

elaboradas com certeza a aceitação será bem significativa.

Embora possa haver sistematização entre as fases em que a maioria das

pessoas possa passar quando confronta uma doença grave, a verdade é que a

maneira como cada uma delas lida com essa situação é única, singular e subjetiva.

No entanto, um aspecto fundamental que se mantém ao longo dessas fases é a

esperança, a qual corresponde à existência de um sentimento por parte do doente

de que a experiência que está a vivenciar possui algum significado e irá traduzir-se a

alguma compensação. (KUBLER- ROSS, 2005).

Cabe ressaltar que, a atenção dos Cuidados Paliativos não é a doença a ser

curada ou controlada, mas o doente, que é compreendido como um ser biográfico e

ativo, com direito a informação e autonomia plena para decisões sobre o seu

tratamento, sua prática é voltada à atenção individualizada do doente e sua família,

com o objetivo de controlar os sintomas, sendo os sintomas estressantes para o

doente o foco principal da atenção e prevenir o sofrimento, promovendo o alivio da

dor. (MASSIEL, 2008).

Uma das grandes lutas dos Cuidados Paliativos é a de que a morte, não seja

a causa de um sofrimento humano e que a morte, não se resuma a um pedido de

eutanásia. O cuidado paliativo não tem nada haver com eutanásia, ele resgata a

possibilidade da morte como um evento natural e esperado na presença de doença

ameaçadora da vida colocando ênfase na vida que ainda pode ser vivida

proporcionando a este paciente uma morte digna (BARBOSA; NETO, 2006).

O psicólogo tem um papel fundamental na equipe de cuidados paliativos. O

psicólogo estimula o doente e seus familiares a falarem abertamente sobre sua

situação, com o objetivo de que os mesmos reconheçam o seu sofrimento e

contribuam para a elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte

e luto. (NUNES, 2012).

Page 25: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

24

2.3.2 O papel do psicólogo na equipe multiprofissional em cuidados paliativos

O trabalho em equipe é um dos pressupostos dos cuidados paliativos, a

habilidade de comunicação entre diversos profissionais de outras áreas do

conhecimento é fundamental na equipe. Cada membro da equipe tem a sua forma

de abordar o sofrimento a partir da perspectiva que o seu saber lhe autoriza.

(BARBOSA; NETO, 2006).

O psicólogo hospitalar faz parte da equipe multiprofissional em cuidados

paliativos e contribui em diversas atividades, a partir de saberes advindo ao campo

da mente e das vivências e expressões da mesma, através do corpo. As ações do

psicólogo em cuidados paliativos não se limitam ao paciente em fase final de vida,

mas deve incluir a família, como parte inexplicável da unidade de cuidados, mesmo

que estes tenham que ser observados em sua especificidade. (FRANCO, 2008).

A família “carrega” o seu doente durante todo o processo de adoecimento e

morte. O diagnóstico é comunicado primeiro à família que nesse momento vivencia a

dor física e a dor psicológica, instalando-se às vezes, uma crise existencial e

espiritual diante da situação. (PESSINI, 2005). É por isso que o psicólogo estimula

tanto o doente como a família a pensarem e a falarem livremente sobre a situação.

Desse modo procura legitimar seu sofrimento e contribuir para a elaboração das

experiências de adoecimento, processo de morte e luto (BARBOSA; NETO, 2006).

O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do

adoecimento. No entanto, aspectos psicológicos não existem soltos no ar, e sim

encarnados em pessoas; na pessoa do paciente, nas pessoas da família e nas

pessoas da equipe profissional. A psicologia hospitalar define como objeto de

trabalho não só a dor do paciente, mas também a angústia declarada da família e a

angústia disfarçada da equipe. (SIMONETTI, 2011).

O psicólogo hospitalar trabalha com a tríade: paciente, família e equipe de

saúde, que sem dúvida vivem muitas angústias e dúvidas sobre a vida. O importante

para o psicólogo não é a cura da doença em si, mas sim ouvir e compreender,

tentando proporcionar a todos dessa tríade um suporte emocional que em situações

de terminalidade às vezes se torna imperceptível. (SILVA, 2007).

Diante da finitude humana, o psicólogo sempre busca a qualidade de vida do

paciente, tentando amenizar o seu sofrimento, angústia, ansiedade e depressão

diante da morte. A atuação do psicólogo é importante tanto no nível de prevenção,

Page 26: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

25

quanto durante o tratamento, podendo ajudar os familiares e os pacientes a

quebrarem o silêncio e falarem sobre a doença, fornecendo a eles as informações

necessárias sobre o tratamento. Assim o psicólogo contribui para que doentes e

familiares falem sobre o problema, ajudando o paciente a enfrentar a doença.

(NUNES, 2012).

A escuta clínica e o acolhimento ao paciente, são instrumentos

indispensáveis utilizados pelo psicólogo para atender a real demanda do paciente.

Seu trabalho consiste em atuar nas desordens psíquicas que geram estresse,

sofrimento e depressão, o psicólogo busca o tempo todo, maneiras do paciente ter a

sua autonomia respeitada. (HERMES; LAMARCA, 2013).

É fundamental que o psicólogo possa perceber o fenômeno religioso como

um recurso que possibilite buscar alternativas para reforçar o suporte emocional do

paciente, pois dar assistência ao paciente envolve integrar várias dimensões do ser

e isto inclui também o aspecto espiritual. A espiritualidade representa para o

paciente uma fonte de conforto e suporte para o enfrentamento da doença,

apresentando- se como fator de contribuição na adesão do tratamento.

(FORNAZARI; FERREIRA, 2010).

O psicólogo atua para alargar o canal de comunicação entre o paciente,

seus familiares e a equipe multidisciplinar, para que se permita identificar as

necessidades do paciente e da família, visando aumentar o seu bem- estar;

conhecer os temores e anseios do paciente, buscando oferecer medidas de apoio

pautadas em seus valores culturais e espirituais; mediar oportunidades para que

sejam tratados assuntos pendentes como despedidas, agradecimentos e

reconciliações; facilitar a relação entre profissional de saúde, pacientes e familiares.

(ANCP, 2009).

O atendimento psicológico aos pacientes terminais tem como um dos seus

objetivos passar aos doentes que o momento crítico da doença pode ser

compartilhado, estimulando e buscando recursos internos para assim atenuar

sentimentos de derrota e solidão, favorecendo a ressignificação desta experiência

de adoecer. (NUNES, 2012).

É de extrema importância a participação do psicólogo na equipe

multidisciplinar de cuidados paliativos, pois a atuação desse profissional promove a

melhora da qualidade de vida de pacientes que se encontram em tratamento de uma

doença terminal reduzindo os agentes estressores que geram sofrimento e angústia,

Page 27: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

26

devido às mudanças na rotina diária tanto dos pacientes, como também de seus

familiares.

2.4 O PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR

2.4.1 Áreas de atuação do psicólogo em hospital geral

O psicólogo, como profissional de saúde, tem um papel importante na

instituição hospitalar, buscando contribuir para a sua humanização. A humanização

do atendimento abrange desde a internação, a orientação médica e a assistência

global que o paciente recebe, incluindo o atendimento da sua família (CAMPOS,

1995).

A psicologia hospitalar trata-se da área que intervém nos procedimentos de

patologia, internação e tratamento, rodeados pela relação entre equipe, paciente e

família usando técnicas e teorias específicas para a atenção aos indivíduos em um

contexto hospitalar. Os psicólogos que atuam nessa área têm seu trabalho

concentrado nas reações que podem agravar a situação do enfermo ou mesmo

dificultar o processo de restabelecimento da saúde. (SEBASTIANE; MAIA, 2005).

Diversas modalidades de intervenções podem ser efetuadas no hospital tais

como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de

psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatórios e Unidades de Terapia Intensiva;

pronto atendimento; psicodiagnóstico; trabalho com a equipe multidisciplinar;

promoção do apoio e segurança ao paciente e a família dentro da sua área de

atuação; entre outras (CFP, 2007).

A assistência psicológica, dentro do hospital, busca o alívio emocional do

paciente e de sua família, sendo que, muitas vezes, a ajuda a ser prestada implica

uma mobilização de forças, em que angústia e ansiedade estão presentes.

(CAMPOS, 1995).

É de responsabilidade do psicólogo hospitalar levar a pessoa a reconhecer

as suas potencialidades, notar as relações com suas próprias experiências e

atitudes, suas enfermidades e suas reações no contexto da vida, enrijecendo suas

possibilidades pessoais de lidar e enfrentar as situações de crise, procurando evitar

ou somente aliviar o sofrimento psicológico que geram (SILVA, 2000).

No que se refere às equipes de saúde, o psicólogo pode sistematizar a

realização de grupos de caráter operativo, executando um treinamento e clarificando

Page 28: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

27

a função de cada profissional, além de incentivar a realização de atividades para a

redução do estresse visto que em profissionais do campo da saúde, o grau de

estresse é bastante elevado. (CHIATTONE, 2011).

Segundo o CFP (2007), o psicólogo hospitalar deve atuar em três esferas:

na assistência, no ensino e na pesquisa. Na atividade de assistência psicológica, o

psicólogo deve atender o paciente, a família e a equipe multiprofissional; no ensino

deve abranger orientação e supervisão em estágio e cursos de aprimoramento, além

de atividades de treinamentos e palestras; já no campo das pesquisas, todo, ou

quase todo, trabalho que o psicólogo realiza no hospital pode ser objeto de estudo,

dando origem à produção de conhecimentos teóricos e práticos (CAMPOS, 1995).

O hospital está acostumado a um modelo biomédico, com uma valorização

do aspecto orgânico das doenças e doentes. Não se esperava a participação do

psicólogo dentro dos hospitais, por isso é preciso conquistar de vez esse espaço,

consolidando as práticas e delimitando o campo de atuação, mostrando que dentro

de um mesmo contexto, há modelos de atuações diferentes.

Enquanto um grupo exercita o saber biomédico, os profissionais de saúde mental baseiam-se no modelo biopsicossocial na execução de sua tarefa. Dessa forma, a entrada de profissionais e da prática da saúde mental no hospital geral pode resultar em relação tensa, onde apesar de os modelos assistenciais poderem enriquecer, também podem entrar em conflito ao competir pela hegemonia teórica e prática das ações de saúde. (CHIATTONE, 2011, p. 171-172).

A atuação do psicólogo no hospital vem sofrendo modificações e tem sido

praticada de diversas formas. O psicólogo passou a entender e, a saber, mais

claramente sobre a sua atuação dentro do hospital depois que o Conselho Federal

de Psicologia regularizou essa prática e elaborou o Manual de Psicologia Hospitalar

(2007). Dessa forma as intervenções realizadas pelo psicólogo são de suma

importância não só para o paciente em cuidados paliativos, como para a sua família.

2.4.2 Possibilidades de intervenção do psicólogo com a família

Quando a doença se instala no individuo, muitas vezes, em consequência,

surge um desajustamento do grupo familiar, tornando-se necessário o apoio

psicológico aos membros da família. Assim, a assistência do psicólogo,

Page 29: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

28

necessariamente, atinge os familiares, no sentido de compreendê-los e dar-lhes o

suporte adequado. (CAMPOS, 1995).

A família compartilha a vida e isto gera sentimentos entre seus membros de

forma que a família se torna uma estrutura característica do ato de cuidar. O

diagnóstico de uma patologia grave afeta, não apenas o doente, porém toda a sua

família. Esta é digna de um cuidado especial desde o momento da comunicação do

diagnóstico, visto que a mesma está correndo risco de perder um ente querido, o

que pode levá-la a ações que se excedam e dependendo do nível de ansiedade

ocasionado para a família pode ocasionar um prejuízo ao estado de saúde do

paciente. (SILVA, 2002).

Uma das características do trabalho do psicólogo hospitalar refere-se ao

atendimento aos usuários e a seus familiares, especialmente em casos de

terminalidade e morte. De acordo com Kübler-Ross (2005), a família da pessoa

enferma deve ser levada em consideração, pois eles exercem um importante papel

na vida do doente e suas reações, durante essas situações, influenciam e

contribuem nas reações do próprio doente. Sem falar que o reconhecimento da

unidade família-paciente é imprescindível, levando-se em consideração que, nas

situações de morte, costumam aparecer problemas que não foram resolvidos em

outros momentos.

A situação em que o paciente se encontra, de dor, de degenerações físicas

e psíquicas, afeta de forma significativa os familiares, mas principalmente, o familiar

que cuida diretamente dessa pessoa, gerando sentimentos ambivalentes. De um

lado, o desejo de morte do ente querido, com o intuito de aliviar o sofrimento de

ambos. De outro, o sentimento de culpa, de impotência frente ao sofrimento deste.

(PEREIRA; DIAS, 2007).

Pereira e Dias (2007), afirma que quando um familiar é diagnosticado com

uma doença terminal, é comum que a família vivencie um luto com o familiar ainda

vivo que o autor denomina como “luto antecipatório”, cuja perda dessa pessoa já é

sentida, antes que ela venha a falecer.

Ao psicólogo cabe o assessoramento à família, ajudando a resolver, muitas

vezes, dúvidas práticas a respeito da situação que a família vem passando, ajudá-la

a compartilhar os sentimentos, angústias, medos e dúvidas, auxiliá-la a esclarecer

aspectos que não foram verbalizados, bem como proporcionar importantes

despedidas. A atuação do psicólogo também está em facilitar o processo de tomada

Page 30: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

29

de decisões e resolução de problemas pendentes, apoiando a família e

proporcionando um desenvolvimento maior de habilidades ao lidar com as emoções

que permeiam este processo de morte e separação. (FONSECA, 2002).

O psicólogo ajudará a família conscientizando-a da real situação do doente e

da necessidade de tratamento ou hospitalização. Os vários aspectos devem ser

claros para os familiares, pois desde o aparecimento da doença até o

estabelecimento do diagnóstico e do prognóstico, ocorrem crises e desajustes na

família e esta precisa se sentir apoiada e segura, com suas dúvidas esclarecidas.

(CAMPOS, 1995).

A atuação do psicólogo deve se direcionar em nível de apoio, atenção,

compreensão, suporte ao tratamento, clarificação dos sentimentos e fortalecimento

dos vínculos familiares (CAMPOS, 1995). E com a proposta de conhecer a atuação

do profissional de psicologia com familiares de pacientes em cuidados paliativos

delineou-se tal pesquisa, cujas informações sobre os aspectos metodológicos estão

apresentadas adiante.

Page 31: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

30

3 MÉTODO

Para obter-se o conhecimento necessário ao desenvolvimento do estudo, foi

realizada uma revisão sistemática, que se caracteriza por um processo de reunião,

avaliação crítica e sintética de resultados de múltiplos estudos, ou seja, ela se

constitui em um trabalho reflexivo, crítico e compreensivo a respeito do material

analisado (COSTA; ZOLTOWSKY, 2014), nesse caso sobre a relevância do

atendimento psicológico aos familiares de pacientes em cuidados paliativos. Foram

realizadas de buscas em periódicos científicos selecionados por critérios de inclusão

e exclusão delimitados. Buscou-se referenciais teóricos publicados acerca do tema,

com o objetivo de registrar, analisar e organizar as informações obtidas.

3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos publicados

foram: terem sido publicados entre os anos de 2000 a 2017; disponíveis no idioma

português (brasileiro), e que contemplar o tema relativo à relevância do atendimento

psicológico aos familiares de pacientes em cuidados paliativos nas Unidades de

Terapia Intensiva. Foram excluídos artigos que não se enquadraram nos objetivos

da pesquisa, aqueles cujos textos não estavam disponíveis na integra, além de

cartas, teses, editoriais e comentários.

3.2 BASES DE DADOS

O levantamento de informações foi realizado nas bases de dados online:

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical

Literature Analysisand Retrieval System Online (MEDLINE) – no qual o acesso foi

feito através do portal bvsalud (BVS); no banco de dados Scientific Eletronic Library

Online – Scielo e no Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PEPSIC), essas bases de

dados foram selecionadas devido ao respaldo nacional e pelas publicações serem

disponibilizadas de forma gratuita. Para seleção dos artigos foram utilizadas as

seguintes palavras-chaves: cuidados paliativos, família, psicologia, cuidador familiar

e psicólogo, cada um deles utilizando o conector “e”: cuidados paliativos e família;

cuidados paliativos e psicologia; cuidados paliativos e cuidados familiar; cuidados

paliativos e psicólogo; família e psicologia; família e psicólogo.

Page 32: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

31

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foram realizadas algumas etapas para a execução dessa revisão

sistemática, tendo por base as orientações de Costa e Zoltowsky (2014).

Primeiramente foram feitas buscas eletrônicas nas bases de dados estabelecidas

com todos os termos citados. No período de outubro a novembro de 2017.

Posteriormente, realizou-se o armazenamento dos resultados. Em seguida

procedeu-se à seleção dos artigos pelo resumo, de acordo com os critérios de

inclusão e exclusão estabelecidos. Após a análise dos resumos, foram localizados

os textos completos dos artigos selecionados para extração dos dados relevantes,

que foram arquivados para posterior análise.

3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

A avaliação dos artigos que constatou a pertinência para responder a

pergunta da pesquisa e foram excluídos artigos que não contemplaram os objetivos

da pesquisa. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e avaliados.

Em um segundo momento foi excluído os artigos que citavam apenas os

cuidados paliativos e não faziam nenhuma explanação sobre o trabalho do psicólogo

com as famílias. E para finalizar os artigos selecionados, que atenderam os critérios

estabelecidos, foram reavaliados, feito a síntese dos mesmos e a interpretação dos

dados.

Acerca da avaliação e análise do material coletado foram organizados em

categorias prévias que tiveram por base a forma e o conteúdo dos dados, sendo

apresentados os dados cientométricos e categorias temáticas. Com os dados

cientométricas se realizou estatísticas descritivas, onde os dados foram

apresentados em formato de frequências simples e/ou considerando a quantidade

de artigos encontrados por base de dados. O roteiro de análise inicial contemplou

informações sobre o nome dos autores, títulos, revista em que foi publicado, o ano e

o tipo de pesquisa.

No que se referem aos conteúdos dos artigos, estes foram organizados em

categorias temáticas, ou seja, os artigos foram agrupados utilizando a técnica de

análise de conteúdo de Bardin (2016). As unidades de registro foram trechos dos

artigos que contemplaram o termo atendimento psicológico com familiares bem

Page 33: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

32

como as colocações feitas sobre a temática. Assim as unidades de registro foram

agrupadas em 3 categorias temáticas, sendo elas: Categoria 1: As técnicas

utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em cuidados paliativos.

Categoria 2: Como o psicólogo atua com famílias de pacientes em cuidados

paliativos. Categoria 3: A atuação do psicólogo com os familiares no que tange a

situação de luto de pacientes em cuidados paliativos.

Page 34: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados extraídos a partir das análises dos artigos que contemplaram os

objetivos da pesquisa, bem como atenderam os critérios de inclusão e exclusão

foram analisados, organizados e serão apresentados na forma de dados

cientométricos e categorias temáticas.

4.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS

Após a realização das buscas com os termos já citados, ao todo foram

encontrados 434 artigos, ressalta-se que a quantidade de publicações obtidas com

as buscas efetuadas de todos os termos foi: 217 publicações no LILACS, 115 no

SCIELO, 102 no PEPSIC e 0 publicações no MEDLINE. No entanto, após exclusão

de material repetido e de artigos que não abordavam a temática ficaram 15 artigos

validos, apresentados na tabela 1, de acordo com a base na qual estavam

disponibilizados.

Tabela 1. Distribuição dos artigos nas bases de dados

Base de dados Quantidade de estudos Porcentagem

Medline 0 0%

Lilacs 0 0%

Scielo 5 33%

Pepsic 10 67%

Total 15 100% Fonte: autoria própria (2017)

Embora tenham sido encontradas 217 publicações no LILACS, nenhum

artigo contemplou os critérios de inclusão referentes à pesquisa, sendo descartados

todos os artigos. O PEPSIC foi à base que apresentou o maior número de artigos

válidos sobre o atendimento psicológico aos familiares de pacientes em cuidados

paliativos, conforme pode observado na tabela 1.

Durante as buscas observou-se uma grande quantidade de artigos que se

repetiam entre as bases de dados e, às vezes, se repetiam dentro da mesma base.

Conforme, demonstra o gráfico 1.

Page 35: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

34

Gráfico 1. Distribuição dos artigos repetidos nas bases de dados

Fonte: autoria própria (2017).

De acordo com o gráfico 1, nota-se que a base na qual se encontrou mais

artigos que se repetiam foi no LILACS com 26 artigos repetidos.

Finalizadas as buscas, apenas 15 artigos contemplaram os critérios de

inclusão e exclusão, como mostra a tabela 2, na qual consta distribuição dos artigos

encontrados por ano nas bases pesquisadas.

Tabela 2. Publicações discriminadas por ano e base de dados

Fonte: autoria própria (2017)

32%

59%

9%

0%

Scielo Lilacs Pepsic Medline

ANO SCIELO LILACS PEPSIC MEDLINE

2000 - - - -

2001 1 - - -

2002 - - - - 2003 - - - -

2004 - - - -

2005 - - - -

2006 - - - -

2007 - - - -

2008 - - - -

2009 1 - - -

2010 - - - - 2011 - - 1 -

2012 - - 2 -

2013 1 - 4

2014 1 - 1 -

2015 - 1

2016 - -

2017 1 - 1

TOTAL 5 - 10 -

Page 36: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

35

Sobre os dados apresentados em relação aos anos e bases, verificou-se

que nos anos de 2000, 2002 a 2008 e nos anos de 2010 e 2016 não houve

publicações sobre o tema em questão, nos demais anos se manteve a média de 1 a

2 artigos publicados por ano, exceto no ano de 2013 em que foram publicados 5

artigos sobre a problemática.

Em relação às bases de dados, predominaram artigos catalogados no

PEPSIC. Supõe-se por essa base apresentar o maior número de artigos válidos para

a pesquisa, por se tratar de uma base que abrange publicações especificas na área

da psicologia.

Nas tabelas 3 e 4 estão apresentados os artigos selecionados de acordo

com a base de dados em que foram encontrados, com informações sobre o nome

dos autores, ano, título, revista em que foi publicado e o tipo de pesquisa.

Tabela 3. Artigos selecionados da revisão sistemática na base de dados SCIELO

Autores/ Ano Título Revista Tipo de pesquisa

Alves et al.

(2014)

Saberes e práticas sobre cuidados

paliativos segundo psicólogos

atuantes em hospitais públicos

Psicologia,

saúde e doença

Quantiqualitativa

Mendes;

Lustosa e

Andrade (2009)

Paciente terminal, família e equipe

de saúde

SBPH Bibliográfica

Castro (2001) Psicologia e ética em cuidados

Paliativos

Psicologia:

ciência e

profissão

Bibliográfica

Melo; Valero e

Menezes (2013)

A intervenção psicológica em

cuidados paliativos

Psicologia,

saúde e doença

Bibliográfica

Langaro

(2017)

Salva o velho! Relato de

atendimento em psicologia

hospitalar e cuidados paliativos

Psicologia:

ciência e

profissão

Relato de

atendimento

Fonte: autoria própria (2017)

O levantamento nas bases de dados SCIELO resultou em cinco artigos

selecionados para este estudo. No tocante à revista, percebe-se que duas revistas

foram responsáveis por duas publicações cada uma. Dentro do corte temporal

Page 37: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

36

estipulado, não foi registrado nenhuma publicação nos anos de 2000, de 2002 a

2008, nos anos de 2010 a 2012 e nos anos de 2014 a 2016.

Tabela 4. Artigos selecionados da Revisão Sistemática na base de dados PEPSIC

Autores / Ano Título Revista Tipo de pesquisa

Rezende;

Gomes e

Machado

(2014)

A finitude da vida e o papel do

psicólogo: perspectivas em cuidados

paliativos

Psicologia e

saúde

Bibliográfica

Domingues et

al. (2013)

A atuação do psicólogo no

tratamento de pacientes terminais e

seus familiares

Psicologia

hospitalar

Bibliográfica

Silvia e Arraes

(2015)

O psicólogo hospitalar frente à

vivência do cuidador- familiar do

idoso hospitalizado

SBPH Estudo de caso

Moraes; Castro

e Sousa (2012)

A inserção do psicólogo na

residência multiprofissional em

saúde: um relato de experiência em

oncologia

Psicologia em

Revista

Relato de

experiência

Melo et al.

(2013)

A importância do acompanhamento

psicológico no processo de

aceitação da morte

Estudos e

pesquisas em

psicologia

Estudo de caso

Almeida e

Malagres

(2011)

A prática da psicologia da saúde SBPH Bibliográfica

Piske e

Azevedo (2013)

Grupo de apoio para acompanhantes

de crianças internadas em uma

unidade pediátrica

Psicologia:

teoria e prática

Relato de

intervenção

Schneider e

Moreira (2017)

Psicólogo intensivista: reflexões

sobre a inserção do profissional no

âmbito hospitalar, formação e prática

Temas em

Psicologia

Qualitativa de

cunho

exploratório

Ferreira e

Mendes (2013)

Família em UTI: importância do

suporte psicológico diante da

eminência da morte

SBPH Estudo descritivo

de natureza

qualitativa

Moreira;

Martins e

Castro (2012)

Representação social da psicologia

hospitalar para familiares de

pacientes hospitalizados em Unidade

de Terapia Intensiva

SBPH Pesquisa

descritiva e

qualitativa

Fonte: autoria própria (2017)

Na base de dados PEPSIC foram selecionados 10 artigos para a pesquisa,

cujos dados de catalogação podem ser observados na tabela 4. Em relação à revista

verificou-se que uma única revista publicou 4 vezes e que as demais publicaram

apenas um periódico na área. Em relação ao corte temporal estipulado não houve

Page 38: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

37

nenhuma publicação nos anos de 2000 a 2010, assim como também não teve

publicação no ano de 2016. O ano em que ocorreram mais publicações foi no ano de

2013. A revista que mais publicou foi a Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

- SBPH, provavelmente por se tratar de um periódico específico da área da

psicologia hospitalar.

Observou-se de acordo com as tabelas 3 e 4, que o maior número de artigos

encontrados foi de pesquisas bibliográficas, conforme pode ser conferir no gráfico 2.

Gráfico 2. Tipos de pesquisas encontradas nos artigos selecionados

Fonte: autoria própria (2017)

Em relação aos quatros primeiros tipos de pesquisas, dispostas no gráfico 2,

infere-se a prevalência que tais modalidades de pesquisa sejam mais adequadas ao

ambiente hospitalar, por se buscar estudar os casos ou situações específicas,

focando aspectos subjetivos ou estudá-los de forma mais aprofundada. Já a

pesquisa bibliográfica ou de revisão percebe-se que de forma geral, tais pesquisas

têm aumentado de forma significativa no meio acadêmico, buscando um

aprofundamento sobre a temática, seja no intuito de aprofundar o tema que será

0

1

2

3

4

5

6

7

Quantiqualitativa Estudo de caso Relato deexperiência

Qualitativa Bibliográfica

Page 39: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

38

pesquisado ou como condição prévia para a realização de pesquisa, buscando

saber o que já foi produzido sobre o assunto, especialmente, em programas de pós-

graduação.

4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS

A análise mais detalhada dos conteúdos dos artigos resultou em três

categorias temáticas, as quais estão apresentadas na tabela 5.

Tabela 5. Referências dos artigos agrupados por categorias temáticas

Categorias Referências Quantidade

As técnicas utilizadas pelo psicólogo

com as famílias de pacientes em

cuidados paliativos nas Unidades de

Terapia Intensiva

Piske e Azevedo (2013);

Schneider e Moreira (2017)

Mendes; Lustosa e Andrade

(2009); Alves et al (2014)

4

Como o profissional de psicologia atua

com as famílias de pacientes em

cuidados paliativos nas Unidades de

Terapia Intensiva

Silva e Arraes (2015); Almeida e

Malagres (2011); Moreira; Martins

e Castro (2012); Melo et al (2013);

Langaro (2017); Castro (2001)

6

Os aspectos relacionados a atuação do

psicólogo com os familiares no que

tange a situação de luto de pacientes

em cuidados paliativos nas Unidades de

Terapia Intensiva

Rezende et al (2014); Moraes;

Castro e Sousa (2012); Ferreira e

Mendes (2013); Domingues et al

(2013); Melo et al (2013)

5

Fonte: autoria própria (2017)

4.2.1 As técnicas utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em

cuidados paliativos

De acordo com os artigos analisados, observou-se que os familiares têm

necessidades específicas e apresentam frequências elevadas de estresse,

distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação, e que

muitas vezes persiste após a morte de seu ente querido. A fim de se conhecer quais

Page 40: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

39

as técnicas utilizadas pelo profissional de psicologia nesse contexto criou-se essa

categoria com tal denominação.

No artigo de Mendes; Lustosa e Andrade (2009) foi destacado a importância

de o psicólogo estabelecer uma aliança com a família, pois ela é de grande

relevância para o tratamento do paciente. Os familiares merecem um cuidado

especial, pois a noticia do diagnóstico tem um grande impacto sobre eles. Os

familiares de pacientes terminais apresentam necessidades específicas como estar

próximo do paciente; sentir-se útil para o doente; compreender o que está

acontecendo, entre outras.

No que diz respeito às técnicas, como aponta Alves et al (2014) percebe-se

uma maior frequência para o apoio psicológico, a escuta e o esclarecimento

referente às questões ligadas a doença e ao paciente. O apoio psicológico foi

mencionado com o objetivo de trabalhar o sofrimento dos familiares e seus aspectos

emocionais.

Considerando a fragilidade da família, a intervenção psicológica é essencial

nesse momento de mudanças que ocorrem na família devido à nova situação que se

instala. Essa atuação deve ter como objetivos: a contingências das angústias, o

esclarecimento das emoções e a elaboração dessas angustias, com a finalidade de

tornar mais eficaz o suporte que a família dará ao paciente. (PISKE E AZEVEDO,

2013).

De acordo com Schneider e Moreira (2017), compete ao psicólogo orientar a

família sobre a melhor forma de lidar com essa situação estressante. A intervenção

do psicólogo pode facilitar aos familiares a revisão de seus papéis e a adaptação às

novas necessidades decorrentes do adoecimento, assim como ocupar posição de

cuidadores. O psicólogo realiza um trabalho de acolhimento, de auxílio para

enfrentar a situação da crise pela qual estão passando, porém sem deixar de

atender as suas próprias necessidades. As intervenções têm o objetivo de auxiliar a

família a atravessar esse momento de crise da maneira menos traumática possível e

é uma prática que traz benefícios a todos os envolvidos.

Logo a análise dos artigos percebeu-se que o trabalho do psicólogo com

familiares de pacientes em cuidados paliativos internados em UTI não é fácil. O

profissional de psicologia enfrenta vários problemas que vão desde a incerteza do

tempo de internação do paciente até um setting terapêutico específico para realizar

os atendimentos. É necessário que o psicólogo esteja em constante atualização,

Page 41: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

40

buscando munir-se de todo conhecimento possível para sentir-se cada vez mais

integrado às práticas em UTI. Ressalta-se ainda, o cuidado que o psicólogo deve ter

consigo mesmo, considerando a carga emocional intensa e a demanda do seu

trabalho, no sentido de ser um ambiente carregado de situações de perdas e

traumas.

No que tange as estratégias utilizadas pelo psicólogo nesse contexto, fica

claro que não existem técnicas prontas. O psicólogo deve criar estratégias que

sejam propicias a cada situação, no entanto é importante estabelecer vínculo com a

família, dar acolhimento, falar sempre a verdade em relação ao paciente, poupar a

família do excesso de ajuda extrema, evitar a criação de fantasias de cura

milagrosa, incentivar a família a retomar a rotina das suas vidas, contabilizar não só

as perdas, mas em especial os ganhos da situação, embora essa seja uma questão

bem difícil. O psicólogo também deve ajudar a família facilitando o processo de

tomadas de decisões e resoluções de problemas pendentes, sempre dando apoio a

família.

4.2.2 Como o psicólogo atua com as famílias de pacientes em cuidados

paliativos

A presença de uma doença terminal em qualquer família parece ser um

processo muito doloroso. No entanto, quando esse processo é bem orientado a

família poderá extrair muitos benefícios, no sentindo de um crescimento enquanto

grupo, fora do contexto hospitalar como afirma Castro (2001), justificando assim a

criação de categoria 2.

O psicólogo diante de situações de morte busca, portanto, qualidade de vida,

tanto do paciente, como de toda a sua família, trabalhando as questões do

sofrimento, amenizando ansiedade e depressão diante da finitude da vida. O ser

humano ainda não consegue aceitar a morte e o psicólogo vem atuar de forma a

amenizar esse sofrimento. (CASTRO, 2001).

De acordo com Langaro (2017), muitas vezes o foco do atendimento

psicológico se dá na tentativa de extinguir, ou ao menos amenizar, as dificuldades

de comunicação entre pacientes e familiares. Neste sentido o foco do atendimento

se volta para a mediação desses conflitos, fazendo com que a família tanto fale,

Page 42: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

41

como também escute o seu doente, garantindo assim respeito e considerando os

desejos e decisões do paciente.

Referente à atuação do psicólogo com a família, Melo et al (2013) cita a

compreensão dos fenômenos intrínsecos das relações; a orientação aos familiares e

a escuta, com o objetivo de minimizar o sofrimento inerente a essa fase da vida e

ajudar na elaboração das eventuais sequelas emocionais decorrente deste

processo.

O papel do psicólogo junto aos familiares seria o de assessorá-los na

resolução de problemas, ajudá-los a compartilhar os sentimentos, angústias, medos

e dúvidas a respeito da situação que a família vem passando e proporcionar

importantes despedidas, como aponta Silva e Arraes (2015), evitando dessa forma,

que os familiares fiquem tão vulneráveis aos fatores de risco que podem gerar um

luto complicado após o luto propriamente dito.

Silva e Arraes (2015), ainda destaca a importância de, quando possível, o

psicólogo conhecer a história da família, pois isto possibilita ao profissional entender

melhor certos comportamentos apresentados pela mesma. Nesses casos o

psicólogo desempenha o papel de um investigador e, sempre que possível, de um

conciliador. Primeiramente, entre pacientes e familiares e, depois entre os próprios

familiares, proporcionando espaços para expressar sentimentos, resolver

pendências, às vezes prolongados por uma vida toda, até aquele momento de

adoecimento, hospitalização e morte.

O psicólogo deve facilitar; criar e garantir a comunicação efetiva e afetiva

entre paciente/família e equipe (SILVA E ARRAES, 2015), identificando qual

membro da família tem mais condições intelectuais e emotivas para estar recebendo

as informações da equipe, para isso ele deve atentar para a forma como a família

chega à UTI. (MOREIRA; MARTINS E CASTRO, 2012).

Nesta categoria fica evidente que a atuação do psicólogo com os familiares

de pacientes em cuidados paliativos se dá na forma da escuta qualificada, onde o

psicólogo se torna um facilitador na comunicação entre o paciente, a família e a

equipe, dando apoio, informações, esclarecendo dúvidas, amenizando a ansiedade

e criando canais de escoamento das intensidades vivenciadas pela família nesse

momento.

Percebe-se que a família, assim como o próprio paciente que está internado

também necessita de cuidados, pois a mesma precisa se sentir bem para cuidar do

Page 43: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

42

seu doente e estar preparada para viver o luto da perda que virá. O psicólogo será

sem dúvida o profissional que lhe dará esse suporte. É importante deixar que o

familiar fale, chore, desabafe. Deixar os familiares extravasarem suas emoções vai

deixa-los mais reconfortados. Portanto, o profissional de psicologia deve estimular a

comunicação entre o paciente e a família a fim de que problemas pendentes sejam

resolvidos, fazendo com que paciente e família se sintam reconfortados e vivenciem

momentos de carinho e acolhida entre eles.

4.2.3 A atuação do psicólogo no que tange a situação de luto de pacientes em

cuidados paliativos

A categoria 3 foi criada com o intuito de se verificar como a atuação do

psicólogo se dá na situação eminente de morte. Rezende; Gomes e Machado

(2014), reafirmam a importância do trabalho do psicólogo durante o processo dos

cuidados paliativos e de quanto uma boa comunicação é essencial na aceitação do

processo de morte para os envolvidos, o apoio psicológico é crucial nesse momento.

No geral, o ser humano tem dificuldades em lidar com a morte, no entanto,

essa dificuldade pode e deve ser trabalhada e melhorada, nesse ponto de vista o

trabalho de um psicólogo tornou-se imprescindível nos hospitais, dada a sua

sensibilidade e capacidade em lidar com questões tão desconsideradas por outros

profissionais de saúde. O psicólogo se interessa em dar voz à subjetividade do

paciente. Quando o paciente entra na fase terminal, a família inteira se torna o foco

mais adequado para os cuidados paliativos, pois nesse momento a família precisará

de todas as forças necessárias para a superação da situação. Quando o paciente

morre os trabalhos serão voltados para a família, em prol do estabelecimento do

equilíbrio familiar, agora sem um integrante. (DOMINGUES et al, 2013).

Em relação ao processo de intervenção com a família, este pode ser

organizado em três momentos: antes, no momento e após a morte do paciente.

Antes da morte é relevante comunicar e informar ao paciente e sua família sobre sua

doença e atuação de medicamentos e tratamento, para que transtornos físicos e

emocionais sejam evitados. O psicólogo também deve trabalhar para estimular a

empatia entre a família, possibilitar a resolução de problemas não resolvidos, como

também uma despedida mais confortante do paciente. (DOMINGUES et al, 2013).

Page 44: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

43

Ao receber o diagnóstico, a família passa por toda uma reconfiguração em

seu sistema, uma vez que interfere nos projetos construídos por ela, os quais

deverão ser mudados ou adiados. Nessa etapa vivencia-se o luto antecipatório que

é o processo que ocorre antes da morte concreta, devendo haver um trabalho

concernente a essa fase. (MORAIS; CASTRO E SOUSA, 2012).

Na intervenção no momento da morte, é necessário considerar o cansaço e

o desgaste, por qual a família vem passando. O psicólogo desempenhará a função

de orientar a família sobre a importância de sua presença nos momentos finais do

paciente, mesmo em caso de coma. É importante também dar liberdade para a

família estar junto ao corpo e poder tocar, falar e sofrer a morte do familiar querido,

pois isso proporciona um sofrimento adequado e sadio, sem a perspectiva de

transtornos psicológicos futuros. (DOMINGUES et al, 2013)

Para os familiares do paciente que acaba de falecer, os momentos que se

sucedem ao período de sepultamento são tomados geralmente por sentimentos de

dor, perda, solidão, culpa, entre outros. Nesse momento também é importante que o

psicólogo compareça oferecendo apoio e trabalhando para a promoção da saúde

mental. São tarefas imprescindíveis à família permitir o luto, abdicar da memória do

falecido, reorganizar papéis familiares, nesse contexto, se torna de extrema

importância o acompanhamento e intervenção do psicólogo, que fornecerá

orientações em cada momento ajudando a família na busca pelo equilíbrio.

(DOMINGUES et al, 2013).

Não se pode, em momento algum desconsiderar a dor dos familiares, pois

todos os cuidados relativos à família serão inválidos se esta não for considerada

desde o inicio do diagnóstico até após a morte do paciente. Segundo Mores; Castro

e Sousa (2012), a crise decorrente da doença inicia-se antes mesmo do diagnóstico

da doença, quando a família tem alguma percepção ou interpreta sintomas como de

riscos. A forma como a família convive com a fase pré-diagnóstica comumente

sugere os padrões comportamentais que persistirão no momento de enfrentamento

da realidade.

Sabe-se que a situação de morte iminente comporta uma série de crises a

nível familiar e põe a prova à sua capacidade de adaptação. Melo et al (2013), fala

que a aceitação da morte constitui um dos maiores sinais de maturidade humana.

De todas as experiências no decorrer da vida, a morte é a que impõe os desafios

Page 45: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

44

adaptativos mais dolorosos para a família e cada um dos seus membros

individualmente.

O psicólogo deve estar muito bem preparado para atender as famílias, assim

como o paciente e toda a equipe, pois escutar não é uma tarefa fácil como pode

parecer à primeira vista. Ouvir palavras de dor, angústia ou sem nexo aparente,

pode vim a ser um trabalho árduo, nesta perspectiva o psicólogo estuda o ser

humano em sua forma mais íntima, procurando conhecer o seu modo de funcionar e

a partir disso, trabalhar as questões relativas ao sofrimento diante da possibilidade

da morte. (MELO et al, 2013).

Ferreira e Mendes (2013) destacam que durante a atuação com a família se

percebe que muitos familiares trazem consigo a crença religiosa como fonte de

esperança, assim o psicólogo deve atentar para as demandas dos pacientes e seus

familiares respeitando as diferenças de credo e possibilitando a sua livre expressão.

No entanto vale ressaltar que a espiritualidade não necessariamente está vinculada

a uma religião instituída. A espiritualidade e a esperança são características

humanas que, dentre outros aspectos, possibilita ao familiar encontrar significado e

propósito para a sua vida, bem como a tentativa de aceitação da sua condição.

Nesta categoria se percebe o quanto é ampla a atuação do psicólogo no que

tange a situação de luto de pacientes em cuidados paliativos nas Unidades de

Terapia Intensiva. Nota-se o quanto o seu trabalho é longo, cansativo e delicado,

pois ele está tratando de pessoas em uma situação difícil que é a morte.

Muitos familiares não sabem como lidar com esse processo de morte, os

cuidados paliativos vêm com essa proposta de tornar os momentos finais do

indivíduo e seus familiares em algo mais ameno e passível de ser compreendido,

por isso o psicólogo atua em três fases como já foi mencionado anteriormente, na

descoberta da doença, durante a doença e após a morte do paciente, sempre

procurando trazer a família para esse novo contexto ao quais todos estão inseridos.

Outro fator importante é de como a comunicação se faz necessária durante

todo o processo de morte, pois é através da comunicação que o psicólogo consegue

criar um vinculo maior entre o doente e a sua família, estabelecendo uma relação

pautada no amor e na confiança entre ambos, procurando minimizar os estragos

causados por essa experiência tão dolorosa.

Observa-se ainda que o psicólogo deva ter cuidado não somente com a

família, mas com o paciente, com a equipe e com ele mesmo, pois o seu trabalho

Page 46: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

45

exige muita demanda tanto física como psicológica. Mesmo nos dias atuais e com o

uso de tanta tecnologia a morte ainda é vista como um tabu em nossa sociedade e o

psicólogo atua como um facilitador nesse processo, embora a morte seja esperada,

na maioria das vezes ela não é aceita.

Page 47: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa possibilitou a obtenção de dados relevantes que permitiram

conhecer as técnicas e/ou estratégias utilizadas pelo psicólogo com os familiares de

pacientes em cuidados paliativos hospitalizados em UTI, assim como a sua atuação

frente ao luto.

Percebe-se que o psicólogo é um profissional de suma importância no

contexto hospitalar, que é visto como um profissional de ajuda e que assim como o

paciente que está internado a sua família também tem a necessidade de um

atendimento psicológico mais específico, pois os familiares também revelam um

sofrimento psíquico diante a hospitalização de um membro familiar.

Acredita-se que o presente trabalho forneça elementos que possam

contribuir com os estudos a respeito da atuação do psicólogo hospitalar em relação

aos familiares de pacientes em cuidados paliativos, além de servir como ponto de

partida para futuros trabalhos na área.

Este estudo ajudou a ter uma visão de como o psicólogo atua em hospitais,

percebendo quais funções ele desempenha fornecendo assim uma reflexão por

parte também do psicólogo. Notou-se como o trabalho do psicólogo é árduo, ele

deve atuar com o paciente internado, com a família do doente e com toda a equipe

que está envolvida nesse processo de adoecimento e morte.

Sabe-se que não há uma solução para a morte, no entanto se pode ajudar a

morrer bem, com dignidade, facilitando os processos de finalização, permitindo que

se viva com qualidade a própria morte. As pessoas que estão próximas da morte

sejam elas o paciente ou os familiares necessitam de alguém que possam estar com

elas na dor.

O papel do psicólogo em cuidados paliativos é dar um novo direcionamento,

valor e significado à vida quando a doença e a morte se fazem presentes, através do

acolhimento que visa dar condições físicas, mentais, espirituais e sociais ao

indivíduo.

Ressalta-se que o psicólogo não atua sozinho, ele faz parte de uma equipe

multidisciplinar que tem como objetivo a humanização em UTI. No entanto o

psicólogo tem a função de observar e ouvir pacientemente as palavras e os

silêncios, procurando entender e compreender a todos, dando suporte e subsídios

para uma compreensão melhor do momento da fase final da vida, ajudando tanto o

Page 48: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

47

paciente como os familiares a superarem os momentos de crise relacionados à

morte.

Apesar dos objetivos da pesquisa terem sido alcançados, houve certa

dificuldade em se distinguir os conteúdos da categoria 1: identificar as técnicas

utilizadas pelo psicólogo com a família de pacientes em cuidados paliativos e a

categoria 2: como o profissional de psicologia atua com essas famílias, pois

basicamente uma completa a outra ficando difícil se fazer uma distinção clara entre

as duas.

Outro fator que merece ser mencionado é o fato da literatura acerca do tema

ser muito repetitiva, e embora se encontre diferentes trabalhos relacionados com o

tema, geralmente todos transmitem uma mensagem semelhante, citando

basicamente os mesmos autores. Este fator torna o trabalho limitado, principalmente

por se tratar de uma revisão de literatura.

No entanto, apesar das limitações que foram encontradas durante a

pesquisa, os objetivos foram alcançados, conseguindo com que o trabalho fosse

realizado com êxito. Acredita-se que esta pesquisa possa contribuir com a reflexão a

creca da importância do psicólogo na equipe dos cuidados paliativos, fica evidente a

necessidade da presença deste profissional nos hospitais possibilitando um trabalho

de valor inestimável no que tange o atendimento aos familiares de pacientes em

situações de terminalidade, além de facilitar futuras propostas que visem a sua

atuação nesse contexto.

Page 49: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

48

REFERÊNCIAS

ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. Critérios de qualidade para os cuidados paliativos no Brasil. Rio de Janeiro: Diagrophic, 2009. ALMEIDA, R. A; MALAGRES, L. E. A prática da psicologia da saúde. SBPH, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 183- 202. Dez, 1011. ALVES, R. F. et al. Saberes e práticas sobre cuidados paliativos segundo psicólogos atuantes em hospitais públicos. Psicologia, saúde e doenças. Campina Grande, v. 15, n. 1, p. 77-95. Mar, 2014. ARGERAMI- CAMON, W. A. (org). Urgências psicológicas no hospital. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. BARBOSA, A; NETO, I. Manual de Cuidados Paliativos. Lisboa: FML-Núcleo de Cuidados Paliativos, Centro de Bioética, 2006. BARDIN, L. Análise de conteúdo, São Paulo: 70 edições, 2016. BURIESCO, S. A. A nova figura paterna. Vitória, ES, 2011. CAMPOS, T. C. Psicologia Hospitalar: a atuação do psicólogo em hospitais. São Paulo, EPU, 1995. CASTRO, D. A. Psicologia e ética em cuidados paliativos. Psicologia: Saúde e profissão, Brasília, v. 21, n. 4, p. 44- 51. Dez, 2001. CFP, Conselho Federal de Psicologia Hospitalar. Curitiba: Unificado, 2007. CHIATTONE, H. B. A significação da psicologia no contexto hospitalar. In: ARGERAMI, V. A. (org). Psicologia da saúde: um novo significado para a prática clinica. São Paulo: Cengage Learning. 2° ed, 2011,p. 145- 233. COMASSETO, I. Vivências das famílias do paciente internado em unidade de terapia intensiva: um estudo fenomenológico. Dissertação, Escola de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 2006. CORRÊA, D. A construção da cidadania, Ijuí: Unijuí,1999. COSTA, B. A; ZOLTOWSKI, C. A; In: KOLLER, S.H; COUTO, M. C. P. P; HOHENDORFF, J. V. Manual de produção científica. Porto Alegre: Penso, 2014. DI BIAGI, T. M. Relação médico familiar em UTI: a visão do médico intensivista. Dissertação de mestrado. São Paulo: Pontífica Universidade Católica de São Paulo, 2002.

Page 50: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

49

DOMINGUES, G. R. et al. A atuação do psicólogo no tratamento de pacientes terminais e seus familiares, Psicologia hospitalar, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 27-35. Jan, 2013. FARIA, C. Unidade de Terapia Intensiva-UTI, Revista Brasileira de terapia intensiva, v. 19, n. 2, p. 137- 143. Abr- Jun, 2015. FÉRES-CARNEIRO, T. Separação: O doloroso processo de dissolução da conjugalidade. Estudos de psicologia, v. 8, n. 3, p. 367- 374. Set- Dez, 2003. FERREIRA, P. D; MENDES, T. N, Família em UTI: importância do suporte psicológico diante da eminência da morte, SBPH, Rio de Janeiro, v. 16, n.1, p. 88- 112. Jun, 2013. FONSECA, C. Concepções de família e práticas de intervenções: uma contribuição antropológica. São Paulo. 2005. FONSECA, J. P. Estudos avançados sobre o luto. Campinas: Livro pleno, 2002. FORNAZARI, S. A; FERREIRA, R. E. R. Religiosidade/ espiritualidade em pacientes oncológicos: qualidade de vida e saúde. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília, v. 26, n. 2, p. 265- 272. Abr-jun, 2010. FLORIANI, C. A. Cuidados Paliativos: interfaces, conflitos e necessidades. Ciências e Saúde Coletiva, 2008. FRANCO, M. A. Cuidados Paliativos: Psicologia. São Paulo: Cremesp, 2008. GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro, volume VI. 5° ed. São Paulo: Saraiva, 2008. GUIMARÃES, H. P. Guia Prático de UTI da AMIB,; 3°ed. São Paulo: Atheneus, 2008. HENNEZEL, M. A morte íntima: aqueles que vão morrer nos ensinam a viver (Sá O. A. Trad.). São Paulo: Idéias e Letras, 2004. HERMES, H; LAMARCA, I. Cuidados Paliativos: Uma Abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Ciências e saúde coletiva. Rio de Janeiro, v.18, n.9, P.2577-2508, 2013. KUBLER-ROSS, E. Sobre a Morte e o Morrer. 8° ed. São Paulo: Martins Fonte, 2005. KNOBEL, E. Terapia Intensiva: Enfermagem. São Paulo: Atheneus, 2006. LANGARO, F. Salva o velho! : Relato de atendimento em psicologia hospitalar e cuidados paliativos. Psicologia: Ciência e profissão, Brasília, v. 37, n. 1, p. 224- 235. Mar, 2017.

Page 51: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

50

LUSTOSA, M. A. A. A família do parente internado. SBPH, Rio de Janeiro, v. 10, n.1. Jun, 2007. MARTINS, J. J; NASCIMENTO. E. R. P. Reflexões a cerca do trabalho da enfermagem em UTI e a relação deste com o individuo hospitalizado e a sua família. Revista de enfermagem, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 301-308. Ago, 2005. MASSIEL, M. G. S. Definições e Principios. In: OLIVEIRA, R. A. Cuidados Paliativos. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2008, p.15-32. MELO, A. C; VALERO, F. F; MENEZES, M. A intervenção psicológica em cuidados paliativos. Psicologia, saúde e doença, Itajaí, v. 14, n. 3, p. 452- 469. Nov, 2013. MELO, A. F et al. A importância do acompanhamento psicológico no processo de aceitação da morte. Estudos e pesquisas em psicologia, v. 13, n. 1, p. 152- 166, 2013. MENDES, J. A; LUSTOSA, M. A; ANDRADE, C. M. Paciente terminal, família e equipe de saúde. SBPH, v. 12, n. 1, p. 151-173. Jun, 2009. MEZZOMO, J. C. Gestão de qualidade na saúde: princípios básicos. Barueri: Manole, 2001. MORAIS, J. L. CASTRO, E. S. A. SOUZA, A. M. A inserção do psicólogo na residência Multiprofissional em saúde: um relato de experiência em oncologia, Revista em psicologia, v. 18, n. 3, p. 389. Dez, 2012. MOREIRA, M. L; CASTRO, M. E. Percepção dos participantes em unidade de terapia intensiva frente à internação. Revista Rene, Fortaleza, v. 7, n. 1, p. 108- 114. Jan- abr, 2006. MOREIRA, E. MARTINS, T. CASTRO, M. M, Representação social da psicologia hospitalar para familiares de pacientes hospitalizados em unidade de terapia intensiva, SBPH, v. 15, n.1, p. 134-167, 2012. NUNES, L. O Papel do Psicólogo na Equipe de Cuidados Paliativos. In: Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos. São Paulo; ANCP, 2012, P.339. OLIVEIRA, E. C. N. Viver é resistir: a singularidade da saúde a partir das práticas nos CTIS. Dissertação de mestrado, Rio de Janeiro; UERJ/ Instituto de psicologia, 2002. OLIVEIRA, M. E. A melodia da humanização: reflexos sobre o cuidado durante o processo do nascimento. Florianópolis: Cidade Futura, 2001, p. 104.

Page 52: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

51

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. National câncer control programmes: policies and managerial guidelines. 2° ed. Geneva, 2002, p. 25. PALMA, R. Famílias monoparentais. Rio de janeiro, 2001. PENA, S. B; DIOGO, M. J.Fatores que favorecem a participação do acompanhante no cuidado do idoso hospitalizado. Revista latino americana de enfermagem. Ribeirão Preto, v.13, n.5, p. 663- 669. Set- out, 2005. PEREIRA, J. O papel da unidade de terapia intensiva no manejo do trauma. Ribeirão Preto. Dez 1999. PEREIREA, L. L; DIAS, A. C. G. o familiar cuidador do paciente terminal: o processo de despedida no contexto hospitalar. PSICO, porto Alegre, PUCRS, v. 38, n. 1, p. 55-65. Jan- abr, 2007. PEREIRA, S. M. Cuidados Paliativos: Confrontar a Morte. Lisboa: Universidade Católica, 2010. PEREIRA, T. S. A. A família. In: PEREIRA, R. C. Afeto, Ética, Família e Novo Código Civil- Belo Horizonte: Del Rey, 2004. PESSINI, L. Cuidados paliativos: alguns aspectos conceituais, biográficos e éticos. Rev. Prática Hospitalar, v. 4, n. 1, p. 107- 112, 2005. PETRINI, J. C; CAVALCANTE, V. R. S. Família, sociedade e subjetividade: uma perspectiva multidisciplinar. Petrópolis- RJ: vozes, 2005. PISKE, F. AZEVEDO, L. A, Grupo de apoio para acompanhantes de crianças internadas em uma unidade pediátrica. Psicologia: teoria e prática, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 35- 49. Jan- abr, 2013. PRADO, D. O que é família. São Paulo: Brasiliense, 1985. REZENDE, L. C. S; GOMES, C. S; MACHADO, M. E. C. A finitude da vida e o papel do psicólogo: perspectivas em cuidados paliativos, Psicologia e saúde, v.6 n.1,p. 28- 36. Jan- jun, 2014. RODRIGUES, S. Direito Civil: direito de família. 28° ed. São Paulo: Saraiva, 2004. SCAVONE, L. Maternidade transformações na família e nas relações de gênero. Interface: comunicação, saúde e educação, v. 5, n 08, p. 47-59, 2001. SCHNEIDER, A. M, MOREIRA, M. C, Psicólogo intensivista: reflexões sobre a inserção do profissional no âmbito hospitalar, formação e prática profissional, Temas em psicologia, Ribeirão Preto, v. 25, n. 3. P. 85- 93. Set, 2017.

Page 53: FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA …grupomagister.com.br/uploads/biblioteca/tcc/psicologia... · 2018. 11. 24. · 2 ELINE DA SILVA NUNES

52

SEBASTIANI, R. W; MAIA, E. M. C. Contribuições da psicologia da saúde hospitalar na atenção ao paciente cirúrgico. Aeta. Cir. Bras, São Paulo, v. 20, n 01, p. 50-55, 2005. SEBASTIANI, R. W. Psicologia hospitalar teoria e prática, 2° ed, Cenage, 2010 SILVA, A. A, ARRAES, A. R. O psicólogo hospitalar frente à vivência do cuidador- familiar do idoso hospitalizado, SBPH, Rio de Janeiro, v. 18, n.1 p. 57-69. Jun, 2015. SILVA, C. N. Como o câncer (des) estrutura a família. São Paulo: Annablme, 2000. SILVA, R. R. Psicologia e Unidade de Terapia. Revista Salus, Guarapuva, v.1, n 01, p. 39- 41. Jan- jun, 2007. SIMONETE, A. Manual de Psicologia Hospitalar: O mapa da doença. São Paulo: casa do Psicólogo, 2011.

SOARES, M. Cuidando da família de pacientes em situação de terminalidade internados na Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Brasileira de Terapia Intensiva. V. 19, n. 4, p. 481- 484, 2007.

SOUZA, R. P. Rotinas de Humanização em Medicina Intensiva. São Paulo: Artheneu, 2010.

VITALE, M. Família monoparentais indagações. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 71, Cortez, 2002. WAGNER, A. A família em cena: trama, dramas e transformação. Petrópolis- RJ: Vozes, 2002.

YAMAMOTO, K. Psicoterapia preventiva da família: método de ilustrações clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.