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Boletim do que por cá se faz. FAZENDO Edição nº 9 | Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Quinta-feira Agenda Cultural Faialense 22 JANEIRO 2009 Menos betão, mais Cultura.

FAZENDO 9

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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.

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Page 1: FAZENDO 9

Boletim do que por cá se faz.FAZENDOEdição nº 9 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

22 JANEIRO 2009

Menos betão, mais Cultura.

Page 2: FAZENDO 9

#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESAna Correia

Aurora RibeiroEcoteca/OMA

Flávio GonçalvesJoão Gama Monteiro

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

ILUSTRAÇÃO CAPATomás Silva

http://ilhascook.no.sapo.pt

PROPRIEDADEJácome ArmasPedro Lucas

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Tomás Silva“Estas ilhas são Portuguesas”

A cronicazinha...

Ainda mal recuperados dos 53% de abstenção das mais recentes eleições regionais e já os parti-dos (e certamente também o povo) açorianos se andam a preocupar com a abundância de eleições que 2009 nos trará: autárquicas, legislativas e europeias. Pessoalmente preocupa-me que novamente fiquem em casa mais de metade dos eleitores destas invictas ilhas, qual a representatividade real de políticos eleitos por metade dos votos? Se já metade dos eleitores optou por não votar e metade dos que votaram optaram por votar em partidos da oposição, na prática três quartos dos eleitores (a maioria, portanto) não votaram nos políticos que, bem ou mal, a todos nós represen-tam e sobre o nosso dia a dia decidem.Pode indicar-se que é falta de prática democráti-ca, afinal Portugal passou de monarquia para uma ditadura republicana, desta para uma dita-dura militar seguindo-se o Estado Novo e por fim, só por fim, o actual regime considerado democrático – embora

com algumas falhas. Pode ser que nos esteja nos genes, por habituação, o costume de deixar que outros decidam por nós, o hábito de confiar que quem está lá em cima, no poder, zele pelos nos-sos melhores interesses e possamos viver o dia a dia sem grandes preocupações a nível político.Se o panorama açoriano, no que diz respeito ao eleitorado, deixou a desejar a verdade é que em matéria de partidos (e recordo que temos inclu-sive um partido cuja sede nacional é nos Açores: o Partido Democrático Açoriano) estamos bem representados, praticamente todos os partidos nacionais têm delegações regionais, salvo talvez os PNR, POUS e PH. A pluralidade saiu refor-çada das eleições regionais com o regresso do PCP e as estreias do PPM e do BE na Assembleia Regional demonstrando que o trabalho contínuo e persistente acaba por dar frutos, algo que talvez o PDA e o MPT pudessem aplicar uma vez que o eleitor comum se depara com estes partidos ap-enas nos períodos eleitorais…A blogosfera, creio eu, também ocupou uma

posição determinante já que, curiosamente, os diversos candidatos optaram por manter blogues mais ou menos activos durante o período eleito-ral, alguns já anteriormente activos e outros dedicados exclusivamente às eleições.Se bem que há algo que me conforta na política açoriana: a capacidade de diálogo. Recordo, da minha juventude mas também reconfirmado em conversa que ouvi do Dr. Victor Hugo Forjaz, o facto de políticos e partidários de todos os quad-rantes da política açoriana – dos extremos ao centro – terem a capacidade de se sentar à mesa e discutirem sem a animosidade e ataques pessoais que por vezes testemunhamos na arena política continental.A ver vamos se os faialenses optam por fazer valer o seu direito ao voto em 2009, e contra mim falo já que durante anos fui também desse partido da abstenção.

Flávio Gonçalves

NOME: Vassil SlipchenkoIDADE: 52ORIGEM:Kiev, UcrâniaDATA DE CHEGADA: 2001PROFISSÃO:faço tudo, na Ucrania era militarCASA: alugada

Porque veio?Melhor trabalho em Portugal. Na Ucrânia há pouco trabalho, por causa da economia. Fábri-cas fechadas, tudo fechado. Tenho reforma da Ucrânia: 350 dólar américa. Fui militar durante 26 anos. Aos 45 anos é reforma. No continente a segurança social disse que aqui havia trabalho. Telefonámos antes e mulher e filho vieram. De-pois eu.

Porque ficou?Vida é normal... Tenho dinheiro, tenho trabalho mais ou menos. Trabalho por conta própria. De

manhã arranjo peixe, à tarde vou para o quin-tal, faço agricultura - tenho clientes. Em Junho, Julho, Agosto, sou cozinheiro no Capitólio...

Até quando?Enquanto tenho força e trabalho. Quando eu ficar doente, não estiver bem e não tiver força, volto para Ucrânia.

O que há no Faial que não há em mais lado nenhum?

Aqui o tempo é melhor que na Ucrânia - lá muito frio. Aqui menos problemas com a vida. Não sei como é no Pico ou noutras ilhas, mas aqui há tra-balho. E não quero mais! Tenho trabalho e tenho dinheiro! É isso, posso ajudar a minha família na Ucrânia. Tenho lá uma filha, nora, neta. Pre-cisam de ajuda. Todos os meses envio dinheiro. Sabes que a comida na Ucrânia é mais cara do que aqui? Há dois anos era mais barata, agora duas vezes mais cara.

Costuma ir à Ucrânia?Todos os anos vou. Agora em Fevereiro vou out-ra vez. Mãe morreu segunda feira, telefonaram-me ontem. Mas tenho muito trabalho não posso ir já. Vou em Fevereiro fazer missa dos 40 dias. Esta semana compro bilhetes. Vou dia 17, faço missa dia 21.

Aurora Ribeirohttp://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées...

Tertúlia CulturalNo próximo Sábado, dia 24, o Fazendo organizará uma tertúlia cultural. Esta tertúlia terá como objectivo principal a angariação de fundos, fundos estes que viabilizarão a continuidade desde projecto. Para além disto, este evento visa incitar o crescimento do espiríto comunitário subjacente ao funcionamento deste jornal, como também, pretende que da interacção entre os vários colabora-dores, leitores e interessados resultem discussões construtivas acerca do estado da arte, da ciência, da política e tudo o mais daquilo que decorre na nossa terra.Este evento terá início pela tarde deste mesmo dia com a exposição colectiva de diferentes tra-balhos de vários artistas locais, maioritariamente daqueles que colaboraram no Fazendo até então. Alguns destes trabalhos poderão ser adquíridos em leilão por qualquer pessoa interessada - o lucro destes obtido será uma contribuição para este projecto. Pelas 22h00 dar-se-á início a uma pequena sessão de poesia seguido de um concerto em formato “Jam Session” em que todos os músicos são convidados a participar. O evento contará ainda com uma instalação de vídeo.Pretendemos com esta tertúlia promover o valor deste jornal na nossa pequena cidade e estimular a participação de todos na sua construção e desenvolvimento. Esperemos vê-los a todos no espaço CASA pois sem leitores um jornal não tem propósito.Assim, mais uma vez, fazendo.

*O consumo de qualquer produto disponível no bar deste local é já uma pequena contribuição para este projecto.Para mais informações consulte: http://fazendofazendo.blogspot.com

A Direcção

Sábado, 24 de Janeiro na http://fazendofazendo.blogspot.com

Pintura Música Poesia Vídeo

FAZENDO ao vivo Tertúlia Artística Para Angariação de Fundos

Apoie este projecto.

Exposição de pintura durante todo o dia. Restantes actividades a partir das 22h00.

2009: o ano de (quase) todas as eleições

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Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA

A Valsa com Bashir

É um filme sobre o ser profundo do que é ser humano, o ser profundo e os seus tormentos, a memória e a falta dela, com a notável realização de Ari Folman.Um filme cuidado, feito por um processo narrativo de recuperação e exorcismo da memória que se conclui com todo o horror cru e difícil de se apagar.Um filme que nos fala dos quatro cavaleiros do apocalipse que nos ameaçam.A crise financeira, a recessão económica, os constrangimentos sociais, o aumento de situações críticas para os direitos económicos e sociais, a crise ambiental, as alterações climáticas com as emergências daí resultantes que são a escassez de recursos e as deslocalizações em massa, o fanatismo, todos os fanatismos que vão desde os do Vaticano, aos do islamismo, do sionismo, ao extremismo hindu, que passam por outros de raça, clubes ou seitas, e finalmente o 4º cavaleiro que junta normalmente esses três, que é a guerra. A luta pela defesa dos direitos mais básicos, também passa por este filme, o reconhecimento que no fundo de cada um, há a esperança e compaixão, mesmo ofuscada, pelo fanatismo e a intolerância. A luta por direitos que passa por uma intervenção titânica e participativa de empenho político na resolução de problemas humanitários, que passam pela construção de caminhos de dialogo, sem cedências que estruturem um caminho de paz e responsabilidade.Não é fácil um filme animado, dizer o que este diz, visto não se tratar de uma fita num registo convencional. É um documentário desenhado, não filmado. Um filme para ser visto com atenção. Tão cedo, não veremos um trabalho cinematográfico tão imaginativo, invulgar e poderoso.

“Tempos tristes vão vivendo, dizei o que sentis e não o que tendes a dizer.”Luís Pereira

“Aurora”Um filme de F. W. Murnau

Decorria o ano de 1927, quando um dos expoentes máximos do Expressionismo Alemão foi convida-do pela Fox para realizar o “AURORA”. Foi para mim, gratificante e emocionante, rever este filme,

em grande ecrã, no Cine Teatro Faialense, a 4 de Abril de 2006. Base-ado no romance de Herrman Suderman, Viagem a Tilsit, é um filme que contém elementos que fizeram deste trabalho cinematográfico, um dos movimentos mais interessantes da época muda do cinema.Eis a trama da fita: “Seduzido por uma moça da cidade, um fazendeiro tenta afogar sua mulher, mas desiste no último momento. Esta foge para a cidade, mas ele a segue para provar o seu amor.”A história é simples, e possui uma linha de desenvolvimento bastante irregular. Enquanto somos presenteados com uma cena incrivelmente tensa no acto inicial, quando o marido tenta matar a sua esposa, afo-gando-a, a pedido da sua amante (o suspense é simplesmente perfeito), minutos depois estamos a ver uma cena do mesmo marido correndo atrás de um porco num parque de diversões, no melhor estilo de Chap-

lin. Genial! A primeira parte do filme é deveras sensacional, com uma sequência tensa e assustadora.Os cenários são densos, escuros, aterradores, como o Expressionismo declarava que deviam ser. Em todo o filme há sombras, e mesmo o parque de diversões possui um aspecto que lembra um lugar aterrador, ainda que de uma forma quase subliminar. É uma mistura de géneros que utiliza a técnica do verdadeiro expressionismo alemão.A arte de Murnau, surpreende-nos pela sua capacidade de conduzir, através de um jogo de imagens, a algo que está acima de toda imagem e mesmo acima de nossa capacidade de expressão em palavras.O tema de “Aurora”, é o jogo entre as decisões humanas, as forças da natureza e a misteriosa providência, que tudo ordena sem alterar a ordem aparente das coisas, sem produzir acontecimentos de ordem ostensivamente sobrenatural, e jogando apenas com os elementos naturais.Um filme para ser visto numa destas noites de inverno insular. Só, ou acompanhado… Deve ser visto e revisto. Um dos meus filmes predilectos.

L.P.

Já foi visto...

Dizem que é uma espécie de filme documentário animado. Verdadeiramente original. Uma obra-prima. Um clássico do amanhã.

À VISTA

“Esta Noite”Uma película de Werner Schro-eter

Com produção de Paulo Branco, rodado em Lisboa e Porto em 2008, é um filme que nos fala de uma personagem que

dá pelo nome de Ossorio, de 40 anos, que sai de um comboio na Estação de Santamaria por entre uma multidão de refugiados e soldados. É numa cidade sitiada que este resistente em fuga tenta reencontrar antigos aliados e aquela que ama. Enquanto uma milícia aterroriza a cidade, cada um procura salvar a própria vida e os amigos já não têm o mesmo discurso.Um drama do realizador alemão Werner Schro-eter, de 64 anos, autor de ‘Der Rosenkonig - O Rei das Rosas’ (1986) e ‘Deux - Dois’ (2002). ESTA NOITE ‘Nuit de Chien’, é uma adaptação do romance ‘Para esta Noche’ do uruguaio Juan Carlos Onetti. Mais informações no sítio oficial em: http://www.nuit-de-chien.com/

L.P.

“Os Três Macacos”Uma película de Nuri Bilge Ceylan

Com uma sur-preendente di-recção de actores este filme de Nuri Bilge Ceylan, esta produção de 2008, fala-

nos de uma família desmembrada por força de pequenos segredos que se tornam em enormes mentiras e que tenta desesperadamente per-manecer unida e recusar-se a aceitar a Verdade. Para evitar fazer face a pesadas provas e respon-sabilidades, eles escolhem ignorar a Verdade, e recusam ver, ouvir ou falar sobre ela, como na fábula dos Três Macacos. Mas evitará este jogo o confronto com a Verdade? O melhor mesmo, é ver o filme quando cá chegar. Para já, vale a pena dar uma vista e olhos em: http://www.nbcfilm.com/3maymun/3maymun.php?mid=1

L.P.

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#4 COMICHÃO NO OUVIDO Música

Já foi ouvido...

O Amor Dá-me Tesão, Não Fui Eu Que EstragueiFoge Foge Bandido 2008

Manuel Cruz regressa em grande com este novo trabalho, assumindo-se definitivamente como um dos nomes mais marcantes da música portu-

guesa. Para além de letrista, Manuel Cruz assume a faceta de poeta e pensador. Sem qualquer formação musical, envolve-nos com a música que faz, com a história que cada tema expressa, com o jogo de pa-lavras em ambientes sonoros curiosos, despreten-siosos, mas carregados de influências, aquelas que aliás se misturam e constroem a sua personalidade. Faz-se muito boa música em Portugal.

F.

APETITE FOR DESTRUC-TIO N

Guns N’ Roses 1987

Desde que estreou, em 1987, Appetite for Destruc-tion já vendeu perto de 35 milhões de cópias no mun-

do todo, sendo um marco na história da música, e figurando entre os melhores álbuns de sempre. Combinando influências de bandas de rock clássico como Beatles, Rolling Stones, KISS, Aerosmith e Led Zeppelin, e assumindo o hard rock e o punk na sua sonoridade, este trabalho tem doze canções que narram a vida errante e selvagem dos elementos da banda em Hollywood. Com a voz única de Axl Rose, os duelos de guitarras de Slash e Izzy Stradlin e a poderosa componente rítmica de Duff McKagan e Steven Adler, Appetite for Destruction é um álbum de músicas contagiantes com refrões inesquecíveis. Não será um privilégio sair um álbum destes na nos-sa adolescência?

F

António Bulcão no Teatro Faialense

À DESCOBERTA

Chinese Democracy Guns N’ Roses 2008

Depois de um jejum prolonga-do, os Guns N’Roses estão no-vamente aí com toda a pujança a que outrora nos habituaram. Chinese Democracy ainda está

quente, após ter saído do grande forno discográfico no final do ano passado. Os media chineses sob o controlo do estado consideram-no um ataque à nação, e já boicotaram a sua comercialização. Bastante elaborado, este trabalho tem também algo de experimental, uma vez que os poderosos riffs de guitarra deram agora lugar a uma experimentação electrónica que foge um pouco ao universo a que nos habituaram. Mas a energia continua lá, assim como a inconfundível voz de Axel Rose, primeira referência da sonoridade da banda.

F.

É professor, advogado, es-critor, e às vezes músico. Comemora este mês meio século de vida, e tocará no Teatro Faialense no dia 30 de Janeiro, acom-panhado de um elenco de luxo (Luís Bettencourt, Manuel Rocha, Ricardo Dias, Manuel Freire, José e Carlos Medeiros). Ele é António Bulcão, Faialense

de gema, e é o entrevistado deste número, onde vamos desco-brir um pouco mais do homem por detrás das palavras e das notas.

Fausto - Desvenda-nos um pouco do que será o concerto de dia 30 deste mês no Teatro FaialenseAntónio - Será, sobretudo, uma reunião de amigos e afectos, com uma causa nobre, já que a receita reverterá para ajuda a uma família carenciada da Horta. Além disso, sendo faialense, nunca dei um concerto desta dimensão aqui na minha ilha, contando com a presença de Manuel Freire, Ricardo Dias, Manuel Rocha, Luis Bettencourt, José Medeiros e Carlos Me-deiros. Será, então, apenas uma partilha da minha e da música destes amigos de longa data. F - Sucintamente, como descreves a tua carreira musical?A - Toquei nos então chamados “conjuntos de baile”, partici-pei em Festivais de Música em Portugal e no estrangeiro, fun-dei alguns grupos como “Toques” e “Cantinho da Terceira”, gravei um cd com as minhas canções e não perco a oportu-

nidade para tocar música com os meus amigos sempre que posso. F - Que experiências ao nível da música ainda não fizeste e gos-tarias de vir a realizar?A - Gostaria, sobretudo, de aprender. Sou apenas um trovador, que gosta de escrever e compor melodias que prolonguem o sentido das palavras. Gostaria muito de aprender a tocar pi-ano, para alargar horizontes ao nível da composição e poder participar em experiências musicais mais arrojadas. F - Diz-nos alguns músicos e escritores que te tenham marcado definitivamente, e até que ponto eles influenciaram aquilo que fazes, tanto ao nível da escrita como da música?A - São muitos quer os escritores quer os músicos que influn-ciaram a minha escrita e a minha música. Na literatura, sou um leitor compulsivo, sendo dificil enumerar todos os mestres dos quais colhi ensinamentos. Mas são incontornáveis, Sara-mago, Cardoso Pires, Garcia Marquez, Kundera, Sepúlveda e Marguerite Yourcenar. A nível musical, sem dúvida José Afonso, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Jorge Palma, apenas para referir alguns e do nosso País. F - Como descreves o panorama cultural actual do Faial?A - Começa a notar-se um certo “vento bom”, a criação de um espírito de criar, sobretudo a nível musical, com o apareci-mento de bastantes grupos com vontade de fazer. Isso é o im-portante, embora não seja de descurar a necessidade de ouvir-mos e aprendermos sempre mais com músicos “de fora”. Para além disso, tem sido notório um crescimento do número de eventos ao mais variado nível, numa ilha que durante muitos (demasiados) anos, esteve quase em hibernação. Mas creio estarmos no rumo certo, embora com correcções a introduzir,

sobretudo ao nível da produção e divulgação do muito que já se vai fazendo. F - O que mudarias já na cultura Faialense?A - Se me pedissem uma sugestão os que mandam, construiria ou aproveitaria espaços existentes e desaproveitados para in-stalar uma Oficina de Artes, que juntasse no mesmo espaço quem gosta e se dedica à Música, ao Teatro, à Fotografia, à Escultura e à Pintura. A reunião de toda essa gente no mesmo espaço seria importantíssima para a solidificação daquele es-pírito de fazer de que falei atrás. F - Ao longo da tua carreira, o que aprendeste com a música?A - Com a Música aprendi sobretudo que sou muito pequeno, e que se a harmonia que é co-natural imperasse no Mundo, tudo seria mais fácil e humano. F - Qual é o sítio onde mais gostarias de tocar?A - Já tive a honra de tocar na Aula Magna, um sonho real-izado, assim como nas Expo de Sevilha e de Lisboa, assim como na Festa do Avante. Como não tenho carreira musical no sentido mais conhecido do termo, gosto sempre de tocar no sítio onde vou tocar a seguir. Logo, no Teatro Faialense, onde cresci a ver cinema, a fazer teatro, a tocar música. F - Inevitavelmente, a pergunta do costume: e projectos para o futuro?A - Vou fazer 50 anos este mês. O futuro é cada minuto que vier a seguir a este. Se puder viver muitos mais anos a partil-har humildemente com os outros as coisas que faço, já me devo sentir um privilegiado.

Fausto

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Artes Plásticas PVC

Pelos Olhos de Oliver Sacks

Helena Almeida

(Helena Almeida - “Sem Título” - 1996/97

À PROCURA Tomás e Aurora - Pintando Paints

À vista desarmada, a pequena descrição de um dos famosos casos de Oliver Sacks – neurologista reconhecido mundialmente – parecerá descabida de propósito, não obstante, mostrar-se-á valiosa para a discussão posterior. Trata-se de um caso verídico, relatado pelo mesmo autor, respon-sável pelo nome do seu livro The Man Who Mistook His Wife for a Hat, provavelmente o seu trabalho de divulgação científica mais conhecido (não discuto a possibilidade de se poder argumentar contra o uso do termo “científico” neste contexto). Tornando curta uma história comprida, Oliver Sacks expõe a situação complicada de um dos seus pacientes – o Dr. P – que sofre de um certo tipo de agnosia visual. Esta agnosia, que se traduziu na perda de sensibilidade no campo da visão foi resultado de uma degradação gradual dos mecanismos de percepção visual tendo como consequência a dificuldade de distinguir objectos, pessoas e situações, pois estes últimos tornaram-se ao longo do tempo meras formas geométricas, como que rabiscos ou esboços das verdadeiras estruturas físicas – daí o facto do Dr. P ter confun-dido o seu chapéu com a cabeça da sua mulher. O Dr. P conseguia identificar uma determinada pessoa, recorrendo ao uso da sua visão, apenas se tivesse sucesso em identificar uma característica peculiar, como por exemplo, um nariz demasiado pontíagudo. O mais curioso nesta história, sendo que a curiosidade neste caso é proporcional à relevância para este texto, foi a forma como Oliver Sacks analisou o crescimento desta perda visual. Dr. P para além do muito que fazia também pintava. Oliver analisou os seus quadros cronológicamente e observou que no ínicio estes se enquadravam numa faceta realista/naturalista mas progressiva-mente deram lugar a uma estilização cubista que mais tarde cedeu à pura abstracção. Assim, não pôde deixar de colocar a seguinte questão: Terá sido este processo uma consequência do desenvol-vimento desta patologia ou simplesmente a evolução natural do

seu método artístico?Oliver Sacks concluiu que este processo deveu-se tanto à evolução da patologia como da criação artística, porque ambos os dois estão interligados. Isto é, o Dr. P lentamente perdeu a noção do concreto e gradualmente ganhou sensibilidade para a estrutura das linhas, para a delimitação das formas e para a topologia dos objectos.Este caso particular revela-nos uma propriedade essencial do processo artístico: o estabelecimento da ligação entre o mundo experienciado pelo artísta com os mecanismos biológicos asso-ciados ao organismo do mesmo e a expressão do resultado desta ligação ser consistente com a própria realidade observada.No passado dia 6 de Janeiro foi inaugurada na Assembleia Leg-islativa Regional dos Açores uma exposição de pintura intitulada “O Expandir da Cor” de Florival Candeias e estará patente até dia 25 do mesmo mês.Os quadros aqui expostos são uma representação fidedigna da realidade interior deste artísta. Para além de cada um deles ser uma investigação das propriedades da cor (intensidade e satura-ção) e do relacionamento cromático que se adequa justamente ao seu objecto de eleição: as pessoas. É notoriosa a forma clara e lúcida como Florival Candeias deixa transparecer a realidade que ele próprio experiencia, o mundo em que vive, onde a ternura e a pureza são caracetrísticas predominantes. Pessoas simpleste-mente, livres de características que remetem para uma classifica-ção social ou ideológica.Tal como o Dr. P, Florival Candeias desenvolveu a sua técnica de expressão artística baseadando-se na sua realidade observável e estimulando as suas capacidades criativas. Esta evolução é facil-mente identificava após um estudo detalhado de toda a sua obra.

Jácome Armas

Biografia

Florival Candeias, conhecido por “Valito, o Pintor Picasso”, nasceu em Alvito, no Alentejo, em 1973. Aos 10 anos de idade ingressou na escola CerciBeja onde rapidamente se dedicou à pintura. Participou em várias exposições colectivas e indivíduais tendo sido premiado por diversas vezes:-4ª Premiação Nacional de Arte para Deficientes Mentais (1994)-Concurso Competitivo de Arte “Riscos e Rabiscos” (1996) – Premiação do Ministério da Cultural de Portugal-3º Prémio no Concurso Europeu para Pessoas com Deficiência EUWARD, Munique (2004)

Helena Almeida foi e continua a ser uma pre-sença constante no panorama artístico portu-guês, desde a década de 60. Tem uma obra extremamente diversificada pelas técnicas a que se propõe. Ainda assim, seja em pintura, escultura, desenho ou instalação, a fotografia está sempre presente. A questão da auto-rep-resentação (ou da utilização da mesma como ferramenta de trabalho) é uma alusão con-stante, tendo a artista a sua presença oculta ou exposta repetidamente. Helena Almeida questiona o espaço, a presença de um corpo, o seu movimento e a sua interacção com a própria obra e o suporte em que trabalha. Apesar de ter um carácter de conceptualismo que a caracteriza, a sua obra encara vários outros grandes movimentos artísticos que marcaram o século XX.Pelo modo como explora as suas interroga-ções à própria arte, tem vindo a ser uma fonte de inspiração para muitos novos artistas.Nasceu em Lisboa, em 1934. Licenciou-se em Pintura nas Belas Artes de Lisboa e seguiu para Paris como bolseira. Para além de ser filha do escultor Leopoldo de Almeida, é também esposa de artista (escultor e arqui-tecto Artur Rosa) e mãe de artista (pintora

Joana Rosa). Tem a sua obra representada por todo o mundo.

Ana Correia

Desde o ínicio do ano que as paredes do Bar do Teatro ganharam cores novas. Vários “Paints“, de diferentes tamanhos e feitios, da autoria de Aurora Ribeiro e Tomás Silva, foram lá expostos para estimular os sentidos de quem lá passa. O que são os “Paints”? São desenhos feitos com a aplicação Paint do Microsoft Windows. Este meio permite, segundos os autores, uma maior espontâneadade criativa quando se pretende ilustrar aquilo a que chamam de “estados de espírito”. Um modo de fazer arte digital anti-elitista, uma vez que toda a gente com acesso a um PC pode usufruir deste mé-todo. Entre os vários “estados de espírito” ilustrados encontram-se algumas reflexões sobre o quotidiano, mais ou menos subtis, que tanto podem despertar sentido de humor como constragimento.Aurora é licenciada em cinema e Tomás em arquitectura. Criaram em conjunto um “ar-quipélago” de blogs – ilhascook.no.sapo.pt - sobre várias temáticas ligadas às artes visuais e à arquitectura. Começaram a fazer “Paints” em 2000 mas só recentemente começaram a expô-los, tendo a primeira mostra acontecido em 2007, ano em que apresentaram também os mesmos trabalhos na 2ª conferência “Pe-cha-Kucha Night Lisboa” ao lado de artistas como Joana Vasconcelos, Inês Lobo e o ate-

lier Jacinto Costa. Chegaram ao Faial há um ano e são colaboradores regulares do Fazendo nas rúbricas “Chegadas, Arrivals, Arrivèes” e “Gatafunhos”.

Pedro Lucas

Page 6: FAZENDO 9

# 6 - ENDOS, - ANDOS, - INDOS Literatura

A História é sempre uma questão de escolhas e de interpretações, a vitória de uns é sempre a derrota de outros, o herói de um lado da barricada é sempre o vilão do outro lado e há sempre figuras que iluminamos e figuras que deixamos escondidas na sombra.Nesta obra, as autoras optaram por trazer para a ribalta as que normalmente deixamos na sombra, desvendando-nos uma outra História de Portugal, fora dos casamentos que representavam muitas vezes meras alian-ças políticas e/ou económicas e onde o papel da mulher se limitava quase sempre a uma mera função reprodutiva.

Da dinastia Afonsina à de Bragança seguimos a história da monarquia do seu raiar ao seu ocaso através da história dos amores e desamores dos nossos reis.

C.A.

O Cavaleiro da Esperança, Jorge Amado

À CONQUISTA

Mãe, não tenho nada para ler...

O Caso do Vulcão Pestilento

Já deves ter reparado que ulti-mamente o tempo parece estar todo desregulado: há neve no Sul, vagas de calor nos países mais frios, grandes tempestades e ninguém sabe bem

o que causa tudo isto. Na Ratázia, cidade onde vive o bem conhecido ratinho Geronimo Stilton, algo vai mal, um nevão cobriu tudo apesar de ser verão. Todos estão assustados e ninguém sabe como resolver a situação. Para descobrires o que se passou, viaja com Stilton até ao Vulcão Pestilento e ao Vale da Baforada Fétida pois é no meio do gelo que se encontra a resposta de O Caso do Vulcão Pestilento.

C.A.

Qu a s e s e m p r e

assoc iamos o escritor b r a s i l e i r o Jorge Amado a obras que

se viram adaptadas ao formato televisivo, como Gabriela cravo e canela ou Dona Flor e os seus dois maridos, deixando de lado obras que são não só um retrato fiel do Brasil no que tem de mais belo e de mais violento, como Cacau, Carnaval, Suor ou Capitães da Areia, mas também a ex-pressão da ideologia do autor, que reprovava a ditadura e a miséria que dominavam o mundo e em particular o seu país, como Os Subterrâneos da Liberdade.Em O Cavaleiro da Espe-rança relata a vida de Luís Carlos Prestes, que, apesar de ter sido oficial do exér-cito brasileiro foi também líder do Partido Comunista Brasileiro durante cerca de cinquenta anos, e a marcha da Coluna Prestes que, em 1924, saiu do Rio Grande do Sul e atravessou cerca de trinta mil penosos quilómetros até chegar à Bolívia, tentando levantar a população do interior do Brasil, sem dúvida a mais pobre e desfavorecida, contra o poder da oligarquia dominante.O livro não é uma biografia do militar e político comunista, que esteve preso, se viu forçado ao exílio e viu a sua mulher ser

deportada grávida e morrer num campo de concentração a mando da Gestapo, mas an-tes uma ode à luta pela liberdade e contra a opressão que se explica facilmente pelas circunstâncias vividas no Brasil e no mundo na época em que foi escrita.Centrando-se numa figura apelativa ao imaginário colectivo, representante mod-erno dos cavaleiros medievais na sua busca pelo Graal, Jorge Amado (na época exilado e com as suas obras proibidas no país que o viu nascer), através da figura de Prestes, denuncia a ditadura que dominava o Brasil, a guerra e os seus flagelos, o nazismo e o

fascismo, a cegueira voluntária das elites que beneficiavam destes regimes, apelando a que todos, em nome da digni-dade e dos direitos humanos, se opusessem aos inimigos da justiça. Num mundo que frequent-emente esquece os mais fracos e em que a opressão do mais forte tomou conta de todos, as palavras de Jorge Amado são dolorosamente actuais e relembram-nos a fragilidade das democracias, deixando também adivinhar um retrato

sociológico e político do Brasil nos anos trinta cujas consequências ainda hoje se re-percutem num país em que as desigualdades sociais e o problema da terra continuam a marcar a agenda política.

Catarina Azevedo

Jorge Amado

Pub

O Cavaleiro da Esperança

Já foi lido...

Capitães da Areia de Jorge Amado

Obra muitas vezes acon-selhada aos adolescentes como introdutória à obra de Jorge Amado, Capitães da Areia relata cruamente a história dos meninos de rua, dos subterfúgios utilizados para sobreviver nas ruas

brutais onde ninguém os vê como crianças à solidariedade intrínseca nas “famílias” que reconstituem, como se quisessem reproduzir uma sociedade que os rejeita e chacina.Através de personagens que nos co-movem, Jorge Amado tenta sobretu-do levar-nos a uma interrogação pessoal sobre uma sociedade que permite que os mais fracos sejam esquecidos e marginalizados.

C.A.

Amantes dos Reis de Portugalde Paula Lourenço, Ana Cristina Pereira e Joana Troni

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Ciência e Ambiente APAGA A LUZ

A maioria de nós já viu, em livros, revistas ou em documentários televisivos imagens fantásticas de recifes de coral sob águas límpidas e com uma paleta de cores em movimento. O que muitos desconhecem é que não é só nos trópicos que existem este tipo de organismo. Nos Açores, para além de baleias, golfinhos e outros ícones da fauna e flora, existem diversas espécies de coral adaptados às nossas águas.O coral negro é o exemplo de um tipo de coral relativamente abundante no arquipélago. O nome “coral negro” refere-se a um conjunto de espécies pertencentes à Família Antipathidae e, embora o nome comum seja familiar para a maioria daqueles que lidam com o mar aqui nos Açores, muito se desconhece sobre a biologia, ecologia e até mesmo diversidade de espécies presentes nestas águas. O nome comum vem da cor negra ou castanha escura do esqueleto proteico, fre-quentemente utilizado como adorno e amuleto. Na realidade o expressão “Antipathes” significa “contra o sofrimento” e, há muitos séculos, que diferentes povos, da bacia do Mediterrâneo às ilhas do Pacífico, lhe atribuem propriedades mágicas e medicinais. Os corais negros ou antipatários são animais que se alimentam de zooplâncton. Ao contrário dos corais de águas pouco profundas tropicais, não possuem simbiontes fotossintéticos, o que signifi-ca que não dependem de luz para obter energia e que não apresentam a mesma restrição a águas pouco profundas. Estudos indicam que as larvas de algumas espécies apresentam maiores taxas de sobrevivência e recrutamento (fixação) em condições de baixa luminosidade, o que explicaria a sua maior abundância a partir dos 35 m de profundidade.Aqui nos Açores existem algumas espécies de coral negro que podem ser observados em mer-gulho com escafandro, tipicamente, a partir dos 20 metros de profundidade. Para tentar perceber quais os factores determinantes na sua distribuição, desenvolveu-se uma experiência, para testar influência da luz, temperatura e profundidade na distribuição de Anthipatella wollastoni (espécie mais comum a esta profundidade). A experiência, ainda em curso, consiste em fazer um levan-tamento exaustivo de colónias deste coral à volta de duas baixas, a diferentes profundidades. Recorrendo a sensores de temperatura e intensidade de luz dispostos em torno de baixas, pre-tende-se verificar se existe alguma relação directa entre estes factores e a distribuição deste coral na área de estudo. Os resultados preliminares revelam, como esperado, que a temperatura não apresenta variação significativa a esta escala e que as vertentes viradas a Sul são mais expostas à luz. Contudo, os dados revelam que as zonas com menos exposição não são, necessariamente, aquelas com maior abundância de coral. Outros factores, como a intensidade das correntes e a disponibilidade de alimento, poderão ter um papel mais determinante na distribuição deste organ-ismos que a luz ou a temperatura.O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido tem contribuído, claramente, para entender melhor estes organismos. No entanto, há um longo caminho a percorrer para que se possa vir entender es-tes organismo, a sua importância e a sua vulnerabilidade, demonstrando-se clara a necessidade de uma maior aposta no estudo e protecção destas autênticas preciosidades dos mares dos Açores.

João Gama Monteiro

Coral Negro no Azul dos Açores

O OMA-Observatório do Mar dos Açores, tem vindo a realizar um projecto de arqueo-logia industrial, que visa o levantamento, estudo e a consequente salvaguarda de um vasto património industrial, particular, li-gado à baleação, que ainda existe na Ilha do Faial. Por património industrial entende-se o conjunto de vestígios deixados por uma determinada indústria, entretanto extinta. Entre estes vestígios, podem encontrar-se oficinas, estruturas fabris, utensílios, maquinismos, moldes, entre outros. Este património deverá ser estudado, sempre em estreita interligação com a ambiência social em que decorreu a actividade fabril, os seus ritmos de produção, as condições de tra-balho, os aspectos relacionados com a cul-tura operária, etc.. O património industrial também abrange, outras áreas, como sejam

os registos escritos, orais e iconográficos sobre as tecnologias, técnicas e matérias-primas utilizadas, os meios de comunica-ção e de transporte, ou mesmo a actividade comercial ligada ao processo industrial. Os vestígios industriais são parte integrante da nossa cultura, uma vez que moldaram o quotidiano de gerações de pessoas co-muns, em contraposição a outro património edificado, concebido geralmente por elites restritas, como é o caso das fortificações, igrejas ou palácios. Assim sendo, temos a responsabilidade de salvaguardar e de preservar este património industrial, digno de um legado cultural que herdámos e que devemos transmitir às gerações futuras.

Márcia Dutra Pinto/OMA

O Património Baleeiro (Parte I) Faça uma utilização correcta do seu frigorífico!Os frigoríficos são responsáveis por um terço da energia total consumida numa casa e por emitirem 300 quilos de CO2 por ano. Tenha em atenção as seguintes recomenda-ções:•Regule a temperatura do seu frigorífico de acordo com a utilização que o aparelho terá, se o regular para a temperatura demasiado baixa, não só consumirá mais energia, como os alimentos poderão estragar-se;•Nunca guarde alimentos quentes: poupará energia deixando-os arrefecer antes de os colocar no frigorífico;•Pense no que vai buscar antes de abrir o frigorífico, retire os alimentos que precisa de uma só vez e de forma rápida;•Não encoste o frigorífico/arca à parede, deverá estar afastado 10 centímetros da parede, de forma a garantir uma boa ventilação e dissipação de calor;•Afaste o frigorífico das fontes de calor próximas, tais como fornos, fogões e da ex-posição solar directa;•Substitua as borrachas vedantes das portas sempre que notar a sua degradação;•Ao adquirir um destes equipamentos prefira sempre um nível de eficiência superior, A+ ou A++ da etiqueta europeia.

Dina Dowling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

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#8 FAZENDUS Agenda

Durante a Época Lectiva 08/09 Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela Mo-

raisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quar-tas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 25 de Janeiro Exposição de Pintura: “O Expandir da Cor” de Flo-

rival CandeiasAssembleia Legislativa Regional dos Açores, 9h00-18h00

Até 28 de Janeiro Workshop: Produção Musical em Ableton Live

Sala Polivalente do Teatro Faialense, 19h30-21h30

Até 22 de FevereiroExposição de Paints de Aurora Ribeiro e

Tomás SilvaBar do Teatro

Até 28 de FevereiroExposição de Escultura/Pintura: “O Avolumar do

Habitat” de Volker SchnuttgenBiblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Até 31 de Março Exposição de arte de pública de Volker Schnuttgen

Praça Infante D. Henrique

23 de Janeiro Forum: “Equidade, Justiça Social e Paz”

Conferências:.Alterações Climáticas - Equidade e Justiça Social por Viriato So-romenho Marques, Professor Catedrático da Universidade de Lis-boa.Gestão dos Oceanos - Paz e Sustentabilidade por Carlos Sousa Reis, Professor Catedrático da Universidade de LisboaModerador: Ricardo Serrão Santos, Director do DOPCentro do Mar, 21h00

Cinema: “High School 3”Teatro Faialense, 21h30(repete dias 24 e 25)

24 de Janeiro Tertúlia Artística para

Angariação de Fundos .Exposição Colectica de Pintura, .Desenho e Fotografia..Sessão de Poesia.Instalação de Vídeo. .Jam SessionCASA, das 14h00 pela noite dentro.

(mais informações em http://fa-

zendofazendo.blogspot.com)

27 de Janeiro Cinema: “Tropa de

Elite”Visivelmente desgastado pelos anos de serviço ao Batalhão de Operações Policiais de Elite, o cap. Nascimento procura afastar-se da acção directa nas ruas. Para tal, deve escolher o melhor agente para lhe suceder. Um processo difícil que o divide entre dois candidatos: Matias, negro, intelectual, que tenta si-multaneamente formar-se em direito; e Neto, destemido, im-pulsivo e até imprudente. Além do desgaste físico, o uso da con-

sciência, do afecto e da razão vão, à vez, pesando na escolha de Nascimento. Teatro Faialense, 21h30

28 de Janeiro Forum: “Equidade, Justiça Social e Paz”

Conferência:.A Importância do Político - Equidade e Justiça Social por Doutor Álvaro Laborinho Lúcio.Moderadora: Conceição Nascimento, Directora do Hospital da HortaBiblioteca Pública e A.R. João José da Graça, 21h00

29 de Janeiro Forum: “Equidade, Justiça Social e Paz”

Conferências:.Pobreza e Inclusão - Perpesctivas de trabalho em rede por Doutor Álvaro Laborinho Lúcio.Moderadora: Fátima Porto, Directora do CPCJBiblioteca Pública e A.R. João José da Graça, 21h00

30 de Janeiro Encontro pela Igualdade de Oportunidade e Justiça

Social e PazConferências:.Formas de combater a violência de género e a exclusão por Sandra Diogo, Comissária da PSP..Os desafios à participação da mulher na vida pública. A concilia-ção entro o trabalho e a família por Dalila Silva, assessora para a imprensa CMH.. Saúde sexual reproductiva - direitos e responsabilidades por Luís Decq Mota, médico..Igualdade de Género e não descriminação por Zuraida SoaresModeradora: Fátima Porto, Directora do CPCJ, deputada da As-sembleia Legislativa Regional dos AçoresModeradora: Drª Sandra SilveiraPolivalente de Pedro Miguel, 20h30

Cinema: “A Dupla Face da Lei”Turk (Robert de Niro) e Rooster (Al Pacino) são dois veteranos da Polícia de Nova Iorque, agentes há 30 anos, dispostos a tudo. Me-nos a pedirem a reforma, dia que inevitavelmente chegará. Quan-do um assassino começa a matar vários criminosos que fugiram à justiça segundo o “modus operandi” em tudo semelhante ao de um “serial killer” que tinham prendido anos antes, Turk e Rooster questionam-se se não se terão enganado e posto o homem errado atrás das grades. Teatro Faialense, 21h30(repete dias 31 e 1 de Fevereiro)

Concerto de António BulcãoParticipação de Luís Bettencourt, Manuel Rocha, Ricardo Dias, Manu-el Freire, José e Carlos MedeirosTeatro Faialense, 21h30

2 de Fevereiro Workshop de construção de instrumentos musicais com

Carlos GuerreiroOficina do Teatro Faialense, horário pós laboral

Pub

Tertúlia Artística! Sábado, dia 24!

Sábado, 24 de Janeiro na http://fazendofazendo.blogspot.com

Pintura Música Poesia Vídeo

FAZENDO ao vivo Tertúlia Artística Para Angariação de Fundos

Apoie este projecto.

Exposição de pintura durante todo o dia. Restantes actividades a partir das 22h00.